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CENTRO CULTURAL BRASÍLIA INTEGRADA

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DÉBORA BOAVENTURA E RAFAEL BORGES | PROJETO DE ARQUITETURA VII | CENTRO CULTURAL | PROF. LEONARDO DE OLIVEIRA


CENTRO CULTURAL BRASÍLIA INTEGRADA O Centro Cultural Brasília Integrada surgiu com o intuito de trazer as necessidades culturais da população de Brasília e transformar em espaços capazes de mudar a realidade dos usuários. Dessa forma, o terreno escolhido para o desenvolvimento do projeto foi um lote localizado no centro da capital, ao lado de edifícios conhecidos, como o Teatro Nacional, a Biblioteca Nacional, a Rodoviária, o Pavilhão Lúcio Costa e o Museu Nacional. De acordo com o estudo do histórico do local, dos edifícios, da cultura brasiliense e de referências foi possível o desenvolvimento do projeto. A partir da análise dos aspectos do terreno e das condicionantes, também foram pensados diferentes partidos do projeto que condicionaram determinadas situações que serão abordadas ao longo da análise do estudo preliminar do Centro Cultural. A cidade como um todo não possui muitas opções de cultura, são espaços diferentes dispostos pela cidade, mas que geram uma necessidade aos usuários, como por exemplo o Teatro Nacional que se encontra fechado (jun/2020) para reforma. O cinema é um espaço muito utilizado pelos brasilienses, em shoppings e como no caso do Cine Brasília e do Cine Drivein, que recebem diversas pessoas todos os dias. Bibliotecas também são vistas comumente na capital, em espaços como o Templo da Boa Vontade e bibliotecas públicas. Porém esses espaços não são sempre acessíveis e não são tão próximos ao centro da capital, tornando-se uma necessidade. O Centro é repleto de pessoas que trabalham em edifícios ali ou utilizam como passagem para chegar em seus trabalhos e compromissos, o que leva a ser movimentado e ter diariamente centenas de pessoas caminhando por ali, tornando o local propenso a oferecer locais de convivência, se uso cultural, intelectual ou comercial, Porém o terreno a ser utilizado está inativo no momento, sendo um grande potencial para a Esplanada e o Eixo Monumental. Por meio das análises e dos aspectos necessários para a população, o Centro Cultural Brasília Integrada foi criado para suprir o que os usuários sentem falta em questão cultural, intelectual e comercial, por meio desse estudo é possível demonstrar e justificar o edifício. O público do local é para toda a população de Brasília, com potencial para receber pessoas de diferentes idades e com intuitos diferentes, trazendo vida ao longo de vários momentos do dia para o local e o entorno.

INTEGRAÇÃO + PERMEABILIDADE + PERTECIMENTO

TERRENO

Figura 1 - Terreno em visão macro

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Grande vão

A análise e estudo do lote e entorno do terreno levaram a uma configuração de aspectos fundamentais para o projeto. A partir dos usos vizinhos verificou-se a necessidade de espaços culturais no local, o que tornou o programa de necessidades com o enfoque principal no setor cultural. Os fluxos de transportes motorizados são intensos nas vias laterais do terreno, há fluxo durante grande parte do dia, o que leva a uma grande movimentação de pessoas no local. A rodoviária permite a integração com a cidade e o número de pessoas que passa no lote devido à ela é muito maior que outros espaços da cidade. Devido a esses motivos, foram criados, ao longo dos anos, caminhos do desejo por pessoas que usam o terreno como passagem, oque tornou-se um aspecto relevante para a disposição dos blocos do Centro Cultural. Os acessos podem ser feitos nos quatro lados do terreno, são livres, possibilitando o fluxo de pessoas e transportes de forma eficiente, podendo ser utilizado o que mais faz sentido para o local. A topografia do local é acidentada, possui um grande desnível em um dos cantos do terreno, porém pela grande dimensão as intervenções em curvas de nível foram solucionadas de forma mais simples. Também foi necessária a extração de informações necessárias para a criação do edifício em normas estabelecidas para o lote em questão, como afastamentos, alturas, aberturas, usos e afins. O programa de necessidades do projeto engloba sete setores principais que se dividem em diversos ambientes para criar um Centro Cultural funcional e com intuito cultural e intelectual. Os setores são: um setor comercial com um Café e uma livraria interligados, um setor cultural com exposições, espaços adaptáveis, um grande teatro e um cinema com duas salas. Um setor de lazer e interação com uma área de descanso, uma praça coberta, uma descoberta e banheiros. Um setor intelectual com uma grande biblioteca e locais para estudo. Um setor de administração que conta com salas designadas aos funcionários do Centro, assim como o setor de serviços que conta com salas para que o Centro funcione de forma eficiente. E o setor externo com o estacionamento e espaços para contêineres. O funcionograma do edifício foi feito com o auxílio do programa de necessidade para que fossem feitas as conexões entre os espaços de forma funcional e inteligente, o que levou a criação do fluxograma, também relacionado ao programa e ao funcionograma.

