Revista Lumen - Dezembro de 2012 - Edição 01

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EDIÇÃO 01 - DEZEMBRO 2012

Virgem de Guadalupe A FÉ DO POVO MEXICANO PARA O MUNDO


de 23 de junho a 03 de julho de 2013

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Mãezinha, rogai por nós!

CAPA

Guadalupana

Imagem da tilma de Juan Diego, na Basílica de Guadalupe, Cidade do México, DF, Estados Unidos Mexicanos. Na tilma, foi milagrosamente impressa, em 1531, a imagem da Virgem de Guadalupe. Foto de Bárbara Beraquet

Chegamos ao fim de mais um ano, felizes pela certeza de que caminhamos um pouco mais em direção a Jesus Cristo. Tropeços não faltam nesta caminhada, por uma vida mais digna, justa e santa, mas é verdade que podemos também comemorar os passos dados. Perto do nascimento em torno do qual nos reuniremos tão logo, trazemos a você, nesta edição, um pouco mais sobre nossa mãezinha querida: no dia 08 de dezembro, comemoramos a Padroeira da Arquidiocese, da cidade e Titular da Catedral Metropolitana, Nossa Senhora da Conceição, e, em 12 de dezembro, a Padroeira das Américas, Nossa Senhora de Guadalupe. Ainda, já pensou em ser missionário? Inspire-se com a experiência de um padre da Arquidiocese de Campinas na reportagem “Dengue em Nova Iorque”. Essa e outras reportagens, você confere a partir de agora! SETOR IMPRENSA ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS


O charme e a sofisticação da CASA COR Campinas 2012 por MARISTELA DOMINGUES, NATHÁLIA TRINDADE E MARIANA IGNÁCIO

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antigo prédio da Cúria Metropolitana de Campinas, o Centro de Pastoral Pio XII, teve o prazer de sediar a 4ª edição da Casa Cor 2012. O evento, que ficou exposto do dia 30 de outubro ao dia 02 de dezembro, exibiu aos 40 mil visitantes que passaram por lá todo o requinte das tendências e destaques do universo fashion da arquitetura e decoração. Com o tema “Moda, Estilo e Tecnologia”, a mostra apresentou 36 ambientes elaborados por mais de 45 profissionais da Região Metropolitana de Campinas, São Paulo e interior. A ideia de representar um espaço semelhante a um condomínio trouxe, nos quatro mil metros de área total da sede, espaços intimistas, que se aproximaram aos aconchegantes e acolhedores lares. De acordo com a presidente da Casa Cor Campinas, Adriane Sanna, a área útil bem distribuída do prédio de três andares da Cúria tinha as proporções ideais para a realização do projeto. Além disso, a importância histórica do local para a cidade, a localização central e de fácil acesso tanto para visitantes quanto para profissionais e fornecedores, foram pontos fortes para a mostra. “A Cúria é um prédio extremamente bem centralizado, o que facilitou o acesso de todos ao evento. Isso foi fundamental”, comentou.

“A Cúria é um prédio extremamente bem centralizado, o que facilitou o acesso de todos ao evento”

Adriane Sanna


A simulação de um condomínio atento às novidades e às tendências do mundo da arquitetura trouxe inspiração e charme à exposição. Segundo Adriane, o trabalho das pessoas está cada vez mais próximo aos seus lares, e este foi um ponto decisivo na hora de integrar, em um único local, os lofts e os offices. “As pessoas costumam morar bem próximas de seus locais de trabalho, e ainda há casas e condomínios que já possuem o próprio escritório. Então eu pensei: por que não unir essas duas coisas?”, conta.

O andar térreo da Cúria deu lugar a áreas de convivência, lazer, alimentação e entretenimento, reunindo 20 espaços diferentes entre bares, lounges, restaurantes e até livrarias. O último pavimento mostrou beleza e conforto ao simular os ambientes de um apartamento; e, no andar intermediário, os modernos e espaços corporativos, com lofts e offices.


Foto de Carolina Grohmann

A CAPELA

Foto de Bãrbara Beraquet

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nspirações também não faltaram para o arquiteto Maxwell Geraldi e para o engenheiro civil e restaurador Herbert Carvente Faustino. Movidos pela fé, eles empenharam-se em desenvolver um novo projeto para a antiga capela que existia no prédio e que foi desativada pela mudança de endereço da Cúria Metropolitana. “Normalmente, em todas as mostras, sempre é feito um espaço de meditação, uma capela ecumênica, mas eu não, eu queria fazer uma Capela com cara de Capela... Afinal de contas estamos na Cúria Metropolitana”, enfatiza Maxwell. Com apoio e orientação do Arcebispo Dom Airton José dos Santos e do Padre Alexandre Moura, os dois resgataram, em um mesmo espaço, elementos religiosos, mesclando-os em um ambiente contemporâneo, inspirando seus visitantes à meditação e a oração. “Elaboramos esse projeto para mostrar que Deus está para todos”, declara o arquiteto. Um dos grandes destaques da Capela e que atraiu os olhares dos que por lá passaram foi o altar. Vindo parcialmente destruído da antiga capela do Hospital Casa de Saúde Campinas, o retábulo em mármore de Carrara, Rosso Alicante e detalhes em fios de ouro, foi recuperado e restaurado para compor o visual do ambiente. Junto ao retábulo, uma imagem em barro de Nossa Senhora da Conceição, dois painéis bizantinos pintados pelo artista plástico Fernando dos Anjos, cortinas em veludo, lustre de cristal e outros elementos tradicionais fizeram parte da composição harmônica do espaço. Além da religiosidade presente, a Capela encantou por sua beleza. Com o término da exposição, a Cúria foi presenteada com o projeto de restauração e a nova Capela fará parte do prédio.

Responsáveis pela capela, o engenheiro civil e restaurador Herbert Faustino e o arquiteto Maxwell Geraldi


Foto de Bãrbara Beraquet

Fotos de Carolina Grohmann

Dom Airton José dos Santos, Arcebispo Metropolitano, Padre Alexandre Moura, encarregado das Construções da Arquidiocese de Campinas, e Padre Rodrigo Flaibam, Diretor Executivo do Setor Imprensa da Arquidiocese


Casula do Cardeal Vincenzo Vannutelli (1836 – 1930). Segunda metade do século XIX

Retrato de Cristo com a Coroa de Espinhos (A Verônica de Guercino). Giovanni Francesco Barbieri, conhecido como Guercino (1591 – 1666)

A Virgem Maria com o Menino Jesus entre São Pedro e São Paulo. Século XIX

© Cittá del Vaticano

Exposição no Parque do Ibirapuera

traz peças do Vaticano “Esplendores do Vaticano: Uma Jornada Através da Fé e da Arte” apresenta 200 obras de arte sacra e objetos históricos

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o edifício da Oca, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, capital, desde 21 de setembro, a exposição “Esplendores do Vaticano: Uma Jornada Através da Fé e da Arte” será prorrogada até o dia 31 de março de 2013. A partir de 11 de dezembro, a exposição tem nova programação: terça-feira a domingo, das 10h às 20h. “Esplendores do Vaticano: Uma Jornada Através da Fé e da Arte” apresenta 200 obras de arte sacra e objetos históricos significativos, muitos dos quais nunca deixaram o Vaticano. Cada objeto que compõe a exposição conta sua própria história, formando um grande mosaico do legado da Igreja Católica e seu impacto sobre a arte,

história e cultura da civilização Ocidental. As coleções estão organizadas para mostrar a contribuição do Vaticano para o mundo das artes. A mostra é projetada para levar os visitantes a uma viagem através dos tempos de expressão artística e iconografia religiosa. A curadoria é de Monsenhor Roberto Zagnoli, padre italiano de Ravenna, que trabalhou no Vaticano durante 15 anos como Diretor do Departamento de Etnologia dos Museus do Vaticano. Os objetos são exibidos em onze galerias e ambientes recriados e organizados em seções temáticas, que facilitam a compreensão do visitante a respeito de sua importância histórica e artística.


Pietà, de Michelangelo Buonarroti, molde de 1975, feito a partir do molde de 1930, feito a partir do original de 1499.

Coletivamente, ilustram a evolução da Igreja e o início do papado com o primeiro Papa, São Pedro, até o Papa Bento XVI, com ênfase especial na arte e nos objetos históricos que refletem os eventos e períodos significativos relacionados ao Cristianismo. “Um belo passeio pela história da Igreja, com seus conflitos e conquistas, a partir da arte e da liturgia. Muito interessante é que os organizadores conseguiram traduzir conceitos e termos católicos numa linguagem acessível a quem não tem familiaridade com a religião. Dois detalhes muito sutis me chamaram particularmente a atenção: o primeiro, na presença de uma seção para mostrar todo o diálogo intercultural que a Igreja se esforça a fazer no seu trabalho missionário. Outro momento significativo da exposição, a meu ver, é a seção dedicada ao Beato João Paulo II, repleta de sensibilidade e visão humanista”, opina Felipe Zangari Flor, seminarista da Arquidiocese de Campinas. Zenaide Ignácio, de Campinas (SP), também visitou a exposição. “Para mim, valeu a experiência e eu fiquei muito impressionada com a Pietá. Levei mais de duas horas pra ver a exposição e, ao final do trajeto, há uma apresentação a respeito da Capela Sistina que transmite a sensação de que você está dentro dela. Muito bom”, diz.

© Cittá del Vaticano

Busto do Santificado Papa Beato João Paulo II (1978–2005). Enrico Manfrini (1917–2004). Século XX


leigos

O Concílio Vaticano II e o Laicato

MÁRCIA M. D. ALMEIDA SIGNORELLI CONSELHO NACIONAL DO LAICATO DO BRASIL

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m todos os cantos deste país e, creio, também do mundo, o Concílio Vaticano II está sendo comemorado pelos seus 50 anos. Vi e vivenciei, naquela época, as mudanças que vieram com esse Concílio e pude sentir que ele realmente pretendeu ser e foi uma “primavera na Igreja”. Muitas incertezas? Sim. Muitas resistências? Também. O medo de mudar trazia conflitos: mal sabíamos nós que, como dissera Dom Helder, a I-greja mudava para continuar sendo a mesma Igreja fiel a Jesus Cristo. Lembro-me, ainda menina, numa escola de religiosas, que ouvimos o sino da Igreja anunciar a morte do papa Pio XII. Foi tanta comoção naquele momento e isto me marcou profundamente! Também acompanhei com minha mãe as notícias da sucessão. Ela comprava a revista Manchete e O Cruzeiro e víamos as fotos dos possíveis escolhidos. E ficávamos torcendo por este ou aquele, mas tínhamos quase a certeza de que, segundo os jornais e revistas, o secretário de Pio XII, o então Monsenhor Montini, era um dos mais cotados. E surpresa! O Cardeal Ângelo Roncalli é quem foi o escolhido pelos cardeais para ser o novo papa. E escolheu o nome de João: João XXIII. E, até hoje, quando se fala dele, lembra-se que o processo da escolha não fora fácil; quem sabe ele poderia ser um papa de transição. E de fato foi! Mas ficou o suficiente para “abrir portas e janelas” de uma Igreja que precisava olhar o mundo e dar respostas aos clamores conseqüentes de uma Modernidade onde Deus não tem importância, onde o EU é a medida de tudo e a Razão humana dará destino e cuidará de tudo. Dará impulso à Ciência que propiciará uma nova vida, construirá o melhor dos mundos, o paraíso aqui e agora. Por que não um Concílio, em que todas as reali-

dades serão colocadas e questionadas e pensadas por todo um colegiado? Em que a Igreja, Mãe Mestra, ouvirá e acolherá os clamores dos povos e da própria Igreja? E João XXIII convoca o Concílio, será o Vaticano II, por que a História nos conta que o Vaticano I não se concluíra. Na Constituição Apostólica de convocação do Concílio, ele diz: “A Igreja assiste hoje a uma crise que aflige gravemente a sociedade humana. Enquanto a humanidade está para entrar num tempo novo, obrigações de gravidade e amplitude imensas pesam sobre a Igreja, como nas épocas mais trágicas da sua história. Trata-se na verdade de por em contato o mundo moderno com as energias vivificadoras e perenes do Evangelho: mundo que se exalta em suas conquistas no campo da técnica e da ciência, mas que carrega também as conseqüências de uma ordem temporal que alguns quiseram reorganizar prescindindo de Deus”. De fato, a Modernidade, apesar de seus grandes avanços, levou o mundo à barbárie, à exploração, à exclusão, à morte. Na Gaudium et Spes, n.10, o Concílio dirá: “Todavia perante a evolução atual do mundo, cada dia são mais numerosos os que põem ou sentem com nova acuidade as questões fundamentais: Que é o homem? Qual o sentido da dor, do mal, e da morte, que apesar do enorme progresso alcançado continuam a existir? Para que servem essas vitórias ganhas a tão grande preço?”. Não há, em nenhuma manifestação que o Concílio faça, que não seja de uma riqueza infinda, de possibilidades de avanços, de respeito à pessoa e ao mundo. Lembro-me, com alegria, e disso tenho registrado fatos e fotos, que leigos e leigas desta Arquidiocese se reuniram para estudar a Gaudiun et Spes e a Apostolicam Actuositatem.


leigos

“... Encantados pela prática de Jesus, o Verbo Encarnado, vivem, anunciam e buscam construir o Reino, quer nas pastorais paroquiais, na sua vida familiar, nos ofícios que desenvolvem”

Muitos de nós, ali presentes, crentes dos caminhos do Concílio, ainda estamos tecendo os planos de pastorais desta Arquidiocese, hoje com bem mais idade e mais artroses - quem sabe -, mas fiéis entusiastas deste Concílio. Como cristã leiga, não poderia deixar de lembrar que foi com o Concílio que leigos e leigas adquiriram a sua maioridade como sujeito eclesial. E é deste evento que o laicato emerge como Igreja a pleno título. Depois disso, cristãos leigos e leigas vêm construindo uma trajetória diferente de eclesialidade: o entendimento de que é co-responsável pela missão do Espírito, a construção do Reino, designada à Igreja e para qual todos os batizados foram escolhidos sem distinção. Mas, se o Concílio reconstruiu o caráter de sujeito que tinha desaparecido ao longo de mais de 15 séculos, é preciso lembrar que foi neste Concílio que os leigos e leigas começaram a falar. Inicialmente através dos bispos que acompanhavam a Ação Católica, na qual os leigos e leigas tinham uma atuação primordial. Depois, quando da elaboração da “Gaudium et Spes” e da “Apostolicam Actuositatem”, as duas comissões, que às vezes se reuniam, resolveram chamar os leigos e leigas para participarem. E estes e estas entraram no Concílio pela porta da frente, ajudaram a redigir estes dois maravilhosos documentos. A partir daí não mais haveria objeto da cura pastoral dentro da Igreja, como os leigos foram tratados durante séculos. Reafirmam os bispos em Aparecida, que os cristãos leigos e leigas, “discípulos missionários que, encantados pela prática de Jesus, o Verbo Encarnado, vivem, anunciam e buscam construir o Reino, quer nas pastorais paroquiais, na sua vida familiar, nos ofícios que desenvolvem”. Como vi e vivenciei as mudanças deste Concílio e tenho acompanhado o seu desenrolar, pessoalmente creio que, depois de 50 anos, já tivemos um tempo considerável para ver realizadas, de fato e de direito, as suas propostas. Talvez com passos mais rápidos para acompanhar o caminhar rápido dos tempos de hoje. O Concílio foi tão claro ao ler

os sinais dos tempos! Claro que há muita gente lutando nessa linha, se unindo e carregando com força, sua fé e sua vida, não remando contra a maré. Mas ainda temos muito leigo/a, muito padre, que ainda não conseguiu separar a perfumaria da essência. A tendência de ficar muito na perfumaria é que impede a caminhada, seja ela qual for. A esses anti-Vaticano II - e parece até que há uma movimento contra, ou de reformulação - e que, tímido, a princípio, apresenta-se hoje sem véus, a céu aberto questionando e brecando os passos mais largos que o Concílio ainda pretende dar, a esses lembro que nesta mesma Constituição de convocação do Concílio, no seu final, há um chamado e um alerta que reconduz aos seus princípios: “Queremos que a presente Constituição conserve toda a sua eficácia, agora e no futuro, de tal forma que o que por ela foi decretado seja religiosamente observado por todos aos quais diz respeito, e portanto, conserve a sua força. Nenhuma prescrição contrária, seja de que gênero for, poderá opor-se à eficácia desta Constituição....Por isso, se alguém, qualquer que seja a sua autoridade, conscientemente ou por ignorância, agir contra o que estabelecemos, declaramos tais atos nulos e sem valor. Além disso, que ninguém tire ou altere algo destes nossos documentos da nossa vontade ou desta Constituição.” Ou seja, do Concílio como um todo. Beato João XXIII interceda por nós ao Pai, para que a nossa Igreja, aprendendo do Vaticano II, seja um sinal forte de sua presença na História, tenha coragem de se “Repensar profundamente e a relançar com fidelidade e audácia sua missão nas novas circunstâncias” (DAp 11) toda vez em que for necessário, para responder ao século XXI que necessita da prática de Jesus e de uma Igreja iluminadora a fazer real essa prática.


