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www.areliquia.com.br / jornalareliquia.blogspot.com / facebook.com “A Relíquia” / twitter.com/areliquia
INFORMATIVO DOS ANTIQUÁRIOS, LEILOEIROS, GALERISTAS E COLECIONADORES ANO XV - Nº 185 - DEZEMBRO DE 2012 - RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO - DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA
Canaletto
– Guardi
CANALETTO - Praça de São Marcos, 1723 - ost 141,5 x 204,5 cm
LEILÕES DE DEZEMBRO
FRANCESCO GUARDI - Praça de São Marcos, 1785 - ost 35 x 45 cm
O museu Jacquemart-André, em Paris, apresenta Canaletto-Guardi, os dois mestres de Veneza, a primeira mostra realizada na França dedicada exclusivamente ao estilo "veduta", um gênero pictórico que
cresce e conhece a sua idade de ouro em Veneza, no século XVIII. Ele inclui uma série de grandes mestres, onde Canaletto e Guardi são os mais conhecidos. Páginas 18, 19, 20, 21 e 22.
RIO DE JANEIRO • CAPADÓCIA • GODOFREDO FRANÇA • RESID. COPACABANA • RESIDENCIAL TIJUCA • RIO ANTIGO • ROBERTO HADDAD • PENNA ARTES
SÃO PAULO • ANDRE CENCIN • BEGAN LEILÕES • CASA 8 • LEILÃO DO BIXIGA
Alfredo Volpi A alcunha "pintor das bandeirinhas", pela qual Alfredo Volpi é conhecido, longe de injustiçar seu talento, define uma das características mais importantes de sua obra: a influência das imagens de sua infância passada no subúrbio paulistano. Leia na Página 32.
Museu particular põe à venda suas obras!
Página 8
Benetido Calixto Página 31
O efeito Cintra Página 24
O Olhar Atual de Amelia Toledo Fachada - Têmpera sobre tela, 103 x 68 cm - 1975
FERNANDO BRAGA
Página 26
Leiloeiro Público
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Bob e Paulo desejam a todos os seus amigos, clientes e colaboradores um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo Shopping dos Antiquários Rua Siqueira Campos, 143 - Slj. 153 - Copacabana - RJ
Tel.: (21) 2235-8015 / 3579-3710 / 9607-2692 / 9605-4724 www.portaldotempoantiguidades.com.br / portaldotempoantiguidades@hotmail.com
A RELÍQUIA
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Espaço Ernani Arte e Cultura
Espaço Ernani Arte e Cultura
Que o espírito natalino traga para os corações a fé inabalável dos que acreditam em um novo tempo de paz e amor. Boas Festas !!! Horácio Ernani e equipe Cadastre-se em nosso site e fique sabendo das nossas exposições, leilões e eventos culturais.
www.ernanileiloeiro.com.br Rua São Clemente, 385 - Botafogo - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 2539-2637 - horacioernani@gmail.com
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COMPRO
COMPRO
OBRAS DE:
pinturas e desenhos de
LEOPOLDO GOTUZZO ÂNGELO GUIDO LIBINDO FERRÁS PEDRO WEINGARTNER ADO MALAGOLI AUGUSTO LUIZ DE FREITAS FRANCISCO STOCKINGER
KARL PLATNER LEO PUTZ
DISCAR (51) 3330.4763 8421.9306
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Tel: (21) 2553-00791 e 9974-44409
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www.cristinagoston.com.br cristina.goston@terra.com.br Pagamos aos proprietários uma semana após o leilão
e-mail: karam@saladearte.com.br Rua Cel. Bordini, 907 - Moinhos de Vento CEP 90440-001 - Porto Alegre/RS
A RELÍQUIA Circulação Nacional Publicação mensal da Sabor do Saber Editora
e dos artistas paranaenses
Leilão de Janeiro de 2013 Presencial e on-lline
Porcelanas, pratarias, imagens, marfins, quadros, lustres, móveis, bronzes, tapetes, relógios, opalinas, faqueiros, aparelhos de jantar, toalhas de mesa, etc
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Estamos recebendo peças para o leilão no início de janeiro de 2013 Local: Rua Pinheiro Machado, 25 loja B e C, Laranjeiras. Rio de Janeiro. Cep: 22231-090
jeribas@terra.com.br
FUNDADORES
Litiere C. Oliveira Luiz Carlos Marinho
FEIRAS DE ARTE E ANTIGUIDADES
EDITOR
ART AND ANTIQUES FAIRS
Litiere C. Oliveira
- Reg.Prof. MTb 15109
e-mail: litiere@areliquia.com.br RIO DE JANEIRO Publicidade: Rua Siquira Campos, 143 - Sl 73 - Copacabana - RJ Tel.: 21 2265-9945 Redação / Arquivo / Distribuição Rua Esteves Júnior 9, casa 01 Laranjeiras - CEP 22231.160 - Rio de Janeiro Tel.: 21 2265-0188 / Tel / Fax: 2265-9945 Cel.: 9613-2737 / 8899-0188 e-mail: jornalareliquia@gmail.com SÃO PAULO Representante: Juliano Alves Tel: (11) 5666-6240 / 995981145 / 97389-3445 e-mail: areliquiasp@gmail.com PORTO ALEGRE Representante: Elisa Moog Tel: 51 2112-8038 / 9955-9962 DIAGRAMAÇÃO Felipe A. Oliveira CONSELHO EDITORIAL Itamar Musse, Fernando Braga, Luis Octávio Louro Gomes, Manuel Machado, Paulo Roberto S. Silva e Francisco P. Cunha, Ricardo Kimaid, Roberto Haddad, Rudinel Vicente do Couto, Hebert Gomes, Pedro Arruda e Virgínia Arruda COLABORADORES João Ubaldo Ribeiro ( ABL), Ferreira Gullar, Ledo Ivo (ABL), Paulo Coelho (ABL), Antônio C. Austregésilo de Athayde, Rosângela de Araujo Ainbinder, Ana Beatriz Gomes, Tatiana Maria Dourado, Rachel Brenner, Luiz Marinho, Paulo Scherer Tiragem desta edição: 15.000 exemplares Os conceitos e opiniões emitidas em colunas e matérias assinadas, são de responsabilidade única e exclusiva de seus autores.
Variados tipos de porcelana e cristal, joias, prataria, tapetes, objetos Art-Noveau e Art-Déco, entre outros, em exposição nas barracas montadas There is a wide variety of porcelain, crystal, jewellery, silverware and carpets, amongst other objects of interest. These are displayed and sold at stalls around the market tower.
RIO DE JANEIRO
SÃO PAULO
BELO HORIZONTE
SÁBADO - SATURDAY
SÁBADO - SATURDAY • Feira de Antiguidades da Praça Benedito Calixto - Pinheiros • Exposição de Antiguidades de Santos - Galeria 5ª Avenida, Pça Independência
• Feira de Antiguidades Tom Jobim Sábados, 10 às 17h - Av. Bernardo Monteiro - Santa Efigênia
• Shopping Cassino Atlântico Av. Atlântica, 4240 - Copacabana - Antique fair in air conditioned surroundings with a tea-shop and live music • Feira do Troca - Pça XV, em frente às Barcas (Bric-à-brac onde também se pode encontrar antiguidades). DOMINGO - SUNDAY • Praça Santos Dumont (em frente ao Jóquei) - Jardim Botânico • Feira de Antiguidades de Petrópolis - Praça Visconde de Mauá
BRASÍLIA Todo último final de semana de cada mês - Shopping Gilberto Salomão
DOMINGO - SUNDAY • Feira de Antiguidades do MASP - Vão Livre do Museu de Arte de São Paulo - Av. Paulista • Feira de Antiguidades do Bixiga - Praça Dom Orione - Bixiga • Feira de Antiguidades do MuBE (Museu Brasileiro da Escultura) - Av. Europa, 218 Jardins • Mercado de Antiguidades de Santos - Piso superior do Mercado Municipal. Praça Iguatemi Martins, s/n°, Vila Nova, Santos/SP.
