Cinema, infância e imaginação: tecendo diálogos

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CINEMA, INFÂNCIA E IMAGINAÇÃO tecendo diálogos Rosilene Koscianski da Silveira Silemar Medeiros da Silva (Orgs.)


Rosilene Koscianski da Silveira Silemar Medeiros da Silva (Orgs.)

CINEMA, INFÂNCIA E IMAGINAÇÃO tecendo diálogos

Chapecó, 2016


Reitoria (2012-2015) Reitor: Odilon Luiz Poli Vice-Reitora de Ensino, Pesquisa e Extensão: Maria Aparecida Lucca Caovilla Vice-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Claudio Alcides Jacoski Vice-Reitor de Administração: Antônio Zanin Diretora de Pesquisa e Pós-Graduação Stricto Sensu: Valéria Marcondes Reitoria (2016-2020) Reitor: Claudio Alcides Jacoski Vice-Reitora de Ensino, Pesquisa e Extensão: Silvana Muraro Wildner Vice-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Márcio da Paixão Rodrigues Vice-Reitor de Administração: José Alexandre de Toni Diretora de Pesquisa e Pós-Graduação Stricto Sensu: Carolina Riviera Duarte Maluche Baretta Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem autorização escrita do Editor. Cinema, infância e imaginação : tecendo diálogos / Rosilene C574 Koscianski da Silveira, Silemar Medeiros da Silva (Orgs.). -- Chapecó, SC : Argos, 2016. 279 p. ; 23 cm. -- (Debates ; 20) Inclui bibliografias ISBN 978-85-7897-164-9 1. Cinema e crianças. 2. Cinema - Resenhas. I. Silveira, Rosilene Koscianski da. II. Silva, Silemar Medeiros da. III. Título. CDD 21 -- 791.43

Catalogação elaborada por Daniele Lopes CRB 14/989 Biblioteca Central da Unochapecó

Todos os direitos reservados à Argos Editora da Unochapecó Av. Atílio Fontana, 591-E – Bairro Efapi – Chapecó (SC) – 89809-000 – Caixa Postal 1141 (49) 3321 8218 – argos@unochapeco.edu.br – www.unochapeco.edu.br/argos Coordenador(a): Dirceu Luiz Hermes (2012-2015) / Rosane Natalina Meneghetti Silveira (2016-2020) Conselho Editorial: (2013-2015) Titulares: Murilo Cesar Costelli (presidente), Clodoaldo Antônio de Sá (vice-presidente), Celso Francisco Tondin, Dirceu Luiz Hermes, Lilian Beatriz Schwinn Rodrigues, Maria Aparecida Lucca Caovilla, Ricardo Rezer, Rodrigo Barichello, Tania Mara Zancanaro Pieczkowski, Vagner Dalbosco, Valéria Marcondes Suplentes: Arlene Renk, Fátima Ferretti, Fernando Tosini, Hilário Junior dos Santos, Irme Salete Bonamigo, Maria Assunta Busato

Conselho Editorial: (2016-2018) Titulares: Murilo Cesar Costelli (presidente), Clodoaldo Antônio de Sá (vice-presidente), Celso Francisco Tondin, Rosane Natalina Meneghetti Silveira, Cesar da Silva Camargo, Silvana Muraro Wildner, Ricardo Rezer, Rodrigo Barichello, Mauro Antonio Dall Agnol, Vagner Dalbosco, Carolina Riviera Duarte Maluche Baretta Suplentes: Arlene Renk, Fátima Ferretti, Fernando Tosini, Hilário Junior dos Santos, Irme Salete Bonamigo, Maria Assunta Busato


Sumário 9 Prefácio José de Sousa Miguel Lopes 17 Apresentação Crianças e infâncias na tessitura de escritas reflexivas sobre filmes e animações Ana Maria Cambruzzi 33

Cinema e o espectador Silemar Medeiros da Silva

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Infância e imaginação na Terra do Nunca Adriana Ganzer, Ana Cristina Gonçalves, Ana Maria Cambruzzi, Aurélia R. S. Honorato, Juliana Uggioni, Rosilene Koscianski da Silveira, Silemar Medeiros da Silva

