1 editorial
Lina Bo Bardi escreveu na revista Habitat de 1950, sobre as casas projetadas por Vilanova Artigas "quebra todos os espelhos do salão burguês", e de fato Artigas procurava com suas formas e integrações público-privado se livrar dos padrões impostos à arquitetura ate então dessa forma Vilanova Artigas projetou uma de suas obras mais significativas o Edifício Louveira, prenunciou traços de seu trabalho em prol da qualificação dos espaços de moradia, o edifício inovou ao trazer à cidade avanços da Arquitetura Moderna Brasileira, interpretando ensinamentos corbusianos e da “escola carioca”, bem como ao contribuir com ousada intervenção urbana, ao implantar entre dois blocos paralelos um espaço semi-público como local de convívio e prolongamento da praça, entre eles surge um pátio ajardinado cortado por uma rampa sinuosa. Tombado e bem conservado, destaca-se ainda hoje, por sua inserção cuidadosa e diálogo com o entorno. Em um dos pontos mais altos do Jardim Morumbi, a Casa de Vidro de Lina Bo Bardi é sua interpretação dos cinco pontos da arquitetura de Le Corbusier, conservando o perfil natural do terreno, muito inclinado, o que influiu para que a frente da casa fosse construída sobre pilotis, a ala posterior da casa é apoiada em muros de concreto diretamente sobre o terreno, o contraste entre a fachada de vidro e o concreto torna possível um diálogo entre transparência e opacidade, e entre a natureza e construção.Após conhecer a obra de Gaudí, Lina executou os muros de arrimo do jardim da Casa de Vidro em pedregulhos e restos de material cerâmico. A partir de então, a dualidade da obra, escondida, se expandiu e predominou. Uma arquitetura simples, sem ser simplista, de fácil entendimento, com poucos elementos, e rica em qualidade e detalhamento, assim pode ser definida a arquitetura de Aurélio Martinez, sua arquitetura quase didática onde interior e exterior são pensados sistematicamente e a luz natural é vista sempre como protagonista, foi o passo inicial do projeto da Loja Montenapoleone, com seu projeto singular, suas aberturas amplas, que permitem a entrada da luz em todos os horários do dia e sua fachada onde pode ser visto um grande cubo apoiado apenas em um cubo central menor, dessa maneira Aurélio possui grandes contribuições para a arquitetura contemporânea brasileira. Para Isay Weinfeld quando um arquiteto encontra seu estilo, é o início de sua decadência, com essa premissa mostra características diversas em seus projetos, a simplicidade no traço, linhas retas, a limpeza no desenho, mas o arquiteto acredita que o estilo definido acaba por limitar seu trabalho, seguindo os ideais de simplicidade de seu “professor” Aurélio Martinez, Weinfield é dono e uma arquitetura ímpar, a probabilidade de encontrarmos dois projetos de Isay parecidos é mínima, e para o próprio arquiteto é algo impensável. Seus projetos têm como ideal serem únicos, e mesmo que ele venha a executar um novo projeto com a mesma temática, a abordagem feita pelo arquiteto sera outra, assim Isay Weinfeld vem deixando sua marca na história da arquitetura como um arquiteto multifacetado. Por:Ariana Bezerra
3 sumário
"Sou contra ver a arquitetura somente como um projeto de status. Estou em desacordo com o meu querido amigo Kneese de Mello quando diz que os pedreiros não devem fazer arquitetura. Acho que o povo deve fazer arquitetura.” LINA BO BARDI “Depois do racionalismo a arquitetura moderna retoma contato com o que de vital, primário, anticristalizado existe no homem, e estes fatores são ligados aos diferentes países, e o verdadeiro arquiteto moderno pode resolver, quando chamado, as realidades de qualquer país, [...] chegar àquela compreensão e formulação dessas realidades que às vezes os próprios arquitetos que ali nasceram não alcançaram.” LINA BO BARDI
4 Vilanova Artigas "O Arquiteto da Luz"
15 Entramos dentro
do Edifício Louveira em dois apartamentos fantásticos
20/26 Achamos algumas
27 Lina Bo Bardi
peças incriveis para você decorar a sua casa.