SOBRIEDADE

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS por MARISTELA DOMINGUES, NATHÁLIA TRINDADE E MARIANA IGNÁCIO

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ma irmandade que ajuda homens e mulheres a lutar contra o vício do álcool por meio de reuniões em grupo, assim são os Alcoólicos Anônimos (A.A.). Presente em 150 países e criada há mais de 70 anos, a organização não aceita qualquer tipo de ajuda financeira de pessoas de fora, abrindo espaço apenas para o trabalho voluntário. De acordo com um membro do Comitê Trabalhando com os Outros de Alcoólicos Anônimos de Campinas, o CTO, que, pelas tradições da irmandade, não será identificado, a irmandade de A.A. busca ajudar seus membros na recuperação pessoal de cada um deles. “Nós não combatemos o álcool, não fazemos campanha contra ele, nós cuidamos das pessoas que sofrem com o uso dele”, conta. Há inúmeras interpretações do que é realmente considerado alcoolismo. Na visão de A.A., é a junção de uma alergia física a uma obsessão mental. Os membros sempre se considerarão alcoólicos, já que a irmandade não acredita que a doença possui uma cura: cada um pode se dizer, apenas, alcoólico sóbrio ou em recuperação. O mais importante para que alguém comece seu processo de reabilitação é reconhecer o seu vício e ter o desejo de parar de beber. “Quando uma pessoa chega à reunião pela primeira vez, o que importa é a visão que ela tem do próprio vício”, esclarece o membro do A.A.

Para que um membro da irmandade possa melhorar sua vida e modificar seus hábitos, a organização criou “Os Doze Passos”, um programa com sugestões para o alcoólico aplicar em seu dia-a-dia, com forte caráter espiritual. “A ajuda dos passos é espiritual, mas não religiosa. Não discutimos religião, cada membro tem a sua e nós respeitamos isso”, disse o entrevistado. Os passos idealizados pelo A.A. são usados por vários outros tipos de organizações e associações que trabalham na luta contra o alcoolismo, como a Pastoral da Sobriedade, organismo da Igreja Católica que também ajuda na recuperação contra ao alcoolismo. Junto com “Os Doze Passos”, a irmandade de Alcoólicos Anônimos desenvolveu uma espécie de guia para o comportamento de seus membros, em relação ao relacionamento entre eles e até com as pessoas de fora. Assim, foram criadas “As Doze Tradições”, um conjunto de princípios que deve ser seguido por todo membro de A.A., de qualquer lugar do mundo. “Seguir as tradições é uma forma de nós nos relacionarmos melhor; em nenhum momento isso é colocado como uma regra, uma obrigação. Estamos seguindo, porque estamos inseridos na irmandade e nos sentimos bem assim”, destaca o membro. “As Doze Tradições” também definem a democracia que ocorre na irmandade. Os membros que possuem cargos não possuem nenhuma autoridade oficial,


CRISTO REI eles apenas sugerem atos que podem ser feitos ou não. Não há regras e também não há controle dos membros; qualquer pessoa pode participar e não precisa pagar nada por isso. “Nós não recusamos nenhuma pessoa, por nenhum motivo, aqui é um lugar que está aberto para quem deseja ou necessita de ajuda”, afirma. Uma parte muito importante nas tradições é o anonimato. A irmandade acredita que é um ponto fundamental na recuperação de membros. E, com isso, todos podem estar no mesmo nível, homens e mulheres de qualquer profissão, histórico de vida, ideologias, religião. O membro do CTO diz que a medicina e a religião são elementos que mais apoiam a causa. “Quando um alcoólatra procura um médico ou um padre, por exemplo, eles sempre encaminham para o A.A., e nós ficamos muito felizes com isso, porque significa que eles confiam no nosso trabalho, conta.” Como surgiu A.A.? A irmandade de Alcoólicos Anônimos nasceu em 1935, em Akron, Ohio, Estados Unidos. Um executivo de Nova York, sóbrio depois de anos de embriaguez, procurou outro alcoólico e foram ao médico. Durante os meses de sobriedade, esse homem percebeu que enquanto tentava ajudar outros alcoólicos a se libertar do vício, ele estava perdendo a vontade de beber. Esses dois homens, Bill e Dr. Bob, juntos são os co-fundadores de A.A. e descobriram que a capacidade de se manter sóbrios estava ligada a ajuda que davam aos outros alcoólicos. Durante quatro anos, o movimento que ainda não tinha um nome, foi crescendo pelo país. Em 1939, com a publicação do livro “Alcoólicos Anônimos”, do qual foi tirado o nome da irmandade, o A.A. chamou mais a atenção e ficou conhecido nacional e internacionalmente. Hoje, são aproximadamente dois milhões de membros em recuperação, espalhados pelo mundo todo.

A Paróquia Cristo Rei possui um projeto de apoio à sociedade, em que o objetivo é organizar, acolher e cuidar do ser humano. Todas as atividades oferecidas pela Paróquia são gratuitas, contando com a ajuda de voluntários que se dispõem a trabalhar pelo próximo. No projeto encontramos vários tipos de atividades, como orientação vocacional, alfabetização de adultos, brechó solidário, futebol, coleta de óleo de fritura usado entre outros. O grupo Cantão de Alcoólicos Anônimos também está presente no projeto e se reúne em uma das salas da igreja. Para o pároco da Cristo Rei, o Cônego Luiz Carlos Magalhães, as Paróquias devem se preocupar com as necessidades do ser humano em geral, e não apenas as ligadas na religião. “Evangelização e Sacramento não são os únicos objetivos da Paróquia, ajudar as pessoas que fazem parte da nossa comunidade é muito importante”, afirma o Padre. O grupo Cantão procurou a Paróquia para utilizar algum espaço disponível e o Padre Magalhães, que já estava organizando o projeto, apoiou totalmente a causa do A.A. “É um trabalho que valoriza o ser humano e ajuda a pessoa a buscar um equilíbrio pessoal e em grupo”, conta. Muitas outras paróquias em Campinas apoiam esta causa. Basta perguntar em sua secretaria! Como participar? Existem mais de seis mil grupos de Alcoólicos Anônimos no Brasil, em Campinas são 13 grupos. Para ingressar na irmandade é só ir a alguma reunião de qualquer grupo e o processo de reabilitação é totalmente gratuito. O escritório de Serviços Locais em Campinas fica na Rua Proença, 737 – Bosque. Informações pelo telefone (19) 3234.8088.


PEQUENINOS DO SENHOR

A Primavera dos pequeninos está acontecendo!

Os frutos estão surgindo! Olá amigo, olá amiga dos pequeninos,

Foto: Pequeninos do Senhor

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Agência Zenit – ‘O mundo visto de Roma’ – me entrevistou em agosto deste ano, e nós vamos publicar, neste caderno, aquilo que foi divulgado também em espanhol e italiano, promovendo o interesse de mais 7 países pela implantação do Projeto Pequeninos do Senhor. “O que fazer com os filhos pequenos na hora da Santa Missa? Como se concentrar com a garotada gritando e correndo pelo corredor da Igreja? Sem dúvida, toda família com criança pequena sabe da aventura que é cada Missa Dominical. O ‘Pequeninos do Senhor’ é um projeto da Arquidiocese de Campinas, fundado em 1997, na casa de uma catequista, com somente 8 crianças no princípio, e que propôs uma solução eficaz para esse problema. (ZENIT.org) As atividades da Associação Católica Pequeninos do Senhor estão desabrochando na primavera dos seus 15 anos de evangelização. É o Senhor abrindo os caminhos por onde quer que Sua obra floresça. E, neste caderno você encontrará alguns frutos

que estão encantando o jardim do Criador. Nós continuamos semeando sem cessar, para que você tenha sempre algo com que se abastecer junto aos pequeninos! Desejamos a você uma boa colheita, ou seja, uma boa leitura! Um abraço fraterno... : ) Rachel Lemos Abdalla Fundadora e Presidente da Associação Católica Pequeninos do Senhor


PEQUENINOS DO SENHOR

Foto: Bárbara Beraquet

Quem faz o caderno Pequeninos do Senhor Rachel Lemos Abdalla e Fabíola Romano Rocha de Assis Direção Espiritual: Mons. João Luiz Fávero Colaboração Psicopedagógica: Daniela Frattini Colla - danifrattini@hotmail.com Debora Corigliano - deboracorigliano@hotmail.com Colaboração Pedagógica: Beatriz Maria Miranda Ferreira biamariaf@yahoo.com.br

Contato: 5519 2121.0444 Email: contato@pequeninosdosenhor.com.br Site: www.pequeninosdosenhor.com.br Escreva para o Pequeninos do Senhor Envie o seu depoimento ou conte-nos a sua história vinculada ao Projeto Pequeninos do Senhor! E se quiser dar alguma sugestão ou fazer alguma crítica, encaminhe para o nosso endereço de email: contato@pequeninosdosenhor.com.br Com certeza sua mensagem será lida e nós lhe responderemos!


PEQUENINOS DO SENHOR

Novidade:

Comemoração dos 15 anos Pequeninos do Senhor

N

o dia 25 de agosto, o Pequeninos do Senhor completou 15 anos de evangelização com uma Missa de Ação de Graças na Paróquia Nossa Senhora das Dores. A Missa foi celebrada por Dom Airton José dos Santos e contou com a presença do Arcebispo Emérito de Campinas, Dom Gilberto Pereira Lopes, do Monsenhor João Luiz Fávero que é o Vigário Geral da Arquidiocese de Campinas e Pároco da Igreja Nossa Senhora das Dores, e do Monsenhor Waldemiro Caran. Estavam lá também o Cônego José Luiz Nogueira Castro; os padres amigosdos pequeninos Aparecido Donisete Barbosa, Cláudio Wilson Müller, Dalmirio Amaral, Francisco Assis Junior, José Eugênio Fávero, Luiz Carlos Magalhães, Odair Costa Nogueira, Silvio Tesche; o Diácono Permanente José Antonio Jorge e o seminarista Ramon Zólio.


PEQUENINOS DO SENHOR

Fotos: Pequeninos do Senhor

Diretoria e padres presentes à missa.

A Missa foi transmitida pela Rádio Brasil Campinas e contou com a presença de muitos amigos da Associação, Coordenadores e Catequistas de diversas Paróquias da Arquidiocese de Campinas além de muitos pequeninos que participaram da procissão de Nossa Senhora depois de uma chuva de pétalas que caíram sobre eles como bênçãos perfumadas das mãos do Pai que conduz a Obra. Dom Airton entregou um terço, como lembrança deste dia, para seis pequeninos que participaram da procissão das oferendas; deu uma bênçãos aos catequistas presentes e entregou uma medalha de lembrança a cada uma das diretoras. Após a Missa todos se reuniram no Espaço Social do Cambuí para uma confraternização.


PEQUENINOS DO SENHOR

Palavra da Igreja

Educar para o mundo novo Homilia de Dom Airton José dos Santos

Missa de Ação de Graças pelos 15 anos de Evangelização Pequeninos do Senhor 25 de agosto de 2012

H

Dom Airton agradeceu a Dom Gilberto Pereira Lopes, Arcebispo Emérito, que, em sua sabedoria, apoiou e incentivou o trabalho de evangelização, de modo especial, das crianças e dos pequenos. Na foto, com criança do projeto Pequeninos do Senhor.

oje, nesta Missa, agradecemos a Deus por tudo o que Ele nos concedeu e, de modo muito particular, tudo aquilo que concedeu aos catequistas, homens, mulheres, mães de família, pais que dedicaram tempo, energia e esforço para orientar este trabalho de evangelização. Deve estar em cada um de nós a consciência de que devemos evangelizar. É nossa responsabilidade, como batizados, a de levar a Boa Nova de Cristo aos outros e a de encontrar os meios para que aquilo que o Evangelho traz seja integralmente assimilado e compreendido. A evangelização das crianças comporta exigências. Criança não é adulto pequeno, mas, às vezes, nós, adultos, assim desejamos e exigimos das crianças aquilo que ainda não podem dar. Devemos, considerando as limitações e características desta fase da vida, preparar as crianças para o mundo adulto, preparar as crianças para viverem em sociedade, para serem membros da Igreja de Cristo, ativos, fiéis a Cristo e fiéis à Igreja. Este trabalho todo não é senão o trabalho de evangelização, de catequese, de orientação e de acompanhamento.


PEQUENINOS DO SENHOR

“Criança não é adulto pequeno”

Precisamos oferecer, integralmente, a verdade da Fé para que as crianças tenham segurança no caminho que percorrerão. Muito do que oferecermos, elas somente compreenderão no futuro, mas, se não lhes for dado agora, neste momento, elas não terão como compreender mais tarde. O que é escrito em nossa vida permanece para sempre! Ninguém consegue apagar uma experiência de vida e as crianças devem fazer uma experiência positiva do encontro com Jesus. Como ouvimos hoje, no Evangelho, Jesus disse aos seus discípulos: “deixai vir a mim as criancinhas” (Lc 18,16). Mais do que deixar, indica-nos a fazer com que as crianças venham até Ele. Este é um questionamento que devemos nos fazer: estamos ajudando os pequenos, as crianças, especialmente, a se encontrarem com Jesus? Ou impedimos as crianças de chegarem ao Seu encontro? Fazemos com que as crianças cheguem até Jesus através de nosso testemunho, de nosso exemplo, de nosso modo de ser e de pensar. Organizar um trabalho de evangelização das crianças é tarefa muito importante e séria. Temos que conhecer claramente qual o ensinamento da Igreja e o que ela propõe. Devemos compreender

como o Evangelho deve ser anunciado; não apenas alguns “pedaços”, mas ele todo, para que as crianças tenham, então, os alicerces e parâmetros que as auxiliarão a chegar bem à adolescência, à juventude e à fase adulta. Cumprimentando a todos, hoje, fica, para cada um de nós, esta responsabilidade: a de criar um mundo novo. Precisamos, portanto, educar para o mundo novo. Educar para o bem, para a justiça, para a fraternidade, para a solidariedade. Educar para a vida em Deus, uma vida que é contrária ao pecado e contrária àquilo que nos afasta de Deus, uma vida que é próxima de Jesus Cristo, que nos conduz a Deus, o nosso Pai. E, assim diz o Evangelho, ninguém chega a Deus senão por Jesus Cristo. Não há outro caminho a não ser este que é Caminho, Ele mesmo, Verdade e Vida para todos nós. Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo! Queridos irmãos e irmãs, no silêncio de nossos corações, nos preparemos para que esta Santa Missa produza, em nós, todos os efeitos; que a Eucaristia produza em nós tudo aquilo que é necessário para a nossa Salvação.



