DIRETRIZES PARA PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO URBANA E AMBIENTAL DO JARDIM HELENA E ENTORNO
CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO ARQUITETURA E URBANISMO
Diretrizes para Projeto de Requalificação Urbana e Ambiental do Jardim Helena e Entorno
ARIANA DA CRUZ ALVES BEZERRA Orientadora: Mirtes Birer Koch Trabalho Final de Graduação
Apresentado ao Centro Universitário Belas Artes de São Paulo
São Paulo Junho | 2020
3
À meus pais.
4
Agradecimentos À meus pais Zenite e Antonio, que deram
Ruan, Isabella, Lucas, Samuel e Sofia, que são o
toda a base para a construção do ser humano que
motivo para que eu lute sempre e todos os dias
me
por um futuro melhor para mim e para eles.
tornei,
me
transmitindo
os
melhores
ensinamentos e princípios, que sempre me
À professora Sandra Franco, que anos
ampararam em todos os momentos possíveis, e
atrás não apenas acreditou, mas incentivou o
que sempre acreditaram em mim e em minha
sonho de alguns garotos e garotas da periferia em
capacidade mesmo sem muitas vezes entender
cursar uma graduação, que nos transmitiu não
tudo o que estava fazendo.
apenas seu conhecimento, mas também sua força
À meus irmãos Rosane, André e Matheus, que sempre acreditaram em mim e me apoiaram,
de vontade em mudar o mundo através da educação.
a minha irmã Mariana que esteve ao meu lado
À todos os professores de Belas Artes que
durante todos esses anos me apoiando, me
fizeram parte
incentivando e até mesmo virando noites me
ensinaram e inspiraram durante toda minha
ajudando,
e
graduação, foi uma honra te los como mestres.
Marcelo,
que
principalmente em
um
a
período
meu
irmão
de
grande
da
minha história, que
me
À meu amigo Rainando Teixeira, que vem
instabilidade e dificuldade me ajudou sem nunca
sendo meu porto seguro e meu
questionar ou hesitar.
equilíbrio durante esses anos, que compartilhou
À meus sobrinhos Beatriz, Yan, Alicia, dfgtyh
ponto de
esse sonho comigo e sempre esteve presente de ghjuj
5
forma incondicional, que me apoiou quando eu
tornou alguém com quem eu sempre pude contar
. quis iniciar e incentivou a continuar quando eu
e trocar, e que é uma parte fundamental deste
não tinha mais forças.
trabalho.
À Monica Maragno a amiga que a Belas
Aos amigos que passaram pelo meu
Artes me deu, que me ensinou que quando mais
caminho e foram de suma importância por terem
se aprende é quando se ensina, que esteve
acreditado em mim, me incentivado, me ajudado,
comigo até o último minuto desta graduação, que
me transmitido carinho ou simplesmente terem
me dá conselhos preciosos e que levarei para
estado presente nos diversos processos pelos
toda a vida e sem a qual esse trabalho seria
quais passei nessa graduação, Viviane Correa,
inviável.
Aluísio Castro, Paloma Lacerda, Thais Bastos,
À Kaio Gonçalves mais um amigo que a
Thalitta
Bezerra,
Carolina
Silva,
Yasmin
Belas Artes me deu, que sempre acreditou em
Amarante, Bianca Olmedija, Bruna Espírito Santo
mim, me incentivou e fez eu acreditar em mim
e Mariana Chiquetto.
mesma, que mesmo estando longe sempre se fez presente.
À Clarice Ferreira, líder comunitária e Assistente Social, que desenvolve um trabalho
À Amanda Coimbra que foi a surpresa
essencial junto aos moradores da Vila Seabra e
mais grata dos meus últimos anos de curso, que
que foi uma peça chave no desenvolvimento desse
após um início de amizade conturbado,
trabalho, que me ajudou de forma muito ativa e
xgbhujnk
se
ghujiko
6
atenciosa, me passando informações e me
acreditar no meu projeto, pelo empenho, apoio e
. conectando a outras pessoas para obtenção de
suporte até aqui.
mais dados.
Muito obrigada.
À Eriosvaldo Lima, líder comunitário e Gestor de Saúde, que luta ao lado das famílias atingidas pelas inundações na Vila Itaim por condições mínimas de saúde e salubridade e que
não só me ajudou, mas que também me conectou a
pessoas
que
também
foram
de
suma
importância para a realização desse trabalho. Aos moradores Priscila Silva, André Braga, Tereza Teixeira, Gilson Oliveira, Leonardo
Alves, Juliana Silva e Roselaine Gonçalves que cederam
seu
tempo
para
me
auxiliar
no
entendimento das problemáticas me mostrando o ponto de vista daqueles que vivenciam a região e suas experiencias. À minha orientadora Mirtes Koch por acreditar no meu projeto, pelo
7
“E eu que, e eu que, sempre quis um lugar, gramado e limpo,
assim, verde como o mar, cercas brancas, uma seringueira com balança, ‘disbicando’ pipa, cercado de criança”. Vida Loka Parte II – Racionais MC’s
“Meu sonho de sociedade ultrapassa os limites que aí estão.” . Paulo Freire
8
Resumo O
apresenta
renda da população local. Ainda, como forma de
levantamentos, análises e proposições para um
combater as altas taxas de vulnerabilidade social,
projeto de requalificação ambiental e urbana,
a
com vistas a consolidar no Jardim Helena e
profissionalizantes,
entorno a qualidade de vida de seus habitantes
oportunidades aos jovens, além da oferta de
em
espaços públicos com opções de lazer, cultura e
um
estudo
ora
ambiente
proposto
salubre,
dotado
de
criação
de
conforme
eixos para
equipamentos de saúde, educação, esporte, lazer
esporte,
desejo
e cultura. Os principais pontos da pesquisa,
entrevistas a população local.
educacionais
e
ampliar
as
evidenciado
por
centram na proposição de formas para controle e
manejo das águas pluviais, para solucionar as graves inundações e para recompor as áreas
Palavras-chave: requalificação ambiental
verdes nas várzeas do rio Tietê. Ademais, a
e
urbana;
recuperação
pesquisa se voltará a dar repostas para a falta de
pertencimento.
de
áreas
alagáveis;
moradia formal, com a implantação de habitações de interesse social como forma de realocar pessoas moradoras de áreas de risco e, por conseguinte, criar eixos de requalificação urbana para incentivar o desenvolvimento comercial, com vistas a oferecer empregos e melhorar a renda da população local
9
Abstract The
study
now
presents
raised
income of the local population. Still, as a way to
presentations, analyzes and proposals for an
combat the high rates of social vulnerability, the
environmental and urban requalification project,
creation of educational and professional axes, to
with a view to consolidating in Jardim Helena and
expand opportunities for young people, in
obtaining the quality of life of its inhabitants in a
addition to the offer of public spaces with leisure,
healthy environment, equipped with health,
culture and sport options, according to the desire
education, sports, leisure and culture. The main
evidenced by interviews in local population.
research points, center for proposing ways to control and manage rainwater, for solving
problems
such
as
severe
floods
and
recommending green areas in the Tietê river
Keywords:
environmental and
urban
requalification; Flood recovery; belonging.
floodplains. In addition, a survey will return the answers to the lack of formal housing, with the implantation of social housing as a way of relocating people living in areas at risk and because
of
that,
create
axes
of
urban
requalification for commercial development, with a view to offering services and improve the xxxxxxx
10
Lista de Ilustrações Figura 1 - Expansão da Área Urbanizada - Município de São Paulo 1881 - 2002 Figura 2 - Distribuição das Favelas - Município de São Paulo 2017 Figura 3 - Parque da Juventude (sem data) Figura 4 - Mobiliário urbano no Largo da Batata (sem data)
Figura 5 - Poetisa Tawane Theodoro na final do Slam da Guilhermina (2019) Figura 6 - Capela de São Miguel Arcanjo (sem data) Figura 7 - Fazendo Biacica (2002) Figura 8 - Localização Figura 9 - Vista aérea da CIA Nitro Química em seus primeiros anos de funcionamento (década de 1940)
Figura 10 - Mapa de Densidade demográfica Figura 11 - Mapa IPVS - 2010 Figura 12 - Mapa de Zoneamento Figura 13 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo Figura 14 – Mapa Loteamentos Irregulares e Favelas Figura 15 – Mapa Equipamentos Existentes Figura 16 - Mapa de ETEC, SENAI, SENAC e Ensino Superior Figura 17 - Mapa de Cheios e Vazios Figura 18 - Mapa de macrodrenagem
11
Figura 19 - Mobilidade Urbana Figura 20 - Mapa APA Várzeas do Tietê Figura 21 - Vista aérea do Cantinho do Céu às margens da Represa Billings antes das intervenções Figura 22 - Implantação da primeira etapa do Cantinho do Céu
Figura 23 - Integração das áreas verdes com as demais áreas do projeto Figura 24 - Rua com pavimento intertravado e calha de escoamento central para evitar que a água vá para as casas Figura 25 - Deck e áreas de lazer após a implantação Figura 26 - Parque Independência antes da intervenção
Figura 27 - Implantação Parque Novo Santo Amaro V Figura 28 - Integração entre espaços de lazer e habitações Parque Novo Santo Amaro V Figura 29 - Áreas de permanência do parque linear Figura 30 – Setorização Figura 31 - Setor 1 Figura 32 - Setor 2 Figura 33 - Setor 3 Figura 34 - Implantação Figura 35 - Corte AA – Urbano
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Figura 36 - Corte BB – Urbano Figura 37 - Corte CC – Parque Urbano e HIS Figura 38 - Detalhe Corte DD – Galeria Multidimensional Rodoviária Figura 39 – Perspectiva Parque Urbano
Figura 40 - Perspectiva Parque Urbano Figura 41 – Horta Comunitária Parque Urbano Figura 42 – Bacia de detenção com quadra poliesportiva Figura 43 - Bacia de detenção com quadra poliesportiva e pista de skate Figura 44 – Praça Molhada Parque Urbano
Figura 45 – Quadra Poliesportiva Parque Urbano Figura 46 – Área de Permanência Parque Urbano Figura 47 – Playground Parque Urbano Figura 48 – Cachorródromo Parque Urbano Figura 49 – Rua Comercial Figura 50 – Centro Comercial Figura 51 – Corte DD – HIS Figura 52 – Detalhe Corte DD – GMR e Sistema de Captação de Água da Chuva Figura 53 – Perspectiva HIS
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Figura 54 – Planta Tipologia de Apartamento 1 – 58m² Figura 55 - Planta Tipologia de Apartamento 2 – 48m² Figura 56 - SENAC Figura 57 – SENAI
Figura 58 – Creche Figura 59 - ETEC Figura 60 – Praça de Eventos Figura 61 – Anfiteatro Figura 62 – Rua extravasamento do rio para a rua – Rua Serra do Grão Mogol, Vila Seabra
Figura 63 – Rua completamente inundada – Rua Araruta, Vila Seabra Figura 64 – Moradores improvisam barco com teto de Kombi para auxiliar moradores ilhados a saírem de suas casas – Vila Seabra Figura 65 – Rua completamente inundada – Vila Seabra Figura 66 –Água parada a mais de 30 dias – Rua Tite de Lemos, Vila Seabra Figura 67– Água invadindo o comércio – Rua Bernardo de Chaves Cabral, Vila Aimoré Figura 68 – Caminhão quebrado em meio a inundação – Avenida Brás da Rocha Cardoso, Vila Aimoré Figura 69 – Rua alagada – Rua Bernardo de Chaves Cabral, Vila Aimoré Figura 70 – Imóvel alagado, Vila Aimoré
14
Figura 71 – Caminhão atravessando a água da inundação – Avenida Brás da Rocha Cardoso Figura 72 – Família sendo retirada de casa pelos agentes da saúde – Vila Itaim Figura 73 – Bens perdidos por moradores – Vila Itaim Figura 74 – Rua alagada próximo a obras do polder – Vila Itaim
Figura 75 – Rua com água parada a mais de uma semana – Vila Itaim Figura 76 – Rua alagada próximo a obras do polder – Vila Itaim
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Lista de Gráficos Gráfico 1 - Precipitação Pluviométrica na cidade de São Paulo – 1939 a 2020 Gráfico 2 - Proporção da população sem acesso a equipamentos públicos de cultura Gráfico 3 - Coeficiente de cobertura na atenção básica de saúde Gráfico 4 - População residente a mais de 1km de parques
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Lista de Abreviaturas, Siglas e Símbolos APA – Área de Proteção Ambiental APAVRT – Área de Proteção Ambiental Várzeas do Rio Tietê Art. – Artigo CDC – Clube da Comunidade
CEU – Centro de Educação Unificado CIA - Companhia CPAI – Coordenadoria de Produção e Analise de Informação CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica
ETEC – Escola Técnica EUA – Estados Unidos da América GMR – Galeria Multidimensional Rodoviária Ha - Hectare Hab - Habitante HIS – Habitação de Interesse Social IAG – Instituto Astronômico e Geofísico IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal INMET – Instituto Nacional de Meteorologia 17
IPVS – Índice Paulista de Vulnerabilidade Social Km – Quilometro LPUOS – Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo M² - Metros quadrados
n.p. – Não paginado Nº - Número ONG – Organização Não Governamental ONU – Organização das Nações Unidas P. – Pagina
PDE – Plano Diretor Estratégico PPP – Parceria Público Privada SEHAB – Secretaria de Habitação SEMPLA – Secretaria Municipal de Planejamento SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SMDU – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano SMH – Secretaria Municipal de Habitação SMUL – Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento SNHIS – Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social 18
SP – São Paulo UBS – Unidade Básica de Saúde ZC – Zona de Centralidade ZC_a – Zona de Centralidade Ambiental
ZC_ZEIS – Zona de Centralidade em Zona Especial de Interesse Social ZEIS – Zona Especial de Interesse Social ZEM - Zona Eixo de Estruturação da Transformação Metropolitana ZEPAM – Zona Especial de Proteção Ambiental ZEU - Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana
ZEUP - Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana Previsto ZM – Zona Mista ZM_a – Zona Mista Ambiental ZPI –Zona Predominantemente Industrial § - Símbolo de parágrafo em legislação
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Sumário Introdução Justificativa Objetivo Geral Métodos Materiais e Ferramentas Entrevistas Imagens CAPÍTULO 1 - Teórico Conceitual 1.1. URBANIZAÇÃO FRAGMENTADA: breve histórico da segregação socioespacial na formação do espaço na cidade de São Paulo ...........................................................................................................32
1.2. DIREITO. À CIDADE: apropriação e pertencimento ........................................................................................36 1.3. MORADIA DIGNA: habitação social .....................................................................................................................39 1.4. ESPAÇOS PÚBLICOS: como instrumentos ressignificadores sociais ...........................................................42 1.5. SANEAMENTO BÁSICO: direito assegurado e precariedade de serviços ....................................................47 20
CAPÍTULO 2 - Levantamento e Análise 2.1. Contexto Histórico do Jardim Helena e Entorno .............................................................................................51 2.2. Levantamento e Análise do Jardim Helena e Entorno .....................................................................................55 2.3. Legislação: estudo dirigido 2.3.1. Constituição da República Federativa do Brasil ..........................................................................................63 2.3.2. Estatuto da Cidade: Lei nº 10.257 de 10 de julho de 2001 ...........................................................................64 2.3.3. Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social: Lei nº 11.124, de 16 de junho de 2005 .........................................................................................................................................................................65 2.3.4. Parcerias Público Privadas: Lei nº 11.079 de 30 de dezembro de 2004 ...................................................65 2.3.5. Lei de Saneamento Básico: Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007 ............................................................66
2.3.6. Área de Proteção Ambiental Várzeas do Rio Tietê: Lei Estadual nº 5598, de 06 de janeiro de 1987 - Decreto Estadual nº 42.837, de 03 de fevereiro de 1998 ...................................................67 2.3.7. Plano Diretor Estratégico da Cidade de São Paulo: Lei nº 16.050 de 31 de julho de 2014 ..........................................................................................................................................................69 21
2.3.8. Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo: Lei nº 16.402 de 22 de março de 2016 .......................................................................................................................................................70 2.4. ESTUDO DE CASOS: Projetos urbanos, ambientais com vocação social nas periferias das cidades 2.4.1. Programa Mananciais .......................................................................................................................................72 2.4.1.1 Parque Cantinho do Céu ..............................................................................................................................73 2.4.1.2. Parque Novo Santo Amaro V ......................................................................................................................76 CAPÍTULO 3- Propostas 3.1. Área de Intervenção ..............................................................................................................................................80 3.2. Diagnóstico e Diretrizes Projetuais ....................................................................................................................83
3.3. Projeto .....................................................................................................................................................................84 CAPÍTULO 4 - Considerações Finais 4.1. Conclusão ..............................................................................................................................................................112
22
CAPÍTULO 5 Referências .....................................................................................................................................................................114 ANEXOS Entrevistas ......................................................................................................................................................................122 Imagens ...........................................................................................................................................................................157
23
Considerações Iniciais
24
Introdução O distrito do Jardim Helena no extremo
urbanização
acelerado
nenhum
planejamento
inundação do Rio Tietê e atualmente possui
assentamentos precários, favelas e loteamentos
grande densidade demográfica e pouca oferta de
irregulares, pode ser observada também alta
equipamentos de cultura e lazer, de áreas verdes
precariedade de construções existentes e da rede
e deficiência no sistema de drenagem urbana, o
viária.
