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A Arqinova Em sua 15ª Edição Especial de Projetos Inovadores, apresenta:

CENTRO CULTURAL DA MEMÓRIA INDÍGENA

ccmi Projeto Arquitetônico idealizado e produzido por Júlia da Cruz E. S. e Juliana Stela Martins A. e C. com orientação do Professor Me. Luiz Márcio Penha Revista produzida e editada por Júlia da Cruz & Juliana Stela Brasília - DF


Centro Cultural da Memória Indígena

ccmi Projeto desenvolvido para a disciplina de Projeto de Arquitetura VII, do sétimo semestre, ministrado e orientado pelo professor Me. Luiz Márcio Penha, no Centro Universitário de Brasília.

Autoria do projeto: Júlia da Cruz Estácio dos Santos - RA: 21700215 Juliana Stela Martins Araújo e Castro - RA 21700200

Julho de 2020

Foto: Ricardo Stuckert


Editora INOVA Revista ARQINOVA Edição 90 & 15ª Edição Especial de Projetos Inovadores Figura 01 - Diagrama e mapa autoral

Redação, arte e design por: Júlia da Cruz E. S. e Juliana Stela M. A. e C. Edição: Júlia da Cruz E. S. e Juliana Stela M. A. e C. Colaboração: Professor Me. Luiz Márcio Penha

Distribuição No site: www.arqinova.com.br/edicaoespecial ou Compra no UniCEUB Campus Asa Norte

Brasília - DF


OIRÁMUS

01 - MEMÓRIA INDÍGENA INTRODUÇÃO - 02

09 - ANÁLISE DO SÍTIO E ENTORNO LOCALIZAÇÃO E HISTÓRICO - 10 CONTEXTO DA VIZINHANÇA - 14 PAISAGISMO - 15 CIRCULAÇÃO - 18 CLIMA - 21 ESPÍRITO DO LUGAR - 23

31 - PROCESSOS PROJETUAIS OBRAS ANÁLOGAS - 33 CONCEITO - 34 PROGRAMA DE NECESSIDADES - 36 ESTUDOS EM PLANTA - 37 ESTUDO VOLUMÉTRICO - 39

PROJETO DE ARQUITETURA - 41 IMPLANTAÇÃO - 42 EDIFICAÇÃO - 46 ESTUDOS DE INSOLAÇÃO E SOMBREAMENTO - 56 PERSPECTIVAS ESTILIZADAS - 57

BIBLIOGRAFIA - 59


IMCC


MEMÓRIA MEMÓRIA, sf Michaellis Online

1. Faculdade de lembrar e conservar ideias, imagens, impressões, conhecimentos e experiências adquiridos no passado e habilidade de acessar essas informações na mente.

Foto: Ricardo Stuckert


MEMร RIA, sf Michaellis Online

7. Monumento erguido para comemorar os feitos de pessoa ou coisa ilustre e notรกvel; memorial.

CULTURA 01


INTRODUÇÃO

Foto: Ricardo Stuckert


02


mas têm garantido o usufruto das riquezas do solo e dos rios. A diversidade étnica é reconhecida, bem como a necessidade de respeitá-la e é revogada a disposição do Código Civil que considerava o índio um indivíduo incapaz, que precisava da proteção do Estado até se integrar ao modo de vida do restante da sociedade. Foto: Ricardo Stuckert

O Brasil surge na História como a “descoberta”, pelos portugueses, porém diversos povos nativos já habitavam as extensões do País desde tempos imemoriais. Supõe-se que os povos que viviam no Continente foram provenientes da Ásia, entre 14 mil e 12 mil anos atrás e teriam chegado por via terrestre através de um "subcontinente" chamado Beríngia. Estima-se que, à época do descobrimento, até cinco milhões de índios viviam no Brasil e a chegada dos portugueses se transformou em uma verdadeira catástrofe para os nativos, resultando no extermínio de muitos povos indígenas no Brasil em decorrência de conflitos armados, doenças trazidas pelos europeus e pelo processo de escravização. Tradicionalmente tidos como “primitivos” e por muitos dados por “extintos”, por conta do "despovoamento", os índios hoje constituem uma parte relevante da população brasileira inclusive populacionalmente, uma vez que vêm tendo alguns focos de recuperação após a Constituição de 1988 e o início das demarcações de terras diante de um massacre de 500 anos.

03

A Constituição Federal promulgada em 1988 é a primeira a trazer um capítulo sobre os povos indígenas. Reconhece os "direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam". Eles não são proprietários dessas terras que pertencem à União,

A partir de 1991, o IBGE incluiu os indígenas no censo demográfico nacional e o contingente de brasileiros que se considerava indígena cresceu 150% na década de 90. A partir de 1991, o IBGE incluiu os indígenas no censo demográfico nacional e o contingente

de

brasileiros

que

se

considerava

indígena cresceu 150% na década de 90. O ritmo de crescimento foi quase seis vezes maior que o da população em geral. A atual população indígena brasileira, segundo resultados do Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2010, é de 817.963 indígenas, dos quais 502.783 vivem na zona rural e 315.180 habitam as zonas urbanas brasileiras. Os resultados do Censo apontam ainda para 274 línguas indígenas faladas por indivíduos pertencentes a 305 etnias diferentes. Hoje no Distrito Federal não existem terras indígenas

demarcadas

composta

por

uma

e

a

sua

pequena

população parcela

é

desse

segmento (0,24%), segundo o Censo de 2010. Além disso, o acesso às informações é dificultado pelo fato de

o

DF

não

delimitadas, especificidades

contar que desse

com

terras

não

aprofundam

público

indígenas

quando

as se

encontram fora de territórios demarcados. Essa dificuldade ora identificada no âmbito da pesquisa reflete a forma como o índio urbano vem sendo invisibilizado na sociedade. Existem cerca de 6.128 índios no Distrito Federal e, desta população, cerca de 60 são da comunidade Kariri-Xocó. A população autodeclarada indígena do Distrito Federal concentra-se principalmente na área urbana (97%) e a maior parte, 40% dessas pessoas, veio da região Nordeste.


Entre os indígenas da região Centro-oeste, 78% nasceram aqui no Distrito Federal. Porém, mesmo com leis que reconhecem o direito dos índios, a população indígena ainda é a que tem maior perda material, cultural e territorial do Brasil, visto que ainda há ausência de terras demarcadas pelo IBGE, sendo que o Centro-Oeste é a terceira região do Brasil com maior população indígena. Toda essa situação acaba gerando conflitos marginalizados e uma luta por espaço e sobrevivencia que não deveria existir.

