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ANUÁRIO | SC
ANUÁRIO DE ARQUITETURA DE SANTA CATARINA | 2016
EXPEDIENTE
EDIÇÃO
COLABORADORES
APOIO INSTITUCIONAL
Simone Bobsin
Alejandro Castañé, Ana Carla Fonseca,
AsBEA/SC, IAB/SC, programa Missão Casa
simonebobsin@arqsc.com.br
Cristiano Mascaro, Cristina Dantas, Karine
(TVCOM-SC, youtube.com/missao casa)
Daufenbach, Ruth Verde Zein, Silvia DIREÇÃO EXECUTIVA
Penteado, Vicente Wissenbach.
Clarice Mendonça anuario@arqsc.com.br PROJETO GRÁFICO
Av. dos Lagos, 41 | Pedra Branca Palhoça COMISSÃO EDITORIAL
SC | 88137-100
Fernanda Menezes, José Ripper Kós,
contato@editoravogal.com.br
Guilherme Llantada, Vicente Wissenbach. IMPRESSÃO
Nuovo Design nuovo@nuovo.com.br
VOGAL EDITORA
COMERCIAL
Gráfica Rocha
Aline Senger
Tiragem 3.000 exemplares
REDAÇÃO
comercial@arqsc.com.br
Jana Hoffmann
Eros Lelot Filho (São Paulo)
Silvia Penteado (SP)
legendaonline@gmail.com
REVISÃO
ADMINISTRAÇÃO
Giane Jacques Antunes Severo
André Teixeira de Oliveira
revisaortografia@gmail.com
contato@editoravogal.com.br
anuarioarqsc anuario@arqsc.com.br www.arqsc.com.br
Ana Carla Fonseca Foto: Saulo Tomé
Silvia Penteado Foto: Arquivo pessoal
Vicente Wissenbach Foto: Mariana Boro
Karina Daufenbach Foto: Arquivo pessoal
Cristina Dantas Foto: Arquivo pessoal
O ArqSC é uma publicação anual, dirigida ao público em geral, comercializada em bancas, livrarias e lojas especializadas e distribuída a um mailing de entidades de classe, imprensa, instituições de ensino e lojistas. Os textos foram produzidos a partir das informações repassadas pelos profissionais participantes.
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EDITORIAL
Conexão - Ligação de uma coisa com outra, identidade, coerência. Palavras que ajudam a traduzir a 8ª edição do anuário ArqSC, publicação que se fortalece a cada ano e reforça o propósito de ser um ponto de referência em arquitetura no Estado, multiplicando conteúdos que merecem ser espalhados. Este ano, chegamos de maneira muito mais abrangente até nossos leitores, rompendo plataformas físicas e nos conectando ao meio digital com o lançamento do portal ArqSC. Depois de quase 10 anos, estava na hora de mudar, provocar a interatividade e conectar assuntos relevantes nas áreas de arquitetura, interiores, design, arte. Algumas matérias e artigos publicados no anuário impresso serão amplificados no portal, com a inclusão de outras mídias.
Foto: Mariana Boro
A atualização faz parte do nosso processo e está relacionada a abordagens de conteúdo e projeto gráfico. Nessa edição publicamos 26 projetos de arquitetura, em seus mais diferentes campos de atuação, e desta forma contribuímos para o registro da arquitetura catarinense e a formação do olhar do leitor sobre o tema. Abasteça-se de tempo e silêncio para folhear as páginas do anuário, curtir cada projeto e ler as e matérias e os artigos exclusivos, fundamentais para o repertório de quem transita e tem afinidade com a área. Selecionamos excelentes profissionais para trazer assuntos relacionados à economia criativa, com texto da economista e doutora em urbanismo Ana Carla Fonseca; interiores sobre o livro “Brasil Porta Adentro”, primeira publicação que conta a história da decoração no Brasil, pela jornalista Cristina Dantas; memória sobre o arquiteto Hans Broos pela arquiteta e professora da UFSC, doutora Karine Daufenbach; cocriação com dois exemplos que merecem ser compartilhados. As bienais que acontecerão este ano em São Paulo também merecem registro assim como a publicação de dois projetos brasileiros premiados na Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires, considerada a mais significativo do setor. Não poderíamos deixar de documentar ainda a exposição sobre a arquitetura moderna brasileira realizada no MoMA, em Nova Iorque, em 2015, e que, infelizmente, não virá mais ao Brasil. Tudo isso para ser degustado e colecionado como material exclusivo que conta um pouco da nossa história arquitetônica e áreas afins. Assim como a arquitetura é o registro de uma época, a publicação assume papel importante na divulgação e documentação desse tempo.
O ArqSC é a expressão desse momento! 30 ANOS DE DESIGN AUTORAL
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CO L EÇ ÃO C A PA D Ó C I A Design Roque Frizzo
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ASSOCIADO
PORTAL ARQSC
DESIGN
ArqSC é uma plataforma digital com atuação em 4 eixos: arquitetura, interiores, design e arte.
arqsc.com.br
Foram muitas conversas, pesquisas, formatação do modelo de negócio, até que o ArqSC entrou no ar para conquistar um espaço ocioso na divulgação de notícias do setor, em Santa Catarina.
Depois de quase uma década de anuário impresso, era preciso uma atualização. Lançamos o ArqSC para ampliar a abrangência do impresso, incorporando outros temas relacionados à arquitetura a partir de artigos assinados por um time de colaboradores, notícias, entrevistas e divulgação de projetos, principalmente de Santa Catarina.
Nossa intenção é conectar pessoas, projetos e mídias, de forma colaborativa, espontânea e coletiva. Artigos e reportagens publicadas no anuário impresso também estarão disponíveis no digital, de forma mais completa, integrando outras plataformas e promovendo a interatividade.
O Portal ArqSC nasceu no verão de 2016, depois de um longo processo de maturação e criatividade, muito singulares, que reflete novas formas de trabalho coletivo e colaborativo baseado na confiança. Desde junho de 2015 um grupo multidisciplinar passou a se reunir semanalmente, por videoconferência, para criar a plataforma: o holandês Michiel Huiskens Nogueira, especialista em design digital, que hoje mora no Brasil mas na época residia em Barcelona; a jornalista Simone Bobsin e o designer - especializado em gestão Rodrigo Mendonça, ambos com residência em Florianópolis; e os gestores em marketing e administração Clarice Mendonça e André Teixeira de Oliveira, em Palhoça.
Cocriação, participação, tendência e inspiração são nossos conceitos.
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A conexão é intrínseca entre a tradição da Masotti e o estilo de Régis Padilha que juntos apresentam uma coleção que reverencia a marcenaria brasileira, combinando elementos, cores, texturas e formas que revelam produtos exclusivos, sintonia perfeita entre conceito e requinte.
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Conteúdo ampliado no portal:
Acesse: arqsc.com.br
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ArqSC Conversa
Fotos: Mariana Boro
Iniciativa que propõe uma roda de conversa para promover debates acerca das áreas que nos relacionamos: arquitetura, interiores, design e arte. Fotos do primeiro evento, que marcou o lançamento do portal, realizado no O Sítio Arte, Educação, Coworking.
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Rod. SC 401, nº 4850 | Sala 3/11 Shopping Casa & Design | (48) 3238.1795
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ÍNDICE
EXPEDIENTE
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EDITORIAL
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PORTAL ARQSC
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PROJETOS HISTÓRIA RESGATADA
A OBRA CATARINENSE DE HANS BROOS: ALGUNS PONTOS PARA REFLEXÃO
ARQUITETURA MODERNA BRASILEIRA REVISITADA
54 +2 ARQUITETURA E GESTÃO DE OBRAS
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CIDADES CRIATIVAS NA PRÁTICA: INTELIGÊNCIA COLETIVA E NOVAS GOVERNANÇAS URBANAS
BRASIL PREMIADO NA BIENAL DE BUENOS AIRES
“DESLOCAMENTOS” É TEMA DA X BIAU
ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA DE SC
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AOE ARQUITETURA, OBJETO E ESPAÇO
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ANA PAULA RONCHI ARQUITETURA TOTAL
XI BIA QUER ENFRENTAR O DESAFIO DA “REALIZAÇÃO”
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BRAND & HENNRICHS ARQUITETURA + ENGENHARIA
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CAROLINA MOCELIN E PATRICIA MOSCHEN ARQUITETAS E URBANISTAS
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COCRIAÇÃO, EXERCÍCIO DA EXPRESSÃO COLETIVA
DESENHO ALTERNATIVO
78 IDEIN-IDEIA + DESENVOLVIMENTO ARQUITETURA
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80 56
ADD STUDIO ARQUITETURA, URBANISMO E DESIGN
60 ANNA MAYA + ANDERSON SCHUSSLER ARQUITETURA E INTERIORES
IVVA INVESTIMENTOS DE VALOR EM ARQUITETURA
84 KLAXON ARQUITETURA
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68 CALLI ARQUITETURA
72 CURY FIGUEIREDO STUDIO DE ARQUITETURA
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MARCHETTI BONETTI +
PIMONT ARQUITETURA
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BRAGAGLIA ARQUITETOS ASSOCIADOS
82
JULIANA PIPPI ARQUITETURA E DESIGN
92
ROBSON NASCIMENTO ARQUITETOS
96 ROSAS ARQUITETOS
100 TATIANA JUNKES ARQUITETURA E LUMINOTÉCNICA
ESPAÇO LIVRE ARQUITETURA
104
PIMONT ARQUITETURA
94 ROBSON NASCIMENTO ARQUITETOS
98 RUSCHEL ARQUITETURA E URBANISMO
102 THEISS GIRARDI ARQUITETURA E INTERIORES
ENDEREÇOS
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O Núcleo Casa, fundado em 2009 e com atuação em 5 estados brasileiros, em menos de um ano de atuação em Santa Catarina já entregou 45 prêmios entre viagens internacionais e joias.
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A maior premiação do Brasil agora vai eleger os melhores projetos de sua cidade. O melhor projeto de cada categoria receberá o prêmio de referência nacional na revista CASA VOGUE. Descubra mais sobre o Hall da Fama procurando uma de nossas lojas parceiras em Santa Catarina.
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INTERIORES
Cristina Dantas
Já no início, navegamos por outras águas. Os transatlânticos, quem diria, nos deram os primeiros exemplos de ambientes decorados com requinte, funcionalidade e também um luxo jamais visto. O francês L’Atlantique já fazia a rota dos mares do Sul, mas o Normandie foi certamente o mais impressionante transatlântico a cruzar os oceanos abaixo do Equador. Ancorou no porto do Rio de Janeiro duas vezes, a primeira em 1938, e recebeu um público, munido de tickets pagos, ávido por inovações. Era a época em que o art-déco fazia sua estreia, mudando o olhar e apontando para um novo horizonte estético.
Fotos: divulgação ABD
História resgatada
“Livre-se das revistas e dos livros” me disse o otorrino na época em que me afligia uma forte crise de sinusite. “Está tudo na internet”. A intenção era boa: manter-me afastada da colônia de ácaros e do acúmulo de poeira dos papéis, mas não sei de onde ele tirou a informação de que o papel impresso, em suas várias formas, pode ser descartado. Para levantar o que está registrado no livro Brasil Porta Adentro: uma Visão Histórica do Design de Interiores, publicado pela Associação Brasileira de Designers de Interiores (ABD), foi fundamental a leitura de muitos livros e revistas antigas, além de dezenas de entrevistas e longas conversas com o curador Roberto Negrete. Internet e papel impresso são complementares. Ao menos por enquanto.
Felipe Dinucci (Acrópole, 1952)
L’Atlantique / Salão Principal
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John Graz (Acrópole, 1952)
João Henrique Vieira da Silva (Acervo Tibe Vieira da Silva)
Leandro Martins & Cia (Revista Acrópole, 1940)
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INTERIORES
No Brasil, as cidades começavam seu processo de adensamento e, embora ainda menos acelerado, também o de verticalização. O conceito de conforto, ainda um tanto vago, mal faria supor que surgiria a figura do designer de interiores, alguém capaz de adequar proporções, conceber uma boa iluminação, especificar do piso aos móveis, dos revestimentos ao desenho de uma maçaneta. E ele acabou despontando por uma feliz confluência de profissões e de nacionalidades. As correntes migratórias da primeira e da segunda guerras mundiais fizeram aportar no Brasil artistas plásticos, marceneiros e arquitetos vindos especialmente da Europa Central e do Leste Europeu. Somos, desde sempre, um país que deve tudo à sua miscigenação. Assim misturados em ofícios, em culturas e origens diversos crescemos diferentes, acrescidos, originais. As vanguardas europeias, que atendiam no Brasil pelos nomes de Grigori Warchavchik, John Graz e Lasar Segall fizeram a casa colonial avizinhar-se do mesmo traço reto e moderno que se erguia em uma Europa em reconstrução, nos alinhando ao que havia de mais novo na arquitetura e nos interiores.
Júlio Senna (Reprodução Tomás Senna)
Fotos: divulgação ABD
Entre os anos de 1940 e 1950, o cenário parece ainda mais definido. A atuação de dois brasileiros radicados no Rio de Janeiro trouxe para o décor brasileiro uma identidade própria. Frequentador da alta sociedade francesa, Henrique Liberal foi um desses pioneiros. Espelhos envelhecidos, mobiliário ao estilo dos “Luises”, como dizia Lúcio Costa, e peças com perfume parisiense imprimiram nos seus interiores uma atmosfera requintada. Júlio Senna, artista múltiplo, já passara pelos Estados Unidos criando desde vitrines famosas a figurinos e cenários. No Brasil, introduziu nas casas aquilo que via de mais saboroso na nossa cultura, como abacaxis, bananas, os cenários de Debret. Adotou as treliças, herança portuguesa que se tornara uma marca do colonial brasileiro. Senna empregou orgulhosamente brancos, amarelos, azuis e verdes, e ainda vestiu estofados de jeans. Brasileiro da gema, nunca perdia uma blague. Era capaz de espetar flores em uma árvore frutífera para dizer a seus convidados, muitos deles representantes de famílias reais: veja que belas rosas nos deu esta laranjeira.
São Paulo recebeu da Itália grandes contribuições, entre elas o italiano Felipe Dinucci, o primeiro a conceber a decoração como uma profissão bem definida e estabelecer escritório em várias capitais do país, chegando até mesmo a Buenos Aires. Sabíamos ao começar a pesquisa, que Dinucci - até então mencionado assim mesmo, sem prenome, havia sido marceneiro requisitadíssimo, especialmente entre os anos 1930 e 1950, pela rica comunidade sírio-libanesa da capital paulistana. No entanto, anúncios e reportagens de revistas como Habitat e Acrópole, dos anos 1930, provaram que ele tinha ido muito além. Data de 1951 uma página de propaganda da Acrópole em que ele conclama, sob a foto de um de seus faustosos ambientes: “antes de construir, reformar ou comprar, consulte o decorador”.
Claudio Bernardes (Revista Casa Claudia, junho de 1983)
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Designer: Jean-Claude Bailly. Foto: Romulo Fialdini
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INTERIORES
Fotos: divulgação ABD
Turquinha Muniz de Souza (Desenho: Gilberto Terra)
Designer: Jean-Claude Bailly. Fotos: Romulo Fialdini
Nossa busca revelou também decoradores insuspeitos: Joaquim Tenreiro, Sergio Rodrigues, Jorge Zalszsupin, Jacob Ruchti e Giuseppe Scapinelli firmaram o seu talento de designers e arquitetos inovadores também nos interiores das moradias. Todos tiveram um comércio, e nas lojas começava o projeto de decoração. Mesmo os estrangeiros, que apenas passaram pelo país, nos deixaram algum marco, e um dos mais extraordinários foi o hotel e cassino Quitandinha, em Petrópolis, desenhado pela americana Dorothy Draper. A comunhão de cores fortes e formas barrocas fizeram do Quitandinha uma apoteose onde se reuniam políticos, empresários e uma elite que teciam a história do país. Depois de tomar o poder de Getúlio Vargas,
o general Eurico Gaspar Dutra proibiu, em 1946, o funcionamento dos cassinos no país. Com apenas dois anos de funcionamento, o fabuloso espaço de Draper conheceu a decadência. Nas décadas que se seguiram, outras muitas histórias (e obras) como essa contribuíram para que se forjasse no Brasil a profissão do designer de interiores. Com o advento dos cursos de formação, de mostras como Casa Cor e de outras que se seguiram a ela, o papel desse profissional se solidificou. Mas um passeio pelo passado e por esse passado, especificamente, não havia sido resgatado. E não há forma melhor de caminhar senão guiados pela nossa memória.
