Ciclo Gaia vivA 2021 - Relatório Vila Permacultura 1

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RELATÓRIO FINAL COLETIVO

Vila Permacultura 1

Beatriz Martins Arruda

Caroline Borges de Siqueira Santiago

Fernanda Amaral Covos Flávia Menezes

Isabella dos Santos Muniz Lilian Redivo Fares

Dezembro | 2021

VILA PERMACULTURA 1

RELATÓRIO FINAL COLETIVO

Relatório apresentado ao curso Ciclo Gaia vivA, como requisito parcial à obtenção da certificação Gaia Education.

Dezembro | 2021

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ARRUDA, Beatriz Martins; SANTIAGO, Caroline Borges de Siqueira; COVOS, Fernanda Amaral, MENEZES, Flavia; MUNIZ, Isabella dos Santos, FARES, Lilian Redivo. Vila Permacultura 1 - Relatório Final Coletivo. 00f. Relatório. Ciclo Gaia vivA - EDE Gaia Education. Instituto Ecobairro Brasil; Ecovila Terra UNA, 2021.

RESUMO

A visão utilitarista e predatória da natureza ainda predominante no planeta pode ser questionada e desafiada cotidianamente por meio da mudança de hábitos individuais e coletivos em âmbito domiciliar Para tanto, a Permacultura propõe princípios e práticas que ampliam a percepção sobre o papel do ser humano na teia da vida planetária e operacionalizam processos de desalienação, confrontando valores e comportamentos subjacentes ao modo de viver moderno. A sensibilização que antecede a tomada de consciência para estabelecer conexões mais significativas e sustentáveis entre as pessoas e o meio ambiente requer a aproximação destas com elementos naturais e processos ecossistêmicos, de forma que possam observar, interagir e obter benefícios em sinergia e harmonia. A permacultura possibilita gerar abundância invés de degradação no local onde se vive. Com tal perspectiva, este trabalho teve como objetivo instruir sobre a conexão entre corpo, mente, espírito e natureza por meio do cultivo permacultural de plantas com propriedades medicinais, aromáticas e condimentares em pequenos espaços domésticos. Foram produzidos três vídeos didáticos e uma cartilha digital em formato, tamanho e linguagem acessíveis. Espera-se contribuir com difusão de uma cultura do cuidado de si e da Terra para regeneração planetária, proporcionando ao público algumas formas de contato direto com os ciclos da natureza.

PALAVRAS-CHAVE: Cultivo em pequenos espaços; Plantas companheiras; Material didático

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ABSTRACT

The utilitarian and predatory view of nature still prevalent on the planet can be questioned and challenged on a daily basis through both individual and collective alternate behaviors at home. To this end, Permaculture proposes principles and practices that broaden the perception of the role of human beings in the web of planetary life and operationalize processes of awareness, confronting values and behaviors underlying the modern way of living. Establishing more significant and sustainable connections between people and the environment requires bringing the human bodies closer to natural elements and ecosystem processes so that they can observe, interact and obtain benefits in harmony and synergy, Permaculture makes it possible to generate abundance instead of degradation in the place where one lives. With this perspective, this work aimed to enlighten the connection between body, mind, spirit, and nature through the permacultural cultivation of plants with medicinal, aromatic, and spice properties in small domestic spaces. Three educational videos and a digital booklet in an accessible format, size, and language were produced. We hope these all contribute to the diffusion of a culture of care for the self and the Earth for planetary regeneration, providing some ways of direct contact with the cycles of nature to the public.

KEYWORDS: Growing plants in small spaces; Companion planting; Courseware

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EDE Gaia Education | ciclo Gaia vivA 2021 SUMÁRIO RESUMO 3 ABSTRACT 4 1. INTRODUÇÃO 6 2. SOBRE NÓS 7 2.1 Quem somos? 7 2 2 Onde estamos? 8 2.3 Onde nos encontramos? 9 3. SOBRE A VILA 11 3 1 O que queríamos? O que nos unia? 11 4. SOBRE A AÇÃO 12 4.1 Justificativa 12 4 2 Objetivos 12 4.3. Descrição da Ação 13 4 3 1 Critérios 14 4.3.2 Colaboração em vila 14 5. RESULTADOS 17 5 1 Sonho 17 5.2 Planejamento 18 5 3 Realização 21 5 4 Celebração 23 5 5 Produtos gerados 25 5 6 Depoimentos 25 5 6 1 Beatriz 25 5 6 2 Caroline 26 5.6.3 Fernanda 26 5 6 4 Flavia 26 5.6.5 Isabella 27 5 6 6 Lilian 27 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 28 5

1. INTRODUÇÃO

Este documento relata uma das atividades em grupo do curso Gaia vivA, oferecido de nove de setembro a 18 de dezembro de 2022, de forma exclusivamente remota e virtual síncrona, por iniciativa conjunta entre a ecovila Terra Una (Liberdade, MG) e o coletivo EcoBairros (São Paulo, SP) A atividade teve o propósito de conectar as dimensões social, econômica, ecológica e visão de mundo da sustentabilidade num experimento de colaboração integrador de conteúdos, ferramentas e dinâmicas abordados no curso

Participantes com interesses temáticos afins foram reunidos em pequenos grupos com autonomia para se auto organizarem fazendo uso combinado de métodos: Sociocracia na gestão, CNV na comunicação e Dragon Dreaming na criação de uma ação em grupo. Assim, o objetivo geral do presente trabalho é relatar a trajetória do grupo "Vila Permacultura 1" nesta atividade

O relatório está organizado em cinco seções. A primeira apresenta as integrantes do grupo individualmente, enquanto a segunda aborda a vila, enfatizando sua dimensão coletiva Já a terceira, aborda a ação em si, com justificativa, objetivos e descrição, detalhando aspectos metodológicos do trabalho colaborativo A quarta seção recupera a trajetória percorrida pelo grupo no processo de desenvolvimento da ação, explicitando suas etapas: sonhar, planejar, realizar e celebrar e apresentando os resultados obtidos Por fim, foram tecidas algumas considerações finais, retomando os objetivos iniciais e ponderando sobre o uso das metodologias, suas técnicas e ferramentas de apoio durante o processo

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2. SOBRE NÓS

A Vila Permacultura 1 foi formada em 25 de setembro de 2021 e celebrou o lançamento da cartilha no dia 18 de dezembro de 2021, concretizando o objetivo da ação dentro do período de oferecimento do curso

2.1 Quem somos?

Quadro 1: Integrantes do grupo Vila Permacultura 1.