PEQUENINOS DO SENHOR

Pequeninos do Senhor agora tem ‘Programet’ na Rádio Brasil Campinas

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o dia 09 de junho de 2012, foi ao ar pela Rádio Brasil Campinas – Jovem Pan SAT – AM 1270 – da Arquidiocese de Campinas, o primeiro ‘Programet’ semanal ‘Pequeninos do Senhor’. Desde então, toda terça-feira, no Programa Povo de Deus, das 16h às 17h10min, com o locutor Valdir Cremasco, o Programet é inserido trazendo uma entrevista feita pela Rachel Abdalla, com catequistas e amigos dos pequeninos, oferecendo aos ouvintes uma mensagem sobre a evangelização das crianças em casa e na catequese. O apresentador do Programa Povo de Deus, Valdir Cremasco assim descreve: O Pequeninos do Senhor é cativante desde a sua essência, é apaixonante... Sinto-me honrado em fazer parte, de maneira ínfima, pequena mesmo, dessa história, abrindo espaço no ‘Programa Povo de Deus’, antes no ‘Igreja em Ação’ na Rádio Brasil de Campinas, com um quadro semanal, onde objetivamente é exposta a sua filosofia, o seu plano de trabalho.Sonho, como sonha a Direção do Pequeninos, em ver esse lindo trabalho implantado em todas as Paróquias da nossa Arquidiocese... Não façam algo “parecido”, implantem!

Aos catequistas

Você é um anjo aos olhos de Deus Por Rachel Lemos Abdalla

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ocê já parou para pensar na sua dignidade e no seu apostolado como catequista de crianças? Isso exige abertura ao Pai e grande desejo de seguir a Jesus na arte de evangelizar os pequeninos, para que, bem instruídos, alcancem a vida eterna! Os catequistas, de modo muito parecido com o anjo da guarda, têm o compromisso com Deus de cuidar daqueles que lhes foram confiados, formando-os na doutrina cristã para o amor. Uma criança é como um barro pronto para ser moldado, e bem orientada se torna um jovem do bem, dócil e gentil na sociedade, porque aprende a amar e caminhar com Jesus por onde quer que vá. Por isso, tenha sempre muita caridade, uma profunda humildade, a máxima paciência e um cuidado contínuo na missão que lhe foi dada, de ajudar o Senhor no encaminhamento e evangelização dos seus preferidos. Fazendo isso estará sendo discípulo de Jesus, que um dia disse: “O que fizestes a um dos meus pequeninos, a mim o fizestes.” (Mt 25,40)


PEQUENINOS DO SENHOR

Pequeninos do Senhor: um modo diferente de Evangelizar PORQUE LEVAR A CRIANÇA À MISSA?

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Pequeninos do Senhor acredita que a formação cristã se dá a partir da prática das virtudes, de preferência desde a primeira infância. E uma das virtudes que precisam ser praticadas é a perseverança. Quando nos esforçamos continuamente por fazer, especialmente o que é bom, nos tornamos semelhantes a Deus, o único Bom, a fonte de todo o bem. São Paulo nos convida, na carta aos Romanos, que sejamos alegres na esperança e perseverantes na oração.

Assim devemos ensinar, também, às nossas crianças, a serem perseverantes na oração. Quando levamos as crianças na missa todo final de semana, estamos cumprindo com a nossa responsabilidade de pais cristãos, perseverando no compromisso de um encontro marcado com Deus. Em consequência, as crianças estão formando, no inconsciente, o conceito de louvor e respeito a Deus e aos seus Mandamentos, em especial ao 3º Mandamento que é ‘guardar os domingos e dias de festas para dar graças a Deus’. É na missa que as crianças aprendem a rezar ‘em comunidade’ e a ouvir os ensinamentos de Jesus Cristo. Especificamente, no Projeto Pequeninos do Senhor, as crianças vivenciam a comunidade encontrando-se, semanalmente, com outras crianças que também vão à missa, partilhando o que aprenderam e o que já sabem; e crescem na fé ouvindo as histórias da vida de Jesus e aprendendo a mensagem de amor que Ele deixou para nós.


PEQUENINOS DO SENHOR

Tudo isso na linguagem delas: brincando! Os pais não deixam os filhos crescerem primeiro para que eles mesmos, quando adultos, escolham a escola que vão frequentar. Ao contrário, confiantes, os encaminham para aquela que melhor lhes convém para a educação e formação cultural e social de seus filhos, na certeza de que estão cumprindo com o compromisso de pais na sociedade. Se somos batizados, um dia fomos introduzidos numa comunidade cristã e, por isso, temos o compromisso com Deus de

educar nossos filhos também na fé cristã, nesta mesma comunidade. Se não lhes mostrarmos o Caminho para que estejam lado a lado, de mãos dadas, com Jesus desde pequenos, quando crescerem não saberão por onde caminhar e nem terão o discernimento para quem dar as mãos. Pensem nisso! A formação cristã dos pequeninos depende da virtude da perseverança dos pais que tanto os amam, confiantes de que estão agindo coerentemente com a sua fé.

Clique aqui para ouvir o programa sobre este tema gravado na Rádio Brasil Campinas, da Arquidiocese de Campinas Por Rachel Lemos Abdalla


PEQUENINOS DO SENHOR

Entrevista

MUITAS FAMÍLIAS DEIXAM DE IR À MISSA PORQUE AS CRIANÇAS NÃO PARAM QUIETAS ZENIT entrevistou Rachel Abdalla, atual presidente da Associação Católica Pequeninos do Senhor, e uma das fundadoras. Rachel nos explica a origem do projeto e como é fácil montá-lo na própria Paróquia ou Diocese. Confira trechos da entrevista! Por Thácio Siqueira

ZENIT: Já são mais de 100 paróquias que implantaram esse projeto no Brasil e alémfronteiras nacionais. O que é preciso fazer para ter o projeto implantado em uma Paróquia? Rachel Abdalla: Para os encontros semanais com os pequeninos durante as Missas, desenvolvemos o ‘Missal dos Pequeninos’ a partir do Missal Dominical da Igreja Católica, que é um subsídio pedagógico-litúrgico-catequético para evangelizar as crianças de modo lúdico e numa linguagem adequada a elas. Este subsídio oferece, também, uma formação para os catequistas, para que cresçam espiritualmente, transformando a Palavra de Deus, que é viva, em prática cristã, testemunhando, no dia a dia, a fé e a esperança onde estão.Para ter acesso a este subsídio, é preciso implantar o Projeto

‘Pequeninos do Senhor’ na Paróquia. Para isso, basta que o Pároco ou um catequista, preencha um ‘cadastro’ que se encontra no site www.pequeninosdosenhor.com.br para, em seguida, receber uma instrução por telefone ou por email. Atualmente (2012), o projeto ‘Pequeninos do Senhor’ está implantado em mais de 100 Paróquias e Comunidades em vários Estados do Brasil, em Angola, Moçambique, Cabo Verde e no Canadá, em uma Comunidade de portugueses. ZENIT: Uma das grandes dificuldades das famílias com crianças pequenas é participar da Santa Missa. Por que os pais sentem essa dificuldade? A senhora tem filhos? Rachel Abdalla: Muitas famílias deixam de ir à Missa porque as crianças não param quietas, incomodam a comunidade, atrapalham a concentração dos fiéis e, com isso, os pais sentem-se constrangidos de levá-las consigo para a Igreja. E, por não terem com quem deixá-las, acabam não participando, também, deste compromisso cristão, deste encontro dos filhos com o Pai.


PEQUENINOS DO SENHOR

Foi por sentir isso dentro de nossas famílias que desejamos, inspiradas pelo Espírito Santo, acolher os pequeninos durante as Missas, nos finais de semana, com o propósito de evangelizá-los com o mesmo Evangelho do Domingo, num espaço adequado e especialmente preparado para eles, enquanto seus pais participam da Celebração da Eucaristia. Eu tenho duas filhas que hoje já são adultas (23 e 19 anos) e elas participaram do projeto desde bem pequeninas, quando iniciamos os encontros em 1997. ZENIT: Desde 1997 que o projeto está funcionando. Como foi a acolhida entre os bispos, sacerdotes, e agentes de pastoral? O projeto tem o apoio de algum bispo do Brasil? Rachel Abdalla: O Concílio Vaticano II, através da Constituição Lumem Gentium (1964) define a Igreja como Povo de Deus, e incentiva e apoia os leigos a trabalharem com todo vigor para Cristo. Porém, com toda razão, a Igreja ainda permanece muito zelosa e cautelosa para dar o seu apoio incondicional a uma obra evangelizadora, principalmente àquelas que nascem a partir de leigos. É preciso, antes, que esta obra se consolide, cresça e mostre seus frutos para que seja reconhecida. Mas, nada disso impediu que esta obra de Deus crescesse e avançasse por caminhos tão diversos! E nós não temos noção do tamanho dela, porque somos apenas instrumentos capacitados pelo Pai que tudo vê e tudo sabe. O trabalho de evangelização com os pequeninos iniciou em 1997, e somente 13 anos depois, em 2010, foi possível o reconhecimento oficial através de um ‘Ad Experi-

mentum’ por 5 anos, pela Arquidiocese de Campinas. Por ocasião do ano 2000, o nosso então Arcebispo, Dom Gilberto Pereira Lopes, aprovou, apoiou de imediato, nos incentivou e abriu as portas da Cúria para a divulgação entre o Clero. E, a partir daí, nós semeamos a ideia dentro da nossa Arquidiocese e, no tempo de Deus, o projeto foi sendo implantado e desejado por outras Paróquias. Quando Dom Bruno Gamberini, in memoriam (+2011), assumiu a nossa Arquidiocese em 2005, ele também nos apoiou, orientou e encaminhou para a apresentação do projeto em outras Dioceses circunvizinhas, o que permitiu também a amplitude da divulgação, além de apoiar a fundação da ‘Associação de Fiéis Leigos’, denominada ‘Pequeninos do Senhor’, em 2010. Em abril deste ano de 2012, Dom Airton José dos Santos assumiu a Arquidiocese e, recentemente, apresentamos a Associação Pequeninos do Senhor a ele que nos acolheu com muito estímulo, focando a obra como uma importante etapa inicial da catequese catecumenal. O ‘Pequeninos do Senhor’ é uma obra Diocesana, oficialmente reconhecida pela Arquidiocese de Campinas e atualmente, o nosso pastor é Dom Airton José dos Santos; e o nosso Diretor Espiritual é o Mons. João Luiz Fávero, Vigário Geral da Arquidiocese de Campinas. Nosso próximo passo, dentro da Igreja, nos próximos 3 anos, será encaminhá-la para a aprovação Apostólica, em Roma.


Dengue em Nova Iorque Missionariedade à prova POR BÁRBARA BERAQUET

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ncentivado por Monsenhor Nilo Romano Corsi (falecido em 2010) a seguir a vocação sacerdotal, Padre José Eugênio Fávero completa, agora em dezembro de 2012, 25 anos de sua ordenação presbiteral. Nascido e criado em Pedreira, interior de São Paulo, carrega um caminhão de bagagem quando o assunto é missionariedade. Este, afinal, foi o primeiro impulso que sentiu quando chamado à vocação que seguiria por toda a vida. “No quintal da minha casa tinha uma goiabeira, e eu subia nessa goiabeira e ficava imaginando o que havia atrás daquele morro, como é que eu faria para conhecer...”, relata.

Padre José Eugênio Fávero, em missão na África

Ao assistir um filme sobre um missionário na China que recebe a visita de um companheiro – ambos da Escócia – ficou claro para Eugênio, ainda molecote, qual seria seu destino. O visitante perguntava ao outro o que o tinha levado até a China e a ser missionário. Nada, senão a constante curiosidade em saber o que havia depois “daquela” montanha. “E aí, de montanha em montanha, cheguei à China!”, ele respondia. Era assim que o futuro padre pensava e, a partir da experiência no grupo de jovens, já assumindo responsabilidades, e em um grupo de Pastoral Operária, a entrada no seminário foi um passo dado com naturalidade.


A ordenação em 1987 e a nomeação como pároco da Paróquia Nossa Senhora da Pompeia, no mesmo ano, pelo Arcebispo Emérito Dom Gilberto Pereira Lopes, deram ao jovem padre a sensação de que o sonho de partir em missão estava acabado. “Para sair, não vai ser mais possível”, foi o sentimento de então. Logo, ele descobriria que era um engano sentirse assim. Mesmo dentro da igreja e dentro da perspectiva de trabalhar com o clero diocesano, e não só com os religiosos, ele percebeu que havia outra maneira, mais abrangente, de enxergar a missão como um chamado, uma decisão própria da pessoa de se colocar a serviço. Embora o espírito missionário se fizesse presente todo o tempo, a primeira aventura fora de sua Arquidiocese e distante de casa, daquilo que lhe era familiar, foi no Ceará. Na região Nordeste do país, a marca do povo cearense é a devoção

Padre José Eugênio chegou à África, em missão, em fevereiro de 2004 e retornou ao Brasil em fevereiro de 2007. Ele fala sobre a experiência.

ao Sagrado Coração de Jesus e ao Padre Cícero Romão Batista, o Padim Ciço (mas isto é assunto para uma próxima reportagem). Lá, Padre Eugênio assumiu uma paróquia e colocou-se diante das dificuldades daquela realidade particular. Dessa fase, ele guarda na memória, sempre, a acolhida do povo. “Você vai evangelizar com seu testemunho de presença, mas você acaba também sendo evangelizado pela acolhida das pessoas”, diz. “Aprendi muito com a maneira deles, com a Igreja, com a Diocese de lá e com a maneira deles vivenciarem a fé! Devocional, mas também comprometida com a realidade e com a necessidade. Não havia aquela dificuldade que nós temos aqui – ‘o que é meu é meu, e cada um se vira’”, explica.


“Houve muito sofrimento também, muita coisa que eu tive que passar com eles”

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a vida diária, Padre Eugênio mostrava-se de camisa e camiseta, sempre por fora da básica calça jeans. Esse jeito simples de se vestir, “seu estilo”, como ele define, foi alvo da preocupação das “Madrinhas do Altar”, um grupo de senhoras que cuida das “toalhas, da arrumação da igreja e dos padres, é claro”. Uma delas foi até ele e comunicou que mandariam fazer uma “farda” para que ele fosse pronto às missas na catedral da cidade. “E eu pensei, Meu Deus, acho que estão me achando mal-arrumado”, conta. Medidas tiradas e farda pronta, Padre Eugênio confessa que se sentia bem com a roupa. “A alegria delas era eu estar com a farda nessas festas da Diocese”, lembra. Os contos do folclore local e as anedotas de sua passagem pela Terra da Luz não contam, no entanto, toda a sorte. Aquela missão, como tantas, tinha seu quinhão de tristeza. “Houve muito sofrimento também, muita coisa que eu tive que passar com eles, a morte de muita gente, de crianças e de pessoas doentes. Eu estive lá no momento de seca muito forte, e de um surto de cólera, com uma campanha muito bem aceita pelo povo, que, logo, graças a Deus, acabou com o perigo de uma epidemia”, diz o padre, para quem tudo se deve ao trabalho de evangelização e de a população aceitar a pessoa e a presença do padre como alguém que está lá para ajudar.