71

Arte, infância e imaginação em Fanny e Alexander Adriana Ganzer, Amalhene Baesso Reddig, Ana Maria Cambruzzi, Aurélia R. S. Honorato, Rodrigo Ribeiro Souza, Rosilene Koscianski da Silveira, Silemar Medeiros da Silva

95

Concepções de infância e imaginação: Menino maluquinho, o livro e o filme Celdon Fritzen, Gladir da Silva Cabral, Maria Isabel Leite, Renata Grassiotto


107 131

Ponyo no penhasco: a vivacidade das cores no encontro entre o humano e a natureza Adriana Ganzer, Ana Cristina Gonçalves, Ana Maria Cambruzzi, Silemar Medeiros da Silva Encantadora de baleias: reflexões sobre infância, cinema e educação a partir de uma história da tribo Maori Adriana Ganzer, Ana Maria Cambruzzi, Rosilene Koscianski da Silveira

157

9: A Salvação e a tessitura da trama Edite Volpato Fernandes, Elke Hülse, Gladir da Silva Cabral

173

Dando visibilidade à invisibilidade Celdon Fritzen, Maria Isabel Leite

185

Mais um voo da imaginação Édina Regina Baumer, Odete Angelina Calderan

199

Uma estranha poesia na infância de Ivan Adriana Ganzer

215

Imagem, imaginação e educação José Carlos Debus

233

Crianças e histórias: apontamentos sobre a viagem de Voula e Alexandro em Paisagem na Neblina Ariane Azambuja Salgado

249

Posfácio Entre filmes, cenas, imagens e movimentos... Atuando na formação de sujeitos e abrindo horizontes Aurélia R. S. Honorato, Maria Isabel Leite, Silemar Medeiros da Silva, Virgínia Maria Yunes


265 Sinopses dos filmes e animaçþes resenhadas 271 Sobre os autores


Prefácio

Foi com dupla emoção que aceitei o amável convite da professora Ana Maria Cambruzzi para prefaciar a coletânea Cinema, infância e imaginação: tecendo diálogos, organizada pelas professoras Rosilene Koscianski da Silveira e Silemar Medeiros da Silva e na qual se faz presente a escrita de duas dezenas de autores. Em primeiro lugar, emoção pelo fato de se tratar de uma temática tão instigante para mim, pois vai ao encontro de algumas reflexões que tenho feito e que continuo fazendo nesse diálogo entre a educação e o cinema, mais particularmente, sobre o modo como se situa a infância nesse diálogo. Em segundo lugar, emoção, por poder constatar que é crescente o número de educadores que estão envolvidos, de forma tão desafiadora, na ampliação de reflexões e de práticas entre educação, cinema e infância, de que é exemplo “indesmentível” esta coletânea que agora virá a público. Porque os textos desta coletânea sinalizam um frutuoso diálogo entre o cinema e a poesia, senti-me motivado a elaborar algumas reflexões em torno da arte cinematográfica e da arte poética. O cinema da infância é um tipo de cinema que se presta ao debate. Mas é inegável que é também um espaço cinematográfico de uma variedade impressionante, onde se pode colocar uma multiplicidade de olhares. 9


É exatamente a multiplicidade de olhares que se faz presente nesta coletânea, olhares esses costurados a todo o momento com a arte poética. É neste sentido que me agradou profundamente o olhar cinematográfico dos autores, ao conceberem, cada um a seu modo, a imagem como um quadro pronto a ser desenhado e pintado com as cores possíveis de nossas percepções sobre o universo que nos cerca. Nos seus textos, explícita ou implicitamente, eles entraram não apenas no território do cinema, mas também no da poesia. Tais olhares podem contribuir para ampliar os escassos estudos entre o cinema e a poesia, mais concretamente entre a poesia das imagens e a cinematografia poética. Vejamos pequenos fragmentos retirados de alguns dos textos da coletânea onde, de forma mais explícita, se faz presente a cartografia poética a que me estou referindo.

No texto “Cinema e o espectador” a autora cita Aumont (2008) que afirma “[...] um filme é um ato, todo filme é um ato – mas um ato poético.”