Cozinha

Loja + Livraria

Recepção/atendimento

Gerência Banheiros

INTELECTUAL

Banheiros

Vestiário

Estantes de livros Espaço para estudos ind. Espaço para estudos grup. Banheiros

Salas de controle

Oficina + Sala de descanso

Banheiros

Copa

Teatro

Sala encarregado

Sala da administração Banheiros Sala da diretoria Reserva Técnica Sala para artes gráficas Sala de reunião Sala dos funcionários

Vestiários + Banheiros Depósito geral

Sala segurança

SETOR EXTERNO

SETOR DE SERVIÇOS

Camarins

SETOR INTELECTUAL

Sala fancoil

SETOR CULTURAL

Depósitos

SETOR COMERCIAL

DML

SETOR DE ADMINISTRAÇÃO

Almoxarifado geral

Cabine de projeção e som

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Instalação de container

SETOR LAZER E INTERAÇÃO

Foyer Cinema

SERVIÇOS

Sala dos brigadistas

Cinema

Carga e descarga

Hall de entrada

Exposições

Foyer Teatro

Estacionamento

Recepção/atendimento

Higienização

Sala dos funcionários

CULTURAL

Praça descoberta

ADMINISTRAÇÃO

Câmara fria

Recepção/informações

EXTERNO

Consumação

LAZER

Àrea de descanso

COMERCIAL

BASES DO PROJETO

Atendimento de pedidos

Figura 2 - Disposição dos setores em blocos


PARTIDO ARQUITETÔNICO A partir dos setores foram dispostos os blocos de acordo com as áreas totais desenvolvidas no programa de necessidades, dessa forma a volumetria ficaria impedindo a passagem livre que já existia anteriormente nos caminhos do desejo, dessa forma, dois blocos foram girados em ângulos que condiziam com os caminhos préexistentes. A partir dos blocos dispostos como o fluxograma e adaptados aos caminhos foi possível alterar as formas e composições do edifício, sendo com usos de materiais distintos nos blocos, uso de ornamentos com caráter estrutural no grande vão. A partir de nossas referências como o Centro Cultural São Paulo com o ideal de integração com a cidade, o Arquiteto Márcio Kogan com suas ideias estruturais inteligentes e o Museu do Pão - Rio Grande do Sul, com seus diferentes materiais. A implantação foi pensada para a entrada principal estar direcionada ao Eixo monumental e dessa forma ser vista pelos locais próximos, além disso, o que favoreceu foi a adaptação das curvas de nível para dois platores com 4 metros de altura separando-os, partindo de uma curva alta do terreno. Para os acessos, serão um principal, um secundário pelo lado contrário a principal, os terciários que são do estacionamento para o grande vão em uma passagem subterrânea e uma de serviço, também da mesma forma, facilitando o transporte de carga e descarga. Por meio da permeabilidade do edifício é possível criar-se outros acessos possíveis pelos usuários, quando estiver em uso. O grande vão é um vazio que permite a noção de monumentalidade para os visitantes, assim como edifícios monumentais vizinhos, que possuem o mesmo ideal.

