Jornal da Arquidiocese | nº 273 | Novembro de 2020

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FLOR I A NÓPOLIS, nº 273

Jornal da

NOV E M BRO DE 2020

ARQUIDIOCESE Eleições Igreja divulga orientações | 3

Santa Catarina Catedral prepara festa da padroeira | 4

Educação Papa assina Pacto Global | 10


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Editorial

Jornal da Arquidiocese, novembro DE 2020

Visita ao sultão

Arquidiocese cada vez mais solidária A Ação Social Arquidiocesana (ASA) completa 60 anos neste dia 17 de novembro. São 60 anos de serviço e amor ao próximo, na construção de uma sociedade mais solidária, igual e justa. É impossível mensurar o número de pessoas que foram atendidas pela ASA e pastorais, organizações e instituições parceiras. Quantas vidas transformadas! Quantos sonhos realizados! Quantos destinos reescritos! E hoje vemos que os frutos plantados há seis décadas podem ser contemplados no coração de milhares de fiéis que encontraram a face de Cristo no rosto de cada pessoa que ajudaram. Ao colocarem-se a serviço, foram servidas com histórias de vida, de superação, de força, de fé. Deus pode dar um tesouro também aos milhares de voluntários em sua doação cotidiana. Em tempos em que as palavras da nova encíclica papal Fratelli Tutti continuam “fresquinhas” em nossa mente, nada melhor do que olhar para a ASA e ver nela um exemplo de como viver a fraternidade para mudar o mundo ao nosso redor.

D O M W I L S ON T A DE U J ÖNC K , S C J Um grande acontecimento neste tempo de pandemia foi o lançamento da Encíclica Fratelli Tutti do Papa Francisco. A grande inspiração foi São Francisco, que desejava abraçar a todos. Queria construir um mundo onde todos vivessem como irmãos. Sem entrar propriamente no conteúdo da encíclica, quero reunir alguns fatos que ilustram o espírito da encíclica. Foi bem significativo que o Papa Francisco tenha assinado a Encíclica junto ao túmulo de São Francisco, na véspera da festa do Santo (03/10/20). O Papa, que evita apresentar simplesmente reflexões abstratas, deseja contribuir para que haja passos concretos na construção do diálogo e da paz. Quer continuar os passos de São Francisco. Um passo bem expressivo na vida de São Francisco foi a visita que fez ao Sultão Malik al-Kamil no Egito, em 1219. As pessoas mais próximas se opuseram. E não era para menos. Na época das Cruzadas em que os cristãos e muçulmanos se tratavam

Nos caminhos de Francisco “A pertença a Cristo e o estilo de

como inimigos, era muito perigoso. Foi um gesto verdadeiramente profético. Percebia que este conflito traria muita instabilidade para todo o mundo. Aparentemente não mudou nada nestes 800 anos. Mas o Papa está convencido de que o nosso é o tempo de cumprir esta profecia. “É hora de dar este passo”, tempo de aprender a dialogar e conviver com quem pensa diferente de nós. Um acontecimento decisivo na mensagem da Encíclica foi o encontro do Papa com o Imã Ahmad al-Tayyeb em Abu Dhabi. Ali, no dia 4 de fevereiro de 2019, assinaram um documento conjunto sobre a “Fraternidade humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum”. Uma frase: Deus “criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e os chamou a conviver entre si como irmãos”. Um fato curioso é a citação de um verso de Vinícius de Moraes. Está no capítulo VI que trata do diálogo e amizade social. “A vida é a arte do

encontro, embora haja tanto desencontro na vida” (215). Ao apresentar a Encíclica o Papa assim se expressa: É uma humilde contribuição para reflexão, a fim de que, perante as várias formas atuais de eliminar ou ignorar os outros, sejamos capazes de reagir com um novo sonho de fraternidade e amizade social que não se limite a palavras”(6).

Nas redes

“Jesus desafia-nos a deixar

vida que disso decorre não isolam o

de lado toda a diferença e, em

crente do mundo, pelo contrário, o

presença do sofrimento, fazer-nos

tornam protagonista de um serviço

vizinhos a quem quer que seja”.

de amor em favor do bem comum”.

Fratelli Tutti - 3 de outubro de 2020

Twitter – 18 de outubro de 2020

“A educação é, sobretudo, uma questão de amor e responsabilidade

“A oração não é um fechar-se

que se transmite, ao longo do

com o Senhor para maquiar a

Dom Wilson envia mensagem aos professores

Padre Sedemir Valmor de Melo visita missão na Diocese de Barra/BA

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Série apresenta testemunhos missionários durante pandemia

Live encerra Mês Missionário na Arquidiocese

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tempo, de geração em geração.

alma. A oração é um confronto

Por conseguinte, a educação

com Deus e um deixar-se enviar

apresenta-se como o antídoto

para servir aos irmãos”.

natural à cultura individualista”.

Audiência Geral – 7 de outubro de 2020

Pacto Educativo Global - 15 de outubro de 2020

“Não é verdadeiro amor a Deus o que não se expressa no amor ao próximo; e, da mesma forma, não é amor verdadeiro ao próximo o que não se baseia na relação com Deus”. Twitter – 25 de outubro de 2020

Rua Esteves Júnior, 447, Centro Florianópolis/SC

Telefone: (48) 3224-4799 / 99673-1266 Email: imprensa.arquifln@gmail.com Site: www.arquifln.org.br

Diretor: Pe. Vitor Galdino Feller

Diagramação: Fabíola Goulart e Giovanna Dutra Meyer

Conselho Editorial: Dom Wilson Tadeu Jönck, scj, Pe. Alcides Albony Amaral, Pe. Sedemir de Melo, Fabíola Goulart, Giovanna Dutra Meyer, Fernando Anísio Batista.

Arte de capa: Fabíola Goulart - Fotos: Arquivo/ASA Floripa

Jornalista Responsável: Fabíola Goulart (MTB 06647/SC) e Giovanna Dutra (MTB 06675/SC) Projeto Gráfico: Lui Holleben/Gustavo Huguenin

Coord. Publicidade: Pe. Tarcísio Pedro Vieira e Erlon Costa Edição especial: distribuição somente online O Jornal da Arquidiocese é uma publicação mensal.


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Paróquias da Arquidiocese celebram o Sacramento da Crisma Foto: Paróquia Sant’Ana/Canelinha

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Retalhos do Cotidiano P R OF E S S OR C A R L O S M A R T E N DA L Me toca profundamente • • • • • • • • • • • •

A beleza do sol que nasce entre a neblina O casal idoso que caminha de mãos dadas Os cabelos brancos e a ternura de uma avó A gaivota que sobrevoa o mar pela manhã, totalmente despreocupada com o seu dia A primeira flor de uma planta A fé das pessoas simples A simplicidade dos que, ajoelhados, estampam Deus em seus rostos A dedicação de uma mãe A amizade Um pedido de desculpa O olhar amoroso de um filho O abraço apertado de um neto.