PORTO ALEGRE • Feira do Caminho dos Antiquários - Pça. Daltro Filho - Sábados, 10 às 16h • Brique da Redenção - Domingos, 9 às 18h - Av. José Bonifácio sn. - Bom Fim • Feira do 5ª Avenida -Av. Mostardeiro, 120 - Todos sábados das 10h às 18h
SÃO LUÍS • Feira de Antiguidades de São Luís - Todo último sábado do mes no Tropical Shopping.Av. Colares Moreira, 440 - Renascença 2
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Grande Leilão Residencial do Museu Particular de Reginaldo e Beth Bertholino EXPOSIÇÃO Dias 7 a 10 de Dezembro de 2012, Sexta, Sábado, Domingo e Segunda-feira das 14h às 21h. LEILÃO Dias 11 e 12 de Dezembro de 2012, Terça e Quarta-feira, às 20h30. Leilão Presencial e Online (Simultâneo)
Realização Began Leilões Leiloeiro Oficial Luiz Claudio Bez Organização e Coordenação Leslie Diniz
Cômoda papeleira em jacarandá. Séc XVIII
LOCAL DA EXPOSIÇÃO E LEILÃO Rua Sargento Gilberto Marcondes Machado, 352 Morumbi - São Paulo / SP Catálogo completo em nosso site: www.leilaodeantiguidade.com.br TELEFONES (11) 3257-0200 / Fax: (11) 3258-5518 Celular: (11) 98295-1546 / Nextel: 55*32*1648 leilão@began.com.br
A. LHOTE (1885-1962) - Le Toit raye O.S.T - 41 x 33 cm
Ermida, oratório de parede - Med 2,10 X 1,85 m. Mestre Aleijadinho com pinturas internas do Mestre Ataíde
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Peanha - Mestre Aleijjadinho
São José - Mestre Aleijadinho
Nossa Senhora da Conceição Med 95 cm. Minas, séc XVIII Lampadário Sabará em prata- Med 1,30 m. Brasil, séc XVIII
Santa Úrsula Mestre Aleijadinho Mestre oliveira Santana Mestra Brasil, séc XVIII
Caldeirinha de prata de lei, repuxada e cinzelada; corpo liso, base campânular sem marcas aparentes ; 36 cm de altura com alça levantada., base 14,5 cm de diâmetro 1470 gr,Brasil, século XVII. Antiga coleção de Sandra Penna - Belo Horizonte - Minas Gerais
REGINALDO BERTHOLINO, nascido em São Carlos - SP, em 23 de Junho Formado perito contador, veio para São Paulo em Julho de 1950, para continuar os estudos de economista. "Em meados de 1960 comprei uma fazenda na cidade de Santa Rita do Passa Quatro - SP, que tinha uma bonita sede colonial, mas cuja decoração não correspondia a parte arquitetônica. Comecei a procurar moveis que correspondessem e conheci na Rua Barata Ribeiro em SP, o antiquário Luiz Bento, pessoa modesta mas muito entendedor, principalmente de arte sacra e coisas do período Brasil Colônia. Fui então convidado a comprar em sociedade um grande acervo numa pequena cidade de Minas Gerais, quase Bahia. Lá chegando fiquei extasiado com as peças que estavam a venda, cada uma com sua historia, origem e valor histórico. Não pude comprar todas, mas fiquei de pronto apaixonado pela arte imaginaria e passei a estudar em livros sobre o assunto e não parei mais de comprar. Já conhecido no mercado de arte, era procurado diariamente por pessoas do ramo de arte com peças em mãos ou indicações, que demandavam viagens, paciência e prazer, pois muitas vezes viajava e não trazia nada, pois as referencias não conferiam com as informações ou meus desejos. Casei-me com Elizabeth Barreto,(Beth), formada em artes, alem de muito conceituada e conhecida também neste ramo. Beth tinha paixão por pintura moderna e Rene Lalique, mas começou a gostar de arte sacra , bem como eu passei a gostar de arte moderna. Beth se formou em museologia, fez pós graduação e doutorado e juntos fizemos uma seleção da seleção das obras já existentes, e ao mesmo tempo sempre adquirindo pecas para engrandecer nossa coleção. Passei de curioso a colecionador e já se vão mais de 50 anos. Agora com outro projeto de vida, colocamos à venda esse precioso acervo, para dar lugar a um futuro museu que terá um cunho totalmente social. Garanto aos compradores que cada peça, cada fragmento, cada imagem, tem muito de dedicação, trabalho, perseverança e amor!!! E, desde já os felicito". Reginaldo Bertholino.
Santos óleos; Bandeja oval de prata cinzelada e repuxada com quatro pés, borda perolada, no plano três frascos cilíndricos também de prata com tampa de encaixe, fixos marcados no corpo : "B" de batismo, "C" de crisma e "I" de extrema-unção, respectivamente, 17,5 x 32,5 cm a bandeja e 10 cm cada frasco. Sem marcas aparentes, 720 g. Brasil, séc. XVIII. Um dos frascos está solto
Esmoleira, bilheteira ou salva de pé alto, de prata de lei repuxada e cinzelada; salva de formato circular ; plano cinzelado contendo grande monograma NSP entrelaçado da Ordem de Nossa Senhora dos Prazeres, base campanular, sem marcas aparentes, 30 cm de diâmetro e 17 cm de altura; 1175 g. Brasil, séc. XVII. Antiga coleção de Sandra Penna - Belo Horizonte Minas Gerais
Santos óleos; caixa cilíndrica de prata repuxada e cinzelada, com tampa encimada por cruz, contendo suporte com 3 frascos de vidro com as tampas marcadas : "B" de batismo, "C" de crisma e "U" de extrema-unção, respectivamente; 6 cm de diâmetro e 10 cm de altura. No corpo marca 10 dinheiros e punção do prateiro não identificada, 170 g, Brasil, séc. XIX
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Museu particular põe à venda suas obras!
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ob a realização da Began Antiguidades e comando do leiloeiro e antiquário Luiz Claudio Bez, e organização e coordenação da marchand Leslie Diniz, estará acontecendo, nos próximos dias 11 e 12 de dezembro, um Grande Leilão Residencial do Museu de Reginaldo e Beth Bertholino. O leilão contará com grande acervo de arte sacra, móveis, tapetes, pratas, cristais, porcelanas, imagens e livros de arte. Destaques para 4 obras do mestre Aleijadinho; santos e pratas dos séculos XVII, XVIII e XIX (europeus e brasileiros); lampadário Sabará; cômoda papeleira em jacarandá, Séc. XVIII; quadro do grande expoente da pintura internacional A. Lhote, dentre outros. Reginaldo é um colecionador muito conhecido no mercado há mais de 50 anos. Sua mansão no Morumbi: "Museu Reginaldo Bertholino", abrirá suas portas para o público este mês, dando oportunidade para que este possa apreciar e adquirir a grande coleção de obras de artes deste notável colecionador, garimpadas ao longo de sua vida. Conforme relato do próprio: ... "Agora com outro projeto de vida, colocamos à venda esse precioso acervo, para dar lugar a um futuro museu que terá um cunho totalmente social." Isto significa que, após o leilão, a mansão se tornará o "Museu Scarlett O´Hara", protagonista do clássico "E o Vento Levou", pelo fato de que Beth Barreto sempre foi fã ardorosa e colecionadora de peças e vestuários do filme e de Vivien Leigh. A mansão também é uma réplica perfeita de "Tara". Nem precisamos lembrar que este evento promete ser um acontecimento único!!!
Ermida, oratório de parede - Med 2,10 X 1,85 m. Mestre Aleijadinho com pinturas internas do Mestre Ataíde
São José - Mestre Aleijadinho
Peanha- Mestre Aleijjadinho
A. LHOTE (1885-1962)- Le Toit raye O.S.T - 41 x 33 cm
Santos óleos; Bandeja oval de prata cinzelada e repuxada com quatro pés, borda perolada, no plano três frascos cilíndricos também de prata com tampa de encaixe, fixos marcados no corpo : "B" de batismo, "C" de crisma e "I" de extrema-unção, respectivamente, 17,5 x 32,5 cm a bandeja e 10 cm cada frasco. Sem marcas aparentes, 720 g. Brasil, séc. XVIII. Um dos frascos está solto
Santa Úrsula - Mestre Aleijadinho
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RICARDO KIMAID
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e olharmos para a agenda de realizações ocorridas esse ano, privilegiando as artes plásticas, com exceção da exposição Impressionismo: Paris e a modernidade, Obras-Primas do Acervo do Museu d'Orsay de Paris, França no CCBB, com a maravilhosa coleção de obras impressionistas ainda em andamento, constataremos que as abordagens das demais foram voltadas especificamente para o que chamam de arte contemporânea. Aliás, não tão somente esse ano, mas também os últimos cinco anos ou mais, as principais feiras e as bienais, entre os demais eventos de maior importância, não reservam o menor espaço para a arte moderna ou a arte acadêmica, para contemplar o público mais exigente, culturalmente falando, mostrando acervos ou coleções importantes, quer sejam particulares, de centros culturais ou de museus. Negar às novas gerações, o conhecimento sobre a arte precedente a sua época, é torná-la invisível aos olhos dos leigos. Faz parecer um procedimento de discriminação cruel com a arte e artista que movimentaram durante décadas nosso mercado doméstico de arte, uma vez que nos países europeus ainda se preservam tradições. Quando acenam com eventos pinçando obras de artistas consagrados pelo seu histórico no secular cenário das artes plásticas, se o fizessem mais repetidamente, poder-se-ia fazer melhor avaliação comparativa sobre a real preferência do público apreciador. A maior prova disso está nas intermináveis filas que diariamente invadem os espaços onde ocorre a mostra dos modernistas do fim do século XIX e início do século XX no CCBB. Grande parte desses vi-
Velho Que Vale Antiguidades Cel. 9635-8764 Tel. 2549-5208
Luiz e Creuza Marinho Rua Siqueira Campos, 143 Sobreloja 61 e 62 - Copacabana Tel. 2548-9511
Rua Monte Alegre, 340 Santa Teresa Tels. 2508-6117 / 8848-5051
sitantes é jovem, e nota-se que por parte deles há um manifesto de grande interesse em conhecer o histórico sobre os artistas impressionistas: sua obra e sua vida. Nota-se que, existindo troca entre a obra de arte e o espectador, atinge-se o aspecto crucial que acaba por definir o verdadeiro sentido do que seja arte em toda sua magnitude. Por que tão pouco se investe nessa alternativa? Eventos dessa envergadura deveriam estar sendo exibido no Museu Nacional de Belas Artes, e repetidamente. À bem da verdade, nossos museus vivem as moscas, não sei se por falta de verbas, ou despreparo em suas administrações. O fato é que seus dirigentes deveriam relacionar-se com os demais museus mundo a fora, trocando seus acervos temporariamente com exposições diversas, o que, com certeza, dariam maior vitalidade às suas agendas de realizações culturais. Contribuindo para esse descaso, não temos uma imprensa devidamente preparada para pinçar nas agendas de exposições, o que seria de melhor relevância para apresentar ao público. Ficamos então, ao sabor da mídia, que, sem sair dos seus assentos, não postam realizações que não venham sublinhadas pelas grifes eleitas por suas veiculações. Por vezes me aventuro em comparecer a algumas dessas feiras para ver se encontro algo de real e novo que justifique a presença de quem aprecia realmente artes plásticas, e saio com a triste constatação que não existe mais espaço para piorar o que já é ruim demais. Fico imaginando a dificuldade que as colunas da imprensa dedicadas às artes plásticas têm em fazer matérias sobre alguns ícones da pintura brasileira.