Ad gentes em terras africanas

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m seu retorno a São Paulo, com o desmembramento da Arquidiocese de Campinas e a criação da Diocese de Amparo, Padre Eugênio assumiu a coordenação de pastoral da diocese que dava seus primeiros passos. Alguns anos mais tarde, ainda alimentando o desejo de partir para um novo serviço, ele integrou um grupo da Missão ad gentes da CNBB. Faltava um padre para completar a equipe, o que vinha bem a calhar, e lá seguiu Padre Eugênio, para um mês de convivência com os demais integrantes, numa pequena cidade do Maranhão, a cerca de 500 km da capital São Luís, chamada Nova Iorque. “Lá eu fui ‘batizado’, contrai o vírus da dengue”, lembra, com risos. “Passei uns dias muito complicados com a saúde, internado... Voltei, fomos nos preparando e fomos para a África”, conta o padre sobre o grupo de seis missionários que partia para o continente da vida selvagem. Padre Eugênio chegou então à província mais carente de Moçambique. Chamada Niassa, era banhada pelo lago de mesmo nome. A formação prévia, no entanto, não foi suficiente para preparar o grupo para a maneira de conceber Deus, a família e até o relacionamento do povo local. “Tivemos que aprender”, diz.


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urante dois anos, Padre Eugênio acolheu e foi acolhido pelo povo Macua, o mais numeroso de Moçambique, mas, ao mesmo tempo, um dos menos conhecidos. O próprio termo “macua” carregava em si valor depreciativo, já que, na linguagem corrente, macua também era o selvagem, que come ratos e que anda nu. A palavra também significa “homem do mato”, aquele que vem do interior do país. Assim, carregavam a pecha de caipira diante de outros grupos do mesmo povo, o povo Bantu. “A gente foi aprendendo tudo isso com eles; fomos aprendendo a respeitar, a conviver, a celebrar e até aprendemos a língua, que é complicada, bem diferente na estrutura de gramática. Trata-se de uma língua oral, e nós tivemos mais ou menos um mês de estrutura de língua com eles, com um padre que é perito em gramática, da Congregação dos Consolatas, que acabou desenvolvendo tanto a linguagem quanto a gramática para livros, bíblias, livros de oração, livro de cânticos: tudo para facilitar”, observa. Ao lado do povo Macua, ele também viveu o sofrimento imposto pela hanseníase, pela guerra civil e pela malária. Este foi seu segundo “batismo”. “Quando nós chegamos, conseguimos ficar um ano sem a malária. Fui o primeiro a contrair a doença, e ela veio forte. Eu não sabia o que era, nem como era, e ninguém de nós sabia lidar com aquilo”, rememora.

Depois da primeira, Padre Eugênio contraiu malária mais cinco vezes. “Vim curar a ultima malária aqui. Fui direto ao médico, fiz os exames em Valinhos e o médico disse: ‘Padre, o seu sangue é o mais disputado nesse estado de São Paulo, porque há médicos formados há não sei quantos anos que nunca viram o vírus da malária’. Até nisso eu sou feliz de poder ter ajudado a medicina e, pelo menos, os médicos terem conhecido a malária”, afirma. Para ele, contrair malária seis vezes foi pouco se comparado a outros, como uma das religiosas que passou pela doença 16 vezes. “A gente sofria, mas a gente tinha apoio, alimentação e oportunidades que nos fortaleciam logo. Mas crianças recém-nascidas e algumas pessoas morriam por causa da malária. E eu não sabia que, assim como a dengue, existia a malária cerebral”, fala, sobre a manifestação fatal da doença. A malária, ou paludismo, é causada por protozoários parasitas do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada do mosquito fêmea do gênero Anopheles. Mais de três milhões de pessoas morrem todo ano em decorrência da malária; e as crianças africanas são, em grande parte, estas vítimas.

“Toda missão é ad gentes, porque você tem de sair de si para ir até o outro”


Novos batizados Durante a missão em Niassa, existiam três automóveis no município em que estava o grupo de missionários: a ambulância, o carro do prefeito e, como você já deve ter imaginado, o carro do padre. “A ambulância sempre sem combustível, sobrava o carro do padre. Às vezes, de 100 km distantes, uma pessoa se colocava a pé ou de bicicleta para vir me chamar para que eu levasse a parteira para socorrer a esposa, a vizinha ou a filha que estava em trabalho de parto. E, por conta disso, muitas crianças acabaram tendo o meu nome”, conta o homenageado. “Tenho até a fotografia de uma afilhadinha, a Eugênia – que depois de um parto complicado, a gente levou para o hospital e deu tudo certo. São essas coisas que a gente sente em deixar, mas a vida da gente anda”, considera, e completa: “Não sei se a melhor atitude era voltar ou continuar por lá, mas há uma ligação muito forte, inclusive porque, depois, a gente também continuou dentro desse ‘esquema de missionário’, de preparar outros missionários. Sempre vem as lembranças,

Eugênia e Padre Eugênio Fotos: Arquivo pessoal

sempre vem as notícias e sempre vem quem se interessa em saber mais, porque também está se preparando para fazer uma missão ad gentes”. Perto ou longe, a experiência de Padre Eugênio deixa claro que ser missionário é algo possível a qualquer um, desde que se esteja disposto a esta entrega. “Toda missão é ad gentes, porque você tem de sair de si para ir até o outro. A missão é esse laço, nós devemos ter a postura de discípulos missionários, as duas coisas juntas. Você aprende, você adquire a sua identidade cristã católica e já começa a partilhar essa identidade com gestos, aproximação e também com a sua maneira de ser: o testemunho. O testemunho sempre é ad gentes, ou aqui, ou perto, ou longe, precisa sempre ser ad gentes. É essa a maneira pela qual você pode ajudar”, encerra.

Saiba mais sobre como ser e como apoiar os missionários jefavero@uol.com.br


espiritualidade

A SATISFAÇÃO DE

REALIZAR EVARISTO EDUARDO DE MIRANDA Autor do livro “300 razões para batizar” (Ed. Vozes), ministro extraordinário das exéquias

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uando alguém sobe uma montanha desfruta da caminhada, da paisagem, do esforço e da sensação de sentir-se cheio de vitalidade e livre. Ninguém reserva o prazer apenas para o objetivo de atingir o cume. Cada momento do esforço é prazeroso. Pode ser desfrutado. Cada passo na caminhada e até os tropeços, são fontes de prazer. Para quem resume a caminhada no objetivo final, não há alegria, nem crescimento, nem prazer durante sua realização. O mundo e a vida são vistos como um vale de lágrimas. O que vale no vale é a busca da perfeição. Essa atitude perfeccionista, focada absolutamente no resultado final, afeta a vida espiritual. Pessoas perfeccionistas dão a impressão de serem exemplares. Nada deve ser reprovado em seu comportamento, alimentado por critérios de alta perfeição. “Sede perfeitos, como vosso Pai é perfeito” (Mt 5,48) é para eles o suprassumo dos evangelhos.


espiritualidade

Não lhes basta ter uma boa vida, ços para parecerem perfeitos e, no um trabalho satisfatório. Tamfundo, são frágeis. Eles se privam bém seus filhos, seu carro, sua dos prazeres cotidianos da vida. casa, suas férias, Atingir o topo da “Atingir o topo da montanha é um obsua aparência, sua montanha é um jetivo, mas a camincomunidade, sua paróquia... Tudo objetivo, mas a hada é também. O deve estar perfeito topo talvez nunca caminhada é será atingido. Alegripara que sejam felizes. Os perfeccionistas as cotidianas estão também” da vida espiritual são ao alcance da mão, pessoas insatisfeitas, angustiadas do olhar, do sorriso e do carinho. e insaciáveis. O menor erro já os Deus não compensa, nem recomtira de seu eixo. Um probleminha e pensa. Ele vai muito além de nosesquecem tudo que houve de bom sos merecimentos. durante o dia ou durante uma mis- A maioria das Bíblias traduz a pasa. Um fato negativo e a paróquia, lavra grega teleio por perfeito. Na a pastoral em que participam ou realidade, essa expressão significa até a diocese, para eles, estão ab- íntegro, completo e maduro. E, aladas. nesse sentido, perfeito. Os chamaPreocupados em que tudo seja dos evangélicos à perfeição são perfeito em suas vidas, deixam de convites, e não imposições, à busaproveitar e desfrutar das alegrias ca da plenitude. Não há mal alcotidianas. Os perfeccionistas du- gum em desejar ser perfeito, mas vidam de seu próprio valor e com- a perfeição não existe. A sabedoria petências. Acham de que devem está em saborear o que realizamos fazer muito para merecer o amor e vivemos, o tempo todo. Desfrutar e o reconhecimento do próximo do dom da vida e dizer, como Sane de Deus. Fazem grandes esforta Teresinha: Tudo é graça!


CONGRESSO ECUMÊNICO HOSPITALAR sugere assistentes espirituais nos hospitais brasileiros POR MARIANA IGNÁCIO

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XIII Congresso Brasileiro Ecumênico de Assistência Espiritual Hospitalar reuniu cerca de 150 pessoas em Itaici, na cidade de Indaiatuba, para discutir a assistência espiritual em hospitais atualmente. Entre os dias 23 e 25 de outubro, assistentes espirituais, religiosas, padres, pastores, diáconos e leigos participaram de palestras a respeito do tema. Organizado pela Associação Cristã de Assistentes Espirituais Hospitalares do Brasil (ACAEHB), o encontro teve uma série de palestras com médicos e teólogos que atuam na Unicamp, USP e Universidade Federal de São Paulo que demonstraram profundidade e seriedade no tratamento à assistência espiritual em hospitais. Segundo o presidente da ACAHEB, o pastor Luis Carlos Vieira, o objetivo do congresso foi a troca de experiências e informações entre os participantes sobre as novidades que quem atua na área está vivendo, além de oferecer capacitação a representantes de vários estados brasileiros. O capelão hospitalar do Hospital das Clínicas da Unicamp, padre Norberto Tortorelo Bonfim, esteve presente e declarou que “cada congresso, com certeza, é um


Fotos gentilmente cedidas por Padre Norberto Bonfim

tijolinho a mais que é acrescido, colocado nesta grande obra que estamos, com a ajuda de Deus, construindo”. Em documento elaborado durante o encontro, a chamada Carta de Itaici, a ACAHEB afirma oferecer formação ecumênica para voluntários a esse trabalho espiritual com os enfermos, visando o ser humano na sua integralidade. Um estudo constatou que os hospitais que acolhem esse trabalho de assistência atingem melhores índices de Humanização na Saúde e reconhecimento social. A carta também sugere aos hospitais brasileiros que tenham como perspectiva, em curto e médio prazo, um trabalho de capelania hospitalar de forma profissional que atenda ao paciente, a seus familiares e à equipe multiprofissional do hospital. “Estamos entendendo pela nossa história da ACAHEB e pela história da capelania que, quanto mais uma capelania for capacitada, dotada de instrumentos, profissionalmente falando, de uma boa formação acadêmica, teológica, bíblica, de pessoas que receberam conteúdos nas escolas, nós, com certeza, vamos ter uma evangelização muito mais eficiente”, afirma padre Norberto. A senhora Waltraut, da Igreja Luterana, é assistente espiritual em Joinville, Santa

Ao centro, o prefeito de Indaiatuba, Reinaldo Nogueira, Dom Airton José dos Santos e o Pastor Luís Carlos Vieira, presidente da ACAHEB.

Catarina e fala a respeito da importância desse profissional no hospital. “É uma companhia para cada um deles ali, que a gente está ao lado daquela pessoa que está precisando de um auxílio. Então, naquele momento ela está fragilizada e um abraço àquela pessoa faz muito bem”, disse ela.


teologia moral

PROLONGAR A VIDA... ATÉ QUANDO? Por nova resolução do Conselho Federal de Medicina, pacientes terminais que não desejarem prolongar tratamento devem ser ouvidos POR PADRE JOSÉ ANTONIO TRASFERETTI Doutor em Teologia e em filosofia, Professor Titular da PUC-Campinas e Avaliador do INEP/MEC

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ecentemente, o Conselho Federal de Medicina editou uma resolução que garante ao paciente ter sua vontade sobre não receber tratamento em casos de doenças terminais ou estados vegetativos. Deste modo, um doente terminal não precisará mais passar os últimos dias da sua vida sendo submetido a tratamentos técnicos que não irão devolver-lhe a vida. O paciente pode manifestar a sua opinião, registrando-a em cartório ou mesmo dizer a sua família ou ao médico que o acompanha que deseja que, em caso da terminalidade da vida, não sejam prorrogados seus dias de maneira artificial. Trata-se, na verdade, da defesa da “morte natural’, com os cuidados paliativos necessários ao momento. As regras são as seguintes: o paciente poderá escolher de antemão a quais tratamentos ele não deverá ser submetido, por exemplo, à ventilação mecânica, à cirurgia, ao uso de medicamentos, à reanimação após parada cardíaca e outros. A vontade do paciente só não será respeitada caso o médico entenda que o procedimento efetuado pode contribuir para a cura ou mesmo represen-

tar infração ao Código de Ética Médica. O paciente poderá nomear um representante legal para assegurar o cumprimento de suas vontades. O desejo da família não se sobrepõe ao do paciente. Esta postura médica não é nova. Nos Estados Unidos, por exemplo, desde 1970, o testamento vital dos pacientes tem valor legal. O documento tem validade por cerca de cinco anos. Infelizmente, no Brasil, os desejos dos pacientes, sobretudo, em fase terminal, são pouco ouvidos, tanto por médicos quanto pelos parentes. Para que esta relação de confiabilidade seja real, é preciso muita comunicação e sinceridade nas relações entre os profissionais da saúde e os pacientes. É preciso saber acolher com carinho o desejo dos pacientes que estão numa fase considerada terminal do ponto de vista médico. A família também precisa ser preparada para enfrentar este momento com serenidade, acolhendo e respeitando os últimos desejos daquele parente. O médico não precisa necessariamente perguntar ao paciente qual o seu desejo, mas ele deve registrar no prontuário caso haja uma


teologia moral

A IGREJA NÃO APROVA

EUTANÁSIA DISTANÁSIA

“Para que esta relação de confiabilidade seja real, é preciso muita comunicação e sinceridade nas relações entre os profissionais da saúde e os pacientes”

A IGREJA DEFENDE

ORTOTANÁSIA

Arte: Jefferson Silva

manifestação espontânea do paciente em relação à condução dos procedimentos relativos a sua saúde. Esta medida do Conselho Federal de Medicina deixa margens para o debate e, inclusive, para reações da família e da sociedade, entretanto, é bom deixar claro que não é obrigatória a elaboração documental dos desejos do paciente. Cabe a cada família, ou a cada pessoa, manifestar ou não o seu desejo em caso de terminalidade da vida. Os cuidados paliativos não abreviam a vida de uma pessoa, apenas aceitam que a morte natural é uma dimensão do processo de viver. Também não se suspende o tratamento, apenas os considerados fúteis, que somente prolongam o sofrimento da pessoa. A Igreja Católica em seu magistério defende a ortotanásia, ou seja, a morte natural. É preciso cuidar com muito carinho para que seja analisada corretamente a situação de vida de cada pessoa, para que os procedimentos sejam os mais corretos, dentro dos cuidados que a medicina exige. A defesa da vida sempre em primeiro lugar. A Igreja Católica não aprova a eutanásia, que leva à morte antecipada, nem a distanásia, que prolonga a vida por meios artificiais e desproporcionais. O importante é o cuidado com a saúde e com a vida, respeitando cada ser humano, não importa em que momento ou em que circunstâncias ela está vivendo. Em casos graves, como a eminente terminalidade da vida, cabe o bom senso e o correto discernimento para a plenificação do ser humano.