Paciência

Após a Cúria Metropolitana de Florianópolis divulgar, no mês de setembro, o decreto com as novas orientações acerca dos sacramentos, as paróquias começaram a realizar as celebrações litúrgicas da Crisma de forma gradual. O calendário das celebrações foi organizado pelas coordenações das paróquias juntamente com os párocos e a Coordenação de Pastoral da Arquidiocese. Entre os meses de outubro e dezembro serão realizadas 79 celebrações, em 33 paróquias do território arquidiocesano. As celebrações serão presididas em sua maioria pelo Arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck. Porém, tendo em vista a quantidade de celebrações, que se acumularam durante o período de pandemia, outros padres da Arquidiocese serão nomeados para presidir essas celebrações. Durante o mês de setembro, nove celebrações da Crisma foram realizadas. As paróquias que já realizaram a celebração da Crisma foram: Paróquia

Sant’Ana, em Canelinha; Paróquia Santa Catarina, em Brusque; Paróquia Santíssimo Sacramento, em Itajaí; Paróquia São José, em Botuverá e Paróquia São Luís Gonzaga, em Brusque. Ao todo 472 jovens receberão o sacramento da Crisma esse ano. As famílias e paróquias que optaram por esperar, terão as celebrações no ano que vem em período ainda a ser comunicado pela Coordenação Arquidiocesana de Catequese. Primeira Eucaristia nas paróquias Algumas paróquias decidiram realizar as celebrações de Primeira Eucaristia, seguindo as orientações dadas no decreto arquidiocesano. Outras optaram por celebrar no ano que vem. Há ainda paróquias que farão algumas celebrações este ano e outras no ano que vem, conforme decisão das famílias do catequizando. Para saber a posição da paróquia, deve-se entrar em contato com a secretaria paroquial ou a coordenação de catequese local. Foto: Pascom/Paróquia Santa Catarina

Se a conquistamos - e é preciso renovar essa luta de conquista todos os dias -, tornamo-nos vencedores na caridade; se a impaciência está agarrada em nossa vida como o carrapato no boi, tornamo-nos inconvenientes, as pessoas se afastam de nós, o ambiente fica nublado e tudo se torna um peso. E, assim, o encardido mancha nosso coração com um defeito muito chato e inconveniente, que nos afasta do caminho do amor.

Nunca e sempre

Nunca a justiça abaixo do direito, sempre a bondade acima da justiça!

Regional Sul 4 divulga orientações para as eleições municipais 2020

No início de outubro, a CNBB Regional Sul 4 divulgou orientações para os cristãos católicos para as eleições municipais 2020. O documento tem por objetivo apresentar pontos relevantes para a conscientização do eleitor na escolha dos seus candidatos. De acordo com o Bispo de Joinville e presidente do Regional Sul 4 da CNBB, Dom Francisco Carlos Bach, este material deseja contribuir para o exercício da cidadania. “Nas eleições exerceremos o direito e o dever de votar. É um momento marcante para juntos construirmos um país melhor. O direito de voto, exercido com cidadania, é força transformadora da sociedade. As orientações apresentadas pelo Re-

gional Sul 4 têm como objetivo contribuir para a reflexão deste importante momento da vida brasileira”, declarou Dom Francisco. Juntamente com o texto de orientação o Regional Sul 4 lançou a série “Meu voto importa”, composta por quatro vídeos, em formato de animação. Além da série, foram lançados programas de rádio e podcasts que refletem sobre as orientações e sobre o processo eleitoral em 2020. Os programas estão sendo transmitidos pelas rádios católicas de Santa Catarina e rádios parceiras. Para ter acesso ao documento e aos outros lançamentos, acesse: www.arquifln.org.br


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Jornal da Arquidiocese, novembro DE 2020

Cinco novos presbíteros para a Arquidiocese de Florianópolis No próximo dia 21 de novembro, os diáconos Alex Macedo de Liz Junior, Lucas Casimiro Tibincoski Teixeira, Luiz Francisco Fraga, Roberto Consuelo Rodrigues Miranda e Tiago Vicente Santana serão ordenados presbíteros. A celebração será presidida por Dom Wilson Tadeu Jönck, SCJ, Arcebispo Metropolitano, e acontecerá no Centro Angelino Rosa, CEAR, em Governador Celso Ramos. A celebração é aguardada ansiosamente pelos jovens que trilharam um longo caminho para corresponder ao chamado ao ministério presbiteral. O primeiro passo deste caminho foi o acompanhamento vocacional, seguido da Etapa Propedêutica (tempo de forte vivência comunitária e discernimento vocacional), da Etapa do Discipulado (tempo de fortalecer a união de cada seminarista com Cristo e tempo para se fazer os estudos de Filosofia), da Etapa da Configuração (tempo

Foto: Fabíola Goulart/ArquiFloripa

para discernir com mais convicção acerca da vocação presbiteral e fazer os estudos teológicos), da Etapa da Síntese Vocacional (tempo em que os futuros padres aprofundam sua experiência pastoral nas paróquias). Por fim, vêm as ordenações diaconal e presbiteral.

Festa de Santa Catarina de Alexandria na Catedral Uma das comemorações mais importantes para os fiéis da Arquidiocese de Florianópolis se aproxima, a festa da Padroeira Santa Catarina de Alexandria. Para este ano, a Catedral Metropolitana prevê uma novena preparatória para a festa e quatro celebrações no dia da padroeira, 25 de novembro, além de uma carreata que irá percorrer as principais ruas da capital catarinense. Por causa da pandemia de Covid-19, os fiéis que desejarem participar das celebrações deverão respeitar o distanciamento social, usar máscara e chegar com antecedência, pois a lotação da igreja será restrita a 40% da capacidade local, conforme decreto municipal. Para saber mais detalhes, acompanhe a Catedral Metropolitana no Facebook e Instagram.

Confira programação: De 16 a 24 de novembro 18h - Santa Missa e Novena em honra de Santa Catarina de Alexandria 25 de novembro (Dia de Santa Catarina de Alexandria) 09h - Primeira Santa Missa Festiva 12h15 - Segunda Santa Missa Festiva 15h - Terceira Santa Missa festiva, seguida da Bênção da Saúde e Unção do Óleo. Após a Santa Missa será realizada uma carreata com a imagem de Santa Catarina de Alexandria que percorrerá diversas ruas e avenidas do centro de Florianópolis. 18h15 - Quarta Santa Missa *Pede-se que em todas as igrejas matrizes das paróquias da Arquidiocese sejam celebradas missas festivas em honra de Santa Catarina de Alexandria.

O diácono Tiago Vicente Santana conta que em seu coração a expectativa é grande para a ordenação presbiteral. “Quero me entregar totalmente a Deus com minhas falhas e pecados proclamando com a minha vida: ‘Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que te amo.’ Peço a Deus que meu olhar fique fixo em seu lado aberto na cruz, e seja para aqueles que Deus me confiar a graça de ser o bom pastor, que dá a vida por seu rebanho”, completa. A celebração de ordenação presbiteral terá número restrito de participantes em decorrência da covid-19 e obedecerá a todas as regras de prevenção da doença, como o uso obrigatório de máscara e o distanciamento social. A Assessoria de Comunicação da Arquidiocese, em parceria com a Comunidade Divino Oleiro, irá realizar a transmissão da celebração através dos perfils oficiais da Arquidiocese de Florianópolis nas redes sociais.

Livraria Paulus promove campanha de doações A Livraria Paulus e a Arquidiocese de Florianópolis estão promovendo a Campanha Natal Solidário 2020. A ação quer fomentar a leitura e a esperança de um mundo melhor através da literatura e do espírito de solidariedade, numa sociedade pós-pandemia. Os clientes que desejarem fazer uma doação para a campanha poderão ir até a livraria e escolher uma criança para presentear. As doações poderão ser feitas de 1º a 30 de novembro. O projeto a ser contemplado pela campanha será a Infância e Adolescência Missionária (IAM), que trabalha na evangelização de crianças e jovens de 3 a 15 anos. A entrega dos livros acontecerá nos dois primeiros finais de semana do mês de dezembro nas paróquias e comunidades que realizam trabalhos com a IAM. Mais informações através do WhatsApp: (48) 99962-0084, ou o e-mail: florianopolis@paulus.com.br.