Interesses Estilo de vida

Ecovilas, Educação Ambiental, Lixo Zero, saneamento básico, bioconstrução

Em transição para um modo mais sustentável de vida na franja urbana, com estudos e trabalho remotos na Unicamp e na Univesp Ativista do movimento das ecovilas, é voluntária na Rede CASA Brasil

Viver uma aventura ecológica!

Nômade

Urbano, trabalho presencial na Fiocruz na área de Meio Ambiente e Sustentabilidade, é reikiana e terapeuta holística

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Beatriz Bella Caroline Saúde e sustentabilidade
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Moda regenerativa e surfe.

2.2 Onde estamos?

Produção cultural, design de culturas regenerativas e cultura de entreterimento

Litorânea, recente transição de paisagem e de ocupação, saindo da selva de pedra e da indústria da moda para cair nas ondas e trabalhar com sustentabilidade.

Educação e produção de alimentos

Comunitária (coliving urbano com quintal comestível e medicinal), envolvida com projetos coletivos plurais, desloca-se com frequência

Interiorana (sítio em comunidade rural alternativa), participa da associação de moradores, desenvolve trabalho remoto e presencial, é professora e agricultora

Fonte: Elaborado pelo grupo (2021)

A dispersão territorial do grupo é abrangente (Figura 1), compreendendo quatro estados e seis municípios: Campinas e Ubatuba, SP; São Lourenço, MG, Rio de Janeiro e Nova Friburgo, RJ e Pipa, RN Como o paradeiro de duas de nós é itinerante, foram consideradas as cidades em que estavam no momento do mapeamento. Com relação às demais integrantes, os municípios de residência não coincidiram.

Não nos conhecíamos antes do curso e estávamos em cidades longínquas Todas as nossas interações, inclusive a própria ação em si, foram possíveis por meios virtuais O distanciamento físico de início causa algum desconforto, mas, ao longo do processo, demonstrou não ser impeditivo à conexão que se estabeleceu entre nós, à nossa sinergia

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Fonte: Elaborado pelo grupo (2021)

2.3 Onde nos encontramos?

Geograficamente separadas, mas juntas em quereres, em anseios pelos saberes, por desejar aprender praticando e compartilhando as experiências e impressões umas com as outras! Animamos nossa vila digital com trocas de mensagens, figurinhas, fotos, dicas, recomendações, esclarecimentos de dúvidas, risos, desabafos A distância terrestre foi contornada pela tecnologia e criamos um ambiente virtual apoiado por diversas ferramentas digitais para interagirmos. A semente do nosso espírito de comunidade parecia-nos já estar consolidada em 28 de setembro (Figura 2).

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Figura 1: Localização geográfica das integrantes do grupo Vila Permacultura 1
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Fonte: Acervo pessoal (2021)

Sintetizando o check-out dessa noite (Figura 2): saímos felizes e agradecidas por termos nos encontrado nesse curso e celebramos a conclusão de nossa primeira reunião sentindo a ideia plantada e regada com muito carinho e otimismo. Despedimo-nos animadas com a proximidade do encontro seguinte e com prosseguir nutrindo nossa semente de ideias para germinar uma ação a partir da visão comum que naquele momento especial havia emergido na vila!

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Figura 2: Reunião virtual síncrona do grupo Vila Permacultura 1 em 28 set 2021, 19h-21h
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3. SOBRE A VILA

3.1 O que queríamos? O que nos unia?

Nas reuniões para definição dos grupos, sobre o temático Permacultura/Agroecologia havia tantas pessoas, que foram geradas duas vilas, denominação utilizada no curso, em compatibilidade com a ideia norteadora de comunidades sustentáveis e resilientes, representada, por exemplo, pelas ecovilas, por co-housings e co-livings, por comunidades tradicionais em transição, ecobairros, cidades em transição, entre outros movimentos regenerativos. Logo percebemos que partilhávamos uma noção ampla de unidade, que era maior que cada uma de nós, excedia a vila, buscava a harmonização entre os sentidos, os pensamentos e as emoções na natureza Quanto tempo gastamos buscando fora o que dentro já havia em abundância e não exergávamos? Que somos a própria natureza viva e pulsante e que troca o tempo todo com variadas naturezas ao redor, onde quer que estejamos, sempre estamos conosco e com a unidade da vida.

