Revista Lumen - Maio de 2013 - Edição 02

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EDIÇÃO 02 - MAIO 2013

Habemus papam

Papa Francisco encontra Papa Emérito Bento XVI


CAPA

Habemus papam

Papa Francisco encontra o Papa Emérito Bento XVI, em 23 de março, em Castel Gandolfo. Foto de L’Osservatore Romano

Estamos a três meses da Jornada Mundial da Juventude – JMJ Rio 2013, e os jovens da Arquidiocese de Campinas estão presentes nesta 2ª edição da Lumen, apresentando seus trabalhos e atividades diversas em preparação à Semana Missionária e à JMJ. A Jornada será um momento especial também pela vinda do nosso novo Papa Francisco, capa da nossa edição, que vem surpreendendo o mundo pela sua simplicidade e gestos de humildade. Confira os momentos mais importantes desde a renúncia do Papa Emérito Bento XVI até os primeiros dias do Papa Francisco, com a retrospectiva da nossa reportagem De Bento XVI a Francisco. Confira, também, as alterações que ocorreram no Arquivo Diocesano com a mudança da Cúria Metropolitana de Campinas, do Centro Pastoral Pio XII para o Palácio Lumen Christi. A história da Igreja Católica na Cidade está melhor preservada e guarda registros preciosos, como a vinda de Dom Pedro II à Campinas em 1886. Essa e outras reportagens, como a do Dia Mundial das Comunicações e o perfil do primeiro padre do Brasil com formação em jornalismo, você confere a partir de agora! SETOR IMPRENSA ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS



Arquivo diocesano

Papa Francisco Da renúncia de Bento XVI à eleição do novo Papa

Leigos e Leigas na Pastoral das Exéquias Pequeninos do Senhor

Semana Missionária Via Sacra Jovem

Páscoa Jovem Os desafios do Papa Francisco


Pacientes cardíacos recebem festa 1700 anos do Édito de Milão Doação de Sangue Campanha da Fraternidade 2013 e seus resultados

Saúde em pauta A Virgem de San Juan de los Lagos Missão: Comunicação

Catequese Crismal


O Arquivo Arquidiocesano POR CAROLINA GROHMANN

A

mudança da Cúria Metropolitana de Campinas, do Centro Pastoral Pio XII para o Palácio Lumen Christi, também modificou a acomodação dos registros históricos da Igreja Católica na cidade: no atual prédio, o Arquivo Arquidiocesano conta com novo ambiente e climatização. “A organização de todo o acervo documental durante a mudança foi bem preparada, o que favoreceu a continuidade do nosso trabalho. A nova acomodação está contribuindo muito para a preservação da história eclesiástica de Campinas”, afirma a arquivista Maria Abadia Carneiro de Melo. Arquivista Maria Abadia Carneiro de Melo


Segundo ela, o acondicionamento era feito em temperatura ambiente e em ambiente impróprio. Por esse motivo, a Irmã relembra o livro elaborado por um grupo de professores da PUC-Campinas e pelos Cônegos Carlos Menegazzi e José Julio, “Arquidiocese de Campinas: subsídios para a sua história”, publicado em 2004, que cita a falta de recursos para documentos históricos no Arquivo da Cúria e da PUC-Campinas. As críticas foram incentivo para que uma série de mudanças gestacionais ocorressem, como também a organização da série documental respeitando a unicidade, tipologia, local e data do documento, o que proporcionou a inventariação e digitalização de parte dos registros. Por receber média anual de 96 pessoas, o Arquivo é um ambiente de in-

O documento mais antigo é o Livro Tombo Nova Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Campinas, onde é possível ler o registro: Jundiahy, 25 de outubro de 1772.

teresse de acadêmicos em busca de informações históricas e possui todos os documentos disponíveis para consulta, datados desde antes da criação da Diocese de Campinas, em 07 de junho de 1908 pelo Papa Pio X.

“Como também a organização da série documental respeitando a unicidade, tipologia, local e data do documento, o que proporcionou a inventariação e digitalização de parte dos registros”


N

ele, há a descrição sobre os primeiros anos do povoado da Cidade de Campinas e também o pedido do capitão Barreto Leme ao Governo Diocesano de São Paulo para construção da Igreja Nossa Senhora da Conceição das Campinas. Noivos em busca da certidão de batismo e pessoas que desejam obter cidadania estrangeira também recorrem ao Arquivo, que possui todos os documentos disponíveis para consulta. O espaço físico é formado por livros de Batismo, Crisma, Casamento, Óbito, Provisões, títulos diversos e caixasarquivos de documentos referentes às dispensas canônicas e requerimentos paroquiais solicitados à Cúria. Como os dados são diariamente atualizados, o novo espaço começa a ficar pequeno por conta da demanda de documentos que chegam para ser arquivados.

Livro Tombo Nova Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Campinas


Digitalização A solução para preservar os documentos antigos, a fim de evitar o manuseio durante uma pesquisa, foi a digitalização e organização deles em um programa de computador. São três HDs externos com imagens dos livros de Sacramentos referentes ao período de 1774 a 1960, capturados no formato digital em programa denominado Archivum, que permite a pesquisa pelo computador. A digitalização foi feita pelos mórmons, que buscaram os registros antigos em arquivos de Igreja, pelo fato de ela ser, até o século XIX, a responsável, principalmente nos países Ibéricos, pelos registros civis em época em que não existia cartório. Uma das missões dos mórmons é a preservação da genealogia, como um registro de memória do mundo. Em troca, eles disponibilizam uma cópia digital para o Arquivo de Campinas.


O

pesquisador João Paulo Berto utiliza o Archivum como fonte para pesquisa de informações sobre Práticas Fúnebres em Campinas no século XIX, seu tema de mestrado em História Cultural na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele afirma que o trabalho de digitalização é bem feito. “Você consegue encontrar informações só jogando o nome da pessoa no sistema. É simples e extremamente eficaz”, afirma. A organização dos documentos digitalizados que resultaram no Archivum foi feita pelo analista de sistemas da Arquidiocese de Campinas, Marcelo Marques de Lima, que criou o sistema de busca e o layout do programa. O acesso é pelo computador local, na sala de pesquisa do Arquivo da Arquidiocese de Campinas. João Paulo Berto

Archivum como fonte para pesquisa


Trabalho diferenciado Além do Arquivo de Campinas, Berto teve a oportunidade de utilizar outros arquivos eclesiais. Para ele, o diferencial do Arquivo de Campinas para os demais é a organização. “Dos que eu conheci, o Arquivo da Arquidiocese de Campinas está muito à frente, principalmente na área de gestão de documentos, preocupação e guarda. É um bom arquivo de pesquisa aquele em que eu posso saber o que eu encontro”. Ele enfatiza que o trabalho da arquivista Abadia também é um diferencial, pois ela sempre oferece as possibilidades de documentos direcionados ao que a pessoa procura. “A listagem é o mais importante do arquivo para eu saber o que tem. E isso é um diferencial no Arquivo em Campinas”. Como comparação, Berto cita que há arquivos que restringem o horário de pesquisa a tempo reduzido, em que é preciso pagar taxa de acesso, além de haver preço para fotografar ou escanear documentos. Muitos não possuem guia de arquivo para auxiliar o pesquisador. No artigo As especificidades das Bibliotecas e Arquivos eclesiásticos no Brasil: apontamentos históricos para uma política de gestão integrada, de autoria de Berto e publicado no site História e-História, que reúne publicações acadêmicas com o apoio do Grupo de Pesquisa Arqueologia Histórica da Unicamp, o pesquisador cita pesquisa realizada em 1999 pela associação espanhola Fundação Histórica Tavera, que quantificou, considerando a totalidade do acervo documental brasileira, que um terço deste é formado por documentos eclesiásticos.


“Na área de arquivo e de biblioteca, a Igreja no Brasil possui um dos patrimônios documentais mais importantes”

P Uma das imagens do Arquivo registra criança sendo recebida ao Seminário.

orém, as condições não apenas dos documentos, mas também da alocação deles, segundo a pesquisa, revelam acervos desorganizados, sem classificação, sem instrumentos de pesquisa, em estado deplorável de conservação. São estes os diagnósticos gerais dos documentos sob poder da Igreja no mundo. Berto afirma que a Igreja tem conhecimento do patrimônio documental que possui, porém, para ele, falta reconhecimento da importância deles. “Na área de arquivo e de biblioteca, a Igreja no Brasil possui um dos patrimônios documentais mais importantes”, diz e classifica como a principal dificuldade para manutenção dessa área, a falta de incentivo monetário.


Documentos Mais Procurados Somam-se ao Livro Tombo Nova Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Campinas outros dois documentos que são os mais procurados no Arquivo: o Livro de Batizado nº 02, da Igreja Santa Cruz de Campinas, atual Basílica de Nossa Senhora do Carmo, de 29 de outubro de 1886, que confirma a vinda de Dom Pedro II à Campinas, para ser padrinho de Pedro Humberto e o livro onde há o registro de Batismo do compositor Carlos Gomes.

Registro confirma a vinda de Dom Pedro II à Campinas, para ser padrinho de Pedro Humberto


11 de fevereiro

Bento XVI, 85, eleito 265° Papa em 19 de abril de 2005, sucessor de João Paulo II, anuncia a sua renúncia a partir de 28 de fevereiro. “Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino(...) Por isso, bem consciente da gravidade deste acto, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005”.

24 de fevereiro Último angelus de Bento. “O senhor me chama para subir o monte para me dedicar a oração. Vou continuar servindo a Igreja, com o mesmo amor”, afirmou o Papa. 25 de fevereiro Bento mudou as regras do conclave, autorizando que o próximo se reunisse antes de 15 de março. 26 de fevereiro Vaticano anuncia que Bento terá nome de Papa Emérito após deixar o cargo.

De BENTO XVI a FRANCISCO Da renúncia de Bento XVI à eleição de Francisco, o primeiro papa latino-americano da Igreja POR MARIANA MAIA

27 de fevereiro Última audiência pública do Papa. 200 mil pessoas se reuniram na Praça de São Pedro para se despedir de Bento. “O Senhor nos deu muitos dias de sol e ligeira brisa, dias nos quais a pesca foi abundante, mas também momentos nos quais as águas estiveram muito agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja e o Senhor parecia dormir”.


FOTOS: L’OSSERVATORE ROMANO

28 de fevereiro

Convocação oficial e formal para o conclave. Último tweet de Bento às 17h local, 13h de Brasília. “Obrigado por vosso amor e o vosso apoio! Possas viver sempre na alegria que se experimenta quando se põe Cristo no centro da vida”. 17h38, Bento apareceu na sacada central do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo e se dirigiu aos fieis da diocese de Albano, que lotaram a praça. Às 20h local (16h de Brasília), começou a Sé Vacante, ou seja, o período que vai desde que falece ou renuncia um papa e se elege seu sucessor. Só acabará esse período quando o Conclave de Cardeais escolher o 266º sucessor do apóstolo Pedro. O cardeal camerlengo assume interinamente a função de chefe de estado do Vaticano. O título tem origem medieval e o significado é “adido do tesouro”.

02 de Março Entrega do anel do pescador que foi inutilizado mesmo sendo a tradição destruir o anel após a morte ou renuncia de um Papa.


03 de março Pela primeira vez na história, não houve a oração do Angelus no Vaticano, apesar de haver um papa vivo. 04 de março Inicia-se às 9h30 (5h30 de Brasília) o pré-conclave com a primeira reunião/ congregação com os Cardeais que já se encontram no Vaticano. 05 de março A Capela Sistina fecha suas portas para se preparar para a realização do conclave, só após a escolha do novo Papa ela será reaberta. Pela primeira vez foram usadas na capela duas estufas, uma para queima das cédulas dos votos e a outra da qual sairá a fumaça branca ou preta.

06 de março A Capela Sistina entra em reforma para o 25° conclave. Dos 115 cardeais que votam, apenas 2 não chegaram Lei do silêncio As autoridades do Vaticano disseram aos cardeais reunidos para não falarem mais à mídia. 08 de março A 7º reunião do pré-conclave já conta com todos os cardeais. Data do conclave é decidida, início no dia 12 de março. 09 de março A chaminé pela qual sairão as fumaças é instalada na Capela Sistina.

12 de março

Desde as 7 horas (3 horas de Brasília) se deu o início do conclave, com a transferência para a Casa Santa Marta. Às 10 horas (6 horas de Brasília) foi iniciada a missa de abertura do conclave, do qual participaram 115 cardeais de 50 países, que se reuniram para a escolha do 266º Papa. Às 9h42 (15h42 de Brasília), duas horas e sete minutos depois de as portas terem sido fechadas saiu a primeira fumaça preta marcando a primeira votação do conclave sem ainda uma decisão.


FOTOS: L’OSSERVATORE ROMANO


Habemus papam 13 de março

Por volta das 20h30 (16h30 de Brasília) o novo Papa, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, o primeiro papa da América-latina e jesuíta, que escolheu o nome de Francisco, teve sua primeira aparição na janela. “Irmãos e irmãs, boa noite! Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma. Parece que os meus irmãos Cardeais tenham ido buscá-lo quase ao fim do mundo… Eis-me aqui! Agradeço-vos o acolhimento: a comunidade diocesana de Roma tem o seu Bispo. Obrigado! E, antes de tudo, quero fazer uma oração pelo nosso Bispo Emérito Bento XVI. Rezemos todos juntos por ele, para que o Senhor o abençoe e Nossa Senhora o guarde. Foi realizado também sua primeira benção a uma enorme multidão na Praça de São Pedro nesta quarta-feira, pedindo as orações de “todos os homens e mulheres de boa vontade” para que o ajudem a comandar a Igreja Católica. Papa Francisco telefona para Papa Emérito.

FOTOS: L’OSSERVATORE ROMANO

Às 11h40 (7h40 de Brasília) sai uma fumaça preta da chaminé marcando a segunda votação do conclave. Por volta das 19h08 (15h08 de Brasília), Habemus Papam, sai da chaminé a fumaça branca sinalizando a decisão dos cardeais, ao mesmo tempo, tocam os sinos da Basílica de São Pedro. Logo após a notícia, o Papa escolhido se direciona para sacristia da Capela Sistina, chamada ‘das lágrimas’, para meditar e vestir umas das três batinas brancas, antes de se apresentar aos fieis. No perfil até então fechado do twitter foi postado: Habemus Papam.



14 de março Papa Francisco começa seu pontificado com oração na basílica de Santa Maria Maior, às 8h (4h de Brasília) em um automóvel sem placa oficial do Papa, marcando sua grande simplicidade e humildade. No mesmo dia, o Papa paga hospedagem do hotel onde havia se hospedado. Às 17h (13h de Brasília), o Papa celebra sua primeira missa na Capela Sistina. 15 de março Papa recebe todos os cardeais (até os com mais de 80 anos) para audiência no Vaticano às 11h (7h de Brasília), fazendo um pronunciamento de boas-vindas.

17 de março Papa celebra o primeiro Angelus de seu pontificado, que contou com a presença de 100 mil fieis. O Papa falou da necessidade da misericórdia e do perdão para um mundo mais justo O papa faz sua primeira publicação no twitter: “Queridos amigos, de coração vos agradeço e peço para continuardes a rezar por mim. Papa Francisco”. 19 de março Às 8h50 (4h50 de Brasília) o Papa passa pela Praça de São Pedro em seu papamóvel (versão “jipe”, sem cobertura) para saudar os cerca de 200 mil fies e líderes mundiais esperados no local. Missa de inauguração do pontificado do Papa Francisco, às 9h30 (6h30 de Brasília), com um pronunciado que pregou a defesa do meio ambiente e dos mais fracos da sociedade. Nesta missa, o papa recebeu o anel do pescador e o pálio. Às 11h30 (8h30) o Papa recebeu as delegações estrangeiras, 132 delegações entre países e organizações internacionais, incluindo 31 chefes de Estado. A primeira chefe de Estado a ser recebida foi a presidente do Brasil Dilma Rousseff; o encontro durou 20 minutos.


