Portfólio - Ariana Nuala (att 2020)

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Ariana Nuala

Portfolio 2020


Minibio Combina estratégias que começam no corpo e se condensam em escrita e imagem. O exercício na curadoria é também proposta artística e educativa, uma necessidade de mediação que tange seu caminhar. Formada em Licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Federal de Pernambuco (2017), atua na coordenação do educativo no Museu Murillo La Greca e é integrante e curadora do CARNI Coletivo (@carnicoletivo) e do coletivo Trovoa (@trovoa__). Ariana Nuala (Recife | PE - 1993) é educadora, pesquisadora e curadora independente.


Exposições CURADORIA

CURADORIA EDUCATIVA

Franqueza – Exposição Individual do artista pernambucano Caetano Costa na Galeria Maumau (2018)

Mostra Práticas Desviantes - Museu Murillo La Greca (2018);

ENTREMOVERES – Exposição Coletiva de Mulheres Negras e Indígenas em PE – Nacional TROVOA no Museu da Abolição (2019);

O que não é desenho? – Exposição Comemorativa de 120 anos do artista Murillo La Greca (2019).

ARTISTA

Banzo - Exposição Individual do artista paraibano Thiago Costa no Museu Murillo La Greca (2019);

com a instalação “Alerta - Fake News“ na Galeria Reocupa da Ocupação 9de julho São Paulo|SP (2020);

Estratégias para o contorno Exposição coletiva para XI ÚNICO Salão Universitário no SESC Santo Amaro | Recife|PE (2019) e no SESC Ana das Carrancas em Petrolina|PE (2020).

com a videoarte Você não está me vendo como primeiro lugar no VII ÚNICO Salão Universitário no SESC Casa Amarela Recife|PE (2014)

CO-CURADORIA

com videoinstalação sem título no Cinecão: Uma Má Educação na Galeria Maumau (2016);

Mostra Coletiva de Artes Visuais – Vetores no Museu Murillo La Greca (2018); 3º e 4º edição da Revista Propágulo (2019).

com a instalação Convocatória M.Mulambo na exposição coletiva Mulheres que Frequentam na Galeria Maumau (2019).


Exposição Franqueza Caetano Costa Galeria Maumau - 2018 De modo geral, a limitação sobre os corpos vem de um aparelhamento conservador colonialista, que através de argumentos higienistas promovem uma naturalização da exclusão. Motivados então, pela seleção de corpos, gestos, poéticas, estéticas, narrativas, culturas e etc., estes se infiltram nas camadas imateriais e materiais do desejo, construindo 1 mundo que nega o diálogo entre outros mundos. Sobretudo, atuam numa rigidez que majoritariamente exclui corpos que não pertencem a branquitude, persuadindo existência destes corpos desviados para fora dos espaços de poder. “Corpos pertencem a determinados lugares. Corpos transitam por determinados espaços.” Gostaria de ampliar o verbo: determinar, como estratégia de ação na demarcação dos lugares. Espaços estes, onde corpos potentes poderiam se dedicar ao exercício de expansão.

De modo geral, os trabalhos de Caetano Costa, urgem numa proposta insurgente as conjunturas históricas que ainda são determinantes na contemporaneidade. Não há isenção de si nas situações criadas por Caetano, todas refletem um compromisso em inutilizar as lógicas opressoras. Um deslaçar na lógica capitalista da produção de arte, trazendo como motim a sobra e o resto , transgredindo o lixo e potencializando a materialidade em seu processo. A reciclagem e a gambiarra como necessidade e sobrevivência, distante do discurso alienado do - politicamente correto - atrelado ao marketing social da classe média. Todos os títulos são gatilhos de um Brasil que borbulha no abismo e na desigualdade de classe e raça, são mantras para a militância negra e periférica da nação verde e amarela que “deu ruim”.

