BOLETIM INFORMATIVO A TRIBUNA - ÓRGÃO OFICIAL DA ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS ANO 103 - EDIÇÃO 3.896- OUTUBRO 2013
Os 150 anos de nascimento de Dom Nery O primeiro de Campinas, bispo “dos pobres e dos enfermos”, assim foi aclamado
Uma Igreja centenária, mas sempre em atualização
Boletim A Tribuna
Publicação do Setor Imprensa da Arquidiocese de Campinas – SP
Arcebispo Metropolitano: Dom Airton José dos Santos Direção: Padre Rodrigo Catini Flaibam Editora-chefe: Bárbara Beraquet (MTb 37.454) Jornalista: Wilson Antonio Cassanti (MTb 32.422) Editora-assistente: Carolina Grohmann (MTb 72.958) Apoio: Mariana Ignácio Mariana Maia Mariana Rodrigues Priscilla Geremias João do Carmo Costa
m veículo centenário não poderia prescindir de personagens seculares (mas nada mundanos). Irmã Antonieta é um deles e, aos cem anos, destes quase 80 dedicados à vida consagrada, mostra-se um exemplo de vitalidade e da alegria de quem escolhe abraçar a vocação religiosa. O médico Euclydes, outro personagem centenário, carrega um sobrenome reconhecido e admirado. Euclydes Nery, com 103 anos, é sobrinho de Dom Nery e partilha conosco, Arquidiocese de Campinas, as poucas lembranças que ficaram do tio que, além de ter sido o primeiro bispo da Diocese, deixou uma história de entrega aos mais necessitados. São muitos anos e muitas histórias, é verdade, mas isto não significa que a Igreja Particular de Campinas esteja presa ao passado. Com júbilo e em respeito a tudo o que foi feito e construído, a atualização é constante. Por isso, recentemente a Assembleia Arquidiocesana reuniu organismos da Igreja, pastorais, movimentos e foranias para avaliar e pensar novos meios para concretizar o 7º Plano de Pastoral Orgânica (PPO). Foi um momento não só de aprofundamento no Plano, mas para enxergar, de forma abrangente, como o trabalho de implementação do 7º PPO vem se desenvolvendo.
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Missa durante Assembleia, Mosteiro de Itaici
EXPEDIENTE
Composição própria Distribuição gratuita Impressão: RIP Editores Gráficos Tiragem: 10 mil exemplares WWW.ARQUIDIOCESECAMPINAS.COM
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REDACAO@ ARQUIDIOCESECAMPINAS.COM RUA LUMEN CHRISTI, 02 JARDIM DAS PAINEIRAS 13092-320 CAMPINAS, SP
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02 - OUTUBRO 2013 - BOLETIM A TRIBUNA
Assembleia diocesana encaminha avaliação do 7º PPO Por Bárbara Beraquet
Auditório Rainha dos Apóstolos, no Mos- ção em 2006 e, após as visitas pastorais do finado teiro de Itaici, em Indaiatuba (SP), rece- Dom Bruno Gamberini, em 2007 e 2008, chegou, beu a última Assembleia Arquidionaquele ano, à definição de seu objetivo geral: cesana, de 13 a 15 de setembro de 2013. “Evangelizar a partir do encontro com Dom Airton José dos Santos, ArceJesus Cristo, como discípulos missioQueremos ir bispo Metropolitano, em suas bonários, à luz da evangélica opção preas-vindas, apontou aos presentes para frente... aqui ferencial pelos pobres, promovendo a beleza e necessidade de estarem a dignidade da pessoa, renovando a estamos como Igreja todos empenhados para o mesmo comunidade, participando da constrabalho e preocupação, que é avatrução de uma sociedade justa e solireunida liar o 7º Plano de Pastoral Orgânica dária, para que todos tenham vida e a (PPO). “Queremos ir para frente”, afirtenham em abundância (Jo 10,10)”. mou, lembrando “um aspecto ainda fundaEm 2009, foram dados os passos para a mental”, o de fazer a revisão como Igreja. “Não re- elaboração do plano. O ano seguinte, 2010, culmipresentamos aqui grupos, paróquias, comunidades nou com a elaboração dos projetos pastorais e com– é claro que viemos delas -, mas aqui estamos como promissos do plano. Em 2011, o encontro arquidioIgreja reunida. Aqui estamos como um só corpo, da cesano de formação colocou luz no trabalho que Igreja Arquidiocesana de Campinas”, explicou. vinha sendo desenvolvido e, em 2012, o encontro O encontro teve por objetivo consolidar o proces- de formação focou-se nas diretrizes gerais da ação so de avaliação assumido na elaboração do 7º PPO. evangelizadora da Igreja no Brasil. Padre Bruno Alencar Alexandroni, Coordenador de Pastoral, insistiu na compreensão do que o momento significou: a avaliação não apenas do plano, mas também da ação pastoral. Carmen Ventura, membro da equipe organizadora, levantou, em retrospectiva, o encaminhamento do 7º Plano de Pastoral, que teve a convocatória para sua elabora-
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“
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Assembleia lotada no Auditório Rainha dos Apóstolos. Fotos da Assembleia e Missa, ao lado, por Carolina Grohmann
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Após a posse de Dom Airton José dos Santos, em Luzes e Sombras abril do mesmo ano, na Arquidiocese de Campinas, O segundo dia de Assembleia teve assessoria de que estava, então, vacante, um encontro de espiritu- Padre João Augusto Piazza, Pároco da Paróquia Nosalidade pastoral iluminou mais uma vez os trabalhos sa Senhora Aparecida (Campinas). O pároco abriu do Plano. Em 2013, formulou-se o projeto de ava- sua exposição chamando a atenção para as luzes e liação do 7º PPO, até o momento vivenciado no fi- sombras diante das quais nos vemos, com especial nal de semana. “Não queremos neste ano de 2013 atenção às luzes “de que nós todos, como encerrar o 7º Plano de Pastoral, que seria cristãos, somos portadores”, disse, o previsto. Nós queremos avaliar o 7º completando: “nós somos luz do O Plano de Plano e dar continuidade no caminho mundo”. que já foi iniciado. Para isso, vamos Pastoral para nós é Padre Piazza lançou um olhar encontrar novos elementos, aspecsobre o 7º PPO, a partir de seus tos diferenciados, elementos que nós um sinal do plano de três eixos: Igreja que acolhe, que não tínhamos percebido no passado, se renova e que é Igreja do serviço Deus quando se deu a aprovação do Plano e solidário, com ênfase na necessidaque, agora, temos diante dos olhos. Tamde de uma Evangelização a partir do enbém o modo de olhar a realidade: nós queremos contro com Jesus Cristo, como discípulos misolhar, agora, com outros olhos. Já fizemos uma ex- sionários. “O Plano de Pastoral para nós é um sinal periência da execução do 7º Plano. A continuidade do plano de Deus. Com o olhar da fé, Deus é que nos do caminho será muito mais dinâmica, muito mais inspirou, iluminou a perceber e compor o plano de cheia de colorido, neste momento, agora, com toda pastoral”, declarou. revisão feita e com todas as sugestões que estão sendo apresentadas”, declarou Dom Airton.