FOTOS: L’OSSERVATORE ROMANO



01 de abril

Papa celebrou e rezou a oração Regina Coeli, tradicional da semana da Páscoa. Diante da multidão, o Papa afirmou que a alegria da Páscoa deveria ser vivida durante o ano inteiro e pediu que os sacramentos que os católicos recebem ao longo da vida se reflitam no comportamento de cada um. Francisco visitou o túmulo de São Pedro, na necrópole que se localiza sob o altar da Basílica de São Pedro, ali o pontífice rezou, silencioso e comovido, segundo o Vaticano.

26 de março Papa decide continuar morando na Casa de Santa Marta, no Vaticano, instalações simples e modernas. 27 de março O pontífice realizou sua 1º audiência pública.

Assim segue seu pontificado...

FOTOS: L’OSSERVATORE ROMANO

24 de março Papa confirma a vinda ao Rio Janeiro em Julho para Jornada Mundial da Juventude, durante celebração da missa de Domingo de Ramos.

02 de abril Às 19h locais (14h de Brasília) Papa Francisco visitou o túmulo em que se encontra o Papa João Paulo II, forma de homenagear os 8 anos de falecimento do pontífice polonês.

Lava-Pés

23 de março Papa Francisco almoça com Papa Emérito: é a primeira vez em 600 anos que há esse encontro do então Papa com seu antecessor.


leigos

Leigos e Leigas na Pastoral das Exéquias MÁRCIA M. D. ALMEIDA SIGNORELLI CONSELHO NACIONAL DO LAICATO DO BRASIL

E

sta é a Pastoral das Exéquias: a Igreja servidora que leva consolo àquelas pessoas que perderam seus entes queridos e das quais, naquele momento, as mentes e corações só pensam na sua dor. A Igreja, na pessoa de seu representante, o ministro, a ministra das exéquias, aponta o caminho do Senhor, atualiza a prática de Jesus, pastoreia, cuida para manter viva a fé, alimentar a esperança e lembrar aos familiares que a morte não é o último passo: há a ressurreição.


leigos “O Senhor está sobre mim e me enviou a dar a boa notícia aos familiares das pessoas que naquele momento estão voltando para a casa do Pai” “As exéquias constituem-se num momento pastoral privilegiado, porque todos estão, nesta hora, mais abertos à mensagem da fé. Nessa ocasião os agentes pastores dão testemunho de esperança, solidariedade e conforto” (Doc. 62). A mensagem que se transmite nas exéquias é sempre o grande amor de Deus, que se apaixonou por nós, e que nos quer a vida mesmo depois da morte. E que, por isso, nos ressuscitará para que sejamos para sempre unidos a Ele, vivendo uma vida inefável como Paulo disse: “quem nem um olho viu, e nem o ouvido ouviu, nem jamais penetrou no coração do homem, o que Deus preparou para aqueles que o amam” (1 Cor. 2-9).

Por outro lado, ao ressuscitar, Jesus nos mostra também a vida ressurgindo em toda a sua grandiosidade, superando tudo o que a limita e acaba com ela: a miséria econômica e humana, a exclusão, os preconceitos, toda a sorte de pecado que produz a morte e fere a vida aqui na terra. E nós, os cristãos que cremos em tudo isso, temos que a cada dia remover a pedra do sepulcro e nos sintonizar com a ressurreição, com o cuidado para que as forças da morte não vençam, mas que vença a vida em abundância para todos.


Leigos e leigas que são ministros das exéquias sentem a exigência desta pastoral e, por isso, têm se preparado e têm dado depoimentos de quem realmente se dispõe, com o fervor dos santos, a transmitir esperança pelo anúncio da Boa Nova naquele momento difícil. As pessoas que estão no velório, tenham ou não fé, irão acreditar ou não. Mas isso é obra de Deus em seus corações. Compete ao agente abrir estar porta e com a sua fé con-

questões que são colocadas: nem sempre as pessoas presentes num velório estão atentas ao momento da celebração. Muitos ficam conversando ao fundo ou do lado de fora, alheios ao momento tão significativo. Existe, de forma subliminar, cultura dos tempos de hoje, nas pessoas não tão próximas ao familiar falecido, a ressonância de uma indústria do esquecimento, de que tudo vai acabar mesmo, e que a vida continua, e que tudo precisa ser muito rápido, até a

victa motivar os demais a realimentar a sua fé na ressurreição. Mas isto não é tão simples assim. De fora, as demais pessoas podem não entender, mas esta pastoral é

própria celebração. Por outro lado, uma celebração fica muito mais participativa quando a pessoa falecida faz parte de uma comunidade, tem vida de Igreja.

muito desafiadora, já que há várias


Mais difícil quando os familiares também convivem com diversas denominações religiosas e disputam celebrar as exéquias com ritos desta ou daquela denominação. Não se pode banalizar a morte. Ela existe e é muito dolorosa, porém há aquelas mais difíceis de serem encaradas, especialmente quando envoltas em muita violência. Também, neste ano em que a Campanha da Fraternidade se reporta especialmente aos jovens, estamos vendo um número cada vez maior de jovens falecendo, ou sendo mortos, quando ainda havia possibilidade de um futuro promissor. E também é realidade que a morte por suicídio tem aumentado e o consolo nesse caso tem que estar envolto em muita misericórdia. O que temos visto e sentido é que pouco se fala da Pastoral das Exéquias. Pessoas com vida de comunidade também têm dúvidas so-

bre o que de fato é exéquias, ou o que faz a Pastoral das Exéquias. Por isso, estamos nesse espaço lembrando aos nossos queridos leigos e leigas que a Pastoral das Exéquias está aberta a todos que se sentirem generosos em acolher, e chamados a levar conforto e a Boa-Nova da salvação aos irmãos e irmãs que esperam a presença da Igreja servidora com sua palavra de alento e esperança.


PEQUENINOS DO SENHOR

Olá amigo, olá amiga dos pequeninos,

E

stamos em tempo de renovação! É Páscoa, e temos também a alegria da presença do Papa Francisco à frente da nossa Igreja, dando-nos exemplo de humildade e fraternidade que devem ser vividas em todo tempo. Isso nos remete à reflexão sobre como estamos testemunhando a prática da ‘Nova evangelização, para a transmissão da fé cristã’, tema do último Sínodo dos Bispos em Roma, em outubro de 2012. A Associação Pequeninos do Senhor, no dia 23 de março passado, reuniu catequistas de muitas paróquias para o 6º Encontro de Animação e Formação para a evangelização das crianças. Foi um momento único e muito especial que vamos partilhar também, neste caderno. Desejamos um feliz tempo de mudança, de sair de si mesmo em busca do outro que nos espera para conhecer o Cristo vivo e presente no meio de nós. Um abraço fraterno,

Rachel Lemos Abdalla Fundadora e Presidente da Associação Católica Pequeninos do Senhor


PEQUENINOS DO SENHOR

Quem faz o caderno Pequenin

os do Senhor

Coordenadora e Redatora: Ra

chel Lemos Abdalla

Direção Espiritual: Mons. João Luiz Fávero Colaboração Psicopedagógic a: Daniela Frattini Colla - danifra ttini@hotmail.com Debora Corigliano - deboraco rigliano@hotmail.com Colaboração Pedagógica: Beatriz Maria Miranda Ferreira biamariaf@yahoo.com.br Contato: 55 (19) 2121.0444 Email: contato@pequeninosd osenhor.org Site: www.pequeninosdosenho r.org

Escreva para o Pequeninos do Senhor Envie o seu depoimento ou co nte-nos a sua história vinculada ao Proj eto Pequeninos do Senhor! E se quiser da r alguma sugestão ou fazer alguma críti ca, encaminhe para o nosso endereço de email: contato@pequeninosdosenhor .org Com certeza sua mensagem será lid a e nós lhe responderemos!


PEQUENINOS DO SENHOR

Palavra da Igreja

Cônego José Luís Araújo fala de sua experiência com o Projeto Pequeninos do Senhor “Pequeninos do Senhor é uma transmissão da experiência de fé que está sendo passada para as crianças”

O

‘Projeto Pequeninos do Senhor’ Este serviço de evangelização do está implantado na Paróquia ‘Pequeninos do Senhor’ tem atraído Santa Isabel, em Barão Geraldo, muitas crianças em nossa comunidesde 2007. É um trabalho que se endade. A partir dos acolhimentos, elas contra dentro da dimensão Litúrgicosaem toda semana com uma mensagem Catequética da comunidade através do desenho que cristã com a preocupação “Porque não fazem e da pintura que da evangelização dos realizam. São trabalhos basta ter o pequeninos de 3 a 7 anos que ficam marcados para conhecimento elas e também para a coque precisam ter o conhecimento da Palavra de teórico da vida de munidade que as acolhe Deus dentro daquilo que na celebração e valoriza Deus!” é próprio da idade deles, o que fazem. Neste senalém da experiência de tido é fundamental que, vida comunitária que precisam fazer. para o início de uma vida de catequese, Neste aspecto se trata de um trabalho elas sejam iniciadas dentro daquilo que com dimensões Litúrgicas e dimensões é próprio da idade delas com históriCatequéticas no qual se aprende celeas, pinturas, gravuras enfim, recursos brando, ouvindo e ainda brincando, didáticos necessários para que possam aqui no caso brincando com as coisas ter informações sobre a vida de Jesus e de Deus, como é próprio de toda crida Igreja, mas também possam realizar ança. uma experiência de vida Cristã.


PEQUENINOS DO SENHOR

Cônego José Luís Araújo e os pequeninos da Paróquia Santa Isabel

E isso é o mais importante, porque não basta ter o conhecimento teórico da vida de Deus! E o ‘Pequeninos do Senhor’ faz esta inserção! O trabalho é muito bem recebido e valorizado na comunidade, os pais participam e os catequistas se envolvem e é percebida uma presença sempre marcante e cada vez maior de crianças querendo participar deste momento da celebração. Parabenizo o ‘Projeto Pequeninos do Senhor’ que já está há mais de 15 anos evangelizando as crianças, e toda a sua equipe que iniciou este trabalho, e dizer que podem contar com o apoio dos padres, dos pais, das comunidades, dos

catequistas e de todas as pessoas que compreendem o sentido verdadeiro de uma evangelização que não é aula, mas uma transmissão de experiência de vida, uma experiência de fé que está sendo passada para as crianças. Agradeço a toda a equipe do ‘Pequeninos do Senhor’ e desejo que este serviço frutifique cada dia mais na vida das comunidades!

Cônego José Luís Araújo Diretor da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas


PEQUENINOS DO SENHOR

Novidades Desde o final de 2012, a Associação Pequeninos do Senhor tem o seu Estatuto Civil registrado na cidade de Campinas, cuja Denominação e Finalidade se encontram dentro do Capítulo I conforme descrito abaixo: “Artigo 1º - ASSOCIAÇÃO CATÓLICA PEQUENINOS DO SENHOR é uma associação de fiéis leigos, católicos consagrados à evangelização de crianças de 3 a 7 anos e à formação de leigos para o acolhimento das mesmas, unidos pelos vínculos da fraternidade evangélica. Foi idealizada por doze mulheres leigas, fundadoras admitidas entre outros em assembleia conforme este Estatuto. A ASSOCIAÇÃO CATÓLICA PEQUENINOS DO SENHOR não tem fins econômicos. Parágrafo 1º - São objetivos essenciais de nossa caminhada ter uma vida de contínuo e determinado anseio de atender ao chamado missionário do próprio Cristo, como discípulas evangelizadoras, tendo como foco principal a elaboração, atualização e manutenção do “Missal dos Pequeninos” e outros subsídios catequéticos, além do compromisso de divulgá-los como proposta

de evangelização de crianças na primeira infância durante as Missas no Dia do Senhor; e dar encontros de formação e animação aos coordenadores e voluntários quanto ao acolhimento das crianças e uso do “Missal dos Pequeninos” e outros subsídios.” O Estatuto Canônico foi aprovado em 2010, por Dom Bruno Gamberini e seu conteúdo encontra-se publicado no site Pequeninos do Senhor que, desde dezembro de 2012, passou a ser pequeninosdosenhor.org, caracterizando-o como uma Organização.

Desde o final de 2012, a Associação Pequeninos do Senhor tem o seu Estatuto Civil registrado na cidade de Campinas


PEQUENINOS DO SENHOR

6º Encontro de Formação e Animação Pequeninos do Senhor O Encontro teve como tema: ‘A alegria do anúncio’ e contou com a participação da ONG Hospitalhaços nas oficinas lúdicas

A

nualmente a Associação Pequeninos do Senhor organiza um Encontro de Catequistas e, no dia 23 de março de 2013, promoveu o 6º Encontro para a apresentação do Projeto às novas Paróquias, e Formação e Animação para os Catequistas que já trabalham nas Paróquias que têm o Pequeninos do Senhor implantado.

Diretoria reunida com a camiseta nova do Pequeninos do Senhor que foi lançada neste encontro


PEQUENINOS DO SENHOR Equipe da ONG Hospitalhaços junto com a Rachel Abdalla - Presidente do Pequeninos do Senhor

P

articiparam do evento 19 paróquias de nove cidades (Campinas, Valinhos, Vinhedo, Monte Mor, Sumaré, Hortolândia, Bragança Paulista, São José do Rio Preto e São Paulo), de quatro Dioceses (Campinas, Bragança Pau-

lista, São José do Rio Preto e São Paulo). Todas as Paróquias da Arquidiocese de Campinas receberam uma carta convite que foi enviada pelos Correios aos cuidados dos Párocos para encaminhamento à Coordenação de Catequese.


PEQUENINOS DO SENHOR

O

Encontro teve como tema: ‘A alegria do anúncio’ e contou com a participação da ONG Hospitalhaços nas oficinas lúdicas. Os participantes contaram também com a entusiasmada palestra da Advogada, e uma das Diretoras do ‘Pequeninos do Senhor’, Márcia Maria Bittar Latuf que desenvolveu o tema em cima da passagem de Lucas 1,28-33, sobre a Anunciação à MaMomento das Oficinas Lúdicas

ria, quando o anjo lhe fala: “Alegrate, cheia de Graça, o Senhor está contigo!” O Monsenhor João Luiz Fávero esteve presente, acolhendo e abençoando os catequistas, e a duração do Encontro foi das 8h às 17h, encerrando com uma Missa na Paróquia de Nossa Senhora das Dores.


PEQUENINOS DO SENHOR

aos catequistas

Você ouviu o que Jesus pediu?

E

ste versículo do Evangelho de Marcos é um convite a todo cristão a ser um discípulo missionário. E, ser discípulo missionário é deslocar-se, sair de si mesmo e ir ao encontro do outro que pode estar ao seu lado ou além fronteiras do seu próprio conhecimento para anunciar Jesus Cristo, o Filho de Deus. Se notarmos que Jesus está nos dando uma ordem, é preciso que ela seja cumprida! Se Ele está dando uma orientação, é bom que seja seguida! E, se Ele está conduzindo, é melhor acompanhá-Lo, afinal, Ele quer nos levar a algum lugar. Mas, para onde ir? Por todo o mundo? Mas, que mundo é esse? É o mundo que nos rodeia, nos envolve e nos ocupa; é o lugar por onde passamos todos os dias, nos desvios que procuramos de vez em quando ou nas encruzilhadas da vida; é onde estamos agora vivendo e convivendo com as diferenças e as igualdades. E todo cristão deve, no caminho ou no descanso, mostrar Cristo ao outro sendo Alter Christus no mundo, fazendo o anúncio como algo que marca a presença do Cristo e reflete a Sua Luz! Pregar o Evangelho é conseguir fixá-lo no coração do outro, e, de preferência, para sempre e como algo inusitado!