Cristina Dantas - Jornalista há 30 anos, mais de 20 deles voltados às áreas do design, da arquitetura e da decoração.
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Há sempre diversas razões para se trazer à discussão as obras do arquiteto teutobrasileiro Hans Broos (1921-2011) - tendo em vista a coerência de suas propostas, a profunda adequação ao seu meio, ou a ambiência que geram, como intenta fazer, brevemente, este artigo. Num momento em que a arquitetura deixou de ser tema de relevância cultural e passou a objeto medido na ponta do lápis, os ganhos (financeiros) possíveis, suas obras nos convocam à reflexão, por um lado, como exemplos que possuem na cidade e no urbano seu fim. Por outro, o olhar sobre sua produção também se renova, quando temos cada vez mais pesquisadores debruçados em investigar o contexto catarinense, e lançar novos nomes ao debate.
A obra catarinense de Hans Broos: alguns pontos para reflexão Karine Daufenbach
Por meio de seu trabalho o arquiteto deixou marcas profundas na paisagem construída de muitas cidades catarinenses, em sua longa produção, que teve início nos anos 1950, quando chegou ao Brasil, em Blumenau, e se estendeu por quase cinco décadas.
Sua obra vem precisamente em um momento de crescimento econômico de muitas cidades, de procura de modernização das estruturas que se refletia na busca de uma imagem de modernidade, que competia à arquitetura instaurar e, alcançava, em última instância, boa parte do país. Também coincide com um momento de grande projeção e renome internacional da arquitetura moderna brasileira. Conciliando saberes pragmáticos, teóricos e influências de sua formação, Broos tentou dialogar francamente com ela. Dentre as muitas obras dignas de menção, que constituiriam marcos anônimos na paisagem, senão pela boa arquitetura que revelam, pretendo explorar aqui uma obra que, seguramente, pode ser considerada uma de suas maiores realizações: A Fábrica Matriz da Companhia Têxtil Hering (1968-1975), em Blumenau. Trarei algumas questões para reflexão que são pontos altos deste projeto e, de modo geral, extensíveis a toda sua obra.
Foto: arquivo Karine Daufenbach
Foto: Cristiano Mascaro, acervo Hans Broos.
MEMÓRIA
Hering Matriz. Vista aérea do conjunto, década de 1980, Blumenau - 1968-1975
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MEMÓRIA
Arquitetura e paisagem natural Em um primeiro momento, o que é especialmente surpreendente neste projeto é a noção de conjunto que os edifícios assumem e sua integração à paisagem natural. Na Hering Matriz, obra natural e a construída formam uma unidade viva, se complementam e diferenciam reciprocamente as curvas sinuosas da paisagem e as duras linhas e a decidida presença dessa arquitetura, numa relação harmônica entre os prédios e destes com a natureza. Mesmo com seus traços geométricos, essa arquitetura tem adequação com o entremeio dos morros, preenchendo os espaços vazios, se moldando a eles e dando-lhes vida, formando um tecido orgânico que se desenvolve naturalmente de acordo com as exigências funcionais do conjunto.
Hering Matriz. Costura antiga e a nova (atual Administração) - 1968-1975
Hering Matriz. Costura antiga e a nova vistas a partir do terraço jardim - 1968-1975
Broos concebe ali um local de vida, uma arquitetura que responde às demandas específicas, mas também ao existente amplo
senso - materiais, cultura, o natural e o construído. O arquiteto cria um verdadeiro espaço urbano: ruas, passagens, por entre os jardins de Burle Marx, em que o valor não está concentrado em cada edifício, apesar da clara qualidade arquitetônica, mas no ambiente, no espaço “urbano” e coletivo que cria. A fábrica não se insere apenas, ela estrutura o espaço. Mais importante que as fachadas, são as relações volumétricas entre os edifícios e os espaços criados através da arquitetura, que tem na praça histórica, centro geográfico e coração do conjunto, um espaço coletivo de convivência e encontro. As aberturas, sempre pontuais, bem marcadas e com formas nada casuais ou convencionais, conferem características inconfundíveis aos prédios simples. Nesse sentido, o arquiteto também tira proveito estético dos elementos técnicos, como as gárgulas, deixadas à mostra.
O Projeto
A premissa fundamental do projeto refere-se ao desejo da empresa de permanecer no sítio original, o Vale do Bom Retiro, preservando a história e a arquitetura da época de fundação da empresa. Para a ampliação de seu núcleo foi adotado, então, o sistema de unidades satélites; ao todo, seis, localizadas em Blumenau e proximidades, responsáveis pela costura das peças dentro do processo de produção, e que também ficaram a cargo do arquiteto. No projeto do complexo foi encomendada a construção de vários edifícios fabris a serem erguidos junto ao vale estreito e cercado por morros, ladeando alguns edifícios remanescentes com características tradicionais da imigração alemã que datavam do final do século XIX. Estas eram apenas 1
algumas das especificidades que envolveram o projeto que, além disso, deveria ser previsto em etapas, onde apenas alguns edifícios antigos permaneceriam no local, enquanto outros teriam apenas uma sobrevida, até que fossem substituídos pelos novos prédios. Para os novos edifícios, Broos trouxe referências várias: a própria obra, como a Igreja de São Bonifácio em São Paulo, projeto imediatamente anterior ao da Hering e um dos primeiros quando estabelecido naquela cidade, obras em que colaborou na Alemanha, no escritório de Egon Eiermann, além de outras deste arquiteto. O concreto foi utilizado como material predominante nos blocos, deixado aparente e utilizado como meio expressivo também, ao tirar partido das marcas impressas pelas formas de madeira. Os volumes bastante simples, em geral, lineares e características horizontalizantes, ostentam a marcação da estrutura em seu exterior, gerando uma modulação que reafirma um método projetual que tem na estrutura seu elemento definidor, mas não limitador dos espaços. Também são externos os acessos, corredores e passarelas, por vezes, também com o uso de brise-soleil. As aberturas, sempre pontuais, bem marcadas e com formas nada casuais ou convencionais, conferem características inconfundíveis aos prédios simples. Nesse sentido, o arquiteto também tira proveito estético dos elementos técnicos, como as gárgulas, deixadas à mostra.
Nunca recebeu formalmente algum prêmio, mas é considerada por Hugo Segawa como um entre os projetos industriais mais interessantes dos anos 1960, e qualificado como “o mais interessante parque industrial criado no país nos últimos 30 anos” pela revista Projeto, na edição comemorativa de número 300. Cf. Segawa, Hugo. Arquiteturas no Brasil 1900-1990. São Paulo: Edusp, 1997, p. 161; e Projeto n. 300 março, 2005, respectivamente.
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Hering Matriz. Edifício da Malharia - 1968-1975
Fotos: Cristiano Mascaro, acervo Hans Broos
A Companhia Hering se constitui em um dos mais surpreendentes exemplos de planejamento industrial do país1, através de um processo contínuo de desenvolvimento e apropriação do espaço, em que o arquiteto também toma parte na história da formação da empresa. Foi o primeiro projeto fabril de grande porte realizado por Hans Broos no país, e com ele dá início a uma parceria de mais de vinte anos de colaboração com a empresa, na função de arquiteto e consultor, que lhe rendeu inúmeros projetos industriais e também o renome de “arquiteto industrial”, uma experiência que tivera seus passos iniciais em sua curta carreira alemã.
Hering Matriz. Praça Histórica - 1968-1975
Hering Matriz. Edifício do Beneficiamento - 1968-1975
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MEMÓRIA
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Karine Daufenbach - Doutora e professora do curso de Arquitetura e Urbanismo – UFSC.
Este edifício, em especial a solução da fachada, foi profundamente modificado ao longo dos anos. Tal proposta aqui descrita não é mais reconhecível. Broos, Hans. O homem e a cidade: Reflexos mútuos. Texto de palestra em 16/06/89. São Paulo. Sob o título: Construções antigas em Santa Catarina. Florianópolis: Cultura em Movimento: Ed. da UFSC, 2002.
Foto: Cristiano Mascaro, arquivo Hans Broos
Foto: arquivo Karine Daufenbach
Casa do Arquiteto, São Paulo (SP) 1971-1978
Mosteiro São Bento, Vinhedo (SP) - 1971-1977
Hering Água Verde, Blumenau (SC) 1974-1977
Foto: arquivo Karine Daufenbach
Hering Matriz. Praça Histórica e Centro Social à direita - 1968-1975
De certa forma, toda sua obra vai ostentar esta postura: conciliatória entre o novo e o antigo, não transgressora quando confrontada com a arquitetura histórica, apesar de reivindicar sempre o papel que lhe cabe, adequado a seu tempo. Pensamento este que se refletirá também no espaço urbano, como demonstram os espaços do conjunto fabril da Hering. E mais surpreendente é a época de sua proposição, quando comparado aos equivalentes nacionais. Antecipa-se mesmo a projetos como o SESC Pompeia (1977-1986), de Lina Bo Bardi, considerado marco de um novo pensamento urbano no Brasil, pela aceitação à cidade, o convívio do moderno com o existente. Muito embora na época de sua construção ao complexo da Hering não cabia o entendimento de espaço “urbano”, e diferia do contexto denso da proposta de Lina, aquele projeto também encontrou uma situação já formada, onde o arquiteto teve de lidar com os prédios históricos para a inserção dos novos edifícios. Ademais, concorre para tal noção, o tratamento dado na concepção do conjunto, pensado como um espaço coletivo, e uma unidade funcional integrada e em perfeita continuidade com a cidade.
Hering Rodeio, Rodeio (SC) 19771978
Foto: Cristiano Mascaro, arquivo Hans Broos
Foto: Cristiano Mascaro, acervo Hans Broos
Interessante notar que, para uma situação que seria apenas provisória - o prédio histórico seria substituído por outro igual ao novo edifício em uma próxima etapa das obras – o arquiteto propõe uma solução de respeito às características da obra, como escala e ritmo, para formular uma nova arquitetura, que se remeta tão somente a sua época, numa atitude de sublimar os tempos atuais, sem desvalorizar o passado. Broos pretende, assim, criar uma arquitetura contemporânea que responda de maneira adequada aos pressupostos funcionais e formais que lhe são colocados; que respeite a arquitetura antiga sem a ela subjugar-se ou procurar
Igreja São Bonifácio, São Paulo (SP) 1964-1966
Foto: Cristiano Mascaro, arquivo Hans Broos
Neste edifício, ladeando o antigo prédio da Costura de 1890, Broos admite como fechamento uma simples empena de concreto suspensa do chão, realçada em sua ínfima espessura, que ao mesmo tempo, faz a vedação a leste, e assume uma neutralidade em favor da arquitetura antiga. Esta empena funciona como um plano sobreposto ao edifício, em cujo interior há uma espécie de segunda fachada, recuada, com aberturas de vidro que permitem iluminação e ventilação naturais em seus espaços.2 E através dos pequenos orifícios presentes na empena avista-se o terraço-jardim de Burle Marx localizado à frente.
reproduzir, de uma maneira falsa (como só poderia ser) as formas que retratam sua essência - afinal, toda a arquitetura é o retrato de uma essência que lhe deu origem; e tal essência, jamais reproduzível. Não deve ser confundida com uma atitude de negação ao passado. Ao contrário; é o respeito e o credo de que somente respostas condizentes com o seu tempo podem valorizar o passado, garantir “a continuidade da evolução, que se chama também de tradição”3, como toda boa arquitetura o fez em sua respectiva época. Não parece à toa, tendo-se em vista tal pensamento que se configurou em prática reflexiva, que um dos primeiros trabalhos que viria a realizar no Brasil - por conta da revalidação do diploma, pela então Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro – seria um levantamento das construções dos colonizadores açorianos no litoral catarinense, com detalhes construtivos das técnicas populares. Editado em 20024, nas primeiras páginas do livro Broos assinala: “no meu íntimo, cultivo grande respeito pelas expressões formais do passado”5, mas adverte que esta relação possui caráter pragmático, diverso à de um historiador: “[...] como arquiteto, me habituei a entrar em contato com o tempo e a vida por meio de resultados formais, não pela pesquisa de livros e documentos”.6
Foto: Cristiano Mascaro, arquivo Hans Broos
Na mesma praça histórica, o novo prédio da Costura, atual Administração, chama atenção pelas soluções que apresenta e nos convida a outras reflexões. Um exame destas proposições nos diz muito sobre o pensamento de seu autor.
Outros projetos Foto: Cristiano Mascaro, arquivo Hans Broos
O antigo e o novo
Hering Rodeio, Rodeio (SC) - 1977-1978
Centrais Elétricas de Santa Catarina, Florianopolis - 1966-1968. Na década de 1980, o prédio passou a ser o Palácio do Governo
Broos, Hans. Construções antigas em Santa Catarina. Florianópolis: Cultura em Movimento: Ed. da UFSC, 2002, p. 15. Idem, ibidem.
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PONTO DE VISTA
Cidades Criativas na prática inteligência coletiva e novas governanças urbanas Ana Carla Fonseca | Alejandro Castañé Pensar e praticar novos modelos de cidades tornou-se uma questão premente - não só por necessidade (afinal, 85% da população brasileira mora em centros urbanos), mas crescentemente por deleite (por mais críticos que sejamos às cidades em geral, dá para contar nos dedos o número de conhecidos que se refugiariam fora de uma cidade). Em suma: moramos nas cidades porque queremos, apesar de seus problemas e graças a tudo o que elas oferecem - diversidade, possibilidades, expansão de horizontes, realizações e para muitos, paradoxalmente, anonimato e privacidade. Diante disso, nada melhor do que aproveitar o que há de bom nos ambientes urbanos e resolver o que nos incomoda neles. O que inevitavelmente levanta a pergunta: qual cidade queremos? Inteligente, sustentável, inovadora, empreendedora, resiliente? Tudo isso e mais? O conceito que adotamos como síntese desses adjetivos, com o qual já lidamos em 167 cidades de 30 países, é o de cidade criativa - uma cidade que se reinventa continuamente, com base em inovações, conexões e cultura. Características amplas, mas suficientemente norteadoras e que trazem a criatividade do cidadão para o centro da discussão, seja valendo-se das tecnologias digitais ou nos processos de relacionamento humano presencial. Impulsionando esse protagonismo cidadão estão a valorização e a implementação de duas propostas: inteligência coletiva; e novas governanças urbanas. Conceito proposto originalmente por pensadores como Pierre Lévy, que diz que inteligência coletiva refere-se em grandes linhas à capacidade que um conjunto de pessoas tem de articular as competências e o conhecimento de cada uma, em prol do coletivo, em um processo interativo e contínuo. É como se cada um de nós contivésse em nossa mente e em nossas capacidades uma variedade de ingredientes e, conforme a receita necessária para transformar e melhorar a vida urbana, alguns desses ingredientes fossem selecionados e empregados, para benefício de todos.
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Outras propostas de inteligência coletiva com impacto urbano positivo são impulsionadas pelo setor privado. É o caso do BMW Guggenheim Lab, fruto de parceria entre a BMW e a Fundação Guggenheim. O projeto foi desenvolvido em três cidades com perfis completamente distintos - Bombaim, Berlim e Nova Iorque -, com o intuito de mapear, junto à sociedade civil, as 100 tendências urbanas mais relevantes. Afinal, há modo melhor de uma empresa se preparar para cenários futuros - e intervir neles -, do que valendo-se desse grande laboratório vivo que é a cidade, formado por pessoas com diferentes expertises, ambições e visões de mundo?
O impacto dessa proposta é muito potente. Afinal, poder valer-se do que todos sabem e de pontos de vista variados significa ampliar exponencialmente a capacidade de encontrar oportunidades que não se davam a ver e garimpar soluções para questões recorrentes. Iniciativas voltadas a aproveitar esse manancial virtualmente inesgotável de inteligência coletiva para a transformação urbana vêm surgindo nos últimos anos, em contextos os mais diversos. Vários são urdidas por governos, a exemplo do Laboratorio para la Ciudad, no México DF. Autodefinido como um espaço de experimentação e ensaio, sua proposta é lançar provocações que motivem reflexões sobre a cidade, incubar projetos piloto e promover encontros multidisciplinares sobre inovação cívica e criatividade urbana, congregando governo, sociedade civil, setor privado e instituições sem fins lucrativos.