inundações todos os anos
Por
região
sem
leste de São Paulo se formou na planície de
que provoca graves problemas de alagamentos e
a
e
esse
possui
motivo
são
inúmeros
necessárias
intervenções que visem dotar a região de
A região possui grande número de
infraestruturas
carentes
e
tragam
para
a
crianças e jovens que carecem de equipamentos
população segurança, qualidade de vida e que
de lazer e cultura, bem como qualificação
possam
profissional
Vulnerabilidade
para
que
tenham
maiores
oportunidades no mercado de trabalho. A população
local
faz
diariamente
aumentar
o
Social
Índice e
Paulista
de
Índice
de
o
Desenvolvimento Humano Municipal.
grandes
deslocamentos para chegar ao local de trabalho, o que caracteriza o Jardim Helena e entorno como um bairro dormitório. Como consequência do processo de bbbbbbbbbbbbbbbbbbb
25
Justificativa O distrito do Jardim Helena marca o
esportes, de lazer, de cultura, e áreas verdes.
início da urbanização do município de São Miguel
A região conta com apenas três Clubes da
Paulista, entre as décadas de 1940 e 1970
Comunidade, onde a gestão do espaço é feita por
juntamente com os distritos de São Miguel e Vila
associações comunitárias
Jacuí recebeu grande quantidade de pessoas de
Secretaria de Esportes que fica responsável pela
diversas
crescimento
fiscalização do uso, inserção de atividades no
populacional manteve se até o início dos anos
calendário dos espaços e implementação de
2000. Toda a área do Distrito Jardim Helena
políticas públicas, os CDC’s ficam localizados um
corresponde à planície de inundação do Rio
na Vila Seabra, um na Vila Mara e um na Chácara
Tietê, e por esse motivo a região enfrenta graves
Três Meninas, há uma biblioteca pública que fica
problemas de enchente nos períodos de chuva.
localizada em uma escola de ensino infantil na
(CADERNO, 2016).
Vila Helena e é aberta a comunidade, existem dois
partes
do
país,
o
juntamente com a
A região demanda de políticas públicas
Centro de Educação Unificado um no bairro do
que tratem de questões de infraestrutura que
Jardim Romano e outro no Jardim Miragaia, onde
foram negligenciadas no processo social de
funcionam bibliotecas e teatros, os únicos da
formação do espaço, e como consequência do
região, de acordo com dados do Geosampa (2016).
planejamento deficiente a região sofre também
Segundo dados do Índice Paulista de
com a falta de equipamentos como centros de
Vulnerabilidade Social, 36,5% dos habitantes do
xcfdrtg
hnujik 26
Jardim Helena encontram-se em situação de alta
distrito do Jardim Helena sem que haja a
vulnerabilidade social, 66,6% da população vive a
necessidade de grandes deslocamentos pela
mais de um quilometro de equipamentos de
cidade, e que possam trazer aos moradores maior
cultura como teatros e museus, e no quesito
sensação de pertencimento e identificação com o
áreas verdes a situação é ainda pior, o distrito
local.
conta com apenas dois Núcleos do Parque Várzeas do Tietê, Núcleos estes que ficam
localizados na Vila Seabra e no Jardim Helena (bairro) e visam atender a toda a demanda da subprefeitura. (GEOSAMPA, 2016). Algumas regiões periféricas de São Paulo possuem condições de infraestrutura precárias e
que podem fazer com que seus moradores deixem de ter acesso a diversos recursos que a própria
cidade
oferece,
o
projeto
urbano
proposto visa oferecer opções de esporte, lazer e cultura que estejam ao alcance de todos e que sejam de fácil acesso para os moradores do cdfrgtgg
27
Objetivo Geral O projeto urbano ora proposto visa prover analises de levantamentos físicos e documentais no distrito do Jardim Helena e entorno, com vistas a geração de um projeto de
requalificação urbana e ambiental em que pese, oferecer soluções para os problemas ocasionados pela falta de infraestrutura urbana, precariedade ambiental e fragilidade social. A partir de levantamentos e análises de
dados nos distritos do Jardim Helena, Itaim Paulista
e
Vila
Curuçá
propor
diretrizes
projetuais e de desenvolvimento
urbano e
ambiental integrado e sustentável, de modo a impulsionar a vida local. Para tanto, pretende-se verificar a infraestrutura existente; documentar e analisar a origem dos problemas de drenagem; compreender a dinâmica social existente e a situação das margens do Rio Tietê.
28
Métodos Os métodos empregados na pesquisa ora proposta, estão orientados para a coleta de dados de
diferentes
fontes:
documentais
(livros,
relatórios locais, reportagens etc.), população
(entrevistas); legislação (normas, leis, decretos etc.) e estudos de caso que evidenciem problemas correlatos e suas soluções com o intuito de compreender o contexto urbano em que está inserido e como ocorreu o processo de formação
espacial e social.
29
Materiais e Ferramentas Entrevistas Foram
protestos e visitas dos responsáveis pela gestão
realizadas
entrevistas
com
das subprefeituras locais. (Ver anexo, p. 154 – 162).
moradores e comerciantes da região afim de entender as problemáticas e potencialidades
locais a partir do ponto de vista daqueles que vivenciam o local. Com a finalidade de otimizar o tempo de entrevistas e suas respostas foi elaborado um breve questionário abordando algumas questões
relativas as inundações que ocorrem na região. As entrevistas foram feitas via WhatsApp, Instagram e Facebook, e contaram com a participação de moradores das Vilas Aimoré, Itaim e Seabra. (Ver anexo, p. 119 - 153). Imagens Foram feitas pelos moradores e pela autora
imagens
das
inundações
e
suas
consequências, bem como imagens de reuniões, hhhhhhhhhh 30
Capítulo 1 – Teórico Conceitual
31
1.1. Urbanização Fragmentada: breve histórico da segregação socioespacial na formação do espaço na cidade de São Paulo Com
o
expressivo
aumento
da
Figura 1 – Expansão da Área Urbanizada 1881 - 2002
urbanização na cidade de São Paulo a partir da
década de 1940 tornaram-se cada vez mais claras as diferenças na forma de ocupação do espaço ficando nítida a fragmentação do espaço urbano caracterizado por áreas centrais dotadas de equipamentos, serviços e infraestrutura e áreas
periféricas carentes de condições básicas a sobrevivência e salubridade como o saneamento básico. A paisagem gerada por todos esses processos é caracterizada pela
dispersão e fragmentação tanto das
áreas
urbanizadas
quanto
daquelas com recursos naturais significativos, apresentando ora interessados
potenciais,
N
ora
degradação e aridez (COELHO,
2015, p. 18) Fonte: Sempla
32
Com
o
aumento
da
especulação
imobiliária nas regiões centrais da cidade de São Paulo a população de baixa renda viu se empurrada para as margens da cidade, sendo
assim os que tinham dinheiro ocuparam as áreas mais bem servidas de serviços, enquanto a população de menor poder aquisitivo foi para onde haviam terrenos baratos e mais acessíveis. A
ocupação
dos
subúrbios
ocasionou uma forte demanda por moradia
e
serviços
o valor de uso (OLIVEIRA, 2016, p.14).
A fragmentação do espaço urbano expõe as frágeis ligações entre as partes da cidade
evidenciando os problemas como transporte público precário e insuficiente e também a primazia da implantação de equipamentos de lazer, cultura, educação superior, entre outros em áreas centrais o que dificulta o acesso
daqueles que habitam as margens da cidade.
públicos
Existem muitos tipos de segregação,
essenciais, mormente ligados à
como por etnia, idade, socioeconômico, gênero,
infraestrutura e ao acesso às condições
básicas
de
sobrevivência
por
da
parte
população. Entretanto, é nesse
religião entre outros, em São Paulo podemos observar diversas facetas desse fenômeno no
processo social de formação do espaço.
processo que emerge a relação
O principal tipo de segregação
contraditória do espaço urbano
encontrada é socioeconômico, por
generalizado
meio da qual as classes sociais
como mercadoria,
com o valor de troca sobressaindo
distribuem se de forma desigual HNJUH
33
no espaço urbano das grandes e
As reformas urbanas realizadas
médias
forma,
em diversas cidades brasileiras
urbana
entre
surge
cidades. uma
Desta
estrutura
o
final
do
século
XX,
dualizada entre ricos e pobres,
lançaram as bases do urbanismo
uma
espacial
moderno “à moda” das periferias.
corporativa e fragmentada, onde
Eram feitas obras de saneamento
as
básico
organização elites
podem
controlar
a
e
embelezamento
produção e o consumo da cidade,
paisagístico, implantaram se as
através de instrumentos como o
bases legais para um mercado
Estado e o mercado imobiliário,
imobiliário de corte capitalista, ao
excluindo
e
abandonando
a
mesmo tempo em que a população
população
de
baixa
à
excluída
renda
desse
processo
era
própria sorte. (NEGRI, 2008, p.
expulsa para as menores franjas
150).
da cidade. (MARICATO, 2000, p. 22).
As periferias da cidade de São Paulo são frutos da segregação socioespacial ocorrida na
Harvey (2013) afirma que o investimento
cidade por meio da urbanização dos grandes
capitalista possui aspectos muito mais sombrios
centros, o que gerou grande aglomeração nessas
do que aparenta, pois, sua realização só foi
áreas e consequente espraiamento em direção as
possível por meio de
margens da cidade.
feitas a partir da ‘destruição criativa’ do espaço.
reestruturações urbanas
Essa forma de projetar o urbano quase sempre
fgvhyu
34
tem uma dimensão de classe, uma vez que são os
baixo custo dos lotes.
pobres e os marginalizados do poder político que
A mobilidade, o acesso aos equipamentos
sofrem mais com o processo” (HARVEY, 2013,
de lazer, cultura e saúde, o acesso ao transporte
n.p.).
público de qualidade e a um sistema viário bem A própria concepção urbanística
estruturado se tornam verdadeiras barreiras para
que
a população de baixa renda que habita nas áreas
presidiu
a
metropolitana expressou
a
remodelagem nesses
anos
prepotência
e
o
desprezo com que a tecnocracia dirigente tratou a qualidade de
vida
dos
que
não
Portanto, a segregação socioespacial pode
ser entendida como a dificuldade do acesso de
automóvel e não viviam nas zonas
um grupo de pessoas à cidade, que por conta de
apud TAVOLARI, 2016, p 102).
Dessa forma a população se vê sem alternativas habitacionais de qualidade e acaba por apelar para a produção própria de moradias em
segregação socioespacial já existente.
tinham
nobres da cidade. (SADER, 1988
improvisadas
periféricas, o que culmina em mais um aspecto da
locais
sem
a
menor
infraestrutura e muitas vezes em áreas de risco, em ocupações irregulares ou favelas por conta do
sua localização espacial ou classe social, não tem acesso pleno e facilitado a serviços, bens de consumo,
equipamentos,
transporte
de
qualidade, ofertas de emprego e educação. Entre as consequências, o aumento no número de descolamentos diários e o tempo de permanência em transporte público.
xcdcc 35
1.2. Direito à Cidade: apropriação e pertencimento De acordo com Lefebvre (1978) o direito à
também aos usuários:
cidade consiste em não exclusão da população
O espaço reproduz a totalidade
dos
social, na medida em que essas
benefícios
e
qualidades
que
são
transformações são determinadas
proporcionados pelo meio urbano.
por
O direito à cidade é muito mais
espaço reproduz se ele mesmo, no
acesso aos recursos urbanos: é um
interior
direito de mudar a nós mesmos,
individual, transformação
coletivo já
e
que depende
sucessivos.
essa
também aos usuários:
espaço
da totalidade social e de seus
urbanização. (HARVEY, 2013, n.p.).
concepção está ligada não só ao meio, mas
o
se um componente fundamental
para remodelar os processos de
passa por todas as instancias da sociedade, e sua
Mas
outras estruturas e, por isso, torna
exercício de um poder coletivo
democrática, aquela em que o planejamento
quando
influencia também a evolução de
do
cidade pode ser entendido como a cidade
totalidade,
produção e de seus momentos
não
Se aplicado ao contexto real o direto à
da
evolui em função do modo de
mudando a cidade. Além disso, é direito
sociais,
econômicas e políticas. Assim, o
que a liberdade individual de ter
um
necessidades
movimentos (SANTOS, 1977, p. 91).
O direito à cidade se manifesta na apropriação dos espaços públicos pela população desde sua concepção por meio de processos participativos onde a cidade acontece de forma real, como uma maneira de fortalecer as hjuhyuyyhh
36
interações sociais e a sensação de coletividade,
principalmente pelo fato de alguns projetos não
despertar
contarem com a participação popular.
a
sensação
de
pertencimento
e
promover a criação de estratégias conjuntas que visam o bem-estar coletivo.
O sentimento de pertencimento está intimamente ligado a identidade dos espaços
O acesso ao solo é fundamental, mas não
públicos, quando o indivíduo se apropria do
é suficiente, a apropriação está ligada a ter voz
espaço e pode imprimir ou encontrar fragmentos
ativa nas questões comuns ao espaço urbano,
de sua identidade no lugar torna se natural sua
questões essas que influenciam na vida de todos,
relação mais próxima com o ambiente.
“genericamente, a apropriação é o acto segundo o
[...]está
qual um sujeito toma posse de algo que não lhe
características e as questões de
pertencia e o torna próprio” afirma Narciso (2009, p. 277)
ligado
às
suas
vivência que dependem da vida prática
cotidiana.
Perceber
a
possibilidade de que um espaço
Nas periferias da cidade de São Paulo, é
qualquer possa se transformar em
comum que alguns moradores não sintam que o
um lugar e ser respeitado como
espaço público lhes pertence, estes são tidos
expressão
como propriedade de um poder maior, o governo, que é dono e responsável por estes locais,
esse
hnhhhhhhhhhh
tipo
de
pensamento
se
dá
cultural
para
a
construção da identidade por si só já constrói seu valor. (BENEVIDES, 2014, p. 101)
Sendo assim, alguns espaços implantados 37
não possuem nenhum tipo de identidade local e são completamente descaracterizados quando
inseridos no contexto pré-existente, o que pode causar a implantação de verdadeiros “elefantes brancos” que não são utilizados pela população por não se identificarem com nada neles propostos.
Dessa forma, o direito à cidade torna se fator
importante
periférico
como
no
contexto
ressignificador
socioespacial do
espaço
público, segundo Narciso (2009) a apropriação reciproca se dá com a interação do usuário com o
espaço, onde o usuário modela o espaço a partir de suas necessidades e assim os lugares tornam se receptivos aos usuários.
38
1.3. Moradia Digna: habitação social A
segregação
espacial
dos
espaços
suas moradias com processos de autoconstrução
sempre foi uma barreira para que as camadas
nas periferias da cidade, em locais distantes e
mais pobres da população tivessem acesso ao
sem
espaço da cidade de forma plena.
empreendida na periferia foi um aspecto básico
infraestrutura.
