Foto: Caio Cézar
“Filhos: o dom mais excelente do Matrimônio” (CIC 1652)
GOIÂNIA, 82 ANOS
CATEQUESE DO PAPA
CULTURA
Dom Levi Bonatto presidiu missa na Praça Cívica
Francisco continua reflexões sobre fidelidade
Livro sobre o silêncio de Maria é a nossa dica da semana
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Arquidiocese de Goiânia
PALAVRA DO ARCEBISPO
Existem doze. 1. A idade: o matrimônio não é válido se o homem não tiver 16 anos cumpridos e a mulher 14. As Conferências episcopais podem esDOM WASHINGTON CRUZ, CP tabelecer uma idade mais avançada Arcebispo Metropolitano de Goiânia (cân. 1083); A Conferência Episcopal Brasileira fixou a idade de 16 anos para a mulher e 18 anos para o homem. 2. A impotência para realizar o ato conjugal (e não a esterilidade), se ela for antecedente e perpétua. Em caso de dúvida, não se pode impedir o Matrimônio (cân. 1084). 3. O vínculo de um Matrimônio anterior, mesmo não consumado (cân. 1085). 4. A disparidade de culto: quer dizer que é nulo o Matrimônio entre duas pessoas das quais uma não é batizada e a outra foi batizada na Igreja católica ou nela recebida e não a tenha formalmente abandonado (cân. 1086). Como o não batizado continua a ter um direito fundamental a contrair Matrimônio, há a possibilidade de dispensa, se se cumprem determinadas condições. (cf. Catecismo da Igreja Católica 1633-1677) 5. A Ordem sagrada (cân. 1087), após a recepção do diaconado. Esse impedimento aplica-se também ao diácono permanente que tenha enviuvado. A dispensa está reservada à Santa Sé. 6. Os votos religiosos, quando se trata de voto público e perpétuo de castidade num instituto religioso (cân. 1088). A dispensa está reservada à Santa Sé. 7. O rapto: nenhum Matrimônio pode existir entre o homem que rapta e a mulher raptada ou apenas detida, até que, libertada, ela consinta espontaneamente nessa união (cân. 1089). 8. O conjugicídio ou assassínio do cônjuge... incômodo, perpetrado por um só ou por entendimento dos dois futuros cônjuges (cân. 1090). 9. A consanguinidade ou parentesco natural torna nulo qualquer Matrimônio em linha reta e, na linha colateral, até ao 4.º grau, o que, na nova maneira de contar os graus de parentesco, se aplica aos primos-irmãos ou ao caso menos provável de um casamento entre tio-avô e sobrinha-neta (tia-avó e sobrinho-neto) (cân. 1091). É sempre impedimento na linha reta (pais, filhos, netos, bisnetos...); na linha colateral, até ao quarto grau inclusive (primos diretos). 10. A afinidade ou parentesco por aliança: torna nulo o Matrimônio em todos os graus da linha reta (cân. 1092). Só é impedimento na linha reta. Na colateral, até se pode aceitar, pois “com muita frequência o casamento entre afins é a melhor solução para a prole que porventura se tenha tido no primeiro casamento”. A dispensa compete ao Ordinário. 11. A honestidade pública, que nasce de um Matrimônio inválido após instauração da vida comum ou de um concubinato público ou notório, torna nulo o Matrimônio no 1.º grau da linha reta entre o homem e as consanguíneas da mulher (sua mãe ou sua filha e vice-versa (cân. 1093). Pode ser dispensada pelo Ordinário, tendo em conta o cân.1091, §4. 12. O parentesco legal originado pela adoção torna nulo o Matrimônio em linha reta (por exemplo, adotando e adotada) ou no segundo grau da linha colateral (por exemplo, entre filhos adotados ou filho legítimo com filho adotado).
Editorial Foto: Caio Cézar
Impedimentos que invalidam o Matrimônio
No caminho que percorremos refletindo sobre o Sacramento do Matrimônio, chegamos à penúltima edição acerca do tema. Nesta, apresentamos a abertura à vida, elemento essencial para o casamento cristão. Os filhos não são um peso, mas o desabrochar para uma nova vida que deve ser doada sem medidas pelo próximo e, principalmente, a Deus que se faz presente no seio familiar pelo amor mútuo. Por ocasião dos 82 anos da capital, o bispo auxiliar de Goiânia, Dom Levi
Bonatto, participou de um passeio ciclístico e presidiu missa na inauguração da Praça Cívica reformada. Destaque também em Arquidiocese em Movimento aos diáconos permanentes que receberam novas missões nas paróquias e serviços da Igreja. Na seção Vida Cristã, Dom Levi faz uma reflexão sobre os princípios da solidariedade e o papa Francisco, em sua nova catequese, insiste no tema fidelidade às promessas, principalmente na família. Boa leitura!
