01 - PRÓLOGO (ELEONORA VELHA escreve em seu quarto. É noite. Som de chuva forte. Enquanto ela escreve, busca na memória situações vividas por ela no decorrer dos anos. Eleonora Moça, Eleonora Mulher e Eleonora Jovem-Senhora estão em pé segurando guardachuvas todos da mesma cor variando em degradê, elas são memória) ELEONORA MOÇA: Cada um tem a vida que merece e corre atrás da que quer. Eu to correndo atrás da que eu quero. ELEONORA MULHER: É como se as horas continuassem correndo, mas a vida fosse se arrastando... LEONORA JOVEM SENHORA: A gente poderia ter aproveitado melhor o nosso tempo aqui. 02 - Beatriz lendo trecho do livro O céu está em pranto, um dilúvio de lágrimas vem sobre este solo maldito. Por onde andas? Para onde ir, não há como seguir. Teu caminho agora é ribeirão de correnteza forte e traiçoeira. Acalma teu coração, esquece o caos ao teu redor e mergulha na solidão. Não retrocede, não vai adiante. Isola-te em tua ilha, em tua cápsula protetora. Tu és feto em útero materno, prole da renovação, renovação, renascimento, recomeço, agora vai. Rompe este casulo que te aprisiona. E rasteja em direção a teu destino, faz o teu caminho, forasteiro sem nome e sem pátria. Pois este é o teu carma, caminhar e caminhar. Caminhar sem ter para onde ir, caminhar e por fim cair. (celular toca interrompendo. Ela olha o identificador. Atende) Oi. O quê? Ele levou todo o meu dinheiro? 03 - Estamos falidos MAE - Dinheiro? Como assim não temos mais dinheiro? (escondendo peças de tecido que traz nas mãos) PAI - Não temos. Estamos falidos.. MAE - Valha-me Deus! PAI - Faz algum tempo que eu tento evitar trazer esse assunto para dentro de casa... MAE – (interrompendo) Pobres? PAI - Tento reverter o quadro, mas sinceramente não há mais o que fazer. MAE – (interrompendo) Mas, assim, de repente? PAI - Sim! (irônico) De repente apareceram contas..