Em “Ponyo no penhasco: a vivacidade das cores no encontro entre o humano e natureza” as quatro autoras recorrem ao poeta Manoel de Barros: “[...] a gente fala a partir de ser criança, a gente faz comunhão: de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, de um pássaro e sua árvore [...]”; e traz das suas “[...] raízes crianceiras a visão comungante e oblíqua das coisas.” No texto “Encantadora de baleias: reflexões sobre infância, cinema e educação a partir de uma história da tribo Maori”, as três autoras se referem às “[...] características próprias da língua maori, composta de muita poesia” e mais adiante imaginam: “Se o poeta Manoel de Barros estivesse ali, talvez tivesse dito que ‘nada havia de mais prestante em nós senão a infância. O mundo começava ali’.” É ainda Manoel de Barros que afirma: “[...] o olhar reforça a palavra. O olhar segura 10


a palavra na gente. O cheiro e o amor do lugar também participam. Todos os seres daquele lugar me pareciam perdidos.” Em “9: A Salvação e a tessitura da trama” os autores, ao pontuarem suas reflexões, recorrem a Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, com o poema: “Sei ter o pasmo essencial/Que tem uma criança se, ao nascer,/Reparasse que nascera deveras.../Sinto-me nascido a cada momento/Para a eterna novidade do Mundo.” E, mais adiante, ao referirem-se ao filme 9: A Salvação nos dizem ser “[...] uma obra com grande riqueza poética, tanto visualmente, pelas texturas e cenários, quanto pela trilha sonora e pelo enredo.” E mais à frente elas nos dizem que “[...] entendemos que o cinema, como linguagem artística, traz com poesia outras percepções, narrativas e leituras de mundo, de tempo, de história e de humanidade possível.” No texto “Dando visibilidade à invisibilidade”, os autores relembram o poeta Casimiro de Abreu que ressalta em verso a “saudade que eu tenho, da minha infância querida”; ou poetas/cantores cantam sobre este ser que é “um sonho”.

Em “Uma estranha poesia na infância de Ivan” o próprio título já traz as marcas da presença poética na narrativa que a autora empreende. Ela destaca que no filme A infância de Ivan o protagonista “[...] nos proporciona com sensibilidade acentuada e postura poetizada a guerra vista pelas lentes de uma criança.” E, mais adiante, a autora transcreve a fala de Ivan num diálogo imaginário com a mãe: “Eu vi isto mãe! Por que está brilhando?” “Porque é noite para a estrela. É por isso que está brilhando.” “É realmente noite agora?” “Não, é dia. É dia para você e para mim, mas é noite para a estrela.” A autora analisa ainda o trabalho de Tarkovski que nos oferece “[...] cenas de transição quase sem cortes que vão de um ambiente a outro poeticamente [...]” e finaliza dizendo que esta “[...] história dirigida poeticamente por Tarkovski” mesmo quando “[...] fala de guerra e poesia, não as pensa como gêneros.” Para 11


ele, “[a] poesia é uma consciência do mundo, uma forma específica de relacionamento com a realidade. Assim, a poesia torna-se uma filosofia que conduz o homem ao longo de toda a sua vida.”

No texto “Crianças e histórias: apontamentos sobre a viagem de Voula e Alexandro em Paisagem na Neblina”, a autora infere que: Quando uma criança cria sua própria narrativa (que muitas vezes poderá ser a recriação, muito própria, de uma história já presente na tradição), tal como no trabalho do poeta, um som pode evocar um significado ou uma analogia verbal pode suscitar uma metáfora.

Incitado por estas digressões poéticas de nossos autores, quero partilhar algumas reflexões em torno da arte cinematográfica e da arte poética.

Como se sabe, a imagem é considerada por alguns teóricos e cineastas como sendo o fundamento elementar da arte cinematográfica e é, também, o elemento primordial da construção de uma narrativa fílmica, cuja especificidade é a representação e recriação de mundos que porventura são vislumbrados por seus criadores. Sempre aliada a elementos sonoros, dramáticos, cenográficos, espaciais e temporais, a imagem constitui um dos componentes de maior profusão de sentidos e simbologias que o sistema cinematográfico dispõe. Assim sendo, a imagem pode ser caracterizada por um objeto ou ação registrada e, pela nossa capacidade de percebê-la, atribuímos-lhe sentidos sob determinadas visões objetivas e subjetivas do mundo que nos cerca. É também um fenômeno de apreensão da imaginação do artista e da expressão de um momento, talvez de um instante, que se fixa no infinito de nossa memória. O que podemos dizer, de fato, é que no âmbito da poeticidade a imagem é representada como a entidade de recriação do que há de peculiar e único no mundo, ou seja, é através da imagem poética que 12


podemos perceber a diversidade de relações possíveis presentes no inequívoco mundano de maneira inusitada. Assim como quem ama pela primeira vez e enxerga neste amor algo único em sua vida.