“A
casa
própria
auto
A regulamentação do mercado de
da inserção do trabalhador no processo de
aluguéis a partir de 1942, ano em
desenvolvimento de São Paulo”, afirma Bonduki
que os aluguéis foram congelados, constituiu causas
uma
da
das
principais
transformação
das
(2013, p. 307)
Sem
o
adequado
planejamento
uma
formas de provisão habitacional
grande parte da zona leste se desenvolveu de
no
forma desorganizada, sem articulação viária e em
Brasil
e
em
desestimulando
São
a
Paulo,
produção
rentista e transferindo para o estado
e
para
trabalhadores produzir
o
os
próprios
encargo
suas
de
moradias
(BONDUKI, 2013, p. 209).
Com o alto preço dos lotes nas regiões
loteamentos irregulares. Por falta de políticas públicas
abrangentes atender
para
esta
assentamentos
controlar
e
demanda
os
espontâneos
se
formam como alternativa viável a população
sem
condições
centrais e a falta de acesso a mão de obra
viabilizar
uma
especializada as famílias de baixa renda iniciam
mercado
formal.
ghgygh
hhhhhhhh
habitação
As
de pelo
favelas
39
localizadas
nos
sítios
mais
2017, p. 67)
precários e sem nenhum tipo de
Figura 2 – Mapa de distribuição das favelas no município de
traçado prévio dos lotes, foram se
São Paulo
adensando
progressivamente,
conformando uma condição mais extrema do que a dos loteamentos irregulares
(GROUSBAUM,
2012
apud MARAGNO, 2019, p. 28).
A moradia digna é uma necessidade humana básica para todo indivíduo independente de sua classe social, gênero, cor, ou localização, e o direito à habitação está diretamente ligado a qualidade
de
planejamento,
vida
e
deve
condições
ter
adequado
mínimas
de
acessibilidade e infraestrutura. "Áreas inteiras já consolidadas com infraestrutura completa ainda
N
carregam a marca de um processo de ocupação ex-post, ou seja, em que a cidade chegou muito
depois dos moradores e suas casas” (ROLNIK, Fonte: SMH/ SMUL/ CPAI
40
Com o Plano Diretor Estratégico e o
moradores, dessa forma seria possível encontrar
Estatuto da Cidade diretrizes que contemplam as
maneiras de aliar condições adequadas de
áreas periféricas foram propostas, mas pouco se
infraestrutura
vê dessas diretrizes aplicado na realidade dessas
eficiente,
áreas.
condizentes com a realidade local e o sentimento Segundo
a
habitação
acessível
adequada
ONU em
HABITAT, é
aquela
qualidade
e
localização, que não custa tanto ao
salubridade,
concepção
de
um
espaços
projeto públicos
de pertencimento daqueles que ali habitarão. Dessa forma o conceito de habitação
social se aplica no sentido de que para que um
ponto de impedir seus moradores
local seja acessível deve ser primeiro bem
de
custos
planejado dotado de condições mínimas de
básicos de vida ou ameaçam seu
acesso e trazer aqueles que irão utilizá-lo a
gozo
sensação de identidade, de que aquilo realmente
arcar de
com
outros
direitos
humanos
básicos (MOREIRA, 2019, n.p.).
Partindo
e
desse
ponto
habitação
de
lhes pertence.
interesse social é uma boa alternativa para minimizar o déficit habitacional existente na cidade de São Paulo, desde que seu projeto e
implantação seja idealizado e realizado junto aos VBGB 41
1.4. Espaços Públicos: como instrumentos ressignificadores sociais A periferia da grande São Paulo se
entidades privadas parceiras. (MAGNANI, 1998)
constitui em um espaço, que apesar da escassez
Existem nos bairros periféricos, uma
de regras do planejamento urbano e da prancheta
realidade atrelada aos processos migratórios e
de um arquiteto, confirma os mesmos objetivos
que fazem coexistir no mesmo tecido tradições de
pessoais que nos aglomerados urbanos mais
todos os cantos do país. O futebol de várzea, os
desenvolvidos. A conquista de um emprego,
bailes populares (forrós, rodas de samba, funk),
aquisição da casa própria e acesso a serviços de
batalhas de rimas, rituais religiosos, entre outras
saúde, escolas e creches e até a possibilidade de
formas de entretenimento que constituem a
lazer, são objetivos comuns.
recriação do espaço cultural e que precisam de
Estruturados pela participação popular e organizados
organizações
Com o crescimento acelerado da cidade
ligadas à igreja, pesquisadores e cientistas
de São Paulo muitos espaços ficaram sem uso ou
sociais, sociedades de amigos do bairro, grupos
de alguma forma perderam seu significado para o
de jovens, de idosos e clubes de mães, entre
local onde estão instalados e seus moradores,
outras modalidades e lutas específicas. Os
nesse contexto ressignificar espaço diz respeito a
objetivos do indivíduo com potencial abrangência
seu uso, sua função, a tornar atual algo que caiu
para a coletividade passam a ser priorizados e
em
levados ao conhecimento das esferas públicas ou
propriamente dito.
BHNH
por
membros
de
espaço para acontecerem.
desuso
ou
que
nunca
teve
um
uso
42
Como
consequência
da
falta
de
Carandiru em um grande parque que oferece
planejamento a cidade de São Paulo conta com
diversas opções de lazer cultura e educação.
inúmeros espaços que não cumprem nenhum
Figura 3 – Parque da Juventude (sem data)
tipo de função, são apenas vazios que ora tem algum tipo de uso, ora não. Dessa forma surge a necessidade de ressignificação desses espaços e necessidade de atribuir a eles novos usos.
A mudança do significado de um espaço pode ocorrer em diversas escalas, a partir de grandes projetos que visem mudar o local por completo, “apenas com estruturas pequenas, às vezes
efêmeras,
já
é
o
suficiente
para
ressignificar um espaço interno”, afirma Guidini (2018,
n.p.),
ou
mesmo
por
manifestações
artísticas e culturais. Alguns exemplos de ressignificação são o Parque da Juventude que transformou o espaço
Fonte: Caio Pimenta/SPTuris.
Já o Largo da Batata passou por um processo de ressignificação com a instalação de mobiliário
por
moradores
de
seu
próprio
entorno.
que antes abrigavam o complexo prisional do 43
Figura 4 – Mobiliário urbano no Largo da Batata (sem data)
Figura 5 – Poetisa Tawane Theodoro na final do Slam da Guilhermina (2019)
Fonte: Paulo Henrique Baumann
No aspecto das manifestações artísticas o
Fonte: Sérgio Silva/ Slam da Guilhermina
Slam - competições ou batalhas de poesia que
Os parques urbanos são importantes
dão vez e voz a poetas da periferia - Neves (2017,
instrumentos na ressignificação dos espaços
p. 92) da Guilhermina que ressignifica o entorno
porque além de trazer equipamentos de lazer
da Estação Guilhermina-Esperança, no extremo
cultura e esporte e como atrativos para os
leste da cidade de São Paulo como um local para
habitantes
manifestações artísticas.
patrimônio ambiental nas áreas urbanas.
dessas
localidades,
protegem
o
44
O
“belo”
e
o
“sublime”
que
os
desenhos
do
urbanas e em áreas rurais, caso do
movimento inglês, descrito como
Yellowstone National Park, que
picturesque,
após a sua criação em 1872, nos
conceituava
natural,
a
romântica
configuração e
pictórica
patrimônios naturais em áreas
EUA,
houve
um
avanço
passou a representar o ideal do
significativo no número de novos
século
Na
parques protegidos, inclusive no
América, os parques Central Park
Brasil onde o primeiro foi o Parque
(Nova York), 1858 e o Prospect
Nacional de Itatiaia, criado em
Park (Nova York), 1865, entre
1937. (KOCH, 2009, p. 30).
XIX
para
parques.
outros vários projetos da dupla
Desse modo a ressignificação dos espaços
Frederick L. Olmsted e Calvert
públicos atua como uma ferramenta para inserir
Vaux combinam arte e gestão. Com terrenos extensos, grandes
a população do entorno novamente nesses
lagos e massas arbóreas que
lugares, transformando seu uso de modo que
representam uma porção rural no
moradores se sintam atraídos para usufruir e até
meio urbano, responderam às
mesmo colaborar com a mudança desses locais.
condições ambientais degradantes das
cidades
industriais.
Os
parques urbanos surgiram como
forma de salvaguardar os
Em sua dissertação Daniela Friedrich (2007, p.43), defende uma ideia de parque linear
que vai além de áreas verdes e estabelece como 45
elemento estruturador do planejamento urbano em
participativo desde a concepção do parque até
áreas periféricas.
sua implantação, a apropriação desses espaços se [...]um
objeto
estruturador
de
programas ambientais em áreas urbanas, sendo muito utilizado como
instrumento
de
torna natural, por conta de os moradores já sentirem que aquele local faz parte de seu cotidiano e que lhes pertence. Portanto, um parque age como elemento
planejamento e gestão das áreas marginais
aos
cursos
buscando
conciliar
d’agua,
tanto
os
aspectos urbanos e ambientais presentes
nestas
áreas.
(FRIEDRICH, 2007, p.43).
estruturador para a qualidade de vida, no sentido
de auxiliar no manejo de aguas pluviais, criar áreas permeáveis em regiões já urbanizadas, possibilitar melhorias no microclima urbano,
A aplicação desses conceitos mostra que
capturar poeira e gases, e principalmente criar
os parques vão além de áreas verdes e passam a
polos de atividades física, culturais e de lazer para
ser elementos importantes de ressignificação
áreas negligenciadas pelo poder público. E para
urbana, principalmente em áreas periféricas
além
negligenciadas
ressignificadores de espaços que antes não
pelo
poder
público
e
com
casos
onde
funcionam
como
elementos
possuíam nenhum uso ou que seu uso não
infraestruturas deficientes. Em
disso
ocorre
o
processo
concordava com a realidade local.
jfhhfjffkfj 46
1.5. Saneamento: direito assegurado e precariedade de serviços No Brasil o saneamento é um direito
saneamento são ineficientes, dentre eles o
assegurado constitucionalmente e possui a Lei nº
manejo de aguas pluviais e a drenagem se
11.445, de 05 de janeiro que o regimenta, é
destacam negativamente, causando inúmeros
definido como:
problemas como as inundações e enchentes que [...] o conjunto de medidas que visa preservar
ou
modificar
as
condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e
As inundações podem ocorrer por conta do comportamento natural dos rios ou pela
promover a saúde, melhorar a
alteração dos corpos hídricos com projetos de
qualidade de vida da população e à
canalização e retificação, e também com a
produtividade
ocupação das várzeas e planícies de inundação de
do
indivíduo
e
facilitar a atividade econômica (INSTITUTO TRATA BRASIL, 2020, n.p.).
O
ocorrem todos os anos na cidade.
saneamento
tem
como
princípio
garantir a saúde, a segurança e o bem-estar da população, porém com o acelerado processo de urbanização ocorrido na cidade de São Paulo e
forma
irregular
e
sua
posterior
impermeabilização.
Na cidade de São Paulo podem ser observados dois tipos de inundação: Inundações de áreas ribeirinhas: são
inundações
naturais
que
ocorrem no leito maior dos rios
com o fato de que muitos sistemas existentes na
por
atualidade são muito antigos, alguns aspectos do
temporal
gbg
precipitação e do escoamento na gbhyf.
causa
da e
variabilidade espacial
da
47
precipitação e do escoamento na bacia hidrográfica; Inundações
em
Gráfico 1 – Precipitação Pluviométrica na cidade de São
razão
da
Paulo – 1939 a 2020
urbanização: são as inundações que ocorrem na drenagem urbana por
causa
do
impermeabilização
efeito do
da solo,
canalização do escoamento ou obstruções
ao
escoamento
(TUCCI, 2008, p. 105)
O aumento das temperaturas causadas pelo
aquecimento
global
tem
provocado
mudanças no regime de chuvas das cidades,
Fonte: Elaborado pela autora com base em dados do IAG e INMET, 2020
A falta de planejamento do sistema de
causando chuvas intensas e inundações em áreas
a
drenagem urbana, a alta quantidade de áreas
cresceu
impermeabilizadas, juntamente com o aumento
substancialmente nas últimas décadas como pode
do volume de chuvas que provoca repetidas
ser observado no gráfico abaixo.
inundações
urbanizadas. precipitação
Na
cidade
de
pluviométrica
São
Paulo
acabaram
por
aumentar
a
precarização de áreas já fragilizadas. Quando se volta o olhar para as periferias bbb 48
da cidade esses aspectos se potencializam, pois,
matérias, causam danos à saúde das pessoas
aliado ao processo de urbanização existe a
atingidas, pois “[...] a precariedade das condições
ocupação desordenada do solo que fez com que
de saneamento básico praticadas nos municípios
diversas regiões não recebessem o adequado
é um dos principais fatores veiculadores de
planejamento e tratamento. Com o passar dos
doenças humanas. (FOLLADOR, PRADO, PASSOS
anos essas regiões receberam pavimentação
E NOTHAFT, 2015, p.27)
transformando
grandes
espaços
em
áreas
impermeabilizadas, provocando assim o aumento do escoamento superficial, já que a agua não possui mais tantos espaços para a infiltração.
Portanto a cidade toda e principalmente as regiões periféricas possuem uma necessidade urgente de políticas públicas e soluções que visem resolver os problemas com inundações e
Nas áreas mais afastadas da cidade a
danos decorrentes de chuvas fortes, bem como a
precarização dos serviços de saneamento ficam
readequação do sistema de drenagem urbana
evidentes com esgotos a céu aberto, limpeza
limpeza de córregos e desassoreamento de rios.
urbana deficiente e serviços de drenagem urbana insuficiente o que acaba por agravar problemas como as inundações.
As
inundações
além
de
prejuízos
bbbbbbbbbbbbbbbbbbb 49
Capítulo 2 – Levantamento e Análise
50
2.1. Contexto Histórico do Jardim Helena e Entorno As subprefeituras de São Miguel Paulista
Figura 7 - Fazendo Biacica (2002)
e Itaim Paulista tem início de forma conjunta
como um único bairro, a primeira estruturou seu desenvolvimento no entorno da Capela de São Miguel Arcanjo construída em 1622 e a segunda no entorno da Fazenda Biacica, construída em 1610. Figura 6– Capela de São Miguel Arcanjo (sem data)
Fonte: Acervo Jesus Matias de Melo
Os distritos ficam localizados no extremo
leste de São Paulo Jardim Helena faz divisa ao norte com os municípios de Guarulhos e a leste com Itaquaquecetuba e Itaim Paulista e Vila Curuçá fazem divisa ao sul com o distrito de Guaianazes e a leste com Itaquaquecetuba, Poá e Fonte: Acervo Vitor Santos
Ferraz de Vasconcelos.
51
Figura 8 – Localização
Fonte: Elaborado pela autora
São Miguel Paulista é o local onde tem início a urbanização da porção norte do extremo leste da cidade que recebeu grande quantidade de
pessoas entre as décadas de 1940 e 1970 (CADERNO, 2016).
fábrica
da
Companhia
Nitro
química em 1935 ao lado da estação de
São
Miguel
com
as
suas
atividades iniciadas em 1937, foi
aberta a possibilidade de muitos empregos para mão de obra não
O início da urbanização se deu com
o
loteamento e venda das antigas fazendas coloniais que deram origem à região e posteriormente com
a construção da Companhia Nitro química. [...] o início da construção da
especializada, isto motivou a vinda de migrantes do Nordeste [...] [...] a fábrica foi o marco que alavancou
o
desenvolvimento
populacional de toda a região (MELO, 2017, p. 64)
fabrica
52
Figura 9 – Vista aérea da CIA Nitro Química em seus primeiros anos de funcionamento (década de 1940)
Com a oferta de loteamentos a preços baixos
a
região
atraiu
uma
população
predominantemente de baixa renda culminou
no
desenvolvimento
de
o que espaços
desiguais e dotados de pouca infraestrutura, a região fica aproximadamente 40 km do centro da cidade o que acaba por dificultar o acesso a
equipamentos e serviços oferecidos, visto que a maior oferta se dá na região central da capital. A Avenida Marechal Tito, a linha férrea pertencente a linha 12 - Safira da CPTM e o Rio Tietê são elementos de grande importância na
formação funcionando
territorial como
dos
eixos
três
distritos
estruturadores
do
desenvolvimento do espaço e como limites físicos entre algumas áreas. Inicialmente pertencente a subprefeitura Fonte: Memória Votorantim
de São Miguel Paulista, Itaim Paulista conquistou ggg
53
sua independência em 1980 e foi dividido em dois distritos Vila Curuçá e Itaim Paulista enquanto
São Miguel Paulista foi dividida em Vila Jacuí e São Miguel, somente em 2002 Jardim Helena conquista o status de distrito, sendo o mais jovem da região. O distrito do Jardim Helena formou-se na
planície de inundação do Rio Tietê e como consequência dessa localização a região sofre com graves problemas de inundações que são recorrentes e pioram a cada ano.