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Dom Airton José dos Santos preside Missa
Fotos: Carolina Grohmann
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“A avaliação é fundamental na medida em que contribui para que possamos melhorar o processo” Carmen Ventura
“A expectativa é que Assembleia faça indicações precisas e preciosas para a caminhada. (...)Vamos levar no coração o desejo de pegar o 7º Plano, que tem tantos desafios, atualizá-lo e, talvez, até criar novas coisas, ainda dentro do espírito do Plano”, comentou o assessor. Momentos de oração e espiritualidade marcaram o encontro de mais de 300 padres, diáconos, religiosos, seminaristas e leigos. Na manhã do dia 15, o trabalho desenvolvido até então foi devolvido aos presentes, novamente, como no dia anterior, divididos em 21 grupos, que se reuniram para o levantamento de sugestões sobre como realizar as indicações – luzes e sombras, de forma concreta. Este trabalho será enriquecido e refletido pelas instâncias de coordenação, juntamente com o Arcebispo Metropolitano de Campinas, e depois encaminhado aos organismos da Igreja para dar continuidade à implementação de forma atualizada. Para Carmen, quando os objetivos são claros é possível escolher estratégias para atingi-los. “A avaliação é fundamental na medida em que contribui para que possamos melhorar o processo. Desde o momento da elaboração do plano, a questão da avaliação foi
já identificada como importante na perspectiva da metodologia do planejamento pastoral participativo. Quando avaliamos, e fizemos isso também durante o processo, temos a oportunidade de identificar todos os aspectos que têm contribuído e favorecido o desenvolvimento do trabalho, conseguimos identificar mais prontamente as dificuldades e se, na eventualidade, é necessário, podemos reorientar as ações no sentido que elas nos ajudem a alcançar aquilo que pretendemos”, disse. Padre Bruno ressaltou que será dada continuidade ao Plano com seus três eixos (acolhimento, renovação e serviço solidário). “O que mais se sobressai no 7º Plano é a compreensão da Igreja que quer ser acolhedora, quer se renovar e quer realizar o serviço solidário. Não sei se alguém seria capaz de negar isso como missão da Igreja”, disse.
...“queremos olhar, agora, com outros olhos” Dom Airton
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ARQUIDIOCESE EM DESTAQUE Grito dos Excluídos 2013 reúne 2 mil pessoas
Arquivo
Pastorais sociais participaram do 18º Grito dos Excluídos no dia 7 de setembro. Cerca de 2 mil pessoas desceram a avenida Francisco Glicério após o Desfile da Independência para gritar pela construção de um projeto popular para o Brasil, articulado e organizado pelos cidadãos. Este ano o tema do grito foi a juventude. Com o lema “Juventude que ousa lutar, constrói o Projeto Popular” e divididos em blocos, manifestantes de diversos grupos sociais reivindicaram melhorias na saúde, educação, segurança e serviços públicos, priorizando a juventude, tema das discussões eclesiais deste ano.
Jubileus paroquiais A Paróquia Nossa Senhora Aparecida do Jardim Campos Verdes, em Hortolândia, completou 10 anos de fundação no dia 6 de agosto. A paróquia conta com dez comunidades e uma participação de aproximadamente 2000 fiéis. No mês de setembro, a Paróquia Cristo Rei comemorou 40 anos com painéis contando a história da comunidade. Foi fundada em 8 de setembro de 1973, por de-
Encerramento do Ano da Fé
A Equipe de Liturgia organizou um Tríduo do encerramento do Ano da Fé, na Solenidade de Cristo Rei. O Tríduo ocorre em três domingos, com início no dia 03 de novembro, na Solenidade de Todos Santos, com o tema “Viver a Fé é cuidar e amar a vida”. O Gesto concreto é a coleta de assinaturas em favor da vida. No segundo domingo, dia 10, o tema é “Praticar a Fé é partilhar e doar-se”, e o gesto concreto é oferta da viúva, com a doação de uma moeda de R$1,00. No último dia, 17, o tema é “Testemunhar a Fé é anunciar e servir e o gesto concreto é destacar os ministérios leigos na vida da igreja e no mundo”. Todos os dias deve se realizar a coleta de assinaturas. No dia 24 de novembro, às 09h00, na Praça Arautos da Paz, uma Celebração Eucarística presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Campinas, Dom Airton José dos Santos, marca o encerramento do Ano da Fé. Ano da Fé propôs um convite à autêntica e renovada conversão.