Laboratorio para la Ciudad, no México, propõe lançar provocações que motivem reflexões sobre a cidade além de incubar projetos piloto e promover encontros multidisciplinares. Foto: www.labcd.mx
Projeto A Batata Precisa de Você, em São Paulo, é um exemplo de iniciativa voltada à cidadania ativa e ao aproveitamento da inteligência coletiva a favor da cidade. Foto: Diogo Granato
de empoderamento cidadão e transformação urbana. Também cabe mencionar 396 Acres, em Nova Iorque, voltada ao mapeamento de áreas não construídas da cidade e à tentativa de, a partir da mobilização da população, converter ao menos parte delas em espaços públicos e verdes. Ou ainda Anjos do Belo, em Florença, congregando cidadãos que zelam pelo patrimônio da cidade e motivam os demais a preservá-lo. No Brasil também são crescentes os exemplos de iniciativas voltadas à cidadania ativa e ao aproveitamento da inteligência coletiva a favor da cidade, como A Batata Precisa de você, em São Paulo e o Ocupe Estelita, em Recife. Todas essas - e muitas outras - propostas compartilham alguns traços, como pilares fundamentais de um processo de inteligência coletiva baseado em novos modelos de governança urbana. De forma sucinta, cabe enfatizar três pontos.
O BMW Guggenheim Lab, parceria entre a BMW e a Fundação Guggenheim, é uma proposta de inteligência coletiva impulsionada pelo setor privado, que mapeou em três cidades - Bombaim, Berlim e Nova Iorque -, as 100 tendências urbanas mais relevantes. Fotos: www.bmwguggenheimlab.org
O Brasil também tem sido palco de propostas afins. Em 2013, a tríade FecomercioSP, SESC e SENAC nos encomendou um projeto que resultou no Sampa Criativa - um espaço para motivar o cidadão a repensar a cidade de São Paulo e fazer propostas para transformá-la em um ambiente que ele julgasse melhor, pondo-se porém como protagonista dessa mudança. Em seis meses foram encaminhadas mais de 800 propostas, formuladas por paulistanos de nascimento ou residência, de uma miríade de faixas econômicas, etárias e localizações geográficas, cujo grande anseio era o de exercer sua cidadania de forma ativa.
Primeiro, valorização real da diversidade. Assim como inovação requer ousadia e tolerância ao erro, a inteligência coletiva se nutre de diversidade. Parece simples, mas em sociedades muito díspares em termos de acesso e participação, motivar grupos que normalmente não se engajam é um grande desafio para não incorrer o risco de validar a vontade de uma minoria mais visível. Segundo, engajamento efetivo une reflexão e ação. Instigar novos pensamentos é um excelente passo, mas a jornada se concretiza com a implementação dos mesmos. Terceiro, cada um tem seu papel na governança urbana. Não raro se ouve, por exemplo, que a sociedade civil deve dizer ao governo o que ele deve fazer. Um governo democrático deve não apenas ouvir e dialogar com a sociedade civil mas ponderar os interesses, direitos e lutas de cada grupo e contemplá-los - ou não - à luz de uma estratégia transparente de curto, médio e longo prazos. Afinal, em uma cidade criativa, a inteligência coletiva deve servir para validar os direitos - e responsabilidades - de todos no processo de transformação da cidade no espaço que nos orgulhamos de oferecer a nossos filhos. Ana Carla Fonseca & Alejandro Castañé - Sócios diretores da Garimpo de Soluções, consultores e palestrantes em 30 países e 167 cidades (por enquanto!).
Outros tantos exemplos surgem da articulação da sociedade civil. É o caso de I Love Rotterdam, cuja ação em uma área combalida da cidade gerou um processo
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Arquitetura moderna brasileira revisitada Silvia Penteado
A mostra “Latin America in Construction: Architecture 1955-1980”, maior exposição sobre a arquitetura latinoamericana já realizada pelo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque - MoMA, em 2015 rebateu, 60 anos depois, uma outra mostra sobre arquitetura latino-americana realizada pelo museu em 1955 - “Latin America since 1945”. Em 1.200 metros quadrados, estiveram reunidos cerca de 500 documentos oriundos de 11 países, resultado de um enorme esforço de pesquisa e de logística coordenado pelos curadores Barry Bergdoll (MoMA), Patricio Del Real (MoMA), Carlos Eduardo Comas (UFRGS) e Jorge Francisco Liernur (Universidad Torcuato di Tella). “Dada a qualidade e quantidade das realizações, a exposição não se pretendeu exaustiva, mas sugestiva”, explica o curador Carlos Eduardo Comas, arquiteto e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Eram desenhos arquitetônicos, modelos, fotografias de época e registros audiovisuais, além de maquetes e
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Fotos: arquivo de Ruth Verde Zein
EXPOSIÇÃO
Brasília mereceu um espaço exclusivo, incluindo croquis, fotos, maquete e o relatório do Plano Piloto de Lucio Costa
O Brasil esteve representado por obras marcantes ao longo de toda a exposição, além do destaque dado ao Ministério da Educação no Rio de Janeiro, projeto de 1936 de Lucio Costa e equipe, incluindo Oscar Niemeyer e Affonso Eduardo Reidy, e à Cidade Fluvial do Tietê, de Paulo Mendes da Rocha, cuja maquete em aço abria a exposição ao lado da Equação do Desenvolvimento, do uruguaio Gomez Gavazzo. Brasília mereceu um espaço exclusivo, incluindo croquis, fotos, maquete e o relatório do Plano Piloto, de Lucio Costa. No núcleo da mostra, destaque especial para obras
Maquete da FAU-USP, com um recorte diferente, destacava-se em uma das salas
como o Masp, de Lina Bo Bardi, o MAM-Rio no Parque do Flamengo, de Reidy e Burle Marx, “complementado por duas joias do Lucio Costa”: as rampas de acesso à Igreja da Glória e o Monumento a Estácio de Sá; a FAU-USP, de Vilanova Artigas; o Ginásio do Clube Paulistano, de Paulo Mendes da Rocha, e obras de Lelé na Bahia e em Brasília. Na parede dedicada ao quarto de século de projetos de habitação, havia, entre outros, o Cajueiro Seco, de Acácio Gil Borsoi, em Recife, e a requalificação da favela de Brás de Pina no Rio de Janeiro, de Carlos Nelson Ferreira dos Santos e equipe.
fotografias recentes focadas no período de 1955 a 1980, mas introduzidos por um “prelúdio” sobre as três décadas precedentes. Nessa sala, chamada “Prelúdio: uma região em movimento”, figuravam os marcos consagrados da arquitetura moderna latino-americana da primeira metade do século XX, com destaque para duas maquetes: um projeto de Amancio Williams e o edifício do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, de Lucio Costa e equipe. As demais obras incluídas nesse “prelúdio” eram mesmo “belas e geniais”, na avaliação da arquiteta e crítica Ruth Verde Zein: desenhos e projetos de Juan Borches, Carlos Raúl Villanueva, Lucio Costa, Warchavchik, Niemeyer, Juan O’Gorman, Mario Pani, Villamajó, Hardoy & Kurchán e Williams. Elas eram exibidas lado a lado com testemunhos das viagens de Frank Lloyd Wright e Le Corbusier à América do Sul e das exposições do MoMA “Brazil Builds” (1943) e “Latin America since 1945” (1955).
O MoMA reuniu obras latinoamericanas consagradas, do período de 1955 a 1980, com um “prelúdio” sobre as três décadas precedentes. A mostra aconteceu no famoso prédio da Rua 53, em Nova Iorque
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EXPOSIÇÃO
Estudo histórico Na avaliação de Comas, a grande diferença entre a mostra de 1955 e a atual é que a primeira era uma retrospectiva de dez anos que visava um futuro, uma continuação e tomava a modernização da cidade latinoamericana como exemplo, mostrado através de uma compilação de fotos, tiradas em várias viagens do crítico Henry-Russell Hitchcock pela América Latina. A atual é um estudo histórico do período 1955-80, uma exposição de arquivo, de curadoria coletiva, que pretendeu primariamente propor uma redescoberta e/ou revisão. A primeira exposição tinha como foco, segundo Comas, a questão do desenvolvimento, afinal 1955, ano em que o MoMA fez sua primeira e única exposição sobre arquitetura moderna latino-americana, a “Latin American Architecture Since 1945”, corresponde, grosso modo, ao momento em que o desenvolvimentismo se consagra como política pública na região. Já 1980 corresponde, por alto, segundo o arquiteto, à crise do desenvolvimentismo, e ao momento que ratifica o menosprezo da historiografia europeia e norteamericana pela experiência arquitetônica e urbanística modernas na região. Para Ruth Verde Zein, a exposição não trouxe grandes novidades para os latino-americanos. Foi montada para atrair público e conseguiu. Mas pretendeu, e no seu entender conseguiu, mostrar e demonstrar a todos que “a arquitetura moderna
na América Latina (e não mais a “arquitetura latinoamericana”, e a diferença não é pouca) é uma contribuição da maior relevância, e absolutamente indispensável para se compreender, de maneira acurada, qualquer panorama minimamente decente sobre a arquitetura moderna no planeta Terra, no século XX.” Na exposição, o interesse pelo “nosso” mundo, ressalta a arquiteta, não acaba na inauguração de Brasília em 1960, mas demonstra que o interesse pode ser facilmente estendido pela produção das décadas seguintes. Para ela, a contribuição realmente original da exposição centrava-se em sua sala principal, aquela que tratava, propriamente, dos anos 1955-75, pois a única obra realizada entre 1975 e 1980 foi o Sesc Pompeia, de Lina Bo Bardi. “A extensão do período até 1980 não foi ativada para atender a uma lógica historiográfica e sim a uma posição estratégica, já que com isso foi possível incluir uma obra realmente notável: o SESC Pompeia, de Lina Bo Bardi e equipe. Diferentemente do MASP, da mesma autora, cujo projeto e obra vai de 1957 a 1968 e afina-se perfeitamente com as buscas arquitetônicas daquele período, a obra do SESC Pompeia inaugura outros ares. De todas as obras ali expostas, é a única que poderia ser, legitimamente, também considerada como “contemporânea”. Ou, pelo menos, parece ser uma obra que ilustra bem o que entendemos hoje, em 2015, por contemporaneidade.”
Fotos: arquivo Ruth Verde Zein
O arquiteto e fotógrafo brasileiro Leonardo Finotti recebeu o prêmio para Produção Fotográfica em Arquitetura, da CICA, na XV Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires, com a exposição “Ecos do MoMA”. Trata-se de um ensaio com imagens de obras arquitetônicas latino-americanas feitas por ele e expostas em 2015 no museu novaiorquino, que tem 15 de suas fotos no acervo permanente. Fotos da Sala do MoMA, na XV Bienal Internacional de Buenos Aires
A mostra “Latin America in Construction: Architecture 1955-1980”, não virá mais ao Brasil em 2016, segundo um dos curadores, Carlos Eduardo Comas. O livro “Latin America In Construction: Architecture 1955–1980”, editado por Barry Bergdoll, Carlos Eduardo Comas, Jorge Francisco Liernur e Patricio del Real, com 320 páginas e mais de quinhentas ilustrações, documenta e complementa esta exposição histórica. Pode ser adquirido no MoMa - www.momastore.com
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BIENAIS INTERNACIONAIS
na Bienal de Buenos Aires
Brasil premiado Vicente Wissenbach | Silvia Penteado
Fotos: Pedro Vannucchi
Na XV Bienal, a produção brasileira foi representada pela mostra “Arquitetura Brasileira: três gerações”. Presentes, quatro projetos de museus além do Museu dos Coches, de Paulo Mendes da Rocha, com a colaboração do MMBB e Bak Gordon Arquitetos, participaram a Fábrica de Espetáculos do Teatro Municipal do Rio, de Marcio Kogan; o Museu de Arte do Rio, de Bernardes + Jacobsen; e o Museu do Instituto Moreira Salles - IMS - São Paulo, de Andrade Morettin. Também foram incluídos dois edifícios de uso múltiplo, um em Curitiba e outro em São Paulo, de Konigsberger e Vannucchi, e uma seleção de casas e edifícios residenciais. “Uma exposição ‘chiquita, pero cumplidora’, como dizem os portenhos, bastante visitada, elogiada e premiada”, ressalta Wissenbach, que pretende apresentála, ampliada, no IV Destaques das Bienais, este ano, em Florianópolis.
Nesse sentido, organizou-se, por exemplo, o 1° Encontro de Mulheres e Arquitetura, conjuntamente com
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Tanto a ampliação do espaço quanto a abrangência da mostra constituem-se em um aprofundamento do sonho de seu principal mentor, o visionário Jorge Glusberg, empresário, crítico de arte e arquitetura e fundador do CAYC, para quem a Bienal de Arquitetura de Buenos Aires não deveria se limitar às atividades de organizar exposições e oferecer prêmios, mas abrir a possibilidade de participação em fóruns, seminários, workshops, mesasredondas e diálogos, presididos por um espírito festivo e organizados de forma a aproximar os arquitetos e a sociedade. “Desse modo, ela poderá resgatar a fundo o multifacetado universo da arquitetura, em grande variedade de ângulos - técnico, artístico, teórico, crítico e prático.”
O Brasil tem participado da Bienal de Buenos Aires com exposições e palestras desde sua primeira edição, há 30 anos. Na sua primeira edição, em 1985, Vicente Wissenbach, com a colaboração dos críticos Hugo Segawa e Ruth Verde Zein e a equipe da revista
A criação e a continuidade da Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires deve-se, segundo Wissenbach, à ousadia e à experiência de Jorge Glusberg na participação de eventos internacionais. “Tive o privilégio de participar da equipe que montou as primeiras edições, atuando também como membro do júri em muitas delas e até hoje tenho colaborado em quase todas as edições.” Esse trabalho inspirou o jornalista e o arquiteto catarinense André Schmitt a criarem o Destaques das Bienais de Arquitetura, em Florianópolis. Em suas duas primeiras edições foram apresentados projetos selecionados nas Bienais de Buenos Aires e São Paulo, agregando, nas edições seguintes, Chile, Colômbia e a Bienal Iberoamericana. A IV DBA será realizada este ano. Vicente Wissenbach é jornalista, editor e curador de exposições de arquitetura e urbanismo, fundador das revistas Projeto e Design & Interiores. Silvia Penteado é jornalista especializada em arquitetura. Foi redatora do Jornal Arquiteto e Revista Projeto.
Foto: Angel Juarez
Para marcar a comemoração de suas três décadas, a Bienal, que já acontecia em vários espaços de Buenos Aires além do Centro Cultural Recoleta, foi ampliada nesta edição para outras regiões da capital argentina, chegando, pela primeira vez, a um município da Grande Buenos Aires, Vicente López. Também se procurou ampliar a abrangência da mostra, incluindo atividades atrativas para todos os públicos de forma a despertar o interesse de toda a sociedade pela arquitetura.
o blog Un día/Una arquitecta, com o objetivo de dar maior visibilidade ao trabalho das mulheres arquitetas. Abriu-se um espaço de encontro para jovens estudantes e profissionais e também para crianças - MiniArq e Arquikids -, com propostas lúdicas e criativas, visando despertar a descoberta e a experimentação do mundo da arquitetura. Foi lançada também durante o evento a primeira Bienal Internacional de Arquitectura del Paisaje (BIAP 2016) e o Prêmio à Arquitetura Latino-americana Oscar Niemeyer, cuja primeira edição ocorre este ano, organizado pela Red de Bienales de América Latina – BAAL, que hoje reúne onze bienais de arquitetura do continente.
Fotos: arquivo Vicente Wissenbach
A arquitetura brasileira recebeu os dois principais prêmios de arquitetura da XV Bienal Internacional de Buenos Aires, realizada no segundo semestre de 2015: Paulo Mendes da Rocha levou o prêmio do Comitê Internacional de Críticos de Arquitetura – CICA com o Museu dos Coches, em Lisboa, e Marcio Kogan o cobiçado Prêmio de Arquitetura para o Edifício Vertical Itaim, em São Paulo. Os dois projetos integravam a mostra “Arquitetura Brasileira: três gerações”, que representou o Brasil no evento, com curadoria do jornalista Vicente Wissenbach, fundador da revista de arquitetura Projeto e participante, nos últimos 30 anos, de praticamente todas as edições da Bienal de Buenos Aires, que ajudou a criar.