O fenômeno do índio na cidade é um tema a ser discutido na academia e na política, configurando um aspecto da questão social relevante para a cultura nacional, pois o Brasil deve muito àqueles que compuseram originalmente sua população. É preciso então criar espaços de acolhimento de demandas da comunidade indígena, já que essa cultura está presente na nossa língua materna, nos costumes,

nos

cantos,

danças,

etc

e

que

historicamente, quanto maior é a convivência com os brancos, maior o risco de se perder as tradições. Assim, a preservação do território e da cultura constituem

os

principais

desafios

dos

Levando em consideração que a população indigena no DF está mais concentrada no Oeste (como mostra o gráfico abaixo) e que a maior concentração de Centros Culturais que promovem a manutenção da cultura se faz presente no Plano Piloto (como mostra o gráfico abaixo) surge então a necessidade de promover uma inclusão social dessa população na cadeia produtiva da cultura através da criação de um Centro Cultural da Memória Indígena (CCMI) em Águas Claras, oferecendo condições para que todos especialmente aqueles excluídos do consumo das artes - tenham acesso à inventividade artística dessas manifestações culturais tão importantes para a história do País. Dessa forma, a criação do Centro será de extrema importância tanto para manter vivo os aspectos culturais dos nossos antepassados quanto para reconhecer a contribuição do índio na formação dos diversos aspectos da vida nacional.

povos

indígenas. Informações da CODEPLAN 2010 - Cidades com maiores concentrações da população indígena no DF: Ceilândia São Sebastião Planaltina Samambaia

10-12%

5-10%

- Concentração de Centros Culturais no DF

Foto: Ricardo Stuckert

04


Foto: Ricardo Stuckert


LUTA POR ESPAÇO SOBREVIVÊNCIA MANUTENÇÃO DA CULTURA NARRATIVA DIRETA 06


CENTRO CULTURAL DA

Suporte econômico aos indígenas na cidade

Contraposição da perda de terras com o espaço em terreno privilegiado Espaço dedicado aos patrimônios materiais e imateriais

Oportunidade de escrever e narrar a história através da perspectiva indígena

Fonte: pepitoatividades.com


MEMÓRIA INDÍGENA Espaço para abastecer a área cultural da População Oeste + Criar vínculos com os povos que habitam as terras + Homenagear e reconectar aos Antepassados Brasileiros + Oferecer oportunidades e valorizar conhecimentos e habilidades dos povos originais + Valorizar e conectar o espaço ao ser humano através da arquitetura

08


ANÁLISE DO SÍTIO

Foto: Ricardo Stuckert


E ENTORNO

09


LOCALIZAÇÃO E HISTÓRICO

Figura 01 - Diagrama e mapa autoral

O terreno escolhido para o projeto está localizado em Águas Claras, Brasília - DF na quadra 104 (Coordenadas: -15.834380, -48.017768).

ÁGUAS CLARAS

SETORIZAÇÃO

Região Administrativa idealizada no final da década de 1980. Foi autorizada sua implantação em 1992, pensada junto ao metrô. O planejamento urbano foi liderado por Paulo Zimbres. Localizada distante, apenas 19 quilômetros, do Plano Piloto.

O Plano Diretor do DF (PDOT) divide em regiões adjacentes as RAs. Dessa forma, são planejadas pela proximidade de sua população, além do intenso trânsito populacional e econômico. Águas Claras é locado na Unidade de Planejamento Territórial (UPT) Central Adjacente 2, junto à Estrutural, SIA, Vicente Pires, Guará, Núcleo Bandeirante e Riacho Fundo.

Figura 02 - Vista aérea da RA

10

Fonte: *PDAD 2018

Figura 03- Diagrama e mapa autoral


CARACTERÍSTICAS DA RA Águas Claras retrata uma cidade majoritariamente jovem. No entanto, trata-se de uma cidade diversificada. São encontradas famílias de solteiros, casais (em maior quantidade), casais com filhos e idosos. Além disso, a população, em geral, representa a 7ª maior renda do DF, sendo a maior entre a região oeste. Entre os fluxos de trabalho e estudo, mais de 40% é direcionado ao Plano Piloto, 30% a outros locais e menos de 28% na própria RA. Esse fluxo, portanto, explica a alta taxa de carros presente por habitante.

Figura 04 - Vista aérea da RA

Renda per capita R$ 3.892,36

População = 161 MIL* 52% feminino 48% masculino

Conectados à internet 99,1% Habitantes por automóvel 2,47 Fonte: *PDAD 2018

POPULAÇÃO Em sua maioria, é composta pela faixa etária economicamente ativa. Fator que explica o dinamismo e atividade característico da cidade. Além disso, a maior parte é de origem do Distrito Federal. isto é, já podemos considerar os hábitos culturais da capital presentes.

Fonte: *PDAD Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (2018)

11


BACIAS HIDROGRÁFICAS

A RA possui quatro córregos, presente, principalmente na região de Arniqueiras. Apresenta, também, algumas nascentes menores que foram desativadas com a construção dos edifícios em altura.

Figura 05 - Diagrama e mapa Codeplan

ENTORNO DO TERRENO Figura 06 - Diagrama e mapa autoral fluxos

lin

Vias arteriais

Metrô

Ponto de onibus

Vias locais

Terreno

Faixa de pedestre

Mapa e diagrama explicativo mostrando os elementos presentes 12

no entorno do terreno e suas influências no local

m ha

etr

ô

Sentido da via


VISTAS DO TERRENO Figura 07 - Diagrama e mapa autoral visuais

Vistas

Mapa e diagrama explicativo mostrando as principais vista do terreno e seus elementos e características principais. Com isso, percebe-se que há calçadas irregulares ao redor, gramados que servem de estacionamentos e alguns pontos problemáticos, como a faixa de pedestres que é acessível de um lado e do outro não. Porém, apesar desses pontos, o terreno está presente em um local com muito acesso e movimento de pessoas e carros.

CARACTERÍSTICAS DO TERRENO Figura 08 - Plotagem do terreno

O terreno conta com uma área pública de 2910,10 m², que também estará inclusa no projeto, e uma edificável

área edificável

de 4190,50 m², onde estará o Centro Cultural. O local área pública

tem 54,97m de largura por 130,5m

de

comprimento,

porém

afastamentos

obrigatórios

na

área

perfil

edificável de 5m em todas as direções. + 1.135 calçada

A topografia do terreno segue a direção indicada na figura acima.

