EDIÇÃO 04 - FEVEREIRO 2014
As cidades vistas do alto das igrejas
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DO SETOR IMPRENSA ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS
esta edição da Revista Digital Lumen, queremos propor que você enxergue a vida com os olhos da fé: as cidades vistas do alto das igrejas é o tema que ilustra a capa. Na reportagem, visita a duas igrejas da Arquidiocese de Campinas revela a beleza vista do alto de suas torres e medita sobre nossa pequenez diante de Deus. A Campanha da Fraternidade, que este ano aborda o Tráfico Humano, traz links externos para você saber mais sobre o assunto. Aproveite a edição e nos escreva, partilhando conosco suas sugestões, para o email redacao@arquidiocesecampinas.com Boa navegação!
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Vista do alto da Catedral Metropolitana de Campinas. Foto de Carolina Grohmann
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MÚSICA CATÓLICA ferramenta viral de evangelização MÃE DE KAZAN viagem de um ícone russo pelo mundo SANTOS! canonização de João XXIII e João Paulo II TRÁFICO HUMANO é tema da CF 2014 AS CIDADES pelo alto das igrejas
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FELICIDADE basta querer MESTRADO Ciências da Religião PEQUENINOS do Senhor AUTONOMIA e comunhão HOSPITAL DA PUC festeja Natal AS SETE Igrejas MUTICOM reúne comunicadores
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evangelizar de novas maneiras
Música Católica Fenômeno é ferramenta viral de evangelização Estagiárias da PUC-Campinas
fenômeno que surgiu na década de 90 está associado à Renovação Carismática Católica, que utiliza os
Arquivo
meios midiáticos para uma ação evangelizadora
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música na Igreja Católica existe há mais de dez mil anos e só nos últimos 15, após o lançamento do primeiro CD de Padre Marcelo Rossi, ela começou a fazer sucesso também comercialmente. Canções católicas, principalmente de louvor, se tornaram um fenômeno musical no Brasil. Nilton Junior, consagrado da Comunidade de Vida Pantoktrator e cantor da música “Eu acredito na Juventude”, que se tornou hit na Jornada Mundial da Juventude, afirma que foi o padre Marcelo quem “estourou para multidões” e abriu as portas para esse tipo de música no país.
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Santa Cecília de Jacques Blanchard
Queremos chegar até aquele que não conhece, que não recebeu o anúncio de Deus na vida dele
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Imagens da reportagem: Arquivo
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surgimento desse fenômeno musical está associado à Renovação Carismática Católica (RCC), segundo Sônia Maria Leite Gomes, coordenadora da RCC na Arquidiocese de Campinas. O movimento, que surgiu na década de 70, tem como característica o resgate dos dons do Espírito Santo e a utilização de meios midiáticos, o que favorece a projeção dos cantores nos meios de comunicação.
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Ação de evangelização
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ara Nilton, começar a cantar e fazer shows foram consequências da necessidade de uma evangelização diferente. “Queremos chegar até aquele que não conhece, que não recebeu o anúncio de Deus na vida dele. E fazemos isso através da música”, conta. Padre Juarez de Castro, também cantor, tem uma opinião semelhante; para ele, a música, os CDs, os shows, o rádio e a televisão são somente mais uma ferramenta para ampliar seu trabalho como sacerdote. “Tenho plena convicção de que não sou artista. Sou padre”, diz. Clayton Dias, Doutorando em Música pela Unicamp e coordenador do Setor de Música Litúrgica da Arquidiocese de Campinas (CEMULC), explica que a música sempre esteve presente na história da Igreja. “A ação evangelizadora da Igreja, dentre os seus vários recursos, tem a música como um grande auxílio para a sua missão. Quando bem utilizada, a música pode favorecer o encontro com Deus, com a mensagem cristã e com o Mistério da Fé”, esclarece. A evangelização através da música tem a ‘missão’ de chegar ao coração daqueles que não conhecem Deus. “Muitas pessoas me mandam mensagem, dizendo que não eram católicos e que, através das músicas, danças e alegria, começaram a buscar isso”, conta Nilton Junior que, em outubro de 2013, fez um show no Peru para espalhar essa evangelização.
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Música e religião
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adre Juarez, que levou 120 mil pessoas a um show em Vitória (ES), acredita que a música não pode ser limitada, desde que não fira as verdades teológicas e nem contradiga a fé. “Canto músicas religiosas e músicas que não são, mas que tem uma mensagem espiritual muito grande. Há músicas que não são religiosas, mas que narram a beleza da criação e da presença de Deus em nossas vidas”, afirma o padre. Já para as celebrações formais da Igreja, a utilização de músicas tem um outro sentido.
Para ele, a música litúrgica tem uma estrutura própria. “Ela tem que se adaptar ao tempo e espaço celebrativo e ser fiel à teologia do que se celebra. Os autores de música litúrgica sabem que sua música não pode somente agradar, mas também tem que ajudar a celebrar. Talvez seja esse o grande desafio”, diz o sacerdote. “Missa é algo exclusivamente católico. A música dentro da liturgia está a serviço da liturgia. A música precisa ajudar o fiel a rezar aquele momento, a viver aquele momento onde o centro é a Eucaristia, não a música”, ressalta Nilton a respeito do uso de músicas seculares e de outras denominações dentro da celebração da missa. O coordenador do CEMULC, Clayton, explica que a escolha deste tipo de canção substitui ‘um grande patrimônio de músicas’ que a Igreja Católica tem. “Músicas escolhidas por que estão nas ‘paradas de sucesso’, ou por ‘gosto pessoais’, trazem ensinamentos contrários à doutrina Católica, que, muitas vezes, podem ser despercebidos por pessoas que ainda não tem uma adequada formação teológica”, ressalta.
Há músicas que não são religiosas, mas que narram A beleza da criação e da presença de Deus em nossas vidas 10
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Músicas litúrgicas e suas estruturas
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música dentro da liturgia deve seguir um padrão, chamado de “normas litúrgicas”. De acordo com a CNBB, no documento Pastoral da música litúrgica no Brasil, “se a música for como de fato requer a liturgia, será sinal que nos leva do visível ao invisível, um carisma que contribui para edificação de toda a comunidade e a manifestação do mistério da Igreja, Corpo Místico de Cristo”. Segundo Clayton Dias, as normas existem para que a música possa ser organizada, tenha uma forma única e que corresponda e obedeça aos Ritos Eucarísticos. Na maioria das vezes, de acordo com Clayton, as músicas dos padres e leigos cantores não são adequadas para celebrações litúrgicas. “Não podemos querer transformar a Missa em show”, argumenta.
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Inspiração Divina e sua repercussão
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ilton Junior conta que não tem regra para compor uma canção; às vezes, ela surge de um evento ou de uma observação, uma oração. “‘Eu acredito na juventude’ [música de maior sucesso do cantor] foi totalmente inusitado, foi de olhar o jovem na rua. Acho que o Espírito Santo naquela hora soprou, no meu coração, o refrão”, relata. O cantor ainda garante que percebe de imediato se a inspiração é divina ou da sua cabeça. “Quando é minha, eu esqueço logo a música, não vai para frente, quando é de Deus pode vir o que for que eu não esqueço”, revela. O CD é fruto de todo esse trabalho, não só do cantor e compositor, mas de músicos e produtores. Isso torna a venda de CDs uma forma de divulgar o trabalho e trazer recursos financeiros para o cantor. No entanto, Nilton Junior diz que, hoje, é um desafio vender CDs. “As pessoas compram CD pirata porque é mais barato. As produtoras tem que pensar no produto mais acessível”. Nilton investe na venda de produtos, “a gente vende a proporção de cinco camisetas para um CD”, diz.
Acho que o Espírito Santo naquela hora soprou, no meu coração, o refrão
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Música na Igreja Católica: história e mudanças
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e acordo com Clayton Dias, a música sempre esteve presente na história da Igreja e a Bíblia é uma prova, reunindo cerca de seiscentas referências ao canto e a música. “No Antigo Testamento, a grande referência é o livro dos Salmos (organizado por volta do ano 1000 a.C.). No Novo Testamento, encontramos os três Cânticos de Lucas: Magnificat (Cântico de Maria), Benedictus(Cântico de Zacarias) e Nunc Dimitis (Cântico de Simeão), além das Bem-aventuranças, o prólogo de João, os hinos paulinos, hinos e aclamações do Apocalipse, dentre outros”, afirma Dias.
LANÇAMENTO DO HINÁRIO LITÚRGICO FOI DESTAQUE NO PORTAL DA ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS
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Santa Cecília: padroeira dos músicos “A música, que eleva a palavra e o sentimento até a sua última expressão humana, interpreta o nosso coração e nos une ao Deus de toda beleza e bondade”, assim Dom Paulo Evaristo Arns definiu a arte musical, traduzindo inconscientemente a vida da Mártir Santa Cecília, considerada desde o século XV padroeira dos músicos. Santa Cecília nasceu em uma família rica e pagã, em Roma. Converteu-se ao Cristianismo quando criança fazendo um voto de castidade no qual dedicou sua virgindade a Deus. Atingindo a maturidade, Cecília foi prometida por seus pais ao um jovem pagão e rico chamado Valeriano. Obediente, a jovem casou-se com o rapaz contra sua vontade. Na noite de núpcias, estando a sós com seu marido, Cecília disse-lhe, com amabilidade e firmeza, que era cristã e sua virgindade era guardada por um Anjo, que qualquer tentativa de violar isso geraria a ira de Deus. A fidelidade ao voto trazia benção, a violação o castigo. Valeriano ficou impressionado e prometeu ser fiel ao voto, mas antes ela deveria provar que dizia a verdade, lhe mostrando seu Anjo. Cecília então respondeu: “Converte e seja batizado que também verás o Anjo de Deus”. Na mesma noite Valeriano foi batizado e avistou o Anjo. Ouvindo o relato, seu irmão, Tibúrcio, também converteu-se. Santa Cecília, então, vendo a maravilha que Deus estava operando através dela, agradecida, cantou para Deus: “Senhor, guardai sem manchas o meu corpo e minha alma, para que não seja confundida”. E, com essa canção, Cecília foi considerada a padroeira dos músicos.
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Santa CecĂlia de Guido Reni
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uando soube da conversão dos irmãos, o então prefeito de Roma mandou que abandonassem a fé e, como não o fizeram, foram decapitados e Cecília presa. Como a moça se negou a deixar sua crença, foi condenada a morte por asfixia. Quando colocada na câmara para a morte, a Santa começou a cantar músicas de louvor a Deus, saindo ilesa. Foi designada a decapitação. Cecília foi golpeada três vezes, mas sua cabeça permaneceu ligada ao seu corpo. A santa ficou ferida por três dias e cristãos iam até ela pedir-lhe conselhos. Muitos soldados pagãos se converteram ao ver a moça viva sob aquelas circunstâncias. O corpo da Santa Cecília foi enterrado nas catacumbas romanas, mais tarde transferido para um lugar escondido. Alguns anos mais tarde, o então Papa Pascoal I teve uma visão de Santa Cecília morta e seu caixão foi encontrado e aberto, revelando seu corpo intacto. Junto dele, estavam também os corpos de seu esposo e seu cunhado. Em 1559, o caixão foi aberto novamente e, como o corpo permanecia da mesma forma, o escultor Stefano Maderno reproduziu em mármore e tamanho real a imagem da Santa. Pelo calendário católico, sua vida é celebrada em 22 de novembro, dia em que se comemora também o dia da música.
Santa Cecília de Simon Vouet
Obra de Maderno
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Santa CecĂlia de Nicolas Poussin
unidade em Cristo
A Mãe DE DEUS de kazan o ícone devolvido à Rússia por João Paulo II Bárbara Beraquet
a Rússia recebeu seu ícoNE, sua THEOTOKOs, A VIRGEM MARIA
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apa João Paulo II será declarado santo em 27 de abril próximo. Diante da notícia de que, nove anos depois de sua morte, o Santo Padre será canonizado, somos tomados pela beleza remanescente de seus gestos de diálogo e amizade voltados aos mais diferentes povos. Um deles, em especial, minha primeira lembrança resgatada por sua canonização, foi a de ter sido ele a devolver ao povo russo o ícone de sua amada mãe, Nossa Senhora de Kazan, confiado ao papa pelo Santuário de Fátima, em Portugal.
O ícone de Kazan, que retratam a Virgem e o Menino, foi devolvida, em 25 de agosto de 2004, embora não tenha podido ser pelas João Paulo II, que se encontrava bastante doente, a uma delegação chefiada pelo Cardeal Walter Kasper (Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos). Ele entregou a imagem ao Patriarca Ortodoxo Alexis II, em 28 de agosto de 2004. Pouco tempo, portanto, antes de sua morte, em 2005, a Rússia recebeu seu ícone valoroso e sagrado, sua Theotokos e sempre Virgem Maria, na solenidade da “Dormição de Nossa Senhora”, segundo o calendário litúrgico ortodoxo, em Moscou. No calendário litúrgico católico, o mesmo fato é recordado com o nome de “Assunção de Nossa Senhora”, no dia 15 de agosto.
Imagens da reportagem: Arquivo. Fotos turísticas: Bárbara Beraquet. Fotos da universidade e professor: Divulgação.
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assados dez anos, aqui estamos, no aguardo pela canonização de dois papas. Foi um breve processo canônico, ainda durante o pontificado de Bento XVI, hoje papa emérito, e que agora elevará João Paulo II à glória dos altares. Normalmente, pede-se um prazo de cinco anos para abrir um processo de beatificação e canonização em relação após o falecimento do candidato a santo, que foi beatificado em maio de 2011. No caso de João Paulo, o clamor público por “Santo Subito” (Santo Imediatamente) durante o funeral inspiraram o papado a dispensar os cinco anos de espera. No mesmo dia, papa João XXIII também será proclamado santo.