Figura 3 - CCSP

Figura 4 - Casa Márcio Kogan

Figura 5 - Museu do pão

Figura 6 - Implantação humanizada

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O PROJETO A estrutura do edifício se difere em três principais: a estrutura dos blocos de serviço, o hall, a cafeteria e a biblioteca são em formato de "Tubo", funcionando sem a necessidade de pilares e vigas, somente a estrutura em si (Figura 7). Para os outros blocos foi usado a estrutura comum de viga, pilar e laje de concreto (Figura 9). Já o grande vão possui uma estrutura em Madeira Lamelada Colada, com formatos em "X", uma laje de concreto e vigas em concreto, que descarregam as cargas nos pilares também em MLC e aço (Figura 10), para auxiliar na estruturação. Nas plantas de layout é possível ver como ficaram configurados os ambientes do Centro Cultural de acordo com o programa de necessidades. Sendo assim, são duas plantas, uma térrea e uma do 1º Pavimento, o edifício possui caráter monumental e por isso alguns blocos possuem grandes pé direitos, possibilitando a existência de um possível 1º Pavimento para esses locais. A rampa do grande vão é em concreto e possui também caráter monumental, por ela é possível fazer o controle do acesso do setor cultural, além de ser acesso ao mirante/cobertura do Hall de entrada que possuem vistas para todos os lados com as principais vistas que o terreno possui. As estruturas em concreto se assemelham com os edifícios vizinhos, porém a do grande vão não há relação com os demais, mudando a visão existente no local em relação a construções, mas mantendo a ideia monumental do Eixo. Para as vedações dos "Tubos" foram usados vidro e concreto quando necessário para a simulação de uma capa, como na cafeteria, os ambientes funcionais necessitavam de paredes e por isso foi usada uma casca de concreto.

Figura 10 - Planta baixa Térreo

Laje de concreto

Figura 7 - Estrutura dos blocos serviço, hall, cafeteriae biblioteca

Trama em MLC

de

Vigas de concreto Pilar em MLC e aço

Figura 9 - Estrutura dos blocos exposição, cultural e administração

de

Figura 8 - Estrutura Grande Vão

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Figura 11 - Planta baixa 1º Pavimento


O PROJETO Além das atividades culturais que serão realizadas tanto no cinema como no teatro, o grande vão também poderá ser destinado a receber atividades culturais. Como sua área livre é bem ampla e possui um pé direito alto (figura 14), esse espaço terá condições de realizar eventos como feiras, performasses, pequenos circos, projeções, etc. Além da ideia de receber eventos culturais, esse espaço serve como um ponto de encontro e convivência para as pessoas.O grande vão passa a ser um local que vai além da função de circulação, sendo também um espaço lúdico e interativo. Um fator que foi pensando durante a elaboração do grande vão foi a questão da permeabilidade. Como já foi citado, a solução estrutural constituiu em usar treliças de madeira que descarregassem as tensões em uma grande viga, que seria apoiada por 2 pilares. Essa solução permitiu que fossem colocados vidros entre as treliças, oque permitiria a entrada de sol e proteção contra ventos e chuva. Além disso, ao introduzir somente 2 pilares na estrutura, isso permitiu que cria-se uma vão livre pilares, proporcionando uma alta permeabilidade para a estrutura. Um ponto que já foi citado do grande vão é sua rampa (figura 13). Além de servir como um elemento de circulação, as pessoas podem parar ao longo das rampas e dos patamares para se interagir e/ou apreciar o espaço em sua volta. Isso pode acontecer sem afetar a circulação das pessoas ao longo da rampa pois a largura da estrutura é bastante ampla. Por fim ela é elemento que se destaca no espaço, passando uma de ideia de plasticidade.