”Paradigma da Arquitetura moderna"
36 Tesouro achado
43 Isay Weinfeld
no Pacaembú.
“Arquitetura cinematográfica"
51 Aurélio Martinez ”Arquitetura elementar"
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Graduado engenheiro-arquiteto pela Escola Politécnica de São Paulo mais tarde se tornou professor da sua própria faculdade , que depois deu origem à primeira Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Foi um dos precursores da arquitetura moderna brasileira. Junto com Carlos Cascaldi em 1946 projetou um edificio para a Familia Mesquita em Higienópolis,. Este edificio foi um marco devido a sua implantação inovadora.Artigas usou o público e o privado juntos em um mesmo terreno, fez a Praça Vila Boim entrar dentro do edificio, jogando os dois blocos para os cantos.Não é a toa que ele é chamado o arquiteto da luz, neste projeto foi pensada a iluminação e ventilação cruzada e o bom uso de pilotis, com janelas em fitas desenvolvidas por ele (que vieram da Inglaterra), feitas com um sistema de guilhotina com cabos de aço.
Ficha Técnica: Edificio Louveira Endereço:Praça Vila Boim 144Higienópolis-SP Arquitetos:João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi Localização:Rua Piauí, 1081 Área:5400.0 m2 Ano do projeto:1946
Fotos: Aluizio Castro e Thais Bastos
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Fotos: Aluizio Castro
Dois edifícios retangulares horizontais quase idênticos alinham-se por suas faces mais extensas com um afastamento de vinte metros entre eles, que dá lugar a um jardim. Uma rampa sinuosa elevada conecta através de uma ramificação por um lado e uma escada por outro, que conecta o par de edifícios ao jardim central mais abaixo.
6 As frentes principais de cada bloco, voltadas para o nordeste, enaltecem a horizontalidade dos pavimentos e sua modulação de esquadrias. Cada pavimento é composto por dez módulos quadrados sequenciais de três metros de lado cada separados pela espessura das alvenarias divisórias internas. Os quatro módulos centrais são preenchidos completamente em vidro transparente, enquanto que os três módulos localizados em cada extremidade são preenchidos por painéis vermelhos nas faixas superior e inferior e por venezianas amarelas nas duas faixas centrais.
Fotos: Aluizio Castro
Cada módulo da fachada é composto por dois módulos idênticos de caixilhos criados a partir de um eixo de simetria vertical. Cada um deles é composto por outros dois módulos quadrados, cujo lado é a metade do módulo da fachada, criados a partir de um eixo de simetria horizontal. Cada um desses módulos quadrados são divididos no eixo horizontal criando dois retângulos idênticos, dos quais o localizado na extremidade –inferior ou superior– é ainda dividido no eixo vertical criando dois novos quadrados menores, cujo lado é a metade do lado do módulo quadrado anterior e a quarta parte do módulo da fachada.
Portanto, cada um dos dois módulos de caixilhos, que determinam o módulo compositivo das fachadas, são compostos por dois quadrados em cada extremidade superior e inferior e dois retângulos na porção central.
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Fotos: Ariana Bezerra
As fachadas de fundos, voltadas para sudoeste, apresentam um elemento central marcante e diferenciado em relação à ordem e materiais das fachadas principais: os parapeitos de alvenaria que resguardam o corredor de serviços. Seu desenho é determinado por duas linhas oblíquas simétricas resultantes do ângulo de inclinação dos dois lances de escadas opostas criadas pela diferença de oitenta centímetros entre o nível dos elevadores de serviço, mais abaixo, e o nível do apartamento.
Fotos: Ariana Bezerra
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As rampas que ligam os dois blocos se misturam com a paisagem em harmonia.