Passados dez anos, aqui estamos, no aguardo pela canonização de dois papas
João Paulo II beijava o chão de todos os lugares por onde passava, o que se tornou sua marca registrada. Foram 129 os países visitados. Havia cerca de 1300 anos que um papa não visitava a Igreja Ortodoxa Grega. Em Atenas, João Paulo II o fez, em suas viagens no ano 2001 e, depois de uma conversa privada com Cristódulo, o líder da Igreja Ortodoxa da nação, falaram os dois ao público e emitiram um comunicado que dizia: “Faremos tudo o que estiver em nosso poder para que as raízes cristãs da Europa e a sua alma cristã seja preservada... Nós condenamos todos os recursos à violência, ao proselitismo e ao fanatismo em nome da religião”. Em seguida, rezaram o Pai Nosso e, assim, romperam com a crença no interdito de que católicos e ortodoxos não pudessem orar juntos.
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O ícone de Kazan. Divulgação.
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Placa indica local em que o ícone foi encontrado, na cidade de Kazan.
Nossa Senhora de Kazan “A que indica o caminho”, o ícone de Nossa Senhora de Kazan é uma imagem hodegetria, que representa a Virgem Maria com o Menino Jesus em um de seus braços enquanto aponta para Ele como fonte da salvação da Humanidade, assim como a Madona Negra de Czestochowska, na Polônia. Nossa Senhora de Kazan remete à cidade, onde, em 1579, a imagem teria sido recuperada por uma menina de nove anos de uma casa arrasada por um incêndio que tomou grande parte da cidade. Trata-se de uma reprodução de um ícone mais antigo, de Constantinopla e que, de acordo com a tradição, havia sido forjado pelas mãos do Evangelista São Lucas. A análise de peritos russos aponta que a cópia pertence ao final do século XVII ou início do século XVIII.
trata-SE de uma reprodução de um ícone mais antigo
Mais tarde, o ícone foi coberto com uma placa de prata enfeitada por pedras preciosas. Passou pela Inglaterra, pelos Estados Unidos e, conforme se conta, a peça foi comprada pelo Exército Azul, hoje chamado Apostolado Mundial de Fátima, e enviada a Portugal, em 1970. Na Capelinha das Aparições, o ícone de Kazan reuniu-se à imagem de Nossa Senhora de Fátima, onde a azinheira das aparições um dia esteve e onde Nossa Senhora havia, em 1917, aparecido e profetizado a conversão da União Soviética.
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m 1993, portanto cerca de 20 anos atrás, a propriedade e o título do Ícone de Nossa Senhora de Kazan foram transferidos à Santa Sé e ele esteve, até sua devolução, no gabinete de João Paulo, onde foi visitado até mesmo pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, em 2003. Ao receber o ícone, o Patriarca Alexis II agradeceu à Sua Santidade “com todo o coração”, pelo “gesto, contribuição recíproca para que sejam ultrapassadas as consequências negativas de uma história do século XX, marcada pela perseguição sem precedentes, contra a fé a Jesus Cristo”.
João Paulo II em posse do ícone de Kazan.
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Para entender a viagem percorrida pela Mãe de Deus de Kazan, basta lançar os olhos para a história. Durante os muitos anos do período comunista, na União Soviética, quando manifestações religiosas eram proibidas e severamente desencorajadas, o ícone esteve escondido. Durante a Revolução Russa, com a queda do regime czarista e a revolução bolchevique, ele desapareceu e seu retorno à casa levou cerca de 90 anos.
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Arquivo.
Libertadora e protetora da Rússia
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Ícone milagroso da Mãe de Deus de Kazan possui o olhar triste, uma característica das Virgens russas que carregam junto de si o Menino Jesus. A veneração à imagem de Maria em Moscou se dava em especial na Catedral de Kazan, também na Praça Vermelha, junto do Kremlim, numa Igreja consagrada em 1630. Trezentos anos mais tarde, durante o regime comunista russo, ela foi demolida e só reconstruída 60 anos depois. Hoje, encontra-se reservado em um mosteiro na cidade de Kazan.
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Ao fundo, obra de Ivan Shishkin.
No passado dia 10 de Julho (2004), enquanto o Santo Padre se encontrava em férias no Vale de Aosta, norte de Itália, o Director da Sala de Imprensa da Santa Sé, Dr. Navarro-Valls, fez a seguinte declaração: “Há umas semanas, o Santo Padre comunicou ao Patriarca de Moscovo o seu desejo de doar à Igreja Ortodoxa Russa o sagrado Ícone de Nossa Senhora de Kazan. Desde quando, há anos, o Papa recebeu este sagrado Ícone, foi sempre seu vivo desejo restituí-lo à veneração do povo russo e, considerando ter chegado o tempo propício, marcou a cerimónia da entrega do sagrado Ícone para o próximo dia 28 de Agosto, festa da Dormição de Nossa Senhora segundo o calendário litúrgico ortodoxo. O Santo Padre espera que este gesto possa contribuir para o diálogo entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa. Antes da restituição, haverá em Roma um acto de devoção ao sagrado Ícone de Nossa Senhora de Kazan, do qual será dado conhecimento proximamente sobre a modalidade e a data. Será comunicada também a composição da delegação que se deslocará à Rússia para a sua entrega”. L. Cristino (Diretor à época do Serviço de Estudos e Difusão do Santuário de Fátima)
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Imagem extraída da Wikipedia.
Igreja da Mãe de Kazan em São Petersburgo
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m São Petersburgo, uma das mais conhecidas igrejas dedicadas à Nossa Senhora de Kazan recebe fieis e turistas de todo o mundo. Situada próxima ao Rio Neva, que corta a grande cidade, a Catedral de Kazan conserva uma cópia do ícone da Virgem Santíssima.
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SAUDAÇÃO DO CARDEAL WALTER KASPER NA CERIMÓNIA DE ENTREGA DO SAGRADO ÍCONE DA MÃE DE DEUS DE KAZAN Sábado, 20 de Agosto de 2004 Catedral da Dormição Moscovo (Rússia) Santidade Em nome de Sua Santidade o Papa João Paulo II e da Delegação da Santa Sé de Roma, por ele encarregada, tenho a honra de o saudar e, juntamente com Vossa Santidade, de cumprimentar os Metropolitas, Bispos, Sacerdotes, Monges e Monjas aqui presentes e todo o povo de Deus da santa Igreja Ortodoxa Russa. A paz e a graça de Deus esteja convosco! Sua Santidade o Papa João Paulo II encarregou esta Delegação de entregar em seu nome a Vossa Santidade e por intermédio da vossa reverendíssima pessoa à Igreja Ortodoxa Russa, este venerando e antigo Ícone da Mãe de Deus de Kazan’, ardentemente venerada por inteiras gerações de fiéis do povo russo. Profundamente arraigado no coração e na história deste país, como protector da terra russa e do seu povo, o Ícone partiu daqui num dia distante e, depois de ter atravessado vários países do Ocidente, permaneceu prolongadamente no Santuário de Fátima, em Portugal, onde foi venerado por numerosos fiéis católicos. Finalmente, pela Providência Divina, ele chegou à casa do Papa, que rezava diante desta Imagem, implorando à Mãe de Deus de Kazan’ que salvaguardasse o povo russo. Assim a Mãe de Deus de Kazan’, símbolo venerado da tradição cristã milenária do povo russo, e a ajuda que ela ofereceu nas situações mais difíceis da longa história deste povo, graças à sua viagem, durante a qual foi venerada e implorada também por numerosos fiéis católicos, reuniu ao seu redor na oração as duas partes da cristandade e tornou-se também o símbolo da profunda unidade na fé e no amor, que existe entre o Oriente e o Ocidente, não obstante os deploráveis mal-entendidos e diferenças; ela precedeu os nossos compromissos em vista de restabelecer plenamente a unidade da Igreja de Deus, desejada pelo nosso único Senhor Jesus Cristo.
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Através deste Ícone, à volta do qual se concentra a veneração de inúmeros fiéis, nós católicos expressamos a nossa elevada estima pela grande nação russa, pela sua rica tradição cristã, pela fidelidade até à efusão do sangue de numerosos fiéis russos, durante o período obscuro da perseguição e da opressão exercidas por um regime que tinha em vista desarraigar a fé e os valores cristãos do coração deste povo, que permaneceu profundamente cristão e fiel ao Evangelho; por meio deste Ícone, nós dirigimos a nossa profunda gratidão a Deus, Àquele que derrubou os poderosos dos tronos, elevando os humildes (cf. Lc 1, 52), para o despertar da vida cristã nesta terra. Agora, que a gloriosa Mãe de Deus de Kazan’ regressa à sua pátria e ao solo da Rússia, suplicamos-lhe que proteja e oriente o seu povo rumo a um porvir que estes são os nossos bons votos seja pacífico e feliz; suplicamos-lhe que interceda pelo respeito recíproco e pela amizade entre homens de diversificadas culturas e religiões, pela paz na justiça e na liberdade no mundo inteiro; e suplicamos-lhe ainda que apresse o dia em que todos os discípulos do seu Filho se reconhecerão plenamente como irmãos e irmãs, e que sejam um só, a fim de que o mundo creia (cf. Jo 17, 21); o dia em que todos os cristãos glorificarão em uníssono as grandes obras, a misericórdia e a grandeza de Deus. Gostaria de concluir com as palavras que o Papa João Paulo II pronunciou no Vaticano, na quarta-feira passada, ao despedir-se solenemente deste Ícone. Nessa circunstância, ele disse: “Que esta antiga imagem da Mãe do Senhor diga a Sua Santidade Aleixo II e ao venerando Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa o afecto que o Sucessor de Pedro sente por eles e por todos os fiéis que lhes estão confiados. Diga a estima que ele sente pela grande tradição espiritual, da qual a santa Igreja russa é guardiã. Diga o desejo e o firme propósito do Papa de Roma, de progredir juntamente com eles pelo caminho do conhecimento e da reconciliação recíprocos, para apressar o dia daquela unidade plena dos crentes, pela qual o Senhor Jesus rezou ardentemente (cf. Jo 17, 20-22)”. Santidade, volto a entregar o Ícone da Mãe de Deus de Kazan’ nas suas mãos. Seja a Santíssima Mãe de Deus a Mãe do seu povo e refúgio em todos os seus perigos e necessidades; que Ela seja a Mãe da Europa e de toda a humanidade; seja a Mãe da paz no mundo; seja a Mãe da Igreja e da plena unidade entre o Oriente e o Ocidente; seja a nossa Mãe comum, a nossa advogada, auxiliadora, socorredora na nossa peregrinação rumo a um futuro que estes são os nossos bons votos seja reconciliado e pacífico. Santa Maria, intercede por nós!
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Uma Universidade Russa
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escritor e poeta Alexander Pushkin chamou-a de “janela russa para o Ocidente”; já a História deu a ela o nome de Petrogrado (1914-1924) e Leningrado (1924-1991). São muitas as alcunhas da cidade que, fundada pelo czar Pedro, o Grande, em 1703, foi, por dois períodos, capital do Império Russo (1713-1728 e 1732-1918). São Petersburgo, nome de batismo, é a segunda maior cidade russa em território e, hoje, figura como um dos maiores centros culturais da Europa. Para acomodar seus mais de 4,5 milhões de habitantes, é uma terra de proporções monumentais. Monumentos, aliás, não faltam, muitos considerados
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patrimônio mundial pela UNESCO. Pelas ruas, as gigantescas obras podem ser encontradas aos montes, especialmente aquelas em homenagem a Vladimir Ilitch Lenin, líder da Revolução Russa de 1917 e chefe do Estado Russo. Outro Vladimir, atual presidente da Rússia, Putin, é natural de São Petersburgo. Além de oferecer atrações histórico-culturais como o Museu Hermitage, a Fortaleza de Pedro e Paulo e a Catedral de São Isaac, a cidade é um dos pólos acadêmicos do país e abriga mais de 40 universidades, públicas e particulares. Entre elas, está a Universidade Europeia de São Petersburgo (EUSP).
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ergey Erofeev, diretor de Programas Internacionais da Universidade, conta que ela foi criada com o propósito de ser internacional; para dar origem à instituição, foram convidados jovens russos com PhDs de Cambridge ou Berkeley, além de outros cientistas sociais com vasta experiência internacional em ensino e pesquisa. “Quando a EUSP foi criada, em 1994, e começou a ensinar, em 1996, a ideia era criar uma universidade europeia para a cidade que foi concebida por Pedro, o Grande, exatamente como uma cidade europeia para o imenso império. Assim, o primeiro prefeito democrático de São Petersburgo, Sr. Anatoly Sobchak, e uma dúzia de estudiosos progressistas em ciências humanas e sociais reuniram-se com a proposta de criar uma pequena universidade privada de ponta. Esse grupo queria oferecer algo muito diferente do que as universidades estatais, ainda dominadas por antigas abordagens de pesquisa e ensino, ofereciam”, comenta o reitor.
De acordo com Erofeev, os cursos mais populares entre os estudantes internacionais são os ligados a políticas de energia russa e da Ásia Central, mas outros cursos também são procurados. Os estudantes russos vêm de todo o país, como Sibéria, Moscou, Urais, entre outras regiões. Existem também alguns alunos falantes da língua, vindos da Ásia Central e Ucrânia, por exemplo. Embora revelem uma grande variedade de origens acadêmicas, a maior parte dos alunos vem das ciências sociais e humanas. Quanto aos estudantes estrangeiros da EUSP, são, em sua maioria, originários dos Estados Unidos e da União Europeia.