https://www.maumaugaleria.com/franqueza-de-caetano-costa/


Banzo Thiago Costa Museu Murillo La Greca 2019 Banzo pode ser um espaço de lembrança. A memória que atravessa sensações que parecem indeglutível ao cotidiano, uma presença inquieta. Algo que ecoa e reverbera. O artista vem do exercício da narrativa urbana com caligrafias desenvolvidas através do pixo que marcam sua pesquisa em relação a símbolos e grafismos. Sua potência de criação é como um mito que circunscreve a esfera da vida, da rua para outros espaços expositivos. Narrativas entrelaçadas nos seus traços que religam uma experiência de corpo desterritorializado, em comunicação com seus próprios sistemas. Cria-se situações, elas são imagens, de cura e de ressignificação. Os elementos visuais vibram o percurso percorrido pelo artista em uma busca que digerem os tempos e resquícios coloniais que evocam à terra e o mar. No objeto-ficção Bóia, o artista imagina um trânsito de saída, cria táticas de sobrevivência de ancestralidades que sobrevivem para além de navios negreiros. Os objetos instalados na exposição são frutos da linguagem, eles reconstroem histórias possibilitando outras leituras e caminhos sobre o processo de colonização. O brotar de uma comunicação não verbal que se estende para desfazer silenciamentos.

Conceição Evaristo, poeta brasileira, compartilha conosco palavras que abrem um germinar que acompanham o tempo que avança enquanto força ¨das acontecências do banzo brotará em nós o abraço a vida e seguiremos nossas rotas de sal e mel por entre salmos, Axés e aleluias¨. Não fragmentando política e religião, nem ética e trabalho, Thiago Costa recorre a Banzo para criar uma constelação de sentidos. Evocando outros artistas nordestinos como o baiano Rubem Valentim que na década de 50 dialogava com seus trabalhos argumentos que seriam aliados para uma luta contra o racismo religioso. Thiago Costa, negro paraibano, conhecido artisticamente por Thiago Ame Preta. Graduando em Design Gráfico e Artes Visuais, é um artista multimídia e vem desenvolvendo suas atividades na valorização da população negra. Sua arte visita, principalmente, memórias ancestrais, as quais impressionam por traços que exaltam a beleza, o poder e a força que emana da cultura afro-brasileira.


https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/viver/2019/07/exposicao -u2018banzo-u2019-aporta-em-museu-da-zona-norte-do-recife.html


Mostra Entremoveres Museu da Abolição - 2018 1 - Castiel Vitorino (Trovoa/ES) troca mensagens com Ana Lira. Os textos já evocavam possibilidades de quem poderia articular o Trovoa em Pernambuco. 2 - Ana Lira entra em contato comigo e faz o convite, eu aceito. 3 - Aceitei. Respiro, nunca esquecer desta ação e checar meus movimentos de vez em quando, tocando na região do peito. 4 - Pensar, pensar, pensar e pensar. Percepção que um simples processo não conseguiria dar conta de todos os percursos entre as produções das artistas mulheres (trans, cis, travestis) e pessoas não-binárias: negras, originárias e não-brancas em diferentes classes sociais e com distintas histórias de Pernambuco. 5 - “Não se trata de uma discussão que ocorre do dia para noite, já que o movimento conta com artistas, não-artistas, curadoras, pesquisadoras, educadoras, produtoras e comunicadoras sociais independentes que acumulam em sua trajetória profissional uma série de ações e posicionamentos anti-racistas no circuito artístico nacional, sobretudo em Pernambuco, estado que ainda tem muito o que se decolonizar em suas mídias e instituições excludentes. Ainda está em voga a apropriação cultural e a perpetuação de discursos hegemônicos não-condizentes com as reais necessidades da maioria da população aqui vivente, composta majoritariamente por pessoas não-

-brancas e empobrecidas, residentes nas periferias e no interior.” 6 - Como fazer entender que nossas produções de imagens não devem ser situadas apenas em discursos/lugares racializados? 7 - Como não reduzir nossas existências a processos identitários? Como tensionar isso a partir do lugar do cuidado? 8 - O mote é a reconexão entre nós. Entre a nossa ancestralidade. 9 - Como criar um lugar de encontro? Um chão, um território que podemos caminhar traçando outras perspectivas de existência, reafirmando o direito de viver, e não o de sobreviver. 10 - Ao se transformarem em imagens as artistas evocam suas presenças, marcam processos que constituem corpos. 11 - Escavar memórias. 12 - Pele. Pele que levanta. Tantas Giras. Entremoveres. Palavras sobre nós, enquanto nos transformamos em imagens. 13 - Vaguear entre as estruturas desejando criar novos léxicos e outras formas de residir. 14 - Não somos trinta, somos incontáveis, mas não é apenas sobre nós. 15 - Considere ‘nossos’ corpos um aliado! (parafraseando Mariana de Matos)