PEQUENINOS DO SENHOR

“Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” Mc 16,15

Deixá-lo intenso e ativo como uma chama que não se apaga, que faz arder no peito e queimar na alma, porque a Palavra do Cristo é viva, transforma o homem de boa vontade, revigora o ânimo, suaviza a dor, cura a doença e liberta do mal, e precisa ser divulgada aos quatro cantos do universo por todos aqueles que foram chamados a servir a Cristo; por cada um que teve a experiência de chegar até Deus através do encontro com Jesus no outro; ou que recebeu de graça e que de graça precisa dar, sem limites... O que Jesus pede é para, simplesmente, anunciar o Evangelho em primeiro lugar’, em todos os lugares e a todas as criaturas – aquelas que nos amam ou não, que cuidam de nós ou nos desprezam, que nos apóiam ou nos condenam - sem desanimar, testemunhando o que somos por Ele, com Ele e para Ele. por Rachel Abdalla


PEQUENINOS DO SENHOR

Pequeninos do Senhor: o desabrochar da fé desde a infância


PEQUENINOS DO SENHOR

A TRANSMISSÃO DA FÉ AOS PEQUENINOS

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ão Paulo escreve na Carta aos Romanos: “Acredita-se com o coração e, com a boca, faz-se a profissão de fé” (Rm 10, 10). Mas como desabrochar a fé a partir da infância? Na Carta Apostólica Porta Fidei, escrita pelo Papa Bento XVI para o ‘Ano da fé’ (2012-2013), lemos que, a ‘fé, que atua pelo amor’ (Gl 5, 6),... muda toda a vida do homem (PF6). Ela cresce quando é vivida como

experiência de um amor recebido (PF7)... E o coração indica que o primeiro ato, pelo qual se chega à fé, é dom de Deus e ação da graça que age e transforma a pessoa até o mais íntimo dela mesma (PF10). Frequentemente, ouvimos pessoas dizerem: eu não sei o que é fé, ou a minha fé é muito pequena... E, então, podemos nos perguntar: será que a fé lhe foi transmitida? Ou, como ela foi alimentada ao longo da vida?


PEQUENINOS DO SENHOR

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e uma pessoa é batizada e faz a primeira Eucaristia aos dez anos, e só volta à Igreja depois de vinte anos para se casar, quão grande será a sua fé? Se a primeira e, talvez, a última vez que ela teve uma orientação cristã foi na sua primeira catequese, talvez esse seja o tamanho de sua fé: o tamanho da sua roupa de Primeira Eucaristia. Será que na hora de se casar, a roupa ou a fé estará condizente com o seu tamanho físico e emocional? A Declaração Gravissimum Educationis - GE, sobre Educação Cristã, promulgada no Concílio Vaticano II, afirma que “os pais devem ser

para seus filhos os primeiros mestres da fé” (GE2). E, o Documento 26 - Catequese Renovada – da CNBB (1983) concorda que ‘’a família cristã, pela graça sacramental do matrimônio tornada como que ‘igreja doméstica’, é lugar, por excelência, de Catequese, especialmente na primeira infância’’ (121). Portanto, os pais são os primeiros responsáveis pela transmissão da fé aos seus filhos. Cabe a eles os primeiros passos na caminhada cristã em casa, e depois no encaminhamento para a catequese que é uma educação da fé.


PEQUENINOS DO SENHOR

E, à Igreja, cabe a responsabilidade de acolhê-los na iniciação cristã desde bem pequeninos, desde a mais tenra idade, até mesmo antes dos sete anos, tempo em que estão sendo formados o caráter, a personalidade, a afetividade e os valores que serão a base de suas condutas durante a vida; inseri-los numa catequese lúdica, orientandoos para a fé, o quanto antes, a partir do encontro com a pessoa de Jesus, Aquele que será o melhor amigo durante toda a vida, introduzindo-os na vida da comunidade e formandoos para uma vida cristã prática e atuante. Segundo o Documento de Aparecida (2007), ‘assumir essa iniciação cristã exige não só uma renovação de modalidade catequética da Paróquia... mas, desenvolver uma catequese que seja permanente, que continue o processo de amadurecimento da fé (cf.294), além de organizar novas formas que

ajude o catequizando a valorizar o sentido da vida junto aos sacramentos, a participação na comunidade e o compromisso como cidadão, para que ele tenha a consciência de ser sal e fermento no mundo, com uma identidade cristã forte e segura (cf.286). O Pequeninos do Senhor abre as portas da Igreja para esta missão, acolhendo os preferidos de Jesus, as criancinhas, aquelas que, embora tenham muitas vezes as mãozinhas sujas nas brincadeiras, têm a alma e o coração puros...A fé dos pequeninos depende de cada pai, de cada mãe, de cada catequista que deve cativá-los para o encontro com Aquele que será o seu melhor amigo durante toda a vida!

Clique aqui para ouvir o programa sobre este tema Por Rachel Lemos Abdalla


PEQUENINOS DO SENHOR

Entrevista

Pequeninos do Senhor entrevista Daniela Frattini Colla, Diretora de Produtos da Associação Quando e como você conheceu o Pequeninos do Senhor? Conheci o Projeto Pequeninos do Senhor em uma chamada para catequistas na Paróquia Nossa Senhora das Dores, no Cambuí, aqui em Campinas, onde está implantado o Projeto Piloto e, como eu estava a procura de servir a Igreja, fui conhecer melhor a proposta e me coloquei à disposição para ajudar. Já estou no projeto há 10 anos. O que te atraiu para iniciar as atividades como catequista dos pequeninos? Conte a sua experiência.

Inicialmente o trabalho com as crianças foi o que me chamou atenção. Esta experiência, que é muito dinâmica, nos dá total suporte para fazer um trabalho diferenciado na catequese familiar. Participo dele desde quando minha filha frequentava o Pequeninos do Senhor, e isso também foi uma “ajuda” para que eu conhecesse e aprovasse o projeto. Dentro de uma visão mais ampla, o que é, para você, o Projeto Pequeninos do Senhor dentro da Igreja? O projeto Pequeninos do Senhor é uma das formas de trazer as famílias de volta para a Igreja, pois muitos pais com o nascimento dos filhos acabam afastando-se, e só voltam quando as crianças já estão crescidas e na fase da catequese. Com o Projeto Pequeninos do Senhor a família encontra tranquilidade de participar do dia do Senhor, pois as crianças têm um lugar apropriado e pessoas preparadas para ficarem com elas e evangelizarem de modo adequado, na linguagem delas.


PEQUENINOS DO SENHOR

Como você vê a proposta do Projeto Pequeninos do Senhor no processo de evangelização da criança e da família? Fundamental, pois como já falei, o Projeto dá condições de trazer a família de volta para o dia do Senhor, no qual a criança é evangelizada de forma lúdica, e os pais, após a celebração, podem comentar sobre o Evangelho do dia e trocar experiências em família, pois a criança falará sobre o mesmo assunto com eles. Desde quando você faz parte da Diretoria Pequeninos do Senhor e qual é a sua atuação dentro dela? Estou na diretoria há sete anos. Atualmente sou a Diretora de Produtos e responsável também pelas postagens de coletes para o Brasil todo. Além disso, estou como apresentadora do Programet Pequeninos do Senhor, na Rádio Brasil AM, da Arquidiocese de Campinas, dentro do Programa Povo de Deus, fazendo entrevistas com voluntários, catequistas, coordenadores e padres que já atuam no projeto. Como você vê a Associação Pequeninos do Senhor nos próximos 10 anos? A Associação está crescendo muito e eu espero que daqui a 10 anos possamos estar em todos os Estados do Brasil, com pelo menos uma cidade implantada, e fortalecendo e aumentando as já existentes.

O que você gostaria de fazer e ainda não teve oportunidade de realizar dentro do Projeto Pequeninos do Senhor? Visitar as todas as paróquias que já tem o Pequeninos do Senhor, trabalho árduo, pois já estamos em muitas paróquias e comunidades. Deixe aqui o seu testemunho ou uma história que marcou sua vida dentro do Pequeninos do Senhor. Como já falei anteriormente, minha filha participava do Projeto, e ela foi crescendo e já na idade de catequese, foi se desinteressando pelo acolhimento da missa, pois queria dar continuidade com os coleguinhas, e eu como mãe precisei me acostumar com a ideia, pois para os pais, os filhos são sempre bebês. Para nossa família, ela participar do Pequeninos do Senhor fez muita diferença. Hoje ela é muito amorosa, pensa muito nas outras pessoas e tem valores cristãos bem definidos. Atualmente, trabalhamos como catequistas no acolhimento do Projeto Piloto, eu e meu marido, e esta experiência também é muito importante para minha vida, pois vejo o esforço dele em se relacionar com os menores, e para as crianças isso faz toda a diferença, pois a presença masculina é um diferencial.


Arquidiocese se programa para receber quatro mil peregrinos estrangeiros

Semana Missionária Por Mariana Ignácio

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Semana Missionária, que antecede a Jornada Mundial da Juventude, evento sediado pelo Rio de Janeiro, já está movimentando as paróquias da região. Entre os dias 17 e 21 de julho deste ano, a Arquidiocese de Campinas espera receber cerca de quatro mil jovens estrangeiros, que virão à cidade para conhecer os costumes e a cultura do interior do Brasil. Pouco mais de mil peregrinos já se inscreveram, mas a expectativa é que esse número cresça, por conta da presença confirmada do Papa Francisco. Entre os inscritos estão peregrinos da França, Itália, Venezuela, México, Canadá, Argentina, Paraguai, Filipinas, Haiti, Coréia do Sul, Polinésia e Guiana Francesa. O objetivo da Semana Missionária é um intercâmbio cultural entre os estrangeiros e os brasileiros, sem esquecer da espiritualidade proposta para este encontro. Para que os objetivos se cumpram, a organização propôs uma programação que inclui celebrações eucarísticas, ações missionárias e atividades esportivas, lúdicas e culturais nas paróquias que receberão os peregrinos.


Clique aqui para ouvir o Hino da JMJ

Os hospitais Celso Pierro (PUC) e Caism (Unicamp) abrirão suas portas para que as paróquias façam atividades missionárias da Semana com os pacientes dos hospitais, mas é preciso combinar tudo antecipadamente. Para encerrar a Semana Missionária, uma Missa a nível diocesano reunirá todos os peregrinos acolhidos pelas paróquias das oito Foranias da Arquidiocese será realizada no recinto onde acontece a Festa do Figo, em Valinhos e está programada para acontecer no dia 20 de julho. A cerimônia enviará os peregrinos estrangeiros e diocesanos à Jornada Mundial da Juventude, que será sediado no Rio de Janeiro dos dias 23 a 28 de julho.

A música “Eu acredito na Juventude” do celibatário consagrado na Comunidade Católica Pantokrator, Nilton Junior, foi composta para a chegada dos símbolos da JMJ ao Brasil em setembro de 2011. A canção ganhou destaque na Internet, através de Flash Mobs e de grupos que a tem usado para fazer divulgação da JMJ Rio 2013.

O hino oficial da JMJ 2013, “Esperança do Amanhecer”, foi lançado na ‘festa aventura da cruz’, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Rio de Janeiro, 14 de setembro de 2012. Com letra e melodia simples, a canção foi inspirada na natureza do Rio de Janeiro, no Cristo Redentor e no tema da JMJ “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”; o compositor foi o padre José Cândido. O hino é interpretado pelas vozes de cantores católicos: Adriana Arydes, Olivia Ferreira, Eliana Ribeiro, Walmir Alencar, Guilherme do Rosa de Saron e Leandro Souza.


Via Sacra, a maneira jovem de ver a Paixão do Senhor Por Mariana Ignácio

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ovens de toda a Arquidiocese de Campinas participaram da Via Sacra Jovem, na noite do sábado de Ramos, 23 de março, sendo uma das comemorações da Páscoa por parte da juventude. O evento aconteceu na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim Proença, em Campinas. A encenação ficou por conta do grupo Anjos da Luz, da Paróquia São José de Elias Fausto, que mesmo com um grande desafio em mãos, representou a Paixão do Senhor de maneira que todos pudessem entender e sentir a profundidade do ato de Jesus Cristo. A parte musical da apresentação ficou a cargo do Coro da Arquidiocese de Campinas. Enquanto o grupo encenava, o coro cantava a música “Via Crucis” do compositor húngaro Franz Liszt.


O evento também foi uma preparação para a Semana Missionária da Arquidiocese de Campinas, uma forma de envolver o jovem no contexto de fé, neste ano em que acolheremos a Jornada Mundial da Juventude no Brasil e sendo o Ano da Fé para todos os católicos.


Páscoa Jovem reúne sete mil jovens de Campinas e região para celebrar o Cristo Ressuscitado Por Mariana Ignácio

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ais de sete mil pessoas participaram da Páscoa Jovem, na cidade de Sumaré, no domingo, 7 de abril. O Chapéu Brasil em Sumaré, local onde o evento foi realizado, estava lotado com uma juventude alegre que se reuniu para celebrar o Cristo Ressuscitado. Os jovens ali presentes gostaram do que viram e viveram.

“Foi maravilhoso o Espírito Santo tocando nossos corações” comenta Magda Oliveira, uma das participantes do evento. O evento foi promovido pela Área Juventude da Arquidiocese de Campinas, que preparou shows com Antônio Alves, Abner Santos, Nilton Júnior e a banda Rosa de Saron.


“Creio que Deus fez grandes obras através do grande louvor, da união da juventude e da nossa fé. Deveria ter mais vezes, a nossa juventude anseia, precisa e está sedenta de Deus”, diz Luciano Umbelino, outro participante. Durante os shows, os jovens também podiam se confessar ou se aconselhar com os padres e fazer momentos de adoração, num local separado. Para aqueles que trabalham com a Juventude, o evento foi muito positivo. Nilton Júnior, uma das atrações musicais do evento, lembrou que jovens vieram de outras dioceses e cidades para prestigiar o evento e espera que existam futuras edições e que sejam ainda maiores. Jaqueline Rocha expressa seu sentimento após a realização da Páscoa Jovem. “Transformador! Um divisor de águas em minha vida”, declara. As atrações musicais também gostaram do que viram. O cantor Antônio Alves declarou que a juventude está pronta para receber a Jornada Mundial da Juventude, pois já atendeu ao chamado de Cristo.

