Como encontrar-se e outras experiências através da leitura de textos literários

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Valdir Prigol

Como encontrar-se e outras experiências através da leitura de textos literários Prefácio de João Cezar de Castro Rocha

Chapecó, 2010


Reitor: Odilon Luiz Poli Vice-Reitora de Ensino, Pesquisa e Extensão: Maria Luiza de Souza Lajús Vice-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Claudio Alcides Jacoski Vice-Reitor de Administração: Sady Mazzioni Diretor de Pesquisa e Pós-Graduação Stricto Sensu: Valdir Prigol

© 2010 Argos Editora da Unochapecó Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do Editor. 801.95 Prigol, Valdir P948c Como encontrar-se e outras experiências através da leitura de textos literários / Valdir Prigol. – Chapecó, SC : Argos, 2010. 117 p. (Grandes temas ; 5) Inclui bibliografia ISBN: 978-85-7897-012-3 1. Crítica. 2. Teoria literária. I. Título. CDD 801.95 Catalogação elaborada por Caroline Miotto CRB 14/1178 Biblioteca Central da Unochapecó

Conselho Editorial: Elison Antonio Paim (Presidente); Andrea Oliveira Hopf Bianquin; Antonio Zanin; Arlene Renk; Eleci Terezinha Dias da Silva; Iône Inês Pinsson Slongo; Jacir Dal Magro; Jaime Humberto Palacio Revello; Maria Assunta Busato; Maria dos Anjos Lopes Viella; Maria Luiza de Souza Lajús; Mauro Dall Agnol; Moacir Deimling; Neusa Fernandes de Moura; Paulo Roberto Innocente; Rosana Maria Badalotti; Valdir Prigol Coordenadora: Maria Assunta Busato


Sumário

Prefácio 9 Introdução 19 Leitura, experiência e narrativa 23 Como é possível ser outra coisa além de si mesmo? Eu é um outro De quem é a vida que vivemos? Quem narra nossas vidas? De onde vêm as narrativas que nos constituem? Como encontrar-se? Como inventar-se? A experiência falante

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Leitura, experiência e poesia Leitura e experiência A experiência do lírico Como conectar um eu dividido em partes? Como dizer o outro? Como pensar o lírico no meio da vida turva?

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Algumas considerações 105 Referências 113


Prefácio

Do jornalismo cultural à cultura como mediação A melhor maneira de compreender o projeto subjacente a este instigante e oportuno livro de Valdir Prigol, Como encontrar-se e outras experiências através da leitura de textos literários, consiste em recordar seus trabalhos anteriores. Refiro-me particularmente a dois títulos: Notas de jornalismo cultural1, sua Dissertação de Mestrado, defendida em 1998, e Leituras do presente, sua Tese de Doutorado, publicada como livro em 2007.

1 PRIGOL, Valdir. Notas de jornalismo cultural. São Bernardo do Campo: UMESP, 1998.


Nesses dois trabalhos, Prigol buscava entender a lógica dominante no jornalismo cultural: como determinados temas são escolhidos, certos autores privilegiados, algumas tendências apoiadas e poucos fatos celebrados. Prigol mostrou-se especialmente preocupado em diluir o mito da objetividade que idealmente caracterizaria o texto da imprensa. Afinal, “a comemoração não é um dispositivo externo a ela, mas sim a sua própria forma de fazer a estrutura do suplemento”.2 Em outras palavras, o autor principiava a refletir sobre o fenômeno da “mediação”, isso é, ele deseja renovar nosso entendimento acerca dos elos entre o mundo da produção e o universo da recepção. Trata-se de uma tarefa importante, pois, no domínio mais tradicional da teoria da literatura, a figura do mediador foi relegada a um duvidoso estatuto. Aliás, sua história merece alguns parágrafos. Num primeiro momento, o crítico literário exerceu o papel do mediador por excelência. Cabia a ele julgar os últimos lançamentos, a fim de recomendá-los (ou não) a seus leitores. Em alguma medida, o crítico-mediador foi um dos frutos mais célebres da difusão da imprensa,

2 PRIGOL, Valdir. Leituras do presente. Narrativas da comemoração no Mais! da Folha de São Paulo. Chapecó: Argos, 2007. p. 23.