Corte longitudinal - Perfil (indicado na figura número xxx)

Figura 09 - Perfil do terreno

+ 1.128 calçada

13


CONTEXTO DA VIZINHANÇA

Figura 10 - Diagrama autoral

Ao redor do terreno há diferentes tipologias edilícias que juntas formam um contexto urbano bem diversificado. Como mostra a figura acima, há tanto comércios quanto residencias e até mesmo igrejas alocadas perto do local do Centro Cultural.

ÁREA COMERCIAL

Figura X - Diagrama e mapa do site xxxxxxxxx

Figura 11 - Diagrama autoral

Como pode-se perceber pelo diagrama acima, a área próxima ao terreno é de grande densidade habitacional. O espaço urbano reúne diferentes zoneamentos e usos em um mesmo espaço, por isso, o setor de serviços encontra-se presente junto aos edifícios residenciais em Águas Claras, o que oferece aos visitantes, passageiros e moradores um comércio muito diversificado, que varia entre academia, supermercado, cursos de inglês, padarias e lavanderias até farmácias e lojas no geral. A distribuição do comércio também é diversificada e pode-se encontrar lojas tanto nos embasamentos dos edifícios quanto em edificações próprias ou acopladas em outros blocos. 14


PAISAGISMO

Figura 12 - Diagrama autoral

Próximo ao terreno há três praças importantes para o desenvolvimento da região, como mostra o diagrama acima. A Oeste e dentro de um complexo de condomínios pode-se observar a Praça do Elefante, que conta com bancos, quadras de esportes e vegetações de porte médio. No sentido Nordeste encontra-se a Praça da Igreja, que contém vegetação, mas que não conta com equipamentos de lazer expressivos. Já a Sul do terreno, há a Praça do Metrô. É um espaço bem amplo e que serve de passagem para as pessoas que vão ou que saem do metrô, contando somente com bancos e algumas barracas de comércio. Há também o Parque Ecológico de Águas Claras, também identificado no diagrama, que é um amplo espaço coberto de vegetações de médio porte e equipamentos de lazer, o que o torna como um dos principais atrativos da cidade.

VEGETAÇÃO Figura 13 - Diagrama autoral

Ao

observar

o

diagrama ao lado, percebe-se

pela

marcação acordo

com

(de a

legenda) onde há a

presença

de

solo permeável e onde não há, o que

indica

Terre no

os

bons e possíveis lugares de plantio e paisagismo. 15


PAISAGISMO

Figura 14 - Diagrama autoral

Foi realizado um levantamento no local para colher informações relevantes e características específicas do terreno, como por exemplo a presença de vegetação de pequeno porte (arbustos) e espécies que compõe o paisagismo local. Percebe-se pelo diagrama acima que essas vegetações (arbustos, Caliandras Vermelhas, etc) estão presentes tanto em locais de comércio como em Praças e locais residenciais, mas não estão presentes com abundância.

Figura 15- Diagrama autoral

16

No levantamento também checou-se a quantidade estimada e como era a distribuição das vegetações de médio porte ao redor e no entorno do terreno. Constatou-se a presença de coqueiros e de árvores médias típicas de Brasília presentes tanto nas Praças quanto no Parque de Águas Claras.


4

1

5

3 2

Figura 16 - Diagrama autoral

3

1

2 Figura 18 - Foto autoral

Figura 17 - Foto autoral

Conclui-se que o paisagismo da região analisada encontra-se em desenvolvimento. Apesar das praças, bastante utilizadas pelos moradores, faltam mobiliários urbanos como bancos e postes de iluminação de qualidade. Ainda no contexto de equipamentos, as calçadas são mínimas ou em estados ruins de conservação na sua maioria. Não existe acessibilidade para pessoas com locomoção reduzidas -rampas, piso tátil- e quando existentes não há como utilizá-las. A vegetação escassa busca em pontos de praças sua concentração. A vegetação mais comum é de médio porte. As áreas de solo permeável, em geral, encontram-se sem nenhum tipo de vegetação.

Figura 19 - Foto autoral

4

5

Figura 20 - Foto autoral

Figura 21 - Foto autoral

17


CIRCULAÇÃO

Figura 22 - Gráfico da Codeplan de acordo com a base de dados da SEGETH 2015

PGV

Águas Claras é formada por vias arteriais, e principalmente, locais (fig x). As arteriais (duas Avenidas que estão presentes no perímetro do terreno do projeto) são caracterizadas por interseções em nível e geralmente são controladas por semáforo, com acessibilidade aos lotes lindeiros e às vias secundárias, ou coletoras, e locais, o que possibilita o trânsito entre as regiões da cidade. Já as locais, que também fazem parte do raio da área do projeto, são destinadas ao acesso local ou a áreas restritas, sem a utilização de sinais de trânsito. A avenida das Castanheiras e das Araucárias expressam esse funcionamento citado acima e são muito importantes para o fluxo diário de automóveis na região, além de influenciarem os Polos Geradores de Viagens (PGV) no local (fig xxx). Os PGVs são polos presentes na área que são responsáveis por atrair viagens nos demais modos – em especial as não motorizadas e o transporte público – considerando ainda os impactos no desenvolvimento socioeconômico e na qualidade de vida da população. No geral, em Águas Claras, verificou-se que em um raio de abrangência de 10 minutos a pé, é possível alcançar a maior parte dos polos de âmbito regional, tais como a sede da CAESB e do Metrô-DF e grandes polos de emprego, como a Unieuro, o Wallmart, a UniPlan e os Shoppings. (Pesquisa feita pela SEGETH em 2017) Além dos PGVs, percebe-se a importância do conjunto de atividades comerciais e de serviços concentrados ao longo das Avenidas Araucárias e Castanheiras, que constituem o destino de várias viagens, especialmente no deslocamento casa – transporte coletivo – trabalho. Dessa forma, juntando o potencial de caminhada em Águas Claras, a concentração de comércio em duas Avenidas, seu fluxo de automóveis e a quantidade de polos na área, conclui-se que o terreno do projeto do Centro Cultural está presente em um lugar muito frequentado, o que irá instigar a curiosidade de quem passar por lá, além de facilitar a visita das pessoas, por ser um local de passagem, permanencia e com um grande fluxo de transportes no geral.

Figura 23 - Área de alcance do pedestre em direção aos PGV em Águas Claras - SEGETH 2017

Figura 24 Linhas de ônibus de Águas Claras Codeplan 2018

Figura 25 - Linhas de ônibus de Águas Claras Codeplan 2018

18

Figura 26 Cruzamento Avenida das Castanheiras - Acervo pessoal

Figura 27 - Cruzamento Avenida das Castanheiras - Acervo pessoal

Figura 28 - Cruzamento Avenida das Castanheiras - Acervo pessoal


VEÍCULOS - SENTIDO Figura 29 - Diagrama autoral

Av. Parque Águas Claras

Av. das Castanheiras

Av. das Araucárias

Ruas - Vias locais Avenidas Sentido da via

Como mostra o diagrama acima, o sentido da via abaixo do terreno (Av. das Castanheiras) segue para o Oeste e tem sentido único para os carros. A Avenida parque Águas Claras segue tanto o mesmo sentido das Castanheiras quanto o oposto (Leste), além de ser sentido duplo para os veículos. A Avenida das Araucárias tem sentido único e também segue para o Leste.