“A gente percebe, na Páscoa Jovem, que o Cristo está vivo através do jovem e é bom que o jovem também possa sentir isso”, completa. O cantor Nilton Júnior afirmou que a Páscoa Jovem foi, além de tudo, união entre as expressões jovens ali presentes, que eram diferentes entre si, mas uma só Igreja. “Coloca todo mundo no mesmo lugar e mostra que unidos nós somos Igreja”, afirma. E completa dizendo que a unidade é o que a Igreja precisa, principalmente em relação ao jovem. “A Igreja precisa de um evento que chame, que atraia o jovem, mas que faça ele se sentir corpo também!”, finaliza.


teologia moral

OS DESAFIOS DO PAPA FRANCISCO POR PADRE JOSÉ ANTONIO TRASFERETTI Doutor em Teologia e em Filosofia, Professor Titular da PUC-Campinas e Pároco da Paróquia de São Pedro Apóstolo

A Igreja Católica está vivendo um momento muito intenso. A renúncia do Papa Emérito Bento XVI e a chegada do Papa Francisco trouxe um novo fervor. A imprensa mundial noticiou estes fatos com grande cobertura. Tenho encontrado muitas pessoas otimistas com a escolha de Cardeal Bergoglio. Seu passado simples e humilde em terras argentinas sempre trabalhando em prol dos mais pobres tem dignificado a Igreja de Cristo. Entretanto, seus desafios são imensos: vão desde a reforma da Cúria Romana até os problemas morais mais candentes. A sociedade civil organizada está observando com grande expectativa. Papa Francisco sabe que sua responsabilidade é imensa, por isso tem trabalhado com muita cautela, embora já tenha

feito pronunciamentos decisivos. Ele conclamou a Igreja a trabalhar pelos pobres, disse que a Igreja não pode se transformar numa ONG piedosa, que é preciso punir os que estão comprometidos com práticas de pedofilia. Seu temperamento humilde, suas ações mais próximas das pessoas têm cativado muitos cristãos que estavam um pouco afastados da prática eclesial. Papa Francisco tem imenso trabalho na Europa devido o afastamento de muitos fiéis. O Papa Emérito Bento XVI tentou fortalecer o cristianismo na Europa, mas não conseguiu realizar seus objetivos a contento. A Europa atravessa uma fase muito difícil: crise de valores, secularização exacerbada, confusão entre religiões, materialismo doentio têm


teologia moral transformado a cultura ocidental num ambiente hostil ao Evangelho. É comum vermos noticiários dizendo que a Igreja está vendendo templos, terrenos e espaços que antes eram ocupados por religiosos. Neste sentido, a presença da Igreja nestes ambientes reveste-se de um enorme desafio. A Igreja na América Latina também clama por transformações. As pesquisas mostram que a Igreja Católica tem perdido fiéis, que os evangélicos estão crescendo, que muitas pessoas até creem em Deus, mas não tem interesse em participar da vida comunitária. Cresce o número de pessoas que se definem como “sem religião”, ou seja, sem vínculo institucional com alguma denominação religiosa. Nós, que coordenamos Comunidades e Paróquias, sabemos que está cada vez mais difícil encontrarmos pessoas de boa vontade que se dediquem aos trabalhos pastorais e sociais. O individualismo, o medo, o fechamento tem sido muito comum em nossas cidades grandes. A arquitetura do medo, como afirmam alguns teóricos, domina as nossas periferias e áreas industriais,

dificultando as ações sociais e comunitárias. O Papa Francisco terá muitas dificuldades porque não se trata somente de evangelizar, mas de transformar toda uma cultura, um modo de vida, um ethos que invadiu a mente e o coração dos seres humanos. Vivemos realmente tempos difíceis, por isso a Igreja tem insistido em criar novos métodos, novas formas de evangelização. A inserção da juventude em nossas comunidades tem sido uma prioridade, porque são eles que levarão para suas casas e seus ambientes de estudos e trabalhos a nova vida em Cristo. O Papa Francisco sabe disso e não vai medir esforços para estar presente no Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em julho na cidade do Rio de Janeiro. Vamos rezar e, ao mesmo tempo, contribuir, cada um do seu jeito, para que o Papa Francisco consiga superar todos os seus desafios e conduzir a Igreja de Jesus do melhor modo possível.


FOTOS DA FESTA FEITAS POR ÃLVARO JR.

Pacientes cardíacos pediátricos recebem festa Luiz Gustavo, Thacyane Karolayne, Sophia Emanuelly, Davi Dario, Maria Eduarda, Miguel e Mateus Henrique. Sete crianças que sobreviveram e receberam alta hospitalar após passarem pelo procedimento que utilizou a técnica de ECMO (Extracorporeal Membrane Oxigenation) foram recebidas com festa pelo Serviço de Cirurgia Cardíaca do Hospital e Maternidade Celso Pierro (HMCP), no dia 23 de março.


ECMO é a terminologia que engloba técnicas de oxigenação extracorpórea por meio de membranas artificiais (oxigenadores) que substituem temporariamente os pulmões e o coração dos pacientes. Bexigas, balas, bolo e muita diversão com os voluntários Griots (contadores de história), Hospitalhaços e Medicão (cães terapeutas) fizeram parte do evento.


“A festa teve como objetivo celebrar os excelentes resultados obtidos com a técnica de ECMO no tratamento de crianças que se encontravam em situação clínica muito crítica, e que se não fossem submetidas a esse procedimento, certamente teriam falecido”, afirma o coordenador da cirurgia cardíaca pediátrica, Fernando Antoniali. “Ela está ótima, saudável e não teve de passar pelo transplante. A dedicação da equipe e a tecnologia a salvaram”, afirma a mãe de Maria Eduarda Alves Luis, 1 ano e 8 meses, Maria Averiana Alves de Freitas.


Segundo Lais Angelina Vieira da Silva, mãe de Mateus Henrique da Silva, 5 anos, “hoje ele está bem e se prepara para voltar para a escola”. “O nosso hospital conta com essa técnica terapêutica que pode salvar a vida de muitas crianças e adultos. Trata-se de um trabalho conjunto com outros médicos da equipe, perfusionistas e principalmente com as equipes das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) envolvendo enfermagem, fisioterapeutas e médicos intensivistas. Não podemos admitir que crianças morram em nosso meio sem oferecer a chance de uma recuperação de seus órgãos enquanto estiverem em ECMO”, completa.


espiritualidade

1700 ANOS DO ÉDITO DE MILÃO EVARISTO EDUARDO DE MIRANDA Doutor em ecologia, diretor do Instituto Ciência e Fé, pesquisador da Embrapa.

“Constantino proclamou pela primeira vez a liberdade religiosa como um direito da pessoa”

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m março do ano 313, o imperador Constantino promulgou o Édito de Milão. Ele proclamou não somente o fim das perseguições aos cristãos, que já vinha ocorrendo em diversas regiões do império romano, mas deu aos fiéis dessa nova religião o direito de culto e de não honrar o imperador como uma divindade. O Édito de Milão não transformou o cristianismo em religião oficial do império romano. Isso só aconteceu sob o imperador Teodósio I, no final do século. Constantino proclamou pela primeira vez a liberdade religiosa como um direito da pessoa e não mais como uma liberdade coletiva de natureza étnica. Até então, nas culturas antigas, incluindo o judaísmo, cada povo devia poder prestar culto ao(s) deus (es) de seus ancestrais, segundos seus ritos ancestrais.


espiritualidade

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m sua formulação, o Édito deu a todos, cristãos e outros, “a liberdade e a possibilidade de seguir a religião de sua escolha”, “aberta e livremente”. Essa definição de liberdade religiosa pessoal no Édito de Milão ainda ressoa neste início do século XXI. Hoje, esse direito do indivíduo está sendo negado em nome de pretensas normas sociais e até nacionais, de uma laicidade entendida como um ateísmo militante e, principalmente, cristofóbico e anticatólico. Ao ser promulgado, o Édito de Milão reconheceu a comunidade cristã como parte integrante do império romano. Os bens da Igreja, que haviam sido confiscados e até revendidos, foram devolvidos. Todos os interditos legais que pesavam sobre o nome “cristão” foram revogados.

“Ao ser promulgado, o Édito de Milão reconheceu a comunidade cristã como parte integrante do império romano”


espiritualidade

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ssa política de tolerância religiosa não era restrita aos cristãos, mesmo se foi graças à reflexão cristã que ela se construiu, desde a apologética de Tertuliano: a religião é o único domínio, no coração do homem, onde a liberdade estabeleceu seu domicílio. O Édito se aplicou a todos os cultos, greco-romanos, judeus, orientais e mesmo ao culto imperial. Constantino foi mais tolerante com os outros cultos do que os próprios cristãos de seu tempo. Não se institucionalizou uma sociedade plurirreligiosa, mas uma coexistência pacífica em que o império buscou sua unidade e se engajou progressivamente na via da cristianização. Não pela força. Não imediata. Mas, pela persuasão e por uma expansão na conquista de almas. Nisso, a cristianização visou à unidade do império e à universalização de seus valores. No que pese as contradições dos relatos históricos envolvendo a conversão de Constantino ao cristianismo, antes ou depois da decisiva batalha da ponte de Milvius no ano 312, seu Édito marcou o início de uma série de eventos históricos: em 315, a inauguração do arco de Constantino em Roma; em 324, a construção de Constantinopla; em 325, o concílio de Nicéia; em 327, a presença de sua mãe Helena na Terra Santa etc. O batismo de Constantino só ocorreu mesmo em 337, ano em que também veio falecer.


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o momento da promulgação do Édito, existiam no Império cerca de 1.500 sedes episcopais e entre 5 a 7 milhões de habitantes professavam a fé cristã. Após o Édito, teve início a etapa conhecida pelos historiadores cristãos como ‘Paz da Igreja’. Constantino arriscou-se politicamente ao eliminar a obrigatoriedade de culto ao imperador. Foi uma perda autoconsentida de poder. E acertou também ao fundar Constantinopla, onde seu império resistiu aos bárbaros, sem sucumbir, até o tempo da expansão árabe. É festejado no calendário bizantino em 21 de maio. Deveria ser em março, na data do Édito!


Solidariedade

DOAÇÃO DE SANGUE Alunos e funcionários da PUC-Campinas participam da 7ª Campanha de Doação de Sangue Elismere Machado elismere.machado@puc-campinas.edu.br

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PUC-Campinas promoveu, no mês de março e abril, a 7ª Campanha de Doação de Sangue. A primeira etapa foi no dia 12 de março, no período da manhã, no Campus I da Universidade. Organizada pela Coordenadoria Geral de Atenção à Comunidade Interna (CACI), em parceria com o Hemocentro da Unicamp, a Campanha faz parte das ações solidárias desenvolvidas pela Universidade para recepcionar os estudantes. A doação ocorreu em um ônibus do Hemocentro devidamente equipado. A Campanha arrecadou 50 bolsas de sangue e contou com um total de 69 doadores, sendo que

32 doaram pela primeira vez. É o caso do aluno do 2º ano do Curso de Jornalismo, Vinícius Oliveira, que sempre teve vontade de doar e aproveitou essa oportunidade. “Recebi um e-mail da Universidade falando da Campanha e logo me inscrevi. É um ato de solidariedade de que todos podiam participar, pois não custa nada e não vai fazer falta para o meu corpo. Hoje estou doando para alguém que nunca conhecerei, mas no futuro pode ser que eu precise do sangue de alguém”, disse. Pela segunda vez, a aluna do 2º ano do Curso de Turismo, Amanda Ramos de Miranda, contou que não quer parar de doar.


Solidariedade

... “A Campanha faz parte das ações solidárias desenvolvidas pela Universidade” “A partir da minha primeira experiência em doar sangue, criou-se uma motivação para doar mais. É tranquilo e não senti qualquer reação. Desta vez, vim doar em nome de uma conhecida que precisa de sangue”, relata. A segunda fase da 7ª Campanha de Doação de Sangue aconteceu no dia 16 de abril, no estacionamento da Praça de Alimentação do Campus I. De acordo com médica Carolina Costa Lima, o objetivo atual do Hemocentro é alcançar o doador consciente. “Priorizamos o bem-estar do doador para que ele se sinta à vontade e confortável com a equipe para que ele volte. Ou seja, queremos o doador voluntário e de repetição, que é diferente da doação motivada, na qual a pessoa conhece alguém que precisa de sangue e doa especificamente por uma causa”, disse a médica Hematologista/Hemoterapeuta do Hemocentro Unicamp Unidade PUC-Campinas.

Carolina explica que em uma única cirurgia cardíaca o paciente precisa de 12 doadores. “A cirurgia cardíaca é a que mais utiliza o banco de sangue e se não tiver reserva suficiente, o paciente não é operado”, conta.

Médica Carolina Costa Lima.


Solidariedade

Saiba o que é preciso para fazer a doação • Apresentar RG ou algum outro documento oficial com foto; • Se você tomou vacina para qualquer tipo de gripe (comum ou suína), deve certificar-se de que já faz mais de 30 dias, caso contrário não poderá doar; • Não ingerir bebidas alcoólicas durante os três (3) dias que antecedem a data da doação acima mencionada; • Ter entre 18 e 65 anos; • Peso mínimo para doação: 50 quilos; • Não estar em jejum, porém, apenas evitar alimentos gordurosos; • Estar descansado.

Imagens: PUC-Campinas


Solidariedade

Restrições Não poderá doar sangue aquele que:

• Estiver com gripe, febre ou infecção; • Ser portador de Sífilis (cancro), Malária ou Doença de Chagas; • Ser alcoolista crônico; • Ingerir álcool nos 3 dias que antecedem a data de doação; • Possuir comportamento de risco para doenças sexualmente transmissíveis; • For ou tenha sido usuário de drogas injetáveis; • Tenha contraído hepatite após os 10 anos de idade; • Tenha feito endoscopia, tatuagem ou piercing a menos de 12 meses.


Maria EmĂ­lia Schpallir Silva


Saúde em pauta POR MARIANA MAIA

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s atividades de comemoração da Semana Nacional da Saúde começam no dia 1º de abril e se encerram dia 7, no Dia Mundial da Saúde. Nos últimos meses, o assunto tem sido pauta na imprensa nacional e está ligado diretamente à Igreja em função do Conselho Federal de Medicina (CFM) manifestar-se sobre o aborto em março deste ano, quando publicou ser favorável à liberação do aborto até a 12ª semana de gestação, se o médico constatar que a mulher não apresenta condições psicológicas para a maternidade. Somam-se a essa decisão mais duas condições, as quais o CFM já publicou ser favorável: gravidez por emprego não consentido de técnica de reprodução assistida e anencefalia ou feto com graves e incuráveis anomalias, atestado por dois médicos. O respeito à autonomia da mulher e o alto índice de mortalidade e de internações de mulheres que fazem abortos clandestinos foram as razões da posição do CFM, que alegou a prática de abortos não seguros ter forte impacto sobre a saúde pública. O presidente da Comissão de Família e Vida da CNBB, monsenhor João Carlos Pretini, classificou a decisão do CFM como tendo “um poder deseducativo”.


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o ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu críticas dos bispos brasileiros por descriminalizar o aborto em caso de fetos com anencefalia. Outro assunto que também recebeu atenção da imprensa nacional foi a prática da eutanásia. Em fevereiro, a médica-chefe do departamento da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico de Curitiba foi indiciada pela polícia por ser acusada de praticar eutanásia em pacientes, principalmente do SUS, internados em estado grave desde 2006,

ano em que começou a chefiar o departamento. A médica foi presa pelo Núcleo de Repressão aos Crimes contra a Saúde, sendo acusada de também maltratar pacientes. Inaceitável pela Igreja Católica, a eutanásia é uma prática ilegal no Brasil. A Igreja Católica em seu magistério defende a ortotanásia, ou seja, a morte natural. A defesa da vida sempre em primeiro lugar. A Igreja Católica não aprova a eutanásia, que leva a morte antecipada, nem a distanásia, que prolonga a vida por meios artificiais e desproporcionais.


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revista digital Lumen conversou com a médica graduada pela Faculdade de Ciências Médicas da PUC-Campinas Maria Emília Schpallir Silva, sobre Eutanásia. Maria é especialista em Bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e mestranda em bioética pelo Centro Universitário São Camilo. Católica, ela é bacharelada em Ciências Religiosas na PUCCampinas. É, ainda, membro das Comissões de Bioética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), de Bioética e Defesa da Vida da Arquidiocese de Campinas, de Defesa da Vida da Regional Sul 1 da CNBB, e do Comitê de Ética do Hospital Centro Médico Campinas. Maria Emília também atua como professora das Escolas de Teologia para Leigos da Arquidiocese de Campinas, nas áreas de Teologia Moral e Bíblia.