Nomes como Visconti, Belmiro de Almeida, Castagneto, Fachinetti, Panceti, Guignard, entre tantos outros artistas que construíram para a verdadeira academia de arte. A falta de preparo de seus editores colide com a realidade dos fatos, e, com isso, estão condenando nossos ícones da pintura brasileira ao esquecimento, e lentamente apagando-os da memória cultural do país. Lamentável!!! Aos leitores desta revista, ensejo de boas festas, e um feliz ano novo que se aproxima; mais humano, menos virtual. Saúde e Paz para todos. Ricardo Kimaid rkimaid@uol.com.br www.rembrandt.com.br tel. 21 2273-3398
ArtRio abre inscrições para a edição 2013 As inscrições para a terceira edição da ArtRio, que acontecerá de 5 a 8 de setembro no Píer Mauá, já estão abertas e vão até o dia 10 de janeiro de 2013. Os galeristas interessados devem acessar o site da instituição (www.artrio.art.br/application2013/), preencher o formulário online e só depois enviar o material necessário pelo correio. Os formulários só serão avaliados mediante a confirmação do pagamento da taxa de inscrição, via cartão de crédito. As inscrição serão aceitas, impreterivelmente, até o dia 10 de janeiro de 2013. Entre os dias 10 e 20 de janeiro de 2013, os formulários de inscrição serão avaliados pelo Comitê de Seleção da ArtRio. A lista com as galerias aprovadas será divulgada no dia 30 de janeiro de 2013, através do portal www.artrio.art.br. Dúvidas são respondidas através do email application@artrio.art.br. A segunda edição da ArtRio - Feira Internacio-
nal de Arte Moderna e Contemporânea - aconteceu de 12 a 16 de setembro no Píer Mauá. O evento reuniu em cinco armazéns e um anexo do Píer o acervo de mais de uma centena de galerias nacionais e estrangeiras, com trabalhos que abrangem desde a arte moderna até novíssimas obras de arte contemporânea - muitas delas inéditas. Foram aproximadamente 18 mil m² de área de feira, com 6.900m² voltados para a arte internacional. O portal www.artrio.art.br conta com circuitos artísticos indicados por personalidades, entrevistas exclusivas e agenda de eventos de arte. A webradio "Artrio Sonora" também está no ar dentro do portal, com programação focada em arte sonora. Vários eventos paralelos de arte acontecem pela cidade simultaneamente à feira. A ArtRio já é reconhecida pelo mercado internacional como uma das grandes feiras de arte do mundo.
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ONZE DINHEIROS Escritório de Arte
Leilões Residenciais Paulo Roberto de Souza e Silva e Francisco Eduardo de Oliveira Pereira da Cunha
Rarissimo Relicário e duas imagens do Menino Jesus em ouro. Brasil séc. XVIII.
Rua Siqueira Campos, 143 - S/L. 144/145/146 Cep. 22031-0 070 - Copacabana - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (021) 2256-1 1552 - Fax: 2523-9 9489 - Cel.: 9994-7 7394 email: onzedinheiros@uol.com.br www.onzedinheiros.com.br
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2O PISO
O Shopping Cidade Copacabana, através da síndica do 2º piso Ede Lamar Carvalho, deseja a todos os lojistas, clientes e amigos do shopping, um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo. Boas Festas! Rua Siqueira Campos, 143 - 2° piso Novo horário: diariamente das 10:00 às 22:00h Estacionamento pela Figueiredo Magalhães 598. Tel: (21) 2255-3461. www.shoppingdosantiquarios.com.br
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Virgínia e Pedro Arruda, imbuidos do melhor espírito natalino, desejam aos seus amigos e clientes, um Natal alegre e feliz prenunciando um 2013 frutuoso e pleno de boas realizações.
SHIN QL – 08, Conjunto 07, Casa 2 - Lago Norte - CEP 71520-275, Brasília – DF Tels: (61) 3368-5054 / 9976-5736 E-mails: antiques.arruda@terra.com.br - pedroarrudaf@hotmail.com
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Itamar Musse Antiquário
Desde 1918
Deseja a todos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo
Rua da Paciência, 461 Rio Vermelho Salvador - BA (71)
Te l : 3334-5316
Te l / f a x : 3334-8224 Cel: (71)9988-0691
E-mail: itamarmusse@uol.com.br
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Leilão Residencial Copacabana Obras de arte e coleções Milton da Costa - “Jovem na janela” tempera sobre papel, med. 16 x 12 cm
EXPOSIÇÃO Dias 1 e 2 de dezembro de 2012 sábado e domingo, das 14 às 21 horas
GOA N. S. da Conceição - imagem em marfim med. 18 cm
Grande bandeja em prata inglesa medindo 80 x 48 cm
LEILÃO Dias 3, 4 e 5 de dezembro de 2012 segunda, terça e quarta-feira às 20 horas
A. Poteiro - Revoada de pássaros o.s.t. med. 50 x 40 cm
A. Gaudez - escultura de bronze com marfim med. 33 cm
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 100 - 12º andar (cobertura) Copacabana (entre as ruas Figueiredo Magalhães e Santa Clara) Destaques Kaminagai ●
Baixela em prata portuguesa com contraste P. Coroa constando de 5 peças
Organização: Carla Alencar
Levino Fanzeres ● Walter Seder ● Fenrnando P ● J. Timoteo Henrique Cavalleiro ● Pratas européias ● Arte sacra
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Leilão Presencial e on line
Vicente Leite - Paisagem do Paraná - o.s.m. 1937 medindo 33 x 33 cm
Todas as peças com foto e descrição no site: www.antonioferreira.lel.br
Tels: (21) 9615-3466 / 8890-0930 / 8145-3393 carlaalencarorg@hotmail.com / luizalencarant@hotmail.com
Carla Alencar e sua equipe desejam aos seus clientes e amigos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo
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Quadros furtados Lista de obras:
Alfredo Volpi - Bandeirinhas estruturadas com mastros 33,5 x 68 cm - Década de 60 - Tempera sobre tela Assinado no verso - Projeto Nº2236
Alfredo Volpi - Fachada em azul e vermelho - (Fachadas) - 59,5 x 38,3 cm - Tempera sobre tela Assinado no verso - Início da Década de 60 - Projeto Nº2297
Alfredo Volpi - Elementos de Fachada e Bandeirinhas 1960 - 134 x 84 cm Tempera sobre tela
Alfredo Volpi - O Manequim - natureza morta - Déc. 50 Tempera sobre papel colado sobre papelão 23,3 x 31,8 cm - Assinado no canto inferior direito
Alfredo Volpi - Sacada branca elementos de fachada - Dec.50 Tempera sobre tela - 73 x 54 cm Alfredo Volpi - Sereia - 28 x 53 cm - verso Tempera sobre cartão colado em madeira
Ivan Serpa - Sem Título - 98 x 130 cm c.1957 - Óleo sobre tela
Informações sobre as obras: ligar para (11) 99293-3138 e (21) 8899-0188 Gratifica-se informações concretas.
Alfredo Volpi - Bandeirinha - Final da década 1950 - Tempera sobre tela - 92 x 65 cm - assinado no verso - Projeto Nº 1002
Alfredo Volpi - Pintura nº 2 - (Concretos) Tempera sobre tela - 72,8 x 116 cm Assinado no verso - Projeto nº 2276
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A REL
Canaletto – Guardi - Dezembro de 2012
Os dois mestres de Veneza
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erca de 50 obras dedicadas a Veneza foram reunidas no museu Jacquemart-André, em Paris. Apesar do título, a exposição não apresenta apenas trabalhos de Giovanni Canal (Canaletto) e Francesco Guardi mas, também, de outros artistas como Gaspar van Wittel, Luca Carlevarijs, Bernardo Bellotto e Michele Marieschi. Bozena Anna Kowalczyk, especialista em pinturas italiana do século XVIII, reconhecida internacionalmente, é a curadora geral desta mostra que só foi possível graças ao apoio dos principais museus europeus e americanos. Essa é a primeira mostra realizada na França dedicada exclusivamente ao estilo "veduta". Nas artes plásticas chama-se "veduta" (plural, vedute; do italiano, "vista") a gravura, pintura ou desenho rico em detalhes e usualmente em grande esca-
CANALETTO - Praça de São Marcos, 1740 - ost 45 x 76 cm. Veneza recebia numerosos viajantes que promoveram o desenvolvimento do gênero da veduta. Museu Jacquemart-André
la que apresenta a perspectiva de uma paisagem urbana ou de outros panoramas. A "veduta", que poderia ser traduzido como "vista" detalhada do local, é um gênero pictórico que cresce e conhece a sua idade de ou-
ro em Veneza, no século XVIII. Ele inclui uma série de grandes mestres, onde Canaletto e Guardi são os mais conhecidos. Desde da exposição de Pierre Rosenberg, em 1971, que se concentrou na pintu-
CANALETTO - O Campo Santi Giovanni e Paolo, 1738-1739 - ost 46,4 x 78 cm. Acervo da coleção real britânica emprestada pela Rainha Elizabeth II
ra veneziana do século XVIII, nada havia sido feito sobre o tema. Nesta mostra, o procedimento foi confrontar o mesmo motivo - a Praça de São Marcos, por exemplo - pintado por diferentes artistas, a fim de mostrar co-
mo Canaletto reage às propostas de Gaspar van Wittel, como Bernardo Bellotto ou Michele Marieschi afirmam suas diferenças, e a independência ainda maior de Francesco Guardi. Muitos destes artistas também pintaram vistas fantásticas e imaginárias de Veneza, aos quais foi dedicada uma sala inteira na mostra. A "veduta" é relativamente desconhecida para o público francês (e talvez para nós, brasileiros), e às vezes é visto como um gênero um pouco repetitivo. No entanto, foi importante para marcar as diferenças de estilo e sensibilidade, e mostra, por exemplo, como cada personagem é utilizado de forma diferente pelo instrumento óptico, la camera obscura. A câmara escura é um instrumento óptico que permitia a passagem dos raios solares por uma lente e refletia a imagem que se queria pintar, como base de suas obras. Canaletto passou a usar a câmara escura em 1730.