Nossa fé

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Todos irmãos

Uma cidade em nossas mãos

PA DR E V I T OR G A L DI NO F E L L E R

F E R N A N D O A N Í S IO B A T I S T A Foto: Jcomp/Freepik

No dia 3 de outubro, sobre o túmulo de São Francisco de Assis, o Papa Francisco assinou a encíclica Fratelli Tutti sobre a fraternidade e a amizade social. É um convite a sonhar com um mundo novo em que prevaleça o amor sobre o ódio, a reconciliação sobre a divisão, a acolhida sobre a exclusão. Um mundo fechado Na análise de nossa realidade, o papa destaca o peso do egoísmo, das divisões, exclusões, parcializações, fakenews, que nos angustiam e atrapalham na construção de uma sociedade justa. Ressalta o modo cada vez mais desumano no trato com os pobres, marginalizados, migrantes, refugiados e outros, que são tratados como sacrificáveis e descartáveis. Denuncia a insensibilidade diante do grito da Terra e dos pobres. Recrimina a deterioração da ética, a desigualdade de direitos, as novas formas de escravidão, o enfraquecimento dos valores espirituais. Um estranho no caminho Diante dessa realidade onde parecem vencer a desesperança e a desconfiança, o papa sugere que cada um de nós é interpelado por Deus e pelo próximo, a ser um estranho no caminho. Como o Bom Samaritano, que,

mesmo sendo herege aos olhos dos religiosos judeus, marcou diferença diante do ferido à beira do caminho. Viu, acolheu, socorreu, curou. Foi um estranho no caminho. Também nós somos convidados a ser estranhos. Em vez de entrar no jogo da violência, pagar o mal com o mal, entrar nas redes do ódio, somos estimulados a ser “estranhos”, diferentes, construtores de paz e fraternidade. Um mundo aberto Envolvidos por esse mundo fechado, a nossa diferença será sonhar, pensar e gerar um mundo aberto. Um mundo em que se acolha a pluralidade de culturas, religiões, cosmovisões, modos de pensar e agir no campo da política, da economia, da organização social. Como num poliedro, com suas diversas facetas! Como na Santíssima Trindade, onde a unidade acontece na acolhida da diversidade de três pessoas que se amam tanto e tão bem que são um só Deus! Para isso é preciso ter um coração aberto a toda pessoa que precisa de nosso amor, promover uma política que se marque pela disposição ao serviço de todos, sobretudo dos mais vulneráveis, insistir na cultura da proximidade, do encontro e do diálogo, valorizar as religiões como caminhos para a fraternidade universal.

Você também pode conferir este e os demais artigos no site da Arquidiocese:

www.arquifln.org.br.

Novamente o futuro da cidade em que vivemos está em nossas mãos. Tamanha é a responsabilidade de cada cidadão em ter o direito e o dever de votar consciente pensando na coletividade para que a cidade seja um ambiente de vida, onde todos possam viver com dignidade, tendo seus direitos respeitados independente da classe social que ocupa. A crise de representação política e seu descrédito crescente, aliado à pandemia, caracteriza uma das mais difíceis eleições da história do Brasil. No entanto, isso não isenta cada eleitor da responsabilidade, pelo contrário, aumenta ainda mais a responsabilidade de cada pessoa, pois escolhas erradas neste momento da história podem piorar ainda mais a situação que vivemos. O que fazer diante dessa situação? 1. Entender a importância do voto para o futuro da cida-

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de. Seu voto está diretamente relacionado com a qualidade de vida para todos. Por isso, não deve partir de uma perspectiva individualista. 2. Escolher política com “P” maiúsculo: é preciso conhecer bem o candidato e identificar com quem ele é comprometido. Os candidatos com “P” maiúsculos estão comprometidos com a cidade, com a população socialmente vulnerável, com políticas públicas efetivas, ao contrário dos candidatos da política com “p” minúsculo que estão comprometidos com grupos econômicos que almejam utilizar a política para obter mais lucro. Lembre-se, como afirmou São Paulo IV: “a política é a melhor forma de exercer a caridade”. Não deixe os outros decidirem por você o que é melhor para a sua cidade. Vote certo, vote consciente. Vote em quem quer o melhor para sua cidade. Imagem: Freepik


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Especial

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Ação Social Arquidiocesana: 60 anos de história A ASA Floripa celebra o seu aniversário no dia 17 de novembro. Vamos recordar um pouco dessa história que mudou a vida de milhares de pessoas na Arquidiocese de Florianópolis. Em 17 de novembro de 1960, a Arquidiocese de Florianópolis aprovou em sua Assembleia de Pastoral a criação da Ação Social Arquidiocesana (ASA), com o objetivo de coordenar as obras sociais das áreas de educação de base e de promoção humana. Embora criada em 1960, a ASA adquiriu personalidade jurídica só em 17 novembro de 1966. Seu primeiro presidente foi Dom Afonso Niehues, Arcebispo de Florianópolis desde 1965. Nesta época eram poucas as paróquias com trabalhos sociais organizados, destacando-se a Ação Social São Luiz Gonzaga de Brusque (1949), a Assistência Social São Luiz da Agronômica (1950) e a Ação Social da Trindade (1955). Com a criação da ASA essas entidades potencializaram seus trabalhos a partir da oferta de assessoria, de apoio técnico e da organização interna. Apesar de ser o início de uma organização social arquidiocesana, já existia no âmbito da Arquidiocese uma presença forte de trabalhos sociais que eram assumidos pelas congregações religiosas. Essas iniciativas eram basicamente de amparo aos menores abandonados e crianças órfãs, em sistema de internato. No início dos seus trabalhos, a ASA assumiu o Programa Aliança para o Progresso, que no Brasil era executado pela Cáritas Brasileira, organização da Igreja Católica de âmbito internacional, que, no Brasil, faz parte da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Tratava-se, então, de organizar a distribuição de alimentos provenientes dos Estados Unidos, que por temer um avanço do comunismo na América Latina após a Revolução Cubana, buscava diminuir a miséria nos países subdesenvolvidos. Ainda neste período, foi firmado um convênio com a Legião Brasileira de Assistência (LBA), órgão do governo federal, que oferecia recursos para a manutenção dos cursos de educação de base. Sendo assim, foram criados grupos sociais nas obras sociais filiadas à ASA para o desenvolvimento dos referidos cursos. Nesta ocasião abre-se espaço para a atuação de assistentes sociais e estagiários/as, sendo a primeira instituição a implantar campo de estágio para a Faculdade de Serviço Social, que chegou a atingir o número de sete profissionais e de vinte estagiários. Este quadro permaneceu até o ano de 1977.

