13 pequenos envelopes azuis 01

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Para Kate Schafer, a maior companheira de viagem do mundo, e uma mulher que nĂŁo tem medo de admitir que ela ocasionalmente nĂŁo pode lembrar-se onde mora.


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Querida Ginger, Eu nunca fui uma grande seguidora das regras. Você sabe disso. Então vai parecer um pouco estranho que esta carta esteja cheia de regras que eu mesma escrevi e que eu preciso que você siga. —Regras para o que?— Você deve estar se perguntado. Você sempre fez boas perguntas. Lembra-se de quando você era criança e costumávamos jogar —hoje eu vivo em— quando você costumava a me visitar em Nova York? (Eu acho que sempre gostei do —eu vivo na Rússia— era o melhor. Nós sempre jogávamos isso no inverno. Íamos ver a exposição de arte Russa no MET*, andávamos através da neve no Central Park, então nós íamos aquele pequeno restaurante russo no Village que tinham um pickles realmente muito bom e tinha aquele poodle calvo estranho que se sentava na janela e ficava latindo para a cabine.) (*MET – Museu Metropolitano de Arte de Nova York) Eu gostaria de jogar esse jogo mais uma vez – exceto que agora vai ser um pouco mais literal. Hoje o jogo é —Eu vivo em Londres.— Repare que tem $1.000 dólares em dinheiro dentro desse envelope. Isto se trata de um passaporte, um bilhete de ida saindo de Nova York para Londres, e uma mochila. (Guarde alguns dólares para o taxi ate o aeroporto.) Quando reservar o bilhete, a embalagem para a mochila, e der abraços de adeus em todos, eu quero que você vá para a cidade de Nova York. Mais especificamente. Eu quero que você vá para a Nooble 4, o restaurante Chinês sob meu antigo apartamento. Alguma coisa vai estar esperando lá por você. Vá para o aeroporto a partir daí. Você vai ficar fora por várias semanas, e você estará viajando por terras estrangeiras. Estas são as regras que eu mencionei acima que vai orientar a sua viagem:  Regra numero 1: Você só pode levar o que couber na sua mochila. Não

tente fingir com uma bolsa ou carry-on*  Regra número 2: Você não pode trazer guias, dicionários de línguas, ou qualquer outro tipo de ajuda para língua estrangeira. E sem Jornais.  (*http://img.timeinc.net/time/photoessays/2008/travel_gadgets/tumi_carryon.j

pg)[/silver)


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 Regra número 3: Você não pode trazer dinheiro, cartões de crédito / débito,

cheques de viagens, etc. Eu vou cuidar de tudo isso.  Regra número 4: Nenhum apoio eletrônico. Isso significa sem laptop, sem celular, sem música e sem câmera fotográfica. Você não pode telefonar para casa ou se comunicar com as pessoas dos E.U por internet ou telefone. Postais e cartas são aceitáveis e incentivadas. Isso é tudo o que você precisa saber por agora. Vejo você no Noodle 4. Amor, Sua tia fugitiva.


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Capítulo 1 Um Pacote Como um Bolinho Como regra geral, Ginny Blackstone tenta passar despercebida – algo que era mais ou menos impossível com trinta quilos (ela pesava isso) de mochila roxa e verde pendurada em suas costas. Ela não queria pensar em todas as pessoas que ela colidiu enquanto a estava carregando. Essa coisa não foi feita para ser usada ao redor da Cidade de Nova York. Bem, em lugar nenhum, na verdade... Mas, sobretudo no East Village na Cidade de Nova York numa tarde ensolarada de Junho. E um pedaço de seu cabelo estava preso sob a alça de seu ombro direito, assim que sua cabeça estava puxando um pouco para baixo. Isso não ajudava. Tinha passado mais de dois anos desde que Ginny tinha vindo ao número 4 da Noodle Penthouse. (Ou ―aquele lugar em cima da loja de gordura‖, como os pais de Ginny costumavam fazer referencia a ele. Não foi totalmente injusto. O número 4 da Noodle Penthouse era muito engordurado. Mas era o bom tipo de gordura, e eles tinham os melhores bolinhos do mundo.) Seu mapa mental se tinha desvanecido um pouco nos últimos dois anos, mas o nome do número 4 da Noodle Penthouse também continha o seu endereço. Foi ao numero 4 da Noodle Penthouse e Avenue A. As avenidas do leste foram organizadas por números, muito profundo na super-moderna East Village – onde as pessoas fumavam e usavam látex e nunca arrastam pela rua sacos do tamanho de caixas de correio amarrados nas costas. Ela podia vê-lo agora... A simples loja de macarrão ao lado da Pavlova‘s Tarot (com o neon púrpura zumbido), do outro lado da rua uma pizzaria com um gigante mural de um rato ao lado. Houve um pequeno tilintar de um sino e um sopro de ar condicionado quando Ginny abriu a porta. Em pé atrás do balcão uma pequena mulher atendia três telefones ao mesmo tempo. Essa era Alice, a dona, a vizinha preferida da tia Peg. Ela abriu um largo sorriso quando viu Ginny e ergueu um dedo, indicando que ela deveria esperar.


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—Ginny, Alice disse, segurando dois telefones e abaixando o terceiro. —Package. Peg. Ela desapareceu por uma cortina de bambu que cobria uma porta na parte traseira. Alice era Chinesa, mas falava inglês perfeitamente (tia Peg tinha dito isso). Mas porque ela sempre tinha que ir direto ao ponto (o número 4 da Noodle era um negocio ativo), ela falou em palavras únicas. Nada tinha mudado desde a última vez que Ginny esteve aqui. Ela olhou para as figuras iluminadas de comida chinesa, o brilho do plástico do camarão com gergelim e do frango com brócolis. Elas brilhavam não muito tantalizingly1, mais radioativo. Os pedaços de frango eram um pouco brilhantes e laranjas. As sementes de gergelim eram brancas e muito, muito grandes. O brócolis era tão verde que parecia vibrar. Tinha acima umas fotos emolduradas de Rudy Giuliani2 de pé com uma sorridente Alice, foi tirada quando ele apareceu um dia. Era o cheiro, entretanto, que era mais familiar. O forte cheiro, cheiro oleoso de carne com cebola e porco e pimenta e o cheiro agridoce das cubas de cozinhar arroz. Este foi o perfume que penetrou através da palavra tia Peg e perfumava-a. Ele soou como um acorde na memória de Ginny que ela quase balançou a cabeça ao redor para ver se a tia Peg estava ali atrás dela. Mas é claro, ela não poderia estar. — Aqui, Alice disse, emergindo da cortina frisada com um pacote de papel marrom em sua mão. — Para Ginny. O pacote – um envelope marrom cheio e acolchoado – estava endereçado a ela, Virginia Blackstone, aos cuidados de Alice no numero 4 da Noodle, Cidade de Nova York. Tinha o carimbo de Londres e tinha um menor de gordura. —Obrigada, Ginny disse, aceitando o pacote tão graciosamente quanto ela podia, uma vez que ela não podia se debruçar no balcão sem cair de cara.

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tantalizingly são aquelas comidas de plástico que são bastante reais.

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Rudy Giuliani um político americano.


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—Diga oi para Peg por mim, Alice disse, pegando o telefone e falando um pedido. —Certo... Ginny acenou com a cabeça. —Hum, claro. Uma vez que ela estava na rua, olhou pela Avenue A nervosamente a procura de um taxi ela ia ter que sinalizar por si mesma, Ginny se perguntou se ela deveria ter contado a Alice o que estava acontecendo. Mas ela logo foi distraída pelo terror que sua tarefa lhe causou. Os táxis eram bestas amarelas que aceleravam por Nova York, deixando pessoas que tiveram que ir de lugares para outros lugares e deixando apavorados os peões lutando para se proteger.

Não, ela pensou, levantando a mão timidamente o máximo que ela poderia para o rebanho que apareceu de repente. Não tinha razão para dizer a Alice o que estava acontecendo. Nem ela mesma acreditava. E, além disso, ela tinha que ir.


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Capitulo 2 As Aventuras da Tia Peg Quando tia Peg tinha a mesma idade de Ginny (dezessete), ela fugiu de casa em New Jersey, apenas duas semanas antes de ir para Mount Holyoke com bolsa integral de estudos. Ela reapareceu uma semana depois e parecia surpresa com o fato das pessoas estarem aborrecidas com ela. Ela precisava pensar sobre o que ela fazer na faculdade, ela explicou, de modo que ela tinha ido para o Maine e conhecido algumas pessoas que construíram barcos de pesca artesanal. Além disso, ela não estava indo para a faculdade, ela informou a todos. Ela estava tirando um ano sem estudo e ia trabalhar. E ela fez. Ela desistiu da sua bolsa de estudos e passou o ano seguinte trabalhando como garçonete em um grande restaurante de mariscos no centro da Filadélfia e a viver com outras três pessoas em um pequeno apartamento em South Street. No outro ano, tia Peg foi para uma faculdade pequena em Vermont onde as pessoas não tinham nenhum grau e onde ela se formou em pintura. A mãe de Ginny, irmã mais velha da tia Peg, tinha uma visão muito —real— do que era uma graduação séria, e essa não era uma delas. Para ela, se graduar em pintura era uma insanidade, semelhante a se graduar em fotocopias ou reaquecimentos de sobras. A mãe de Ginny nasceu prática. Ela morava em uma casa legal e tinha um pequeno bebê (Ginny). Ela incentivou a irmã a se tornar uma contadora, como ela. Tia Peg respondeu em uma nota que dizia que ela tinha nascido com pouco toque de arte. Logo que ela se formou, tia Peg partiu para Nova York e se mudou para o numero 4 da Noodle Penthouse, e lá permaneceu. Esta foi a única coisa fixa em sua vida. Seu emprego mudava constantemente. Ela foi gerente em uma grande loja de artes ate que acidentalmente ela levou zero por muitas vezes em um formulário online. Em vez dos vinte não-reembolsáveis, cavaletes – feitos na Itália como ela deveria ter pedido, ela se surpreendeu com a entrega de duzentos. Ela atendeu aos telefones como uma funcionária temporária na sede da Trump, até que aconteceu de ela atender uma chamada do próprio Donald.


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Ela pensou que fosse um de seus amigos atores fingindo ser Donald Trump – então ela imediatamente lançou-se em um discurso fervoroso sobre o ‗desprezível capitalista com perucas ruins.‘ Ela gostava de contar a experiência de ser colocada para fora escoltada por dois seguranças. Para tia Peg esses empregos eram apenas coisas que ela fez ate sua carreira artística decolar. Novamente, isso causou desespero na mãe de Ginny por sua irmã mais nova – e ela sempre lembrava a Ginny que ela deve amar sua tia, mas não deve tentar ser como ela. Nunca houve realmente um perigo nisso. Ginny era sempre muito bem comportada, muito normal para ser um problema. Ainda assim, ela amava as visitas á tia Peg. Embora elas tenham sido errática e muito raras, elas também foram experiências mágicas durante o qual todas as regras normais de vida eram postas de lado. O jantar não tinha de ser balanceado e na 4

mesa as seis – poderia ser kebabs afegão ou sorvete de gergelim preto a meia noite. Tudo feito na frente da TV. Às vezes elas vagavam pelas lojas de roupas e butiques, experimentando as mais caras e extravagantes peças que ela pudessem encontrar – coisas que Ginny teria ficado mortalmente envergonhada de vestir na frente de outras pessoas, e muitas vezes coisas tão caras que ela sentia que tinha que pedir permissão para tocar. (—É uma loja—, tia Peg dizia enquanto ele provava um óculos de sol de quinhentos dólares ou um enorme chapéu com penas. —As coisas estão aqui para experimentar) A melhor parte sobre tia Peg era que quando Ginny estava perto dela, ela se sentia mais interessante. Ela não era sempre quieta e obediente. Ela era mais alto confiante. Tia Peg a fazia se sentir diferente. E a promessa sempre tinha sido que tia Peg sempre estaria lá – por todo o ensino médio, passando pela faculdade – para guiar Ginny. —Isso é, quando você precisar de mim — tia Peg sempre dizia. Um dia, em Novembro quando Ginny estava no segundo ano, o telefone de tia Peg parou de funcionar. A mãe de Ginny imaginou que a conta não tinha sido paga. Então ela e Ginny pegaram o carro e foram ate Nova York 3

Donald Trump é um empresário norte-americano, também conhecido por apresentar o programa The Apprentice. No Brasil o programa é conhecido como O Aprendiz que era apresentado pelo Roberto Justus 4

Pelo o que pesquisei no Google kebabs é como se fosse um churrasco.


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para ver o que estava acontecendo. O apartamento no numero 4 da Noodle estava vazio. O locatário contou a elas que tia Peg tinha se mudado há vários dias antes, e não tinha deixado outro endereço. Tinha uma nota, no entanto, presa sob o tapete de boas vindas. A nota dizia: Às vezes eu só tenho que fazer.

Entro em contato em breve. Primeiramente, ninguém se preocupou. Esta foi só mais uma escapada da tia Peg. Um mês passou. Então dois. Em seguida um semestre de primavera tinha passado. Então veio o verão. Tia Peg tinha simplesmente ido. Então chegaram alguns cartões postais, basicamente para assegurar de que ela estava bem. Eles eram carimbados a partir de uma variedade de lugares – Inglaterra, França, Itália – mas neles não continham nenhuma explicação. Então a tia Peg era exatamente o tipo de pessoa que iria enviá-la para a Inglaterra sozinha, com um pacote de um restaurante chinês. Isso era tão estranho. A parte mais estranha era que tia Peg estava morta há três meses. Essa ultima parte foi a mais difícil de engolir. Tia Peg era a pessoa mais viva que Ginny tinha conhecido. Ela também só tinha trinta e cinco anos. Esse número ficou preso na cabeça de Ginny porque sua mãe ficava repetindo-o de novo e de novo. Somente trinta e cinco anos. Pessoas alegres não deveriam morrer com trinta e cinco anos. Mas tia Peg tinha. O telefonema veio de um médico na Inglaterra explicando que tia Peg tinha desenvolvido um câncer – que tinha evoluído muito rápido, que tudo tinha sido tentado, mas nada mais poderia ser feito. A notícia... A doença... Foi tudo muito distante para Ginny. De algum jeito, ela nunca realmente acreditou. Em sua mente tia Peg ainda estava por ai em algum lugar. E Ginny de algum modo se apressou para seguir os planos dela. Somente tia Peg poderia fazer esse tipo de coisa acontecer. Não que Ginny não tivesse tido sua parte. Primeiro, ela teve que convencer a si mesma que ela poderia seguir o que parecia ser um vôo evidente de insanidade de uma tia que não era conhecida pela sua confiabilidade. Uma vez que ela fez isso, ela tinha que convencer seus pais do mesmo. Principais tratados internacionais foram negociadas em menos tempo. Mas agora ela estava aqui. Não tinha como voltar atrás agora.


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O avião estava frio. Muito frio. As luzes foram baixas, e estava completamente escuro do lado de fora das pequenas janelas. Todo mundo exceto Ginny parecia estar dormindo, inclusive as pessoas de cada lado dela. Ela não podia mover-se sem acordá-los. Ginny se enrolou no pequeno e ineficaz cobertor do avião e apertou o pacote contra o peito. Ela não tinha sido eficaz de fazer a si mesma a abri-lo. Em vez disso, ela passou a maior parte da noite olhando para fora da janela de seu avião no escuro uma longa sombra e varias luzes piscando, seu primeiro pensamento era de que estava passando pela costa de New Jersey e então talvez Islândia ou a Irlanda. Não foi ate o amanhecer, quando eles estavam prestes na terra, que ela viu que tinha passado o tempo todo olhando para a asa. Abaixo deles, através de um véu de nuvens de cotonete, era um retalho de quadrados verdes. Terra. Este avião estava mesmo indo para a terra, e eles iam fazê-la ir lá para fora. Em um país estrangeiro. Ginny nunca esteve em nenhum lugar mais exótico que a Flórida, e nunca sozinha. Ela ergueu o pacote a partir de seu próprio punho e colocou-o sobre seu colo. Tinha chegado claramente o tempo de abri-lo. Tempo de descobrir o que tia Peg tinha planejado para ela. Ela abriu o selo e olhou dentro. O pacote tinha uma coleção de envelopes muito parecidos com o primeiro. Eles eram azuis. Eles eram feitos de um papel pesado. Boa qualidade. O tipo de papel que vendem em butiques caras. A frente de cada envelope estava ilustrado a caneta e a tinta aquarela, e foram agrupados com mais de um elástico que tinham sido dobrados em torno deles. Mais importante, cada um deles estavam marcados com números, começando do dois e correndo ate o treze. Envelope 2 tinha a ilustração de uma garrafa, com um rotulo que dizia ABRA NO AVIÃO. E ela abriu.


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Querida Ginger,

Como foi no número 4 da Noodle? Já faz algum tempo, hein? Espero que você tenha trazido alguns bolinhos de gengibre para mim. Eu estou bem ciente que devo algumas explicações sobre um monte de coisas, Gin. Mas deixe-me começar a te contar a você sobre a minha vida em Nova York, antes de eu ir, a dois anos atrás. Eu acho que você sabe que eu ouvi um monte de criticas da sua mãe (por que ela se importa com sua irmã menor um pouco rebelde) por nunca ter um ‗emprego de verdade, ‘e por não ter casado, e não ter filhos, e uma casa e um cachorro. Mas eu estava bem com isso. Eu achava que estava fazendo a coisa certa e que as outras pessoas que estavam erradas. Um dia de Novembro, no entanto, eu estava andando de metrô ate meu novo trabalho temporário. Esse cara cego com o acordeão que monta o comboio 6 estava tocando o tema de Godfather direto no meu ouvido, apenas como ele tem feito isso todos os dias da minha vida eu já tomei a 6. E então eu desci na Rua 33 e comprei para mim mesma um café de 89 centavos, assim como eu fazia toda vez que ia a um trabalho temporário. Naquele dia eu estava indo a um emprego em um escritório no Empire State Building. Eu tenho que confessar Gin... eu fico um pouco romântica sobre o antigo Empire State. Só de olhar para ele já me dá vontade de tocar Frank Sinatra e balançar um pouco. Eu tenho um fraco por um edifício. Eu estive lá varias vezes, mas nunca a trabalho. Eu sempre soube que tinha escritórios ali, mas esse fato nunca me penetrou, de verdade. Você não trabalha no Empire State Building. Você propõe casamento no Empire State Building. Você se estica dentro do balão de vidro lá em cima e levanta um brinde a toda a cidade de Nova York. Eu estava andando ate lá e percebi uma coisa eu estava para entrar naquele lindo edifício para arquivar ou fazer cópias – eu parei. Muito rapidamente, na verdade. O cara atrás de mim passou direto. Algo estaria seriamente errado se eu entrasse no Empire State Building para isso.


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Assim foi como todas as coisas começaram, Gin. Foi bem na calçada da Rua 33. Eu nunca fui trabalhar naquele dia. Eu dei a volta, voltei para a 6, e então para casa. Por mais que eu amasse aquele apartamento algo dentro de mim ficava dizendo... Está na hora! Está na hora de ir! Como aquele coelho em Alice no País das Maravilhas que passava correndo dizendo, ‗estou atrasado!‘ Atrasada para o que, eu realmente não poderia dizer a você. Mas esse sentimento era tão intenso, que eu não poderia abandoná-lo. Eu o chamei de doença. Eu ficava andando pelo meu apartamento em círculos. Algo não estava certo no que eu estava fazendo. Eu esta muito confortável no meu apartamento por muito tempo. Eu estava fazendo trabalhos chatos. Eu pensei em todos os artistas que eu admirei. O que eles fizeram? Onde eles viveram? Bem, a maioria das vezes, eles viviam na Europa. E se eu apenas fosse para a Europa? Como eles? As pessoas que eu sempre admirei por vezes passaram fome e ao longo do seu caminho criaram. Eu queria criar. Naquela noite, eu estava com minha passagem para Londres em mãos. Eu peguei emprestado $500 de um amigo para fazer isso. Eu dei a mim mesma três dias para ter tudo resolvido. Eu peguei o telefone algumas vezes para ligar para você, mas eu não sabia o que dizer. Onde eu estava indo... por que... eu não tinha respostas. E eu não sabia por quanto tempo eu ficaria longe. Esta é a posição que você está agora. Você está prestes a ir para a Inglaterra sem ter idéia do que está reservado para você. Seus caminhos, suas instruções, estão nesses envelopes. Aqui esta o problema: Você só pode abrir um de cada vez e só quando você acabar a tarefa da carta anterior. Estou confiando que você será honesta – você poderia abri-los todos agora, e eu certamente nunca saberia. Mas estou falando sério, Gin. Não vai funcionar ser você abri-los como eu disse. No momento da aterrissagem, sua primeira tarefa é começar a partir do aeroporto para onde você vai ficar. Para fazer isso, você precisa pegar o subsolo, caso contrário conhecido como tubo (na America, metrô). Eu deixe uma nota de10 libras para isso. É a coisa roxa com a rainha dele.


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Você precisa chegar à parada chamada Angel, que fica na Linha Norte. Você está em uma de Londres que se chama Islington. Quando você sair, você vai estar na Estrada Essex. Vá para a direita. Ande por mais ou menos um minuto ate você chegar à Rua Pennington. Vire à esquerda e procure pelo numero 54.

Bata. Espera até que alguém atenda a porta. Bata e repita novamente ate alguém abrir a porta.

Amor, Sua tia fugitiva. P.S. Você deve ter notado que tem um cartão ATM do Banco Barclays nesse envelope. É claro, não seria seguro escrever o numero PIN* abaixo. Quando você chegar ao numero 54, pergunte para a pessoa que vive lá, —O que você vende para a rainha?— A resposta dessa pergunta era o PIN. Quando você resolver isso, você abre o #3 (*PIN acredito que seja a senha do cartão)


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Capitulo 3 Rua Pennington número 54, Londres. Ela estava em algum lugar no Aeroporto Heathrow. Ela tinha se atrapalhado para sair do avião, tirado a mochila da esteira das bagagens, esperado na fila por uma longa hora para seu passaporte ser carimbado, e foi ignorada por alguns funcionários uniformizados. Agora ela estava olhando para o mata do tubo de Londres. Que parecida um pôster escolar feito para atrair o olhar das crianças. Ele era totalmente branco com linhas brilhantes pintadas em cores primarias serpenteando entorno dele. As paradas tinham pomposos nomes solenes, como Old Street e London Bridge. Sons majestosos: Earl‘s Court, Queensway, Knightsbridge. Divertidos: Elephant & Castle, Oxford Circus, Marylebone. E os nomes que ela reconhecia: Victoria Station, Paddington (onde vive o urso), Waterloo. E ali estava o Angel. Para chegar lá, ela teria que ir ate um lugar chamado Kings Cross. Ela pegou a nota de 10 libras, procurou uma maquina de ticket, e seguiu as instruções. Ela andou ate um dos corredores de entrada e encarou um par de 5 portas de metal, quase como portas de saloon . Ela olhou ao redor, insegura sobre o que fazer depois. Ela tentou puxar a porta gentilmente, mas nada aconteceu. Então ela viu uma mulher próxima a ela colocar seu ticket em uma abertura numa pequena caixa de metal perto dela, e então a porta abriu. Ginny fez o mesmo. A máquina sugou seu ticket com um 6 swoosh satisfatório, e as portas se abriram e ela passou. Todo mundo estava se movendo para a mesma direção, então ela continuou indo, tentando não tropeçar nas malas das outras pessoas que estavam andando. Quando o trem chegou a plataforma totalmente branca, ela

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Saloon portas são aquelas que se vê nos filmes de faroeste, na entrada dos bares.

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swoosh é o som que máquina fez.


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não pensou em desprender-se do pacote, assim quando ela entrou, ela só poderia sentar-se na extremidade de um banco. Não era como o metrô que ela tinha que pegar em Nova York. Estes eram muito mais agradáveis. As portas faziam suaves ruídos de bonging quando 7 se abriam, e a voz britânica que saia do interfone dizia —cuidado com o vão . O trem se moveu por cima do solo. Eles estavam andando bem atrás das casas. Então voltou para o subsolo, onde as estações ficavam mais lotadas. Todos os tipos de pessoas entravam e saiam, algumas com uns mapas e mochilas, outras com jornais dobrados ou livros e expressões em branco. A voz britânica no interfone disse, ―Angel,‖ algumas paradas depois. Ela não podia dar a volta, então ela teve que sair do trem, sentindo o espaço com o pé. Uma placa suspensa no teto dizia SAIDA. Assim que ela se aproximou da saída, lá estava outra porta de metal. Desta vez, Ginny estava certa que assim que ela se aproximasse iria se abrir, como uma porta automática. Mas então não se abriu. Nem mesmo quando ela caminhou para elas. Uma voz britânica irritada disse atrás dela, —Você tem que colocar o seu ticket, amor. Ela se virou para encarar o homem de uniforme de trabalho azul marinho com um colete laranja brilhante. — Eu não tenho, — ela disse. —Eu coloquei o ticket em uma máquina. Ela sugou para dentro. — Você deveria ter pegado de volta, ele disse com um suspiro. —Ele sai de volta para fora. Ele foi ate uma das caixas de metal e tocou algum botão ou alavanca invisível. As portas se abriram para ela. Ela correu através, envergonhada de mais para olhar para trás. A primeira coisa que bateu nela foi o cheiro de chuva recente. A calçada ainda estava molhada e foi grossa com as pessoas que educadamente se moviam entorno dela e sua mochila. A rua estava repleta do trafego real de Londres, assim como nas fotos. Os carros foram hermeticamente embalados em

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Este ‗vão‘ seria o espaço entre o trem e a plataforma.


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conjunto, todos indo na direção errada. Um real ônibus vermelho de dois andares. Tão logo ela se virou para fora da estrada principal, tudo ficou muito silencioso. Ela se encontrou em uma rua estreita como em uma linha em ziguezague que cortam ao meio. Todas as casas eram brancas eram quase idênticas exceto pelas cores das portas (a maioria preta, mas ocasionalmente aparecia uma era vermelha ou azul) e todas tinham chaminés múltiplas, potes pendurados para fora do topo, juntamente com as antenas e antenas parabólicas. O efeito era estranho – era como uma estação espacial se chocando 8 com uma historia de Charles Dickens . O numero 54 tem tinha uma rachadura irregular correndo as seis medidas concretas que conduziram à sua porta da frente. Vários vasos alinhados nos degraus, cada um deles contendo uma planta que não parecia exatamente que tinham sido condenadas a morte de propósito. Eles eram fracos e pequenos, mas ainda sim estavam fazendo um esforço. Alguém tinha obviamente tentado, e sem sucesso, mantê-las vivas. Ginny parou na base das escadas. Isso tinha uma boa chance de ser um grande erro. Tia Peg tinha uns amigos bastante incomuns. Como o colega de quarto artista performancista – que comeu o próprio cabelo no palco. Ou como o cara que passou um mês se comunicando através de dança interpretativa como forma de protesto (contra o quê, ninguém realmente sabia). Não. Ela já tinha chegando tão longe. Ela não ia desistir no primeiro tropeço. Ela subiu as escadas e bateu na porta. —Espere um momento,— uma voz falou lá de dentro. —Apenas um momento. A voz era britânica (o que não deveria surpreendê-la, mas mesmo assim surpreendeu). Era uma voz masculina. Não a voz de um velho. Ela ouviu uma pancada – alguém correndo escada abaixo. E então a porta se abriu. O homem parado na frente dela estava terminando de se vestir. A coisa que mais surpreendeu Ginny foi que o homem estava vestindo um meio terno preto (as calças). Uma gravata cinza prata estava pendurada em seu pescoço, e sua camisa estava colocada para dentro da calça pela metade. Os amigos de tia 8

Charles Dickens foi um escritor romancista inglês, morreu em 1870


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Peg normalmente não usam terno (ou partes de um terno) e gravatas. Foi menos surpreendente ele ser bonito – alto, com um muito escuro, cabelo encaracolado e sobrancelhas muito arqueadas. Tia Peg atraia pessoas com muita personalidade, muito charme. O homem ficou boquiaberto com ela por um momento, então se apressou para colocar a camisa para dentro da calça. —Você é a Virginia? ele perguntou. —Yeah, Ginny disse. O yeah saiu demasiado largo, e ela de repente ouviu o próprio sotaque. —Quero dize, sim. Sou eu. Eu sou Ginny. Como você sabia? —Apenas adivinhei, ele disse, seus olhos demoraram na sua mochila. — Eu sou Richard. —Eu sou Ginny, ela disse de novo. Ela deu um ligeiro balanço com a cabeça para tentar tirar o sangue que fluiu para cima de novo. Richard tinha claramente um momento de confusão sobre que tipo de saudação lhe dar. Ele finalmente estendeu a mão para a sua bolsa. —É uma coisa boa você ter me pego aqui. Eu não tinha certeza de quando você estava vindo. Eu nem tinha certeza se você estava vindo. —Bem, eu estou aqui, ela disse. Eles assentiram um para o outro por um momento de reconhecimento deste fato até Richard parecia ter sido fisicamente atingido por um pensamento. —Você deveria ter vindo, ele disse. Ele abriu mais a porta e fez uma ligeira careta enquanto ele aliviava Ginny de uma berrante mochila roxa-e-verde. Richard deu a ela um rápido tour que revelou que o numero 54 da Rua Pennington era apenas uma casa – não uma colônia de artista, ou uma comunidade, ou qualquer tipo de experimento sociológico. Uma casa com decoração simples. Parecia que poderia ter sido tirada diretamente de um catálogo de material de escritório. Carpete baixo. As mobílias da sala eram simples em tons de azul marinho e preto. Nada nas paredes. Nada, isto é, ate chegarem a um pequeno, ensolarado quarto.


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—Este é o quarto de Peg,— Richard disse, abrindo a porta. Mas Ginny não precisava ser avisada disso. Este era uma pequena miniatura do apartamento do numero 4 da Noodle. De fato, o quarto lembrava tanto o apartamento que era até assustador. Não era por que ela tinha mobiliado ou pintado exatamente igual – foi o método. As paredes estavam pintadas de rosa e cobertas de uma elaborada colagem de... bem, lixo, na verdade. (Quando a mãe de Ginny fica irritada com sua irmã mais nova, ela tende a fazer comentários sobre o habito da colheita - de lixo da tia Peg. — Ela tem o lixo de outras pessoas colado em todas as suas paredes!) Mas não era ruim, cheiro de lixo – eram rótulos, pedaços de revistas, embalagens de doces. Se outra pessoa tentasse isso, o resultado teria sido vertigem, náusea. Mas tia Peg organizava tudo por cor, por estilo, por imagem, então tudo aquilo junto parecia pertencer um ao outro. Como se tudo aquilo fizesse sentido. Uma única parede estava sem colagem – livre, e tinha um pôster pendurado que Ginny reconheceu. Era uma pintura francesa de uma jovem mulher parada atrás do balcão de um bar. Era uma imagem antiga, do final de 1800. A mulher vestia um elegante vestido azul, e o bar que ela estava cuidando era opulento – de mármore, carregado de garrafas. O espelho atrás dela refletia uma multidão e um show. Mas ela parecia terrivelmente, terrivelmente entediada. 9

—É um Manet , — ela disse. — É chamada de Um bar em Folies-Bergère. —É? Richard piscou, como se nunca tivesse notado o pôster antes. —Eu realmente não sei nada sobre arte,— ele disse se desculpando. —É legal, eu suponho. Cores... legais.

Boa, Ginny pensou. Agora ele estava pensando que ela era algum tipo de nerd que só estava aqui por que ela tinha crescido em um acampamento de arte-nerd. Ela só sabia o nome da pintura e do artista por que tia Peg tinha exatamente a mesma pintura em seu apartamento, e o nome da pintura e do artista estava escrito no rodapé da pintura. Richard ainda estava olhando para o pôster.

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Édouard Manet foi um pintor e artista francês muito importante no século XIX. Morreu em 1883.


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— Eu realmente não sei muito sobre esse assunto também, Ginny disse. — Está tudo bem. —Oh. Certo. Ele parecia um pouco mais tranqüilo com isso. —Você parece exausta. Talvez você queira descansar um pouco? Novamente, eu sinto muito, eu gostaria de ter ficado sabendo quando... Mas você está aqui, então... Ginny olhou para a cama, com sua louca-colcha. Isso era obra da tia Peg também. Ela tinha coisas similares em seu apartamento, todo feito de remendos, pedaços de panos incompatíveis. Ela queria tanto se esticar nessa cama queria tanto que quase podia sentir seu gosto. —Bem, eu... Eu tenho que ir, ele disse. —Talvez você queira vir comigo? Eu trabalho na Harrods. Uma enorme loja de departamento. É um lugar bom quanto qualquer outro para se conhecer Londres. Peg amava Harrods. Nós podemos arrumar tudo mais tarde. O que você me diz? —Claro, Ginny disse, com um último, triste olhar para a cama. —Vamos.


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Capitulo 4 Harrods Ginny ficava vagando entre a consciência e a inconsciência dentro do metrô. Eles foram forçados a enfrentar a hora do rush da manhã, eles foram forçados a ficar parados. O ritmo do trem a embalava. Forçando muito para continuar acordada para não ceder os joelhos e acabar caindo em cima de Richard. Richard estava obviamente tentando manter uma conversa, apontando para as coisas em casa uma das várias paradas – qualquer coisa, desde coisas grandes (O Palácio de Buckingham, Hyde Park) a coisas menores (o dentista dele, — um dentista Tailandês realmente muito bom). A voz dele tentando driblar as outras vozes ao redor dela. Vozes britânicas que pairavam ao redor da cabeça dela. Seus olhos tentando focar nos anúncios que correm ao longo da parte superior do trem. Embora a língua fosse a mesma, o significado de muitos dos cartazes era estranho para ela. Parecia que cada um deles continha uma espécie de piada interna. — Você se parece muito com a Peg, ele disse, pegando sua atenção. Isso era verdade. Elas tinham o cabelo igual, a final – longos e de uma cor chocolate escuro. Tia Peg era menor. Ela tinha um corpo esbelto e um porte real que fez estranhos supor que ela era uma dançarina. Suas feições eram muito delicadas Ginny era mais alta, com mais curvas. Maiores em geral. Menos delicadas. — Eu acho que sim — ela disse. — Não. Eu realmente acho. É extraordinário... — Ele estava segurando-se em uma alça e olhando para ela com intensidade. Algo sobre o olhar dele penetrou intensamente em Ginny, e ela se viu olhando para ele com a mesma intensidade. Esse movimento surpreendeu os dois, e ambos desviaram o olhar ao mesmo tempo. Richard não falou novamente ate que chegaram à estação seguinte onde ele informou a Ginny que ali era Knightsbridge. Essa era a parada deles.


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Eles saíram para a pulsante rua de Londres. As ruas estavam completamente congestionadas com ônibus vermelhos, taxis pretos e motos... As calçadas estavam cheias alem da capacidade. O cérebro de Ginny ainda esta nublado, mas ela sentiu um choque de energia percorrer seu corpo quando ela teve visão de tudo. Richard dirigiu-a em torno de um canto de um prédio que parecia se estender para sempre. Era uma parede sólida de tijolos vermelhos, dourados, com molduras decorativas e uma cúpula sobre o telhado. Toldos verdes se esticavam acima de dezenas de janelas enormes, cada vitrine exibindo roupas, perfumes, cosméticos, animais empalhados, até mesmo um carro. Cada um desses toldos era impresso com o nome Harrods escritas em letras cor mostarda-ouro. Richard levou Ginny passado às janelas, além da porta da frente ao porteiro, e em torno de um canto discreto por uma lata de lixo de porte grande. — É isso, — disse Richard, indicando o lado do edifício e uma porta marcada SOMENTE PESSOAL. — Nós estamos indo através de uma entrada lateral. Fica um pouco louco aqui. Harrods é um grande destino turístico. Recebemos milhares e milhares de pessoas por dia. Eles entraram em um corredor totalmente branco com um banco de elevadores. Um sinal na parede ao lado da porta listava vários departamentos e pisos. Ginny perguntou se ela estava os interpretando errado: serviços de helicóptero Harrods Air, Air aviões a jacto Harrods, conserto de raquete de tênis, afinação de piano, selaria, casacos para cães. . . . — Eu só tenho que cuidar de algumas coisas, — ele disse. — Talvez você possa andar por ai, dando uma olhada pela loja, e me encontrar aqui em uma hora? Essa porta leva ao andar térreo. Tem uma abundancia de coisas para se olhar na Harrods. Ginny ainda estava olhando para o ―casaco para cães‖. — Se você se perder, ele disse, — Procure alguém dos Serviços Especiais e pergunte por mim, tudo bem? Meu sobrenome é Murphy, a propósito. Pergunte pelo Sr. Murphy. — Ok. Ele teclou alguns números em um pequeno teclado e a porta fez um clik.


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— É bom ter você aqui, — ele disse, sorrindo amplamente. — Vejo você em uma hora. Ginny enfiou a cabeça pela porta. A vitrine apresentava uma lancha em miniatura, apenas grande o suficiente para uma criança pequena. Era de cor verde oliva e tinha o nome Harrods impresso sobre o arco. A placa dizia: plenamente operacional. £ 20.000. E depois as pessoas. Uma massa, uma multidão assustadora de pessoas andando pelas portas, alinhando-se nas vitrines para ver. Ela se aproximou timidamente para a multidão e foi imediatamente absorvida no fluxo de humanidade, que a sugou consigo. Ela foi empurrada para além do cigarro de mesa, através de um memorial da princesa Diana, em uma Starbucks e em seguida, caiu em uma escada rolante inteiramente decorada com artefatos egípcios (ou cópias realmente boas, de qualquer modo). Ela subiu com os hieróglifos e as estátuas até o rio de pessoas a empurrou para uma espécie de sala de teatro infantil com uma Punch e Judy show. Ela conseguiu passar por essa sala praticamente sozinha, mas a multidão começou a andar como ela atravessado a porta de uma loja cheia de smoking para uma de bebês. Departamentos que não fazia sentido foram colocados junto em uma série de salas grandes e pequenas. Cada andar levava a algo estranho, e nada parecia ter uma saída. Sempre havia apenas mais. Ela passou de uma sala de exibição de utensílios de cozinha coloridos em uma sala completamente cheia de pianos. De lá, ela foi varrida por uma multidão para um quarto de suprimentos para animais exóticos. Em seguida, um espaço dedicado exclusivamente aos acessórios de mulheres, mas somente em cores azuis bolsas, lenços de seda, carteiras, sapatos. Até as paredes eram azul-claro. A multidão a empurrou outra vez – agora ela foi para uma loja de livros – agora de volta para a sala Egípcia. Ela voltou todo o caminho e desceu em algum tipo de praça de alimentação que se estendia do palácio para a sala após sala enorme dedicado a todo tipo de comida, organizado como uma sempre - Mary Poppin - matriz de displays, grandes arcos de penas de pavão em vidro e bronze cintilante. Carros empilhados decorativos com pirâmides de frutas perfeitas. Balcões de mármore carregado de tijolos de chocolate10. 10

tentei o meu melhor nessa parte, mas não consegui fazer ter sentido.


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Os olhos dela se encheram de lágrimas. As vozes ao redor dela zuniam em sua cabeça. A bola de energia que ela tinha recebido na rua tinha sido tragada por todas essas pessoas, queimado em todas as cores. Ela encontrou-se fantasiando sobre todos os lugares que ela pudesse descansar. Sob o falso vagão que parecia com uma exibição de queijo parmesão. No chão, ao lado das prateleiras cheias de chocolate. Talvez aqui, no meio de tudo. Talvez as pessoas que apenas passe por cima ela. Ela conseguiu sair da multidão e chegar a um canto com chocolate. Uma jovem mulher com um rabo de cavalo loiro curto e tenso veio com ela. — Com licença, — Ginny disse, — você poderia chamar o Sr. Murphy? — Quem?— a mulher perguntou. — Richard Murphy? A mulher olhou muito cética, mas ela ainda educadamente tirou o que parecia ser um caderno de mil páginas com nomes e números de forma sistemática e os folheou. — Charles Murphy em encomendas especiais?

— Richard Murphy. A mulher folheou mais algumas páginas. Ginny sentiu-se agarrar ao balcão. — Ah... aqui está. Richard Murphy. E o que é que eu preciso dizer a ele? — Você pode dizer a ele que é a Ginny?— ela disse. —Pode dizer a ele que eu preciso ir?


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Capítulo 5 Good Morning, Inglaterra No despertador pequeno lia-se 08:06. Ela estava na cama, ainda em suas roupas. Foi legal, e o céu lá fora era uma pérola cinza. Ela lembrou-se vagamente de Richard colocando-a num dos táxis de cor preta na frente do Harrods. Chegando a sua casa. Desastrado com as teclas e o que pareciam seis fechaduras na porta. Começar a subir as escadas. Caindo para a colcha completamente vestida, com seus tornozelos pendurada do lado de modo que seu tênis não ficou na mesma. Ela chutou os pés. Eles ainda estavam pendurados lá fora da borda da cama. Olhou ao redor da sala. Era estranho estar acordando aqui, não só num país diferente (país diferente... A todos um oceano inteiro de distância... Ela não ia entrar em pânico). Não. Não é apenas isso. Este quarto sentia-se realmente como um momento de seu passado, como se a Tia Peg acabara de entrar pela sala, cobertos de manchas de tinta, cantarolando baixinho. (Tia Peg cantarolava muito. Era de um tipo chato.) Quando saiu para o corredor e olhou para a cozinha, ela descobriu que Richard havia mudado suas roupas. Agora ele estava vestindo calça e executando uma T-shirt. — Bom dia, disse ele. Isso não fazia sentido. — Bom dia? Ela repetiu. 11

— É de manhã, disse ele. —Você deve estar esgotada. Jat lag . Eu não devia ter arrastado você para fora no Harrods ontem, quando estava muito cansada.

Ontem. Agora, seu cérebro estava a recuperar. Oito A.M. Ela tinha perdido um dia inteiro.

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Chamado assim universalmente – é o efeito da diferença brusca de horário quando se voa de um

continente para outro.


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— Desculpe, disse ela rapidamente. — Estou muito triste. — Nada de pena. O banho é todo seu. Voltou para o quarto e recolheu suas coisas. Embora a carta lhe tivesse dito para não trazer qualquer guias, ele não disse que não podia olhar para eles antes que ela saísse. Então, ela tinha, e ela tinha embalado exatamente da maneira que ela lhe disse para embalar. Sua bolsa estava cheia de — princípios neutros — que não necessitavam passar a ferro, poderiam estar em camadas, e não ofender ninguém, em qualquer lugar. Jeans. Cargo shorts. Sapatos práticos. Uma saia preta que ela não gostava. Ela pegou um par de jeans e uma camisa. Uma vez que havia preenchido os braços com todos os itens necessários, Ginny, de repente se sentiu autoconsciente sobre ser vista entrando no banheiro. Ela enfiou a cabeça para fora do quarto e, vendo que Richard estava de costas, correu pelo corredor e fechou rapidamente a porta. Foi no banheiro que Ginny totalmente percebeu que ela estava na casa de um cara. Uma casa de um homem. Um tipo casa de homem Inglês desarrumado. Em casa, os banheiros eram repletos 12

de enfeites de parede de vime countrycrafty e conchas, e pot-pourri que cheirava a loja Lmark Hal. Este quarto era totalmente azul com um tapete azul escuro e toalhas azuis. Sem enfeites. Apenas uma pequena prateleira cheia de creme de barbear (marca desconhecida num aspecto futurista e recipiente vago), uma navalha, poucos são os homens com itens Body Shop bronzeador ou a cor de âmbar e olhar sério, ela poderia dizer que todos eles cheiravam a árvore ou algo adequadamente viril). Todos os seus artigos de higiene pessoal foram cuidadosamente selados num saco plástico, que ela pôs no tapete, de parede-aparede-luxuoso apartamento, mas desgastado.

Quem arrumava o banheiro? Suas coisas eram todas em cor de rosa, que tinha ela que queria comprar tanto rosa? Sabonete rosa, shampoo miniatura em garrafa rosa, pequena navalha rosa. Por quê? Por que ela estava tão cor de rosa? Ela tomou um segundo para fechar a cortina na janela do banheiro grande. Então virou-se para a banheira. Ela olhou para a parede, em seguida, para o teto. Não havia chuveiro. Isso deve ser o que Richard queria dizer com — o — banho era todo dela, ela pensava que era apenas algum anglicismo. Mas foi 12

artesanato campestre


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tudo muito real. Houve um tubo de borracha em forma de Y. Havia ventosas abertas em cada ponta da parte Y, e havia uma alça na extremidade da haste que se parecia muito com um telefone. Depois de examinar a banheira e este dispositivo, Ginny determinou que as dicas Y deveriam ir para as duas torneiras, e que a água saia do telefone, e alguma coisa, como a ação que resultaria em chuveiro. Ela deu a este uma chance. A água subiu em direção ao teto. Ela rapidamente apontou o chuveiro telefone para a banheira e pulou dentro Mas revelou-se impossível para tentar lavar-se e manipular o chuveiro telefone, e ela desistiu e encheu a banheira. Ela não tomava banho de banheira desde que era pequena e se sentia um pouco estúpida sentada na água. Além disso, o som do banho era incrivelmente alto, cada movimento produzia um ruído que ecoava num chapinhar embaraçador. Tentou fazer com que seus movimentos fossem tão conservadores quanto possível, lavava-se, mas o esforço foi perdido logo que ela tinha que submergirse para lavar os cabelos. Ela tinha a certeza que transatlânticos, poderiam ser conduzidos no mar e fariam menos barulho que ela. Quando o drama do banho acabou, ela percebeu que havia um outro problema, totalmente não esperado. Seu cabelo estava molhado, e ela não tinha como secar os cabelos. Ela não trouxe um secador de cabelo, uma vez que não ia trabalhar aqui de qualquer maneira. Não havia outra alternativa, parecia mais fácil atá-lo em tranças. Quando ela saiu, ela encontrou Richard todo vestido no que parecia ser o mesmo terno e gravata que tinha na véspera. — Espero que você tenha estado bem ali, — disse ele se desculpando. — Eu não tenho um chuveiro. Ele provavelmente ouviu o que chapinhava ao redor todo o caminho da cozinha. Richard começou a abrir as portas do armário e apontando as coisas que podiam ser consideradas dignas de pequeno-almoço. Ele estava claramente despreparado para a visita, e o melhor que pôde oferecer foi um bocado de pão


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restante, um frasco pequeno de material castanho chamado Marmite , uma maçã, e — o que está na geladeira. 14

— Eu tenho algumas Ribena aqui, se você quiser isso, — acrescentou, tomando uma garrafa de algum tipo de suco de uva e colocou-o na frente de Ginny também. Ele desculpou-se por um momento. Ginny começou com um copo e serviu-se um pouco de suco. Estava quente e incrivelmente grosso. Ela tomou um gole e amordaçou um pouco quando o intenso, e excessivamente doce xarope revestiu a sua garganta.

— Você... — Richard estava na porta da cozinha, agora, assistindo a este espectáculo, com uma expressão constrangida. — Você deveria misturar isso com a água. Eu deveria ter dito. — Oh, — Ginny disse, engolindo em seco. — Eu tenho que sair agora, — disse ele. — Eu sinto muito. . . não houve tempo para falar de tudo. Por que não você me encontra no Harrods para o almoço? Vamos nos encontrar no Mo 's Diner ao meio-dia. Se você ficar trancada por fora, deixo uma chave extra entalada na fenda do degrau. Ele explicou com cuidado a sua viagem através do caminho da casa ao Harrods e a fez repetir de volta para ele, então ela andou por todas as opções de ônibus, que era apenas um grande amontoado de números. Então ele se foi, e Ginny estava à mesa sozinha, com o seu vidro de xarope. Ela olhou para ele com azedume, ainda picada pela e expressão no rosto de Richard quando ele a viu beber. Ela pegou a garrafa e examinou-a para ver se havia algum aviso, qualquer indicação de que era algo mais além de que o normal suco, qualquer coisa que faria o comportamento dela menos extravagante. Para seu alívio, não havia nada na garrafa que poderia ter ajudado. Ele 15 disse que era algo chamado —groselha esmagada. — Custava — apenas 89p! — Ele foi fabricado no Reino Unido. Que é o lugar onde ela estava. Ela estava num reino distante, longe de casa. E quem era esse Richard, de qualquer 13

Marmite, marca registrada de uma pasta gostosa de cor castanho escura feita de levedura e extratos de vegetais popular na Grã-Bretanha 14

É uma marca de refrigerantes suave carbonatados feito pela GlaxoSmithKline. O oriGinnyl, e a variedade mais comum contém real suco de groselha preta. 15

R$2,47


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maneira, com exceção de um indivíduo em um terno que trabalhava em uma loja grande? Olhando ao redor de sua cozinha, ela decidiu que ele era definitivamente único. Havia relativamente poucos mantimentos, só coisas como essas instantâneas e suco morno. Havia algumas roupas nas cadeiras mais próximas à parede e migalhas e grãos de café espalhadas sobre a mesa. Quem ele era, ele deixou a Tia Peg permanecer tempo suficiente para decorar um quarto inteiro. Deve ter tido tempo para fazer a colagem e costurar a colcha. Ela tinha que ter estado aqui meses. Ela se levantou e pegou o pacote. Após escovar num ponto para limpar, ela colocou os envelopes na mesa. Ela olhou por cima a cada um dos onze envelopes fechados. A maioria tinha sido decorado com algum tipo de imagem, bem como um número. A frente do próximo havia sido pintada em aquarela no 16 estilo de um cartão Comunidade Chest Monopoly . Tia Peg tinha criado a sua própria versão do homenzinho de chapéu alto com o monóculo, com um gordo e redondo avião indo lá muito pelo fundo. Ela ainda conseguiu esboçar letras que pareciam ser o texto dactilografado do Monopólio. Lia-se: PARA SER ABERTO NA MANHÃ APÓS A CONCLUSÃO BEM SUCEDIDA DO ENVELOPE #2. Isso exigiu que ela descobrisse que Richard tinha vendido a rainha e chegado a um ATM. Ela precisava de dinheiro de qualquer maneira. Tudo que restava era um punhado de moedas de forma estranha, que ela esperava seria o suficiente para levá-la de volta ao Harrods. Ginny pegou nas instruções que Richard tinha escrito para ela minutos antes, despejou o suco ofensor na pia, e se dirigiu para a porta.