FRANCESCO GUARDI - O Campo Santi Giovanni e Paolo, 1765 ost 73 x 121 cm. Acervo Museu do Louvre - Paris
LÍQUIA
Conseguiu assim mais precisão no desenho, mais luminosidade e um contraste mais brilhante entre as cores. Foi nessa época que iniciou os famosos capricci, composições formadas por elementos arquitetônicos reconhecíveis sobre um fundo imaginário. Canaletto interveio fortemente na composição, reajustando proporções para dar uma visão racional, intelectual e geométrica do lugar. Procurou o efeito de luz em todos os detalhes, enquanto Marieschi pouco transformava a imagem obtida na câmara escura; as distorções que vemos em suas pinturas são aquelas produzidas pela câmera grande angular que ele usou, porque havia vários objetivos. O mesmo vale para Guardi: em sua visão do Campo Santi Giovanni e Paolo (ao lado), adota o ponto de vista ardente de Canaletto; mas não corrige as distorções; de repente, os edifícios estão em movimento no ar. É que Guardi que não tenta passar a impressão de estabilidade da cidade e a perenidade da sua história de permanência, mas, ao contrário, a sensação da passagem do tempo. É também mais espontâneo, mais rápido e pressionado pela necessidade de produzir.
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compreendeu a importância da pintura de vistas de Veneza -, desempenhado um papel importante na difusão do gênero. No século XIX, é através dos olhos de Canalleto ou Guardi que os escritores e pintores vêem Veneza. É o caso de Théophile Gautier em sua "Voyage en Italie", de William Turner e Whistler. O problema é que um número considerável de obras de vedutistes diferentes, como Belloto, Marieschi ou o próprio Guardi - , foram originalmente vendidos e listados como sendo de Canaletto, por ser este muito mais famoso que os outros. Somente no final do século XIX a personalidade de Guardi emerge claramente. É na França, favorecido pelo impressionismo, que o seu trabalho passa a ser considerado. Os grandes colecionadores, como Calouste Gulbenkian ou Nissim de Camondo, compram suas pinturas em leilões de Londres. Na virada do século XX aparecem os trabalhos pioneiros de Adrien Moureau (1894) e Gustave Uzanne (1907) sobre Canaletto, e de George Simonson sobre Guardi (1904).
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LUCA CARLEVARIJS - A Praça São Marcos, 1726 - ost 45 x 91 cm (acima e detalhe no friso). Museu Nacional do Castelo de Fontainebleau
Mais temos que esperar até 1962, para a publicação do catálogo raisonné de Canaletto por William George Constable, trabalho capital que permitiu se colocar um pouco de ordem nas atribuições, para uma melhor compreensão dos Mestres. Desde então, estudos subseqüentes têm se multiplicado sob a égide dos principais especialistas como Stefan Kozakiewicz, Terisio Pignatti e Alessandro Bettagno. A última grande exposição desse gênero, "Venise: Canaletto et ses rivaux" (Veneza: Canaletto e seus rivais), foi realizada em Londres e Washington
em 2010-2011. Novas pesquisas precisam ser realizadas, ainda hoje, para estabelecer a cronologia das obras, acervos históricos, e especialmente as atribuições. Avanços na pesquisa estão de acordo com o interesse público e dos grandes colecionadores, cujo número aumentou de forma constante desde meados do século XX. Em 2001 um Guardi atingiu o preço recorde de 25 milhões de libras. A fama de Veneza para os viajantes do século XVIII era indissociável do "Grand Tour" que levava aos caminhos da Europa
jovens oriundos da aristocracia ou burguesia afortunada. Durante dois anos ou um pouco mais, estes, em sua maioria britânicos iam conhecer o mundo e testar seu caráter. Veneza, da mesma forma que Florença, Roma ou Nápolis, era uma das etapas obrigatórias deste rito de passagem para a idade adulta. O fluxo dessa clientela de "grandes turistas" que colecionavam obras de arte como troféus de seu périplo contribuiu para impulsionar um gênero pectórico à parte: "a veduta". Continua na página seguinte
Vistas de Veneza
Os pintores da "veduta" criaram uma imagem de Veneza, que se espalhou por toda a Europa, e continuou durante os séculos seguintes. As obras, os artistas viajantes, bem como as ideias. A partir do século XVIII, o teórico Antonio Maria Zanetti, em correspondência com os grandes colecionadores - incluindo o francês Mariette, que
CANALETTO - Regata no Grande Canal, 1732 ost 149,8 x 218,4 cm. Museu Bowes - Inglaterra
GUARDI - O Doge parte do Lido à bordo do Bucintoro, no dia da Ascensão, 1775-80 ost 66 x 101 cm. Museu Louvre
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Continuação da página anterior Foi em Veneza, no decorrer do século XVIII que o "vedutismo" conheceu sua expressão mais brilhante. Entretanto, foi nos Países Baixos e em Roma, dois séculos antes, que se faz necessário conhecer suas origens. Apesar de suas perspectivas fantasistas, as paisagens panorâmicas de Maerten van Heemskerck (1494-1574) e de Hendrik van Cleef (1525-1589) são consideradas como as primeiras "vedutas" pois são claramente identificáveis. Outros artistas dos Países Baixos vivendo na Itália contribuíram para desenvolver o gênero no século XVII.
Os precursores
Apesar da beleza espetacular de suas paisagens de áreas alagadas e o pito-
GUARDI - Campo de Santa Maria del Giglio, 1770. (acima e detalhe no friso) ost 50 x 84 cm. Coleção particular
resco singular de seus inúmeros canais, Veneza não possuía nenhuma tradição vedutista antes da chegada de Gaspar van Wittel, conhecido como Gaspare
Vanvitelli (1652/1653-1736). Da temporada veneziana desses holandeses, nos anos 1695, nasceram uns quarenta quadros cuja realização se estendeu
por uns vinte anos. Gaspar van Wittel trabalhava a partir de desenhos de grande formato, realizados a partir da natureza, conservando a pintura uma grande frescura de toque e de cor. A influência deste primeiro grande mestre da "veduta" italiana sobre os artistas venezianos é mal dimensionada. Parece que ela se exerceu diretamente sobre Luca Carlevarijs (1663-1730) que havia conhecido seus primeiros sucessos como pintor "da arquitetura e da perspectiva". Ele conservou esta temática apreciada pela clientela local, produzindo vistas de veneza para os compradores estrangeiros cada vez mais numerosos. A maior parte dessas obras de arte se originaram antes de 1710, o que fez dele o primeiro vedutista veneziano. >>>
Canaletto e Guardi Giovanni Antonio Canal, conhecido como Canaletto, nasceu e morreu em Veneza com 70 anos. Ficou famoso por retratar a atmosfera própria de Veneza sob o ângulo barroco, captando a visão de suas ruas e canais, envoltos em luzes e sombras. Recebeu sua formação com o pai, o pintor e cenógrafo Bernardo Canal, e estudou com o paisagista Luca Carlevarijs. Mudou-se para Roma (1719) onde fez numerosos desenhos de ruínas e monumentos e diversos cenários para as óperas de Alexandre Scarlatti. Entrou em contato com pintores como Gian Paolo Pannini, perito em perspectivas, e o flamengo Gaspar van Wittel, paisagista precursor de temas panorâmicos e voltou para Veneza onde passou a trabalhar pintando panoramas da cidade sob encomendas. Demonstrando um esplêndido tratamento das luzes e sombras e de seu perfeito domínio da perspectiva, em um estilo mais objetivo do que o de seu rival, o pintor italiano Francesco Guardi. Morou na Inglaterra (1746-1755), onde o cônsul inglês em Veneza, Joseph Smith, apresentou o artista a importantes clientes que desejavam paisagens de Veneza. Na Inglaterra pintou paisagens urbanas e rurais, especialmente de Londres, Oxford e Windsor. De volta a Veneza (1763), ingressou na Academia de Belas-Artes, da qual foi membro até sua morte e entre seus principais discípulos destacouse seu sobrinho Bernardo Bellotto.