ROMARIA PARA APARECIDA Caminhada de Fé e Esperança POR MARISTELA DOMINGUES E NATHÁLIA TRINDADE

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oi com o intuito de reunir fiéis, compartilhar momentos de devoção e, principalmente, conhecer o projeto de construção da Casa de Acolhimento “Nossa Senhora da Esperança”, que a PUC-Campinas, a Arquidiocese de Campinas e o Hospital e Maternidade Celso Pierro realizaram a Romaria para cidade de Aparecida. Na manhã do dia 6 de outubro, três ônibus e diversos carros reuniram cerca de 200 pessoas entre alunos, professores, funcionários da PUC e voluntários, rumo ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida. A missa, presidida pelo Arcebispo Metropolitano Dom Airton José dos Santos, teve início às 16h30 e contou com a presença dos padres João Batista Cesario o e Rafael Capelato. Segundo a presidente da Associação Beneficente Nossa Senhora da Boa Esperança, Irmã Eleonor, a construção da Casa de Acolhimento vem como apoio ao Hospital da PUC-Campinas, visando abrigar e acomodar os acompanhantes e pacientes que estiverem no hospital, além de ajudar àqueles que necessitarem de assistência médica para si ou para seus familiares.

“Nós colocamos tudo isso nas mãos de Nossa Senhora, pois ela, que apoiou seus filhos e filhas, com certeza vai nos ajudar e possibilitar a construção da Casa de Acolhimento Nossa Senhora da Esperança”. Irmã Eleanor


“Esse é só o primeiro ano. Se Deus quiser, no próximo nós vamos voltar e agradecer Nossa Senhora”. Antônio Celso Guimarães

“Buscamos, através da Romaria, aproximar as pessoas de Deus e de Nossa Senhora, nossa maior intercessora; e com todas as orações podemos ajudar os mais necessitados e contribuir para a construção de um sonho que é a Casa de Acolhimento,” declara. O superintendente da PUC e um dos organizadores da Romaria, Antônio Celso Guimarães, afirma a importância dessa peregrinação e caminho de fé tanto para os romeiros, quanto para o projeto. “No hospital, a gente não só acolhe as pessoas como também evangeliza, mostrando o lado humano de todos. Foi por isso, e em prol da Casa de Acolhimento, que procuramos, através da Igreja, a fé que precisamos para continuar superando todos nossos obstáculos”.

Durante a celebração no Santuário de Nossa Senhora, Dom Airton fez reflexões sobre a importância da palavra de Deus, que nos inspira e ajuda; deixa nossos corações engrandecidos e nos impulsiona a vivermos como irmãos. Ele também agradeceu a presença de todos da Arquidiocese de Campinas e ressaltou a importância dessas pessoas que dedicam grande parte de seu tempo para ajudar os enfermos do Hospital Celso Pierro. “Acredito que essa iniciativa de organizar a Romaria para Aparecida foi um gesto muito bonito e uma novidade muito importante para a Arquidiocese de Campinas. Isso mostra que o trabalho dos voluntários é um trabalho de vocação. A gente espera que não fique só nisso e que tenhamos outras romarias como esta”, ressalta Dom Airton. Tanto para o superintende, quanto para a Irmã Eleanor, essa foi apenas a primeira Romaria de muitas a serem realizadas. O plano é de abrir espaço não só para o Hospital da PUC e para a Arquidiocese de Campinas, mas também para que muitas outras instituições possam compartilhar esse momento de fé e devoção.


Associação Beneficente Nossa Senhora da Esperança Legalmente constituída em julho de 2011, a Associação Beneficente Nossa Senhora da Esperança é formada por voluntários, que se uniram com a finalidade de promover serviços assistenciais gratuitos para a comunidade, em especial aos pacientes do Hospital e Maternidade Celso Pierro (HMCP) e seus familiares. Em atividade há dois anos, a Associação já ofereceu aos pacientes do Hospital vestimentas, materiais de higiene pessoal, cadeiras de rodas, andadores, entre outros, além de realizarem um importante trabalho humanitário de acolhimento e acompanhamento a esses pacientes. Atualmente, a Associação conta com o apoio de sócios voluntários, sócios contribuintes, doações e eventos para atrair e coletar recursos, além de auxiliar nas ações. O terreno onde será construída a Casa de Acolhimento Nossa Senhora da Esperança já existe, e o grande desafio é erguer essa morada, contando com as doações, participação e o envolvimento das pessoas sensibilizadas com a importância social dessa obra. Para os interessados em conhecer a Associação e seus projetos, o portal é www.hospitaldapuccampinas.com.br. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones: (19) 3343.8655/ 3343.8554/ 3343.8332, ou ainda pelo e-mail abnse@yahoo.com.br.

Padre Rafael Capelato, Dom Airton e Padre João Batista Cesário.

“Atualmente, a Associação conta com o apoio de sócios voluntários, sócios contribuintes, doações e eventos para atrair e coletar recursos”


“Dom Airton fez reflexões sobre a importância da palavra de Deus, que nos inspira e ajuda”

Momentos especiais durante a Romaria


A única guerra legítima é aquela que se declara contra a miséria e a ignorância. Livro sobre Dom Helder Camara propõe caráter humano e divino de evangelização por MARIANA IGNÁCIO

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onsiderado uma das pessoas mais importantes da Igreja Católica, sendo um dos fundadores da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Helder Camara tem muito mais que um título. Pregando uma Igreja simples, voltada aos pobres e a não-violência, foi ganhador de muitos prêmios nacionais e internacionais de direitos humanos e foi indicado quatro vezes ao Prêmio Nobel da Paz. “Dom Helder Camara – profeta-peregrino da justiça e da paz” é um livro que vem afirmar e mostrar em detalhes as atitudes e pensamentos deste grande homem.


Não me resigno: A fome será vencida.

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livro tem como objetivo conhecer Dom Helder, falecido em 1999, que propôs um sentido humano e divino de evangelização, missão e justiça, com coragem, paixão pelo que faz e amor a Deus e conhecer também suas dificuldades e privações, conduzindo sua vida em favor da verdade e da luta pela vida plena. Uma parte fundamental na história do livro foi a maneira como Dom Helder evangelizava, encarnado na realidade, buscando transformar a história dos menos favorecidos socialmente através dos valores de Deus. Para o padre Edvaldo Araújo, autor do livro, Dom Helder tinha o dom de reunir pessoas e grupos aglutinando forças para que os direitos humanos fossem restabelecidos. “Uma característica que sempre me impressionou foi a sua inquietação em buscar fazer da Boa Nova uma Boa Realidade para

todos, principalmente os empobrecidos pela injustiça social”, declara o autor. O nome da obra representa o que foi a caminhada de Dom Helder. Ele tinha coragem de entregar a vida pelo evangelho. “[Dom Helder] Correu riscos para defender a vida humana, e isso durante o período da ditadura militar”, diz padre Edvaldo. Dom Helder buscava intensamente ser fiel a Deus e ao povo. Dizia que a fé cristã deve ser vivida de forma esclarecida. No livro, o autor deixa explicito o exemplo de Dom Helder e a vontade que ele tinha de que todos pudéssemos ter um olhar crítico diante da realidade que vivemos. Ao mesmo tempo, tinha uma mensagem de esperança que fazia com que o povo fosse capaz de acreditar e lutar por uma realidade melhor. “O livro resgata a voz de alguém que foi voz para muitos”, conclui padre Edvaldo Araújo.

DOM HELDER CAMARA: PROFETA-PEREGRINO DA JUSTIÇA E DA PAZ Este livro tem como objetivo resgatar a memória sobre Dom Helder, percorrendo sua vida, suas obras, seus pensamentos, seus ideais e suas lutas. Dom Helder Camara é considerado um grande protagonistas da Igreja Católica no século XX. Seu protagonismo foi construído por meio da luta pela justiça social e pela paz, inspirada nos princípios do cristianismo. Por meio da não violência ativa mostrou a necessidade de promover revoluções com propostas concretas para transformar as estruturas e possibilitar uma vida humana mais digna para todos, construindo uma sociedade, mais justa e mais humana.

Não podemos e nem temos o direito de ser ingênuos.


DESDE EL CIELO una hermosa mañana

Visita à Guadalupana, no alto do Tepeyac e no coração do México POR BÁRBARA BERAQUET

“Aqui se narra, em ordem” são as palavras que dão início e título ao primeiro relato impresso das aparições que, em 1531, interromperam o caminho do índio Juan Diego pelas colinas do Tepeyac e mudaram a história de toda uma nação. O Nican Mopohua, obra-prima da literatura náhuatl, foi publicado mais de cem anos após as aparições da Guadalupana, a Virgem Nossa Senhora de Guadalupe. Na antiga Tenochtitlán, onde os deuses se alimentavam de sangue humano e onde, hoje, está a Cidade do México, Nossa Senhora apareceu para seu povo e, nela, “tudo é milagroso”, como declarou o Papa Bento XIV, em 1754, ao explicar que “uma Imagem que provém de flores colhidas num terreno totalmente estéril, no qual só podem crescer espinheiros… uma Imagem estampada numa tela tão rala que através dela pode se enxergar o povo e a nave da Igreja… Deus não agiu assim com nenhuma outra nação”. Ao revelar-se para Juan Diego, quando os nativos do México ainda se debatiam com a presença espanhola, por vezes amigável - no rosto de religiosos como os franciscanos-, e, por vezes, violenta, La Morenita carregava em si o voto de uma convivência harmoniosa entre dois povos que assistiam, juntos, o fim uma era de sacrifícios humanos em honra aos deuses venerados pelos astecas.



“Sabe e guarda seguro em teu coração, Que eu sou a sempre Virgem, Santa Maria, Mãe do Deus de Grande Verdade, Téotl, Daquele por quem vivemos, Do Criador de Pessoas, Do Dono de tudo o que está Próximo e Longe, Do Senhor do Céu e da Terra” (Nican Mopohua n.22)

Escrita por volta de 1545, possivelmente por Antonio Valeriano, indígena de Atzcapotzalco, a crônica das aparições foi trazida ao público em 1649, por Luis Lasso de la Vega. Nem por isso, hoje, mais de 350 anos depois, perde seu brilho.

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Padre Carlos José Nascimento, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, em Campinas (SP) ao lado do Cônego Juan Raymundo Paz. Abaixo, com grupo de peregrinos brasileiros.

náhuatl, ou náuatle, era o idioma dos astecas, população mesoamericana dominante no México central até a chegada dos conquistadores espanhóis, no início do século XVI. Tenochtitlán, hoje Cidade do México, era considerada a capital do Império Asteca e o berço do dialeto, que se tornou uma língua literária com a chegada do alfabeto latino, por mãos europeias. A queda da cidade, em 1521, marca historicamente a conquista da Mesoamerica pelos espanhóis, liderados por Hernán Cortés. O Nican Mopohua é todo escrito em náuatle.


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rimeiro santo indígena americano, San Juan Diego foi canonizado pelo papa João Paulo II em 31 de julho de 2002, portanto, a Igreja no México festejou recentemente o décimo aniversário da canonização de São Juan Diego Cuauhtlatoatzin. Juan Diego foi canonizado pelo Beato João Paulo II em sua quinta e última visita ao México. Na homilia dessa Eucaristia, João Paulo II disse: “Ao acolher a mensagem cristã, sem renunciar à sua identidade indígena, Juan Diego descobriu a profunda verdade da nova humanidade, em que todos são chamados a ser filhos de Deus em Cristo. Desta forma, facilitou o encontro fecundo de dois mundos e transformou-se num protagonista da nova identidade mexicana, intimamente vinculada a Nossa Senhora de Guadalupe”.

Pintura retrata o índio Juan Diego. Exposta na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, na Cidade do México.

Mais de 20 anos antes, no dia 27 de janeiro de 1979, durante sua viagem apostólica ao México, o Santo Padre João Paulo II, em visita ao Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, consagrou à Mãe Santíssima toda a América Latina, da qual a Virgem de Guadalupe é Padroeira. Coroada em 1875 durante o Pontificado de Leão XIII, Nossa Senhora de Guadalupe foi declarada “Padroeira de toda a América” pelo Papa Pio XII a 12 de outubro de 1945. A Rainha do México tem sua celebração em 12 de dezembro.


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que o Nican Mopohua traz em suas páginas é uma promessa de amor de Deus aos homens por intermédio de Maria; são os diálogos carinhosos entre Juan Diego e a Virgem; e o retrato em gravação indelével da própria Virgem na manta do índio, prova solicitada e aceita pelo primeiro arcebispo da Cidade do México, o frei espanhol Juan de Zumárraga. No Monte Tepeyac, a Virgem surgia resplandescente, com traços que o índio reconhecia como seus, e pedia que lá, no topo da colina, fosse construída uma casinha para si. “É a história que está plasmada no documento chamado Nican Mopohua. Ali se narra como, a princípio, Juan Diego ficou impactado, impressionado ante esta maravilha, esta aparição”, comenta Cônego Juan Raymundo Maya Paz, pároco de Capuchinhas, templo no recinto guadalupano. Sem hesitação, Juan Diego soube, de imediato, quem era aquela que lhe falava. Era sua Tonantzin, sua mãezinha, como se referiam os astecas à deusa mãe e às deidades femininas. E como sua mãe ela se apresentou: “Acaso não sou eu a tua Mãe?” (Nicam Mopohua n. 76)

Aparições Para os antigos mexicanos, o verdadeiro e o divino eram conhecidos por meio da inspiração poética, chamada de xóchitl in cuícatl, que significa “flores e cantos”. Saber disso assinala ainda mais incisivamente a beleza do encontro da Virgem com o índio. Depois de ouvir o canto melodioso de um pássaro, ele escutou uma voz feminina que o chamava por seu nome e o convidava a subir até onde ela estava. Era um sábado, 9 de dezembro de 1531, e o índio Juan Diego, de origem asteca, batizado, seguia pelo Monte Tepeyac para ir à missa. Ele foi ao encontro daquela que o chamava, e ela, a Virgem de Guadalupe, apresentouse ao índio como a perfeita sempre Virgem Santa Maria, Mãe de Deus. Na aparição, um pedido: que ele que fosse até Frei Juan de Zumárraga e, encontrando-o, deveria contar o que havia se passado e pedir que ali, no Tepeyac, se construísse um pequeno templo dedicado a ela.


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bispo, Frei Juan de Zumárraga, não acreditou no índio. Novamente, Juan Diego foi interpelado em seu caminho pela Morenita, que insistia para que retornasse à presença de Zumárraga, para que sua vontade fosse cumprida. Desta vez, o bispo pediu ao índio um sinal. A Senhora do Céu, em nova aparição, disse a Juan Diego, a quem ela chamava pelo carinhoso nome de “Juantzin”, “Juan Diegotzin”, que retornasse na manhã seguinte ao Tepeyac, quando o sinal seria revelado. No entanto, na manhã combinada, Juan Bernardino, ancião e tio de Juan Diego, caía em grave enfermidade. Juantzin seguiu para a cidade, em busca de um padre que confessasse ao ti, desviando, no Tepeyac, daquele local em que lhe aparecia a Virgem. Esperava assim fugir dela para atender ao tio agonizante e, por isso, tomou outro caminho.

Imagens: Arquivo

O sinal O desvio não foi suficiente para escapar aos olhos de Nossa Senhora. Ela apareceu novamente e disse ao índio que não se afligisse. Que subisse até onde ela sempre aparecia e, ao avistar diversas flores, as colhesse e trouxesse novamente até ela. Foi um espanto para Juan Diego encontrar tantas flores frescas fora de época. As rosas, enroladas no ayate de Juan Diego, eram o sinal pedido e deveriam ser abertas somente para o bispo. “Logo abriu sua manta branca, pois em sua dobra trazia recolhidas todas as flores, e no mesmo instante caíram por terra todas as variadas flores de Castela. Nesse momento estampou-se, apareceu de repente a preciosa imagem da sempre Virgem Santa Maria, Mãe de Deus, Téotl” (Nican Mopohua n. 107) A imagem permanece intacta e tal como surgiu se conserva na Basílica de Guadalupe. Mais tarde, soube-se que, naquele mesmo dia, ela havia aparecido ao tio doente de Juan Diego, curado-o e apresentado-se a ele. “Na aparição a Juan Bernardino, ela mesmo se define: ‘Eu sou Guadalupe, eu sou a Mãe de Deus, Santa Maria de Guadalupe”, explica Cônego Juan Raymundo.