creto de Dom Antonio Maria. Está localizada no Jardim Chapadão e tem como pároco o Cônego Luiz Carlos F. Magalhães. No dia 11, a Paróquia Santa Isabel celebrou Jubileu de Ouro com missa presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Airton José dos Santos. A paróquia, que conta com a participação de onze comunidades, é conhecida pelo coral Cantate Domino e tem como pároco o Cônego José Luiz Araújo. Em outubro, a Paróquia São Geraldo de Magela completa 30 anos, no dia 7. Com doze comunidades, a paróquia tem como pároco o Padre Odair Costa Nogueira desde junho desse ano. Também comemora 30 anos no dia 7 de outubro, a Paróquia
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São José Operário, formada por nove comunidades, da região dos Campos Elíseos. Em novembro, a Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora completa 50 anos. No dia 25, a capela do Colégio Liceu Salesiano de Campinas comemora Jubileu de Ouro. A paróquia surgiu com o desmembramento das paróquias Nossa Senhora das Graças e Nossa Senhora de Fátima, o que exigia a construção de um novo templo, já que a capela era bem pequena. Foram várias tentativas de iniciar as obras, mas apenas na quinta tentativa que a pequena capela deu lugar ao templo do colégio. O atual pároco é o Padre Ademar Pereira de Souza. Na foto, gentilmente cedida, painel conta história da Cristo Rei
“Irrompa a paz”, Papa Francisco Em nota oficial, o Arcebispo Metropolitano de Campinas, Dom Airton José dos Santos, apoiou o pedido de paz feito pelo Papa Francisco no dia 7 de setembro. O Arcebispo convidou a todos a rezarem, por intercessão de Nossa Senhora Rainha da Paz, pelo fim da Guerra na Síria, Oriente Médio e em todo o mundo, durante toda a semana que seguiu. Como um apelo para que a paz se instale sem a necessidade de intervenções militares que, segundo o pontífice, só agravariam a situação, foi difundida a Oração de São Francisco. Também foi um pedido do Papa que toda a comunidade católica participasse de missas, celebrações, horas santas e reuniões com a mesma intenção do fim da guerra. Com ajuda do governo, Padre Haroldo oferece tratamento gratuito
Arquivo
Instalação da Paróquia Nossa Senhora da Piedade
Os Governos Federal, Estadual e Municipal estão ajudando Comunidades Terapêuticas nos custos do tratamento da dependência química e o Instituto Padre Haroldo é uma das comunidades a receber a verba. O apoio é por conta do Programa Recomeço, que custeia os tratamentos de dependentes de álcool e drogas, repassando a verba para as instituições. Para cada comunidade é designado um número de vagas e o governo custeia R$1350,00 por mês de cada pessoa atendida. Os participantes do programa terão que comprovar a presença no tratamento com a leitura da impressão digital todos os dias que estiverem internados. Embora o tratamento seja mais caro do que a verba repassada pelo governo, padre Haroldo afirma que isso não é um proble-
ma para aqueles que querem se livrar da dependência. “Embora eles paguem somente a metade dos custos, nossa obra vai oferecer vagas completamente gratuitas”. O padre afirma que cerca de mil pessoas morrem todos os dias por conta do uso das substâncias químicas, seja direta ou indiretamente. “Cada alcoólatra e drogado prejudica nove outras pessoas”, afirma. O padre completa falando sobre o método do instituto. “Nosso tratamento é de Espiritualidade, Laborterapia e Conscientização”, diz ele. O endereço do Instituto Padre Haroldo é Rua Dr. João Quirino do Nascimento, nº 1601, Jardim Boa Esperança, em Campinas. Mais informações sobre o tratamento ou sobre o Programa pelo telefone (19) 3794.2500.
A instalação da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, no Parque das Indústrias, ocorreu em 15 de setembro, com missa presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Campinas, Dom Airton dos Santos. A celebração também oficializou a posse do Padre Erisvaldo Pedro da Silva como primeiro pároco. A Paróquia foi criada em 27 de janeiro como quase-paróquia e, além da matriz, conta com mais cinco comunidades: Mãe Rainha, Maria Mãe dos Migrantes, Nossa Senhora do Calvário, Santa Luzia e São Sebastião. O endereço da Paróquia é Avenida Fernando Paolieri, 346, Parque das Indústrias. Para mais informações, ligue (19) 3225.0551.
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Vida Consagrada
Irmã Antonieta, aos cem anos, é exemplo de vitalidade Por Carolina Grohmann á cem anos, Maria Giuliano, a “baixinha”,
H
coisa bonita aqui”, se emociona, “eu gostava dele...
como era carinhosamente chamada pelo
E gosto até hoje”.
Em agosto de 1913, Maria nasceu em Piracicaba
a auxiliava a alcançar o fogão. No entardecer, sempre
(SP). É filha caçula de Giovanni Giuliano e Maria
às 18h00, a “baixinha” acomodava a cabeça na perna
Donato Notari Pasquale, italianos que viram no Bra-
do pai, que sentava numa “cadeira preguiçosa”, para
pai, veio ao mundo com uma missão:
Maria cresceu ajudando onde podia: aprendeu a costurar sozinha e, na cozinha, tinha um tablado que
amar a Deus e servir.
sil uma chance de abandonar a vida militar e começar uma nova história. De navio, chegaram ao país com quatro filhos e se instalaram no interior de São Paulo. Aqui, tiveram mais seis filhos. “Cem anos passados era o começo do Brasil e meus pais acharam
rezar o rosário. No fim, ele pegava a filha no
“Nada melhor
colo e a colocava na cama para dormir. Mas, ela lembra, esse luxo durou até
do que consagrarme a Jesus
que aqui tinha muita coisa para fazer. Meu pai fez muita
”
os seis anos, idade com que entrou na escola, construída pelo pai para a educação dos filhos. “Tenho vontade de ser boa para agradecer papai
e nada melhor do que consagrar-me a Jesus. Não me arrependi nunca. Sou feliz”. A decisão para a vida religiosa começa numa festa de São João, quando Maria, com 21 anos, encontra uma moça triste por ter saído do convento. Sem saber o que significava aquele lugar, no dia seguinte conversa com uma Irmã, que a explica sobre “caridade fraterna”. No começo do próximo ano, em 1935, com o noivado desfeito, Maria se prepara para entrar no Convento, em Campinas. A admissão ao aspirantado se dá em 06 de abril.
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Fotos: Carolina Grohmann
Assim como Santa Verônica Giuliani, com quem ela conta ter laços sanguíneos, Irmã Antonieta trabalhou em diversos cargos, como auxiliar da assistente de meninas no Lar Escola Imaculada Conceição, em Descalvo (SP), superiora local da Fraternidade no Educandário Maria Goretti, em São Lourenço (SC), ecônoma geral da Congregação na Casa Generalícia Ave Maria, em Campinas, e supervisora de pavilhão no Lar dos Velhinhos, em Piracicaba. Desde 1987, com 74 anos, Irmã Antonieta mora na Betânia Franciscana, casa de acolhimento das irmãs idosas da Congregação das Irmãs Franciscanas do Coração de Maria. Para comemorar o centenário de vida, Irmã Antonieta ganhou uma festa e uma Celebração Eucarística em Ação de Graças pelo centenário, presidida pelo Padre José Eduardo Meschiatti. “Foi muito bonito, as pessoas levaram muito em consideração os cem anos de caminhada, de alegrias e dores, que fazem parte da vida humana. Fui muito feliz, desde criança”, completa. Para chegar lúcida e com saúde aos cem anos, a Irmã revela: “o segredo não está comigo, eu recebi essa graça gradativamente a cada dia pelo meu Pai do Céu”. Ela complementa que o caminho precisa de três fatores: amor da família, muito trabalho, e falar “com” e nunca “de” alguém, termina ela, pedindo por sua “bicicleta”, o andador, para ir à Capela e “dar tchau para Ele”, diz, o que sempre faz olhando para o Cristo.