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Curiosidades
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s fieis russos professam, em sua maioria, o cristianismo ortodoxo. Durante os anos de comunismo soviético, a perseguição religiosa atingiu muitas das igrejas, que foram destruídas. Algumas reconstruídas e outras restauradas, são donas de uma arquitetura particular, marcada pela influência bizantina. A Igreja Ortodoxa da Ressurreição, um dos mais belos exemplos da arquitetura de influência bizantina, também é conhecida como Catedral do Sangue Derramado, por ter sido construída no local exato onde foi assassinado o czar Alexandre II, num atentado a bomba, em 1881. Nesta igreja, mais de sete mil metros quadrados de mosaicos recobrem as paredes e colunas, em 308 paineis com passagens do Novo Testamento. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Catedral foi convertida em depósito e, mais tarde, quase demolida para dar passagem a uma estrada.
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Ao fundo, obra de Ivan Shishkin.
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rígido inverno russo, também conhecido como “general inverno”, dada sua relevância em episódios bélicos, registra temperaturas que vão dos 40 aos 50 graus Celsius negativos na região mais fria do país, ao norte, a Sibéria. O frio na região, cujo nome, tártaro, significa “terra adormecida”, pode chegar aos 60 graus negativos. Assim, durante muitos anos, em especial durante o regime stalinista, as deportações de prisioneiros políticos e comuns para a Sibéria, conhecida por suas temperaturas pouco amigáveis ao organismo humano, eram massivas. Para muitos, a deportação, geralmente por “crime contra o Estado”, era uma sentença de morte.
Historiadores dão ao “general inverno” boa parte do crédito pela derrota de Napoleão Bonaparte, em 1812, quando, ao invadir a Rússia czarista no período de frio mais rigoroso, viu suas tropas caírem pela neve; bem como pela derrota dos nazistas, desgastados, entre outros motivos, pelo clima hostil, em 1943, na Batalha de Stalingrado, que influenciou o curso da Segunda Guerra Mundial.
o comemosã , to an rt po o, rã ve de as di Os rante alguns rados e, especialmente du rgo vive, desbu rs te Pe o Sã o, nh ju em dias s brancas, ite no as ad am ch as a, ad br lum apenas algur po na ce de i sa l so o do quan dia. Ele abando 24 as e nt ra du s ra ho mas noite e retoraei m de lta vo r po u cé o dona manhã. na por volta de 3 horas da
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Mosteiro da Trin dade e São Sérgio é apresen tado aos turistas como o “V aticano Russo”, por ser o ma is importante mo steiro russo e centro espiritual da Igre ja Ortodoxa do país . Fica em Serguie v Possad, distante aproximadamen te 70 quilômetros d e Moscou e, nele , vivem cerca de 3 00 monges.
São poucas as igrejas católicas. Esta, na cidade Vladimir, fica a cerca de 200 quilômetros da capital, Moscou. Na cidade bucólica, o verão permite que a menina, descoberta, aguarde enquanto o pai pinta a paisagem vista do alto da cidade (na próxima página).
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Buscar a felicidade é muito simples! basta querer. Padre Reginaldo Manzotti*
um dos grandes desafios que
terna. O Beato João Paulo II a descrevia como a célula mãe da sociedade e a con-
ronda as famílias
clamava a ser um santuário de amor, uma pequena Igreja doméstica. Mas, atualmente, um dos grandes desa-
É
tempo de renovar as esperanças,
fios que ronda as famílias é a influência
fazer novos planos, traçar metas
negativa, especialmente pela mídia pejo-
em todas as áreas de nossa vida.
rativa que geralmente mostra situações
Com certeza, Deus nos reserva muitas
desastrosas, conflitivas, problemáticas e
graças e nos quer felizes, mas pelo livre
praticamente não mostram as relações
arbítrio que nos concedeu, tudo depende- saudáveis que possam servir de estímurá do nosso esforço pessoal e disciplina.
los para a construção de uma relação
Sempre é possível avançar mais rumo
verdadeira. Por isso, neste artigo, abordo
aquilo que Deus pensou para nós e Jesus alguns pontos que são essenciais para veio revelar: uma vida plena e abundante. uma vida em família plena em Cristo. A Igreja sempre reconheceu e exaltou a
Começamos pelo casal, que é o alicerce
importância da família para a construção
da família e precisa estar unido para que
de uma sociedade equilibrada, justa e fra- a convivência da família dê certo.
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Por isso:
#
Invistam na relação a dois Mesmo tendo filhos, não relaxem na
atenção e cuidado de um para com o outro. O que mais machuca duas pessoas envolviarranhando o amor, é a desconsideração. O amor se traduz em gestos concretos, por isso alimentem diariamente o amor com atenção,
Divulgação
das numa relação, marido e mulher, e que vai
carinho e afeto.
#
Priorizem o relacionamento Não espere do outro as mudan-
ças, mude você, busque o diálogo verdadeiro e não a cobrança. Não aponte os erros, os defeitos, mas valorize as qualidades. Dialogue muito. Converse sobre tudo. Não coloque pedras sobre mágoas, abra o coração ao outro e desabafe. A confiança, o respeito, a fidelidade e o diálogo sincero e transparente são essenciais ao relacionamento. Toda união bem sucedida apresenta essas características.
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#
Perdoem-se sempre
#
Para os maridos
O perdão é o remédio para a cura
“Maridos, amai as vossas mulheres,
espiritual do ser humano. O perdão liberta e como Cristo amou a Igreja e se entregou devolve a paz. Ao se perdoarem sobre algo
por ela. Quem ama a sua mulher, ama-se a
que os magoou e acertarem como devem
si mesmo (Ef 5, 25a-28)”.
agir a partir daí, não toquem mais no assun-
#
to.
Para as esposas “Vós, esposas, estai sujeitas aos vos-
#
Reservem um tempo sozinhos
sos próprios maridos, a fim de que, se al-
Pelo menos uma vez por semana,
guns não forem obedientes à palavra, sejam
criem o hábito de sair, ir ao cinema. A corre-
ganhos sem palavra, por intermédio da con-
ria do dia a dia e as dificuldades financeiras
duta de suas esposas, por terem sido tes-
podem acabar com o romance, então se
temunhas oculares de sua conduta casta,
arrumem um para o outro e saiam para na-
junto com profundo respeito (1 Pedro 3:1,2)”.
morar.
#
Para os pais
#
Mantenham o respeito
Os filhos são um presente que Deus
Busquem focar a atenção naquilo
confia aos pais para serem amados e edu-
que os une, nos pontos comuns. Rezem um cados. Quem ama corrige. “Educa a criança pelo outro e busquem seguir com o olhar
no caminho em que deve andar e até a ve-
para o mesmo horizonte. O sucesso ou o
lhice e ela não se desviará dele (Pr 22,6)”.
fracasso da relação depende de quem faz
#
parte dela, ou seja, o casal. “Não abando-
Não esqueçam que os filhos precisam de limites
nem o barco antes de começarem a remar”.
De regras de comportamento. Brigas, gritos,
Não desistam na primeira dificuldade. Se-
agressões nada tem a ver com autoridade,
jam persistentes e façam tudo o que pude-
pois ela está na serenidade, no amor, na
rem para sempre reavivar a chama do senti- firmeza com que aplicam a disciplina e comento que um dia fez com que quisessem
locam limites. Um tratamento duro e crítico
passar a vida inteira juntos.
quase sempre resulta em maior rebeldia.
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#
Dialogue sempre com seus filhos Sobretudo, especialmente o pe-
#
Filhos, obedecei em tudo a vossos pais
rigo das drogas, bem como namoro e
Porque isto agrada ao Senhor (Cl 3, 20).
gravidez. De forma sutil fique atento às
Ouçam, respeitem e prestem assistência
amizades, aos lugares frequentados, às
aos pais na velhice como aconselha o Li-
páginas visitadas na Internet. Procurar
vro dos Provérbios: “Dá ouvidos a teu pai,
acompanhar os passos dos jovens, po-
àquele que te gerou e não desprezes tua
rém sem parecer um guarda-costas.
mãe quando envelhecer (Pr 23, 22)’’.
#
Não economizem carinhos Abracem com frequência os filhos;
digam “eu te amo”, elogiem quando merecerem. Falem do amor de Deus e da misericórdia de Jesus. Coloquem no coração dos filhos os valores do Reino de Deus. Reze sempre por eles e com eles.
* Padre Reginaldo Manzotti é coordenador da Associação Evangelizar é Preciso – Obra sem fins lucrativos, benfeitora nacional, que objetiva a evangelização pelos meios de comunicação – e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR). Apresenta diariamente programas de rádio e TV que são retransmitidos e exibidos em parceria com milhares de emissoras no país e algumas no exterior. Site: www.padrereginaldomanzotti.org.br. Facebook: www.facebook.com/ padrereginaldomanzotti. Twitter: @padremanzotti
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santidade proclamada
Dois Homens bons Em 2014, a canonização de dois papas Da Redacão
João Paulo II e João XXIII são declarados SANTOS da IGREJA Católica em 27 de abril de 2014
A
o anunciar a data em que
calli, papa entre 1958 e 1963, serão ca-
Papa João XXIII e João Pau-
nonizados em 27 de abril de 2014, na
lo II serão declarados santos
festa da Divina Misericórdia, estabele-
da Igreja, Papa Francisco afirmou, de
cida por João Paulo II.
maneira singela, serem”dois bons, os
De acordo com a Prefeitura da Casa
dois são bons”. O anúncio, feito em
Pontifícia, não será necessário nenhum
julho de 2013, durante o Consistório
bilhete de entrada para participar da
dos Santos, comoveu e alegrou fieis
canonização dos Beatos João XXIII e
de todo o mundo que já vinham, com
João Paulo II. “A participação será aber-
júbilo, aguardando o momento.
ta a todos aqueles que conseguirão um
Diante dos cardeais, Francisco con-
lugar na Praça São Pedro, Praça Pio XII
firmou que Karol Wojtyla, papa entre
e Via da Conciliação”, informou comu-
1978 e 2005, e Angelo Giuseppe Ron-
nicado.
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João XXIII
F
oi João XXIII quem convocou o
de mártires, mortos em defesa da fé, as
Concílio Ecumênico Vaticano II.
virtudes de João XXIII estão entre as
Angelo Roncalli, o “papa bom”,
motivações de Francisco ao não exigir
nascido no norte da Itália, já contava 79 o segundo milagre comprovado. anos quando foi eleito como sucessor
“Todos conhecemos as virtudes e a
de Pio XII, em 1958. Poucos anos de-
personalidade do papa Roncalli e não
pois, em 1963, ele faleceu. O Concílio
é necessário explicar as razões pelas
prosseguiu com seu sucessor, Paulo VI. quais alcança a glória dos altares”, afirPara a canonização, pedem-se ao me-
mou o porta-voz do Vaticano, Federico
nos dois milagres confirmados. Francis- Lombardi, em julho. co, no entanto, dispensou a exigência do segundo milagre para a canonização de João XXIII, beatificado por Bento XVI em 2001. A cura de irmã Caterina Capitani, da congregação das Filhas da Caridade, que estava desenganada pelos médicos após a retirada de um tumor no estômago, é o milagre confirmado de papa Roncalli. Embora as dispensas sejam raras e, em geral, estejam ligadas à canonização
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João Paulo ii
K
arol Wojtyla, nascido na Polônia em 1920, mais tarde seria
que sofria havia quatro anos foram
conhecido e ganharia o co-
curados. “João Paulo II me curou. Foi
ração dos povos como João Paulo II.
obra de Deus, graças à intercessão
Seu papado, de 1979 a 2005, foi mar-
dele”, disse. Para a religiosa, o mila-
cado pela presença que enternecia e
gre foi resultado de suas orações e
conquistava os mais diferentes po-
das orações de suas irmãs na Con-
vos. A beatificação ocorreu em maio
gregação.
de 2011, num rápido processo da Con- Monsenhor Slawomir Oder, postulagregação para as Causas dos San-
dor da causa de canonização, disse,
tos, seis anos depois de sua morte. O em entrevista ao site da Diocese de primeiro milagre reconhecido para a
Roma, que a canonização é a “coroa-
beatificação foi a cura de uma freira
ção” de um intenso trabalho de oito
francesa, Marie Simon-Pierre, que so- anos e meio. A condição primordial fria do mal de Parkinson.
para que a Congregação para a Causa
Irmã Marie relata ter se levantado
dos Santos decida sobre a santifica-
completamente transformada. A reli-
ção é a confirmação de dois milagres.
giosa, nascida em 1961 e que perten-
O segundo deles foi a cura de um
ce à Congregação das Irmãzinhas das coágulo cerebral. Floribeth Mora, da Maternidades Católicas, trabalha em
Costa Rica, havia sido internada para
Paris. Dois meses após a morte do
uma cirurgia, que não foi necessária
Papa, todos os sintomas da doença
devida à cura milagrosa.
