Para além da qualidade: trajetórias de valorização de produtos agroalimentares

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Flávio Sacco dos Anjos Nádia Velleda Caldas (Orgs.)

para além da qualidade:

trajetórias de valorização de produtos agroalimentares Más allá de la calidad:

trayectorias de valorización de la producción agroalimentaria

Chapecó, 2014


Reitor: Odilon Luiz Poli Vice-Reitora de Ensino, Pesquisa e Extensão: Maria Aparecida Lucca Caovilla Vice-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Claudio Alcides Jacoski Vice-Reitor de Administração: Antônio Zanin Diretora de Pesquisa e Pós-Graduação Stricto Sensu: Valéria Marcondes Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem autorização escrita do Editor. 630.584 Para além da qualidade : trajetórias de valorização de P221p produtos agroalimentares = Más allá de la calidad : trayectorias de valorización de la producción agroalimentaria / Flávio Sacco dos Anjos, Nádia Velleda Caldas (Orgs.) - Chapecó : Argos, 2014. 239 p. ; 23 cm. - (Debates ; 8) Inclui bibliografia Contém artigos em português e espanhol ISBN 978-85-7897-135-9 1. Agricultura orgânica. 2. Alimentos naturais. 3. Alimentos – Controle de qualidade. I. Sacco dos Anjos, Flávio. II. Caldas, Nádia Velleda. III. Título. IV. Série. CDD 630.584 Catalogação elaborada por Caroline Miotto Pecini CRB 14/1178 Biblioteca Central da Unochapecó

Todos os direitos reservados à Argos Editora da Unochapecó Av. Atílio Fontana, 591-E – Bairro Efapi – Chapecó (SC) – 89809-000 – Caixa Postal 1141 (49) 3321 8218 – argos@unochapeco.edu.br – www.unochapeco.edu.br/argos Coordenador: Dirceu Luiz Hermes Conselho Editorial Titulares: Murilo Cesar Costelli (presidente), Clodoaldo Antônio de Sá (vice-presidente), Celso Francisco Tondin, Dirceu Luiz Hermes, Lilian Beatriz Schwinn Rodrigues, Maria Aparecida Lucca Caovilla, Ricardo Rezer, Rodrigo Barichello, Tania Mara Zancanaro Pieczkowski, Vagner Dalbosco, Valéria Marcondes Suplentes: Arlene Renk, Fátima Ferretti, Fernando Tosini, Hilário Junior dos Santos, Irme Salete Bonamigo, Maria Assunta Busato


Sumário 9 Introdução O universo escorregadio dos significados 21

Indicações geográficas e desenvolvimento territorial na Espanha e no Brasil: o caso dos azeites de oliva de Jaén e dos vinhos do Vale dos Vinhedos Flávio Sacco dos Anjos, José Marcos Froehlich, Encarnación Aguilar

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A institucionalização das indicações geográficas no Brasil Paulo André Niederle

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Dilemas del apoyo institucional a la producción de calidad en Andalucía Ignacio L. Moreno, Encarnación Aguilar, Alberto Pérez Chueca

167 A certificação de orgânicos em tela: aproximação sobre um tema controvertido a partir da realidade gaúcha e andaluza Nádia Velleda Caldas, Flávio Sacco dos Anjos, Carmen Lozano 195 Certificações e seus riscos: alimentos orgânicos, normas de conformidades e a emergência dos sistemas participativos de garantia Guilherme F. W. Radomsky, Ondina Fachel Leal 235 Sobre os autores


Introdução O universo escorregadio dos significados

O simulacro nunca é o que oculta a verdade. É a verdade que oculta que não existe nenhuma verdade, O simulacro é verdadeiro. (Eclesiastes, Antigo Testamento apud Baudrillard, 2011)

O livro de Eclesiastes é pródigo em frases que se tornaram célebres, como a que evocamos para introduzir este livro. Em termos genéricos, simulacro se define como imagem feita à semelhança de alguém ou de algo, mas também se admite como sinônimo de imitação, ficção ou inclusive falsificação. Constitui-se em realidade, mas uma realidade diferente daquela que trata de simular. Mas a realidade e o simulacro não estão pensados em franca oposição, dado que servem, de alguma ou de outra forma, à construção dos significados.