NESTA SEMANA CELEBRAM-SE Dia 2 - Finados A comemoração dos fiéis defuntos (Finados) teve origem no mosteiro beneditino de Cluny. O papa Bento XV, no tempo da primeira guerra mundial, concedeu a todos os sacerdotes a faculdade de celebrar “três missas” nesse dia. A Igreja ensina que todos os que morrem na graça de Deus e entram na vida eterna não rompem suas relações com os irmãos que ficam: vivos e mortos, santificados pelo mesmo Espírito, formam o Corpo Místico de Cristo, a Igreja. Às almas, imersas na chama purificadora à espera da plena bem-aventurança celeste, a Igreja dedica, nesse dia, uma recordação particular, para unir com a caridade do sufrágio aqueles vínculos de amor que ligam vivos e mortos na mística união com Cristo. Na liturgia desse dia, a Igreja condensa em três palavras a resposta à interrogação sobre a “vida além da vida”: vita mutatur, non tollitur, a vida continua. São as palavras de Jesus:“Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. E quem vive e crê em mim, jamais morrerá” (Jo 11,25-26). E, sempre no Evangelho de João, Jesus insiste na mesma verdade consoladora: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. (...) Este é o pão que desceu do céu. Não é como o que os vossos pais comeram e pereceram; quem come este pão, viverá eternamente...” (6,54.58). Dia 3 - São Martinho de Lima, proclamado por Paulo VI , em 1966, padroeiro dos barbeiros e cabeleireiros. Dia 4 - São Carlos Borromeu que morreu dizendo-se feliz por ter seguido os ensinamentos de Cristo.
Coordenador do Vicom: Pe. Warlen Maxwell Silva Reis Jornalista Responsável: Fúlvio Costa (MTB 8674/DF) Redação: Fúlvio Costa e Talita Salgado Revisão: Jane Greco Diagramação: Ana Paula Mota Colaboração: Edmário Santos Tiragem: 35 mil exemplares
Impressão: Gráfica Moura
DATAS COMEMORATIVAS Contatos: encontrosemanal@gmail.com Fone: (62) 3229-2683/2673
4: Dia Mundial do Inventor / 5: Dia Nacional da Cultura; Dia do Cinema Brasileiro; Dia do Técnico Agrícola / 7: Dia do Radialista
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ARQUIDIOCESE EM MOVIMENTO
Aniversário de Goiânia
à criação, cuidando do outro e da natureza. Ao final da missa, Dom Levi pediu a proteção de Nossa Senhora Auxiliadora, padroeira da capital, e todos assistiram à bela apresentação de Ronaldo Gonçalves, que cantou Ave Maria de Gounod. Ronaldo trabalha como gari na Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e possui talento musical, com timbre vocal de tenor. Encerrada a apresentação, a chuva caiu em grande parte da cidade e foi recebida como bênção, durante esse período de calor intenso na capital.
DIÁCONOS PERMANENTES No dia 10 de outubro, ao final da Reunião Mensal de Pastoral, o arcebispo de Goiânia, Dom Washington Cruz, entregou provisões a 17 diáconos permanentes da Arquidiocese. A alguns foram
atribuidas mais funções ao trabalho que já desenvolvem; outros receberam novas missões. No sábado (24) foram celebrados os 50 anos da restauração do Diaconado Permanente no Brasil.
LOCAIS EM QUE VÃO ATUAR Diácono Adailton Cândido Ramos Paróquia Nossa Senhora Aparecida, Jardim Primavera Diácono Adair José Barbosa Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Vila Nova Diácono Albertino Pereira Brandão Paróquia São Francisco de Assis, em Aparecida de Goiânia Diácono Amarildo Martins Paróquia São João Batista, em Aparecida de Goiânia Diácono Geraldo Mendes da Silva Escola de Ministérios – formação dos ministros das exéquias Diácono João Batista da Silva Paróquia N. Sra. Aparecida, em Senador Canedo
Parabéns, Dom Antonio Ribeiro Com uma missa na Catedral, no dia 29 de outubro, o arcebispo emérito de Goiânia, Dom Antonio Ribeiro de Oliveira, 89 anos, celebrou o 54º aniversário de sua ordenação episcopal, que aconteceu em 1961, na capital. Ainda na ocasião, foi lançado o livro Memórias Históricas de Dom Antonio Ribeiro de Oliveira, de autoria do padre Alaor Rodrigues de Aguiar. Antecessor de Dom Washington Cruz, o aniversariante foi arcebispo de Goiânia, de 1986 a 2002. A Arquidiocese de Goiânia se alegra com essa importante data.