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Segundo milagre
E
m junho, foi reconhecido o segundo milagre pela intercessão do papa polonês Karol Wojtyla,
sumo pontífice entre 1978 e 2005. A miraculada foi a costa-riquenha Floribeth, que não tinha prática religiosa até então e que ingressou em um hospital de seu país com um aneurisma cerebral grave, em maio de 2011. De acordo com a mulher, logo depois de receber seu diagnóstico ela fez uma prece a João Paulo II pedindo pela cura, enquanto, naquele mesmo momento, o papa era beatificado em Roma. Fotos da reportagem: Acervo
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teologia moral
Protestos sociais no Brasil e a Teologia Moral Padre José Antönio Trasferetti
a vida de oração é uma necessidade para o aprimoramento
O
Brasil assistiu nos últimos meses uma grande movimentação social. Parece que o gigante acordou do seu esplêndido sono. Estas manifestações foram acolhidas com surpresa para muitos, pois não estávamos acostumados a ver o povo se movimentando em defesa dos seus direitos. Apesar do povo brasileiro não ser tão passivo como se fala, pois os protestos, greves, rebeliões na história no nosso país são muitas, ainda reina certa indiferença ou mesmo apatia em muitas camadas sociais. Os teólogos moralistas em geral analisam com muita perplexidade estas manifestações, pois de lado é positivo uma vez que torna a democracia mais viva e participativa,
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mas, de outro é preciso cautela em relação ás depredações e atos violentos que irradiam em meio aos protestos. Depredar o patrimônio público não é correto, mesmo que a causa seja boa. O próprio papa Francisco, falando aos jovens, na Semana Mundial da Juventude, na cidade do Rio de Janeiro, em julho de 2013, afirmou que os jovens devem protestar, que precisam se movimentar no campo social e político, pois são agentes sociais privilegiados. A juventude tem em seu DNA as marcas da indiferença e do desejo de transformações sociais. O Brasil está se transformando lentamente, hoje não é mais aquele país da submissão, da resignação social. Os Meios de Comunicação de Massa, a imprensa livre cumprindo seu papel, os organismos de organização da sociedade civil, os setores universitários, tem colocado muitas questões em pauta e chamado a atenção da comunidade internacional. A Teologia Moral incentiva o protagonismo dos leigos, a ação social politizada que de forma organizada e dentro das leis que regem o país. Os seres humanos dotados de
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direitos e deveres são chamados a serem sujeitos de cidadania num país que ainda aprende a conviver com a democracia em seu sentido pleno. A vocação humana segundo a Teologia Moral carrega dentro de si um chamado especial para a santidade e a perfeição. Ser santo num país como Brasil não é somente cuidar da vida espiritual por meio de orações e súplicas, mas participar ativamente das lutas sociais. A vida de oração é uma necessidade para o aprimoramento pessoal, o fortalecimento do espírito, mas, sobretudo, para o engajamento social, tendo em vista um país mais justo socialmente. Somos chamados ã santidade, num caminho que vai de Deus para o Homem e do Homem para Deus. A ordem social requerida por Deus supõe seres humanos mais plenos no sentido da paz, democracia e direitos. Esta premissa está colocada no centro das Sagradas Escrituras. Ela é o ponto de partida da ética social cristã. O pensamento cristão nunca esteve ausente dos problemas sociais que os cristãos enfrentam em seu cotidiano. A Doutrina Social da Igreja enquanto conjunto de ensinamentos que a Igreja possui sobre os problemas de ordem social criticam a pobreza, a violência e a corrupção generalizada que depreda o patrimônio público e ao mesmo tempo exalta os
valores e princípios que buscam uma situação mais justa. Neste sentido, os cristãos são chamados a intervir na ordem social de forma plena, respeitando as normas sociais que regulamentam a vida de qualquer país. A Doutrina Social da Igreja se propõe a uma analise interdisciplinar que engloba todos os agentes sociais em seu desejo de ver o mundo melhor. Os protestos sociais que aconteceram no Brasil nos últimos meses são bem acolhidos no seio da Igreja porque possuem uma teleologia positiva. É nossa tarefa, enquanto agentes sociais, colaborar para que os desvios de conduta, os atos ilegais, as manobras políticas sejam trabalhadas de forma critica. Os cristãos devem dar a sua colaboração no sentido de promover a paz social, sempre em sintonia com a voz dos seus pastores, da tradição e do magistério eclesial.
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Arquivo
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puc-campinas
MESTRADO em Ciências da Religião Por Prof. Wagner Geribello, PUC-Campinas
C
iência e religião são elementos di- tuições diversas ligadas à Igreja, como as ferentes, mas não opostos, nem Universidades Católicas, esparramadas antagônicos, como, às vezes, se pelo mundo todo.
ouve dizer. Na verdade, existe mais proxi- No universo católico, além do patrocínio midade que distância entre a interpreta- da ciência, a própria religião se fez objeto ção do mundo baseada na investigação de investigação, nas Ciências da Religião. científica e a consolidação da crença pela Nesse campo de estudo e reflexão, o cofé.
nhecimento científico ajuda a consolidar
Santo Agostinho, São Tomás de Aqui- as bases da fé, apresentando caminhos no e mesmo Dom Bosco, estimulando a para harmonizar a vivência religiosa com educação, são exemplos muito claros de outras instâncias da sociedade. Por esse santos que manifestaram a fé e, também, motivo, as Ciências da Religião aparecem iluminaram a humanidade pelo conheci- como segmento importante no conjunto mento resultante do pensamento racional. de disciplinas que estudam o ser humano Ao longo da história, o exercício científico em suas relações com a Natureza e consie a reflexão filosófica foram e continuam go mesmo. sendo praticados e estimulados em insti-
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Padre Paulo. Fotos da reportagem: Álvaro Junior
C
onsiderando a importância do es- Para serem aprovados e reconhecidos tudo da religião, a Pontifícia Uni- pelo Ministério da Educação, os prograversidade Católica de Campinas mas de pós-graduação stricto sensu de-
apresentou recentemente o Programa de vem se inserir em campos específicos das Pós-Graduação em Ciências da Religião, Ciências, adotando uma área de concenque deve receber seus primeiros alunos a tração e linhas de pesquisa em que prepartir de 2014.
tendem atuar.
Como explica o Coordenador, Professor No Programa da PUC-Campinas foram Doutor Padre Paulo Sérgio Lopes Gon- adotadas duas linhas de pesquisa, Diçalves, na pós-graduação stricto sensu o mensões Epistemológicas e Instituição e termo curso é substituído por programa e Práticas Discursivas, tendo como área de cada aluno, além de estudar as disciplinas concentração o Fenômeno Religioso. A curriculares, escreve uma dissertação e se primeira estuda o conceito de Fenômeno submete à defesa pública, perante uma Religioso no pensamento contemporâneo banca examinadora composta por profes- e a segunda como esse conceito se apresores doutores, recebendo, então, o título senta nos símbolos, rituais e textos ecleside Mestre.
ásticos e laicos.
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... Procura estimular a capacidade investigativa e aperfeiçoar a formação dos participantes
O
Programa tem objetivos ambi- do fundamentalismo religioso, ética e forciosos, focados na formação de mas de representação religiosa, entre oudocentes e pesquisadores que tras, além de orientar pesquisas e a produ-
possam atuar em instituições de ensino ção das dissertações de Mestrado. superior, instituições religiosas e organiza- Como o Ministério da Educação determições governamentais e não governamen- na que a qualificação de uma Instituição tais, contribuindo para o desenvolvimento de Ensino Superior como Universidade da pesquisa do Fenômeno Religioso. Além depende da realização de pesquisa e do disso, procura estimular a capacidade in- oferecimento de programas de pós-gravestigativa e aperfeiçoar a formação dos duação stricto sensu, o Mestrado em Ciparticipantes, mediante o desenvolvimen- ências da Religião consolida a posição da to de métodos de pesquisa, desenvolven- PUC-Campinas, que já oferece Programas do a reflexão sistematizada sobre religião em Psicologia, Urbanismo, Engenharia e e religiosidade.
Educação. Todavia, esse Mestrado, em es-
Para concretizar esses objetivos, a PUC- pecial, vem para consolidar a PUC-Campi-Campinas reuniu uma dezena de profes- nas como uma importante Instituição de sores doutores, que vão trabalhar quinze pesquisa e reflexão sobre religião e sobre disciplinas, incluindo relações entre Esta- diferentes manifestações da religiosidade. do, religião e Sociedade no Brasil, estudo
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T
rata-se de um Programa que estreita os laços de proximidade entre a orientação Católica, portanto evangelizadora, da Universidade e o ambiente acadêmico, voltado para a ciência e o conhecimento. Além dis-
so, pesam na avaliação positiva do Programa a excelência e as dimensões da PUC-Campinas, apoiada em mais de 70 anos de história. A expectativa é começar a primeira turma já no início de 2014 e, dentro de dois anos, entrar na fase de defesa pública das dissertações, ampliando o número de pesquisadores e docentes em Ciências da Religião, além de consolidar um polo de pesquisa e estudo de Fenômeno Religioso, aqui em Campinas. O site da PUC-Campinas tem informações completas sobre o Mestrado em Ciências da Religião, incluindo histórico do Programa, grade curricular, corpo docente e orientações para potenciais candidatos. O endereço é www.puc-campinas.edu.br. Na página “home” clicar em pós-graduação, depois em mestrados e doutorados (para abrir a lista de Programas) depois em Ciências da Religião. A navegação no “site” do Programa e muito fácil e as informações completas.
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Campanha da FraterniDADE Fraternidade e Tráfico Humano em 2014 Carolina Grohmann
Com foco nas vítimas, a Igreja deseja com a CF 2014 alertar e mobilizar as comunidades para ações de erradicação do TH
E
scolhido como tema da Campa-
dade das pessoas com um requinte de
nha da Fraternidade (CF) 2014, o
crueldade assustadora. A CF 2014 tem
tráfico humano (TH) é um crime
em vista o resgate das vidas dos filhos e
que faz refém, a cada ano, mais de 800
filhas de Deus submetidos a essas situ-
mil pessoas no mundo. A denúncia é da
ações”.
Organização Internacional das Migra-
Com o tema “Fraternidade e Tráfico Hu-
ções (OIM), divulgada em outubro de
mano” e o lema “É para liberdade que
2013.
Cristo nos libertou”, Padre Luiz Carlos
Com foco nas vítimas, a Igreja deseja,
explica que a CF 2014 tem como objeti-
com a CF 2014, alertar e mobilizar as
vo contribuir para uma sociedade mais
comunidades para ações de erradicação
fraterna, a partir da mobilização de cris-
do TH, segundo o secretário executivo
tãos e pessoas de boa vontade para o
da CF, Padre Luiz Carlos Dias.
efetivo enfrentamento do TH.
“Trata-se de um crime contra a digni52
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Para ele, os diversos fins do TH, como exploração sexual, trabalho escravo e remoção de órgãos, não são tão invisíveis e sim “tolerados no contexto da exigência de mais produtividade e lucro do sistema de produção capitalista”. “Precisamos construir e edificar a sociedade colocando a vida, em suas diversas manifestações, no centro das preocupações e atenções, em que cada um se sinta corresponsável pelas condições de vida do outro”, afirma. Apenas o tráfico internacional de mulheres e criança movimenta, anualmente, de US$ 7 bilhões a US$ 9 bilhões. Cerca de 2,4 milhões de pessoas no mundo foram vítimas de tráfico humano. Delas, 80% são mulheres transformadas em escravas sexuais. Os dados são do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (Unodc), que também revela que uma em cada 100 vítimas do tráfico é resgatada.
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Mulheres: produtos do comércio de tráfico de pessoas O primeiro relatório sobre TH no Brasil foi divulgado este ano pelo Ministério da Justiça. Ele aponta que a maior incidência do tráfico internacional de brasileiros (as) é para fins de exploração sexual: das 475 vítimas identificadas pelo Ministério das Relações Exteriores, entre 2005 e 2011, 337 sofreram exploração sexual e 135 foram submetidas a trabalho escravo. Sobre o tráfico interno, o estudo revela que, no mesmo período, foram 1.735 as vítimas para a exploração sexual. Segundo a autora do livro “Tráfico Internacional de mulheres: nova face de uma velha escravidão”, a advogada atuante em ONGs de promoção da defesa dos direitos humanos Tania Teixeira Laky de Sousa, as mulheres são as principais vítimas do TH, por serem o objeto do mercado que é o tráfico de pessoas.
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“O mercado sexual abre um campo es-
Somado a isso, o aumento e a facilida-
pecífico de recrutamento de mulheres, jo-
de à mobilidade mundial facilita e con-
vens e adultas, que resulta em situações
tribui para a expansão do tráfico. Para
de exploração intensa e violenta”, diz. Ta-
Tânia, o tráfico de mulheres ainda acon-
nia explica que as questões de gênero no
tece pelas políticas de enfrentamento
tráfico de pessoas emergem como dupla
não considerarem essas situações que
vitimização: além de exploradas sexual-
as potenciais vítimas estão inseridas.
mente, as mulheres traficadas sofrem o
“Em qualquer lugar do mundo, no atual
preconceito de vilãs, quando resgatadas
sistema capitalista, sempre existirão as
e reinseridas no meio social. “Elas estão
condições necessárias para que alguém
sempre associadas à condição de prosti-
busque, em outro lugar, melhores con-
tutas, independente do seu processo de
dições de sobrevivência, tal como sem-
aliciamento ter sido voluntário ou não”.
pre existirá um lugar em que se aceite
O Observatório do Tráfico de Seres Hu-
alguém seja explorado. Esse mercado
manos (OTSH), de Portugal, indica a glo-
de exportação e importação de pessoas,
balização, a pobreza, a imigração ilegal, a
que de algum modo estão sempre em
falta de acesso à educação, as desigual-
situação de fragilidade, é a condição ne-
dades socioeconômicas das mulheres e a
cessária para o tráfico de pessoas proli-
falta de oportunidade de emprego como
ferar”, finaliza.
principais fatores estruturantes do TH.