VEÍCULOS - INTENSIDADE Figura 30 - Diagrama autoral

Leve Moderado

Acima, estão desenhados os fluxos de carros e suas respectivas intensidades no trânsito médio típico da região, de acordo com o Google Maps que considera todos os dias da semana e os horários de pico.

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VEÍCULOS/PEDESTRES - MAPEAMENTO Figura 31 - Diagrama autoral

Estacionamentos

Ponto de ônibus

Estação de metrô "Arniqueiras"

Faixa de pedestre

Vias arteriais

O mapeamento acima mostra onde estão os estacionamentos públicos próximos ao terreno, assim como os pontos de ônibus, faixas de pedestre e a estação do metrô, que está alocada próxima ao local do Centro, o que facilita o acesso das pessoas que utilizam esse meio de transporte.

PESSOAS - FLUXOS Figura 32 - Diagrama autoral

20

Estação de metrô "Arniqueiras"

Pedestres

Fluxo de pessoas

Ciclofaixa

O esquema mostra o fluxo de pedestres baseado no índice de caminhabilidade do GeoPortal DF. Percebe-se que a estação de metrô é um importante ponto de influência e passagem de pessoas. No terreno do projeto também há a presença de "linhas de desejo".


CLIMA Figura 33 - Diagrama autoral

Solstício de inverno

22.06

09h00

Em Brasília percebe-se: Estação seca – de maio a setembro Estação chuvosa – de outubro a abril Meses mais chuvosos – de novembro a janeiro Meses mais secos – de junho a agosto

Solstício de verão

22.12

09h00

Ventos dominantes - Leste Ventos úmidos - Noroeste Solstício de Verão Solstício de Inverno

No Solstício de verão, dia mais longo do ano, o Sol faz a trajetória pintada de vermelho e no Solstício de Inverno, noite mais longa do ano, o Sol obedece a trajetória laranja. Os ventos dominantes vem do leste (seta azul claro) e os úmidos (azul escuro), que trazem a chuva, do Noroeste.

CARTA SOLAR Figura 34 - Diagramas autorais

Solstício de Verão - 22.12 09h00 Azimute 107°31 Altura Solar 44°45

Solstício de verão - Influência no terreno

Solstício de Inverno - 22.06 09h00 Azimute - 51°21 Altura Solar 28°31

Solstício de inverno - Influência no terreno

21


CARTA SOLAR Figura 35 - Diagramas autorais

Equinócio de Outono - 21.03 09h00 Azimute 76°55 Altura Solar 38°11

Equinócio de Outono - Influência no terreno

Equinócio de Primavera - 23.09 09h00 Azimute 75°40 Altura Solar 42°08

Equinócio de Primavera - Influência no terreno

Visão lateral da Carta Solar no terreno

Visão superior da Carta Solar no terreno

A Carta Solar indica que nessas datas indicadas o terreno sofre poucas interferências no quesito da sombra e apresenta Sol direto na maior parte do tempo, mesmo com prédios mais altos ao seu lado. A face Norte conta com mais insolação, assim como a Leste. A Oeste e a Sul ainda contam com as possíveis sombras dos prédios mais altos ao lado.

Carta Solar

Ventos dominantes do Leste

Ventos úmidos do Noroeste Período de chuvas

A Carta Solar ao lado mostra a trajetória solar ao longo do ano e as temperaturas médias registradas. A Rosa dos Ventos indica de onde vêm os ventos dominantes (Leste), assim como a direção dos ventos que carregam chuvas e umidade (Noroeste). 22

Carta Solar com temperaturas


ESPÍRITO DO LUGAR GENIUS LOCI Espírito do Lugar ou Genius Loci é uma expressão adotada para definir uma abordagem fenomenológica do ambiente e da interação entre o lugar e sua identidade. É um conjunto de características sócio-culturais, arquitetônicas, de linguagem e de hábitos, que caracterizam um lugar, um ambiente, uma cidade, indicando assim o "caráter" do local, que é estudado e pesquisado pois é necessário ter um cuidado e uma responsabilidade com ele e com seu entorno quando haverá uma futura construção no terreno. Dessa forma, ela não ficará fora do contexto da região. Para enriquecer esse estudo foi realizada uma pesquisa online com moradores de Águas Claras através de um formulário. Realizado ente os dias 30/03/2020 a 01/04/2020, a pesquisa consistia em uma série de perguntas para identificar a visão dos moradores no geral e como se sentiam morando na cidade. No total, 54 pessoas responderam o formulário e com essas respostas foi montado uma "Persona" típica de Águas Claras, que encaixou com as características da população da cidade já mencionada nos tópicos anteriores. Figura 36 - Foto: Ricardo Stuckert

23


PESQUISA ONLINE - RESULTADOS 1° - Há quanto tempo que mora em Águas Claras? ,

2 3.7%

Até 1 ano 16 29.6%

22 40.7%

De 1 a 5 anos

De 5 a 10 anos

Mais de 10 anos 14 25.9%

2° - Sexo: ,

Feminino 22 40.7%

Masculino 32 59.3%

3° - Sua faixa etária: ,

3 5.6%

1 1.9%

Menos de 18 anos

De 18 a 30 anos 18 33.3%

32 59.2%

De 30 a 60 anos

De 60 a 80 anos

24


4° - Como mais se locomove dentro de Águas Claras? ,

1 2 3.7% 1.9%

Automóvel próprio

6 11.1%

A pé

Serviços de aplicativos

12 22.2%

33 61.1%

Transporte público - Ônibus

Transporte público - Metrô

5° - Qual o segundo meio de transporte que mais utiliza em Águas Claras? ,

2 3.7%

A pé

9 16.7%

16 29.6%

Transporte público Metrô Serviços de aplicativos

Automóvel próprio

13 24.1%

Transporte público Ônibus

14 25.9%

6° - Nos finais de semana você costuma andar a pé na cidade? ,

6 11.1%

Sim, mas não muito

Sim, bastante

11 20.4%

24 44.4%

Não, ando mais de carro

Depende

13 24.1%

25


7° - Se um Centro Cultural abrisse no local X (indicado) como que você chegaria lá?