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Cartões típicos do Jogo Monopólio


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Capítulo 06 Richard e a Rainha

Um ônibus vermelho estava descendo a rua em direção a Ginny. O sinal na frente listava vários destinos com sonoridade famosa, incluindo Knightsbridge, e o número correspondia a um dos números de ônibus que Richard havia lhe dado. Houve um pequeno abrigo de ônibus a poucos metros de distância, e parecia que o ônibus planejava parar por aí. Dois pólos pretos com globos iluminados de amarelo em cima deles marcou a abertura da passagem para pedestres. Ginny correu para estes, olhou para certificar-se da costa estava livre, e começou a correr pela estrada. Parou subitamente. Um táxi preto grande passou zunindo por ela. Quando Ginny pulou para trás, viu algo escrito na estrada. OLHAR PARA A ESQUERDA. — É como se eles me conhecem — ela murmurou para si mesma. Ela conseguiu atravessar a rua e tentou ignorar o fato de que todas as pessoas de um lado do ônibus tinham acabado de testemunhar a sua experiência de quase morte. Ela não tinha ideia do que pagar ao motorista. Ginny esperançosa estendeu-lhe pouco do dinheiro restante e tomou uma das gordas moedas. Ela subiu a escada em espiral estreita no meio do ônibus. Havia muitos lugares disponíveis, e Ginny tomou um bem na frente. O ônibus começou a se mover. Parecia que estava flutuando. Na sua perspectiva, parecia que o ônibus estava correndo por cima dos pedestres e ciclistas incontáveis, esmagando-os no esquecimento. Ela empurrou-se mais para trás no assento e tentou não dar atenção a isso. (Só que eles tinham que ter acabado de matar o cara no telefone celular. Ginny esperou para sentir o solavanco de que o ônibus capotou o seu corpo, mas nunca chegou.) Ela olhou ao redor, as fachadas imponentes dos majestosos edifícios ao seu redor. O céu ficou nublado a cinza no espaço de um instante, e a chuva começou a martelar a janela larga estava na frente dela. Agora


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parecia que eles estavam derrubando multidões de transportadores de guardachuva. Ela olhou para o seu punhado de moedas restantes. Para além da 4ª Noodle Penthouse, havia uma outra coisa sobre a vida da Tia Peg que tinha sido completamente consistente, ela estava sem dinheiro. Sempre. Ginny tinha sabido isso mesmo quando ela era muito pequena e não era suposto saber coisas sobre finanças dos parentes dela. Os pais dela de alguma forma, isto de fato aparente, sem nunca sair e dizer. Ainda assim, a ela nunca pareceu que a Tia Peg estava esperando por algo. Ela sempre pareceu ter dinheiro suficiente para dar a Ginny para gelados de chocolate quente em Serendipity,* (capacidade de fazer descobertas importantes por acaso) ou para comprar-lhe pilhas de material de arte, ou fazerlhe trajes elaborados de Halloween , ou para conseguir aquele pote de caviar realmente bom, que uma vez ela comprou só porque ela pensou que Ginny devia prová-lo. ( —Se você está indo comer ovas de peixe uma vez, tem que fazêlo direito— ela disse. Mesmo assim foi nojento). Ginny não tinha certeza se acreditava que havia mais dinheiro esperando por ela num ATM. Talvez fosse lá porque não estava indo a ser dinheiro real porque ia ser libras. Libras parecia possível. Libras soava como eles deviam vir na forma de pequenos sacos de serapilheira amarrada com corda em bruto, cheio de pequenos pedaços de metal ou objetos brilhantes. Tia Peg poderia ter esse tipo de dinheiro. Tomou algumas tentativas de escadas rolantes e uma das poucas consultas ao mapa do Harrods para encontrar Mo 's Diner. Richard tinha chegado lá primeiro e estava esperando numa cabine. Ele encomendou um BIFE, e ele tinha o ―estilo americano de hambúrguer grande!‖ — Eu tenho que perguntar o que você vendeu para a rainha, disse ela. Ele sorriu e enxugou algum ketchup em sua carne. Ginny tentou não estremecer. — Meu trabalho é cuidar das encomendas especiais de clientes, disse ele, não percebendo sua aflição sobre sua escolha de condimento. — Digamos que uma estrela está fora num conjunto de filme e não pode ter o seu chocolate favorito ou sabonete, ou lençóis, ou qualquer outra coisa. . .Eu faço um arranjo para o obter para eles. No ano passado, eu fiz que todos os cestos de Natal de Sting fossem devidamente embalados. E, ocasionalmente, às vezes, fico com o arranjo das visitas régias. Estamos abertos às vezes especialmente para eles, e eu faço


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a certeza de que há alguém nos serviços necessários. Um dia, recebi um telefonema do palácio que a rainha queria vir naquela noite, em apenas algumas horas. Ela nunca faz isso. Ela é sempre muito cuidadosamente programada com semanas de antecedência. Mas nessa noite ela queria entrar, e não havia ninguém disponível. Então eu tive que cuidar dela. — O que ela queria? Ginny perguntou. — Calças, disse ele, enxugando o ketchup ainda mais. — Calças Underwear17. Das grandes, das muito boas também, mas das grandes. Creio que ela também quis algumas meias, mas tudo que eu conseguia pensar enquanto eu embrulhava o tecido era: — Estou arrumando as calças da rainha.— Peg sempre gostou dessa história. Ao nome de Peg, Ginny olhou para cima. — É uma coisa engraçada, — ele continuou. — Eu não sei o que você pretende fazer aqui ou quanto tempo você deveria ficar, mas você é bem-vinda, contanto que você goste. Ele disse isso, muito sinceramente, mas manteve os olhos treinados em sua carne. — Obrigado, disse ela. — Eu achei que a Tia Peg perguntou se eu poderia vir. — Ela mencionou que ela queria que você viesse. Eu enviei o pacote. Eu suponho que você sabe disso? Ela não fazia ideia, mas fez tanto sentido como qualquer outra coisa. Alguém tinha de enviá-lo. —Então, — Ginny disse, — ela era sua companheira de quarto, né? — Sim. — Fomos bons companheiros. — Ele empurrou o seu bife em torno por um momento.

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Roupa de baixo


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— Ela me disse muito sobre você. Sobre a sua família. Senti que a conhecia antes de você chegar aqui. Ele derramou um pouco de ketchup mas, em seguida, voltou o frasco para baixo muito deliberadamente e olhou para ela. — Você sabe, se você quiser falar sobre isso tudo. . . — É bom,— disse ela. Sua franqueza súbita. . . a proximidade do tema, — Certo, ele respondeu rapidamente. — Claro. A garçonete deixou cair um punhado de garfos próximo à sua mesa. Ambos pararam para vê-la apanhá-los. — Existe um ATM aqui em algum lugar? — Ginny perguntou finalmente. — Diversos, — disse ele, olhando ansioso para assumir este novo tópico de conversa. — Eu vou mostrar para você, quando acabarmos. Eles acabaram apenas alguns minutos mais tarde, quando ambos desenvolveram um súbito interesse em comer muito rapidamente. Richard mostrou a Ginny a ATM e voltou ao trabalho, com a promessa de vê-la à noite. Para seu alívio, Ginny descobriu que as ATMs inglesas pareciam exatamente como as americanas. Ela se aproximou e colocou o cartão. A máquina educadamente pediu um código. —Tudo bem, disse Ginny. —Aqui vamos nós. Ela entrou a palavra calça no teclado. A maquinaria ronronou e mostrou-lhe algumas propagandas sobre como ela poderia poupar para uma casa, e então perguntou o que ela queria.


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Ela não tinha ideia do que ela queria, mas ela tinha que escolher alguma coisa. Alguns números. Havia uns lotes de números para escolher. 18 Vinte pounds , por favor. Que parecia uma espécie de boa base de número. Não. Ela estava sozinha. Ela teria de comprar coisas e dar a volta, então...Cem 19 pounds , por favor. A máquina perguntou por um momento. Ginny sentiu seu estômago cair. Então uma pilha de notas de torrado e azul violeta (tamanhos diferentes: as roxas eram largas, as azuis pequenas) estampadas com fotos da rainha bateram para fora da ranhura. (Agora ela te apanhou. A pequena piada da Tia Peg também assegurou que Ginny nunca iria esquecer o código.) As notas grandes não se ajustavam em sua carteira, então ela tinha que esmagá-las dentro. Seu 20 balanço era, a máquina disse, de £ 1856 . Tia Peg tinha conseguido passar.

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55,58 BRL - 24,47 EUR

19

277,89 BRL - 122,37 EUR

20

5157,67 BRL - 2271.26 EUR


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Ginny querida,

Vamos direto ao que interessa. Hoje é o DIA DO MESTERIOSO BENFEITOR. Porque dia do misterioso benfeitor? Bem, Gin, deixe-me dar-lhe um por que: porque talento sozinho não faz um artista. Você precisa achar coisas agradáveis por acaso, um pouco de sorte, um pouco de impulso. Eu tropecei direito em alguém que me ajudou, e é hora de retribuir o favor. Mas também é bom ser misterioso. Fazer alguém pensar que coisas maravilhosas estão acontecendo com elas sem nenhum motivo. Eu sempre quis ser uma fada madrinha, Gin, então me ajude aqui.

Etapa um: Retirar £ 500 da conta.

Etapa dois: encontrar um artista em Londres, cuja obra você goste, alguém que você ache que merece uma pausa. Isso vai exigir alguma olhando por ai de sua parte. Qualquer tipo de artista - pintor, um músico, um escritor, um ator.

Etapa três: Torne-se um benfeitor misterioso.

Compre uma nova caixa invisível para um mimo, comece com o valor de um metro de cordas de violino para um violinista, Deixe na frente de um estúdio de balé, um ano de suprimento de alface. . . o que você quiser. Agora, eu acho que sei o que você está pensando: Isso não pode ser feito em um dia! Você está tão errada, Gin. Estas são as suas ordens. Quando você tiver feito isso com sucesso, você poderá abrir a próxima carta.

Amor, Sua tia fugitiva.


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Capítulo 07 O Benfeitor Na manhã seguinte, depois de ler sua carta e espirrar água em torno da banheira, Ginny se juntou a Richard na mesa da cozinha. Ele estava vagamente vestido, com a camisa desabotoada, gravata desfeita e estava folheando a seção de esportes do jornal e empurrando pedaços de torrada pela boca. — Eu tenho que encontrar um artista hoje, — ela disse. — Alguém que precise de dinheiro. — Um artista? — ele disse , sua boca meia cheia. — Oh, querida. Soa como uma tarefa do estilo da Peg . Eu realmente não sei muito sobre essas coisas. — Oh. Tudo bem. — Não, não, — ele disse. — Deixe-me pensar um momento. Não deve ser difícil. Dar dinheiro as pessoas não deve ser difícil. Ele mastigou sua torrada pensativamente por um momento. — Espere, — ele disse. — Vamos dar uma olhada no Time Out21. Isso é o que vamos fazer. Ele alcançou uma pilha de camisas que se encontravam em uma das cadeiras da cozinha, parou ao redor por um segundo, e apareceu com uma revista. Ginny teve uma estranha sensação de que deixar roupas nas cadeiras da cozinha era algo que tia Peg provavelmente não iria permitir, se ela estivesse aqui. Para alguém que viveu muito aleatoriamente, ela era um pouco mais que uma estranha agradável.

— Eles listam tudo aqui, — disse Richard brilhantemente, abrindo a revista.

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Time Out: portal de viagem com os melhores guias para destinos internacionais.


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— Todos os tipos de filmes, eventos de arte. Aqui está um, e bem perto daqui. Izzy's Café, Islington. Shelia Estudos, pinturas por Romily Mezogarden. E aqui está outro. . . soa um pouco estranho. — Harry Smalls, artista de demolição. Isso é logo na esquina. Se você estiver pronta, eu posso levá-la lá. Ele parecia genuinamente satisfeito de ter sido capaz de pensar em alguma coisa. Ginny não estava totalmente pronta, mas ela apressadamente espirrou água nas tranças e colocou seu tênis. Ela manejou fazer isso na porta da frente apenas um segundo antes que ele aparecesse, e eles saíram na manhã chuvosa juntos. — Eu tenho poucos minutos, ele disse. — Eu vou entrar com você. Café Izzy era um lugar pequeno com um bar de sucos. Ninguém estava lá, mas a menina atrás do balcão estava fazendo uma jarra inteira de suco de beterraba, de qualquer maneira. Ela acenou com a mão manchada de roxo enquanto eles entravam. era

A série de pinturas foi pendurada em um anel ao redor da sala, e isso imediatamente óbvio que estes eram os —Shelia estudos.—

Como anunciado, eram os estudos sobre uma garota chamada Shelia. O fundo no mundo de Shelia era um azul brilhante e tudo era chato, incluindo Shelia. Shelia tinha uma cabeça grande e plana com um pedaço quadrado de cabelo amarelo apontando para cima. Shelia normalmente só ficava em volta (# 4: Shelia Parada; # 7: Shelia parada em um quarto; # 18 Shelia na estrada). Às vezes, ela estava em volta e segurava coisas (# 24: Shelia com uma batedeira) ou olhando para as coisas (# 34: Shelia Olhando um lápis), e então ela se cansava e sentava (# 9: Shelia Sentada em uma caixa). — Eu sou um lixo nisso, — disse Richard, analisando as paredes esperançosamente. — Mas eu tenho certeza que você sabe de algo. Ginny deu um olhar mais atento e descobriu pequenas cartas em baixo das pinturas. Ela ficou espantada ao descobrir que Romily Mezogarden queria £ 200 por cada uma das imagens de Shelia. O que parecia muito, considerando


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que eles eram realmente feios e que toda a coisa parecia uma desconfortável perseguição. Ela não sabia nada sobre arte também. Estas poderiam ser as maiores imagens do mundo. Havia pessoas que poderiam dizer essas coisas. Ela não era uma delas. Ainda assim, parecia que deveria ter um leve ar de competência. Ela era sobrinha da tia Peg, afinal. Ela teve a estranha sensação de que de alguma forma Richard estava esperando que ela soubesse algo. —Talvez não estes, ela disse. —Eu vou olhar o próximo. Ele foi com ela para o próximo local, uma instalação por Harry Smalls, artista de demolição, que Ginny rapidamente apelidara de — O cara da Metade. Ele cortava as coisas pela metade. Todos os tipos de coisas. Metade de uma maleta. Metade de um sofá. Metade de um colchão. Metade de um tubo de creme dental. Metade de um carro. Ginny pensou sobre este, em seguida, perguntou-se se realmente queria dar quase mil dólares para um cara que tinha um problema com moto serra. Uma vez que eles estavam de volta para fora, Ginny lutou para surgir com outra idéia. — Estou pensando que talvez uma daquelas pessoas que se apresentam na rua, — ela disse. — Onde você acha que eu poderia encontrar um desses? — Como artistas de rua? músicos de rua, pessoas como estas? — Isso, — disse Ginny. — Algo assim. — Tente Covent Garden, — ele disse após um momento. — Centro de Londres. Toneladas de artistas. Todos os tipos de coisas acontecendo, pessoas vendendo coisas. Tem a sua própria parada de metrô. Você não vai se perder. — Ótimo, — ela disse. — Eu vou lá. — É no caminho. Vamos lá, então.


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Ela andava com Richard na correria do final da manhã, até que ele a introduziu para fora , na sua parada. Não havia nada de jardim no Covent Garden. Era uma grande praça empedrada, cheias de turistas e barracas de bugigangas. Também não havia falta de performances. Ela deu o seu melhor, gastando mais de uma hora sentada na calçada, observando. Alguns caras de malabarismo com facas. Vários guitarristas de diferentes qualidades desempenhando, ou acusticamente ou através de surrados amplificadores. Um mágico puxou um pato de seu casaco. Tudo o que ela tinha que fazer era puxar a pilha de notas de sua bolsa e deixá-los em qualquer um desses chapéus ou nas cases de guitarra e estaria tudo feito. Ela podia imaginar a cena, a admiração dos atiradores de facas olhando com excitação para as notas de vinte libras. A idéia era tentadora, mas alguma coisa lhe disse que não era direito, tampouco. Ela agarrou o dinheiro no bolso, segurou mais apertado, então se levantou e começou a andar. O sol estava fazendo um pequeno esforço hoje, e os londrinos pareciam apreciá-lo. Ginny vagava pela platéia, perguntando se ela deveria comprar uma camiseta para Miriam. Então ela foi andando pela rua cheia de livrarias. Então, ela estava em uma enorme praça (que, de acordo com a parada de metro, era chamado de Leicester Square) e era cinco horas, e as ruas estavam começando a encher de pessoas começando a sair do trabalho. Suas chances de sucesso pareciam estar diminuindo rapidamente. Ela estava prestes a voltar e dividir o dinheiro entre todos os chapéus em Covent Garden, quando notou uma grande propaganda para algo chamado Goldsmiths College, que afirmava ser a faculdade de arte mais importante de Londres. Além disso, o anúncio dava direções. Parecia que valia a pena tentar. Ela se encontrou em uma rua da cidade, com alguns modernos edifícios acadêmicos espalhadas ao redor. Claro, ela percebeu, também era verão, e noite, o que significava sem escola e sem alunos. Ela deveria ter pensado nisso antes de fazer todo o caminho até aqui.


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Ela vagou ao redor, olhando para os poucos panfletos de avisos colados em placas e muros. Uns poucos protestos. Aulas de Yoga. Um álbum de poucos lançamentos. Estava prestes a desistir de vez, quando um pedaço de papel chamou sua atenção. Dizia: STARBUCKS: O Musical. Havia um desenho de um homem mergulhando em uma xícara de café. O final do panfleto dizia que o programa era escrito, produzido, dirigido e estrelado por alguém chamado Keith Dobson. Alguma coisa sobre isso simplesmente parecia promissor. E ainda estava em curso, mesmo agora, no verão. Os ingressos, o panfleto prometia, estavam à venda em algum lugar chamado uni. Ela perguntou para um menina que passava, sobre o que era. — A Uni? — (Ela pronunciou you-knee.) — Isso é o sindicato dos alunos. É só atravessar a estrada. Levou um monte de perguntas ao redor para encontrar o seu caminho para a construção Goldsmiths prédio da maciça união de estudantes onde eles vendiam ingressos para o show. Era como se eles não quisessem que ninguém encontrasse, é a seguinte: desça duas séries de escada, vire a esquina, à esquerda no balde (Realmente) para uma porta no final de um corredor, onde apenas um das duas lâmpadas fluorescentes funcionava. Havia um panfleto para o show preso à porta e um cara pálido ruivo, visível através dos nove centímetros de janela de plástico que fazia este escritório ser uma caixa e não um armário. Ele olhou por cima de uma cópia de Guerra e Paz. Ela percebeu que teria que gritar para ser ouvida, então acabou levantando um dedo para mostrar que ela queria um bilhete. Ele ergueu as mãos e indicou oito. Ela afundou em seu bolso e encontrou uma das minúsculas notas de cinco libras e três libra em moedas e cuidadosamente as pressionou através da abertura no plástico, e ele puxou uma fotocópia do bilhete de uma caixa de charuto e passou de volta pra ela. Então, ele empurrou o dedo, apontando para as duplas portas vermelhas no final do corredor.


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Capítulo 08 Jittery Grand Ela estava em uma grande e escura sala no porão. Estava um pouco úmido. Algumas palmeiras falsas foram empurradas para o lado. A maioria dos assentos estavam vazios e umas poucas pessoas sentavam no chão ou nos degraus no fundo da sala. No mais, havia talvez somente dez pessoas na platéia. A maioria delas estava fumando e conversando uns com os outros. Ginny era a única pessoa ali que parecia não conhecer outra pessoa. Parecia uma festa particular em um porão. Ela estava pensando em levantar e sair justo quando uma garota apareceu na entrada perto de onde ela entrara e desligou as luzes. Música punk começou explodir dos poucos alto falantes em um lado da sala. Um momento depois, ela parou bruscamente, e uma luz apareceu do meio do palco. Em pé lá estava um cara, talvez da sua idade ou um pouco mais velho, vestindo um kilt verde, uma camisa do Starbucks, pesadas botas pretas e uma cartola. Uma franja de cabelo ruivo claro projetava-se por baixo do chapéu, roçando a parte de cima dos ombros. Ele tinha um sorriso amplo e levemente mau. — Eu sou Jittery Grande, disse. — Sou seu anfitrião! Ele pulou mais perto da platéia, praticamente nos pés de Ginny, provocando uma risada curta de uma garota sentada no chão ao lado. —Vocês gostam de café? perguntou para o auditório. Algumas afirmações variadas e um — sai daí! — Vocês gostam de café Starbucks? perguntou. Mais insultos. Ele parecia gostar daquilo. — Bem, então — disse, — vamos começar! O show era sobre um funcionário do Starbucks chamado Joe que cultivava uma paixonite por uma cliente. Havia uma canção de amor (―I Love You a Latte‖),


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uma canção de rompimento (―Where Have You Bean?‖), e uma canção que parecia um tipo de protesto (―Beating the Daily Grind‖). Terminava tragicamente quando ela parava de beber café e ele saiu do palco dentro do que devia ser o Estoque principal de grãos. Tudo isso era de alguma forma arranjado por Jittery, que permanecia no palco o tempo todo, conversando com o auditório, dizendo a Joe o que fazer e segurando placas que davam estatísticas de como a economia global estava destruindo o meio ambiente. Ginny tinha visto shows o suficiente em sua vida para saber que este não era um show muito bom. Na verdade ele não fazia sentido. Havia muitas coisas acontecendo por acaso, como um cara que às vezes passava pela cena em uma bicicleta por razões que Ginny não podia imaginar. E a um ponto, houve um tiroteio no fundo, mas o cara que levou o tiro continuou cantando, portanto, suas lesões obviamente não eram tão ruins assim. Apesar de tudo isso, Ginny descobriu-se rapidamente e totalmente absorta – e ela sabia por que. Ela tinha uma queda por artistas. Ela sempre teve. Provavelmente tinha algo a ver com os artistas que tia Peg a apresentara quando era criança. Ela sempre ficara maravilhada que havia pessoas que não tinham medo de se levantar na frente de multidões e simplesmente... conversar. Ou cantar, dançar, contar piadas. Exibir a eles mesmos sem nenhuma vergonha. Jittery não era particularmente um bom cantor, mas isso não o impedia de mover-se rapidamente. Ele pulava ao redor do palco. Ele perambulava pelo auditório. Ele mandava no lugar. Quando tudo terminou, ela pegou a programação que alguém deixara no assento próximo a ela e o leu. Keith Dobson – diretor, escritor, produtor – também acontecia de interpretar Jittery Grande. Keith Dobson era o seu artista. E ela tinha 492 pequenos panos de saco para dar a ele. Na manhã seguinte, quando ela fez seu caminho pelo longo corredor até o pequeno armário de bilhete, Ginny percebeu que seus sapatos eram estridentes. Realmente estridentes. Ela parou e olhou para o seu tênis. Lá estavam eles, branco com listras rosa, cutucando o monótono short verde-oliva da sua pesada calça cargo. Ela lembrou a exata frase da guia de viagem que tinha a influenciado a escolher estes sapatos de todos os sapatos possíveis:


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— Você estará andando muito a pé na Europa, assim Certifique-se de trazer sapatos confortáveis! Sapatilhas são universalmente aceitáveis, e os brancos vão mantê-lo fresco no verão. Ela odiava essa frase agora. Odiava-o, e a pessoa que escreveu. Estes sapatos a faziam sobressair, e não apenas pelo ruído. Tênis brancos eram os sapatos Oficiais de turistas. Isso era Londres, e os reais londrinos usavam saltos skinny ou sapatos europeus em cores estranhas ou botas de couro cor de café. . . . E shorts. Ninguém usava shorts também. Isto tinha de ser o porque tia Peg disse que ela não poderia ter qualquer guia. Ela olhou para um lado, e que a fazia uma estridente e branca aberração. De qualquer maneira (guincho, guincho), o que ela deveria fazer? Ela não podia apenas empurrar (guincho) o dinheiro para o cara da bilheteria e fugir. Bem, ela poderia, mas não havia maneira de certificar-se se ele iria ficar com eles. Ela poderia colocá-lo em um envelope e endereçá-lo para Jittery (ou Keith), mas isso não parecia certo também. Ela apenas iria comprar os bilhetes de forma rápida e anonimamente. Era o melhor caminho. Os ingressos eram oito libras. Ginny rapidamente fez as contas na cabeça, em seguida, caminhou até a janela. — Eu vou querer sessenta e dois bilhetes, por favor, — ela disse. O cara olhou por cima de seu exemplar de Guerra e Paz. — Ele tinha ido muito longe em um dia, Ginny observou. Embora a camisa Simpsons fosse a mesma. — Você o quê? Ele tinha uma daquelas vozes que tom nasal, que fazia a pergunta ter um questionamento extra. — Posso ter sessenta e dois? Ela perguntou, sua voz inadvertidamente abaixando. — Temos apenas 25 lugares, ele disse. — E isso com pessoas sentadas no chão. — Oh. Desculpe. Eu só vou pegar. . . o que eu consigo ter? Ele levantou a tampa de uma caixa de charutos no balcão e manuseou através das duas Categorias dentro. Então, ele fechou com determinação. — Você pode ter 23.


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— Tudo bem, disse Ginny, atrapalhada com maço de libra. —Vou levá-los. — Para o que você quer 23 bilhetes?, Ele perguntou enquanto tirava uma faixa de borracha da pilha e contava. — Para as pessoas. Houve um ruído de algo caindo em algum lugar no corredor. Parecia que de repente tinha ficado muito alto. — Bem, eu não estou discutindo, ele disse após um momento. — Você é estudante? — Não daqui. — Outro lugar. — Colegial? Em New Jersey? — Desconto para estudante, então. Cinco libras cada um. — Ele puxou uma calculadora e digitou os números. — Isso vai ficar em cento e quinze libras. Este desconto deixou Ginny com um problema. Ela precisaria de mais bilhetes. Muito mais. — — O quê?

Quantos

eu

posso

ter

para

amanhã?

ela

Perguntou.

— Quantos para amanhã? — Nós não vendemos nenhum. — Vou levá-los todos. Ele olhou-a enquanto ela escorregava 125 libras pela abertura no plástico, e ele deslizou mais 25 bilhetes. — E na noite seguinte? Ele se levantou e apertou o rosto contra a janela para olhá-la. Ele estava realmente pálido. Ela adivinhou que era o que aconteceria se você passasse o verão em um porão, sentado em um armário ao lado de um balde. — Quem está com você? ele perguntou. — Só. . . eu.


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—Isso é algum tipo de piada, então? — Não. Ele se retratou e sentou de volta em seu banquinho. — Sem Show na quinta-feira, — ele disse, o barulho da sua respiração nasal cresceu. — O clube das artes marciais estará dando um teste de faixas no espaço. — Sexta-feira? — Esse é o último show, — ele disse. — Nós vendemos três desses. Você pode ter os outros 22. Mais cento e dez libras passaram pelo corte no plástico. Ginny agradeceu, passou por cima do balde e contou seus bilhetes e o dinheiro restante. Setenta bilhetes. Mais 142 libras para benfeitoria. Atrás dela, ela ouviu um barulho. O vendedor de bilhetes liberados saiu de seu armário, acenou para ela, e carregou a caixa de charuto com dinheiro pelo corredor, para o andar de cima, e para a luz do dia. Ela notou que um sinal rabiscado às pressas tinha aparecido na janela. Ele dizia: ESGOTADO, para sempre.


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Capítulo 09 Idéias brilhantes Somente quando ela voltou à rua com todos os ingressos do show do Keith apertados, que Ginny percebeu que havia uma falha em seu plano. Sim, ela havia dado o dinheiro, ainda bem. Mas agora, ninguém iria ver sua performance, que começava imediatamente. Ela o comprou, trancou, estocou e escondeu. Ela entrou em absurdo pânico, quando esqueceu onde estava o túnel do metrô, e rodeou o mesmo quarteirão três vezes, e quando ela finalmente o encontrou, havia apenas um lugar que ela pôde pensar em ir. De volta para Harrods. De volta para Richard. De volta para o mesmo balcão de chocolate, no refeitório, porque pelo menos ela sabia onde eles tinham um telefone e um guia. Richard obedientemente veio, e a escoltou ao Krispy Kreme. (Sim, Harrods tem um Krispy kreme. Essa loja realmente tinha de tudo.) — Se você tivesse que se livrar de setenta ingressos para um show intitulado — Starbucks: O musical — Ginny começou, partindo em duas a sua rosquinha, — Onde você iria? Richard parou de agitar seu café e levantou os olhos. — Eu não posso dizer, se nem aconteceu, ele falou. — Mas se tivesse?— ela disse. — Eu suponho que iria ao lugar onde as pessoas estão ao redor, esperando para entrar nos shows, disse ele. —Você realmente comprou setenta ingressos, para alguma coisa chamada, Starbucks: O musical? — Ginny decidiu que provavelmente era melhor não responder à pergunta. — Onde devem estar as pessoas que procuram ingressos? — ela perguntou. — O West End. Você não estava longe de lá ontem. Covent Garden, Leister Square - aquela área. É onde todos os teatros estão, tipo a Broadway. Mas não estou certo de quão bem-sucedida você vai ser. Claro, se eles estiverem livres...


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O West End não tinha uma cara tão brilhante quanto a Broadway. Faltavam os cartazes de três metros de altura que brilhavam, giravam e tinham franjas de ouro. Não era lotado, iluminado com copos de macarrão, sem arranhacéus. Era muito mais subjugado, com somente alguns cartazes e sinais demarcando o território. Os teatros eram fortes, lugares de aparência séria. Ela soube imediatamente que não iria funcionar. Para começar, ela era americana, e parecia um turista, e ainda começou a chover quando eles pararam. E mais, os ingressos não eram do tipo oficial, computadorizado – eles eram apenas fotografias cortadas desiguais. Como ela esperava mostrar as pessoas o que era o show, onde era, e sobre o que? E quem iria querer saber de —Starbucks: o musical— quando estavam esperando ansiosos para ingressos de — Os miseráveis— fantasma da ópera — ou — Chitty Chitty Bang Bang— ou algum outro espetáculo normal, de um teatro normal, que vendia camisetas comemorativas e canecas? Ela permaneceu próxima a um teatro de tijolos maciços distante da Leister Square, à direita de um quiosque repleto de informações de teatro. Pela próxima hora ou mais, ela apenas ficou lá, mordendo seu lábio inferior, apertando os ingressos. Ela ocasionalmente andava na direção de alguém quando se demorava nos pôsteres, mas ela não conseguia persuadir a si mesma para tentar convencê-los de ir e ver o show. Próximo das três horas, ela conseguira doar seis ingressos, todos eles para um grupo de garotas japonesas que os aceitaram educadamente e não aparentavam ter idéia do que elas acabaram de aceitar. E ela só falara com elas porque tinha idéia de que elas não faziam idéia do que estava dizendo. Ela se arrastou de volta pela cidade para Goldsmiths. Pelo menos lá poderia apontar para o prédio e dizer, — O show é lá. Uma hora na frente da universidade não produziu nenhum resultado, até que ela se virou para encontrar-se cara a cara com um cara que tinha que ter a sua idade. Ele era negro, com dreadlocks curtos e óculos lustrosos e sem borda. — Quer ir ver este show hoje a noite? — perguntou, apontando para o folheto com a xícara de café quente. — É realmente bom. Eu tenho ingressos grátis. Ele olhou para o folheto e depois para ela. — Ingressos grátis? — É uma promoção especial,— ela falou.


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— É? — É. — Que tipo de promoção? — Uma... do tipo especial, do tipo grátis. — Para quê? — Só para fazer as pessoas irem. — Certo,— ele disse devagar. — Não posso. Ocupado esta noite. Mas vou pensar, certo? Ele a deu um olhar demorado antes de entrar. Era o mais perto que ela já estivera do sucesso. Ela sentou-se na parada de ônibus e pegou seu notebook.


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25 de junho – 19:15 Querida Mirian,

Um tipo de orgulho que sempre tive, foi que nunca perdi um cara, eu nunca fui dessas pessoas bizarras que entram no banheiro ou fazer alguma coisa falha como: 1: Executar uma mega tentativa de suicídio tomando uma garrafa inteira de vitamina C. (Grace Partey, décimo ano) 2: que repetem de ano repetidas vezes por cabular aula atrás da cafeteria Dumpster (Joan Fassel. Décimo primeiro ano) 3: que alegam interesse repentino na cultura latina e trocam de francês II para espanhol I para estar na mesma sala que um francês gostoso, só pra ficar em um período diferente. (Allison Smart, décimo ano). 4: que recusam-se a romper com um namorado (Alex Webber) mesmo que ele tenha posto fogo em três dormitórios, e tenha sido posto em observação em um hospital psiquiátrico. (Catie Bender, vice presidente do grêmio estudantil, décima segunda série) Claramente, hormônios não ajudam nosso QI. Eu sempre fui muito 'que seja' sobre qualquer coisa. Os caras que eu gostei eram tão totalmente inalcançáveis, que se a escolha era fazer um grande esforço pelos garotos, eu não estava realmente interessada nisso, ou ser um ser humano independente (curtir com meus amigos, fazer planos para fugir de Nova Jersey, me machucar com eletrodomésticos), eu decidi ser uma criatura independente. Eu sei que você é a favor de um —grande avanço amoroso— qualquer hora, de preferência antes de eu sair do ensino médio. E você sabe que eu penso que você precisa de —grande terapia hormonal— porque você excede a obsessão. Você estava obcecada por Paul todo o verão passado, quero dizer, eu te amo querida, mas você estava. Mas, apenas pra te fazer sentir melhor, vou te dizer uma coisa: —Eu estou meio interessada em alguém que nunca, nunca vai gostar de mim. Seu nome é Keith. Ele não me conhece.


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E antes mesmo que você comece com o —É claro que ele vai gostar de você! Você é excelente!— apenas deixe isso de lado por um segundo. Eu sei que ele nunca vai. Por quê ? Porque ele é:

1: um cara britânico com ótima aparência 2: que é ator 3: e que ainda está no colégio 4: em Londres, onde ele atua 5: que eu comprei TODOS os ingressos e que até esta carta eu só me livrei de SEIS DELES.

Mas, apenas por diversão, vamos recapitular a minha história amorosa, não vamos?

1: Den Waters, saí com ele exatamente três vezes, em todas as três ele fez a assustadora língua-de-salamandra pelas quais eu agradeceria mais tarde. 2: Mike Riskus, por quem eu fui obcecada durante dois anos, e com quem nuca tinha falado até o natal passado, ele estava atrás de mim em trigonometria, e me perguntou, —qual o conjunto de problemas nós temos que resolver?— e eu disse. —os da página 85.— e ele disse, —Valeu.— Eu vivi com isso por MESES. Então, como você pode ver, minhas chances são incrivelmente boas, dado meu apelo e experiência. Finalizando, você vai encontrar uma cópia do show de Keith. Eu sinto tanta falta sua que meu pâncreas está doendo. Mas você sabe disso.

Amor, Ginny.


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Capítulo 10 O Boêmio e o abacaxi Apenas três pessoas compareceram. Uma vez que duas pessoas já haviam adquirido bilhetes antes que Ginny chegasse lá e ela tinha usado um para ela mesma, isso significava que absolutamente ninguém que ela tinha dado bilhetes para vir, tinham chegado. Suas garotas japonesas a tinham decepcionado. O resultado disto foi que o elenco da Starbucks: O Musical ultrapassou o número de audiências, e Jittery parecia muito consciente do fato. Isso poderia ter sido a razão dele decidir pular o intervalo e segir em frente, eliminando qualquer chance de permitir que sua audiência fugisse. Por sua parte, Keith não parecia se importar de qualquer modo, que quase ninguém estava lá. Ele aproveitou a oportunidade de mergulhar nas cadeiras e até mesmo escalar uma das falsas palmeiras que estavam ao lado da sala. No final, conforme Ginny levantava para fazer sua escapada, Jittery de repente saltou para fora do palco enquanto ela se abaixava para procurar sua bolsa. Ele se jogou na vazia cadeira ao lado dela. —Promoção especial, né?—, Disse. —O que foi aquilo? Ginny tinha ouvido histórias de pessoas com a língua presa, de abrir a boca para encontrar-se incapaz de qualquer discurso. Ela nunca pensou que fosse literal. Ela sempre pensou que era apenas outra maneira de dizer que não conseguiam pensar em nada de bom para dizer. Bem, ela estava errada. Você pode perder a habilidade de falar. Ela sentiu isso bem no início de sua garganta - um pequeno puxão, como o fechamento de um saco com cordão. —Então me diga, ele disse, por que você comprou trezentas libras em bilhetes e, em seguida, tentou os dar na rua? Ela abriu a boca. Novamente, nada. Ele cruzou os braços sobre o peito, parecendo que estaria preparado para esperar para sempre por uma explicação. Fale! Ela gritou para si mesma. Fale, caramba!


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Ele balançou a cabeça e passou a mão sobre seu cabelo até que estava preso no altos, perfeitamente esticados. —Sou Keith, disse ele, e você. . . claramente louca, mas qual é o seu nome? Okay. Seu nome. Ela podia lidar com isso. —Ginny, ela disse. —Virginia. Apenas um nome era realmente necessário. Por que ela tinha dado dois? —Americana sim?, ele perguntou. Um aceno de cabeça. —Nomeado depois do estado? Outro aceno, mesmo que não fosse verdade. Ela foi nomeada depois de sua avó. Mas agora, que ela pensou nisso era tecnicamente verdade. Ela foi nomeada depois do estado. Ela tinha o nome americano mais ridículo que existia. —Bem, louca Ginny Virginia da América, eu acho que eu te devo um drink, desde que você fez de mim, a primeira pessoa da história a vender todos os ingressos para este lugar. —Eu sou? Keith levantou e foi para uma das falsas palmeiras. Ele tirou uma bolsa de lona esfarrapada de trás dela. —Então, você quer ir lá?— ele perguntou, despindo a blusa de Starbucks e repondo uma camiseta cinza e branca. —Onde? —Ao pub. —Eu nunca estive em um pub. —Nunca esteve em um pub? Nossa.Você deve ir logo. Aqui é a Inglaterra. É o que fazemos aqui. Nós vamos a pubs. Ele alcançou atrás outra vez, e tirou um velho casaco de denim* O saiote ele deixou. —Vamos,— ele disse, como se estivesse tentando persuadir um animal assustado a sair de baixo do sofá. —Vamos lá, você quer ir, não quer? Ginny se sentia entorpecida seguindo Keith para fora do aposento.


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A noite se tornou enevoada. Os globos amarelos brilhante do cruzamento e dos faróis dos carros entrecortados com padrões estranhos através da neblina. Keith andava rapidamente, suas mãos enfiadas nos bolsos. Ocasionalmente ele olhava por trás dos ombros, para se certificar de que Ginny ainda estava com ele. Ela estava só um passo ou dois atrás. —Você não precisa me seguir,— ele disse. —Estamos em uma cidade avançada. Garotas podem andar ao lado de homens, ir à escola, tudo. Ginny provisoriamente tentou andar ao lado dele, e correu para acompanhar seus passos longos. Haviam tantos pubs. Eles estavam em toda parte. Pubs com ótimos nomes em inglês, tipo ‗A corte‘ e ‗A sessão do velho navio‘. Lindos pubs pintados com cores brilhantes e cuidadosas placas de madeira. Keith andou por tudo isso para parar em um lugar de aparência rústica, onde as pessoas estavam na calçada com grandes doses de cerveja —Aqui estamos nós,— ele disse. —Os Amigos em Necessidade. Desconto para estudantes. —Espere,— ela falou, agarrando seu braço. —Eu estou ... no ensino médio. —O que quer dizer? —Eu só tenho dezessete,— ela sussurrou. —Não acho que sou maior de idade. —Você é americana, vai ficar legal. Apenas aja como se fosse daqui e ninguém dirá uma palavra. —Você tem certeza? —Eu comecei a entrar em pubs quando tinha treze, ele respondeu. —Eu tenho certeza. —Mas você é de maior agora? —Eu tenho dezenove. —E isso é maioridade aqui, não é? —Não é só maioridade, ele disse. —É obrigatoriedade, vamos lá. Ginny não podia nem sequer ver o bar de onde eles estavam. Eles estavam em um


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sólido hall de pessoas que aguardavam, em uma névoa de fumaça pairando sobre elas, como se tivesse seu próprio espaço. —O que você quer?— Keith perguntou. —Eu vou entrar, e você vai tentar achar um lugar para ficar. Ela soltou a única coisa sobre a qual ela sabia, que fôra convenientemente escrita em um grande espelho na parede. — Guiness? — Claro. Keith atirou-se na multidão e estava absorto. Ginny espremeu-se entre um amontoado de rapazes vestidos com camisas de futebol de cores brilhantes que estavam em pé junto a uma pequena saliência. Eles ficavam dando socos uns nos outros. Ginny afastou-se para a parede o mais longe que pode ir, mas tinha certeza que eles ainda conseguiriam atingi-la. Contudo, não havia nenhum outro lugar para ficar. Ela se espremeu e examinou e examinou os anéis pegajosos na prateleira de madeira e os remanescentes de cinzas nos cinzeiros. Uma música antiga das Spice Girls começou tocar, e os rapazes que se batiam começaram fazer uma dança batida que os traziam ainda mais perto de Ginny. Keith a encontrou lá alguns minutos depois. Ele carregava um copo cheio de um líquido muito escuro que estava produzindo pequenas bolhas cor de latão. Havia uma fina camada de espuma nebulosa por cima. Ele passou o copo para ela. Era pesado. Ela teve um breve lampejo da grossa e quente Ribena e estremeceu. Por ele, Keith tomaria uma Coca-cola. Ele deu uma olhada atrás dele e colocou-se entre os caras dançando e Ginny. —Não beba, explicou, vendo-a olhar para o refrigerante. —Eu cumpri minha cota quando tinha dezesseis. O governo emitiu para mim um cartão especial. Ele a firmou com seu olhar decidido. Seus olhos eram muito verdes, com um tipo de combinação de ouro no centro que era só um pouco desagradável e intenso. —Então, você vai me contar por que fez essa coisa estranha ou não? ele perguntou. —Eu... só queria fazer.


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—Você só queria comprar o show por uma semana? Porque você não conseguiu ingressos para o London Eye ou algo assim? —O que é o London Eye? —A grande roda gigante sangrenta em frente ao Parlamento a que todos os turistas normais vão,— disse, inclinando-se para trás e olhando-a curiosamente. — Por quanto tempo você está aqui? —Três dias. —Você viu o Parlamento? A torre? —Não... —. —Mas você conseguiu encontrar o meu show no porão de Goldsmiths. Ela tomou um gole de seu Guinness para conseguir alguns segundos antes de responder, em seguida, tentou não estremecer ou cuspir. Ginny nunca havia provado casca de árvore, mas isso era o que ela imaginava que seria. Se você o passasse através de um espremedor. —Eu tenho uma pequena herança, ela finalmente disse. —E eu queria gastar um pouco disso em algo que eu realmente achasse que valesse a pena. Não era totalmente uma mentira. —Então, você é rica? Ele disse. —É bom saber. Eu, bem, eu não sou rico. Eu sou um boêmio. Antes que ele começasse a falar os nomes das bebidas de café até música, Keith tinha levado uma vida muito interessante. De fato, Ginny logo descobriu que ele gastou as idades de treze a dezessete anos sendo o pior pesadelo de qualquer pai. Sua carreira começou com o rastejamento através da cerca para os jardins de cervejarias locais e implorava para tomar uma bebida ou dizia piadas para eles. Então, ele descobriu como se trancar em um desses locais à noite (escondidos em um armário não utilizado) e pegar álcool suficiente para si e para seus amigos. Os proprietários ficaram tão cansados de serem roubados que desistiram e o contrataram para trabalhar atrás do balcão. Lá se seguiram alguns anos de coisas quebradas sem razão nenhuma e pequenos incêndios ocasionais. Ele lembrava-se ternamente de raspar com navalha


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a palavra masturbador na lateral do carro do diretor da escola, assim a mensagem apareceria em poucas semanas, depois que chovesse e enferrujasse. Ele decidiu experimentar roubar. De primeira, roubou coisas pequenas – barras de doces, jornais. Ele mudou para pequenos utensílios e eletrônicos. Isso finalmente terminou para ele depois que arrombou uma loja de entregas e foi preso por roubo de quibe de frango. Depois disso, decidiu mudar de vida. Ele criou um curto documentário chamado ‗Como Eu Costumava Roubar e Fazer Outras Coisas Ruins‘. Ele o enviou para Goldsmiths e eles pensaram o bastante para aceitá-lo e até mesmo dar e ele uma concessão por ―méritos artísticos especiais.‖ E agora ele estava aqui, criando peças sobre café. Ele parou de falar a tempo suficiente de perceber que ela não estava bebendo sua Guinness afinal. —Aqui, ele disse, agarrando o copo e terminando o restante em um longo gole. —Eu achei que você disse que não bebia. —Isso não é beber, disse desdenhosamente. —Eu quis dizer beber. —Oh. —Escute, ele disse, chegando mais perto, —como você pagou efetivamente pelo show inteiro – e aplausos por isso – eu posso lhe contar isso também. Estou levando ele ao Fringe Festival, em Edinburgo. Você conhece o Fringe? —Realmente não, Ginny disse. —É o maior festival alternativo de teatro do mundo, ele disse. —Muitas celebridades e shows famosos saíram dele. Levou uma eternidade para conseguir com que a escola pagasse para nos enviar para lá, mas eu consegui. Ela assentiu. —Então, ele disse —Eu entendo isso como que você irá ao show novamente? Ela assentiu novamente.


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—Eu tenho que empacotar tudo depois do show de amanhã e sair de noite, ele disse. —Talvez você gostasse de se juntar. —Eu não tenho certeza do que fazer com o resto dos ingressos... Keith sorriu confiante. —Agora que você pagou por eles, eles serão fáceis de se desfazer. Não havia muitas pessoas por perto já que é junho, mas o escritório internacional não aceitará nada de graça. E os estudantes estrangeiros geralmente ainda estão aqui, passeando a toa. Ele olhou para as mãos dela. Ela estava apertando o copo vazio. —Vamos, ele disse. —Caminharei com você até o metrô. Eles deixaram a fumaça do bar e entraram de volta na nevoa. Keith andou com ela por uma rota diferente, uma rota que ela nunca seria capaz de encontrar sozinha, para o circulo vermelho incandescente com a barra que o cortava em que se lia metrô. —Então, você voltará amanhã? perguntou. —Sim, ela disse. —Amanhã. Ela alimentou a maquina de bilhetes e passou pela catraca, descendo para a estação de metro de ladrilhos brancos. Quando chegou na plataforma, ela viu que havia um abacaxi nos trilhos da via ferroviária. Um abacaxi inteiro em perfeitas condições. Ginny ficou bem na beirada da plataforma e olhou para ele. Era difícil de imaginar como um abacaxi podia acabar em uma situação como essa. Ela sentiu o zumbido do vento que ela sabia que acompanhava a aproximação do trem. A qualquer segundo agora ele viria estrondando pelo túnel e cruzaria bem sobre este ponto. —Se o abacaxi resistir, ela disse para si mesma, - ele gosta de mim. A ponta branca do trem apareceu. Ela se afastou da beirada, deixou-o passar e partir. Ela olhou para baixo. O abacaxi não estava nem partido ou inteiro. Ele simplesmente sumiu.