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momento em que um número inédito de livros passou a circular, criando um problema igualmente novo, qual seja, diante do autêntico dilúvio de publicações, como separar o trigo do joio, determinando os títulos a serem lidos, isto é, todos os outros que poderiam ser ignorados? O auge de sua influência ocorreu no século XIX, não sem razão o século do romance e da emergência de uma cultura urbana de massas. Nas décadas iniciais do século passado, seu prestígio continuou incontestável e assinalava a centralidade do texto impresso como meio de comunicação e da literatura como forma organizadora da visão do mundo. Foi a época dourada de um Sainte-Beuve, na França, ou de um José Veríssimo, no Brasil. Contudo, e especialmente após a Segunda Guerra Mundial, a indústria cultural tornou progressivamente obsoleta a figura do crítico literário como mediador entre o círculo restrito de leitores e o universo amplo dos leitores não especialistas. Tal mediação deslocou-se do meio impresso para formas audiovisuais e digitais de interação. Hoje em dia, basta pensar nos inúmeros talk shows frequentados por autores, nas turnês promocionais de lançamento, na presença eventual em revistas de personalidades; em suma, no enquadramento de certo tipo de autor no modelo hollywoodiano do star system. Na França, viveu-se, na década de 1980, o reinado de | 11


Bernard Pivot, cujo programa semanal, Apostrophes, possuía uma audiência estimada em cinco milhões de telespectadores. Seu programa, com a duração de noventa minutos, ia ao ar às sextas-feiras, no horário nobre da televisão francesa. Além disso, Pivot foi o editor da revista Lire, convertendo-se em um autêntico Sainte-Beuve do universo audiovisual: árbitro do gosto médio da população; juiz cujo veredito era capaz de produzir um best-seller instantâneo. Não surpreende, pois, a conclusão de “Poirot-Delpech, conferencista no âmbito do seminário de Pierre Nora na École de Hautes Études. Em março de 1985, ele admitiu que muitos autores escrevem pensando no que agradará a Pivot”.3 Como Resa L. Dudivitz apontou com razão, o meio audiovisual assegura um alcance muito maior do que o permitido, por exemplo, mesmo pelo prestigioso New York Times Book Review. Contudo, ressalte-se o alto nível do programa comandado por Pivot, especialmente se comparado a outro fenômeno, agora da década de 1990 e da primeira década do século XXI. Penso no Clube do Livro criado pela apresentadora de

3 DUDIVITZ, Resa L. The Myth of Superwoman. Women’s bestsellers in France and the United States. London: Routledge, 1990. p. 33. Ver especialmente as páginas 32 e 33 para uma análise aguda da influência de Bernard Pivot.

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televisão Oprah Winfrey. Uma aparição em seu programa garante a presença praticamente imediata de um título na lista dos mais vendidos. E, como vivemos em plena época digital, é possível associar-se ao Oprah’s Book Club e participar de atividades em tempo real.4 A emergência institucional definitiva da disciplina Teoria da Literatura ocorreu sintomaticamente no mesmo momento histórico do deslocamento da literatura do centro da cultura. Por isso mesmo, não deixa de ser interessante observar a indecisão conceitual dos autores do icônico manual Theory of Literature. No “prefácio” à primeira edição, lançada em 1949, num sintoma claro dos primórdios da disciplina, René Wellek e Austin Warren confessaram: A nomeação deste livro foi mais difícil do que o usual. [...] Escrevemos um livro que, tanto quanto sabemos, não possui nenhum similar. [...] Mas buscamos reunir “poética” (ou teoria literária) e “crítica” (avaliação da literatura) com “erudição” (“pesquisa”) e “historia literária” (o caráter “dinâmico” da literatura, em oposição ao caráter “estático” da teoria e da crítica).5

4 Para os curiosos, indico: http://www.oprah.com/entity/oprahsbookclub. 5 Wellek, René; Warren, Austin. Theory of Literature. New Revised Edition London: A Harvest; New York: HBJ Book, 1956. p. 7.

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O manual foi traduzido para inúmeros idiomas e, num primeiro momento, representou praticamente a única forma de conhecer algo sobre a contribuição do Formalismo Russo e do Círculo Linguístico de Praga. Sua proposta central pode ser resumida numa preocupação: diferenciar o estudo intrínseco do estudo extrínseco da literatura. E, claro, a figura do mediador encontrava-se no lado “errado” dessa equação, pois ele se preocupava sobretudo com a recepção do texto literário e não com o texto em si mesmo. Além disso, o crítico-mediador geralmente baseava seus juízos em valores normativos e naturalizados; portanto, pouca ou nenhuma atenção prestava à discussão dos próprios pressupostos analíticos. Já a teoria da literatura fez dessa explicitação sua razão de ser, daí o desprestígio da figura do crítico-mediador. Vale a pena abrir parênteses para mencionar que o mesmo problema afeta os críticos de cinema em todo o mundo, especialmente nos Estados Unidos. Ou seja, o universo digital começa a devorar a crítica de cinema publicada em jornais. No instigante documentário de Gerald Peary, For the Love of Movies: The Story of American Film Criticism (2009)6, a maior parte dos