Fotos: Priscilla Buhr https://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/noticia/2019/05/03/mostra-entremoveres-reune-producoes -de-30-artistasnao-brancas-377763.phphttps://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/noticia/2019/05/03/ mostra-entremoveres-reune-producoes-de-30-artistas-nao-brancas-377763.php


Práticas desviantes

Museu Murilo La Greca 2018 museu e artistas que participam da convocatória. O evento aconteceu nos dois semestre de 2018, até então, no jardim do Museu Murillo La Greca situado no bairro do Parnamirim -Recife/PE. A primeira edição aconteceu no Museu Murillo La Greca no dia 10 de março de 2018. A mostra contou com22 artistas entre eles Asia Komarova e Leo Siqueira, Iagor Peres, Letícia Barbosa, Coletivo Boca no Trombone. Mas, o que significa uma prática desviante? Talvez primeiro pensar: no que consiste uma prática?

no talvez sejam uma das formas — ou a forma — já que carregam dentro de si um experimentar outros estados de permanecer e de atuar no mundo. (Existe criação que não seja uma prática desviante?) É entendendo a importância de tais gestos que o museu convida tais praticantes (ou artistas) a compartilharem suas inquietações em derivados formatos. Abrindo o jardim e o entorno, experimentando juntos os limites e aberturas que possam na caber na palavra e instituição "museu", o Práticas Desviantes busca ser esse lugar que ao mesmo tempo é troca e atuação.

Uma busca que se torna constantemente atual? Que se torna constante atual porque é um pedido ao corpo de sua presença e atividade? Pode uma prática ser uma experiência onde o corpo não seja o centro? Depois, no que consiste um desvio? Descontinuidade do caminho proposto, uma quebra de expectativas? O desvio de uma placa de desvio "vire à direita" talvez fosse virar em frente. Talvez o desvio da placa de desvio fosse seguir em frente ou talvez levar a placa embaixo dos braços. Talvez fosse parar diante da placa. Talvez fosse virar à direita, caso ninguém virasse. Numa maré que mistura golpes de estado com colapsos sociais/ambientais: como se contrapor ou refazer o que, aparentemente, está posto? Práticas que desviem do cotidia-

Design - Camila Martinelli


Convocatória para ocupação do jardim “O educativo do Museu Murillo La Greca convida artistas e coletivos a ocuparem o espaço externo do museu com propostas artísticas (vídeos, instalação, vídeo-instalação, performance, poesia visual, grafite, projeto sonoro, intervenção, propostas relacionais, fotografia, gravura, desenho, pintura, colagem e outras experimentações.) que provoquem o debate, ações e reflexões sobre o que afeta o movimento dos corpos, da cidade e dos diferentes modos de vida. O encontro se dispõe a acolher aqueles que através de seus trabalhos tenham desejo de dialogar sobre as complexidades do mover, do desviar, da deriva, do direito a rua, entre outras questões que atravessam o caminhar cotidiano. Movimento se torna necessário para construção de relações, logo sentimos a urgência de realizar a convocatória como estratégia de reunir pessoas interessadas ao tema da mobilidade, abarcando suas diferentes dimensões.”

Zine do Práticas Desviantes II: https://issuu.com/educativomurillolagreca/docs/zine_praticas_desviantes_1 http://www2.recife.pe.gov.br/noticias/07/03/2018/divulgada-lista-dos -selecionados-para-exposicao-praticas-desviantes-no-museu