Queríamos incorporar essa consciência de si e do todo em unidade, criando uma experiência significativa a partir de uma ação que proporcionasse contato direto com a natureza. Com isso, começamos a desenhar como poderíamos nos apoiar em aprender algo inspirador de um jeito divertido, que nos conectasse aos nossos corpos e estes à terra e, assim, à Terra e ao cosmos, ao mesmo tempo em que nos permitiria mergulhar em nossos universos interiores Discutimos sobre a relevância e as maneiras de praticar o autocuidado relacionado com atenção aos ciclos da natureza, ampliando a presença desta no dia-a-dia de cada uma de nós e, com alguma sorte, no das pessoas para as quais passaríamos nossos experimentos adiante

Um relaxante pinakarri1 , para começar. Rodada de fala para o check-in. Escuta ativa, coraçõeas abertos, partilhas sem julgamentos O alinhamento foi cósmico: delineamos como propósito compartilhado do grupo: "Plantar muitas sementes: fisicamente e também mentais, emocionais e espirituais" Queríamos estabelecer pequenos ecossistemas de bem estar físico, mental e emocional para nos conectarmos com o corpo dentro de uma lógica permacultural e expandir essa cultura de dentro para fora, irradiando a luz interior para a realidade ao redor, transmitindo os saberes construídos em nossa vila digital para as pessoas, para outras possíveis vilas, visando a sociedade de forma ampla e irrestrita, por meio de uma ação digital. Foi assim que passamos a nos identificar como as "Sementes Viajantes", nome do projeto que começava a ser gestado pela nossa inteligência coletiva

1 termo utilizado em referência ao exercício de respiração e mentalização inspirado na ideia de Escuta Profunda do povo Martu, aborígenes australianos 11

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4. SOBRE A AÇÃO

4.1 Justificativa

A dinâmica do viver urbano contemporâneo favorece a alienação do ser humano em relação ao seu papel nas teias da comunidade de vida planetária, preconizando uma percepção dualista, que coloca as pessoas à parte do ecossistema, separando-as das outras formas de vida e dos ciclos da natureza. A distorção gerada pela ausência da identificação de si como a própria natureza pode ser recuperada por meio da biofilia, que diz respeito aos benefícios proporcionados às pessoas pelo contato visual com paisagens naturais e direto com plantas e animais. Intervenções simples e pequenas no ambiente domiciliar como o plantio de temperos e ervas oportunizam a adoção de práticas biofílicas no dia a dia, interferindo positivamente na alimentação, na prevenção e na reparação de males físicos e psicológicos Cultivar um espaço de abundância de natureza no domicílio inclui novos elementos na rotina local, cria responsabilidades cotidianas com propriedades biofílicas, com benefícios ao bem estar e à saúde, podendo ser, também, praticado como um hobby, fonte de prazer.

O cuidado desse espaço pode ser tanto individual como partilhado entre coabitantes Ampliando a escala, poderia-se falar, aida, em vizinhos e até desconhecidos Imaginando que quem se engaja em algum tipo de cultivo doméstico de plantas teria maior proensão a se engajar num projeto coletivo de hortas urbanas, por exemplo A proposta da ação é começar modestamente, na intimidade da residência Presumimos que a conexão diária estimulada pela presença de alguns vasos ou canteiro no local onde se vive pode ser um caminho de sensibilização inicial para as questões ambientais que permeiam o dia a dia sem nos apercebamos

Partimos da hipótese de que a prática do cultivo doméstico de plantas, por proporcionar interação direta e diária com as dinãmicas de um ecossistema, mesmo pequeno, quando relacionada à ideia de autocuidado, pode potencialmente desencadear o desvelamento do olhar para hábitos de saúde, habilidades curativas, gastronômicas e artesanais alternativos Espera-se, com essa iniciativa, abrir mais caminhos para expandir os campos dos sabores, dos aromas, dos benefícios à saúde, dos rituais de beleza, de relaxamento, de interiorização e de expansão em maior harmnia com a natureza e a sustentabilidade da vida

4.2 Objetivos

Consentiu-se, portanto, que o objetivo geral da vila seria o de difundir algumas boas práticas para incentivar hábitos sustentáveis e saudáveis baseados no contato direto com a natureza por meio de conhecimentos obtidos pelo nosso contato com a Permacultura, Agroecologia e Agricultura Sintrópica

Já o objetivo geral da ação consistiu em desenvolver um material instrucional para despertar interesse e sensibilizar sobre a importância e os múltiplos benefícios associados ao cultivo doméstico de plantas orientado para o autocuidado de si, que, em nossa visão holística, é também uma forma de cuidado com as outras pessoas e com o planeta.

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Portanto, foram elencados como objetivos específicos da vila:

1 utilizarmos a ação como oportunidade de experimentar outras formas de criar bem estar no nosso dia a dia, observando e refletindo sobre dificuldades e benefícios dos experimentos

2. recomendar práticas percebidas como facilmente replicáveis e apreciadas pela nossa vila

3 transmitir uma visão holística do cuidado, em diálogo com um movimento de transição para a regeneração planetária

4 incentivar reflexão crítica e hábitos positivas

Enquanto os objetivos específicos da ação foram:

1 testar e validar práticas previamente selecionadas com discussão e avaliação coletiva

2. criar uma forma de difusão descomplicada, na qual informações organizadas de maneira visualmente atrativa e com linguagem simples, objetiva e clara estejam mais acessíveis a mais pessoas

4.3. Descrição da Ação

Como podemos nos sentir melhor em meio à tragédia que estamos testemunhando desde 2020? Que tipo de ação nos permitiria criar um projeto fértil nos planos físico, sensível e virtual, simultaneamente? Em isolamento social, quantos de nós não nos sentimos afastados da natureza, incomodados com a alienação que tal condição nos impõe à existência? O curso nos provocou a questionar: A partir de onde estamos, com os recursos disponíveis no momento presente, o que poderíamos iniciar imediatamente na direção que queremos? Num cenário de progressiva escassez de saúde, gentileza e lucidez, desabrochado pelo eclodir desastrado de sementes contaminadas pelo negacionismo individualista e alheio à teia da vida, queríamos realizar uma ação que chamasse as pessoas à prática, à experimentação física de algum processo envolvendo ciclos da natureza e experiência sensorial.