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BOLETIM A TRIBUNA - OUTUBRO 2013 - 09
Romaria ao Santuário Nacional de Aparecida Da Redação o dia 1º de setembro, 20 mil romeiros, di-
A celebração foi presidida por Dom Airton José dos
vididos em carros e em 350 ônibus, parti-
Santos, Arcebispo Metropolitano de Campinas. Uma
ram da Arquidiocese de Campinas em pe-
oração, feita pouco antes da partida dos romeiros,
regrinação ao Santuário Nacional de Nossa Senhora
deu início à viagem com as bênçãos de Deus, pre-
de Aparecida (SP). A Romaria emocionou os fieis,
parando-os para o encontro com a mãe Aparecida
que se reuniram para a Santa Missa das 10h00, com
horas depois. Uma bandana azul identificava cada
a presença de cerca de 100 padres e diáconos. A pe-
membro da Igreja Particular de Campinas. Claúdia
regrinação foi parte das atividades da Arquidiocese
Mara, catequista da Paróquia Nossa Senhora Apare-
para o Ano da Fé.
cida, sentiu-se comovida em estar na casa da Mãe
N
“É um momento muito especial para agradecer à Maria e termos, aqui, a boa vontade de rezar pelos
Aparecida. “É uma emoção muito grande de vir aqui representando a paróquia”, disse.
amigos da nossa Arquidiocese e por todo o povo bra-
Depois da Romaria, Dom Airton enviou nota de
sileiro”, afirmou Mario Negri, da Paróquia São Pedro
agradecimento a todos que participaram da romaria
Apóstolo.
arquidiocesana. “Alegrou-me o coração a presença de cada um de vocês, os inúmeros padres e fiéis de nossas comunidades e paróquias organizadas nas diversas caravanas. A presença de todos, Igreja pe-
Fotos: Bárbara Beraquet
regrina e missionária que somos, enalteceu a cele-
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“Alegrou-me o coração a presença de cada um de vocês”
bração e reforçou nossos laços de comunhão e amor filial a Cristo e sua Mãe Santíssima. Recebam meu muito obrigado!”, registrou. O Arcebispo pediu o mesmo empenho para a Celebração de Cristo Rei, em 24 de novembro próximo, que marcará o encerramento do Ano da Fé, na Praça Arautos da Paz, em Campinas. No portal da Arquidiocese de Campinas você encontra a cobertura fotográfica e vídeos da Romaria.
Visite
Foto: Mariana Rodrigues
www.arquidiocesecampinas.com
BOLETIM A TRIBUNA - OUTUBRO 2013 - 11
Legado Religioso, Cultural e Social de Dom João Nery Dívida de Gratidão nos 150 anos de seu nascimento (1863-2013) Por Padre Rafael Capelato m 6 de outubro deste ano, comemora-se o Santa Cruz (atual Paróquia Nossa Senhora do Carsesquicentenário do nascimento de Dom mo, berço religioso da cidade ) onde permaneceu de João Batista Corrêa Nery. Primeiro bispo 1887 a 1894. Em 1894 quando foi nomeado Vigário das Dioceses do Espírito Santo, Pouso Alegre e Cam- Colado da Paróquia de Nossa Senhora da Conceipinas, sua cidade natal. Filho de Benedicto Corrêa ção em substituição do então vigário Cipião Ferreira de Moraes e de Maria do Carmo Nery, João BaGoulart. Durante seu paroquiato, Campinas foi assotista Corrêa Nery nasceu em 6 de outubro lada pela febre amarela e o referido padre emde 1863, na Rua Conceição, antiga Rua penhou-se pelo amparo dos órfãos dessa Formosa, em Campinas. Foi batizaO referido terrível epidemia que colocou de joelhos do no dia 15 de outubro do mesmo a “Princesa d’Oeste”, no fim do século padre empenhouano, como se atesta do registro: “Aos XIX. Diante desse desafio, planejou a dias quinze de outubro de mil oitose pelo amparo realização de um estabelecimento para centos e sessenta e três, nesta Matriz abrigar os órfãos e educá-los. Nasceu dos órfãos de Campinas, baptizei e puz os Santos assim, de seu ímpeto caritativo, o Liceu Óleos a João de idade de nove dias, filho de Artes e Ofícios, posteriormente confiado legitimo de Benedicto Corrêa de Moraes e Maaos cuidados dos Padres Salesianos. ria do Carmo Nery. Padrinhos: Manoel Benedicto Em 28 de agosto de 1896 foi eleito o primeiro Bispo Corrêa e Maria Tereza de Moraes, todos desta Paro- da Diocese do Espírito Santo, pelo Papa Leão XIII. chia. O Coadjutor Vigário interino, Sabato Antonio Sua Sagração Episcopal aconteceu em 1º de NovemDeluca.” bro de 1896 na capela do Colégio Pio Latino AmeriFez seus estudos na cidade natal e ingressou no se- cano, em Roma, pelo Cardeal Jerônimo Maria Gotti, minário de São Paulo em 1880. Jovem, aos 17 anos que fora Internúncio no Brasil. Fez o seu ingresso de idade, revelou seus dotes pelas artes cênicas, es- solene na catedral de Vitória em 23 de maio de 1897. crevendo o drama “Pai e Filho”. A sensibilidade ar- No Espírito Santo Dom Nery empenhou-se em criar tística, especialmente o teatro, o distinguiu durante o patrimônio do novo Bispado, especialmente a Caitoda a vida e fez dele, já nos tempos de seminário, xa Diocesana, pedindo donativos aos fiéis e até mesum grande orador. mo a outras Dioceses, no contexto em que a Igreja Foi ordenado presbítero por Dom Lino Deodato no Brasil acabava de ver-se livre das rédeas cerceaRodrigues de Carvalho, então Bispo de São Paulo, doras do Padroado. As visitas pastorais pela Diocese em 11 de abril de 1886. Após lecionar no Seminário e o empenho social, especialmente junto aos indígepor alguns meses, foi nomeado Vigário Colado, por nas do Espírito Santo, distinguiram o episcopado de rubrica de Sua Alteza a Princesa Imperial Regente Dom Nery. Alegando precisar de um clima que me(Princesa Isabel), da Matriz Velha, que nessa época lhor favorecesse sua saúde, conseguiu sua transfeera igreja paroquial de Nossa Senhora do Carmo de rência para a Diocese de Pouso Alegre em 18 de maio
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No ano de sua ordenação, 1886. Do livro “Saudosa homenagem à sua santa memória”.