A capacidade de percepção do poeta está ligada, de certa forma, a uma maneira de ver o mundo com um olhar contemplador. Quando um poeta se propõe a fazer uma poesia sobre a chuva, verá a chuva como se fosse pela primeira vez. Nesse sentido, caracteriza-se como poética a obra de arte que fundamenta sua expressividade no olhar peculiar do artista sobre a matéria-prima de sua arte ou objeto de apreensão, atribuindo-lhe um valor único e incomparável, submetendo-o aos domínios da dialética entre particular e coletivo. Assim, o processo de revelação artística será notado por sua forma de apresentação sintética e ambígua. No âmbito artístico, a imagem poética é também um emaranhado de signos, formas, cores e representações da vida que contêm sentidos e luz. E dizemos luz, pois toda a imagem só nos é apresentada a partir do momento em que é iluminada, no sentido de claridade e no sentido de esclarecimento. No cinema, a imagem busca sempre representar um mundo, o mundo cinematográfico.

O cineasta com sua equipe (cenógrafos, figurinistas, fotógrafos, atores, produtores etc.), assim como o poeta e sua caneta, é um homem que, capaz de perceber os fenômenos de modo sintético e coeso, é também capaz de expressar em imagens organizadas o que a poesia expressa em palavras. Nesta relação entre cinema e poesia vislumbro a imagem como signo de interlocução artística. Tomemos, por exemplo, a relação de similaridade e de contestação que se estabelece entre as linguagens poética e cinematográfica. De um lado, temos a poesia que se destina a trabalhar com representações sígnicas materializadas através de palavras em versos que aludem às imagens em um poema. Do outro lado, 13


o cinema que busca transpor objetos próprios da realidade em signos icônicos que serão posteriormente materializados na imagem fílmica. A orquestração dos elementos próprios da linguagem cinematográfica, tais como som, luz, cenário, atuação, efeitos etc., proporcionará a arquitetura de possíveis formas narrativas e suas correlações com o tema abordado. Em ambos os casos, percebe-se a presença do signo como elemento de profusão entre as duas artes. A imagem poética no cinema é fruto da valorização do plano fílmico em correlação com a montagem dos componentes sonoros, dramáticos e cenográficos que se relacionam sob os auspícios de determinada narrativa. Daí a importância dos elementos que serão compostos e conjugados com recursos de linguagem, o cineasta e sua equipe poderão, mediante suas habilidades, expressar, no âmbito da poeticidade, os sentimentos e vivências que representarão os personagens ou a história a ser relatada em seus filmes. Desta forma, podemos dizer que a imagem poética pode ser considerada como prelúdio para a consumação de um cinema poético e, por outro lado, fruto do encadeamento entre a lógica da montagem e a impressão subjetiva de cada profissional representado por seu ofício (fotógrafo, cenógrafo, diretor, sonoplasta etc.), no ato da realização e elaboração dos componentes imagéticos impressos no plano cinematográfico. A imagem é o elemento de base para construção de um diálogo entre o cinema e a linguagem poética. É a partir dela que poderemos compreender as realidades que se consumam em cena. Assim como a forma como conduzirão a um andamento específico por onde caminham os percursos da narrativa cinematográfica.

Sabemos que as reflexões sobre o cinema, a poesia e a infância do tempo presente, mais do que quaisquer outras são, por natureza, reflexões inacabadas: afinal, cinema, poesia e infância estão em cons14


tante movimento, refletindo as comoções que se desenrolam diante de nós e sendo, portanto, objeto de uma renovação sem fim.