Realizamos uma cartilha com objetivo de espalhar novas sementes de conhecimento pelo mundo Em formatação bem didática, reunimos informações sobre a permacultura, que foi o nosso tema central para abordar a importância de estarmos conectades com a natureza cada vez mais. Assim como dar visibilidade a esse método tão rico de "visão de mundo" em harmonia com os ciclos naturais

Buscamos aproximar a relação de cuidado pessoal como inspiração para cuidar do planeta, fazendo analogia aos movimentos de transformação do micro para o macro; do pensar localmente agir globalmente (think local, act global); do ego ao eco; como forma de reinventar a maneira que nós humanos estamos nos relacionando com a comunidade biótica de forma destrutiva, abusando dos recursos naturais, para agir de forma sustentável e, agora mais importante do que nunca, regenerativa. Nossa intenção foi mostrar que existe esse caminho e indicar uma forma possível de começar a trilhá-lo!

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4 3 1 Critérios

Pensando na acessibilidade do conteúdo para que este pudesse ser apropriado pelos seus leitores e, de fato, catalisar as práticas sugeridas em nível domiciliar e corporal, foram definidos alguns critérios para o delineamento do produto final a ser gerado pela ação

A partir do segundo objetivo específico da ação, definimos que as práticas a serem selecionadas para divulgação na cartilha teriam de ser possíveis desde um pequeno vaso no parapeito da janela do apartamento até um generoso canteiro no quintal ou até mais Seguindo a lógica de que no que é grande, cabe o muito e o pouco, então a questão se contornou em: como podemos cultivar a abundância em pequenos espaços? Com isso, levou-se em consideração a adequação das espécias ao cultivo em pequenos espaços, mas não exclusivamente Ou seja, plantas que se adaptam bem a vasos, sem excluir aquelas que podem se desenvolver bem sob outras condições, muitas vezes aumentando de tamanho, inclusive.

Considerando o que muitos chamariam de externalidades da ação, se a dispersão das sementes de ideias fosse uma iniciativa física, envolvendo o envio postal de sementes para as pessoas, indiretamente estaríamos promovendo pequenas contribuições diretas para o aumento da emissão de gases do efeito estufa. Invés disso, optamos por desenvolver e divulgar a ação por meios digitais Semeamos um novo conteúdo para divulgar livremente na internet o sabor do tempeiro gaiano, sugerindo algun mimos diários propiciados por uma modesta, mas valiosa natureza cultivada cotidianamente

A escolha das práticas considerou que quem fosse realizar o registro também deveria se sentir confortável com a forma de documentar o processo, com autonomia para selecionar as mídias e as ferramentas de acordo com a sua preferência Isso auxiliou a vila na dinamização e na organização das tarefas relacionadas à criação dos materiais de base para os conteúdos da cartilha, que, com isso, agregou vídeos ao documento PDF

Foram selecionadas plantas que apresentassem propriedades aromáticas, medicinais e condimentares, simultaneamente. Essa é a estratégia da abundância precozinada pela Permacultura quando esta propõe a diversidifcxação de funções de cada elemento componente do sistema

Na dimensão estética, identificamos espécies que, quando plantadas juntas ou próximas, estabelecem uma condição favorável de desenvolvimento mútuo Na etapa de pesquisa bibliográfica, foi feita a identificação de algumas dessas plantas, respeitando os critérios precedentes Buscamos reunir plantas amigas, ou plantas companheiras, na cartilha

4.3.2 Colaboração em vila

O desafio do grupo era constituir-se como vila, formando um coletivo autogerido coeso orientado por um propósito comum com espírito comunitário, de partilha, transparência e acolhimento Essa administração envolveu o planejamento e a realização de uma ação específica, definida pela própria vila, utilizando a metodologia Dragon Dreaming em conjunto com técnicas de Comunicação Não Violenta (CNV) e de gestão aportadas da Sociocracia.

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Quadro 1: Processos sonhar, planejar, realizar e celebrar no grupo Vila Permacultura 1

etapas Dragon Dreaming processos resultados

sonhar

planejar

realizar

celebrar

reconhecimento dos pares, conexão humana, identidade coletiva

projeto: desenho da proposta de ação

gestão: organização do trabalho colaborativo

comunicação: empática, síncrona e assíncrona, periódica e frequente comprometimento: honra aos acordos, respeito e atenção aos feedbacks

acordo: comemoração dupla no dia 18/12/22 com todos os colegas do curso, celebrando o processo da vila e da turma como um todo

Fonte: Elaborado pelo grupo (2021).

estabelecimento de um propósito norteador para o trabalho colaborativo em vila

cartiha digital formato PDF, tamanho reduzido, playlist de vídeos no YouTube, e-mail da vila para contato

experimentação com ferramentas provenientes das metodologias abordadas no curso

interação por grupo de whatsapp, reuniões virtuais no Google Meet, além das interações durante as aulas, nos encontrando nos breakout rooms e via chat

apresentação na aula de encerramento do curso e lançamento da cartilha

Embora tenhamos utilizado mais frequentemente nosso grupo de Whatsapp, outros recursos que contribuíram para as nossas comunicações foram trocas de e-mails e uso compartilhado do diretório de Google Drive disponibilizado pelo curso O Quadro 2 lista as ferramentas digitais utilizadas, relacionando-as às suas finalidades e resultados.