Francesco Lazzaro Guardi também nasceu e faleceu em Veneza. Foi um dos maiores paisagistas do período Rococó. Guardi nasceu em uma família da nobreza menor originária de Trentino. Seu pai, Domenico (nascido en 1678), e seus irmãos Niccolò y Gian Antonio foram também pintores. Este último herdou a oficina familiar após a morte do pai em 1716, e atuou como professor de Niccolò e Francesco. En 1735, Francesco passou a trabalhar na oficina de Michele Marieschi, onde permaneceu até 1743. Suas primeiras obras confirmadas datam de 1738 e foram feitas sob encomenda para uma paróquia de Vigo d'Anuania, no Trentino. A primeira obra assinada por Francesco é Santo adorando a eucaristia (cerca de 1739). Suas obras desse período incluem representações figurativas e paisagens, incluindo suas primeiras "vedutas". Em 15 de fevereiro de 1757, casou-se com Maria Mathea Pagani, filha do pintor Matteo Pagani. Em 1763, por ocasião da eleição do doge Alvise IV Mocenigo, pintou as Festas do doge, uma série de doze telas. Por volta de 1778, realizou a obra Santíssima Trindade aparecendo aos santos Pedro e Paulo na igreja paroquial de Roncegno. Em 1782 o governo veneziano encomendou a Guardi seis telas para celebrar a visita dos arquiduques russos à cidade, das quais só restam duas. Outras duas telas foram pedidas para comemorar a visita do
papa Pio VI. Em 12 de setembro do mesmo ano, foi admitido na Academia de Belas Artes de Veneza. As primeiras "vedutas" de Francesco Guardi guardam nítida influência com as obras de Canaletto e Lucas Carlevarijs. Foi também influenciado por Alessandro Magnasco em telas como Milagre de um Santo Dominicano num estilo quase expressionista. Com o passar do tempo, no entanto, o pintor se dirigiu rumo à criação de um estilo próprio. Fazendo largo uso do sfumato e da chamada pittura di tocco, estilo baseado em pequenas e enérgicas pinceladas pontuais, o artista criou um estilo de pintura mais solto, em contraposição às pinturas sólidas e organizadas de Canaletto e Tiepolo. De fato, enquanto em Canaletto há uma concentração em representar meticulosamente a arquitetura veneziana, em Guardi os edifícios parecem estar dissolvendo-se e afundando nos canais lodosos. Ao contrário de Canaletto - que pintou a vida cotidina dos bairros e comunas venezianos, dando-lhes, algumas vezes, um aspecto épico - Guardi não buscou retratar Veneza dessa forma; sua obra representa a dissipação da República de Veneza. O estilo de pintura mais solto inaugurado por Francesco Guardi seria também muito apreciado, séculos depois, pelos impressionistas franceses.
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Fotos: reproduções
Nestes quadros de grande formato (eles são maiores dos que os de Gaspar van Wittel), os personagens são individualizados. Algumas figuras, tal como uma dama de rosa usando uma máscara negra, aparecem em várias cópias de suas composições. Gaspar van Wittel e Carlevarijs abriram caminho para os grandes representantes do gênero que foram Canaletto (1697-1768), seu sobrinho Bernardo Bellotto (1722-1780) e Francesco Guardi (1712-1793). Estes grandes nomes eclipsaram figuras mais modestas, como o sueco Johann Richter (1665-1745) ou Giovanni Battista Limaroli (1687-1771), dos quais algumas telas tiveram a honra de serem atribuídas ao próprio Canaletto.
O gosto dos turistas
Se Gaspar van Wittel contava com alguns venezianos entre seus compradores (sabe-se que cinco de seus quadros se encontravam na casa do patrício Giorgio Bergonzi em 1709), seus sucessores trabalharam principalmente para estrangeiros. Estes exerceram de fato uma influência sobre a evolução da "veduta". Assim, para facilitar sua exportação, os quadros adotaram um formato mais reduzido. Por outro lado, para agradar os compradores, alguns pontos de vista e certos assuntos iriam ser privilegiados. As festas, como a da Ascensão, por exemplo, objeto de uma faustosa exibição naval sobre a Bacia de São Marcos eram particularmente adotadas. A recepção aos embaixadores estrangeiros, igualmente muito procurada, tornou-se a especialidade de Carlevarijs. Enfim, Canaletto e os outros artistas desde o fim dos anos 1720, aceitaram o fa-
CANALETTO - A Bacia de São Mascos vista da Giudecca, 1722 (acima e detalhe no friso) ost 141 x 154 cm. Museu Nacional de Wales
to de que os ricos turistas compravam mais facilmente as paisagens banhadas por uma luminosidade dourada de um verão eterno. Os sombrios céus de tempestade e do inverno, mais ricos de efeitos pictóricos, não favoreciam as vendas. O gênio de Canaletto no âmbito atmosférico foi uma das chaves de seu sucesso. Ele não hesitava tomar como modelo as composições de Carvevarijs, enriquecendo-as com efeitos novos de luz, como as nuvens onde a sombra se projeta sobre a fachada do palácio dos doges. Este detalhe não escapou a Alessandro
CANALETTO - Grande Canal com Igreja S. Geremias e Palácio Labia, 1726 ost 46 x 78 cm
Marchesini, pintor veronês que, em julho de 1725, aconselhava a um colecionador de Lucques de não se dirigir a Carvevarijs, mas sim à Canaletto, onde as obras eram equivalentes, mas "onde poder-se-ia ver brilhar o sol". Nesse clima de intensa competição artística e financeira, o velho Carvevarijs tentou se conduzir à sua maneira, mas a doença pôs fim à sua carreira em 1728. A Gravura teve um papel principal na difusão comercial da "veduta", fornecendo um recurso iconográfico precioso aos pintores que sempre buscavam modelos de novos
GUARDI - Grande Canal com Igreja S. Geremias e Palácio Labia, 1769, ost 71,5 x 120 cm. Pin. Munique
motivos. Carvevarijs tinha inaugurado em 1703 sua série de "veduta" veneziana com a publicação de uma coletânea de 103 estampas entitulada Le Fabriche e Vedute di Venezia (As construções e vistas de Veneza). Além de seu grande sucesso público, este álbum exerceu uma influência durável sobre os artistas que se inspiraram durante muitos anos. Sabe-se que a publicação em 1735 da coletânea de gravuras Prospectus Magni Canalis Venetiarum (Perspectiva do Grande Canal de Veneza) de Antonio Visentini inspirada nas vistas de Canaletto pertencente ao cônsul britânico Joseph Smith, contribuiu ainda mais para o crescimento de Canaletto no exterior como também para valorizar a coleção de Smith, que era um editor. Uma segunda edição seria publicada em 1742, aumentada em mais vinte e quatro pranchas. Alguns anos depois, Canaletto publicou uma coletânea de suas próprias águas-fortes. O exemplo foi seguido por Michele Marieschi, que lançou em 1741 vinte e duas gravuras de suas composições com a finalidade de aumentar sua notoriedade.
O cônsul empresário Smith
O mercado florescente da "veduta" fez verdadeiras fortunas, tal como a do berlinense Sigismund Streit, instalado em Veneza como marchand em 1709. Ele encomendou a Canaletto algumas de suas obras primas desse período. Mas o grande sucesso desta área foi o legendáro cônsul Smith. Continua na página seguinte
GUARDI- O Canal de Giudecca e Zattere, 1758 ost 72 x 119 cm. Museu Thyssen-Bornemisza
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Continuação da página anterior Verdadeira instituição veneziana, o colecionador e marchand Joseph Smith (1682-1770) teve o mérito de editar em fac-simile os "Quatro Livros de Arquitetura" de Andrea Palladio. Este homem, descrito pela escritora inglesa Lady Mary Wortley Montagu como "um indivíduo escandaloso em todos os sentidos" (ele era também proxeneta na época), se instalou em Veneza, no princípio do século XVIII, como um grande negociante inglês. Contava entre sua rica clientela ingleses que efetuavam passeios pelo Grande Canal, naturalmente ligando sua paixão pela arte veneziana àquela de Canaletto em particular, seguindo seu aguçado faro de comerciante. Parece que ele se tornou o agente exclusivo do pintor, quando contribuiu para organizar a famosa viagem a Londres. Não há dúvida de que ele teve grande lucro nesse negócio, o que não tira seus méritos na difusão da arte veneziana na Europa. Os 350 quadros de sua fabulosa coleção( ele possuía 54 Canalettos) foram comprados pelo rei George III da Inglaterra e subsiste pela metade ainda hoje nas coleções reais inglesas.
GASPAR VAN WITTEL - O mole visto da Bacia de São Marcos, 1697 ost 98 x 174 cm. Museu do Prado CANALETTO - Perspectiva com um pórtico, 1765, ost 131 x 93 cm
Colecionadores e Mecenas
Graças a Smith, Canaletto contou entre seus clientes membros de ilustres famílias britânicas: Henry Howard, 4º conde de Carlisle, John Russel, 4º duque de Beaford, Charles Spencer, 3º duque de Malborough (24 telas para o primeiro, 22 para o segundo, talvez as encomendas mais importantes de sua carreira). Quanto a Howard, apesar de possuir "somente" cinco grandes Canalettos, ele havia comprado pelo menos 15 Belloto e 18 Marieschi. Veneza contava com um outro mecenas excepcional na pessoa do general Johann Matthias van der Schulemburg. Este homem intrépido havia combatido os franceses sob as ordens de Malborough e do príncipe Eugène. Foi homenageado pela Sereníssima República com uma estátua em Corfou pela sua vitoriosa defesa da Ilha. Em sua velhice veneziana ele se ocupou em reunir uma coleção de pinturas que ele expedia para suas diversas propriedades na Alemanha. Habilmente, Michele Marieschi conseguiu mudar o interesse do velho soldado por Canaletto. É bem verdade que os preços deste brilhante e prolífico artista eram mais acessíveis. Uma carta do mar-
MICHELE MARIESCHI - Le Grand Canal au Fondaco dei Turchi, 1736-38 ost 58 x 85,5 cm. Coleção particular
GUARDI - Capricho com um campiello veneziano, 55,5 x 38 cm
GUARDI - A Bacia de São Marcos com a Ilha Giorgio Maggiore e a Igreja da Saúde (detalhe) 1770-75 ost 52 x 85 cm. Coleção particular
chand de arte Zanetti a Lord Howard descrevia Marieschi "tão capaz como Canaletto ao qual se pagava também pelo seu nome e notoriedade". Uma morte precoce abateu este terrível concorrente com a idade de trinta e dois anos, em 1743.