Fotos: Aluizio Castro
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Corte setor serviรงo
Desenhos:Thais Bastos
Corte lateral dos 2 blocos
Estudo de Luminotécnico dos alunos do Mackenzie, mostrando a qualidade do projeto de iluminação cruzada natural.
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A iluminação natural entra pelas janelas e alcançam o hall do corredor social dos elevadores, cruzando a sala de estar, se repetem no jardim de inverno.A cor amarela é original, segundo Artigas " seria para o caxilho sumir com a luz do sol." casavogue.com
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Neste apartamento reformado as vigas invertidas possibilitam a abertura dos espaços utilizando a ótima modulação dos pilares existentes. Na reforma o arquiteto repetiu as aberturas próximas ao teto na cozinha, permitindo assim que a iluminação chegue ao corredor. Artigas também eliminou os maleiros dos armários dos quartos, transformando os em grandes janelas basculantes rentes ao teto.
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Um marco na cidade.
Aluizio Castro
Para os amantes da arquitetura, o número 144 da praça Vilaboim, em Higienópolis, não é apenas mais um endereço em São Paulo. É ali que fica o Edifício Louveira, o cobiçado prédio projetado por Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi em 1946. A inconfundível fachada com esquadrias amarelas é um dos elementos que caracterizam esse ícone modernista, também marcado pelo forte diálogo com o entorno urbano sem grades de proteção, o edifício possui um grande jardim que pode ser apreciado pelos pedestres, quase como uma continuação da praça do outro lado da rua.
Foram anos de namoro com o Edifício Louveira, até o arquiteto Aluízio Castro achar um apartamento à venda e ter a quantia necessária para comprá-lo. “A planta retangular e a integração da construção com a praça Vilaboim tornam esse lugar especial”, diz, se referindo ao marco verde do bairro de Higienópolis. “Tenho a impressão de morar em uma casa ao apreciar da minha sala, no segundo andar, a copa das árvores na rua.” O projeto original de Vilanova Artigas trazia três dormitórios no imóvel de 144 m²: Aluízio deixou apenas um deles e conquistou um jeitão de loft na sua morada. Salas e cozinha integradas (também ao terraço) somam quase 100 m², onde se misturam objetos do universo pop, garimpos curiosos de viagem e de feiras de artesanato paulistanas a peças de design sofisticado.
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Fotos: Aluizio Castro
Para o morador,Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi foram visionários em todos os detalhes. As janelas, além de generosas, são pintadas de amarelo para reforçar a luz que vem de fora; as árvores plantadas entre os dois blocos passam a impressão de que estamos no nível da rua mesmo no quinto ou sexto andar. Os apartamentos não possuem vigas aparentes, apenas colunas que facilitam a remoção de paredes…
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Aliás, essa última vantagem foi explorada ao máximo por Aluizio, que integrou a maioria dos ambientes. “Eu eliminei uma parede e vi a amplitude que essa intervenção gerou, me deu vontade de quebrar tudo e redesenhar os espaços. No fim acabei fazendo uma espécie de loft”, conta o proprietário. Mesmo feliz com o resultado, ele achou melhor bolar soluções reversíveis a longo prazo, então as tomadas foram instaladas no piso para que as divisórias possam ser reerguidas se necessário. Dos 147 m², quase tudo pertence ao living aberto, com cozinha, sala de jantar e home office.
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20 De certa forma o apartamento é a síntese da vida de Aluizio, uma biografia escrita através de objetos, quadros e cores. Na infância ele já brincava de projetar casinhas usando estantes de livros e móveis em miniatura, às vezes pensava até no paisagismo. Na adolescência, na década de 1980, viu o grafite chegar ao Brasil pelas mãos de Alex Vallauri – anos mais tarde conseguiu comprar um quadro com um estêncil original do artista e agora o expõe orgulhoso no hall de entrada. Na vida adulta sua preocupação se voltou para a praticidade de morar em um ponto estratégico da cidade: próximo ao centro, porém com muito verde ao redor e a possibilidade de, em um dia qualquer, espiar um pica-pau voar livremente pelo jardim do prédio. O que esse lar representa para ele? Isso é fácil de responder. “.Aqui é o lugar onde coloquei toda a síntese da minha vida. Sinto como se fosse a minha roupa, a minha pele”.