Projeto, organizou uma grande exposição de arquitetura brasileira.
Carlos Sallaberry, atual presidente da Bienal de Buenos Aires, e César Pelli
O jornalista Vicente Wissenbach e o crítico Tomás Dagnino
Mathias Glusberg, diretor da Bienal de Buenos Aires, entrega a Vicente Wissenbach os prêmios concedidos aos arquitetos brasileiros
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PROJETO BRASILEIRO PREMIADO
Fotos: Pedro Vannucchi
Edifício Vertical Itaim
A fachada do prédio é feita de concreto armado aparente e de painéis de madeira, concebidos para sombrear os ambientes internos e que podem ser movimentados pelos moradores conforme desejarem, otimizando o conforto térmico dos ambientes dependendo do uso e da incidência do sol. A madeira desses elementos tem um padrão quadriculado, perfurado, que não bloqueia o vento, como os muxarabis árabes, trazidos para a arquitetura brasileira colonial e, mais tarde, usados também pelos modernistas. O resultado dessa solução são espaços com temperatura sempre muito agradáveis. Nas fachadas sul e oeste, o concreto aparente remete aos edifícios brutalistas de São Paulo. O material, feito com forma de madeira ripada, tem vida própria, “um organismo vivo” – como dizia a arquiteta Lina Bo Bardi, mestre do modernismo brasileiro. A textura das ripas – quando iluminada pelo sol – produz um efeito surpreendente e poético para as grandes empresas. A versatilidade dos apartamentos possibilita que a planta seja rearranjada segundo as necessidades da família: um loft totalmente aberto ou um andar com 2 dormitórios. A sala – voltada para leste – tem grandes panos de vidro que aumentam a relação com o exterior. Esse ambiente se integra a uma varanda de 3,00m por 3,70m, como um prolongamento da área de estar dos apartamentos.
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Um dos elementos de madeira desliza até essa varanda para sombrear o ambiente ou dar maior privacidade ao espaço, sem que se configure qualquer fechamento e mantendo-se assim a sensação de um espaço externo. Junto ao grande vão da sala e dos quartos há um núcleo rígido de circulação vertical e serviços. Este núcleo fica posicionado próximo da lateral do edifício para minimizar a interferência de elevadores e escada na planta livre. Já o térreo fica elevado sobre pilotis, fazendo com que haja também nesse piso grande integração entre o interior e o exterior – o jardim. Vertical Itaim é um edifício urbano contemporâneo, de apenas 13 andares que, tanto pelo uso dos materiais, como pelas soluções arquitetônicas de planta e fachada, criam uma arquitetura versátil e dinâmica, confortável e funcional para os moradores, com grande integração de espaços e com o exterior. Prêmio Arquitetura - Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires Edifício Vertical Itaim - São Paulo Marcio Kogan Coautora Carolina Castroviejo
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PROJETO BRASILEIRO PREMIADO
Fotos: João Carmo Simões
Museu Nacional dos Coches
O Museu Nacional dos Coches foi criado pela rainha D. Amélia, mulher do rei D. Carlos I, e reúne uma coleção única no mundo de viaturas de gala e de passeio do século XVII ao XIX, na sua maioria provenientes dos bens da coroa ou propriedade particular da Casa Real portuguesa. Sua primeira casa foi o Antigo Picadeiro Real, onde ainda se manteve um núcleo expositivo. O museu é um dos mais visitados de Lisboa. O novo espaço de exposições do museu, inaugurado em maio de 2015, tem 11.880 metros quadrados, oficinas de manutenção e conservação dos coches, mais um anexo com espaço para os serviços administrativos, um auditório e espaços de restauração. “A construção das estruturas do museu exigiu um grande esforço porque há uma deformação do terreno, conquistado ao rio, e foi preciso levar em conta a prevenção da atividade sísmica”, lembra Paulo Mendes da Rocha. A construção fecha a área monumental de Belém, em Lisboa, que inclui edifícios simbólicos como o Monastério dos Jerônimos, o Centro Cultural de Belém, o Museu da Marinha, o Planetário, o Padrão dos Descobrimentos, a Torre de Belém e vários parques. O projeto para as novas instalações do Museu dos Coches levantou, primordialmente para a arquitetura, duas questões básicas, segundo Paulo Mendes da Rocha. Do lado da Museologia, a exposição do notável patrimônio do museu. Do lado do Urbanismo, sua implantação dentro do projeto governamental “Belém Redescoberta”.
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“Na Museologia, optamos por nos centrar na ideia da preservação definitiva do tesouro guardado e a um só tempo visitado, considerando a visita sob todas as formas possíveis de desdobramentos quanto à memória histórica, enquanto construção intelectual no tempo.” Uma espécie de estojo para guardar o tesouro da república, como Paulo Mendes gosta de dizer. “Arte e técnica em constante andamento. Exposições e Oficinas, cenários cambiáveis. Som e imagens virtuais associadas aos artefatos originais.” No Urbanismo, a opção foi por uma disposição espacial empenhada na integridade do recinto, principalmente no caminhar da população e dos turistas, já presentes e certamente ampliados com a nova vitalidade que surge. “O museu não tem porta e relaciona-se para todos os lados”. Mais que um museu, o projeto funciona como uma infraestrutura urbana, que oferece ‘espaço público’ à cidade. É de se notar aqui, segundo Mendes da Rocha, dois eventos: a passagem aérea de pedestres presumida, na sequência da Calçada da Ajuda até os jardins junto ao Tejo, no ancoradouro (transpondo Av. Índia, Av. Brasília, ferrocarril) e o conjunto de edificações preservadas (Belém Redescoberta), ao longo da R. Junqueira, confrontando aos fundos com a área do Museu, antiga R. Cais da Alfândega Velha, com grande encanto para o lugar. Estimula a iniciativa do pequeno comércio local e particular. “São estas as raízes do projeto.”
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Fotos: João Carmo Simões
PROJETO BRASILEIRO PREMIADO
A construção está proposta de modo dual: pavilhão principal, nave suspensa para as exposições, e um anexo com recepção, administração, restaurante, auditório e amparando estrategicamente a tomada, em rampas, para a passagem pública de pedestres até o Tejo. Esta peculiar disposição espacial possibilita a criação de um pórtico - por meio da ligação aérea entre os dois edifícios de entrada - para a pequena praça interna, um largo, para onde se voltam (uma nova
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frente) as construções preservadas na R. Junqueira agora abertas para o recinto na forma, eventualmente, de pequenos cafés, livrarias... no que era a R. Cais Alfândega Velha, em interessante recomposição. “Seria de se notar as cotas destes espaços e sua interlocução na dinâmica dos passantes, por dentro e por fora do que é, na totalidade, o Museu enquanto um lugar público: rigorosamente protegido e imprevisivelmente aberto.”
Além das escadas de segurança exigidas por lei, todo o acesso é feito por meio de elevadores especiais, hidráulicos, que asseguram controle da capacidade dos espaços expositivos. Foi dada ênfase especial à parte de segurança e à do conforto e apoio aos funcionários do Museu. Para as crianças, fica reservada área especial na esplanada térrea do Museu com um jardim na fachada leste e junto ao pavilhão de acesso dos visitantes às exposições. Na face oposta, voltada para a Praça Afonso Albuquerque, na mesma esplanada pública térrea, fica uma grande cantina com caráter popular, aberta e com mesas também nas calçadas. Um dos pontos focais do projeto, a ligação aérea entre o recinto das exposições e a administração, com vista para o Tejo, é útil para os serviços em geral e para a política de segurança. E as amplas visuais do restaurante elevado para o lado do Atlântico, dos Jerônimos, da Administração, volta-se para o Estuário, para o largo interno, os jardins do Museu.
A construção define-se pelo afloramento das fundações em concreto armado, com relativa concentração de cargas, como recomendam as condições do solo, onde se apoiam as treliças metálicas revestidas, configurando as grandes paredes do Museu. Para os estacionamentos excluímos a solução subterrânea, devido às águas de subsolo, drenagem da esplanada e movimentação de terras com parco aproveitamento final e prejuízo da tranquilidade do recinto. Sugerimos o estacionamento elevado junto às barcas, com capacidade para 400 veículos e pequena ocupação no território, que poderia ser repetido oportunamente, enquanto protótipo, no projeto Belém Redescoberta. Prêmio Arquitetura - Comite Internacional de Críticos de Arquitetura – CICA Museu Nacional dos Coches - Lisboa Paulo Mendes da Rocha MMBB Bak Gordon Arquitectos
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BIENAIS INTERNACIONAIS
“Deslocamentos” é tema da
X BIAU
Foto: Ana Mello
Silvia Penteado | Vicente Wissenbach
Parque Sabesp – Butantã, Cangaíba e Mooca, São Paulo, autores Adriana Blay Levisky. Foto do parque no Butantã
São Paulo receberá este ano dois importantes eventos de arquitetura. Em julho, será realizada no Centro Cultural São Paulo, a X Bienal Iberoamericana de Arquitetura e Urbanismo - BIAU. No segundo semestre, será a vez da XI Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo - BIA.
Fotos: arquivo Angelo Mincache
Pavilhão Comunitário do Sertão do Córrego Grande, Florianópolis, autores Cesar Floriano e Evandro Andrade; projeto paisagístico com colaboração de Juliana Castro
São Paulo será a primeira cidade brasileira e segundo território lusófono a receber a Bienal Ibero-americana – o primeiro foi Lisboa, em 2008. A candidatura da cidade foi apresentada pelo IAB-SP e pela prefeitura de São Paulo e venceu a da cidade do Porto. Realizada desde 1998, a BIAU já passou por Madri e Cádis (Espanha), Cidade do México, Santiago (Chile), Lima (Peru), Montevidéu (Uruguai), Lisboa (Portugal) e Medellín (Colômbia). A última edição ocorreu em Rosário (Argentina) em 2014. “É grande a expectativa de que esses eventos, principalmente a Bienal Internacional, deixem um legado para a cidade”, avalia o arquiteto José Armênio de Brito Cruz, presidente do departamento São Paulo do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SP). “A BIAU é uma premiação que se propõe discutir e registrar o desenvolvimento da
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arquitetura a cada dois anos. A BIA deve discutir as questões do país, pois seria artificial uma bienal que só expusesse projetos, mesmo que tenhamos bons projetos para mostrar. É preciso enfrentar os desafios urbanos e não por a arquitetura em uma redoma, como exceção. Ela deve ser a regra de enfrentamento da construção do território. É a saída para tirar o país da situação atual”, destaca Armênio. Álvaro Puntoni, comissário-adjunto do Brasil junto à X BIAU, diz que a realização de eventos de arquitetura e urbanismo no Brasil são importantes porque dão visibilidade à profissão dentro da sociedade. “Ninguém trata seus próprios dentes, opera o próprio corpo, conserta o próprio carro, mas todo mundo acha que pode fazer arquitetura. Isso vale para vários países, eu sei, mas no Brasil é a regra. Por isso, qualquer evento que coloque a arquitetura em pauta é importante. Mas torna-se particularmente importante para o Brasil neste momento em que atravessamos um ponto de ruptura, de reconstrução da democracia e em que a arquitetura brasileira está se firmando no cenário internacional.”
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BIENAIS INTERNACIONAIS
X BIAU - A BIAU é uma iniciativa do Ministério de Fomento e do Conselho Superior de Arquitetos, da Espanha, e reúne exposições, seminários e concurso de projetos em torno de um tema principal, que nesta edição será “Deslocamentos”. “Os deslocamentos das pessoas historicamente deram lugar às transformações das cidades e dos territórios, nas quais não contam só os edifícios”, diz o texto da convocatória. Para a arquiteta e crítica de arquitetura, Ruth Verde Zein, a criação de uma exposição e de um prêmio iberoamericano já é interessante como ideia. “Nossos países têm um passado em comum, uma cultura em comum. É interessante notar que nossa relação com Portugal é mais afetiva, talvez pelo nosso tamanho nunca achamos que os portugueses estão querendo nos recolonizar. Esse sentimento existe muito forte entre a Espanha e os países hispano-americanos. Por isso, para eles é importante esse entendimento do mundo ibérico, de realizar eventos em comum.” A edição deste ano terá coordenação do IAB-SP, da Prefeitura de São Paulo e do CAU. A curadoria ficará a cargo dos arquitetos espanhóis Ângela García de Paredes e Ignacio García Pedrosa, que lideram, desde os 1990, o escritório Paredes Pedrosa Arquitectos, com o apoio de Álvaro Puntoni.
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um programa que acompanhe e complemente os movimentos da exposição dos trabalhos premiados por cidades de ambos continentes. Para se ter uma ideia do interesse dos arquitetos iberoamericanos, no Panorama de Obras, houve 1.111 obras inscritas no conjunto de países, 118 delas do Brasil, 371 da Espanha, 121 da Argentina, 71 do México, 31 de Portugal. Desse total, os comitês de seleção selecionaram um máximo de 15 obras de cada país o que resultou em 194 projetos enviados para avaliação do júri internacional da modalidade, que se reúne em Madri. Prêmio Ibero-americano - Há ainda o Prêmio Iberoamericano, que visa reconhecer o trabalho de um arquiteto ou urbanista de forma individual ou coletiva, que se tenha destacado pela promoção e defesa de valores relacionados com a arquitetura e o urbanismo na Ibero-America. Inclui obra construída, de planejamento, de conservação e restauração do patrimônio, de produção de conhecimento ou de compromisso social.
Fotos: Pedro Kok
Para Angelo Bucci, responsável pela seleção da fase nacional do Panorama de Obras e do Prêmio Iberoamericano, congressos e concursos são instituições fundamentais para estimular a reflexão e fazer circular informações sobre a prática da arquitetura. “No caso da BIAU, o recorte latino-americano é extremamente relevante, pois destaca a importância da troca de experiências entre países com realidades tão próximas e que historicamente se falaram tão pouco, sobretudo na América Latina.” Segundo seus idealizadores, a BIAU pretende ser uma plataforma estável de debate, de reflexão, de intercâmbio de experiências e de relação entre profissionais da Arquitetura e Urbanismo dos 22 países que dela participam, em ambos lados do Atlântico. A Bienal pretende ser também um instrumento de construção de um pensamento crítico e de uma aproximação dos valores da Arquitetura e do Urbanismo aos cidadãos e ao conjunto da sociedade em geral. Para isso, durante os dois anos seguintes à celebração da Bienal em São Paulo, será proposto
Casa Vila Matilde, São Paulo, autores Terra e Tuma Arquitetos Associados (Danilo Terra, Pedro Tuma, Fernanda Sakano)
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BIENAIS INTERNACIONAIS
quer enfrentar o desafio da “realização”
Fotos: Divulgação, arquivo FGMF
XI BIA
Projeto Viver, em São Paulo, assinado pelo escritório FGMF Arquitetos, de Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz, foi o ganhador da primeira edição do Prêmio Latino-americano de Arquitetura Rogelio Salmona
Prêmios à arquitetura latino-americana A XI edição da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (BIA) está prevista para acontecer no segundo semestre. O arquiteto José Armênio de Brito Cruz, presidente do IAB-SP, afirma que este ano será diferente das duas últimas edições. Até a nona edição, a plataforma da Bienal era a produção arquitetônica.
os sentidos e por isso precisamos atuar para que a qualidade do projeto seja colocada em pauta. Por que precisamos conviver com essa infraestrutura tão deficiente, por que as pessoas precisam gastar horas e horas no trânsito. Sem um projeto, essa situação se manterá para sempre.
Na décima, passou a ser o papel da arquitetura na sociedade, discutindo a dualidade uso-fazer. “Na 11ª, será enfrentar, no nosso entender, o que é hoje o grande desafio do Brasil: a realização. Muito se discute, muito se fala, mas pouco se realiza. Temos de enfrentar o desafio da realização: afinal, estamos construindo um país ou não?”
A Bienal quer gerar projetos. Pretende deixar um legado.” A Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (BIA) foi montada pela primeira vez em 1973, ampliando o espaço então disponível na Bienal de São Paulo para a divulgação da arquitetura. Organizada pelo Instituto de Arquitetos do Brasil e pela Fundação Bienal de São Paulo, a BIA viveu um hiato de 20 anos, mas desde 1993 tem sido realizada de forma relativamente regular nos anos ímpares. Tradicionalmente montada no mesmo espaço da Bienal de São Paulo, no parque do Ibirapuera, desvinculou-se dela em 2009, em sua oitava edição.
