ARQUIDIOCESE DE GOIÂNIA Paróquia Universitária São João Evangelista 1º Domingo da Quaresma, Ano A – Sábado, 08 de março de 2014
Lectio Divina Mt 4,1-11 (A tentação no deserto) Lectio O texto das tentações pelas quais Jesus passa no deserto causa vertigem. O evangelista nos apresenta sempre duas vozes, duas possibilidades, dois projetos de vida. Ele o faz por três vezes. Entra-se no texto que balança, vai e vem, de um lado a outro, de uma proposta a outra. Eis a imagem das tentações que chegam aos ouvidos de Jesus, à sua inteligência, à sua vontade. Ele, após o batismo no Jordão, ouvira “do céu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado; nele está o meu agrado” (Mt 3,17). Agora, no deserto (4,1), traz no mais profundo do seu ser essa certeza eterna, que vai repetindo e ecoando na sua humanidade frágil: Filho amado, Filho amado, Filho amado! Quarenta dias e quarenta noites... De repente, um pensamento se destaca, sente-se assaltado por uma miragem ao sentir fome: uma indagação questiona a certeza: “Se és Filho de Deus...” Outra vez, diante de uma elevação, “no ponto mais alto do templo”, a vertigem daquela hipótese: “Se és Filho de Deus...”. Leiamos juntos as duas primeiras tentações: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães!” (v. 3) “Se és Filho de Deus, joga-te daqui abaixo! Pois está escrito: ‘Ele dará ordens a seus anjos a teu respeito e eles te carregarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’ ”. (v. 6)
A terceira tentação se dá sobre uma montanha muito alta. ‘Alturas’ que causam vertigens: poder e riqueza. Jesus é colocado diante do poder mundano: o diabo “mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua riqueza, e lhe disse: Eu te darei tudo isso, se caíres de joelhos para me adorar”. (vv. 8.9)
Jesus vence o tentador! O que resgata Jesus das ilusões, das miragens, das vertigens? Como Jesus responde às propostas do inimigo, superando aquela força aparentemente encantadora da tentação? Jesus por três vezes cita as Escrituras. O Verbo divino se apoia na referência objetiva da Palavra dada ao Povo Eleito. Nos versículos 4, 7 e 10 de Mt 4, Jesus retoma o equilíbrio e a sobriedade, dizendo: “Está escrito...”. Leiamos juntos esses versículos! Ao final, no v. 11, temos a notícia que alivia: O diabo o deixou, e os anjos se aproximaram para servi-lo.
Meditatio Nossa meditação é mais recordação das Escrituras que produção de pensamentos próprios com um encadeamento que conduza a belas conclusões. Meditar é trazer à memória e ao coração a Palavra de Deus que vai chamando um texto e outro e vai crescendo dentro de nós. Duas histórias contadas nos Atos dos Apóstolos no falam da força da tentação na vida dos primeiros discípulos. Jesus, vitorioso sobre o Tentador por sua paixão, morte e ressurreição, oferece sua vitória aos seus seguidores. A primeira história é de acolhida à palavra dos Apóstolos, ou seja, é uma história de alguém que crê no anúncio da vitória definitiva de Jesus sobre o Tentador e assume essa vitória em sua vida. Trata-se de Barnabé (filho da Consolação). A outra história é de quem balança, deixa-se levar pelo engano, não constrói sua vida sobre a Palavra de Deus, não confia; permanecendo com o domínio sobre sua história, não se deixa salvar. Essa é a história de Ananias e Safira. Leiamos, calmamente, o texto dos Atos dos Apóstolos: At 4,32-37; 5,1-11. Diante da fé em Jesus, é forçoso escolher entre a generosidade e a ambição, a confiança e a prepotência, escolher entre a vida e a morte. Escolhe, pois, a vida! O Tentador nos propõe miragens e ilusões, causa-nos enjoo e vertigem. Pensamos ser mais do que somos, pensamos ser deuses! Porém, estamos prostrados diante do pai da mentira, daquele que sempre engana. A Palavra de Deus, que é Jesus, nos resgata para a verdade. Devolve-nos à realidade, com seus desafios, limitações, sofrimentos, conquistas suadas, virtudes construídas passo-a-passo na humildade. Quando olhamos para Jesus, quando abraçamos a Palavra de Deus, o mal se cala, a ilusão do eu cede à verdade do “eu-amado(a)” pelo Pai.
Oratio R.: Senhor, humilde e vitorioso, - envia teu Espírito sobre nós. Ele pode nos dar a sede do conhecimento das Escrituras. R.: Senhor, humilde e vitorioso, - hoje nos dissestes que não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus; - renova em nós a confiança na Divina Providência; - dá-nos a confiança que permite enxergar o próximo e ir ao encontro de suas necessidades; - livra-nos da tristeza por não possuir algum bem material no exato momento em que o desejamos. R.: Senhor, humilde e vitorioso, - hoje nos dissestes que é suficiente ter a confiança de filhos;
- concede-nos dar novos passos no caminho espiritual, tornando-nos pessoas melhores e realizadas; - abre nossas mentes e corações para o louvor e a ação de graças pelos inúmeros benefícios que recebemos a cada dia; - mostra-nos os caminhos da fraternidade, que liberta dos jogos de domínio e de poder na família, com os amigos e no trabalho. R.: Senhor, humilde e vitorioso, - hoje nos dissestes que só a Deus se deve adorar e prestar culto; - ensina-nos a adorar o Pai em espírito e verdade; - enriquece-nos com sua pobreza; - restaura nossa admiração pela castidade, que livra dos processos de exploração; R.: Senhor, humilde e vitorioso, - “Se eu tiver de andar por vale escuro, não temerei mal nenhum, pois comigo estás”. (Sl 23,4a) - “O teu cajado e o teu bastão me dão segurança”. (Sl 23,4b) - “Diante de mim preparas uma mesa aos olhos de meus inimigos; (Sl 23,5a) - “unges com óleo minha cabeça e meu cálice transborda”. (Sl 23,5b) Contemplatio (Acolhida, no silêncio do coração, daquela comunicação de Deus a você durante o encontro com a Palavra).
Actio Propostas: 1. Ser filho(a) amado(a) em ambiente digital. Ou seja: manifestar-se com naturalidade, evitar falsos perfis e a ilusão de jogos de poder; 2. Partilhar com um irmão um grande bem, que todos possuímos: o tempo. Estar com alguém, ‘gastar’ tempo com uma pessoa amada, ou alguém que nos solicita.