ASSISTA ENTREVISTA SOBRE O TEMA DA CF, PRODUZIDA PELA REDE SÉCULO 21
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Brasil entre os dez países com mais vítimas O Relatório sobre Tráfico de Pessoas por País, organizado pela Missão Diplomática dos Estados Unidos no Brasil (2012), alerta que o governo brasileiro “não está em total conformidade com os padrões mínimos para a eliminação do tráfico, embora esteja enviando esforços significativos para tanto”. O Relatório sugere que as autoridades continuem a investigar crimes de tráfico sexual e de mão de obra e classifica a coleta de dados sobre processos e condenações de tráfico como ainda sendo um “problema”. Este ano, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados, que investiga o TH no país, discute e sugere modificações no Código Penal. O relatório parcial foi aprovado no início de novembro. A proposta é aperfeiçoar a tipificação penal, hoje restrita ao trânsito nacional e internacional de pessoas com o objetivo de exploração sexual. O tráfico para trabalhos escravos, guarda de crianças e adolescentes e remoção de órgãos serão incluídos, com pena de 5 a 8 anos de reclusão para quem transportar, recrutar ou acolher pessoas nessa situação. A CPI concluiu que o Brasil está entre os dez países com mais vítima do tráfico internacional de humanos. O relatório final da CPI foi aprovado em dezembro do ano passado, após 20 meses de trabalho. Ele conclui pela “apresentação de um projeto de lei que procura adequar a valoração dada pela lei penal brasileira ao crime de tráfico de pessoas aos termos da Convenção de Palermo, das Nações Unidas, contra o crime organizado transnacional, ratificado pelo Brasil em 2003”, conforme publicado no Portal do Senado Federal.
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Disque denúncia e o TH em Campinas O conselheiro tutelar da região sudoeste Lindomar Dionizio da Silva alerta que Campinas está na rota do TH. Ele afirma que a cidade está em num ponto estratégico do estado, próxima a São Paulo, além de ser conhecida pelo Jardim Itatinga, que recebe pessoas para a prostituição. Lindomar já recebeu casos diversos de TH, como de um grupo de coreanos vítimas do tráfico para fins esportivos. Ele analisa a pessoa traficada como um pacote muito bem arrumado: “as vítimas são muito bem enganadas e iludidas, sem perceber a situação em que estão. Até começarem a desembrulhar o pacote, leva um tempo”, diz. Lindomar atenta para a necessidade das comunidades terem um olhar crítico e serem mais sensíveis para perceberem pequenas situações cotidianas, como crianças vendendo balas ou guardanapos na cidade, geralmente são vítimas do TH.
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O
s casos sempre chegam ao
Para o Diácono João Vicente da Silva,
Conselho Tutelar pelo Dis-
coordenador da Equipe Arquidiocesana
que Denúncia de Campinas
da Campanha da Fraternidade da Arqui-
(3236.3040), uma central comunitária
diocese de Campinas, o TH é um tema
de atendimento telefônico para rece-
preocupante, por ser classificado como
ber, anonimamente, informações sobre
um crime silencioso. “Pode estar aconte-
atividades criminosas, que serão enca-
cendo perto de nós e não percebemos.
minhadas aos órgãos de segurança pú-
Precisamos estudar para conhecer me-
blica. Em 2012, foram 369 ligações. Até
lhor e identificar o TH na Cidade”, diz.
novembro do ano passado, foram rece-
A CF 2014 em Campinas trabalhará a
bidas 376 denúncias. Lindomar reforça
conscientização com palestras, entre-
que as ligações são anônimas e a pes-
vistas, fóruns e debates sobre as moda-
soa que ligou nunca é procurada.
lidades do TH, para que a sociedade se
Como o trabalho é sempre feito pela
sinta capacitada para identificar e de-
denúncia, Lindomar frisa a importância
nunciar as práticas do crime. “Mobilizar
da ligação. “Precisamos resgatar o ato
os cristãos e a sociedade para erradicar
de cuidar, que virou um aspecto comer-
esse mal, com vista ao resgate da vida
cial. Antes de ser um dever cristão, é
dos filhos e filhas de Deus”, afirma o Di-
um sentimento humano e a Igreja tem
ácono.
esse papel de resgatar a essência do ser humano. Você fazer uma denúncia de alguém que está perdido é divino.
A CF 2014 começa na quarta-feira de
As pessoas precisam perceber que isso
cinzas, dia 05 de março, e termina no
não é um ganho financeiro, mas sim um
Domingo de Ramos, com a Coleta da
ganho de cidadania, um papel do bom
Solidariedade, no dia 13 de abril.
samaritano”.
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Referências ao tráfico de pessoas na Bíblia Na bíblia, existem passagens de tráfico
Silvana afirma que há uma resistên-
de pessoas, como em Gênesis, quando
cia na leitura da bíblia, em relação ao
Sara foi negociada entre Abraão e o Fa-
social. “Temos que ver que, embora a
raó (Gn12, 11-20) e José foi vendido pelos
bíblia mostre o que era a sociedade, ela
irmãos (Gn 37, 12-36).
revela também o conflito”. Ela sugere
Para a professora Silvana Suaiden, mes-
que, ao ler a bíblia, deva ser feita uma
tra em Teologia Bíblica e Ciências da
leitura crítica da realidade de hoje. “A
Religião da Faculdade de Teologia da
relação escravagista corresponde a um
PUC-Campinas, o TH presente na Bíblia
paradigma ainda presente hoje. Desde
não pode ser comparado com o de hoje.
o tempo bíblico até hoje, as pessoas
“Antigamente, qualquer pessoa que
são tratadas como se fossem coisas.
fosse um forasteiro, uma mulher ou um
Nosso olhar cristão pode aprender
homem sozinho, poderia ser pego e en-
muito com a bíblia, porque ela tem os
tregue à venda. Era uma prática da épo-
dois olhares, o que mostra a realidade
ca. É por isso que Abraão é receoso ao
e o olhar de quem interpreta e que vê a
se aproximar das cidades, como na pas-
resistência do tipo da relação”, explica.
sagem de Sara, pois sabia que ela era bonita e os oficiais do Faraó poderiam pegá-la”. ASSISTA O VÍDEO OFICIAL DA CAMPANHA
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As CIDADES VISTAS DO ALTO Das torres de igrejas, visão panorâmica Carolina Grohmann e Mariana Maia
E
stabelecer ligação entre o céu
quitetura religiosa em igrejas e catedrais.
e a terra, durante o período
Houve tempo em que a torre marcava o
colonial no Brasil, era o obje-
centro geográfico da cidade e o centro a
tivo da construção da torre numa Igreja,
vida dos cidadãos”, afirma. Na arquitetura,
além de ser uma das rigorosas normas
torre sineira é uma torre desenhada para
urbanísticas. Quem explica é o arquiteto
conter sinos, campanas.
responsável pela recuperação da Catedral
Hoje, segundo o arquiteto, a construção
Metropolitana, Ricardo Leite. “A torre si-
da torre é facultativa, e depende das tra-
neira, que abriga o campanário, é um dos
dições locais e dos recursos disponíveis
elementos mais representativos da ar-
para a obra.
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“Pela verticalização das cidades, caso se opte por não construir uma torre, é conveniente que haja algum elemento na fachada direcionado para o céu, com uma cruz ou um pequeno sino. São elementos fortes da igreja ainda reconhecidos por todos”, explica o arquiteto. A partir desta edição da Revista Lumen, visitaremos e traremos até você um registro fotográfico das torres de igrejas das cidades da Arquidiocese de Campinas. Nesta edição, você confere a vista da cidade de Campinas, a partir da torre da Catedral Metropolitana, e a vista de Valinhos, pela torre da Paróquia São Sebastião.
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N
a Catedral, Dinho é o respon-
O trajeto até a torre oferece um passeio
sável por subir os 234 degraus
entre imagens de santos e também para
de uma íngreme escada para
ver de perto o redondo vitral azul, locali-
alcançar a torre. Frequentador há 13 anos
zado atrás do órgão, que, do chão, parece
da Catedral e trabalhador há dois, é ele o
ser pequeno.
responsável por levar o público até o alto
A torre da Catedral está aberta para visi-
da torre. Ele diz que durante a Semana
tação, sendo necessário agendamento
Missionária, chegou a subir diariamente
prévio. Mais informações na Secretaria,
para acompanhar os estrangeiros.
pelo (19) 3231.2085.
Em cima, algumas pombas aparecem para se esconderem do Sol quente e a altura abafa o barulho do centro da cidade. É possível ver de perto os detalhes das esculturas da Catedral. Dinho não precisa dar corda no relógio, que tem funcionamento elétrico. Durante a visita, os sinos bateram anunciando as horas.
Atrás do sino, Dinho, que trabalha há dois anos na Catedral
VEJA MAIS FOTOS AQUI
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“E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia.” Lucas 22:43
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N
a Paróquia São Sebastião, em Valinhos, a vista da torre, alcançada após 84 degraus, oferece
tranquilidade, além de um mais de descanso justo. À frente da Igreja, uma praça se faz pequena diante da altura. Algumas fábricas podem ser vistas ao longe, à direita. Não foi possível subir a última parte da torre, entre o sino e a vista final, uma vez que a escada não oferece muita segurança. Carlos Antonio Ferraro, conhecido como Seu Carlos, trabalha há 13 anos na Paróquia e diariamente encara os 84 degraus para dar corda no relógio, o que faz com muito orgulho e simpatia. Para entrar em contato sobre agendamento de visita, ligue para a secretaria pelo (19) 3871.8882. Seu Carlos em ação, dá corda no relógio da igreja São Sebastião.
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“O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu.” 1 Coríntios 15:47
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leigos
Autonomia e comunhão: mais do que duas palavras que andam juntas Márcia Signorelli*
a autonomia liga o ser humano com o seu destino, portanto, com seu Criador
A
utonomia e Comunhão: mais do confortável, mas nos aponta para ações, que duas palavras que andam
decisões, compromissos ainda que isso
juntas, são duas buscas inces-
possa desestabilizar.
santes de se vivenciar o ser Igreja.
Leonardo Boff, ao dar um sentido teo-
Às vezes, autonomia pode ser confundi- lógico à autonomia, diz: : “Deus poderia da com poder ilimitado, com liberalidade,
ter criado os homens na comunhão com
com não precisar de ninguém. São Paulo
Ele e assumi-los todos. Mas quis a parti-
já dizia: “Tudo é permitido, mas nem tudo cipação livre do homem ou de sua negaconvém, nem tudo edifica.” A verdadeira
ção”. Portanto, nesse processo histórico,
autonomia é aquela em que o ser huma-
longo e doloroso, o homem foi convida-
no vivencia um processo da construção
do a participar do próprio ato criador de
de si mesmo e de sua vida, sem que for-
Deus. Quis que, de alguma forma, cada
ças manipuladoras determinem por ele.
qual merecesse e conquistasse ser Deus-
Esse processo lento e sofrido não existe
-humanado ou homem-divinizado.” Essa
para nos livrar dos conflitos, dos desiqui-
é a chave da humanização. Deus quis, por
librios, das tensões, das crises. Não tem
amor, um ser livre, autônomo.
a pretensão de nos levar a um estado
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Conhecer-se sim, mas A Gaudium et Spes, numa análise para o Vaticano II diz assim: “Este homem, que
não ficar para dentro,
poderá ser engolido pelos desequilíbrios
isolado
do mundo moderno, se não tiver consciência de si mesmo e de seu destino, não chegará à sua própria autonomia. “ O
todos também. Então, o “eu” só é autôno-
que ela nos aponta? Que a autonomia
mo na comunhão com os demais “eus”.
liga o ser humano com o seu destino,
E aí eu me reporto a Paulo Freire quando
portanto, com seu Criador que para tanto
diz que o processo para o ser humano
exige a consciência de si próprio: o ser
ser ele mesmo, é um “vir a ser” para se
humano precisa saber quem ele é, a que
constituir “ser para si”, como consciên-
veio e para onde vai.
cia de si próprio ao mesmo tempo, que é
Conhecer-se sim, mas não ficar para
um “ser com os outros” e eu acrescen-
dentro, isolado. E para aqueles que fa-
taria” para os outros” que vai se realizan-
zem da religião uma terapia, o Papa
do nas relações que tem com as demais
Francisco alerta: “A religião não é um
pessoas, com o mundo com a história e
problema pessoal que reduz o encon-
com o seu Criador. E é nesse movimento
tro com Jesus Cristo a uma dinâmica de
que se percebe como um ser inacabado.
auto-conhecimento...O discípulo de Cristo Porque se sabe finito o retorno à fonte o não é uma pessoa isolada em uma espiri- liberta. Por isso essa relação nunca será tualidade intimista, mas uma pessoa em
de dominação, mas de libertação. (Paulo
comunidade para se dar aos outros.”
Freire)
E a autonomia pressupõe mesmo o ou-
Nós, enquanto mundo, enquanto socie-
tro. Ninguém nasce pronto e ninguém
dade, enquanto Igreja, também não so-
vive sozinho, queiramos ou não queira-
mos sempre os mesmos, estamos sendo,
mos, interagimos, com tudo e com todos, porque juntos e a cada dia, construímos como que numa grande teia e por certo e reconstruímos a nossa libertação, a hisafetando e sendo afetados por tudo e por tória social, a história da nossa salvação.