A ideia, segundo Armênio, é colocar em evidência a importância do ‘projeto’ como instrumento de transformação da realidade. “Para melhorar esse mundo enquadrado por nossas janelas, não faltam recursos, faltam projetos. O Brasil precisa de projetos em todos
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Dois importantes prêmios para a arquitetura latinoamericana serão realizados este ano. O primeiro é a segunda edição do Prêmio Latino-americano de Arquitetura Rogelio Salmona: espaços abertos/espaços coletivos, oferecido pela Fundação Rogelio Salmona. O segundo é a primeira edição do Prêmio à Arquitetura Latino-americana Oscar Niemeyer, lançado na última Bienal de Arquitetura de Buenos Aires (2015) pela Red de Bienales de América Latina – BAAL, que hoje reúne onze bienais de arquitetura do continente. O Prêmio Rogelio Salmona: espaços abertos/espaços coletivos está baseado na forte convicção do arquiteto colombiano sobre a importância de se enriquecer a cidade com a arquitetura.
“Não há espaço urbano em si mesmo: o espaço se define por sua forma e borda, por seus limites arquitetônicos. Os espaços públicos excepcionais não existem sozinhos, surgiram com e a partir da arquitetura. Nos espaços verdadeiramente significativos, nos quais se faz a cidade, a arquitetura é um elemento indissociável, a arquitetura
pensada a partir da cidade e a cidade feita com arquitetura. Somente nesse sentido justo e preciso se pode asseverar que a arquitetura faz a cidade, e a faz de maneira específica - e não como uma declaração geral de princípios”, escreveu Salmona em “La Ciudad: Hábitat de diversidad y complejidad”.
Em sua primeira edição, em 2014, a arquiteta e crítica de arquitetura brasileira Ruth Verde Zein integrou o júri internacional. O ganhador foi o Projeto Viver, em São Paulo, assinado pelo escritório FGMF Arquitetos, de Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz.
Prêmio Oscar Niemeyer
Já o Prêmio Oscar Niemeyer para a Arquitetura Latinoamericana será concedido a cada dois anos a uma obra construída, “pelo caráter exemplar do projeto, por seus valores como proposta arquitetônica e tecnológica, por sua relação com o contexto e com os aspectos sociais, culturais e ambientais”. A entrega da primeira edição do Prêmio ON está prevista para novembro de 2016.
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SC
BIENAIS INTERNACIONAIS
Arquitetura contemporânea de
Foto: Nelson Kon
Segundo Schmitt, a mostra, é mais um passo para a valorização do profissional de Santa Catarina e para a busca de uma identidade para a cultura arquitetônica do Estado. A segunda âncora da IV Destaques das Bienais será uma exposição dedicada às novas gerações de arquitetos latino-americanos. “De 2000 para cá um grande contingente de jovens arquitetos latino-americanos tem merecido visibilidade, com destaque para os brasileiros que foram premiados em duas das três últimas bienais de arquitetura de Buenos Aires e ganharam o prêmio destinado às Jovens Gerações Latino-americanas”, explica Wissenbach. Em 2011, os arquitetos Álvaro Puntoni, Luciano Margotto Soares, Jonathan Davies e João Sodré venceram com o projeto do Sebrae Brasília, e, em 2013, Marcos Boldarini levou o prêmio de projeto urbano com seu projeto do Cantinho do Céu. Na edição de 2009, Angelo Bucci já havia ficado com a categoria internacional do prêmio Jovem Geração.
Foto: Leonardo Finotti
A parte histórica irá abordar como a arquitetura tradicional do Estado, nas suas várias vertentes, influenciou a arquitetura local, além de apresentar uma seleção de projetos que marcaram a presença da arquitetura moderna em Santa Catarina, a partir dos anos 70. “Nesta relação, constam a Assembleia Legislativa de Pedro Paulo de Melo Saraiva, Paulo Mendes da Rocha e Alfredo Paesani; o Palácio da Justiça do Estado, equipe de Saraiva, Francisco Petracco e Sami Bussab; a Estação Rodoviária, desenhado pelo uruguaio Yamandu
J. Carlevaro; o próprio CIC/MASC, projetado por Marcos Fiuza, Andrea Mattosinho Fiuza e Ilda Werner; o complexo industrial da Hering em Blumenau e a fábrica da cerâmica Portobello, de Hans Broos; além de trabalhos de Wolfgang Ludwig Rau”, explica Wissenbach. Essa mostra catarinense ganhará, posteriormente, itinerância, atingindo as principais regiões do Estado, além de Curitiba e Porto Alegre.
Foto: Fernando Guerra
A exposição é pioneira e tem por objetivo apresentar um panorama contemporâneo e histórico da arquitetura e do urbanismo em Santa Catarina. Inédita pela abrangência, será uma das principais âncoras da quarta edição da mostra Destaques das Bienais de Arquitetura, organizada pela AsBEA/SC (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura de Santa Catarina). Prevista para acontecer em outubro, novamente no Museu de Arte de Santa Catarina (MASC), em Florianópolis. A ideia, segundo o jornalista Vicente Wissenbach, que divide a curadoria com o arquiteto André Schmitt, é apresentar um amplo painel dos projetos que mais se destacaram em cada uma das regiões do Estado, de 2000 para cá, com ênfase especial às novas gerações. “A quantidade e a qualidade dos arquitetos catarinenses têm crescido muito nos últimos anos. Vários arquitetos do Estado têm merecido projeção nacional e internacional”, afirma Wissenbach.
Projetos que integraram a exposição “Arquitetura Brasileira: três gerações”, na última Bienal de Buenos Aires, e estarão na mostra Destaques das Bienais, em Santa Catarina. Na foto maior Casa P, do studio mk27 (coautora Lair Reis); no alto, à direita, Residência CJ, Andrade Morettin Arquitetos; acima e na página ao lado, Residência SW, Bernardes + Jacobsen
Destaques das Bienais
Ancorado nessas duas exposições, a IV Destaques das Bienais propriamente dita, trará projetos de arquitetura e urbanismo de todo o continente, que participaram das mostras de São Paulo, Colômbia e Buenos Aires. O Brasil será representado por uma edição ampliada da exposição “Arquitetura Brasileira: três gerações”, que esteve na última Bienal de Buenos Aires – BA15, e inclui obras de Paulo Mendes da Rocha, Marcio Kogan, Bernardes + Jacobsen, Andrade Morettin, Konigsberger e Vannucchi, além de uma seleção de casas e edifícios residenciais.
Foto: Leonardo Finotti
Como nas edições anteriores, complementando as exposições, arquitetos, críticos de arquitetura e jornalistas latino-americanos serão reunidos em ciclos de palestras, incluindo um especial sobre a arquitetura catarinense. “As exposições e o ciclo de palestras, que se realizarão em Florianópolis e depois serão replicadas, em vários formatos, em importantes espaços culturais de outras cidades catarinenses, ajudarão a aproximar a arquitetura
e a sociedade e a consolidar a ideia da arquitetura e urbanismo como manifestação cultural”, diz André Schmitt. Estão programados ainda lançamentos de livros e mesas-redondas com os autores dos projetos. Maior e mais importante exposição de arquitetura e urbanismo já realizada em Santa Catarina, Destaques das Bienais vem crescendo e aumentando sua abrangência a cada ano. Na primeira edição incluía apenas duas exposições premiadas, na segunda, foram incluídos projetos premiados na Bienal do Chile, o número de projetos brasileiros e latinoamericanos e o ciclo de palestras foram ampliados. Na terceira edição, com projeto aprovado pelo Ministério da Cultura, o crescimento foi ainda maior, com quase 200 painéis, maquetes, vídeos, animações e projeções de profissionais da Argentina, Colômbia, Chile e Brasil. Houve exposições em homenagem a Lelé e Oscar Niemeyer, Urbanismo Sustentável, novos espaços culturais, El Azul em La Ciudad e Premio Clario ARQ, além de um ciclo de conferências que reuniu 11 importantes arquitetos latino-americanos.
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MERCADO
Refúgio Criativo
Uma experiência transformadora
Cocriação Outras formas de trabalho coletivo - participativas, cocriativas - realizadas muitas vezes a partir de experiências de imersão. Cada vez mais práticas colaborativas, em qualquer modelo de gestão, traduzem novas relações de trabalho e produção, cuja inovação acontece a partir do olhar do outro. Cocriação vai muito além dos conceitos que lhe deram origem – o termo é utilizado na área de negócios e marketing e foi popularizado a partir do best-seller O futuro da Competição, de C. K. Prahalad e Venkat Ramaswamy, em 2004. Criar em conjunto permite o exercício da expressão individual e do grupo para um propósito coletivo. Nesta edição, compartilhamos duas experiências de
cocriação em plataformas físicas e experiências de conexão. O Atlas é uma empresa que unifica os esforços criativos das empresas Metroquadrado + Firmorama. Se definem como o encontro de experiências cada vez mais imersivas, orgânicas, com permissão para que o processo revele mais e mais possibilidades. O Celeiro Formus está instalado numa antiga cantina de vinho pertencente à família, ambiente ressignificado que traduz um olhar mais abrangente para a criação. Compartilham dos projetos, sonhos e realizações estudantes, arquitetos, designers e idealizadores curiosos. Ao abrir-se para processos coletivos e cocriativos, a empresa de móveis sob medida transformou a maneira de fazer negócios.
Fotos: Entremonte
Exercício da expressão coletiva
Um dos pilares que está presente no DNA das empresas Firmorama e Metroquadrado é a forma fluída com que olham os processos criativos de cada projeto desenvolvido. Estudar novos modelos, agregar disciplinas com conceitos semelhantes, trabalhar em processos criativos abertos e interligados, e inspirar outras perguntas faz com que criem dinâmicas diferentes em cada trabalho.
Foto: Entremonte
“Somos um espaço de experimentação com liberdade criativa. Queremos compartilhar conhecimento e envolver pessoas. Trabalhar identidades, melhorar e ampliar nossas experiências vividas e trazer para nossas vidas contribuições intensas que modifiquem percepções e deem sentido e propósito a tudo que fazemos”, são os valores da turma integrada pelos inquietos arquitetos Miguel Cañas Martins, Luis Eduardo S. Thiago e Marcos Deretti Lopes, sócios da Metroquadrado, e os designers Jackson Roberto Peixer, Cleiton Nass, John Karger e Beto Shibata, sócios do Firmorama.
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Experiência no Refúgio Criativo
A experiência do Refúgio Criativo, realizada em um final de semana, em Blumenau, foi uma resposta à ideia de reunir e conectar designers, arquitetos, engenheiros, film makers, arte terapeutas, ilustradores e gestores, para entender e questionar questões relacionadas à criatividade e seus processos. “Agregamos disciplinas por meio de uma experiência imersiva, oportunizamos o vazio, o respiro, para falar sobre processos criativos”, comenta Cañas Martins, que desenhou a prática do Refúgio Criativo com Roberto Peixer.
A dupla já vinha conversando sobre como intensificar a relação de trabalho, aliando arquitetura e design em projetos para clientes, característica interdisciplinar presente na formação de ambos - Miguel é arquiteto pós-graduado em design gráfico estratégico, e mestre em Design; Peixer é designer gráfico, vindo da indústria da moda e com forte atuação no universo da arquitetura. Essa aproximação e diálogo resultou na ideia de promover um “respiro experimental” e na oportunidade de testar todo o discurso e pensamento. Foi aí que desenharam o Refúgio Criativo, uma experiência transformadora, da qual nasceu o Atlas, empresa que atua de forma paralela e complementar aos trabalhos da Metroquadrado e do Firmorama, atendendo pessoas e empresas por meio de projetos de desenho de experiência, direção e consultoria criativa, imersões em processos de descoberta e briefings estratégicos.
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Foto: Chan
Foto: Alexandre Kumm
MERCADO
Um dos resultados das estratégias imateriais, de imersão para a cocriação, é o projeto da Soul Sister, loja que proporciona uma experiência de marca completa, localizada em Balneário Camboriú
A Base é uma das áreas de interação do Atlas, espaço de diálogo preparado para as imersões criativas, destinado a receber pessoas, empresas e clientes
É incrível como por meio de experiências pessoais
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Em tempos de silêncio, da busca de identidade e da essência do traço, nos propusemos a desmaterializar nossa entrega e a desenhar um processo disruptivo para todos, de forma imersiva. Atualmente estamos trabalhando em novos desenhos de experiências para empresas interessadas em desenvolver a dinâmica para seus próprios clientes, ou para equipes, ou até mesmo para o desenvolvimento individual. O Refúgio Criativo foi uma experiência singular que deixou legados”.
Imersão nas etapas de descoberta e elaboração de estratégia para um projeto de inovação e colaboração aberta
Foto: Atlas
O processo foi natural e orgânico. Somos várias empresas, amigos da área criativa, que se reuniram de forma despretensiosa para o debate, misturando temas, dialogando sobre processos criativos intensamente vivenciados e abordando o desenho como tecnologia de expansão do pensamento. É a criatividade relacionandose com o interior de cada um de forma única, na busca de uma criação mais intuitiva e essencial.
vivenciadas de forma imersiva, atinge-se níveis mais profundos de informações e trazemos à tona questões importantes, mais alinhadas com nosso tempo, para perceber, filtrar, refinar e conceber projetos em qualquer área, principalmente os que trabalham com economia criativa.
Foto: Entremonte
“Um processo de trabalho colaborativo, no qual exercitamos o olhar e o pensamento reflexivo, explorando o fazer de outras formas, que pudesse potencializar a experiência das pessoas na paisagem.”
Foto: Alexandre Kumm
Refúgio Criativo por Atlas
Experiência no Refúgio Criativo
Direção criativa do processo - do offline ao online - desde a definição do conceito, criação da experiência espacial e sensorial dos participantes do evento, linguagem visual, cenografia e a plataforma digital
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MERCADO
Celeiro
Uma imersão coletiva Idealizado pela arquiteta e diretora da Formus, Cláudia Silvestre, o Celeiro é uma antiga cantina de vinho restaurada e transformada em plataforma de criação e inovação aberta, imersa em processos criativos e coworking. O espaço recebe profissionais de diferentes contextos de trabalho em busca de soluções para o morar - arquitetos, designers e fornecedores que atuam nas áreas de produto, projetos, comunicação e branding.
momentos de reflexão e discussões sobre assuntos que permeiam nosso cotidiano. Fomos presenteados com uma lembrança que carrega em seu conteúdo muita essência e significado deste trabalho feito com alma, em um processo artesanal e verdadeiro, desenvolvido pela equipe criativa da Formus Alta Movelaria. Obrigado pelo presente e inspiração!”, Firmorama. “Dia de debater a arte de projetar, porque cada projeto é único, dedicado, com alma... Realmente um convite ímpar. Foi muito importante ter dado um tempo da correria, sair do ritmo mecânico. A oportunidade de conhecer o Celeiro foi diferente de uma visita à fábrica. Ao invés de vermos os processos industriais, trabalhamos o processo criativo, a essência. A mente da empreendedora Cláudia Silvestre vai muito além do lógico, do óbvio, do modismo. Terminando o dia com a cabeça fervendo de ideias!!!!!”, comenta a arquiteta Mariana Pesca.
O Celeiro proporciona uma experiência única de visitação, aguçando os sentidos pela atmosfera bucólica, inspiradora, provocativa, proporcionada pela temperatura, iluminação natural, memória presente na alvenaria histórica, na variedade de materiais e cores. A porta de entrada feita em madeira de pipa tem o importante papel de acolher quem chega, surpreender e contar parte da história do local. A equipe que atua nesse cenário realiza um trabalho de pesquisa em diferentes contextos: laboratório de produto, marca e materiais (biblioteca e materialteca da empresa), desenvolvimento de novos produtos, projetos e negócios, comunicação, relacionamentos e branding. Os depoimentos dos visitantes demonstram o apreço pelo que é desenvolvido, apresentado e vivenciado no Celeiro:
São diferentes oportunidades de evolução e construção em conjunto. O Celeiro acolhe arquitetos, clientes, estudantes e idealizadores curiosos. Alguns resultados alcançados em menos de um ano de trabalho foram as linhas Tissue e Pietra e o lançamento de duas novas linhas de produtos, GLAM e NTM FORMUS. Além de novas possibilidades em modelos de negócios, produtos e materiais que estão disponibilizados para clientes singulares.