O que não é desenho? Museu Murilo La Greca 2019 O que não é desenho? O acervo pessoal do artista pernambucano Murillo La Greca (1899 - 1985) foi doado à Prefeitura do Recife em 1985, inaugurando assim o Museu Murillo La Greca. A exposição atual surge como homenagem à sua dedicação às artes visuais, ao ensino e aos 120 anos que completaria em 2019. “O que não é desenho?" utiliza alguns dos 1.400 desenhos do acervo como ponto de partida por conta de sua multiplicidade das técnicas como fusain (carvão), crayon (lápis grafite), pastel e sanguínea. Os desenhos guardados foram o dispositivo para o Educativo do Museu Murillo La Greca pesquisar o trabalho do artista e também se aprofundar em sua atuação como professor na disciplina de Desenho de Modelo Vivo (déc. de 30) na Escola de Belas Artes de Pernambuco -- atualmente o Centro de Artes e Comunicação da UFPE -- do qual foi um dos fundadores. A prática do desenho sempre foi desenvolvida nas escolas e academias de arte como um exercício para o aprimoramento de outras técnicas como a pintura e a escultura. Dentro de uma visão clássica e acadêmica, Murillo La Greca e alguns artistas contemporâneos a ele muitas vezes consideravam o desenho como prática de estudo e suporte, e não como uma obra em si.

De que outro ângulo é possível experienciar a prática do desenho? O espaço propositivo irá trazer outras formas de se relacionar com o desenho, que investiguem as possibilidades criativas do desenhar e seus métodos. É um exercício sobre a forma,o como, a motivação e o conteúdo a partir da atuação do corpo, principalmente da mão, diversos materiais durando em um tempo. Desenhar, traçar, gestualizar é um processo de expansão onde se investiga formas do fazer. Utilizando técnicas ou fluindo por outros caminhos intuitivos, o desenho pode ser um fim em si mesmo, em que o espaço deve ser ocupado, e também um estímulo para criação. O que persiste dos métodos de Murillo? Para participar dessa experiência existem proposições: relaxar, sentir, concentrar, desacelerar, realizar (sem avaliações, sem notas, sem comparações), se interessar, desenhar o que se vê (e o que não se vê): praticar.


https://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/artes-plasticas/noticia/2019/08/01/ exposicao-se-debruca-sobre-desenhos-de-murillo-la-greca-384642.php


Vetores Mostra Coletiva de Artes Visuais Museu Murilo La Greca 2018 Partilhar atos coletivos, sejam eles fora ou dentro da arte, é criar pontos de encontro onde diferentes manifestações possam surgir e atuar nas várias modalidades do cotidiano. Abrigar o trabalho de 9 (nove) artistas se torna um exercício de cartografar paisagens em movimento. Acompanhar, assim, pensamentos heterogêneos. O projeto curatorial dos trabalhos foi realizado pela antiga Coordenação de Artes Visuais do Recife em parceria com a Coordenação do Educativo do MMLG. VETORES Mostra Coletiva de Artes Visuais reafirma a importância da produção imagética nacional, compartilhando estas em um espaço público do próprio país. Para a Mostra, a equipe do Museu Murillo La Greca convidou mais 2 (dois) artistas que ajudam a tecer um panorama da produção das artes visuais brasileira, transformando seus trabalhos em vetores de suas próprias forças de inventividade. Assim, criando seus próprios espaços, os artistas trazem novas ficções sobre a vida, valendo-se de situações rotineiras e, muitas vezes, não percebidas corriqueiramente. Neste sentido, os trabalhos recorrem a práticas que apontam um estudo de forças subjetivas, relacionadas à existência humana comum. A força talvez como eixo de ação principal, tão plausível em momentos de paralisação. Elen Braga cria um ambiente que ressignifica

os limites atribuídos ao corpo. Relações entre a força física repetitive, como nas academias, a força-máquina. Contrapondo à máquina, temos a força que brota da fé no trabalho de Adones Valença , um esforço em busca da incerteza que se torna guia da ação. A política institucional, representadas como vetores de poder, enquanto criação humana imaterial aparece nos trabalhos de Lia Letícia e do grupo Favela News , como substância palpável e mutante. Seja através do deslocamento de figuras-chave como a urna –– imposta como símbolo da democracia ––, seja por táticas de utilização da mass mídia(força-organização). Todas os agenciamentos coexistindo como na força das utopias, dos delírios, do imaginário presentes na pintura de Tatiana Cavinato ; a força da pausa (o desabar) na instalação convidativa de Renan Marcondes; no grito imponente de Mariana de Matos com sua força manifesta, potência em palavras de presença (força-raiz/matriz); e, por fim, entre desdobramentos de um registro fotográfico, os trabalhos de Betina Guedes e Daniel Cabral que se conectam por uma força de habitação em uma geografia simbólica (mapeamento de memórias e lugares). VETORES - Mostra Coletiva de Artes Visuais reforça o árduo exercício de urgir incansavelmente a possibilidade de estar e mover o presente. Como, afinal, articulamos outros estudos de forças?