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Capitulo 11 O benfeitor não-tão-misterioso Descoberta: Foi possível desmontar uma palmeira falsa e encaixá-la em um carro. Na verdade, foi possível desmontar todo o conjunto e encaixá-lo no carro. Um carro pequeno. Um pequeno, branco, muito sujo Wolkswagen. Isto é como eles foram —descarga— Starbucks: O Musical. —Você deve estar se perguntando ‗Porque Keith está levando isso?‘— Keith disse enquanto ele empurrava para baixo as folhas do tronco. —Ora, ele nem sequer usa essas no show. —Estou meio que preocupada,— Ginny disse. (Ela se preocupou muito desde que ela carregou um deles pelo corredor do porão, na verdade. Eles eram pesados). —Bem, eu fiz por um tempo,— Keith disse, olhando por baixo do carro e vendo como o peso o estava afundando. —Eu os escrevi. Mas eu tenho a certeza de que ninguém quer, pois a escola pagou por eles. Quero dizer, são arvores falsas. Qual é. Esses cones laranja batida de trânsito em qualquer dia da semana. Essas coisas são um prêmio. Ele olhou para a pilha de roupas que ainda estava na calçada. —Você entra e eu coloco essas coisas ao seu redor,— ele disse. Ginny foi devidamente recheada (do lado errado), e Keith foi para o lado certo. O carro não parece tão bom do lado de fora, mas aparentemente o seu interior estava em perfeitas condições de funcionamento. Assim que Keith bateu o gás, ele nasceu para a vida e disparou pelo canto da rua. Ela gritou um pouco quando ele fez a curva e mergulhou o tráfego na estrada principal, apenas faltando pouco batido para fora do caminho por um ônibus de dois andares. Ela poderia dizer que Keith era um daqueles caras que adorava dirigir ele mudou através das artes com grande intensidade e quantas vezes fosse humanamente possível e ziguezagueava seu caminho através do congestionamento. Um táxi preto de repente estava a poucos centímetros deles.


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Gina estava cara a cara com um casal de aparência bastante surpresa, que apontou para ela com medo —Não estamos um pouco perto demais?— ela disse enquanto Keith puxava o carro ainda mais perto da faixa para mudar de pista. —Ele vai passar,— Keith disse levemente. Eles percorreram parte da Essex Road pelo o que Ginny sabia. —Eu vou ficar por aqui, ela disse. —Em Islington? Com quem? —Um amigo da minha tia. —Eu estou surpreso,— ele disse. —Pensei que você estivesse em um grande hotel em algum lugar já que você é uma herdeira ou algo assim. Keith rejeitou uma seqüência interminável de pequenas estradas escuras, cheias de casas e blocos de apartamentos anônimos passado, brilhantemente fluorescentes lojas de pesque-pague. Cartazes e anúncios foram colados em qualquer superfície, a publicidade álbuns de reggae e música indiana. Ginny encontrou-se automaticamente marcando o percurso em sua mente, traçando um padrão de sinais, cartazes, pubs, casas. Não que ela fosse voltar ali novamente, é claro. Era somente um hábito. Eles finalmente pararam em uma rua sem iluminação, com uma longa fila de casas de pedra cinzenta. Ele desviou o carro e estacionou em um ângulo perto ao meio-fio. Havia um monte de embalagens ao longo das calçadas e garrafas nos pequenos quintais. Algumas das casas foram claramente desocupadas, com placas sobre as janelas e sinais colados nas portas. Keith deu a volta e abriu sua porta, em seguida tirando todas as coisas de cima dela e as colocou na calçada. Ele abriu o portão da frente de uma das casas e caminhou até uma porta vermelha brilhante com um painel de janela de plástico amarelo. Eles descarregaram as caixas de forma descuidada e pouco embalados, saco por saco. Uma vez dentro, eles passaram por uma cozinha e foram direto para um conjunto de escadas escuras, que Keith subiu sem acender a luz. No topo da escada, havia um forte cheiro de fumaça de cigarro velho. Muitos objetos foram levados para o patamar - uma estante repleta com uma


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caveira em cima, um chapéu coberto com sapatos, uma pilha de roupas. Ele chutou de lado e abriu a porta e mostrou à frente. —Meu quarto,— Keith disse com um sorriso. A maior parte do quarto era vermelha. O tapete era de tijolo vermelho. O sofá era vermelho. Os sacos de feijão, múltiplos no chão, eram vermelhos e pretos. Panfletos de excursões de estudante cobriam as paredes, juntamente com cartazes de animação japonesa e quadrinhos. A mobília consistia de caixas de plástico, com uma placa improvisada servindo de uma prateleira ou mesa. Livros e DVDs estavam empilhados em qualquer lugar. —É ela, uma voz disse.

Ela virou o rosto para o cara que tinha tentado dar uma passagem para fora da uni - aquele com os dreadlocks e os óculos sem aro. Ele estava sorrindo conscientemente. Atrás dele estava uma menina loira, magérrima, que não parecia muito feliz. Seus braços saiam para fora dos ombros elegantemente através do desfiado de sua camiseta preta, como dois lápis brancos. Seus olhos eram redondos e de cores fortes, e ela teve um muxoxo. Seu cabelo tingido de branco, o tom de cor ao ponto de ser de palha, como e visivelmente debilitado. Mas de alguma forma esse dano complementou a maneira selvagem, sofisticada... Como se seu cabelo fosse empilhado em cima de sua cabeça. Automaticamente, Ginny olhou para si mesma - o seu longo shorts cáqui verde de carga, o mesmo tênis, a camiseta e moletom minúsculo. As roupas eram turísticas ainda mais dolorosas do que o habitual. —Está é a Ginny, Keith disse. —Eu acho que você conhece o David. David é meu colega de quarto. E aquela é a Fiona. —Oh, Fiona disse. —Você está trabalhando no show?

Era uma pergunta bastante razoável, mas Ginny detectou um insulto enterrado em algum lugar. Ela estava estranhamente certa de que o que ela dissesse ia fazer com Fiona soltasse uma gargalhada. Seu estômago instantaneamente se apertou, e ela tentou pensar em uma ótima resposta. Após cerca de 20 segundo pensando em uma resposta, ela finalmente veio como a faca afiada, —Eu não sei.


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Fiona torceu os lábios em um sorriso. Ela olhou para Ginny de cima a baixo, os olhos param sobre o shorts da carga e, em seguida, um corte longo e fino que atravessava joelho Ginny. (Acidente de embalagem. Tarde da noite. Escadinha... erro de cálculo ao obter algumas coisas fora do topo do armário.) —Nós estamos saindo, David disse. —Te vejo mais tarde. —Eles estão sempre brigando, Keith disse depois que eles sairam. —É um saco. —Como você sabe? —Porque,— ele disse, despejando uma caixa de copos de Starbucks no chão. —É isso o que eles fazem. Eles brigam. E brigam. E brigam e brigam e brigam. —Por quê? —Bem, a versão curta iria me envolver com uma palavra para ela que os americanos tendem a achar muito ofensivo. A versão longa é que o David quer sair da universidade e ir para a escola de culinária. Ele foi aceito em uma, tem uma bolsa e tudo mais. Esse é o sonho dele. Mas Fiona quer que ele vá para a Espanha com ela. —Espanha? —Ela está indo para trabalhar como uma representante, ele disse. —Uma guia turística, basicamente. Ela quer que ele vá, mesmo que ele precise ficar aqui. Mas ele vai porque ele faz tudo o que ela diz para ele. Nós costumávamos ser bons companheiros, mas não mais. É tudo sobre Fiona agora. Ele balançou a cabeça, e Gina teve a sensação de que este não era só uma conversa - ele parecia realmente incomodado com isso. Mas ela ainda estava presa no fato de que Fiona estava indo trabalhar na Espanha. Quem acabou de decidir que iriam trabalhar na Espanha? Ginny ainda não tinha sido autorizada a conseguir um emprego até o último verão, e que foi apenas no SnappyDrug na rua. Um verão inteiro doloroso de lotação recargas de barbear e perguntando às pessoas se elas queriam se inscrever para o SnappyCard. E aqui estava Fiona, que não podia ser muito mais velha que ela, correndo para a ensolarada Espanha. Gina tentou imaginar essa conversa. Eu estou tão enjoada do shopping. . . . Acho que vou

conseguir um emprego na a Gap, em Madrid.


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Todo o resto da vida era mais interessante do que a dela. —Ela é bonita, Ginny disse. Ela nao tinha ideia do porque ela disse aquilo. Era a verdade, mais ou menos. Fiona era elegante e marcante. (Ok, ela parecia um pouco com ela tinha sido recentemente ressuscitou dentre os mortos - óssea, cabelos choque branco, roupas rasgadas, mas no bom sentido, claro.) —Ela se parece com um cotonete,— Keith disse com desdém. —Ela não tem personalidade e tem um pessimo gosto musical. Você deveria ouvir a total porcaria que ela coloca toda vez que esta aqui. Você, porém, tem bom gosto. A afirmação pegou Ginny desprevenida. —Então, ele disse, —o que foi sobre o meu show que fez você querer comprar todos os bilhetes? Foi porque você me queria todo somente para você? Não surpreendentemente, ela não podia falar. Isso não era apenas a sua reação nervosa normal - foi porque Keith tinha deslizado sobre os joelhos e estava agora debruçado sobre sua caixa mesa de café, com o rosto apenas um pé ou coisa assim do dela. —É isso, disse ele. —Não é? Comando de desempenho? Ele estava sorrindo agora. Havia algum tipo de desafio em seu olhar. E por alguma razão, o único impulso de Ginny foi de colocar a mão no bolso, apertar o dinheiro em punho e deixá-lo na mesa. Ela lentamente desvencilhouse, como um pequeno monstro roxo que tinha acabado chocados. Fotos minúscula da rainha brotaram em toda parte. —O que é isso?— ele perguntou. —É para o seu show, ela disse. —Ou qualquer coisa. Outro show. É somente para você. Ele sentou-se sobre os calcanhares e olhou para ela. —Você está somente me dando...— Ele pegou o dinheiro, aplainado para fora, e contou-o. —Cento e quarenta pilas? —Oh...— Ela enfiou a mão no bolso e pegou duas moedas de libra. Tinha que ser cento e quarenta e dois. Quando chegou para a tabela para adicionar esses à pilha, ela percebeu que toda a atmosfera na sala tinha apenas


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mudado. Seja qual for conversa que poderia ter tido agora estava cancelada. Seu gesto estranho súbito cortou-a. Clunk. Clunk. Ela acrescentou dois quilos. O silêncio continuou. —Eu deveria voltar,— ela disse quietamente. —Eu sei o caminho. Keith abriu a boca para falar, então, esfregou os lábios com as costas da mão, como se mandando um comentário embora. —Me deixe levar você,— ele disse. —Eu não acho que você possa voltar sozinha. Eles não se falaram durante o caminho. Keith ligou o radio com som bem alto. Assim que ela estava na calçada em frente à casa de Richard, ela disse seu adeus e saiu tão rapidamente quanto podia. Seu coração estava prestes a explodir. Ele estava indo para explodir-se para fora do peito e da terra na calçada como um ofegante peixe desesperado. Poderia continuar a bater, enquanto ele pode, saltando ao longo das embalagens vazias e pontas de cigarro, até que acalmou-se. Então, ela ia buscá-lo e reinstalálo. Ela viu a coisa toda muito clara. Muito mais claramente do que ela poderia imaginar o que tinha acontecido com ela. Porquê. . . que no meio daquilo que era possivelmente seu primeiro momento romântico verdadeiro. . . ela havia decidido que a resposta correta era jogar um punhado de dinheiro sobre a mesa? Um suado dinheiro e moedas? E, em seguida, pedir para sair? Miriam ia matá-la. Ou isso ou ela estava indo para transportar-la para a casa para o incuravelmente romântico estúpido e inútil e deixá-la lá para sempre. E tudo bem por isso. Era lá que ela pertencia. Ela poderia viver com sua própria espécie lá. Ela olhou para janelas de Richard. As luzes estavam apagadas. Ele deveria ter ido cedo para a cama. Se ele estivesse acordado, ela poderia até mesmo ter falado sobre isso com ele. Talvez ele pudesse tranqüilizá-la, explicar uma maneira de desfazer o que tinha acabado de fazer. Mas ele estava dormindo. Ela tirou as chaves do buraco na escada, lutou contra as fechaduras e deixou-se entrar. Ela foi para o quarto dela e, sem acender as luzes, cavou o pacote de envelopes para fora da frente de sua bolsa e tirou de cima. Ela o segurou até a rua da rua entrar pela janela. Esta carta seguinte foi coberta por


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um desenho de caneta e tinta de um castelo no alto de uma colina, a pequena figura de uma menina em um caminho na sua base. —Ok,— Ginny disse suavemente.—Esqueça isso. Vá em frente. Qual é o próximo?.


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Querida Gin,

Você já viu um daquele filmes de kung fu que o estudante viaja para o posto avançado remoto onde seu mestre vive? Talvez não. Eu só vi porque minha colega de quarto do segundo ano era obcecada por kung fu. Mas você entendeu a idéia – Harry Potter vai para Hogwarts, Luke Skywalker vai para Yoda. É sobre isso que estou falando. O estudante parte para ser escolarizado.

Eu mesma fiz isso. Depois de alguns meses em Londres, eu decidi ir e encontrar meu ídolo, a pintora Mari Adams. Eu queria encontrá-la durante minha vida toda. Meu dormitório na faculdade era coberto de fotos do seu trabalho. (E fotos dela. Ela é muito... distinta.) eu não sei exatamente o que me fez fazer isso. Eu sabia que precisava de ajuda em artes, e eu percebi que ela não estava tão distante assim. Mari vive em Edinburgo, que é grandiosa e espectral.

O castelo de Edinburgo tem milhares de anos e situa-se no alto bem no meio da cidade em uma grande rocha chamda ‗O Monte‘. A cidade inteira é antiga e estranha, repleta de pequenas vielas retorcidas chamadas becos. Assassinos, fantasmas, intrigas políticas... Estas coisas espalham-se por Edinburgo. Então eu peguei um trem e fui lá. E ela me deixou entrar. Ela até mesmo me deixou ficar por alguns dias. Eu quero que você a encontre também.

Esta é a tarefa completa. Eu não preciso ser mais especifica. Você não precisa perguntar nada a ela. Mari é a Mestra, Gin, e ela saberá do que você precisa ainda que você não saiba. O kung fu dela é poderoso. Acredite em mim nisso. Escola está na sessão!

Com amor, Sua tia Fugitiva.


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Capítulo 12 O corredor Algumas pessoas acreditam que são guiados por forças, que o universo corta os caminhos através da densa floresta da vida, mostrando-lhes para onde ir. Ginny não acreditou nem por um segundo que o universo inteiro dobrava-se a sua vontade. O que ela fez, no entanto, distorcer um pouco a mais específica e rebuscada idéia que Tia Peg tinha feito disso. Ela tinha conhecido o irreconhecível. Ela estava enviando Ginny ao mesmo lugar que Keith tinha que ir, de qualquer maneira, para resolver alguns detalhes para o seu show. Às vezes isso aconteceu com a tia Peg. Tinha uma estranha maneira de conhecer as coisas, um estranho senso de timing. Quando Ginny era uma criança, tia Peg sempre conseguiu ligar pra Ginny sempre que ela precisava da Tia: quando ela brigava com seus pais, quando estava doente, quando precisava de conselhos. Então, isso não era um completo choque, que ela teria algum plano B para Ginny ir a Edimburgo, e que ela sabia que Ginny, de alguma forma estragaria a coisa toda com o dinheiro e lhe daria uma segunda chance. Mas isso tudo realmente significa alguma coisa? Claro, em um puramente hipotético sentido, ela poderia até perguntar se ele queria ir com ela. Se ela fosse outra pessoa sem ser ela, era isso. Miriam iria fazer isso. Muita gente faria isso. Ela não iria. Ela queria, mais do que qualquer coisa, mas ela não faria. Para começar, a tarefa do misterioso benfeitor está feita. Ela tinha uma possível desculpa para ver Keith. Além disso, ela já havia feito coisas estranhas com o dinheiro. E além disso. . . Como é que você simplesmente convida alguém para ir para outro país com você? (Mesmo se realmente não fosse muito outro país. Isso parecia que iríamos para o Canadá. Não era um grande negócio. Não como David e Fiona e a coisa toda da Espanha). Ela passou o dia inteiro em casa, debatendo o assunto consigo mesma. Primeiro, ela assistiu TV. A televisão britânica parecia se consistir basicamente de shows de reconstrução. Reconstrução de jardins. Reconstrução de Moda. Reconstrução de casas. Tudo sobre mudar. Isso parecia uma dica. Mudar alguma coisa. Faça um movimento. Ela desligou a televisão e olhou em torno da sala de estar.


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Ela limparia, isso é o que ela faria. Limpeza com freqüência a descontraía. Ela lavou a louça, escovou as migalhas da mesa e cadeiras, dobrou a roupa... Qualquer coisa que poderia pensar. Ela passou uma boa meia hora examinando a estranha máquina com a pequena janela de vidro e o display em ordem alfabética que estava no balcão da cozinha. No começo, ela pareceu uma forna muito estranho. Levou um tempo para perceber que era uma máquina de lavar. Por cinco horas, o sentimento não a deixou. Foi quando Richard ligou para dizer que ele estaria em casa tarde. Ela não podia esperar mais.Ela iria a pé. Ela ia a pé só para provar para si mesma que tinha aprendido o caminho até lá. Não era longe. Ela ia andar até lá, olhar a casa, e depois andar de volta. Então, pelo menos, ela poderia dizer a ela mesma que tinha ido. Era patético, mas era melhor do que nada. Ela escreveu uma breve nota para Richard e saiu. Ela cuidadosamente refez a rota, o melhor que podia. Quiosques. . . Cones amarelos no meio da estrada. . . As linhas em ziguezague na rua. . . Tudo estava lá, em algum lugar em sua cabeça. Mas logo, todas as casas pareciam as mesmas. Todas pareciam como a casa de Keith. Ela virou uma esquina e teve o sinal de que ela precisava, ou seja, David. Ele estava na calçada, segurando o celular contra sua cabeça. Andava para trás e para frente, em frente ao portão e não parecia muito feliz. Ele só ficava dizendo — não— e —ok— de novo e de novo em uma maneira que parecia muito sinistra. Ginny estava perto da casa, bem na hora que ela percebia que era ele. Ela pensou em recuar e esperar até que ele estivesse ido para dentro, mas ele tinha visto a sua aproximação. Ela não podia simplesmente correr. Isso seria estranho. Ela só poderia continuar andando, devagar, cautelosamente, na direção dele. Quando Ginny chegou ao portão, ele ficou em silêncio. Então ele desligou o telefone com um gesto irritado, o que fez um estalo e sentou-se no muro baixo da frente do jardim e colocou a cabeça entre as mãos. —Oi?, Ela disse. —É isso aí. - ele balançou a cabeça - Eu não vou. Eu disse a ela. Eu lhe disse que não quero ir para a Espanha. —Oh, - Ginny disse—Bem. Bom. Para você. —Sim— ele disse, inclinando-se pesadamente —É bom. Quer dizer, eu tenho que começar minha vida aqui, não tenho?


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—Certo. David assentiu com a cabeça mais uma vez, em seguida, se quebrou em soluços arfando. Houve um ruído farfalhante acima, e Ginny viu as tortas cortinas pretas na janela de Keith balançar para trás e para frente. Um momento depois, ele estava na calçada com eles. Keith olhou para Ginny. Ela podia ver sua confusão nas duas coisas na frente dele, o fato de que ela estava lá e que seu companheiro estava se dissolvendo em lágrimas na frente de sua própria casa. Por um segundo, ela realmente se sentiu culpada, até que ela se lembrou que não era culpa dela. —Certo, - disse Keith, caminhando até seu carro e abrindo a porta do passageiro. —Entre. Vamos. Ginny não tinha certeza com que ele estava falando. Nem David tinha. Eles se entreolharam. —Vocês dois, - disse Keith —Um Lane tempo. Poucos minutos depois, ela fazia parte deste pequeno grupo, acelerando por East London, onde as casas eram um pouco mais cinzentas e os sinais eram escritos em curvas, línguas totalmente desconhecidas. Restaurantes indianos alinhavam ambos os lados da rua, e até mesmo o ar estava impregnado com o cheiro de temperos fortes, e todos eles pareciam estar abertos, inclusive à meianoite. Luzes coloridas foram alinhadas de um prédio a outro, e os vendedores ambulantes estavam nas portas, oferecendo cerveja de graça ou lanches para quem viesse para dentro. Keith, no entanto, sabia exatamente onde estava indo e guiou-os para um pequeno e muito limpo restaurante, onde parecia haver quatro garçons para cada cliente. Ginny não estava com fome, mas sentiu a necessidade de participar. Ela não tinha nem idéia do que pedir, no entanto. —Eu acho que vou querer o que você está pedindo, disse ela para Keith. —Se você pedir o que estamos pedindo, você pode morrer, disse Keith —Experimente um curry22 suave. Ela decidiu não desafiá-lo sobre aquilo.

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Curry=O caril ou curry é uma mistura de especiarias muito utilizada na culinária de países como Índia, Tailândia e alguns outros países asiáticos.


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Keith ordenou uma lista completa de alimentos, e logo sua mesa estava coberta de cestas de pão cheio de coisas grandes que eles chamaram de 23 papadams . Havia uma seleção de cores vivas de chutneys24 com grandes pedaços de pimenta flutuando nelas, e cervejas. Logo que ela viu a extensão, Ginny entendeu. Keith estava dando a David uma refeição tragédia. Ela fez a mesma coisa com Miriam quando ela rompeu com Paul no verão passado, exceto que sua versão envolvia meio galão de Breyers25, uma caixa de bolos Little Debbie, e um pacote com 6 refrigerantes de framboesa azul. Caras nunca estariam satisfeito com esse tipo de conforto. Se eles estavam tendo uma refeição tragédia, eles tinham que ter certeza que havia um componente doloroso, e masculino nisso. * Keith estava falando uma milha por minuto. Ele começou contando uma história sobre como ele e seu ‗companheiro, Iggy‘ gostavam de aparecer na casa das meninas com suas calças em chamas. (Um truque, ele explicou em detalhes, que envolvia a pulverização das calças com um aerossol, como Lysol, então brasas de cigarros, que então criava nuvens ardentes apenas na superfície das calças, o que poderia ser posto para fora,desde que caísse no chão no momento certo, o que geralmente fazíamos.) Os Curries chegaram, e o vapor saindo dos pratos de Keith e David fizeram os olhos de Ginny se encherem de água e arderem. David cutucou o seu e ouvia Keith falar com uma imutável expressão aborrecida. Seu telefone tocou. Ele olhou para o número e arregalou os olhos. —Não, disse Keith, esfaqueando o celular de David com o garfo manchado de curry. David olhou aflito. —Eu tenho, disse ele, arrancando-o, —Volto já. —Então, Keith disse depois que David se fora. —Vamos rever. Ontem à noite você misteriosamente me dá 142 libras e depois foi embora. E hoje você aparece na frente da minha casa, enquanto o meu colega de quarto sofre um colapso emocional. Eu só estava me perguntando o que tudo isso significa.

23

papadams= http://static.flickr.com/26/93590730_939e3a7e24.jpg

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chutneys=é um condimento de paladar agridoce, picante (forte ou suave), ou ainda uma mistura dos dois, originário da Índia. 25

Breyers= sorvetes.


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Antes que ela respondesse, o garçom surgiu, com a sua chance de escovar algumas migalhas da cadeira de David. Ele tinha ficado espreitando em torno da mesa como um abutre, esperando eles comerem o último miolo de papadam para que ele pudesse levar a cesta. Ele olhou o último pedaço tristemente, como se aquilo fosse a barreira entre ele e a eterna felicidade. Ginny o agarrou e empurrou-o na boca. O homem olhou aliviado e pegou a cesta, mas imediatamente voltou a olhar melancolicamente para os copos de água. E, em seguida, David voltou e caiu pesadamente em sua cadeira. O garçom imediatamente pulou sobre ele, oferecendo outra cerveja. Ele acenou com a cabeça cansadamente. Keith voltou seu olhar de Ginny para David. —Bem? —Apenas algumas coisas que ela quer de volta,— - ele disse. Nada foi dito até que o garçom voltou um minuto depois com uma garrafa grande de cerveja. David inclinou a cabeça para trás e fez barulhos ao vários grandes movimentos de engolir, bebendo a sua terceira cerveja de uma vez. O telefonema e a cerveja fizeram David se soltar. Ele geralmente era educado, mas agora ele tinha se transformando em outra pessoa. Ele enumerou em uma lista, todas as coisas que ele tinha há muito tempo desprezado em Fiona e que ele tinha notado, mas aparentemente manteve para si. E é claro que ele pediu outra cerveja. Em primeiro lugar, essa purificação parecia bem. David parecia estar voltando à realidade. Mas então ele começou a olhar interessado para uma mulher na outra mesa que estava claramente irritada porque ele estava falando alto demais. Ele bateu em seu curry, afastando-o e tornou-se cada vez mais alto. —Ele está ficando imoral. Keith disse —Hora de ir. Keith perguntou ao sempre disponível garçom pela conta e jogou algumas notas amarrotadas. Eles pareciam ser as mesmas que ela tinha lhe dado justamente na noite anterior. Ela podia praticamente reconhecer as marcas do seu próprio aperto. —Eu vou pegar o carro- ele disse —Fique aqui com ele, certo? David olhou em volta e, vendo que Keith tinha ido embora, ele se levantou e cambaleou para a porta. Ginny o seguiu. David estava esperando na calçada, olhando a rua como se estivesse perdido. Ginny esperou nervosamente na porta.


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—As pessoas não mudam, - ele disse —Você apenas tem que tomá-los como são. Sabe o que eu quero dizer? —Eu acho que sim - Ginny disse incerta. —Pode ir me buscar um sorvete? ele perguntou, inclinando-se para uma loja próxima a eles com uma grande exposição de sorvete —Eu quero um sorvete. Levantar fez David perder um monte de energia. Além disso, sorvete em um momento como este, era algo que ela podia entender. Ela entrou na loja e escolheu um de aparência rica coberta com chocolate. Quando ela voltou fora, porém, ele tinha ido embora. Ela ainda estava ali, segurando o sorvete que se derretia rapidamente, quando Keith apareceu. —Ele deu uma de corredor? - ele perguntou ele. Ginny acenou com a cabeça. —Eu irei dirigir por esse lado - ele disse - Você verifica o contrário. Me encontre aqui. Havia um número surpreendente de pessoas em Brick Lane naquela noite, principalmente grupos de rapazes de terno. Ela viu David a algumas lojas para cima, olhando para o menu de um outro restaurante. Quando ele viu Ginny, ele começou a correr novamente, e Ginny não teve escolha senão ir direitamente atrás dele. Excesso de álcool aparentemente, fez surgir o diabinho mau em David. Sempre que Ginny ia ficando para trás, ele parava e ficava ali, sorrindo. Quando ela estava perto o suficiente para ver seu sorriso, ele começava de novo. Para seu alívio, o carro de Keith virou a esquina. Keith estava quase em cima dele, quando David se virou e correu de volta para o outro lado, para Ginny. Não havia nenhuma maneira de Keith girar ao redor, assim ele tinha que continuar. O que sobrou para Ginny, se manter atrás dele. David a levou por todo redor da área, através de ruas residenciais, por ruas com sari e lojas de tecidos fechadas. Eles foram mais e mais, em ruas menos acolhedoras. Ela estava respirando com dificuldade, e o curry estava matando seu estômago, mas ela ficou com ele. Após cerca de dez minutos, ela aceitou o fato de que David não iria desistir do jogo. Ela teria que jogar sujo. Ela soltou um grito, em seguida, caiu na calçada, segurando sua perna.


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David se virou novamente, mas desta vez, mesmo na sua neblina, ele sabia que algo estava errado. Ele hesitou, mas, vendo que Ginny não estava indo mais longe, ficou onde estava. Ele nem sequer viu Keith correr por trás dele e pular em cima. Ele pressionou David na calçada e sentou-se nas suas costas. —Muito bom com a perna—- disse Keith, com a respiração ofegante. —Cor. . . quem sabia que poderia funcionar? Dentro de alguns momentos de ser mantido ainda, David escorregou em um estado passivo de quase inconsciência. Keith o puxou e caminharam para o carro. Ginny pulou para o banco de trás de modo que David pudesse ser cuidadosamente colocado na frente. —Ele vai vomitar no meu carro, - Keith disse tristemente enquanto se afastava —E eu só vou limpar isso. Ginny olhou ao redor para a coleção de sacos de lixo e em torno dela no pequeno banco traseiro. —Você vai? —Bem, eu coloquei toda essas coisas aí atrás.— Ginny levantou a mão e passou um rápido deslizamento David em uma posição ereta. —Estou levando ele para o meu lugar. Deixarei ele dormir lá. Vou ficar de olho nele. Eu vou te levar pra casa. David fez isso na calçada em frente à casa de Richard antes da previsão de Keith acontecer. Tão logo parou, ele abriu a porta e disparou seu pior. Quando ele se recuperou, Keith e Ginny caminharam até ele e descer a rua algumas vezes até que a magia parecia ter acabado, então o trouxeram de volta e ele se inclinou contra o portão. —Ele vai ficar bem, - disse Keith, balançando a cabeça - Ele precisava disso. Limpar a cabeça. David foi lentamente escorregando para baixo do portão. Keith o agarrou pelo braço e apoiou-o de volta para cima. —Melhor ir—, - ele disse - —Aquilo foi bom, o que você fez com sua perna. Muito bom. Rápido, também. Você não está completamente louca.


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—Um... —Sim? —Anteriormente. . . — Sim? —Eu estava indo lhe perguntar se queria ir a Escócia comigo, - ela disse rapidamente —Eu tenho que ir a Edimburgo, e uma vez você disse... —Pra que você está indo para lá? —Eu apenas estou. . . indo. —Quando? —Amanhã? David se lançou para frente e caiu contra o capô do carro de Keith. Keith passou por cima. Parecia que ele estava indo para David, mas no último momento, voltou-se, tomou o rosto de Ginny em suas mãos, e a beijou. Não era um delicado, lento, ‗seus lábios são como pétalas de flor delicada‘ beijo. Mais parecido com um ‗muito obrigado‘ beijo. Ou mesmo um ‗Bom jogo!‘ beijo. —Poderia muito bem, ele disse -—O show não será até amanhã à noite, as dez. Estação de Kings Cross. Amanhã de manhã. Oito e meia. Na frente da Virgin Rail. Antes que ela pudesse reagir, Keith tinha agarrado David e o enfiado no carro, ele deu-lhe uma rápida saudação antes de ir embora. Ginny ficou ali por vários minutos, incapaz de se mover. Ela colocou os dedos levemente na boca, como se isso mantivesse a sensação lá. Ela nem percebeu de imediato que um pequeno animal tinha saído de trás de um carro nas proximidades e foi fazendo lentamente seu caminho em direção à lata de lixo que estava próxima. Ela folheou alguns arquivos antigos em sua mente, tentando achar com o que essa coisa podia ser, e após alguns segundos, decidiu que, impossível que parecia que era uma raposa. Ela tinha apenas tinha visto as raposas em ilustrações de um livro de contos de fadas.


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Essa coisa se parecia com as fotos: ela tinha um focinho longo, nariz pequeno, pele vermelha, e uma marcha, tímida como um ladrão. Isso chegou mais perto dela, inclinando a cabeça, curiosamente, como se perguntando se ela tinha planos de passar por aquela lata de lixo em primeiro lugar. —Não, -ela disse em voz alta, e logo em seguida se perguntou por que ela estava falando com o que era, provavelmente, uma raposa, uma raposa que poderia muito bem ser irracional e se preparando para saltar em sua garganta. Estranhamente, ela não tinha medo. A raposa pareceu entender a sua resposta e saltou graciosamente até a borda do lixo e caiu dentro. A grande caixa de plástico fez um barulho enquanto ele explorava seu conteúdo. Ginny sentiu-se preenchida com um esquisito carinho pela a raposa. Ele havia visto o beijo. Ele não tinha medo dela. Isso estava caçando. Ele estava com fome. —Espero que você encontre alguma coisa boa, ela disse calmamente, em seguida, virou-se para ir para dentro.


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Capítulo 13 O Mestre e o Cabeleireiro A viagem para a Escócia levou quatro horas e meia, a maioria das quais Keith passou morto dormindo com a cabeça contra a janela com uma história em quadrinhos (―é um gráfico mensal‖) preso no aperto de suas mãos com luvas de couro sem dedos. Ele acordou com um ronco e desencostou a cabeça apenas quando o trem estava indo em direção a Edimburgo. —Estação Waverly?— ele perguntou, piscando lentamente. —Certo. Para fora, ou vamos acabar em Aberdeen. Eles saíram da estação (que parecia muito bem com a estação que eles tinham acabado de sair), e andaram até uma longa escadaria para o nível da rua. Eles estavam em uma rua cheia de grandes lojas. Mas ao contrário de Londres, que parecia baixa e compacta e lotada, Edinburgo parecia ampla e aberta. O céu se estendia grande e azul acima deles, e quando Ginny se virou ao redor, ela viu que a cidade parecia estar em uma centena de diferentes níveis. Era escavada e declinada. À sua direita, no alto de uma grande pedaço de rocha que sobressaia como um pedestal, estava um castelo. Keith respirou fundo e bateu em seu peito. —Tudo bem,— ele disse. —Quem é este que você tem que ir ver? —Uma amiga da minha tia. Alguma pintora. Eu tenho um mapa para a casa dela... —Vamos dar uma olhada. Ele tirou a carta das mãos de Ginny antes que ela pudesse dizer uma palavra. —Mari Adams?— ele questionou. —Eu conheço esse nome. —Ela deve ser uma espécie de famosa, Ginny disse, quase como um pedido de desculpas.


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—Ah.— Ele estudou as direções um pouco mais e fez uma careta. Ela vive em Leith, do outro lado da cidade. Certo. Você nunca vai encontrar isso. É melhor irmos juntos. Deixe-me parar no escritório Fringe, e então nós iremos. —Você não precisa fazer isso. . —Eu estou dizendo, você vai se perder. E eu não posso ter isso. Venha. Ele estava certo. Não havia nenhuma maneira que ela pudesse ter encontrado o caminho de Mari sozinha. Keith mal podia trabalhar fora do mapa de ônibus para chegar ao canto da cidade dela, e levou aos dois decifrar a localização exata de sua casa. Ela vivia ao longo de um grande corpo de água que Keith identificou como sendo algo chamado Firth of Forth. Desde que eles foram tão longe de onde começaram, Keith não poderia apenas se virar e voltar, assim que ele tomou para si mesmo ir com Ginny direito até a porta de Mari. Havia um padrão intrincado pintado em toda a moldura da porta - salamandras douradas, uma raposa, aves, flores. O batedor da porta era uma cabeça gigante de uma mulher com um grande anel no nariz. Ginny bateu desta vez, depois recuou para baixo alguns passos. Um momento depois, uma menina abriu a porta. Ela vestia um macacão vermelho jeans com peças de brinquedo magnéticas do alfabeto costuradas com grossos, pontos óbvios. Além disso, ela não usava camisa – ela tinha apenas o macacão o mais alto que podia. Sua cara carrancuda estava coroada por uma cabeça de cabelo que tinha sido branqueado para um branco fresco. Era curto e irregular no topo e ao longo, e trançado nas costas - um dred hibrido. —Sim?— ela disse. —Hum. . . oi. —Sim. Estava indo bem até agora. —Minha tia ficou aqui, Ginny disse, tentando não olhar para qualquer aspecto da aparência da garota por muito tempo. —O nome dela era Peg? Margaret? Margaret Bannister?


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eram

Um olhar indiferente. Ginny percebeu que as sobrancelhas da menina quase tão profundamente chocolates como as suas próprias.

—Eu deveria vir aqui,—Ginny disse, acenando em torno do envelope azul, como se fosse um visto que permitisse o seu acesso à casas de desconhecidos. Um dos fortes ventos do verão chegou e apanhou o fino papel, quase tirando-o da mão de Ginny. —Sim, tudo bem.— A menina tinha um forte sotaque escocês. —Espere um pouco. Ela fechou a porta na cara deles. —Amigável, disse Keith. —Você tem que dar isso a ela. —Quer calar a boca?— Ginny se ouviu dizendo. —Irritante. —Estou nervosa. —Não consigo ver o por quê, disse ele, inocentemente examinando os desenhos ao redor da porta. —Parece perfeitamente normal. Cinco minutos depois, a porta se abriu novamente. —Mari está trabalhando, ela disse. —Mas ela disse que vocês podem entrar. A menina deixou a porta entreaberta, o que eles tomaram como um sinal de que eles deveriam segui-la. Eles estavam em uma casa muito antiga, com certeza. Haviam grandes lareiras em cada um dos aposentos com montinhos de cinzas sob as grelhas. Havia a sugestão de madeira queimada no ar, apesar de Ginny suspeitar que as cinzas já fossem de semanas. Os pisos eram todos nus, com o ocasional tapete peludo branco jogado aqui e ali, sem nenhuma lógica aparente. Cada sala era pintada de forma diferente: azul em uma sala, marrom na próxima, brilhante primavera cebola verde no corredor. As janelas e os remates ao redor do chão eram todos amarelo gema de ovo. A única peça de mobiliário nas primeiras salas era uma maciça, mesa de cerejeira ornamentada com um tampo de mármore e um grande espelho. Ela estava coberta com pequenos brinquedos: dentes batedores, tampas, pequenos carros, um fantoche de uma freira pugilista, e um Godzilla.


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Mas em todos os lugares - em todos os lugares - havia pinturas. Maciças pinturas de mulheres, principalmente. Mulheres com massas de cabelos esparramados com todos os tipos de coisas saindo deles, mulheres fazendo malabarismo com estrelas. Mulheres flutuantes, mulheres se esgueirando através de florestas negras, mulheres cercadas por brilhantes e reluzentes ouros. Pinturas tão grandes que cada parede só poderia acomodar apenas uma ou duas. A menina continuou a levá-los para o fundo, então até três vôos ao longo de uma escada bamba de madeira que estava alinhada com ainda mais pinturas. No topo, eles chegaram a uma porta que tinha sido pintada de um brilhante metálico ouro. —Aqui,— disse a menina, virando e voltando para baixo. Gina e Keith olharam para a grande porta de ouro. —Quem nós vamos visitar de novo? Perguntou ele. —Deus? Em resposta, a porta se abriu. Ginny não teria imaginado que a garota da porta poderia ter perdido a — inusitada e Imposição de Prêmio Aparência— tão rapidamente, mas Mari a batia por uma milha. Ela tinha que ter sessenta, pelo menos. Ginny podia ver isso no rosto dela. Ela tinha uma coroa maciça de longos, provocantes cabelos negros atravessados com luzes laranjas. Ela estava usando roupas que eram apenas um pouco pequenas e apertadas para sua estrutura rechonchuda - uma camisa com listras verticais e jeans com um cinto preto coberto de pregos pesados. Ele apertava a barriga dela desfavoravelmente, mas mesmo assim ela o carregava. Seus olhos estavam completamente cercados por círculos pesados de delineador preto. Havia o que pareciam três sardas idênticas ao longo de cada uma de suas maçãs do rosto, bem debaixo de seus olhos. Quando Ginny entrou no quarto, ela percebeu que ali haviam pequenas tatuagens de estrelas azuis. Ela usava sandálias de ouro liso, e Ginny pôde ver que também haviam tatuagens em seus pés, palavras impressas em minúsculo rabiscos roxo. Quando ela se estendeu para segurar o rosto de Ginny e lhe dar um beijo em cada bochecha, Ginny viu mensagens semelhantes em suas mãos. —Você é a sobrinha de Peg? Mari perguntou, quebrando o abraço. Ginny assentiu. —E você é? Isso foi para Keith.


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—O cabeleireiro dela, ele disse. —Ela não vai a lugar nenhum sem mim. Mari afagou a bochecha dele e sorriu. —Eu gosto de vocês, ela disse. —Querem um chocolate? Ela caminhou até sua ensolarada mesa de trabalho e pegou um grande balde de barras de chocolate em miniatura. Ginny balançou a cabeça, mas Keith tomou um punhado pequeno. —Eu vou chamar Chloe para nos trazer um pouco de chá, ela disse. Poucos minutos depois, Chloe (talvez o último nome no mundo que Ginny teria ligado a menina de macacão vermelho - ela estava mais para —Hank—) surgiu com uma bandeja de cerâmica com um bule castanho, um prato de açúcar, e um pequeno jarro de creme. A bandeja também estava repleta de mais barras de chocolate em miniatura. Quando Mari alcançou por estes, ela notou que o olhar de Keith estava preso sobre as palavras impressas nas mãos dela. —Estes são os nomes dos meus cães, os que morreram, Mari disse. — Tenho dedicado minhas mãos para eles. Os nomes das minhas raposas estão nos meus pés. Em vez da lógica, —Você teve raposas? E você colocou os nomes delas em seus PÉS? Ginny conseguiu dizer, — Eu acho que vi um raposa. Na noite passada. Em Londres. —Você provavelmente viu, disse Mari. —Londres está cheia de raposas. É uma cidade mágica. Eu tinha três raposas de estimação. Quando eu morava na França, eu tinha uma gaiola construída no jardim. Eu me trancava lá dentro com elas durante os dias e pintava. Raposas são maravilhosos companheiros. Keith parecia que estava prestes a dizer algo, mas Ginny plantou seus pés firmemente no dedão de seus Chucks e pressionou para baixo. —É bom estar em uma gaiola, Mari continuou. —Te mantém focado. Eu recomendo. Ginny apertou firmemente seus pés no chão. Keith apertou os lábios juntamente com firmeza e virou para olhar para os quadros na parede ao lado dele. Mari derramou o chá e colocou sua xícara com o açúcar, mexendo bem alto.


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—Eu sinto muito sobre sua tia, ela disse finalmente. —Foi uma péssima notícia saber que ela morreu. Mas ela estava tão doente. . . Keith se virou de uma pintura de uma mulher se transformando em uma lata de feijão e levantou uma sobrancelha na direção de Ginny. —Ela mencionou que você poderia estar chegando. Estou feliz por você ter vindo. Ela foi uma pintora muito boa, você sabe. Muito boa. —Ela me deixou algumas cartas, Ginny disse, evitando o olhar de Keith. — Ela me pediu para vir aqui, para ver você. —Ela mencionou que tinha uma sobrinha.— Mari concordou com a cabeça conscientemente. —Ela se sentiu tão mal por ter te deixado para trás. As sobrancelhas de Keith subiram ainda mais altas. —Eu vivi sem uma casa por um longo tempo, continuou ela. —Eu vivi nas ruas de Paris. Sem dinheiro. Apenas minhas pinturas em uma bolsa, uma vestido de reposição, e um grande casaco de pele que eu usava todo o ano. Eu costumava correr sob cafés e roubar comida do prato das pessoas. Eu me sentava sob as pontes no verão e pintava por um dia inteiro. Eu era louca então, mas foi apenas algo que eu tinha de fazer. Ginny sentiu a garganta ficar seca e teve a desconfortável sensação de que tanto Keith e Mari estavam observando-a atentamente. Não ajudou ela estar sentada em um ponto de luz do sol entrando pela antiga janela de multi-painéis acima da mesa de trabalho de Mari. Mari, pensativa, empurrou um de seus invólucros de pequenos chocolates ao redor da mesa com o dedo. —Venha, ela disse. —Eu vou te mostrar uma coisa. Aos dois. No fundo do quarto, no que parecia um armário, estava o mais estreito lance de escadas que Ginny já havia encontrado. Ela era feita de pedra e espiralada firmemente. O corpo de Mari podia apenas se apertar por ali. Eles saíram em um sótão, que tinha um baixo, teto curvo pintado em um brilhante, rosa algodão doce. O quarto cheirava a torrada queimada e vários séculos de pó, e estava cheio de prateleiras carregadas de livros de arte massiva, com espinhas com títulos em todas as línguas que Ginny podia reconhecer e muito mais que ela não podia. Mari puxou para baixo um livro particularmente grande que tinha uma crosta espessa de poeira ao longo da capa e o abriu sobre uma das mesas. Ela folheou as páginas por


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um momento até que chegou na imagem que ela queria. Era uma muito antiga, intensamente colorida com a imagem de um homem e uma mulher segurando as mãos. Era uma incrível imagem precisa, quase tão clara como uma fotografia. —Esta é de Jan van Eyck,— ela disse, cutucando a imagem. —É uma pintura de um noivado. Era uma cena comum - há sapatos no chão, um cachorro. Ele está gravando o evento. Apenas duas pessoas comuns noivando. Ninguém nunca tinha tido tanto esforço para registrar pessoas comuns antes. Ginny percebeu que Keith não tinha tentado fazer um comentário por um tempo. Ele estava olhando atentamente a foto. —Aqui,— Mari disse, apontando uma unha verde esmeralda ao longo no centro da imagem. —Bem aqui no meio. O ponto focal. Você vê o que está aí? É um espelho. E no reflexo, esse é o artista. Ele pintou a si mesmo na imagem. E bem acima está uma inscrição. Ela diz, 'Jan van Eyck esteve aqui. Ela fechou o livro como pontuação, e um punhado de poeira soprou para o ar. —Às vezes artistas gostam de se pegar olhando para fora, deixar o mundo vê-los por uma vez. É uma assinatura. Este é um muito corajoso. Mas também é um testemunho. Queremos lembrar, e queremos ser lembrados. É por isso que pintamos. Mari estava apenas começando a lembrar algo que parecia uma clara mensagem – algo que Ginny poderia envolver a cabeça ao redor. Queremos

lembrar, e queremos ser lembrados. É por isso que pintamos. Mas, em seguida, Mari continuou. —Eu marquei minhas mãos e pés para lembrar meus companheiros, os entes queridos,— ela disse, olhando para suas tatuagens. Os olhos de Keith se iluminaram e ele chegou até a abrir a boca e fazendo um som de —eeee— antes que Ginny chegasse a seu pé novamente. —Quando é o seu aniversário? Mari perguntou. —Dezoito de Agosto, Ginny respondeu, confusa. —Leão. Ah. Vamos descer as escadas, amor.


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Eles escorregaram de volta para baixo nos degraus de pedra. Não havia corrimão, de modo que Ginny agarrou a parede por suporte. Mari voltou à sua mesa de trabalho e deu um tapinha num banquinho ao lado dela, indicando que Ginny devia sentar-se. Ginny cruzou o quarto incerta. —Certo. Vamos ver. —Ela olhou Ginny de cima para baixo. —Por que você não tira sua camisa, então? Keith cruzou os braços e se sentou no chão, no canto, deliberadamente, não evitando os olhos. Gina virou as costas para ele e auto-conscientemente tirou a camisa, desejando que ela tivesse colocado em um agradável sutiã. Ela tinha trazido um bom, mas é claro que ela tinha colocado o elástico, um esportivo cinzento. —Sim,— disse Mari, examinando a pele de Gina. —Acho que o ombro. Sua tia era de Aquário. Isso faz muito sentido, quando você pensa sobre isso. Fique quieta agora. Mari pegou a caneta e começou a desenhar. Ginny podia sentir os golpes da caneta na parte de trás do ombro. Não doiam, mas houve uma nitidez da caneta. Não parecia certo reclamar; afinal, havia uma artista famosa desenhando sobre ela. Não que ela soubesse o porquê. Mari era uma trabalhadora lenta, desenhando ponto por ponto, picada por picada, trabalhando contra a força da pele. Ela se levantou com freqüência por chocolate, ou para olhar para um pássaro que tinha vindo se alimentador na janela, ou para olhar para Ginny pela frente. Demorou tanto tempo que Keith adormeceu no canto e começou a roncar. —Aqui,— disse Mari, sentando e olhando sobre seu trabalho. —Isso não vai durar para sempre. Irá desaparecer. Mas é assim que deve ser desta vez, você não acha, amor? A menos que você queira tatuar. Eu conheço um lugar muito bom. Ela retirou um pequeno espelho de uma gaveta de suprimentos e tentou prendê-lo em um ângulo que Ginny pudesse ver. Ela tinha que virar seu pescoço dolorosamente, mas ela pegou um vislumbre dele. Era um leão, colorido em ouro brilhante. Sua juba disparada descontroladamente em todas as direções (cabelo grande parecia ser um tema com Mari), eventualmente se transformando em penetrantes riachos azuis.


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—Vocês dois são bem-vindos para ficar,— disse Mari. —Eu vou chamar Chloe. —O trem, disse Keith rapidamente. —Temos que pegar o trem. —Temos que pegar o trem, Ginny repetiu. —Mas obrigada. Por tudo. Mari levou-os à porta, e no degrau mais alto ela se adiantou e colocou seus braços carnudos ao redor de Ginny. Seu cabelo maluco encheu o campo de visão de Ginny, e o mundo estava preto com riscas de laranja. —Mantenha este, ela sussurrou no ouvido de Ginny. —Eu gosto dele. Ela deu um passo para trás, piscou para Keith, e depois fechou a porta. Ambos piscaram para os padrões de salamandras por um momento. —Então, disse Keith, pegando Ginny pelo braço e levando-a de volta na direção do ônibus, agora que nos encontramos com Lady MacStrange, por que você não me explica o que está acontecendo?