de 1901. A posse na recém criada Diocese, aconteceu em 21 de julho do mesmo ano. Também em Pouso Alegre foi preciso que o bispo se empenhasse pela constituição do patrimônio da nova Diocese. Ali Dom Nery construiu principalmente o Palácio Episcopal, o Ginásio diocesano e o seminário. Em junho de 1903, enquanto era bispo desta Diocese sul mineira, Dom Nery organizou uma visita do Núncio Apostólico, D. Julio Tonti, à sua Diocese, no intuito de se discutir a possibilidade da criação de uma Diocese em Campanha. A caminho de Pouso Alegre, o Núncio passou por Campinas onde foi recebido na estação ferroviária com grande festividade. Será o próprio D. Julio Tonti a redigir um relatório para a Santa Sé sobre sua excursão pelo Estado de São Paulo e sul de Minas Gerais. Eis suas impressões de Campinas: “(...) Dom João Batista Nery veio (a São Paulo) pessoalmente buscar-me para ser meu guia na visita à sua diocese. Partindo de São Paulo para chegar a Pouso Alegre passa-se pela cidade de Campinas que é a segunda do Estado de São Paulo, com belas vias largas e espaçosas e rica de edifícios de arquitetura européia. A população chega a aproximadamente 40 mil habitantes. A cidade possui uma magnífica igreja que poderia servir de catedral. Possui também uma Academia de Ciências e Artes composta por pessoas notáveis pelo saber e erudição. As autoridades e o povo de Campinas, sabendo que o Representante Pontifício se dirigia a Pouso Alegre, insistiram com o dito Prelado que me servia de guia, para que eu fizesse a eles uma visita. O acolhimento que me fizeram mostrou o quanto eram merecedo-
res da graça que imploravam. Na estação de Campinas agrupou-se uma grande parte da população composta de todas as classes e condições. Calculou-se entre 12 a 15 mil pessoas. O certo é que a multidão de tal modo se comprimia que foi necessário que dois oficiais de polícia se colocassem ao meu lado para abrirem continuamente a mim o caminho da estação até a residência dos Missionários Espanhóis do Coração de Maria onde eu deveria me hospedar. Para satisfazer os anseios do povo percorri a pé o não curto trajeto; e a população me acompanhou sempre fazendo ecoar contínuos “vivas” à Santa Sé e ao Santo Padre. (...) Os fiéis de Campinas desejam ardentemente que sua cidade se torne sede de uma nova diocese. Campinas teria certamente precedência em relação a qualquer outra cidade da atual Diocese de São Paulo, com condições adequadas a esse objetivo, porém é relativamente muito próxima à cidade de São Paulo, fato que levaria a considerá-la menos adequada para sede de uma nova Diocese (...) ”. Dom Nery era um dos que defendiam, já nesse período, a elevação de Campinas à condição de Diocese.
BOLETIM A TRIBUNA - OUTUBRO 2013 - 13
Brasão de Dom Nery. A visita do Núncio alimentou esperanças e o Bispo de Pouso Alegre incentivou a constituição de uma comissão responsável por angariar o patrimônio para um futuro bispado. Tal comissão contou com nomes influentes da sociedade e da política local, e foi liderada pelo pároco da Paróquia de Santa Cruz (Matriz Velha), na época, o Padre Francisco de Campos Barreto. Em 23 de novembro desse mesmo ano, os moradores de Campinas, representados por tal comissão, endereçaram um pedido formal ao Santo Padre o Papa Pio X, para que Campinas fosse constituída Diocese. A petição foi assinada por Francisco Olegário, Bento Quirino dos Santos, José Soriano de Souza Filho, João Batista Pinto de Toledo, Orosimbo Maia, Padre Francisco de Campos Barreto, dentre outros. Porém, o processo desencadeado por Campinas e que culminou com a criação de cinco novas dioceses no interior do Estado de São Paulo, foi complexo. A questão foi longamente discutida na Sagrada Congregação dos Negócios Eclesiásticos Extraordinários (AA. EE. SS.), nos anos entre 1903 e 1908. Inicialmente pensava-se em criar uma única diocese no Oeste de São Paulo, de preferência mais para o interior do território. Embora Campinas apresentasse as condições para ser Diocese, sua localização representava um ponto de relutância. No período em
que foi Núncio Apostólico Dom Alexandre Bavona, as discussões avançaram e chegou-se ao ousado projeto de elevação da capital a Arquidiocese e a constituição de cinco novas Dioceses, como sufragâneas na constituição de uma nova Província Eclesiástica em São Paulo. A bula data de 7 de junho de 1908, intitulada Dioecesiumnimiamamplitudinem (A grande extensão das Dioceses). As dioceses criadas foram: Campinas, Botucatu, Ribeirão Preto, Taubaté e São Carlos do Pinhal. Sem dúvidas que a participação de Dom Nery no processo que culminou com a elevação de Campinas a Diocese foi determinante. Nomeado para assumir a nova circunscrição eclesiástica, voltando para sua terra natal como Prelado diocesano, ele assumiu definitivamente a função de primeiro bispo de Campinas em 1 de novembro de 1908. Em Campinas é justo ressaltar duas marcas características do episcopado de Dom João Nery: o empenho pela consolidação de uma cultura católica e as obras sociais. No tempo de seu episcopado em Campinas, escreveu diversas cartas pastorais tocando em problemas como o eleitorado católico e o empenho social. Após a carta pastoral com a qual saudou seus diocesanos, verdadeiro programa pastoral de seu episcopado em Campinas, em 1909 escreveu outras duas cartas, anunciando sua primeira visita pelas paróquias da Diocese e instituindo a obra do Óbolo Diocesano. Em 1911, ano de seu jubileu de prata sacerdotal, anunciou mediante carta pastoral, a realização do Primeiro Congresso Católico de Campinas, voltado à discussão da atuação da Igreja Católica nas diversas realidades da cultura e da sociedade. Em 1913 escreveu uma importante carta intitulada “sobre a atuação do clero desta diocese nos tempos atuais” manifestando uma vez mais sua preocupação pastoral em campo social, especialmente junto ao operariado. Suas intuições, em muitos pontos, expressando os desafios sociais e o pensamento social católico oriundo dos ensinamentos de Leão XIII, são lúcidos para aquele momento e continuam a sê-lo em
14 - OUTUBRO 2013 - BOLETIM A TRIBUNA