http://www2.recife.pe.gov.br/noticias/04/05/2018/murillo-la-greca-recebe-mostra-vetores


Estratégias para o contorno SESC - Casa Amarela SESC - Petrolina - 2020 Se tornou natural acreditarmos fortemente em uma eclosão de mundo moldada por parâmetros imagéticos euroamericanos. Coexistindo, subjetividades transfiguram e diagnosticam a crença em um modo de vida hegemônico desenhado por uma macro estrutura sistêmica com bases colonizadoras; corpos em grande maioria são herdeiros de isolamentos geográficos, e que foram cerceados estrategicamente para estarem fora do centro já atuam ou podem atuar para a abertura de brechas em uma reconfiguração do espaço estrutural/arquitetônico/social normalizado. Como a paisagem pode ser um dispositivo semeador para descontinuar perspectivas que se afirmam através do medo? Propor visualidades para diversos territórios desestruturando arquétipos, em diferentes escalas, se torna um caminho como possibilidade crítica e política de ação semeadora para o desenvolvimento de fissuras como táticas para grupos que historicamente são afetados por práticas de violência. O que nos coloca em inércia? Como exercitar uma coreografia onde é possível driblar práticas impostas a corpos oprimidos? Como o processo de criação de imagem pode ser incorporado à desfuncionalização de ações e pensamentos que servem a um projeto de extermínio de esferas micro e macro ambientais?

Entendendo que a falta de reconhecimento de si é uma estratégia de silenciamento entre grupos, como criar práticas e experimentações que nos permitem interagir e perceber o que nos contorna? As perguntas são convites para trocas. Portanto, momentos e criação de pensamento sobre o que construímos, uma possibilidade de mudança e de existir sem respostas, dar lugar ao efêmero. Os presentes trabalhos na exposição nos conduzem para diferentes energias sobre o tempo, a terra, a luz e o que fazemos enquanto corpos. Assim, provocam a normativa de um único ritmo e frequência enquanto se mesclam na paisagem. Sem ignorar estratégias, os artistas provocam o que os contorna, e assim, deixam agir o tempo que permite a transmutação.

Foto: Felipe Correia


Fotos:felipe correia


“Alerta Fake News” Galeria Reocupa da Ocupação 9 de julho - 2020 - 2019 A instalação Alerta - Fake News é um trabalho|brincadeira feito após o Programa de Acompanhamento do Valongo Festival na cidade de Santos (SP). A proposta surge através do encontro do corpo com o território portuário em novembro de 2019 e o anúncio da instabilidade causadas por um racismo ambiental nas praias da região Nordeste no mesmo período. MENU

Diário Mundial

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29 OUT 2019 03h10 atualizado às 09h20

Sudestinos ficam em alerta com a possibilidade de receberem moradores de Pernambuco atingidos pelo óleo

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Origem do poluente ainda é omissa, e em um dos piores desastres ambientais do País cria alerta entre san stas CIDADES

Santos e Região veja tudo sobre >

Fotógrafos registram o dia-a-dia de pescadores 29/10/2019

Portos são planos de fundo de paisagem natural 29/10/2019

Banhistas santistas tomando sol sem preocupação com a migração.

(Foto: Winnie Barbara)

Há a quase dois meses, começaram a aparecer as primeiras substâncias escuras e oleosas, o petróleo cru visto nas praias brasileiras. Pescadores, marisqueiros e outros produtores autônomos foram os mais atingidos, além de sua saúde e raiz costeira, a sua base econômica foi atingida sem perspectivas de reconstrução e hoje restam apenas promessas. As comunidades ribeirinhas, pontos de saberes e culturas, estão devastadas com a contaminação, que hoje, se estende para mais de 10 estados na região nordeste.