Quadro 2: Ferramentas de apoio ao trabalho colaborativo do grupo Vila Permacultura 1

Ferramenta digital Finalidade de uso resultados

Suite Google

estruturação de um ambiente de uso compartilhado acessível atodas as integrantes do grupo

uso de Google Drive, Google Sheets, Google Slides, Google Meet, Google Agenda e Gmail

Whatsapp

YouTube

agilidade de comunicação, visando o compartilhamentos de informações, conteúdo e troca de ideias em tempo real, de modo que poderiam ser acessados e/ou revisitados em outros momentos sem prejuízo à interação

disponibilização via internet, com acesso livre e gratuito ao material audiovisual original produzido

interação e armazenamento de ideias, notícias, dicas de formação e de práticas, links, fotos e vídeos

3 vídeos de curta duração

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Canva

iLovePDF

design gráfico: linguagem visual, diagramação, montagem

cartilha "Sementes Viajantes" em formato pocket e extensão PDF

redução de tamanho de arquivo PDF com comprometimento mínimo da qualidade das imagens arquivo final com menos de 2Mb

Fonte: Elaborado pelo grupo (2021)

A primeira linha do Quadro 2 informa sobre o ambiente de armazenamento e edição de arquivos em nuvem, no qual criamos planilhas, documentos de texto, apresentação de slides, reunimos bibliografia e guardamos os vídeos e imagens utilizados na ação Como se trata de um repositório de arquivos não somente estáticos (como um PDF ou uma imagem), mas também dinâmicos (documentos editáveis), assincronamente nos comunicávamos a cada vez que acessávamos os arquivos, sempre disponíveis nas suas versões mais atuais. Interessante notar como essa forma de organização propicia formas de interação assíncronas muito eficientes, com observações e questionamentos concisos e objetivos via comentários ou diretamente no corpo do texto, com sugestões e edições, podendo utilizar cores e fontes diferentes para cada pessoa.

Identificamos algumas vantagens no uso desse ambiente virtual para o nosso trabalho colaborativo Por ser gratuito, não impôs nenhum ônus financeiro adicional à ação Além disso, já era um meio previamente conhecido por todas as integrantes e rotineiramente utilizado pela maioria, de modo que não houve impeditivos de ordem técnica relacionados ao seu uso Por fim, cabe destacar que sua facilidade de acesso via dispositivos móveis ampliou nossas possibilidades para a convergência das seis agendas para agendar as reuniões da vila ao longo do período do curso. Estas foram realizadas fora dos momentos de aula, sendo o planejamento dos encontros (dias, horários, pautas e link de acesso), bem como sua realização (com ativação dos papeis de secretário e facilitador) responsabilidade de cada grupo

Para as tomadas de decisão em grupo, demos preferência aos espaços de encontro síncrono em reuniões semi-estruturadas sobre modelos e processos sociocráticos de gestão compartilhada As funções de facilitação e secretariado ocorreram em caráter rotativo, geralmente por autonomeação O resgistro das memórias das reuniões foi feito num documento online, no qual também foram progressivamente inseridos conteúdos de pesquisas, insights, sínteses, assumindo forma mais próxima a de um diário do que de uma ata O trabalho colaborativo foi mediado por técnicas de CNV voluntariamente aplicadas em expresão escrita e oral, síncrona e assíncrona, em caráter experimental-exploratório por cada integrante da vila, de maneiras espontâneas.

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5. RESULTADOS

5.1 Sonho

O nosso sonho começou com o reconhecimento de uma necessidade de conexão interna O questionamento principal era: como fazer um projeto juntas se fisicamente estávamos distantes? Percebemos então que esse poderia ser um ponto de vantagem, ao invés de ser um ponto de trava. Partimos da pergunta geradora: O que eu preciso neste projeto para que a minha vila seja feliz? Compusemos um cavalete de respostas (Figura 3) que ajudou a situar nossas individualidades no coletivo e a definir nossa identidade como vila

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Figura 3: Mapeamento dos desejos no processo sonhar do grupo Vila Permacultura 1
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Fonte: Elaborado pelo grupo (2021)

Tendo partilhado, discutido e compreendido as visões de cada uma para o projeto, tivemos maior clareza e prosseguimos para um momento de chuva de ideias que definiu o nosso propósito comum (Figura 4) Constatamos que poderíamos montar uma cartilha com várias informações sobre assuntos do nosso interesse, de forma acessível e com linguagem simples, para propagar esse conhecimento e atingir um maior número de pessoas

5.2 Planejamento

Tal qual a etapa de sonho, o planejamento priorizou escutar as pessoas primeiro, para depois tratar dos conteúdos Na segunda reunião (Figura 5), realizamos algumas rodadas para levantar nossos pontos fortes, identificando o que cada uma teria de melhor para colaborar com o projeto Ao falar de nossas habilidades, partilhamos sobre nossas histórias de vida, nos conhecemos um pouco mais e elencamos as possíveis funções de cada uma na ação Foi partir daí que a ação começou a tomar forma, levando em conta como as integrantes queriam atuar no projeto.

A pesquisa sobre plantas e práticas igualmente começou pelo mapeamento do que já tínhamos em abundância nos nossos cotidianos, resultando em um conjunto de oito espécies (excluindo repetições) e conhecimentos sobre plantio, desidratação e culinária.

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Nesse momento foi bem vinda a contribuição de uma professora facilitadora do curso, que participou do terceiro encontro da vila (Figura 6) e refletiu conosco sobre a proposta de ação.

