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ARQUIDIOCESE DE GOIÂNIA Paróquia Universitária São João Evangelista 2º Domingo da Quaresma, Ano A – Sábado, 15 de março de 2014

Lectio Divina Mt 17,1-9 (A Transfiguração) Lectio A transfiguração de Jesus, evangelho proclamado no segundo domingo da Quaresma, nos fala de um acréscimo de luz e de uma escuta mais profunda. O texto parece nos colocar em um teleférico rumo a uma montanha muito alta, bem perto do “Sol”, do sol nascente que nos veio visitar (Lc 1,78). Quanto mais luz, maior compreensão pelo que se escuta. Eis a tese: quanto mais luz, maior compreensão pelo que se escuta. Alguém poderia pensar que a compreensão vem pelo que se vê. Mas a visão sem a Palavra inspirada pode ser enganadora: uma miragem! Essa é outra tese, apresentada no evangelho das tentações... Hoje Jesus nos toma pela mão, nos convida a subir com ele. A subida já propõe um aumento de luz, melhor visão, horizontes mais amplos. Isso vale para a dimensão natural e também para a sobrenatural. Atenção! Jesus não convida a um passeio, vai além. Sobre a alta montanha, Jesus se transfigura diante de Pedro, Tiago e João, seu irmão, e de nós – agora incluídos: Seu rosto brilhou como sol e suas roupas ficaram brancas como a luz (v. 2) Nisto apareceram-lhes Moisés e Elias (v. 3a) Mais luz... (Pedro) Ainda estava falando quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. (v.5a) Por fim... Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser Jesus (v. 8) O que acontece em meio aos acréscimos de luz? – Vejamos: - Moisés e Elias aparecem... conversando com Jesus (v. 3b) - E Pedro se põe a falar sobre o projeto das três tendas. - Enquanto fala, aproxima-se a nuvem, da qual vem uma voz: “Este é o meu filho amado, nele está meu pleno agrado: escutai-o!” (v. 5b) - Os discípulos caem por terra diante de tamanha revelação. Caem diante da intensa luz da Palavra de Deus revelando a verdade mais profunda de Jesus, filho amado, e mostrando a vontade do Pai a respeito dos discípulos: “escutai-o”. Essa manifestação de Deus em Jesus não amedronta, não assusta, não espanta, não fecha nem aprisiona. Ao contrário, liberta do medo de Deus! Traz luz e confiança. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: ‘Levantai-vos, não tenhais medo (V.7)


A luz, quase excessiva, parece ocultar. As falas com pouca conexão, algumas omitidas, a profecia (Moisés e Elias) e a voz que provém da nuvem descortinam a visão mais profunda. Visão e escuta estão associadas! Se nós, enquanto caminhamos na penumbra da fé, podemos até viver com menos luz, mas não nos queixemos, pois nos é dada a Palavra em sua totalidade. É a Palavra do Pai, Jesus, o Filho, e Deus é Luz! Meditatio Pedro, Tiago e João viveram uma experiência surpreendente, que os marcou profundamente. Eles sabem que Deus mesmo deu testemunho a respeito do seu Filho amado. Mas, como ficam os que não subiram aquela montanha? Diante de tanta luz, que quase cega, e diante de uma palavra que faz de Jesus a referência para toda outra palavra, todo discurso, proposta, projeto, sistema de pensamento..., me vem à mente um homem que se tornou o Apóstolo das missões e não chegou a conhecer Jesus em sua vida terrena. Estou falando de Paulo. O que aconteceu com Paulo de Tarso nos ajuda a meditar sobre o evangelho da transfiguração de Jesus. Há um movimento de luz, de palavra, de cegueira e de novos horizontes no encontro de Saulo (seu antigo nome) com Jesus. Leiamos juntos: At 9,1-22. Saulo passou de convicções que o levavam a se opor à igreja nascente à luz da fé em Jesus; passou das ameaças e perseguições à missão que o tornaria conhecido como apóstolo e, mais tarde, perseguido pelo nome de Jesus. (cf. At 9,16). Paulo acolheu a graça da fé que ilumina e que cega, exigindo mudança de critérios, mudança de postura, uma vez que acolheu Jesus como Filho de Deus. A presença de Jesus tão próxima ‒ identificada com a fragilidade dos seus discípulos perseguidos por Saulo ‒ escandaliza e cega, faz cair. Mas do mesmo modo, tamanha fragilidade do Salvador que fora crucificado indica a proximidade única e tão intensa da Luz Eterna que restaura e faz enxergar novamente. Paulo nos ajuda a voltar à montanha da transfiguração. Voltamos sabendo que a luz nos tira dos raciocínios que desconsideram Cristo, que desconhecem a lógica do evangelho, o irmão pequeno e fragilizado, membro do Corpo Místico de Cristo, a Igreja. Somos tomados pela Luz que nos cega para a lógica do individualismo reinante em nosso tempo. Caímos por terra diante do Deus irmanado a todos nós, pequenos! Não podemos continuar com um projeto pessoal que não oferece espaço para quem está ao lado. A Palavra anunciada fala de um Filho de Deus que nos toca e nos põe de pé, que nos assume como seus irmãos e discípulos pela graça da fé e do batismo. Agora vemos com a luz do Filho! Oratio R.: Envolvei em vossa luz, Senhor! - nossos corações, por vezes mesquinhos, outras vezes generosos,


- nossos olhos, por demais abertos para a propaganda materialista e as vitrines do consumo, - nossos ouvidos, desejosos da educação na fé, - nossos passos, capazes de nos conduzir aos irmãos-Ananias, - nossos passos, capazes de nos conduzir aos irmãos-Saulo, - os estudos, ocasião para assumir um caminho de serviço ao próximo e à sociedade, - os amigos e parentes que nos dais, com sua companhia na acolhida da fé, como foram Pedro, Tiago e João, - os projetos para o futuro, - os mais necessitados que ainda não descobrimos bem perto de nós, - os irmãos e irmãs vítimas do tráfico humano,

Contemplatio (Acolhida, no silêncio do coração, daquela comunicação de Deus a você durante o encontro com a Palavra).

Actio Propostas: 1. Num momento de cansaço, ou tristeza, subir a montanha da oração e calar. Calar e ouvir a presença do Filho amado; 2. Diante dos irmãos, irradiar a luz do Senhor por um sorriso sincero, um olhar de carinho e ternura. Considerar o pequenino!


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