6 PEARY, Gerald. For the Love of Movies: The Story of American Film Criticism, 2009.

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críticos entrevistados é apresentada como “ex-crítico”, pois, com a proliferação de resenhas e artigos postados na internet, quase todos os jornais norte-americanos de prestígio começaram a dispensar seus críticos de cinema, substituindo-os por breves comentários acerca da estreia de filmes. Nesse contexto, o círculo se fecha e é como se a recepção assumisse o papel da mediação, pois são os próprios espectadores que, lançando mão dos recursos propiciados pela tecnologia digital, se transformam em críticos instantâneos. Ora, uma história da figura do mediador ainda está por ser escrita e representaria uma contribuição relevante à produção de cultura no mundo contemporâneo. Eis a contribuição mais relevante deste novo livro de Valdir Prigol: em suas análises cuidadosas, o mediador aparece com um perfil renovado. Ele perde a empáfia do juiz do gosto literário e se transforma num leitor que explicita seus critérios e, desse modo, constrói uma ponte crítica com uma comunidade mais ampla de leitores. Ao mesmo tempo, essa ponte depende do cuidado com que o autor propõe um autêntico corpo a corpo com o texto literário. A combinação desses dois fatores revela o alcance de Como encontrar-se e outras experiências através da leitura de textos literários. De um lado, Prigol aposta suas fichas na potência antropológica do ato de leitura de textos literários; | 15


aliás, como o título do livro anuncia. Trata-se de investir na possibilidade de associar a crítica literária ao descentramento definidor do olhar antropológico. Assim, o crítico-mediador deixa de ser o árbitro infalível, sempre pronto a proferir julgamentos definitivos. Pelo contrário, aprofundando a lição de Wolfgang Iser, Prigol parece propor que a cultura é uma forma de mediação. Nesse sentido, a experiência proporcionada pelo ato de leitura é desde sempre um laboratório de mediações e a tarefa contemporânea bem poderia ser a de reinventar a figura do crítico-mediador. De outro lado, os estudos de caso apresentados por Prigol supõem o exercício de leitura renovador da ideia de mediação. Recordemos os autores e títulos discutidos: Cinzas do Norte, de Milton Hatoum; Nove noites, de Bernardo Carvalho; O quieto animal da esquina, de João Gilberto Noll; O vôo na madrugada, de Sérgio Sant’Anna; O paraíso é bem bacana, de André Sant’Anna; Metade da Arte e O roubo do silêncio, de Marcos Siscar; Carta aos anfíbios e A cadela sem logos, de Ricardo Domeneck; Sublunar, de Carlito Azevedo. Prosa e poesia: no trabalho de Valdir Prigol importa menos a diferença do que a fecundidade comum de um ato de leitura que almeja surpreender possíveis respostas para perguntas tornadas incontornáveis pela reflexão proposta neste livro: “Como é possível ser ou16 |


tra coisa além de si mesmo? Quem narra nossas vidas? De onde vêm as narrativas que nos constituem? Como encontrar-se? Como inventar-se? Como conectar um eu dividido? Como dizer o outro? Como pensar o lírico no meio da vida turva?” Não adiantemos o prazer da descoberta. Hora, portanto, de principiar Como encontrar-se e outras experiências através da leitura de textos literários. João Cezar de Castro Rocha

Professor de Literatura Comparada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

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Como é possível ser outra   coisa além de si mesmo?