Fotos: Ariana Bezerra
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Enfeite de macaquinho Monkey, da Scandinavians design | Estante Perfil da Oppa Placa metálica retrô Coffee, da UrbanArts | Poltrona Cimo 70, da Desmobilia | Pratos de Piero Fornasetti, na Marche art de Vile | Cadeira estofada Saarinen da Herança Cultural Mesa lateral Saarinen, da Montenapoleone | Almofada Chequer, da Sala design
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Tesouro Nacional. A fachada colorida e o jardim sem barreiras do Edifício Louveira, no bairro Higienópolis, chamam a atenção de quem quer que passe pelas ruas tranquilas da região, porém o que conquistou o coração da diretora de arte Fabiana Zanin foram as janelas – ou melhor, a vista delas, bem na altura das copas das árvores. Fabi conhecia de nome o histórico prédio projetado em 1946 pelos arquitetos Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, mas até então nunca tinha cogitado morar lá. Tudo mudou quando uma corretora de imóveis lhe apresentou um apartamento amplo e luminoso no terceiro andar. Aí, como dizem, foi paixão à primeira vista.
Fabiana Zanin
Os antigos proprietários tinham realizado uma grande reforma nos anos 80, porém ao invés de aprimorar o projeto original, eles o descaracterizaram. O resultado eram ambientes apertados, acabamentos envelhecidos e banheiros sem ventilação. Apesar desses obstáculos a diretora de arte conseguiu enxergar o potencial do imóvel e não desanimou, afinal uma mudança desse porte seria também sua oportunidade de se reinventar. Ao lado do designer Marcelo Rosenbaun, seu parceiro de trabalho, e do arquiteto Flavio Miranda, ela resgatou a beleza de cada um dos cômodos e encontrou na decoração uma forma de trazer à tona sua personalidade.
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Além de atualizar as instalações elétricas e hidráulicas e de integrar toda a área social em um espaço grandioso com janelas de ambos os lados, o projeto procurou explorar soluções e materiais que remetessem à arquitetura modernista dos anos 40, como o piso de cimento queimado, as colunas e os tijolinhos descascados, portas de correr de muxarabi e uma estante de concreto que emoldura a cozinha. A madeira, presente em inúmeros detalhes, as fibras naturais e os tecidos suavizam a brutalidade desses acabamentos e garantem o aconchego.
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O banheiro principal é um capítulo à parte: a bancada da pia foi desenhada pelo arquiteto Flavio Miranda e fica estrategicamente posicionada em frente às janelas de modelo guilhotina, uma das principais características do prédio. Tanto as torneiras quanto o chuveiro trazem um visual industrial, mas os acessórios de Fabiana suavizam o resultado e evocam seu lado mais feminino.
O apartamento de Fabiana é testemunha de todas as histórias vividas por ela – não só as que aconteceram ali, mas as de sua infância, as de seus antigos endereços e até as que se passaram em outros lugares do mundo, como o Marrocos, o Japão ou a Amazônia. Seu trabalho, vibrante e apaixonado, também mora ali, refletido na forma como ela arranja os objetos, mistura as cores, escolhe as estampas… Cercada de vida por todos os lados, Fabi não poderia desejar um lugar melhor para morar, por isso ela nunca perde a chance de demonstrar seu carinho pela casa.