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Sim, porque a autonomia também se dá
objeto. Porque objeto não fala, não de-
na consciência coletiva de um povo, de
cide, só ocupa lugar. E é nesse sentido
um grupo, de uma instituição.
que falamos de coresponsabilidade na
Puebla nos lembra que “A libertação
missão da Igreja. Quem só ocupa lugar,
cristã é uma libertação que vai se reali-
quem só sabe ser dirigido, não constrói
zando na história, a libertação de nossos
nada, porque não sabe decidir, opinar;
povos e a nossa própria pessoal, e abran- pode ser um bom tarefeiro, mas têm atige as diversas dimensões da existência: o tude de quem não sabe. Numa igreja, social, o político, o econômico, o cultural
onde há os que sabem, e os que não sa-
e o conjunto de suas relações. Em tudo
bem, os que podem e os que não podem,
isso há de circular a riqueza transfor-
os que dominam e os dominados, fica
madora do Evangelho” (438). O místico
dificil o diálogo, impedida a autonomia.
Thomaz Munzer, disse uma vez: ”Vocês
O processo de construção da autono-
encontraram Deus na Bíblia. Precisamos
mia só poderá se dar no interno da Igreja
encontrar Deus na história, no povo que
se cada um de seus membros tiverem a
grita por vida e por justiça”.
consciência de que nela não pode haver
Então, a grande alavanca para autono-
objetos, mas sujeitos. Porque se não for
mia é a ação transformadora que não se
assim, a relação que se der entre um ser
dá no campo das ideias apenas, mas na
sujeito e outro que ainda não se proces-
ação que transforma a realidade como
sou como sujeito, vai haver relação de
compromisso “histórico de fazer e refazer dominação. Então, não haverá comunhão. o mundo, de ser criativo, criador” como
Mas quando o sujeito propicia que o ou-
o Criador pensou que fôssemos ao nos
tro que não é, também consiga construir
criar por amor.
sua autonomia, então haverá um proces-
Essa é a construção do ser sujeito e não so de libertação das duas partes.
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Para sair da heteronomia será preciso
mudança de mentalidade que não é só
“desmontar o que causa o imobilismo, a
interior, é fruto das experiências conjun-
passividade, a mesmice. Será preciso um
tas da comunidade, da relação entre su-
trabalho em que haja participação (que
jeitos, não pode ser uma coisa que venha
não é fazer tudo sozinho) dos objetivos
de cima para baixo, pensada por alguém,
e fins da instituição através de discus-
para outro realizar. Não é só chamamen-
sões, decisões, não substituindo papeis,
to para o laicato, mas para toda a Igreja,
mas no sentido da corresponsabilidade.
numa ousada renovação de estruturas,
Por isso, a realidade de poder autoritário
para não se repetir um passado onde o
é “desumanizante” porque atinge quem
laicato ou era tutelado ou agia por procu-
domina e quem se aliena, “nega aos dois
ração.
a liberdade de ser mais, criativo e criador.” (Freire)
Então, o desafio é retomar o espírito renovador do Concílio Vaticano II , pois
É preciso reconhecer que, do Vaticano
ele representou e ainda representa um
II para cá, muitas formas de atuação do
momento privilegiado do Espírito Santo,
laicato foram lançadas e que nesses 50
que nos permite sonhar novamente com
anos pós Concilio o laicato sempre es-
uma Igreja, comunidade de irmãos au-
teve no centro das ações mais ousadas
tônomos, sem divisões, sem privilégios,
da Igreja no mundo e nas práticas minis-
toda ministerial, baseada no batismo que
teriais mais criativas dentro da Igreja. In-
consagra todos os irmãos na responsabi-
clusive fomos chamados a sermos prota-
lidade pela Igreja e pelo mundo. É dessa
gonistas da Nova Evangelização. Porém,
autonomia que eu falo, necessária para
sem autonomia não se pode ser protago- se viver a comunhão. nista de nada. Mas para que a autonomia seja uma realidade e não um projeto exige-se uma
*Márcia M.D.Almeida Signorelli Comissão de Formação do Conselho Nacional do Laicato do Brasil
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Mais um ano começa
V
ivemos o tempo de espera! Vivemos há poucos dias o Natal de
Quem faz o caderno Pequeninos do Senhor
Nosso Senhor Jesus Cristo!
Preparamos o nosso coração e o nosso
Coordenadora e Redatora: Rachel Lemos Abdalla
espírito para renovar o Amor em nós!
Direção Espiritual:Mons. João Luiz Fávero
Nesta edição, deixaremos nossa mensagem de fé e esperança no Menino Jesus
Colaboração Psicopedagógica: Daniela Frattini Colla- danifrattini@hotmail.com Debora Corigliano- deboracorigliano@hotmail.com
que nasceu neste Natal! Que os pequeninos sejam tocados, pela
Contato:55-19-2121-0444
presença dos catequistas, para crescerem
Email: contato@pequeninosdosenhor.org
com Jesus que foi criança como eles.
Site: www.pequeninosdosenhor.org
Esperamos que tenham passado um Feliz Escreva para o Pequeninos do Senhor
Natal e desejamos um ano Novo repleto
Envie o seu depoimento ou conte-nos a sua
de bênçãos, de paz e muito amor!
história vinculada ao Projeto Pequeninos do
Rachel Lemos Abdalla
Senhor! E se quiser dar alguma sugestão ou fazer alguma crítica, encaminhe para o nosso endereço
Fundadora e Presidente da Associação Católica
de email: contato@pequeninosdosenhor.org
Pequeninos do Senhor
Com certeza sua mensagem será lida e nós lhe responderemos!
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Palavra da igreja
Padre Humberto*
“Então levaram-lhe algumas crianças para que pussesse as mãos sobre elas e pronunciasse uma oração. Os discipulos as repreendiam. Mas Jesus lhes disse: Deixai as crianças e não as impeçais de se aproximarem de mim, pois o Reino de Deus pertence aos que são como elas. Pôs as mãos sobre elas e partiu” (Mt 19,14). A evangelização dos “pequeninos” é muito importante em toda comunidade. O trabalho que os “pequeninos do Senhor” vem exercendo na Comunidade paroquial tem produzido efeito muito positivo; sobretudo no que se refere ao contato e compreensão da Palavra de Deus. Pude perceber que o retorno que elas trazem para a familia e a comunidade paroquial é muito positiva: ajudam os pais e os
bate-papo a respeito daquilo que aprenderam e fizeram durante o tempo em que estavam reunidos. Posso testemunhar que o texto e as dinâmicas elaboradas pela equipe dos “pequeninos do Senhor” têm colaborado eficazmente no processo de evangelização das crianças.
membros da comunidade a se interessa-
*Padre Humberto Robson de Carvalho Pároco da Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres rem pela Palavra de Deus lida e ouvida Arquidiocese de São Paulo - Região Episcopal na Missa dominical. Costumeiramente no Santana - Setor Tucuruvi Coordenador do Curso de Pós-Graduação em final da Missa, as crianças trazem o mateCatequese – UNISAL – São Paulo rial que pintaram e promovo um pequeno
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Novidades
Pequeninos do Senhor em quase todo o Brasil
E
stamos encerrando o ano de 2013 com um total de 142 Implantações do Projeto Pequeninos do Senhor, em Paróquias e Comunidades, em 12 Estados do Brasil. É o Senhor abrindo os terrenos para semearmos o Seu
Amor e a Sua Palavra no coração dos pequeninos. Aqui tem Pequeninos do Senhor: 1.
Amazonas - 01
2.
Bahia - 03
3.
Distrito Federal - 01
4. Goiás - 01 5. Minas Gerais - 22 6. Mato Grosso - 02 7.
Paraíba - 01
8. Paraná - 03 9. Piauí - 01 10. Rio de Janeiro - 02 11. Rio Grande do Norte - 01 12. São Paulo - 104
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Testemunho de uma catequista Pequeninos do Senhor
“O que o mudou em minha vida depois que conheci o Pequeninos do Senhor” por Juliana Cucco
S
empre tive muita vontade de participar de algum projeto da Igreja. Há algum tempo me sentia sozinha,
deprimida, andava muito triste e por muitas vezes pensei em desistir de tudo. Sentia que faltava algo na minha vida! Depois que minha filha nasceu e que comecei a levá-la para as missas desde bebezinha, senti vontade de fazer algo para as crianças. Um dia, em que eu estava fazendo a preparação para o Batismo dela, um dos orientadores me disse: - O que podemos fazer para participar mais da vida da Igreja com Jesus?
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Fiquei muito, mas muito chateada mesmo e, por dias, aquilo ficou em minha cabeça. Como se eu tivesse que fazer algo. Em uma manhã, um amigo da família veio falar comigo já quase no final da missa, e perguntou seu
N
o mesmo minuto ficou um silen-
queria participar de um pro-
cio na mesa em que estávamos
jeto com as crianças, que se chama
todos reunidos e, como se es-
“Pequeninos do Senhor”. Na hora nem
cutasse alguém falar comigo em meus
acreditei e perguntei se ele estava mes-
pensamentos, ouvi dizer:
mo falando sério! Depois da missa, ele
- Vamos ensinar as crianças?
falou que era para eu acessar o site e
Na hora soltei a frase:- Tive uma ideia!
fazer umas pesquisas, para ver se queria
Nossa! Fiquei com aquilo na minha ca-
ser a coordenadora aqui na comunida-
beça, e como sou uma pessoa muito
de. Assim que cheguei em casa fui ver o
ansiosa, fui conversar com algumas pes- site e fiquei muito empolgada. soas próximas e todas elas me disseram
Os dias foram seguindo,entrei em con-
a mesma coisa:
tato lá com a sede dos Pequeninos do
- Não vai dar certo. Você não vai dar
Senhor e chamei uma amiga para aju-
conta. Já tentamos uma vez e não deu
dar. Não via a hora de implantar logo o
certo…
Projeto aqui na nossa comunidade.
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N
o dia 03/06/2012 foi o dia que implantamos o
projeto Pequeninos do Senhor na comunidade Santa Rita de Cássia, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Campos Verdes, em Hortolândia, e hoje posso dizer que os meus pequeninos são a minha grande alegria de viver. Teve um dia desses que a tristeza voltou a me atormentar e lembro que pensei: - Não sirvo para nada e não tenho mais vontade de viver. E, de imediato, ouvi alguém falar: - Como você não serve? E as suas crianças lá na Igreja?Elas te amam e precisam de você! Aquilo foi um conforto tão grande para meu coração! Temos muito que aprender ainda, e que acertar, mas assim como sei que foi Deus que falou comigo naquele dia me convidando para fazer algo pelo próximo, sei que ele esta do meu lado, a cada passo que dou nesta longa estrada que é ensinar os pequeninos. Hoje, quando paro para pensar… percebo que Deus está sempre comigo.
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Aos catequistas
O Natal anunciado com alegria aos pequeninos Por Rachel Lemos Abdalla
C
riança gosta daquilo que lhe é
com o nascimento deles, relembrando a
próprio, ou seja, da realidade vista alegria e a emoção, a preparação e a exsob a ótica pura e inocente dos
fatos que presencia, e dos desejos que
pectativa da chegada de uma criança ao mundo. Aqui, no caso, no Natal, de um
sente, principalmente aqueles associados pequenino muito especial, por ser o Filho à alegria. Por isso, o que devemos apre-
de Deus.
sentar sobre Jesus às crianças deve ser
Quando o anjo Gabriel vai anunciar à
alegre e ter o jeito e o tamanho delas.
Maria que ela será a Mãe do Filho de
Com base nos ensinamentos que Ele nos Deus, sua saudação inicia-se com a padeixou nos Evangelhos, toda fala deve ter lavra grega khaire que significa ‘alegrauma conotação verdadeira, porém, preci-
-te’, porque a novidade que vem é motivo
sa ser colocada de modo lúdico, ou seja,
de muita alegria! Vai nascer um menino,
na linguagem que a criança se envolve e
uma criança vem ao mundo! É, pois, com
participa, criando assim, um vínculo entre essa mesma alegria do anjo, ao anunciar aquilo que ouve e vive.
Jesus a Maria, que nós devemos também
Ao falar para os pequeninos sobre o nas-
anunciá-Lo ao mundo e, especialmente,
cimento de Jesus, os pais e catequistas
às crianças.
podem fazer uma correlação deste dia
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Mas, onde está a alegria? Como mostrá-la
É interessante, neste processo evangeli-
aos pequeninos?
zador, despertar nelas algo a mais sobre
O motivo de alegria para Maria era o de ter
o Menino Jesus como, por exemplo, falar
o Senhor em seu ventre, e para nós é o fato
como Ele nasceu; que chorava, mas que
de Jesus ter nascido entre os homens. Com
também era risonho; como seriam as
relação às crianças, podemos inseri-las no
suas feições a partir das características
contexto da família, dos amigos, dos paren-
do seu povo; quando começou a andar, o
tes como uma relação de amor entre todos.
que gostava de comer, quem eram seus
Afinal, ser feliz é ter um encontro com o
amiguinhos, qual era a sua brincadei-
amor! Deus é Amor e nós nos encontramos ra preferida... E, enfim, fazer colocações com este Amor na pessoa de Jesus. Ao
simples que não interferem na verdade e
mostrarmos Jesus como um Menino, esta-
podem ser apresentadas conforme a ex-
mos colocando-O no mesmo contexto em
pectativa da criança, do momento dela,
que vivem as crianças.
afinal, Jesus era uma criança comum, mesmo sendo Deus, e cresceu como todos nós, dentro de uma realidade humana e limitada. Assim, elas crescerão com Jesus, gradativamente, de modo simples e natural. Neste tempo do Natal, fale sobre Jesus e ensine o Amor às crianças, sendo alegre como elas são! Essa linguagem elas compreendem!