“Juanito, meu pequeno filho, eu sou a sempre Virgem Maria, Mãe do Filho de Deus, por quem se vive. Desejo muito que me construa aqui um templo, para nele mostrar e expandir todo meu amor, compaixão, auxílio e defesa a todos os que habitam sobre a terra e a todos os que me invocarem e se confiarem a mim. Vá ao Senhor Bispo e lhe diga que desejo um templo neste lugar. Anda e ponha nisso todo seu esforço”.


Os deuses astecas e um novo tempo Não foi difícil conquistar o Império Asteca, liderado por Montezuma. Mesmo em menor número, os espanhóis traziam consigo armamento desconhecido pelos indígenas. Traziam consigo doenças como civilização asteca era feita do catapora, para as quais a população local sangue, das flechas e dos escudos da guerra. Por meio dela e dos sac- não estava imunizada. Mas, ainda, conrifícios humanos era que a ordem mantin- tavam com o apoio de tribos vizinhas que ha-se no Universo, que havia sido criado, não mais suportavam pagar pesados tribuantes, pelo sacrifício dos deuses. Em suas tos à Montezuma, bem como dispor de sua investidas contra outros povos, os astecas, própria carne – de sua gente - para alitambém conhecidos como mexicas, assimi- mentar os sacrifícios que o Império Asteca exigia. lavam divindades de outras culturas mesAcredita-se, ainda, que Montezuma tenha oamericanas. visto no conquistador espanhol a personEm sua chegada ao vale do México, os astecas haviam incorporado Quetzalcoatl, ificação de Quetzalcoatl, que, contava a lenda, havia desaparecido no mar com a “A Serpente Emplumada”, deus do Sol, a seu panteão. Em seu culto estava banido o promessa de um dia, retornar. banho de sangue, no entanto, a proibição Com o declínio e fim das guerras e dos à imolação não foi assimilada pelos mexi- sacrifícios, a civilização asteca deixava de existir e uma nova fé encontrava seu escas. paço. O sangue humano ofertado, que jorGuadalupe é, como frisa o pároco Juan rava, era uma forma de contribuir para Raymundo, um catecismo, uma enciclopéque o Sol, identificado como nume, fosse dia por meio da qual se entendia estar na alimentado e fortalecido. As imolações, presença de Deus. “Aí está o sinal de Cristo em que o coração da vítima, ainda viva, também. E, por isso, todos os indígenas, era extirpado, também serviam a outros ao vê-la, ao conhecer a imagem, descodeuses e outros propósitos e partes dos cadáveres, em seguida, eram servidos em briram o catecismo”, diz. Para os índios, rituais antropófagos. Quando a expedição construir o templo de Nossa Senhora de de Hernán Cortés aportou na Península de Guadalupe era fundar uma nova nação. Tinham, agora, uma mãe em comum, Yucatán, em 1519, foi esse o cenário encontrado (embora a civilização asteca não entre si e com os espanhóis. Eram todos irmãos. mais estivesse em seu auge).

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O Santuário

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ada prepara o peregrino para o que encontrará na chegada ao Santuário. São seis templos, seis distintas casas de Nossa Senhora de Guadalupe. São elas a Capela de Cerrito, construída em 1666 no local em que a Virgem apareceu a primeira vez; a Capela do Pocito, erguida próxima a um manancial de águas curativas e onde possivelmente a Virgem teria entregue as rosas a Juan Diego; a Paróquia de Indios, o templo mais antigo no recinto guadalupano, construído em 1649 e onde está enterrado Juan Diego, na primeira ermida em honra a Nossa Senhora; a Paróquia de Capuchinas, originalmente erigida com a finalidade de ser convento das irmãs capuchinhas; a Antiga Basílica, hoje Templo Expiatorio a Cristo Rey, fechada ao público com a construção da Nova Basílica, em 1976, o quinto templo levantado para Nossa Senhora de Guadalupe, com capacidade para mais de dez mil pessoas. “Nosso povo, mexicano, ele mesmo, popularmente, chega a se identificar: somos mexicanos guadalupanos. E, em cada casa, está a imagem de Guadalupe”, observa o pároco Juan Raymundo.


Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe

O Códice Guadalupano

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assaram-se 481 anos e o manto de Juan Diego mantém-se intacto. O tecido, feito de cacto, deveria ter se corrompido aos cerca de 20 anos de existência. Ainda, durante anos, a imagem esteve totalmente desprotegida. Nem atentados foram capazes de desfazer esse milagre mariano. Foram dois. Em 1921, um anarquista espanhol deixou ao lado da imagem um arranjo de flores que escondia uma bomba. Com a explosão, tudo o que cercava ficou danificado, como uma cruz metálica que se dobrou. No entanto, nada aconteceu à imagem da Virgem. Mais tarde 50 anos, em 1971, peritos acidentalmente deixaram cair água régia, mistura de ácidos corrosivos, sobre a pintura, mas não houve dano senão uma pequena mancha. A imagem milagrosa da Virgem apresenta em si os símbolos mais íntimos da cultura indígena e espanhola e, convergente, entrega a mensagem do Evangelho.

A imagem aquiropita, em cuja confecção não houve intervenção da mão humana, é um códice, um livro sem palavras.

Os olhos da virgem

Maria veste as cores da realeza e olha para baixo, indicando que não é uma deusa. Em seus olhos, por meio de fotografias ampliadas, em 1929, descobriu-se o que parecia ser um rosto humano. Mais recentemente, com o auxílio da tecnologia, é possível encontrar imagens humanas, num total de 13, nos olhos da virgem. Entre as minúsculas imagens, revelam-se o índio Juan Diego e o bispo Zumárraga.


O Códice Guadalupano ROSTO Suas feições não refletem nem totalmente um índio, nem totalmente um espanhol, mas um mestiço, símbolo do nascimento de um novo povo. NUVENS Para os índios, as nuvens estavam associadas à elevação do espírito e à chegada de uma nova era. CABELO Os cabelos soltos indicam a virgindade. As mulheres casadas usavam os cabelos trançados. BROCHE Similar ao óvalo de jade que supostamente dava vida aos ídolos indígenas. A Cruz, símbolo cristão da verdadeira vida, indica a síntese das duas culturas. LUA Em náhuatl, México significa “umbigo da Lua”. É onde ela aparece e de onde olha com carinho especial e envia sua mensagem universal.

MANTO Representa o céu. São 46 estrelas que, de acordo com pesquisadores, representam a posição das estrelas no firmamento em 12 de dezembro de 1531. CINTA O lenço negro anuncia a maternidade. As mulheres indígenas, durante a gestação, atavam a cinta escura a suas cinturas, deixando o ventre livre. FLOR DE QUATRO PÉTALAS É a única flor neste estilo e indica os quatro movimentos do Sol, unidos por um quinto elemento que garante o equilíbrio. Para os indígenas, representava a presença de Deus, o centro do espaço e do tempo. A localização desta flor, conhecida como nahui ollin, assinala onde está o menino em seu ventre. Fonte: Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe


Padres investem na pósgraduação Padres da Arquidiocese de Campinas tem ampliado sua formação acadêmica e investido seu tempo na pósgraduação em diversas áreas do conhecimento.Nos últimos sete anos, 10 padres tiveram seu mestrado ou doutorado concluídos. Qualificados e atualizados, estes padres encontraram na pósgraduação mais uma forma de aprimorar seu múnus.


PADRE ANTONIO DOUGLAS DE MORAES Mestrado Atualmente é doutorando no Laboratório de Psicologia Genética, na Faculdade de Educação da UNICAMP e desenvolve pesquisa sobre as relações do Desenvolvimento Cognitivo com o Desenvolvimento Religioso e da Fé. Área de conhecimento: Educação – Psicologia Educacional Data da titulação: 21 de setembro de 2011 Instituição de ensino: Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP Título: Um Estudo sobre a Espiritualidade da Ação Pedagógica dos Professores

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objetivo da presente pesquisa foi verificar se o perfil espiritual do professor se manifesta no relato dos professores pesquisados sobre o seu fazer pedagógico. O marco teórico que fundamenta este trabalho permitiu entender a espiritualidade como uma dimensão inerente ao psiquismo humano. Para responder ao problema formulado utilizou-se de uma metodologia de pesquisa quantitativa e qualitativa. A metodologia quantitativa foi utilizada para avaliar o perfil espiritual de 30 professores da escola A (confessional) e 30 professores da escola B (pública). A abordagem qualitativa constou de uma entrevista com 10 professores que apresentaram o perfil espiritual mais elevado em cada uma das escolas, com o objetivo de verificar se eles admitem que a sua espiritualidade se revela no seu fazer pedagógico e como ocorre essa manifestação. O tratamento estatístico e a análise qualitativa das respostas às entrevistas permitiram constatar que a espiritualidade dos professores entrevistados manifesta-se na maneira pela qual interagem com seus alunos, trabalham os

conteúdos curriculares e no ambiente sócioafetivo propiciados em suas salas. Diferentemente do que era esperado o perfil espiritual dos professores não foi influenciado pelo tipo de escola em que atuavam, nem pela idade dos participantes e, tampouco, pela religião que professam. A formação acadêmica dos professores entrevistados também não influenciou os resultados que os mesmos apresentaram no instrumento PEP (Perfil Espiritual Pessoal). Os fundamentos teóricos da pesquisa, bem como a análise e discussão dos resultados encontrados possibilitaram que fossem feitas inferências sobre como a manifestação da espiritualidade do professor pode assegurar a criação de um ambiente sócio-afetivo que se caracteriza pelo respeito mútuo, trocas por reciprocidade entre os alunos, tomada de decisão conjunta, professor e aluno, por promover a autonomia moral e intelectual do aluno. Os futuros estudos poderão superar as limitações desta pesquisa e corroborar para o entendimento da relação entre Espiritualidade e Educação.


PADRE EDEMILSON E

UCLIDES LOVATTO

Mestrado Data da titulação: Junho de 2010 Área de conhecimento: Teologia dogmática - Cristologia Instituição de ensino: Pontifícia Universidade Gregoriana – Roma Título: O “princípio misericórdia”: acesso a Jesus Cristo e elemento sistemático da cristologia de Jon Sobrino

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pesquisa teve por objetivo oferecer dupla contribuição: primeira, evidenciar como o princípio misericórdia elaborado por Jon Sobrino se constitui fundamento de atividade de Jesus e, portanto, via de acesso à significação cristológica. Segunda, mostrar como tal princípio vem incorporado como categoria epistemológica e elemento sistemático de sua reflexão teológica. Sobrino entende que a misericórdia de Jesus não é mero sentimento e, por isso, não se trata de tema cristológico, mas princípio de seu agir humanodivino. Desse modo, o mesmo princípio se amplia como princípio hermenêutico, teologal, cristológico e soteriológico. Fundamentado em (Hb 2,17) propõe seu modelo soteriológico: “Jesus, o agradável a Deus, fiel e misericordioso”. Estabelece o nexo entre sua atividade e a cruz, levando-o à afirmação de continuidade: o crucificado não é outro, senão o Nazareno, “aquele que passou fazendo o bem” (At 10,38). Em direção à transcendência, Jesus revela sua obediência pela fidelidade ao Pai e em direção à imanência revela sua solidariedade com pathos de compaixão e misericórdia. O verdadeiro conhecimento de Deus na cruz de Jesus, ortodoxia, se dá a partir do horizonte de sua práxis em favor do reino, ortopraxia, radicalmente fundada na sua fidelidade ao Pai, e na sua misericórdia para com a humanidade, isto é, na sua ortopatia. A consequência da relevância teológica se revelou profícua, sobretudo na sua aplicabilidade. Primeiro como elemento de sua própria elaboração teológica. Isto permite acesso à compreensão ao seu modo de refletir cristologicamente como forma sistemática de um teólogo afetado por esta realidade. Segundo, o princípio misericórdia ajuda fundamentar uma proposta de ética e antropologia cristãs,

as quais podem contribuir para maior humanização. Terceiro, em âmbito eclesial, na perspectiva ad-intra, o princípio misericórdia pode contribuir para aprofundar aspectos eclesiológicos, sobretudo da práxis pastoral e da teologia da missão decorrente da consciência do ser eclesial radicado na configuração em Jesus Cristo. Quarto, diz respeito ao aspecto ad-extra da Igreja no que tange ao ecumenismo e ao diálogo inter-religioso. O princípio misericórdia, assumido pelas Igrejas cristãs como um mais entre todos os que nutrem “os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo” (Fl 2,5) pode ser elemento comum no diálogo ecumênico. E, quanto ao empenho do diálogo inter-religioso, a parte cristã, ao assumir o princípio misericórdia, pode oferecer algo que eficazmente contribua para a construção de um mundo mais humano que corresponda à vontade do único criador. Quinto, ainda em âmbito eclesial, corresponde à indicação de que o princípio misericórdia pode se constituir via mistagógica de atualização permanente à realidade de Jesus Cristo, configurando-se a ele não só na sua morte e ressurreição pelo sacramento do batismo, mas como empenho de buscar essa configuração na totalidade de sua vida. A relevância teológica do tema aponta para o princípio misericórdia mais no seu aspecto teológico-dogmático como acesso na busca do sentido cristológico da totalidade da pessoa de Jesus Cristo e a sua obra de salvação. Já a pertinência, para o aspecto teológicopastoral, ao fazer indicações da atualidade do tema e suas implicações práticas. Por fim, queremos destacar que ao propor o princípio misericórdia como elemento sistemático da cristologia de Sobrino, o mesmo se revelou com uma vitalidade profícua e mostrou suavidade e leveza diante da rigidez teológico-especulativa. A partir do princípio misericórdia, encontramos uma via de acesso em sentido duplo: uma em direção ao significado a Jesus Cristo e outra na forma de fazer cristologia. Ambos se remetem mutuamente no horizonte da realidade de Jesus de Nazaré porque no princípio de sua vida estava a misericórdia.


RIO PADRE JOÃO BATISTA CESÁ

Mestrado Data da titulação: 22 de novembro de 2011 Área de conhecimento: Teologia Pastoral Instituição de ensino: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Título da tese: ‘Do coração da Igreja’ – Elementos histórico-pastorais da Universidade Católica: reflexões sobre a ação da Igreja na PUCCampinas.

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ste estudo reflete a Universidade Católica como espaço de ação evangelizadora da Igreja e como essa ação se desenvolve concretamente no interior de uma Instituição de Ensino Superior, explicitando suas potencialidades, limites e contradições. Numa abordagem qualitativa, enfocando a pesquisa bibliográfica, percorre a história da Universidade para demonstrar como essa Instituição nasceu ‘do coração da Igreja ’(Ex Corde Ecclesiae) e sempre participou do múnus educativo e da missão evangelizadora da Igreja. Busca, igualmente, compreender o longo caminho percorrido até o nascimento da Universidade Católica no Brasil e os interesses conflitantes em torno desse nascimento. Em seguida, o estudo percorre textos do Magistério Pontifício, do Concílio Vaticano II, do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), investigando como o pensamento oficial da Igreja enfocou a Universidade em diferentes períodos da história e quais as expectativas depositadas pela Igreja na Instituição

Universitária. Por fim, reflete teologicamente acerca de aspectos concretos da ação da Igreja numa Instituição de Ensino Superior Católica, a PUC-Campinas; avalia seus limites e potencialidades e acena com novas perspectivas de presença e ação pastoral no complexo ambiente universitário. Trata-se de estudo pertinente, porquanto o Documento de Aparecida (nº 491-500) afirma que o mundo da cultura é um dos modernos areópagos a desafiar a ação evangelizadora da Igreja. Assim, essa pesquisa poderá subsidiar a ação pastoral dos agentes empenhados na evangelização do mundo universitário, bem como auxiliar no desenvolvimento de novas estratégias pastorais para a abordagem desse ambiente.