54
2.2. Levantamento e Análise do Jardim Helena e Entorno A Subprefeitura do Itaim Paulista possui
Figura 10 – Mapa de Densidade demográfica
grande densidade demográfica segundo dados do
Caderno das Subprefeituras (2016), a região conta com
373.127
habitantes
o
que
a
torna
a
subprefeitura com maior densidade demográfica da cidade, 203,2 hab/ha, a subprefeitura de São Miguel Paulista conta com 369.493 habitantes o
que o torna um município com alta densidade demográfica,186,0 hab/ ha. Tanto Jardim Helena como Itaim Paulista e
Vila
Curuçá
possuem
altos
índices
de
vulnerabilidade social de acordo com dados do
Fonte: Elaborado pela autora com base em dados do Geosampa, 2020
Itaim
A extremidade norte da Vila Curuçá e do
Paulista é o distrito com o sexto pior IDHM,
Itaim Paulista fazem parte da Macroárea de
enquanto São Miguel Paulista é o sétimo pior
Estruturação Metropolitana e o restante de seu
IDHM da cidade de São Paulo, 0,639 e 0,650
território faz parte da Macroárea de Redução da
respectivamente (CADERNO, 2016, p. 5)
Vulnerabilidade Urbana e ambos os distritos
Geosampa
(2019)
a
subprefeitura
do
hhhhhhhhh 55
estão inteiros na Macrozona de Estruturação e
de São Miguel fazem parte da Macrozona de
Qualificação Urbana (GEOSAMPA, 2019)
Estruturação e Qualificação Ambiental e da
Figura 11 – Mapa IPVS - 2010
Macroárea de Controle de Qualificação Urbana e Ambiental. Segundo
dados
do
Caderno
das
Subprefeituras (2016), os três distritos têm predominância de Zonas Mistas, 30,5% da área da
subprefeitura de Itaim Paulista e 22,1% da subprefeitura N
de
São
Miguel
Paulista
são
demarcados como ZEIS, principalmente ZEIS -1. As áreas pertencentes aos distritos do Jardim Helena e do Itaim Paulista possuem
Fonte: SMDU
A maior parte do distrito do Jardim
predominância
de
usos
residenciais,
sendo
Helena está inserido na Macrozona de Proteção e
muitas casas também utilizadas como algum tipo
Recuperação Ambiental e na Macroárea de
de comércio popular, padarias e salões de beleza,
Redução
e
por exemplo. Já no distrito da Vila Curuçá a
Recuperação Ambiental e apenas alguns trechos
predominância é de usos comerciais, como lojas e
ao longo da linha férrea e na divisa com o distrito
bancos, há também a oferta de alguns serviços,
da
Vulnerabilidade
Urbana
JJJJJJJJ
56
como Unidade Básica de Saúde e Hospital,
Figura 13 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo
formando uma pequena centralidade na região. Figura 12 – Mapa de Zoneamento
Fonte: Elaborado pela autora com base em dados do Caderno das Subprefeituras, 2020
Por se tratar de uma área de várzea do
Fonte: Elaborado pela autora com base em dados do Geosampa, 2020
Rio
Tietê
a
região
não
contou
com
um
planejamento ordenado, algumas partes possuem arruamento bem definido e quadras ortogonais, já nas regiões mais próximas ao rio e aos bbbbbbbbb 57
córregos a ocupação foi ocorrendo de forma mais
A oferta de equipamentos de educação é
orgânica, e os lotes e espaços que sobraram do
relativamente alta com diversas escolas de ensino
loteamento inicial foram sendo ocupados de
infantil, fundamental e médio, além de dois CEU’s
forma irregular formando assim algumas favelas
que abrigam alguns dos poucos equipamentos
em áreas de risco.
culturais da área. No que se relaciona ao acesso a
Figura 14 – Mapa de Loteamentos Irregulares e Favelas
escolas técnicas, ensino profissionalizante e ensino superior a região sofre com uma grande carência de tais equipamentos. Figura 15 – Mapa de Equipamentos Existentes
Fonte: Elaborado pela autora com base em dados do
Geosampa, 2020 Fonte: Elaborado pela autora com base em dados do Geosampa, 2020
58
Figura 16 – Mapa de ETEC, SENAI, SENAC e Ensino
Gráfico 2 – Gráfico de proporção da população sem acesso a
Superior
equipamentos públicos de cultura
Fonte: Elaborado pela autora com base em dados do Fonte: Elaborado pela autora com base em levantamento
Caderno das Subprefeituras, 2020
Na área da saúde a oferta é muito
feito a partir do Google Maps, 2020
O acesso a equipamentos de cultura é
pequena, considerando que uma região tão
difícil
barreira
adensada conta com apenas um hospital e
espacial, levando em conta que a maior oferta
algumas unidades básicas de saúde ou pronto
desse tipo de equipamento se dá nas regiões
atendimento, entre os distritos da região o
centrais,
Jardim Helena é o que possui a menor cobertura
muito
o
principalmente
que
torna
pela
necessário
deslocamentos para acessa los.
grandes
de UBS.
59
Gráfico 3 - Gráfico do coeficiente de cobertura na atenção básica de saúde
A verdes
região
e
possui pouquíssimas
parques,
temperaturas
da
o
áreas
que
se
reflete
e
no
escoamento
região
nas
ineficiente das aguas pluviais, que causa graves problemas com inundações. Como consequência da forte urbanização ocorrida em toda cidade a região possui um Gráfico 4 - Gráfico de população residente a mais de 1km de
parques
território muito adensado e com poucos terrenos vazios,
existindo
alguns
lotes
que
são
subutilizados e lotes que são ocupados em sua totalidade, a predominância é dos cheios sobre os vazios em quase todo o território.
A Macrodrenagem na região é um grande problema, pois por se tratar de uma área de várzea do Rio Tietê a inundações são constantes e se agravaram nos últimos anos com aumento das Fonte: Elaborados pela autora com base em dados do Caderno das Subprefeituras, 2020
cheias e com a impermeabilização excessiva do solo, algumas áreas que atuavam como como uma espécie
60
espécie de piscinões foram impermeabilizadas intensificando
ainda
mais
o
problema
Figura 17 – Mapa de cheios e vazios
em
algumas regiões, um exemplo é uma parte da Vila Seabra que mesmo com chuvas pouco volumosas já tem suas ruas invadidas pela agua, e nem sempre essa agua vai embora o final da chuva, chegando a ficar represada por até três meses.
CHEIOS VAZIOS
O local conta com uma linha férrea que faz parte da Linha 12 - Safira da CPTM e liga a zona leste ao centro da cidade, conta também
Fonte: Elaborado pela autora com base em dados do Geosampa, 2020
Figura 18 – Mapa de Macrodrenagem
com diversas linhas de ônibus que a conectam a outros pontos da cidade além do centro e fazem
trajetos circulares dentro dos distritos, apesar de as bicicletas serem um meio de transporte muito utilizado a rede cicloviária é bem pequena e contempla apenas algumas ruas de toda a região, Fonte: Elaborado pela autora com base em dados recolhidos através de entrevistas com moradores da região, 2020
61
muito disso se dá pelo fato de as ruas nem sempre terem um calçamento de qualidade e por
terem larguras que nem sempre são adequadas a implantação de ciclofaixas. Figura 19 – Mobilidade Urbana
62
2.3. Legislação: estudo dirigido segurança, a previdência social, a
A seguir serão apresentadas a legislação utilizada
como
instrumento
para
proteção
o
infância,
direcionamento, embasamento e viabilização da
maternidade
a
e
assistência
a aos
desamparados, na forma desta
proposta desenvolvida. 2.3.1.
à
constituição (BRASIL, 1988, n.p.).
Constituição
da
República
Federativa do Brasil
No artigo 23º a Constituição dispõe sobre a responsabilidade da promoção desses
A Constituição Federal foi aprovada pela
direitos:
Assembleia Nacional Constituinte em 22 de
Art. 23. É competência comum da
setembro de 1988 e promulgada em 5 de outubro
União, dos Estados, do Distrito
de 1988, e age como ordenador jurídico máximo,
Federal e dos Municípios:
seu início se deu após o fim da ditadura militar que ocorreu no país entre 1964 e 1985.
construção
de
melhoria
Em seu artigo 6º dispõe sobre os direitos
moradias
das
e
a
condições
habitacionais e de saneamento básico;
sociais de todo cidadão brasileiro: Parágrafo
IX – Promover programas de
único.
São
direitos
X
–
Combater
sociais a educação, a saúde, a
pobreza
alimentação,
marginalização,
o
trabalho,
a
e
as
os
moradia, o transporte, o lazer, a
integração
jjjjjjjj
jjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjj
causas fatores
promovendo
social
dos
da de a
setores
63
desfavorecidos;
(BRASIL,
1988,
n.p.)
Desse modo entende-se que a moradia digna, o lazer, a saúde e o trabalho são garantidos constitucionalmente, e assim sendo cabe ao Estado e demais instancias federativas garantir que esses direitos sejam cumpridos.
2.3.2. Estatuto da Cidade: Lei nº 10.257 de 10 de julho de 2001 O estatuto da cidade visa regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição Federal que conformam o capítulo relativo à política urbana
regulamentando o uso da propriedade urbana em benefício do interesse público. Alguns de seus objetivos principais são a gestão democrática, a justa distribuição do que os espaços oferecem, direito a cidade, e reúne
importantes
instrumentos
tributários e jurídicos que afirmam a efetividade dos planos diretores.
A gestão democrática objetiva garantir a participação popular nas decisões de interesse público para assim encontrar, de forma conjunta, as melhores soluções para as questões relativas ao meio urbano. A justa distribuição do que o
espaço oferece busca garantir a equidade do acesso aos serviços, equipamentos urbanos e toda a infraestrutura urbana existente ou proposta. O direito a cidade propõe que todo cidadão tem direito a terra urbana, à moradia
digna,
saneamento
ambiental,
infraestrutura
urbana, transporte, serviços públicos, trabalho e lazer, e que tais direitos sejam garantidos para a geração atual e para as futuras.
urbanísticos,
hhhhhhhhhhhhhhhhh 64
2.3.3. Sistema Nacional de Habitação de
produção de habitação social no território urbano
Interesse Social: Lei nº 11.124, de 16 de junho de
cria o Fundo Nacional de Habitação de Interesse
2005
Social com o propósito de “[...] centralizar e O SNHIS tem como objetivos principais:
gerenciar
os
menor renda o acesso à terra
destinados a implementar políticas habitacionais direcionadas à população de menor renda”
e
(BRASIL, 2005, n.p.), e seus recursos devem ser
programas de investimentos e
destinados à programas de habitação de interesse
subsídios,
e
social, assistência técnica gratuita, conforme
viabilizando o acesso à habitação
previsto na lei nº 11.188, de 2008 e a regularização
II
–
implementar
políticas
promovendo
voltada à população de menor renda; e III
–
articular,
compatibilizar,
acompanhar e apoiar a atuação
fundiária.
2.3.4. Parcerias Público Privadas: Lei nº 11.079 de 30 de dezembro de 2004
das instituições e órgãos que
Sancionada em 30 de dezembro de 2004,
desempenham funções no setor da
a Lei das PPP’s, como é popularmente conhecida,
habitação (BRASIL, 2005, n.p.).
jjjjjjjjjjjjjjjjjjjjj
para
programas estruturados no âmbito do SNHIS,
sustentável;
de
orçamentários
I – viabilizar para a população de urbanizada e à habitação digna e
Além
recursos
estabelecer
objetivos
para
se faz necessária no sentido de fazer cumprir o bbbbbbbbbbbbbb 65
que estabelece a Constituição Federal, para tal o
ainda que envolva execução de
Estado se une a iniciativa privada para juntos
obra ou fornecimento e instalação
viabilizarem soluções para os déficits existentes. Art. 2º Parceria público-privada é o
contrato
na
As PPP’s agem no sentido de viabilizar
de
projetos que possam ser muitos custosos para o
modalidade
poder público e para os cidadãos, dessa maneira
administrativo
concessão,
de bens (BRASIL, 2004, n.p.).
patrocinada ou administrativa.
permite a aprovação dos mesmos possibilitando a
§ 1º Concessão patrocinada é a
implantação e a oferta de empreendimentos.
concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de
2.3.5. Lei de Saneamento Básico: Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007
envolver,
Estabelece diretrizes para o saneamento
adicionalmente à tarifa cobrada
básico em âmbito federal, alguns de seus
dos
princípios fundamentais são:
1995,
quando usuários
contraprestação
pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. § 2º Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta,
Art. 2º Os serviços públicos de saneamento
básico
serão
prestados com base nos seguintes princípios
fundamentais:
I
-
universalização do acesso;
I - universalização do acesso;
66
III
-
abastecimento
esgotamento
de
sanitário,
água,
limpeza
urbana e manejo dos resíduos sólidos
realizados
de
formas
adequadas à saúde pública e à
2.3.6.
Área
de
Proteção
Ambiental
Várzeas do Rio Tietê: Lei Estadual nº 5598, de 06
de janeiro de 1987 - Decreto Estadual nº 42.837, de 03 de fevereiro de 1998 A Área de Proteção Ambiental Várzea do
proteção do meio ambiente; IV - disponibilidade, em todas as
Rio Tietê foi instaurada pela Lei Estadual nº 5598,
áreas urbanas, de serviços de
de 06 de fevereiro de 1987 e regulamentada pelo
drenagem e de manejo das águas pluviais adequados à saúde pública
Decreto Estadual n° 42.834, de 03 de fevereiro de
e à segurança da vida e do
1998, e tem como principal objetivo “[...]proteger a
patrimônio
várzea e planícies aluvionares do Rio Tietê com
público
e
privado
(BRASIL, 2007, n.p.).
A lei dispõe ainda sobre a criação de um
vistas ao controle das enchentes considerando suas
características
geomorfológicas,
Plano Nacional de Saneamento Básico e de planos
hidrológicas e sua função ambiental” (SÃO
regionais que tracem objetivos e metas para a
PAULO, 2013, n.p.).
universalização do acesso a serviços básicos de
Art. 3.º - Na área de proteção
saneamento.
ambiental ficam proibidos, salvo onde vier a ser indicado quando da
regulamentação da presente lei:
67
I - o parcelamento do solo para
das coleções hídricas,
fins urbanos;
V - a remoção da cobertura vegetal
II - a implantação de indústrias ou
natural. (SÃO PAULO, 1987, n.p.).
a expansão daquelas existentes; III - a realização de obras de terraplenagem e a abertura de canais que importem em sensível
A APAVRT se estende por 7400 hectares e abrange os municípios de São Paulo, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Poá, Suzano, Mogi Das Cruzes,
alteração das condições ecológicas
Biritiba Mirim, Salesópolis, Osasco, Carapicuíba,
locais;
Barueri e Santana de Parnaíba.
IV - o uso de técnicas de manejo do
solo
capazes
de
provocar
erosão das terras ou assoreamento
Figura 20 – Mapa APA Várzeas do Tietê
Fonte: DAEE adaptado pela autora
68
2.3.7.
Plano
Diretor
Estratégico
produtiva
da
com
2014, n.p.)
de 2014 Cidade de São Paulo foi aprovada em 30 de julho
sobretudo,
qualidade de vida (SÃO PAULO,
Cidade de São Paulo: Lei nº 16.050 de 31 de julho A revisão do Plano Diretor Estratégico da
e,
Em seu artigo 5º dispõe sobre princípios que regem a política de desenvolvimento urbano: § 1º Função Social da Cidade
de 2014 e publicada em 31 de julho de 2014, o PDE
compreende o atendimento das
foi desenvolvido por meio de consultas públicas
necessidades dos cidadãos quanto
com a sociedade e processos participativos.