As joias da coroa britânica
Exposição do Museu JacquemartAndré foi beneficiada por empréstimos excepcionais da Coroa da Inglaterra, que possui a maior coleção de Canaletto do mundo. Ela veio di-
retamente do Cônsul Joseph Smith, filantropo e marchand do artista, que vendeu nada menos que 50 pinturas, para não falar de desenhos e gravuras, ao rei George III. Essas obras são muito raramente emprestadas, e cedidas apenas quando envolve estudo da obra do artista, que é o caso dessa mostra. Alguns sairam da coleções real britânica pela primeira vez. Outro importante empréstimo que deve ser mencionado, é o quadro La place Saint Marc, vers lest, do Museu Thyssen-Bornemisza de Madri Pág 17-17), que é provavelmente uma das mais famosas pinturas de Canaletto. A exposição Canaletto-Guardi, os dois mestres de Veneza pode ser visitada no museu Jacquemart-André até o dia14 de janeiro de 2013, quando se encerra.
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O efeito Cintra
Ú
nica galerista carioca participante do comitê de seleção da ArtRio - Feira Internacional de Arte Contemporânea, Juliana Cintra deu uma entrevista a um jornal de grande circulação, onde desancou as galerias de arte do Rio de Janeiro. Disse, entre outras coisas, que as galerias do Rio não tinham nível para participar da feira. Afirmou que muita gente caiu de paraquedas no mercado de arte, chamou uma meia dúzia de mentirosos e outros de semi-analfabetos. No final das contas, o número de galerias do Rio de Janeiro que participou do evento ficou igual ao número de galerias de São Paulo, o que demonstra que o número de galerias sem nível do Rio, não é assim tão grande. O problema é que, com sua entrevista, Juliana Cintra expôs diversos problemas do mercado de arte que muita gente sabe que existe, mas não divulga. Problemas que vão desde preços inflados, passando por informações erronias, chegando até procedência e autenticidade. O comitê de seleção da ArtRio foi extinto no primeiro dia da feira, num bafafá não explicado. O
que ficou foi a certeza que galerias sem nível realmente existem, não só no Rio, como também nos outros estados e até no exterior, como provam algumas galerias estrangeiras presentes ao evento. Numa delas, um conhecido colecionador brasileiro foi repreendido por jogar um copo descartável de café numa caixa, que ele pensava ser para lixo, mas na verdade era uma "obra de arte". Mas, essa "falta de nível" não se resume apenas a obras de arte duvidosas ou superavaliadas. Faltam a muitos donos de galerias de arte competência, conhecimento e capacidade de catalogar, identificar e avaliar obras de arte, e, principalmente, oferecer ao comprador uma "expertise" segura. E são esses, justamente esses, os mais incompetentes, que exibem uma pose característica do mercado, que é o "nariz em pé". Olham para você com um ar de superioridade tão grande, que você se sente um inseto. Lá fora, as casas de leilões, galerias e museus se utilizam dos serviços de profissionais altamente especializados. Um deles é especialista em arte moderna do século XX, o que já é muita coisa, outro
em pintura da Escola Veneziana, outro nos Impressionistas, e por aí vai, chegando ao requinte de existir um especialista apenas para um determinado artista. Ou seja, o cara estuda a vida toda para identificar as obras de um único pintor. Aqui no Brasil, com raras exceções, o marchand ou galerista se arvora a emitir parecer sobre obras de artistas desde a Missão Francesa, pintores viajantes, passando pelos modernistas e outros "istas" até as obras de arte contemporâneas. Se existisse mesmo alguém com essa capacidade, este sim, teria o direito de andar com o "nariz em pé". Mas não existe. O que existe são práticas condenáveis, como por exemplo, depreciar as obras do concorrente, ou alguém aqui desconhece o famoso parecer: "O quadro não é bom!"; ou então pior: "Não gostei!" Não gostou de que cara-pálida, do estilo, do tema, da paisagem, da técnica, das cores... ? Mas não, esse simples "Não gostei" planta uma dúvida na mente do comprador e às vezes condena sem apelação uma obra de arte. Claro que aqui existem muitos leiloeiros e galeristas criteriosos, corretos e honestos, que se preocupam em estudar, avaliar e determinar a procedência e a autenticidade das obras de arte antes de colocálas no mercado. Mas não estamos falando desses excelentes profissionais. Este artigo é sobre os outros, os galeristas "sem nível" de "nariz em pé".
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no viaduto da Avenida 23 de maio, e o Parque das Cores do Escuro na Vila Maria, ambas em São Paulo, também têm a mesma proposição da apropriação da obra pelo espectador, além de trazer ao espaço público os materiais não convencionais àquele lugar. "Obra pública é muito importante, porque fica", acrescenta Amelia, que considera a Paisagem subterrânea, obra na estação Arcoverde de metrô, no Rio de Janeiro, a sua obra pública mais completa. Obras da série Horizontes, uma mescla de pintura e escultura, também estarão presentes na exposição, que fica até 24 de janeiro de 2013. A investigação do espaço da paisagem no espaço pictórico fica evidente em obras como Fatia de Horizonte, formada por chapas que refletem a paisagem produzindo um horizonte vertical e suspenso. A artista autodidata nasceu em um berço que misturava os dotes artísticos de sua mãe e a produção científica de seu pai e foi desta escola que Amelia passou a admirar os materiais e fazer deles obras de arte. Além das consagradas obras produzidas desde a década de 70, a exposição apresentará duas obras inéditas da artista: "A exposição é um conjunto da obra e tem trabalhos novos que estou pensando agora e ainda não fiz. Quero que o espaço se torne uma coisa só".
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Juliano Alves
São Paulo: Arte & Estilo Rommulo Vieira Conceição faz individual em São Paulo Jovem artista que demarcou forte presença em 2011 na 8ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre) e em "Agora/Ágora", coletiva de elenco internacional onde seu trabalho SuperCinema foi o núcleo da mostra, realizada pela curadora Angélica de Moraes para o Santander Cultural de Porto Alegre, Rommulo Vieira Conceição chega ao circuito expositivo de São Paulo com um conjunto de peças que frisa com nitidez a qualidade e o frescor de sua produção, em sintonia criativa com as novas linguagens da escultura e da fotografia contemporâneas. Rommulo foi selecionado no Edital Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2012 para realizar a presente exposição, denominada "Através, Cuidadosamente". O título vem da série fotográfica inédita "CarefullyThrough", iniciada em 2009 na Finlândia e concluída em 2011 na Argentina. A mostra é composta ainda pela inédita escultura/instalação "Estruturas Dissipativas"e pelo objeto "Entre", de 2011, que participou da 8ª Bienal do Mercosul. A obra de Rommulo é tributária de uma ampla vivência internacional. Desde 1998 ele realiza individuais, coletivas e residências no Brasil, Argentina, Austrália, Japão e Finlândia. Participou de Rumos Visuais Itaú Cultural (2006) e foi premiado pela Funarte (Fundação Nacional de Arte, órgão do MinC) em 2009. Nascido em Salvador (Bahia) e residindo atualmente em Porto Alegre (RS), faz dialogar em seus trabalhos as duas vertentes de sua formação: o doutorado em Geociências e o mestrado em Poéticas Visuais (Instituto de Artes), ambos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É representado em São Paulo pela galeria Casa Triângulo Reunindo arte e ciência, Rommulo investiga os fenômenos de percepção e codificação do espaço em diversos meios: instalação, fotografia, objeto, escultura e desenho. Para sua exposição na Funarte/SP, as curadoras Angélica de Moraes e Bruna Fetter reuniram fotografias, objeto e escultura/instalação cujo eixo é a análise dos fenômenos de percepção ótica e semiótica do espaço. Ou seja, a investigação do modo como o espaço pode ser percebido e representado, assim como a simbologia que gravita em torno dessa percepção, potencializando a leitura e escavando nela uma dimensão poética. As fotografias investigam a noção de visão panóptica, ou seja, aquele olhar totalizador que consegue abranger, de um único ponto de vista, toda a cena a sua frente. As imagens de interiores obtidas por Rommulo nos sóbrios espaços finlandeses e na atmosfera carregada de memória da Argentina nos provocam a reunir e interpretar indícios da personalidade e da história dos habitantes (nunca representados) daqueles espaços. O objeto e a escultura/instalação, conforme o texto da curadoria, "promovem um rebatimento des-
Rommulo Vieira Conceição - “Entre”