Figura 13 - Rampa

Figura 12 - Praça com vista para o grande vão

Figura 15 - Corte transversal

Figura 16 - Corte longitudinal

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Figura 14 - Monumentalidade do grande vão


O PROJETO Retomando a ideia sobre a permeabilidade, além de ter sido aplicada no grande vão, ela também foi introduzida no hall de entrada, biblioteca (Figura 20 e 21) e na cafeteria (Figura 18). Ao utilizar a entrada principal do centro cultural (figura 17), o visitante se depara com uma estrutura ampla e livre. Essa ideia não procura somente passar uma percepção de permeabilidade, mas tem também como objetivo convidar as pessoas que circulam pela área a entrarem no centro. Ao adentrar, caso o visitante queira ir na biblioteca (figura 20 e 21) e/ou na cafeteria (figuras 18 e 23), irá se deparar com ambientes que possuem ampla visão para o exterior e as vistas favoráveis do entorno, devido as fachadas de vidro. É preciso ressaltar que além dos ambientes já citados, o Centro também possui um teatro (figura 19), um cinema e duas salas de exposições. As Salas de cinema e Teatro podem receber um bom número de pessoas, em que terão uma ótima experiência, já que ambos os ambientes receberam projetos acústicos específicos. Já as salas de exposições são amplas e cortadas por painéis modulares, possíveis de mudanças de acordo com o uso necessário. Por fim, o paisagismo do projeto procurou usar árvores típicas do cerrado em sua praça descoberta (figura 22) e de médio porte para que não houvesse obstrução das vistas tanto para quem está dentro do centro, como também para quem está de fora. O urbanismo priorizou criar calçadas largas e bancos espalhados por todo o terreno.

Figura 21 - Entrada biblioteca

Figura 22 - Visão Praça descoberta a partir da administração

Figura 17 - Entrada principal

Figura 18 - Interior Cafeteria + Loja

Figura 19 - Teatro

Figura 20 - Mezanino Biblioteca

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Figura 23 - Entrada da Cafeteria + Loja


C C C C B B II

A entrada do edifício remete a ideia de não existir barreiras aos usuários, não há portões ou obstáculos que impedem a passagem livre e sua monumentalidade promove uma sensação de pertencimento, todos podem utilizar livremente o local para manifestações, sejam elas em dança, arte ou qualquer tipo de demonstração. DÉBORA BOAVENTURA E RAFAEL BORGES | PROJETO DE ARQUITETURA VII | CENTRO CULTURAL | PROF. LEONARDO DE OLIVEIRA


A praça descoberta do Centro Cultural, assim como o grande vão, permite o pertencimento e a adaptação de usos. O local é envolvido por três importantes blocos do edifício, se tornando centro do próprio, sendo ligação de passagem das pessoas que passam ali.

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DETALHAMENTOS A estrutura do grande vão do Centro Cultural Brasília Integrada, foi um ponto importante mostrado em nosso projeto, dessa forma, foram detalhadas as 3 principais sistemas de ligações que serão utilizadas no treliça. Os principais componentes que irão aparecer nesses detalhes serão: chapas metálicas, porcas, barras e encaixes. No detalhe 1, é mostrado o encontro do pilar de madeira laminada colada com a base metálica fixada em um bloco de concreto. Para que o pilar, em formato de V, seja fixado na base de aço, serão utilizados um conjunto de 16 unidades (8 para cada lado do pilar) de parafusos, porcas e barras que irão se conectar a um bloco de aço que está dentro do pilar de madeira. Além disso, teremos também esse mesmo conjunto de estruturas que fixaram a base do pilar de madeira com a base de aço. Serão 8 unidades desse conjunto (4 para cada lado). No detalhe 2, é mostrado a fixação das vigas secundárias de CLT da laje com a viga principal feita com um painel de CLT. Essa fixação se utiliza de porcas, barras e placas de aço. Para cada viga secundária, foram utilizadas 8 porcas, 8 barras e 2 placas de aço que irão conectar a viga secundária com a primária. No detalhe 3, é mostrado a junção entre as peças de madeira laminada colada da treliça. Esse encaixe entre peças é feita pelo método finger joints, para que o encaixe não comprometa a estética da estrutura.

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