Vivemos num mundo de símbolos, sobretudo na esfera do consumo alimentar, onde cada vez mais impera uma forma de linguagem impregnada de narrativas que se ocultam detrás de marcas, rótulos, etiquetas. Não seria um exagero afirmar que a todos nós, hodiernamente, cabe desvendar verdadeiros enigmas da esfinge na escolha do que devemos e do que não devemos comer. O “decifra-me ou te devoro” é claramente justificado em face dos recentes escândalos envolvendo a contaminação agroalimentar, particularmente impactante nos países capitalistas centrais, onde a crise de desconfiança dos consumidores atingiu proporções inusitadas. 9


A antropologia da comida de Richards (1948) e a sociologia dos meios de subsistência (Candido, 1987) são apenas alguns exemplos de estudos monográficos clássicos que exaltaram a importância de uma temática que goza de renovado interesse no âmbito das ciências sociais. Mas, como referiu Mintz, o aparecimento de um mercado mundial de alimentos deslocou o eixo da discussão socioantropológica para além da ênfase no estudo de sociedades ditas “primitivas”. Além disso, nunca antes na história universal houve tantas pessoas que não mais produzem o que consomem ou que consomem o que produzem. Um mundo em que “[...] tanta comida flui e em tal volume e velocidade, que a unidade de produção e consumo muitas vezes se perde ou se oculta.” (Mintz, 2001, p. 33). Some-se a isso o fato de que as distâncias físicas e sociais são cada vez maiores entre os locais em que os alimentos são produzidos e onde são consumidos, com níveis de transformação dantes nunca imaginados. Mas pari passu cresce o mar de incertezas do indivíduo que os consome, instaurando-se o que se veio a chamar de sociedade do risco (Beck, 1998). Seriam estes argumentos suficientes para explicar a profusão de signos distintivos e dos diversos regimes de certificação que emergem nos quatro cantos do planeta? Em que medida tais regimes oferecem as garantias necessárias para guiar as escolhas dos que consomem os produtos que carregam estes signos, selos ou rótulos?

Não é preciso insistir no fato de que simulacro1 é um vocábulo que admite múltiplas acepções, como a que entende ser ele a simulação

1 O simulacro enunciado no livro de Eclesiastes pode ser traduzido através de outro aforismo provocador, como aquele com que se depara o viajante ao chegar ao aeroporto de Alicante, na Espanha, qual seja: “Lo que no se ve es lo visible de lo invisible”. Com efeito, na esfera do consumo alimentar, não raras vezes o que não vemos é mais determinante do que aquilo que os nossos olhos enxergam.

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do real, pressupondo a possibilidade de passar por uma experiência sensível antes mesmo de vivenciá-la. Seria esta a sensação experimentada por um consumidor diante de uma gôndola do hipermercado, o qual opta por uma marca de azeite de oliva, ligada a uma determinada denominação de origem protegida, em detrimento de outras, como as próprias marcas brancas dos hipermercados, mais acessíveis em termos econômicos? E o que dizer de produtos orgânicos, tidos como bens de crença, cujos atributos e qualidades intrínsecas não são identificáveis à primeira vista? Num curto espaço de tempo, é dada ao consumidor a possibilidade de viajar mentalmente ao local em que o artigo foi elaborado, ou simplesmente resolver esse dilema pela via da confiança depositada numa simples etiqueta aderida ao produto.

A questão não se resume em confiar ou desconfiar da veracidade das informações veiculadas no rótulo ou na narrativa elaborada a respeito de um determinado produto. Nem a realidade em que o bem foi produzido pode ser reduzida a uma única paisagem, faceta ou cenário, nem o selo ou etiqueta podem traduzir, na força de uma estampa, logomarca ou ideograma, todos os processos subjacentes ao mundo das certificações. Escapa aos objetivos deste livro entender como emerge esta “sociedade semiúrgica”, definida por Baudrillard (2001), em sua crítica ao economicismo marxista e não marxista, como aquela em que o objeto perde progressivamente o seu valor de uso e o seu valor de troca para ressurgir enquanto valor de signo. Ao fim e ao cabo, se impõe o que Lifschitz (1995) define como sendo o “universo escorregadio dos significados”. Entrementes, não raras vezes o signo passa a ser mais importante do que aquilo que ele propriamente representa. Seria este o caso dos produtos orgânicos submetidos a sistemas de certificação, vis-à-vis os que são vendidos diretamente aos consumidores através de relações face a face, regidas pela confiança e pela informalidade? Não é preciso 11


insistir no fato de que as mesmas controvérsias rondam o terreno das indicações geográficas, sobretudo se temos em mente a realidade de países da União Europeia, onde, de modo recorrente, as empresas que certificam a produção orgânica são as mesmas que certificam as denominações de origem e outros dispositivos de diferenciação. A presente obra se insere no âmago deste debate.