à qualidade de vida, à justiça social,
Elaborado com a participação da
ao acesso universal aos direitos
sociedade, o PDE direciona as
sociais
ações dos produtores do espaço
socioeconômico
urbano, públicos ou privados, para
incluindo o direito à terra urbana,
que o desenvolvimento da cidade
à moradia digna, ao saneamento
seja feito de forma planejada e
ambiental,
atenda às necessidades coletivas
urbana, ao transporte, aos serviços
de toda a população, visando
públicos, ao trabalho, ao sossego e
garantir
ao lazer. (SÃO PAULO, 2014, n.p.).
uma
cidade
mais
Portanto
moderna, equilibrada, inclusiva, ambientalmente vvvvvvvvvvvvvvvvvvv
responsável,
o
PDE
e
ao
à
visa
desenvolvimento e
ambiental,
infraestrutura
orientar
o
crescimento das cidades garantindo que todos os bbbb 69
cidadãos tenham acesso pleno a moradia digna,
populacional
condições mínimas de infraestrutura, lazer,
econômicas
esporte e saúde. 2.3.8.
Lei
de
Parcelamento,
Uso
e
públicos,
das e
a
atividades
atividades
dos
serviços
diversificação e
a
de
qualificação
paisagística dos espaços públicos
Ocupação do Solo: Lei nº 16.402 de 22 de março
de forma a adequar o uso do solo à
de 2016
oferta
A LPUOS pretende “normatizar a ação
pública e privada sobre as formas de uso do solo da cidade” (SÃO PAULO, 2016, n.p.), e foi
de
Territórios
diversificação
reconhece
adensamento
um
território
estruturado e que deve funcionar integrado, para viabilizar a estruturação a cidade foi dividida em três partes:
qualificação:
residenciais existentes, o fomento
que durou cerca de vinte e um meses. A lei como
de
buscam a manutenção de usos não às
cidade
público
coletivo [...]
concebida através de um processo participativo a
transporte
atividades
moderado, diferentes
produtivas, de
usos
a
ou
o
populacional
a
depender
localidades
das que
constituem esses territórios [...] Territórios de preservação: áreas
Territórios objetiva
de a
adensamento
transformação: promoção
construtivo
bbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbb
em que se objetiva a preservação
do
de bairros consolidados de baixa e
e
média densidades, de conjuntos jjjjjjjjjjjjjjjjjjjjj
70
urbanos específicos e territórios destinados
à
promoção
atividades
de
econômicas
sustentáveis
conjugada
com
a
preservação ambiental, além da preservação
cultural
[...]
(SÃO
PAULO, 2016, n.p.).
Sendo a assim o principal objetivo é
promover avanços na qualidade de vida dos cidadãos
por
meio
do
“[...]equilíbrio
do
funcionamento das atividades e da garantia de que
as
ações
acompanhadas
futuras de
na
medidas
cidade de
venham
qualificação
ambiental, social, econômica e cultural” (SÃO PAULO, 2016, n.p.).
71
2.4. Estudo de Casos: Projetos urbanos, ambientais com vocação social nas periferias das cidades 2.4.1. Programa Mananciais
dessas
O Programa de Saneamento, Proteção
capacitação profissional, incentivando a criação
Ambiental e Recuperação da Qualidade das Águas
de cooperativas de trabalho e o desenvolvimento
em Áreas Degradadas de Manancial Hídrico das
de calendários esportivos e culturais, essas
Bacias
iniciativas seriam feitas em parceria com ONG’s,
Guarapiranga e
Programa
Mananciais
Billings, visa
ou apenas
promover
maior
regiões,
promovendo
cursos
de
movimentos populares e outras entidades.
qualidade de vida a população que reside em
A importância do programa pode ser vista
favelas e loteamentos irregulares existentes no
por seus números, desde 1996 mais de trinta e
entorno das represas Guarapiranga e Billings,
oito mil famílias foram beneficiadas diretamente,
responsáveis pelo abastecimento de mais de 4
sendo dezesseis mil moradoras de favelas e vinte
milhões de habitantes na Região Metropolitana
e duas mil moradoras de loteamentos irregulares,
de São Paulo, bem como oferecer recuperação
segundo dados do Jornal da Habitação (2008,
ambiental das áreas de preservação natural
n.p,).
estimulando a diminuição da segregação e da desigualdade social (SÃO PAULO, 2013 apud OLIVEIRA, 2018, p.59). O
programa
prevê
também
a
requalificação socioeconômica dos moradores hhhhh
72
2.4.1.1. Parque Cantinho do Céu
ocupação irregular passou por um intenso
Autor: Boldarini Arquitetura e Urbanismo
processo de degradação, atualmente a região
Local: Grajau, São Paulo – SP
integra o programa Mananciais.
Ano: 2008 – 2011
O Parque Cantinho do Céu, figura como
Área: 1.500.000 m²
um importante projeto de espaço público na
População Beneficiada: 9800 pessoas
cidade de São Paulo por possibilitar melhorias na
Figura 21: Vista aérea do Cantinho do Céu às margens da
qualidade de vida dos moradores da região que
Represa Billings antes das intervenções
margeia a represa e ainda trazer para os moradores uma sensação de pertencimento, o parque alia qualidade de projeto, um belo paisagismo
e
equipamentos
de
lazer
e
entretenimento para a população.
O projeto foi concebido de modo a utilizar as margens como conexão entre os setores de definidos e preservar os recursos naturais Fonte: Fabio Knoll/ Acervo SEHAB
O Cantinho do Céu se desenvolveu na
existentes
como
estratégia
para
atenuar
a
segregação espacial.
área de várzea da Represa Billings que com a ocupação vfvfv
73
Figura 22 – Implantação da primeira etapa do Cantinho do
entre outros, e também integrar la ao restante da
Céu
cidade. Figura 23 – Integração das áreas verdes com as demais áreas do projeto.
Fonte: Daniel Duchi Fonte: Boldarini Arquitetura e Urbanismo, 2008 – 2011
As ruas assumem papel fundamental na
A proposta visa dotar a região de
proposta, essas foram classificadas de acordo
infraestrutura urbana por meio da implantação
com o tráfego e partir dessa classificação os tipos
de um parque que traga diversos equipamentos
de
como
de
tradicional para as ruas de maior tráfego, e
contemplação, pistas de skate, playground, decks,
pavimento intertravado para as de menor trafego,
quadras
de
esportes,
espaços
pavimentação
foram
definidos,
asfalto
74
pavimentação
essa
que
contribui
para
a
Como
referência
projetual
sua
drenagem das águas pluviais. “As áreas livres
importância se expressa na forma como o projeto
atuam então como um sistema de áreas verdes,
de desenvolveu com processos participativos,
associando
à
ouvindo os moradores, respeitando a história
preservação da margem, com a manutenção e
local e visando prover uma região já consolidada
reconstituição de espécies vegetais nativas”
e com inúmeras deficiências de opções de lazer,
(ARCHDAILY, 2013, n.p.)
esporte e ainda propondo formas de minimizar
Figura 24 –Rua com pavimento intertravado e calha de
uma grande problemática local que são as
escoamento central para evitar que a água vá para as casas
inundações.
usos
de
recreação
e
lazer
Figura 25 – Deck e áreas de lazer após a implantação
Fonte: Gabriel Mota
Fonte: Daniel Ducci
75
2.4.1.2. Parque Novo Santo Amaro V
área de fundo de vale, a área integra o Programa
Autor: Vigliecca & Associados
Mananciais, por esta no entorno da Represa
Local: Parque Independência, São Paulo – SP
Guarapiranga.
Ano: 2009 - 2012
A região era muito adensada, possuía
Área: 21900 m²
lotes irregulares e ruas muito estreitas e
População Beneficiada: 201 famílias
longilíneas dificultando a locomoção, “para ter
Figura 26 – Parque Independência antes da intervenção
acesso à escola as crianças tinham de atravessar
um córrego poluído ou caminhar bastante para contornar a quadra” (VITRUVIUS 2018, n.p.). Para fomentar a apropriação dos espaços por parte dos moradores o projeto procurou se inserir na paisagem urbana recuperando usos
existentes e implantando espaços públicos com permeabilidade urbana que ficam situados nas Fonte: Vigliecca & Associados, 2009 – 2012
Localizado na zona sul de São Paulo, o Parque Independência cresceu e se desenvolveu em uma área
extremidades do terreno para criar fluxos constantes de pessoas dando maior sensação de segurança para os moradores e usuários.
vb
76
Figura 27 – Implantação Parque Novo Santo Amaro V
Fonte: Archdaily, 2009 – 2012
O conjunto habitacional age como agente
lololol
famílias
serão
realocadas
nas
unidades
integrador entre a história local e o projeto
habitacionais criadas que também possuem um
proposto, foi pensado de forma a se adaptar a
excedente visando atender a demanda de outras
topografia local e com edifícios escalonados de 3 a
áreas da região.
7 pavimentos, o que cria dinamicidade na forma
O parque linear conta com mobiliário
como o conjunto se apresenta na paisagem. As
urbano, playground, quadra de futebol, pista de
vgvgv
nnh 77
skate, anfiteatro, um clube e uma associação de
Figura 29 – Áreas de permanência do parque linear
moradores, seu desenho se utiliza da topografia
para criar áreas de permanência por meio de patamares, degraus e bancos. Figura 28 - Integração entre espaços de lazer e habitações Parque Novo Santo Amaro V
Fonte: Archdaily, 2014
A importância do projeto como referência se dá pela forma como a cultura e a história local foram Fonte: Fonte: Vigliecca & Associados, 2009 - 2012
parte
importante
na
concepção
da
proposta e como os espaços públicos trabalham de forma a atrair a população local para usufruir dos mesmos e assim ressignificar esses espaços.
78
Capítulo 3 Propostas
79
3.1. Área de Intervenção Figura 30 - Setorização
Fonte: Elaborado pela autora
80
A área de intervenção foi dividida em três setores, sendo eles: Setor 1: que abrange parte da Vila Seabra
Setor 2: que abrange a Vila Aimoré, o Jardim Aimoré e a Vila Alabama Figura 32 – Setor 2
e o Jardim Fluminense. Figura 31 – Setor 1
C
C
D
D
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
81
Setor 3: que abrange a Vila Itaim e o Jardim Itaim. Figura 33 - Setor 3
Fonte: Elaborado pela autora
82
3.2. Diagnóstico e Diretrizes Projetuais 3.2.1.
Aguas
pluviais:
drenagem
e
destinação para reuso
próximas aos corpos hídricos e telhados verdes nas habitações de interesse social e demais
Com o intuito de minimizar os problemas das inundações e alagamentos o presente projeto visa dotar a região de sistemas de micro e
equipamentos propostos. 3.2.2. Eixos de estruturação para fomento do comércio local
macrodrenagem por meio de canteiros pluviais,
Visando fomentar o comercio local e
extensa arborização viária, implantação de dois
promover a geração de novos empregos, bem
parques lineares que funcionaram como áreas
como reduzir os deslocamentos diários até postos
para infiltração, implantação de um parque
de trabalho distantes, serão implantadas ruas
urbano que contará com lagoas secas (lagoas de
comerciais com pequenos comércios instalados
detenção), uma bacia de detenção vegetada,
em contêineres reformados e adequados a esse
extensa forração, pisos permeáveis e hortas que
tipo de uso, que possam atender a população
contarão com painéis fotovoltaicos transparentes
local, um centro comercial, e haverá novas
para a geração de energia elétrica que possa ser
qualificações urbanas no eixo da linha férrea para
utilizada no próprio parque, também serão
intensificar o uso comercial existente e a oferta
implantadas intersecções viárias vegetadas, uma
de serviços.
bacia de detenção vegetada em um parque
3.2.3. Eixos de renovação habitacional
existente,
Com o propósito de dar condições de
pequenas
praças
vvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvv
para
infiltração
bbbbbbbbbbbbbbbbb
83
moradia
digna
as
famílias
residentes
em
assentamentos precários ao longo da Várzea do
Rio
Tietê,
nas
favelas
existentes
e
3.2.5. Eixo de reestruturação ambiental e circuito de lazer, cultura e esportes
nos
Como forma de diminuir a demanda por
loteamentos irregulares, conforme prescrito na
equipamento de lazer e esporte os parques
legislação (ver cap. 2, p. 65) serão implantadas
lineares e urbano implantados contarão com
habitações de interesse social, implantadas em
quadras
locais dotados de infraestrutura e com boas
playground, academias ao livre, além de áreas de
condições de salubridade.
permanência e um bicicletário, será implantada
3.2.4. Eixos de educação e formação profissional Com a alta densidade e a presença de
poliesportivas,
pistas
de
skate,
uma grande praça no eixo da linha férrea, um parque urbano, além da requalificação de praças já existentes.
muitas crianças e jovens na região serão
Com o intuito de fomentar a cultura local
implantadas uma creche para suprir parte da
serão implantados um anfiteatro e uma extensa
demanda existente na região, uma ETEC, um
praça de eventos que poderá sediar eventos como
SENAC e um SENAI para que os jovens tenham
feiras e quermesses, por exemplo, a praça
acesso a qualificação profissional técnica sem
funciona também como praça para infiltração por
necessidade de grandes deslocamentos pela
estar próxima ao Rio Tietê e ao Córrego Itaim.
cidade. 84
3.2.6. Eixo de estruturação da saúde pública
Para atender parte da demanda existente por unidades de saúde, será implantado uma UBS e será feita a qualificação das unidades já existentes na Vila Itaim e no Jardim Aimoré, por meio do tratamento paisagístico e da implantação
de telhados verdes para captação de aguas pluviais como uma maneira de diminuir custos com a manutenção das unidades.
85
3.3. Projeto
B
Figura 34 – Implantação
A
B
A
Fonte: Elaborado pela autora.
86
Figura 35 – Corte AA – Urbano
Parque Linear
Figura 36 – Corte BB – Urbano
Parque Urbano
HIS
Parque Urbano
Fonte: Elaborados pela autora.
87
Figura 37 – Corte CC – Parque Urbano e HIS
Lagoa de detenção
Lagoa de detenção
GMR
HIS
Figura 38 – Detalhe Corte DD – Galeria Multidimensional Rodoviária
GMR Canteiro Pluvial
Fonte: Elaborados pela autora.