,

6 11.1%

2 3.7%

A pé

Automóvel próprio 21 38.9%

7 13%

Transporte público - Metrô

Serviços de aplicativos

Transporte público - Ônibus 18 33.3%

8° - Se um Centro Cultural abrisse no local X (indicado), qual seria sua frequência de visitas? Uma vez ao mês

,

3 5.7%

Duas vezes ao mês

1 1.9%

15 27.7%

7 13%

Duas vezes por semestre

Uma vez por semana

Uma vez ao ano

7 13%

Depende Provavelmente nenhuma

9 16.7%

9° - Em sua opinião, o local X (indicado) se encaixa em qual quesito? ,

5 9.3%

Um local de passagem e permanência 10 18.5%

Somente um local de passagem rápida de pessoas 26 48.1%

Um local de pouca permanência

26

13 24.1%

Um local de muita permanência

12 22.1%


10° - Em sua opinião, o local X (indicado na pesquisa) é um lugar de fácil acesso tanto para os moradores quanto para visitantes de outras regiões? *Escala de 1 a 5 ,

60

40

20

Difícil

0

1

10 (18.5%)

13 (24.1%)

31 (57.4%)

3

4

5

2

Fácil

11° - Em sua opinião, o que falta em Águas Claras no quesito "Lazer"? *Mais de uma resposta p/ pessoa ,

23 (42.6%)

Museu

33 (61.1%)

Teatro

32 (59.3%)

Centro Cultural Cinema Atividades ao ar livre

16 (29.6%) 13 (24.1%) 30 (55.6%)

Atividades gratuitas Lugares para show

1 (1.9%)

Clube de comédia

1 (1.9%)

Confraternizar - 4 gerações

1 (1.9%)

Espaço de lazer para crianças

1 (1.9%)

0

25

50

75 27


12° - Defina Águas Claras (Na pesquisa foi colocado um espaço para escrita e todas as principais palavras estão abaixo):

Como dito anteriormente, depois de recolher, anotar e analisar os resultados, foi montada uma "Persona" da cidade, que nada mais é que uma pessoa típica, a soma e o resultado da grande maioria das respostas, que é: Morador mais antigo; Mulher jovem; Tem seu próprio automóvel; Gosta de andar a pé; Iria andando ao Centro Cultural; Visitaria uma vez ao mês; Acha o terreno de fácil acesso e o seu entorno um local de passagem, mas também de permanência; Acha que Águas Claras precisa de teatro, centro cultural, atividades gratuitas e museu.

28

Figura 37 - Acervo pessoal


FOTOS DO LOCAL - ACERVO PESSOAL

29


PROCESSOS

Foto: Ricardo Stuckert


PROJETUAIS

31


"O conceito de museu evoluiu basicamente da ideia de um cofre onde se guardava tesouros culturais e artísticos para algo muito mais dinâmico e que interage de forma muito mais aberta com a cidade." Pedro Mendes da Rocha

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RESIDÊNCIA DO NOVO ARTISTA EM SENEGAL

OBRAS ANÁLOGAS Projeto: Toshiko Mori Ano: 2015 Localização: Sinthian, Senegal O espaço faz parte de um projeto que busca desenvolver habilidades e abrir oportunidades para artistas diversos. O projeto abriga feira, espaços educativos e residência para os artistas itinerantes. O Centro cultural faz parte de um projeto que busca valorizar as técnicas, materiais e contexto artístico senegalês. A estrutura circular voltada ao centro da própria obra celebra a união presente na comunidade, estimulando o convívio único e aberto. A cobertura é feita com a curvatura e a própria estrutura forma os beirais. Além disso, há uso de adobe e de paredes vazadas para melhorar o desempenho térmico da edificação.

Figura 38- Fonte: ArchDaily

Figura 39 - Fonte: ArchDaily

Projeto: Renzo Piano Ano: 1997

CENTRO CULTURAL TJIBAOU

Localização: Nouméa, Nova Caledônia Projetado para celebrar a cultura nativa Kanak e acalmar as tensões étnicas que vinham se deteriorando entre o povo Kanak e outros habitantes da ilha, Renzo utilizou estratégias sustentáveis e materiais da ilha para homenagear a cultura local e abrigar instalações culturais para a população.

O conceito de Piano enfatiza a influência do local e do ambiente como determinantes do projeto. A forma das conchas mistura métodos de construção tradicionais, o perfil cônico representa a textura das árvores ao redor e há vazios exteriores trabalhados na planta.

Figura 40 - Fonte: ArchDaily

Figura 41 - Fonte: ArchDaily

33


CONCEITO

Roda

Fonte: GoogleImagens

Permeabilidade

Fonte: GoogleImagens

Sustentabilidade

Pintura: Petterson Silva

34


A

roda

tornou-se

o

ponto

de

partida

conceitual. Sua forma circular é encontrada tanto nos rituais e na própria arquitetura, representadas pelas ocas. Além das representações, o círculo envolve os indíviduos como iguais e em união.

A volumetria circular permite as visuais livres entre os espaços, além do funcionamento unificado entre os espaços.

A

permeabilidade utilizada como premissa

busca

integrar

pessoas.

ambientes,

Representa

a

temáticas

amplitude

e

que

proporciona fluxo.

Proporciona maior fluxo e movimento dentro e fora do Centro

Cultural,

além

de

possibilitar

visuais

mais

contemplativas.

Focando

na

inspirada

arquitetura

nas

tecnologias

sustentável dos

e

povos

originais, a presença de materiais naturais, como a madeira, além de práticas que não agridam

o

meio

ambiente

surge

como

alternativa imprescindivel.

Retratado em materiais que geram melhor desempenho térmico e soluções que geram menor impacto ambiental.

35


PROGRAMA DE NECESSIDADES

i. Idealização do programa de necessidades:

ESPAÇO

AMBIENTES DE

MEMORIAL

RESERVAS TÉCNICAS

NATUREZA

Acervo Museu

Estacionamento coberto

Reserva técnica

Estacionamento aberto

Compartimento técnico

Feira/horta

Recepção

Bosque

Administrativo Banheiros

ÁREA INTERATIVA

Museu Exposições interativas Exposições fixas Centro de memórias Teatro Auditório Hall Café/lojinha

Figura 42 e 43 - Referências: Concurso Memorial às vítimas boate Kiss

36

EXTERNO

Espaço Lúdico Teatro Arena


ESTUDOS EM PLANTA ii. Setorização preliminar em planta baixa:

Figura 44 - Diagrama autoral

iii. Agrupamento de atividades similares em blocos:

Figura 45- Diagrama autoral

Definição

das áreas e locação dos usos internos:

SALAS

preliminar

MULTIUSO MUSEU FIXO TEATRO

FEIRA

AU CA

AD TR MIN IS AÇ ÃO

iv.