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Capítulo 14 O ataque dos monstros Fora do trem, na condução para casa, o cenário estava mudando rapidamente. Primeiro cidade, depois descidas verdes e pastos com centenas de ovelhas mordiscando pedaços de capim verde. Então eles estavam galopando ao lado do mar, e então através de cidades com casas de pequenos tijolos e teares, e igrejas inacreditáveis. Havia um sol forte, de repente neblina, então um brilho final queimando em púrpura enquanto anoitecia lentamente. As cidades inglesas passando eram apenas faixas de postes acesos. Levou quase a viagem toda para explicar o básico. Ela teve que voltar bem pro começo de tudo... de volta para Nova Iorque, de volta para os jogos de —hoje eu moro em...— da tia Peg. Ela passou rapidamente os eventos do último mês – a ligação de Richard, o terrível sentimento de fossa, a viagem até o aeroporto para reivindicar o corpo – e para parte interessante, a chegada do pacote com os envelopes. Ela esperou pela grande reação de Keith, mas tudo que ela teve foi: -Isso é um bocado de merda, não é? -O que? -A justificativa de artista. Se é que você pode chamar aquilo de justificativa. -Você realmente tinha que conhecê-la – ela disse, lutando muito para soar suave. -Não, não tinha. Isso é merda. Eu conheço merda, tenho visto merda antes. Quanto mais você me conta de sua tia, menos eu gosto dela. Ginny sentiu seus olhos escurecerem um pouco. –Você não a conheceu. – ela falou.


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-Você me contou o bastante. Não gosto do que ela fez com você. Ela parecia planejar o mundo para você enquanto você era uma criança, e ela só se foi um dia, sem uma palavra. E a explicação toda vem na forma de um monte de pequenos envelopes. -Não – ela disse, sentindo a raiva subir rapidamente – Tudo de interessante que me aconteceu foi por causa dela. Sem ela, eu sou chata. Você não pega isso porque você tem histórias. -Todo mundo tem histórias – ele falou, rejeitando. –Não boas, como as suas. Elas não são tão interessantes. Você foi obrigada. Eu não poderia ser obrigado nem se eu tentasse. Isso não leva muito esforço, ele falou – Além do mais, ser obrigada não foi o problema. -Problema? Ele tamborilou seus dedos na mesa, então virou-se e a olhou por um momento. -Okay – ele falou –Você contou sua história, deveria contar a você toda a minha enquanto estamos aqui. Quando eu tinha dezesseis, eu tive uma namorada. Seu nome era Claire. Eu era pior que David. Ela era tudo em que eu pensava. Não me importava com a escola, não me importava com nada. Eu gastava todo o meu tempo com ela. -Por que isso é um problema? -Bem, ela ficou grávida – ele disse batendo no canto da mesa com seu dedo. –E tudo foi uma bagunça. Uma coisa era saber que Keith teve sexo. Deveria ser bem óbvio, desde que era Keith, e não ela, não tão dolorosamente virginal. Mas gravidez era um passo além do que ela realmente poderia processar. Queria dizer muito sexo. Um monte de sexo. Tanto que ele poderia dizer tudo casualmente. Ginny abaixou os olhos para a mesa. Obviamente ela sabia que essas coisas aconteciam, mas nunca aconteciam a ela ou suas amigas. Elas aconteciam na TV, ou em pessoas de escolas que ela não conhecia. De alguma forma, aquelas garotas das histórias sempre escorriam para o gênero escória meses depois do acontecido, dando às pessoas envolvidas um brilho do revestimento


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de maturidade que ela nunca, nunca teria. Ela sequer poderia dirigir depois das dez da noite. -Você está horrorizada? Ele perguntou, relanceando para ela -Essas coisas acontecem, você sabe. -Eu sei – ela disse rapidamente. –O que aconteceu, quero dizer a ela. -Ela se refreou brevemente. O que ela estava dizendo? -Eu não sou pai, se é isso que você está perguntando. Ele disse. Bem, sim era exatamente o que ela estava se perguntando tanto. Era o por que nunca aconteceu a ela. Ela não poderia manejar a excitação. Ela não poderia nem ir através de uma conversa sobre algo seriamente sexual sem corar. -É uma questão justa – disse ele – Eu me ofereci a deixar a escola e arranjar um trabalho. Eu estava pronto para fazer isso, também. Mas ela não quis deixar a escola, então ela decidiu que só havia uma coisa que ela podia fazer. Não posso culpá-la. Eles passearam em silencio por alguns minutos, ambos balançando com o trem e olhando para os pôsteres. Promoção —Pegue algum lanche!— Que tinha um homem careca que era o —rei da carne de porco do norte.— -O problema – ele disse, finalmente – é que as coisas nunca se acertaram depois daquilo. Eu continuei tentando fazer o melhor, falar com ela, mas ela não queria falar comigo sobre isso. Ela só queria seguir em frente com sua vida. Então ela seguiu. Me levou semanas para pegar a dica. Eu estava uma bagunça. Mas agora, tudo está sortido. Ele sorriu brilhante e abaixou suas mãos na mesa. –O que você quer dizer? -Eu quero dizer, uma vez que você passe por algo como isso, você aprende. Fiquei um pouco obtuso depois daquilo. Roubei um carro – só dei uma volta por algumas horas, não sei porque. Nem era legal. Então acordei uma manhã, percebi que eu tinha que fazer minhas provas, e a vida continuava. Eu me mantive firme, fui para a escola. Agora eu sou o sucesso radical que você viu antes de você hoje.Só quero fazer meus shows. É tudo o que eu preciso. E vê como está funcionando? Foi como eu conheci você, não foi?


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Ele enlaçou seus braços ao redor dos ombros dela, e a deu uma amigável sacudidela. Novamente, não era totalmente romântico. Esse gesto tinha um tom — Bom cachorro! — Mas havia outra coisa também. Alguma coisa que dizia —Eu não estou aqui apenas porque você me deu um bocado de dinheiro sem nenhuma razão. — As coisas são diferentes agora. Talvez fosse o fato de que ele deixou seus braços em torno dela pelo resto da viagem para casa, e mesmo que ambos sentissem que precisavam dizer alguma outra palavra. Meia hora depois, eles estavam parando na plataforma King Cross, esperando pelo metrô. -Quase esqueci – ele disse – alcançando o bolso do casaco. –Tenho algo para você. Ele mostrou um pequeno fecho do Godzilla, que parecia exatamente com o da casa de Mari. -Isso é da Mari? Ela perguntou. -Anrram. -Você roubou isso? -Não pude me conter, você precisava de um souvenir. -Por que você pensou que eu iria querer alguma coisa roubada? Ginny se sentiu andando para trás, longe dele. Keith andou um pouco para trás e perdeu o riso. -Espere um minuto… -Talvez isso fosse um pedaço de um objeto de arte ! -Um trabalho em ruínas. -Não interessa – Ginny disse – isso era dela, da casa dela. -Eu escreverei pra ela assumindo, ele falou, segurando suas mãos. - Eu peguei o Godzilla. Chame a equipe de busca. Fui eu, mas eu culpo a sociedade. -Não é engraçado.


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-Eu arranquei um pequeno brinquedo – ele falou, apertando o Godzilla entre seus dedos. – Isso é nada. -Não é ‗nada‘. -Ótimo – Keith andou pela borda da plataforma e lançou o brinquedinho nos trilhos, então voltou. -Por que você fez aquilo? Ginny perguntou. -Você não queria. -Não significa que você deveria só, jogá-lo. Ela respondeu. -Desculpe, eu deveria devolver? -Você não deveria pegar, em primeiro lugar! -Sabe o que eu vou pegar? Ele perguntou – O ônibus. Te vejo por aí. Ele desapareceu através da multidão antes que Ginny pudesse ao menos se virar para vê-lo ir.


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Ginger Querida,

Quando eu era criança, eu tinha um livro ilustrado de mitologia romana. Eu estava completamente obcecada com este livro. O meu favorito de todos os deuses e deusas, acredite ou não, era Vesta, a deusa da terra e da casa. Eu sei. Tão improvável. Quero dizer, eu nunca possui um aspirador de pó. Mas é verdade. Fora de todas as deusas, ela era a que eu mais gostei. Muitos e quentes Jovens Deuses a perseguiram, mas ela fez um voto da virgindade perpétua. Seu símbolo, a sua casa, foi a lareira. Ela foi basicamente a deusa do aquecimento central. Vesta foi adorada em cada cidade e em cada casa através do fogo. Ela estava em toda parte, e as pessoas dependiam dela todos os dias. Houve um grande templo construído em sua honra, em Roma, e as sacerdotisas em seu templo foram chamadas de virgens vestais. Ser uma vestal era um trabalho muito doce. Elas tiveram uma das principais tarefas: Elas tinham que ter certeza de que o imortal e cerimonial fogo na casa de Vesta nunca acabaria. Havia sempre seis delas, então elas poderiam trabalhar em turnos. Em troca desse serviço, elas eram tratadas como divindades. Elas receberam um palácio para viver e tinham os mesmos privilégios que os homens. Em tempos de crise, elas foram chamadas para dar parecer sobre questões da segurança nacional romana. Elas têm grande bilhetes para o teatro, as pessoas detinham festas para elas, e elas foram exibidas e reverenciadas em toda parte. O único problema? Tente trinta anos de celibato. Trinta anos de vida com suas colegas vestais, cutucando o fogo e fazendo palavras cruzadas. Se elas quebrassem a regra da virgindade, elas eram levadas para um lugar que se traduz como —Evil Fields—* (Campos do Mal) e levadas para baixo num conjunto de escadas de um pequeno quarto subterrâneo, com cama e uma lâmpada. Uma vez que elas estavam lá, a porta do quarto estava fechada, os passos soavam para cima, e toda a coisa fechada sobre sujeira. O que é bastante duro.


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Ainda assim, você tem que entregá-la a virgem vestal. Pode parecer triste e assustador, mas percebem justamente quanto poder as pessoas vêem em mulheres responsáveis por si próprias. Os restos de seu templo estão no Fórum Romano, e você pode ver as suas estátuas. (O Fórum é basicamente ligado ao Coliseu). Vá visitar ele, e faça uma oferta. Esta é a sua tarefa. Quando estiver pronta, você pode abrir o envelope seguinte, ali mesmo, no templo. Quanto onde ficar, posso recomendar um pequeno lugar em que eu tropecei em quando eu cheguei em Roma? Não é um hotel ou uma pousada, é uma casa privada com um quarto para alugar. É dirigido por uma mulher chamada Ortensia. A casa dela não é longe da estação ferroviária principal. O endereço está na parte de trás desta carta.

Va-va voom, Sua tia Fugitiva


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Capítulo 15 O Caminho para Roma Ginny odiava a sua mochila. Foi caindo ao longo da escalada porque era tão estranha e irregular como-um-tumor. Era mais roxo e verde do que nunca, à luz fluorescente do contador da companhia aérea. E era óbvio que as milhões de tiras (que ela não estava realmente certa de que tinha atado direito, assim que a coisa toda poderia se desfazer a qualquer momento) estava indo pegar a correia transportadora e pará-la antes de todas as bagagens ficarem apoiadas em cima. Em seguida, o vôo seria atrasado, o que jogaria fora do cronograma do aeroporto inteiro e interromperia eventos em vários países. Além disso, a nasalar mulher do check-in da BudgetAir tinha tomado muito pouco prazer em dizer a Ginny, — Cinco quilos acima do peso. Isso vai ser de quarenta libras.— Ela estava claramente infeliz quando Ginny arrancou algumas das correias e conseguiu tirar uma das maletas fora, fazendo a bolsa ter o peso certo. Quando Ginny se afastou do check-in, ela percebeu que esse vôo não poderia ser seguro com cinco quilogramas que feito muita diferença. Este vôo também havia sido comprado on-line esta manhã pela a soma insana de £ 35.* (97,26 BRL) (Foi chamada de BudgetAir* *Orçamento por alguma razão. Richard estava parado por um mostrador girando lentamente para deixá-lo livre de taxa, usando a mesma expressão um pouco confusa que ele usava quando se conheceram dias antes. —Eu acho que eu deveria ir, - disse ela—Mas obrigada. Por tudo. —Eu sinto que você só chegou aqui, - ele respondeu —como se não tivemos mesmo a chance de conversar. —Acho que não. —Não. Eles começaram a inclinar-se um para o outro novamente, e, em seguida, Richard deslizou em frente e deu-lhe um abraço.


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—Se você precisar de alguma coisa, qualquer coisa, não hesite em chamar. Você sabe onde me encontrar. —Eu sei, disse ela. Não havia mais nada a dizer, então Ginny cuidadosamente recuou para a multidão. Richard esperou ali até que ela se virou e dirigiu-se ao seu portão de entrada e ainda estava lá assistindo quando ela verificou com um olhar para trás se ela entrou em segurança. Por alguma razão, a visão a deixou muito triste, ela então se virou drasticamente e manteve-se de costas até que teve a certeza de que ele estava fora de vista. Quando a BudgetAir disse que o avião iria pousar em Roma, eles ‗Não estava sendo literais‘. O que queriam dizer era: ‗O avião vai aterrar em Itália, isso nós garantimos. O resto é com você‘. Ginny encontrou-se num pequeno aeroporto que não estava claramente na principal rota de Roma. Havia algumas pequenas companhias aéreas representadas, e a maioria dos passageiros teve de descer ‗Onde diabos estou eu?‘ era o olhar em seus rostos enquanto vagavam no terminal. Ela seguiu um rastro de pessoas perdidas que saíram pela porta para a noite amena. Eles pararam na calçada, a cabeça girando para a frente e para trás. Finalmente, um ônibus com frente achatada, parecendo muito europeu parou em frente, com um cartaz que dizia Roma Termini, e todos o pegaram. O motorista disse-lhe alguma coisa em italiano, e quando ela não respondeu, ele levantou dez dedos. Ela lhe deu dez euros26. Isto provou ser um bom palpite, e ele deu-lhe um bilhete e deixou-a passar. Ginny não tinha idéia de que um ônibus grande como uma praça poderia ir tão rápido. Eles dispararam ao longo de uma estrada e várias menores, curvando-se nas estradas. Era muito escuro, com as ocasionais casas e postos de gasolina. Eles foram coroando uma colina agora, e abaixo deles Ginny podia ver um quente e brilhante brilho pairando no ar. Eles tinham que ir para a cidade. À medida que entrava em Roma, o ônibus estava se movendo rápido o suficiente para fazer todo um troço maravilhoso. Os edifícios eram coloridos, iluminados por luzes multicoloridas. Havia ruas calcetadas e centenas de cafés. Ela teve um vislumbre de um magnífico e enorme chafariz que dificilmente parecia 26

R$22,71


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que podia ser real, estava construído na frente de um edifício palaciano e era composto por enormes esculturas de figuras humanas divinas. Em seguida, havia um edifício fora do capítulo do livro de história da antiga Roma. De pilares altos, teto abobadado. Poderia ter tido pessoas de togas sobre seus pés. Ela começou a sentir um borbulhar de excitação. Londres tinha sido surpreendente, mas isto era algo totalmente diferente. Isto era viajar. Isto era estranho e velho e cultural. Outra mudança brusca levou a um grande boulevard27, e as construções tornaram-se mais práticas e industriais. Eles chegaram numa brusca parada em frente de uma caixa de vidro e metal maciço de um edifício. O motorista abriu a porta sentou-se e disse: nada. Pessoas puxaram-se de seus assentos e tiraram sua bagagem fora sem contestar. Ginny agarrou a mochila e foi pesadamente para fora. Ela conseguiu acenar para baixo a um táxi (pelo menos ela pensou que era o que era, e ele parou) e passou a carta para a frente, para mostrar o endereço ao motorista. Poucos minutos depois, após enganar a morte por excesso de velocidade por estradas só largas o suficiente para ajustar o carro, que parou em frente de uma pequena casa verde. Três gatos chegados uns aos outros no degrau da frente, esquecendo-se da máquina a chiar que tinha acabado de chegar na frente deles. A mulher que abriu a porta parecia ter cerca de cinqüenta anos de idade. Ela tinha cabelo preto curto, com listras cinza com elegância. Ela estava cuidadosamente arranjada, mas não excessivamente, e ela estava vestida com uma blusa e saia atraente. Ela usava saltos. Ela convidou Ginny para dentro. Ela teria que ser Ortensia. —Olá—, - disse Ginny. —Olá, respondeu a mulher. Ela tinha um ar nervoso no olho que disse: ‗Isso é tudo o Inglês eu sei. Vá mais longe, porque tudo que eu vou fazer é olhar para você.‘ A mochila, no entanto, poderia ser universalmente entendida. A mulher puxou um cartão pré-impresso de pequeno porte que dizia 20 EUROS28

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Avenida larga e arborizada.

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RS 46.01


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Por noite em Inglês, bem como algumas outras línguas, e Ginny acenou com a cabeça e passou o dinheiro. Ortensia levou-a a um pequeno quarto dois andares acima. Parecia que era originalmente um espaço grande, uma vez que havia apenas o espaço suficiente para ela ficar de pé e apenas bastante espaço para a cama-berço, uma cômoda pequena, e a sua mochila. Um corretor de imóveis o teria descrito como ‗encantador‘. Era uma espécie de charme, na verdade. Tinha sido pintado de verde menta29 feliz e não numa triste, cinderblock30 - parede de ginástica verde-menta. Plantas preenchiam todos os espaços disponíveis. Teria sido muito bom no inverno, mas agora era um tanque de armazenamento fazendo todo o calor aumentar. Ortensia empurrou a janela e uma brisa preguiçosa entrou, circulou uma vez, e foi para casa. Ortensia disse algumas palavras em italiano que a Ginny pareceram bonitas, com certeza significavam boa noite, depois desceu a estreita escada em espiral que levavam ao quarto. Ginny sentou-se na sua cama feita ordenadamente. Ficou quieta em seu quartinho. Ele fez seu coração sentir-se encurralado. De repente, ela se sentia muito, muito sozinha. Ela disse a si mesma para parar de pensar nisso, mudou para a cama, e ficou acordada, escutando o tráfego de Roma fluindo na rua.

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verde claro.

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bloco de cimento usado em construção.


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Capítulo 16 Virgínia e as Virgens

De vez em quando, Ginny lembrava que além de ser encantadora e excêntrica, a Tia Peg poderia por vezes ser um pouco esquisita. Ela era o tipo de pessoa que distraidamente mexe o café com o seu dedinho e ficou surpresa quando ela queimou ou se deixou o carro em ponto morto em vez de travado e riu quando estava ocasionalmente em um lugar diferente de onde ela havia deixado. Essas coisas sempre foram engraçadas antes. Mas agora, com a imensa, antiga cidade de Roma, esparramado em torno dela e absolutamente nenhum guia, Ginny tinha que saber o quão bom (ou engraçado), o —mapa-não-regra— realmente era. Seu senso de direção não vai ajudá-la muito aqui, havia muita coisa em Roma e nenhum ponto de referência para trabalhar. Eram todas as paredes em ruínas e portais enormes e quadrados de largura e estátuas. Em cima disso, ela tinha pavor de atravessar a rua, pois todos levavam um golpe como extra de um filme de perseguição de carros. (Mesmo as freiras, que havia em abundância.) Ginny confinou-se ao lado de uma estrada e cruzou cruzamentos apenas com grupos de mais de vinte anos. E ela estava quente. Tanta coisa mais quente do que em Londres. Era realmente verão aqui. Depois de uma hora perambulando no que pareciam ser as mesmas ruas apertadas de farmácias e locadoras de vídeo, ela viu um grupo de excursão andando com bandeiras e correspondentes sacos de viagem. Na falta de qualquer outro plano, ela decidiu prender-se a eles livremente na esperança de que eles estariam indo para algum lugar grande e turístico. Então finalmente ela estaria em algum lugar. Enquanto andava, percebeu algumas coisas. Os turistas usavam sandálias ou tênis e estavam carregando sacos pesados ou mapas. Pareciam quentes, e eles bebiam avidamente garrafas de água ou refrigerante. Ela até viu algumas pessoas com o zumbido de ventiladores portáteis pequenos, alimentados por bateria. Pareciam ridículos, mas Ginny sabia que ela não estava fazendo muito melhor. Sua


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bolsa estava presa à sua volta. Suas tranças estavam moles no calor. O pouco de maquiagem que ela usava tinha driblado para fora de sua face. Ela estava desenvolvendo uma bolsa de suor desagradável no meio do seu sutiã que estava indo para começar a se mostrar através de sua camisa a qualquer momento. E seus tênis eram mais rangentes que o habitual. As mulheres romanas passavam sobre Vespas scooters com malas de designer jazendo aos seus pés. Elas usavam enormes óculos de sol, fabulosos. Elas fumavam. Falavam nos seus telefones celulares. Dramáticos olhares jogados sobre os ombros de pessoas que passaram por elas. O mais surpreendente, elas faziam tudo isso em saltos, graciosamente, sem oscilar sobre a calçada ou ficar presas em uma rachadura no asfalto irregular. Elas não quebravam a chorar das bolhas que tinham de estar se formando enquanto o calor sufocante causava sucção no couro de seus stilettos* (Salto alto) para os seus pés pedicurados perfeitamente. Isso era duro e difícil para Ginny assistir. Elas a deixavam nervosa. Ela acompanhou um grupo para baixo em uma estação de metrô e perdeu-os enquanto ela lutava para comprar seus bilhetes. Ela foi até um mapa e descobriu, para seu alívio, de que havia uma paragem marcada ‗Coliseu‘, com um desenho que era muito parecido com um donut. Quando ela surgiu novamente à luz do sol ofuscante de Roma, ela estava numa estrada movimentada. Parecia certa de que tinha cometido um erro até que ela se virou e constatou que o Coliseu estava diretamente atrás dela. Levou alguns minutos para conseguir atravessar a rua. Novamente, ela encontrou outro grupo de turistas, e se atrelou junto atrás, seguindo-os sob um dos arcos enormes que levavam para dentro. O guia parecia ter muito pouco prazer no relato do derramamento de sangue que tinha feito o Coliseu tão popular atrás no tempo. . . E na inauguração, mais de cinco mil animais foram abatidos! Uma mulher com um longo avental, de frente e verso estava andando na direção deles. Ela abriu um grande saco que estava carregando. Dentro de um momento, uma onda de gatos apareceram em torno deles. Parecia um vazamento das muralhas. Eles saltaram de bordas escondidas no alto das paredes de pedra. Eles correram atrás de Ginny e reuniram juntos num emaranhado, miando alto. A mulher sorriu e começou a puxar recipientes de papel cheios de carne vermelha brilhante e massa. Ela alinhou-as no chão, permitindo alguns pequenos passos entre cada prato, e os gatos se juntaram ao redor. Ginny realmente podia ouvi-los freneticamente mastigar a comida e ronronando alto. Quando terminaram de


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comer alguns momentos mais tarde, eles cercaram a mulher, se esfregando com força contra seus tornozelos. Ginny e o grupo turístico atravessaram por uma passagem para o Fórum Romano. O Fórum parecia um lugar muito antigo que tinha sido derrubado por uma bola de boliche gigante. Algumas colunas, embora rachadas e gastas, ainda estavam de pé. Outros eram apenas pequenas saliências no chão, estranhos tocos de árvores de pedra. Os edifícios antigos assentavam na rocha, com contornos de outros edifícios, agora perdidos, ainda mais antigos. O grupo se dividiu para explorar. Ginny decidiu pedir ao guia para onde ir, ele parecia não ter consciência de quem estava com ele. — Eu estou olhando para as virgens vestais, disse Ginny. — O templo é suposto estar aqui. — As virgens! — disse ele, levantando as mãos de alegria. — Você vem comigo. Eles fizeram o seu caminho através do labirinto de caminhos e paredes e colunas de duas piscinas retangulares de pedra, antiga, mas, obviamente, recarregadas e plantadas a volta com flores. De um lado estava uma linha de estátuas em altos pedestais quadrados. Todas mulheres, todas embrulhadas em túnicas romanas. A maioria delas estava faltando suas cabeças. Algumas, a maior parte de seus corpos. Oito figuras em pé, com alguns pedestais vazios entre elas. O outro lado estava cheio de pedestais vazios ou o remanescente de pedestais. Os pedestais e as estátuas foram protegidos da multidão por um trilho de metal baixo nada mais, não mais que um leve pedido para não tocar. — As virgens, disse orgulhosa. — Lindas . Ginny atravessou o ferro e olhou para as estátuas. Ela sentia a culpa estranha que às vezes ela tem quando ela sabia que estava olhando para algo muito antigo e importante, e simplesmente não podia. . . tê-lo. A história por trás delas era interessante, mas ainda era apenas um bando de estátuas quebradas. Venha pensar sobre isso. . . Foi um pouco chato que Tia Peg enviou-lhe para olhar para um monte de virgens famosas. O que exatamente era que isso queria dizer? Por alguma razão, isso a fez pensar em Keith. Essa memória picou. Ela tirou a mochila muito deliberadamente e cavou uma rodada no interior. Ela tinha alguns euros e moedas de euro. Um cartucho de pastilha.


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A chave para seu quarto na Ortensia. A próxima carta. Seu olho foi para a coisa do avião. Nada do que parecia ser um presente apropriado para dar um monte de estátuas antigas. Este conjunto de coisas, de repente era muito chato. Era muito quente. O simbolismo era um pouco de duas pontas. Todo este exercício era estúpido. Ela finalmente encontrou um quarto de dólar americano, na parte inferior do saco. Parecia uma oferta tão boa quanto qualquer outra. Ela arremessou-o suavemente sobre a grama entre duas das estátuas, em seguida, puxou a próxima carta. Era toda pintada com imagens de bolos pequenos. — Tudo bem , disse ela, rasgando o selo. — E agora?


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Virginia querida,

—Desculpe—. Se alguma vez houve um momento para usar o seu nome próprio, parece ser hoje.(Esta é uma daquelas coisas que não são engraçadas... Não é?)Então aqui está você, em torno de um grande pátio de coisas quebradas, provavelmente, rodeada por turistas.(Você não é uma turista... Você está numa missão. Você está numa busca... própria. Ooh. Eu deveria parar, hein?) Enfim, o que podemos aprender com isso, Gin? O que as nossas meninas vestais nos dizem? Bem, para começar, garotas sozinhas são garotas poderosas. E em algumas situações, namoro pode ser ruim para você. No entanto, desde pelo menos meia dúzia de vestais ª arriscaram tudo para amar um pouco, nós também sabemos disso. . . Às vezes, elas apenas sentem que vale a pena. Veja, eu tive um problema, Gin. Fiquei muito nessa idéia de ser uma mulher solteira, comprometida com um objetivo maior, como as vestais. Da forma como eu vi, os grandes artistas não querem estar confortáveis. Eles queriam lutar-sozinhos-contra o mundo. Então, eu queria lutar. Sempre que eu fico muito confortável em qualquer lugar, eu sinto que tenho que seguir em frente. Fiz isso com todos os tipos de coisas. Eu parei quando comecei a gostar demais de um trabalho. Eu rompi com vocês sempre que as coisas ficavam muito sérias. Saí de Nova Iorque, porque era muito a meu contento. Eu não estava a avançar. Eu sei que deve ter sido duro quando saí sem dizer uma palavra. . . Mas que é como eu sempre fiz isso. Gosto de passar despercebida como um ladrão na noite, talvez porque eu sabia que havia algo, apenas um pouco mais sobre um erro que eu estava fazendo. Ao mesmo tempo, eu ainda tenho essa coisa de Vesta. . . O amor do lar. Parte de mim queria para abraçar isso. Eu amo essa idéia de uma deusa guardar o fogo, abençoar a casa. Eu sou uma massa de contradições.


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Um de seus outros símbolos era o pão, nada cozido. O pão era a própria vida para os romanos. Nas festas de Vesta, os animais costumavam ser decorados com grinaldas de bolo. Grinaldas de bolo! (Flores que se lixem. Você pode imaginar qualquer grinalda melhor do que uma grinalda de bolo? Eu não posso.) Então, vamos aproveitar esta idéia de Vesta e comemorar com algum bolo. Mas vamos fazer da maneira apropriada romana. Eu quero que você pergunte a um menino de fora, romano, por um bolo. (Ou menina, se acabar por ser a sua preferência. Mas boa sorte - as mulheres romanas são tigres). Por uma questão de argumento, eu vou dizer menino porque os meninos romanos são algumas das mais divertidas criaturas na terra. Você é uma menina bonita, Gin, e um menino Romano vai lhe dizer da sua própria maneira especial. A não ser que as coisas mudaram muito, Gin, eu vou adivinhar que esta vai ser difícil para você. Você era sempre tão tímida. Isso me incomodou porque eu estava preocupada que as pessoas poderiam não chegar a conhecer a maravilha que era e é a minha sobrinha Virginia Blackstone! Mas o medo não. Os romanos irão ajudá-la. Se alguma vez houve uma cidade para aprender a perguntar a um estranho, é essa.

Sai daí, tigre. Deixa-os comer o bolo.

Amor, Sua Tia, num Conjunto de Questões


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Capítulo 17 Garotos e Bolo Esta fronteira estava a ser um cenário de pesadelo. Esta foi a adição do insulto à injúria. Ela seguiu o grupo da excursão para fora do Coliseu e vagueou junto com eles por quase uma hora, cozinhando em fogo baixo mais este último comando. ‗Vá ver as velhas virgens! Agora, pergunte a um menino estranho‘. ‗Você é tímida, coisa retardada!‘ Ela não queria pedir a um menino de fora. Ela era tímida (obrigada por lembrar). Além disso, o cara que ela gostava estava em Londres, e ele pensava que ela estava louca. Sal. Ferimento. Juntos finalmente. O grupo da excursão parou em uma praça grande com uma multidão no meio, todos reunidos em torno de uma fonte, sem dúvida, muito velha, esculpida na forma de um barco afundando. Alguns mergulharam as suas mãos e beberam a água. O grupo de repente se dispersou, deixando para Ginny seus próprios dispositivos, mais uma vez. Ela estava com sede. Seu instinto lhe disse que ela não devia beber da fonte de água potável, da fonte especialmente, realmente velha, mas muitas pessoas estavam fazendo isso. Além disso, ela realmente precisava de uma bebida. Ela pegou o frasco vazio de sua bolsa, encontrou uma abertura ao longo a borda, e timidamente esticou a garrafa. Ela tomou um longo gole e foi recompensada com o frio da água, água doce, que tinha um gosto muito seguro. Ela despejou a garrafa e encheu-a novamente. Quando ela se virou, três crianças pequenas estavam correndo em volta dela. Estranhamente, uma estava segurando um jornal. Eram todas garotas, e elas eram extremamente bonitas, com muito, muito cabelo castanho escuro e brilhantes olhos verdes. A mais alta das meninas, que não poderia ter mais de dez anos, veio até a Ginny e começou bater o jornal para ela, sacudindo as páginas. No próximo segundo, um tipo alto, magro de cara, com um livro enorme, de repente pulou a partir de onde ele estava sentado e começou a correr para ela também gritando


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coisas em italiano. Ginny involuntariamente deu um passo para trás e ouviu um pequeno guincho. Ela sentiu o pé entrar em contacto com um pé minúsculo e sua mochila fazer contato com um pequeno, indefeso rosto. Ela percebeu que as meninas estavam todas em circulo, tipo dançando ao seu redor, e todo o movimento que ela fazia podia resultar em apanhar uma outra delas com os pés ou o saco, de modo que ela congelou e começou a pedir desculpas, mesmo que ela percebeu que elas provavelmente não iriam entender uma palavra do que ela estava dizendo. O cara quase foi para elas e agora estava agitando em torno de seu corpo, o livro de capa dura como se ele estava tentando cortar um caminho através de alguma folhagem invisível. O pequeno jornal como um pequeno pássaro estava compreensivelmente alarmado com este esvoaçar do livro maior e imediatamente correu longe de Ginny. O cara quebrou a corrida com uns poucos passos finais, em etapas, parando mesmo quando ele chegou em Ginny. Ele acenou com a cabeça em satisfação. Ginny ainda não se tinha movido. Ela olhou para ele, de olhos arregalados. —Elas estavam prestes a roubar você—, disse ele. Seu inglês foi muito claro, mas com um sabor forte de sotaque italiano. —Essas meninas? - ela perguntou. —Sim! Acredite em mim. Eu vejo isso o tempo todo. Elas são ciganas. —Ciganas? —Está tudo bem? Alguma coisa foi tomada? — Ginny chegou ao redor e sentiu sua mochila. Para alarme dela, ela encontrou o zíper aberto a meio. Abriu-se todo e verificou o conteúdo. Estranhamente, ela verificou primeiro, para certificar-se de que a carta ainda estava lá, e então verificou o seu dinheiro. Ambos estavam lá. —Não, disse ela. —Isso é bom. - ele balançou a cabeça —Tudo bem. Bom . Ele voltou ao seu lugar na borda da fonte, e sentou-se para baixo. Ginny olhou para ele. Ele não parecia italiano. Ele tinha cabelo castanho dourado, quase loiro. Seus olhos eram de cor clara e muito estreitos. Se alguma vez houve um cara para comprar bolo, ele foi um cara que tinha apenas a impedido de ser assaltada, mesmo que isso significasse defendê-la de crianças acenando um livro.


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Ela andou até ele com cautela. Ele olhou por cima de seu livro. —Eu estava imaginando. . —- Ginny começou- —Bem, em primeiro lugar, obrigada. Você deseja.... Deseja era forte demais para construção. Isso significava, ‗Você quer fazer isso comigo?‘ ela só tinha a oferecer o bolo. Todo mundo gosta de bolo. —Eu quero dizer. . . - ela se corrigiu —Você gostaria de algum bolo? —Bolo—? - repetiu ele. Ele piscou lentamente. Talvez a Ginny, talvez ao sol. Podia ser que seus olhos estavam cansados. Então, ele olhou para os salpicos das águas da fonte. Ginny olhou para eles também. Qualquer coisa para manter os olhos dele nesta pausa dolorosa, durante o qual ele deveria de estar a tentar descobrir uma maneira de dizer a uma estranha garota americana para deixá-lo sozinho. —Não um bolo—, - ele finalmente respondeu - —Mas um café.— Café. . . bolo. . . perto o suficiente. Ela pediu a um cara, e o cara tinha dito que sim. Isto foi nada menos que um milagre. Parou-se a pouco menos de saltar sobre os calcanhares. Não era nenhum problema em encontrar um café / bar. Eles estavam por toda parte. O cara foi até o balcão de mármore e virou-se casualmente, pronto para tomar o pedido de Ginny e passá-lo para o servidor de duro avental. —Eu costumo tomar um café com leite, - disse ela. —Você gostaria de um copo de leite? Não, quer dizer um caffè latte. —Você gostaria de se sentar? Ela tirou alguns euros. —É mais caro se você se sentar—, - explicou - —É ridículo, mas nós somos italianos. E custa muito mais. Ginny teve que passar por cima cerca de dez euros, e, em contrapartida, foram presenteados com dois copos de vidro muito modestos, cada um abrigado em uma cesta de metal minúsculo com uma alça.


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Sentaram-se em uma das mesas de tampo de mármore cinza, e o menino começou a falar. Seu nome era Beppe. Ele tinha vinte anos. Ele era um estudante, que estuda para ser professor. Ele tinha três irmãs mais velhas. Ele gostava de carros, e de algumas bandas britânicas que Ginny nunca ouviu falar. Ele tinha estado surfando na Grécia. Ele não perguntou a Ginny muito sobre si mesma, algo com o que poderia facilmente viver. —Está quente, - disse ele —Você deveria comer um gelato. Você ainda não comeu um? Ele ficou horrorizado ao saber que ela não tinha. —Vamos lá, - disse ele, levantando-se—Nós vamos agora. Isso é ridículo. Beppe levou-a para baixo mais algumas ruas, ruas que cada vez mais lotadas com pessoas e mais coloridas. Estas eram as ruas que não deveriam ter motocicletas e scooters desabaladas por elas de qualquer maneira. As pessoas saíam calmamente do caminho a poucos centímetros de sua morte, oferecendo por vezes uma palavra ou um gesto a escolha se eles realmente foram escovados. Beppe finalmente parou em frente a uma escada, pequena e despretensiosa. Uma vez Ginny entrou, no entanto, ela viu que o seu tamanho não refletia as suas ofertas. Havia dezenas de gelatos coloridos embalados em uma caixas de vidro.Dois homens atrás do balcão rapidamente empurraram para fora porções heróicas com gumes de colheres planas. Beppe traduzia os rótulos. Havia sabores normais como morango, chocolate. Mas havia também o gengibre e canela, creme com mel silvestre, alcaçuz preto. Um deles era o arroz aromatizado, e havia pelo menos meia dúzia com licores ou vinhos especiais. —Como você chegou aqui? - ele perguntou quando ela escolheu o seu sabor, que era o morango com pouca imaginação. —De. . . avião? —Você está com uma turnê, - disse ele, mas não como uma pergunta. Ele parecia estar certo disso. —Não Tour. Só eu. —Você chegou a Roma por si mesma? Sem ninguém? Nenhum amigo?


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—Só eu. —Minha irmã vive em Travestere, - disse de repente, dando um aceno curto a Ginny, como se ela devia saber o que isso significava. —O que é isso? —Travestere? O melhor lugar em Roma —, - disse ele - —Minha irmã vai gostar de você.Você vai gostar da minha irmã. Coma o seu sorvete, então vamos ver a minha irmã.


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Capítulo 18 Irmã de Beppe Travestere não poderia ser um lugar verdadeiro. Parecia que a Disney tinha atacado um canto de Roma, com restos de tinta pastel e criado o mais aconchegante bairro, o mais pitoresco de sempre. Parecia composto inteiramente de recantos. Havia persianas nas janelas, transbordando de caixas, sinais com letras feitas a mão que estavam sumindo perfeitamente. Havia linhas de lavagem penduradas um prédio a outro, cobertas com lençóis brancos e camisas. Por todo o lado estavam pessoas com câmeras, fotografando as roupas. — Eu sei — disse Beppe, olhando para os fotógrafos. — É ridículo. Onde está a câmera? Você pode tirar uma foto também. — Eu não tenho uma. — Por que você não tem uma câmera? Todos os americanos trazem câmeras. — Eu não sei, ela mentiu. — Eu simplesmente não trago. Eles andaram um pouco adiante e finalmente pararam na frente de uma construção com a frente achatada e colorida de laranja com um telhado ligeiramente verde. Ele tirou algumas chaves do bolso e abriu uma porta de madeira ornamentada. O interior do edifício não era nada parecido com o exterior. Na verdade, parecia o velho edifício e o apartamento da Tia Peg em Nova Iorque, chão de ladrilho lascado e caixas de correio em metal amolgado. Ela seguiu Beppe acima em três lances de escadas e a um corredor escuro e sufocante. De lá, ele mostroulhe um apartamento muito limpo, um pouco como um sobressalente. Era apenas uma sala, cuidadosamente dividida em seções com biombos e móveis. Beppe abriu uma grande janela, acima da mesa da cozinha, e eles tinham uma boa visão da rua e do quarto da vizinha do outro lado. Ela estava deitada em sua cama, lendo uma revista. Uma gorda mosca entrou pela janela rastreando.


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— Onde está sua irmã? — Ginny perguntou, olhando ao redor na sala vazia. — Minha irmã é uma médica, explicou. — Ela está muito ocupada, todo o tempo. Eu sou o estudante, o preguiçoso. Esta não era exatamente uma resposta, mas havia uma série de fotos de família ao redor da sala, algumas dos quais incluía Beppe. Havia uma moça em pé ao lado dele, com cabelos de cor mel e uma carranca distraída. Ela parecia do tipo ocupada. — É esta sua irmã? — Ginny perguntou, apontando para a garota. —Sim! Ela é uma médica. . . com bebês. Eu não sei o inglês para isso. Beppe abriu um armário debaixo da pia e pegou uma garrafa de vinho. — Isto é Itália! — ele disse. — Nós bebemos vinho. Nós vamos ter algum tempo enquanto esperamos. Ele encheu dois copos de suco até o meio. Ginny tomou um gole de seu vinho. Estava quente, e de repente ela se sentia exausta, mas também algo como muito contente. Beppe estava falando com as mãos agora, tocando a sua mão, ombro, seu cabelo. Sua pele era pegajosa. Ela olhou pela janela para a luz azul do prédio do outro lado da rua. A mulher da cama tinha levantado e estava ajustando sua visão e a vê-los com um destacado interesse, como se ela estava assistindo ao progresso de algo cozinhando em um forno. — Por que você usa seu cabelo assim? — ele perguntou, segurando a trança e carrancudo. — Eu sempre faço. Ele tirou o elástico que segurava a trança, mas o cabelo de Ginny, era bem treinado (e ainda um pouco molhado, ela adivinhou), se recusou a desdobrar. Seu primeiro pensamento quando ele a beijou é que estava demasiado quente para isso. Ela gostaria que houvesse um ar condicionado. E assim foi, inábil na mesa da cozinha, se inclinando através de cadeiras. Mas este era o beijo. Era real, inquestionavelmente um beijo. Ela não tinha certeza se queria estar beijando Beppe, mas por alguma razão, o sentiu importante, como se ela deveria estar fazendo isso. Ela estava o fazendo com um menino italiano, em


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Roma. Miriam ficaria orgulhosa, e Keith. . . quem sabe? Talvez ele ficasse com ciúmes. Então ela percebeu que parecia estar escorregando para fora de sua cadeira para o chão. Não estava numa espécie de queda, era mais numa maneira guiada — pelo Beppe para ter mais espaço para fazer o — tipo de curso. Isso, ela realmente não queria. — Há um problema — disse ele. — O que é? — Eu tenho que ir — disse ela simplesmente. — Porquê? — Porque — disse ela. — Eu só tenho que. Ela podia ver a partir do olhar perplexo de seus olhos que ele não queria fazer nada de errado. Ele parecia não entender. — Onde está sua irmã? ela perguntou. Ele riu, não mesquinhamente. Como se ela estivesse um pouco turva. Incomodava-a. — Vamos lá — , disse ele, soando conciliatório. — Venha sentar-se em baixo. Sinto muito. — Eu deveria ter sido mais claro. Minha irmã não está aqui muitas vezes. Ele começou de novo. Ele estava dando beijinhos rápidos no seu pescoço. Ginny esticou a cabeça para olhar pela janela, mas a mulher do outro lado tinha perdido o interesse e foi embora. Agora Beppe estava chegando para o botão em seu shorts. — Olhe , disse ela, empurrando-o de volta — Beppe... Ele ainda estava trabalhando nele. — Não — , disse ela, começando a levantar-se. — Para com isso! — Tudo bem. Vou deixar o botão em paz. Ela puxou a si mesma para se colocar em pé. — Os americanos — disse ele com desdém. — Todos iguais.


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Sua cabeça estava latejando enquanto ela corria escada abaixo. Na rua, os tênis de Ginny guinchavam impiedosamente na umidade. O barulho ecoou pela rua estreita, tanto assim que os comensais em um pequeno café ao ar livre olharam para cima para vê-la passar. Estranhamente, embora o vinho a tenha feito grogue, ele realmente pareceu aguçar seu senso de direção. Ela voltou confiante para a estação de metro e conseguiu voltar para o Coliseu. As portas ainda estavam abertas, então Ginny entrou, tecendo seu caminho de volta através das paredes meio em ruínas e, todo o caminho de volta para as peças restantes das virgens. Ela pegou no botão que Beppe tinha tentado alcançar e puxou-o dos seu shorts. Ela inclinou-se sobre a barra de metal que impedia as pessoas de andar em volta das estátuas e jogou-o no chão entre as duas mais completas. — Aqui — disse ela. — De uma virgem para a outra.


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Querida Ginny,

Dirija-se à estação de trem. Você irá subir em um trem noturno para Paris. Pelo menos, eu gostaria que você subisse em um trem noturno para Paris. Eles são realmente ótimos. Mas se for durante o dia, suba em um trem diurno. Apenas SUBA EM UM TREM. Por que Paris? Paris não precisa de razão. Paris é a própria razão. Fique no banco esquerdo, em Montparnasse. Esta área é talvez o quarteirão dos artistas mais famosos do mundo. Todos vivem, trabalham e divertem-se aqui. Havia os artistas visuais como Pablo Picasso, Dégas, Marc Chagall, Man Ray, Marcel Duchamp e Salvador Dali. Escritores, também, como Hemingway, Fitzgerald, James Royce, JeanPaul Sartre e Gertrude Stein. Havia atores, músicos, dançarinos... Muitos para citar nomes. Basta dizer que você estava aqui no inicio do século vinte e você começou atirando pedras, que você atingiu uma pessoa famosa e incrivelmente influente que ajudou a dar forma no curso da história artística.

Não que você quisesse atirar pedras neles. De qualquer forma, vá agora.

Eu tenho que insistir que você vá ao Louvre imediatamente. Você pode conseguir sua próxima tarefa lá, em atmosfera apropriada.

Com amor, Sua Tia Fugitiva


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Capítulo 19 Prancha de surf de dormir Havia poucos lugares disponíveis no próximo trem para Paris, muito para surpresa do homem que vendeu a Ginny seu bilhete. Ele parecia realmente preocupado com a pressa dela e lhe perguntou porque queria deixar Roma tão cedo. Seu quartinho no trem (o beliche) acomodava seis pessoas. O chefe parecia ser uma mulher alemã de meia-idade que tinha um conjunto colorido de facas e um grande suprimento de laranjas. Ela comeu uma depois outra, emitindo visíveis suspiros de óleo de laranja no ar da cabine enquanto ela passava por eles, inundando o ar com um cheiro cítrico. Ao concluir cada laranja, ela limpava as mãos sobre o tecido cinza dos braços de seu assento. Alguma coisa sobre este movimento deu-lhe uma espécie de autoridade. Sob seu comando estavam três sacos de dormir e um homem em um terno leve bronzeado que tinha um sotaque que poderia ser de absolutamente qualquer lugar. Para Gina, ele tornou-se o Sr. Genérico Europa. Sr. Genérico Europa passou a viagem fazendo palavras cruzadas. Ele tossia secamente a cada vez que a mulher alemã sentada ao lado dele, descascava de novo uma laranja e, em seguida, movia seu braço para que pegasse polpa de laranja na manga quando ela limpava as mãos.

Gina pegou seu notebook


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05 de julho 21:56, no trem Querida Miriam, Na noite passada eu tive que correr de um menino italiano que ficava tentando tirar minhas calças. E agora estou em um trem para Paris. Não posso confirmar a minha identidade mais, Mir. Eu pensei que eu fosse Gina Blackstone, mas, aparentemente, eu tenho estado na vida de outra pessoa. Alguém legal. Sobre a coisa do cara italiano, não foi algo particularmente sexy ou assustador. Mais repugnante. Ele mentiu para mim para me fazer ir ao apartamento da irmã, e eu fui porque sou burra. Então eu escapei e tive que andar por Roma. Isso me faz lembrar de alguma coisa. Eu ainda tenho um enorme caso ruim do que você chamar de meu magnetismo para coisas ruim. Eu pensei que tinha me livrado disso lá, mas ainda parece como se o assustador cara fosse se materializar no ar na minha presença. Eles são atraídos para mim. Eu sou o Pólo Norte, e eles são os exploradores do amor. Como o cara com a sacola da Radio Shack, que sempre sai do banheiro feminino no segundo andar da Livingston shopping que me disse em várias ocasiões que eu parecia exatamente como Angelina Jolie. (O que seria verdade. Se você apenas mudar o meu rosto e corpo). E nós não podemos esquecer Gabe Watkins, o calouro que dedica muitas páginas de seu blog para mim e que tirou uma foto minha com seu celular e usou o Photoshop para colocar seu rosto e o meu em uma foto de Arwen e Aragorn dos Senhor dos Anéis. Enfim, você está em New Jersey, e eu estou aqui, acelerando através da Europa em um trem. Sei que talvez isso tudo parece incrivelmente emocionante, mas às vezes é simplesmente muito chato. Como agora. Não tenho nada para fazer neste trem (não que escrever para você seja nada). Estive sozinha por alguns dias, e isso nem sempre me faz sentir bem. Okay. Vou parar de reclamar agora. Você sabe que eu sinto saudades de você, e eu prometo que vou escrever em breve. Amor, Gin


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Algumas horas depois durante a viagem, a mulher disse algo a respeito de cama em dois idiomas, e em seguida todos na cabine ficaram em pé. Houve muitos empurrões de coisas e, no processo, Ginny foi espremida para fora da cabine. Quando ela entrou de volta, havia seis grandes prateleiras lá. Julgando pelo fato que o Sr. Europa Genérico estava esticado em uma, Ginny supôs que elas fossem camas. Havia um grande e estranho embaralhado em volta como se as pessoas resolvessem qual delas devia pegar. Ginny ficou com uma de cima. Então a mulher alemã acendeu as luzes de cima. Alguns dos outros ligaram suas luzes pessoais que ficavam na parede. Mas, Ginny não tinha nada para ler ou fazer, então ela permaneceu no escuro, olhando para o teto. Não havia jeito que ela fosse capaz de dormir em uma prancha de surf balançante enfiada na parede. Especialmente já que a mulher alemã continuava abrindo a janela e o Sr. Europa Genérico continuava a fechá-la até a metade. Então um dos mochileiros disse algo em espanhol. E então disse, —Você se importa?— em inglês e apontou para a janela. Quando ela a fechou por completo, ninguém começou um rebuliço. A mulher alemã abriu-a de novo de qualquer forma, e o ciclo continuou durante a noite toda. A manhã veio rapidamente, e as pessoas começaram a entrar e sair do quarto com escovas de dente. Ginny se virou e balançou as pernas fora de sua prancha de surf, cuidadosamente tocando o chão. Quando voltou da higienização em um apertado e escuro tipo de banheiro, as camas estavam magicamente dobradas para trás em cadeiras. Uma hora depois, o trem parou e ela estava andando através de uma enorme estação de trem, depois em uma larga e ensolarada avenida em Paris. Os sinais da rua eram pequenas placas azuis nas laterais de grandes edifícios brancos, muitas vezes obscurecidos por um galho de árvore, perdidos em um monte de outros sinais, ou simplesmente impossível de detectar. As ruas desviavam-se quase constantemente. Ainda assim, não foi difícil achar um albergue no bairro que a tia Peg tinha recomendado. Era um edifício enorme, uma espécie de antigo hospital ou palácio júnior. Uma mulher com cachos negros estava por trás da recepção, depois de advertir Ginny durante cinco minutos sobre como era a alta temporada, lhe disse que não havia quartos de solteiros sobrando, havia muito espaço nos dormitórios.