“Chamando o clero antes de tudo a uma atuação coerente com os fins do sacerdócio” muitos aspectos hoje, salvaguardada a eclesiologia, a auto compreensão da Igreja de então como sociedade perfeita, chamando o clero antes de tudo a uma atuação coerente com os fins do sacerdócio para garantir a formação humana e cristã, salvaguardando os valores cristãos diante dos riscos do pensamento socialista: “Nenhuma questão apaixona tanto os ânimos na hora presente como a chamada questão social, e embora os governos se preocupem com alianças e tratados que lhes garantam expansões e hegemonias, é um fato que o povo, à grande massa anônima se agita e se revolve mais diante de um novo projeto de legislação social, de qualquer coisa que concorra para a reivindicação de seus direitos, para a melhoria do trabalho, para mais equitativa harmonia entre ele e o capital. (...) entre todas as obras sociais, cumpre animar sobretudo a da formação e da educação da consciência política dos católicos e favorecer a criação das Ligas Eleitorais, às quais poderão pertencer católicos de todos os partidos existentes ou por existir” . Partindo de tais preocupações, Dom Nery fundou uma Escola Agrícola junto ao Liceu Salesiano, o Externato São João e a Creche Bento Quirino, junto à Igreja de São Benedito. Nesse sentido ajudou a cidade de Campinas não somente no aspecto religioso mas também social, no campo do amparo aos pobres e da educação. Em 1918 a gripe espanhola assolou a cidade, vitimando muitos campineiros. Como fizera nos tempos da febre amarela, empenhou-se ele, agora como bispo de sua cidade natal, a socorrer a população com a distribuição de leite e alimentos às famílias carentes e disponibilizando os espaços do Ginásio Diocesano e as próprias dependências do Palácio Episcopal, bem como outros recursos do patrimônio da Diocese, para improvisar hospitais destinados ao socorro
dos doentes. Ele próprio adoeceu com a gripe espanhola que porém não ceifou sua vida. O bispo acarretou à Diocese grandes dívidas nessa ocasião, que foram sanadas somente durante o episcopado de seu sucessor, Dom Francisco de Campos Barreto. Foi o preço de uma caridade desmedida e tanto a Igreja quanto a sociedade lhe são devedoras e reconhecidas. Dom Nery morreu aos 57 anos, vítima de um tumor no fígado, em 1° de fevereiro de 1920. Foi sepultado na Catedral de Campinas e, em 1923, seus restos mortais foram transladados para a cripta construída na mesma igreja. Sua memória foi imortalizada na praça da catedral com um monumento em sua homenagem, obra de Fernando Frick, inaugurado no ano de 1924. Padre Rafael Capelato é Vigário da Catedral Metropolitana de Campinas e Doutorando em História da Igreja pela Pontifícia Universitária Gregoriana de Roma. Contato: rafaelcapelato@gmail.com
Referências: DIOCESE DE CAMPINAS.D. JoãoNery. Saudosa homenagem à sua santa memória . No 34° aniversário de seu fecundo sacerdócio. São Paulo, Oficinas graphicas Cardozo Filho & C. 1920. MARTINS, J. P.Basílica do Carmo. Historia de fé no coração de Campinas. Campinas, Editora Komedi 2010. NERY, J. B. C. Carta Pastoral sobre a atuação do clero desta diocese nos tempos atuais. Campinas, Tip. Casa Mascotte 1913. PIETA, Z.HierarchiaCatholicaetrecentiorisAevi. A pontificatu Pii PP X (1903) usqueadpontificatumBenedicti PP XV (1922), vol. IX, Padova, Messaggero di Sant’Antonio 2002. VV. AA. Arquidiocese de Campinas: subsídios para a sua história. Campinas, Editora Komedi 2004. p. 588.
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Homens imprescindíveis Sobrinho centenário relembra Dom Nery, primeiro bispo da Diocese de Campinas Por Bárbara Beraquet À entrada da casa, ao lado da matriz da cidade, o
Euclydes Nery Junior, conta, hoje o único parente
casal aguarda sentado, lado a lado, emoldurado pelo
vivo que teve contato com o bispo, tornou-se médico.
jardim de azaléias, a sua frente, em que samambaias
Estudou o tempo de ginásio em Pouso Alegre, cidade
e rendas-portuguesas, com inveja das flores, esban-
mineira que, assim como Campinas, teve o bispado
jam cores vibrantes, em tonalidades diferentes de
de Dom Nery como o primeiro (1901 - 1908), e, mais
verde.
tarde, estabeleceu-se em Pedreira, ao adquirir uma
Dona Ieska, 96 anos, dá as mãos ao marido, o dou-
clínica médica pelo valor (não atualizado) de 5 mil
tor Euclydes, que - como ela nunca se cansa de repe-
cruzeiros. “Foi um bom
tir - “trabalhou demais”. Talvez aí resida um parale-
negócio?”, pergunto.
lo, um traço em comum com o tio, Dom João Batista
“Foi, conheci mi-
Corrêa Nery, “bispo apóstolo”, dos pobres e dos
nha
enfermos, que socorreu sua diocese e seu rebanho
responde ime-
durante a Febre e a Gripe; a primeira, Amarela, em
diatamente.
mulher”,
1889, e a segunda, Espanhola, que chegou ao Brasil em setembro de 1918.
Abaixo, ao fundo, registro de Batismo. Na foto, Dom Nery. Arquivo.
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“Fêz-me existir com o nome de João a graça de Cristo, a quem, qual capitão, sigo as paragens celestes levado pelo amor. Êle me conferiu ao nascer, três talentos: de Fé, Esperança e Caridade, os quais no dia de contas lhe restituo acrescidos pelas virtudes de reger o seu rebanho, e multiplicado entre os povos de três dioceses” Dom João Nery
Abaixo, Correio Popular noticia centenário de nascimento. Ao lado, retrato de Dom Nery. Acima, cartas pastorais e Dom Nery com órfãos da epidemia de febre amarela. Arquivo.
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Euclydes se reconhece na publicação em homenagem ao bispo e mostra placa comemorativa. Fotos de Bárbara Beraquet.
Aos 103 anos (ele não sabe ao certo, mas sabe que são mais de cem), Euclydes tem dois filhos, cinco netos e seis bisnetos. O filho José Roberto confirma o nascimento, em 07 de março de 1910, em Campinas. Formado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1936, doutor Euclydes, que fez nascer muitos filhos e socorreu o povo daquela cidade jovem como ele mesmo era, foi médico-chefe por 33 anos do Centro de Saúde Estadual, em Pedreira, e diretor clínico por mais de 20 anos do Hospital e Maternidade Humberto Piva. Só parou de trabalhar aos cem. A esposa, de família tradicional pedreirense, lembra os tempos em que o doutor, único médico da cidade, esforçavase para dar conta de tantos atendimentos. Durante a II Guerra Mundial (1939-1945), ele conta, percorria as fazendas a cavalo. Ele tinha uma “baratinha”, mas não havia gasolina. Era a Crise do Petróleo e o governo brasileiro impunha o racionamento do combustível. Nem isso impedia o trabalho; não tinha hora, dia ou noite, para avançar onde uma vida pedia e onde um médico era necessário. Nunca “ganhou dinheiro”, confirmam marido e mulher, mas conquistaram a admiração e o respeito local. Entre muitas honras, no começo deste ano, Euclydes foi homenageado pela Câmara Municipal de Pedreira. A solenidade ocorreu no dia 15 de março. Ali, na placa comemorativa, está o registro do reconhecimento que a cidade lhe presta: “o homem imprescindível”. Com títulos de Cidadão Benemérito, Cidadão Pedreirense e com o nome outorgado à Central Municipal de Saúde de Pedreira, Euclydes recebeu certificado pela atuação exercida em favor do desenvolvimento do município em mais de um século de vida.