“Há algum tempo atrás tivemos a grande oportunidade de participar de uma imersão criativa no Celeiro Criação Formus - um lugar inspirador onde pudemos vivenciar
Foto: arquivo Formus
Foto: Fernando Willadino
Projetos
Na foto à esquerda, o projeto de interiores do Centro de Atendimento ao Turista, no Mercado Público Municipal de Florianópolis, foi resultado de uma experiência de cocriação das equipes do escritório Jobim Carlevaro Arquitetos e Celeiro Formus, para a Mostra Casa & Cia 2015. À direita, ambiente do Celeiro, em Tubarão (SC)
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+2 Arquitetura e Gestão de Obras
Projeto leve e colorido valoriza o prato principal
Bancada
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único ambiente. Para o interior, um toque urbano com a escolha da textura que remete ao concreto aparente, visível tanto no porcelanato do piso quanto nas paredes. Esta é a base para o colorido presente na identidade visual do espaço. A seleção dos móveis priorizou conforto e estética. A escolha por iluminação de LED reforça a preocupação com a questão da economia e sustentabilidade. A empresa +2 Arquitetura e Gestão de Obras tem como princípio acompanhar todo o processo de criação, do lançamento do projeto e das técnicas construtivas, até a finalização da execução. É associada à AsBEA/SC. Parceiros do projeto: JN Móveis, Escritolândia e Forma Engenharia
para refeições rápidas, arquibancada, mesa comunitária e mesas tradicionais. A localização do restaurante numa esquina possibilitou a configuração de diferentes espaços de convívio num único ambiente.
+2 ARQUITETURA E GESTÃO DE OBRAS Foto: Willian Crippa
O foco deste trabalho, delineado para um restaurante na Beira-mar Norte, em Florianópolis, era um só: valorizar o prato principal do local – a salada. O briefing dos jovens empresários do ramo da alimentação era de um espaço contemporâneo, de desenho simples e convidativo. O comando deste projeto comercial ficou sob a responsabilidade dos arquitetos André Manara e Luciana Decker, do escritório +2 Arquitetura e Gestão de Obras. O primeiro passo da obra foi melhorar a estrutura física do imóvel antigo, trocando telhado, esquadrias, e instalações. A localização em uma esquina possibilitou a abertura de esquadrias em vidro, conectando o ambiente com o exterior, valorizando os visuais e a iluminação natural, que compactuou para a configuração de diferentes espaços de convívio num
Fotos: Lio Simas
R.Gal. Liberato Bittencourt, 1885, sl.908 Estreito | Florianópolis | SC (48) 3207.1295 www.maisdoisarquitetura.com.br arquitetura@maisdoisarquitetura.com.br
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ADD Studio Arquitetura, Urbanismo e Design
Multifamiliar aberto para a paisagem Maquetes eletrônicas: Jacson Estefano e Daniel Stange
A arquiteta Larissa Gransotto, do ADD Studio, recebeu o desafio de construir um condomínio de 12 casas, em um terreno com desnível, na Lagoa da Conceição, respeitando e aproveitando o relevo do terreno. A premissa foi aliar comodidade, modernidade e aconchego de uma casa em um residencial multifamiliar. O projeto arquitetônico com predomínio de linhas retas, propõe a integração com a natureza em casas com cerca de 160 metros quadrados. Os materiais escolhidos reforçam essa premissa - ora mais frios, como o porcelanato, o concreto e o alumínio; ora mais aconchegantes como a madeira.
Em dois pavimentos, a edificação contempla, no térreo, a área social e de serviços, e no piso superior, uma suíte e dois dormitórios com banheiro. Larissa deu especial atenção à ventilação e iluminação naturais, além de explorar no projeto a área comum entre as casas. Já a área de lazer acomoda o salão de festas e o espaço gourmet integrados, piscina de borda infinita, brinquedoteca, bicicletário e surfstation. Neste projeto, Larissa Gransotto contou com a parceria da arquiteta Marina Paulo. O ADD Studio tem obras em diversas cidades do Estado e atua em diferentes focos, priorizando a arquitetura de edificações residenciais.
Destaques
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ADD STUDIO ARQUITETURA, URBANISMO E DESIGN Foto: Rodrigo Eller
do projeto: aberturas privilegiadas permitem ventilação cruzada e melhor iluminação natural, telhado verde nas coberturas para maior conforto térmico e eficiência energética, sistema de aquecimento a gás e espera para aquecimento solar.
R. Lauro Linhares, 1.281, sl. 04 | Trindade Florianópolis | SC (48) 9917-0722 www.addstudio.com.br larissa@addstudio.com.br
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Ana Paula Ronchi Arquitetura Total
Atmosfera africana
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O ambiente também foi palco do lançamento do Nano Tech Material - NTM - com nanotecnologia aplicada em mobília e propriedade autorregenerante, exclusividade Formus. O NTM, como é chamado, tem toque macio, é antiestático, e tem propriedade antibacteriana. “A nanotecnologia aplicada à mobília permite inovação aliada ao design contemporâneo”, completa a profissional. O mobiliário imprime elegância ao ambiente com seleção de peças de Jader Almeida. A Arquiteta está à frente do escritório Ana Paula Ronchi Arquitetura Total há mais de 20 anos, com atuação principalmente na região Sul de Santa Catarina, e soma participações em mostras de decoração no Estado, Paraná e em São Paulo. Parceiro do projeto: Formus Alta Movelaria
Toda a lateral
do ambiente foi revestida com carvalho, conferindo acolhimento e sobriedade ao ambiente da mostra. Paredes de tijolos fazem um contraponto ao piso de cimento queimado. Fotos de João Bolan, expostas no ambiente juntamente com obras da artista plástica Helen Rampinelli.
Fotos: Mariana Boro
ANA PAULA RONCHI ARQUITETURA TOTAL Foto: Arquivo da arquiteta
As riquezas do continente africano e a multiplicidade cultural serviram de referência para o projeto do Living África, ambiente da arquiteta Ana Paula Ronchi na mostra Casa Cor SC 2015. A profissional de Criciúma fundamentou o espaço de 90 metros quadrados na ideia de uma África que evidencia o contraste das vidas que nela habitam. “Tentamos traduzir este conceito na escolha dos materiais. Em síntese, propomos uma junção dos produtos rústicos com modernos, dos tecidos cor de pele – animais – com a rigidez do concreto no chão”, explica. Duas referências foram fundamentais: as fotos tiradas pelo fotógrafo João Bolan, que retratou a dualidade vivida na África - especificamente em Nairóbi, no Quênia - e o trabalho da Kabiria, marca social de roupas que são produzidas por refugiados congolenses e moradores da comunidade Kabiria (Quênia).
R. Santo Antônio, 703 | Cruzeiro do Sul Criciúma | SC (48) 3437.6935 | 9113.8496 www.anapaularonchi.com.br escritorio@anapaularonchi.com.br
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Anna Maya + Anderson Schussler Arquitetura e Interiores
Arcos conferem imponência à fachada
Na ponta
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Aqui, os arcos de alvenaria pintados de branco e que lembram o Coliseu dão imponência à fachada preta feita de porcelanato e vidro. No projeto de interiores, duas propostas: um living de cores sutis e uma sala revestida de painéis de madeira. O pé-direito duplo do social permitiu que a parede principal ganhasse uma montagem com telas de fotos de fragmentos do “David” de Michelângelo. No subsolo, a garagem deu lugar ao espaço gourmet, onde existe um home theater e uma grande cozinha. O escritório associado à AsBEA/SC, tem à frente os sócios Anna Maya, com especialização em História da Arte, e Anderson Schussler, que tem curso de restauração. Anna completa 20 anos de profissão em 2016.
Fotos: Sidney Kair
Foto: Arquivo dos Arquitetos
Tudo começou na idealização de uma sala comercial. Os arquitetos Anna Maya e Anderson Schussler, primeiro fizeram o espaço de trabalho e depois foram contratados pelo mesmo cliente - um casal mais a filha - para projetar a arquitetura da casa deles, na Lagoa da Conceição, na Capital. Na construção de 778 metros quadrados, um layout com cinco suítes, um amplo living para receber e uma área gourmet. Estes ambientes constavam no programa de necessidades dos donos do imóvel. Para a arquitetura a dupla de profissionais trouxe referências clássicas, da Antiguidade Greco-romana. “No geral os traços arquitetônicos da fachada são de linhas retas, mas destacando ornamentos do passado”, explica Anna.
da laje um rasgo circular, onde fica um coqueiro, chama a atenção na arquitetura. O desenho é marca registrada do escritório Anna Maya e Anderson Schussler.
ANNA MAYA + ANDERSON SCHUSSLER ARQUITETURA E INTERIORES Travessa Carreirão, 104, sl. 103 | Centro Florianópolis | SC (48) 3028.1836 | 9919.9019 | 9935.7828 www.anna-anderson.com.br annamaya@annamaya.arq.br
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AOE – Arquitetura, Objeto e Espaço
Novo uso ao edifício dos anos 50
Fotos: Mariana Boro
Há 16 anos fechado, este edifício da década de 1950, no Centro de Florianópolis, foi originalmente construído para acomodar a família. Depois, os oito apartamentos foram colocados para locação. Hoje, o imóvel – que já tinha até alvará de demolição – ganhou um novo uso. “O desejo do cliente era de revitalização do prédio, modernização interna e recaracterização externa para mudança de uso, de residencial para comercial”, explica o arquiteto Marcos Antônio Martins, profissional contratado para o retrofit. A intervenção foi realizada numa área de 1.050 metros quadrados. O projeto, externamente, buscou corrigir
a composição da fachada, antes pouco valorizada e desproporcional. O pavimento térreo foi separado do restante do volume. Do segundo ao quarto andar se uniu as esquadrias laterais em uma pele de vidro, o que gerou um ganho de iluminação natural significativo. No interior do edifício as paredes saíram de cena, a escada existente foi demolida – um elevador foi incluso - e a circulação reprogramada para atender às normas de segurança contra incêndio. Colaborou neste trabalho a arquiteta Vivian May dei Castelli. O foco do escritório, associado ao IAB-SC, é arquitetura e construção, projetos residenciais e pequenos edifícios.
Com a repaginação do edifício o elemento central da fachada, revestido de tijoletas, ganhou unicidade visual, ao mesmo tempo em que a pele de vidro faz o contraponto. Foto: Mariana Boro
AOE – ARQUITETURA, OBJETO E ESPAÇO
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Bragaglia Arquitetos Associados
Identidade arquitetônica para marca ícone mundial
A fachada de tijolos de demolição e estrutura metálica aparente por si só já impressionam. Não há quem passe pela Via Expressa, no bairro Abraão, em Florianópolis e não seja atraído pelo imponente empreendimento comercial projetado para representar uma marca que é um ícone mundial: a Harley Davidson. O novo projeto da concessionária ficou sob responsabilidade dos arquitetos Ricardo Bragaglia e Umberto João Bragaglia. A principal referência para esta intervenção de 2.300 metros quadrados veio do Harley-Davidson Museum, em Milwaukee, nos Estados Unidos. Outro ponto que direcionou a concepção do imóvel é o conceito de que a unidade vai além do propósito de exposição e venda do produto. O cliente solicitou que se criasse um ambiente para eventos e festas do Harley Owners Group - HOG, clube de proprietários da marca, anexo ao espaço da loja. Esta área deveria acomodar bar, churrasqueira e palco para apresentações musicais. “Propusemos um amplo espaço com pé-direito duplo em que o palco, localizado em um mezanino móvel, pudesse movimentar-se dependendo do tipo de evento”, afirmam os arquitetos. Fundada há 30 anos, a Bragaglia Arquitetos Associados tem unidades em Chapecó e Florianópolis. No portfólio, há centenas de projetos em praticamente todos os segmentos de mercado. O escritório faz parte do IAB/SC e da AsBEA/SC. Integram ainda a equipe os também arquitetos Klaus Jean Tortelli e Leonardo Porto Bragaglia.
Bragaglia Arquitetura Neste projeto mais do que setores de loja, oficina e administrativo, os clientes têm lugar especial no Clube dos Proprietários de motocicletas da marca, com espaço para realização de eventos, confraternizações e shows.
Fotos: Guilherme Llantada
BRAGAGLIA ARQUITETOS ASSOCIADOS
Foto: Willian Crippa
Rod. Admar Gonzaga, 440, sl. 407 | Itacorubi Florianópolis | SC (48) 3028.2243
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Av. Getúlio Vargas, 1801/06 | Casa Shop Center Centro | Chapecó | SC (49) 3322.3745 www.bragaglia.com.br bragagliafloripa@bragalia.com.br
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Brand & Hennrichs Arquitetura + Engenharia
Desenho do bairro inspira projeto
Fotos: Carlos Alexandre Hennrichs
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generosa e confortável para receber amigos e familiares em momentos de descontração e lazer. “Fizemos isso aproveitando a topografia em declive e a vista para os lagos”, explicam. São dois pavimentos, mais subsolo onde foram distribuídos vários ambientes: espaço gourmet, depósito e banheiro da piscina (subsolo); living, jantar, cozinha, garagem para quatro carros, lavabo, lavanderia e varanda (térreo); três suítes (piso superior). O escritório Brand & Hennrichs, associado ao IAB-SC, está há 15 anos no mercado catarinense, tem foco em arquitetura e engenharia e realiza projetos nas áreas comerciais, corporativas e de interiores.
BRAND & HENNRICHS ARQUITETURA + ENGENHARIA Foto: Thaís Andriani
O jogo de volumes na fachada desta residência no bairro Pedra Branca, em Palhoça, mescla linhas retas e curvas, principalmente nas aberturas e panos de vidros. Os traços mais sinuosos na arquitetura fazem referência à natureza ao redor, a exemplo do contorno dos lagos e do desenho do Morro Pedra Branca, e serviram de inspiração para o projeto desenvolvido pela arquiteta Cíntia Cristine Brand e engenheiro Carlos Alexandre Hennrichs. Segundo os profissionais, o maior desafio foi atender o programa de necessidades dos proprietários da residência – um casal de meia idade com uma filha adolescente – que gostariam de uma casa
A intervenção neste projeto abrangeu uma área de 485 metros quadrados, distribuídos em três pavimentos. O pé-direito duplo permitiu até a construção de uma escada em curva. No lado externo, destaque para o espaço da piscina, deck e pergolado.
Av. dos Lagos, 41, sl. 116 e 117 | Pedra Branca Palhoça | SC (48) 3342.4262 | 9969.1382 www.bharquitetura.com.br bh@bharquitetura.com.br
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Calli Arquitetura
Detalhes simples que fazem a diferença
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cores com os tecidos estampados dispostos no estar. “Um detalhe simples, mas que fez a diferença, foram os puxadores desenhados de forma não convencional”, pontua a arquiteta. A intervenção abrangeu uma área de 120 metros quadrados, ficando o escritório responsável desde o projeto em si à execução. Frisa Silvana que os proprietários entraram no apartamento com tudo no lugar. Transformar ideias e sonhos em projetos diferenciados e inovadores. Isso é o que busca o escritório Calli Arquitetura, associado da AsBEA/SC, com sede em São José, e no mercado desde 2005. Parceiro do projeto: Luzze Iluminação
Fotos: Rudi Razador
CALLI ARQUITETURA Foto: Fernando Willadino
Uma mesa retangular de 3,00m x 1,10m com acomodação para até oito pessoas, encostada na parede em painel de espelho. Este foi o ponto inicial deste projeto realizado em São José, na Grande Florianópolis, pelos arquitetos Rafael Caramori e Silvana Margarin. O mobiliário de tamanho generoso foi pedido especial dos donos do imóvel – um casal de empresários com duas filhas, uma de nove e outra de 13 anos. Marcante no trabalho é a composição de volumes com linhas curvas e bordas finas. Como resultado, a leveza. Nos móveis personalizados, destaque para o uso da lâmina de madeira com verniz fosco, para a laca polida e colorida, que neste caso aparece dentro dos armários. Esse toque de cor no interior da mobília faz um jogo de
A suíte do casal segue a mesma linguagem do living, valorizando os detalhes curvos no móvel planejado. Na área íntima, os tons de bege são predominantes. Singularidade no detalhe de selaria na cabeceira estofada da cama.