Brasil

+

São Paulo

+

Com o óleo nas praias, muitos turistas estão deixando de frequentar as piscinas naturais do estado de Pernambuco, o quadro estatistico de previsão para turismo no ano de 2020 mostra uma queda de 93% de viagens para a região. Porém, foi um boato o que mais assustou a população, o falatório que chegou até a cidade litorânea de Santos no estado de São Paulo e que surgiu através dos principais veículos jornalísticos, além do facebook e instagram. O anúncio explicava que algumas empresas áreas se solidarizaram doando passagens gratuitas para pernambucanos irem morar nas proximidades das praias sudestinas em Santos. Segundo o boato, Pernambuco seria o primeiro estado a ganhar os vôos e logo depois a Paraíba. A no cia afetou mais santistas do que pernambucanos que pouco souberam do que estava circulando na redes sociais. Santos, cidade paulista que se orgulha de seu litoral, ficou em alerta com a possível migração. Assustados, encontramos alguns banhistas na orla de Santos que argumentaram que aquilo poderia alterar o modo de vida da cidade de maneira negativa, e que já haviam se acostumado com o óleo diluído nas praias, portanto não viam motivo para a mudança de estado. A cidade de Santos, além de turística também carrega um dos maiores portuários do Brasil no bairro do Valongo, onde existiam e ainda resistem algumas comunidades caiçaras. As noticias começaram a se dissipar com as notas de algumas empresas aéreas nesta manhã, estas desmentiram a confusão que se iniciou através de fakes news. No Nordeste pescadores continuam trabalhando com risco de intoxicação e afirmam que não saíram de suas casas e que pretendem pressionar mais o governo. “O que se tem aqui, não se tem em canto nenhum, lá já é o apocalipse.”; “É pau pra comer sabão e pau pra saber que sabão não se come”. Para ler mais no cias do Diário Mundial, clique em diáriomundial.com/cadernoscidadessantos. Siga também o Diário Mundial no Twi er e por RSS.

Tópico: Santos

https://artebrasileiros.com.br/agenda-arte/o-que-nao-e-floresta-e-prisao-politica/


Convocatória M.Mulambo Exposição coletiva Mulheres que Frequentam Galeria Maumau - 2019 Maria Mulambo é uma curadoria que desenvolve um circuito independente em pequenas escalas. A maleta é um dispositivo para o trânsito entre estratégias, uma forma de compartilhamento de acervos e também táticas de transformação do meio.

O que seria necessário para contornar e criar outros entornos? qual escala do possível? Este é o protótipo da ação, a convocatória está aberta para artistas que queiram articular a gira de pensamentos com seus trabalhos. Para iniciar o diálogo, manda uma mensagem para: chamadam.mulambo@gmail.com.

Agir em seu percurso marcando um tráfico de mensagens que atravessa territórios, os agenciamentos são feitos através de quem carrega a maleta e dos desdobramentos que os materiais podem oferecer no local destinado. Os trabalhos devem caber nesta maleta para serem expostos em outro território. a perspectiva é atravessar outras paisagens propondo interferências em contextos distintos. Observar a materialidade e a composição do espaço como possibilidades para sua própria reestruturação, desenhando frestas em um sistema eticamente falido. A chamada interessa mover subjetividades afetadas por isolamentos geográficos e historicamente cerceadas por condições macroestruturais, desejando possíveis reestruturações do espaço. https://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/artes-plasticas/noticia/2019/08/23/ maumau-reune-27-artistas-na-exposicao-mulheres-que-frequentam-386357


O que se desdobra entre vários Texto para 4° edição da revista Propágulo Às vezes sigo num choro que não parece ser meu. Parece um movimento de vários corpos que vou condensando até se transformarem em lágrimas. É uma sensação que tenho desde criança e que me remete muito à minha avó. Não sei exatamente o porquê, e talvez isto continue em segredo. Percebo a consequência dos engasgos através do cansaço, então apenas não controlo e, assim, o rito começa a acontecer. Ultimamente tenho pensado sobre essa possessão que me faz parar, que me obriga a parar, pois, ao que me parece, esta ação de compartilhamento com esses vários me modifica na prática. Comecei a perceber a sabedoria que aos poucos nutria, ao invés do antigo bloqueio que sentia quando ocorria essa refração. Estes momentos de pausa me foram recordados ao presenciar a performance “Onde Está Bruno Avendaño?” de Lukas Avendaño, performer muxe afroindígena do estado de Oaxaca - México. Em sua ação, vestindo indumentárias tehuanas e segurando a foto de seu irmão, Bruno, impressa com a frase “¿Dónde está Bruno Avendaño?”, Lukas convida, com a mão aberta, o público, que também veste-se de trajes tehuanas, e, após