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—Você tem lençóis? Perguntou a mulher. —Nenhum... —Três euros. Ginny deu-lhe três euros, e a mulher entregou-lhe um grande saco branco feito de um áspero algodão. —Este será recolhido logo, disse a mulher. —Mas você pode pegar seus lençois lá em cima. Você pode voltar às seis. A porta é trancada toda noite, às dez horas. Se você não estiver aqui, às dez, nós a trancamos para fora. Eu sugiro que você leve sua mala com você. Ginny levou seu lençol pelas escadas e foi para a sala no final do corredor, como tinha sido orientada. Apenas uma fresta da porta estava aberta, e ela empurrou, para revelar uma grande sala com magras beliches em estilo militar. O chão estava coberto de pequenos ladrilhos coloridos que ainda estavam molhados de serem esfregados com uma solução de limpeza com cheiro forte Seus companheiros de quarto ainda estavam lá, recolhendo suas coisas para o dia. Eles assentiram um Olá a Ginny e trocaram algumas palavras de saudação, em seguida, eles voltaram para a conversa. Ela rapidamente concluiu que eles eram da mesma escola, que era em Minnesota. Ela sabia disso porque todos eles sabiam os nomes uns dos outros e estavam falando sobre as aulas que iriam ter juntos. Eles também diziam coisas como: —Oh meu Deus, você consegue imaginar isso em Minnesota? E —Eu quero ter uma dessas em casa, em Minnesota. Ginny colocou o lençol em uma das camas vazias do outro lado da sala. Ela demorou um minuto, ajustando o saco sobre a pequena almofada de plástico que servia como um colchão. Ela não se dava muito bem com estranhos, mas hoje ela se sentiu como se pudesse dar. Se as meninas parecessem interessadas, ela poderia entrar em uma conversa com elas. Talvez ela pudesse se juntar a elas, e todas poderiam ir para algum lugar juntas. Era isso. Era isso que ela queria. Ela e as garotas de Minnesota poderiam passear por Paris juntas. Elas iriam a lojas e parariam em um Café. Elas provavelmente iriam querer ir a algum clube ou algo assim. Ginny nunca havia ido


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a um clube, mas ela sabia do seu livro de textos de francês que era o que as pessoas faziam na Europa. Então se as meninas de Minnesota quisessem ir, ela iria também. Todas elas haviam se tornado amigas rapidamente. Mas as garotas de Minnesota tinham outros planos e deixaram-na para trás. Uma voz estridente veio do alto-falante em inglês e espanhol avisando que era melhor eles saírem logo ou senão seria um inferno para pagar, Ginny pegou sua bolsa e saiu, sozinha. Logo que ela estava na rua, ela logo passou pelas famosas entradas verdes de metal curvado do metrô, por falta de um plano melhor, ela desceu. O mapa do metrô de Paris era um primo confuso do mapa de Londres. Entretanto, o Museu do Louvre era fácil de encontrar. A parada era chamada Louvre, esse era um bom indicativo. Seu livro de francês lhe garantiu que o Louvre era grande, mas nada a preparou para o quão grande era. Ela esperou em uma fila por duas horas para entrar pela maciça pirâmide de vidro da entrada. Dentro do Louvre, havia uma certa segurança. Era bom ser turista. Para todo lugar que olhava, pessoas estavam debruçando-se sobre a planta do piso, lendo guias, escavando dentro das mochilas. Uma vez, ela se encaixou completamente. Havia três alas com nomes para escolher – Denom, Sully e Richelieu. Ela passou sua bolsa pelo controle de bagagem, escolheu Sully ao acaso e se dirigiu ao seu interior, imediatamente achando-se em uma recriação de um cobre de um jazigo de pedra, que levava a seção do Egito Antigo. Ela vagou cômodo por cômodo de múmias, decorações de tumbas e hieróglifos. Ela sempre gostou de coisas Egípcias, especialmente quando era criança. Principalmente porque ela tinha visto no Museu Metropolitan com a tia Peg e elas brincaram de —Se você pudesse escolher as coisas que você quereria ter com você quando morresse, o que você escolheria ?—

A lista de Ginny sempre começava com uma balsa inflável. Ela nem sequer possuía uma balsa inflável, mas podia imaginá-la perfeitamente, era azul com uma faixa amarela e alças. Ela estava convencida de que precisaria disso em qualquer céu que imaginava.


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Os egípcios também levavam algumas coisas seriamente estranhas com eles para a terra dos mortos. Tabelas em forma de cães. Pequenos bonecos azuis do tamanho do polegar que deveriam ser criados. Grandes máscaras de suas próprias cabeças. Ela virou a esquina e andou pelo corredor em direção a escultura romana. E ela estava de volta onde começou, na abóbada de pedra. Parecia impossível, mas aconteceu. Ela tentou de novo, seguindo os sinais e os mapas. Desta vez, ela terminou na sala de sarcófagos. Em uma terceira tentativa, parecia que ela tinha seguido as estátuas romanas e, em seguida, bam, ela estava de volta com os frascos canopic* e decorações de túmulos. *Canopic = eram usados pelos antigos egípcios durante o processo de mumificação para conservar e preservar as vísceras do seu proprietário para a vida futura. Era como se ela estivesse caminhando por uma espécie de casa de diversão. Ela finalmente teve que seguir uma excursão para sair da terra dos mortos. Ela seguiu-os através das estátuas romanas. Crianças francesas sentavam debaixo dos nus, olhando para cima. Nenhum deles estava apontando e rindo. Ela continuou andando através da interminável sucessão de câmaras conectadas até que avistou um sinal de que apresentava uma pequena imagem da Mona Lisa e uma flecha. Ela seguiu isso através de pelo menos mais uma dúzia de galerias. Uma coisa que a tia Peg incutiu nela era o conforto em torno de pinturas. Ginny nunca alegou saber muito (se alguma coisa) sobre pintura. Ela não sabia muito sobre a história da arte, ou técnica, ou porque de repente algumas pessoas desmaiam em êxtase, se algum artista de repente decidiu usar apenas azul. . . . Tia Peg tinha explicado que, embora essas coisas fossem importantes para algumas pessoas, a principal coisa a lembrar é que elas são apenas imagens. Não havia nenhuma maneira certa ou errada de olhar para elas, e não havia nenhuma razão para se sentir intimidado por elas. Enquanto ela vagava pelas galerias, sentia-se relaxando. Havia algo sobre a ordem de tudo, algo familiar neste lugar estranho. Só estar lá a fez sentir que, embora fosse tão longe de casa, ela não estava sozinha. Parecia que todo mundo estava tentando captar alguma coisa sobre o lugar. Os estudantes de arte situados em toda parte com seus enormes blocos de desenho, olhando fixamente para uma


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obra de arte ou decoração no teto, tentando duplicar o que estavam vendo. Assim, muitas pessoas estavam tirando fotos das fotos- ou mais estranho ainda, gravandoos. Tia Peg adoraria isso, ela pensou. Ela estava tão ocupada os observando que ela nem sequer percebeu que tinha caminhado para a direita após a Mona Lisa. Parecia que tinha sido enterrada em algum lugar no meio de uma das multidões. Em qualquer caso, parecia tão bom para qualquer um dar um tempo e parar. Ela se sentou num banco no meio de uma galeria de italiano com profundas paredes vermelhas e tirou a carta seguinte.


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Querida Gin,

Então lá estava eu, Gin, do meu caminho entre as paixões de Roma para o romance estiloso de Paris. Eu achei que estava sem dinheiro antes, mas eu sempre tinha um dinheirinho comigo. Mas eu gastei a maior parte do que eu tinha em Roma.

Havia um Café que eu passava quase todo dia. Um cheiro incrível de pão fresco sempre saía de lá, mas o lugar estava caindo em pedaços - a pintura estava descascando, as mesas eram sem graça e feias. Mas, era barato pelo menos. Então eu entrei e tive uma das melhores refeições da minha vida. Ninguém estava lá, então o dono sentou do meu lado e conversou comigo. Ele falou que estava fechando o Café por um mês porque todos na França entravam de férias um mês no verão. (Outra coisa que faz a França ser legal)

Eu tive uma idéia.

Em troca de um pouco de dinheiro para a comida e um lugar para dormir no Café, eu redecoraria para ele. O lugar todo, de cima a baixo. Pelo custo de uns Croque Monsieurs (sanduíches franceses de queijo e presunto), umas centenas xícaras de café, e um pouco de pintura, ele teria seu Café inteiro decorado de uma forma original por uma mulher que ficaria aqui vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Era uma oferta muito boa para ele recusar. Então ele aceitou.

Pelo resto do mês, eu vivi no Café. Eu consegui arrumar algumas cobertas e travesseiros e eu fiz um pequeno ninho para dormir atrás do bar. Eu fui para o mercado para comprar comida e cozinhei minhas alimentações na pequena cozinha. Não importava muito se era dia ou noite - eu pintava o tempo todo, toda vez que eu tinha vontade. Eu ia dormir com cheiro de tinta. Eu sonhava com os desenhos. Eu manchei permanentemente de azul a pele embaixo da unha do meu dedão esquerdo. Eu fiz cortinas dos aventais que eu encontrava em lojas de segunda mão.


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Eu comprei pratos velhos, os quebrei no quintal que havia atrás, e fiz deles um mosaico. Minha Paris era essa salinha pequena, e algumas lojas de bobagens e ocasionalmente uns passeios nas ruas ou à noite ou quando estava chovendo.

Isto, eu pensei, é do que se tratava Paris.

Lembre-se, esta cidade é onde os camponeses tomaram controle e dominaram e degolaram toda a realeza e os ricos. É o orgulho dos artistas pobres que viveram aqui no passado - todos os pintores, escritores, poetas, cantores que fizeram os bares e cafés famosos. Pense em 'Os Miseráveis'!

Pense em 'Moulin Rouge' (Mas sem a tuberculose.) Mari viveu nas ruas de Paris por três anos! Ela dançou nos clubes, e pintou nas calçadas, e dormiu onde ela conseguiu.

Então este é o CHERCHE LE CAFÉ PROJECT. (Eu sei que você faz aulas de francês, mas só para garantir...significa ACHE O CAFÉ.) Eu quero que você encontre o meu Café com base no que eu te contei e sobre o que você sabe sobre mim.

E, claro, quando você chegar lá - coma algo delicioso por mim por que eu sou sua amada...

Tia Artista Faminta


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Ginny olhou para o relógio do homem sentado ao lado dela e viu que eram quase seis, então ela decidiu ir embora. A palavra sortie, que estava sinalizado por todo o lugar, quer dizer —saída—. Então, ela seguiu os sinais. Saída, saída, saída. . . E, de repente, ela estava de pé na frente da Virgin Megastore31, em frente de uma tela para Star Wars: La Menace Fantôme32. Sortie queria dizer —Este caminho para Jar Jar33? E por que havia uma Virgin Megastore no Louvre34? Depois de dez minutos a mais de tentar, sem sucesso, escapar, Gina finalmente encontrou a saída. O leito do Rio Sena estava lá e havia dezenas de pontes sobre o rio, ela decidiu atravessar. Essas Coisas eram menores e mais apertadas do outro lado. Esta ia à margem esquerda do rio, que ela conhecia. O quartel estudantil. Ela olhou em volta e voltou a caminhar sobre a ponte. Paris parecia fazer jus à promessa que fazia em cada fotografia que ela já tinha visto. As pessoas carregavam longas baguettes. Casais andavam de mãos dadas pela pequena rua Asparagus. E em pouco tempo, uma lua redonda se pendurava em cima de um céu azul elétrico e a Torre Eiffel começou a piscar com milhares de pequenas luzes. O ar estava quente e, quando Gina encostou-se ao lado da Ponte Neuf e assistiu a um barco deslizar à beira do Sena, ela pensou que esta era uma noite perfeita em Paris.

31

Virgin Megastore- é uma cadeia internacional de lojas de discos.

32

La Menace Fantôme- Episodio I de Star Wars (http://www.geeks-inside.fr/wpcontent/uploads/2010/04/la-menace-fantome1.jpg) 33

Jar Jar- personagem do Filme Star Wars(http://www.onlygoodmovies.com/blog/wpcontent/uploads/2009/10/jar-jar-binks.jpg) 34

O Museu do Louvre (Musée du Louvre), instalado no Palácio do Louvre, em Paris, é um dos maiores e mais famosos museus do mundo. Localiza-se no centro de Paris, entre o rio Sena e a Rue de Rivoli. O seu pátio central, ocupado agora pela pirâmide de vidro, encontra-se na linha central dos Champs-Élysées, e dá forma assim ao núcleo onde começa o Axe historique (Eixo histórico).


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Mas ela não se sentia perfeita. Sentia-se só, e a única coisa que ela poderia pensar em fazer era voltar para o albergue.


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Capítulo 20 Les Petits Chiens - Os pequenos Cachorros Naquela noite, Ginny sentou-se no amplo e vazio lobby, a longa mesa com incompatíveis cadeiras de madeira que sustentava os computadores da pousada. Cada assento estava ocupado. Todas as pessoas curvadas atentamente, lendo seus e-mails de casa, compondo épicos web registros de viagens, totalmente inconscientes da presença um do outro. Havia um cheiro de fumaça da mulher na mesa da frente constantemente fumando um cigarro. Na parede acima da cabeça de Ginny tinham mapas antigos do mundo salpicado com cicatrizes brancas em forma de estrela e pequenos buracos nos pontos onde haviam sido dobrados uma e outra vez. Estrelas brancas em todo o mundo, e nos oceanos. Buracos na China, Brasil, Bulgária. Havia até um pequeno buraco em Nova Jersey, embora muito mais perto do oceano do que onde ela morava. Pela primeira vez desde que ela tinha sido afastada, teve acesso ao exterior. Podia escrever para qualquer um que quisesse, isto é, se ela seguisse as regras. A única coisa que a impedia de falar com Miriam agora, era uma pequena linha de força de vontade. Nenhuma comunicação eletrônica com a América. Não havia nenhuma ambigüidade sobre este ponto. Mas não havia nada nas regras sobre a Inglaterra. E quando ela realmente percebeu que não tinha o e-mail de Keith, ela imaginou que não seria impossível de encontrar. Ela era boa em encontrar coisas. Ela era uma detetive de Internet. Encontrar Keith mostrou-se absurdamente fácil. Ela o localizou através do site da Goldsmiths. Mas levou uma hora inteira para achar o que ela queria dizerlhe em seu e-mail. Isso levou uma hora e cerca de 26 versões, de fato, o que finalmente resultou em:

Ei, só queria dizer oi. Estou em Paris agora. Ela leu-o, logo que enviou e imediatamente lamentou o 'Hey'.—Porque Hey—, só queria dizer oi.— Por que não apenas —oi—? Por que ela não disse que


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sentia falta dele? Por que não podia dizer algo fofo e inteligente e sedutor? Ninguém responderia a um e-mail como este, porque este e-mail era fútil. Só que ele fez. A resposta apareceu em sua caixa. Dizia, simplesmente:

Paris, hein? Paradeiro? Ela agarrou os dedos e acariciou-lhes constantemente. Então, a simples abordagem havia dado certo. Ótimo. Ela iria mantê-lo simples: No Hostel UFC

em Montparnasse. E ela deveria perguntar se ele ainda estava bravo. . . Ou era ela quem estava brava? Talvez seja melhor deixar a parte brava inteiramente. Mantenha isso informacional. Esperou durante meia hora. Nenhuma resposta neste momento. A excitação da noite acabou. Ela voltou para cima, para o dormitório, onde suas companheiras estavam agrupadas, uma vez mais em seu lado da sala. Elas sorriram quando ela entrou, e ela poderia dizer que não tinham nada contra ela, também sentiu que elas tinham esperado que não estivesse voltando. O que foi bastante justo. Elas eram todas amigas. Elas queriam algum momento de privacidade. Ginny tentou pegar suas coisas o mais rápido e silenciosamente possível, em seguida, subir no alto e barulhento beliche e tentar dormir. Ginny sentou-se repentinamente em linha reta com o anúncio do altofalante às 7:30 am, o que alertou a todos que o café da manhã era só até às oito e meia e que todo mundo deveria estar fora as nove em ponto. A contingência de Minnesota era apenas acordar. Eles estariam puxando as coisas fora de suas malas (muito fria, melhor concebida do que seu monstruoso saco roxo e verde). Ela não tinha nada, ela percebeu. Nada, exceto o shampoo e creme dental. Isso significava nada de sabão ou toalha. Ela nunca tinha sequer pensado nisso. Ela procurou ao redor em sua bolsa, algo que ela poderia usar como uma toalha, finalmente surgiu com seu velo. O banheiro era pequeno, com três compartimentos com chuveiros e quatro pias. Apesar de ter sido razoavelmente limpa, havia um cheiro bruto e


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podre vindo de algum lugar do fundo do prédio. Ela esperava na fila com os demais, caiu contra a parede. Ela notou que todos pareciam estar olhando para ela no espelho. Seus olhos foram para frente e para trás entre a toalha de lã e desenho em seu ombro. Pela primeira vez em sua vida, Gina sentiu-se um pouco mais perigosa do que as pessoas ao seu redor. Foi uma sensação interessante, mas percebeu que ela provavelmente teria gostado mais se fosse verdade. Além disso, ela não tinha roupa limpa de sobra. Tudo estava amarelado, úmido e amarrotado. Por que ela não tinha pensado em lavá-las no Richard era mero palpite, mas agora ela teve de apalpar, procurando os itens mais aceitáveis para colocar em seu corpo ainda úmido.

Uma vez que estava na rua, Ginny percebeu que ela não tinha idéia de como deveria fazer isso. Mesmo apenas um curto passeio ao redor da área revelou que Paris não era nada a não ser cafés. Cafés em toda parte. Cafés e ruas sinuosas e amplas avenidas. Ela passou uma hora circulando pelo bairro, olhando as vitrines com mostras de pão e pastelaria, tropeçando em cães pequenos, desviando das pessoas que falavam atentamente em seus telefones, e, basicamente, realizando nada. Paris era gloriosa e ensolarada, é claro. Mas sua mochila estava pesada também e ela tinha um trabalho impossível a fazer. Ginny decidiu fazer uma aposta. Ela caminhou de volta para o albergue e testou a pesada porta preta de ferro forjado. Estava aberta. O som de alguma peça pesada de equipamentos de limpeza ecoava pelos corredores em algum lugar acima, saltando fora do chão de mármore do átrio. Havia um forte cheiro de fumaça fresca. Ela se aproximou com cautela a recepção e encontrou a mulher ainda está lá (Ginny começou a se perguntar se ela dormia), tomando goles de alguma coisa em uma grande tigela azul e assistindo Oprah dublado em francês. Ao ver Ginny, ela apagou o cigarro com raiva. —Esstamoss em contenção!— ela chorou. —Você não deverria estarr aqui! —Eu só tenho uma pergunta,— Ginny começou. —Não. Nós temos rregrras aqui. —Só estou procurando por um Café.— Ginny disse.


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—Eu não sou guia!— O guia estava consternado e indignado. Gaaaaide. —Não, Ginny disse rapidamente. —Minha tia era uma pintora. Ela decorou o lugar.— Isto acalmou um pouco a mulher. Ela se virou novamente para Oprah. —Como se chama?— ela perguntou. —Eu não sei,— Ginny disse. —Ela não te disse o nome do lugar?— Ginny resolveu desviar-se dessa. —Este lugar tem muita decoração,— ela disse. —E ela disse que é perto daqui. —Há muitos Cafés por aqui. Eu não possso te mostrarr o lugarr sse eu não sei o nome. —Certo,— Ginny disse, mexendo na porta. —Obrigada.— —Esperrre, esperrre...— A mulher acenou para Ginny voltar. Ela fez três ligações e acendeu um cigarro antes de falar para a Ginny porque ela havia chamado-a de volta. —Certo. Então você ter que ir ver o Michel Pienette. Ele vende verduras no mercado. Ele vende para os chefs. Ele conhece todos os Cafés. Explique issto aqui parrra ele. Ela escreveu o nome atrás de um dos cartões do albergue em letras quadradas: MICHEL PIENETTE. Apesar da mulher não ter explicado como se chegava no mercado, era fácil o bastante de achar. Ginny podia ver ao longe enquanto caminhava pela rua. Novamente, este era um dos momentos que estavam de acordo com seu livro de francês. Havia as mesas amontoadas de frutas e verduras, pão para todos os lados, as vasilhas de terracotta cheias de azeitonas frescas. Era quase muito igual ao seu livro de francês. Depois de mostrar o cartão para várias pessoas, Ginny conseguiu encontrar Michel Pienette atrás de uma pirâmide de tomates. Ele estava fumando um charuto


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grosso e gritando com um cliente. Havia uma pequena fila de pessoas esperando pelo mesmo abuso. Ginny tomou seu lugar atrás de um homem com roupas de chef brancas. —Com licença, ela disse ao chef. —você fala português? —Um pouco. —Ele. . . —Ela indicou o homem com o charuto. —Michel? Não. E ele é mesquinho,— disse a Ginny. —Mas a comida é boa. O que você quer? —Preciso perguntar a ele sobre um café,— disse Ginny. —Mas eu não sei o nome. —Michel vai saber. Mas vou perguntar para você. Descreva-o. —Muitas cores,— disse Ginny. —É provavelmente uma colagem. Talvez feito de. . . lixo? —Lixo? —Bem, meio que de. . . lixo. —Vou perguntar a ele. O chef esperou pacientemente por sua vez, depois traduziu a pergunta de Ginny para ela. Michael Pienette acenou furiosamente e mastigou seu charuto. —Les Petits chiens,— ele rosnou. —Les Petits chiens. Isso, Ginny sabia, queria dizer —os cachorrinhos—, que não fazia sentido. O chef parecia sentir assim também e questionou o Sr. Pienette novamente. Isto resultou em uma explosão menor, e o Sr. Pienette virou e pegou um pé de alface da mão de outro comprador e gritou alguma coisa sobre seu ombro. —Ele diz que o café chama-se Os cachorrinhos,— disse o chef. —Eu acho que ele está ficando irritado. Posso não conseguir a minha berinjela agora. —Ele sabe onde fica? Ele sabia, mas a pergunta o deixou visivelmente mais irritado. Ele apontou um dedo gorducho para um beco à esquerda do mercado.


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—Por ali,—, disse. —Mas, por favor. . . Eu preciso da minha berinjela. —Obrigada,— disse Ginny, se afastando rapidamente. —Sinto muito. O beco não era promissor. Era estreito, e os prédios ao longo do caminho eram todos do mesmo tom quase branco, com pequenas entradas desmarcadas. Nada parecia com um restaurante. E motocicletas continuavam a aparecer atrás dela - praticamente andando na calçada - para desviar dos carros estacionados. Então parecia que essa rota acabaria matando-a. Talvez fosse essa a intenção do Michel Pienette. Mas a estrada abriu um pouco, e havia algumas butiques e umas confeitarias. E então ela viu, um prédio tão pequeno que mal poderia comportar quatro mesas. Uma árvore enorme ficava na frente dele, quase bloqueando toda a vista. Mas foram as cortinas nas janelas feitas de aventais de cozinha que falaram para ela que este era o lugar. As janelas da frente estavam cheias de recortes de revistas, e alguns com fotos. Dentro parecia estar totalmente vazio, e nenhuma luz estava ligada. Mas quando ela tentou a porta, estava aberta. Estava imediatamente claro quando ela entrou, o porquê do lugar se chamar Os Pequenos Cachorros. As paredes estavam todas cheias com os cachorrinhos de Paris. Tia Peg havia feito uma colagem maluca de centenas de recortes de revista deles, e então pintou ao redor das figuras com grandes manchas de tinta preta e rosa. E então, em branco, ela havia desenhado uns desenhos malucos de poodles. Cada mesa e cadeira estavam pintadas com um jogo diferente de cores. Parecia que ela esteve trabalhando com centenas de baldes de tintas diferentes. Roxo com amarelo-sol. Lima com rosa-bala. Vermelho sangue com azul marinho. Ela avistou uma cor laranja com borgonha. A cabeça de um homem saiu de trás do bar, sobressaltando Ginny. O francês que ele latiu para ela soava vagamente familiar, mas foi falado muito rápido e grossamente para ser compreendido. Ela balançou a cabeça desamparada. —Nós não estamos servindo ainda,— disse ele, em inglês. Era estranho como as pessoas aqui sabiam fazer isso. Era incrível como todos eles podiam. —Ah... Está tudo bem.— —Não até o jantar. E você precisa de uma reserva. Esta noite é impossível. Na próxima semana, talvez. —Não é isso,— disse Ginny. —Estou aqui para ver a decoração.


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—Você está escrevendo um trabalho? —Minha tia os fez. Um pouco mais do homem foi revelado. Ela podia ver seus ombros agora. —Sua tia?—, Perguntou ele. Gina assentiu. Cabeça, ombros, a maior parte do peito e os braços até os cotovelos. Ele vestia uma desgastada camiseta roxa com um avental azul-e-branco jogado livremente sobre ele. —Sua tia Margaret? —Sim. Tudo mudou muito rapidamente. De repente, todo o homem apareceu, e Gina viu-se forçada a uma cadeira. —Eu sou Paul!— Disse o homem, dando um passo para trás do bar e produzindo um pequeno copo e uma garrafa de bebida amarelada. —Maravilhoso! Deixa-me lhe conseguir uma bebida. Após a outra noite, Ginny não tinha desejo por outra bebida. —Eu realmente não...— Ela começou. —Não, não. Lillet*. Muito bom. Light. Gosto adorável. E um pequeno pedaço de laranja. *O Lillet é um aperitivo licoroso à base de vinhos rigorosamente seleccionados (85%) e licores de frutos (15%) obtidos após vários meses de maceração no álcool de frutos (laranjas doces do Sul da Espanha, laranjas amargas de Haiti, laranjas verdes de Marrocos ou da Tunísia, quinquina do Peru). É estagiado de maneira tradicional: em barris de carvalho. Ele pronunciou isso como aw-Runge. Plunk (Som da laranja caindo no copo). Um pedaço de casca de laranja ia ao vidro. Ele empurrou-a e observou atentamente enquanto Ginny tomava um cauteloso gole. Tinha gosto bom. Tipo de flores.


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—Agora, vou ser honesto com você—,ele disse, servindo-se alguns dos Lillet e, em seguida, sentando à sua frente. —Eu não tinha tanta certeza sobre a sua tia. Ela me mostrou essas coisas que ela desenha. Cachorrinhos. Mas espere! Algo para comer. Venha comigo. Ele acenou a cozinha para Ginny, que era um espaço do tamanho de um armário um pouco além do bar. E lá, enquanto ele enchia um prato com vários itens retirados do frigorífico - frango frio, alface, queijo, ele explicou que o estranho trabalho de pintura da tia Peg tinha transformado um restaurante de quatro mesas em uma altamente desejável boutique restaurante de quatro mesas com uma longa lista de reserva. —Foi uma coisa estranha— ele disse. —Essa mulher que eu não conhecia, oferecendo-se para ficar no meu restaurante. Para dormir no meu pequeno restaurante. Para fazê-lo novo, para cobri-lo com fotos de cães. Eu deveria tê-la jogado para fora! —Por que você não fez?— Ginny perguntou. —Porquê?, Ele repetiu. Ele olhou para cima e em volta para as paredes alegremente decoradas. —Eu não sei por quê. Eu suponho que ela parecia ter tanta certeza. Ela tinha um jeito. Ela tinha um encanto feminino... Você não sente ofensa a isso, você entende. Ela tinha uma visão, e quando falava, você acreditava. E ela estava certa. Muito estranho, mas certa. Muito estranho, mas certa. Esta provavelmente foi a melhor descrição de sua tia, que Ginny nunca tinha ouvido. Depois de estar cheia com almoço e um pouco de maçã com creme, Ginny foi educadamente expulsa para que Paul pudesse se preparar para a noite. —Diga Olá para sua tia, por mim!—, ele Disse alegremente. —E volte! Volte mais vezes! —Eu vou—, Ginny disse, o seu sorriso falhando um pouco. Não havia nenhum ponto para corrigi-lo sobre a tia Peg. Em sua mente, ela ainda estava muito viva, e ela não via razão pela qual não devesse permanecer assim para alguém. Ela caminhou de volta para o albergue em pânico, sentindo-se irritada com as multidões de fim de tarde e o peso de sua bolsa. Por alguma razão, Paris não era encantadora para ela agora.


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Era grande e barulhenta e lotada e tinha muita coisa neles. As ruas eram muito pequenas. As pessoas falando em seus telefones muito desatentamente. Algo sobre a reação de Paulo a afundou completamente. Ela queria voltar para sua solitária, barulhenta cama, no quarto onde as outras meninas a ignoravam. Ela queria voltar para lá e chorar. Só ficar ali a noite toda e não fazer nada. Não havia nada que poderia fazer de qualquer maneira. Ela não vivia aqui. Ela não conhecia ninguém. Ela empurrou a porta com cercas de ferro e mal notou quando a mulher no balcão deu-lhe um leve sorriso. Na verdade, ela quase não reconheceu a voz que a chamou da direção dos computadores. —Oi! Disse. —Um louco aqui!


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Capítulo 21 Uma noite na cidade —Onde você estava?— Keith cumprimentou-a. —Eu fiquei sentado lá fora durante duas horas. Você sabe quantos cães tentaram... Esqueça.— Ginny estava muito espantada para falar. Era definitivamente ele. Alto, magro, o cabelo castanho avermelhado que conseguia ser tanto desalinhado como perfeito, as luvas de ciclismo. Ele cheirava um pouco mais azedo do que o habitual. —Olá, Keith,— ele provocou. —Como você está? Oh, não posso reclamar. —Por que você está aqui? Quero dizer... —Um dos bilhetes que você comprou para o show,— disse ele. —Eu os levei até o escritório internacional, lembra? Um estudante de teatro francês levou um. Na escola deles acontece um festival e um dos shows caiu completamente, então eles nos pediram para vir no último minuto. Arrumar o local. Dirigir. O destino claramente nos quer juntos.— —Oh.— Ela mudou de pé para pé. Piscou. Ele ainda estava lá. —Eu posso ver que você está impressionada,— ele disse. —Pra que sua tia louca colocou você aqui, afinal? —Eu tive que ir a um café,— ela disse. —Café? Agora que estamos falando. Estou morrendo de fome. Nós não estamos atuando hoje à noite. Nós poderíamos comer algo. A menos, claro, que você esteja ocupada comprando todos os lugares da casa de ópera de Paris. Mesmo que ela tivesse acabado de passar a maior parte da tarde comendo, Ginny não disse não. Ela e Keith passaram as próximas horas caminhando. Keith parou em quase todas as barracas de crepe que via ao longo do caminho (e havia muitas) e ordenou um grande, bagunçado bolso cheio de tudo. Ele comeu enquanto caminhava, contando tudo sobre o show. Sua principal novidade, no


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entanto, era sobre David e Fiona, que tinham voltado a ficar juntos, para a decepção dele. Ficou escuro, e eles ainda estavam caminhando. Andaram ao longo do rio, passando por muitas pontes. Eles cruzaram e atravessaram um pequeno bairro e assistiram as pessoas nos cafés, que os assistiam de volta. Em seguida passaram por uma alta cerca e pelo que parecia um parque. —Cemitério!— Keith disse. —Cemitério! Ginny se virou para ver Keith pulando, agarrando-se no topo, e fazendo seu caminho por cima da cerca com facilidade, mesmo com o pacote de Ginny em suas costas. Ele sorriu para ela de trás das barras. —Aqui vamos nós,— ele disse, indicando a escura extensão de monumentos e árvores ao seu lado. —Aqui vamos nós o quê? —É um cemitério de Paris! Eles são os melhores. Cinco estrelas. —E o que tem isso? —Só venha dar uma olhada pelo menos. —Não podemos estar ai dentro! —Nós somos turistas! Nós não sabemos. Venha. Suba. —Nós não podemos! —Eu tenho sua bolsa,— ele disse, virando-se para mostrar. Parecia haver nenhuma escolha. —Se eu for, me prometa que vamos apenas olhar ao redor e, em seguida vamos embora. —Eu prometo. Não foi tão fácil para Gina subir por cima da cerca. Havia nada para colocar o pé. Ela tinha que continuar pulando e tentando pegar na parte superior. Finalmente ela chegou ao topo, mas não tinha idéia de como começar a descer. Keith finalmente convenceu-a a balançar a perna por cima ou ela definitivamente


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iria ser pega. Ele quase conseguiu pegá-la quando ela se atirou para baixo e foi muito bom em ajudá-la a levantar do chão. —Agora, ele disse, —Não está melhor? Vamos! Ele correu para as sombras das árvores escuras e estatuas. Ginny seguiu hesitante e encontrou-o empoleirado em um monumento moldado como um livro gigante. —Sente-se,— ele disse. Ela sentou-se cautelosamente na página oposta. Keith dobrou os pés para cima e olhou em volta, satisfeito. —Eu e meu amigo Iggy fomos a um cemitério uma vez...— Ele começou, e depois parou. —Sobre aquilo na Escócia, o brinquedo,— ele disse. —Você ainda está brava sobre aquilo? Ela desejou que ele não tivesse mencionado isso. —Esqueça isso,— ela disse. —Não. Eu quero saber. Eu sei que não deveria ter pegado. Alguns velhos hábitos custam a morrer...— —Isso não é um hábito. Morder as unhas é um hábito. Roubar coisas é um crime.— —Você já me fez esse discurso. E eu já sei. Eu só pensei que você gostasse disso. Ele balançou a cabeça, em seguida empurrou-se ao largo do monumento. —Espere,— disse Ginny. —Eu sei, eu só... é roubar. E foi Mari. E Mari foi como a guru da minha tia ou algo assim. E eu não roubo. Eu não estou dizendo que você é uma pessoa má, ou... Keith passou por cima para a sepultura ao lado, que era um apartamento de pedra no chão. Ele começou a pular e agitou seus braços. —O que você está fazendo?— Ginny perguntou.


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—Eu estou dançando no túmulo desse cara. Você sempre ouve falar de pessoas dançando em sua sepultura, mas ninguém o faz. Uma vez que ele tirou aquilo do seu sistema, ele voltou e ficou na frente dela. —Você sabe o que você não me contou?— ele perguntou. —Você não me contou do que sua tia morreu. Sei que este pode ser um mau lugar para se perguntar, mas... —Um tumor cerebral,— Ginny disse rapidamente, enterrando o queixo em suas mãos. —Ah. Desculpe. —Está tudo bem. —Ela estava doente há muito tempo? —Eu acho que não. —Acha que não? —Nós não sabíamos,disse Ginny. —Nós só descobrimos depois. Ele se sentou ao lado dela novamente em outra página do livro, em seguida girou em torno para ter uma melhor vista. —O que você acha que é isso?— ele perguntou. —Espere. Ele se inclinou perto das letras entalhadas. —Vamos dar uma olhada nisso, ele disse. —Vire-se. Ginny se virou indiferentemente e olhou para baixo. —O quê?— ela disse. —É Shakespeare, em francês. É um sangrento Romeu e Julieta. E se não estou enganado... — Ele olhou para a escrita por um momento. —Eu acho que isso faz parte da cena cripta, onde ambos morrem. Eu não tenho certeza se isso é romântico ou assustador. Ele pegou as letras esculpidas com o dedo. —Por que você me perguntou como ela morreu?— Ginny disse.


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—Não sei,— ele disse, olhando para cima. —Parecia uma questão relevante. E eu percebi que tinha que ser alguma coisa... bem... a longo prazo. Parece que havia um monte de planejamento envolvido com as letras, o dinheiro... —Você só quer ficar perto de mim por causa do dinheiro? Ele se sentou, cruzou as pernas e se virou para encará-la diretamente. —O que exatamente significa isso?— ele perguntou. —Você acha que eu estava interessado só nisso? —Eu não sei. É por isso que eu perguntei. —O dinheiro era bom,— disse ele. —Eu gostei de você porque você estava louca. E você é linda. E muito sã e linda para uma pessoa louca. Ao ouvir a palavra ‗linda‘ (duas vezes, de fato), ela perfurou seus olhos nas esculturas. Keith estendeu a mão e ergueu o queixo dela. Ele lhe deu um longo olhar, então lentamente enfiou a mão atrás de seu pescoço. Ginny sentiu seus olhos fechando, uma espécie de fusão por todo o seu corpo e, em seguida a sensação de ser guiada para baixo na dobra do livro ao lado dele. Mas desta vez, ao contrário de Beppe, isso não era estranho ou indesejável. Era apenas morno. Ela não tinha certeza de quanto tempo tinha passado quando ela percebeu a luz tentando se infiltrar pelo meio de suas pálpebras fechadas. Uma forte, bem dirigida luz. —Isso não pode ser bom,— disse Keith novamente, sua boca ainda pressionada contra a de Ginny. Uma onda de pânico percorreu Ginny. Ela sentou-se e endireitou sua blusa. Havia uma figura de um homem na base do monumento. Porque ele tinha uma lanterna direcionada sobre eles, era impossível ver quem era ou como se parecia. Ele falou com eles rapidamente em francês. —No parlez— Keith coçou sua cabeça. (Não fale em francês!) O homem virou a lanterna para o chão. Uma vez que seus olhos se recuperaram do brilho, ela viu que ele estava fardado. Ele os chamou para baixo. Keith jogou a Ginny um sorriso e deslizou para baixo, aparentemente satisfeito com o rumo dos acontecimentos.


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Ginny não conseguia se mexer. Ela tentou cavar os dedos na pedra, alcançar as letras rasas esculpida ali. Seus joelhos estavam congelados em meio movimento. Talvez o policial não a tivesse visto... Talvez ele fosse estúpido ou quase cego, e ele pensaria que ela fazia parte da escultura. —Venha!— Disse Keith, muito alegremente para seu conforto. Ele a guiou pelo cotovelo e a içou até a sua mochila. O homem caminhou por um caminho, iluminando o caminho com sua lanterna. Ele não fez nenhuma tentativa de falar. Ele os levou a uma pequena guarita redonda, onde ele pegou um walkie-talkie. —Oh meu Deus,— ela disse, escondendo o rosto no peito de Keith para bloquear a vista. —Oh meu Deus. Vamos ficar presos na França. —Nós só podemos esperar, disse Keith. Rápido francês. Ela ouviu o walkie-talkie sobre a mesa e as páginas sendo passadas em um livro. Tilintar de chaves. Ruídos eletrônicos de algum tipo de sensor. Então eles estavam se movendo novamente. Ela não sabia onde, porque ela decidiu simplesmente manter os olhos fechados e seu corpo escondido perto do de Keith. Não haveria telefonemas para New Jersey – talvez eles pudessem colocá-la em um avião para casa agora. Ou talvez ela estava indo direto para uma prisão de Paris cheia de prostitutas francesas com seus cigarros, meias arrastão e acordeões. Rangido de ruído. Movimento. Ela se agarrou mais forte em Keith, cavando os dedos em seu braço. Eles pararam. —Você pode abrir seus olhos agora,— ele disse, puxando seus dedos cuidadosamente de seu braço. —E eu realmente gostaria de manter isso, se você não se importa.


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Querida Ginny,

Sabe o porquê de eu gostar tanto da Holanda? Porque uma parte dela nem deveria estar lá. História verdadeira. Eles estão constantemente tentando manter o mar na baía, e eles criam novas terras através de drenagem e movendo a terra de um lado para o outro. Água corta o país inteiro - e canais cortam por toda Amsterdam. É um milagre que eles conseguem manter aquele lugar sem afundar.

Você tem que ser bem inteligente para fazer isso. E mais, mostrar muita determinação. Não me surpreende que os holandeses também mudaram a pintura para sempre. Lá por 1600, os holandeses pintavam quadros que pareciam fotografias. Eles capturavam luz e movimento de jeitos que nunca haviam sido vistos antes. Há também as pessoas que gostam de relaxar, fumar e tomar um café e mergulhar as batatas fritas na maionese.

Quando eu terminei de pintar o Café, eu senti que Paris já tinha terminado para mim. O que é uma coisa ridícula para se sentir se você for pensar. Não dá para cansar de Paris. Eu acho que estive em um lugar só por muito tempo (dormindo no chão atrás do bar pode ser um pouquinho claustrofóbico).

Eu tive um bom amigo, o Charlie, que eu conhecia de Nova York. Ele é nativo de Amsterdam, e ele vive em uma casa no canal em Jordan, que é um dos bairros mas aconchegantes e bonitos de toda a Europa. Eu decidi que queria ver um rosto conhecido, então foi para lá que eu fui. Era para lá que eu queria ir. O Charlie vai te mostrar a verdadeira Amsterdam. O seu endereço é Westerstrat, nº 60.


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Há outra tarefa. Você tem que ir no Museu Rijks, que é o maior museu de Amsterdam. Uma das melhores pinturas do mundo, a The Night Watch do Rembrandt, está lá. Ache o Piet e pergunte a ele sobre.

Amor, Sua Tia Fugitiva


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Capitulo 22 O Melhor Hotel em Paris Eles estavam na calçada, ela ainda segurava o seu braço, só que não tão apertado. —Nós não estamos presos?— ela pergunta. —Não,— ele diz. —É Paris. Você acha que prendem pessoas por beijar? Você estava preocupada? —Um pouco! —Por quê? Ele parecia verdadeiramente perplexo. —Porque nós fomos parados pela policia francesa por indecência em público, ou arrombar uma sepultura ou qualquer outra coisa!— ela diz. —Nós poderíamos ser deportados. —Ou pedirmos para o guarda parar de nos vigiar. Eles caminharam por ruas tranqüilas de lojas fechadas. O relógio de neon do lado de fora de uma loja dizia que passava pouco das onze. —Oh meu Deus,— ela diz. —Eu perdi o toque de recolher. Estou trancada para fora. —Oh, querida....— Ele puxa um bilhete do metrô do bolso. —Bem, tenha uma boa noite. —Você está me deixando aqui? —Qual é,— ele diz, gentilmente passando os braços por seus ombros. —Eu faria isso com você? —Provavelmente. —Volte comigo se quiser. Tem algum espaço no chão do quarto.


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O trem para onde Keith a estava levando era um trem de subúrbio, e o comboio não estaria funcionando até a manhã. Ele colocou as mãos no bolso e sorriu. —Então, ela disse, — e agora? —Nós andamos por aí procurando algum lugar para ficar. E se nós, tipo, nos sentarmos em algum local, podemos nos deitar. —Na rua? —Preferencialmente não na rua. De preferência em um banco. Talvez na grama. Embora, seja Paris. Sem falar dos milhões pequenos cães vem fazer na grama. Banco, então. Estações ferroviárias são boas. Eu sei que você diz que não é rica, mas agora seria uma boa hora de você usar a sua reserva de dinheiro e nos conseguir um quarto no Ritz. —Minha tia estava quebrada aqui,— ela diz, um pouco na defensiva. —Ela morava no andar de cima de uma cafeteria, atrás do bar. —Eu estava brincando, ele disse. —Relaxa. Eles caminharam por um longo tempo em silencio, até que pararam em um dos parques mais importantes – um verdadeiro há essa hora. —Sabe onde eu penso que nós estamos?— Keith pergunta. —O Tuileries35. Normalmente ela teria medo de entrar em um parque a noite, mas depois de ter acabado de ser pega pela policia em um cemitério escuro, as largas passagens ao luar e as brancas fontes não pareciam assim tão preocupantes. Foi difícil enxergar onde estavam indo, mas eles poderiam seguir o barulho do esmagar do cascalho que eles estavam caminhando. Eles chegaram ao grande circulo do parque. Havia fonte no centro e bancos ao redor. —Aqui estamos nós, Keith disse. —Nosso hotel. Eu vou mandar o carregador pegar nossas malas. 35

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b8/Paris_Tuileries_garden_seen_from_Lo uvre_DSC00894.jpg


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Ele empurrou a mala de Ginny em um dos bancos e deitou a cabeça em uma das extremidades do mesmo. —Travesseiro, ele diz. —Sinal de qualidade. Ginny se deitou na direção oposta. Ela olhou para a silhueta escura das árvores acima deles. Pareciam mãos sombrias ao chegarem ao céu. —Keith? ela perguntou. —Sim? —Apenas checando. —Ainda aqui, um louco. Ela sorri. —Você acha que poderíamos ser assaltados e assassinados? —Espero que não. Ela queria perguntar mais alguma coisa, mas antes que ela pesasse no que era, ela já estava dormindo. Ginny ouviu um barulho em sua cabeça, mas seu corpo não tinha nenhuma vontade de se mexer. Ela mal tinha vontade de abrir os olhos. Ela olhou para o relógio. Eram dez. Ginny estendeu a mão para tocar o ombro de Keith. Ele tinha os braços cruzados fortemente sobre o peito, e ele parecia tão relaxado que ela não queria acordá-lo. Ela se sentou e olhou ao redor. As pessoas andavam ao redor do parque agora. Ninguém parecia notá-los. Ela rapidamente se levantou e esfregou o rosto, tentando se livrar de qualquer remela ou baba. Ela checou se seu cabelo estava bem. Eles pareciam mais ou menos intactos. Fora o fato de ela se sentir um pouco pegajosa (que ela achou era algo a se esperar depois de dormir em um banco a noite toda, embora ela realmente não conseguia dizer por que), ela estava em muito boa forma. Limpeza total tinha se tornado uma realidade tão distante, que a sua perspectiva sobre todo o assunto tinha mudado. Algumas das pessoas estavam andando com seus cães ou simplesmente passeando. Ninguém parecia se importar por eles estarem usando um banco como cama.


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Keith acordou e se sentou lentamente. —Certo, ele disse. —Cadê o café-da-manhã? Eles encontraram um pequeno café na rua que tinha uma enorme pilha de doces na janela. Logo eles estavam sentados em frente a três xícaras de café expresso (todos de Keith), café au lait36 e uma cesta de pão au chocolat37. Quando ele não estava empurrando pão doce garganta abaixo, Keith estava enchendo Ginny com todas as coisas sobre show. —Estamos apenas terminando aqui, ele disse, — então nós vamos para a Escócia logo voltarmos. Oh, caramba esse não é tempo. Ele se levantou. —Olha, ele disse, —sinto muito... mas eu tenho que voltar. Tenho um show para essa tarde. Deixe-me um telefone. Deixe-me saber como está indo. Ele estendeu a mão pegando a mão dela, então pegou uma caneta do bolso. —Poderemos manter contato,— ele disse, escrevendo alguma coisa sobre o dorso da mão dela. —Meu IM. —Ok, ela disse, incapaz de esconder a queda em sua voz. Ele pegou sua bolsa e saiu porta fora. Seu corpo ficou pesado instantaneamente. Ela estava sozinha novamente. Quem saberia se ela voltasse a Inglaterra e veria Keith novamente? Automaticamente, ela estendeu a mão na parte da frente da mochila e pegou os envelopes. O elástico estava ficando frouxo agora. O desenho do #9 era desenhado com tinta escura. Tinha o desenho de uma menina com tranças vestida com uma saia no canto esquerdo. Sua sombra era longa, correndo na diagonal por toda a extensão do envelope. Ela pegou seu notebook.

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au lait é leite em Francês, então a tradução literal seria —leite com café,— mas acho que assim ficou mais legal. 37

au chocolat é chocolate, então a tradução literal seria —pão com chocolate


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7 de Junho. 10:14 a.m, mesa do café, Paris.

Mir, Keith esteve AQUI, Em PARIS. E ELE ME ENCONTROU. Eu sei que isso soa impossível, mas é a verdade, e não é magicamente realmente explicável. Mas o que realmente importa é que nós fomos a um cemitério e dormimos em um banco. Só esqueça isso. De jeito nenhum isso pode ser explicado em uma carta. Exige ser dito pessoalmente e com muitos gestos. Basta dizer que eu o amo totalmente, e ele acabou de andar totalmente para fora do café e eu posso nunca mais o ver novamente... e eu sei como isso soa como o grande final de um filme, mas na vida real, é um saco. Eu quero segui-lo. Eu quero ir ao show dele e só ficar na calçada para ele tropeçar em mim. Ok? É patético como estou agora. Você deve estar emocionada. Eu se que não tenho o direto de reclamar. Eu sei que você ainda está em Nova Jersey. Por favor, saiba que eu penso em você 75 por cento do dia.

Amor, Ginny.