Do emergencial à promoção humana Na década de 70, a Ação Social Arquidiocesana deu grandes passos no fortalecimento do seu trabalho. Esse período foi momento forte de organização de grupos e de ações voltadas à promoção humana, resultado de sua interação com as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e da efervescência da atuação leiga. Foi a época em que se destacou a “opção preferencial pelos pobres”, a partir da aprovação dos documentos de Medellín (1968) e Puebla (1979). Para o desenvolvimento de suas atividades foi firmado um convênio com a Misereor, entidade católica da Alemanha, de cooperação internacional, que é constituída com recursos que o Governo e a Igreja Católica daquele país colocam à disposição para financiar projetos de desenvolvimento social. Este convênio possibilitou o fortalecimento dos trabalhos desenvolvidos com as obras sociais filiadas. O Projeto “Mensageiro da Caridade” iniciou no ano de 1975, com sede onde atualmente funciona a Cúria Metropolitana de Florianópolis. O objetivo do projeto era a arrecadação e doação de roupas e alimentos e a comercialização de móveis, o que tornou-se um marco na história da ASA. No final da década de 70, a ASA desenvolvia, em convênio com LBA, atividades de educação para o trabalho e de promoção social. A primeira era voltada para cursos, incentivava a formação e qualificação de mão-de-obra; e a segunda organizava trabalhos com grupos de mães, creches e desenvolvia projetos com os jovens.


Especial

Jornal da Arquidiocese, novembro DE 2020 Fotos: Arquivo/ASA

As lutas pela transformação social Na década de 80, houve uma forte atuação na luta pela ampliação dos direitos sociais, envolvendo as organizações populares e comunitárias em vista da criação de processos de tomada de consciência crítica e coletiva quanto à realidade social do país, fundamentando-se na busca da construção de novas relações sociais que privilegiam a justiça e a vida. Com destaque para o envolvimento com o Movimento Constituinte, que criou processos nas diversas instâncias da sociedade, formulando proposta para compor a Constituição Federal aprovada em 1988. O fortalecimento popular e comunitário era compreendido como um processo que envolvia diversas demandas presentes na periferia, como educação, cultura, habitação, lazer, esporte, entre outros. Como resultado do trabalho de organização popular, surgiram diversos projetos de inclusão produtiva e de abastecimento formada por associações e cooperativas, além de ações voltadas a alternativas na área da saúde, mini-projetos e organização de grupos de idosos nas comunidades. Nesta década, o marco foi o acompanhamento às crianças de rua e da periferia, exercendo papel articulador no Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, sediando o escritório do mesmo em Santa Catarina, que coordenava um grupo de educadores e os núcleos de base em 13 comunidades empobrecidas da Grande Florianópolis. Com o fim do convênio com a LBA, há uma orientação e assessoria para a consolidação jurídica das Obras Sociais, e os convênios com a LBA passam a ser efetuados por essas Obras. Neste momento, a ASA redefine sua atuação e passa a realizar o trabalho de assessoria junto às Obras Sociais, havendo uma relação de autonomia, pois se concretiza a parte jurídica. Essa assessoria passa a ser fundamental no reforço às organizações populares. Além de sua função de acompanhamento a projetos sociais comunitários, a ASA também atuou, e ainda atua, nas situações de emergência. Ainda nesse período da década de 80, foi promovida uma grande campanha de solidariedade com as paróquias da Arquidiocese em apoio aos flagelados das enchentes de Blumenau e Itajaí.

A luta na consolidação dos direitos sociais Após o período de redemocratização do país, atuou-se fortemente na construção de políticas públicas relacionadas às suas áreas de atuação, como foi a aprovação do Estatuto dos Direitos da Criança e Adolescente em 1990 e do Estatuto da Pessoa Idosa em 2003. Na década de 90 a ASA assume o trabalho por linhas de atuação, sendo elas: criança e adolescente, idoso, pastoral da saúde, geração de trabalho e renda, e ações socais paroquiais. Através da continuidade do convênio com Misereor dispõe de uma equipe técnica contratada para o desenvolvimento do seu trabalho, além de ser campo de atuação para diversos estagiários das universidades com quem manteve convênio. Em 1992, seu Plano de Ação apresentava atendimento a 32 Obras Sociais, vinculadas a seis programas, aos quais oferecia acompanhamento sistemático. Essa década é marcada por um novo quadro na educação para o exercício da cidadania, que inclui a participação popular, e propõe a ruptura com a passividade relativa às questões que envolviam o conjunto da sociedade. Dada a situação de organização política do país, a ASA prioriza sua intervenção em políticas públicas e, em conjunto com outras entidades da sociedade civil, passa a atuar nos espaços de exercício do controle social. Por isso, a ASA participou (e participa) de diversos conselhos e fóruns, entre eles: da criança e adolescente, idoso, saúde e assistência social. No final da década de 90 a Arquidiocese de Florianópolis criou o Fundo Arquidiocesano de Solidariedade (FAS), que é composto com recursos da Coleta da Solidariedade, e que visa apoiar projetos sociais e de geração de trabalho e renda que apontem para a superação das estruturas de pobreza e injustiça social. Com a implantação do FAS houve a ampliação e qualificação de projetos e programas sociais realizados nas comunidades. Entre os anos de 2000 e 2005 a ASA executou diretamente o Programa Liberdade Assistida Comunitária, através do convênio entre a Pastoral do Menor e o Ministério da Justiça, nas comunidades Chico Mendes e Novo Horizonte, atendendo a mais de 200 adolescentes em medida sócio educativa. Foi fundadora do Fórum Catarinense e Brasileiro de Economia Solidária. Manteve suas linhas de atuação da década anterior e iniciou um processo de atuação em rede com as ações sociais paroquiais para o desenvolvimento dos seus trabalhos.

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Reorganização institucional Em 15 de novembro de 2011, Dom Wilson toma posse como Arcebispo de Florianópolis e fez mudanças na forma de organização da ASA, a começar pela diretoria da entidade. Dom Wilson abre mão de assumir como presidente, o que possibilitou que Pe. Mário Sérgio do Nascimento assumisse. Após sua renúncia, Sandra de Aparecida de Souza Schlichting assumiu de forma interina até a eleição e posse da próxima diretoria. Ela foi a primeira mulher e leiga presidente da ASA. Na Assembleia Arquidiocesana de Pastoral de 2012, foi aprovado o 13º Plano Arquidiocesano de Pastoral (2012-2022) que teve como base as urgências da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. A ASA foi responsável pela organização dos indicativos da 5ª urgência: “Igreja a serviço da vida plena para todos”. Para executar o 13º Plano Arquidiocesano de Pastoral, foram organizados projetos. Foi destinada à ASA a organização do projeto “A Caridade Social na Arquidiocese”. Vale destacar que este projeto mudou substancialmente a forma de atuação da ASA, agora com o papel de dinamizar toda dimensão social da evangelização na Arquidiocese de Florianópolis.

Paróquia São Luís Gonzaga - Brusque

Diáconos na diretoria da ASA Após uma parceria de 34 anos com Misereor, entidade da Igreja Católica na Alemanha, a ASA encerrou seu convênio em 2014. Num momento de crise institucional ocasionada pelo encerramento deste convênio e no processo de mudanças de diretoria, a ASA inicia uma nova fase institucional com o diaconato arquidiocesano em sua gestão, aproximando os diáconos do serviço da caridade social. Dom Wilson motivou os diáconos a assumirem a diretoria da instituição, tendo o Diác. Djalma Lemes como primeiro diácono presidente. Na diretoria da ASA, os diáconos têm um papel fundamental de motivar, articular e organizar os trabalhos sociais nas paróquias, bem como de representar a ASA nas foranias. Além de realizarem a gestão da ASA, eles também atuam diretamente junto às paróquias no serviço da caridade e na promoção social junto a diversas instituições da Arquidiocese de Florianópolis. A partir da presença efetiva dos diáconos na diretoria da entidade e do 13º Plano Arquidiocesano de Pastoral, há um novo impulso no fortalecimento da dimensão social da evangelização, com ações sociais paroquiais organizadas em quase todas as paróquias da Arquidiocese.