88
Figura 39 – Perspectiva Parque Urbano
Fonte: Elaborado pela autora – Render: Renan Kayo
89
Figura 40 – Perspectiva Parque Urbano
Fonte: Elaborado pela autora – Render: Renan Kayo
90
Figura 41 – Horta Comunitária Parque Urbano
Fonte: Elaborado pela autora
91
Figura 42 – Bacia de detenção com quadra poliesportiva
Fonte: Elaborado pela autora
92
Figura 43 – Bacia de detenção com quadra poliesportiva e pista de skate
Fonte: Elaborado pela autora
93
Figura 44 – Praça Molhada Parque Urbano
Fonte: Elaborado pela autora
94
Figura 45 – Quadra Poliesportiva Parque Urbano
Fonte: Elaborado pela autora
95
Figura 46 – Área de Permanência Parque Urbano
Fonte: Elaborado pela autora
96
Figura 47 – Playground Parque Urbano
Fonte: Elaborado pela autora
97
Figura 48 – Cachorródromo Parque Urbano
Fonte: Elaborado pela autora
98
Figura 49 – Rua Comercial
Fonte: Elaborado pela autora – Render: Renan Kayo
99
Figura 50 –Centro Comercial
Fonte: Elaborado pela autora
100
Figura 51 – Corte DD - HIS
Fonte: Elaborado pela autora
101
Figura 52 – Detalhe Corte DD – GMR e Sistema de Captação de Água da Chuva
Fonte: Elaborado pela autora
102
Figura 53 – Perspectiva HIS
Fonte: Elaborado pela autora - Render: Renan Kayo
103
Figura 54 – Planta Tipologia de Apartamento 1 – 58m²
Figura 55 – Planta Tipologia de Apartamento 2 – 48m²
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
104
Figura 56 – SENAC
Fonte: Elaborado pela autora
105
Figura 57 – SENAI
Fonte: Elaborado pela autora
106
Figura 58 – Creche
Fonte: Elaborado pela autora
107
Figura 59 – ETEC
Fonte: Elaborado pela autora - Render: Renan Kayo
108
Figura 60 – Praça de Eventos
Fonte: Elaborado pela autora
109
Figura 61 – Anfiteatro
Fonte: Elaborado pela autora
110
Capítulo 4 Considerações Finais
111
Conclusão A periferia da cidade de São Paulo se
ano a ano.
transformou de forma rápida nas primeiras
A legislação consultada e aplicada na
décadas do século XX, sua ocupação se deu de
concepção da proposta trata de forma abrangente
forma desordenada, aliado a isso a falta de
diversas problemáticas da área, e são vias para a
planejamento e a falta de políticas públicas, essas
execução do projeto proposto e suas diretrizes.
regiões se tornaram cidades a parte da “cidade formal”.
projeto aqui proposto tenha foco em uma região
Após as analises, feitas, as visitas de campo
É preciso deixar claro que embora o
com
poderia ser feita em qualquer região periférica da
moradores, comerciantes e lideres comunitários
cidade de São Paulo, tendo em vista que o
da região, fica evidente a necessidade de uma
processo de urbanização desordenado ocorreu
intervenção urbana no sentido de diminuir a
em toda a cidade, criando assim diversos pontos
precariedade existente, nas áreas da saúde,
de precariedade ao longo da cidade.
esporte,
realizadas
lazer,
e
as
cultura,
entrevistas
especifica, sua metodologia de estudo e aplicação
infraestrutura
de
Dessa forma o projeto visa dotar a região
drenagem, assentamentos precários e sistema
de infraestruturas inexistentes ou deficientes,
viário, por conta do grande adensamento e da
para que assim seus moradores possam sentir se
falta de planejamento de seu crescimento a
inseridos na cidade real, e não mais a margem.
região possui diversas problemáticas que pioram 112
Capítulo 5 Referências
113
Referências ARCHDAILY. Urbanização do Complexo Cantinho do Céu. 2013. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/157760/urbanizacao-do-complexo-cantinho-do-ceu-slash-boldarini-
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da casa própria. 6. ed. São Paulo: Estação Liberdade, 2013. 344 p. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília. DF: Senado, 1998 BRASIL. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Estatuto da Cidade. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm. Acesso em: 19 maio 2020. BRASIL. Lei nº 11.124, de 2005. Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social. Disponível em:
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119
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120
Anexos
121
Entrevistas Foi abordando
elaborado algumas
um
questões
questionário relativas
Interfere em tudo, porque quando elas
as
vêm, normalmente no final de dezembro até o
inundações e suas consequências, como alguns
mês de fevereiro que é o pico da chuva, que alaga
moradores são também comerciantes algumas
sempre, é criança passando por aqui, a gente que
perguntas foram incluídas ou adaptadas, há
trabalha que tem que sair todos os dias 4hs da
também os casos onde os moradores trabalham
manhã, aí tem que pisar na agua, porque a agua
junto a população como líderes comunitários e
agora demora, trinta, quarenta, cinquenta dias
agentes da saúde.
para baixar. Então interfere em tudo, eu já perdi
Entrevista 1 – Concedida via WhatsApp em 23/05/2020 Nome, sobrenome, ocupação e tempo que reside no local
André Luigi de Sousa Braga, Segurança privada, 26 anos na mesma rua. Mora em qual rua?
emprego por conta de faltas devido a enchente, isso é meio complicado, quando ocorre a enchente a gente fica ilhado naquela região, umas cinco ruas paralelas ao rio, em todas elas a gente
fica ilhado. Sempre ocorreram inundações na área? Sim, sempre ocorreram, são 26 anos que
Simão Rodrigues Moreira, Vila Seabra.
eu moro lá e eu me lembro que desde criança
Como as inundações interferem no seu
sempre teve, como é uma área de várzea, na
dia a dia?
época como a zona leste sempre foi o lado mais ggggggggggg
122
barato pra pessoas de baixa renda conseguirem
maior causador de problemas que nós temos
comprar o seu terreno, foi lá que meus pais
passado nos últimos tempos, de uns três anos
escolheram morar, quando eles chegaram lá
para cá, foi um projeto mal feito pelo DAEE, a
ainda tinha a lagoa muito próxima do nosso
nossa vida na região piorou muito, porque as
terreno.
aguas que passavam e iam rápido para o rio elas
Algum fator piorou ou melhorou o escoamento das aguas nos últimos anos?
passaram a represar e ficar meses parada na rua. Então toda aquela estrutura que nós criamos ao
Sempre teve enchente lá, mas nunca
longo dos anos para as nossas casa, que foi
tinha ficado represado agua nas ruas para a gente
aterrar as casas, colocar comporta, e todo tipo de
sofrer assim quarenta dias, cinquenta dias, o
proteção que nós colocamos nas casas acabou não
tempo maior que a gente passou foi noventa e
tendo mais serventia porque a agora a agua não
três dias com agua podre na rua, o que agravou
passa e vai embora, agora ela represa, e o maior
isso foi o Parque Biacica, um mau projeto que foi
culpado disso foi o parque, porque antes na parte
feito, eles esqueceram a população que mora ao
de trás desse parque existia uma espécie de
redor e pensaram somente em proteger o
piscinão natural, de aproximadamente sete ou
parque, então onde a agua corria, deixou de
oito metros de profundidade, que se estendia da
passar porque o parque foi criado.
Vila Seabra até o Bairro dos Pimentas (Guarulhos)
O Parque Itaim Biacica foi na verdade o bhbhy
era um piscinão gigante e tudo foi aterrado para bhhhhh
123
fazer o parque e ele ficasse seguro, só que não pensaram nos moradores dos arredores.
O prejuízo é grande, são vinte e seis anos morando nesse lugar e vinte e seis anos de
Existe uma barragem é conhecida como
prejuízo que nós já tivemos, moveis, colchão,
Barragem da Penha essa barragem ela foi criada
prejuízo com lavagem de carro, inúmeras coisas,
para que as marginais não alagasse mais, então o
perda de documentos, é tanta coisa que não dá
que acontece todos os rios que caem dentro da
para fazer uma lista certinha.
marginal tietê, dentro dos rios, Tietê e do rio
pinheiros, é represado antes para eles terem um
Precisou adaptar a casa em função das
inundações?
controle para que não alague as marginais, então
Algumas pessoas que chegaram depois
esse é um dos fatores que atrapalha bastante,
construíram ruas casas mais altas, quem tinha a
porque a água fica represada essa água que está
casa muito baixa aterrou para ficar mais alta, a
represada ela procuraria outro lugar mesmo
próprias calçadas das ruas são todas altas,
tendo essa represa ela procuraria este piscinão
justamente uma adaptação que nós fazíamos para
natural, que antes tinha que suportava toda essa
poder evitar que as enchentes entrassem em
água que vinha com isso ficava água represada
nossas casas, o que evitava pouco, dependendo da
nas ruas, somente nesses piscinões naturais ao
enchente entrava também, comportas, essas são
redor de todos esses braços do Rio Tietê.
as adaptações, mas nos últimos três anos essas
Já perdeu bens nas inundações?
adaptações não têm mais serventia. 124
Já
contraiu
alguma
doença
ou
se
acidentou por conta das inundações?
Sim,
febre,
vômito,
Como os moradores lidam com as dificuldades impostas pelas inundações?
problemas
A gente se adapta a tudo, na realidade
respiratórios quando a agua fica represada, ela
precisa levar uma criança na escola, onde vai
fica preta e apodrece e fica um odor horrível, a
levar a criança? Vai no colo, no pescoço, você
rua vira o esgoto na realidade, deixa de ser agua
precisa sair para trabalhar de manhã cedo tem
corrente, vira agua parada e transforma tudo em
que pisar na água, você pega uma garrafa com
esgoto. Quando a gente passa para ir trabalhar,
água um vidro pequeno com álcool, depois que
para viver a vida, a gente vê vermes, ratos, fezes,
sai da água, você lava os pés e passa o álcool
um monte de sujeiras dentro da agua, com tanto
colocava o tênis e segue, mesma coisa na hora da
tempo que a agua fica parada na frente da sua
volta para casa, a realidade é tudo adaptação para
casa fica impossível não ver muita coisa nojenta
poder não parar a nossa vida, porque todos são
Quanto tempo a água demora para baixar normalmente?
trabalhadores
então
é
complicado,
eu
por
exemplo tive que faltar alguns dias, porque em
Depois do Núcleo Itaim Biacica ter sido
uma enchente minha filha tinha acabado de
criado, já passou 93 dias, depois 20 dias, 40 dias, é
nascer e eu tive que faltar, a empresa não
sempre assim.
entendeu e me dispensou porque mesmo com as declarações da Defesa Civil e tudo. 125
Existem
associações
de
bairro
que
já em 2019 para 2020 foi o lançamento do Núcleo
trabalhem essas questões e defendam os direitos
Itaim Biacica, então com isso a mídia veio cobrir
dos moradores nesse sentido?
esse lançamento só que quando chegaram parar
Essa eu não sei te falar, porque a
falar do parque notaram que nas ruas aos redores
Associação que se diz representante, infelizmente
estavam alagadas, com isso a mídia começou a
não me representa. No período que passamos 93
perguntar porque o parque é novo e as ruas ao
dias com água nas ruas, nas casas foi feito uma
redor estavam alagadas, então com todo esse
reunião onde 4 pessoas ficaram responsáveis por
“buxixo” que deu, a mídia, a prefeitura e o
representar os moradores das ruas alagadas.
vereador que estava ajudando, se dedicaram mais
Clarice, Ellen, Edinalvo e eu.
esse ano para poder acabar o mais rápido
Existe algum líder comunitário que auxilie as famílias na luta contra as inundações?
A Clarisse é a líder dessa Associação. A
prefeitura
faz
algum
tipo
possível, porém mesmo assim esse mais rápido possível foi mais ou menos uns 40 dias, com água
dentro de casa, nas ruas, e algumas casas que não de
manutenção que vise prevenir as inundações?
tinham água dentro, mas para sair tinha que pisar na água da mesma forma, então o que acelerou a
Nos anos de 2018 para 2019 quem fez toda
vontade da prefeitura de fazer algo foi justamente
a correria, teve dor de cabeça pra trazer a
a mídia, eles mandavam caminhões todos os dias,
prefeitura para nossa rua fomos nós moradores,
das 07hs da manhã as 22hs bombeavam água das 126
ruas.
conta dos moradores? Existe algum tipo de conscientização na
A prefeitura faz uma limpeza, mas é
área referente a limpeza de ruas, descarte
aquela limpeza básica, eles vêm tiram aquele
adequado de lixo, como forma de prevenir as
grosso, mas deixa a rua cheia, a rua que é de
inundações?
asfalto durante bastante tempo acaba se tornando
Uma orientação direta por parte da
de terra, então com o decorrer do tempo a gente
prefeitura ou qualquer órgão público nunca teve,
vai limpando as frentes das nossas casas e a rua
na verdade existe os moradores que tem a
volta a ser de asfalto novamente.
consciência, que se preocupam e cuidam, óbvio
A região conta com o apoio de algum
que não são todos que tem esse tipo de
governante (vereador, prefeito, etc.) na luta
pensamento e que se preocupam com que está
contra as inundações?
sendo feito na rua, mesmo prejudicando todos,
Existe um vereador, Alessandro Guedes
aquele papel que se joga na rua pode voltar para
que ajudou, apoiou quando a gente precisou fazer
dentro da sua casa, justamente por causa disso
a manifestação lá em frente à prefeitura, ele
que passamos por dores de cabeça de ficar com
apoiou, arrumou ônibus, carro de som para nós
água no joelho, uma vez por ano.
irmos até lá, para que o prefeito observasse o que
Após as inundações a prefeitura faz algum tipo de limpeza nas ruas ou isso fica por
nós precisávamos, esse vereador ajudou bastante, inclusive nessa terceira vez que veio água que foi 127
quando a mídia viu, ele estava ali do lado
questão de revisar o projeto desse
puxando a orelha do subprefeito de São Miguel
parque, porque ele atrapalhou muito, antes este
Paulista para poder dar uma atenção também.
parque era do nível da rua, hoje o parque está
Tem alguma sugestão do que possa ser feito para que não ocorram mais inundações? Seria
necessário
ver
a
questão
superior ao nível da rua, quem fez o projeto pensou “ aqui da enchente, vamos subir o parque”
de
só que eles esqueceram que a população que
assoreamento do rio, porque estão muito rasos,
mora ao redor vi ficar na parte mais baixa e não
então qualquer chuva fraca já inunda a região,
tem pra onde a água ir.
fazer barreiras de contenção altas para que essa
Tem algo mais que queira acrescentar?
água não ultrapasse com facilidade do jeito que
São Paulo foi construída por essas
está agora, porque o nível da rua é quase o nível
pessoas que moram na zona leste, e hoje ainda é
do rio hoje, não tem nada que proteja a rua do
movimentado por grande parte dessas pessoas e
rio.
eles não dão essa atenção, ficamos à mercê do Também tem a questão dos piscinões que
governo fazer o que quiser, então acho que se um
acredito que tem espaço do lado direito do rio
dia forem olhar para aquele pedacinho e dar
para fazer esse piscinão, já que o Núcleo Itaim
atenção tudo vai melhorar, fazer toda essa
Biacica tomou o piscinão natural que existia ali,
limpeza do rio, trocar toda a encanação daquela
acredito que ajudaria a resolver também a
região. .
128
Entrevista 2 – Concedida via WhatsApp em 24/05/2020
Nome, sobrenome, ocupação e tempo que reside no local Clarice Ferreira. Assistente Social e Líder
área social, para os jovens, para a comunidade e nessa época viemos morar na Vila Seabra, e aqui
nós
começamos
o
trabalho
social,
viemos
enfrentando as enchentes a muito tempo, devido não ter o desassoreamento do rio, devido eles não
Comunitária. Mora a 27 anos na região da Vila
poderem
propor
moradias
dignas
para
as
Seabra. Desenvolve um trabalho social com as
famílias, é muito complicado porque eles falam
crianças que vivenciam a questão das enchentes.
que as famílias moram na várzea do rio, é
2 - Mora em qual rua?
mentira, essas famílias pagam impostos, essas
Rua Araruta, Vila Seabra.
famílias pagam agua, luz, esgoto, então assim, é
3 - Como começou seu trabalho como
um pouco complicado essa situação de enchentes,
líder comunitária?
das ruas pra colocar esgoto asfalto, então assim,
Minha mãe era líder comunitária e tinha
nosso trabalho iniciou através da necessidade da
um trabalho social a mais de 20 anos, eu cresci
nossa comunidade, nós começamos a atuar pelo
participando dessa luta com ela, nos anos 2000
direito de igualdade social, moradia digna e na
nós tivemos uma perda, eu perdi dois irmãos em
luta também em combate às enchentes
uma chacina, eles viraram dependentes químicos e nós encontramos mais força pra atuar nessa nnnnnnnnnnnn
4 - Como as inundações interferem no dia a dia? 129
5 - Sempre ocorreram inundações na área?
alagamento, é assustador, porque perdemos bens materiais,
Antigamente acontecia as inundações, tinha os alagamentos, mas passava a chuva as aguas desciam rapidamente 6 - Algum fator piorou ou melhorou o escoamento das aguas nos últimos anos?
mas
também
ficamos
afetados
psicologicamente com essa situação. Depois da construção desse parque, as enchentes agora são constantes, qualquer chuva acontece o alagamento e fica uma situação bem mais complicada, devido a construção desse
Depois de ter sido construído um parque
parque as aguas demoram para descer porque ele
na Estrada da Biacica, onde antigamente era uma
está acima das casas e não tem para onde essa
fazenda e funcionava como um piscinão natural,
agua escoar
onde a agua ficava represada lá dentro na época de chuva, essas coisas. Depois da construção
7 - Quanto tempo a água demora para baixar normalmente?
desse parque, que foi uma construção do governo
Devido a isso (construção do parque) nós
do estado com o DAEE, essas famílias acabaram
passamos dois ou três meses para essas aguas
ficando ilhadas, então qualquer chuva essas
baixarem
famílias ficam com agua dentro das suas casas, na
8 - Existem associações de bairro que
rua. Famílias que lutam dez anos para conseguir
trabalhem essas questões e defendam os direitos
seus bens, perdem em um dia devido ao
dos moradores nesse sentido? 130
Associação nossa senhora de Lourdes,
mas infelizmente não tivemos sucesso,
nossa associação, nós montamos essa entidade
eles não tem essa vontade de realmente combater
devido a essa luta constante por esses moradores,
as enchentes, parece que eles não querem isso,
no estamos fazendo agora uma parceria com a
parece que eles querem que essa famílias
MAB, Movimento dos atingidos por barragens,
continuem sofrendo pra que essas famílias, sai de
que luta por essa questão de inundações, de
suas casas, porque o interesse que eles tem é
comporta de alagamentos, de limpeza do rio, e
comprar toda essa área onde nós moramos pra
nós estamos tentando através do Ministério
terminar esse grande parque da américa latina,
Público cobrar que esse governo tente resolver
muitas vezes pensamos que eles provocam a
essa situação dessas famílias com essa limpeza no
enchente fechando a comporta de Engenheiro
rio.