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Capítulo 23 Charlie e as maçãs Amsterdam era úmida. Para começar a estação central de trem era esmagada no meio de um tipo de entrada e era toda rodeada por água, o que para Ginny não parecia o tipo de lugar que deveria estar uma estação de trem. Um canal estreito a dividia da rua principal que cruzava. Ginny fez o seu caminho por este canal. De lá, inúmeras pequenas pontes se espalhavam pelos canais que faziam uma teia por cada rua. E ainda mais, estava chovendo - um chuvisco lento e uniforme que ela mal podia ver mas que a molhou em minutos. Paris tinha sido ampla, com grandes prédios e palácios brancos e perfeitos e coisas que se pareciam com palácios, mas que provavelmente não eram. Amsterdam parecia uma pequena vila em comparação. Tudo era de tijolo vermelho ou pedra e térreo. E o local estava lotado - era uma colméia. Mochileiros, ciclistas, pessoas, carros, barcos... Todos fazendo seu caminho pela névoa. Westerstrat não era muito longe da estação de trem. (Isto era de acordo com o mapa grátis que ela tinha acabado de ganhar na estação de trem. As regras diziam que ela não poderia trazer um, mas não dizia nada sobre arrumar um lá. Ela não acreditou que ela não tinha percebido isso antes.) Para sua surpresa ela conseguiu encontrar o endereço com pouca dificuldade. (Isto era o que ter um mapa fazia.) A casa era uma de uma fila de casas no canal, com grandes janelas frontais sem persianas ou cortinas que cobrissem o que estava acontecendo lá dentro. Três cachorrinhos Pug perseguiam um ao outro no chão, e ela podia ver muitas pinturas abstratas a óleo penduradas na parede, uma sala cheia de móveis e tapetes grossos e xícaras de café numa mesa baixa. Esperançosamente isso queria dizer que o Charlie estava em casa, porque se o Charlie estivesse em casa, isso queria dizer que logo ela estaria quente e seca.


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Enquanto ela batia na porta, ela já podia sentir-se trocando de roupa. Meias primeiro, depois talvez as calças. A camiseta dela ainda estava meio seca debaixo da blusa de lã. Um jovem japonês atendeu a porta quando ela bateu e disse algo em holandês. —Desculpe, ela disse devagar. —Inglês? —Eu sou americano,— ele disse, sorrindo. —O que eu posso fazer por você? —Você é o Charlie? —Não, eu sou o Thomas. —Estou procurando o Charlie,— ela disse. —Ele está em casa? —Casa? Ginny checou o endereço na carta novamente, e então olhou para o número em cima da porta. Eles combinavam. Mas só para ter certeza, ela entregou o papel ao Thomas. —Esse lugar é aqui? ela perguntou. —Este é o endereço certo, mas ninguém chamado Charlie mora aqui. Ginny não tinha certeza de como processar essa informação. Ela ficou parada na porta sem ação. —Nós mudamos mês passado,— Ele disse. —Talvez o Charlie estivesse aqui antes? —Certo, Ginny concordou. —Bem, obrigada. —Sinto muito. —Ah, não.— Ela ajeitou o rosto para não parecer que ela fosse explodir em lágrimas a qualquer momento. —Não tem problema.— Poucas coisas que Ginny já havia experimentado parecia tão melancólico quanto ela caminhar pesadamente sozinha de Westerstrat sem um destino particular em mente, no que estava se tornando na realidade uma chuva forte. O céu cinzento parecia estar há cinco metros acima dos prédios baixos, e toda vez que ela desviava de uma bicicleta, outra parecia mirar nela. A mochila encharcada ficou mais pesada e pequenos


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riachos estavam escorrendo no seu rosto e em seus olhos. Logo ela estaria tão molhada que não importaria mais. Ela nunca mais ficaria seca. Isto seria permanente. O ponto de estar aqui em Amsterdã parecia ter apenas escapado, com exceção de uma curta viagem a um museu. Seja qual for a sabedoria que Charlie queria transmitir tinha ido embora. Não havia falta de albergues na área ao redor da estação. Todos eles tinham uma incompleta aparência, com sinais que mais pareciam que estavam para lojas de skate do que lugares para ficar. Ela tentou algum, mas eles estavam todos cheios. Finalmente, ela entrou em um chamado A Maça. A frente da Maça era um pequeno café. Havia vários sofás velhos, junto com cupidos de gesso decorando o gramado, banheiras pra pássaros cheio de flamingos cor de rosa chiclete. Havia um álbum reggae tocando, e o penetrante cheiro doce de incenso barato pairava no ar. Brilhantes listras verde, amarelo e laranja - as cores da bandeira jamaicana, percorriam ao longo da parede, junto com vários cartazes do Bob Marley pendurado em ângulos estranhos. Era como viver em um armário de Stoner.(Confere-It was like living in a stoner‘s locker.) Este café também servia como o balcão de recepção. Eles tinham um quarto, enquanto Ginny estivesse disposta a pagar por duas noites. —Quarto quatorze, o cara disse, rabiscando alguma coisa em um cartão de índice. —No terceiro andar. Ginny nunca tinha visto um conjunto de escadas íngremes em sua vida - e havia cerca de um milhão deles. Ela estava completamente sem ar quando ela chegou ao seu piso, que era apenas no terceiro andar. Os números dos quartos estavam dentro de fotos de vaso de folhas pintadas nas portas. Foi só quando ela estava em pé na frente do quarto quatorze que percebeu que não tinha sido dada uma chave. Ela logo sabia o porquê, a porta não tinha fechadura. O que atingiu Ginny primeiro era o forte cheiro de mofo e o inquietante pensamento que se ela tocasse o tapete, ele provavelmente iria estar úmido. Havia muitas camas no quarto, cada uma coberta com uma camada de plástico. Uma menina estava deitada em um destes, apressadamente empurrando coisas em sua mochila. Ela puxou-o em suas costas e fez seu caminho rapidamente até a porta.


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—Certifique-se que eles lhe darão o seu depósito de volta, ela disse em seu caminho para fora. —Eles vão tentar mantê-lo. Uma rápida olhada explicou muita coisa. Inquilinos anteriores haviam deixado seus comentários para que todos possam ler. Havia rabiscos em todas as paredes, pequenas mensagens de castigo como, meu passaporte foi ROUBADO daqui (com uma pequena seta), Bem-vindo ao Motel Hell, Obrigado pela leprose! e o filosófico, Fique parado e você pode estar bem. Tudo estava quebrado, um pouco ou completamente. A janela não abria muito, nem fechava de volta. Não havia nenhuma lâmpada no suporte de luz. As camas eram como mesas de restaurante trêmulas, equilibrado com pedaços de papelão. Alguns tinham objetos estranhos no lugar de uma perna inteira, e um dos beliches estava completamente em colapso. Acima dessa cama alguém tinha escrito em enormes letras: Suite Nupcial. Ela correu para dentro e para fora do banheiro antes de seu cérebro pudesse tirar uma boa foto do horror que ela encontrou dentro. A melhor oferta de cama parecia ser que a seta do passaporte roubado estava apontando. Ela tinha todas as suas quatro próprias pernas, e o colchão parecia relativamente limpo. Pelo menos não podia ver as marcas através do plástico (que não era o caso de alguns dos outros). Ela rapidamente jogou o lençol por cima, de modo que não seria capaz de olhar para ele de muito perto. O armário no final de sua cama não tinha fechadura, e uma das dobradiças estava presa. Ela abriu. Havia uma coisa nele. A coisa poderia ter sido um sanduíche em algum ponto, ou um animal, ou uma mão humana... Mas o que tivesse sido, agora era difuso e pútrido. Um minuto depois, Gina estava descendo as escadas, saindo pela porta, indo embora.


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Capítulo 24 Sem teto, com saudades de casa, e doente Não havia nada a fazer senão comer. Em silencio no pequeno armazém ela olhou para as fileiras e fileiras de batatas fritas e gomas. Ela pegou um saco enorme de algum tipo de biscoito recheado chamado Stroopwaffle que estava à venda. Pareciam minúsculos waffles colados com xarope. Era como um tipo de comida. Ela levou os biscoitos para fora e sentou em um banco, ficou observando os barcos de aluguel e os ciclistas passarem. Havia cheiros repugnantes que ela não suportava. Uma sensação de desconforto se arrastou por toda a sua pele e um sentimento de contaminação permanente. Nada parecia limpo. O mundo nunca mais seria limpo novamente. Ela guardou na bolsa a embalagem fechada e foi procurar outro lugar para ficar. Amsterdam estava cheia. Ginny andava em todos os lugares onde ela imaginava, pelo menos, um pouco mais seguro com o Apple. Os únicos lugares que tinham quartos livres estavam muito fora de sua faixa de preço. Por sete horas, ela estava ficando desesperada. Ela tinha andado muito longe do centro da cidade. Havia uma pequena casa no canal, feita de pedra cor de areia, com cortinas brancas e flores nas janelas. Parecia o tipo de casa onde uma velha senhora bonita poderia viver dentro. Ela teria passado direto, se não fosse a placa azul luminosa, que dizia: HET KLEINE HUIS pousada e hotel AMSTERDAM. Esta era sua última tentativa. Se esta falhasse, ela poderia voltar para a estação de trem, sabendo que ela tinha feito tudo que podia. Não que ela soubesse onde iria a partir daí. Por causa de sua mochila, ela teve que se apertar lateralmente para passar no corredor estreito, o que a levou a um hall de entrada que não era muito mais do que o próprio corredor. Havia uma janela aberta, atrás da qual estava uma mesa, e por trás o que parecia uma cozinha de família. Um homem saiu para atendê-la e pediu desculpas, mas ele não tinha mais nada. Ele tinha acabado de alugar o último quarto não fazia muito.


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—Não tem lugar para ficar?— Era uma voz americana. Ela se virou para ver um homem na escada, um guia na mão. —Tudo está muito cheio, disse ela . —Você está sozinha? Ela assentiu com a cabeça. —Bem, não podemos deixá-la sair de volta para na chuva sem ter para onde ir. Espere um pouco. Ele voltou para as escadas. Ginny não tinha certeza de que ela concordava em ficar, mas mesmo assim ela esperou. Ele voltou um momento depois, um sorriso largo no rosto. —Ok, disse ele, está resolvido. Phil pode ficar na nossa sala com a gente, e você pode compartilhar o quarto com Olivia. Nós somos os Knapps, a sua disposição. Somos de Indiana. Qual é seu nome? —Ginny Blackstone, ela disse. —Bem, oi, Ginny. Estendeu a mão e apertou a Ginny. —Venha conhecer a família! Você está conosco agora! Olivia Knapp, nova companheira de quarto de Ginny (Suas iniciais são OK! Sr. Knapp disse. —Então, basta chamá-la OK, ok? ), era uma menina alta, com cabelo curto loiro dourado, tinha olhos grandes como de uma corça e azuis, com um bronzeado assustadoramente uniforme. A família toda tinha o cabelo curto que, escorrido, se vestiam exatamente como os guias recomendavam, peças simples e praticas de fácil manutenção. O quanto que ia partilhar com Olivia estava longe do que ela tinha desocupado às pressas pela manhã. Era um quarto extremamente estreito, mas estava limpo e decorado para uma menina, de estilo suave, com papel de parede com listras rosa-e-marfim e um jarro cheio de tulipas vermelhas e cor de rosa no peitoril da janela.


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O melhor de tudo, ele tinha duas camas com edredons macios brancos que ainda segurava o cheiro persistente de detergente. Olivia estava quieta. Ela jogou suas coisas na cama e rapidamente esvaziou. (Foi um trabalho metódico, Ginny percebeu. Cada centímetro da sacola perfeitamente utilizado. Nenhum excesso de bagagem) encheu duas das quatro gavetas e, em seguida, acenou para Ginny, indicando que as outras duas eram dela. Se ela achava que era estranho que os pais tivessem acabado de convidar uma completa estranha, por cinco dias, ela não demonstrava. Na verdade, Ginny rapidamente teve a impressão que esse tipo de coisa que aconteceu com eles, já tinha acontecido muitas vezes e eles simplesmente não notavam mais. Olivia deitou na cama, colocou fones de ouvido, e esticou as pernas até o teto. Ela não se mexeu até que a Sra. Knapp chegou e nos chamou para o jantar. Mesmo que ela não tenha comido durante todo o dia, a comida ainda não parecia uma boa idéia para Ginny. Os Knapps tentaram persuadi-la por alguns minutos, mas acabaram adotando o ―eu estive viajando por um tempo e não tenho nenhuma vontade‖ desculpa. Quando eles saíram, ela não estava mesmo muito certa porque não tinha ido com eles. Algo em seu intimo queria ficar neste quarto pequeno. Ela abriu sua mochila e tirou sua roupa molhada (não impermeabilizada). Ela organizou esses sobre o criado-mudo. Ela entrou no banheiro e tomou um longo banho quente escaldante. (Sabonete! Toalhas!) ela fez um esforço cuidadoso para não esfregar sua tatuagem de tinta, que estava começando a desbotar um pouco. Ela se sentou em sua cama, curtindo o resplendor quente em sua pele e a sensação de limpeza, e questionou o que fazer. Ela olhou ao redor do quarto. Ela podia tentar lavar algumas roupas na pia. (Ela não tinha lavado nada desde Londres, e isso foi se tornando um problema.) Ela podia sair. Mas depois ela viu - Olivia tinha livros e revistas e música e apenas ficou sentada em sua cama. Da maneira como Olivia havia cuidadosamente organizado as coisas dela, Ginny ficou mais do que um pouco desconfiada de tocar em suas coisas. E não estava na natureza de Ginny pegar algo que não lhe pertencesse, sem pedir. Mas o que haveria de mau ela olhar para um livro ou ouvir música por alguns minutos, principalmente porque ela realmente não tinha nada para ouvir ou ler em cerca de três semanas?


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A tentação foi grande demais. Ela trancou a porta e estudou cuidadosamente o arranjo exato de todos os itens. Ela codificou tudo em sua mente. As revistas estavam alinhados com a terceira faixa rosa na parte inferior da cama. Os fones de ouvido estavam descansando em uma forma de estetoscópio, com a direita um pouco abaixo da esquerda. As escolhas musicais de Olivia eram mais nervosas do que Olivia aparentava ser. Ginny ouviu tudo, as coisas folk (country americana) e música eletrônica. . . ela folheou vorazmente as lustrosas revistas. Era tudo tão novo, tão fresco. Ela nem sequer lia esses tipos de revistas em casa, mas agora, ela estava totalmente satisfeita examinar os anúncios de batom e lendo sobre os melhores formas de usar seu biquíni. Havia um barulho na porta. A batida. Ginny arrancou os fones de ouvido em pânico e caiu da cama em sua pressa para reorganizá-los do lado de Olívia como ela tinha encontrado. Fone de ouvido em cima à esquerda? Não. Qualquer que seja. . . ela atirou-o e largou as revistas ao lado deles. Ela teve apenas tempo suficiente para puxar suas mãos longe de coisas de Olivia antes que a porta se abriu. —Que você está fazendo no chão?— Olivia perguntou. —Oh, eu. . . caí da cama—, disse Ginny. —Eu estava dormindo. Eu me assustei. Você voltou mais cedo. . . ou que horas são? —Meus pais começaram a conversar com algumas pessoas, disse Olivia. Ela olhou para as coisas em sua cama. Ela não registrou nenhuma suspeita, mas ela manteve o olhar lá por um tempo. Ginny puxou pelo cobertor e voltou à sua cama. —Assim, OK. . . —Ninguém me chama assim , disse Olivia bruscamente. —Ah. —Suas roupas estão em todo lugar.


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—Elas molharam, Ginny disse, sentindo uma estranha onda de culpa por ser tão úmido. —Eu estou tentando secá-las. Olivia não falou mais nada. Ela pegou o iPod, para examiná-lo de perto. Então ela colocou-o no bolso da frente da bolsa e puxou o zíper. Parecia que o rosnado furioso de uma abelha enorme. Então, ela desapareceu no banheiro. Ginny rolou em direção à parede e apertou os olhos fechados.


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Capítulo 25 Vida com os Knapps

—Hora de levantar, porco-espinho! Ginny teve que fazer um esforço enorme para conseguir abrir suas pálpebras. Ela estava dormindo tão calmamente, e a luz entrava suavemente através das pequenas cortinas. E apesar da sua cama ser estreita, era tão limpa e aconchegante. Agora uma mão estava em sua perna, balançando-a. —Hora de levantar, Miss Virginia! Do outro lado dela, Olivia estava saindo da cama com uma disciplina robótica. Ginny olhou para cima e viu a Sra. Knapp sobre ela. Segurando uma caneca de plástico de viagem. Ela colocou um papel próximo à cabeça de Ginny. —A programação de hoje, ela disse. —Muitas coisas para fazer! Então vamos abrir os olhos e prender os cabelos! Ela abriu de repente as cortinas e acendeu a luz da cabeceira. Ginny olhou o papel com os olhos ardendo e sonolentos. Na parte de cima do papel lia-se: DIA UM: MUSEU. Havia uma planilha de atividades e horários, começando às 6h (acordar) indo até as 22h (para cama!). Entre isso, havia pelo menos dez eventos separados. —Encontro vocês lá embaixo em meia hora? Sra. Knapp gorjeou. —Sim, disse Olivia, já a meio caminho do seu pequeno banheiro. Uma hora depois, eles estavam esperando na praça em frente ao Rijks museum - aparentemente, o maior e pior museu em Amsterdã – pouco antes de sua abertura. Ginny tentou acompanhar a grandiosidade do edifício e ignorar o fato de que um número da rua 42 estava sendo discutido e havia uma chance muito


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real de que os Knapps iam começar a dançar. Felizmente, o museu abriu antes que este pesadelo pudesse se tornar realidade. O Knapps tinha uma ideia muito clara de como eles planejavam lidar com a mais completa coleção de arte e história dos Países Baixos – eles iriam fazer uma série de ataques bem planejados. Esta era uma operação. Assim que eles entraram, pediram a pessoa no balcão de informações para circular as coisas realmente importantes que eles tinham que ver. Então eles arrancaram, guia na mão. Eles caminharam rapidamente através de uma exposição de 400 anos de história holandesa, apontaram algumas cerâmicas azuis e brancas holandesas. Uma vez que eles chegaram à ala de arte, tornou-se um jogo de rápido pega-pega. A missão era simplesmente encontrar as pinturas em seu guia, olhando para elas, em seguida, correr tão rápido quanto possível para a próxima. Felizmente, a terceira parada foi o The Night Watch de Rembrandt38. Não houve nenhum problema em encontrá-lo porque placas em todos os lugares apontavam para ele (e ao contrário do Louvre, as placas pareciam estar dizendo a verdade). Além disso, a pintura era maciça. Ela tomava um bom pedaço de uma parede, se estendia quase até o teto. Incrível, as pessoas na pintura pareciam do tamanho real, embora não ficou muito claro para Ginny o que eles estavam fazendo. Parecia ser um encontro de cavalheiros com grandes chapéus e babados em volta do pescoço, além de alguns soldados com bandeiras enormes, e alguns músicos para uma boa escala. A maior parte da pintura era escura, as figuras na sombra. Mas uma cunha afiada de luz atravessava no meio, iluminando uma figura no centro, dividindo a tela em três seções triangulares. (―Quando duvidar,‖ a tia Peg sempre dizia, ―procure pelos triângulos nas pinturas.‖ Ginny não tinha idéia de por que isso era importante, mas era certa suficiente. Triângulos em toda parte.) —Muito claro, o Sr. Knapp disse. —Tudo bem. Em seguida é alguma chamada Pavões Mortos.... —Posso ficar aqui, então encontrar vocês? Ginny perguntou. 38

The Night Watch (em holandes: De Nachtwacht) é uma obra do pintor holandes Rembrandt van Rijn. A pintura foi terminada em 1642 e pretence ao grupo holandes de retratos de guias de tiro ao

http://www.rembrandtpaintings.org/wp-content/uploads/2009/12/rembrandtnight-watch.jpg alvo.


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—Mas há muitas pinturas para ver, disse a Sra. Knapp. —Eu sei, mas... Eu realmente gosto de olhar para este. Os Knapps não estavam entendendo tudo isso. O Sr. Knapp olhou para o seu guia com os seus muitos círculos. —Tudo bem... disse. —Encontro você na entrada em uma hora. Uma hora. Isso pareceu tempo suficiente para encontrar Piet. O que era uma Piet? Piet era provavelmente uma pessoa, desde que ela tinha de perguntar algo a Piet. Okay. Quem foi Piet? Ela examinou todas as placas de título dos quadros primeiramente. Nada de Piets. Ela se sentou no banco no meio da sala e olhou para a multidão embaralhada passando pelo The Night Watch. Obviamente, ninguém sabia quando ela estaria aqui, então Piet não viria aqui especificamente ao seu encontro. Ela caminhou por todas as salas de exposição adjacentes, leu todas as placas de título. Ela enfiou a cabeça nos cantos, verificou nos banheiros. Nada de Piets em lugar nenhum. Ela não teve escolha senão desistir e se reunir aos Knapps, que havia absorvido a enorme museu para sua satisfação. Eles seguiram para o Museu Van Gogh. A Sra. Knapp tinha agendado apenas uma hora para isso, mas mesmo assim era demais para eles. Eles pareciam cansados em face de tais pinturas revolucionarias e alucinógenas. O Sr. Knapp também sentiu que elas eram ―alguma coisa‖ e murmurou: —O que ele representava? Eles tinham que tomar um bonde para chegar ao próximo museu, o Museu Casa de Rembrandt, que era (como o nome sugere) a Casa de Rembrandt, e do tipo negro e decrépito. O Museu Marítimo veio em seguida (02:30 - 03:30; barcos, âncoras). Eles tinham de quatro até cinco para ver a casa de Anne Frank. Este recebeu um sério ―alguma coisa‖ do Sr. Knapp, mas não abrandou o ritmo alucinante, pois tinham que voltar para o hotel para —Knapptime39— (05:30-06:30). Uma vez que voltaram, Olivia caiu em sua cama, esfregou as pernas furiosamente, enfiou a fones nos ouvidos, e adormeceu. Ginny se esticou também, e mesmo que ela estivesse exausta, não conseguiu descansar. Assim que ela se sentiu à deriva, a porta se abriu, e eles estavam saindo novamente.

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soneca.

N/T: uma analogia à palavra nap time, que em inglês significa hora da


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Eles jantaram no Hard Rock Café, quase todo ocupado com a discussão da namorada fabulosa do Phil. Eles nunca ficaram separados antes, desse modo, Phil teve que fazer uma pausa no final do jantar, para ligar para ela. Quando ele se foi, o Sr. E a Sra. Knapp mudaram de tópico para falar sobre a corrida de Olívia. Correr era a especialidade de Olívia. Ela correu no colégio e ela tinha acabado o seu primeiro ano de faculdade. Ela era enfermeira-chefe, mas, principalmente, ela corria. Enquanto eles estavam fora, Olívia ansiava para fazer uma corrida. Olivia pessoalmente não disse nada disso. Ela só comeu salada de frango grelhado e esquadrinhou o quarto em constante movimento da direita para a esquerda. Depois disso, eles tiveram que se apressar para pegar um barco de turismo com vista do teto de vidro para um cruzeiro noturno, durante o qual os Knapps fizeram alguns destaques do Fantasma da Ópera. (Especificamente, eles explicaram, a cena do barco) Eles não estavam tão altos como estavam na parte da manhã; eles estavam meio que cantando para si mesmos. E depois, felizmente, o dia terminou.


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Capítulo 26 Contatos de Vários Tipos Pelos próximos três dias, Ginny seguiu os Knapps pela sua programação cansativa. Toda manhã, ao amanhecer, havia uma batida, uma sacudida, um bom humor indesejável, e uma página impressa no seu travesseiro. Cada pedacinho de Amsterdam estava separado em pequenos incrementos programados. Os museus. O palácio. A fábrica da Heineken. Cada quarteirão. Cada parque. Cada canal. Toda noite, ela ouvia a Sra. Knapp dizer algo como, ―Sabe, mesmo se você tivesse o mês inteiro, você não poderia fazer justiça à essa cidade.‖ Ginny quase chorou quando ela soube que no dia cinco do tour com os Knapp foi marcado como um 'dia livre'. Phil sumiu depois do café da manhã, e às oito, Olivia já estava colocando suas especiais roupas modernas de corrida. Ginny sentou na cama e assistiu, tentando se convencer a não se deitar novamente e dormir o dia inteiro. Ela ainda tinha que encontrar o misterioso Piet e também mandar um bilhete para o Keith. Ela queria fazer isso há dias, mas não havia conseguido escapar por tempo suficiente para isso. —O que você vai fazer hoje? Olivia disse. Ginny olhou para cima e começou. —Eu ia... Mandar um e-mail, ela disse. —Eu também, depois da minha corrida, —Há um grande Ciber Café há algumas ruas de distância. Eu vou lá depois. Se você quiser, nós podemos dividir um vale-transporte. É mais barato desse jeito. Olivia ofereceu as direções para chegar no Ciber-Café, e Ginny foi pra lá depois de permitir-se um longo banho e uma chance de pentear cuidadosamente seu cabelo.


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Após enviar um recado para Keith, Ginny ligou o Messenger e, em seguida, matou cerca de uma hora apenas navegando. Isso parecia como... Drogas... Ainda melhor do que a revista, a música algumas noites antes. Quase a assustou quanto tempo ela perdeu olhando para os mesmos sites estúpidos. Houve um bleep quando Keith ficou on line. Bem, isso não é uma droga?

Adam? , escreveu ela. Amsterdam seu idiota. De repente, o perfil de Miriam se iluminou também. OH MEU DEUS VOCÊ ESTÁ AI? , escreveu ela. Gina quase gritou. Ela, imediatamente, colocou os dedos sobre o teclado para responder, em seguida, puxou-os de volta, como se ela tivesse sido escaldada. Ela não podia se comunicar com alguém dos EUA on-line. POR QUE VOCÊ NÃO ESTÁ RESPONDENDO? Miriam escreveu. Você não pode escrever para mim, pode? OH MEU DEUS. OKAY. SE VOCÊ ESTIVER AI, FAÇA LOGON E LOGOFF REAMENTE RÁPIDO. Ela tentou rapidamente log on e off, mas o computador era lento. Ela gemeu de frustração. Quando ela finalmente voltou, algumas mensagens de Keith rapidamente apareceram.

Olá? eu te ofendi? onde você foi? tenho que ir de qualquer maneira Não, eu estou aqui. . . , ela escreveu.


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Mas era tarde demais. Ele já estava off. Miriam ainda estava lá, no entanto, a janela gritando.

EU ESTOU TOCANDO A TELA. EU SINTO TANTO SUA FALTA. Ginny sentia os olhos lacrimejando. Isso era tão estúpido. Sua melhor amiga estava lá, e Keith tinha ido embora. Ela colocou os dedos nas teclas. Ela começou a digitar rapidamente, uma linha após a outra.

Eu não deveria fazer isso, mas eu não posso suportar isso, Eu sinto sua falta também, as coisas são tão complicadas VOCÊ ESTÁ BEM? OTIMA. EU RECEBI SUAS CARTAS. ONDE ESTÁ Keith? VOCÊ O AMA? Eu acho que ele ainda está em Paris. Ele é apenas Keith. O QUE DIABOS ISSO QUER DIZER? Eu QUERIA ESTAR LÁ. Isso significa que eu provavelmente nunca o verei novamente. POR QUE NÃO? Gina saltou ao ver Olivia de repente sentada ao lado dela. —Pronto?, Perguntou ela. —Hum... Olivia parecia meio impaciente, e culpa de Ginny refletiu em chutá-la

Eu tenho que ir. Estou com saudades. ESTOU COM SAUDADES TAMBEM. Poucos minutos depois, após dar o computador para Olivia, ela estava de volta na rua. O contato súbito a deixou insensível, e ela levou um longo tempo para arrancar-se do seu lugar na calçada, então motos, mochileiros e pessoas em telefones celulares se moverem ao seu redor. Havia ainda algo a ser feito. Onde estava Piet?


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Quem era Piet? Piet estava em algum lugar de volta no museu, de modo que era para onde Ginny se dirigia... De volta para o compacto Rijksmuseum. O que ela perdeu? O que mais estava lá? Pinturas. Pessoas. Nomes. E os guardas. Guardas. As pessoas que olhavam para as pinturas tempo o todo. O guarda nessa sala era um homem sábio de olhar velho com uma barba branca. Gina foi até ele. —Com licença—, disse ela. —Você fala Inglês? —Claro. —Você é Piet? —Piet?, Ele repetiu. —Ele está no estilo de vida do século 17. Três salas para baixo. Ginny praticamente saiu correndo pelo corredor. Havia um jovem guarda com um pequeno cavanhaque parado no canto da sala, brincando com a fivela do cinto. Quando ela perguntou se ele era Piet, ele estreitou os olhos e acenou com a cabeça. —Posso perguntar-lhe sobre The Night Watch? —O que tem?, Perguntou ele. —Só... Sobre isso? Você guarda isso? —Às vezes, ele disse, olhando-a desconfiada. —Será que uma mulher nunca lhe perguntou sobre isso? —Muitas pessoas me perguntam sobre isso, ele disse. —O que você quer? Gina não sabia o que queria. —Qualquer coisa, ela disse. —O que você pensa sobre isso. —É apenas uma parte da minha vida, ele disse com um encolher de ombros. —Eu vejo isso todo dia. Eu não penso sobre isso.


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Isso não podia ser ele. Este era Piet. Este era o Night Watch. Mas Piet apenas mordeu seu lábio inferior e esquadrinhou o quarto, já se separando da conversa. —Certo, ela disse. —Obrigada. De volta ao Het Kleine Huis, Ginny se meteu em sua bolsa e tentou descobrir qual das suas roupas estava mais limpa, o que foi uma decisão difícil. —Eu tenho ótimas notícias!— Sra. Knapp disse, explodindo pela porta sem bater, Ginny se surpreendeu. —Alguma coisa grande para o nosso último dia juntas! Um passeio de bicicleta! Pelo Delft! Nosso divertimento!— —Delft?— Ginny perguntou. —É uma das outras cidades grandes. Assim, descanse bastante hoje! Estaremos acordando cedo! Diga a Olivia a boa notícia! Bang. Porta se fechou. Ela tinha ido embora.


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Capítulo 27 A vida secreta de Olivia Knapp Na manhã seguinte, eles estavam em um bonde indo para o limite extremo de Amsterdã. Gina gostou do bonde. Era como um trem de brinquedo que andava à solta nas ruas. Ela olhou pela janela e viu a Holanda passar - suas casas antigas e canais constantes e as pessoas em sapatos práticos. Uma coisa que Knapps não tinha dito, mas Ginny podia perfeitamente sentir (realmente sentir como se vindo fisicamente pela parte de trás da cabeça) foi que, embora eles gostassem dela o suficiente, eles ficaram contentes de que ela não era sua filha. Ou melhor, se tivesse sido, as coisas teriam sido diferentes. Ela teria se colocado para fora da cama às seis da manhã automaticamente. Ela não teria arrastado seus pés na louca corrida de lugar para lugar. Ela teria cantado show de músicas. Ela teria gostado em correr ou pelo menos pensando em correr. E ela certamente estaria mais animada sobre andar de bicicleta por quinze milhas. Ela sabia que esta última era certamente porque eles ficavam lhe perguntando: —Você não está animada, Ginny? Um passeio de bicicleta? Isso não é ótimo? Você não está animada? Ginny disse que estava animada, mas ela também manteve o bocejo, e a expressão em seu rosto, provavelmente, contou toda a história: ela não gostava de bicicletas. Na verdade, ela odiava bicicletas. Ela não tinha sempre odiado bicicletas. Ela e Miriam tinha ido para todos os lugares em suas bicicletas quando elas eram crianças, mas tudo tinha parado um dia quando elas tinham doze, e a bicicleta de Ginny decidiu não parar quando ela deu de cara com um grande monte, e ela foi forçada a virar e parar no asfalto para evitar sair correndo para o tráfego. Ela tentou não pensar nisso enquanto ela sentava em uma bicicleta que era grande demais para ela. O diretor da turnê disse que era porque ela era uma ―grande‖ quero dizer grande estatura ―menina‖ Então, isso significava que todas as pessoas menores tinham bicicletas que estava certa para a sua altura, e ela teve a bicicleta de meninas grandes que restou. E ela não era nem tão alta, de qualquer maneira. Olivia era mais alta. Esta foi, obviamente, o dia ―Gina saindo sozinha‖.


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A viagem para Delft foi bastante fácil, mesmo para ela, já que a Holanda era plana como uma tábua. Ela só se sentia oscilando fora de sua bicicleta uma ou duas vezes, e foi só quando ela acelerou um pouco para colocar alguma distância entre ela e os Knapps, que cantavam todas as músicas que eles podiam pensar que tinham bicicletas como referência, ou andar, ou indo a algum lugar. Delft no final das contas era uma cidade linda, uma versão em miniatura de Amsterdam. Era um daqueles lugares tão absurdamente legais que Ginny sabia que mesmo com legalidade e sorte, ela nunca, seria capaz de morar lá. A cidadania simples não permitiria. Eles também tinham sapatos de madeira em uma das primeiras lojas que eles foram. A Sra. Knapp estava animadíssima. Ginny só queria se sentar, então ela cruzou a rua (o canal, na verdade) e sentou em um banco. Para sua surpresa, Olivia se juntou a ela. —Para quem você estava escrevendo ontem?— Olivia perguntou. Talvez fosse o choque pela explosão repentina de personalidade de Olivia que causou o que aconteceu a seguir. —Meu namorado, Ginny disse. —Eu estava escrevendo para o meu namorado, Keith. Tudo bem. Então ela estava mentindo, mais ou menos. Ela nem sabia por que estava mentindo. Talvez só para ouvir em voz alta. Keith...meu namorado. —Eu pensei que fosse isso, Olivia disse. —Eu também estava fazendo isso. Eu não posso ligar igual ao Phil. —Por que você não pode ligar para o seu namorado? —Não. Olivia balançou a cabeça. —Não é bem assim. —Não é bem assim o quê? —É que... Eu tenho uma namorada. Do outro lado da rua, o Sr. e a Sra. Knapp estavam gesticulando descontroladamente, apontando para os pés. Cada um deles usava um par de sapatos coloridos de madeira. —Meus pais se matariam se eles soubessem, Olivia disse pensativamente. — Eles totalmente se enforcariam na viga. Eles notam tudo, menos o que está bem na frente deles.


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—Oh... —Isso te incomoda? Olivia disse. —Não, Ginny disse rapidamente. —Eu acho ótimo. Sabe. Que você é gay. É ótimo. —Não é grande coisa. —Não, Ginny se corrigiu. —Certo. O Sr. Knapp começou a dançar. Olivia suspirou. Elas sentaram-se em silêncio por alguns minutos, assistindo aquele espetáculo embaraçoso. Então os Knapps desapareceram dentro de outra loja. —Eu acho que o Phil sabe, Olivia disse mal-humorada. —Ele fica me perguntando sobre a Michelle. Phil é meio que um idiota... Eu acho. Quero dizer, ele é meu irmão. Mas mesmo assim. Não diga nada. —Não direi. Depois de sua confissão repentina, Olivia de repente voltou a ser a velha Olivia, com seu olhar a meia-distância e o seu roçar constante das mãos nas pernas. —Eu acho que eles estão comprando queijo,— ela disse depois de um momento, e se levantou e cruzou a ponte. Ginny sentou-se perfeitamente parada por um momento e assistiu os barcos balançarem no canal. A parte incrível não era que a Olivia fosse gay - era que a Olivia tinha sentimentos e coisas a dizer e que ela as havia dito. Havia algo naquele olhar sem emoção dela. Olivia tinha acabado de bater em algo assim... Não a coisa sobre o queijo, mas sobre não perceber o que é certo na sua frente. Como Piet-via o Night Watch todos os dias e nunca realmente olhou para ele. O que estava na frente dela? Barcos. Um pouco de água. Alguns edifícios no antigo canal. Sua enorme bicicleta que ela teria que andar todo o caminho de volta para Amsterdã, provavelmente se matando no processo. O que ela estava fazendo? Não havia mensagem escondida aqui.


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Tia Peg tinha se confundido com esse. Não havia Charlie. Piet era incompetente. E agora ela foi relutante em tentar encadear algum tipo de teoria sobre o que era tudo isso, uma teoria baseada em nada, mas trechos da conversa. Amsterdam, ela teve que admitir para si mesma, era apenas um fracasso. Para sua última noite na cidade, os Knapps tinham decidido ir a um restaurante que ficava em um banco medieval que parecia um pequeno castelo. Havia tochas nas paredes de pedra e armaduras nos cantos. Olivia parecia abatida pela sua confissão, no início do dia e ficou olhando para um desses a refeição inteira, sem jamais falar. —Então, disse a Sra. Knapp, produzindo uma folha de papel, que ela pôs sobre a mesa. —Eu escrevi uma pequena lista para você, Ginny. Diremos 20 € para o jantar de hoje à noite, apenas para tornar as coisas fáceis. Ela escreveu algo no final e, em seguida, passou o papel para Ginny. Por todo o caminho, os Knapps tinha esquecido seu cartão de crédito para tudo. Ginny tinha tido conhecimento de que iria ter de contribuir em algum ponto. Esse ponto havia, obviamente, vindo na forma desta lista cuidadosamente detalhada de cada bilhete e todas as refeições, mais o custo de sua parte no hotel. Ginny certamente não importava de pagar por ela, mas havia algo de estranho em ter a conta mostrada a ela no meio do jantar, com todos os quatro Knapps a olhando. Ela se sentiu muito autoconsciente em nem olhar pra isso. Ela colocou em seu colo e puxou a borda da toalha sobre ele. —Obrigada, ela disse. —Vou precisar ir ao banco, entretanto. —Tome seu tempo! O Sr. Knapp disse. —Na parte da manhã. Então, por que, Ginny perguntou, você me deu isso agora? De volta ao Huis, Ginny leu a lista e percebeu que ela não tinha prestando atenção no quanto isso custava. Eles não pediram o valor total do quarto (eles tinham os melhores quartos do lugar, o que custavam muito mais), mas ainda assim chegava a 200 € para os cinco dias. Junto com o ritmo assustador de suas vistas (todas essas admissões somadas), os restaurantes, o café internet, ela tinha gastado quase 500 €. Ela tinha quase certeza que ela tinha 500 € sobrando, mas a dívidas


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deu-lhe uma noite sem dormir. Ela levantou antes de qualquer um, e saiu para se certificar. O banco lhe deu o dinheiro, o que foi um alívio, mas não iria dizer a ela qual era seu saldo. Ele apenas cuspiu um punhado de notas violetas para ela, então piscou com uma mensagem em holandês. Poderia ter dito: —Vai-se danar, turistas! Para tudo o que sabia. Ela se sentou na calçada e puxou o próximo envelope. Dentro havia um cartão postal, pintado em uma aquarela redonda. Parecia ser uma visão do céu, mas havia dois sóis, um contendo um 1 e o outro 0. Carta dez. —Tudo bem, ela disse, — o que agora?


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Querida Ginny,

Não vamos ser delicados sobre isso Ginny. Nós ainda não falamos sobre isso até agora, e já é hora disso.

Eu fiquei doente. Eu estou doente. Eu vou continuar ficando mais doente. Eu não gosto, mas essa é a verdade - e é sempre melhor enfrentar as coisas de cabeça erguida. Palavras grandes vindas de mim, mas são certeiras.

Quando eu parei antes de entrar no Empire State Building naquela manhã de Novembro - havia uma razão. Não foi só porque eu senti uma indignação moral de trabalhar naquele prédio. Eu esqueci o número do escritório que eu deveria ir. Eu o deixei em casa.

A outra versão era uma história melhor... Que eu congelei, virei e fui embora. Isso era romântico. Não é a mesma coisa que dizer que meu cérebro deu pane, que eu havia esquecido meu post-it e tive que voltar.

Lembrando disso, Gin, eu acho que foi o início. Eram coisas pequenas como essa. Eu sempre fui meio distraída, eu admito, mas havia definitivamente um padrão no que estava acontecendo. Pequenos fatos que foram sendo esquecidos aqui e ali. Meus médicos dizem que este problema que eu tenho é recente, que não tem jeito de eu ter manifestado esses sintomas há dois anos atrás, mas os médicos nem sempre estão certos. Eu acho que sabia desde aquela época que isso se tornaria um problema.

Quando eu estive em Amsterdam com o Charlie, eu definitivamente soube que havia algo errado comigo. Eu não tinha certeza do quê. Eu achei que era algo com meus olhos.


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Era a qualidade da luz. Às vezes, as coisas pareciam muito escuras. Havia pequenos pontos pretos na minha visão, pontos que algumas vezes preenchiam toda a minha vista. Mas eu era muito medrosa para ir ao médico. Eu dizia que era nada e decidia seguir em frente. Minha próxima parada foi uma colônia de artistas na Dinamarca.

Então, sua próxima instrução é pegar um avião para Copenhagen, imediatamente. É uma viagem curta. Mande um e-mail para knud@aagor.net com as informações do vôo.

Alguém vai te encontrar no aeroporto.

Amor, STF


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Capítulo 28 O navio Viking Ela estava parada no aeroporto de Copenhagen, encarando a entrada, tentando descobrir se era (a)um banheiro e (b)que tipo de banheiro era. Na porta apenas dizia H. Ela era um H? Era o H de 'ela'? Mas podia também ser facilmente 'ele' ou 'Sala do helicóptero: Nem é um banheiro'. Ela se virou em desespero sua mochila, quase fazendo-a perder o equilíbrio e cair. O aeroporto de Copenhagem era lustroso e bem organizado, com seus pratos metálicos brilhantes na parede, faixas de metal pelos corredores, e grandes colunas de metal. Todos os aeroportos eram algo como lugares estéreis, mas o aeroporto de Copenhagem era uma mesa de operações.

Olhando pelos grandes painéis de vidro que revestiam o prédio, Ginny também podia ver o céu cinzento do lado de fora. Ela estava esperando por alguém que ela não conhecia e que não conhecia ela. Ela só sabia que ele ou ela escrevia inglês somente com letras maiúsculas e falou para ela esperar PERTO DAS SEREIAS. Depois de muito andar em semicírculos (o lugar inteiro era com uma grande curva) e perguntar à várias pessoas. Ela encontrou uma estátua de duas sereias olhando por sobre uma das grades do segundo andar. Ela estava parada perto delas há uns quarenta e cinco minutos, ela precisava muito fazer xixi, e pensando seriamente se isso era algum tipo de teste. Logo quando ela estava se preparando para ir à sala H, ela notou um homem alto com longos cabelos castanhos se aproximar dela. Ela podia ver que ele não era muito velho, mas a sua grande barba castanha dava a ele um ar mais maduro e imponente. Sua calça-jeans, uma camiseta do Nirvana e uma jaqueta de couro-era normal, exceto pelo seu cinto de elo de metal de cadeia que estava


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pendurado na sua cintura, com vários objetos pendurados nele como amuletos, como um grande dente de animal, e algo que parecia como um grande apito. E ele estava cortando caminho até ela. Ela olhou em volta, mas tinha quase certeza que ele não estava indo em direção ao grupo de turistas japoneses que estavam se reunindo perto dela embaixo de uma pequena bandeira azul. —Você!— ele chamou. —Virginia! Certo! —Certo,— disse Ginny. —Eu sabia! Eu sou Knud! Bem-vinda à Dinamarca! —Você fala Inglês? —Claro que eu falo Inglês! Todos os dinamarqueses falam Inglês! Claro que sim! E um Inglês muito bom! —Muito bem,— Ginny concordou. Havia um ponto de exclamação depois de tudo que Knud dizia. Ele falou inglês em voz alta. —Sim! Eu sei! Vamos! Knud tinha uma muito moderna, muito cara moto BMW azul com um side-car à sua espera no parque de estacionamento. O side-car, ele explicou, era o que ele usava para transportar todas as suas ferramentas e materiais (o que eram, ele não disse). Ele estava absolutamente certo de que sua grande mochila caberia lá dentro, bem como, ele estava certo. Um momento depois, ela estava na lateral, rente ao chão, cortando as ruas de outra cidade européia que parecia (ela tinha vergonha de admitir isso, parecia tanto com um veiculo policial) muito com o que ela tinha acabado de sair. Ele estacionou a sua moto em uma rua cheia de casas coloridas, todas ligadas entre si, que se localizavam junto a um largo canal. Ginnny teve que esperar até que ela foi descompactada e então pisou fora do incerto sidecar. Ela deu um passo na direção dos edifícios, mas Knud a chamou de volta. —'Por aqui, Virgínia! Aqui em baixo! Ele estava carregando seu pacote através de degraus de concreto que conduziam até a água. Ele continuou pela calçada, o que foi ao longo da borda do canal, havia várias cuidadosas marcas ―vagas‖ onde casas flutuantes de grande porte


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foram encaixadas. Ele parou em uma dessas. A dele era uma casa completamente pequena que parecia ser uma pequena cabana de madeira. Havia caixas de flor cheia de flores vermelhas nas janelas e uma maciça cabeça de dragão de madeira provenientes da frente. Knud abriu a porta e chamou Ginny para dentro. A casa toda de Knud era uma grande sala, feito de uma madeira vermelha de cheiro fresco, cada metro estava esculpido intrincadamente com cabeças de dragões, em espirais, gárgolas. Em um canto da sala, havia um grande futon cama com uma moldura feita de galhos inacabados. A maior parte do espaço estava ocupada com uma mesa de trabalho, por ferramentas de escultor e uns trabalhos feitos em ferro. Em um pequeno espaço estava a cozinha. Era para lá que o Knud estava indo, removendo diversos potes plásticos da pequena geladeira. —Você está com fome! ele disse. —Eu farei uma boa comida dinamarquesa. Você verá. Sente-se! Ginny sentou-se na mesa. Ele começou a abrir os potes, que estavam cheios de uma dezena ou mais de tipos de peixes. Peixe rosa. Peixe branco. Peixe temperado com várias ervas. Ele pegou um pão preto e empilhou as coisas em uma fatia. —Coisa boa!— ele disse. —Tudo orgânico, claro! Tudo fresco! Nós cuidamos da terra aqui! Você gosta de arenque defumado? Você gostará. Claro que você gostará! Ele colocou o pesado sanduíche de peixe na frente de Ginny. —Eu trabalho com ferro, Knud disse. Apesar de que eu também estive esculpindo em madeira. Todo o meu trabalho é baseado na arte tradicional dinamarquesa. Eu sou um Viking! Coma! Ela tentou pegar o pedaço sobrecarregado de pão. —Agora, ele disse, você provavelmente está imaginando como eu conheço a sua tia. Sim, Peg esteve aqui, há três anos atrás, eu acho. No festival de artes. Eu gostei muito dela. Ela tinha um grande espírito. Um dia ela disse para mim...que horas são? Cinco horas? De alguma forma, Ginny não achou que essa foi a grande afirmação da tia Peg na Dinamarca.


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Knud gesticulou para ela continuar comendo e então saiu por uma pequena porta perto do seu fogão de duas bocas. Ginny comeu seu sanduíche e olhou através do canal para a fileira de lojas do outro lado. E então ela virou sua atenção para o prato de metal que estava na mesa. Ele estava moldando algo complicado nele. Era incrível como um cara enorme podia fazer um trabalho tão delicado. Quando ela olhou para cima novamente, as lojas que ela havia visto há uns segundos atrás haviam sumido e sido substítuídas por uma igreja, e até ela estava se afastando. O piso balançava-se gentilmente debaixo dela, e o cérebro dela conseguiu descobrir que a casa inteira estava se movendo. Ela foi para a janela e viu que eles haviam deixado a beirada da calçada e estavam se movendo rapidamente pelo canal. Knud abriu a pequena porta da frente. Ela podia ver que ele estava parado em uma pequena cabine onde ficavam os controles do barco. Aqui. —O que você achou do peixe? ele Gritou de dentro —É... bom! Para onde estamos indo? —Norte! Você deve relaxar! Vamos levar algum tempo! Ele fechou a porta. Ginny abriu a porta que levava a calçada e encontrou apenas um pé de deck e um alto corrimão separando-a da água agitada. A água espirrou em suas pernas. Knud estava dirigindo sua casa rapidamente agora, enquanto faziam isso passavam rapidamente pelas águas. Eles passaram em uma enorme ponte. Na parte da frente do barco, Ginny olhou para o canal de água prateada que separava a Dinamarca da Suécia. Então, ela estava indo para o norte. Em uma casa. —Eu moro sozinho Knud disse, e eu trabalho sozinho, mas eu nunca estou realmente sozinho. Eu faço o meu trabalho ancestral. Eu vivo de toda a história do meu país e povo.