O primeiro capítulo convida o leitor a um diálogo entre Espanha e Brasil sobre a questão das indicações geográficas a partir do exame de duas realidades referenciais, quais sejam, o caso dos azeites de oliva da Província de Jaén (Andaluzia) e o caso da produção de vinhos e espumantes do Vale dos Vinhedos no estado do Rio Grande do Sul. Há, por certo, diferenças consideráveis entre estes dois contextos, seja do ponto de vista dos instrumentos de promoção destes dispositivos de diferenciação, seja desde a perspectiva do marco que regula o funcionamento das indicações geográficas. O estudo analisa em que medida iniciativas deste gênero favorecem a emergência de processos de inovação social ao mobilizar os chamados ativos intangíveis dos territórios. O segundo capítulo discute a questão da institucionalização das indicações geográficas (IG) no Brasil. A ênfase do autor está em analisar o quadro que regulamenta estes dispositivos de diferenciação, mostrando como determinadas lacunas normativas impõem obstáculos e incertezas ao desenvolvimento de projetos dessa natureza. À medida que tais experiências se multiplicam em nosso país, crescem também as dúvidas acerca da possibilidade de estabilização de um sistema que foi erigido ao sabor das circunstâncias, e que, necessariamente, deve ser aperfeiçoado. Não é preciso insistir no fato de que a perspectiva institucional cobra enorme importância no estudo sobre o tema dos sinais distin-

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tivos, em toda sua diversidade, tanto no caso brasileiro quanto em outras latitudes. O terceiro capítulo aprofunda esta reflexão, analisando as estratégias institucionais relativas à construção das marcas de qualidade no âmbito da União Europeia com ênfase especial ao caso da Andaluzia, comunidade autônoma espanhola que se destaca não somente do ponto de vista da importância da produção agropecuária, mas pelo acúmulo de experiências relacionadas à construção social da qualidade, como é precisamente o caso das indicações geográficas e da produção ecológica ou orgânica, mas também de dispositivos próprios de diferenciação de caráter regional, como no caso da marca “Parque Natural da Andaluzia”. Este estudo discute em que medida a maior ou menor densidade institucional interfere na dinâmica destes processos e na vitalidade destas iniciativas. Na constelação de apelos à singularidade e diferenciação de produtos agroalimentares há, sem sombra de dúvidas, um lugar de destaque para a produção de natureza orgânica ou ecológica. Cresce, indiscutivelmente, o peso econômico, social e político dessa forma de produção, acorde com os imperativos da sustentabilidade ambiental, assim como de outras dinâmicas socioprodutivas a ela associadas, como é o caso dos processos de certificação e de avaliação da conformidade. Os dois capítulos seguintes abordam precisamente essa temática. O quarto capítulo desenvolve uma interessante aproximação ao assunto a partir de uma abordagem comparativa entre, de um lado, o que se convencionou chamar de certificação por terceira parte ou por auditagem, e, de outro, o chamado Sistema Participativo de Garantia (SPG). Nessa abordagem, os autores se valem de uma investigação que se desenvolveu a partir da imersão dos pesquisadores em dois contextos bastante distintos, quais sejam, o estado do Rio Grande do Sul e a Comunidade Autônoma da Andaluzia. Se, no primeiro caso, convivem as duas formas de certificação de orgânicos, no segundo 13