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Ano novo, vida nova, catequese renovada! Por Rachel Abdalla
T
odo final de ano, tempo de festas
aqueles que dele se aproximam para pe-
que vivenciamos há pouco, acon-
dir a bênção. Fala uma linguagem sim-
tece um rito de passagem muito
ples e passa uma mensagem clara que
importante para todas as pessoas. Ele
toca o coração e a vida, sem fazer dis-
proporciona um momento de revisão do
tinção de crenças ou de fé. E demonstra
ano que passou e renovação dos sonhos
amor pelos pequeninos, os preferidos de
e dos desejos para um novo tempo que
Cristo, os pobres e os excluídos, os mar-
se inicia.
ginalizados e os doentes. Essa é a sua
E, para iniciarmos o novo ciclo, temos o
bandeira!
Papa Francisco como exemplo de nova
Que ele seja o nosso exemplo de renova-
evangelização no mundo pela sua prática ção de mentalidade e aplicação da catede vida, ensinando, assim, muitas lições
quese na vida. Que os catequistas, a cada
para nós. Dentre elas, a mais marcante
dia mais, atualizem a fórmula de como
é o seu exemplo de humildade expresso
tocar o coração dos catequizandos sendo
de várias formas no seu dia a dia. Ele se
presença viva do Cristo no mundo, atuali-
aproxima de todos sem medo, sem relu-
zando seus ânimos e seus métodos, es-
tância, sem preconceitos. Beija e abraça
tudando mais e planejando os encontros
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de catequese, para que sejam fiéis ao
sociedade? Como estamos sendo Igreja
chamado de discípulos missionários res-
no nosso meio, na sociedade e no mun-
ponsáveis, sal da terra e luz do mundo na do? Qual é o rosto que estamos dando prática da evangelização.
para a catequese que deve se renovar
Não podemos nos deixar envolver por
constantemente?
nossos preconceitos, lembrando que Je-
Novo ano se inicia e assim também pre-
sus acolheu a todos, sem distinção. Para
cisamos estar iniciando um processo de
isso, basta imaginar como ele acolheria
abertura de consciência e respeito para
hoje todas as pessoas com suas esco-
como nosso próximo, assim como pede
lhas e opções de vida.
o Papa Francisco: “... nós todos somos
O Catecismo da Igreja nos ensina que
filhos do único Pai, fazemos parte da fa-
devemos acolher o próximo sem que haja mília humana e partilhamos o mesmo preconceito pela sua real condição, ‘com
destino. Disso deriva a responsabilidade
respeito, compaixão e delicadeza...evitan- de cada um de atuar, para que o mundo do todo sinal de discriminação injusta ’
se torne uma verdadeira comunidade de
(CIC 2358), lembrando que Cristo se faz
irmãos, que se respeitam e aceitam as
presente em todos aqueles que têm fome diversidades e cuidam uns dos outros... e sede de amor e de justiça.
Todos nós devemos construir uma socie-
Será que estamos preparados para os
dade mais justa e solidária”! (Oração do
novos desafios da evangelização? Temos Angelus: “Construir uma sociedade mais quebrado nossos paradigmas e precon-
justa e solidária”, 01/01/2014)
ceitos para receber de braços e coração
Feliz 2014 renovando nossa vida e nosso
abertos os excluídos e marginalizados da modo de evangelizar!
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hospital e maternidade celso pierro
Almoço Especial de Natal Por Hospital e Maternidade Celso Pierro
O
almoço especial de natal das crianças internadas foi comemorado fora dos leitos. Como
o clima natalino pede uma decoração especial, ela não faltou. O local foi adaptado e ficou com grande requinte. O evento aconteceu no dia 18 de dezembro e entre as atrações para a garotada, se destacaram o cantinho do Papai Noel e os palhaços da Operação Contas Gotas e o Griots Contadores de História que garantiram toda animação. Além do delicioso almoço preparado com muito carinho pelo Serviço de Nutrição Dietética (SND), do Hospital. Mas o grande convidado era mesmo o Papai Noel, e para não decepcionar as crianças, ele chegou em grande estilo. Pais, acompanhantes e pacientes correram para recepcionar o bom velhinho, representado pelo técnico de enfermagem, David de Melo.
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Para pequena Tainara Felipe da Silva, “nunca tinha passado por isso, foi muito animado, gostei muito. Foi um dia muito feliz para mim”. No dia 19 de dezembro, os pacientes adultos também ganharam uma festa, o almoço foi servido no mesmo local e o papai Noel também marcou presença. Cada paciente ganhou de presente do Hospital uma linda caneca natalina. A atração ficou por conta do coral Sentido da Vida da Igreja Nossa Senhora Guadalupe. “Estou há trinta dias internado e sair do leito, mesmo de cadeira de rodas, foi muito bom para mim, gostei muito. Agradeço ao Hospital pelo presente”, ressalta o paciente, Everton Giovane Matias. Para técnica de enfermagem, Magda Pereira, foi emocionante, o local estava lindo, foi ótima essa iniciativa. “Parabéns a todos”! “Em nome de todos os pacientes quero agradecer a todos profissionais envolvidos, melhorou o nosso astral, foi muito bom, muito obrigado”, ressalta o paciente Valmir Aparecido Evaristo.
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Irm茫 Eleanor, Dom Gilberto e o diretor do Hospital, Dr. Ant么nio Celso de Moraes.
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Bazar Beneficente Nossa Senhora da Esperança de Casa Nova Por Hospital e Maternidade Celso Pierro
A
colher bem os que procuram o Bazar Beneficente Nossa Senhora da Esperança é o objetivo dos voluntários da Associação Beneficente Nossa Senhora da Esperança (ABNSE). O Bazar está de cara nova, com amplo espa-
ço e melhor localização. Inaugurado no dia 25 de novembro de 2013 com a benção do Arcebispo Emérito de Campinas, Dom Gilberto Pereira Lopes, o Bazar está localizado no antigo Banco Santander, próximo ao restaurante Carpe Diem. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 9h às 15h. O Bazar da ABNSE, no mês de dezembro, é especial, com muitas opções e diversidades de produtos para quem procura presentes para o Natal. O Espaço Branco, localizado no Bazar oferece vários modelos de jalecos. “Agradecemos à Diretoria do HMCP por ceder o espaço para podermos servir melhor os nossos irmãos e irmãs que necessitam. Aos profissionais que ajudaram a realizar o sonho de ter um amplo espaço, a nossa gratidão. Convidamos as pessoas generosas a doar e a partilhar para que todos tenham um Natal feliz. Jesus fez a sua morada no meio de nós para reconhecermos uns aos outros como irmãos.” ressalta a presidente da ABNSE, Ir. Eleanor Paloma. Desejamos a todos um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de paz, alegria e muita esperança. Informações sobre o Bazar: (19) 3343.8554 e 3343.8343. Fotos cedidas por: Assessoria de Comunicação/ Hospital e Maternidade Celso Pierro
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comunicação social
8º Muticom:
“Juntos sendo fermento” Carolina Grohmann
O
8º Muticom (Mutirão Brasilei-
mais os profissionais estão conscientes
ro de Comunicação) reuniu
dos meios e processos da comunicação,
profissionais de jornalismo de
temas do Muticom, mais importantes e
todo o país para discutirem sobre Comu-
desafiantes o papel dos comunicadores
nicação e Participação Cidadã: Meios e
para a formação cidadã, a qual, para ela,
Processos, o tema do encontro. A sede do é a formação mais desafiante dentro da evento foi em Natal (RN), e ocorreu de 27
comunidade acadêmica, ultrapassando a
de outubro a 1º de novembro de 2013.
formação científica e acadêmica. “Obriga-
Durante a semana, o Ginásio de Espor-
da pela oportunidade da URFN sediar um
tes da Universidade Federal do Rio Gran-
evento de tão grande importância”, finali-
de do Norte (UFRN) sediou os seminários zou. no período da manhã. A tarde, os 700 participantes se dividiram em grupos de
Também durante a abertura, Dom Dimas Lara Barbosa, Presidente da Comissão
estudo para conhecerem experiências em Episcopal de Comunicação da Conferêncomunicação de comunicadores de todo
cia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
o país.
afirmou ter crescido a consciência da
Durante a missa de abertura, no domin-
necessidade de criar uma comunicação
go, dia 27, no Hotel Praiamar, a Reitora da voltada às exigências atuais. Por isso, UFRN, Profª Dra. Ângela Maria Paiva Cruz, definiu o Mutirão como um momento de comentou sobre o valor da parceria en-
“esperança”.
tre o Muticom e a UFRN. Para ela, quanto
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Fotos: Assessoria de Comunicação da Arquidiocese de Natal
A
abertura também foi um momento de relembrar as edições anteriores do Muticom. Pre-
As falas ocorreram após a apresentação
sente desde o primeiro Mutirão, a Irmã
do Coral Camerata de Vozes, convidados
Helena Corazza, presidente da SIGNIS,
pela Pastoral da Comunicação (Pascom)
Associação Católica de Comunicação,
de Natal (RN), para a abertura. “Este tra-
relembrou a primeira edição, ocorrida em
balho tem um significado muito grande.
1988, em Belo Horizonte (MG). Ela disse
A mística da música nos leva para algo
estar contente por ver tantas emissoras
transcendente. Hoje, na abertura, é di-
de TV e rádios e representantes de jor-
ferente. São sotaques, temperamentos,
nais e revistas reunidos. “Estamos juntos
regionais de várias partes”, afirmou o re-
sendo fermento. Temos um pé na socie-
gente.
dade e outro na Igreja. Por isso a alegria
Durante a missa de abertura, na segun-
do encontro ser na UFRN. Vamos discutir da-feira, dia 28, o Padre Edilson desafiou a Igreja dentro no mundo da cultura. Que a plateia, que se abanava com qualquer a gente possa sonhar e realizar juntos
papelzinho: “Vamos ver se a gente é mais
dentro de uma perspectiva de formação
forte que o calor!”.
cristã”, finaliza. O Padre Edilson Nobre, coordenador
Confira os temas dos Seminários e as
geral do 8º Muticom, lembrou a presença
questões mais discutidas durante os se-
dos profissionais de prestígio convidados
minários registrados pelo Setor Imprensa
para as conferências e afirmou que “pre-
da Arquidiocese de Campinas, que partici-
miados somos todos nós que viemos”.
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pou todos os dias do 8º Muticom.
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Dia 28 de outubro
Conferência Comunicação e Participação Cidadã: Meios e Processos
é um vírus midiático, que constrói um novo tipo de percepção sensorial”. Para ele, existe a ilusão de que quanto mais se comunica, maior o progresso humano. “Não. É preciso parar o excesso de co-
Logo após a missa de abertura, a Con-
municação e refletir sobre a proliferação
ferência foi uma introdução ao tema do
do exercício excessivo da comunicação”,
8º Mutirão, Comunicação e Participação
refletiu.
Cidadã: Meios e Processos. O Prof. Dr.
Ele diz que a mídia atual é um grande
Muniz Sodré, professor emérito da UFRJ,
mercado. “Até agora, a grande mídia está
destacou a importância de entender a
afinada com a lei estrutural do valor que
equivalência entre religião e mídia para
nos organiza, o capital. A mídia é a boca
entender a participação cidadã na vida
do mundo do capital”. Segundo ele, o ser
social de hoje. Ele afirma que a mídia é
humano não tem dentro de si um “núcleo
o ponto de partida para a construção de
sólido, um ego, um espírito”, porque to-
uma nova forma de vida, ação caracteri-
dos estão imersos num campo psíquico
zada por ele de “vírus midiático”, que re-
coletivo, uma “bolha”. “Aparecemos como
sulta em um novo tipo de percepção sen- bolhas provisórias que processa, repassa sorial. “Desde que a mídia começa, até
informação para depois subemergir nova-
hoje, com as formas mais avançadas, ela
mente, que provoca desemprego e depois
não é um ponto de chegada da evolução
desaparece. O indivíduo repassador de
técnica. A mídia é o ponto de partida para informações é decadente porque é uma a construção da nova forma de vida. Isso
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bolha que emerge e que cai”, finaliza.
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Dia 29 de outubro
Seminário Comunicação Comunitária e Construção da Cidadania
questão que a gente estabelece relações. A questão da Fé é uma grande fundamentação que a Igreja Católica traz pra nós. Ela pode ser esse material, esse dom que se pode trabalhar no sentido de uma
A assessora do Seminário, Profª Dra Raquel Paiva (UFRJ), afirmou que a Igreja
comunidade do afeto”, refletiu. Após a fala da Profª Raquel, o debatedor
Católica sempre soube trabalhar “muito
Padre Manoel Filho, coordenador de co-
bem” com a comunicação comunitária,
municação da Arquidiocese de Salvador
e lembrou das rádios comunitárias mais
(BA), disse estar muito honrado por parti-
importantes da América Latina que nas-
cipar de uma mesa que resgata a prática
ceram na Igreja Católica. Há dois anos,
do mutirão. “Essa prática da construção
a Profª Raquel, inspirada no projeto Gê-
da comunicação que a gente faz diaria-
nesis, do fotógrafo Sebastião Salgado,
mente é uma comunicação comunitária,
pesquisou o que o planeta ainda man-
de entrega e de construção coletiva”.
tinha de “comunidade”, e questionou:
Durante a fala, o Padre questionou como
“de que maneira eu me sinto afetada por
é possível construir o protagonismo na
aquilo?; de que maneira o sensível passa
comunicação. Para a questão, o Padre
a ser uma linguagem mais forte do que
deu a fórmula: “Eu acredito que a comuni-
uma linguagem do conteúdo?”. Ainda em cação nossa, mais do que nunca, deve ser busca de respostas, a Profª deu o nome
comunitária no processo, comunitária no
do fenômeno estudado (e ainda em an-
processo e cidadã no conteúdo, cristã e
damento) de “comunidade do afeto”. “A
de acordo com o Evangelho, pra mim isso
questão do sensível é uma questão que
é a profissão de fé. Popular na forma, de
temos que tomar muita atenção. É uma
acordo com o que somos”, finalizou.