Goulart e deixando essa famílias sofrendo com 9 - A prefeitura faz algum tipo de
manutenção que vise prevenir as inundações? A
prefeitura
infelizmente
não
desse sofrimento e saiam desses locais, só que
está
atuando como deveria, nós temos cobrado, fizemos
vários
documentos
mostrando
essas inundações, pra que essas famílias cansem aqui não é uma área de invasão, é uma área regularizada.
a
10 - A região conta com o apoio de algum
necessidade de que a prefeitura também fosse
governante (vereador, prefeito, etc.) na luta
parceira dessa população pra que algo fosse feito,
contra as inundações? 131
Nós tivemos aqui alguns vereadores que
rio, ou seja a agua não vai para um lado mas vai
entraram na luta com esses moradores, com a
para o outro prejudicando as famílias, então
nossa entidade, pra fazer cobranças no DAEE que
precisa rever essas obras que são feitas, pensar
é um departamento que cuida de toda essa área
como se fosse a população que está passando por
de esgoto, de rios, mas não tivemos algo
esse sofrimento, mas parece que eles não querem
concreto, depende de quem está no poder que vê
resolver como eu falei antes, eles querem
realmente essa situação nossa com o intuito de
simplesmente enxugar a agua colocando essas
tentar resolver, então se nós tivéssemos o apoio
vidas
do poder público do lado dessas famílias já teria
inundações traz diversas doenças como dengue,
resolvido algumas questões, porque na Vila Itaim
leptospirose, muitas coisas, muitas crianças já
está sendo construído dentro do córrego um
foram infectadas.
dique para poder comportar toda aquela agua da
em
risco
porque
as
enchentes,
as
11 - Tem alguma sugestão do que possa
chuva e depois essa agua ir sendo solta aos
ser
feito
poucos para evitar os alagamentos.
inundações?
para
que
não
ocorram
mais
Aqui na parte da Vila Seabra nós
Seria o desassoreamento dos córregos,
precisamos ter um dique também, mas nessa
dos rios, que venha uma draga dentro do rio para
construção que o DAEE está fazendo na Vila Itaim
que faça essa limpeza, porque quando o trator
eles está construindo o muro de um lado só do
vem pelas ruas vai quebrando, então tem que vir
jjjjjjjj
ggggggggggg
132
por dentro do rio, tem que ser feito o desassoreamento
do
Rio
Tietê,
precisamos
também que seja construído um muro, tipo um muro de proteção, como se fosse uma barragem mesmo, para que essa agua siga o Rio Tietê. Nós comunidade
precisávamos mais
unida,
ter as
também
a
entidades
assistenciais para que possamos cobrar do poder público soluções o mais rápido possível, porque essa família vem sofrendo a mais e vinte anos com essas inundações, colocando em risco a vida de idosos, de crianças, porque dependendo da
velocidade que agua entra na sua casa você não tem condições de se salvar
133
Entrevista 3 – Concedida via WhatsApp em 04/06/2020
Nome, sobrenome, ocupação e tempo que reside no local
Nós moramos aqui em uma baixada e quando chove, passa 20/30 dias com água no
bairro, então a interferência é só inundação de água, por que a gente mora no barro a água não
Meu nome é Eriosvaldo Da Silva Lima,
tem para onde correr, e a maioria das pessoas não
tenho 58 anos, sou residente da Vila Itaim a 29
podem sair do bairro, de dentro da sua casa que
anos, quase 30.
está tudo cheio de água e também tem medo de
Mora em qual rua?
invadirem as casas e “pegar” os bens deles.
Rua Abacatuaja, Vila Itaim.
Sempre ocorreram inundações na área?
Como começou seu trabalho como líder
Sempre está ocorrendo inundações aqui
comunitário/gestor da saúde?
na área, quando “dá” aquela chuva, de novembro
Começou através do meu conhecimento
á Março, as ruas ficam inundadas, enche de água
na UBS como residente da vila, conheço grande
mesmo, o pessoal não tem como sair de casa,
maioria do pessoal daqui então me convidaram
perde os moveis, perde alimentos.
para ser líder do bairro, já estou aqui a mais de 3 anos nessa sua luta com a comunidade. Como as inundações interferem no dia a dia?
Já perdeu bens nas inundações? Se sim, cite alguns. Eu nunca perdi nada, pois moro na área mais alta, onde quase não chega água, na rua da nnnnnnnnnnnnnnn
134
Algum fator piorou ou melhorou o escoamento das aguas nos últimos anos?
alagamento.
Sim, esse ano por causa de “calhão” (polder)
que
está
sendo
construído
pouco, depois chovia de novo e tinha outro
aqui
melhorou um pouco, não o suficiente para não
Existem
associações
de
bairro
que
trabalhem essas questões e defendam os direitos dos moradores nesse sentido?
ter alagamento, pois alagou bastante, agora ficou
Não, tem uma aqui, mas só para entregar
25 dias em baixo d’água essas últimas (chuvas), se
leite não faz mais nada, nós como líderes
melhorou foi 10% quando é época de chuva ainda
comunitários, como agentes de saúde, como
continua embaixo d’água, porque esse piscinão já
gestores, temos nossos meios de tirar as pessoas
era para ter saído dia 28/11/2019 e até o momento
da água, entregar alimentos, roupas, para auxiliar
não foi finalizada a obra, então, esse ano já
a maioria das pessoas dessa área.
teremos outros alagamentos com certeza.
Quanto tempo a água demora para baixar normalmente?
A
prefeitura
faz
algum
tipo
de
manutenção que vise prevenir as inundações? (Limpeza de bocas de lobo, bueiros)
Quando para de chover agora esse ano 8
Sim, eles fazem a limpeza de bueiros e
dias, mas os anos anteriores eram 1 mês as vezes
esgotos, mas é tanta chuva, que “não vence”, ao
até 2 meses para a água descer, quando vinha o
invés deles fazerem antes das chuvas, não, eles
caminhão bombeando a água nas ruas descia um
fazem depois da chuva aí fica complicado. 135
Existe algum tipo de conscientização na
contra as inundações?
área referente a limpeza de ruas, descarte
Não, única pessoa que dá um apoio para
adequado de lixo, como forma de prevenir as
nós, que vem aqui no nosso bairro de barco e
inundações?
tudo, é Dr. Jorge do Carmo, ele é um cara muito
Descarte não temos, nós temos embaixo
atuante aqui no nosso bairro, quando a gente
do viaduto o Ecoponto para descartar entulhos,
precisa e ele vem faz umas entrevistas e joga lá na
quando colocamos tudo na rua ligamos para
assembleia, mas vereador que dá apoio para esses
subprefeitura e eles mandam à cata bagulho
daqui esses não nunca nos procuraram e nem
(Operação Cata-Bagulho) para fazer essa limpeza,
deram apoio.
temos que ficar insistindo para eles virem. Após as inundações a prefeitura faz algum tipo de limpeza nas ruas ou isso fica por
conta dos moradores? Limpeza? Não, somente quando a gente
Tem alguma sugestão do que possa ser feito para que não ocorram mais inundações? E só fazer o termino desse piscinão aqui
na nossa área, aí teremos resultados, mas enquanto não arrumar aquela calha que está ali
pede para fazer essa limpeza, quando todos os
que foi tudo mal feito, e acabar o piscinão, acaba
moradores ligam.
esse problema aqui nosso e vai lá para o Biacica
A região conta com o apoio de algum governante (vereador, prefeito, etc.) na luta
(Núcleo Itaim Biacica, na Vila Seabra) Tem algo mais que queira acrescentar? 136
Seria bom se prefeitura fosse mais atuante no nosso bairro, aqui embaixo somos
conhecidos por “Baixada do Sapo”, porquê? A gente vive na água, choveu alaga tudo. Seria bom também mais apoio da Defesa Civil, porque esses anos aí tem deixado a desejar, muito a desejar, não tem um barco para dar para
o pessoal que mora aqui em baixo não tem um, nós cobramos e eles falam que os barcos estão furados e não tem como arrumar barco para poder dar um apoio para nossa comunidade aqui.
137
Entrevista 4 – Concedida via Facebook em 29/05/2020
Algum fator piorou ou melhorou o escoamento das aguas nos últimos anos?
Nome, sobrenome, ocupação e tempo que reside no local
Sim, canalização de alguns córregos. Já perdeu bens nas inundações? Se sim,
Gilson Nunes de Oliveira, resido a 30 anos no local
cite alguns. Já muitos, geladeira, máquina de lavar,
Mora em qual rua?
Rua
Bernardo
Chaves
estante, sofá, etc.
Cabral,
Vila
Aimoré. Como as inundações interferem no seu dia a dia? Interfere de forma negativa, você sai de
Precisou adaptar a casa em função das inundações? Se sim, o que? Sim, algumas comportas na casa. Já contraiu alguma doença ou se acidentou por conta das inundações?
casa para trabalhar e não tem paz, se você vê uma
Até hoje, não.
chuva, já sabe que quando voltar sua casa estará
Quanto tempo a água demora para
toda alagada. Sempre ocorreram inundações na área? Sempre, mas de alguns anos para cá acontecem com mais frequência
baixar normalmente? Depende muito quando a rede de esgoto está limpa chega a dura de 2 a 3 horas, mas já teve dia de ficar 12 horas com água dentro de casa. 138
Como os moradores lidam com as dificuldades impostas pelas inundações?
Existe algum tipo de conscientização na área referente a limpeza de ruas, descarte
Acho que no nosso bairro cada um fica na sua.
adequado de lixo, como forma de prevenir as inundações? Se sim, é frequente?
Existem
associações
de
bairro
que
trabalhem essas questões e defendam os direitos dos moradores nesse sentido? se tem eu desconheço. auxilie as famílias na luta contra as inundações? Não tem um líder para a gente se unir e
correr atrás dos nossos direitos faz
algum
A região conta com o apoio de algum governante (vereador, prefeito, etc.) na luta contra as inundações?
Não, eles só aparecem com planos em tipo
de
manutenção que vise prevenir as inundações? (Limpeza de bocas de lobo, bueiros, etc.) Muito difícil, mas fazem. Deveriam fazer com frequência
conta dos moradores? Moradores
Existe algum líder comunitário que
prefeitura
Após as inundações a prefeitura faz algum tipo de limpeza nas ruas ou isso fica por
Não, pelo menos aqui por perto não tem,
A
Não.
época de eleição. Tem alguma sugestão do que possa ser feito para que não ocorram mais inundações? A sugestão seria que a prefeitura olhasse para o nosso bairro. 139
Entrevista 5 – Concedida via Instagram em 20/05/2020
Nome, sobrenome, ocupação e tempo que reside no local Juliana Silva, Analista Contábil, resido desde que nasci a 27 anos. Mora em qual rua?
Rua Bernardo de Chaves Cabral, Vila Aimoré. Como as inundações interferem no seu dia a dia? Interfere ao me deslocar para o trabalho
e ao chegar, pois já aconteceu de acordar com a casa inundada de água, sem ter condições de sair para trabalhar. Sempre ocorreram inundações na área? Sim, sempre que chove algumas partes específicas na rua alaga, não precisa ser nem
chuva forte, nem de horas apenas uma chuvinha de 20 minutos, os bueiros já enchem, e ruas
próximas também que são próximas de córregos. Algum fator piorou ou melhorou o escoamento das aguas nos últimos anos? Na região não, aliás acredito que esse problema ocorre em todo o estado.
Já perdeu bens nas inundações? Se sim, cite alguns. Já ocorreu sim, a anos atrás por exemplo moveis e eletrodomésticos. Precisou adaptar a casa em função das
inundações? Se sim, o que? Sim, batentes e aterros mais não são suficientes devido as inundações subir pelos esgotos. Já
contraiu
alguma
doença
ou
se
acidentou por conta das inundações? 140
Graças a Deus, não.
Desconheço essa ação.
Quanto tempo a água demora para
A
baixar normalmente?
prefeitura
faz
algum
tipo
de
manutenção que vise prevenir as inundações?
Da última vez no início de 2020 durou em torno de 8 horas.
(Limpeza de bocas de lobo, bueiros, etc.) Se os moradores chamar até fazem, mais
Como os moradores lidam com as dificuldades impostas pelas inundações?
como eu citei não adianta limpar as bocas de lobo hoje e amanhã um morador ir e jogar qualquer
Na minha opinião eles reclamam mais são os grandes causadores das enchentes, pois não
tipo de lixo nas ruas (Colchão, sofá, madeira, lixos residenciais)
ajudam a manter os bueiros limpos e jogam
Existe algum tipo de conscientização na
qualquer tipo de lixo (resíduo) na rua ou nas
área referente a limpeza de ruas, descarte
calçadas abandonadas.
adequado de lixo, como forma de prevenir as
Existem
associações
de
bairro
que
inundações? Se sim, é frequente?
trabalhem essas questões e defendam os direitos
Não existe.
dos moradores nesse sentido?
Após as inundações a prefeitura faz
Eu desconheço essa ação.
algum tipo de limpeza nas ruas ou isso fica por
Existe algum líder comunitário que
conta dos moradores?
auxilie as famílias na luta contra as inundações?
Se algum morador solicitar, sim, caso 141
contrário, não. A região conta com o apoio de algum
governante (vereador, prefeito, etc.) na luta contra as inundações? Eu desconheço essa ação. Tem alguma sugestão do que possa ser feito para que não ocorram mais inundações?
O primeiro passo é a limpeza dos bueiros com frequência, porém para a região que eu moro (na minha rua) isso é inválido, pois os próprios moradores não colaboram com a limpeza da rua e bueiros, descartam os lixos em
qualquer lugar. Tem algo mais que queria acrescentar? Sim, para que a população tenha mais conscientização ao descartar o lixo nos lugares apropriados.
142
Entrevista 6 – Concedida via WhatsApp em 01/06/2020
Sim, a princípio as inundações ocorriam
Nome, sobrenome, ocupação e tempo que reside no local
em virtude de o imóvel ser mais baixo que o pavimento da rua. Atualmente as inundações
Leonardo Alves Bezerra, sou advogado, resido no local a 29 anos.
acontecem pela falha no escoamento das águas oriundas da chuva.
Mora em qual rua?
Algum fator piorou ou melhorou o
Moro na Rua Bernardo de Chaves Cabral Como as inundações interferem no seu dia a dia? As
Sempre ocorreram inundações na área?
escoamento das aguas nos últimos anos? Em razão da ausência de obras de melhoramento nas tubulações, bem como falta de
inundações
têm
causado
muitos
impactos em meu dia a dia. Primeiro, me causa
sensação de impotência diante do problema. Segundo, um enorme receio de ser contaminado
manutenções preventivas nos bueiros, a situação tem se agravado nos últimos anos.
Já perdeu bens nas inundações? Se sim, cite alguns.
e adquirir uma doença em razão das águas que
Sim, já perdemos guarda-roupa e estante.
invadem o meu imóvel! Terceiro, perda de
Precisou adaptar a casa em função das
móveis e depreciação da casa, em virtude de uma omissão e negligência do Estado.
inundações? Se sim, o que? Sim, realizamos o aterramento no imóvel, 143
contudo, não foi suficiente para combater as inundações que vem da rua.
Já
contraiu
alguma
Não há nenhuma associação ou política pública que auxiliem os moradores no tocante a
doença
ou
se
acidentou por conta das inundações?
seus direitos. Existe algum líder comunitário que
Não, mas parece que estamos fadados a ser contaminados e adquirir uma doença, bem como sofrer um acidente.
auxilie as famílias na luta contra as inundações? Até a presente data não se apresentou um líder comunitário para representar os direitos
Quanto tempo a água demora para baixar normalmente?
dos moradores, frente a essa situação. A
prefeitura
faz
algum
tipo
de
Em média de 1 a 2 horas.
manutenção que vise prevenir as inundações?