Os textos desta coletânea constituem também um lugar de luta, e as concepções sobre cinema, poesia e infância que neles se fazem presentes podem e têm de ser uma forma de luta político-cultural. A forte carga poética de que estão impregnados estes textos se inspiraram em alguns dos grandes mestres do cinema, como Ingmar Bergman, Theo Angelopoulos, Andrei Tarkovski e Emir Kusturica, todos eles verdadeiros poetas da imagem. Mas eles são também o resultado de uma longa trajetória de participação de seus autores nas atividades do Grupo de Pesquisa em Educação Imaginativa (GPEI), inserido no Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação Estética (Gedest), na Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). E o que deve ser ressaltado é que estas reflexões são, em última análise, resultado desse fascinante projeto de trabalho coletivo, no qual participam estudantes e professores de graduação e pós-graduação da Unesc e também de outros participantes não diretamente ligados a esta universidade. Assim, pela forma como ocorreu a gênese destes textos, acredito que eles têm, para além da tarefa de expandir as capacidades humanas, a tarefa de favorecer análises e processos de reflexão em comum da realidade da sétima arte, da poesia e da infância e de desenvolver nos seres humanos procedimentos e habilidades imprescindíveis para sua atuação não apenas artística, mas sobretudo responsável, crítica, democrática e solidária na sociedade. Estes argumentos podem ser válidos, mas, frequentemente, parece difícil chegar a um consenso sobre o modo de colocá-los em prática. Isto pode nos desencorajar e conduzir-nos ao pessimismo quando olhamos o que deve ser feito e constatamos a aparente imobilidade das mudanças que estão indo por caminhos que não me parecem os mais adequados. O homem existe por estender constantemente seu 15


ser para o futuro, tanto em sua consciência como em sua atividade. Dito de outra forma, o homem se realiza em projetos. Não qualquer projeto, como é óbvio. Uma dimensão essencial desta “futuridade” do homem é a esperança. É através da esperança que os homens superam qualquer situação do aqui e agora e é nela que me apoio para dizer que tenho esperança que o mundo atual possa corrigir seu rumo. Eu gostei muito de ler esta coletânea. E ao lê-la, não pude deixar de me remeter à perspicaz observação de Jacob Ritts. Afirma ele que:

Quando nada mais parece ajudar, eu vou e olho o cortador de pedras, martelando sua rocha, talvez cem vezes, sem que uma só rachadura apareça. No entanto, na centésima primeira martelada, a pedra se abre em duas, e eu sei que não foi aquela a que conseguiu, mas todas as que vieram antes.

É isso mesmo que os autores desta coletânea fazem, quando paciente e laboriosamente se entregaram a estas reflexões costuradas pela tessitura poética. Martelando cada experiência, como o cortador de pedras faz em relação à sua matéria-prima, dão-nos o exemplo da persistência, balizado pela certeza de que cada experiência bem-sucedida é resultante de todas as outras experiências anteriores. Em decorrência, quem ganha é o leitor de Cinema, infância e imaginação: tecendo diálogos.

José de Sousa Miguel Lopes Professor na Universidade do Estado de Minas Gerais

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Sobre os autores

Adriana Ganzer

Mestre em Educação pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Graduada em Artes Plásticas (licenciatura e bacharelado) pela Universidade de Passo Fundo (UPF). Professora no curso de Artes Visuais e Pedagogia na Universidade Feevale. Integrante do Projeto de Extensão Cidade das Crianças – UFRGS/Usina do Papel/Usina do Gasômetro. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação Estética (Gedest/Unesc), do Grupo de Pesquisa em Educação Imaginativa (GPEI/Unesc). Atua na área de Educação, Arte e Educação Museal, com ênfase em projetos educativos, capacitação de professores e pesquisa com crianças na área de educação formal e não formal. Amalhene Baesso Reddig

Mestre em Educação pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) (2007). Professora universitária com experiência na área da educação, cultura, arte, museus, identidade e infância. Coordenadora do setor Arte e Cultura da Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão (Propex/Unesc). Coordenadora pedagógica do projeto Arte na Escola/Polo Unesc. Atua como docente em diversos cursos, incluindo o curso de Artes Visuais. Pesquisadora do Grupo de En271


sino Pesquisa e Extensão em Educação Estética (Gedest). Membro do grupo de Estudos em Museus. Produtora e Gestora Cultural com experiências em projetos aprovados na Lei Rouanet (Ministério da Cultura). Presidente do Conselho Municipal de Politicas Culturais de Criciúma (Comcri). Ana Cristina Gonçalves