Foto: Acervo Congregação
rante a homilia, Dom Levi recordou a encíclica Laudato Si, salientando que Goiânia é a nossa “casa comum”, pela qual todos temos que ter zelo e contribuir para que se viva melhor nela, tendo preocupação e participação tanto nas políticas públicas, ambientais, quanto no cuidado social. As pessoas são chamadas a uma conversão. “O cuidado com a natureza faz parte de um estilo de vida que implica capacidade de viver juntos e em comunhão”, destacou o bispo auxiliar, dizendo ainda que o cristão deve viver o amor fraterno e o respeito
Foto: Caio Cézar
Fotos: Caio Cézar
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o dia 24, Goiânia completou 82 anos de vida. Segundo o IBGE, ela é a sexta maior cidade do Brasil e a segunda da região Centro-Oeste. Muitas foram as atividades programadas em comemoração da data. Dom Levi Bonatto, bispo auxiliar, participou de um passeio ciclístico durante a tarde e, à noite, presidiu Missa em ação de graças na Praça Cívica, que foi reinaugurada e entregue com novo projeto. A celebração reuniu centenas de pessoas e parte do clero, e o Coro Sinfônico de Goiânia foi responsável pela animação. Du-
FIQUE POR DENTRO
Diácono Nériton Pimenta Rocha Paróquia São Vicente Palloti e Escola de Ministérios – formação dos ministros extraordinários da Sagrada Comunhão Diácono Pedro Francisco Daniel Paróquia N. Sra. do Rosário, em Aparecida de Goiânia Diácono Sebastião dos Reis Ferreira Paróquia Santo Eugênio Mazenod, em Aparecida de Goiânia e Paróquia Santa Luzia, em Aragoiânia Diácono Sérgio Antônio Novato Neto Paróquia S. João Batista, em Senador Canedo e na Escola de Ministérios – formação dos minist. da Palavra Diácono Vagner Alves da Costa Paróquia Cristo Rei, em Aparecida de Goiânia
Diácono José Gaspar Valadares Paróquia Divino Pai Eterno, em Trindade
Diácono Vital Henrique B. Costa Paróquia N. Sra. Aparecida, em Aparecida de Goiânia
Diácono José Ronaldo Leite Paróquia Divino Pai Eterno, em Trindade
Diácono Wagner Gomes de Lima Paróquia Santa Cruz
Diácono Juracy José Santos Paróquia Nossa Senhora da Libertação
Diácono Waldemar Gualberto Monteiro Paróquia Nossa Senhora da Libertação
Falecimento Faleceu, na madrugada do dia 22 de outubro, a irmã Oscarlina Vieira Gomes, 83 anos, da Congregação das Franciscanas da Ação Pastoral. A religiosa, que nasceu em Palmeiras de Goiás, foi velada na Capela Santa Clara e sepultada no Cemitério Jardim das Palmeiras. Ela tinha 61 anos de vida religiosa consagrada.