R. Victor Meirelles, 600, sl. 214 | Campinas São José | SC (48) 3241.4310 www.calli.com.br calli@calli.com.br
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IVVA Carolina Mocelin Investimento de Valor e Patricia Moschen em Arquitetura Arquitetas e Urbanistas
Novo layout torna operação mais eficiente
Fotos: Ricardo Stutz
O papel das arquitetas
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recebimento de materiais provisórios melhorou, bem como a eficiência do ar-condicionado. O desenho novo do bar e o uso de luminárias de impacto visual deram sofisticação e ao mesmo tempo irreverência ao espaço. O ponto alto foi a implantação de uma trava resfriadora para cervejas artesanais. A união dos escritórios Final Forma e Estilo Próprio aconteceu em 2014 com o desenvolvimento de projetos na área hospitalar. A parceria deu tão certo que foi consolidada na Casa Cor SC 2015 e inaugurou nova etapa na condução de projetos focados na área comercial, hotelaria e hospitalar.
CAROLINA MOCELIN E PATRICIA MOSCHEN ARQUITETAS E URBANISTAS Foto: Jacson Ínacio
foi muito mais amplo neste trabalho. Além de desenhar o novo espaço, elas buscaram proporcionar novas experiências aos clientes tornando a operação mais eficiente.
A cozinha e o bar deste estabelecimento comercial, no Centro de Florianópolis, precisavam adequar-se às normas da vigilância sanitária e, além disso, o processo produtivo da unidade deveria ser potencializado. A proposta para o novo layout, criação das arquitetas Carolina Mocelin e Patricia Moschen, considerou o tempo de execução do projeto e o limitador financeiro. No salão as mudanças foram poucas e bem pontuais, mas significativas. A rusticidade entrou em cena e revestimentos foram colocados em locais importantes, visando a manutenção do espaço e da operação. As soluções neste trabalho, segundo as arquitetas, foram além da estética: a logística da operação e de
R. Bocaiuva, 1913, sl. 26 | Ala Central Centro Executivo Ilhéus | Centro | Florianópolis | SC (48) 3343.0634 | 8403.2535 | 9103.1234 carol@finalforma.com.br patricia@estiloproprioarq.com.br
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Cury Figueiredo Studio de Arquitetura
Apê para homem solteiro prioriza a funcionalidade
Fotos: Marcio José Albani
Materiais tecnológicos
aliados ao design funcional deram forma a móveis práticos para utilização e manutenção.
O dono deste imóvel é um jovem empresário paulista, solteiro e que adora curtir as férias no Sul do Brasil, por isso decidiu investir neste apartamento na Praia Brava, em Itajaí. A contratação da arquiteta Maria Aparecida Cury Figueiredo para realização do projeto de interiores ocorreu por indicação de um amigo. A principal solicitação do proprietário à profissional foi de espaços práticos e atuais, além de confortável para receber visitas e o filho de sete anos. Para dar aquele perfil mais masculino aos ambientes, a arquiteta optou pelo uso de cores mais sóbrias, mesclando tons de cinza, preto e branco na composição do décor. O layout segue uma linguagem limpa, pontuado
por soluções funcionais. Alguns detalhes fazem a diferença, como na sala, onde a tijoleta rústica usada como revestimento revela um ar mais despojado. Próximo da mesa de jantar, um painel de espelho dá a sensação de amplitude ao espaço. No lavabo, papel de parede textura linho. O tempo de execução do projeto de interiores do imóvel de 110 metros quadrados foi de 60 dias. Em 2016, o Cury Figueiredo Studio de Arquitetura completa 20 anos de atuação no mercado de arquitetura e interiores, com trabalhos realizados em Florianópolis e região, Balneário Camboriú, Curitiba, São Paulo e Miami. O escritório é associado à AsBEA/SC.
Foto: Arquivo da arquiteta
CURY FIGUEIREDO STUDIO DE ARQUITETURA
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Av. Prof. Osmar Cunha, 183 Bl. A, sl. 1106 | Centro Florianópolis | SC (48) 3225.7371 | 9982.3752 pare@intercorp.com.br facebook.com/curyfigueiredostudioarquitetura
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Desenho Alternativo
Conforto urbano
O Office Green
visto da praça é modulado para diversas composições de usos corporativos, com unidades que variam de 40 a 1.020 metros quadrados. Os apartamentos do Smart são compactos e definidos por padrões de conforto e de inteligência contemporânea, que não permite os supérfluos espaciais. Fotos: Miguel Schmitt
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movimento às calçadas das vias. Foram quatro anos entre projeto e execução num total de 47.580 metros quadrados de área construída. Os projetos foram concebidos a partir de oficinas promovidas pelos empreendedores, com o objetivo de estabelecer padrões de qualidade espacial para organização e ocupação do bairro. O Desenho Alternativo foi fundado em 1977 pelo arquiteto André Schmitt, em 1985 Daniel Ceres Rubio passou a integrar a equipe. O escritório é associado à AsBEA/SC, da qual Schmitt foi vicepresidente, e os titulares sócios do IAB/SC, também presidido por André. Esse projeto teve a colaboração de Ana Carolina Ogata, Gabriel Fermiano, Maria Inês Laurentino, Roberta Lopes Flores e Suelen Weiss. O projeto paisagístico da praça é do JA8.
DESENHO ALTERNATIVO Foto: Miguel Schmitt
O projeto do Pátio da Praça, da “Cidade Criativa Pedra Branca”, é constituído por um conjunto de quatro blocos, que configuram um Pátio Central de uso coletivo. O primeiro bloco, de uso corporativo tem 11 pavimentos e está implantado de frente para a praça, marco de irradiação da centralidade do bairro. Completa a quadra, o conjunto dos outros três blocos, de uso residencial. O programa de necessidades previa o uso comercial do terreno, reforçando conceitos urbanos aplicados ao bairro. Na escala do pedestre, o Office Green oferece uma ampla galeria que proporciona conforto urbano para quem circula em frente aos espaços gastronômicos. Já o pavimento térreo do Smart 1 e 2 possuem lojas comerciais em contraponto ao Smart 3, que aposta nos apartamentos duplex tipo garden, para propiciar
R. Patrício Farias 55, sl. 203 | Itacorubi Florianópolis | SC (48) 3224.2833 www.desenhoalternativo.com.br da@desenhoalternativo.com.br
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Espaço Livre Arquitetura
Arquitetura contemporânea sobressai no cenário urbano Este é um daqueles empreendimentos butique, estruturado em lofts, e com soluções diferenciadas de arquitetura. Para que as unidades fossem configuradas por meio dos espaços e não de paredes, possibilitando aos usuários a adaptação de acordo com o seu jeito de morar, todas as lajes ficaram aparentes, bem como as tubulações hidráulicas e elétricas, segundo Patrizia. A fachada ventilada, por exemplo, foi revestida com placas cimentícias, o que imprime modernidade e sustentabilidade. Varandas e brises projetadas
em estrutura metálica reforçam o caráter mais urbano desejado. Arquitetura corporativa é um foco importante de atuação do Espaço Livre, associado à AsBEA/ SC. A verticalização da arquitetura é vista pelo escritório como uma necessidade na construção da cidade contemporânea, principalmente em áreas mais centrais. Parceiro do projeto: Simple Empreendimentos
As tijoletas
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Fotos: Willian Crippa
ESPAÇO LIVRE ARQUITETURA Foto: Fernando Willadino
A proximidade com o mar trouxe um desafio na execução deste imóvel residencial em Jurerê, na cidade de Florianópolis: propor uma arquitetura contemporânea, inserida num contexto urbano. Para colocar a ideia em prática, a construtora responsável pela obra convidou a arquiteta Patrizia Chippari, com quem já mantém um relacionamento profissional há quatro anos. Luana Morés e Angela Argenta também estiveram envolvidas no trabalho assinado pela equipe do escritório Espaço Livre Arquitetura.
cerâmicas que aparecem no revestimento externo do empreendimento fazem um contraponto entre os elementos usados. Atente ao detalhe das unidades, com espaços livres para serem adaptados de acordo com o usuário e com lajes aparentes, tubulações hidráulicas e elétricas.
Av. Trompowsky, 291, sl. 1104 Torre 2 | Centro | Florianópolis | SC (48) 3225.1528 www.espacolivre.arq.br contato@espacolivre.arq.br
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Idein-Ideia + Desenvolvimento Arquitetura
Projeto se destaca no contexto urbano de Mafra
Fotos: Conceito Cine Vídeo
Arquitetura reforça volumetria de linhas retas e horizontais, impactando na cena urbana da rua.
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da obra, estava atento aos detalhes e critérios técnicos da obra. O terreno com 3.100 metros quadrados que já era da família, foi o local escolhido para a implantação do projeto. Durante a visita de reconhecimento, algumas particularidades: declive acentuado na parte da frente do terreno, localizado na curva de uma importante via do bairro. Com este contexto, o projeto privilegiou a horizontalidade da edificação, concentrando as atividades assistenciais da clínica em um único nível. A obra foi dividida em duas
etapas: a primeira de implantação dos consultórios, salas de exames e apoio numa área de 620 metros quadrados. A segunda seria de uma possível expansão, com ampliação dos setores ambulatoriais no pavimento superior. A empresa idein atua desde 2007 na área de arquitetura e está estruturada em núcleos de projetos: saúde, corporativo e institucional; desenvolvimento imobiliário; comercial e industrial. Integram o escritório, que é sócio da AsBEA/SC, os arquitetos Benhur A. Basso, Emerson da Silva e Patrícia P. D’Alessandro.
IDEIN-IDEIA + DESENVOLVIMENTO ARQUITETURA Foto: André Moecke
Um casal de médicos, jovens empreendedores, e um sonho: a vontade de montar uma clínica própria em Mafra – especializada em oftalmologia - e fazer dela um centro de referência na cidade. E foi a partir deste propósito que o projeto da construção do Instituto de Olhos de Mafra, sob o comando do escritório Idein-Ideia + desenvolvimento, com sede em Florianópolis, se desenhou. Um fato interessante é que o cliente, antes de cursar Medicina, havia estudado Arquitetura e por isso, desde o início
Av. Des. Vitor Lima, 260 | sl. 613/614 Trindade | Florianópolis | SC (48) 3233.6273 www.idein.com.br contato@idein.com.br
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IVVA IVVA de Valor Investimento Investimentos de Valor em Arquitetura em Arquitetura
Mudança radical no décor
Fotos: Fernando Willadino
Um duplex em Coqueiros, na parte continental de Florianópolis. Os proprietários - um casal mais a filha adolescente - já moravam no imóvel. Recentemente, eles realizaram algumas intervenções na estrutura da cobertura, mas após a reforma sentiram que a decoração também precisava de reformulação e contrataram os arquitetos Carina Beduschi e Ernando Zatariano. Mudança radical: a troca de toda a mobília, dos móveis soltos à marcenaria. A atenção se voltou para a área social de uso íntimo, um ambiente de 45 metros quadrados, cujo desafio foi conferir simetria ao espaço. Paredes irregulares e a quantidade de portas voltadas para o social – oito ao todo – deram a direção ao novo projeto de marcenaria e também de obra civil. Na repaginação, as portas de acesso ao escritório
Em frente à mesa
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Parceiros do projeto: Ouse Iluminação, Arno Móveis e Emporium Cristiane Rios
IVVA – INVESTIMENTOS DE VALOR EM ARQUITETURA Foto: Daniel Oliveira
de jantar, a estante personalizada em laca fosca acomoda de um lado a cristaleira embutida e no outro um pequeno bar com adega e tampo de mármore.
e lavabo ficaram ocultas a partir da substituição por painéis ripados amadeirados. A mudança propôs uma identidade única ao cenário do ambiente social, que destaca uma paleta de cores neutras, do bege ao marrom. Na decoração, peças de acervo pessoal dos clientes e outras exclusivas. No mobiliário solto, destaque para as peças do designer Jader Almeida, como a mesa redonda em lâmina de nogueira e as cadeiras com tecido suede. A dupla de arquitetos é sócio-fundadora do IVVA - Investimentos de Valor em Arquitetura, e assina importantes projetos nas áreas de edificações e interiores.
Av. Almirante Tamandaré, 94, sl. 803 Coqueiros | Florianópolis | SC (48) 3240.0646 www.ivva.com.br contato@ivva.com.br
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Juliana Pippi Arquitetura e Design
Social receptivo prioriza o conforto sem excessos
A construção desta residência de 187 metros quadrados no bairro Trindade, em Florianópolis, estava sendo finalizada. Foi aí que o casal de jovens proprietários entrou em contato com a arquiteta Juliana Pippi para que ela desenvolvesse o projeto de interiores. O briefing foi bem claro: eles queriam que a área social fosse espaçosa, aconchegante, tivesse uma ambientação clean, sem exageros. A partir daí Juliana direcionou o layout de interiores de toda a residência, com destaque para o projeto da sala integrada, que tem vista para o mangue e o mar. O espaço foi pensado para a família receber os amigos com conforto e para o máximo aproveitamento no dia a dia. Seguindo a mesma linguagem arquitetônica, o
décor prima pelas linhas retas e uso de cores neutras. Poucas pinceladas de cor aparecem para evidenciar peças assinadas de mobiliário nacional – a exemplo dos móveis de Jader Almeida e Estúdio Nada Se Leva. Aliás, como ressalta a arquiteta, a escolha da mobília solta foi criteriosa. “Os clientes nos deram carta branca para fazer esta seleção.” A arquiteta Juliana Pippi atua no mercado de arquitetura de interiores desde 2000. Hoje comanda uma equipe de nove colaboradores. Seu escritório já conquistou premiações nacionais e internacionais. Parceiros do projeto: Sofistique Decorações e Ouse Iluminação
A marcenaria
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JULIANA PIPPI ARQUITETURA E DESIGN Fotos: Mariana Boro
foi totalmente desenhada pelo escritório da arquiteta e executada sob medida para as necessidades específicas dos donos da casa.
Fotos: Marco Antonio
R. Orlando Phillipi, 100, sl. 303 | SC 401 Florianópolis | SC (48) 3225.3974 www.julianapippi.com contato@julianapippi.com.br
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Klaxon Arquitetura
Compacto e com diversos usos
Fotos: Mariana Boro
Um homem solteiro, mas com expectativa de relacionamento. Um apaixonado por artes, literatura. Este foi o perfil de cliente que serviu de inspiração para o projeto do ambiente conceitual – mas com jeito de casa – produzido para a Casa Cor Florianópolis, em 2015. Proposta do arquiteto Pedro Tessarollo e do designer de interiores Jairo Lopes para um espaço de 61 metros quadrados que contempla suíte, sala de estar e área de trabalho. Para atender às necessidades, a dupla buscou integrar os ambientes, mas sem tirar a privacidade dos diferentes usos. A intenção foi explorar, na arquitetura de interiores, a simetria e a praticidade. Por isso, a
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Parceiro do projeto: Bolis Design
KLAXON ARQUITETURA Foto: Mariana Boro
Em local estratégico na suíte multifuncional estão posicionadas as poltronas de veludo preto, o banco de couro italiano preto e o aparador de madeira de demolição. As peças não apenas setorizam o espaço, mas permitem diversos usos.
opção em investir numa decoração contemporânea e atemporal. O projeto de lighting design recebeu atenção especial valorizando a arquitetura sem perder o clima intimista e aconchegante do espaço. Pedro Tessarollo, que também é lighting designer, e Jairo Lopes são sócios do escritório Klaxon Arquitetura. A maior motivação dos dois é que o resultado final gere experiências extraordinárias aos contratantes. Hoje eles atuam nos mercados de SC, SP e RJ.
R. Euclides Hack, 2120, sl. 1 | Xanxerê | SC (49) 3433.9806 www.klaxonarquitetura.com klaxon@klaxonarquitetura.com
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Marchetti Bonetti +
Casa Deck aberta à paisagem da Lagoa da Conceição
No interior
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ambientes são generosos e valorizam o pantone de cores neutras, conferindo elegância ao décor. O escritório de Florianópolis, que tem à frente os arquitetos Giovani Bonetti e Tais Marchetti Bonetti está associado à AsBEA/SC e ao IAB-SC. Atua desde 1994 no segmento. Hoje eles têm obras em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Rio Grande do Sul e Paraná. Colaboradores do projeto Casa Deck: equipe dos arquitetos Adriano Kremmer e Luana Morés e equipe das arquitetas Elaine Gerente e Camila Delvaz. Parceiros do projeto: Engenho Projetos e Construções, Esquadrias Scheid, Alex Fernandes Cortinas
se desenhou um living generoso com jantar e home theater abertos, cozinha integrada tendo a possibilidade de fechamento com painéis e no pavimento superior quatro suítes, todas buscando valorizar a vista para a lagoa.