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Banco Sunrise, do Depósito Santa Fé | Vasos de barro Lidia, na Tok stok | Vaso Plant Box, da Casa Deseno | Poltrona de couro da loja Maria pia Casa | Banqueta Gnome, de Philippe Starck, na Kartel | Cadeira Series 7, na Artesian | Bandeja Fornasetti na lojaMarche de vile | Torneira Linha Industrial, lançamento da Docol
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Lina Bo Bardi é um paradigma da arquitetura moderna brasileira. Italiana de origem, chegou a São Paulo nos anos 40 junto ao seu marido Pietro Maria Bardi. O casal não deixou mais o país. Em 1951, Lina se naturaliza brasileira, ano que coincide com a inauguração da sua primeira obra construída, nada menos que a Casa de Vidro, localizada no bairro do Morumbi, zona sul de São Paulo. Inicialmente idealizada como residência do casal e sede do Instituto de Arte Contemporânea, a Casa de Vidro foi a primeira residência do bairro, até então dominado pela Mata Atlântica, quando a expansão da cidade começava a ocupar a outra margem do rio Pinheiros.
Fotos: Aluizio Castro
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Ficha técnica: Arquitetos:Lina Bo Bardi Ano: 1951 Tipo de projeto: Residencial Materialidade: Vidro e Metal Estrutura: Concreto Localização: São Paulo, Brasil Implantação no terreno: Isolado
Uma das primeiras intenções de Lina foi conservar o perfil natural do terreno, muito inclinado, o que influiu para que a frente da casa fosse construída sobre pilotis, mas sem deixar de fazer referência a um dos cinco pontos da arquitetura propostos por Le Corbusier. A parte de trás da residência ficou, por conseguinte, apoiada em muros de concreto diretamente sobre o terreno. Esse aspecto maciço da porção posterior se contrapõe com a leveza da porção sul e sua fachada principal, criando um rico diálogo entre transparência e opacidade, natureza e construção, interior e exterior, que trás novamente à mente os exemplos das primeiras casas corbusierianas.
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A estrutura vertical se compõe por esbeltos tubos de aço, dispostos em um modulação de quatro módulos de largura por cinco de profundidade. Formam o pilotis da residência e avançam pela laje do piso superior até alcançarem a laje de coberta, ambas de concreto armado. A casa se vê, assim, como uma caixa transparente flutuante em meio da natureza. De modo a tirar o máximo de proveito da privilegiada vista que se despega para a cidade, a casa foi projetada com o mínimo de proteção, de tal modo que as grandes janelas não possuem guarda-corpo. Assim, ao mesmo tempo que a casa atua como um refúgio, proporciona uma vida em constante contato com a natureza e contemplação da paisagem. O casal Bardi pretendia, com isso, desfrutar dos nasceres e pores-do-sol, das chuvas e tempestades, das mudanças naturais.
Fotos: Monica Maragno
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A casa está dividida em duas porções bem definidas. A primeira representa o salão de estar e jantar, dominada pelas grandes aberturas de vidro. Ocupa toda a largura e os dois primeiros módulos da profundidade da residência. Ao centro desse salão se encontra um pátio, no qual foi mantida uma árvore remanescente da vegetação local. Além de servir como elemento de amenização climática, possibilitando ventilação cruzada nos dias quentes, esse elemento reforça o desejado contato com a natureza, além de, mais uma vez, fazer menção aos mestres modernos, através das casas-pátio de Mies van der Rohe. Uma escada aberta, feita com estrutura de aço e degraus de granito, é o acesso principal ao andar superior da casa. Seu desenho de linhas simples é o único elemento que se sobressai no vazio dos pilotis.
A segunda porção é formada pela área dos dormitórios e de serviços, os quais ocupam os três módulos posteriores e configuram a parte maciça e opaca da casa. Os dormitórios são adjacentes ao salão de estar e a área de serviços forma o último módulo, a norte. Conectando essas duas faixas está a cozinha, que junto a outro patio aberto, mais amplo que aquele do salão de estar, conformam a faixa central dessa porção maciça da residência. O patio é mais uma vez um elemento essencial para o conforto da casa, permitindo a ventilação de todos os dormitórios. No primeiro piso, além disso, se encontram as zonas de máquinas e a garagem.