RISTAL

PADRE JONAS DUARTE CH

Mestrado Nota: Atualmente no segundo ano do Doutorado de Teologia Sagrada em Novo Testamento (“Sacred Theology Doctorate”, S.T.D.) no Boston College. A licenciatura (S.T.L.), que obteve em maio de 2011, é pré-requisito para o doutorado (S.T.D.). Data da titulação: 23 de maio de 2011 Área de conhecimento: Teologia Bíblica Instituição de ensino: Boston College, EUA (Universidade Jesuíta). Título da tese: “Disciples and Discipleship in the Gospel of Mark – A study of Mark 10:23-31 in relation to the concept of discipleship in the Markan narrative” (Discípulos e Discipulado no Evangelho de Marcos – Estudo de Marcos 10, 23-31 e sua relação com o conceito de discipulado na narrativa de Marcos).

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studos mais recentes do Evangelho de Marcos usam teorias literárias para melhor compreender o desenvolvimento da narrativa, a caracterização das personagens, a retórica e a mensagem do primeiro evangelho escrito. Contudo, estes estudos quase sempre terminam enfatizando uma visão muito negativa dos discípulos, que depois de muitos desentendimentos com Jesus acabam abandonando-o no momento da sua paixão, morte e sepultamento. Embora a história contada por Marcos se desenrola para um desfecho trágico, ela não deixa de narrar as atitudes positivas dos primeiros seguidores de Jesus. Neste sentido, meu estudo propõe uma visão mais complexa e nuançada dos discípulos e cita Marcos 10, 23-31 como exemplo. Nela, Marcos justapõe a atitude do homem rico (10, 17-22) com a atitude dos discípulos e faz um alerta para o perigo das riquezas. Aqui, os discípulos aparecem como verdadeiros modelos a serem seguidos pelos ouvintes/ leitores do Evangelho. Esta visão positiva dos discípulos está em plena sintonia com outras passagens que retratam a renúncia de bens ma-

teriais como exigência para o discipulado cristão (1,16-20; 2, 13-17; 10:50-52; 12; 44), um aspecto também enfatizado pelo meu trabalho. Num mundo marcado de um lado pelo consumo excessivo de alguns, que chega até a colocar em risco a vida do planeta, e de outro, pela miséria de muitos, que não usufruem dos bens básicos para uma vida digna, a leitura de Marcos a partir da renúncia dos bens materias (10, 23-31), do serviço e da auto-entrega (10:45), não é apenas fiel a mensagem central da salvação, mas também essencial e urgente. Além disso, está também em sintonia com Aparecida, que critica a “idolatria dos bens terrenos” (109), o “consumismo hedonista e individualista” e “obcessão por acumular” (357) e afirma que, ”O destino universal dos bens exige a solidariedade com as gerações presentes e as futuras. Visto que os recursos são cada vez mais limitados, seu uso deve estar regulado segundo um princípio de justiça distributiva, respeitando o desenvolvimento sustentável” (248).


PADRE JOSÉ EDUARDO MESCHIATTI

Doutorado Data da Titulação: 2007 Área do Conhecimento: Educação e Religião Instituição de Ensino: Unicamp – Universidade Estadual de Campinas Título: Trabalhadores da Vinha: Estudo sobre a formação do Clero – O Seminário Católico antes e depois do Concílio Vaticano II

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tese aborda o tema da formação do clero, fazendo um olhar sobre “formando” e “clero”, sujeitos que não se dissociam. Para a compreensão dos objetivos do processo atual de formação dos novos padres, busca-se entender quem é o padre, qual sua origem, motivações e identidade; como se deu a compreensão histórica dessa identidade e qual o perfil das pessoas que se interessam por ingressar no seminário e fazer parte do Clero. Através dos vieses das análises de cunho sociológico, histórico e pedagógico, a pesquisa investiga a formação presbiteral em três fases: a primeira, que vai do Concílio de Trento (15451563) até meados do século XX; a segunda que aborda a experiência tópica de pequenas comunidades formativas, no breve período do entorno do concílio Vaticano II (1962-1965) e, a terceira analisa a formação do clero no período pós-Concílio Vaticano II, sobretudo no pontificado do Papa João Paulo II (1978-2005). O primeiro capítulo tem como tema: “Um modelo persistente” e faz um percurso na história para compreender a identidade do presbítero

plasmada e forjada pelo Concílio de Trento, a partir das concepções de ‘instituições totais’ de Michel Foucault e Erving Goffman. O segundo capítulo, “Um modelo em luta”, analisa a tentativa de superação da identidade tridentina no que diz respeito à formação do Clero inspirada pelo Concílio Vaticano II, apontando para uma nova eclesiologia e para a renovação das estruturas da Igreja. Como caso concreto de análise, estuda-se neste capítulo a experiência do Seminário de Campinas, quando os seminaristas passam a estudar na Puc-Campinas. O terceiro capítulo, intitulado “O velho no novo”, descreve os desdobramentos da renovação eclesiológica proposta pelo Vaticano II e as tendências da formação do clero em tempos de Pós Modernidade, sob a luz da Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis, de João Paulo II e também na perspectiva de análise eclesial feita pelo teólogo João Batista Libânio em sua obra “Volta à Grande Disciplina”.


PADRE MARCELO D

ONIZETTI PREVIA TELLI

Mestrado Data da Titulação: 26 de setembro de 2005 Área do Conhecimento: Urbanismo Instituição de Ensino: Pontifícia Universidade de Campinas – PUC-Campinas Título: “O Papel da Igreja na configuração do espaço urbano no Brasil Colônia – (A presença dos Jesuítas e dos Beneditinos em Salvador e São Paulo)” A fé robusta e empreendedora do povo lusitano era visível em todos os seus atos, públicos e particulares, sendo o espírito apostólico um dos motivos confessos das suas conquistas nos séculos XV e seguintes. Pode-se dizer que a Igreja, na primeira parte do período colonial brasileiro, se resume à presença das Ordens. Apesar de alguns padres seculares terem esultado da pesquisa desenvolvida para vindo a essa terra conquistada, todo o arcabouço o programa de mestrado em Urbanismo religioso e político se deu com as Ordens. Primeiro da Pontifícia Universidade Católica de com os franciscanos, mas tiveram uma participação Campina, o projeto teve por objetivo explicitar a incipiente neste processo de organização social, relevância da Igreja Católica Apostólica Romana urbano e eclesial. Foi mesmo com a chegada dos na construção do espaço urbano no Brasil coloJesuítas, em 1549, e sua índole missionaria connial. Acoplada a esse objetivo, está a ideia de que soante ao projeto evangelizador da cristandade, a Igreja é efetivamente representada nas Ordens que esse processo tomou forma e passou a ser efeReligiosas durante todo o período de colonização brasileira. Cada Ordem possuía seu carisma especí- tivamente implantado juntamente com o primeiro fico e o projeto de colonização do Brasil está aliado Governo Geral de Tomé de Souza. Esse processo ao projeto de evangelização, próprio da Igreja. Para se intensificou com a chegada dos Beneditinos na Bahia e posteriormente em São Paulo, justamente isso faço dois cortes epistemológicos: a escolha de pelas implicações sócio-urbanas provenientes do duas Ordens - A Companhia de Jesus, (pela sua carisma da Ordem que partiam da relação com específica contribuição no desenvolvimento da língua portuguesa, no ensino do latim, na formação figuras importantes da história brasileira, passando catequética dos indígenas, na formação dos aldea- pelo desenvolvimento de regiões agrícolas que se mentos com arquitetura peculiar na construção de tornaram gradativamente urbanas, como é o caso casas e na edificação de colégios) e a Ordem de São de São Caetano do Sul, e sua arquitetura denotativa Bento (pela sua contribuição significativa no cam- do movimento místico de elevação. po da educação, na construção de casas e expansão Por fim, a teologia messiânica trazida pelos misdas cidades) – e a escolha de duas cidades - Salva- sionários a esta terra de Santa Cruz apresentando dor e São Paulo. A presença das Ordens Religiosas a afirmação da Cristandade, especificamente no na colonização do Brasil não ocorreu em função de sistema do padroado, constituiu o espaço urbano que elas teriam sido aparelhos ideológicos do Esta- no Brasil colonial. Este é resultado da ação de seus do, mas, expressão de um projeto de evangelização agentes sociais, cuja incidência é efetivamente histórica. oriundo da Cristandade.

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RELO O T R O T O T RBER

PADRE NO

BONFIM

Mestrado Data da titulação: 21 de março de 2011 Área de conhecimento: Bioética - Espiritualidade Instituição de ensino: Centro Universitário São Camilo -SP Título: “Um olhar bioético sobre a espiritualidade como fator de saúde para o ser humano em fase terminal”.

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realidade de dor, sofrimento e até da própria morte, inerente à vida é um espaço de mistério que abarca diversos pensamentos, reflexões e sentimentos. A chegada da morte, em seu estágio terminal, desencadeia ações dos mais diversos matizes para com todos os que com ela se envolvem. Em minha experiência sacerdotal, sobretudo ao nos últimos 16 anos junto às enfermarias do HC e CAISM da UNICAMP, como Capelão Hospitalar, pude constatar o poder impactante da morte sobre pessoas, familiares e profissionais da área da saúde. Por conta desta realidade sinto uma inquietação quanto ao papel da Assistência Espiritual, por meio de um Serviço Religioso, junto às áreas públicas e privadas que cuidam da saúde do povo. Um dos fundamentos deste trabalho visa ressaltar a importância da Assistência Espiritual, analisando a partir de uma perspectiva bioética, como fator de saúde, de respeito à dignidade humana e de qualidade de cuidados para o paciente em fase terminal. A partir da revisão bibliográfica, seguida da apresentação de conceitos ligados à área e fundamentos legais para esta Assistência, abordou-se fenomenologicamente casos destacados entre inúmeros atendimentos realizados. Estes e, sobretudo, o caso motivador, me provocaram a escrever sobre a importância da assistência espiritual-religiosa a pacientes em fase terminal, seus familiares e acompanhantes. O que se percebeu

e confirmou-se nesta prática, a partir destes e tantos outros casos ocorridos, é que o ser humano está fadado a questionar sobre o que está além do corpóreo. Ele possui fortemente dentro de si a dimensão espiritual como elemento constitutivo de sua existência. Uma Espiritualidade bem vivida fornece à pessoa as condições e o suporte necessários para compreender os dilemas da natureza humana, apresentando elementos suficientes para dar sentido ao que se passa em torno de si. Pude atestar a incidência positiva e salutar que a presença de um Serviço Religioso produz na área da saúde pública. Não cuidar da dimensão espiritual de quem está enfermo, através de um Serviço Religioso qualificado e inteirado com o horizonte de valores que a Bioética aponta, é fadar os vivos ao sofrimento e à morte sem sentido. Impelido por esta experiência, intensamente vivida, acredito que o Serviço de Saúde em geral, público e privado, deve implantar a Assistência Espiritual em seus quadros de atendimento, com capelães e voluntários devidamente preparados, tendo-a como parceira no tratamento dos pacientes.


PADRE RAFAEL CAPELATO

Mestrado Data da titulação: 22 de junho de 2011 Área de conhecimento: História da Igreja Instituição de ensino: Pontifícia Universidade Gregoriana – Roma Título: “Francisco de Campos Barreto: uma resenha biográfica. Fontes e crítica historiográfica”

suas cartas pastorais. Desse modo, o trabalho representa um instrumento de trabalho destinado a facilitar a pesquisa de cunho histórico para posteriores estudos referentes a D. Barreto e seu contexto. Além da indicação das fontes pertinentes às argumento principal da tese é a vida diversas fases da vida e ministério de D. Barde Dom Francisco de Campos Barreto, reto, a tese propõe uma crítica de caráter hisprimeiro bispo de Pelotas/RS, segundo toriográfico, na medida em que problematiza o bispo de Campinas/SP e fundador da Congreconceito de «ultramontanismo», comumente gação das Missionárias de Jesus Crucificado. reduzido pelo trabalho historiográfico no Brasil Trata-se de uma resenha biográfica destinada e na América Latina ao termo «Romanização», a elencar os eventos mais significativos ligados oferecendo elementos para, se não uma revisão à pessoa do bispo tendo em vista apresentar conceitual, ao menos uma tratativa mais pruo itinerário de fontes, principalmente aquelas dente e equilibrada dos referidos conceitos, sunão publicadas, conservadas nos seguintes arquivos: Cúria Metropolitana de Campinas, Cúria perando juízos de valor precipitados e o risco de anacronismo. Cerne da problemática é a conMetropolitana de Pelotas e Casa Generalícia das Missionárias de Jesus Crucificado. Os docu- statação de que uma vertente social do catolimentos referendados são de tipologias diversas, cismo nas duas primeiras décadas do século XX, dentre os quais: processo De genere et moribus nasceu do seio mesmo do ultramontanismo, (documentos do período do seminário reunidos salvaguardados, de qualquer modo, os limites de uma Igreja que vivia um processo interno de com as consultas diversas exigidas para a comreorganização, sobretudo jurídica, nos primeiprovação da idoneidade do candidato antes de ros anos da Republica Brasileira. D. Barreto, receber as Ordens Sacras), registros nos livros de tombo das dioceses em questão e da Congre- especialmente com o Instituto das Missionárias, manifestou interesse e preocupação não medíogação religiosa, cartas do bispo trocadas com seu diretor espiritual, com o Núncio Apostólico cres com as questões sociais ligadas ao operarie com os Dicastérios de Roma. Dentre as fontes ado, ousando formas novas de abordagem pastoral e de vida religiosa, pelo menos trinta anos publicadas, especial destaque mereceram as antes do Concílio Vaticano II.

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PADRE ROGÉRIO CANCIAM

Mestrado Data da titulação: 2008 Área de conhecimento: Educação Instituição de ensino: Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUC-Campinas Título: Ensino Superior em Educação Especialização Profissional Data da titulação: 16 de setembro de 2011 Área de conhecimento: Psicossomática Instituição de ensino: Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo Título: Psicossomática, Psico-oncologia e Câncer

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estudo em nível de Especialização procurou fazer uma reflexão sobre psicossomática, psico-oncologia e câncer tendo como esteio subsidiário a estudo de mestrado procurou arapreciação de características históricas ticular à linha de pesquisa Universi- a ele imputadas. Discutindo algumas dade, Docência e Formação de Pro- proposições dessa ordem, com o objetivo fessores. Com esse intuito foram adotados de levantar indagações consideradas de procedimentos metodológicos derivados relevância, foi feita uma opção de, com da História Oral, sendo efetuadas entrevis- o apoio da fundamentação discutida e tas, e eixos foram tematizados a partir das proposta, verificar tanto quanto possível o entrevistas com os mais velhos professores papel de algumas afirmações estatuídas a da PUC-CAMPINAS. respeito de relações entre a Psicossomática, Psico-oncologia e o Câncer como enfermidade, causa e sintomas, de modo que as observações mais conclusivas elaboradas pudessem se efetivar no interior de um contexto específico. E que tudo na vida, é possível relacionar mente e fé.