Em tempos em que a ideia de projeto é sempre questionada, é interessante observar que a produção literária do presente parece cada vez mais investir na exploração continuada de alguns temas e procedimentos. É o que podemos observar nos livros de autores como Bernardo Carvalho, André Sant’Anna, João Gilberto Noll, Sergio Sant’Anna e Milton Hatoum. A apropriação do que virou ruína, o projeto da modernidade por exemplo, funciona como um modo de pensar o presente. Uma questão explorada por esses “projetos” é a relação entre leitura, literatura e experiência. Nesse sentido, podemos começar pela leitura de um livro como O sol se põe em São Paulo, de Bernardo Carvalho, especialmente a partir da pergunta que o narrador explicita ao avaliar o que aprendeu no per-


curso vivido desde o encontro com Setsuko/Michiyo e o pedido que ela faz para escrever a sua vida: O que Michiyo me propôs foi um aprendizado e um desafio. Deve ter reconhecido em mim a insatisfação que também a fez correr até onde o sol se põe quando devia nascer e nasce quando devia se pôr, para revelar tempos sombrios. Deve ter reconhecido o desacordo em mim. Quis me tomar por escritor, o que não sou. E me fazer escrever na frente da batalha, “onde a civilização encontra a barbárie e deixa entrever o que dela traz em si”, nesta cidade que não pode ser o que é, uma história de homens e mulheres tentando se fazer passar por outros para cumprir a promessa do que são: um ator a quem proíbem atuar; um homem que precisa deixar de ser quem é para lutar pelo país que o rejeita; outro que já não pode viver com o próprio nome, pois morreu numa guerra de que não participou; uma mulher que só ama quando não podem amá-la; um escritor que só pode ser enquanto não for. Uma história de párias, como eu e os meus, gente que não pode pertencer ao lugar onde está, onde quer que esteja, e sonha com outro lugar, que só pode existir na imaginação em nome da qual ela me contou uma história que pergunta sem parar a quem a ouve como é possível ser outra coisa além de si mesmo. (Carvalho, 2007, p. 164).

A pergunta tem interesse porque o narrador percebe que ela está no centro de uma história que não é sua mas em que está implicado (inicialmente sem querer). Na história, as personagens criam identidades, 26 |


passam-se por outros e inventam novas narrativas para as suas vidas, a começar por Setsuko/Michiyo. Atraído pelo convite, o narrador perceberá que o encontro com a história do outro é um modo de ele contar a sua própria história. Assim, uma das respostas do livro para a pergunta é aquela que aponta para a leitura de textos literários como uma possibilidade de ser outra coisa além de si mesmo, ou, pelo menos, de encontro do leitor com outros modos para narrar a sua vida. É através da apropriação de processos de narrativização que as personagens do livro inventam outros “eus” para viverem novas vidas. E é essa mesma possibilidade que o livro oferece ao leitor: ao fazer experiência com sujeitos que se tornaram (ou que empreenderam o gesto de) outros a partir da literatura, o leitor pode transformar-se em outra coisa além do que é. Susana Scramin, em Literatura do presente (2007), propõe que a produção desses autores mostra a impossibilidade (mas simultaneamente essas obras desejam) de transformar a experiência em conhecimento e coloca em cena a experiência da aporia, do sem caminho, do sem método, do sem a priori. A pergunta proposta pelo narrador do livro de Bernardo Carvalho tem ressonâncias também na teoria e na crítica literárias publicadas a partir da década | 27


de 1990, especialmente aquelas que têm investido na compreensão do lugar da literatura na sociedade atual, no meio de debates e polêmicas colocadas com força a partir dos estudos culturais. Uma proposição como a de João Cezar de Castro Rocha – “ler textos e escrever livros como se não existissem escolas de pensamento” (Castro Rocha, 2010a, p. 28) – mostra-nos que também a crítica parece ter abandonado a ideia de um a priori como modo privilegiado de ler um texto. Se, para muitos, um “retorno à literatura” e as experiências que ela propõe podem parecer uma proposta saudosista e ingênua, é nessa direção que os textos ficcionais e críticos mais interessantes do presente têm apontado, ao perguntarem como é possível ser outra coisa além do que se é.

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Eu é um outro

Essa possibilidade de viver a experiência do outro através da leitura de textos literários está no centro do trabalho de alguns críticos e teóricos do presente, como no de João Cezar de Castro Rocha. Partindo da constatação de que a leitura de textos literários, mesmo em lugares especializados, parece não ter mais lugar, Castro Rocha pensa a leitura como um modo de viver temporariamente a experiência do outro. Como ele diz: Rimbaud traduziu a força desse gesto: “Eu é um outro” – definição precisa da experiência renovada a cada leitura. E é preciso assinalar a força de sua intuição: o leitor é um sujeito que assimila um outro modo de ser, transformando-se no processo de assimilação, ampliando assim seu horizonte existencial. Mas, repita-se, não se trata de identificação pura e simples, pois, sem deixar de ser quem é, o leitor temporariamente vivencia outras formas de


compreender o mundo. Desse modo, ele é sempre um “eu” enriquecido pelo verbo que, a contrapelo da norma, se descobre feliz exceção: “Eu é um outro”. (Castro Rocha, 2004, p. 4).