Fotos: Monica Maragno
Fotos: Aluizio Castro
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Detalhe das janelas que se abrem por inteiro, com rodinhas metรกlicas. Sem nenhum guarda corpo, assume e convida a natureza para dentro da sala.
Fotos: Aluizio Castro
Fotos: Ariana Bezerra
Grandes aberturas trazem a natureza para dentro, buscando a iluminação natural cruzada.
34 Fotos:Thais Bastos
A cozinha jรก com estilo industrial tem um tampo de aรงo inox de 11 metros com mรฅquina de lavar louรงas , coifa high tech e armรกrios com compartimentos.
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Fotos: Aluizio, Ariana, Monica e Thais
Toda a iluminação foi pensada em desfrutar a luz natural, não existe iluminação nos Tetos, Lina criou luminárias laretais por todas a casa e as tomadas eram no chão com tampos de latão.
Gosto eclético para música, referências étnicas na fechadura e sua prancheta para desenhar rente a janela.
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Fotos: Cedidas Studio Casas
Faz mais de 20 anos que o arquiteto Arthur Casas passou por uma experiência marcante: comprou uma casa que, segundo o corretor de imóveis que a vendeu, ninguém queria porque era muito ‘alta’, ‘esquisita’ e mal conservada. A morada é assinada pelo arquiteto João Batista Vilanova Artigas (1915-1985) um dos expoentes do Modernismo e da vertente do Brutalismo conhecida como "Escola Paulista" e projetou obras importantes como a sede da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), na década de 60, e o Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi (1952-1970). Foi um amigo de Artigas, o advogado Rivadávia de Mendonça, quem encomendou o projeto ao jovem arquiteto que na época (1944) tinha apenas 29 anos. Era a fase corbusiana do projetista, daí a síntese da construção: um cubo com janelas “rasgadas” sobre pilotis. Aproveitando o aclive acentuado de 12 m, Artigas construiu a casa na parte mais elevada do terreno de modo a garantir a visualização da paisagem do Pacaembu, em São Paulo, e ter iluminação natural abundante para os interiores. A casa desenvolve-se em dois pavimentos - o inferior, onde está o setor social, além de cozinha; e o superior, reservado à ala íntima.
37 técnica Casa Rivadávia de Mendonça, São Paulo (SP) Projeto de Vilanova Artigas (original); Arthur Casas (reforma) Cliente Rivadávia Mendonça Conclusão da Obra 1944 Projeto João Bastista Vilanova Artigas (original) e Arthur Casas (reforma) Projeto de Arquitetura João Bastista Vilanova Artigas (original) e Arthur Casas (reforma) Projeto de Decoração Arthur Casas FICHA
Fotos: Cedidas Studio Casas
Reforma Quando começou a reforma, Casas esmerou-se para preservar ao máximo as peculiaridades originais. “Mas era preciso adequá-la ao meu estilo de vida, embora um projeto de Artigas seja quase ‘imexível’”, resume o arquiteto. Assim, conceitos atuais de moradia foram incorporados à residência: o dormitório do casal ganhou um banheiro, um outro dormitório virou escritório e a edícula dos fundos foi eliminada. No piso inferior, o living ganhou caixilharia que dá movimento às portas de correr, um lavabo tomou o lugar da chapelaria e a cozinha foi ampliada. Confortos também foram providenciados, como lareira, ar-condicionado e elevador.