É mestre pela Universidade de São Paulo (FFLCH/USP) em Língua, Literatura e Cultura Japonesa. Graduada em Artes Visuais – Licenciatura pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Colaboradora do Museu da Infância e participante do Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação Estética (Gedest). Desenvolve pesquisas acerca das representações culturais japonesas, das suas interfaces com a Literatura e Arte. Ana Maria Cambruzzi

Graduada em Pedagogia pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó); mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) e doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atuou como professora das Séries Iniciais do Ensino Fundamental; professora do Magistério de Ensino Fundamental das Séries Iniciais; e professora de Didática e Prática de Ensino. Professora aposentada pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), é colaboradora do Museu da Infância e do Gedest/Unesc. Ariane Azambuja Salgado

Mestre em Museologia e Patrimônio pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), licenciada em Letras pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) e graduanda em 272


Artes Visuais pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP). Dedica-se especialmente aos temas arte, educação e infância e atua na área de educação em museus. Foi bolsista do Museu da Infância e, atualmente, é museóloga no Museu da Vida, da Pastoral da Criança. Aurélia R. S. Honorato

É doutora em Ciências da Linguagem na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), bolsista do Programa de Apoio a Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação Superior (Fumdes); mestre em Educação pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Possui graduação em Educação Artística pela Fundação Educacional de Criciúma. É professora de Artes na Rede Estadual de Educação de Santa Catarina; coordenadora adjunta do curso de Artes Visuais – bacharelado e licenciatura. Integrante do Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação Estética (Gedest). Celdon Fritzen

É graduado e mestre em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e doutor em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) na área de Literatura Portuguesa. Tem experiência nas áreas de Letras e de Educação, com ênfase em Literatura, atuando principalmente nos seguintes temas: literatura, educação, modernidade, infância. Édina Regina Baumer

É mestre em Educação pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Professora nos cursos de Artes Visuais e Pedagogia, ministrando disciplinas voltadas para o ensino da arte na educação básica, em especial, sobre a linguagem da música. Licenciada em 273


Pedagogia desenvolve aulas de musicalização para alunos da educação infantil e ensino fundamental da rede privada de ensino. No âmbito da educação não formal, atua em grupos de flautas e corais; fundou e atuou como professora de música, arranjadora e maestrina, na Camerata di Venezia, conjunto instrumental que envolveu cerca de quarenta crianças e adolescentes, entre os anos de 2001 e 2010. Edite Volpato Fernandes

É mestre em Educação e Cultura pela Universidade de Santa Catarina (Udesc). Atua como docente no curso de Artes Visuais e coordena o Museu da Infância e o Grupo de Estudos sobre Museus na Unesc; é integrante do Grupo de Trabalho sobre Museu e Escola e representante do sul de Santa Catarina no Comitê Gestor do Sistema Estadual de Museus/SC. Membro do Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação Estética (Gedest) da Unesc. Elke Hülse

É graduada em Educação Artística pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), possui especialização em Arte-educação pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) e mestrado em Teoria, História e Crítica da Arte pela Udesc. Atualmente é professora em Atelier de Tecelagem e ministra oficinas de tapeçaria extracurriculares em instituições superiores. Desenvolve desenhos (cartões), que são confeccionados em tear de auto-liço, como tapeçarias de parede. Essas tapeçarias são confeccionadas sob encomenda e para exposições. Membro do Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação Estética (Gedest) da Unesc. É editora do site <http://www.elketapecaria. com.br>.

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Gladir da Silva Cabral

Graduado em Letras pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc); é mestre e doutor em Letras (Inglês e Literatura Correspondente) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atualmente é professor de graduação e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/Unesc). Participa do Museu da Infância e coordena o Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação Estética (Gedest) da Unesc. José Carlos Debus

É graduado em História e doutorando em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre em Ciências da Linguagem pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). Atua como professor do Ensino Fundamental e Médio. Atualmente colabora nos programas de pós-graduação (nível especialização) na Uniesc – Dom Bosco e na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). José de Sousa Miguel Lopes (Prefaciador)