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COMUNIDADE DE COMUNIDADES
Paróquia São João Bosco “A paróquia atual está desafiada a se renovar diante das aceleradas mudanças deste tempo. Desviar-se dessa tarefa é uma atitude impensável para o discípulo missionário de Jesus Cristo” (Documento 100, CNBB) FÚLVIO COSTA
Fotos: Caio Cézar
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m agosto deste ano foi celebrado o bicentenário do nascimento de Dom Bosco, fundador da Pia Sociedade São Francisco de Sales (Salesianos). Em Goiânia, a paróquia que leva o nome do santo, cresceu com a capital. Primeiro foi criado o colégio e depois a igreja pelos Salesianos. O atual pároco, padre João Norberto Pinto, relata que a paróquia nasceu da necessidade dos pais e alunos do Colégio Salesiano Ateneu Dom Bosco em participar das missas, e também de algumas famílias que residiam por perto. Na época, as igrejas mais próximas eram a Matriz Nossa Senhora Auxiliadora (Catedral) e a Igreja Coração de Maria. Dom Emmanuel Gomes de Oliveira (Salesiano), então arcebispo de Goiás, assinou o decreto de criação da Paróquia São João Bosco em 29 de março de 1954, que só veio a ser registrado oficialmente em 28 de setembro de 1956, pelo primeiro arcebispo de Goiânia, Dom Fernando Gomes dos Santos. O pioneiro de toda a Obra Salesiana na capital é o padre João Pian. E a iniciativa da criação da paróquia foi de Dom Emmanuel, que participou ativamente da Comissão de Criação da nova capital. É importante destacar também, na história da paróquia, Pedro Osório, arquiteto que desenhou o forro da igreja, falecido neste ano com 101 anos de
idade e Geralda do Espírito Santo, que, juntamente com Dr. Clotário de Freitas e Abraão Ezin, foram importantes colaboradores na construção do prédio e ativos participantes da vida paroquial. Padre João Norberto comenta também outros nomes guardados na memória da paróquia. Maria Abadia Machado e Silva, Hilza Santa Leite Barbosa, Alice Leão Bernardino da Costa e Isis Roriz. “Essas pessoas formaram grupos, associações religiosas que cuidavam da ação social e buscavam os pobres nas ruas e os assistiam”. Hoje, com 61 anos, a paróquia é desafiada na missão de evangelizar principalmente por aspectos característicos das grandes cidades brasileiras. “Por estarmos numa área
proposta pastoral para 2016 está fundamentada no Documento 100 da CNBB: Comunidade de comunidades – uma nova paróquia; na Estreia Salesiana (norteador das atividades dos Salesianos), nas orientações da Inspetoria São João Bosco”. A paróquia também incentiva os Encontros com a Palavra, propostos pela Arquidiocese.
residencial de uma grande cidade, enfrentamos a individualidade, a rotatividade de famílias, o alto índice de idosos e também, na catequese de crianças e jovens, a evasão dos que recebem os sacramentos e depois desaparecem”, comenta o pároco. Mesmo com esses desafios, o padre aponta a participação das pessoas como positiva na vida paroquial. “Nossos paroquianos são solidários e dispostos a ajudar nas ofertas e campanhas propostas pela Igreja. Os sacramentos e pastorais também são bem procurados”. Seguindo as orientações da Igreja, a Paróquia São João Bosco tem priorizado a renovação e reorganização das suas atividades pastorais. No momento, se prepara para a 2ª Assembleia Pastoral Paroquial. “A
INFORMAÇÕES Missas 2ª-feira, às 19 3ª a 6ª-feira, às 7h e às 19h Sábado, às 7h e às 16h Domingo, 7h, 9h, 18h e às 19h30 Pároco Pe. João Norberto Pinto, SDB Vigários Paroquiais Pe. Adenilson L. Rubim, SDB e Pe. Geraldo Adair da Silva, SDB Tel.: (62) 3224-1733 End.: Alameda dos Buritis, nº 485 – Setor Oeste – CEP: 74015-080
O sistema ‘S’ em perigo O Sistema ‘S’ que conhecemos como SENAI, SENAC, SESI, SESC “O princípio de subsidiariedade etc. foi instituído nos tempos de Getúlio Vargas, inspirado pela Doutrina opõe-se a todas as formas de Social da Igreja, pois naqueles temcoletivismo; traça os limites pos, os católicos como Alceu Amorodo Estado; tem em vista so Lima, Alberto Pasqualini, Franco harmonizar as relações entre Montoro, entre outros, faziam parte os indivíduos e as sociedades”. da Ação Católica que tinha como (Catecismo da Igreja Católica, nº 1885). finalidade introduzir na legislação Um dos princípios da Doutrina brasileira os princípios cristãos. Vale dizer que havia um verdaSocial da Igreja chama-se subsidiadeiro “rolo compressor” das ideias riedade que nasce da subjetividade materialistas, tanto comunistas e da sociedade. Nunca é demais re- ateias quanto capitalistas e hipópetir a definição que consta no Ca- critas, para dominar totalmente a tecismo: “Uma sociedade de ordem su- sociedade através da legislação e se perior não deve interferir na vida inter- perpetuar no poder. A fé, a Igreja, as na de uma sociedade inferior... (1883)”. religiões, Jesus Cristo e Deus eram o NILO DELLA SENTA
Diretor do IDES
que mais “atrapalhava” o progresso material e econômico proposto pelas ideologias dominantes. Pare e pense. A coisa não está muito diferente hoje, mas com um agravante: Eles (os materialistas) estão no poder e usam todos os meios como mídia, partidos políticos, empresas, corporações, instituições, associações, sindicatos etc. para impor uma legislação que perpetue a mentalidade do “paradigma tecnológico dominante e globalizado fundamentado no antropocentrismo
moderno,” no dizer do papa Francisco na Laudato Si’, capitulo III. Silenciosamente, o governo brasileiro está tentando destruir o Sistema S, quando deveria ajudá-lo. E o faz porque o princípio coletivista lhe impõe “salvar o deus-Estado”, associando-se ao “deus-mercado”, mas permanecendo no poder. O povo? É apenas a “peça” de uma máquina. Dessa “máquina” (mentalidade) que gerou a destruição da natureza, a degradação humana e o desprezo por Deus.