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Fotos: Cedidas Studio Casas
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Fotos: Cedidas Studio Casas
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Fotos: Cedidas Studio Casas
41 Obedecendo as orientações da Fundação Vilanova Artigas, Casas manteve o desenho da fachada muito próximo aos planos originais, mantendo as aberturas e restabelecendo o uso do tijolo aparente, além do concreto, típicos das obras do mestre que faria 100 anos em 2015. Na parte externa da residência, onde só havia taludes, a reforma instalou muros de pedra em dois níveis, sendo que no mais alto uma piscina ganhou corpo. Internamente, respira-se arte por todos os lados. Uma das paixões de Casas, as peças garimpadas por anos integram a construção de forma complementar e leve: quadros, esculturas, fotografias e móveis de designers renomados habitam aquela casa que, para o morador, é a maior das obras de arte.
Fotos: Cedidas Studio Casas
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Fotos: Cedidas Studio Casas
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Graduado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie,foi,aluno de Aurelio Martinez, com quem chegou a trabalhar junto com Marcio Kogan, mantém desde 1973 tem um escritório de caráter multidisciplinar, voltado ao projeto de edificações, interiores, mobiliário, cenografia e mesmo cinema. Dentre os inúmeros trabalhos desenvolvidos, destacam-se os hotéis projetados para o Grupo Fasano em São Paulo, Punta del Este e Porto Feliz, o Centro Cultural Midrash no Rio de Janeiro e o Square Nine Hotel em Belgrado, além de uma linha de móveis e objetos desenhada para a Etel Interiores. W305 Edifício de escritórios, que utilizou de funções do modernismo, tanto na sua modulação quanto na forma, com fachada livre, onde a estrutura é independente e com a janelas em fita. Um terraço jardim foi transportando para o andar de cima ,os escritórios foram feitos em planta livre com pé direito duplo e pilotis. Ano:2011 Área:5.838 m2 Terreno:1119 m2 Localização:Vila Madalena SP Materialidade:Metal e Vidro Estrutura: concreto
Fotos: Cedidas Isay Weinfeld
44 Considerando o formato do terreno e sua orientação para o norte, o edifício foi projetado composto por dois volumes articulados, mas distintos entre si.O primeiro,longo estreito e perpendicular em relacão à rua , o segundo mais maciço, em que o interior fica resguardado da insolacão nas fachadas voltadas a leste e a oeste.
No térreo há um grande espaço para café, cercado por um jardim, que é de uso exclusivo dos condômínos
Fotos: Cedidas Isay Weinfeld
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Fotos: Ariana Bezerra
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Fotos: Cedidas Isay Weinfeld
Ao longo de 8 andares estão distribuídos, as 12 unidades de escritórios,que variam entre 80 m2 e 250 m2, possuem pé-direito duplo que dá ao cliente a opção de construir até 2 mezaninos.Os andares também possuem pequenos terraços, que deixam os ambientes mais descontraídos e espaçosos.
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Fotos: Cedidas Isay Weinfeld
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Desenhos: Cedidos Isay Weinfeld
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Fotos: Cedidas Isay weinfeld
Uso de diversos materiais presentes na fachada, como o aรงo galvanizado /madeira na caixilharia.
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No ultimo andar ĂŠ composto por um deck na cobertura.
Fotos: Cedidas Isay Weinfeld
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Aurélio Martinez Flores, arquiteto mexicano radicado no Brasil na década de 60, quando veio para supervisionar a fabricação dos móveis Knoll para a loja Forma. Seu objetivo era ficar 3 meses, mas acabou ficando e atuando por mais de 55 anos, o que gerou a melhor de sua produção arquitetônica já feita, mesclando Brasil e México na sua obra.