caso a certificação por terceira parte impera como único e exclusivo sistema em funcionamento. Todavia, como mostram os autores, houve uma tentativa de implantação de um SPG, o qual não prosperou, por razões e circunstâncias que merecem ser conhecidas por parte do público interessado nestes processos. Este estudo trata de mostrar que não foram, precisamente, as questões de ordem estritamente técnica que impediram a criação de um dispositivo de certificação centrado na participação e na ação coletiva dos produtores e demais atores sociais. O quinto e último capítulo oferece ao leitor uma outra perspectiva acerca do tema correspondente à certificação de orgânicos na atualidade. Este estudo examina a trajetória que acompanhou o surgimento dos sistemas de certificação de orgânicos, bem como a importância que assume esse assunto para o comércio global. No caso brasileiro, essa questão ganha relevo por uma série de razões, mas especialmente porque este país adotou uma legislação que admite como válidos (ou equivalentes, quanto aos seus efeitos) tanto a certificação convencional (ou por terceira parte), quanto o chamado Sistema Participativo de Garantia. Mas a convivência de ambos os sistemas não pode ser vista como obra do acaso, senão como reflexo dos jogos de poder que culminaram em certas definições operativas e num conjunto de regras que suscitam polêmica, sobretudo do ponto de vista da eficácia dos métodos de verificação e de avaliação de conformidade. Os estudos que conformam os cinco capítulos deste livro se apoiam em entrevistas realizadas com indivíduos de distintos países e num conjunto de fontes de informação reunidas especialmente no Brasil, Espanha e França. Ao leitor desta obra, reservamos a oportunidade de conhecer trabalhos extremamente atuais e provocadores, em termos das questões suscitadas, assim como de observar o exercício das mais diversas orientações teóricas que habitam o campo das ciências humanas. 14


Nesse sentido, importa dizer que uma teoria social crítica pode ser acionada para pensar a necessidade de transformação radical das estruturas sociais da contemporaneidade no que afeta o mundo da alimentação, desde o âmbito estrito da produção agropecuária, até o momento preciso em que tais artigos saciam os desejos dos mais diversos tipos de consumidores. Decerto, um dos princípios basilares da Escola de Frankfurt não era justamente obrar em favor do compromisso com a emancipação social dos indivíduos? Que dizer dos agricultores familiares que teimosamente lutam por garimpar, com a força de sua obstinação, legitimidade e coerência, um espaço próprio para venderem seus produtos, reduzindo as distâncias físicas, sociais, e sobretudo culturais que os separam dos consumidores? Filiamo-nos ao pensamento de Benhabib (1986, p. 243) quando afirma que uma análise incapaz de reconstruir as mediações entre o “ser” e o “dever ser” é, desde uma perspectiva crítica, absolutamente inútil. Não é preciso muito esforço para vislumbrar, nas experiências de organização dos produtores familiares, um germe de utopia, que para além de seu valor intrínseco, do ponto de vista de forjar uma nova sociabilidade afinada com os imperativos da sustentabilidade, converte-se num objeto pertinente para a análise socioantropológica. As críticas em relação aos efeitos deletérios dos grandes impérios alimentares são cada vez mais frequentes, ensejando toda sorte de experiências de enfrentamento, tanto por parte dos produtores quanto dos consumidores.

Qual o potencial explicativo da chamada teoria da ação racional para dar cabo dos inúmeros aspectos que cercam a criação e funcionamento dos sistemas participativos de garantia? Weber (1991) afirmou, de modo peremptório, que a sociologia deveria ocupar-se no afã de compreender (verstehen) a ação social, e que só a partir desse esforço de compreensão é que seria possível entender estruturas sociais, como é precisamente o caso da organização dos sistemas de produção e de 15


abastecimento agroalimentar. Em meio a toda essa discussão, seria uma obviedade dizer que o mundo da comida é deveras complexo.

Nesse contexto, não foi por acaso que o termo mcdonaldização tornou-se um verbete tão popular nas ciências sociais quanto a conhecida rede de restaurantes fast food, quando nos referirmos a um fenômeno que espelha a difusão de um sistema de organização que leva à ideia de racionalização, em pleno século XXI, a proporções inusitadas, fato esse que, definitivamente, transcende a própria órbita da produção e consumo agroalimentar. Os grandes sistemas de distribuição e redes de varejo espalhados por todos os cantos do planeta fazem com que o mundo se torne cada vez mais parecido, diluindo as diferenças, sabores, aromas e texturas.