Maria Emília também atua como professora das Escolas de Teologia para Leigos da Arquidiocese de Campinas Como é ferido o direito de um ser humano à integridade corporal? Esse direito pode ser ferido de várias maneiras. Por exemplo, quando uma pessoa doente não é atendida tem ferida sua integridade física. Quando alguém sofre bullying no trabalho, no ambiente escolar, está sendo ferido em sua integridade mental. Então tudo isso está relacionado. Como está a saúde pública em Campinas? Quais são as melhorias necessárias? O problema da saúde pública em Campinas é um reflexo do que acontece no cenário nacional. Há uma grande carência em todos os níveis de atenção à saúde como falta


de profissionais de saúde, principalmente médicos, materiais, e exames básicos como o laboratorial que só estão sendo realizados em casos urgentes. Os exames laboratoriais são o mínimo que um médico necessita para um bom atendimento. Há problemas nos três níveis de atenção: primária (atenção básica, feita em centro e postos de saúde), secundária (atendimento específico, com um profissional especializado) e a terciária (atendimento em hospitais). A maior parte das patologias deveria ser atendida nas unidades primarias. Quando isso não ocorre, há uma sobrecarga nas unidades terciárias ocasionando longas filas e demora no atendimento hospitalar. A melhora na qualidade da atenção

O que temos visto é que o problema da saúde pública é crônico e tem se agravado

primária é a mais urgente, mas não podemos esquecer-nos da secundária também. Exemplificando, para um paciente com suspeita de tumor, que precisa de um especialista na área e exames sofisticados, a espera pode significar um agravamento do prognóstico com diminuição das chances de cura. E é isso que acontece. Quais são os caminhos que a saúde pública vem percorrendo em Campinas? O que temos visto é que o problema da saúde pública é crônico e tem se agravado pelas condições socioeconômicas atuais como, por exemplo, o crescimento populacional. Embora Campinas tenha uma renda per capita alta, existe uma distribuição injusta dessa renda. Tudo isso para o agravamento da situação da saúde pública. Os próprios convênios hoje, estão em crise, sobrecarregando a saúde pública.


Estamos acompanhando na mídia a direcusa dos médicos a aceitarem o serviço nestas condições. Não sigficuldade de preencher vagas na área da saúde pública em Campinas. A que se nifica falta de interesse do médico pela saúde pública. Outro prodeve tudo isso? blema é a falta de plano São vários fatores: “Caso não seja de carreira dentro do primeiro a situação realizado serviço público, tanto precária que o médico encontra para adequadamente, se para o médico como trabalhar na área não se tiver um para o enfermeiro e outros profissionais na pública. O trarespaldo para área da saúde, como balho do médico é muito sério. Caso trabalhar, coloca-se terapeuta ocupacional, não seja realizado em risco a vida das fisioterapeuta e psicólogo que são extremaadequadamente, pessoas” mente necessários. se não se tiver um respaldo para trabalhar, colocase em risco a vida das pessoas e Segundo a Prefeitura de Campinas, a isso não é pouca coisa. O médico maior dificuldade é de preencher as pode se recusar a trabalhar nesses vagas psiquiátricas, por que isso aconcasos, respaldado pelo Código de tece? Ética Médica. A formação de um Eu acredito que seja pelo mesmo médico é no mínimo de dez anos motivo encontrado pelos planos entre os seis anos da graduação de saúde, os quais também têm em período integral acrescido de dificuldade em ter psiquiátricas plantões e, no mínimo quatro anos no seu quadro de atendimento. O de residência médica para que psiquiatra é um profissional que comece a exercer com segurança precisa de mais tempo com o paa profissão. Levando-se em conta ciente, sendo um dos fatores que que é necessária uma atualização agravam a manutenção desse permanente, fica difícil com a reprofissional tanto na rede pública muneração que é oferecida. Ela é quanto nos convênios. realmente indigna e se reflete na


O convênio é uma forma de socializar a medicina. Embora a melhor solução seja o investimento na área pública, os convênios não deixam de ser uma alternativa. Falta investir em tudo, pouco se investe. A eutanásia é crime aqui no Brasil. Porque há casos, ainda, em que alguns profissionais na área da saúde acabam cortando a alimentação de um paciente em estado vegetativo? Não só é crime do ponto de vista jurídico, como é antiético do ponto de vista do Código de Ética Médica que no artigo 41 diz que é vedado ao médico abreviar a vida do paciente ainda que a pedido deste, ou de seu representante legal, e no artigo 32 explicita que é vedado ao médico deixar de usar todos meios disponíveis de diagnóstico e tratamento cientificamente reconhecidos e ao seu alcance em favor do paciente. Hoje se dá um equívoco entre os termos ‘eutanásia’ e ‘ortotanásia’. O Código de Ética Médica pronuncia-se a favor da ortotanásia. Nos princípios iniciais do referido có-

digo, no artigo 22, está escrito que nas situações clinicas irreversíveis e terminais o médico evitará a realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e possibilitará ao paciente sob sua atenção, todos os cuidados paliativos apropriados. Então, praticar a ortotanásia significa que quando você não pode fazer mais nada do ponto de vista curativo, não pode abandonar o doente ou abreviar sua vida. O paciente tem direito a assistência física, a ter sua dor diminuída, assistência psicológica, assistência religiosa, todos os meios possíveis para abreviar seu sofrimento. Um exemplo é o papa João Paulo II, chegou um momento em que não havia mais nada a se fazer dno ponto de vista médico e com isso ele preferiu morrer em casa. Não foi abandonado, mas montou-se um esquema para que os últimos momentos da vida dele fossem bem vividos. Neste caso, a medicina paliativa substitui a curativa. Isto é ortotanásia.


Há alguma diferença entre a eutanásia ativa e passiva? A eutanásia é crime e antiética seja ela passiva ou ativa. Na ativa a morte é provocada por ação, aplicando um cloreto de potássio na veia, por exemplo, e a passiva é por omissão, por exemplo, deixando de alimentar o doente.

Eu tenho como norma própria olhar o paciente como se fosse alguém da minha família. Devo resguardar sua alteridade, pois ele é o meu outro eu, tudo que eu sinto ele sente. Tudo isso é necessário ter presente quando se trata de um paciente. Outra situação que pode induzir a erro por cansaço é o caso do profissional que precisa ter 2 a É possível encontrar na mídia casos de 3 empregos para ter uma vida rapacientes que morreram após aplicarem zoável, porque ganha muito mal. glicerina, e ou, alimentos na veia deles ao invés de soro. Por que isso acontece? Falta uma formação melhor para os profissionais da saúde? Isso acontece por uma série de situações. Uma delas são as más condições de trabalho. Por exemplo, um profissional de enfermagem que trabalha num hospital super lotado e necessita fazer as coisas apressadamente, levando a um maior índice de erro. Outras causas são a falta de preparo técnico adequado, má remuneração levando à contratação de profissionais dos quais não se exige uma qualificação por ser mão de obra mais barata. Falta o devido respeito pela vida humana, o respeito que ela deveria ter.


A eutanásia acaba sendo realizada por motivos econômicos assim como também o aborto

A questão da eutanásia voltou ao centro de interesse público com a denúncia de que uma médica de Curitiba provocou a eutanásia em diversos pacientes. É importante que a sociedade preste atenção a este tema? Devemos, sim, prestar atenção a isso. Estamos em uma sociedade extremamente utilitarista. Não há dúvidas de que o problema do início e do fim da vida tem tudo a ver com problemas sócio-políticoeconômicos. Em uma sociedade de mercado, se você tem utilidade, você serve, se você não tem, é descartado. A eutanásia acaba sendo realizada por motivos econômicos assim como também o aborto. O idoso atrapalha, sobrecarrega a providência e o serviço de saúde pública, além do fato de que pessoas em estado terminal ocupam espaço nos hospitais. Eliminar o idoso é a solução vista por uma sociedade de mercado. É uma falsa ética, cruel, a qual devemos estar atentos. As pessoas não podem ser descriminadas por não terem mais a utilidade social que se espera.


O suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens no mundo. Como é possível evitar o suicídio e a automutilação, como ajudar e orientar? Como deve agir a saúde pública nesse caso? Os transtornos de ansiedade e os suicídios aumentaram nos últimos anos, porque vivemos em uma sociedade pós-moderna, num panorama de globalização e capitalismo selvagem. O consumo não satisfaz as necessidades do ser humano. O jovem de hoje perdeu seus ideais e um ser humano sem ideal não tem um motivo para viver. Trocaram o ideal do jovem por consumo e o jovem por natureza é idealista e honesto. Ao depararse com isso, perde muitas vezes o sentido da vida. Do ponto de vista cientifico, filosófico e sociológico já está provado que o homem é um ser religioso.

O cérebro humano “foi formado” para ser místico. Exames foram feitos com ressonância magnética mostrando que a pessoa em atitude mística (oração, meditação) altera o padrão cerebral: áreas de intenso prazer são ativadas. Esse campo de estudo diz respeito à neurociência. As pessoas cada vez mais consomem antidepressivos. Dificilmente há alguém que conheça uma pessoa que não tome antidepressivos. Isso é reflexo de uma cultura massificante, materialista e ateia.

As pessoas cada vez mais consomem antidepressivos


Hoje, o aborto é considerado crime pela lei brasileira, exceto em casos de estupro, de risco à vida da mãe e de fetos anencéfalos (sem cérebro). Saúde Pública e aborto, qual é a relação que você vê nisso? Como alguém da área pode orientar e evitar isso? É uma eugenia quando você diz que vai abortar uma criança só porque ela tem uma má formação. Hoje a gente pode ver pessoas com deficiências físicas ou mentais muito felizes trabalhando. Quem somos nós para dizer que eles não servem para viver? O aborto proposto como solução para a pobreza é uma eugenia social. A miséria é um problema social e deve ser encarado e resolvido não com uma solução barata e imediatista que é o aborto. Quando olho para uma mulher grávida, olho para aquela criança dentro dela e falo ‘tua mãe tem o direito de te abortar porque você é pobre’, é a mesma coisa que dizer “no mundo não há lugar para você porque você é pobre”.

É preciso investir na ética, não necessariamente religiosa confessional. Pode ser uma ética laica, mas que olhe o ser humano com responsabilidade, atenta à sua dignidade e não de forma utilitarista, para usá-lo e descartá-lo. Isto em qualquer situação, não só na sexualidade, mas em qualquer área da vida, como no plano do trabalho.

“Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva”, o próprio juramento diz que a vida é inviolável


Percebemos que você tem uma Bíblia na mesa do seu consultório. Você acha que é possível interligar sua profissão com sua essência cristã? O cristão, se ele realmente é cristão, não consegue dissociar a fé da vida, porque o cristianismo não é uma doutrina, mas antes, o encontro com uma pessoa: a essência do cristianismo é o próprio Cristo. Então, se você tem Cristo, você tem que traduzir isso na prática, não só uma prática dentro da Igreja, mas no seu dia-a-dia. A medicina se contrapõe ou é a favor naquilo em que a Igreja prega? Existe um conflito entre medicina e Igreja? Dizer que a Igreja se contrapõe à medicina é uma visão errada. Segundo o código de ética médica eu posso optar a não fazer aquilo que a minha consciência não aprova. Ao formar-se, o médico faz um juramento, o juramento de Hipócrates que é muito lindo (se emocionando) tem uma parte que diz assim “A ninguém darei substância mortal e nem sugerirei o suicídio.

Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva”, o próprio juramento diz que a vida é inviolável. Não propõe a eutanásia, suicídio, aborto. O médico jura que “não irá entrar nas casas para corromper”, mas para curar. De acordo com o nosso código de ética o médico sempre deve promover a vida. Eu penso que a profissão que mais se aproxime de Deus seja do médico. Não existe coisa melhor do que você curar e devolver a saúde. Fico muito triste em ver alguns jovens entrando na área pensando somente em remuneração e status. Quando comecei a faculdade nem pensava o quanto eu iria ganhar eu só queria ser médica, não me imagino sendo outra coisa na vida. Esse aspecto não pode ser deixado de lado, eu não posso deixar de socorrer alguém porque ele não tem dinheiro para me pagar. O médico tem que ser isso antes de tudo. É claro que eu vivo da minha profissão, mas não deixa de ser possível você se dedicar por um trabalho voluntario para um objetivo social.


A Virgem de San Juan de los Lagos e as devoções que inspiram a fé católica pelas estradas do México POR BÁRBARA BERAQUET

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e joelhos, chegam os devotos ao altar, vindos de diversas partes do México. Encontram-se diante da Virgem de San Juan de los Lagos, título mariano que comove o povo que peregrina até ela, preenche a sala de ex-votos da Basílica, na cidade de mesmo nome, e move a vida de toda a região, no estado mexicano de Jalisco, do qual a Virgem é padroeira. Nos olhos de Nossa Senhora, os peregrinos encontram conforto, um vislumbre do Reino dos Céus e, diante da imagem trazida por missionários espanhóis, em especial Padre Miguel de Bologna, em 1542, agradecem sua Sanjuanita de los Lagos, como a chamam com carinho, pelas bênçãos concedidas.



O Milagre Feita de uma pasta de talo de milho - técnica empregada em certas regiões do México, a partir da caña de maíz, como tratam - por artesãos, a pequena imagem de 33,5 centímetros representa a Imaculada Conceição. Seu primeiro milagre, conforme relatos da época, e isso se passa em 1623, foi trazer de volta à vida uma pequena artista circense que havia caído do trapézio, em um momento de desequilíbrio, sobre uma cama com lanças, o que a levava à morte. Desenganada, a família preparava-se para enterrar

sua criança, quando uma indígena responsável pela pequena capela onde conservava-se a imagem, sensibilizada pela dor que encontrava nos pais da menina, pede se pode, sobre ela, repousar “La Cihualpilli”, a Grande Senhora, considerada milagrosa. Artistas e artesãos retrataram o milagre em suas pinturas, e desde então tem se difundido a devoção à Virgem de San Juan de los Lagos, a segunda mais visitada no México, depois da Virgem de Nossa Senhora de Guadalupe, na Cidade do México.

Basílica da Virgem de San Juan de los Lagos e Capela em que a imagem era inicialmente venerada.


Dia de Mortos À sensação de que se está caminhando pelas catacumbas de Paris, na França, ou pela Capela dos Ossos, em Évora, Portugal, segue-se a alegria motivada pela música e pela dança, que talvez nos pareçam tão inadequados no Dia dos Mortos, em meio às multidões de esqueletos falsos que decoram as ruas, as casas e as fachadas das igrejas. Estamos às vésperas de 2 de novembro, quando comemoramos o Dia de Finados, e as cidades se enfeitam e se iluminam.

Altar em homenagem ao Dia dos Mortos em San Juan de los Lagos. Folheto católico em Tenancingo. Vendedoras de rua em Guanajuato.


Nos altares em homenagem aos defuntos, são oferecidos alimentos e bebidas, sinais do sincretismo religioso que teve origem no encontro dos rituais dos povos mesoamericanos com os ritos católicos trazidos pelos espanhóis, em sua chegada à América, no século XVI. No México, é a comemoração mais festejada, marcada pelas “calaveras”, que, em comum com os ossuários ao redor do mundo, nos lembram da transitoriedade da vida. A mais famosa durante a Festa de Dia de Mortos é “La Catrina”, escultura popularizada por José Posada, que representa o esqueleto de uma dama da alta sociedade.