Pastoral do Imigrante

Novas Pastorais Sociais A partir de 2014, com os novos desafios, surgiram novas pastorais sociais, como a Pastoral do Imigrante, Pastoral da AIDS e Pastoral do Povo de Rua. A ASA esteve e está intimamente ligada aos processos de implantação, mobilização e organização desses grupos, fortalecendo-os, apoiando-os e assessorando-os. Pastoral do Imigrante: o Brasil foi porta de entrada para muitos imigrantes a começarcom os imigrantes sírios refugiados de guerra. Depois vêm os haitianos, em busca de um local seguro para viver após o país ter sido devastado por terremoto; e venezuelanos, após a crise de governo e a crescente pauperização da população. Assim surgiu a Pastoral do Imigrante que tem por objetivo articular e organizar os migrantes e imigrantes em geral, em âmbito local e nacional. Visa a organização e promoção dos grupos que vivem o drama da migração forçada e todas as suas consequências.

Pastoral da AIDS

Pastoral da AIDS: com o objetivo de educar, prevenir e assistir pessoas ligadas à problemática da AIDS, a pastoral também executa atividades educativas, preventivas, acompanhamento psicológico por meio de voluntários capacitados e de encaminhamentos à rede de saúde. Pastoral do Povo de Rua: estimula a promoção de ações junto à população de rua e catadores de materiais recicláveis, para que construam alternativas em defesa da vida e contribuam na elaboração de políticas públicas.

Um caminho de solidaridade Nos últimos dez anos, a Ação Social Arquidiocesana se reinventou e se fortaleceu, tanto como entidade de assistência social, quanto com a aproximação de sua essência, a Igreja. Também redesenhou seu papel voltado à Caridade Social na Arquidiocese e se aproximou ainda mais das pastorais sociais. O fórum das pastorais sociais, realizado regularmente, fortalece as ações locais e a troca de experiências entre as mais diversas comunidades. As demandas levantadas são problematizadas em rede e são organizadas formas de enfrentamento comum, possibilitando maior integração entre os mais diversos grupos.

Pastoral do Povo de Rua

A participação da instituição em importantes espaços de discussão de políticas públicas na Grande Florianópolis, como o Fórum de Políticas Públicas da capital, o Conselho de Habitação, o Conselho Estadual de Assistência Social, entre outros, propicia à ASA um olhar abrangente sobre as políticas públicas e a possibilidade de traçar caminhos de acordo com a realidade. A ASA fez parcerias com diversas instituições tanto públicas, quanto privadas e promoveu importantes debates referentes a políticas públicas emergentes ou que precisavam se consolidar. Para saber mais ou fazer parte dessa história, acesse o site: asafloripa.org.br.


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Projetos desenvolvidos pela ASA A Ação Social Arquidiocesana desenvolveu diversos projetos nestes últimos dez anos, dando subsídios sociais, econômicos e ambientais a diversos grupos comunitários já organizados e/ou que foram organizados pelas ações empreendidas durante o processo de desenvolvimento. Projeto FORTEES (2012-2015): teve como objetivo contribuir para a viabilidade econômica de Empreendimentos de Economia Solidária (EES) como alternativas de geração de trabalho e renda, em vista do protagonismo de grupos sociais em situação de exclusão em Santa Catarina. Em parceria com a Cáritas Brasileira, o projeto impactou positivamente as comunidades na geração de trabalho e renda, sendo que mesmo com o fim do projeto alguns grupos continuam a desenvolver seus projetos e a gerar renda a partir de suas comunidades.

CRAI

Prêmio Dom Afonso Niehues 2019

Gestão de Risco e Desastre - construindo comunidades seguras (2012-2014): objetivou construir comunidades mais seguras em municípios de Santa Catarina, através da formação e capacitação de entidades sociais e lideranças comunitárias para atuarem em prevenção e resposta a desastres socioambientais. O projeto recebeu apoio do Instituto HSBC de Solidariedade e impactou positivamente famílias de pelo menos 11 municípios, em especial voluntários das paróquias que atuam com mais frequência em eventos como inundação, dando a capacitação necessária para atuação, em especial na gestão de abrigos temporários. Execução do PROVITA (2016-2019): execução e manutenção das ações do Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas no estado de Santa Catarina. A preocupação com o contexto social do país marcado pela desigualdade e injustiça social deu origem ao Programa de Defesa dos Direitos Humanos. O programa de proteção baseado na inserção social de vítimas, testemunhas e seus familiares em novas comunidades, de forma sigilosa, contando com a participação da sociedade civil na formação de uma rede solidária de proteção. Execução do CRAI (2018-2019): o objetivo do Centro de Referência de Atendimento ao Imigrante, serviço especializado para migrantes e refugiados da Grande Florianópolis e Palhoça, foi de prestar atendimento especializado e intermediar vagas de trabalho a migrantes, refugiados e solicitantes de refúgio.

Casa de Apoio São José

Campanha 10 Milhões de Estrelas (desde 2014): Além de motivar momentos de reunião familiar em oração na noite de Natal, o projeto gera renda para as paróquias por meio da venda da vela. Prêmio Dom Afonso Niehues (desde 2016): objetiva incentivar, valorizar e dar visibilidade às iniciativas realizadas por entidades sociais, ações sociais paroquiais, movimentos eclesiais, pastorais sociais e pessoas que contribuem para a cultura da solidariedade. Também busca reconhecer publicamente os esforços das organizações, associações, entidades, grupos populares e pessoas na luta em defesa e melhoria de vida da população em vulnerabilidade social. Os recursos vêm do Fundo Arquidiocesano de Solidariedade, constituído pelos recursos da Coleta da Campanha da Fraternidade, realizada anualmente no final de semana do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor.

Projeto Rios

Casa de Apoio São José (desde 2017): tem como objetivo acolher dignamente os acompanhantes dos pacientes do Hospital Dr. Homero de Miranda Gomes (Hospital Regional de São José), oferecendo estadia, refeições e local para descanso a pessoas vindas de vários municípios de Santa Catarina para realizar intervenções médico-hospitalares. A Casa tem capacidade para acolher dignamente 26 pessoas, homens e mulheres. Além de proporcionar estadia, a casa oferece quatro refeições, espaço para banho e descanso. Projeto Bazares Solidários (desde 2019): O projeto Bazares Solidários se consolidou com a parceria entre Caritas Brasileira Regional e o Instituto Lojas Renner, que realizam mensalmente doação de roupas e acessórios com pequenos defeitos. Tem como objetivo potencializar a sustentabilidade de entidades sociais em sua missão.

CIS Santa Dulce dos Pobres

Projeto Rios (desde 2017): tem como objetivo envolver comunidades e grupos organizados na luta pela preservação dos rios. Criar uma rede de proteção que coloca em evidência a defesa da “seiva da vida”, envolvendo as famílias e comunidades num debate atual e em consonância com a Encíclica Laudato Sì. Centro de Integração Social Santa Dulce dos Pobres (2020): possibilita o desenvolvimento comunitário, proporcionando a articulação de entidades sociais locais; formação e geração de trabalho e renda aos moradores da Vila Aparecida, na parte continental de Florianópolis.