A linha de montagem e o gerenciamento científico, a eficiência e previsibilidade, a calculabilidade e a padronização são as pedras angulares que suportam esta concepção que vem sendo seriamente questionada por amplos setores da sociedade por seu conteúdo desumanizante, por ser a quintessência de uma alimentação situada a milhas de distância do que se entende como uma comida saudável. Para Scott (2006, p. 118), tais sistemas “[...] tendem a produzir um mundo desencantado, em que a vida é privada de grande parte de seu mistério.” (Grifo no original). É justamente no âmago dessa reflexão que ganham sentido os alimentos com identidade cultural, sobretudo os produtos com apelo territorial (indicações geográficas e denominações de origem). Para Hervieu (1996, p. 83), as denominações de origem constituem um verdadeiro arsenal jurídico que permite restaurar a territorialização da produção agrária que as disposições de ordem econômica tendem a apagar. Mas por que razão algumas destas iniciativas de diferenciação, como é o caso das indicações geográficas, conseguem prosperar, enquanto outras permanecem completamente estancadas? 16


Que razões conspiram para o fato de que alguns territórios rurais convertem-se em terreno fértil para fazer aflorar a inovação, os processos de cooperação, a atração de novos investimentos e respiram dinamismo nas mais distintas esferas da atividade produtiva, enquanto outros permanecem mergulhados no ostracismo, mesmo nos casos em que há um importante estoque de ativos e de recursos produtivos?

A resposta a este e outros questionamentos ligados ao tema das indicações geográficas tem sido responsável por acionar diversas ferramentas analíticas, como é precisamente o caso do conceito de capital social, da chamada abordagem territorial do desenvolvimento, assim como de obras referenciais da chamada “nova sociologia econômica” (Granovetter, 1990, 1973; Fligstein, 2007; Swedberg; Smelser, 1994; apenas para citar alguns exemplos). O Para além da qualidade, que serve de epígrafe a este livro, exprime não somente nosso reconhecimento acerca da inegável amplitude dos aspectos implicados no plano das inúmeras experiências e trajetórias de valorização de produtos agroalimentares no Brasil, e nos diversos países do mundo, mas da insofismável natureza multidimensional deste assunto. Nossa intenção, ao conceber esta obra, foi no sentido de ultrapassar as fronteiras e de reivindicar a adoção de um enfoque plural para analisar as inúmeras possibilidades que se abrem ao exercício da imaginação sociológica. Nada mais lógico, se temos em mente as armadilhas que cercam toda e qualquer ação voltada ao intento de decifrar o universo escorregadio dos significados atribuídos aos atores nos distintos elos que conformam as mais diversas cadeias de valor. Flávio Sacco dos Anjos Nádia Velleda Caldas (Organizadores)

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Referências BAUDRILLARD, J. D’un fragment l’autre. Entretiens avec François L’Yvonnet. Paris: Albin Michel, 2001. BECK, U. ¿Qué es la globalización?: falacias del globalismo, respuestas a la globalización. Barcelona: Paidós Ibérica, 1998. BENHABIB, S. Critique, norm and utopia: a study of the foundations of critical theory. New York: Columbia University Press, 1986. CANDIDO, A. Os parceiros do Rio Bonito. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1987. FLIGSTEIN, N. Habilidade social e a teoria dos campos. Revista de Administração de Empresas, v. 47, n. 2, p. 61-80, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-75902007000200013 &script=sci_arttext>. Acesso em: 7 fev. 2012. GRANOVETTER, M. The old and the new Economic Sociology: a history and an agenda. In: FRIEDLAND, R.; ROBERTSON, A. F. (Eds.). Beyond the marketplace: rethinking economy and society. New York: Aldine de Gruyter, 1990. p. 89-112. ______. The Strength of Weak Ties. American Journal of Sociology, v. 78, n. 6. p. 1360-1380, maio 1973. HERVIEU, B. Los Campos del Futuro. Madrid: MAPA, 1996. LIFSCHITZ, J. O alimento-signo nos novos padrões alimentares. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 27, 1995. Disponível em: <http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00 _27/rbcs27_10.htm>. Acesso em: 2 fev. 2012. MINTZ, S. W. Comida e Antropologia. Uma breve revisão. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 16, n. 47, p. 31-42, 2001. 18


RICHARDS, A. Hunger and work in a savage tribe. Glencoe, Illinois: Free Press, 1948. SCOTT, J. (Orgs.). Sociologia: Conceitos-Chave. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. SWEDBERG, R.; SMELSER, N. J. The handbook of economic sociology. New York: Princeton University Press: Russel Sage Foundation, 1994. WEBER, M. Economia e Sociedade: fundamentos da Sociologia compreensiva. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1991. 422 p.