Como os moradores lidam com as
(Limpeza de bocas de lobo, bueiros, etc.)
dificuldades impostas pelas inundações?
Sim, contudo, tais manutenções não são
Os moradores se socorrem, entram em
suficientes para combater as inundações, são
contato com à Prefeitura para resolver o impasse,
necessárias
mas não tem dado resultado.
tubulações, bem como inclusão e ampliações de
Existem
associações
de
bairro
que
trabalhem essas questões e defendam os direitos dos moradores nesse sentido?
obras
de
melhoramentos
nas
bocas de lobos para drenar água. Existe algum tipo de conscientização na área referente a limpeza de ruas, descarte bbbbbbbbbbb
144
adequado de lixo, como forma de prevenir as
entupimento,
inundações? Se sim, é frequente?
necessária para comportar a quantidade de
Não, infelizmente são poucos moradores
mas
ausência
de
drenagem
águas.
que possuem consciência social, não é rara as
A região conta com o apoio de algum
vezes vermos o descarte ilegal nas vias públicas
governante (vereador, prefeito, etc.) na luta
do bairro, o que acarreta no agravamento das
contra as inundações?
inundações. Contudo, é de suma importância
esclarecer que as inundações das vias públicas e
Não, infelizmente as inundações sucedem
a anos e nunca recebemos apoio de um político.
imóveis onde moramos, não sucede apenas pelo entupimento das bocas de lobo, e sim à ausência
Tem alguma sugestão do que possa ser feito para que não ocorram mais inundações?
de obras de melhoramentos para minimizar os impactos das enchentes.
Após as inundações a prefeitura faz
Sim,
é
necessárias
obras
de
melhoramentos nas tubulações para a devida
drenagem das águas oriundas da chuva.
algum tipo de limpeza nas ruas ou isso fica por
Tem algo mais que queria acrescentar?
conta dos moradores?
É necessário a união dos moradores para
Sim, realizam limpezas nos bueiros, mas
reivindicar os seus direitos junto à prefeitura
não é suficiente para combater as inundações,
para que realizem obras de melhoramentos no
tendo em vista que o problema não se trata de
bairro,
contudo,
isso
não
hhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
exime
a 145
responsabilidade de todos de cooperar para o bem da sociedade, não descartando lixos de
forma ilegal nas vias públicas, no qual se sabe que provoca obstrução das bocas de lobo, o que prejudica a drenagem natural das águas.
146
Entrevista 7 – Concedida via WhatsApp em 14/02/2020
Nome, sobrenome, ocupação, tempo que reside no local, tempo que o comércio existe Marcelo da Cruz Alves Bezerra, 30 anos
a limpeza dos mesmos,5 minutos de chuva um pouco mais forte já é suficiente para encher a
rua e isso atrapalha na locomoção de casa para o trabalho porque existirem outras ruas no meu trajeto que também alagam.
de residência aproximadamente, 6 anos de
Sempre ocorreram inundações na área?
comércio
Sim, desde sempre.
Mora em qual rua? Em qual rua fica seu comercio?
Algum fator piorou ou melhorou o escoamento das aguas nos últimos anos?
Moro na Rua Cordilheira do Araripe, Vila
Após o asfaltamento da Rua Bernardo de
Seabra. Comércio fica na Rua Bernardo de
Chaves Cabral piorou o escoamento e assim a
Chaves Cabral, Vila Aimoré.
rua enche cada vez mais.
Como as inundações interferem no seu dia a dia? (No trabalho e vida pessoal) No comércio diretamente, porque bem em frente é um ponto de alagamento com bueiros sempre entupidos por culpa dos moradores que descartam lixo e da prefeitura que raramente faz
Já perdeu mercadorias, equipamentos ou teve algo danificado nas inundações? Sim, matéria prima do meu trabalho, como madeira (mdf) e ferramentas. Precisou adaptar a casa ou o comercio em função das inundações? Se sim, o que? 147
Sim,
materiais
sempre
em
locais
elevados, piso acima do nível da rua, câmera de
trabalhem essas questões e defendam os direitos dos moradores nesse sentido?
monitoramento para quando a loja estiver
Não que eu conheça.
fechada, vou instalar comporta, pois, a água sobe
Existe algum líder comunitário que
cada vez mais. Já
auxilie as famílias/ comerciantes na luta contra
contraiu
alguma
doença
ou
se
acidentou por conta das inundações?
Não que eu conheça também.
Não.
A
Quanto tempo a água demora para baixar normalmente? depende do quanto os bueiros tiveram entupidos.
os
prefeitura
faz
algum
tipo
de
manutenção que vise prevenir as inundações? (Limpeza de bocas de lobo, bueiros, etc.)
De 20 minutos à 1 hora, as vezes mais,
Como
as inundações?
moradores/
Sim,
porém
não
tem
manutenção
contínua chega a ficar meses sem limpeza.
comerciantes
Existe algum tipo de conscientização na
lidam com as dificuldades impostas pelas
área referente a limpeza de ruas, descarte
inundações?
adequado de lixo, como forma de prevenir as
Não tem muito o que fazer, só esperar a água baixar e fazer a limpeza. Existem jjjjjjjjjjjjjjj
associações
inundações? Se sim, é frequente? Algumas, mas não com frequência, somente um
de
bairro
que
caminhão de coleta seletiva aos sábados. 148
Após as inundações a prefeitura faz algum tipo de limpeza nas ruas ou isso fica por
conta dos moradores/ comerciantes? Em poucas ruas, a grande maioria não é feita a limpeza. A região conta com o apoio de algum governante (vereador, prefeito, etc.) na luta
contra as inundações? Não que eu conheça, somente em época de eleição.
149
Entrevista 8 – Concedida via WhatsApp em 24/05/2020
Nome, sobrenome, ocupação e tempo que reside no local Priscila Aparecida da Silva. Auxiliar de limpeza. Mora a quase 40 anos na região da Vila Seabra.
Piorou depois da construção do Núcleo Itaim Biacica. Já perdeu bens nas inundações? Sim, muitos. Precisou adaptar a casa em função das inundações? Sim.
Mora em qual rua? Estrada da Biacica, Vila Seabra. Como as inundações interferem no seu dia a dia? Atrapalha muito porque lutamos para
conquistar as coisas e de repente perdemos tudo na enchente. Sempre ocorreram inundações na área? Sim. Algum fator piorou ou melhorou o escoamento das aguas nos últimos anos?
Já
contraiu
alguma
doença
ou
se
acidentou por conta das inundações? Graças a Deus, não. Quanto tempo a água demora para baixar normalmente? Depende muito uma semana, um mês, chega a ficar alagado aqui por uns 3 meses. Como os moradores lidam com as dificuldades impostas pelas inundações? Com muita revolta. Existem
associações
hhhhhhhhhhhhhh
de
bairro
que 150
trabalhem essas questões e defendam os
conta dos moradores?
direitos dos moradores nesse sentido?
A prefeitura faz sim, mas os moradores
Sim.
também limpam.
Existe algum líder comunitário que auxilie as famílias na luta contra as inundações? Sim, a Clarice sempre lutando pela
A região conta com o apoio de algum governante (vereador, prefeito, etc.) na luta contra as inundações?
população.
A
Sim.
prefeitura
faz
algum
tipo
de
manutenção que vise prevenir as inundações?
Tem alguma sugestão do que possa ser feito para que não ocorram mais inundações?
Não. Existe algum tipo de conscientização na área referente a limpeza de ruas, descarte
Limpeza no rio e a construção de uma barreira para que agua não atravesse para as casas.
adequado de lixo, como forma de prevenir as inundações? Não, os próprios moradores jogam lixo na rua, nos bueiros e no rio Após as inundações a prefeitura faz algum tipo de limpeza nas ruas ou isso fica por kkkkkkkkkk
151
Entrevista 9 – Concedida via WhatsApp em 08/06/2020
obra junto ao DAEE, com desentupimento das
Nome, sobrenome, ocupação e tempo que reside no local Roselaine
Sim, melhorou um pouco com início da galerias e limpeza dos esgotos, após a chuva as ruas ficam sem água parada, por isso que toda vez
Santana Gonçalves, Agente
Comunitária da Saúde, 4 anos no endereço atual.
que tem enchente aqui, brigo para que lembrem de nós também.
27 anos no bairro.
Mora em qual rua?
Já perdeu bens nas inundações? Se sim, cite alguns.
Confluência Forquilha, Vila Itaim Como as inundações interferem no seu
Sim, cama, sofá, gabinete, roupas e alimentos.
dia a dia? Em tudo, risco a saúde, água dentro de
Precisou adaptar a casa em função das inundações? Se sim, o que?
casa.
Sim, barreira na porta, levantando os Sempre ocorreram inundações na área? Sim, vim morar aqui em 1993, de 1998
para 1999 foi parecido com a enchente de 2010. Algum fator piorou ou melhorou o escoamento das aguas nos últimos anos?
móveis. Já
contraiu
alguma
doença
ou
se
acidentou por conta das inundações? Graças a Deus, não. Quanto tempo a água demora para ffffffffffff
152
baixar normalmente?
auxilie as famílias na luta contra as inundações?
Antes da obra junto ao DAEE, ficava em
torno de 2 a 3 meses, parecendo água de esgoto. Como os moradores lidam com as dificuldades impostas pelas inundações?
Os conselheiros e gestores de saúde, no momento são Eriosvaldo e o “Tonho”, aqui da Vila Itaim. Eu luto e brigo, no bom sentido, porque também somos moradores.
Adaptando, sabendo que em época de
A
prefeitura
faz
algum
tipo
de
chuva, basta mudar o tempo, já levanta móveis,
manutenção que vise prevenir as inundações?
faz barricada na porta em algumas casas tampa o
(Limpeza de boas de lobo, bueiros, etc.)
bueiro, tem enchente que vem pelo ralo, não
Sim.
podemos planejar nada.
Após as inundações a prefeitura faz
Existem
associações
de
bairro
que
trabalhem essas questões e defendam os direitos
dos moradores nesse sentido? Aqui tem associação de moradores que
algum tipo de limpeza nas ruas ou isso fica por conta dos moradores? Vem à cata bagulho (Operação CataBagulho), limpeza das ruas (lavagem).
até o momento não faz nada diretamente. Os
A região conta com o apoio de algum
conselheiros gestores do bairro que ajudam a
governante (vereador, prefeito, etc.) na luta
população.
contra as inundações?
Existe algum líder comunitário que gggggggg
Para falar verdade, só em época de vvvvvvvvvvvvvvv
153
enchente.
Antes
não
vem
nenhum,
com
planejamento ou algo nesse sentido que possa
solucionar. Essa parte que moro acaba sendo esquecida, eles ficam mais em torno da Rua Aramaçã. Tem alguma sugestão do que possa ser feito para que não ocorram mais inundações?
Como as enchentes ocorrem todos os anos,
seria
importante
um
planejamento.
Trabalho na UBS, área da saúde tem todos os dados dos moradores, como quantidade de famílias ruas que alagam, as casas que realmente
entra agua. Muitas vezes não somos ouvidos. Os órgãos como defesa civil, assistência social e saúde devem trabalhar juntos, só assim poderia amenizar as dores da nossa população nesse período de alagamento.
154
Entrevista 10 – Concedida via WhatsApp em 01/06/2020
Nome, sobrenome, ocupação e tempo que reside no local Tereza Teixeira Santos, sou diarista, moro aqui a 25 anos.
Sempre, há 25 anos que moro aqui, sempre todo ano tem enchente e é a mesma coisa sempre. Algum fator piorou ou melhorou o escoamento das aguas nos últimos anos? Depois que fizeram o parque ficou pior,
Mora em qual rua?
porque antes do parque a água saia, agora a água
Rua Professor Flamínio Favero, Vila
vem e fica, a cada ano está ficando pior.
Seabra
Já perdeu bens nas inundações? Como as inundações interferem no seu
dia a dia? Interfere em tudo, fica ruim para ir no
mercado, sair para trabalhar, as vezes quando
Já, já perdi tudo na minha casa a alguns anos atrás. Precisou adaptar a casa em função das inundações?
fica muito alagado não dá nem para sair de casa,
Sim, porque já fiquei 15 dias fora de casa
depois que água desce, aí fica a lama que é pior
sem poder voltar, porque estava cheia de água,
que a água mesmo porque fica muito ruim para
mas fui aterrando, fiz mudanças dentro de casa,
gente andar, por causa da lama.
mas dentro melhorou, mas infelizmente na rua
Sempre ocorreram inundações na área?
não melhorou nada. 155
Já
contraiu
alguma
doença
ou
se
acidentou por conta das inundações?
Existe algum líder comunitário que auxilie as famílias na luta contra as inundações?
Não.
Bom, tem mais eu não conheço, não sei
Quanto tempo a água demora para baixar normalmente?
quem é. A
Meses, porque os esgotos “não vencem”
prefeitura
faz
algum
tipo
de
manutenção que vise prevenir as inundações?
tanta água que fica na rua, fica uns meses a água
A prefeitura não faz não, infelizmente
parada, sem poder descer, no final da rua aqui,
vem só quando a água vai embora, que aí eles vêm
na Tite de Lemos.
aí vão tirando a lama.
Como os moradores lidam com as dificuldades impostas pelas inundações?
algum tipo de limpeza nas ruas ou isso fica por
Aterrando as casas, enquanto não aterrar
as casas tem que arrumar bomba para tirar a água de dentro de casa. Existem
associações
Após as inundações a prefeitura faz conta dos moradores? A prefeitura faz, depois que a água baixa, eles vêm e limpam a lama.
de
bairro
que
trabalhem essas questões e defendam os direitos dos moradores nesse sentido? Existe, mas o pessoal não divulga muito. 156
Imagens Figura 62 - Extravasamento do rio para a rua – Rua Serra do Grão Mogol, Vila Seabra
Fonte: Cedida por Clarice Ferreira, 2020
Figura 63 – Rua completamente inundada – Rua Araruta, Vila Seabra
Fonte: Cedida por Clarice Ferreira, 2020
157
Figura 64 - Moradores improvisam barco com teto de Kombi para auxiliar moradores ilhados a saírem de
Figura 65 – Rua completamente inundada – Vila Seabra
suas casas – Vila Seabra
Fonte: Cedida por Clarice Ferreira, 2020
Fonte: Cedida por Clarice Ferreira, 2020
158
Figura 66 – Água parada a mais de 30 dias – Rua Tite de Lemos, Vila Seabra
Fonte: Cedida por Rainando Teixeira, 2020
159
Figura 67 – Agua invadindo comércio – Rua Bernardo de Chaves Cabral, Vila Aimoré
Fonte: Cedida por Marcelo Bezerra, 2019
Figura 68 – Caminhão quebrado em meio a inundação – Avenida Brás da Rocha Cardoso, Vila Aimoré
Fonte: Cedida por Eriosvaldo Lima, 2020
160
Figura 69 – Rua alagada – Rua Bernardo de
Figura 70 – Imóvel alagado, Vila Aimoré
Chaves Cabral, Vila Aimoré
Fonte: Cedida por Marcelo Bezerra, 2019
Fonte: A autora, 2020
161
Figura 71 – Caminhão atravessando a água da inundação – Avenida Brás da Rocha Cardoso
Fonte: Cedida por Clarice Ferreira, 2020
Figura 72 – Família sendo retirada de casa pelos agentes da saúde - Vila Itaim
Fonte: Cedida por Eriosvaldo Lima, 2020
162
Figura 73 – Bens perdidos por moradores – Vila Itaim
Fonte: Cedida por Eriosvaldo Lima, 2020
163
Figura 74– Rua alagada próximo a obras do polder – Vila Itaim
Fonte: Cedida por Roselaine Gonçalves, 2020
164
Figura 75 – Rua com água parada a mais de uma semana – Vila Itaim
Fonte: Cedida por Roselaine Gonçalves, 2020
Figura 76 – Rua alagada próximo as obras do polder – Vila Itaim
Fonte: Cedida por Roselaine Gonçalves, 2020
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