isto, senta-se ao seu lado durante um período de duas horas. O anúncio do corpo ausente, de Bruno, um dos milhares de desaparecidos no México nos últimos 9 anos, é feito através da presença política de Lukas e da dança que os corpos do público fazem ao sentar, levantar e dar lugar a outros que compartilham a mesma ação. A gestualidade no espaço é semelhante entre os que sentam ao lado de Lukas, entretanto o que é evocado cria diversas camadas. Lágrimas são muitas vezes o que podemos ver no plano visível, contudo o acesso a este encontro se desdobra em temporalidades mútuas através deste exercício de partilha. Após a finalização das ações, Lukas agradece e afirma que sua ação não é sobre o lamento e a perda, e, sim, sobre a possibilidade de plantar presença em rede, um momento estratégico a fim de contornar a dor. Davi Kopenawa se refere aos livros - que são para os yanomamis feitos de palavras desenhadas - como peles de papel em que os brancos contemplam suas próprias verdades. Aproveito este espaço, que também é ambiente político, e ferramenta legitimadora,


para então reorganizar um espaço mediativo de visualidades diversas que tem em suas práticas a potência de semear presença. A revista entra como lugar discursivo que, embora insuficiente, também é importante dispositivo para moldar estruturas históricas. Esta edição tem a participação de corpos que propõem o reconhecimento de si como estratégia de anti silenciamentos, as autonarrativas de Paulet Lindacelva e Iagor Peres são movimentos disruptivos que se cruzam com os diálogos de Cona, Abiniel João Nascimento e Letícia Barbosa. Dissidentes, assim como Lukas, fazemos arte, agimos em uma escuta permanente sobre o sensível, contornando as distrações das violências diárias - que nos golpeiam. A leitura de mundo aqui não estigmatiza, nem diagnostica loucuras. Pelo contrário, abre espaço para a magia. Permite o atravessamento do modus operandi da razão, regido pela crença em um modo de vida hegemônico e desenhado por uma macro estrutura sistêmica atrelada a imposições religiosas e práticas epistemicidas seculares. Logo, penso que esta edição fortalece uma rede de

partilha entre os artistas que fazem parte desta curadoria, em sua maioria agentes de circuitos independentes, que proporcionam espaços de formação na cidade que moram, demarcando territórios e oferecendo diálogos como táticas de sobrevivência em circuitos por vezes fechados. O constante exercício de re-imaginação de espaços psicológicos e físicos são dispositivos curatoriais como nos atenta Khanyisile Mbongwa (curadora/artista residente na Cidade do Cabo/RSA), que vem pesquisando junto à artista Lhola Amira processos espaciais, simbólicos e energéticos que atravessam corpos diaspóricos. Assim, nesta prática conjunta, me pergunto: como mediar o espaço das relações e como trabalhar as dimensões territoriais internas e externas permitindo a escuta, em vez de criar um lugar para distrações e deslumbres que fragilizem nossas estratégias?


Fotos: Marlon Diego


Currículo FORMAÇÃO 2012 - 2017 Graduada na Universidade Federal de Pernambuco em Licenciatura em Artes Visuais; 2019 – Programa Acadêmico de campus expandido Museos / Anti-Museos na Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM); 2020 - Curso semestral Curadoria e Seus Métodos no EAV Parque Lage com Clarissa Diniz.

PROJETOS EM ANDAMENTO (2020 | 2021) Curadoria e coordenação da Residência “Práticas Desviantes“ aprovado pelo Funcultura Geral 2018|2019 com os artistas Iagor Peres e Lia Letícia na Vila do Vintém; Curadoria do projeto Desenhando feitiço sobre os pés - Maria Mulambo com Deba Tacana, biarritzzz, Caetano Costa, Iagor Peres, IARA Kildery, Makeda Smenkh-Ka-Ra e Abiniel J. Nascimento.