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CAPA
Abertura à vida e aos projetos de Deus FÚLVIO COSTA
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ma das premissas do Matrimônio é a abertura à vida: a disponibilidade e anseio dos cônjuges pelos filhos. Trata-se de um aspecto importante desse Sacramento que requer preparo, cuidados e responsabilidade. A sociedade, no entanto, tem deixado de lado essa etapa da vida do casal e até excluído a paternidade dos seus planos. Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 1960 e 2005, o número de filhos por mulher caiu de seis para dois no Brasil. No mundo, a regulação da taxa de natalidade é feita principalmente através dos métodos artificiais contraceptivos, considerados ofensivos à saúde. Mas o que são os filhos nos planos de Deus? Toda a história da salvação, desde o Gênesis, “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra” (Gn 9,1),
passando pelos Salmos, “Os filhos são a herança do Senhor” (127,3) e nos evangelhos, “os filhos são uma bênção de Deus” (Lc 1,42), os frutos do Matrimônio ocupam lugar de destaque. A Igreja aponta três elementos essenciais para um Matrimônio ser cristão sacramental: “O consentimento livre; a concordância com uma união para toda a vida e apenas com o consorte e a abertura aos filhos” (Catecismo Jovem da Igreja Católica, n. 262).
O Matrimônio que exclui um desses elementos não se realiza verdadeiramente, exceto quando há impedimentos de saúde. Nesse caso, os casais são chamados a ser fecundos de outra maneira, como, por exemplo, na adoção e na caridade. A exigência da disponibilidade para os filhos significa que o casal cristão, dentro das suas possibilidades, está aberto à vida que Deus lhe quiser conceder.
Filhos: presentes de Deus
Fotos: Caio Cézar
O casal Thiago Henrique Arantes, 32, (fisioterapeuta) e Sandrina Magalhães, 30, (médica) orienta o Projeto Paternidade Responsável – do Centro da Família Coração de Jesus. Pais de Filipe, de um ano e oito meses, e já à espera do segundo, para eles, os filhos representam a doação plena, ou seja, possibilitam ao casal fortalecer mais ainda os seus laços conjugais. “A doação recíproca do casal deve ser semelhante à de Cristo pela Igreja através de um amor tão forte que encontra sua doação total na abertura à vida, na geração de filhos. Caso isso não aconteça, esse amor se torna limitado”, explica Thiago. Já aos casais que não podem ter filhos, ele aconselha. “Podem se abrir à adoção, à caridade e ao serviço à Igreja, desde que tudo seja fruto da unidade do casal”. Sandrina lista alguns elementos a serem considerados para um
melhor discernimento na hora de decidir ter filhos. “Precisa haver diálogo entre o casal, estudo das condições financeiras, orientação com um diretor espiritual, convivência com outros casais e participação na comunidade”. Ela alerta que seguir os conceitos da sociedade não é o melhor caminho. “Para a sociedade, os filhos representam um peso, um atraso e desvia dos objetivos materiais comuns ao casal”. Segundo ela, de fato, os filhos sujeitam a algumas renúncias pessoais, aspecto que leva à superação do egoísmo e ajuda a amar ainda mais o outro. Diante disso, a ética cristã ensina que o filho é um presente de Deus que não se pode comparar a nenhum bem material. O melhor discernimento na hora de decidir – enfatiza – deve ser feito “através da oração e à luz do Evangelho para entender a vontade de Deus para a missão da família”.