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PADRE WILSON EN

ÉAS MAXIMIANO

Mestrado Data da titulação: 14 de agosto de 2012 Área de conhecimento: Bioética Instituição de ensino: Centro Universitário São Camilo Título: Um olhar da Bioética sobre a importância da Espiritualidade em mulheres no final da vida

Ambas buscam o bem do ser humano. Elas não se contrapõem, apesar dos caminhos diversos que adotam. A espiritualidade sofrimento e a morte são realidades entendida como local das inspirações e que fazem parte do desenvolvimen- sopros não precisa necessariamente de to do ser humano e o acompanham uma religião, o que a torna mais aceitável durante toda sua trajetória. Essas duas no universo bioético. Mas a espiritualidade realidades afetam a pessoa em diversas envolta pela fé religiosa (palavras e ritos) dimensões, especialmente naquilo que produz efeitos na vida dos homens, sobrse convencionou chamar de espiritualietudo junto ao paciente e em fase terminal, dade – a saber, a capacidade de diálogo dá a ele um sentido de vida. Através de consigo mesmo, com o próprio coração, uma bibliografia relacionada ao tema, são na via de se harmonizar na relação com o apresentados conceitos ligados à morte, transcendente. O serviço de capelania hos- vida, saúde, terminalidade, cuidados palipitalar, desenvolvido com mulheres em ativos, espiritualidade e outros mais, ou situação terminal de câncer, se revela um seja, preocupações da Bioética para os dias elemento de conforto e esperança no enatuais. Este trabalho visa a apresentar a frentamento das diversas fases da relação importância da espiritualidade junto às das pacientes com a sua enfermidade. A pacientes e à equipe de profissionais. O espiritualidade envolta pela fé religiosa enfoque é o da espiritualidade cristã, sem pode se tornar elemento aglutinador na deixar de considerar outras filosofias e dinâmica dos cuidados paliativos em patradições espirituais e místicas. cientes terminais. Pode-se ligar sem medo e com propriedade Espiritualidade e Bioética.

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PUC-CAMPINAS

Como ficar no azul o ano inteiro Professor de Ciências Contábeis da PUC-Campinas dá dicas de como se organizar financeiramente POR ANA PAULA MOREIRA

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stamos encerrando o ano e as férias estão por vir. Antes, porém, teremos as comemorações de Natal e Ano Novo. Nesta época, é comum as tradicionais trocas de presentes e aproveitar o recebimento do 13º para comprar o produto desejado ou realizar a viagem dos sonhos. Mas é importante que saibamos controlar as finanças pessoais para evitarmos problemas financeiros ao longo do ano. Para o professor da Faculdade de Ciências Contábeis da PUC-Campinas, Eli Borochovicius, ao receber o 13º, a pessoa não deve apenas pensar em pagar dívidas ou adquirir bens. O ideal é investir parte do valor que recebeu. “Se a sua saúde financeira é estável durante o ano, reserve uma parcela do 13º salário para investir. A diferença pode ser utilizada para as compras de Natal e Ano Novo. Se o valor for insuficiente é porque a festa está superdimensionada. Reduza os custos e faça as ceias dentro dos padrões que o seu bolso comporte, afinal de contas, o mais importante é reunir a família e amigos para celebrar”, explicou o professor.

“É importante que saibamos controlar as finanças pessoais” De acordo com a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), 61% dos brasileiros vão usar o décimo terceiro salário para pagamentos de dívidas. Neste caso, o professor orienta a pagar as dívidas que têm a maior taxa de juros.


PUC-CAMPINAS

“Como normalmente as taxas de juros do mercado são superiores às possibilidades de receitas financeiras com investimentos de curto prazo, é aconselhável que se utilize o 13º salário para a amortização das dívidas e consequentemente para a redução dos juros. As dívidas que devem ser priorizadas são aquelas que apresentam as maiores taxas. É natural que as pessoas busquem quitar as dívidas menores, especialmente aquelas de curto prazo, pois causam a falsa sensação de liberdade financeira. Além de ser uma decisão matematicamente equivocada, ela potencializa a tomada de novos créditos”, afirmou Borochovicius.

“Para ficar no azul, a principal dica é tomar cuidado com o crédito fácil nesta época do ano”

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o receber o 13º o trabalhador deve também se organizar financeiramente para começar o ano sem dívidas. A partir de janeiro, é necessário realizar o pagamento de alguns impostos como IPVA e IPTU, que geralmente pesam no bolso. “Para ficar no azul, a principal dica é tomar cuidado com o crédito fácil nesta época do ano e a facilidade de se encantar com as ofertas que saltam aos olhos. Endividar-se com as festas de final de ano é um passo para iniciar o ano no vermelho. Recomendo que as pessoas definam um limite de valor a ser gasto antes de saírem às compras. Ter um “teto” exige reflexão e tomada de decisão consciente, evitando desperdício e mau uso do dinheiro. Para a definição do valor a ser gasto, é importante que considere os custos fixos mensais e as variáveis, especialmente os sazonais, como o IPVA e IPTU, comuns no início dos anos”, conclui o docente.

Professor Eli Borochovicius. Fotos de Rafael Lima


PUC-CAMPINAS

Veja 10 dicas simples que o professor de Ciências Contábeis, Eli Borochovicius, dá para evitar problemas no mês de Janeiro Utilize parte do seu 13º salário para investimentos. As reservas financeiras são importantes para suprir momentos emergenciais. A recomendação é que pelo menos 30% seja poupado. Faça um levantamento completo do que pretende fazer nos eventos comemorativos. Planeje bem o número de convidados para evitar gastos excessivos com as ceias.

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Em caso de viagem, faça um planejamento completo, incluindo despesas com combustível, pedágio, estacionamento e alimentação. Evite a compra por impulso. É uma época do ano em que as pessoas normalmente ficam mais abertas aos gastos com supérfluos. Questione-se quanto a real necessidade de aquisição do bem.

Vendedores são comissionados e bem treinados para vender mais. Cuidado com as armadilhas do crédito fácil e parcelamentos.

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Cuidado com o uso do cartão de crédito. Empurrar a dívida é uma forma fácil de se livrar do problema no curto-prazo, mas não significa que ela não exista.

Não ande com muito dinheiro e evite abrir a carteira recheada em público. As distrações são comuns no período de férias. Ficar atento é uma forma de evitar dissabores com pequenos furtos.

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Negocie suas compras, pois as empresas geralmente estão mais abertas à concessão de descontos para fazer caixa.

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Lembre-se que no início do ano, impostos como IPVA e IPTU precisam ser pagos. Faça esforços para que haja uma reserva financeira para quitação do imposto à vista, geralmente o desconto é compensatório.


SOBRIEDADE

PASTORAL PAROQUIAL NO

COMBATE AO VÍCIO por MARISTELA DOMINGUES, NATHÁLIA TRINDADE E MARIANA IGNÁCIO

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riada há cerca de um ano na Paróquia São Geraldo Magela, a Pastoral da Sobriedade já atende cerca de 20 pessoas em suas reuniões semanais. Além dos indivíduos que procuram ajuda, é realizado um importante trabalho com os chamados codependentes - famílias que necessitam de apoio – fazendo orações nas próprias casas. As reuniões, que seguem os mesmo ideais propostos pela CNBB para as Pastorais da Sobriedade de todo o Brasil, adotam os “12 Passos da Pastoral da Sobriedade” na tentativa de prevenir e recuperar os que possuem vícios, não apenas em álcool ou drogas, mas qualquer dependência que necessite de ajuda. O coordenador pastoral da Paróquia São Geraldo Magela, João Contri, afirma que o objetivo é, além de recuperar viciados e dar apoio às famílias,

promover um acompanhamento contínuo ao tratamento e a esses indivíduos, para que esta recuperação não seja perdida. “A gente tem que estar bem, sóbrio e nunca cair em tentação, pois a carne é fraca e o vício é passado, e a Pastoral da Sobriedade ajuda nisso”, diz. Com reuniões abertas a todos e realizadas às segundas-feiras, a partir das 19h30, a equipe conta com sete agentes voluntários, que trazem, além de terços e leituras de evangelhos, reflexões sobre a importância da vida. O coordenador, que iniciou sua relação com a Pastoral da Sobriedade pela necessidade de ajuda, é considerado um exemplo de superação. Foram os anos lutando contra os vícios que o motivaram a participar e poder contribuir com a recuperação daqueles que anseiam por ajuda.


Coordenador pastoral da Paróquia São Geraldo Magela, João Contri.

“De 1974 a 1987, eu sofri muito. Eu fumava, bebia, só não usava drogas. Chegava em casa de madrugada, bêbado, e agora já são quase 26 anos de sobriedade. Para mim, fazer parte da recuperação dessas pessoas e limpá-las dos vícios é, além de felicidade e gratificação, um reforço”, declara João. Apesar do pouco tempo, João Contri já percebe os resultados positivos que a Pastoral da Sobriedade realiza na vida das pessoas. Hoje, com o apoio dos voluntários, da igreja e, em especial, dos Padres Thiago Ruiz Bernardes e Alexandre de Moura, os próximos projetos são de ampliação da Pastoral, que inclui uma nova casa para realizar os trabalhos. “A nossa Pastoral ainda é pequena e não temos

uma estrutura adequada. Se conseguíssemos uma casa, teríamos mais apoio e, com isso, seria possível acolher as pessoas para ajudá-las melhor”, conta o coordenador. Para ajudar a Pastoral da Sobriedade, os interessados podem se voluntariar e participar dos Cursos de Formação e Capacitação de novos agentes da Pastoral. A próxima preparação já tem data marcada e será realizada nos dias 14, 15 e 16 de dezembro. “O meu recado para as pessoas que ainda estão no vício é para que busquem por ajuda, não apenas na Pastoral ou Igreja Católica, mas que procurem Deus de alguma forma. Deus não esquece o dependente químico, ele é que se esquece de Deus”, encerrou.


JUVENTUDE

Dia Nacional da Juventude reúne cerca de 4 mil jovens em Campinas POR MARIANA IGNÁCIO

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Dia Nacional da Juventude (DNJ) teve um brilho diferente este ano na Arquidiocese de Campinas. O evento, que aconteceu no dia 21 de outubro, recebeu cerca de 4 mil jovens no período das 8h as 17h. Abordando o tema “Que vida vale a pena ser vivida?”, encontro se fundiu com a final do Vocare Festival, o festival vocacional, fazendo do dia uma grande festa cultural da juventude. Organizado pela Pastoral Vocacional juntamente com a Área Juventude, o Vocare Festival abriu espaço para que os jovens das foranias se mostrassem a toda a Arquidiocese. Assim, os jovens apresentaram suas ideias através da arte, envolvendo dança, música e teatro. As seletivas já tinham acontecido em cada forania, separando as categorias concorrentes. A movimentação da juventude para esse dia foi tão grande que o impacto nas redes sociais foi imediato, com vários comentários a respeito do dia, realizado de maneira diferente em Campinas. Jovens de várias partes do país puderam acompanhar o festival ao vivo pelo Cast Jovem, um site criado pela juventude para a juventude. Também não era para menos. Com toda a criatividade e animação provenientes da juventude, o hit da internet “Oppa Gangnam Style”, do músico coreano Psy, se transformou na paródia “Jovem Anunciai”, criada pelo grupo Javé. Além disso, os animadores do evento não perderam o fôlego um só minuto.


JUVENTUDE

Pulando, cantando e alegrando a plateia jovem, distribuíram brindes e Youcats (o catecismo da Igreja Católica para jovens). Ao final do dia, a Santa Eucaristia foi celebrada por Dom Airton José dos Santos em sua primeira celebração com a juventude arquidiocesana. Dom Airton se mostrou contente com a participação dos jovens. Como forma de homenagear o arcebispo, os jovens dançaram a música “Eu acredito na Juventude”, de Nilton Júnior. O resultado esperado por meses pelos concorrentes ao prêmio se tornou uma surpresa e alegria para todos os presentes. Os concorrentes ganhariam como prêmio uma viagem para um hotel fazenda, mas abriram mão deste benefício e mostraram que a competição não era importante, mas a partilha do amor e da arte. Todos foram campeões em humildade e respeito, não aos adversários, mas aos irmãos. RESULTADOS DO FESTIVAL VOCARE PREMIAÇÃO Música 1º Lugar. Banda Sacramento 2º Lugar. Canaã 3º Lugar. Banda Eixo da Fé Dança 1º Lugar. Banda ADV Reflexos da Alma 2º Lugar. Luz da Essência 3º Lugar. Criai Teatro 1º Lugar. Santos de Calça Jeans



Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora 08 DE DEZEMBRO

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o dia 08 de dezembro, a Igreja comemora a Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, uma das mais altas e preciosas festas dedicada a Maria Santíssima, chamada a Rainha de Todos os Santos, a Mãe do Salvador.


“Estamos no Ano da Fé, que vai até novembro de 2013, e a procissão não é nada mais do que celebração dessa fé”

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m Campinas, Nossa Senhora da Conceição é Padroeira da Arquidiocese, da cidade e Titular da Catedral Metropolitana. Por isso, no dia 08 de dezembro, às 08h00, as Comunidades e Paróquias das nove cidades da Arquidiocese de Campinas se encontraram na Basílica Nossa Senhora do Carmo, de onde saíram em Procissão até a Catedral Metropolitana para a Celebração da Missa Solene da Padroeira, às 09h00, presidida por Dom Airton José dos Santos, Arcebispo Metropolitano. Cerca de 3 mil pessoas participaram da procissão e da celebração. Dom Airton salientou momentos antes da procissão: “há três circunstâncias que lembramos hoje: a Cidade, a Arquidiocese e a Catedral. Estamos no Ano da Fé, que vai até novembro de 2013, e a procissão não é nada mais do que celebração dessa fé. Vamos promovê-la”, afirmou o Arcebispo.

Fotos: Bárbara Beraquet

Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora


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o final da celebração, Dom Airton fez a nomeação dos novos Coordenador de Pastoral, Coordenadores Regionais e Vigários Forâneos, que formam os conselhos para a ação pastoral na Igreja de Campinas.

Padre Bruno Alencar Alexandroni Coordenador Arquidiocesano de Pastoral

Padre João Augusto Piazza Coordenador da Região Pastoral Campinas

Padre Marcelo Donizetti Previatelli Coordenador da Região Pastoral Norte-Sul

Padre Cláudio Zaccaria Menegazzi Vigário Forâneo da Forania Bom Pastor

Padre Wilson Enéas Maximiano Vigário Forâneo da Forania Coração de Maria

Padre Paulo César Gonçalves Ferreira Vigário Forâneo da Forania Cristo Rei

Padre Paulo Roberto Emiliano Vigário Forâneo da Forania Nossa Senhora Aparecida

Padre Marco Antonio Amstalden Vigário Forâneo da Forania Nossa Senhora do Rosário

Padre Moacir de Ávila Lima Vigário Forâneo da Forania Padre José de Anchieta

Padre Rogério Canciam Vigário Forâneo da Forania Santa Cruz

Padre João Aparecido Passadori Vigário Forâneo da Forania Santos Apóstolos



REVISTA DIGITAL LUMEN A Revista Lumen é uma publicação digital da Arquidiocese de Campinas - SP. Disponível gratuitamente nas plataformas web online, aplicativo para tablets e download para computadores no portal da Arquidiocese de Campinas. Seu formato, propriamente digital, favorece a leitura em telas de computadores e tablets: com tipos e espaçamento maiores, imagens tratadas para web e links para recursos multimídia. A pequena tiragem impressa serve para fins de arquivo, pesquisa e divulgação. Acesse e divulgue a Revista Digital Lumen! EXPEDIENTE Arcebispo Metropolitano Dom Airton José dos Santos Direção Padre Rodrigo Catini Flaibam Editora chefe Bárbara Beraquet Mtb 37.454 Jornalista Wilson Antonio Cassanti Mtb 32.422 Apoio Mariana Ignácio Maristela Domingues Nathália Trindade João do Carmo Costa Arte e design Bárbara Beraquet

Interatividade Padre Rodrigo Catini Flaibam Distribuição Digital MAGTAB Tecnologia da Informação www.arquidiocesecampinas.com redacao@arquidiocesecampinas.com Rua Lumen Christi, 02 Jardim das Palmeiras 13092-320 Campinas - SP (19) 3794.4650



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