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Figura 5: Reunião de 06/10/22 do grupo Vila Permacultura 1 Fonte: Acervo pessoal (2021) Figura 6: Reunião de 14/10/22 do grupo Vila Permacultura 1 com participação da Nana
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Fonte: Acervo pessoal (2021)

Na ausência de uma normatização específica para cartilhas, tomamos como base o Material de referência da Editora UENP, que define cartilha como um material sintético que expõe de forma leve e dinâmica um conteúdo, podendo reunir textos, fotografias, ilustrações coloridas, tabelas, diagramas e recursos lúdicos, tais como jogos, passatempos e tirinhas Inicialmente, seguimos o tamanho recomendado de 14 páginas e estruturamos os seguintes tópicos:

● P 1: capa - título Sementes Viajantes

● P 2: apresentação da cartilha: o objetivo principal é ensinar como plantar de forma permacultural / agroecológica o grupo de plantas selecionadas

● P. 3: breve introdução à permacultura

● P 4: sobre a importância do cuidado e de se cuidar - reconexão com a terra

● P 5 a 10: 1 página para a ficha técnica de cada planta: caracterização com nome científico, nome popular, benefícios, como utilizar, como cuidar

● P. 11: montagem do vaso passo-a-passo

● P. 12: vaso pronto

● P 13: onde utilizar essas ervas para além da cozinha?

○ como fazer seu escaldapés e banhos

○ como fazer incensos

● P. 14: sobre nós, o curso Gaia AtivA e agradecimentos

As tarefas diretamente relacionadas à confecção da cartilha foram criadas após a aprovação do sumário em reunião síncrona (Figura 7). Nesse interím, o grupo se dedicou às pesquisas sobre plantas e práticas, observando os critérios de seleção previamente estabelecidos e também a experimentos em caráter exploratório, principalmente para investigar sobre os usos não alimentícios

Figura 7: Reunião de aprovação do sumário do grupo Vila Permacultura 1 em 02/12/22.

Fonte: Acervo pessoal (2021)

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5 3 Realização

O conteúdo introdutório da cartilha contém uma breve apresentação da razão de ser do material, onde expusemos nossas motivações e fundamentos, situando o recorte temático da ação no campo de estudos da Permacultura Buscamos, assim, conectar os leitores à proposta de autocuidado e cuidado com o planeta, incentivando experimentarem as práticas

Foram selecionadas seis espécies vegetais: Alecrim, Alfazema, Capim-limão, Hortelã, Manjericão e Tomilho. Foi criada uma Ficha de Identificação para cada uma, contendo:

1. Fotografia

2 Nome científico

3. Nomes populares

4 Família

5. Categoria

6 Clima

7. Origem

8 Altura

9. Luminosidade

10 Ciclo de Vida

11. Benefícios

12 Informações complementares

Pensando na acessibilidade do material, além da sua livre distribuição via internet, foi dedicada atenção a aspectos técnicos relacionados ao design e ao armazenamento do arquivo Em termos de visualização, o formato do documento é vertical, tendo em vista facilitar a leitura em celulares e tablets, que são as formas preponderantes de acesso à internet no Brasil. Além disso, a conveniência de facilmente poder acessar e consultar a cartilha próximo ao canteiro de bem-estar torna desejável o download rápido, de um arquivo leve e com boa visualização em dispositivos móveis A estrutura final da cartilha totalizou 19 páginas, excedendo em cinco a estrutura inicial, mas o arquivo foi comprimido e ficou muito compacto, com menos de 2 Mb (Figura 8).

Quanto ao idioma, o material é em português, mas não é exclusivamente direcionado a brasileiros Sua linguagem é simples e direta, com explicações resumidas, acompanhando termos mais específicos e nomenclaturas científicas que integram o material, com estilo de redação descontraído, em tom coloquial, buscando estabelecer uma interlocução amigável com os leitores

Quanto à dinâmica de uso, a inserção de QRcodes (Figura 9) e links clicáveis no PDF promove uma interação mais ativa das pessoas com o material, convidando-as a transitar entre mídias, conduzindo a conteúdos externos que complementam o que foi escrito e fotografado com conhecimento trabalhado em vídeos (Figura 10)

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Figura 8: Capa da cartilha produzida pelo grupo Vila Permacultura 1 Fonte: Acervo pessoal (2021) Figura 9: QRcodes criados pelo grupo Vila Permacultura 1 vídeo 1: plantio vídeo 2: incenso vídeo 3: escalda-pés PDF: cartilha
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Fonte: Acervo pessoal (2021)

vídeo 1: plantio

vídeo 2: incenso vídeo 3: escalda-pés

5.4 Celebração

A apresentação final da ação (Figuras 11) e o lançamento da cartilha ocorreram na aula de encerramento do curso Gaia vivA (Figuras 12 e 13), em 18 de dezembro de 2021

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Figura 10: Vídeos produzidos pelo grupo Vila Permacultura 1 Fonte: Elaboração própria (2021) Figura 11: Capa da apresentação da ação do grupo Vila Permacultura 1
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Fonte: Acervo pessoal (2021)
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Figura 12: Apresentação do grupo Vila Permacultura 1 no ciclo Gaia vivA (18/12/2021) Fonte: Acervo pessoal (2021) Figura 13: Último encontro síncrono do ciclo Gaia vivA (18/12/2021)
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Fonte: Acervo pessoal (2021)

5 5 Produtos gerados

Encontram-se abaixo os materiais produzidos com os respectivos links de acesso

● Cartilha "Sementes Viajantes"