Pão de Morto e Cempasúchil

Cristo Rei, em Tenancingo. Coroas de flores em homenagem ao Dia dos Mortos em Guanajuato.

A festa de Dia dos Mortos não é completa sem a presença do “pan de muerto”, um pão doce feito apenas nesta época. Também são usadas para ornamentar os altares pequenos cravos amarelos, flor chamada Cempasúchil, e há regiões que vivem quase completamente da produção da planta.


Devoções

Criança em banca de feira livre, Tenancingo, México.

Um povo apaixonado por Nossa Senhora de Guadalupe, que se considera “mexicano guadalupano”, dedica ainda enorme carinho a outras denominações marianas, como à Virgem de Zapopan, em Guadalajara, conhecida como “La Generala”, à qual invocam durante as catástrofes naturais. Em Tenancino, um monumento com mais de 30 metros de altura é o ícone representativo da cidade. Em homenagem a Cristo Rei, no alto da montanha, lê-se abaixo da imagem do Cristo: “Nas alturas, é mais fácil conhecer o poder de Deus e a miséria do homem”. Já no povoado de Chalma, centro de peregrinação nacional, a devoção é ao Senhor de Chalma. Coroas de flores na cabeça são usadas pelos peregrinos, que banham-se na nascente para se purificar e descem dançando até o santuário do Cristo de Chalma, a pedir por sua intercessão. O ditado diz que, quando se pede algo impossível, o milagre não será alcançado “nem indo dançar em Chalma”.



Missão: Comunicação POR CAROLINA GROHMANN

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adre Tiago Alberione, fundador da Família Paulina, foi beatificado em 2003 pelo Papa João Paulo II. Teve a missão de anunciar o Evangelho à sociedade moderna, pelas novas formas de linguagem e mídias que nasciam com o progresso na década de 50 na Itália. Em um dos seus escritos, afirma que, se São Paulo fosse vivo, levaria em uma das mãos a Bíblia e, na outra, um jornal.

Padre Tiago Alberione

Essa cena é comumente lembrada por Padre Augusto César Pereira, 82 anos, primeiro padre brasileiro formado em jornalismo. Com um vasto currículo que apresenta atuação na Pastoral da Comunicação em estados do Sul e Sudeste do Brasil, Padre Augusto completa em maio 51 anos de formação jornalística. Em seu testemunho de 50 anos, a cena de São Paulo é exposta logo no primeiro parágrafo.

Fotos: Arquivo Pessoal e Carolina Grohmann


que se disponha a se ço pe , m ge sa en m ta es r A quem recebe gnificativo. si to fa lo pe i Pa ao ar uv lo alegrar comigo e a Padre Augusto

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Jornalismo e Teologia: um testamento?

e o apóstolo Paulo vivesse hoje, teria numa das mãos a Bíblia e na outra o jornal. Tanto ele foi pregador e profeta de seu tempo. E o seria no nosso. O jornal é o registro dos acontecimentos: nada tira e nada acrescenta à Palavra da Bíblia. Mas a Palavra ilumina os fatos de nossa época.

Essa observação veio-me à mente e ao coração quando, revendo documentos, surpreendi-me com o meu diploma de Jornalismo, assinado precisamente em 14 de maio de 1962 pelo diretor da então Escola de Jornalismo Cásper Líbero”, à época ligada à PUC-SP. 50 anos passados! Esse encontro casual provocou uma reflexão sobre o fato de ser eu um padre jornalista. Não me pergunto de que me serviu o Jornalismo para ser padre. Pergunto-me que uso fiz dos recursos do Jornalismo para ser melhor padre. Realmente, não se trata de submeter o Jornalismo à Teologia nem de a Teologia sujeitar-se ao Jornalismo. Mas, ombro a ombro, percebo que ambos me têm ajudado harmoniosamente. De fato, o Jornalismo me leva pelos caminhos da história humana e a Teologia me chama atenção para a presença de Deus na caminhada do povo.

Padre Augusto na casa dos pais, em Itajaí, no dia da sua primeira Celebração Eucarística.


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mbos alertam para acompanhar o povo de Deus na investigação de análise dos acontecimentos e no discernimento da voz e da vontade de Deus expressas naquilo que o Concílio Vaticano II batizou de “os sinais dos tempos”. Entre tantas atitudes que o Jornalismo desperta, está a formação de mentalidade com o espírito crítico que leva a pessoa à busca das causas dos acontecimentos e dos interesses que estarão por trás dos fatos. Trata-se de ter os porquês da fé, porque o porquê faz as pessoas se tornarem adultas e maduras na fé. É a capacidade investigativa que não aceita os fatos simplesmente como aconteceram, mas o critério é por que motivo aconteceram. Nesta linha, importa muito a interpretação dos fatos no seu contexto, especialmente o religioso. Para a descoberta do projeto de Deus para a humanidade. As palavras e ações de Jesus tiveram continuidade nas ações e palavras dos discípulos das comunidades de Jerusalém e das demais até chegar ao nosso tempo. Em suma, o proveito que tenho tido da formação jornalística me

tem ajudado muito ao lado da formação teológica. Percebo que também nas atividades pastorais consigo motivar o povo de Deus na caminhada para a construção do mundo novo conforme o Coração do Pai. A oportunidade significativa, a responsabilidade de primeiro padre brasileiro com curso superior de Jornalismo e o compromisso com a Igreja escreveram esse testemunho de jubileu de ouro. Padre Augusto César Pereira SCJ Dehoniano

Consagração nos 50 anos de sacerdócio


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ara ele, a relação do jornal com a Bíblia ocorre por serem publicações impressas e apresentarem um determinado tempo histórico: a Bíblia como sendo pé no chão do povo hebreu e, o jornal, pé no chão da sociedade contemporânea. “O que acontece na nossa vida precisa ser iluminado pela palavra de Deus, assim como aconteceu na Bíblia. Eu posso dizer tranquilamente que o jornal pode se tornar uma Bíblia pra mim do meu tempo, em que eu quero ver a presença de

Deus atuando no mundo de hoje. A Bíblia e o jornal são, da sua época e ao seu modo, a história do seu povo com o seu relacionamento com Deus” explica. Nascido em Brusque (SC), Padre Augusto é o primogênito de seis filhos de um casal, o qual “o pai era enérgico e a mãe, bondosa, mas que se davam muito bem”, lembra. Completou a formação primária no Sul, no colégio de freiras São José. Padre Augusto dá bênção aos pais


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adre Augusto considera a decisão de entrar para o seminário como um amadurecimento natural, pois além da formação católica, morou com a família próximo à Matriz do Santíssimo Sacramento, o que permitiu que fosse incluído em sua rotina infantil o momento exato de ir à janela diariamente e assistir o pároco passar em frente a sua casa, à caminho da Igreja. “Mamãe dizia ‘quer ver o padre?’ e eu curioso ia, pois ele usava uma batina e chapéu preto, e eu gostava daquilo. E um dia eu virei para minha mãe “mamãe, eu quero ser assim”, conta. O padre observado era o José, que mais tarde se tornou padrinho de crisma do Padre Augusto. Na escola, era respeitado pelos colegas e freiras pela sua escolha. “O Augusto quer ser padre”, observavam os amigos. Contudo, nunca recebera privilégios, e relembra de uma passagem na qual levou um “baita de um castigo” das Irmãs, por não levar um dos livros encapados na data certa.


Não é para ser o melhor, mas para ser melhor

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ssim como Padre Zezinho identifica-se como um “padre-cantor”, Padre Augusto se diz um “padre-jornalista”. Para ele, a formação em jornalismo possibilita um olhar diferencial, o que contribui para ser um padre melhor: “o sentido de observação das coisas e dos fatos não só da Igreja, mas também de fora, fizeram com que minhas homilias e meus escritos refletissem um ambiente mais vasto do que só de dentro da Igreja” explica, também, que olha para a realidade sem a condenar, mas também não a santifica. “É ter os pés no chão e olhar as coisas que acontecem. Isso ajuda demais para quem quer ser padre. Muito mesmo”. A inclinação para a arte escrita foi notada na época do colégio, sendo convidado pelas freiras para escrever na primeira edição de um jornal produzido pelos alunos.


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eu primeiro artigo foi sobre a juventude: “’Nós somos felizes porque somos jovens, somos novos, no esplendor dos nossos 13, 14 anos’. Foi por aí o meu artigo. Foi um artigo positivo, alegre, e era mesmo, o que eu sentia”. Foi durante a época em que frequentou o Seminário Sagrado Coração de Jesus, Corupá (SC), entre 1945 e 1951, que a escrita se aprimorou, por incentivo de um professor de redação e, quando cursou Teologia no Instituto Teológico Sagrado Coração e Jesus, em Taubaté (SP), entre 1955 e 1958, o reitor do curso perguntou se o aluno tinha interesse em cursar Jornalismo. Ingressou no curso em 1959, na instituição de ensino Cásper Líbero, em São Paulo.

Padre Augusto faz questão de lembrar que foram dois os primeiros padres no Brasil com formação em jornalismo: ele e seu companheiro Frei Clóvis Moreira, baiano, morto três anos depois da formatura. Padre Augusto lembra-se dele como uma pessoa dinâmica. “Ia ser um padre jornalista fantástico. Somos nós os primeiros padres a ter o curso superior de jornalismo” completa.


“Não é possível à Igreja não ter alguém na comunicação” Padre Augusto é membro da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus há 55 anos. Desses, 30 foram dedicados à Arquidiocese de São Paulo, onde trabalhou em quatro Paróquias. De 1982 a 1985, foi Pároco da Nossa Senhora da Candelária, Vila Maria, onde hoje é vigário-paroquial. Um dos seus primeiros trabalhos depois de formado foi a criação de uma revista confeccionada por alunos de um Seminário, que fotografavam e escreviam sobre a rotina de ser seminarista. A revista era destinada às pessoas que desconheciam aquele ambiente, sendo elas, principalmente, os pais dos seminaristas. “Era como se fosse uma prestação

de contas, como se o pais perguntassem ‘bom, o meu filho está lá, o que estão fazendo com ele?’ e todos entrevistavam, escreviam e fotografavam sobre a vida no seminário e mostravam que não era ‘só’ rezar”. O padre afirma que a repercussão do material impresso foi ótima e que a reação das pessoas ao lerem era sempre de surpresa, por desconhecimento da vida de seminarista. “Pessoas diziam que não imaginavam que fosse assim”, completa. No final de 1991, interrompeu o mestrado em Ciência da Comunicação na Universidade de São Paulo (USP) para assumir o cargo de assessor nacional da CNBB, onde permaneceu por quatro anos.


Aceitou a missão por reconhecer a dificuldade da Confederação em encontrar alguém com formação na área da comunicação: “Não é possível a Igreja não ter alguém para ir lá fazer isso”, relembra o Padre que, por compaixão, interrompeu seus estudos e aceitou o cargo. “O coração da Igreja no Brasil pulsa na CNBB. Todos os dias acontecia alguma coisa. Era gente do governo, da sociedade, índios, negros, gente simples e o coração bondoso de Dom Luciano. Considero uma grande maravilha de Deus ter trabalhado na CNBB nessa época”, diz, orgulhoso. Depois da CNBB, Padre Augusto iniciou uma jornada de oito anos na Rede Vida de Televisão, onde apresentava programa diário de entrevista Vida Viva, além de ser comentarista no jornal vespertino JCTV. Padre Augusto na casa dos pais, em Itajaí, no dia da sua primeira Celebração Eucarística. Embaixo da foto, trecho extraído de carta de sua mãe, datada em 13-04-53: O principal é que o bom Deus te faça um santo e bom sacerdote.

“O coração da Igreja no Brasil pulsa na CNBB” Considera a permanência no canal como uma “escola” para seu caminho como jornalista. Ele realizou mais de 2000 entrevistas: “Uma riqueza as pessoas que entrevistei”.


A Fé e seus porquês Quando foi professor de Língua e Literatura Brasileira e Portuguesa no Seminário Sagrado Coração de Jesus, em Corupá (SC), os alunos de Padre Augusto tinham pavor de quando ele os questionava: “mas por quê?”sempre às afirmações dos jovens. “Eu já dizia: eu vou te perguntar isso e você responde o porquê. Se não tiver, não responda” – lembra. Para ele, essa forma era um incentivo para que o aluno entendesse a realidade a qual está inserida. Ele explica que as pessoas surgem com problemas, mas não enxergam qual a procedência da situação, daí a importância do conhecimento vindo da filosofia das causas e consequências. “Isso [esse conhecimento] para a pessoa humana é fundamental. E eu provoco assim.

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izem que eu sou polêmico, mas é por isso, porque ajuda as pessoas que querem progredir. Agora a pessoa que se acomoda, é pavoroso pra ela”. Segundo o padre, foram e continuam sendo muitos os porquês em sua vida, mas estes, somados à idade e à experiência, fazem surgir respostas, além de mais porquês. “E aí a gente continua esperando, perguntando, porquê atrás de porquê. Cada pedacinho de resposta, mais um por quê. Mas pra chegar a ter uma resposta completa de tudo, isso a gente não vai ter. Essa inquietação é que é gostosa” – essa inquietação, segundo o Padre Augusto, é o que Padre Zezinho chama de ‘coração inquieto’, classificado pelo padre-jornalista como “o bom da vida”. A importância dos porquês, que o Padre Augusto tanto se preocupa, se dá pela busca de autonomia das pessoas.


“O que fazer com uma pessoa que não sabe os seus porquês? É uma pessoa que joga para lá e para cá, como uma biruta de aeroporto que, conforme o vento, vira, pois não tem convicção” compara. Na Fé, segundo ele, é normal a busca pelas respostas e relembra o conselho dado por Pedro aos cristãos sobre saber as razões da sua Fé. Questionar, para o Padre, é esclarecer e buscar os fundamentos da fé, assim com o Papa Emérito Bento XVI enfatizava: “tudo nele é fundamentado, baseado em filosofia e teologia”. Uma dica do padre é a leitura de textos e artigos das pessoas que escrevem contra a Igreja, para saber qual o pensamento do escritor em relação à Igreja, assim como o escritor também lê o que é publicado pelas mídias católicas para saber como ela pensa e, com isso, haver o conflito de idéias e questionamento, resultando no diálogo.

O exemplo dessa divergência de opiniões pôde ser visto com a renúncia de Bento XVI. Padre Augusto compara os interesses dos católicos com o da imprensa nacional, a qual se preocupou em questionar se houve ou não pressão ou quem é o mais indicado para ser eleito Papa. “São coisas que para nós, do nosso lado, não achamos tão importante, mas se as pessoas pensam e se preocupam com isso, se torna importante. Então temos que ajudar e dar uma resposta”. Para ele, é importante saber que as duas mídias, nacional e católica, buscam o mesmo fim: a informação. Padre Augusto na sua primeira Celebração Eucarística.Lê-se: Nas minhas mãos te seguro quando na hóstia me vens! Mas, só me sinto seguro, porque nas tuas me tens.