Abertos à vida Flávia Ribeiro Barros, 40 anos, e Hedivaldo Moraes Barros, 43 anos, participam do Grupo da Família, da Paróquia Sagrada Família. Pais de cinco filhos, eles partilham as belezas e os desafios de uma famí-
lia numerosa. “A sociedade julga muito e as pessoas nos perguntam por que temos tantos filhos. Alguns até nos chamam de loucos, mas a beleza da abertura à vida está em crescer e partilhar juntos
as dificuldades e alegrias. É muito belo se entregar por inteiro à vontade e misericórdia de Deus”. O filho mais velho, Joaquim Pedro, de 17 anos, não esconde a felicidade por ter vários irmãos. “Nas
pequenas coisas entendemos a importância de partilhar, mesmo que seja pouco. E o melhor de tudo é saber que tenho vários irmãos que se importam comigo e eu posso confiar”.
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CATEQUESE DO PAPA
Queridos irmãos e irmãs!
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a última meditação refletimos sobre as importantes promessas que os pais fazem às crianças, desde quando elas são pensadas no amor e concebidas no ventre. Podemos acrescentar que, observando bem, a inteira realidade familiar está fundada na promessa – pensai nisto: a identidade familiar está fundada na promessa – podemos dizer que a família vive da promessa de amor e de fidelidade que o homem e a mulher trocam reciprocamente. Ela inclui o compromisso de receber e educar os filhos; mas realiza-se também no cuidado dos pais idosos, na proteção e cura dos membros mais frágeis da família, na ajuda recíproca para realizar as próprias qualidades e na aceitação dos próprios limites. E a promessa conjugal alarga-se na partilha das alegrias e dos sofrimentos de todos os pais, mães, crianças, com abertura generosa em relação à convivência humana e ao bem comum. Uma família que se fecha em si mes-
ma é uma contradição, uma mortificação da promessa que a fez nascer e a faz viver. Nunca esqueçais: a identidade da família é sempre uma promessa que se alarga, e estende-se a toda a família e também a toda a humanidade. Nos nossos dias, a honra da fidelidade à promessa da vida familiar parece muito enfraquecida. Por um lado, porque um direito mal compreendido de procurar a própria satisfação, a qualquer preço e em qualquer relação, é exaltado como um princípio inegociável de liberdade. Por outro, porque os vínculos da vida de relação e do compromisso pelo bem comum se confiam exclusivamente à constrição da lei. Mas, na realidade, ninguém quer ser amado só pelos próprios bens nem por obrigação. O amor, assim como a amizade, deve a sua força e beleza precisamente a este fato: que geram um vínculo sem privar da liberdade. O amor é livre, a promessa da família é livre e esta é a beleza. Sem liberdade não há amizade, sem liberdade não há amor, sem liberdade não há Matrimônio.
Fotos: Reprodução
Papa Francisco insiste na fidelidade às promessas Portanto, liberdade e fidelidade não se opõem uma à outra, aliás, apoiam-se reciprocamente, nas relações quer interpessoais quer sociais. De fato, pensemos nos danos que produzem, na civilização da comunicação global, o aumento de promessas não mantidas, em vários campos, a indulgência à infidelidade à palavra dada e aos compromissos assumidos! Sim, queridos irmãos e irmãs, a fidelidade é uma promessa de compromisso que se autorrealiza, crescendo na obediência livre à palavra dada. A fidelidade é uma confiança que “quer” ser realmente partilhada, e uma esperança que “quer” ser cultivada em conjunto. E falando de fidelidade vem-me à mente o que os nossos idosos e avós narravam: “Naquele tempo, quando se estabelecia um acordo, um aperto de mão era suficiente, porque havia a fideli-
dade às promessas”. E também isso, que é um fato social, tem origem na família, no dar-se a mão do homem e da mulher para ir em frente juntos, por toda a vida. A fidelidade às promessas é uma verdadeira obra-prima de humanidade! Se olharmos para a sua beleza audaz, sentimos temor, mas se desprezarmos a sua tenacidade corajosa, estaremos perdidos. Relação de amor alguma – amizade alguma, forma alguma de querer bem, felicidade alguma do bem comum – chega à altura do nosso desejo e da nossa esperança, se não conseguir habitar este milagre da alma. E digo “milagre”, porque a força e a persuasão da fidelidade, em detrimento de tudo, não acabam por nos encantar e admirar. A honra à palavra dada, à promessa, não se podem comprar nem vender. Não podem ser obrigadas com a força nem guardadas sem sacrifício.
capaz de o garantir de modo algum. Não por acaso, esse princípio da fidelidade à promessa do amor e da geração está inscrito na criação de Deus como uma bênção perene, à qual o mundo está confiado. Se São Paulo pode afirmar que no vínculo familiar se revela misteriosamente uma verdade decisiva também para o vínculo do Senhor e da Igreja, significa que a própria Igreja encontra nela uma bênção a ser conservada e da qual aprender sempre, antes ainda de a ensinar e discipli-
nar. A nossa fidelidade à promessa está sempre confiada à graça e à misericórdia de Deus. O amor pela família humana, na boa e má sorte, é um ponto de honra para a Igreja! Deus nos conceda que estejamos à altura dessa promessa. E rezemos também pelos Padres do Sínodo: o Senhor abençoe o seu trabalho, desempenhado com fidelidade criativa, na confiança de que Ele em primeiro lugar, o Senhor – Ele em primeiro lugar! – é fiel às suas promessas. Obrigado.