Recanto São Francisco

Recanto São Francisco (em construção): o objetivo do Recanto é acolher pessoas que saíram da situação de rua, com enfoque na inserção social. Ainda em fase de construção no bairro Aririú, em Palhoça.

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Bíblia

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Lectio Divina

O Dízimo e a Palavra

PADR E PAULO STIPPE SCHMITT A Palavra de Deus, referindo-se ao Dízimo é sempre positiva, alegre e edificante, trazendo em seu exercício as bênçãos do céu ao ser humano! Dízimo, portanto, é essencialmente bíblico em seu sentido, manifestado e vivido pelo Povo de Israel, ao longo da história, como poderemos ver em algumas das muitas passagens da Escritura Sagrada. Em Provérbios (Pr 3,9-10), ela nos diz: “Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda e se encherão fartamente os teus celeiros e transbordarão de vinho os teus lagares”. O Povo de Israel, em sua tradição e escritura, tinha uma consciência bastante clara sobre o sentido e o significado que a Palavra tinha com relação a gratidão, pelos benefícios que recebia de Deus. Esta consciência os fazia partilhar os produtos de suas colheitas e os seus animais, pois sentiam a presença e a bênção do Senhor, derramada sobre seus trabalhos e sobre os seus bens. Em Eclesiástico (Eclo 35,12-13), vemos: “Dá ao Altíssimo, conforme te foi dado por ele. Dá de bom coração de acordo com o que tuas mãos ganharam, pois o Senhor retribuirá a dádiva. Recompensar-te-á tudo sete vezes mais”. O povo judeu, entendendo a partilha (Dízimo) mais no plano material dos bens e das plantações, praticava a forma usual da apresentação de suas oferendas ao altar do Senhor no Templo. Era o seu louvor ao Deus Criador e Senhor do céu e da terra. São Paulo, inspirado nos textos sagra-

dos do Antigo Testamento, incentiva os cristãos de Corinto, afirmando que “poderoso é o Senhor para cumular-vos com toda a espécie de benefícios, para que, tendo sempre e em todas as coisas o necessário, vos sobre ainda muito para toda a espécie de boas obras” (2Cor 9-8). É uma referência às bênçãos de Deus para todo aquele que realiza as boas obras, entre as quais, as obras da partilha. Portanto, quando partilhamos ou doamos, não reduzimos os nossos bens pois seremos sempre recompensados pela generosidade do Senhor. Da boca do profeta Malaquias saíram estas palavras de orientação ao povo: “Pagai integralmente os dízimos ao tesouro do Templo, para que haja alimento em vossa casa. Fazei a experiência, diz o Senhor dos exércitos, e vereis que derramo a minha bênção sobre vós muito além do necessário. Para vos beneficiar afugentarei o gafanhoto, que não destruirá mais os frutos de vossa terra e não haverá no campo vinha improdutiva” (Ml 3, 10-11). Por isso, não podemos ver no Dízimo um peso, uma dificuldade, mas uma grande bênção do Senhor, comprovada nos escritos sagrados que acabamos de ver. Fica esta breve reflexão como um incentivo a todos para que também participem da grande família dizimista integrando-se cada vez mais às suas comunidades. Diácono João Flávio Vendruscolo Coordenação Arquidiocesana do Dízimo

CONHECENDO AS CARTAS DE SÃO PAULO

Lectio (leitura): Solenidade de todos os santos e santas de Deus (Ap 7,2-4.9-14): Eu, João, vi um Anjo que subia do Nascente, trazendo o selo do Deus vivo. [...] E ouvi o número dos que foram marcados: cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel. Depois disto, vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão. E clamavam em alta voz: “A salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro”.

Meditatio (meditação) Uma multidão imensa diante do Trono de Deus, todos reunidos para o louvor do Santo: uma liturgia no céu. Túnicas brancas e palmas nas mãos: símbolos do Batismo, da pureza de vida, da vitória. Estar de pé diante do Trono: haurir da vida que vem de Deus, da graça da ressurreição agindo em nós, pondo-nos de pé. Detenho-me sobre a passagem bíblica e visualizo a cena, a visão do apóstolo João. Oratio (oração) Com os santos e santas, rezo também eu: “A salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro”. Adoro o Senhor, Santo e fonte de toda a santidade. Contemplatio (contemplação) Santo é o Senhor nosso Deus: Santo, Santo, Santo. Contemplo a santidade de Deus manifestada na vida de tantos irmãos e irmãs meus. Essa mesma santidade deve manifestar-se em mim. Missio (missão) Chamado a ser santo/santa também eu, quero que minha vida seja verdadeiro seguimento de Jesus: eis a santidade.

P OR PA DR E G I L S ON M E U R E R

Carta aos Hebreus (parte 2): Cristo, superior aos anjos Na introdução da Carta aos Hebreus (1,1-4), apresenta-se, de forma sintética, o conteúdo fundamental da epístola: a eminente dignidade de Cristo, Filho de Deus, sobre toda criatura, cuja obra salvadora é única e definitiva. Ele é a irradiação da glória do Pai e expressão da sua substância pois, sendo Filho, é a revelação mais perfeita de Deus. Na primeira meditação (1,5–14), Jesus é apresentado como superior aos anjos. Alguns judeus atribuiam a esses seres espirituais uma função mediadora da Lei, um certo papel salvador e até ações sacerdotais. Jesus, porém, sendo Filho de Deus-Pai, o Messias e Rei eterno, é tão superior que os próprios anjos lhe prestam reverência.

Jesus Cristo, participante do domínio absoluto de Deus, implanta seu Reino progressivamente até o último inimigo ser subjugado, e os anjos servem permanentemente àqueles que devem herdar a salvação. Se ignorar a Lei, trazida pelos anjos, já incorria em graves males, quanto mais ignorar a revelação trazida por tão sublime Salvador. Em razão disso, a carta faz uma parêntese parenética (2,1-4), advertindo para não ignorar a revelação do Senhor. A retomada da reflexão da superioridade de Cristo (2,5-18) esbarra num porém: a sua humanidade e a sua morte. A natureza humana, “um pouco” inferior à dos anjos, todavia está coroada de glória em razão do seu domínio sobre a natu-

reza (alusão ao Sl 8). Cristo ainda mais, pois se lhe estão submetidos o mundo futuro e os bens messiânicos. A paixão, na verdade, era uma condição obrigatória do seu “ser Pontífice”, isto é, ponte entre o divino e o humano, entre o santo e o pecador. Cristo, o Santo Filho de Deus, veio ao encontro da sorte desditosa da humanidade pecadora e experimentou a morte em favor de todos os homens. Na sua condição humana, pôde assumir o castigo da humanidade através de sua paixão e, na sua condição divina, cancelou esse castigo e re-estabeleceu a comunhão com Deus. A salvação de Cristo, então, é única e irrepetível, pois somente ele pode ser a Ponte entre o humano e divino. Ele é “o caminho”.


Paróquias

Jornal da Arquidiocese, novembro DE 2020

Nossas paróquias:

Foto: Arquivo\Paróquia São Cristóvão

A Paróquia São Cristóvão, do bairro Cordeiros, em Itajaí, foi criada em fevereiro de 1968 através do decreto de Dom Afonso Niehues, Arcebispo Metropolitano. O primeiro pároco foi o Pe. Taehcyl Tavares, que permaneceu na comunidade até 1971. Atualmente a paróquia possui 19 comunidades e é administrada pela Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (SCJ). Para sabe mais, acesse: www.paroquiasaocristovao.com/.