sas questões panópticas para a tridimensionalidade, gerando arquiteturas impossíveis. Nesses trabalhos, observa-se a influência da escultura unmonumental, ou seja, a escultura contemporânea que se faz em oposição aos critérios tradicionais dessa expressão milenar. Não há monumentalidade, não há afirmação de certezas pétreas. As obras de Rommulo refletem a perplexidade com a fragmentação do entendimento de mundo deste século 21". Assim, o objeto "Entre", ambíguo desde o título, é formado por três portas entreabertas de vidro e madeira laqueada nas cores verde e vermelha, dispostas paralelamente e deslocadas entre si por uma pequena distância. O vidro e a superfície laqueada das portas são capazes de refletir todo o espaço e essas mesmas portas nas suas próprias superfícies. "Neste momento, espaço e objeto se fundem e se sobrepõem num mesmo local, gerando opacidades e indagações". A peça central da exposição é a escultura/instalação "Estruturas Dissipativas/Balanço". Conforme o texto curatorial, esse trabalho "mistura as fronteiras entre escultura, arquitetura e design de objetos, embaralhando espaço público e privado. A obra é composta por fragmentos de paredes, gavetas, revestimentos diversos e objetos do cotidiano caseiro. O protagonista é um balanço, utilizado pelos visitantes para ampliar o entendimento do que propõe
essa máquina de entender o espaço complexo do século 21 e nossa vivência nele, cheia de percepções transitivas, momentâneas". Rommulo Vieira Conceição é um artista visual que trabalha com diversos meios, como instalação, objetos, escultura, desenho e fotografia, explorando a percepção do espaço contemporâneo e as relações do homem contemporâneo no espaço. Nasceu em 1968, em Salvador/Bahia, onde começou seus estudos em artes sob a orientação da artista Célia Prata, no atelier da artista. Desde 2000 reside em Porto Alegre/RS, onde teve orientação artística de Jailton Moreira, no Espaço Torreão; e onde desenvolveu seu mestrado em poéticas visuais no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do SulUFRGS. Desde 1998 vem realizando exposições individuais e coletivas, além de residências artísticas no Brasil, na Argentina, na Austrália, no Japão e na Finlândia. Em 2006 participou do Rumos Itaú Cultural com o trabalho Quarto-Cozinha (2005/2006) no qual sobrepôs um quarto e uma cozinha, ambos totalmente operacionais. Em 2009 realizou uma exposição individual em Ekenäs, na Finlândia, onde iniciou uma série de desenhos monocromáticos. Entre os anos 2009 e 2010 fez parte do grupo "Pessoal" envolvendo dois artistas Chilenos e uma artista Argentina. Ganhou alguns prêmios, dentre os quais Rumos Itaú Cultural (2006), FUNARTE (2009 e 2012); PIPA (2010, 2011) e foi indicado duas vezes ao Prêmio Açorianos de Artes Plásticas (2010 e 2012). Atualmente, mora e trabalha em Porto Alegre, Rio Grande do Sul e em Salvador, Bahia. É representado pela Galeria Casa Triângulo de São Paulo. Rommulo Vieira Conceição - "Através, Cuidadosamente" Abertura: 06 de dezembro, às 19h Período expositivo: 07 de dezembro a 29 de janeiro de 2013 Local: Funarte São Paulo - Galeria Mario Schenberg Campos Elíseos - Alameda Nothmann, 1058, tel. (11) 3662-5177. Seg. a dom., 10h/21h. http://www.funarte.gov.br
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Benedito Calixto
uito conhecido como um dos ícones na pintura de marinhas, Benedito Calixto de Jesus também baseou seu trabalho na realização de paisagens, pintura de gênero, retrato, tendo reinventado sua obra na pintura histórica e na pintura sacra. Pintor figurativo, passou pelo Academismo, Realismo e Naturalismo. Em 2013 completa-se 160 anos de seu nascimento e alguns eventos estão previstos para comemorar a data. Nascido em Conceição de Itanhaém, litoral paulista, em outubro de 1853, o artista iniciou sua carreira no interior, na cidade de Brotas, ainda autodidata. Sua primeira exposição aconteceu em 1881, na sede do jornal Correio Paulistano, em São Paulo. Uma de suas obras mais notórias, que perdura até os dias de hoje, foi feita nessa mesma época, no início de sua carreira - a decoração do Teatro Guarani, em Santos. Por esse trabalho, foi premiado com a bolsa de estudos e a viagem para Paris, feita em 1883. Lá teve a oportunidade de estudar no ateliê Raffaelli e na Academia Julien, onde foi aluno de Gustave Boulanger, Jules Lefebvre e Robert Fleury. Dois anos depois, retorna ao Brasil e fixase na cidade de Santos. Retrata esplendidamente a cidade que escolheu para viver e pintar. Suas marinhas ganham grande notoriedade pela riqueza de detalhes. O então recente e grandioso Porto de Santos, principal porta de entrada do Brasil, obtém atenção especial de Benedito. Paralelamente, dedica-se ao magistério. Benedito Calixto desenvolveu o conjunto de sua obra no momento de transição entre os séculos XIX e XX. Cada tela sua é de suma importância para a documentação histórica da iconografia da cidade de Santos e seus arredores, como Itanhaém e São Vicente, que já despontavam como balneário preferido dos paulistas. Nas telas de Calixto as ruas da cidade ainda são repletas de casarios remanescentes da arquitetura colonial, cenários muitas vezes irreconhecíveis nos dias de hoje. Telas panorâmicas revelam a natureza em toda sua plenitude. Era comum o pintor se utilizar da fotografia para ajudar a manter a fidelidade de suas telas mas, apesar desse comprometimento com o rea-
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Arte Sacra
Proclamação da República (1893), óleo sobre tela. Acervo da Pinacoteca Municipal de São Paulo
Reprodução em cartão postal de uma tela de Benedito Calixto retratando o Porto de Santos com veleiros ancorados em frente ao trapiche em 1882
lismo, o aspecto emocional prossegue mantido, devido à forte relação afetiva que existia entre Benedito e sua cidade, suas praias, criando um paradoxo entre a modernização civilizadora da topografia e a força da natureza. Um segundo momento importante da carreira do artista é a pintura histórica. Realiza inúmeros trabalhos por encomenda do Estado. Apaixonado pela história paulista, pesquisa e escreve sobre o passado e esse envolvimento se reflete em seus quadros, que passam a contar, plasticamente, uma parte dessa história. Padre Anchieta, Martim Afonso e os índios povoam seus pensamentos, e o pintor chega a realizar teatralmente reconstituições de cenas históricas para ter uma visão mais profunda daquilo que deseja reproduzir em tela. Muito se comprova hoje em dia
com a simples observação dessas telas, como o provincianismo e a vida pacata que se gozava em São Vicente, Santos e até mesmo em São Paulo, que na época já era a maior cidade do país. Como "abandonara" as rédeas curtas do academismo, na época em que voltou de Paris sem completar seu ciclo de estudos, Benedito Calixto não realizou muitas exposições nem inscreveu seus trabalhos com insistência nos salões de arte. Naqueles em que sua obra se fez presente, sempre teve seu trabalho reconhecido e foi agraciado com medalhas e títulos em honra ao mérito. A maior parte das exposições aconteceu depois de sua morte, em 1927. Antes disso, no ano de 1924, o pintor recebeu do Papa Pio IX a Comenda e a Cruz de São Silvestre, por serviços prestados à Igreja por meio da sua arte.
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Muitas igrejas do litoral paulista e de municípios vizinhos foram decoradas com telas pintadas por Benedito Calixto. A arte sacra foi uma de suas paixões por ser também muito ligado às questões religiosas. Dentre as obras que mais se destacam e valem a pena ser vistas de perto estão os murais das catedrais de Santos e Ribeirão Preto e a decoração das igrejas de Santa Cecília, Consolação e Santa Ifigênia, em São Paulo. As últimas obras do artista foram 14 telas feitas na Matriz de São João Batista, em Bocaina. Uma curiosidade sobre essa obra é que ela deveria ter sido realizada na Matriz de Jaú, mas a insistência do vigário José Maria Alberto Soares, que estabeleceu longa e intensa correspondência com o pintor, trouxe o trabalho para sua cidade. Suas cartas relatavam a limitação financeira da paróquia mas reiteravam o desejo de ter telas do pintor em suas modestas instalações. A eloqüência e tenacidade das palavras do vigário promoveram uma verdadeira comunhão entre ele e o artista. Sensibilizado, Benedito Calixto resolveu atender aos apelo do padre José Maria e em setembro de 1923 dirigiu-se para Bocaina a fim de realizar este, que seria seu último trabalho. Pelas comemorações dos 150 anos de seu nascimento, a Fundação Benedito Calixto lançou em setembro último, no Jockey Clube de São Paulo, o livro "Benedito Calixto - um pintor à beira mar", que reúne belas imagens de reproduções de telas suas e diversos ensaios para a compreensão de sua obra. Criada para catalogar e desenvolver pesquisas sobre a vida do pintor, a fundação já fez um levantamento de 700 obras autênticas, entre pinturas e desenhos. A última descoberta foi na ocasião do lançamento do livro, uma família da cidade de Amparo que possui 11 quadros de Calixto. Benedito Calixto de Jesus é apontado como um dos maiores pintores oitocentistas do Brasil e o valor histórico de sua obra é considerado imensurável. Talvez porque não visse as artes plásticas como uma linguagem autônoma, mas uma das inúmeras formas que existem de se contar uma história, de se tecer uma narrativa situada no contexto de uma época.