Compromisso
Família: escola da fidelidade Nenhuma escola pode ensinar a verdade do amor, se a família não o fizer. Nenhuma lei pode impor a beleza e a herança desse tesouro da dignidade humana, se o vínculo pessoal entre amor e geração não for escrito na nossa carne. Irmãos e irmãs, é necessário restituir honra social à fidelidade do amor. É necessário tirar da clandestinidade o milagre diário de milhões de homens e mulheres que regeneram o seu fundamento familiar, do qual hoje a sociedade vive, sem ser
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VIDA CRISTÃ
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A Doutrina Social da Igreja tem como um dos seus grandes princípios a solidariedade.
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odemos dizer que ser solidário é unir-se em vínculos com alguém, e impulsioná-lo à ajuda recíproca. Por isso, a solidariedade se converte no fim e em um dos princípios fundamentais do ensino social cristão, não como um simples desejo moralizante, mas como explícita e legítima exigência do ser humano. Etimologicamente, solidariedade vem de solidare, que significa soldar. Porque sozinhos somos incapazes de realizar por completo todas as nossas possibilidades. Soldar é unir dois elementos que estavam separados. Essa união deve existir nos campos econômico, político e cultural. O princípio da solidariedade exprime, no fundo, a natureza social do homem e nega qualquer individualismo, assim como também qualquer coletivismo, que rebaixa o homem até torná-lo um mero instrumento do processo econômico. Estamos unidos e comprometidos numa tarefa comum. Tem, é claro, inúmeras consequências práticas. O papa João XXIII afirmava que: “Os governos devem
colocar todo seu empenho para que o desenvolvimento econômico e o progresso social avancem ao uníssono e para que, na medida em que se desenvolva a produtividade dos sistemas econômicos, se desenvolvam também os serviços essenciais, como são, por exemplo, as estradas, os transportes, o comércio, a água potável, a moradia, a assistência sanitária, os meios que facilitem a profissão da fé religiosa e, finalmente, os auxílios para o descanso do espírito”.
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À luz da fé, a solidariedade tende a superar-se a si mesma, a revestir as dimensões especificamente cristãs da gratuidade total, do perdão e da reconciliação
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DOM LEVI BONATTO
Bispo auxiliar de Goiânia
As consequências não são somente para o Estado, mas para as pessoas em particular, pois esse princípio é considerado como uma virtude moral. E, sendo uma virtude, não é somente um sentimento de compaixão, ou um vago sentimento
que se desperta em nós quando ficamos sabendo de um desastre ambiental ou outro tipo de mal sofrido pelo nosso próximo em uma catástrofe, mas é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum de todos e cada um porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos. E também para que haja soluções na sociedade deve haver cruzamentos solidários: ricos e pobres, patrões e empregados, nações ricas e pobres, estado e população, entre pessoas de diferentes credos e cores. A solidariedade deve acontecer entre pessoas, instituições e países. A solidariedade nos dias atuais admite que temos que cultivar mais uma consciência do nosso débito para com a sociedade. Se atingimos um determinado nível de satisfação é porque outros, antes de nós, já construíram um patrimônio que agora estamos usufruindo. Devemos honrar esse débito nas diversas manifestações do agir social, principalmente em saber olhar para as necessidades das pessoas. O segredo então se resume em olhar para os outros como o Senhor nos olhou, como um Pai para o filho. Jesus Cristo faz renascer aos olhos de todos os homens o nexo
Foto: Fúlvio Costa
O princípio da solidariedade
entre solidariedade e caridade, iluminando todo o seu significado. À luz da fé, a solidariedade tende a superar-se a si mesma, a revestir as dimensões especificamente cristãs da gratuidade total, do perdão e da reconciliação. O próximo então não é um ser humano com os seus direitos e a sua igualdade fundamental em relação a todos os demais, mas torna-se a imagem viva de Deus Pai, resgatada pelo sangue de Cristo e tornada objeto da ação permanente do Espírito Santo. Por isso, ele deve ser amado, ainda que seja inimigo com o mesmo amor com que o ama o Senhor, e é preciso estarmos dispostos ao sacrifício por ele mesmo, ao sacrifício supremo: “Dar a Vida pelos próprios irmãos”. (1Jo 3,16) (Cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 192-196).