DI

RI

O

MUSEU

Figura 46 - Diagrama autoral

37


v. Análise dos espaços internos + externos:

iii. Divisão das áreas externas e corte do volume principal

espaço para gentileza urbana, redes, bosque e teatro arena

Figura 47 - Diagrama autoral

vi. Integração do volume aberto ao espaço externo:

espaço para gentileza urbana, redes, bosque e teatro arena

38

Figura 48 - Diagrama autoral


ESTUDO VOLUMÉTRICO iii. Processos de adição e subtração Levantamento das alturas internas por suas necessidades e definição das taxas de coroamento dos blocos

Figura 49 - Diagrama autoral

iii. Processos de aberturas concêntricas Abertura de espaços internos para permitir permeabilidade dos espaços e áreas verdes

Figura 50 - Diagrama autoral

39


PROJETO DE

Foto: Ricardo Stuckert


ARQUITETURA

41


IMPLANTAÇÃO

4

3

2

6

1

Figura 51 - Planta de Implantação humanizada

A análise de sítio, cenário cultural no Distrito Federal e a concentração da população

indígena

no

lado

oeste

da

unidade

federativa

revelou

a

necessidade que a cidade de Águas Claras possui em concentrar atividades diversificadas, abrangendo seu público de todas as faixas etárias. Portanto, a extensa área envoltória à edificação foi destinada às atividades livres. Compreende um estacionamento pequeno, aproveitando a proximidade do lote aos pontos de ônibus e metrô. Dessa forma, busca incentivar o morador

da

região

e

proximidades

a

caminhar

e

utilizar

formas

alternativas de transporte, reduzindo o uso do automóvel. Para o incentivo à caminhada foram criados diversos caminhos, em calçadas extensas que 42

conectam os espaços internos às atividades externas e à cidade.


5

1 - Teatro Arena

4 - Espaço Lúdico

2 - Área de Lazer

5 - Centro Cultural

3 - Feira

6 - Estacionamento

As atividades externas incluem um espaço circular sob marquise para ser utilizada como feira pelos artistas indígenas conveniados ao Centro Cultural -parte do conceito

de

integração

e

celebração

dos

indivíduos

indígenas

inclui

gerar

oportunidades aos povos que vivem na área urbana de Brasília-. A feira, seguindo a lógica do Centro Cultural, possui as esquadrias de correr, tornando o espaço com vistas permeáveis. Próxima à feira encontra-se o espaço de convivência coletiva mobiliado com mesas, bancos e guarda-sois. Distante da avenida e rua interna loca-se o espaço lúdico, com mobiliário infantil de escalada, balanços e brinquedos interativos. Além destes, o teatro arena com sua inclinação negativa ao nível do terreno, faz parte dos espaços abertos às atividades da população, com intuito de trazer o cenário cultural para a região.

43


Figura 52 - Imagem renderizada

A madeira e os pisos em concreto e blocos permeáveis tornam o ambiente da feira e o espaço de convivência em anexo que remetem à memória de materiais naturais, como a pedra e a própria madeira. A vegetação no centro da feira e em todo o entorno também associam-se as paisagens preservadas. A forma interna com balcões e espaços de passagens

livres

tornam

dinâmicos

as

variações

de

produtos

comercializados no espaço. As aberturas constantes e ritmadas presentes no volume comercial permite o fluxo constante de pessoas, assim como o acesso visual ao público que se encontra em outras áreas. Permite, ainda, a visibilidade às áreas

externas

ao

sítio

do

Centro

Cultural,

na

intenção

de

gerar

expectativa aos moradores, trabalhadores e passageiros de Águas Claras.

44

Figura 53 - Imagem renderizada

33


Espaços de passagem e permanência são misturados nas áreas de convivência externas. As calçadas das vias em anexo se misturam às novas passagens, permitindo

o

fluxo

existente

no

local

entre

metrô

e

comércio-edifícios

religiosos. Além disso, aproveita-se o fluxo constante de pessoas e automóveis para agregar à cidade o espaço acolhedor e inclusivo. Dessa forma, a distribuição dos mobiliários -mesas, bancos e playgroundpermite uso constante em todos os horários, mas também buscam tornar o paisagismo como um convite aos passageiros do espaço a conhecer e ocupar.

Figura 54 - Imagem renderizada

Os espaços idealizados em planta tomaram forma seguindo o volume radial do Centro Cultural. Portanto, o teatro arena criado em semi-círculo e em baixo relevo permite a visibilidade às atividades pelos outros espaços, mas cria outro espaço de socialização e descanso. O teatro arena possui como ponto de partida suprir a necessidades da população jovem da região em possuir espaços físicos de apropriação, tanto em atividades ligadas às do CCMI quanto às próprias de outras tribos urbanas. As áreas coletivas representam a idealização de integração com a cidade e a edificação.

45


EDIFICAÇÃO

Figura 55 - Imagem renderizada

46

Figura 56 - Imagem área esquemática do Centro Memorial


Após os processos volumétricos e definição de alturas e áreas internas dos espaços

pensados

pela

funcionalidade,

são

obtidas

vários

volumes

desconstruídos, sendo os dois principais abrigando o teatro e o museu. As distintas soluções para pé direito transformaram a obra idealizada de um volume puro em uma obra abstrata. A volumetria final torna-se um oposto conceitual à tipologia encontrada em Águas Claras, ao mesmo tempo que se conecta à cidade e ao entorno. A ideia central em criar um espaço urbano em homenagem aos povos indígenas também se reproduz através de seu volume final por se tratar de uma discordância em relação à paisagem homogênea e formada por ângulos ortogonais e retas constantes.

Figura 57 - Imagem renderizada

47


Figura 58 - Imagem renderizada

As entradas concêntricas em lados opostos formam um corredor natural de visibilidade, centralizado no Memorial. A amplitude do espaço e os arcos com centro no próprio ponto médio do projeto, onde é localizado o Memorial, ressaltam a espiritualidade e reverência deste espaço. O pavimento superior, com suas varandas recuadas, permitem que tenha no espaço áreas de contemplação ao ambiente interno, voltados principalmente ao Memorial. No entanto, as áreas de bancos com sombras buscam convidar o visitante a permanecer e ocupar esses espaços com suas atividades. A materialidade do projeto em tons naturais e amplas paredes em mesmo material tornam o próprio espaço interno em uma tela para obras artísticas contemporâneas, contemplando as novas artes que surgem e surgirão.