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Dia 30 de outubro
Seminário Jornalismo Público e Cidadania O assessor do Seminário, Prof. Dr. Elson Faxina (UFPR-TVE-PR), iniciou dando um bom dia a todos e a todas. “A mulher tem vida própria, independente do homem,
Para ele, o jornalismo atual não deve ser
então bom dia a todas. Sejam todas bem- mais tão racional, como foi durante o Ilu-vindas”. minismo. Ele lembrou de uma aula que O Prof. Faxina conseguiu aplausos du-
teve com o educador Paulo Freire, que o
rante a explanação quando afirmou que
recomendou: “O que muda a sociedade
“Comunicador que não pisa na perife-
não é o discurso. É a história”. Por isso,
ria, não fala da periferia”. Citou Frei Beto
sugeriu aos presentes que busquem his-
quando advertiu os presentes: “Atenção,
tórias, personagens. “Precisamos apren-
comunicadores: a cabeça pensa onde o
der a buscar parábolas que existem. Quer
pé pisa”.
fazer circular um boletim? Conte histórias. Faça o que fez o chefe, Jesus Cristo. Ele é o verbo feito carne. O que ele fez? Se dedicou a transformar tudo o que era verbo em carne. Jornalista não tem que disputar espaço, tem que se fazer de necessário”, finalizou. Um clique do seminário, que arrancou aplausos dos participantes
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Dia 31 de outubro
Seminário Conteúdo e Mensagens dos Meios de Comunicações: Olhares Críticos e Questões Contemporâneas
VEJA MAIS FOTOS DO MUTICOM
No último seminário, o Prof. Dr. Laurindo Leal Filho (USP), questionou a política das concessões de TVs e rádios no Brasil, para ele ainda muito retrógrado se comparado com os países vizinhos da América Latina, como a Argentina, que recentemente aprovou quatro artigos que a estrutura que o veículo está inserido. garantem melhorias nas concessões de
“Quem tem a possibilidade de expor as
TV e que diversificam a programação,
suas ideias? Os valores, os interesses,
como a aprovação do primeiro canal indí- seja econômico, comerciais, políticos? gena. “As concessões de radio e TV são
Quem pode publicar são os grupos que
serviços públicos e prestam serviços pú-
conseguiram acumular capital para mon-
blicos como prestam a linha de ônibus.
tar grandes estruturas de jornalismo. É
Eu duvido que as emissoras que colocam importante entender essa questão estruchacinas no ar estejam colocando um
tural dos meios de comunicação pra de-
produto de qualidade”, provocou.
pois a gente analisar o conteúdo, porque
Segundo ele, para entender o conteú-
o conteúdo é um reflexo na estrutura co-
do das publicações é preciso entender
municacional existente no país”, finalizou.
Revista Digital Lumen
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J
á o Prof. Dr. Manoel Carlos Chaparro
Após o fechamento dos Grupos de Tra-
(USP) debateu sobre o encurtamen-
balho, a tarde, os coordenadores do 8º
to do tempo entre o acontecimento
Muticom anunciou a próxima edição:
e a divulgação da notícia. Para ele, as tec- Vitória (ES). Os participantes capixabas nologias de difusão que provocou esse
entregaram um marca-página com um
encurtamento tiveram um efeito “extraor- bombom, uma forma de convite aos oudinariamente complexo e importante que tros presentes. “Nos vemos em Vitória”, a gente não percebe”. “A derrubada das Torres Gêmeas foi assistida pelo mundo inteiro no momento do acontecimento.
repetiam. Logo após o anúncio da sede do 9º Muticom, a cantora Elba Ramalho apresen-
Tecnologicamente, hoje, o jornalismo não tou um show com as músicas clássicas é o mesmo porque o intervalo entre o
da sua carreira e agradeceu aos “povos
acontecimento e a noticia desapareceu”,
de Deus”, presentes na plateia.
disse.
No dia seguinte, os participantes partici-
Prof. Chaparro também lembrou da im-
pam de um city tour para conhecer Natal-
portância social do jornalismo na sociedade, e pede que a produção de conteúdo vá além das aparências. “Um jornalismo que não seja só mensagem, mas que seja mensageiro dos conflitos que interessam as transformações sociais”, finalizou.
Elba Ramalho apresentou show aos “povos de Deus”
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Setor Imprensa da Arquidiocese de Campinas no 8º Muticom O 8º Muticom é uma iniciativa da CNBB,
uma edição inovadora na metodologia ao
pela Comissão Episcopal Pastoral para a
introduzir oficinas turísticas monitoradas
Comunicação, em parceria com a Arqui-
a partir da ótica da comunicação. O objetivo geral do Mutirão é reunir co-
diocese de Natal e a SIGNIS. O primeiro Mutirão ocorreu em julho
municadores, profissionais, pesquisado-
de 1998, na PUC-MG, em Belo Horizonte
res, agentes de pastoral e autoridades da
(MG), com o tema “Solidariedade, Ética,
Igreja e civil para refletirem, conjuntamen-
Cidadania”.
te, sobre a democratização e as políticas
Sem uma periodicidade estabelecida, o
de comunicação relacionadas entre a
7º Mutirão ocorreu na PUC-Rio, no Rio de
Igreja Católica, a sociedade brasileira e a
Janeiro (RJ), com o tema “Comunicação e
cultura contemporânea no campo da Co-
Vida: Diversidades e mobilidades”, sendo municação Social. Mais em www.muticom.com.br
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espiritualidade
AS SETE IGREJAS e a Campanha da Fraternidade Evaristo Eduardo de Miranda*
termo "fraternidade" é pouCO UTILIZADO NA SOCIEDADE
N
a próxima Quaresma, a Campanha da Fraternidade da Igreja católica (CF 2014) terá
como tema o tráfico de pessoas e como lema: É para a liberdade que Cristo nos libertou (Gl 5,1). Que liberdade é essa para qual Cristo nos libertou? E que Igreja é essa, lutando pela libertação dos cativos?
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Liberdade e Fraternidade
é solidariedade, mas a Igreja organiza
Muitos ensinamentos bíblicos come-
panha da solidariedade? Não. Organiza-
çam assim “Se o teu irmão...”. A frater-
ções não governamentais (ongs) fazem
nidade é sempre apresentada como um
isso melhor. A Igreja não é uma ONG,
fundamento do dever de justiça para
disse o Papa Francisco. O que ela faz na
com todos. “Que o teu irmão viva com
Terra, mexe com os céus!
você...” (Lv 25,36). Que ele viva ao teu
A luta dos cristãos e particularmente da
lado, na mesma casa, no mesmo traba-
Igreja católica pela liberdade dos cativos
lho, na mesma comunidade. Aceito e
não começou agora. São Paulo na carta
não rejeitado, acolhido e não discrimi-
aos Gálatas já anunciava a irredutibili-
nado, ajudado e não explorado, amado e
dade da pessoa humana: somos todos
não esquecido, livre e não escravizado.
iguais, todos os irmãos. Na história da
O termo “fraternidade” é pouco utilizado
Igreja, dois exemplos merecem desta-
na sociedade contemporânea. Para os
que: a Ordem dos Mercedários e a Bula
católicos, a fraternidade é como uma im-
Papal Sublimis Deus.
posição de consanguinidade. Ninguém
S. Pedro Nolasco, em 1218, fundou a Or-
pode escapar. A solidariedade não se
dem da Bem-Aventurada Virgem Maria
impõe como fato da natureza, mas vêm
das Mercês, voltada para redenção de
de uma atitude pessoal. A solidariedade
cativos. Realizou ações de resgate de
depende da boa ou da má vontade de
cristãos em poder de muçulmanos, dis-
cada um, diante de uma opção de atitu-
posto a dar a própria vida, para libertar
de solidária. Ela é no máximo uma obri-
prisioneiros que corriam perigo de per-
gação moral relativa. Apalavra da moda
der a fé.
uma Campanha da Fraternidade. Não seria mais eficiente organizar uma cam-
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São Pedro Nolasco. Arquivo.
E
sse santo heroico, redentor de escravos, faleceu a 6 de maio de 1249 e é invocado como Patrono
da Liberdade. Implantada nas Américas, a Ordem dos Mercedários trabalha com todos os temas da CF 2014. Com o descobrimento da América, os índios foram escravizados, mesmo se defendidos pelos padres. O Papa Paulo III a interviu para sustentar seus missionários, a sua Igreja e afirmou, solenemente, na bula Sublimis Deus de 1537, que os índios eram homens e tinham alma. E naquele tempo, uma bula papal contava muito mais do que nos dias de hoje. Era como se fosse uma espécie de resolução da assembleia geral da ONU. A bula Sublimis Deus é considerada por juristas a primeira declaração universal dos direitos humanos. O primeiro pronunciamento papal verdadeiramente Urbi et Orbi.
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As Sete Igrejas Que Igreja é essa ao lutar fraternamen-
Deus é livre (Gl 3,27-28).
te pela libertação dos cativos? Sete di-
Em terceiro lugar, a Igreja é um povo
mensões eclesiais levam a Igreja cató-
convocado. Os católicos são pacíficos,
lica a lutar, até hoje, pela liberdade dos
mas não passivos. Eles não aceitam ne-
cativos. Nesta Quaresma, a CF 2014
nhuma forma de escravidão (Jo 8,30-34
com sua temática pode ajudar na refle-
e até 50). Não são escravos. Nem do po-
xão sobre essa realidade de difícil com-
der político, nem das paixões humanas.
preensão: a Igreja.
Meditam as coisas de Deus e as procla-
Em primeiro lugar, a Igreja é um corpo.
mam, junto com sua liberdade. A Igreja é
Uma imagem simples, uma das primei-
um povo de profetas, reis e sacerdotes.
ras do Novo Testamento. Os católicos
O governante do povo católico, do leigo
se sentem membros de sua Igreja. E os
ao Papa, está a serviço. Seu programa
membros são uma parte desse corpo:
político é colocar-se a serviço de Deus e
a Igreja. Sua parte principal, a cabeça, é
do outro: libertar e não escravizar.
Jesus Cristo (1Cor 12, 12-14). Como escra-
Em quarto lugar, Igreja é a relação entre
vizar um de seus membros? Ou um de
Jesus e os católicos. Não há separação e
seus órgãos ou uma de suas partes?
eles estão em constante relação mística.
Em segundo lugar, a Igreja é o Povo de
Há Igreja em todo momento da vida do
Deus. Para ser membro desse povo, des-
católico. É sinal da cruz para cá e para
sa nação, não basta nascer em tal ou tal
lá, rezas e expressões (Deus te abençoe;
lugar ou falar uma língua. O católico se
Deus lhe pague...). Entre Jesus e os ca-
torna um cidadão desse povo por nas-
tólicos, o sangue circula o tempo todo,
cimento espiritual, pela água e Espírito
como entre o coração e os membros do
(batismo). Tem até certidão e sinais de
corpo. Vivemos em Cristo (Gl 2,20).
identidade (cruz, terço etc.). O povo de
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Em quinto lugar, a Igreja é a Esposa de
ção. Existe a organização institucional
Cristo. Essa é uma imagem da intimida-
da Igreja, sem a qual ninguém sobrevi-
de espiritual profunda de cada um com
ve. Adaptada e adaptável, a Igreja está
Jesus. A Igreja é o conjunto das rela-
sempre mudando e se renovando. O
ções de amor de cada um e de todos
Papa Francisco é um exemplo. Ele re-
com Cristo. Essa relação é tão forte que
forma e renova estruturas eclesiais. Ele
o Senhor não está apenas no meio de
busca sempre a liberdade de evangeli-
nós, mas dentro de cada um, na profun-
zar e libertar cada ser humano na pes-
didade do ser. Somos templos do Espí-
soa de Jesus.
rito que vivifica, ilumina e conduz num
Corpo. Povo de Deus. Povo liberto e a
caminho de liberdade. Correntes e laços
serviço. Relação mística. Esposa e Tem-
são deixados para trás. Jamais seremos
plo do Espírito. Comunhão dos Santos.
escravos ou traficantes de nós mesmos
Divinamente Instituída. A Igreja é muito
ou alienados às realidades e ilusões
mais do que tudo isso e do que aquilo à
deste mundo.
qual a reduzem. Deus nos ajude a refle-
Em sexto lugar, a Igreja é transcenden-
tir, a nos converter e a fazer da próxima
tal. A Igreja é Peregrina e Triunfante,
Quaresma e da CF 2014 uma expressão
terrestre e celeste. A Igreja não é uma
do ser Igreja e da Igreja.
ONG. Ela é sobrenatural, é comunhão dos santos, dos remidos, os libertos do poder da morte! Com a caminhada, muitos santificam suas vidas. Não é
* Evaristo é pesquisador da Embrapa, ministro extraordinário das exéquias e autor do livro “300 razões para batizar” (Ed. Vozes).
possível amar Jesus Cristo e não amar a Igreja. Quem ofende um deles, ofende o outro. Em sétimo lugar, a Igreja é uma institui-
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