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Alfredo Volpi
A RELÍQUIA
A
alcunha "pintor das bandeirinhas", pela qual Alfredo Volpi é tão conhecido, longe de injustiçar seu talento, define uma das características mais importantes de sua obra: a influência das imagens de sua infância passada no subúrbio paulistano. As ruas enfeitadas nos dias de festa dos imigrantes foram representadas através da vida do pintor e englobadas por todas as suas fases evolutivas. Segundo Lorenzo Mammí, "Alfredo Volpi foi um homem quase iletrado, mas um pintor de grande cultura visual. Num país caracterizado por explosões artísticas de curta duração, produziu por quase setenta anos uma pintura de qualidade. Sua arte nunca deu saltos. Foi nessa digestão lenta, mais do que na indigestão antropofágica, que veio à tona um modelo convincente de arte moderna brasileira. O modernismo de Volpi é um modernismo da memória, afetivo e artesanal, de marcha lenta e voz mansa". Nascido em Lucca, Itália, em1896, Volpi se transfere com os pais para São Paulo com um ano de idade e passa a viver em um dos muitos subúrbios de população predominantemente imigrante da cidade. Trabalha, a princípio, como pintor de paredes, mas aos 19 anos, autodidata, começa a dar mostras de seu talento executando afrescos nas paredes de várias residências. Suas primeiras pinturas são simples e têm cores vibrantes. Segundo o livro A Pintura Brasileira, da Abril Cultural, "É o subúrbio paulistano, meio cidade, meio roça, que vive a cada instante na pintura do artista". Porém, é somente perto dos 30 anos que Volpi entra em contato com o ambiente das artes de São Paulo, participando da formação do Grupo Santa Helena, em 1935; do grupo de fundadores do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, no ano seguinte e em 1937 integra a Família Artística Paulista. O Grupo Santa Helena se formou com a instalação gradual de ateliês de artistas no Palacete Santa Helena, na Praça da Sé, que se tornou ponto de encontro para sessões de modelo vivo e discussões sobre arte. Os "santelenistas" eram, em geral, imigrantes ou descendentes de imigrantes de origem humilde e registraram em suas obras a vida cotidiana da cidade e seus arredores. Dele participaram artistas como Francisco Rebolo, Bonadei, Clóvis Graciano, Mario Zanini e Fulvio Pennacchi. A Família Artística Paulista, liderada por Rossi Osir e Waldemar da Costa, contou com a participação de vários artistas, dentre os quais os membros do Grupo Santa Helena. Segundo Paulo Mendes de Almeida, a FAP "significou um poderoso estímulo à formação de uma consciência profissional nos jovens artistas brasileiros, especialmente nos de São Paulo, e representou, sem dúvida, um importante passo na evolução da arte moderna no país". O grupo realizou três exposições: em 1937, no Hotel Esplanada, em 1939 no Automóvel Clube, ambas em São Paulo, e em 1940, no Palace Hotel do Rio de Janeiro. Essas mostras, juntamente com o Salão de Maio, eram as principais exposições de arte moderna paulista na época. Entre seus integrantes mais ilustres estavam Anita Malfatti, Candi-
do Portinari, Carlos Scliar e Clóvis Graciano. Ao lado de alguns dos mais brilhantes artistas paulistanos de seu tempo, o talento de Volpi pôde se revelar e acabou sendo reconhecido. O pintor participou de numerosas exposições, coletivas e individuais e recebeu um Premio de Viagem ao Exterior no Salão Nacional de Belas Artes em 1950. A oportunidade de sair do Brasil o leva à Itália, onde entra em contato com a arte renascentista, o que iria refletir-se em sua obra. Volpi jamais admitiu a influência de pintores ou movimentos sobre sua arte, mas alguns críticos apontam referências do pintor italiano Ernesto De Fiori em obras do fim da década de 30 e início da década de 40. A partir da década de 50, passa a executar pinturas que gradativamente caminham para a abstração. É convidado a participar, em 1956 e 1957, das Exposições Nacionais de Arte Concreta e mantém contato com artistas e poetas do grupo concreto. Segundo Olívio Tavares de Araújo, "Do final da década de 40 para frente, a realidade já não surge sequer como estímulo, mas apenas como um repositório de imagens, um repertório iconográfico do qual Volpi retira formas avulsas existentes - portas, janelas, telhados, ruas, pátios, barcos, gradis, linhas do mar ou do horizonte - como se fossem signos abstratos. (...) Daí em diante, começa a série de fachadas; e com elas se abre a porta à pura abstração geométrica". Ainda sobre o tema, Sônia Salzstein diz que "no princípio da década de 1950, surgiram as primeiras pinturas de Volpi projetadas num espaço plenamente bidimensional. Sabemos que desde a segunda metade da década de 40, mesmo antes do advento pleno daquele espaço bidimen-
sional, Volpi vinha lidando com a noção de superfície de uma posição quase solitária no meio de arte brasileira. O campo da representação se revelava reduzido a um repertório de elementos constantes, cuja função narrativa o pintor pacientemente limava, até que no abrir da década de 1950 eles viessem à tona em um jogo de elementos formais móveis e permutáveis, embora nesse processo jamais se perdesse a referência afetiva do subúrbio e não houvesse dúvida de que ali se tratava de uma retratada memória familiar de fachadas e janelas". Em 1953, na II Bienal de São Paulo, vem a consagração: o prêmio de melhor pintor brasileiro, dividido com Di Cavalcanti. Ainda assim, Volpi continua se transformando: a influência do movimento concretista se faz sentir entre 55 e 57, sem, contudo, apagar as influências de sua origem. "Os retângulos da tela, em forma de xadrez, nada mais são do que uma recomposição das bandeirinhas esticadas ao vento nos bairros paulistanos em dia de festa. O subúrbio permanece e renasce, mesmo sob formas abstratas". Em 1958 recebe o Prêmio Guggenheim e é escolhido como o melhor pintor brasileiro pela crítica de arte do Rio de Janeiro em 1962 e 1966. As retrospectivas do Museu de Arte Moderna do Rio, em 1957 e da VI Bienal de São Paulo, em 1961, além das participações na Bienal de Veneza, situaramno como um dos pintores brasileiros vivos mais apreciados pelo público e pela crítica. Está presente no álbum de gravuras editado em 1971 sobre o Grupo Santa Helena. Em 1975, Olívio Tavares de Araújo realiza o documentário Alfredo Volpi. O pintor faleceu em São Paulo, em 1988, aos 92 anos de idade.
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Informe da ABA - Associação Brasileira de Antiquários
Feira da Gávea: as boas ideias de presentes exclusivos de Natal Um dos programas obrigatórios dos domingos para os cariocas, turistas do exterior ou para os brasileiros vindos de outros estados é a visita da Feira de Antiguidades da Gávea, que é montada, com qualquer tempo, de 9 às 18 h, na Praça Santos Dumont. Além de um passeio tranquilo, à sombra das árvores, numa praça atraente e que foi recentemente recuperada pela prefeitura carioca, ali podem ser encontrados pratarias, quadros, objetos de colecionismo e raros brinquedos movidos a corda. Muitos visitantes já procuram na feira seus presentes de Natal exclusivos para parentes e amigos, como uma rara peça de cristal, objetos de colecionismo, quadros de pintores famosos, ou mesmo um broche, pulseira ou um anel que nossas avós usavam no início do século 20. Para os colecionadores, podem ser encontrados na feira luminárias e máquinas de costura onde nossas mães e tias confeccionavam seus modelos. Até casacos antigos de couro e fantasias podem ser achadas por lá: são muitas as barracas que vendem roupas usadas exóticas, na maioria. Pulseiras de galalite, multicoloridas, fazem a alegria dos visi-
tantes assim como selos, medalhas de bronze e prata, moedas antigas e cédulas dos mais longínquos e menos conhecidos países do mundo encantam por seu design. Na feira existe ainda uma barraca especialidade em botões de futebol de mesa(botões), realizando, permanentemente, animados campeonatos reunindo apreciadores de todas as idades. A Feira de Antiguidades da Gávea, administrada pela Associação Brasileira de Antiquários, tem nomes de projeção entre seus freqüentadores assíduos, com destaque Marília Pera, Mariana Ximenes, Wagner Moura, Leandra Leal, Olivier Anquier, Jayme Monjardim, Sonia Braga, Débora Falabella, Zezé Motta, Déo Garcez, Marisa Monte, Flavia Alessandra, Haroldo Costa, Paulo Betti, Carla Camuratti e ainda Paulo José, Ricardo e Suely Stambowski, Ovidio Cavalheiro, Ricardo Cravo Albin e também colunistas consagrados como Hlldegard Angel, Anna Maria Ramalho, Joaquim Ferreira dos Santos, Elizabeth Orsini e Ancelmo Goes. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Antiquários, Marcos Freitas, a feira tem seus visitan-
tes do tipo "fã-de-carteirinha", que chegam bem cedo para arrematar as peças mais raras e valiosas Muitos estão à procura de desenhos e pinturas que merecem moldura e vidro anti-reflexo. Garrafas do lendário refrigerante Crush podem ser encontradas estão lá , assim como antigas fotos de família que remetem o público a um passado distante. Uma boa parte de seus frequentadores visitantes prefere sair garimpando curiosidades e uma boa parte do público gosta de contar que ali já conseguiu algumas peças fantásticas, verdadeiras pechinchas, como a escultura de bronze de um touro, de fundição francesa, tão perfeito no desenho de seus músculos que parece estar respirando. Outros gabamse de terem adquirido um buda deitado de lado, um deus africano simbolizando a fertilidade ou uma rara peça esculpida em madeira. Em muitas barracas podem ser encontradas muitas medalhas, algumas com mensagens religiosas ou efígies de Camões, Napoleão ou o ex-presidente americano John Kennedy. Outras peças podem ser adquiridas como raros presentes de Natal, como é o caso de uma faquinha de
madrepérola de Jerusalém e um terço oriental antigo, conhecido como masbaha (pronuncia-se masbarrá), em prata. Há várias barracas com brinquedos antigos, como caixinhas de música, bichinhos movidos a corda, casa de bonecas, carrinhos antiqüíssimos e antigos livros infantis. Existem ainda, como sugestão de presentes personalizados, telefones incríveis, alguns ainda um deles de manivela, do tempo em que se pedia à telefonista para fazer a ligação. As luminárias e os ventiladores em estilo retrô também fazem o maior sucesso e as bijuterias antigas são um caso à parte: há broches, brincos, anéis, colares e pulseiras belíssimos, em todos os tipos de material, nos mais diversos preços. Não é à toa que as figurinistas de teatro, cinema e TV vivem por lá à procura de peças antigas para produções de época, juntamente com chapéus, guarda-chuvas, polainas, botas. Tem gente que corre atrás de objetos exóticos para enfeitar vitrines ou para adornar suas residências com estatuetas, máquinas de escrever, rolos de esticar massa de pastel, e outras curiosidades dos velhos tempos. Luiz Carlos Lourenço
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