Figura 59 - Imagem renderizada

48


Arte e materialidade são misturadas na obra arquitetônica. Inscrições, objetos e quadros são protagonistas do cenário, sempre em fundos de madeira, placas cimentícias ou vegetação natural. O mesmo ritmo segue aos mobiliários internos, em especial os espaços integrados às áreas externas. O café -espaço voltado às áreas de convivência externa e ligada à entrada sul-, se porta da mesma forma que as entradas. Em pé direito duplo, conversa com o público externo e visitantes do Centro e os convida a participar e utilizar o espaço aberto. Distinto

das

exposições,

foyer

do

teatro,

salas

de

workshop

e

área

administrativa, que são encobertas por materiais vazados -os muxarabis-, as entradas e o café permitem a visibilidade completa ao seus espaços.

Figura 60 - Imagem renderizada

A vegetação presente nos espaços de jardins internos e nas entradas são de porte médio e baixo para permitir a visibilidade entre os espaços internos. As aberturas em pé direito duplo -entradas, café e Memorial- permitem, também, a luz natural permear o interior do projeto e a cobertura de vidro locada nos beirais de entrada aumentam o raio de insolação nas áreas internas. Portanto, as aberturas de contato interno-externo realizam as funções de criar fluxo de pessoas, permanecer como espaço de convivência, permitir conforto térmico-luminoso, manter a visibilidade e ser notado e representar o Centro Cultural aos que estão de passagem pelas vias e calçadas externas ao lote.

49


5

7

6

4

8

3

A

9 10

2

11

20 B

12 19

1

B

14 15

20

13

A

16

17

18

Figura 61 - Planta baixa

1 - Centro Memorial

9 - Banh. Masc.

17 - Acervo/Reserva Técnica

2 - Recepção

10 - Banh. Fem.

18 - Exposições Temporárias

3 - Depósito

11 - Teatro

19 - Café

4 - Sala Primeiros Socorros 5 - Sala de Segurança

12 - Banh. Masc. 13 - Banh. Fem.

20 - Espaços de Convivência

6 - Museu Vivo

14 - Banh. PCD Masc.

7 - Foyer Teatro

15 - Banh. PCD Fem.

8 - Banh. PCD

16 - Setor Administrativo

O pavimento térreo concentra as áreas dinâmicas, incluindo o café -volume voltado ao paisagismo do complexo, com pé direito duplo e possibilidade de funcionamento

independente

às

outras

áreas.

Consiste

em

um

espaço

comercial que busca, como o projeto em si, atrair visitantes de interesses distintos. Além do café, também se inclui na categoria o teatro. Sendo um dos pontos principais do projeto, compreende a falta de espaço para atividades culturais em Brasília e a agrega ao cenário afastado do Plano Piloto. O teatro possui três pavimentos e compartimentos técnicos no subsolo. A primeira parte, locada no térreo, é o espaço principal de palco e plateia, subindo ao pavimento superior são localizadas outras fileiras de plateia, seguindo o padrão de todo o projeto em raio. Por fim a sala técnica de projeção é locada acima do pavimento superior. A proposta que o Centro Cultural possui em aproximar-se da cultura indígena e, consequentemente em proteger e integrar a vegetação é refletida nas aberturas

dos

jardins

internos.

Estes

espaços

ainda

aumentam

a

permeabilidade visual, conforto térmico e acústico , além de permitir a 50

natureza viva dentro dos ambientes.


O Museu foi dividido em três funcionamentos. O primeiro, com entrada exclusiva lateral, abriga as exposições temporárias e com temáticas e curadorias flexíveis. O espaço de 235m² permite todas os tipos de obras plásticas. Enquanto a exposição fixa -locada no pavimento superior- possui o tema indígena em debate. Inicia-se por um contexto histórico e cultural, abrangendo as diversas etnias e sua localizações no mapa geográfico. Segue focado nas tribos presentes no Centro-Norte, como os Tatuapé, Cariri-Xocó, e demonstra os rituais espirituais celebrados por esses povos em telões animados, cercados por objetos e sons locais. A etapa final do percurso se encerra ao apresentar os números de mortes de indígenas e depoimentos dos próprios, e por fim, o questionamento: Existe futuro aos povos indígenas? O terceiro funcionamento encontra-se próximo ao teatro, na área anterior ao Foyer -permitindo grande visibilidade do público presente em eventos ao conteúdo-. O Museu vivo é o espaço que a população indígena do Brasil possui para apresentar a própria história -narrada, encenada ou plastificada. Permite que a arte contemporânea encontre o autor que é deixado na história antiga e traz a valorização do artista vivo.

21 - Salas de WorkShop

25 - Banh. PCD Masc.

29 - Teatro

22 - Exposições Permanentes

26 - Banh. PCD Fem

30 - Café

23 - Banh. Masc.

27 - Espaços de Convivência

24 - Banh. Fem.

28 - Foyer

28 A

29

B

23 30

B 25 26 24

A

21

27 21

21

22

21

Figura 62 - Planta baixa - Pav. Superior

51


Figura 63 - Corte AA

A temática central do Centro Cultural é celebrar e manter viva a memória indígena, para tanto, o espaço central geometricamente é, também, o cerne do conceito. A memória é celebrada na volumetria, materialidade, espaços de uso e exposição com narrativa própria, no entanto, ao centro de toda as atividades se encontra o Memorial. Enquanto os demais espaços celebram a vida indígena, a cultura e a reflexão, o Memorial homenageia os povos anciões, de forma que todo o público veja e mantenha viva a memória. Além da centralização, o Memorial ainda conta com a verticalidade de painéis perfurados com inscrições e nomes de lideranças e figuras indígenas -em um apelo espiritual voltado aos céus- além de um jardim vertical e um vazio proposital

ao

centro

equipado

com

sinos

indígenas

que

engrandecem

a

experiência sensorial, tornando-o um espaço de reflexão e reverência, causada a partir das dimensões do ambiente desproporcionais à escala humana.

52

Figura 64 - Imagem renderizada


O pavimento superior abriga as salas de workshop que devem ser utilizadas individualmente ou em conjunto, em caso de cerimônias ou cursos de maior público. As salas fazem parte do conceito de integração e comprometimento com

a

memória

indígena.

Sua

forma

ampla

com

portas

pivotantes

e

mobiliários mutáveis permitem atividades educativas voltadas aos povos indígenas

que

residem

na

área

urbana

e

necessitam

de

educação,

especialização para manter-se. Outro uso deste espaço, voltado à memória, inverte as aulas, tornando a narrativa de palestras, aulas e workshops de indígenas.