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Presente à homenagem, estava Dom Pedro Carlos Cipolini, Bispo Diocesano de Amparo que foi, por muitos anos antes do bispado, Pároco da Basílica de Nossa Senhora do Carmo, em Campinas. A missa dominical é frequentada “religiosamente”, se assim se pode brincar, pelo casal, que recebe dos fieis a delicadeza de lhe cederem lugar nos bancos quando não há. A matriz de Santana está ali, diante deles. Do tio célebre, as recordações estão esmaecidas, mas há fatos que se sobressaem com cores vívidas, como aquelas do jardim de Dona Ieska. Em seus primeiros anos de infância, Euclydes era incisivo quando queria entrar na Cúria Diocesana. “Eu sou filho do bispo”, se identificava. Era pequeno, por volta de cinco anos, e não sabia direito como explicar o grau de parentesco. Daí se dizia rebento de Dom Nery. A expressão no rosto de quem o recebia (espanto ou graça) com essa notícia não ficou registrada e nem é necessário que assim fosse; a lembrança causa risos e o gosto de pureza daquele tempo volta sem “nove-horas”. Perguntado se ele mesmo ou alguém da família havia sido vitimado pela gripe, ele conta que as crianças ficaram “acamadas”, mas não doentes, durante 15 dias em casa, preventivamente. Lembra, ainda, que o tio acolhia os doentes no palácio episcopal, que sua ação salvou muitas vidas durante a Influenza, e que sua morte foi em decorrência da saúde atingida pelo impaludismo, que anos antes ele ajudara a combater na diocese. Euclydes se reconhece na fotografia da polianteia empreendida e publicada por Dom Joaquim Mamede, bispo auxiliar de Dom Nery, em homenagem póstuma.
Na página ao lado, com a esposa Ieska e o filho José Roberto. Acima, foto de D. Nery com os sobrinhos. Euclydes é o marinheiro mais abaixo. Dom Nery e esposa recebem homenagem na Câmara de Pedreira e, por último, distribuição de socorros no Posto Diocesano, durante a Gripe. Arquivo.
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Na página envelhecida, ele é o menor entre os irmãos, hoje falecidos. Ali estão também os retratos de seus pais e um registro das muitas obras de Dom José Correa Nery, que morreu em 1º de fevereiro de 1920, aos 57 anos de idade, e que foi fundador do jornal “O Mensageiro”, que veio antes de “A Tribuna”. Euclydes comenta das estátuas feitas em honra ao prelado, como a que fica em frente à Catedral Metropolitana, do “Lyceu” Nossa Senhora Auxiliadora e do orgulho que a família sempre sentiu por Dom Nery e suas boas obras.“Humanitário, caridoso”, designa. Esta é a imagem que ficou do tio. Acima, fotografia do Congresso Católico Diocesano em homenagem ao 25 aniversário de ordenação sacerdotal de D. Nery e cálice do arcebispo. Ao lado, busto de D. Nery usado como molde para instalação na PUC-Campinas, missal e brasão entalhado em madeira, com os quais D. Nery foi presenteado, báculo e altar móvel que a ele pertenceram. No detalhe, acima, retrato de D. Nery. Peças estão no acervo do Museu Arquidiocesano, instalado na Catedral Metropolitana de Campinas. O Museu fica aberto à visitação aos sábados, pela manhã. Fotos de Carolina Grohmann.
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Exortação Eclesiástica Lugar de Matrimônio é na Igreja Por Mariana Maia, Mariana Rodrigues e Priscilla Geremias Província Eclesiástica de Campinas determinou que, a partir do dia 1º de janeiro de 2014, o sacramento do matrimônio só poderá ser celebrado dentro do templo religioso. O Código de Direito Canônico de 1983 já prevê que a celebração do matrimônio deva ser feita, primariamente, na Igreja paroquial. Mas, devido ao número elevado de permissões para realização de casamentos em outros locais, que não a Igreja, os bispos das dioceses de Piracicaba, São Carlos, Amparo, Bragança Paulista, Limeira e o Arcebispo da Arquidiocese
A
de Campinas assinaram um decreto, no qual relembram e reafirmam essa tradicional prática da Igreja de celebrar os sacramentos no templo religioso, salvo poucas exceções. Segundo Dom João Carlos Petrini, Presidente da Comissão Episcopal Pastoral Vida e Família da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), as recomendações são das Conferências Episcopais e do Vaticano, explicando essa delimitação exclusiva, “na tentativa de oferecer um ambiente que favoreça a oração, o recolhimento, a percepção que o que está acontecendo tem a ver o desígnio de Deus e com o destino de um homem e de uma mulher que prometem com toda solenidade serem fieis um ao outro, amar-se e respeitar-se por toda a vida, na boa e na má sorte”, complementa. De acordo com o Vigário Judicial do Tribunal Interdiocesano de Campinas, Padre Dr. Adriano Broleze, esta determinação não deve ser encarada como um veto e sim uma norma exortativa da Igreja. “Com esse decreto, a Igreja, mais uma vez, reafirma o desejo de abrir as portas aos seus fiéis. Ela entende que o casamento não é só um encontro social ou um evento bonito, é tudo isso e mais: o casamento é um Sacramento, no qual aquele amor que um dia foi conhecido entre uma troca de olhares, um apresentar-se nomes, é agora elevado à dignidade de um caminho de santidade”, ressalta.