● Apresentação de slides

● vídeo 1: plantio

● vídeo 2: incenso

● vídeo 3: escalda-pés

● e-mail da vila: sementesviajantes1@gmail.com

5.6. Depoimentos

5.6.1 Beatriz

Que bom que eu me permiti participar do curso Gaia vivA de coração e mente abertos para agregar outras perspectivas sobre sentir, ser e estar no mundo Sou grata ao apoio dos valiosos amigos da Rede CASA Brasil, que me encorajaram a encarar este curso e sua proposta de jornada da vida, em meio à exaustão física e mental que eu estava passando. Anteriormente, eu havia sido muito impactada pelo Educação Gaia quando cursei isoladamente o módulo ecológico em julho/2015, numa imersão de dez dias em Terra Una Os anos se passaram e a vontade de me aprofundar nas demais dimensões da sustentabilidade foi se intensificando. Em 2017, obtive acesso ao material completo e decidi estudá-lo por conta própria, o que somente confirmou o que eu já desconfiava: não havia substituto para a vivência propiciada pelo curso imersivo Em 2021, quando veio a possibilidade de abordar as quatros dimensões em inédito formato virtual, me inscrevi alegremente, confiante por ter familiaridade com trabalho e estudo remotos, mas um tanto ansiosa pela experiência, curiosa para entender como algo tão "mão na massa" que eu havia conhecido antes poderia ser ofertado por meios digitais A resposta veio, principalmente, na forma de um chamado à ação em grupo, estratégia muito bem-vinda, que não havia integrado as atividades do módulo que eu trazia na minha bagagem. O desenvolvimento da vila e da proposta, em paralelo às aulas, ditou um ritmo de assimilação gradativa, com partilhas no ambiente acolhedor da vila Fomos nutridas pelo curso com um conjunto poderoso de princípios, técnicas e ferramentas para construir nossa conexão e desenvolver um senso de coletividade, visando o cuidado mútuo, desde si, transbordando para mais além, para o planeta e até o universo Reflexões interescalares, objetivas e transcedentais, provocaram nossos corpos e espíritos, incentivou-nos a refletir sobre o que estávamos fazendo e como, no cotidiano de cada uma, de forma multidimensional, complexificando o processo semana após semana. Com as queridas sementes com quem dei a sorte de sintonizar para trilhar essa viagem, juntas assumimos uma responsabilidade, cuidamos de cada passo, de cada uma ao longo do caminhar, num processo de desenvolvimento tanto pessoal como comunitário Formamos uma vila digital, uma comunidade de aprendizagem e de amizade, atentas à componente humana que é integral com a natureza, que nos constitui e perpassa todo e qualquer processo, sacudindo paradigmas, questionando crenças enraizadas, desafiando comportamentos automatizados,

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abrindo caminhos para iniciar uma transição e cultivar no presente o que se anseia para o futuro, com colheita gaiana abundante e regenerativa.

5.6.2 Caroline

O curso foi um agregador de conhecimentos e um divisor de águas para a minha carreira

Me ajudou a ver de forma inovadora e me deu base para aplicabilidade no dia a dia A atividade do grupo foi um despertar em paralelo ao próprio curso O grupo se integrou de uma forma incrível a ponto dos produtos finais saírem como obras de arte carregadas de amor Aprendemos muito como a separação física pode ser oportuna, o que aparentemente poderia ser uma barreira na construção E conseguimos assim fazer algo que possivelmente seria uma trava do projeto a nossa cereja do bolo

5.6.3 Fernanda

Já havia alguns anos que eu tinha interesse em participar de um curso do Gaia, porém devido a distância em relação aos cursos presenciais e ao valor referente aos geds online não era possível A forma online com aulas ao vivo foi a melhor solução pra mim, pois permitia o acesso às aulas e também conhecer pessoas diferentes que estavam vivendo um momento parecido com o meu. Foi muito importante todas as trocas que tive durante o curso Sinto que o curso aborda muitos temas importantes e relevantes, porém devido a curta duração não conseguimos nos aprofundar neles, mas acho que é uma ótima porta de entrada para a sustentabilidade de forma real e humana O projeto final da cartilha foi uma forma prática de aplicar os ensinamentos do curso, praticando a escuta ativa, comunicação não violenta, os 4 f’s da sustentabilidade, a colaboração entre outros Estou muito contente com o resultado do projeto e os ensinamentos adquiridos durante o curso e com vontade de seguir me aprofundando cada vez mais nos temas

5.6.4 Flavia

Iniciamos nossa jornada nos conhecendo e a partir dos desejos em comum realizando uma deliciosa chuva de ideias Meu desejo como produtora cultural, sempre foi juntar o design de culturas regenerativas com a cultura de entretenimento, moro em casa compartilhada em Sta. Teresa e durante a pandemia ajudei a cultivar um quintal comestível e medicinal.

Nossa jornada aconteceu com pessoas de diferentes regiões do Brasil, mas nossa conexão imediata e empática, através da permacultura gerou muitas ideias partindo do coração de cada uma e com o desejo de tornar nosso entorno mais agradável.

A pausa para o estado de presença, a fusão do elemento humano como ser pertencente à natureza, a mente aberta para a aquisição de conhecimentos, dia após dia, foi irradiando nossa vontade de realizar um produto final que pudesse ser distribuído como sementes e utilizado para agregar saúde emocional, espiritual e física, através dos frutos da terra

Assim, surgem as SEMENTES VIAJANTES, um projeto fértil com celebração e entretenimento.

O objetivo da vila é difundir boas práticas para incentivar hábitos sustentáveis, baseado no contato com a natureza e por meio da permacultura, agroecologia e agricultura sintrópica 26

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A forma escolhida para espalhar as sementes foi a criação de uma cartilha virtual com a escolha de algumas ervas aromáticas e medicinais.

Foi uma experiência incrível entender a junção e comunhão para a realização de um projeto comum Os desejos se completam pela necessidade de termos um projeto em comum

Portanto pessoas que sonham, que planejam, que executam e que celebram, se completam.

A experiência adquirida me proporcionou uma grande vontade de estudar a gestão ambiental e gerir ideias que possam germinar boas práticas de bem estar, que sejam boas para mim, para o outro e para o futuro da nossa terra.