Graduado em Pedagogia (1992) e mestre em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (1995), doutor em História e Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2000) e pós-doutor pela Universidade de Lisboa (2013). Atualmente é professor no mestrado em Educação na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). É coorganizador de A escola vai ao cinema (2003) e de A infância vai ao cinema (2006). Autor do livro Educação e cinema: novos olhares na produção do saber (2007). Seu último livro publicado, resultante de sua pesquisa de pós-doutorado, é Poesia e etnicização nos livros didáticos de português: um estudo Comparativo Moçambique e Brasil (2014). Membro da Rede Kino – Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual desde 2009. 275


Membro da Comissão Editorial da Coleção Cinema e Educação do CINEAD-LISE-FE (Universidade Federal do Rio de Janeiro) desde 2008. Membro da Comissão Editorial da Coleção Cinema, Cultura e Educação da Editora Autêntica de Belo Horizonte, desde 2005. Membro do Conselho Editorial da Revista on-line Currículo sem fronteiras editada nos EUA a partir de Janeiro de 2001. Colaborador regular desde 2002, da revista A Página da Educação editada em Portugal. Sócio fundador da Associação Internacional de Literaturas de Língua Portuguesa e Outras Linguagens (2004). Possui um blog <http://navegacoesnasfronteirasdopensamento.blogspot.com> com alunos do mestrado em Educação da UEMG. Juliana Uggioni

É doutora em Educação pela Universidade Estácio de Sá (Unesa); mestre em Educação pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Bacharel em Direito pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) e graduanda da 7a fase do curso de Pedagogia EaD da Universidade Estácio de Sá (Unesa). Participou do Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação Estética (Gedest) da Unesc. Atualmente é pesquisadora e membro do Núcleo Pedagógico da Xmile Learning. Maria Isabel Leite

É graduada em Pedagogia, mestre em Educação (ambos pela PUC-Rio); doutora em Educação pela Unicamp, com Pós-Doutorado em Arte-Educação pela Roehampton University. Atuou durante 15 anos em escolas e mais 15 como professora universitária. De 2003 a 2008 foi professora titular no Programa de Pós-Graduação em Educação e dos cursos de Artes Visuais e Pedagogia da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), onde foi uma das fundadoras e diretoras do 276


Museu da Infância. Durante sua trajetória como pesquisadora focou na interface criança, educação e cultura, em espaços de educação formal e não formal. Odete Angelina Calderan

Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal de Santa Maria (PPGART/UFSM). Especialista em Design para Estamparia e graduada em Artes Plásticas/Bacharelado pela UFSM. Atua como professora na Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Integrante do Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação Estética (Gedest) da Unesc e do Grupo de Pesquisa Arte e Design – GAD/UFSM. Renata Grassiotto

É graduada em Matemática; mestre em Educação Matemática e doutora em Educação Matemática pela Unicamp. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Prática Pedagógica em Matemática, atuando principalmente nos seguintes temas: formação continuada de professores de matemática, comunicação em aula, processos de significação, saberes docentes e ensino de álgebra. Rodrigo Ribeiro de Souza

É licenciado em Artes Visuais e cursa Pós-graduação lato sensu em Educação Estética na Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). É professor de artes da educação infantil e séries iniciais na rede municipal de Criciúma-SC. Atuou na mesma função e em educação especial no município de Criciúma e na rede estadual de Santa Catarina. É professor de artes na APAE de Nova Veneza-SC. Foi coordenador de Artes das APAEs da região carbonífera no ano de 2010. Foi bolsista pesquisador do Programa Pesquisa Ação Comunitária (PPAC) da Unesc de 2006 a 2008 e do Museu da Infância de 277


2008 a 2009. É também integrante do Grupo de Pesquisa e Extensão em Educação Estética (Gedest). Rosilene Koscianski da Silveira (Org.)

É graduada em Pedagogia pela Universidade do Contestado (UnC) campus Canoinhas-SC, mestre em Educação pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) e doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Bolsista do Programa de Apoio a Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação Superior (Fumdes). Atua como professora nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental da Rede Pública Estadual de SC. É membro dos grupos de pesquisa: LITTERA – Correlações entre cultura, processamento e ensino: a linguagem em foco na Unesc, do Literalise: Grupo de pesquisa em literatura infantil e juvenil e práticas de mediação literária na UFSC e do Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação Estética (Gedest/Unesc), no qual coordena as atividades do Grupo de Pesquisa em Educação Imaginativa (GPEI). Silemar Medeiros da Silva (Org.)