Agência Unibanco, Poços de Caldas Foto Tuca Reinés “Uma
Casa da Cultura, Poços de Caldas Foto Wanderley Bailoni
arquitetura simples mas sem ser simplista, de fácil entendimento, limpa com poucos elementos, mas rica em qualidade e detalhamento". Uma arquitetura didática , em que o exterior e o interior são pensados de maneira sistemática, onde a luz natural ganha papel de protagonista. Em um momento de reflexão sobre a contemporaneidade da arquitetura latino americana, se faz necessário revisitar os grandes mestres da cultura arquitetônica brasileira , como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Lina Bo Bardi, entre outros, como também investigar e começar a colocar novos agentes do desenvolvimento arquitetônico em pauta. É fácil supor que a arquitetura brasileira ainda guarda importantes nomes que influenciaram fortemente a arquitetura contemporânea, mas muitas vezes abafados pelos principais astros, infelizmente ainda desconhecidos dentro do ambiente acadêmico, mesmo possuindo um trabalho brilhante. Ele foi responsável por significativos projetos de importantes clientes como o grupo Fasano, a familia Moreira Sales e José Zaragoza.Ele influenciou diretamente pelo menos 2 nomes mais celebrados da arquitetura contemporânea brasileira: Isay Weinfeld e Marcio Kogan
Fotos: archdaily.com
Ficha técnica: Loja Montenapoleone Alameda Gabriel Monteiro da Silva 1572-Jardim Europa –SP Ano:2002 Área construida:425 m2 Usos previstos:loja de móveis, estacionamento, sanitários, vestiário, copa dos funcionários e depósito / escritório.
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Vista frontal da fachada e da lateral.
Fotos: Ariana Bezerra
O projeto da loja de móveis é composto por 2 volumes prismáticos de 11 mts de frente por 10 mts de profundidade e 7,85 de altura. Estão justapostos e estruturados por um apoio central de aproximadamente 3 x 3 mts, que recebe a caixa de escada e elevador. Encontro destas 2 caixas é marcado por rasgos no volume, na forma de 2 paralelepípedos retangulares de base quadrada. Simetricamente dispostos nas 2 laterais com o objetivo de evidenciar a luz natural no centro da edificação. A loja está inserida ortogonalmente as laterais do terreno, os volumes aéreos afastados 6 mts da lateral de menor face do terreno. Respeitando o recuo do jardim e criando a área de estacionamento.Os volumes aéreos estão juntos à divisa sudoeste do lote. Com recuo lateral de 2 mts junto à fachada nordeste.Esse recuo se explica não só pela busca de maior insolação para o interior da loja. Ma também pelo aparente desejo de tirar partido da linha de palmeiras existentes no terreno vizinho.
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Desenhos acervo Aurélio Martinez
Existem 2 núcleos centrais de sustentação da edificação, cada um deles colocado no centro de um dos volumes superiores.Esses núcleos, visualmente mais pesados que o volume aéreo, abrigam em seu interior as circulações verticais.Para reforçar a idéia de grandes volumes estruturais, os acessos são abertos para a face posterior do terreno, dando a impressão de uma caixa fechada e ressaltando a beleza do revestimento de mármore preto, que lembram as obras de Mies Vander Rohe.O primeiro dos volumes abriga o elevador que atende o térreo e os 2 pavimentos superiores, este que possui 2,75 mts de frente por 2,45 mts de profundidade; o segundo volume abriga as escadas que dão acesso ao subsolo. Essa caixa possui 3 mts de frente por 3,85 mts de profundidade.Esta organização em pilotis permite a liberação do pavimento térreo, criando uma zona aberta coberta com pé direito de 2,3 mts, nesta área configura-se uma área de estacionamento.
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Desenhos acervo AurĂŠlio Martinez
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Fotos: Aluizio Castro e Thais Bastos
Aberturas com iluminação cruzada, escadas estruturais em mármore.
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Fotos: Monica Maragno
Vista interna 360 do andar superior.
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Pavimento superior : detalhe da abertura central criada na cobertura da edificação , técnica utilizada para permitir que a luz natural penetre no ambiente , recomendado em ambientes profundos e espaçosos.
Museu Belas Artes de São Paulo – MUBA Rua Dr. Álvaro Alvim, nº 76, Vila Mariana, São Paulo CEP 04018-010 Tel.: (11) 5576-7300 (11) 5576-5773