Foto: Arquivo\Paróquia São João Bosco

A Paróquia São João Bosco, do bairro Dom Bosco, em Itajaí, foi criada em março de 1968, para atender às necessidades espirituais dos fiéis da região. A primeira missa realizada na Igreja Matriz aconteceu em 30 de outubro de 1983. A paróquia é administrada pela Congregação dos Padres Salesianos e atualmente possui 12 comunidades, com diversas pastorais em cada uma delas. Para conhecer mais sobre a história da Paróquia, acesse: www.facebook.com/ParoquiaSaoJoaoBoscoItajai/.

Giro de notícias: No dia 19 de outubro, a Paróquia São Pedro de Alcântara celebrou uma missa solene em honra ao padroeiro da cidade e do Brasil. A celebração foi aberta aos fiéis, respeitando as normas sanitárias, e também transmitida no Facebook da Paróquia.

Diversas paróquias da Arquidiocese realizaram a bênção dos animais no dia 4 de outubro, no dia de São Francisco de Assis. Na Paróquia Santa Inês, em Balneário Camboriú, os animais receberam a bênção em frente à Igreja Matriz.

A Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro Procasa, em São José, realizou uma missa em honra à padroeira do Brasil e da paróquia no dia 12 de outubro.

arquiioripa

Arquidiocese de Florianópolis

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@ARQUIFLORIPA arquiioripa 2º Domingo do Tempo Comum Ver todos 5 comentários 19 DE JANEIRO

A Paróquia São Judas Tadeu e São João Batista, do bairro Ponta da Imaruí, em Palhoça, realizou festa em honra a seu padroeiro, São Judas Tadeu. Além da Missa de Ação de Graças, com a relíquia do santo, a paróquia realizou a venda de almoço, pães e bolos.

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Evangelização

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Papa Francisco lança o novo Pacto Educativo Global No último dia 15 de outubro, através de uma mensagem em vídeo aos participantes do encontro promovido pela Congregação para a Educação Católica na Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, o Papa Francisco fez a abertura do Pacto Educativo Global, proposta que ele mesmo lançou em 12 de setembro de 2019 e que tinha sua abertura prevista para o dia 14 de maio de 2020 com a participação de educadores do mundo inteiro reunidos em Roma, evento este que teve que ser transferido e remodelado por causa da pandemia. Vários elementos motivaram o Papa Francisco a propor um Pacto pela Educação. Entre eles, destacam-se os vários pedidos, não somente de ambientes cristãos católicos, mas também vindos de não católicos e não cristãos para que o Papa liderasse um movimento global pela educação. Nunca, como agora, houve necessidade de unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras e com responsabilidade na construção do bem comum, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna. O Papa iniciou sua mensagem destacando que a pandemia acabou por deflagrar uma “catástrofe educativa”, uma vez que impediu milhões de crianças de frequentarem a escola, somando-se assim às tantas outras que,

Foto: Unplash/Rajesh Rajput

em idade escolar, já são excluídas de qualquer tipo de atividade formativa. Francisco destacou ainda que “educar é sempre um ato de esperança que convida à coparticipação transformando a lógica estéril e paralisadora da indiferença numa lógica diferente, capaz de acolher a nossa pertença comum”. E insistiu dizendo que a educação é “um dos caminhos mais eficazes para humanizar o mundo e a história”. Ao propor este pacto, o Papa inspira-se no provérbio da sabedoria africana, que afirma que “para educar uma criança é necessária uma aldeia inteira”. A imagem da aldeia evoca uma ampla aliança pela educação que incumbe de responsabilidade não apenas determinados atores sociais, mas pressupõe um envolvimento de toda sociedade. Por isso, ele solicitou a participação e o

envolvimento de todos os profissionais da cultura e da educação, da ciência e do desporto, os gestores públicos, os meios de comunicação social, as famílias, os próprios estudantes, enfim, todas as pessoas que se preocupam com a educação da atual e das futuras gerações para que empenhem suas melhores energias assumindo a proposta deste pacto. Por fim, o Papa indicou sete pontos essenciais para a concretização do Pacto Educativo Global: - 1º: colocar a pessoa no centro dos processos educativos; - 2º: ouvir a voz das crianças, adolescentes e jovens, - 3º: favorecer a plena participação das meninas e jovens na instrução; - 4º: ver na família o primeiro e indispensável sujeito educador; - 5º: educar e educarmo-nos para o acolhimento, de forma especial dos mais vulneráveis e marginalizados. - 6º: encontrar outras formas de compreender a economia, a política, o crescimento e o progresso. - 7º: guardar e cultivar a nossa casa comum. Vamos todos assumir a proposta que nos faz o Papa Francisco, fazendo parte desta grande aldeia que educa. Diácono Ricardo Marques Pastoral da Educação

CARIDADE SOCIAL

ASA mobiliza Arquidiocese para a Campanha 10 milhões de estrelas Foto: André Kinal/ASA Floripa

A Campanha 10 Milhões de Estrelas é uma iniciativa permanente da Cáritas Brasileira que se repete a cada ano, no período do Advento e Natal, como gesto concreto e coletivo, na perspectiva da consolidação da cultura de paz, da justiça social e de uma espiritualidade comprometida com a vida humana e com os direitos da natureza. Neste ano a Campanha 10

Milhões de Estrelas propõe o tema “Viu, cuidou e o mundo inteiro se iluminou!” e o lema “Brilhe vossa luz para que vejam as vossas boas obras” (Mt 5,16). O objetivo é animar pessoas, grupos e comunidades a vivenciar o espírito de Natal na perspectiva da construção da paz que é fruto da justiça e do direito. A inciativa objetiva também animar a esperança proativa em tempos desafiadores como o que estamos vivendo com as consequências da pandemia de Covid-19.

Oração que leva a comunhão com os irmãos Em especial neste ano de 2020 a Cáritas Brasileira lançou materiais complementares para que as famílias possam se preparar com mais profundidade para as celebrações de Natal. Os materiais são: o Ro-

teiro Celebrativo, que tem o objetivo de proporcionar momentos orantes durante as Novenas de Natal ou na noite de Natal; a Oração pela Paz, que estará disponível no roteiro celebrativo, na caixa da vela e em alguns materiais produzidos para a mobilização nas redes sociais, e a Vela da Paz, que neste ano terá o formato de estrela e virá em caixa personalizada com logomarca da campanha e slogan. Assim como nos outros anos o valor unitário da vela é de R$ 5,00. Parte deste valor será repassado à Rede Caritas, para cobrir os custos de produção das velas e no fortalecimento da instituição, e a outra parte será destinada aos trabalhos sociais das paróquias e grupos e organizações sociais da Arquidiocese de Florianópolis. Os pedidos podem ser feitos (48) 9 9609-5975 ou asa.arquifln@gmail.com.


Juventude

Jornal da Arquidiocese, novembro DE 2020

Dom Wilson envia mensagem aos jovens pelo DNJ Celebrado tradicionalmente no último domingo de outubro, o Dia Nacional da Juventude surgiu em 1985 (Ano Internacional da Juventude pela ONU) como uma atividade permanente da CNBB, que é realizada nas dioceses de todo o país. Com total apoio dos pastores de nossa Igreja, o DNJ celebra a vida dos (as) jovens de forma alegre, descontraída e comprometida com a realidade social em que vivem, tendo como base a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo. Em 2020, o DNJ foi celebrado no dia 25 de outubro. Em comemoração à data, o Arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck, enviou uma mensagem especial aos jovens. Assista ao vídeo em nosso canal: youtube.com/arquifloripa.