5.6.5 Isabella

O curso em si foi um encontro com aquilo que mais acredito em realizar no mundo Foi uma dose de esperança em ver tantas atividades sendo concretizadas de maneira sustentável, circular, harmônica em respeito ao nosso planeta

Essa atividade final de curso foi feita de maneira muito fluida, nossa equipe estava muito alinhada em ideias e acordos. Também estávamos muito animadas em realizar. E foi feito algo prático, informativo e que pode ser reproduzido por toda a gente É uma cartilha atemporal O conhecimento passado adiante nunca morre, essa é a nossa melhor semente para o mundo Fiquei muito satisfeita com o planejamento, produção e finalização da tarefa Também com a união que tivemos, todas nós acolhendo umas às outras e respeitando cada ritmo Satisfação total com toda essa jornada!

5.6.6 Lilian

O curso veio ao encontro com o estilo e modo de agir e pensar que escolhi como projeto de vida há mais de 30 anos atrás Quando saí da cidade e fui morar no campo, desenvolvendo um trabalho de respeito ao meio ambiente e em consonância a comunidade local, nativos e pessoas que aqui chegaram na mesma busca, temos hoje colhido os frutos desta união, a nível social, ambiental e, o mais importante, somos hoje uma grande família com objetivos em comum

Há muito tempo, amigos e conhecidos comentavam sobre o Ciclo Gaia Viva e a oportunidade de fazer o curso neste momento, de forma online, possibilitou-me estar mais perto e conectar-me a assuntos, práticas e pessoas que trouxeram informações tão relevantes em várias esferas que fizeram-me ter esperança de que é possível fazer parte desta rede que trabalha efetivamente na busca de reestruturar nosso planeta

Em meio a tantos bons momentos, fui agraciada em participar da Vila Permacultura 1, onde sincronicamente todas as ações, reuniões, pesquisas e a estruturação do nosso projeto fluíram de forma onde as vivências e dicas do Ciclo Gaia foram sendo utilizadas e se desenrolando para que o objetivo do grupo fosse alcançado

Agradeço a tod@s os envolvidos

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste relatório apresentamos nossa trajetória como Vila Permacultura 1 no âmbito do curso GAIA vivA, realizado no segundo semestre de 2021. Iniciamos com uma breve introdução a cada integrante do grupo e ponderações sobre o desafio de se realizar um trabalho colaborativo de maneira remota Em seguida, esclarecemos nossas motivações de forma contextualizada, sinstetizando-as no desejo de aprendermos algo inspirador juntas, de um jeito divertido, que fortalecesse nossa conexão como vila e dos nossos corpos à terra e à Terra e que fosse possível irradiar para além dos nossos pequenos mundos

Também buscamos demonstrar como o processo de cocriação da vila percorreu as etapas propostas pelo Dragon Dreaming, detalhando sua influência no planejamento e no desenvolvimento do projeto da ação "Sementes Viajantes" Descrevemos o uso de ferramentas de apoio à comunicação (CNV) e à gestão (Sociocracia), por meio das quais foram mapeadas aptidões e predisposições, diponibilidade de tempo, assuntos e frentes de atuação de interesse para alinhar expectativas pessoais e coletivas perante à ação e assim construir um plano conjunto

O trabalho produziu uma cartilha digital que aborda o cultivo doméstico de plantas para o autocuidado. Para tanto, o documento primeiro introduz e contextualiza ideias provenientes da Permacultura, da Agroecologia e da Agricultura sintrópica Em seguida, descreve e ensina a plantar um conjunto selecionado de espécies vegetais conhecidas, acessíveis, com propriedades condimentares, aromáticas e medicinais, consorciáveis em pequenos espaços e versáteis nos seus usos. As plantas sugeridas podem ser cultivadas isoladamente ou em diferentes combinações, formando arranjos com tamanhos e geometrias diferentes no âmbito do domicílio, sendo possível até mesmo num pequeno vasinho nômade! Por fim, são indicadas receitas para diferentes finalidades relacionadas à busca por equilíbrio e saúde Os vídeos que complementam o material gráfico foram vinculados via QRcode.

Para trabalhar colaborativamente, contamos com o apoio de um conjunto de ferramentas digitais, cuja escolhas consideramos terem sido acertadas, pois nos ampararam adequadamente no processo de trabalho colaborativo, bem como na produção e no compartilhamento de elementos específicos da ação. O entendimento da fluidez tecnológica de cada uma foi importante para as tomadas de decisão do grupo sobre como e quando interagir, com quais ferramentas de apoio, para quais tipos de tarefas e a quem atribuir cada uma. Destacamos o diário online do grupo como um documento importante para a autogestão ao longo do processo, pois nele os encaminhamentos iam se transformando em atualizações Além de uma visão geral da progressão do projeto no tempo, providenciou materiais que foram incorporados aos produtos finais do processo

Identificamos uma sinergia entre as técnicas de relacionamento interpessoal e a interação remota Adotar a rodada como estratégia de comunicação com escuta ativa, por exemplo, favorece a interação síncrona, momento privilegiado de interação, mas suscetível a interferências ambientais diversas, principalmente ruídos A rodada busca evitar a sobreposição das falas e conferir equidade na comunicação. No modo virtual, há uma

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especificade: a técnica permite que se abra somente um microfone de cada vez, o que reduz a ocorrência de sons externos que poderiam prejudicar a atenção ao que é dito.

Independente da modalidade, o respeito ao tempo nas rodadas, por um lado, busca garantir equidade às falas e, por outro, desafia-nos a falar de forma objetiva, afastando o risco de exceder o tempo por desvio de assunto, digressão ou excesso de detalhes e explicações. A comunicação com essa técnica nos possibilitou exercitar assertividade e empatia, enriquecendo o processo de amadurecimento coletivo das ideias

Ao final do processo, apresentamos o trabalho para os colegas do curso Gaia AtivA e lançamos a cartilha para o mundo, de forma celebrativa e com muita gratidão

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