ARTES VISUAIS 2020 Criação do projeto educativo para As Poetas do Pajeú em plataforma online (nov); 2020 Publicação do texto “Pedagogias do meme?“ no material educativo da Frestas - Trienal de Arte com a artista biarritzzz (out); 2020 Curadoria do projeto “Enxertia“ em parceria com a Galeria Amparo 60 (out); 2020 Participação nas “Conversas Críticas“ com Moacir dos Anjos - curadoria de Julia Rebouças na Oficina Brennand (out); 2020 Participação com texto curatorial e intervenção IN-OUT com o CARNI Coletivo no projeto Local da Ação no Solar dos Abacaxis (ago); 2020 Mediação da mesa “Escapes curadorias e narrativas compartilhadas“ pelo Coletivo Nacional Trovoa com Paulete Lindacelva, Camilla Rocha Campos e Ceci Bandeira no SP-Arte 2020 (ago); 2020 (LIVE-debate) pelo SESC PE Caminhos Expositivos: Discutindo Possibilidades com Marianna Melo (set); 2020 Acompanhamento independente da artista biarritzzz nos processos do vídeo “EX@“ para IMS e na intervenção sonora e webspecific “Eu não sou afrofuturista“ para a Pivô (ago e set); 2020 Colaboração na revista “Outros fins que não a morte“ com curadoria de Paulete Lindacelva (jun); 2020 Participação na plataforma EhChos (@projeto_ehchos) através do CARNI Coletivo (jun); 2020 Texto crítico para o catalogo da Frestas - Trienal de Arte sobre o artista Iagor Peres à convite da curadora Diane Lima (abr); 2020 | 2019 Instalação “Alerta - Fake News“ na Galeria Reocupa da Ocupação 9 de julho (nov | mar); 2019 Curadora da exposição “Como ? Criando Costumes. “ de Camila Valones no Museu Murillo La Greca (dez); 2019 Residente no I Programa de acompanhamento artístico do Valongo Festival em Santos (nov);


ARTE EDUCAÇÃO 2017 Escola Encontro Professora de Artes 2017 Colégio Boa Viagem - Jaqueira Professora de Artes 2016 Fundação Joaquim Nabuco/Derby, Recife/PE Mediadora cultural 2015 PIBID (Programa Institucional de Bolsas Iniciação a Docência) Bolsista pesquisadora 2014 XV FENEART pela Escolinha de Artes do Recife, Recife/PE Arte/Educadora 2013-2014 Museu Murillo la Greca, Recife/PE Mediadora cultura l 2012 Museu do Estado de Pernambuco, Recife/PEMediadora cultural

CINEMA 2019 Curta-Metragem “Ninguém Precisa Saber” - Direção: Priscilla Nascimento; Direção de Arte 2019 Videoarte “Per Capita” - Direção: Lia Letícia; Direção de Arte 2019 MOV - Festival de Cinema Universitário no Cinema São Luiz, Recife/PE (julho, 2019); Juri Oficial (categoria Nacional) 2018 Piloto de Série para TV “Delegado” - Direção: Tião, Leonardo Lacca e Marcelo Lordello; Assistente de Arte 2018 Curta-Metragem “Adore/o” - Direção: Rodrigo S. Pereira; Direção de Arte 2017 Longa-Metragem “A Morte Habita a Noite” - Direção: Eduardo Morotó; Assistente de Direção de Arte e Produtora de Arte 2016 Curta-Metragem “Superpina” - Direção: Jean Santos; Assistente de Direção de Arte e Produtora de Arte 2016 Curta-Metragem “Frequências” - Direção: Adalberto Oliveira (Premiado no 10º Festival de Cinema de Triunfo por Melhor Direção de Arte); Assistente de Direção de Arte e Figurino 2015 Longa-Metragem "Suspiros Primários" - Direção: Jucélio Matos; Assistente de Figurino 2015 Curta-metragem ¨Edney¨ - Direção: João Cintra; Assistente de Figurino 2015 Curta-Metragem ¨O Homem das Gavetas" - Direção: Duda Rodrigues; Art Concept 2014 Curta-Metragem "Frascos" selecionado para o Cine PE 2014 | Festival de Audiovisual Direção e Direção de Arte

IDIOMAS Espanhol: escrita: bom, leitura: ótimo, fala: bom e compreensão: ótimo;



Contato ariananualaa@gmail.com Telefone - +55 (81) 9.9619.3012 Skype - finngualaa Instagram - @socorrrrrr


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