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Sobre os autores

Alberto Pérez Chueca: doutor em Antropologia Social pela Universidade de Sevilha, Espanha. Licenciado em Antropologia Social pela Universidade Complutense de Madrid (2006), realizou estudos de Mestrado em Pesquisa Social aplicada ao meio ambiente na Universidade Pablo de Olavide (2006-2007), bem como em Inovação e Desenvolvimento em zonas rurais na Universidade Paul Valery de Montpellier (França) (2009-2010). Desde 2008, atua como membro do grupo de pesquisa Territorio, cultura y desarrollo da Universidade de Sevilha. Sua atuação centra-se nos processos de desenvolvimento rural, análise de redes de organizações e de instituições para o desenvolvimento, bem como sobre o impacto dos processos de desenvolvimento no âmbito territorial e cultural. Carmen Lozano: doutora em Antropologia Social com menção europeia pela Universidade de Sevilha, Espanha (2009). Licenciada em Antropologia Social (2002) e História da Arte (2010) pela Universidade de Sevilha. É professora do Departamento de Sociologia II (Estrutura Social) da Universidade Nacional de Educação a Distância (UNED). É membro de diversos grupos de pesquisa Territorio, Cultura y Patrimonio da Universidade de Sevilha; Investigación en Sociología de la Alimentación da Universidade de Oviedo e do grupo europeu de 235


pesquisa Systèmes Agroalimentaires Localisés. Suas principais linhas de investigação são: alimentação e sistemas alimentares, desenvolvimento rural, agricultura ecológica, participação política e movimentos sociais alimentares. Possui diversos artigos publicados em revistas e livros e autora de dois livros, dos quais figura em destaque El sabor de la naturaleza: agricultura ecológica en Parques Naturales Andaluces. Encarnación Aguilar: doutora e licenciada em Antropologia Social pela Universidade de Sevilha (1987 e 1979, respectivamente), realizou pós-doutoramento na Universidade de Berkeley, EUA (1988). É professora catedrática do Departamento de Antropologia Social da Universidade de Sevilha, especialista em Antropologia Econômica, Desenvolvimento e Sociedades Rurais, bem como responsável, desde 1995, pelo grupo de pesquisa Territorio, Cultura y Desarrollo da Universidade de Sevilha, o qual é apoiado pelo Plano Andaluz de Pesquisa. Coordena, atualmente, diversos projetos de pesquisa relacionados com temáticas vinculadas à noção de território, qualidade e desenvolvimento rural. Flávio Sacco dos Anjos (Org.): doutor em Sociologia pela Universidade de Córdoba, Espanha (2000), pós-doutorado pela Universidade de Sevilha, Espanha (2010), mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1994), graduado em Agronomia (1983) pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Professor associado III do Departamento de Ciências Sociais Agrárias da UFPel, bolsista de Produtividade do CNPq, docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPel. Coordena o Núcleo de Pesquisa e Extensão em Agroecologia e Políticas Públicas para a Agricultura Familiar (Nupear) da UFPel. É líder de três grupos 236


de pesquisa do CNPq: Indicações Geográficas e Desenvolvimento Territorial; Desenvolvimento Rural Sustentável e A Natureza Multidimensional da Segurança Alimentar. Tem experiência na área de Sociologia Rural, atuando especialmente nos seguintes temas: agricultura familiar, pluriatividade, políticas públicas, desenvolvimento rural, desenvolvimento sustentável, segurança alimentar, ruralidade, campesinato e agroecologia. Guilherme F. W. Radomsky: doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2010), mestre pelo programa de pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (2006) e graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2003). Professor adjunto do Departamento de Sociologia e dos Programas de Pós-graduação em Sociologia e em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Realizou estágio como Research Scholar na Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos da América (2009-2010). Atua nos seguintes temas: estudos sobre desenvolvimento; ruralidade e certificação de produtos orgânicos e ecológicos; economia, conhecimentos e propriedade intelectual; redes, reciprocidade e agricultura familiar. Ignacio L. Moreno: doutor do Grupo de Sociologia Rural da Universidade de Wageningen (Holanda), realizou seus estudos de Mestrado em Antropologia do Desenvolvimento e Transformação Social na Universidade de Sussex, Inglaterra (2006-2007). É membro do grupos de pesquisa Territorio, Cultura y Patrimonio da Universidade de Sevilha, assim como da Sociedade Europeia de Sociologia Rural. Seu trabalho centra-se nos seguintes temas: desenvolvimento rural, produções de qualidade, etiquetado de qualidade, transições agrárias e campesinato.