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Eles estavam navegando pelo menos duas horas, talvez mais. Knud tinha finalmente encaixado sua casa, em um píer utilitário ao longo de uma estrada, próxima a um campo com um moinho fino e de alta tecnologia. Ele era um artista popular, Gina tinha percebido. Ele estudou e reviveu os artefatos que tinham mais de mil anos, usando unicamente materiais autênticos e processos, e às vezes ficando com autênticas lesões ancestrais no processo. O que ele não explicou foi porque tinha dirigido tão distante para o norte em seu barco para que pudesse estacionar ao longo de uma rodovia. Em vez de uma explicação, ele fez mais um sanduíches, mais uma vez, impressionada com sua qualidade e frescura de ingredientes. Eles se sentaram ao lado do barco, para comer estes. —Peg, ele disse: Ouvi dizer que ela morreu. Ginny acenou com a cabeça e viu os moinhos de vento girando furiosamente. Pareciam loucos, margaridas cobertos por metais. Um radiante sol alaranjado brilhava por trás deles, atirando afiadas e prateadas raios das lâminas. —Eu lamento ouvir isso, ele disse, pousando a pesada mão em seu ombro. —Ela era muito especial. E é por isso que você está aqui, estou certo? —Ela me pediu para vir visitá-lo. —Eu estou contente. E acho que sei por quê. Sim. Eu acho que sei. Ele apontou para os moinhos de vento. —Você vê isso? Isso é arte! Maravilhoso. Também é muito útil. A arte pode ser útil. Esta aproveita o ar e faz uma linda energia limpa. Ambos assistiram os moinhos de vento girareEvangeline alguns momentos.

Anderson

m por

—Você veio num momento especial, Virgínia. Este não é um acidente. É quase véspera do verão. Olhe. Olhe para o meu relógio. Ele segurou o pulso à sua frente, revelando o que a maioria das pessoas teria considerado como um relógio de parede em uma cinta.


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—Você vê? É quase onze horas da noite. E olha. Olhe para o sol. Peg veio aqui pelo sol. Ela me contou isso. —Como você a conheceu? Ginny perguntou. —Ela estava com um amigo meu em um lugar chamado Christiana. Christiana é uma colônia de arte em Copenhague. —Ela esteve aqui há muito tempo? —Não há tanto tempo, eu não acho, ele disse. —Ela tinha vindo para ver o sol da meia-noite. Ela tinha vindo para ver que local extremo era esse. Você vê, passamos boa parte do ano na escuridão, Virgínia. E, então, somos banhados em luz, luz constante. O sol bate no céu, mas nunca se põe. Ela queria muito, muito ver isso. Então eu a trouxe aqui. —Por que aqui? Ginny perguntou. —Para ver onde nós temos nossos moinhos de vento, é claro! Ele riu. —Ela é claro, amou. Ela viu em tudo isso uma paisagem fantástica. Você vem aqui, você entende que o mundo não é um lugar tão ruim. Neste, procuramos um futuro melhor, onde não poluir. Nós nos banhamos de sol. Nós fazemos os campos bonitos. Eles se sentaram lá por um bom tempo, olhando para o sol que se recusava a descer. Finalmente, Knud sugeriu que Ginny voltasse para o barco e descansasse. Ela pensou que a luz e a estranheza do lugar a manteria acordada, mas logo o barco ficou som um suave balanço a conquistando. A próxima coisa que sabia, era uma grande mão sacudindo seu ombro. —Virginia, Knud dizia. —Eu sinto muito. Mas eu devo ir em breve. Ginny se sentou. Era de manhã, e eles estavam ancorados de volta, em Copenhagen, exatamente onde tinha começado. Poucos minutos depois, ela estava assistindo Knud subir em sua motocicleta. —Você vai chegar lá, Virginia, ele disse, apoiando uma mão sobre o seu ombro. —E agora, eu devo ir. Boa sorte. Com isso, ela estava nas ruas de Copenhagen, mais uma vez sozinha.


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Capítulo 29 Hipopótamos Pelo menos ela estava preparada neste momento. No caso, ela se deparou com outra Amsterdam, Ginny visitou até alguns lugares on-line. O número um dos albergues recomendado em todos os sites era um lugar chamado Praia do Hipopótomo. Ele tem cinco mochilas, cinco banheiras, cinco chapéus do partido, e dois polegares para cima a partir do mais completo dos sítios, o que praticamente qualificado como o Ritz de alojamento juvenil. Hipopótamos não parecia tão grande, apenas um edifício cinza pálido, sem contar, com algumas mesas com guarda-sol em frente. A única coisa incomum foi o grande modelo de cabeça de hipopótamo rosa criação a partir de cima da porta de largura de boca aberta. As pessoas tinham enchido a boca com todos os tipos de garrafas vazias de cerveja, objetos, uma bola de praia murcha, principalmente, uma bandeira canadense, um boné de beisebol, um tubarão de plástico. O lobby foi decorado com palmeiras e grinaldas de papel de seda de flores. Havia um tipo de bar falso decorando todo o contorno da recepção. Toda a mobília era muito anos 80, brilhantemente colorida com desenhos geométricos. Havia seqüências de lanternas chinesas de papel amarrado ao redor da sala. O homem atrás do balcão tinha uma espessa barba branca e usava uma camisa havaiana laranja brilhante. —Você tem algum leito disponível? ela perguntou. —Ah!—, ele disse. —Menina bonita com cabelo igual a um pretzel. Bemvinda a melhor pousada em toda a Dinamarca. Todo mundo adora isso aqui. Você vai amar isso aqui. Não está certo isso? Ele dirigiu suas últimas palavras para um grupo de quatro pessoas que tinham acabado de entrar com sacolas de supermercado. Havia dois caras loiros, uma menina com o cabelo castanho curto, e um rapaz indiano. Eles acenaram e


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sorriram, enquanto jogavam canudos de papelão duro e embalagens de carnes e queijos fatiados em uma das mesas. —Este é um fogo de artifício, disse ele. —Eu posso ver isso. Olhe para as tranças. Vou colocá-la com você. Você pode manter o relógio para mim. Mais aqui. Uma cama por uma semana é novecentos e vinte e quatro coroas. Gina congelou. Ela não tinha idéia do que era uma coroa, ou como ela ia conseguir 924 delas. —Só tenho de euros, disse ela. —Esta é a Dinamarca, ele gritou. —Nós usamos coroas aqui. Mas vou ver em euros quanto é. Cento e sessenta, por favor. Ginny culpada entregou a moeda errada. Enquanto ela fazia isso, Hippo foi até o bar e abriu um pequeno frigorífico. Ele retirou uma garrafa de cerveja Budweiser, que ele apresentou para Ginny em troca de dinheiro. —Em Hipopótamo, todos recebem uma cerveja gelada. Esta é sua. Sente-se e beba. Foi bastante amigável, Hippo não parecia esperar qualquer coisa, mas o respeito total com a sua hospitalidade. Ginny pegou a cerveja incerta (embora ela estivesse começando a entender que o álcool era a forma universal de dizer ―Olá‖ na Europa). A garrafa estava muito molhada, e o rótulo se desintegrou ao seu toque e ficou preso na palma da sua mão. As pessoas na mesa, seus companheiros de quarto, acenaram mais uma vez e se ofereceram para partilhar as suas compras. —Acabei de vir de Amsterdã, disse ela, cavando em sua bolsa para tentar fazer algum tipo de oferta. —Eu tenho todos esses cookies, se vocês querem alguma coisa. Meninas ficaram com os olhos iluminados. —Stroopwaffle?, Perguntou. —Sim, disse Gina. Stroopwaffle. Podem comê-los todos. Eu tive muitos.


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Ela colocou o pacote sobre a mesa. Quatro pares de olhos olharam para ela com reverência. —Ela é um mensageiro,— um dos caras loiro disse. —Ela é um dos escolhidos.— Nas apresentações, ela soube que os dois rapazes loiros eram chamados Emmett e Bennett. Bennett e Emmett eram irmãos e pareciam exatamente iguais os cabelos descoloridos ao sol quase tão desbotados quanto os olhos azuis. Emmett estava vestido como um surfista, mas Bennett usava uma passada a ferro camisa de botão e bermuda. Carrie comentou sobre a altura de Ginny, de cabelo castanho curto. Nigel era indiano-Inglês-australiano. Todos eram estudantes de Melbourne, na Austrália, e eles tinham viajado pela Europa, com passes de trem durante cinco semanas. Depois de comer, eles levaram Ginny até seu quarto no dormitório, que é igualmente brilhante-amarelo elétrico, nas paredes coloridos círculos roxos e rosa, longo tapete azul e beliches tubulares de elegante vermelho metálico. —Estilo 1983, disse Bennett. Era alegre, porém, obviamente bem conservados. Eles explicaram que todos deveriam ajudar a limpar, como parte do acordo do albergue, então por quinze minutos a cada dia, todos tinham uma tarefa. Havia uma prancheta de anúncio de emprego no corredor, para quem se levantava primeiro ficava mais fácil, mas nenhum deles era muito duro. No Hippo não havia nenhum toque de recolher ou horas para levantar. Além disso, havia um salva-vidas que ficava na praia olhando próximo a água. Mais uma vez, Ginny viu-se empurrada para um grupo. Mas uma coisa ficou clara desde o início, estes não eram os Knapps. Sua política parecia ser a seguinte: eles se levantavam quando tinham vontade, e eles não tinham idéia de quanto tempo ficariam hospedados. Toda noite, eles saíam. Eles estavam pensando em ficar em Copenhagen algum tempo, mas eles não tinham certeza de onde eles estavam indo em seguida. Hoje à noite, eles tinham planos especiais e Ginny tinha que ser uma parte . Mas primeiro, eles tinham que dormir, comer mais Stroopwaffle e dar a Ginny um apelido, que foi Pretzels. Ginny podia viver com isso. Ela subiu na sua cama, caiu sobre o colchão fino, e adormeceu.


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Capítulo 30 O Reino Mágico

Houve muita emoção na sala quando Ginny acordou. —Aqui vamos nós! - Emmett disse, batendo palmas e esfregando as mãos juntas. —Não pergunte, Carrie disse, revirando os olhos —É uma longa história. Venha. Há algum lugar ridículo onde esses idiotas querem ir. Novamente, não houve noite. O sol pendurado constantemente no céu, apenas concede cair para a um nível de crepúsculo, mas nunca desaparece do ponto de vista. Copenhagen, seus novos amigos explicaram-lhe onde andaram, era a Disneylândia, da cerveja. E onde quer que estivessem indo hoje à noite era mágica Montanha de Copenhagen. Eles acabaram em um salão enorme, aberto. Eles encontraram lugares em uma das mesas compridas estilo piquenique, Emmett sinalizou para uma das mulheres que eles queriam cinco do que ela estava carregando. A mulher colocou cinco das canecas de vidro maciço para baixo na mesa. Carrie passou uma para Ginny, que teve de pegar o seu com ambas as mãos. Ela cheirou, então tomou um gole. Ela não gostava muito de cerveja, mas o gosto parecia muito bom. Os outros compartilhavam a felicidade entre deles. Tudo estava bem durante cerca de meia hora, apesar do fato de que ela parecia estar vivendo um pôster de uma sala de sua escola alemã – o que não faz sentido, considerando que ela estava na Dinamarca. E ela tinha certeza que era suposto ser diferente. De repente, algumas luzes se acenderam na parte traseira, e Ginny teve conhecimento de um palco no final da sala. Um homem em um casaco roxo brilhante veio até o microfone e falou em Dinamarquês por alguns minutos. Isso


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pareceu fazer com que todos ficassem muito animados, com exceção de Ginny, que estava totalmente confusa. —E agora, disse o homem em Inglês,—precisamos de alguns voluntários. De repente, os quatro novos amigos de Gina explodiram fora de seus lugares, pulando para cima e para baixo em um frenesi. Eram apoiados pelos empresários japoneses que partilharam a sua mesa. Eles também surgiram a seus pés e começaram a gritar e chamar. Gina, que era a única pessoa sentada, olhou para baixo e viu dezenas de canecas vazias encherem sua metade da mesa. O líder do grupo, não pôde deixar de notar o internacional motim que estava perto de sair no seu canto, e ele distintamente apontada para eles. —Duas pessoas, por favor!— disse. Foi imediatamente decidido, através de alguns balançando entre as duas partes, uma vez que a mesa inteira tinha feito um esforço, cada grupo seria capaz de enviar uma pessoa. Os homens japoneses caíram em uma discussão séria, e amigos de Gina fizeram o mesmo. Ginny pegou pedaços da conversa. —Você vai. —Não, senhor. —Foi idéia sua. —Espere—- disse Carrie —Vamos enviar Pretzels. A cabeça de Gina se levantou na mesma hora. —Para quê? Perguntou ela. Bennett sorriu. —Grande encontro de karaokê, disse ele. —O quê? —Vamos! Emmett gritou —Pretzels. . . Pretzels. . . Pretzels. . . ! Os outros três fizeram coro. Então os empresários japoneses, que já tinham escolhido o seu representante, se juntaram ao coro além de algumas pessoas de outras mesas também, e em questão de segundos, todo o canto da sala estava


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chamando seu nome. Tudo em diferentes sotaques, todos em voz alta, todos ao mesmo tempo, batendo palmas. Sem querer, Ginny se encontrou levantando. —Um, - disse ela, nervosa —Eu realmente não. . . —Brilhante!— - Emmett gritou, ajudando-a no corredor entre as mesas. Um dos homens japoneses tirou sua jaqueta e se juntou a ela. —Ito, disse o homem. Pelo menos, é o que Gina achava que ele afirmou. Ele pronunciou em japonês, então foi um pouco difícil de dizer. Ito se afastou, assim Ginny podia ir em primeiro lugar, mesmo que ela realmente não quisesse ir na frente. O anfitrião estava acenando para ela, e os da multidão aplaudiram sua aprovação, ela avançou em direção ao palco. Ito parecia encantado, afrouxando a gravata e saltando ao redor, acenando para a multidão para acompanhar os aplausos. Ginny quieta aceitou o lado do anfitrião subir ao palco. Ela tentou se colocar bem no canto, mas ele a levou firmemente à borda, onde deslocou Ito do lugar onde ela tinha estado antes, batendo um braço sobre seus ombros. O anfitrião estava gritando em dinamarquês para a multidão. A única palavra que Ginny podia colocar para fora era ―Abba‖. O anfitrião tirou (aparentemente do bolso), duas perucas, uma peruca de um homem peludo e um longo e loiro. O longo e loiro foi descartado para a cabeça de Ginny, enquanto que Ito tinha agarrado o outro e foi puxando-a torto. Um agasalho negro foi jogado sobre nós, vindo da direção do bar. Ito agarrou primeiro, mas o anfitrião lutou com ele e o colocou sobre os ombros de Gina. A sala ficou mais escura. Gina não poderia dizer se as luzes estavam realmente diminuindo ou se isso foi apenas porque a franja loira da peruca estava protegendo seus olhos. Tranças presas à frente, como tentáculos de cabelo mutante. Ela rapidamente tentou enfiá-las sob a protuberância na parte traseira. —Que tal algo como 'Dancing Queen'?— Gritou Neste momento, em Inglês. —Ou algo como 'Mamma Mia'?

o

anfitrião,

A torcida gostou da idéia, e nenhum grupo no meio da multidão gostou mais do que a contingência australiano-japonês que tinha enviado Ginny aqui em


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primeiro lugar. Monitores ao longo da borda do palco ganharam vida. Fotos das cenas de montanha e passeios de casais rolou pela tela. E então ela ouviu o primeiro acorde. Foi quando tudo bateu. Eles estavam indo para fazê-la cantar! Ginny não cantava. Ela não cantou mais, especialmente depois de passar cinco dias com os Knapps. Ela não cantava, nunca. Ela queria sair do palco. Ito foi o primeiro, pegando desajeitadamente no microfone. Embora ele estivesse sorrindo, Gina sentiu uma verdadeira competitividade - ele queria isso. A multidão incentivou ele , batendo no chão e as palmas. Ginny continuava tentando recuar para o fundo, mas o anfitrião a conduzia para frente. Este foi o último lugar que ela queria estar. Ela não estava fazendo isso. Ela não estava. E, no entanto, ali estava ela, em um palco em Copenhagen em seis quilos de cabelos loiros sintético. Ela estava fazendo isso mesmo como o seu cérebro tentou convencê-la de outra forma. Na verdade, ela estava na frente do microfone agora, e centenas de rostos expectantes foram olhando para ela. E então ela ouviu o barulho. Ela estava cantando. A coisa realmente surpreendente foi, como ela ouviu a própria voz ecoando ao redor do bar enorme, parecia certo. Foi um pouco angustiante, talvez. Ela continuou até que ela correu para conseguir a respiração, fechando os olhos, deixando tudo ir em um tiro contínuo até que a voz dela quebrou. —Agora, iremos votar para o vencedor! Este homem gritou tudo. Talvez gritar era uma coisa de dinamarquês. Ele pegou o braço de Ito e ergueu-o, em seguida, acenou para a multidão para tornar seus sentimentos. Havia uma boa quantidade de aclamação. Então ele se aproximou e puxou o braço de Gina para cima. Ela foi saudada como uma rainha quando ela voltou para a mesa, Ito fez reverência a ela todo o caminho. Os homens japoneses foram, obviamente, viajando em algum tipo de conta de despesas ilimitadas, e eles deixaram claro que estavam pagando para todos no grupo. Eles imediatamente inundaram a mesa com sanduíches diversos.


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A cerveja foi à vontade. Ginny fez isso através de cerca de um quarto do seu copo. Carrie desceu duas canecas inteiras. Emmett, Bennett, e Nigel todos conseguiram beber três cada. Por que eles não morrem imediatamente, ficou claro para Ginny. Na verdade, eles pareciam totalmente bem. Pelas duas horas da manhã, seus novos benfeitores mostravam os primeiros sinais de um iminente coma coletivo. Um cartão de crédito foi apresentado, e em poucos minutos, eles estavam todos misturados fora do estabelecimento, na rua. Depois de algumas despedidas e agradecimentos seus e muito de se curvar, Ginny e os australianos começaram indo em direção ao metrô, mas foram parados por um dos homens japoneses. —Não, não, ele arrastava, sacudindo a cabeça fortemente. —Tax-i. Tax-i. Ele enfiou a mão no bolso do terno e produziu um punhado de euros cuidadosamente dobrado. Ele apertou-os nas mão de Gina. Ginny tentou devolvêlas, mas o homem mostrou uma feroz determinação. Era como um assalto inverso, e Ginny sentiu que era melhor apenas aceitar. Os outros homens acenaram para o táxi, e em breve uma linha de carros apareceu alinhados. Ginny e os australianos foram conduzidos em um Volvo azul grande demais. Nigel entrou na frente, e Emmett, Bennett, Ginny, e Carrie colocados no banco traseiro largo e de couro. —Eu sei onde vivemos, Emmett disse, inclinando-se contra a porta com um olhar pensativo no rosto —Eu só não sei como para chegar lá. Nigel disse algo ao motorista parecendo indeciso, Australiano - soando Dinamarquês que ele leu em um livro. O motorista virou para ele e respondeu, ―Circle drive? O que você está falando? Você precisa de mim para dirigir ao redor? É isso que você está tentando dizer?‖ Carrie colocou a cabeça no ombro de Gina e acenou com a cabeça para fora. Sono. Bennett decidiu navegar a partir de seu ponto de vista, esmagado no meio do banco traseiro, que mal conseguia ver através de qualquer janela. Sempre que ele conseguia um vislumbre de algo que pensava ser algo que reconhecia, ele dizia ao motorista para virar. Infelizmente, Bennett pareceu reconhecer tudo. A farmácia. O bar. A pequena loja com as flores na janela. A grande igreja. O sinal azul. O motorista ocupou-se com isso por cerca de meia hora e finalmente parou e disse:


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—Diga-me onde você está ficando. —Praia de Hipona,— - Bennett disse. —Hippo's? Eu conheço este lugar. É claro que eu conheço este lugar. Você deveria ter me contado. Ele puxou de volta na estrada e virou para frente voltando a direção, conduzindo rapidamente. —Está começando a parecer familiar agora, disse Bennett, bocejando descontroladamente. Eles estavam lá em menos de cinco minutos. O passeio ficou por quatrocentas coroas. Ginny não estava certa quanto dinheiro ela tinha na mão. Fosse o que fosse, tinha sido dado a eles para tarifa de táxi, e este motorista tinha colocado um lote. —Aqui, ela disse, entregando-o todo —É tudo pra você. — Ela o viu contar, indo para fora como Carrie, fez seu caminho para fora sonolenta do carro. Ele se virou e deu um sorriso largo. Ela teve a sensação de que acabara de lhe dar a melhor gorjeta do ano. Hippo ainda estava acordado quando chegaram tropeçando para dentro. Ele estava jogando Risk em uma das mesas com dois promissores caras. —Está vendo? Disse ele com um sorriso. —A única com pretzels. Eu disse que ela era o problema.


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Querida Ginny,

Eu nunca tive uma boa memória para citações. Eu sempre tentei me lembrar delas, mas isso nunca funcionou. Como recentemente, vi uma citação do mestre Zen Lao-tzu. Ele diz: ―A pegada é feita por um sapato, mas não é o sapato em si. ― Quatorze palavras. Você acha que eu poderia lembrar de algo assim?Eu tentei. Pelo menos por quatro minutos, e logo era: ―Nenhum sapato deve ser julgado por sua pegada, para o pé há uma cópia do seu próprio.‖ É assim que ele ficou preso na minha cabeça. E isso, eu pensei, não tinha sentido. Em tudo. Exceto no seu caso, Gin. Ele pode realmente funcionar para você. Porque o que eu fiz pra você (ou o que você escolheu para fazer, você é sua própria mulher) é seguir os meus passos nesta jornada insana que eu a atirei. Você está no meu lugar, mas os pés são seus. Eu não sei aonde eles vão levar você. Isso faz algum sentido? Ele fez quando pensei nisso. Eu achei que você ia pensar que eu era muito inteligente. Eu pergunto, porque o que eu quero que você faça a seguir é refazer o caminho que eu tomei quando deixei Copenhagen. Eu fui embora, porque o festival tinha acabado, e eu não tinha idéia do que fazer comigo mesma. Às vezes Gin, a vida deixa você sem sentidos, sem marcos ou sinais. Quando isso acontecer, você apenas tem que escolher uma direção e correr como o inferno. Desde que você não possa ficar muito mais ao norte do que a Escandinávia, eu decidi ir para o sul. E eu só continuei. Eu fui de trem para o litoral em uma névoa misteriosa, então peguei um trem na Alemanha e descia. Através das montanhas, para dentro da Floresta Negra. Eu passei por várias cidades, mas toda vez eu não pude ficar mais longe que a porta da estação, e eu apenas gostaria de dar meia volta e pegar outro trem para o sul. Então eu alcancei a Itália e voltei em direção ao mar. Eu tive uma idéia brilhante, eu pensei, eu vou para Veneza e afogar minhas mágoas. Mas havia uma greve de lixeiros em Veneza, então cheirava a peixe fedido e estava chovendo. Então eu fui para o litoral e pensei, e agora? Será que eu viro à esquerda e vou através da Eslovênia, talvez escapar para a Hungria e comer doces húngaros até eu explodir?


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Mas então eu vi o barco, e eu continuei. Não há nada como uma longa viagem de barco, devagar para limpar seus pensamentos, Gin. Uma boa e lenta balsa que leva o seu tempo e a deixa assando ao sol ao largo da costa da Itália. Eu estava no barco por 24 horas, sentada sozinha em uma cadeira pegajosa, pensando em tudo o que eu tinha feito nos últimos meses. E por volta da vigésima terceira hora, quando estávamos chegando através das ilhas gregas, tudo isso se abriu pra mim, Gin. Eu vi tudo claramente. Eu o vi tão claramente como a ilha de Corfu, que foi aparecendo na frente de nós. Eu vi que eu tinha visto o meu destino um tempo atrás, e eu tinha esquecido de parar. Meu futuro estava atrás de mim. Então tente você, Gin. Vá agora. E eu quero dizer agora. Assim que você receber essa carta. Vá direito para o trem. Vá para o sul implacavelmente. Siga a estrada dos tijolos amarelos até à Grécia, para as aquecidas águas, para o berço da arte, filosofia e iogurte. Quando você entrar no barco, dá-me uma chance.

Amor, Sua tia fugitiva

P.S. Oh. Vá ao supermercado primeiro. Pegue lanches. Esta é uma boa regra a seguir em todos os aspectos da vida.


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Capítulo 31 A Gang envelope azul Era meio-dia do dia seguinte, e todos foram se recuperar na praia de Hippo's. Ginny sentou-se no cais, e sentia as tábuas de madeira que a sustentava, a areia fria da praia sob a ponta dos dedos. O céu era mais cinza, e os prédios ao redor deles no canal dinamarquês eram casas de setecentos anos de idade casas de contabilidade40, mas todos estavam agindo como se fosse férias de primavera em Palm Beach. As pessoas estavam dormindo na areia, em trajes de banho e um grande grupo foi jogar vôlei. Ela pegou um pouco da areia no décimo primeiro envelope vazio, deslizou a carta de volta, e ausente dobrado a aba para fechar. Ginny se virou para seus companheiros e disse: —Eu tenho que ir para a Grécia. Em algum lugar chamado Corfu. E eu tenho que ir agora. Emmett olhou por cima. —Por que você tem que ir para a Grécia?, Perguntou ele. E por que agora? Era uma pergunta bastante razoável, a pergunta tinha atraído a atenção dos outros. —Eu tenho essas cartas, disse ela, segurando o envelope cheio de areia. — Elas são da minha tia. É uma espécie de jogo. Ela me mandou aqui. As letras me dizer onde eu tenho que ir e o que tenho que fazer, e quando eu terminar, eu posso abrir o próximo. 40

counting houses - A casa de contagem, literalmente é o edifício, sala, escritório ou suíte em que uma empresa de negócios faz suas operações, nomeadamente de contabilidade. Por sinédoque, que passou a significar as operações de contabilidade de uma empresa, no entanto alojados. O termo é de origem britânica e é utilizado principalmente no contexto do século 19 ou períodos anteriores.


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—Você está brincando, disse Carrie. —Sua tia é craque! Onde ela está? Em casa ou aqui? —Ela é. . . se foi. Quer dizer, ela morreu. Mas está tudo bem. Eu quero dizer. . .— Ela deu de ombros para tentar mostrar-lhes que estava tudo bem com a questão. —Então,— Bennett disse, —existem muitas dessas cartas? —Treze. Este é o número onze. Quase no o fim. —E você não sabe para onde está indo ou o que você tem que fazer até que você as abra? —Não. O efeito disso era uma algo notável e parecia se solidificar na mente dos australianos a idéia de que Ginny era uma pessoa muito especial. Esse foi um sentimento muito estranho, e nada mau. —Bem, disse Carrie, quando podemos ir? —Ir? —Para a Grécia. Com você? —Você quer vir comigo? —A Grécia parece bom. Terminamos aqui, de qualquer maneira. Podemos ter algum sol. Temos passes de trem. Por que não? E assim, a questão foi decidida. Dez minutos depois, eles estavam se agitando para fora da areia e de volta para Hippo's na pequena praia e indo para dentro para pegar suas coisas. Em 20 minutos, eles estavam online no salão do Hippo, reservando assentos em um trem.


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Como Bennett, Emmett, Nigel e Carrie tinham passes Eurail, sua rota para a Grécia era restrita a determinados trens em determinados momentos. E porque havia quatro deles, e uma só Ginny, as suas necessidades vinham em primeiro lugar. Sua rota iria levá-los através da Alemanha, na Áustria por um curto tempo, então eles iriam cortar a Itália, e finalmente parando em Veneza. Levaria 25 horas. Dentro de meia hora, eles estavam em um supermercado, Copenhagen Super, preenchendo uma cesta com frutas, água mineral, queijos pequenos fechados em pacotes, cookies. . . tudo o que podiam pensar que pudesse sustentálos por 25 horas a bordo de um trem. E uma hora e meia depois, eles estavam saindo de Copenhaguen para uma outra cidade dinamarquesa chamada Rødbyhavn, que Ginny não ia tentar pronunciar. Parecia que consistia apenas no terminal da balsa, vento, um grande edifício. Lá pegaram uma pequena balsa para Puttgarden, na Alemanha, que demorou cerca de três minutos. Em Puttgarden, puseram-se sobre uma plataforma de trem solitária, onde um trem de aparência elegante parou e os aceitou. Espremidos em um conjunto de assentos destinados a quatro pessoas. Como Ginny viu, a Alemanha era um Pizza Hut em Hamburgo, onde ela queimou o céu da boca por comer rápido demais. Ela e Carrie se perderam ao tentar encontrar um banheiro para mulheres em Frankfurt . Nigel bateu acidentalmente em uma mulher idosa quando ele correu para o trem em Munique. O resto era só treinar. Em seu estado de confusão, lembrou-se olhando de uma janela um céu azul brilhante contra montanhas cinzentas com picos brancos aumento na distância. Então lá estava a milhas e milhas de verdes gramíneas longas e finas e campos de flores roxas. Três tempestades. Postos de gasolina. Casas coloridas, que pareciam algo saído de The Sound of Music. Linhas de planície marrons. Após a décima segunda hora, Ginny começou a suspeitar de que se ela ficasse sentada como estava por muito mais tempo, encurvada, com a jaqueta de Carrie atrás de sua cabeça, ela ficaria da forma de um camarão para o resto de sua vida. Em algum lugar em que Ginny adivinhou ser o norte da Itália, o ar condicionado morreu. Uma tentativa corajosa foi feita para abrir as janelas, mas sem sucesso. Não demorou muito para que o calor começasse a acumular-se no


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carro, e uma luz, mas definitivamente ainda um cheiro desagradável pairava no ar. O trem ficou mais lento. Alguns anúncios foram feitos sobre uma greve em algum lugar. Paciência foi solicitada. O medo é desagradável. Pararam totalmente por meia hora, e quando eles começaram, novamente, o condutor pediu que ninguém usasse o banheiro. Chegaram a Veneza, com apenas quinze minutos de sobra e não tinham idéia de onde estavam. Eles levaram suas duvidas a partir dos sinais, tentando encontrar a saída. Uma vez na rua, eles se amontoaram em um pequeno carro, e então eles estavam acelerando pelas ruas vazias parecendo que estavam a quase duzentos quilômetros por hora. Uma brisa forte entrava pela janela aberta enquanto voavam, esbofeteando o rosto de Ginny e fazendo com que seus olhos ardessem. E em outro momento, eles estavam subindo todos em um grande barco vermelho. Eles eram passageiros do convés. Isso significava que eles poderiam sentar em uma cadeira na sala (já lotada), uma cadeira no convés (todas ocupadas), ou a plataforma em si. E a maioria do espaço tinha sido reivindicado. Eles tiveram que caminhar ao redor do barco duas vezes antes de encontrarem uma estreita fatia de pavimento entre uma embarcação e uma parede. Ginny esticou tanto quanto pôde, grata por estar ao ar livre. Ela acordou sentindo um sol do meio dia pendurado bem acima de seus olhos. O calor penetrava-lhe as pálpebras. Ela podia sentir uma queimadura irregular no rosto. Ela se levantou e se esticou, então, caminharam para o lado do barco. O barco que eles estavam era parte da ―super-velocidade‖ de linha, mas não fez jus ao seu nome. Eles deslizavam através da água a um ritmo lento o suficiente para permitir que as aves marinhas pousassem no convés, para descansar, e depois decolar novamente. A água debaixo deles era um espelho turquesa brilhante, o tipo de cor que ela nunca acreditou que a água poderia ser. Ginny puxou os envelopes remanescentes de sua bolsa e segurou-os firmemente (não que alguma coisa tenha mudado muito, não havia quase nenhuma brisa). Agora a tira de borracha era irrelevante. Pendia folgada nos dois últimos. Ginny tirou do envelope XII e pendeu a tira em volta do pulso.


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A visão do doze sempre a tinha deixado perplexa. É algo que se parecia com as costas de um dragão roxo saindo da borda inferior do envelope. Agora que ela estava na água, ela entendeu exatamente o que era, supostamente deveria ser uma ilha. Descoberto, uma imagem estranha de uma ilha, um pouco embaçada e completamente errado a cor. Mas era uma ilha, no entanto. Ela quebrou o selo e abriu-a.


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Ginny,

Harrods é o tipo de coisa que eu acho que você só encontra na Inglaterra. É num belo edifício antigo.

É tradicional. É bizarramente organizado e mais ou menos impossível encontrar alguma coisa, mas se você olhar duro o suficiente, tudo no mundo está lá dentro.

Incluindo Richard Murphy.

Veja, Gin, quando cheguei em Londres, eu ainda estava na minha adrenalina. Mas depois de alguns dias, eu percebi que eu era sem-teto, desempregada, e sem dinheiro - o que é uma combinação muito ruim.

Você me conhece. . . Quando as fichas estão na mesa, eu gosto de tentar no fabuloso, coisas caras. Então eu fui a Harrods. Passei um dia inteiro fazendo maquiagem no departamento de cosméticos, experimentando vestidos que custam milhares de libras, testando perfume. Após cerca de oito horas nisso, finalmente ocorreu-me que eu era uma mulher crescida, vagando sem rumo em torno de uma loja como uma criança. Uma criança que tinha fugido de casa em meu aborrecimento. Eu tinha feito uma grave e potencialmente desastrosa coisa.

Eu estava no corredor de alimentos até esse ponto. Eu vi um cara alto, de terno carregando um cesto com cerca de cinquenta recipientes de Africanhoney incrivelmente caro. Eu perguntava a mim mesma: Quem faz isso? Então, eu perguntei a ele. E ele me disse que estava montando cestas de natal. Fiz uma piada terrível sobre mel e dor e, em seguida. . . Eu comecei a chorar. Chorando sobre a minha estúpida vida e minha situação e mel Africano .


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Nem preciso dizer, eu assustei o cara. Mas ele reagiu bem e me sentou e perguntou o que estava errado. E eu expliquei que eu era uma perdida, sem-teto americana io-iô. Como se tudo mudasse, ele tinha um quarto vago que estava prestes a colocar um anúncio para alugar. Ele se ofereceu para fazermos um negócio, eu poderia ficar lá de graça até que eu tivesse algum dinheiro.

Desde que você não é estúpida, eu sei que você já percebeu que esse cara era Richard. Mudei-me para seu quarto vago nesse dia.

Agora, eu aposto que eu sei o que você está pensando agora. Você está pensando: Bem, duh, tia Peg. Que cara não vai tirar proveito de alguma mulher idiota bancando uma donzela em apuros? E essa é uma boa pergunta. Evidentemente, eu estava correndo um risco. Mas havia algo sobre Richard que eu confiava, a partir do momento que o conheci. Richard não é exatamente igual ao grupo habitual de deliciosos idiotas que tendem a gastar meu tempo. Richard é prático. Richard gosta de ter um emprego estável e uma vida estável. Richard realmente não entende porque a pintura da parede vem em qualquer cor além do branco. Richard é confiável. Richard nunca me cobrou um centavo de aluguel, tampouco.

Não demorou muito antes que eu tivesse uma grave queda por ele. E, embora tentasse ser sutil, eu sabia que ele gostava de mim também. E então, depois de um tempo, percebi que eu o amava.

Vivemos com este acordo feliz por alguns meses. Nós nunca agíamos sobre isso. Era sempre assim ali, sob a superfície, no caminho nós passamos o controle remoto para cada um e dizíamos coisas como: —Será que é o telefone?— Eu disse a ele que sempre sonhei em ter um estúdio no sótão na Europa, e você sabe o que ele fez? Ele conseguiu encontrar uma antiga sala de armazenamento em um dos andares mais elevados da Harrods. Ele se esgueirava a cada dia para que eu pudesse pintar e eu mantive todo o meu trabalho em um gabinete de lá.

Então uma noite, ele fez a pior coisa possível, ele me contou como se sentia.


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Agora, alguma pessoa - boa, normal, sã - podia ser muito feliz ao saber que o ótimo cara que ela estava apaixonada a amava de volta. Porque eu não sou uma dessas pessoas, eu reagi ligeiramente mal.

Enquanto ele estava no trabalho um dia, arrumei minhas coisas e saí. Eu fui por um mês na rota que você apenas seguiu. Mas quando eu soube que algo estava errado comigo, foi para Richard que eu voltei. Era Richard, que cuidou de mim. É Richard que me traz latas de Coca-cola e sorvete enquanto eu sento e escrevo estas cartas. Ele se certifica que eu tome minha medicação na hora certa, porque às vezes eu fico um pouco confusa.

Apenas mais um envelope para ir, Gin. Não é uma tarefa muito importante contida no envelope - o mais crítico de todos. Porque isso é tão grande e sério, estou deixando-a totalmente para você quando você decidir abri-lo e levá-lo.

Amor, Sua tia fugitiva

P.S. Não saia por aí aceitando as ofertas de homens estranhos, pedindo-lhe para vir morar com eles. Essa não é a moral desta história. Além disso, sua mãe nunca me perdoaria.


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Capítulo 32 A Scooter Vermelha Enquanto Carrie estava ansiosamente debruçada sobre a carta 12, Ginny segurou o décimo terceiro envelope azul no sol grego. (era grego? era italiano? Alguém sabe isso?) Ela não conseguia ver muita coisa nele. Não era muito maior do que qualquer um dos outros. Sentiu duas páginas. E este desenho era difícil, mesmo para um desenho, isso era o número 13, feito para parecer como grandes números datilografados. —Bem? Carrie perguntou, dobrando a carta que ela estava lendo. —Então você vai abri-lo agora, certo? Ela diz que você pode. Ginny sentou-se e recostou-se, imediatamente batendo a cabeça em um remo ao lado da embarcação por trás dela. —E obviamente você deseja abri-lo agora, certo? Carrie continuou. —Certo? Ginny pescou na sacola de compras. A única coisa que poderia encontrar lá que perecia bom era um dos pequenos queijos. Ela teve que morder o caminho através da cera vermelha, e pelo tempo que ela chegara no delicioso queijo, sua boca tinha gosto de vela quente e ela não estava mais com fome. Ela deixou isso de lado. Um dos caras iria comer isso. —São flores de cebola fritas um real alimento australiano?, ela perguntou. Carrie pulou e sentou-se sobre os joelhos, perto de Ginny, empurrando o saco de mantimento de lado no processo. —Ah, vamos lá! Abra-o! —Eu não entendo, disse Ginny. —No começo, isso meio que fazia sentido. Então, tudo isso meio que está confuso . O cara que eu deveria encontrar em Amesterdan nem estava lá. Então ela me enviou por todo o caminho para a Dinamarca por nenhuma razão. —Tinha que haver uma razão, disse Carrie.


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—Eu não sei. Minha tia era uma espécie de louca às vezes. Ela gostava de ver o que ela poderia levar as pessoas a fazer. —Bem, você pode desvendar um monte de perguntas, abrindo o último e lendo. —Eu sei. Vai ser algo na última carta. Algo que ela não queria saber. Ela podia sentir isso através do papel. Esta carta continha muito. —Eu vou abri-la quando chegarmos lá, ela disse, empurrando Carrie suavemente de seus joelhos. —Eu prometo. O corpo de Ginny havia se ajustado ao movimento, então quando ela percebeu que o barco tinha parado de se mover várias horas depois, achou um pouco difícil de andar. Ela oscilou um pouco e esbarrou em Bennett. Juntaram-se à longa fila de grogues, igualmente confusos companheiros de viagem, e logo eles se encontraram em terra pouco antes do amanhecer. O porto era um monte sombrio de edifícios de concreto. Novamente, sem ter a real idéia de onde estavam, eles pegaram um táxi parado no escritório do porto. Emmett falou com o motorista por um momento e depois acenou para todos entrarem. —Onde estamos indo? Carrie pediu. —Nem idéia. —Eu disse que queria ir para algum lugar por aqui com uma boa praia, e nós não podemos pagar mais de € 3 cada um. No início, a terra ao redor da estrada pareciam arbustiva e difícil, cheia de pedras e pequenas plantas resistentes que prosperaram no intenso calor e camadas de cascalho. Em seguida, o carro virou, e eles estavam em uma estrada no alto de uma vasta praia. Na frente deles estava uma pequena cidade, que acabara de acordar. As cadeiras foram sendo colocadas para fora, na frente de cafés. Ginny podia ver os barcos de pesca que se deslocavam à distância. O motorista os deixou ao longo da estrada, apontando para um conjunto de degraus que haviam sido esculpidos do lado do precipício que dava para a água. A areia embaixo era branca, e a praia estava vazia. Eles fizeram sua maneira para


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descer estes largos degraus, segurando na parede rochosa. Tão logo chegaram à praia, os caras imediatamente caíram na areia e se estenderam para dormir. Carrie ergueu uma sobrancelha para Ginny. —Eu vou abri-lo em poucos minutos, disse Ginny. —Eu quero andar por aí primeiro. Elas deixaram suas malas lá e escalaram uma grande rocha e se encontraram em uma pequena gruta. Carrie arrancou sua camisa. —Eu vou nadar, ela disse, suas mãos já estavam trabalhando em seu sutien. —Nua? —Vamos! Disse Carrie. —Você está na Grécia. Não há praticamente ninguém por perto. Eles estão dormindo. Sem esperar por Ginny mudar de idéia, Carrie removeu o restante de suas roupas, sem uma centelha de hesitação e se dirigiu para a água. Ginny pensou sobre isso por um momento. Ela precisava tomar um banho, sério. Ela se sentia meio nojenta, e a água parecia inacreditável. Além disso, sua calcinha parecia muito como um biquini. Ela só o manteria. Ela arrancou a roupa e correu para dentro da água. Foi como um banho morno. Ela mergulhou debaixo d'água e observava suas tranças flutuarem acima da cabeça, como antenas. Então ela colocou a cabeça acima da água e sentou-se no chão, deixando as ondas virem por cima dela. Carrie obviamente tinham se enfiado em um caminho muito longo e estava dentro e fora da arrebentação. Havia algo quase como uma criança sobre sua emoção de estar nua. Quando ela tinha sido varrida o suficiente pelas ondas, Ginny se puxou para fora da pequena trincheira que estava afundada e fez seu caminho de volta para as pedras. Logo após, Carrie nadou o caminho de volta para sair e caiu na areia. —Eu me sinto tão clássica, ela disse. —E se eles acordassem? Ginny perguntou. —O quê? Eles? Eles estiveram acordados por dois dias, e eles beberam cerveja a noite toda. Eles vão dormir com qualquer coisa.


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Não houve a necessidade de dizer mais nada. Havia algo tão bom sobre a manhã que elas poderiam ficar em silêncio e apenas beber ao sol e desfrutar de seu próprio comportamento. E quando ela estava pronta, iria abrir a última carta. Na estrada acima, Ginny viu alguns mochileiros de scooter. Carrie ergueu a cabeça e viu-os ir. —Meus amigos que vieram aqui no ano passado alugaram scooters, ela disse. —Suponho que seja a melhor maneira de ver as ilhas. Deveríamos ter uma. Gina assentiu. Ela gostou da idéia de ter uma scooter. —Eu estou com fome, disse Carrie. —Eu estou indo buscar algum alimento do meu saco. Volto já. —Não vai se vestir? —Não. Poucos minutos depois, Ginny ouviu a voz de Carrie, do outro lado da rocha. Algo sobre isso soou mal. —Onde é que vocês colocaram? Não é engraçado. Isso chamou a atenção de Ginny. Enquanto ela escalava sobre a rocha, ela viu Carrie, ainda nua (embora estivesse segurando uma das toalhas em si mesma), circulando ao redor de uma forma estranha. Tipo histérica. Ginny deslizou de volta para baixo e se vestiu rapidamente, recolhendo as roupas de Carrie. Ela tinha uma sensação de que estava entrando em uma piada interna, mas os olhares em todas as suas faces imediatamente disseram a ela que não era o caso. Lágrimas corriam pela face de Carrie, e os caras pareciam grogues, mas muito preocupados. Ginny percebeu que havia apenas três bagagens no chão, os que tinham estado sob as cabeças dos rapazes enquanto dormiam. As de Carrie e Ginny não estavam à vista. —Oh Deus,— Carrie estava dizendo, continuando fazendo sua dança histeria. —Não. Não. Você deve estar brincando comigo.


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—Nós vamos procurar por eles, Bennett dizia. Quando isso atingiu Ginny, ela quase teve vontade de rir. Os caras na scooter. Os colegas mochileiros. Eles eram ladrões. Eles provavelmente estavam observando da estrada, e então eles vieram para baixo e roubaram as bolsas. E elas os assistiram ir. Tudo se foi. Todas as suas roupas pantanosas. E todos os envelopes. Incluindo o último, por abrir. Sua explicação acabara se virando até o lado de uma colina grega para uma scooter vermelha. Ginny cavou seus dedos na areia. —Eu estou indo nadar de novo, ela disse. Ela enfiou a mão no bolso e suas duas únicas posses, seu passaporte e seu Barclaycard. Ela havia mudado esses de lá para ficarem a salvo em um dos trens. Passou-os para Emmett e caminhou até a água. Desta vez, ela apenas deixou tudo enquanto voltava para as ondas quentes. Ela sentiu sua camisa e calções se encherem como balões com água assim que foi mais profundo, e com a água a empurrando, elas grudavam em seu corpo. Como todas as manhãs, o início de um cinza lavanda e estava queimando rápido, e um céu azul brilhante floresceu acima dela. Ele foi acompanhado pela cor do mar. Na verdade, ela só poderia dizer sobre onde o horizonte era. Ela estava na água, e a água estava no céu, era como se ela estivesse no começo e fim de tudo. Nigel nadou para ela, após alguns minutos. —Está tudo bem? Ele perguntou, preocupado. Ginny começou a rir.


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Capítulo 33 A única ATM em Corfu

Demorou cerca de uma hora para parar Carrie de delirar e freneticamente andar para cima e para baixo na praia. Então eles escalaram (com uma carga consideravelmente mais leve) de volta a subir os degraus de pedras cortados pela areia colorida para a estrada. Eles começaram a andar para trás no que eles adivinharam ser a direção da cidade. Não havia nada que indicasse isso, exceto que parecia haver mais plantas de hibisco nessa direção, e Emmett pensou ter visto algo que podia ser uma cabine de telefone à sua frente. Acabou por ser uma rocha, mas Ginny podia entender como ele cometeu o erro. É que era uma espécie de quadrado. O sol tinha-se retirado para o alto no céu com uma velocidade surpreendente. O calor, combinado com a sua exaustão e esporádicas crises de choro de Carrie, fez o curso lento e um pouco doloroso. Depois de um tempo, eles podiam ver enormes hotéis modernos ao longe, muito longe e brancas igrejas e casas em pontos altos, projetando-se sobre a água. Cerca de um quilômetro até a estrada, eles chegaram a um aglomerado de edifícios. Acabou por não ser Corfu Town, mas uma pequena aldeia com alguns pequenos hotéis e restaurantes. Tudo era branco. Ofuscante e branco. Todos os edifícios. Todas as paredes. As pedras que pavimentavam o terreno tinham até sido pintadas de branco. Apenas as portas e janelas fechadas destacaram-se com súbitas explosões de vermelho, amarelo ou azul. Eles caminharam por uma pequena trilha de sombra em ambos os lados por árvores pequenas que pareciam que alguém as tinha agarrado pelos galhos mais altos e as torceram como um saca-rolha. Elas estavam cheias de pequenos frutos verdes, algumas das quais tinham caído e espalhado aberto sobre as pedras. Nigel alegremente apontou que elas eram oliveiras e Carrie, muito menos alegre, disse-lhe para se calar.


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Gina pegou uma azeitona caída do chão. Ela nunca tinha visto uma azeitona que era assim, era um pouco rígida, com uma pele. Nada como aquelas coisinhas verdes com o pontinho vermelho que supostamente estavam em copos de Martini. Nada era muito parecido com o que supostamente seria. Lá estava uma pequena taverna de dormir, com algumas mesas no exterior. Afundaram-se com gratidão em bancos, e logo sua pequena mesa redonda, estava transbordando de pratos de torta de espinafre, pratos de iogurte e mel, e xícaras de café. Tinha suco fresco, cheia de pedacinhos de polpa e quente. Gina colocou seu passaporte e seu cartão de banco ao lado de seu prato. Estranho. Eles não aceitaram nada em troca, mas com eles, ela poderia viajar todo o caminho pela Europa. Eles eram tudo o que ela realmente precisava. Carrie começou a chorar mais uma vez, quando Ginny fez isso e lembrou a todos que já não tinha suas coisas. Ela não tinha nada. Sem passaporte, ela não ia ser capaz de chegar a lugar nenhum. Não em um avião. Não em uma balsa. E, continuou ela, os braços não eram bastante fortes o suficiente para permitir-lhe nadar até a Grécia continental, ou de volta para a Austrália, só para constar. Gina rapidamente colocou as coisas de volta no bolso molhado e concentrou-se em colocar gotas de mel no espesso iogurte e mexe-lo. Ela se sentiu muito mal por Carrie, mas a situação não parecia real. Sentia-se ligeiramente lobotomizada (se você pudesse ser um pouco lobotomizado). Foi uma sensação agradável, em qualquer caso. Ela ouviu enquanto eles especulavam sobre como poderiam conseguir fazer Carrie sair da Grécia e voltar para o redor do mundo. O consenso geral era de que eles tinham que chegar à embaixada australiana de alguma forma, não que eles soubessem onde era. O melhor palpite era Atenas. Ginny olhou ao longe e viu um varal com pequenos polvos pendurados, secando ao sol. Eles me fizeram pensar na máquina de lavar de Richard e sua estranha marcação alfabética. Que configuração você usaria para lavar um polvo? Ó, ela adivinhou.