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Cronograma - novembro de 2020 01/11 – Solenidade de Todos os Santos 02/11 – Finados 09/11 – Dedicação da Basílica de Latrão 15/11 – Jubileu de Prata Presbiteral do Pe. Gercino Atílio Piazza 15/11 – Dia Mundial dos Pobres 17/11 – 60 anos da Ação Social Arquidiocesana (ASA) 17/11 – Entrega do Prêmio Dom Afonso Niehues - Catedral 21/11 – Apresentação da Santíssima Virgem Maria 21/11 – Ordenação Presbiteral - CEAR 21 e 22/11 – Coleta Campanha da Fraternidade e da Evangelização 22/11 – Santa Cecília - Dia do Músico 22/11 – Solenidade de Cristo Rei do Universo 25/11 – Santa Catarina de Alexandria, padroeira do Estado e da Arquidiocese 30/11 – Santo André, apóstolo

Movimento Emaús realiza 5ª edição do “Emaús É massa” Forania de Itapema realiza evento online Fotos: Ana Clara/Forania de Itapema

Para celebrar o Dia Nacional da Juventude (DNJ), os jovens da Forania de Itapema realizaram um evento online, o 2º Christus Vivit, com o tema: “Ele exulta de alegria por tua causa, por seu amor te renovará” (Sf 3,17). O evento ocorreu na tarde do dia 25 de outubro, direto da Paróquia Senhor Bom Jesus dos Aflitos, de Porto Belo, e foi transmitido pelo Facebook do Setor Juventude da Arquidiocese.

No final do mês de outubro, o Movimento Emaús realizou a 5ª edição do “Emaús é massa”. O objetivo do evento foi demonstrar a perseverança da comunidade, apesar das dificuldades trazidas pela pandemia de Covid-19, para arrecadar recursos para cobrir as despesas do Movimento de Emaús em 2020, garantir a confraternização da comunidade nas mesas virtuais e arrecadar produtos de higiene pessoal e de limpeza para doações sociais para a Casa-Lar Emaús e a Casa São José. Para ver as fotos e conferir a agenda de futuros eventos, acesse o Facebook.


Geral

Jornal da Arquidiocese, novembro DE 2020

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Viver o luto para não viver de luto

Foto: Josh Applegate/Unplash

“Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna” Jo 6,47.

A dor é uma experiência sensorial e/ou emocional, que gera esconforto. A morte, seja ela imediata ou prolongada, é uma realidade nada fácil de ser sentida. O luto é uma dor desagradável, mas provisória ao ser vivenciado e continua ao não ser vivenciado. Elaborar a partida de uma pessoa amada ou de uma mudança é ressignificar. Resignificar é transformar. Transformar é conhecer a si mesmo e aprender um novo jeito de estar na vida. O luto é um estado de consciência, sendo que, ao ser vivido, reside nas folhas caídas e renascidas como a vida, que continuará na eternidade. A experiência do luto é acompanhada por sentimentos de impotência, de desamparo, de desnecessário, por vezes difíceis para a autorregulação. É como combater o bom combate. Combatendo, permanecemos na presença que nos refaz e nos passa coragem e confiança. Por mais escuro que seja o luto, é ressignificando que conseguimos olhar um novo amanhecer. O luto é um momento de silêncio, de escuta e de reflexão. A seguir você encontrará as 5 fases que fazem parte do luto. Aprendendo a identificá-las também aprendemos a vivê-las: Negação: Negar algo é terrível, porém negar a realidade da morte é como negar a existência da própria vida no tempo e no espaço. A negação nos

O MUNDO SEMPRE VAI TER LUGAR PARA QUEM PENSA NO

PRÓXIMO.

ensina muitas coisas – assim como os óculos corrigem uma miopia. Por isso, a negação pode nos ensinar a enxergar a vida sem embaço. Enxergar é tornar-se consciente da realidade. Frente à realidade nos silenciamos. Silenciar é viver fortes emoções. Emoções são bálsamos pesados quando negamos e livres quando as vivenciamos. Uma das vivências desta fase é o peso do arrependimento trazendo a solidão emocional (um estado de desamparo) e a tristeza (chamada de tristeza triste). Mesmo com tantas pessoas, tudo parece só, sem calor. O isolamento é pelo fato de não querermos as pessoas ao nosso redor. O choque faz o tempo parar. A anestesia vai passando e um novo espaço vai sendo preenchido: – e, se eu tivesse ao lado dele(a). Raiva: A violação é terrível. Um questionamento: – Uma pessoa tão “boa”; – Tão jovem! . A raiva leva a reações imprevisíveis. É como um astigmatismo, onde tudo se torna distorcido. As relações se tornam mais delicadas, quando a revolta toma conta. Dentro da raiva existe a dor – um processo curativo de cicatrização que nos devolve pra dentro. Discutimos com a gente mesmo, com as pessoas e com Deus. Comparamo-nos com as outras pessoas, a fim de buscarmos tão-somente o amor. A raiva é contra si mesmo. Na verdade é uma elaboração da excelência da morte. Um abrigo para buscarmos o não vivido e o vivido. Saber que não estamos sozi-

nhos é valorar o não vivido. Barganha: É a estação que negocia a dor da perda. Negociar a perda é como comprar tudo de fora para a mudança – parece que é assim que vamos salvando a partida de quem amamos: – E se eu fizer um novo curso. Ou seja, negociamos tudo para reverter a realidade, entre elas as promessas e as mudanças de vida. Muitas vezes, o sentimento de culpa é escondido no silêncio interior. Se até o outono prepara o inverno, cortando as áreas sazonais das trocas de flores das árvores, quem sabe, podemos nos reiniciar em caminhos conhecidos ou desconhecidos Depressão: É o sentimento de perda irreparável. Perda que leva ao passado: história da pessoa, o que a pessoa mais amava fazer; são questionamentos. Uma tristeza profunda toma conta da realidade e até mesmo a decepção e a revolta. Um momento em que ficamos sozinho é comum. Uma estação que nos leva a estarmos face a face com a consciência da morte. No entanto, a dor é profunda e os caminhos são de sofrimento. Aceitação: Aceitar não é um campo florido e muito menos feliz – mas é um campo de entrega. A entrega é regada por momentos doloridos. Entregar quem amamos é entregarmos o próprio coração - é entregarmos a história vivida ou não vivida. Necessitamos de 70 x7 para aceitarmos a consciência da vida e da morte. A entrega é profunda, ela revisita a vida em segundos. É como se lá, em algum lugar, do campo uma flor se apresentasse – nos deixando mais leves. As fases do luto poderão vir juntas ou invertidas, porém é uma trilha progressiva do processo de elaboração da morte. O luto é a essência da renovação. Um coração enlutado se transforma com a escuta no ato de acolher e de receber. O sentido da escuta é força frágil e atualizadora, que deve ser tocada, manifestada e solicitada. Revelar o interior é como o encontro com a sarça ardente – despertando o encontro com as estações das perdas e do luto. O luto vivido revela novas descobertas e transforma o ser.

Priscila Nicolazi Psicóloga clínica

O COLÉGIO QUE FICA EM VOCÊ.

MATRÍCULAS

ABERTAS. www.colegiocatarinense.g12.br


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