Padre Adriano enfatiza: “o casamento é um Sacramento”
Foto de Padre Adriano por Mariana Rodrigues 22 - OUTUBRO 2013 - BOLETIM A TRIBUNA
O padre, doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Univervidade Lateranense de Roma, ainda explica que, no sacramento do matrimônio, os noivos, ao trocarem as alianças, assumem a responsabilidade que, a partir daquele momento, um terá sobre o outro, “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Uma responsabilidade até que a morte os separe. É com essa seriedade, mas também com essa alegria, que a Igreja abre suas portas para receber os noivos”. Os Sacramentos, são sinais eficazes da Graça de Deus que recebemos ao longo da vida e, como realça Padre Adriano, são tesouros que a Igreja, por mandato divino, administra em favor de seus filhos. Por isso, o casamento não é simplesmente uma bênção, e sim uma parte desse tesouro confia-
róquia escolhida. A paróquia de origem é aquela em que faz residência tanto da noiva como do noivo, não necessariamente aquela da qual se participa. Quando um dos noivos não é católico e, ainda assim, aceita se casar na Igreja, sem se converter ao catolicismo, uma autorização do bispo da diocese e um juramento da parte não-católica perante o pároco, prometendo não influenciar na educação religiosa dos filhos, que deverão ser criados na fé católica, são necessários.
Na saúde e na doença
Em alguns casos, um dos noivos ou parente próximo se encontra em leito de morte. A Igreja reconhece a limitação e autoriza a celebração do sacramento no hospital ou na casa do do à Igreja. enfermo. Capelão do Hospital UniO casamento versitário da Universidade de São Casamento: um ato não é simplesmente Paulo (USP), Padre Anísio Balpúblico dessin já realizou sete casamentos Observando melhor as normas da uma de pessoas impossibilitadas de ir Igreja, Padre Adriano garante que a bênção até o templo, sendo cinco deles em instituição não quer complicar o casaleito e dois na capela do hospital. O pamento, “mas facilitar a vida não significa dre explica que o paciente expressa o desejo desprezar o valor das coisas sagradas”, diz. A lei está clara, lugar de se realizar o sacramento para a equipe médica que o contata. Geralmente não do matrimônio é na Igreja. Mas e quando os noivos tem participação de muitos membros da família e o desejam fazê-lo em capelas particulares? “O casa- casamento se dá de forma rápida e simples, com a mento não é um evento privado e sim público”, afir- adequação ao ambiente hospitalar. O que não pode ma Padre Adriano. O padre ainda exemplifica com faltar é o consentimento dos noivos, “mesmo se for algumas famílias em que, há gerações, os casamen- com um gesto”, explica o padre. O motivo, geralmentos ocorrem em capela particular, familiar, e frisa te, é “oficializar” uma união (que já pode ser casaque o legado maior dessa família não é a tradição de mento civil ou não) diante de uma situação de doenter se casado na capela da fazenda, mas sim de ter se ça. “É comum as pessoas se voltarem para a religião casado segundo as leis da Igreja. Nesse caso, a única em ocasiões assim”, conta Padre Anísio. O que motiva o padre a realizar esses casamentos exceção é quando essa capela privada serve uma comunidade local, aberta ao público, sendo realizados que, muitas vezes, ocorrem próximos da morte, é fazer com que os doentes se sintam um pouco melhor. missas e outros sacramentos. Os noivos podem escolher a paróquia pela qual de- “É importante para ele, vai fazê-lo feliz. É uma forma sejam se casar, desde que entrem com um pedido de de estar com Deus”, conta. Para o Padre, nem semum processo do matrimônio na paróquia de origem pre é fácil. “Humanamente, eu não me sinto conforde um dos noivos e peçam transferência para a pa- tável fazendo um casamento em que, dali a pouco, a
“
”
BOLETIM A TRIBUNA - OUTUBRO 2013 - 23
“Fazer com que os noivos reconquistem a beleza do casamento dentro da Igreja” pessoa pode morrer. Por outro lado, tenho a oportunidade de fazer alguma coisa boa, dar uma alegria. É uma mistura de desconforto e realização. Em meio ao sofrimento, eu posso oferecer um momento feliz”, declara Padre Anísio.
A reconquista De acordo com Dom Petrini, também Bispo de Camaçari, na Bahia, a determinação ainda requer outro desafio: fazer com que os noivos reconquistem a beleza do casamento dentro da Igreja. Atualmente, segundo ele, a questão está ignorada, pois há uma grande preocupação com o evento comercial que o casamento se tornou. “Grandioso deve ser o coração de quem casa, porque grandiosa é a realidade que está presente no casamento, não apenas aspectos formais e externos, que só servem para belas fotos e imagens bonitas”, afirma o bispo. A exigência de o sacramento ser celebrado no templo é apenas um passo. Segundo Dom Petrini, é preciso uma preparação e um entendimento para que o matrimônio seja realmente vivido não só no dia da celebração, mas por toda a vida. O importante é não banalizar algo tão “grande” e “sagrado”. “São muito fortes as pressões externas para fazer do matrimônio um verdadeiro show, caríssimo e efêmero em seu valor”. O bispo complementa dizendo que muitos fiéis, principalmente os das classes mais pobres, deixam de se casar na Igreja, “porque nem dispõem de recursos financeiros para desperdiçar com flores, orquestras e empresas de cerimonial e nem compreendem que a celebração poderia ser realizada com simplicidade e sobriedade de maneira muito mais significativa”, ressalta. Dom Petrini crê que a exigência no preparo dos noivos para esse sacramento trará bons resultados. “Acredito que esta realidade nos provoca para ser-
mos criativos, para inovar a maneira de preparar os jovens para o casamento, para segurar o essencial do sacramento do matrimônio e deixar de lado outros aspectos que raramente vão além da aparência”, explica. A medida tomada pela Província Eclesiástica de Campinas prevê valorizar o Sacramento, que é compartilhar um tesouro, celebrar a família, celebrar o que é sagrado em um local sagrado. “Não existe maior declaração de amor que um homem e uma mulher podem mutuamente fazer do que o matrimônio público no altar de uma igreja. Pode subir no monte Everest e gritar ‘eu te amo’, não é a mesma coisa, porque não existe cume mais alto do que o altar de Cristo”, complementa Padre Broleze.
Outros casos de Extra Templum Há casos em que a Igreja reconhece a impossibilidade de o sacramento ser realizado no Templo Católico. Diante de uma dificuldade, o Bispo da Diocese pode autorizar a realização do casamento em lugares convenientes, em que a dignidade moral do sacramento não seja afetada. São os chamados casamentos extra templum. São os casos listados abaixo: Casamento de mista-religião: Neste caso, se houver dificuldades da parte não-católica ou de familiares na participação da celebração na Igreja católica, o casamento poderá ser em um local conveniente. Casamento com celebração de dois líderes religiosos diferentes: O sacramento poderá ser concebido em uma Igreja não-católica com a presença de um sacerdote. Não podendo ser realizado em um local particular. Outros: Pode também ser realizado casamento extra templum em casa, quando um dos noivos está acamado, na prisão e até mesmo em um salão da comunidade, quando a Igreja paróquia está em reforma.
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