Figura 65 - Fazenda Canuanã.

Figura 66 - Museu do Amanhã.

Foto: Leonardo Finotti

Foto: Bernard Lessa

As áreas de salas foram inspiradas no projeto Fazenda Canuanã, em Formoso do

Araguaia,

em

Tocantins.

A

escola,

que

também

tem

certa

temática

indígena, busca em seu mobiliário planejado versatilidade para compor os espaços, assim como a protagonização dos materiais da arquitetura, como a madeira, e as cores complementares da mobília. Para a exposição interativa fixa do museu a referência principal foi o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. A obra em análise tem objetivo de produzir reflexão ao visitante para as questões globais -como preservação do meio ambiente, desigualdade social e diversidade cultural- e todas as ponderações são feitas em telões. Em corte é possível visualizar as alturas internas de cada espaço e o recúo da varanda do pavimento superior, permitindo a amplitude dos espaços de entrada.

Figura 67 - Corte AA

53


Figura 68 - Planta baixa Subsolo

40

35

41

36

37

A 42

31

B

32 32 33 33

34

B

39 38

B

31 - Hall Camarins

35 - CEB

39 - Reservatórios inferiores

32 - Camarim

36 - Fancoil Teatro

40 - Guarita

33 - Banheiro do Camarim

37 - Gerador

41 - Acesso ao térreo

34 - Central de Ar Cond.

38 - Casa de bombas

42 - Circulação de carros

O Subsolo foi pensado de forma a criar um circuito que passe entre os pilares da estrutura do Centro e, ao mesmo tempo, forneça praticidade aqueles que precisam acessar a área mais técnica e o acesso direto ao palco do Teatro, que está alocado acima dos camarins e do hall de acesso, como está indicado na figura 68. Dessa forma, os artistas podem entrar no Centro Cultural sem passar pelo térreo e conseguem se preparar em um ambiente mais calmo e sem interferências externas. O Subsolo ainda conta com uma guarita de informação e segurança e com a parte técnica mais bruta, como a casa de bombas, reservatórios

inferiores,

casa

da

CEB,

fancoil,

gerador

e

central

de

ar

condicionado. A estrutura do projeto também segue a sustentabilidade, que é um dos pilares do conceito do projeto. A madeira e o CLT (Laminado de Madeira Cruzada) são amplamente utilizados e estão presentes nos pilares que seguem uma malha axial que acompanha a forma circular do projeto, começando pelo Centro Memorial e seguindo ao longo dos diferentes ambientes em angulos de 15, 30 e 60 graus. O concreto está presente somente em pontos e locais específicos, como a cobertura de laje impermeabilizada, por exemplo.

54


Figura 69 - Planta de Cobertura

A

B

B

A

B

Figura 70 - Planta Estrutural

C

A

D 5

6

7

4 3 2 1 E

L

F

K

G

H

J I

55


ESTUDO DE INSOLAÇÃO E SOMBREAMENTO Solstício

de

Verão

-

21/12

08:00

Percebe-se horários

que

11:00

Figura 71 a 78 - Imagens estilizadas

14:00

16:00

nos

indicados,

a

altura do Teatro acaba protegendo Memorial, tampar

o

Centro

mas

sem

totalmente

a

passagem da Luz Solar.

Solstício de Inverno 21/06

08:00

11:00

As sombras projetadas ajudam

a

Centro

Cultural

proteger

o

nos

horários mais quentes, permitindo a passagem dos ventos dominantes nas áreas abertas. 56

14:00

16:00


PERSPECTIVAS ESTILIZADAS

Figura 79 - Área de Lazer

Figura 80 - Feira e Espaço Lúdico

Figura 81 - Vista áerea do Centro

57


PERSPECTIVAS ESTILIZADAS

Figura 82 - Vista รกerea do Centro Memorial e do Foyer

Figura 83 - Foyer e jardins internos

58

Figura 84 - Foyer e jardins internos


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Programas utilizados: AutoCAD 2018 SketchUp 2018 V-Ray 3.6 Adobe Photoshop CC 2019 Adobe Illustrator CC 2019 Imagens indígenas curadoria de Ricardo Stuckert. Projeto Nova Residência do Artista em Senegal - ArchDaily https://www.archdaily.com.br/br/767885/residencia-do-novo-artista-emsenegal-toshiko-mori | Acesso em: 01/08/2020 Centro Cultural Tjiabou - ArchDaily https://www.archdaily.com.br/br/791537/ad-classics-centre-culturel-jeanmarie-tjibaou-renzo-piano | Acesso em: 01/08/2020 https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.063/431 | Acesso em: 01/08/2020 Projeto Moradias Infantis https://www.archdaily.com.br/br/906263/projeto-dos-brasileiros-aleph-zero-erosenbaum-vence-o-premio-internacional-riba-2018 | Acesso em: 01/08/2020 Informações e dados - Acesso em 23/07/2020 https://www.terra.com.br/noticias/educacao/infograficos/dia-do-indio/ https://www.sohistoria.com.br/ef2/indios/ https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/historiaindigena/os-numeros-da-populacao-indigena.html http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/quem-sao?limitstart=0# https://jornaldebrasilia.com.br/cidades/noroeste-terracap-assina-acordo-comindios-kariri-xoco/ https://indigenas.ibge.gov.br/images/pdf/indigenas/folder_indigenas_web.pdf https://indigenas.ibge.gov.br/images/pdf/indigenas/verso_mapa_web.pdf https://pt.wikipedia.org/wiki/Santu%C3%A1rio_dos_Paj%C3%A9s http://www.codeplan.df.gov.br/wpcontent/uploads/2018/02/Popula%C3%A7%C3%A3o-ind%C3%ADgena-Umprimeiro-olhar-sobre-o-fen%C3%B4meno-do-%C3%8Dndio-urbano-na%C3%81rea-Metropolitana-de-Bras%C3%ADlia.pdf http://radioagencianacional.ebc.com.br/geral/audio/2015-04/pesquisa-tracaperfil-dos-indios-do-df-para-contribuir-com-politicas-publicas https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2017/04/18/interna_ cidadesdf,589119/indios-cobram-respeito-e-preservacao-a-cultura-de-seuspovos.shtml https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/o-indigenano-brasil-uma-luta-historica-para-existir.htm http://www.codeplan.df.gov.br/wp-content/uploads/2020/06/%C3%81guasClaras.pdf https://www.geoportal.seduh.df.gov.br/mapa/ http://www.seduh.df.gov.br/polo-gerador-de-viagens/ http://www.codeplan.df.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/Estudo-UrbanoAmbiental-%C3%81guas-Claras.pdf 59


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