MARCHETTI BONETTI + R. Victor Konder, 262 | Centro Florianópolis | SC (48) 3223.2217 Foto: Rô Reitz
A partir de uma arquitetura contemporânea, que explorasse as visuais da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, e da ideia de se ter uma raia de piscina – já que o proprietário pratica natação – se construiu a casa de maneira elevada, sobre pilotis e apoiada sobre o deck de madeira. Esse distanciamento do chão proporcionou que a casa tivesse o máximo de aproveitamento da luz natural e da mesma forma ampliou a conexão dela com a lagoa. Toda base estrutural é metálica com fechamentos de painéis de alvenaria, vidros, e acabamentos em madeira. Para o jovem solteiro, que já tinha uma relação de trabalho anterior com o escritório de arquitetura, a casa tinha que ter ambientes amplos, integrados e relação total com a paisagem. Com cerca de 795 metros quadrados, os
Fotos: Rô Reitz
www.marchettibonetti.com.br marchettibonetti@marchettibonetti. com.br
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Pimont Arquitetura
Corporativo cosmopolita Não há dúvida. Neste projeto corporativo idealizado no Centro de Florianópolis a sala de reuniões é o destaque. O escritório de investimentos nacionais e internacionais tem assinatura do arquiteto Henrique Pimont, com colaboração de Alejandro Ortiz. A intervenção abrangeu uma área de 110 metros quadrados. “Para atender às necessidades do cliente, que recebe pessoas do mundo todo no ambiente profissional, criamos um espaço contemporâneo e funcional”, destaca Pimont. Por isso, o ambiente onde são realizadas as reuniões domina o cenário. A sala ganha notoriedade cercada pela transparência das divisórias acústicas de vidro duplo. Persianas embutidas permitem privacidade
quando necessário. Já o piso estruturado e o forro de Cumaru, da Espaço Revestir, serviram de base para toda a ambientação. No projeto, propositalmente, não há espaço para secretária ou recepcionista. Uma antessala fica à disposição para conversas menos formais. Obras do MGM Arquitectos, da Espanha, serviram como referência neste trabalho. O escritório premiado Pimont Arquitetura trabalha com uma variedade de projetos, abrangendo arquitetura e interiores residenciais, comerciais e corporativos. Parceiros do projeto: Alcon Construtora, Arflex Ar-Condicionado, J.Ziliotto
Fotos: Pedro Caetano
Revestimentos nobres
de cumaru e imbuia demarcam o piso, paredes e teto. Sofisticado na medida. 88
Foto: Pedro Caetano
PIMONT ARQUITETURA R. Alves de Brito, 141 | sl. 701 | Centro Florianópolis | SC (48) 3025.1200 | 9980.6485 www.pimontarquitetura.com.br contato@pimontarquitetura.com.br
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Pimont Arquitetura
Volumetria marcante dá o tom à casa estilo modernista
Fotos: Lio Simas
Os painéis de alumínio e madeira na fachada frontal deslizam e podem ser abertos. Quando fechados dão privacidade aos quartos voltados para a rua, mas sem impedir a ventilação natural.
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O sol guiou a construção desta casa de fim de semana, localizada em Jurerê Internacional. Os 300 metros quadrados projetados pelo arquiteto Henrique Pimont aproveitaram ao máximo a adequada insolação do terreno, garantindo ainda áreas que primam pela convivência familiar tanto internamente, nas áreas sociais, quanto no jardim com piscina. Os clientes já conheciam a referência modernista aplicada em outros projetos do escritório e pediram o mesmo estilo para a casa, marcado pelo uso de volumetria de linhas geométricas. As linhas verticais tomam a frente de toda a casa. Elas dominam a fachada demarcando o portão da garagem de madeira e cobrindo as janelas com painéis de alumínio no piso superior. Até a ondulação das telhas de fibrocimento
que revestem a caixa d’água acompanham a linguagem proposta. Ladrilhos hidráulicos da Tons da Terra, com desenho geométrico, foram combinados de forma aleatória para formação do hall. Um toque que remete aos painéis da arte moderna brasileira, tão valorizados, segundo Pimont, na arquitetura modernista. O escritório associado à AsBEA/SC e reconhecido em premiações da entidade atua em diferentes frentes, com foco em projetos arquitetônicos e de interiores, residenciais e comerciais. O projeto teve colaboração do arquiteto Alejandro Ortiz. Parceiros do projeto: Engenho Construções, Arflex Ar-Condicionado e Milimetra Alumínio
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Robson Nascimento Arquitetos
Interiores planejados para o convívio Espaços integrados, amplos e funcionais, insolação inteligente com o máximo de aproveitamento da luz natural. Tudo pontuado pela elegância clássica, presente em alguns elementos, e que faz contraponto ao estilo contemporâneo da arquitetura da casa. A partir destas solicitações do cliente os arquitetos Robson Nascimento e Cristiana Bez Delpizzo projetaram o interior desta residência unifamiliar, no bairro Santa Mônica, em Florianópolis. A família é anfitriã de encontros informais, gosta de receber amigos e familiares, por isso um olhar todo especial se voltou para a área gourmet. Destaque para o mármore Onix que traz a sofisticação clássica das pedras naturais e que contrasta com mármore travertino bruto do volume da churrasqueira. A cozinha sob medida ressalta o conceito italiano com materiais
nobres, a exemplo do aço inox exclusividade da Evviva Bertolini. Móveis soltos de design, peças de Jader Almeida, compõem elegantemente o espaço de convívio e lazer. No living e sala de jantar reina absoluta a grande mesa para 12 pessoas e sobre ela o imponente pendente de cristal bronze. A marcenaria deu forma à cristaleira e às adegas refrigeradas, criando um bar luxuoso e funcional ao serviço do jantar. O escritório Robson Nascimento Arquitetos, associado à AsBEA/SC, está há mais de 20 anos no mercado e atua nas diversas áreas da arquitetura: residencial, comercial, hoteleira, urbanismo e interiores. Parceiro do projeto: Evviva Bertolini Florianópolis
O amplo living reúne peças singulares de design. O volume em espelho bronze camufla o lavabo, e a escada ganhou revestimento mármore travertino romano bruto. Fotos: Rogerio Amendola
Foto: Fernando Willadino
ROBSON NASCIMENTO ARQUITETOS
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Av. das Algas, 343, sl. 1 | Jurerê Internacional Florianópolis | SC (48) 3282.9349 www.rnascimentoarquitetos.com.br contato@rnascimentoarquitetos.com.br
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Robson Nascimento Arquitetos
Contemporânea para moradores versáteis O projeto desta residência não foi pensado para um morador específico, mas para diferentes perfis de possíveis moradores. Isso porque a casa, que tem arquitetura de Robson Nascimento, já na sua concepção objetiva a venda. Com localização privilegiada em Jurerê Internacional, em Florianópolis, o imóvel fica cercado pelo verde da paisagem natural com aberturas que aproveitam a melhor orientação solar. Esta já é a quarta parceria entre o arquiteto e a Bastos & Oliveira Incorporadora. Quatro suítes, ambientes amplos e integrados e a valorização da área de lazer e espaço gourmet foram os requisitos do proprietário ao profissional. Mas outros elementos também são coringa neste projeto, a exemplo da suíte térrea, reversível em escritório. Com quase 554
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Parceiro do projeto: Bastos & Oliveira Incorporadora de Imóveis e Espaço Revestir
Área gourmet, ambientes amplos, abertos e funcionais. Estes foram os pedidos especiais do proprietário ao arquiteto, no projeto desta casa idealizada para diversos perfis de público. Destaque para espaços que valorizam a máxima convivência entre os moradores.
Foto: Nair e Veronica Lottermann
Imagens: DCS Apresentação de projetos
metros quadrados, a casa em formato de “L” aposta em referências contemporâneas, porém com características que aquecem a fachada e quebram a frieza. Destaque para o concreto aparente, a madeira e a iluminação da fachada, materiais predominantes neste projeto. O escritório Robson Nascimento Arquitetos, associado à AsBEA/SC, atua há mais de 20 anos no mercado regional, nacional e internacional. Tem trabalhos na Argentina, Angola, Grécia, Estados Unidos, Paraguai entre outros, e atua nas diversas áreas da arquitetura: residencial unifamiliar, residencial multifamiliar, comercial, hoteleira, urbanismo e interiores.
ROBSON NASCIMENTO ARQUITETOS Av. das Algas, 343 | sl. 1 | Jurerê Internacional | Florianópolis | SC (48) 3282.9349 www.rnascimentoarquitetos.com.br contato@rnascimentoarquitetos.com.br
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Rosas Arquitetos
Um lar para viver intensamente O quarto
do casal toma partido da monocromia, em tom de off-white, enfatizando uma proposta mais clássica. Fotos: Rô Reitz
Os proprietários desta casa em Jurerê Internacional são anfitriões de primeira e curtem aproveitar cada cantinho da residência, seja em momentos mais reservados com a família ou numa recepção entre amigos. Não à toa, no briefing passado pelo casal de empresários aos arquitetos Rafael Monteiro, Jose Rosas e Silvia Monteiro estava a inclusão de alguns ambientes bem específicos. A cozinha deveria ser generosa, superequipada e abrigar uma mesa para até 10 pessoas. “Em vez de sair para comer pizza, eles preferem a visita de um pizzaiolo e confraternizar em casa mesmo com amigos em torno da mesa. Por isso, a área gourmet ganhou até um forno especial”, explica Rafael. Outra solicitação pontual surgiu da paixão dos donos em assistir a filmes sem sair de
casa. Um dos cômodos foi transformado em sala de cinema particular. O escritório, a pedido, serve tanto para pequenas reuniões quanto como ambiente de estudo para o filho. E mais: nem mesmo para malhar o casal precisa se deslocar, já que o projeto contempla uma academia com estação de musculação e outros equipamentos para realização de atividades aeróbicas. Tudo marcado por um estilo moderno natural, de leveza nas linhas arquitetônicas em harmonia com o entorno. Há quase 20 anos no mercado de Florianópolis, o Rosas Arquitetos tem trabalhos principalmente no balneário de Jurerê Internacional, em obras personalizadas para cada tipo de cliente. Parceiro do projeto: Evviva Bertolini Florianópolis
Foto: Willian Crippa
ROSAS ARQUITETOS
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Av. das Algas, 389, sl. 3 | Jurerê Internacional Florianópoilis | SC (48) 3282.0049 | 9989.9995 www.rosasarquitetos.com.br rafaelmonteiro@rosasarquitetos.com.br
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Ruschel Arquitetura e Urbanismo
Arquitetura contemporânea
Fotos: Rô Reitz
Os materiais adotados reforçam o caráter conceitual proposto e a utilização de estratégias eficientes para os moradores como: ventilação cruzada, aquecimento solar (residência e piscina) e esquadrias de PVC com aspecto de madeira.
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travertino. Amplas superfícies de vidro são protegidas pelo quebra-sol de alumínio na cor de madeira que permite a relação visual do mezanino para os morros do entorno. Um pergolado de madeira coberto com vidro faz a marcação da entrada principal da residência e segue no interior, originando uma “ponte de vidro” que conecta o mezanino com a cobertura verde implantada sobre o “cubo de travertino”. Dormitórios e ateliê estão voltados para a área de lazer com privilegiada orientação solar e por meio de amplas e funcionais esquadrias de PVC se integram à varanda, piscina, orquidário e visuais longas para o mar. Marília Ruschel atua com arquitetura e urbanismo e tem especialização em Planejamento Urbano (UFSC). O escritório é associado à AsBEA/SC. Parceiros do projeto: Espaço Revestir, Esquadrias Baiana e Saccaro
RUSCHEL ARQUITETURA E URBANISMO Foto: Guilherme Llantada
A orientação do sol interferiu diretamente no projeto desta residência de aproximadamente 830 metros quadrados, em Jurerê Internacional, Florianópolis. Marcada pela volumetria, a casa é composta na fachada principal ao sul por um cubo leve, de estrutura metálica e vidro que se contrapõe ao “cubo maciço” de um pavimento revestido de porcelanato travertino romano bruto. O trabalho da Ruschel Arquitetura e Urbanismo contempla um programa de necessidades que se desenvolve basicamente em dois pavimentos, além do subsolo com garagem e adega. Na face predominantemente sul, que tem menor incidência solar, a cobertura metálica termoacústica revestida de madeira cumaru abrange a área social, de estar, jantar, jardim-interno, escada e mezanino, além do lavabo e escritório que se localizam no volume de
Rod. João Paulo, 2251 | João Paulo Florianópolis | SC (48) 3238.4993 www.ruschelarquitetura.com ruschel@ruschelarquitetura.com
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Tatiana Junkes Arquitetura e Luminitécnica
Na medida certa do conforto
Tons neutros
100
hóspedes a laca azul quebra a neutralidade do cinza enquanto na suíte principal os tons de chocolate, bege e baunilha compõem a paleta tranquila do ambiente. O projeto luminotécnico dá unidade aos ambientes, numa atmosfera suave e discreta, priorizando os tons quentes e tomando partido de sancas e iluminação indireta. Tatiana Junkes é arquiteta e lighting designer. Atua desde 2003 nas áreas de arquitetura e interiores, desenvolvendo projetos residenciais, comerciais, corporativos e, agora, busca o mercado de projetos luminotécnicos. A empresa Tatiana Junkes Arquitetura e Luminotécnica é associada à AsBEA/SC. Parceiro do projeto: Formabella
Fotos: Lio Simas
TATIANA JUNKES ARQUITETURA E LUMINOTÉCNICA
Foto: Lio Simas
A proprietária deste apartamento de 90 metros quadrados, na Beira-mar Norte, desejava um projeto que conciliasse materiais práticos com conforto. Morando sozinha no imóvel, ela adora receber a família, principalmente as duas netas pequenas e, em breve, mais dois netinhos. Sem grandes transformações na estrutura, a área social integra cozinha, estar e sacada com churrasqueira. O mobiliário sob medida tem desenho limpo e divide espaço com peças soltas de design, além de outras trazidas do apartamento anterior. No estar, a estante inteira espelhada abraça a cristaleira antiga, agora repaginada com pintura em laca alto brilho - é a vedete da sala -, comportando objetos e lembranças de viagens. A madeira presente no mobiliário da cozinha aquece o ambiente. Na suíte de
definem a base do projeto de interiores e a cor surge em pontos específicos do mobiliário sob medida. Mix de materiais e móveis já existentes repaginados caracterizam o novo apartamento.
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Theiss Girardi Arquitetura e Interiores
Beach bar prima pelo conforto a qualquer hora do dia A relação direta com a praia e um cenário perfeito para recepcionar um público de diferentes idades, seja durante o dia ou à noite, para lazer ou entretenimento, com comodidade e despojamento. Este é o perfil deste beach bar, localizado na praia Brava, em Florianópolis, e que tem projeto assinado pelos arquitetos Alcides Theiss e Rosane Girardi. O trabalho partiu de uma edificação já existente e que foi distribuído em áreas externa e interna. A parte de fora, numa linguagem mais solta, ganhou mesas atendidas por um bar e churrasqueira, dispostas tanto na areia quanto em decks com lounges. Já no espaço interno destaque para soluções arquitetônicas pontuais, onde funciona o restaurante anexo à cozinha. O piso foi preservado e o madeiramento do telhado aparente original também (apenas pintado de branco). Atente para as colunas centrais revestidas em estofaria marrom e acabamento capitonê. Requinte na medida, ambiente convidativo e sem exageros. Os dois espaços têm banheiros independentes – a área externa conta ainda com chuveiros - para conforto dos frequentadores. O escritório Theiss Girardi tem atuação nos segmentos de arquitetura e desenho de interiores, elaborando projetos residenciais, comerciais, institucionais e corporativos. Arquitetos associados ao IAB-SC.
na área externa é bem marcada e flexível, o que facilita, quando necessário, o arranjo de novos layouts de acordo com o tipo e o tamanho do evento. O uso de tons mais escuros e materiais mais nobres no restaurante dá o tom mais sofisticado. A parede que separa o grande salão dos banheiros foi revestida com papel de parede, que remete ao movimento das ondas do mar.
Fotos: Mariana Boro
THEISS GIRARDI ARQUITETURA E INTERIORES Foto: Fernando Willadino
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A circulação
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ANUÁRIO DE ARQUITETURA DE SANTA CATARINA | 2016
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