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José Marcos Froehlich: doutor em Ciências Sociais (2002) pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, pós-doutorado pela Universidade de Sevilha, Espanha (2011), mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1994) e graduado em Agronomia (1990) pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). É bolsista de Produtividade do CNPq, professor associado no Centro de Ciências Rurais, docente permanente junto ao Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural e pró-reitor adjunto de Extensão da UFSM. Tem experiência na área de Sociologia Rural, atuando principalmente nos seguintes temas: identidades e desenvolvimento territorial; multifuncionalidade e turismo rural; agricultura familiar e desenvolvimento rural sustentável. Nádia Velleda Caldas (Org.): doutora em Agronomia (2011), com doutorado sanduíche na Universidade de Sevilha, Espanha (2009-2010), mestre em Ciências (2008) pelo Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar e graduada em Ciências Sociais (2003) pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). É professora adjunta do Departamento de Ciências Sociais Agrárias e docente permanente junto ao Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar e ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial e Sistemas Agroindustriais da UFPel. Tem experiência na área de Sociologia Rural, com ênfase nos seguintes temas: políticas públicas, desenvolvimento rural, agricultura familiar, pluriatividade, segurança alimentar e certificação de produtos orgânicos. Ondina Fachel Leal: doutora em Antropologia pela Universidade da Califórnia (Berkeley, EUA, 1989). Possui pós-doutorado na área de Antropologia Médica pela Universidade de Havard, EUA (1997), mestrado em Antropologia pela Universidade da Califórnia, Berkeley 238


(1985), bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1980). É professora titular do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de Antropologia Aplicada à Saúde; antropologia médica; saúde reprodutiva, sexualidade e gênero; saúde ocupacional e cultura, segurança em empresas de grande porte e propriedade intelectual. Paulo André Niederle: doutor em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Agrícola da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2011), com doutorado sanduíche pela Université Lyon 2/CIRAD, mestre em Desenvolvimento Rural pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2006) e agrônomo pela Universidade Federal de Pelotas (2004). É professor adjunto do Departamento de Economia Rural e Extensão e do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento da Universidade Federal do Paraná, com experiência nas áreas de Sociologia Econômica, Economia Institucional e Sociologia Rural, tendo atuado principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento rural, dinâmica da agricultura familiar, mercados agroalimentares, convenções de qualidade, instituições, indicações geográficas e pluriatividade.

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Argos Editora da Unochapecó www.unochapeco.edu.br/argos Título

Para além da qualidade: trajetória de valorização de produtos agroalimentares

Organizadores

Flávio Sacco dos Anjos Nádia Velleda Caldas

Colaboradores

Alberto Pérez Chueca Carmen Lozano Encarnación Aguilar Guilherme F. W. Radomsky Ignacio Moreno José Marcos Froehlich Ondina Fachel Leal Paulo André Niederle

Coleção Coordenador Assistente editorial Assistente de vendas Secretaria Divulgação, distribuição e vendas

Debates, n. 8 Dirceu Luiz Hermes Alexsandro Stumpf Neli Ferrari Marcos Domingos Robal dos Santos Neli Ferrari Luana Cirelo

Projeto gráfico e capa

Alexsandro Stumpf

Diagramação

Caroline Kirschner

Preparação dos originais

Bárbara Cristina Milioransa Michailoff

Revisão

Bárbara Cristina Milioransa Michailoff Emanuelle Pilger Mittmann Oneida Maria Ragnini Belusso

Finalização editorial Formato Tipografia Papel

Carlos Pace Dori 16 X 23 cm Adobe Caslon Pro entre 10 e 14 pontos Capa: Supremo 280 g/m2 Miolo: Pólen Soft 80 g/m2

Número de páginas

239

Tiragem

500

Publicação Impressão e acabamento

2014 Gráfica e Editora Pallotti – Santa Maria (RS)


Este livro estĂĄ Ă venda:

www.unochapeco.edu.br/argos www.travessa.com.br www.livrariacultura.com.br

www.bookpartners.com.br



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