Graduada em Educação Artística, mestre em Educação pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) e mestre em Educação e Cultura pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). É professora da Rede Estadual de Ensino de Santa Catarina e titular na Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), nos cursos de Artes Visuais (licenciatura e bacharelado). Vice-líder do Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação Estética (Gedest) e coordenadora geral do projeto Arte na Escola/Polo Unesc. Coordenadora de área do Pibid de Artes Visuais da Unesc desde 2012.

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Virgínia Maria Yunes

É fotógrafa, graduada em Educação Artística com habilitação em Artes Plásticas pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e em Farmácia – Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre em Ciências dos Alimentos pela UFSC. Doutoranda em Artes Visuais no Centro de Artes da Udesc. Trabalhou como professora a disciplina de Fotografia nos cursos de Artes Visuais na UFSC, na Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) e na Udesc. É editora do site <http://www.virginiayunes.com.br> e do blog <http://virginia-yunes.blogspot.com>.

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Argos Editora da Unochapecó www.unochapeco.edu.br/argos Título

Cinema, infância e imaginação: tecendo diálogos

Organizadoras

Rosilene Koscianski da Silveira Silemar Medeiros da Silva

Coleção Coordenador(a) Assistente editorial Assistente de vendas Secretaria Divulgação Distribuição e vendas

Debates, n. 20 Dirceu Luiz Hermes (2012-2015) Rosane Natalina Meneghetti Silveira (2016-2020) Caroline Kirschner Neli Ferrari Marcos Domingos Robal dos Santos Thayná Moreira Battisti Neli Ferrari Luana Paula Biazus Marco Antonio Rissi Pomicinski

Projeto gráfico

Alexsandro Stumpf

Capa

Caroline Kirschner Ricardo Steffens

Diagramação

Caroline Kirschner Luana Cervinski Ricardo Steffens

Preparação dos originais Revisão

Formato Tipologia Papel

Emanuelle Pilger Mittmann Kauana Pagliocchi Gomes Carlos Pace Dori Emanuelle Pilger Mittmann Kauana Pagliocchi Gomes Oneida Maria Ragnini Belusso 16 X 23 cm Adobe Caslon Pro entre 10 e 14 pontos Capa: Supremo 280 g/m2 Miolo: Pólen Soft 80 g/m2

Número de páginas

279

Tiragem

500

Publicação Impressão e acabamento

Abril de 2016 Gráfica e Editora Pallotti – Santa Maria (RS)


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É exatamente a multiplicidade de olhares que se faz presente nesta coletânea [Cinema, infância e imaginação: tecendo diálogos], olhares esses costurados a todo o momento com a arte poética. Nos seus textos, explícita ou implicitamente [os autores] entraram não apenas no território do cinema, mas também no da poesia. Tais olhares podem contribuir para ampliar os escassos estudos entre o cinema e a poesia, mais concretamente entre a poesia das imagens e a cinematografia poética. A imagem poética no cinema é fruto da valorização do plano fílmico em correlação com a montagem dos componentes sonoros, dramáticos e cenográficos que se relacionam sob os auspícios de determinada narrativa. Daí a importância dos elementos que serão compostos e conjugados com recursos de linguagem, o cineasta e sua equipe poderão, mediante suas habilidades, expressar, no âmbito da poeticidade, os sentimentos e vivências que representarão os personagens ou a história a ser relatada em seus filmes. Os textos desta coletânea constituem também um lugar de luta, e as concepções sobre cinema, poesia e infância que neles se fazem presentes podem e têm de ser uma forma de luta político-cultural. Os autores, paciente e laboriosamente se entregaram a estas reflexões costuradas pela tessitura poética. Martelando cada experiência, como o cortador de pedras faz em relação à sua matéria-prima, dão-nos o exemplo da persistência, balizado pela certeza que cada experiência bem-sucedida é resultante de todas as outras experiências anteriores. Em decorrência, quem ganha é o leitor. José de Sousa Miguel Lopes

ISBN 978-85-7897-164-9


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