Assim, para Castro Rocha, a possibilidade de sermos outros além de nós mesmos se dá através da experiência de leitura. Empiricamente, temos expressões comumente usadas pelos leitores durante ou depois da leitura de um texto: “Eu me identifiquei com aquele personagem”, “durante a leitura fui repensando toda a minha vida”, “agora vejo que não faz sentido fazer determinada ação”. A valorização dessa experiência, quase sempre deixada de lado pelos trabalhos críticos, é uma forma de revalorizar o corpo a corpo com o texto e, de um modo mais específico, de levar a sério o gesto de leitura e as questões que o texto propõe, porque o encontro com o outro do texto abre a possibilidade de o leitor repensar-se. Essa proposição tem história e vamos encontrá-la em um autor como Adolfo Casais Monteiro, que está pensando essa questão em 1949. No pequeno texto “O romancista, filósofo do homem comum”, Casais Monteiro propõe que o escritor, diferentemente do filósofo, tem condições de ser entendido pelo homem comum porque ele pensa a partir da invenção de um narrador, de personagens, de ritmos, enfim, a partir da invenção de vidas, como se elas fossem de verdade. 30 |


A partir dessas vidas inventadas, diz Casais Monteiro, o leitor tem condições de tomar consciência de sua própria vida. E isso toca em um ponto fundamental em se tratando da ação do homem no mundo. Como ele diz: “E que pode ele saber de transformar o mundo, quando ainda ignora quem ele próprio seja?” (Casais Monteiro, 1964, p. 52). Para o autor, essa tomada de consciência de si mesmo a partir da literatura é possível porque o texto literário (ele está pensando especialmente o romance) coloca em cena personagens tentando resolver problemas, como, em geral, o leitor faz. E, ao tomar contato com essas vidas, o leitor tem a possibilidade de fazer experiência, de se colocar no lugar do outro, de ver o outro e ver-se. Como diz o autor: E não é uma sutil distinção a que estabeleço ao dizer que o romance não resolve problemas, mas apresenta o homem resolvendo-o ou tentando resolvê-los: é que, de fato, o romance não nos dá receitas, mas comunica-nos experiências; faz-nos repetir, pela imaginação, formas de vida, as mais diversas da nossa; faz-nos estar presentes no mundo – e torna o mundo presente dentro de cada um de nós. (Casais Monteiro, 1964, p. 52). (continua...)

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Título Como encontrar-se e outras experiências através da leitura de textos literários Autor Valdir Prigol Coleção Grandes Temas Assistente editorial Alexsandro Stumpf Assistente administrativo Neli Ferrari Secretaria Alexandra Fatima Lopes de Souza Divulgação, distribuição e vendas Neli Ferrari Jocimar Vazocha Wescinski Marta Rossetto Daniela Vargas Projeto gráfico e capa Alexsandro Stumpf Diagramação Alexsandro Stumpf Caroline Kirschner Preparação dos originais Araceli Pimentel Godinho Alteração dos originais Sara Raquel Heffel Revisão Carlos Pace Dori Araceli Pimentel Godinho Cristiane Santana dos Santos Lúcia Lovato Leiria Formato 14 X 21 cm Tipologia Minion entre 9 e 16 pontos Papel Capa: Cartão Supremo 250 g/m2 Miolo: Pólen Soft 80 g/m2 Número de páginas 117 Tiragem 1500 Publicação julho de 2010 Impressão e acabamento Gráfica e Editora Pallotti – Santa Maria (RS) Argos Editora da Unochapecó Av. Atílio Fontana, 591-E – Bairro Efapi – Chapecó (SC) – 89809-000 – Caixa Postal 1141 Telefone: (49) 3321 8218 – e-mail: argos@unochapeco.edu.br Site: www.unochapeco.edu.br/argos


Sobre o Autor

Valdir Prigol: é mestre em Comunicação Social e doutor em Literatura. É professor da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó), ond e atu a e m proj e to s d e p e s qu i s a e e m projetos culturais. A leitura e a sua mediação é o eixo principal de seu trabalho, abordada já em seu primeiro livro, Leituras do presente (Argos, 2007).

Este livro está à venda:

www.unochapeco.edu.br/argos

www.travessa.com.br

www.livrariacultura.com.br



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