A Comunicação para gerar comunhão

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obre internet, Padre Augusto reflete: “eu posso dizer que tenho 5 mil, 50 mil, 500 mil seguidores. Mas quantos você encontra pessoalmente? Comunicação é gente por gente! Minha comunicação não é com o instrumento, como o aparelho de televisão ou computador”. Para o Padre, é essencial que os comunicadores católicos não estimem a internet a ponto de desvalorizar a comunicação interpessoal. “A comunicação é um processo de relacionamento entre as pessoas para gerar comunhão. Eu sou receptor também das coisas que acontecem sem estar na internet. E são, às vezes, fatos importantes”. Ainda sobre os porquês, o padre afirma que os meios de comunicação não oferecem um tempo para que a pessoa se permita refletir e

questionar o que foi transmitido, impondo um não direito de perguntar, pois, explica, “quando você quer perguntar um porquê, já vem duas ou mais notícias que também despertam algum porquê”. A comunicação social na Igreja foi um dos objetos de estudos há 50 anos, no Concílio Ecumênico Vaticano II, momento em que o Papa João XXIII chamou o período da Igreja de Novo Pentecostes, dando ênfase à identidade dos cristãos como membros da Igreja presentes na história e como cidadãos do mundo. No Concílio, “foi observado o problema da comunicação entre a Igreja e o mundo”, afirma o padre, que acredita que o momento possibilitou uma nova maneira da Igreja se comunicar com o homem moderno.


“O homem moderno questiona e a gente precisa também questionar junto para ver se encontramos uma saída que seja em bem para a humanidade. Porque o Concílio descobriu uma coisa importantíssima: a Igreja está a serviço do mundo. Não o mundo a serviço da Igreja” diz. Um tempo histórico que ilustra a Igreja a serviço do mundo e que o Padre Augusto gosta de lembrar foi a época da ditadura militar no Brasil (1964 a 1985). Segundo ele, foi o tempo que a Igreja mais evangelizou no país, pois focou na dignidade humana e deu voz aos reprimidos.

“O homem moderno questiona”

A atitude de acolhimento foi provocada pela realidade que acontecia e pelas demandas da sociedade. “O discurso as Igreja era provocado pela realidade. O desrespeito à dignidade e à liberdade da pessoa humana provocou uma reação evangelizadora. Aí estava a questão: estávamos atentos à realidade. Então não era a Igreja que impunha os assuntos que ela defendia. Ela via o que estava acontecendo e vinha para responder aquilo” completa.


Eu vim para servir Além da área da comunicação, a carreira missionária de 60 anos do padre ainda conta com atuação na área Pastoral da Formação e na Pastoral Paroquial, além de ser autor de 20 títulos de livros de pastoral popular, ressaltando O Batismo, beirando os 100 mil exemplares. Quem conhece Padre Augusto, sabe que o senhor de 82 anos, mais do que detentor do primeiro título de padre com formação jornalística, é uma pessoa possuidora de amplo conhecimento do mundo, em suas diversas áreas. Crítico, assim como todo jornalista, e pronto ao auxílio, Padre Augusto dedicou sua vida ao

preenchimento da consciência com sensações e percepções, sempre em busca do bem coletivo. Por fim, a fórmula das reflexões geradas pelos porquês, somadas ao diálogo com foco objetivo para o presente, resultam em outra pergunta, que resume a cena de São Paulo segurando o jornal e a Bíblia: como a Igreja atua no mundo de hoje? Padre Augusto responde à pergunta com uma advertência. “O serviço [da Igreja] é muito grande, mas precisamos ter cuidado com a tentação de impor, que é grande também. A tentativa é servir, ser fiel ao Concílio e ao Evangelho. Jesus disse ‘Eu vim para servir, não para ser servido’. E no lava-pés ele disse ‘Eu lavei os pés, eu não deixo de ser o mestre, mas eu lavo os pés’, ou seja, vocês vão fazer o mesmo se quiserem ser meu discípulo” finaliza.

Padre Augusto (à esquerda) recebe saudação do Pároco Monsenhor Wendwlino Hobold, com manto escuro, antes de iniciar a primeira missa, concelebrada pelo Padre Orlando Kleis, SCJ (centro). Ao lado, seus pais Serafim Franklin Pereira e Hildegardt Pereira com os irmãos Aldo e Franklin.


Papa João XXIII. Arquivo.

Aggiornamento Eleito Sumo Pontífice em 28 de outubro de 1958, Angelo Giuseppe Roncalli assumiu o nome de João XXIII e seu pontificado durou menos de cinco anos. Ficou reconhecido com a imagem de bom pastor, sendo chamado de “o Papa da bondade”. Visitou muitas paróquias da diocese de Roma, com especial atenção nos bairros mais novos. Da tradução literal do italiano, aggiornamento significa atualização. Este termo foi popularizado pelo Papa João XXIII durante o Concílio Vaticano II, realizado há 50 anos. A intenção do Papa ao usar a expressão era a de disseminar o desejo da Igreja Católica de se adaptar ao mundo moderno.

Disponível no site do Vaticano, o documento conciliar Sacrosanctum Concilium traduz a essência do aggiornamento como “fomentar a vida cristã entre os fiéis, adaptar melhor às necessidades do nosso tempo as instituições susceptíveis de mudança, promover tudo o que pode ajudar à união de todos os crentes em Cristo e fortalecer o que pode contribuir para chamar a todos ao seio da Igreja”.


...“a comunicação era a palavra-chave no Concílio, que tinha como objetivo dialogar com o mundo” No entanto, esse aggiornamento acontece baseado nos valores e dogmas da Igreja, sem a mudança destes. São as reformas propostas no Concílio: da Liturgia e das Pastorais, defesa da liberdade religiosa, a necessidade e importância do ecumenismo e a defesa do apostolado dos leigos, sempre orientada com a doutrina e valores da fé católica. Para o Coordenador do Ambiente Virtual de Formação (AVF) da Arquidiocese de Campinas, Pedro Rigolo Filho, a comunicação era a palavra-chave no Concílio, que tinha como objetivo dialogar com o mundo. Três anos depois, com a morte do Papa João XXIII, o sucessor Papa Pio XII publica o decreto Inter mirifica, sobre os meios de comunicação social.

“O documento [Inter mirifica] traz a novidade de que, pela primeira vez, a igreja se preocupa com a questão das mídias. Começa a haver da parte dos Papas um interesse em usar os meios e comunicação para também evangelizar” diz Rigolo. Em 1967, Papa Paulo VI cria o Conselho para as Comunicações Sociais, que marca o 1º Dia Mundial das Comunicações Sociais, com a iniciativa de “chamar a atenção dos seus filhos e de todos os homens de boa vontade para o vasto e complexo fenômeno dos modernos meios de comunicação social, como a imprensa, o cinema, o rádio e a televisão, que são uma das notas mais características da civilização moderna”, conforme escrito na primeira mensagem publicada para o Dia.


...“a troca de informações pode transformar-se numa verdadeira comunicação” Segundo Rigolo, quem mais utilizou a comunicação foi Papa João Paulo II. “Sendo ele uma figura midiática, foi ele que tanto usou da mídia quanto usou a mídia”, e relembra a Carta Encíclica escrita pelo Papa João Paulo II, intitulada Redemptoris Missio, a qual enfatiza a relação da Igreja com as comunicações.

Pedro Rigolo

A última mensagem pelo Dia Mundial das Comunicações Sociais foi publicada pelo Papa Emérito Bento XVI, em 24 de janeiro deste ano, dia de Festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos Jornalistas. O documento é uma reflexão sobre o uso da web, ágora, como era chamada pelo Papa João Paulo II. Na carta, Bento XVI diz que “a troca de informações pode transformar-se numa verdadeira comunicação, os contatos podem amadurecer em amizade, as conexões podem facilitar a comunhão”, mostrando familiaridade com os termos específicos das redes sociais.


... “O documento é uma reflexão sobre o uso da Internet pela Igreja” “(...) À época que vivemos oferece, neste campo, novas oportunidades à Igreja: a queda de ideologias e sistemas políticos opressivos; o aparecimento de um mundo mais unido, graças ao incremento das comunicações”

cata” mundial: todas as dioceses, inclusive de Campinas, criam também sites próprios”. O coordenador lembra-se de um Carta Encíclica sobre A Vaidade Permanente do documento publicado ainda no Mandato Missionário, 7 de dezembro de 1990. pontificado de João Paulo II, em fePresença marcante da Igreja nas vereiro de 2002, por John P. Foley, ex-presidente do Conselho Para as redes sociais Comunicações Sociais, intitulado Para Rigolo, na medida em que Papa Igreja e Internet, escrito em três partes: Introdução, Oportunidades e João Paulo II começa a se dedicar Desafios e Recomendações e Conà comunicação, a Igreja como um todo se preocupa em também usar clusão. O documento é uma reflexão os meios sociais, o que resultou na sobre o uso da Internet pela Igreja criação do site da Santa Sé, ação que e a relevância do papel da internet gerou, segundo ele, “um efeito cas- para a Evangelização.

“Queridos amigos, estou contente por estar em contacto convosco através do Twitter. Obrigado pela vossa resposta generosa. Eu vos abençoo a todos”. primeira mensagem postada no Twitter pelo então papa Bento XVI, em dezembro de 2012.


D

ez anos depois, no seu pontificado, Papa Emérito Bento XVI inaugura conta no microblog Twitter, identificado como @pontifex. Na quarta-feira dia 12/12/2012, às 12h, com mais de 700 mil seguidores em todo o mundo, ele disse estar feliz por usar a ferramenta. Sua mensagem foi traduzida para as respectivas contas oficiais em cada um dos sete idiomas: o espanhol, italiano, português, polonês, alemão, árabe e francês. Em sua última publicação, com mais de 1,5 milhão de seguidores, o Papa Emérito agradeceu o amor e o apoio dos seus fiéis. A mensagem foi ao ar em 28 de fevereiro, após seu último ato público que reuniu cerca de 200 mil pessoas na Praça de São Pedro. “Obrigado pelo vosso amor e o vosso apoio! Possais viver sempre na alegria que se experimenta quando se põe Cristo no centro da vida” Com a conta suspensa durante o Conclave, às 17h do dia 13 de março, quarta-feira, um novo tweet reativa o @pontifex: HABEMUS PAPAM FRANCISCUM.

da Internet “A Internet éUso relevante para muitas atividades e programas da Igreja – a evangelização, incluindo a reevangelização e a nova evangelização, e a obra missionária tradicional ad gentes, a catequese e outros tipos de educação, notícias e informações, apologética, governo e administração, assim como algumas formas de conselho pastoral e de direccção espiritual”. Do documento Igreja e Internet. Presidente John P. Foley, Conselho Para as Comunicações Sociais


50ª edição da Campanha da Fraternidade: jovem se torna protagonista Por Mariana Maia

A

Campanha da Fraternidade (CF 2013) chegou a sua 50ª edição. Pela segunda vez, o jovem foi protagonista da campanha, o que repercutiu de maneira especialmente intensa nas paróquias e colégios católicos que, trabalharam uma correlação da CF com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que ocorrerá aqui no Brasil, em julho deste ano. No dia 24 de março, Domingo de Ramos, ocorreu à coleta da CF 2013. Metade do valor arrecadado é repassado a CNBB Regional e Nacional, e o restante, destinado ao Fundo Diocesano de Solidariedade. Apesar da coleta já ter sido realizada, a campanha não se encerra, ocorrerá nos dias 17 e 19 de maio o “encontro de avaliação da CF-2013”, no seminário de Itaici (SP), com objetivo de apresentar

Cartaz da CF 2013

experiências significativas com o protagonismo da juventude abordadas em três contextos: Juventude missionária, mídias sociais e políticas públicas. Tendo como objetivo maior produzir frutos durante todo o ano, com a continuidade dessa proposta nas comunidades e entre os católicos, especialmente os jovens que se preparam para a JMJ.


De acordo com o professor de Ensino Religioso do colégio Notre Dame, Marciel de Oliveira Rocha, o lema da jornada “Ide e fazei discípulos entre todas as nações (Mt 28, 19)” é um chamado de Cristo aos jovens que está interligado ao lema da campanha “Eis me aqui, envia-me! (Is 6,8)”. O lema, em sua opinião, é a resposta desses jovens. “Então eis me aqui, enviame para jornada, para que possamos, nessa jornada, ser enviados novamente para fazer discípulos em todas as nações”, ressalta Marciel.

“Os jovens devem ser protagonistas dos próprios jovens. Quer testemunho mais bonito?”, ressalta o padre Reinaldo

O acolhimento sempre se encerra com uma oração. O colégio Notre Dame também trabalhou com a proposta da CF Escola x Igreja 2013 que, segundo Marciel, torSegundo o diretor do Colégio Linou-se tema gerador de ouceu Salesiano, Padre Reinaldo, foi tras propostas no colégio. A aborimportante vivenciar essa campa- dagem foi feita nas aulas de ennha junto com a comunidade edu- sino religioso e elaborada através cativa, estimulando a formação da de subsídios que a própria camconsciência dos jovens alunos e panha disponibilizou, entre outros mostrando a importância deles à materiais. Igreja e a serviço dela. O colégio Liceu Salesiano incen1992/2013 tivou seus alunos a fazerem um Essa não foi a primeira vez que a “projeto de vida escolar”, além de campanha da fraternidade trouxe todos os dias, antes do início das o jovem como protagonista. Em aulas, o alunos participaram de 1992, o tema da campanha era um momento chamado “bom dia”, “Juventude Caminho Aberto” e o no qual é preparado acolhimento lema, “Jovem, Eu te digo, levantae mensagem para reflexão sobre te” (Lc 7,14). um tema – neste período, a CF 2013.


Marciel participou dessa campanha como jovem. “Naquela época, eu via a vontade da Igreja em acolher, mas também do jovem em querer ser Igreja. Hoje em dia, o jovem já se sente Igreja, mas se pergunta o que pode fazer ali dentro”, relata Marciel. Para ele, é preciso saber trabalhar com essa nova geração e não punir. “Estamos na geração do ‘ficar’, de certa forma, os jovens estão ficando com a Igreja. Eles estão querendo, mas não sabem se ‘pulam’ para um relacionamento mais sério ou não. Essa campanha quer discutir isso, como é que a gente faz para que esse jovem se enamore pela proposta de Cristo”, comenta. A conquista Segundo o texto base da campanha, os jovens querem ser ativos e participantes na Igreja. E é exatamente isso que o Padre Paulo Emiliano

está inserindo em sua comunidade Sant’Ana, em Sousas. “Além dos grupos de jovens que existem, procuro fazer com que eles fiquem inseridos na organização e participação da liturgia. Ao mesmo tempo, tento fazer com que eles percebam que a paróquia é um todo, estando em contato também em outras áreas pastorais com as outras formas de atuar na Igreja. Eles têm espaço, eles têm até representação no conselho da comunidade”, conta.

Padre Paulo e os jovens da sua paróquia


Padre Jonas Barbosa

O pároco da Paróquia de Santa Clara, Padre Jonas Barbosa, também incentiva os jovens a não só participarem do grupo de jovens, mas a se envolverem em pastorais. “Há um potencial de liderança entre a juventude, a gente incentiva todas as gerações. Mas que a juventude faça aquilo que é próprio da sua fase, em conjunto com toda a comunidade”, diz Padre Jonas.

nidade, padre Luiz Carlos Dias, o objetivo geral é mobilizar a sociedade através da denúncia do tráfico humano de modo a contribuir pela errradicação desse mal. Tendo como objetivos específicos: ações de prevenção, denuncia e resgate; identificar as causas e os rostos das vitimas promovendo a solidariedade e o cuidado com elas; dentre outros. O padre ainda afirma que a escolha do tema da CF 2014 não se deu a partir dos eventos que serão realizados, como a Copa do mundo e as Olimpíadas, porém é um momento oportuno para expandir esse alerta, considerando que esses eventos são propícios para CF 2014 atos de exploração sexual e de traCom a continuidade da CF 2013, balho escravo, “podemos ver que a Conferência Nacional dos Bisa campanha chega em uma hora pos do Brasil (CNBB) já está em oportuna e aí tivemos realmente a preparação com o aprofundaação de Deus”, diz. mento da temática da campanha Em outubro desde ano, entre os da fraternidade de 2014 que terá dias 25 e 27 deverá ocorrer o ‘encomo tema ‘Fraternidade e Tráfico contro de formação CF 2014’, em Humano’ e o lema ‘É para a liber- Itaici-SP. dade que Cristo nos libertou’ A CNBB lançou um concurso para (GL 5,1). o hino e o cartaz da CF-2014 os De acordo com o secretário einteressados devem acessar aqui xecutivo da Campanha da Frater- para obter mais informações.