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LEITURA ORANTE
MONS. LINO DALLA POZZA
Seminário S. João Maria Vianney
“A riqueza da pobre viúva”
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o próximo domingo, o Evangelho apresentará a pobre viúva. Acostumados a ouvir falar de tanto dinheiro que circula na economia mundial, e pior, de tantos roubos e injustiça na sociedade atual, poderíamos não dar valor às duas moedinhas que uma pobre viúva, sem nome, oferece no cofre do templo, onde se destacavam lá os que sempre são notícia no mundo: os ricos. A tentação geral é poder ser como eles. Deus não olha o que faz notícia aos olhos do mundo, mas aquilo que acontece no profundo do coração de cada um de nós. Na sinceridade, na disponibilidade, na sensibilidade, além das nossas capacidades e aparências.
Lembro quando era jovem na minha paróquia, se estava construindo a nova igreja. Eu era seminarista, sem salário então, tendo deixado o meu trabalho para estudar no seminário, impossibilitado de ajudar na obra. O meu pároco veio me visitar e me parabenizou, dizendo que o meu pai, apesar de eu não poder contribuir, continuava a colaborar mensalmente com a mesma quantia. Eu sabia que não era fácil para ele, mas sabia também que por detrás tinha minha mãe e meus irmãos, crescidos na mesma “escola da viúva”. Poucos anos depois tive a alegria de celebrar a minha primeira Santa Missa naquela igreja paroquial. Acompanhado dos amigos, minha mãe e irmãos: meu pai assistiu do Céu... Lá talvez, estava presente também a pobre viúva, e o próprio Jesus.
Siga os passos para a leitura orante: Texto para a oração: Mc 12,38-44 (página 1260 – Bíblia das Edições CNBB). Passos para a leitura orante: 1. Procure um lugar tranquilo para a meditação. Inicie invocando as luzes do Espírito Santo, pedindo conhecimento íntimo de Deus. Pode-se também cantar um refrão meditativo. 2. Leia o Evangelho, procure lê-lo com calma, leia uma, duas ou mais vezes, deixe-se iluminar pela palavra da Escritura. Procure no texto palavra ou frase que lhe chame a atenção ou que lhe questione. Procure extrair do texto sagrado mensagem que o faz crescer na fé, esperança e amor. Deixe-se conduzir pelo Espírito Santo. 3. Procure ver no texto detalhes como hora, lugar, pessoas e ações. Imagine a cena do Evangelho, contemple-a, viva-a. Faça um colóquio com Deus sobre o que tocou você nesse trecho do Evangelho. 4. Após a meditação procure perceber a sua caminhada de fé. Como você tem escutado a Palavra de Deus? Tem sido uma escuta constante ou só nos momentos de dificuldade? Assim é bom perceber o que lhe falta para uma melhor escuta da Palavra de Deus! E assim buscar meios de crescer na intimidade com Deus através da sua Palavra. (Ano B, XXXII Domingo do Tempo Comum. Liturgia da Palavra: 1Rs 17,10-16; Sl 145(146); Hb 9,24-28; Mc 12,38-44)
ESPAÇO CULTURAL Perdido em Marte O astronauta Mark Watney (Matt Damon) é enviado a uma missão em Marte. Após uma severa tempestade, ele é dado como morto, abandonado pelos colegas e acorda sozinho no misterioso planeta. Seu conhecimento científico e sua fé o FICHA TÉCNICA Gênero: Ficção mantêm vivo. O filme para Científica nós, cristãos, destaca-se Duração: 141 min Ano: 2015 pela questão de que fé e Classificação: 12 anos ciência devem caminhar juntas.
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O Silêncio de Maria A partir da reflexão sobre o Silêncio de Maria – não silêncio da omissão, mas da humildade, da obediência e da fidelidade a Deus. O livro leva a pensar em nossas posturas diante da vida e a sabedoria envolta no silêncio. A versão em áudio-livro torna possível o acesso a deficientes visuais ou aos que queiram aproveitar do recurso em situações diversas. Muito bom para ouvir no carro. Título: O Silêncio de Maria Editora: Paulinas Autor: Frei Ignácio Larrañaga