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—E você, Gin? Bennett disse, interrompendo essa mediação na lavagem adequada das criaturas do mar. —O que você quer fazer? Ginny olhou para cima. —Eu não sei, ela disse. —Eu acho que seria melhor conseguir algum dinheiro. Demorou um pouco para encontrar um caixa eletrônico entre as lojas de souvenires e igrejas. O único que ela finalmente conseguiu localizar estava em uma loja do tamanho de um corredor que vendia tudo a partir de grão de bico enlatado a acessórios de banho feitos de borracha. A ATM era só uma coisinha solitária, em baixo de em algumas descartáveis e empoeiradas câmeras. Parecia meio sombrio, mas não havia outro lugar para conseguir algum dinheiro. Ela pediu-lhe 500 €. A mensagem grega que apareceu na tela não significava nada para ela, mas o ruído de buzinas que o acompanhava-lhe disse que não ia acontecer. Ela tentou quatrocentos. Ele buzinou novamente. Mais buzinadas para trezentos e duzentos. Cento e noventa? Nada: 180, 175, 160, 150, 145, 130, 110, 90, 75, 50. . . A máquina acabou tossindo até quarenta euros, depois cuspiu seu cartão de volta para ela com repugnância. Havia apenas uma coisa que ela poderia pensar em fazer. O cartão de telefone de cinco euros não comprava um monte de horas, e os operadores no Harrods não pareciam compreender a sua pressa. A voz eletrônica ficava interrompendo a música de espera para lhe dizer em grego (ela adivinhou) que os minutos estavam passando. —Ginny? Onde você está? —Corfu. Na Grécia. —A Grécia? —Certo. A coisa é que minha conta está vazia e eu estou presa aqui, ela disse. —E este cartão de telefone está prestes a acabar. Eu não posso voltar. —Espere um minuto.


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A música clássica encheu a linha. Uma voz veio e disse algo mais em grego. Mais uma vez, ela tinha que adivinhar o significado. Tinha certeza que a voz não era apenas para acolhê-la na Grécia e desejando que ela tivesse uma estadia agradável. Uma série de pequenos bips curtos confirmou isso. Ela ficou aliviada quando Richard voltou na linha. —Você pode chegar ao aeroporto de Corfu? —Eu acho que sim, ela disse. Então ela percebeu que isso não era o tipo de coisa de se achar. Ela iria conseguir chegar ao aeroporto ou ficar em Corfu para sempre. —Certo. Vou ligar para a nossa agência de viagens e obter-lhe um bilhete de volta para Londres. Você vai ficar bem, tudo bem? Eu vou cuidar disso. —Eu te pago de volta ou o meu pais... —Basta chegar ao aeroporto. Nós vamos descobrir tudo mais tarde. Vamos só trazê-la para casa. Enquanto Ginny desligava o telefone, ela viu Carrie sendo atendida por todos os seus amigos em um banco do outro lado da rua. Ela parecia um pouco mais calma agora. Ginny atravessou a rua e sentou-se com eles. —Eu tenho que chegar ao aeroporto, ela disse. —Richard, amigo da minha tia está me conseguindo uma passagem para ir embora. —Você está indo, Pretz? Carrie perguntou. —De volta para Londres?

Foram várias rodadas de abraços e uma troca de endereços de correio eletrônico. Então, Emmett acenou para um pequeno Fiat que ele identificou corretamente como um táxi. Pouco antes dele se afastar, Carrie veio até a janela. Ela começou a chorar novamente. —Ei, Pretz, ela disse, inclinando-se para Ginny. —Não se preocupe. Você vai descobrir o que era. Ginny sorriu. —Você vai ficar bem, certo? ela perguntou.


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—Sim. Carrie assentiu. —Quem sabe. Podemos ficar por aqui por um tempo. Não é como se eu realmente pudesse ir a qualquer lugar agora. Há lugares piores para estar. E depois de um aperto de mão final, o táxi arrancou, e Ginny se encontrava a caminho do aeroporto de Corfu. A educada aeromoça do British Airways na porta do avião não mudou sua expressão em tudo quando Ginny chegou a bordo de sua agradável e limpa aeronave. Era como se essa desgrenhada, fedida, de mãos vazias sempre viajasse com ela. Ela permaneceu composta mais tarde, quando Ginny aceitou tudo o que ela ofereceu. Sim, ela tinha uma água. Ela pegava um refrigerante e um sanduíche e uma xícara de chá. Cookies, lenços, quebra-nozes, bolas de basquete. . . Tudo o que ela tinha em seu pequeno carro prata, Gina estava tomando. Dois, se ela pudesse tê-los. Anoitecia em Londres, quando seu avião aterrissou em Heathrow. Desta vez, depois que ela andou as 10.000 milhas do corredor, havia alguém esperando por ela no final. Richard não parecia se preocupar em abraçá-la, mesmo estando suja. —Meu Deus, ele disse, se puxando para trás e dando lhe um bom olhar. — O que aconteceu com você? Onde estão suas coisas? —Tudo que eu tinha foi roubado. —Tudo o que? Ela enfiou a mão no bolso e suas duas únicas posses, o passaporte e o cartão Multibanco inútil. —Bem, ele disse, —não se preocupe. Contanto que você esteja bem. Podemos obter algumas roupas novas. E sobre as cartas? —Eles pegaram as cartas também. —Oh... certo. Lamento ouvir isso. —Ele enfiou as mãos nos bolsos e balançou fortemente a cabeça. —Bem, vamos levá-la de volta. O trem estava bastante lotado, apesar da hora tardia. Richard e Ginny foram esmagados juntos. Ginny explicou onde tinha estado depois de Roma.


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Agora que ela juntou tudo, ela percebeu o quanto tinha sido embalada no tão curto tempo de pouco menos de um mês. Vendo Keith em Paris. Ficar presa com os Knapps em Amsterdã. Ficar na casa dos Knud ao norte da Dinamarca. —Posso te perguntar uma coisa? Richard cortou, quando Ginny chegava ao fim da sua história. —Claro. —Você não tem que me dizer alguma coisa, você sabe, privado, mas... Peg lhe disse alguma coisa? Isto não era quase específico o suficiente para ser respondido, e Richard pareceu perceber isso. —Eu sei que nós não conseguimos falar muito quando você estava aqui há algumas semanas atrás, continuou ele. —Mas há algo que você deve saber. No caso de você não saber. Você sabe? —Saber? —Parece que você não faz idéia. Eu estava tentando pensar em um bom momento para se sentar e dizer-lhe isso, mas eu não consegui pensar em nada. Então, você se importa se eu fizer isso agora? Ginny olhou ao redor do vagão do trem. —Não, ela mentiu. —Eu suponho que ela provavelmente explicaria isso no final, ele disse, — no que você não leu. Sua tia e eu nos casamos. Ela precisava de cuidados médicos. Não que isso fosse a única razão, é claro. Aconteceu mais rápido do que teria sido talvez. Ela me disse para não dizer nada até que você tivesse lido tudo o que ela havia escrito para você. —Casada? Ginny disse. —Isso significa que você é meu tio. —Sim. É exatamente o que isso significa.— Ele olhou nervosamente. Ginny fixou os olhos na sua frente. Ela odiava a tia Peg naquele momento. Odiava completa e totalmente. Não era culpa dela que o envelope tinha sido roubado, mas foi culpa dela que ela estava aqui, que Richard fora forçado a resgatá-la e explicar estas coisas que ele


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obviamente se sentia desconfortável fazendo. Era melhor quando tudo era um mistério - quando tia Peg tinha acabado de sair para algum lugar selvagem. Ela não era casada. Ela não tinha um tumor cerebral. Ela sempre estava em seu caminho para casa. Nesse segundo, porque puxar isso para Angel, tia Peg tinha ido embora. Realmente e verdadeiramente se foi. —Eu tenho que ir, ela disse, correndo para fora da porta da frente. —Obrigada por tudo.


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Capítulo 34 A sobrinha Fugitiva A única vantagem de ter tudo o que você tem roubado é que a viagem se torna muito fácil. Ela começou a andar, seguindo a rota de ônibus pela Essex Road. As pessoas estavam vestidas para a noite ou estavam voltando do trabalho. Em ambos os casos, isso significava que eles pareciam, como Richard diria, ―inteligentes‖. Ou, como ela diria, ―limpas.‖ Eles provavelmente não cheiravam a trem e com roupas velha e molhadas e eles provavelmente tomaram banho em algum momento nas últimas 48 horas. Mas ela não se importava. Ela simplesmente continuou andando, sentindo seu rosto em uma determinada careta. Em cerca de meia hora ela percebeu que tinha passado a partir da área ocupada com as lojas bem iluminadas, bares e restaurantes para as menores e mais apertadas ruas cheias de lojas de bebidas e casas de apostas. O percurso em si tinha se impresso em sua mente. Ela virou-se para a rua, onde todas as casas eram as mesmas, todas as planas fachadas de tijolos, monótonas e cinza, com janelas brancas de aro. Na metade do quarteirão viu a porta vermelha com a janela em forma de losango amarelo. As cortinas pretas nas janelas do andar superior tinham sido puxadas tortas até a metade, e as luzes estavam acesas. Quando ela chegou perto, ela podia ouvir música. Alguém estava em casa, de qualquer maneira. Não poderia ser Keith. Ele estava na Escócia. Ela só veio aqui porque este era o único outro lugar em Londres que ela sabia como chegar a pé. O único lugar que ela conhecia além de Harrods, e ela não podia ir lá, obviamente. Talvez David fosse deixá-la entrar Ela bateu na porta. Havia passos pesados descendo correndo as escadas por dentro, batendo ao longo do corredor.


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Foi Fiona, que abriu a porta. Ela era ainda menor e mais loira do que da última vez, como se tivesse sido alvejada e depois na secadora por muito tempo. —Keith está aqui?— Ginny perguntou, já temendo o ―não‖ que com certeza viria. —Keith, ela gritou, antes de deixar a porta fechar suavemente e pisar o caminho de volta para cima em seus calcanhares. Ele veio até a porta espumando os lábios, a alça de uma escova de dentes saindo do lado direito da boca. Ele puxou-o para fora, engoliu em seco, e enxugou o frescor de menta com as costas da mão. Foi só por um segundo, mas Ginny tinha certeza que havia uma sugestão de um sorriso assim quando ele baixou a mão. Ele piscou como se ela fosse uma visão, provavelmente ele viu uma versão dela amarrotada, suja, de mãos vazias. —Você não estava na Escócia, ela respondeu. —A escola nos cortou. Nós chegamos lá só para descobrir que não tínhamos onde ficar e metade dos nossos espetáculos foram cancelados. Parece que você precisa se sentar. Ele deu um passo para trás e deixou-a entrar. A sala de Keith parecia que tinha sido atingida por um louco tornado. As grades e placas que compunham o seu mobiliário antigo davam lugar a caixas explodindo cheias de papéis, pedaços de scripts, pilhas de livros com títulos como O Teatro do Sofrimento. Keith colocou a escova de dentes atrás da orelha e começou a reunir alguns dos trabalhos do sofá, abrindo uma vaga. —Você acabou de voltar de Amsterdam? Ou você acabou em outro lugar? —Eu fui para a Dinamarca, ela disse. Parecia que tinha sido há muito tempo, mas tinha sido dois, talvez três dias? Era difícil dizer mais. —Como foi isso? Ele perguntou. —Rotten? E como você se bronzeou lá? —Oh. Ela olhou para baixo dos braços. Eles estavam bronzeados, na verdade. —Depois eu fui para a Grécia. —Bem, por que não? Elas estão bem próximas umas das outras, não estão?


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Ela caiu sobre o assento que ele tinha limpado. Nada se mantinha em cima deste sofá a não ser algumas almofadas baratas, e que estavam tão desgastadas que ela afundou quase todo o caminho até o chão. —O que aconteceu com você? Ele disse, chutando alguns livros para fora do caminho para fazer um lugar para si no chão. —Você parece que acabou de ser retirada de helicóptero de uma tragédia internacional. —Alguém roubou minha mala na praia. Isso é tudo de mim que sobrou. Toda aquela energia que a tinha levado por dias em terra, mar e ar tinha sido gasto, sem nenhum resultado. E agora ela estava vazia, cansada, sem nenhuma direção deixada para ir. Nada para dizê-la para onde ir, e nada a impedindo de ir. —Posso ficar aqui por um tempo? ela perguntou. —Posso dormir aqui? —Sim, ele disse, seu rosto ficou escuro. —Claro. Você está bem? —Eu só vou dormir no chão ou algo assim, ela disse. —Não. Fique ali. Ginny deitou e puxou o monte de edredom Star Wars de Keith a partir de seu lugar de descanso na parte de trás do sofá. Ela fechou os olhos e ouviu ele se deslocar em torno de seus papéis. Ela poderia dizer que ele estava olhando para ela. —As cartas se foram, ela disse. —Se foram? —Elas estavam na bolsa. Eles pegaram o último. Sua testa enrugou na apreciação deste fato. Ginny puxou o edredom sobre o nariz. Cheirava surpreendentemente limpo e fresco. Talvez tudo cheirasse assim, quando se comparasse a ela. —Quando você voltou?, Ele perguntou. —E como? —Praticamente só agora. Richard me comprou um bilhete de avião. —Richard? O amigo de sua tia onde você está ficando? —Mais ou menos isso, ela disse.


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—Significa? Ela afundou um pouco mais no sofá. —Ele é meu tio. —Você não disse isso antes. —Eu não sabia. Keith sentou no chão ao lado do sofá e olhou para ela. —Você não sabia? Perguntou ele. —Eu só descobri. Eles eram casados, mas não apenas para o seguro de saúde ou algo assim, porque estava doente. Mas eles também gostavam um do outro. É complicado... —Você acaba de descobrir? Agora? —Richard me disse. E tipo, então eu fugi dele. Ela tentou enterrar as últimas palavras no tecido, mas ele pareceu pegá-las. —O que diabos está errado com você? Ele perguntou. Foi uma boa pergunta. —Não, ele disse, puxando o cobertor para baixo. —Você tem que voltar para lá. —Porquê? —Olha, ele disse —esse cara Richard se importou o suficiente para lhe comprar uma passagem de avião. Ele se casou com sua tia louca, porque ela estava doente. E isso não é falso. Essa coisa toda é meio estranha, admito, mas pelo menos é real. —Você não entendeu, ela disse, sentando-se. —Ela não estava morta antes. Ela só estava indo. Eu sabia que ela estava morta. Eles me disseram que ela estava morta. Mas eu nunca vi ela ficar doente. Eu nunca a vi morrer. Agora ela está morta. Agora ela tinha feito isso. Agora ela tinha dito. Agora a voz dela estava começando a rachar. Ginny cavou seus dedos dentro do cobertor.


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Keith suspirou, depois se sentou ao lado dela. —Oh, ele disse. Ginny apertou um pedaço da Estrela da Morte. —Tudo bem, ele disse. —Você pode dormir aqui, mas na parte da manhã eu estou levando-a de volta para Richard. Fechado? —Eu acho, disse Ginny. Ela rolou para trás do sofá e sentiu a mão de Keith devagar suavemente na parte de trás da cabeça e lentamente derramava seu cabelo enquanto ela rompia em soluços.


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Capítulo 35 Os Chinelos verdes e a mulher no trapézio A chave de reposição para a casa de Richard estava lá na escada, esperando por ela. Na mesa, havia um bilhete que dizia: Ginny, se você estiver lendo isso,

você voltou, e estou feliz com isso. Por favor, fique até esta noite para que possamos conversar um pouco mais. —Vê? Disse Keith, espiando um pedaço solto de cereais matinais e estourálo em sua boca. —Ele sabia que você voltaria. Ele derivou para fora da cozinha e olhou em volta do resto da casa, parando na porta do quarto de Ginny. —Este é o meu...— Ginny começou. —Meu... Era o quarto da minha tia. Eu sei que é um pouco.... —Sua tia pintou tudo isso? Ele disse, passando a mão ao longo da trilha de caricaturas que decoravam a parede, em seguida, inclinando-se para olhar para a colcha de retalhos sobre os cobertores. —É incrível. —Sim, também... é assim que ela era. —Parece um pouco como um lugar de Madri, disse ele. Ele circulou pela sala, atento a todos os detalhes. Ele caminhou até o cartaz Manet. —Esta é a sua pintura favorita? Ele perguntou. —Ela amava isso, Ginny disse. —Ela tinha uma cópia em seu apartamento em Nova York, também. Ela olhou para este pôster tantas vezes antes... Mas como Piet, ela nunca tinha reparado muito sobre isso. Tia Peg tinha explicado, mas ela nunca tinha conseguido pegar. Agora a expressão da menina no meio de toda a atividade, todas as cores... Fez muito mais sentido. Era muito mais trágico. Toda essa atividade em frente dela e a menina não estava vendo, não estava gostando.


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—Quando você olha para ele, ela disse —você está de pé, onde o artista supostamente estaria. A única coisa que ela adorava sobre isso, porém, era que ninguém nunca percebeu os chinelos verde no canto. É um reflexo de uma mulher que estava em um trapézio, mas você só consegue ver seus pés. Tia Peg sempre quis saber sobre ela. Ela estava sempre falando sobre os chinelos verdes. Veja? Bem aqui. Gina o pegou e colocou na cama e apontou no canto superior esquerdo, onde os pequenos chinelos verde balançavam o seu caminho para a imagem. Quando ela tocou o cartaz, ela sentiu um caroço no canto, à direita, onde os chinelos verdes estavam. Ela correu os dedos ao longo da superfície. Estava tudo normal com exceção deste ponto. Ela puxou o canto. O cartaz era fixado à parede com argamassa colante azul, que cedeu facilmente quando Ginny puxou de volta. Sob o canto, havia uma grande massa deste material azul. —O que você está fazendo? Keith perguntou. —Algo está aqui embaixo. Ela puxou o canto inteiro do cartaz para baixo. Ambos olhando para a massa azul e a pequena chave que foi pressionado para ele. A chave estava sentada entre eles na mesa da cozinha. Eles haviam tentado em todas as fechaduras da porta da casa. Então olharam tudo no quarto de Ginny, tentando encontrar alguma coisa que poderia encaixar-se. Nada. Então agora não havia nada a fazer, além de beber chá e olhar para ele. —Eu deveria saber que deveria olhar lá, Ginny disse, colocando o queixo sobre a mesa e conseguindo um close-up das migalhas. —Havia alguma coisa em qualquer uma das cartas dizendo-lhe para abrir alguma coisa? —Não. —Ela sempre dava-lhe alguma coisa? Keith perguntou, sacudindo a chave do outro lado da mesa com o dedo. —Além das letras. —Só o cartão de banco.— Ela enfiou a mão no bolso e colocou o Barclaycard sobre a mesa. —É inútil agora. Não há nada na conta.


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Keith pegou o cartão e levou-o à beira da mesa. —Tudo bem, disse ele. —E agora? Ginny pensou sobre isso. —Eu acho que eu deveria tomar um banho, ela disse. Richard tinha antecipado esta necessidade também. Jogadas no chão da porta do banheiro estavam algumas de suas roupas de baixo, umas calças de corrida e uma camisa de rugby. Ela se encharcou até se livrar da sujeira. Ela não tinha esse luxo com água-realmente quente, toalhas, o tempo para realmente ficar limpa. Quando ela saiu, Keith estava observando a pequena janela redonda da máquina de lavar no canto. —Coloquei sua roupa dentro para uma lavagem, ele disse. —Elas estavam nojentas. Ginny sempre pensou que a única maneira de conseguir roupas limpas era afogá-las em água fervente e, em seguida, chicoteando-os em torno de um violento movimento a centrífuga que fazia toda a máquina de lavar vibrar e o chão tremer. Você bate pra elas ficarem limpas. Você as fez sofrer. Esta máquina utilizada cerca de metade de um copo de água e era tão violenta quanto uma torradeira, mais ela parou a cada poucos minutos, como se estivesse exausta do esforço de transformar a si mesmo. Sluff, sluff sluff, sluff. Rest. Rest. Rest. Click. Sluff, sluff sluff, sluff. Rest. Rest. Rest. —Quem pensou em colocar uma janela em uma máquina de lavar? Keith perguntou. —Alguém simplesmente se senta e assiste elas serem lavadas? —Quer dizer, além de nós? —Bem, ele disse, —Sim. Tem algum café?


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Ginny levantou-se, tropeçou nas calças longas, e foi ao gabinete para a jarra de café instantâneo Harrods. Ela colocou sobre a mesa na frente de Keith. —Harrods, disse Keith, pegando a jarra. Houve um clique quase audível na cabeça de Ginny. —Harrods, repetiu. —Harrods, de fato. —Não. A chave. É para Harrods. —Harrods? Disse Keith. —Você está me dizendo que sua tia tinha a chave mágica para Harrods? —Talvez. Seu estúdio era lá. —Dentro de Harrods? —Sim. —Onde estava o seu quarto? Dentro do Parlamento? No topo do Big Ben? —Richard trabalha no Harrods, disse Ginny. —Ele encontrou para ela um espaço para trabalhar. Ela guardava tudo em um armário de lá. Um gabinete teria uma pequena chave, como esta. Keith balançou a cabeça. —Porque isso não me surpreende? questionou. —Vamos lá, então. —Vamos.


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Capítulo 36 A Chave Mágica para Harrods Ginny tinha desligado o Impulso cerebral ―o que eu estou vestindo?‖ algumas horas antes como um meio de sobrevivência. Isto até que ela pegou seu reflexo na janela na Harrods que de repente a fez lembrar-se de como ela estava vestida e que foi acompanhado por alguém vestindo uma camiseta que dizia: SUÍNO COLETIVO COMA MINHAS BOLAS. Keith parecia tão aflito, olhou no meio a porta na qual o porteiro Harrods abria, para exploração delas. —Cor, ele disse, sua mandíbula largando na mira da infiltração em massa da humanidade que completamente preenchida cada metro quadrado de espaço. —Eu não vou lá.— Ginny agarrou seu braço e puxou-o para dentro, levandoo pela trilha agora familiar para o balcão de chocolate. A expressão no rosto da mulher chocolate disse que ela não estava impressionada com nenhuma de suas roupas. Mas o olhar também dizia que ela era uma profissional e que tinha visto todo tipo de pessoa louca passar através das portas da Harrods. —Só um momento, disse ela —Murphy, sim? —Como ela sabia disso? Keith perguntou como a mulher caminhou até o telefone. —Como você tem todas essas estranhas conexões dentro Harrods? Quem é você? Ginny percebeu que ela estava mordendo suas cutículas. Ela nunca fez isso. Ela estava de repente muito nervosa em ver Richard. O tio dela. O que ela iria fugir. —Minha mãe costumava me arrastar aqui sempre que vinha para Londres no Natal — continuou ele, lá em baixo embalando e registrando cada conteúdo do balcão de chocolate—É ainda pior do que eu me lembro. Ela tinha que se afastar de Keith, da senhora chocolate. . . E ela teve de lutar contra o desejo de escapar à multidão e desaparecer. Ela quase perdeu a batalha, mas avistou Richard, cachos curtos e gravata prateada e uma camisa escura vindo até ela


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através da multidão. Ela não podia olhar para ele enquanto ele se aproximava. Em vez disso, ela simplesmente abriu mão dela e enfiou-a para frente, revelando a pequena chave que tinha se encaixado em sua palma. —Eu encontrei isto, disse ela -—Foi no quarto de tia Peg, atrás de um pôster. Eu acho que ela deixou lá para mim, e eu acho que há algo aqui. —Aqui? perguntou ele. —O gabinete. Ainda é aqui? —É em cima do armário de armazenamento. Mas não há nada dentro. Ela trouxe suas tintas pra casa. —Essa poderia ser a chave para isso? Richard pegou a chave olhando-a. —Pode ser, disse ele. Ginny deu um rápido olhar furtivo para ele. Ele não parecia irritado. —Vamos lá, disse ele. —Eu tenho um minuto. Vamos dar uma olhada. O estúdio da tia Peg em Harrods não era um lugar fascinante. Era um quarto muito pequeno em um andar com um monte de bonecos deformados e cabides descartados. Havia uma janela que abriu e revelou apenas o céu cinza. —É um desses, Richard disse, apontando para um grupo de grandes e marrons armários de metal no canto. Não era qualquer um dos que estavam na frente, assim Keith e Richard foram forçados a começar a empurrar os gabinetes de forma que permitisse Ginny se espremer entre as linhas e tentar vencer outros bloqueios. O quinto se ajustou perfeitamente. O interior do gabinete estava completamente vazio. Houve muito espaço para a pilha de telas que rolaram no fundo. —Os pergaminhos mortos Harrods, disse Keith. —É estranho que ela tenha levado as tintas, deixando os quadros aqui, disse Richard —Eu nunca teria encontrado eles. Eles teriam sido jogados fora. Ginny havia desenrolado alguns dos quadros e espalhou-os para no chão. O trabalho foi claramente da tia Peg: brilhante, quase representações caricaturais de vistas agora familiares. Houve ‗As virgens‘, a ‗Torre Eiffel‘, os caminhos de calçada de branco da Grécia, as ruas de Londres, ‗Harrods‘ em si. Alguns eram


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quase cópias diretas das imagens nos envelopes. Houve a menina na base da montanha com o castelo da quarta carta, a ilha monstro subindo do mar a partir do número doze. Ginny tinha visto muitos pintores amadores fazerem pinturas destas vistas em suas viagens para vender como lembranças para turistas. Estas pinturas eram muito diferentes. Elas estavam vivas. Pareciam vibrar. —Suspenda-o! Keith estendeu a mão e puxou algo colado no interior da porta do gabinete. Ele olhou para ela e, em seguida, segurou-a ao longo de Gina e Richard para verem. Foi um pesado cartão cinza, com nome e número sombriamente impressos. —Cecil Rathbone-Gage, disse Keith -—É um nome. Ginny pegou o cartão, em seguida, examinou-o. Rabiscado em caneta leu as palavras LIGUE AGORA. Eles pegaram os quadros, 27 no total, fora do gabinete em tubos de embalagem e sacos de compras da Harrods tamanho ‗extra-grande‘ . Richard tinha que gastar alguns minutos no corredor convencendo muito bem um velho guarda de segurança que eles não foram efetivamente roubar coisas da arrecadação e, finalmente, teve de mostrar algo que ele carregava em sua carteira. O homem recuou e pediu desculpas profusamente. Eles fizeram o seu caminho para seu escritório, que era um espaço apertado totalmente ocupado com armários e caixas. Houve apenas espaço suficiente para chegar até a mesa para usar o telefone. Cecil-Gage Rathbone teve uma voz como toque de cristal. —É da Blackstone* Virginia? perguntou ele. —Fomos informados de que você entraria em contato conosco. Nós temos todos os documentos prontos nós estivemos nos preparando para isso há meses. Eu acho que nós poderíamos conseguir. . . Quinta-feira? É que muito em breve? Isso só lhe dá dois dias. —Tudo bem, disse Ginny, não tendo nenhuma idéia do que ele estava realmente falando —Quando você gostaria que coletássemos eles? —As pinturas. . . certo? —Sim, exato. —Um. . . quando quiser.


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—Nós poderíamos mandar alguém recolher nesta noite, se for conveniente. Nós gostaríamos de tê-los em casa o mais rapidamente possível para preparar as coisas. —É. . . conveniente. —Excelente. Às cinco horas tudo bem? —Certo? —Esplêndido! Cinco horas da tarde, então. Mesmo endereço em Islington? —Sim? —Muito bom. Você só precisa vir aqui às nove da manhã de quinta-feira. Vocês têm o nosso endereço? Depois de tomar todas as informações de Cecil, que trabalhava para algo chamado Jerrlyn e Wise, Ginny encerrou a conversa pelo telefone. —Algumas pessoas estão vindo para pegar as pinturas, disse ela. —Quem? Richard perguntou. —Nenhuma idéia. Mas temos de ir a este endereço na quinta-feira às nove. Ou pelo menos eu farei. —Para quê? —Eu não tenho certeza.— —Bem, você resolveu isso então, não é? disse Keith -—Mistério resolvido. Ele olhou entre Richard e Ginny, em seguida, voltou para a porta. —Você sabe de uma coisa? Disse —Eu sinto que tenho que dar uma olhada melhor na sessão de alimentos famosos. Pegar algo para minha avó. —Desculpe por isso. . . pela partida. Disse ela, uma vez que Keith tinha ido embora. —Bem, você é sobrinha de Peg, ele disse. —É do seu sangue. E está tudo certo. O telefone de Richard começou a tocar. O telefone era muito alto e insistente. Não é à toa que ele sempre soou chato aqui.


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—É melhor você atender isso, ela disse -—A rainha pode precisar de roupas íntimas. —Ela vai esperar um momento, disse ele -—Eu tenho certeza que ela tem muitas dessas calças. —Provavelmente. Ginny manteve os olhos sobre o tapete verde maçante. Houve pequenos círculos de papel em toda parte, obviamente, caído do reservatório de um furador. Parecia com a neve. —Nós devemos realmente ter algumas roupas, disse ele,—Por que você não pega algumas coisas, e eu vou colocá-las na minha conta? Nada muito louco, se você não se importar, mas pegue algo que você goste. Ginny acenou com a cabeça fortemente. Seus olhos estavam nos padrões de rastreamento dos pontos no chão. Uma estrela. Um coelho orelhudo. —Sinto muito, disse ele -—Eu não devia ter lhe contado dentro do trem. Eu não sei o que eu estava pensando. Eu não estava pensando. Às vezes eu só dizer as coisas. —Isso nunca pareceu real, disse ela. —O que não fizemos? Peg e eu? Eu não sei o que seria, realmente. —Ela teria ido, explicou Gina. —Ela às vezes fazia coisas assim. —Ah. Outra ligação, ainda mais alta começou a tocar. Richard olhou mais para seu telefone em aborrecimento, então apertou alguns botões, silenciando-o. —Ela sempre me prometeu que estaria lá—, - disse Gina. —Desde a escola , faculdade. Ela iria prometer coisas e depois simplesmente não fazê-las. E apenas sair sem dizer nada a ninguém. —Eu sei. Ela estava terrível assim. Mas ela poderia fugir com ele. Demorou, mas ela puxou o seu olhar do chão. Richard estava distraído empurrando uma pasta em torno de sua mesa. —Eu sei, ela disse - Ela podia. Ela era realmente irritante desse jeito.


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—Muito, ele concordou. Havia uma tristeza pensativa sobre ele, que parecia muito familiar. —Eu acho que ela sabia o que estava fazendo, um pouco, ela disse — Eu tenho um tio agora, pelo menos. Richard parou de empurrar a sua pasta e olhou para cima. —Sim, sorriu, É bom ter uma sobrinha, também.


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Capítulo 37 A Casa Almofadada Na manhã de quinta-feira, um táxi preto contendo Ginny, Richard, e Keith fez seu caminho em uma rua tranqüila de Londres, o tipo de silêncio que sussurra riqueza, tradição, e a presença de muitos dos sistemas de segurança de alta tecnologia. Além de ser um pouco maior que os prédios ao redor, o edifício Jerrlyn e Wise não tinha nada que sugerisse que era outra coisa senão uma casa. A única coisa identificando era uma pequena placa de bronze na porta da frente, que se abriu imediatamente por um homem com cabelos loiros, assustadoramente perfeitos. —Miss Blackstone, ele disse. —Você parece tanto com sua tia. Por favor, entrem. Eu sou Cecil Gage-Rathbone. Cecil Gage-Rathbone usava terno cinza que combinava com o cartão de visita que tinham encontrado preso à porta do gabinete. Suas abotoaduras brilhavam discretamente a partir das extremidades das mangas, que tinham de ser feitas de obscenos algodões de alto preço. Pareciam feitas sob medida. Se o verde Jittery de Keith, camisa preta, gravata vermelha chamavam a atenção de Cecil, ele não mostrou. Apresentou-se e apertaram as mãos com verdadeiro prazer, como se ele tivesse esperado toda a sua vida para atender Keith e estava cheio de um doce alívio, agora que o momento tinha finalmente chegado. Ele levou Ginny gentilmente pelos ombros e deslizou ao longo de suas antiguidades até um punhado de pessoas que se reuniram, bem vestidas e penteadas como a si mesmo. Cecil ofereceu-lhes comida e bebida a partir de uma impressionante exibição de vasos de prata e placas dispostas em um aparador de mogno. Ginny não poderia pegar qualquer coisa, mas Richard aceitou uma xícara de café, e Keith tomou champagne, morangos, scones minúsculo, e um montão enorme de creme. Cecil os conduziu através de um longo corredor da sala de leilões. Tudo era grosso e fofo - as pesadas cortinas nas janelas, o macio das poltronas de couro. Era tão acolchoado e discreto que era difícil ouvir o monólogo murmuro de Keith sobre o


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quanto ele sempre quis brincar de James Bond, e ficaria muito feliz de estar na audição. Eles pararam no final do corredor, numa sala onde tinha ainda mais pessoas em ternos sentadas e conversando calmamente em telefones celulares. Cadeiras azuis haviam sido colocadas ao longo dos lados, juntamente com as tabelas que foram conectadas a computadores portáteis. As telas tinham sido colocadas em molduras de vidro simples e colocadas em cavaletes na frente da sala. Cecil conduziu-os em lugares no canto e depois pairou sobre eles, enfiando a cabeça entre eles para falar confidencialmente. —O que eu acho, ele sussurrou, —é que estamos bastante convencidos em conseguir uma boa oferta para a coleção como um todo. As pessoas estão chamando-as de pinturas Harrods. Todo mundo adora uma boa história. Foi só agora que eles estavam espalhados e alinhados que Ginny pode entender o que as pinturas eram. Ela olhou para Richard, que estava olhando para elas da mesma forma, correndo os olhos para baixo da linha como se estivesse lendo uma frase de um livro. As imagens começavam brilhantes, claras e poderosas, como a arte dos desenhos animados. Os próximos foram semelhantes, mas feito em raiva, cortes rápidos de tinta que sugeriam pressa. Em seguida, as cores começaram a desaparecer e tornar-se um confuso conjunto, e as proporções ficaram muito estranhas. Estas últimas foram, em muitos aspectos o mais bonito e certamente a mais marcante. As cores brilhantes e linhas fortes estavam de volta, mas as imagens eram fantasticamente erradas. A Torre Eiffel dividida em duas partes. Os ônibus de Londres eram de gordos e cômicos roxos, e as flores cresciam ao longo das ruas da cidade. —Ela estava doente, disse Ginny, principalmente para si mesma. —Este trabalho é um registro de sua doença, o que torna muito singular, disse Cecil cuidadosamente. —Mas você deve saber que o trabalho de sua tia começou a atrair atenção antes que ela ficasse doente.


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Ela estava sendo promovida como a próxima Mari Almeida, que tem sido uma grande apoiadora vocal de sua tia. Tivemos um pequeno número de grandes compradores prontos e esperando por essas pinturas meses atrás. Mari Almeida. . . Lady MacStrange. Da maneira como a voz de Cecil subiu um pouco em dizer o nome dela, Gina sabia que Mari era realmente uma grande coisa, pelo menos para ele. —Então por que ela não os vendeu? Ginny perguntou. Cecil dobrou-se ainda mais. —Você deve saber que ela estava plenamente consciente que o valor da coleção aumentaria depois que ela... Se fosse. Esse é o caminho do mundo da arte. Ela deliberadamente atrasou a venda. —Até... Para depois. —Até eu ser contactado por você, mas sim. Essa foi a impressão que eu estava tendo. Ele dobrou os joelhos e abaixou ainda mais até que sua cabeça estava completamente alinhada com a deles. —Eu entendo que isto pode ser um pouco estranho para você, mas está tudo arranjado. Seu produto será transferido para sua conta bancária, logo que a venda seja finalizada. Sua atenção foi atraída para o zumbido de seu telefone celular. —Desculpe-me por um momento, disse Cecil, colocando a mão sobre o telefone. —É do Japão. Cecil retirou-se para o lado da sala, e Ginny fixou os olhos na parte de trás da cabeça do homem sentado na frente dela. Ele tinha uma grande mancha vermelha que os quatros amanteigado fios restantes de cabelos brancos não podiam esconder. —Nós não temos que fazer isso, disse Ginny. —Nós temos? Richard não respondeu.


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Esta sala estava muito quieta. Muito legal para a esquisitice que se passava na cabeça dela. Ela desejou que Keith fizesse uma piada sobre toda a nação do Japão ligar para Cecil ou o fato de que ela tinha esfregado o resto final do que foi provavelmente uma valiosa obra de arte em seus braços naquela manhã. Mas ele não disse nada. Ginny fixou seus olhos para a mancha da cabeça. Parecia que isso se parecia como Nebraska. —Tudo bem. Cecil estava em pé ao lado deles novamente, desligando o telefone. —Vocês estão prontos? Ginny percebeu que Richard estava atento a manter seus olhos fora das imagens. Eles estavam causando-lhe certa dor. —Eu acho, disse Ginny. Cecil ocupou sua posição em um estande na frente da sala. Em vez de guardar seus celulares, as pessoas de repente os puxaram e colocaram em seus ouvidos. Alguns laptops foram abertos. Ele deu uma introdução muito calma e educada, e começou a licitação em £ 10.000. Por um momento, nada aconteceu. A propagação do zumbido suave ao redor da sala enquanto as figura foram repetindo para os celulares em uma variedade de idiomas. Ninguém falou ou levantou a mão. —Dez mil na frente, disse Cecil. —Obrigado. —Onde? Keith perguntou, sua meia-boca cheia de morango e creme. —E doze, disse Cecil. —Doze. Obrigado, senhor. Agora, quinze mil. Ginny ainda não via nada, mas Cecil pegou os gestos através de algum tipo de transferência de mágica. —Quinze mil do cavalheiro à direita. Eu ouvi dezoito? Muito obrigado. E vinte? Sim, senhor. Muito bom. Em trinta? Keith muito lentamente abaixou sua placa para seu colo e agarrou os lados da cadeira. —Acabei de dar aquele vinte? Ele sussurrou. —Quando eu estava comendo. Você acha que eu...? Ginny silenciou-o.


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—Trinta. Muito bom. Trinta e cinco? Obrigado. Quarenta. Quarenta da senhora na frente... Richard não tinha levantado a cabeça do programa que estava fechado em seu colo. Ginny se aproximou e encontrou sua mão, e ela não parava de espremêlo até que o lance parou aos setenta mil libras.


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Capitulo 38 Setenta Mil Sacos de Serapilheira Na manha seguinte Ginny sentiu como se tivesse crescido vários centímetros. Ela se encolheu na cama, virando da esquerda para a direita, tentando determinar se isso foi apenas a ressaca de um sonho ou se o súbito afluxo de dinheiro tinha mexido com sua coluna vertebral. Ela estendeu a mão pela cama, medindo se estava tomando o mesmo espaço na cama, quanto ela tinha tomado o tempo todo. Parecia ser o mesmo. Em breve o dinheiro seria transferido de um computador para outro, e então eles apenas apareceriam em sua conta bancaria. Como mágica. Parecia estranho para ela que ela iria voltar com dinheiro. Uma imagem. Era somente um número, você não pode deixar a alguém um número. Isso foi como deixar para alguém um adjetivo ou uma cor. Ela imaginou os minúsculos sacos cheios de libras novamente. Desta vez, havia setenta mil deles. Eles encheram a sala, empilhavam as paredes e cobriam o carpete... a cobrindo, subindo direto para sua pintura de Manet até bater na teto. Era um pouco alarmante, na verdade. Ela rolou para fora da pilha fantasma e saiu da cama. Ela dormiu até tarde, ela notou, e Richard já deveria ter saído e voltado. Ele tinha deixado o jornal aberto em cima da mesa para ela, com a taxa de cambio do dia marcada com um círculo. Ele também tinha marcado a lápis nas margens $133.000 dólares americanos. A pilha imaginária reapareceu em sua mente, só que agora em dobro. Desta vez, foi um mar de luz, dólares soltos, acima da cintura, enchendo a cozinha e engolindo a mesa. Essa não poderia ser a grande surpresa da tia Peg. Tinha que ter algo mais, ela tinha certeza disso agora. Mas ela precisaria de ajuda para descobrir o que era esse algo mais, obviamente. O que queria dizer somente uma coisa.


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A televisão estava ligada, quando ela chegou, mas não era Keith que estava assistindo. Um homem de cabelos longos estava abrindo duas latas de tintas para duas pessoas surpreendentes com camisetas de harmonização. Keith estava dobrado sobre o seu caderno e nem sequer olhou para cima enquanto Ginny entrava e se sentava no sofá. —Escuta isso, ele disse. —Harrods: O Musical. Em um moderno contexto mitológico, a loja de departamento apresenta... o que? Ela conseguia sentir seus olhos arregalados e sua expressão era branca e congelada. —O que você acha que ela quer que eu faça com ele? ela perguntou. —O dinheiro? Ginny acena. Keith suspira e fecha seu caderno na mão para marcar a pagina. —Eu não quero colocar um ponto final sobre isso, ele diz, —mas ela está morta, Ginny. Ela não quer que você faça nada com isso. O dinheiro é seu. Você faz com ele o que quiser. E se você quiser investir esse dinheiro no Harrods: O Musical não serei eu a impedi-la. Ele olhou para ela com expectativa. —Valeu a tentativa, ele disse. —Está certo, então. Porque não uma viagem? —Eu só viajo. —Você viajou um pouco. Você sempre pode viajar mais. —Eu realmente não quero viajar, ela disse. —Você poderia ficar em Londres. Muita coisa a se fazer em Londres. —Eu acho, ela disse. —Olha, ele disse com um suspiro, —você acabou de receber um monte de dinheiro. Use em qualquer coisa que você queria. Pare de se preocupar com essa ultima carta, com o qual eu sei que você esta pensando. Esqueça tudo isso. Tudo deu certo. Ela encolhe os ombros.


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—O que você queria dizer? ele pergunta. —Você sabe que teria levado de volta ao cartaz. Você conseguiu tudo o que ela queria te dar. Você descobriu que Richard é seu tio. O que a mais para saber? —Posso te perguntar uma coisa? ela disse. —Aparentemente há algo que você quer saber. —Nós estamos namorando? ela pergunta. —O que é namoro, mesmo? —Não, ela disse. —Sério. —Está certo, Keith esticou o braço e desligou o televisão. —É uma pergunta justa. Mas você sabe que você vai ter que ir para casa, eventualmente. Você sabe disso. —Eu sei, ela disse. —Eu só estava checando. Mas nós tipo, estamos tendo alguma coisa? —Você sabe como eu me sinto sobre você. —Mas, Ginny disse, - você pode... dizer? —Sim. Ele acenou. —Nós definitivamente temos algum tipo de coisa. Havia algo no fato dele ter dito isso – dito alguma coisa – que fez Ginny infinitamente feliz. E ela soube naquele exato segundo, o que o décimo terceiro envelope teria dito a ela o que fazer.


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Capitulo 39 Treze da Sorte Não era lógico, mas na mente de Ginny parecia que não tinha sido algo especial em comemorar a venda do ―Pinturas Harrods‖. Mas Harrods parecia ignorar o evento ou o artista que tinha sido abrigado em sua casa. Harrods era só Harrods. Ocupado, lotado. A vida foi passando ali como ela sempre foi. A mulher da chocolateria rolou os olhos quando viu Ginny se aproximando. —Somente um momento, ela disse. —Eu vou chamar o Sr. Murphy. Ginny parou para ver se algum dinheiro tinha caído em sua conta. Tinha de fato - então ela pegou £ 100 para uma boa proporção. Ela o tirou do bolso e o segurou na palma da mão. —Eles está em seu caminho lá para baixo, senhorita.— Ela disse sem entusiasmo. —Qual o melhor chocolate que você tem?— Ginny perguntou olhando por toda a prateleira. —Isso depende do que você gosta. —Qual deles você gosta? —Das trufas de champanhe, ela disse. —Mas eles são sessenta libras uma caixa. —Eu levo uma. A mulher levantou as sobrancelhas, Ginny deslizou o dinheiro. Momentos depois ela foi presenteada com uma pesada caixa de bronze. Gynny colou a caixa sobre o balcão e a deslizou de volta para a mulher. —Eles são para você, ela disse. —Obrigada por tudo. Enquanto ela se afastava do balcão, ela se perguntou se essa coisa de ter dinheiro não estava atrapalhando, depois de tudo.


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Ela levou Richard para o salão de chá fantasia. Parecia que era a coisa certa a se fazer. Por todo o tempo que ela esteve na Inglaterra, até agora, ela não teve qualquer chá fantasia. Agora eles estavam atolados em múltiplas camadas de sanduíches e bolos. —Vamos gastar toda a sua fortuna? Richard perguntou. —Algo assim, ela disse.Ela olhou para dentro da xícara de porcelana delicada o garçom acabara de deixar. —O que isso quer dizer? —Eu estava certa sobre vender os quadros, ela perguntou, —não estava? —Eu estava lá para isso, disse ele. —O fim, toda a confusão. Foi isso que os quadros capturaram. Eu não quero lembrar desse pouco, Ginny. Nem sempre foi ela. —Como foi mesmo que ela escreveu as cartas? Ginny perguntou. —Ela estava lúcida às vezes, e no momento seguinte, ela achava que as paredes estavam cobertas de joaninhas ou que a caixa postal tinha acabado de falar com ela. Para ser honesto, às vezes eu não poderia dizer se foi doloroso, ou se ela estava gostando de todas as coisas estranhas que ela estava vendo. Peg foi... cheia de maravilhas. —Eu sei o que você quer dizer, Ginny disse. Eles encheram os pratos com minúsculos sanduíches. Richard comeu por alguns minutos. Ginny montou os dela nos quatro cantos ao longo das bordas, como se fosse uma bússola ou um relógio. —Na última carta que li, ela disse. —Ela me contou uma coisa. Apenas me ocorreu que ela pode não ter lhe contado. Richard congelou comendo um mini sanduíche de pepino. —Ela disse que amava você, Ginny mencionou. —Ela disse que estava loucamente apaixonada por você. Ela estava louca da vida por estar indo, mas ela também estava assustada. Mas só para você saber. Julgando pelo rosto dele (ela pensou que as sobrancelhas dele poderiam cair de tanto que iam para cima e para baixo), Ginny sabia que ele não sabia disso.


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E ela sabia tambÊm que agora, ela tinha realmente feito. Ela de repente se sentiu mais leve. De fato, ela nem ao menos ficou envergonhada quando Richard foi para o lado dela e passou os braços ao seu redor.


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Querida tia Peg,

Não tenho certeza se você sabe disso, mas o décimo terceiro envelope azul se foi (foi roubado junto com minha mochila na Grécia). Enfim, eu achei que teria que assumir.

Só para você saber, Richard me levou de volta a Londres, e eu percebi isso. Eu deveria ter percebido sobre os chinelos verdes.

Nós fizemos um monte de dinheiro. As pessoas realmente gostaram de suas pinturas. Então, obrigada por isso.

Você sabe, eu queria escrever para você por um longo tempo, mas eu nunca pude. Você nunca deixou um endereço onde eu poderia chegar até você, e você nunca checou seu e-mail. Então agora eu estou escrevendo para você quando você está morta, o que é uma espécie de idiotice. Não há lugar onde eu possa enviar esta carta. Eu não tenho a menor idéia do que eu vou fazer com isso. É meio que ridículo que a única das famosas treze cartas que eu tenho é a que eu escrevi.

A verdade é que, se eu tivesse sido capaz de escrever para você, eu provavelmente teria apenas gritado com você. Eu estava com raiva de você. E mesmo que você já tenha explicado tudo para mim, eu ainda estou meio com raiva de você. Você foi embora, e nunca mais voltou. Eu sei que você tem ―problemas‖, e eu sei que você é diferente e criativa e todas essas coisas, mas realmente não estava bem. Todos nós sentimos sua falta. Minha mãe estava preocupada com você e como isso acabou, ela deveria ter estado.

Ao mesmo tempo, você tirou esse incrível truque. Você me trouxe até aqui, me fez fazer todas essas coisas que eu nunca teria feito ao contrário.


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E eu acho que mesmo que você estivesse me dizendo o que fazer, eu ainda tinha que fazê-las sozinha. Eu sempre pensei que só podia fazer coisas com você, que você me fez ficar mais interessante. Mas eu acho que estava errada. Honestamente, eu puxei algumas dessas coisas para fora da minha bunda. Você teria ficado orgulhosa. Eu ainda sou eu... Eu ainda acho difícil falar algumas vezes. Eu ainda continuo fazendo coisas incrivelmente estúpidas em momentos inapropriados. Mas pelo menos eu sei que sou capaz de fazer algumas coisas agora.

Então, eu acho que não estou muito louca. Mas eu ainda sinto sua falta. Agora que estou aqui, no seu quarto, gastando seu dinheiro... Você nunca pareceu tão longe. Eu acho que só vai levar tempo.

Já que não preciso do envelope azul para isso, eu vou colocar a metade do dinheiro nele e deixá-lo para Richard. Eu sei que você deu tudo para mim, mas eu também estou bastante certa de que você queria que ele tivesse um pouco dele. Ele é meu tio, apesar de tudo.

Eu também decidi fazer o que você nunca conseguiu fazer, mas o que eu sei que você provavelmente gostaria de ter feito... Eu estou indo para casa.

Amor,

Sua interessante, Internacional sobrinha

P.S. Ah, e eu disse para ele por você.


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