A alegria da juventude contagia e revigora a catequese crismal Paróquia Santa Edwiges, em Campinas, catequiza jovens que procuram o Sacramento da Crisma através da evangelização de outros jovens Por Mariana Maia

“Queridos jovens, vós sois os primeiros missionários no meio dos jovens da vossa idade! Ser missionário pressupõe o conhecimento deste patrimônio recebido que é a fé da Igreja: é necessário conhecer aquilo em que se crê, para podê-lo anunciar”, menciona o Papa Emérito Bento XVI em mensagem escrita para JMJ Rio2013, no ano passado. São estes preceitos que a Paróquia Santa Edwiges, situada no Jardim Aurélio, em Campinas, prega desde meados da década de 90. Jovens que, por algum motivo, buscavam o Sacramento da Crisma,

Crismandos e catequistas de 2012/2013 com o pároco da Padre Gildasico


eram evangelizados por outros jovens que já o possuíam, que detinham a palavra de Jesus Cristo e tinham sede de anunciá-la. A ideia de jovem evangelizar jovem surgiu durante o período do Pároco Padre Valdir Antônio Stolf na Paróquia, com o auxílio da Irmã Augostine. A Pastoral da Crisma sofreu algumas alterações com os anos, mas até hoje é catequizada por jovens en-

tre 16 a 25 anos que têm como motivação para esse trabalho levar Deus a outros jovens. “Em um mundo que é sedento de Deus, em que jovens querem encontrar a felicidade e não sabem como, depois de ter tido o meu encontro com Deus, sinto essa vontade de transmiti-Lo a outros jovens também”, relata a coordenadora da Crisma, Larissa Lourenço, 20. Os catequistas afirmam que Evangelização praticada por eles, de jovens para jovens, é um ponto positivo na hora de cativar e inserir os crismandos na comunidade e na Igreja. Para Filipe Miranda, 24, catequista há quatro anos, essa Evangelização faz com que os crismando sentem que é mais possível a integração na Igreja ao ver que os catequistas também são jovens, além da linguagem ser a mesma. “Eu, como catequista, tento ser muito sincero com meus crismandos, falar de uma maneira que eles entendam, usando a linguagem deles que é a minha também, apesar de existir uma diferença de idade.


“O maior desafio é a espera, porque a gente plantou uma sementinha no jovem, a gente vem todo animado querendo, esperando uma reação do jovem, esperando que ele se anime e nem sempre ele se anima de imediato. É a espera do tempo de Deus para ver a sementinha florescer no coração desse jovem”, argumenta a catequista Larissa Lourenço, na foto ao lado, no encontro da crisma 2012/2013

É isso: tentar ser sincero, falar a verdade e não esconder nada”, completa. “É muito bom ser evangelizada por gente com a idade próxima a minha. A gente consegue entender melhor e há uma sintonia que ajuda muito. É super animado, a gente pensa as mesmas coisas. Eu tenho mais liberdade para perguntar”, afirma a crismanda Bianca Prado, 16. Para o crismando Giovane Samazza, 16, é incrível ter catequistas com a mesma faixa etária que a dele, pois eles entendem todas suas aflições, medos, sonhos e desejos.

Ser exemplo? Para a Larissa Lourenço, os catequistas tomam muito cuidado no modo que se comportam tanto dentro da Igreja como fora, pois, segundo ela, eles são referências para os crismandos. “Nosso maior exemplo não é buscar ser perfeitos, mas mostrar para aos crismandos que, assim como qualquer jovem da nossa idade, nós também podemos acertar e errar e o mais importante é mostrar que podemos nos reerguer”, explica.


O crismado Mateus Miranda, 16, reforça a questão relatando que muitas vezes quando ainda era crismando olhava para seus catequistas como parâmetro para saber o que podia ou não fazer.

“Eu procuro sempre fazer as coisas certas de acordo com a minha fé, não é fácil mas a gente sempre consegue quando quer”, ressalta Giovana Loro Tic-Tac Um dos grandes desafios desses jovens evangelizadores é o tempo. Estudo, trabalho, família, amigos, namorados, saídas... Isso faz parte da rotina de um jovem, sem falar das cobranças. O catequista há três anos Guilherme Bócoli, 24, contraargumenta que é possível fazer tudo isso e ainda ter tempo de se dedicar à catequese crismal. “Saber administrar o tempo é o segredo. Fazer tudo isso realmente é um desafio, mas na medida do possível a gente deixa de fazer alguma coisa para fazer ou-

tras, é claro que a crisma sempre é a preferência de todos os compromissos, mas programando com antecedência tem como priorizar cada coisa no seu tempo sem prejudicar a outra” explica. Catequista há mais tempo na Pastoral, Larissa Lourenço acrescenta que é preciso saber dizer sim e não e que um dos segredos é o trabalho em grupo. “É preciso se programar e avisar o grupo quando você pode estar junto e quando não vai. Isso é importante porque alguém pode suprir sua falta no encontro” completa. Um novo jeito de catequizar A implantação de jovens coordenando e evangelizando a Pastoral trouxe uma cara juvenil para a evangelização crismal, quebrando o formato quadrado de catequese, no qual o catequista fala e o catecúmeno anota e escuta. Nos encontros são utilizadas também ferramentas básicas como a Bíblia, a oração, o catecismo e a música, considerada pelos catequistas como um diferencial nos encontros.


“Não é só vir na crisma e ficar sentada e ouvindo os catequistas falar. Tem uma comunicação entre a gente. Aí fica mais fácil, mais legal seguir”, comenta a crismanda Daniela Salzana, 15. Na última Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Madri, o Papa Emérito Bento XVI lançou o Catecismo Jovem nomeado de YouCat, o qual os catequistas comentam que é um material muito bom que veio para auxiliar esse evangelizadores tanto na catequese quanto em suas vidas pessoais. Para Larissa, o Youcat tem o diferencial de ser em for-

mato de perguntas e respostas. “O YouCat é muito bom, ele traz questionamentos que às vezes são aquelas dúvidas que a gente tem e que também o crismando questiona”, diz. Outra implantação nessa estrutura de Evangelização foi a promoção de três encontros diferentes intitulados pelos catequistas de Domingões. A ex-catequista Renata Beraldo, 35, explica que esse encontros, Domingões, ocorrem em escolas e são uma forma de integração e formação, sempre com muita animação, música e dança.

Encontro da Crisma, sobre Maria da turma 2012/2013


“Há uma sintonia entre crismando e catequista que ajuda muito, porque é uma catequese super animada”, diz Bianca Prado

de catequistas intitulados de “padrinhos catequistas” ficaria responsável por cada grupo e, durante a “Queria aquela felicidade”, diz a crismanda Bianca Prado caminhada, cada grupo se reuniria com esse casal, para criarem um vínculo tanto com o catecúmeno quan“Passamos o dia todo com os crismandos, na parte da manhã sem- to com a família dele. pre com uma formação com um pa- Para Renata, a família é muito imlestrante e a tarde com integração” portante para essa caminhada e precisam ganhar a confiança também diz. Com essa estrutura, os encontro da dos pais. “A maior preocupação deles [dos pais] é no retiro da Crisma, crisma atraem muitos jovens, hoje que sempre perguntavam o que a com participação de cerca de 50 gente faria o final de semana inteiro crismandos por turma, e média de com tantos jovens reunidos numa 15 catequistas por ano. A solução para atender essa demanda foi a de casa de retiros”, conta Renata Beraldo. separar os crismandos no começo do ano em grupos, no qual um casal


A picada da abelhinha Todos os catequistas da Paróquia foram evangelizados também por outros jovens. A mais recente é a catequista Giovana Loro, crismada em abril de 2012 e que desde então participa da equipe de catequista. “Essa experiência é maravilhosa, estou podendo retribuir aquilo que eu recebi há um ano. Que é amor, alegria, dedicação e hoje eu sei o quanto um catequista dedica seu tempo para estar aqui com os crismandos”, diz. Segundo o ex-catequista Bruno Bócoli, 29, quando um jovem é picado por essa abelhinha que é o Espírito Santo é impossível tirar a vontade de anunciar dentro de si. Um exemplo disso são os jovens crismados Mateus Miranda, 16, crismado em 2012 e a Mariany Delgado, 16, crismada em 2011, e que hoje ambos participam da equipe do grupo teens da Paróquia. Este grupo consiste em pré-adolescentes que já receberam a Primeira Comunhão e ainda não têm idade suficiente para fazer a crisma, então se perseveram nesse grupo

para não pararem de vir na Igreja. De acordo com os dois jovens, a maior motivação que tiveram foi a de terem sido evangelizados por outros jovens. “Eu tive como exemplo catequistas jovens e me senti com a vontade de seguir o exemplo. E eu tento nesse grupo teen seguir o mesmo caminho dos meus catequistas jovens que eu tive na crisma”, ressalta Mariany.

“O amor que os catequistas tem por nós, é meio difícil ver jovens que se importam com o outro e não só com eles mesmo”, diz a crismanda Juliana Coralli Guardarás Domingos Santos O dever de todo cristão de ir à Missa todos os domingos muitas vezes é abalado pela diversidade que o mundo oferece. Isso demanda empenho na tarefa de levar os jovens a frequentar, de espontânea vontade,


e revelar o verdadeiro motivo desta celebração. Os jovens crismandos e crismados afirmam que ter catequistas jovens ajuda muito na hora de viver todo Domingo o Dia do Senhor. “Minha frequência na missa aumentou bastante. Eu só ia porque meus pais iam, mas depois eu vi que meus catequistas também vão e eu achava isso muito legal”, conta o crismado Mateus Miranda. Para a crismanda Bianca Prado, não só sua frequência nas missas aumentou como também sua vontade, pois ao observar os seus catequistas felizes, decidiu que queria aquela felicidade também e percebeu que encontraria isso todos os domingos na missa. As experiências daqueles que já passaram Desde o começo desse novo formato de Encontros na Paróquia, sempre há renovação de jovens que se dedicam ao serviço de catequizar. Essa renovação se dá por motivos variados: por causa de estudos e trabalhos no exterior até para se casar e

constituir família. Esses jovens que hoje se tornaram adultos relembram e afirmam que essa experiência de catequizar jovens sendo jovens construiu as pessoas que se tornaram e também os comportamentos e seus valores. “Isso tudo foi uma base para minha vida. Porque hoje como eu trato meus filhos, meus pais, meus amigos, no serviço, meu marido, as pessoas, na rua.

Turma de 2007


Tudo vem por conta da experiência que eu tive dessa vivência. Sinto muita falta disso”, relata a ex-catequista Renata Beraldo que participou dessa Evangelização em uma das primeiras turmas de 1998 até 2002. “Eu dediquei parte da minha juventude para a Igreja. Levei DP [disciplina pendente, uma reprovação] na faculdade por faltar, porque a aula era de sábado, minha namorada que hoje é minha esposa brigava comigo tremendamente, mesmo no escritório que eu sempre trabalhei sacrificava boa parte do tempo para fazer as coisas da Igreja, porém valeu à pena. Eu faria tudo igualzinho, até mais”, avalia o excatequista Bruno Bócoli, que participou da Evangelização de 2004 até 2009. Ambos já serviram a Deus de outras maneiras e podem afirmar que nada se compara com essa alegria que exala da juventude que afeta totalmente no jeito de servir. “A diferença é que como eu trabalhava com pessoas mais idosas, a animação, o ânimo e o fervor da juventude de

brincar, de dançar, de ser mais ativo não tinha mais. Eu tinha, mas não tinha como passar por que o grupo tinha menos vitalidade, a gente teve que adaptar o nosso jeito de servir”, argumenta Renata Beraldo. 10 Mandamentos do Catequista Jovem 1. Serás coerente naquilo que diz e vive 2. Terás muita animação e energia 3. Levarás Deus aos jovens 4. Abrirá mão de certos compromissos para catequizar 5. Falará a mesma linguagem que seu catecúmeno 6. Usarás o catecismo jovem, a bíblia, a oração e a música ao seu favor 7. Cativarás a confiança dos pais 8. Anunciará a verdade da Igreja e não a sua 9. Buscará forças em seu pároco e na sua comunidade 10. Farás tudo com fé, caridade e principalmente muito amor


A confirmação da fé O sacramento da crisma faz parte dos sacramentos de iniciação à vida cristã e, segundo o Padre Jonas Barbosa, “todos os Sacramentos são sinais visíveis da Graça de Deus e da alegria no seguimento de Jesus, contudo é pelo sacramento da Confirmação (Crisma) que o cristão assume definitivamente a vontade de

‘ser com Cristo’ no mundo. Por isso damos o nome de Crisma ao sacramento que nos torna como Cristo (o Ungido)”. Por isso, um jovem é ungido pelo óleo do crisma porque ele se decidiu por qual fé acredita e quer seguir, ao contrário de uma criança que é batizada porque os pais decidiram por ela.

Catequistas no encontro de 2012/2013 tendo um momento de animação com os crismandos


O óleo “A unção com o óleo crismal representa a alegria de participarmos da força de Jesus Cristo pela ação do Espírito Santo, assim como também expressa a oração da Consagração do Crisma, realizada na Missa dos Santos Óleos, na Quinta-Feira Santa, onde, logo após a mistura do perfume do bálsamo e do sopro que o Bispo jorra sobre o santo óleo, ele reza”, relata Padre Jonas Barbosa. O jovem recebe este óleo na testa que de acordo com o padre é para que todos possam perceber que a partir daquele momento os jovens são convidados a exalar esse perfume da Alegria de Jesus, que se impregnou através da unção e da ação do Espírito Santo de Deus.

“O Santo Crisma é o ‘óleo da alegria’, como alude a oração”, ressalta o Padre Jonas Barbosa

Como se preparar para esse sacramento? O sacramento da crisma é a confirmação do batismo, momento que o jovem precisa ter certeza do que ele quer. Por isso é importante que, durante a caminhada, se preste muita atenção na catequese, tire as dúvidas e estude o catecismo. Mas, como na letra da música colisão da cantora católica Aline Brasil, “mais que conhecer, preciso viver a verdade revelada”, é preciso frequentar a Santa Missa todos os domingos, ler a Palavra e alimentar a espiritualidade como se alimenta o nosso corpo. É de suma importância também a busca pelo sacramento da reconciliação antes de receber este sacramento. A missão dos crismados “Os crismados e crismadas são responsáveis por transmitir a alegria de Cristo aos que ainda não O conhecem, o que significa que ser crismado é ser instrumento de missão para a adesão ao projeto de Jesus”.


Catequistas e Crismandos da turma 2012/2013 no teatro do primeiro encontro da turma da Crisma 2013/2014

“A Igreja dos crismados é a Igreja que testemunha a alegria verdadeira que só pode vir como dom do Espírito”, afirma o Padre Barbosa. Este também é o papel do catequista com os seus catecúmenos: transmitir não apenas os instruir na fé ou repassar os aprendizados sobre

a doutrina da Igreja católica. Mas transmitir a “alegria verdadeira” que é derramado sobre cada crismado. No final todos nós somos chamados a ser catequistas, não necessariamente dentro da catequese, mas no nosso serviço, na escola, até mesmo dentro de casa.



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