Jornal da Arquidiocese | nº 243 | Março

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Jornal da

ARQUIDIOCESE

FLORIANÓPOLIS, nº 243

Missão

Padre Josemar é enviado para o Amapá | 3

MARÇO DE 2018

CF 2018

Lançamento oficial | 3

QUARESMA, NOS PASSOS DE JESUS

Reconciliação

“24 Horas Para o Senhor” | 4


Jornal da Arquidiocese, Março de 2018

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opinião O fermento dos fariseus

Sem caridade não há fraternidade

Dom Wilson Tadeu Jönck, scj

O Jornal da Arquidiocese (JA) deste mês fala na matéria principal, páginas 06 e 07, da relação entre Quaresma e fraternidade, e reforça a importância da caridade neste período. A caridade é vivida no escutar, no ser solidário, no amenizar do problema do irmão que pede ajuda. Na página 03, o JA entrevista o presidente do Conselho Missionário Diocesano (COMIDI), Pe. Josemar Silva, que foi enviado no dia 25 de fevereiro em missão para Diocese de Macapá, no Amapá. Ele também contou como surgiu a vocação missionária na vida dele. A Faculdade Católica de Santa Catarina (FACASC) abriu as inscrições para o curso de Pós-graduação em Gestão Eclesial, no qual vai proporcionar aos administradores de atividades eclesiais e filantrópicas o aperfeiçoamento em competências administrativas, jurídicas, contábeis e religiosas. Saiba mais na página 04. A página 09 fala sobre a inauguração do primeiro Centro de Referência de Atendimento ao Imigrante em Santa Catarina, que em parceria com o Governado Estado será coordenado pela Ação Social Arquidiocesana (ASA). Na contracapa desta edição, página 12, o leitor vai conferir alguns testemunhos dos fiéis das paróquias Nossa Senhora de Lourdes, São Cristóvão, São João Batista e São João Bosco, todas de Itajaí, que neste ano completam 50 anos de fundação. Uma abençoada Quaresma para você, leitor amigo do Jornal da Arquidiocese!

Cristo diz aos apóstolos para terem cuidado com o fermento dos fariseus (Mc 8,15). Os Evangelhos registram uma forte crítica de Jesus ao modo como os judeus viviam a religiosidade. Aquilo que Cristo diz aos fariseus, está dizendo também a cada um de nós. Sim, porque todos nós que procuramos viver mais intensamente a vida de fé, somos fortemente tentados a repetir aquele comportamento dos fariseus. Por este motivo é tão importante o tempo da Quaresma. Somos convidados a rever a nossa vida e nos afastar daquelas atitudes que nos identificam com os fariseus. E qual é o fermento dos fariseus? Os fariseus procuram a Jesus, não para segui-lo, mas para colocá-lo à prova. Mesmo que adotem uma prática religiosa, têm o coração duro. Não aceitam mudar de atitude, mas

querem desautorizar a prática de Jesus. É por belzebu que expulsa demônios, dizem eles (Mt 12,24). Buscam a polêmica para não ter que mudar a sua vida. O Evangelho diz também que os fariseus são hipócritas. “Fazei tudo que disserem, mas não imiteis o que eles fazem” (Mt 23,3). O divórcio entre o ser e o agir é uma tendência que persegue a todos que iniciam uma caminhada espiritual. Por este motivo sempre se procura esconder a realidade. Parecem uma coisa que não são. Os fariseus gostam também de parecer como austeros na observância, mas são sedentos de aplausos, ávidos por dinheiro. Multiplicavam as normas e preceitos. Tornavam muito pesada a vida dos fiéis. As penas pela transgressão das leis iam desde a pena capital até atos de penitência que deviam ser cumpri-

Nos caminhos de Francisco

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das pelos faltosos. Assim a lei deixava de ser um caminho, para se tornar um fardo a ser carregado. Os cristãos de todos os tempos são tentados a viver a vida religiosa ao modo dos fariseus, também no nosso tempo. Viver como discípulo de Cristo requer que superemos o fermento dos fariseus. A Quaresma é tempo de se dar conta da presença destas distorções e corrigir o curso da vida.

Nas redes

“A vida de fé consiste no desejo de estar com o Senhor e, portanto, numa busca contínua do lugar onde Ele habita”.

03 de fevereiro, no Twitter

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“Nenhuma doença é causa de impureza: a doença certamente envolve toda a pessoa, mas de modo algum afeta ou impede seu relacionamento com Deus. Pelo contrário, uma pessoa doente pode estar ainda mais unida a Deus”. 11 de fevereiro, no Angelus

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“Precisamos do Espírito Santo para transmitir a fé, sozinhos não conseguimos”. 12 de fevereiro, no Twitter

“Existe uma relação vital entre escuta e fé – estão unidas – porque a fé não nasce de fantasias da mente humana, mas sim da pregação, e a pregação surge pela palavra de Cristo. Ou seja, a fé alimenta-se com a escuta da Palavra e conduz ao Sacramento – no caso da missa, a comunhão”. 14 de fevereiro, na Audiência Geral

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@pontifex_pt @franciscus

“A Quaresma anuncia e torna possível voltar ao Senhor de todo o coração e com toda a nossa vida”. 15 de fevereiro no Instagram

Rua Esteves Júnior, 447, Centro Florianópolis-SC, Fone: (48) 3224-4799 / 99673-1266

Assessoria de Comunicação

O Jornal da Arquidiocese é uma publicação mensal da Arquidiocese de Florianópolis-SC.

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Dedicação da Igreja N. Sra. da Glória

O que você pode fazer pela paz?

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Dom Guilherme é o novo Bispo de Lages

Convocação: Jejum e Oração pela Paz

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“Somente quem sabe reconhecer os próprios erros e pedir desculpas recebe dos outros compreensão e perdão”. 17 de fevereiro, no Twittter

DIRETOR: Pe. Vitor Galdino Feller CONSELHO EDITORIAL: Dom Wilson Tadeu Jönck, scj, Pe. Tarcísio Pedro Vieira, Pe. Revelino Seidler, Carol Denardi, Fernando Anísio Batista e Mateus Peixer. JORNALISTA RESPONSÁVEL: Carol Denardi (SC 01843-JP) PROJETO GRÁFICO: Lui Holleben

DIAGRAMAÇÃO: Mateus Peixer COORD. DE PUBLICIDADE: Pe. Tarcísio Pedro Vieira e Erlon Costa TIRAGEM: 24.000 exemplares IMPRESSÃO: Diário Catarinense EMAIL: imprensa.arquifln@gmail.com SITE: www.arquifln.org.br


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#compartilha Uma Igreja missionária

Retalhos do Cotidiano Foto: COMIDI

Professor Carlos Martendal

São José

No Evangelho (Mt 10,8), Jesus diz: “De graça recebestes, de graça dai”. Não é isso que faz São José? De graça recebeu Jesus, de graça O dá! O bom José não complicava nada na vida; com a ajuda de Deus, simplificava o que era complexo e passava a entender o que era difícil. O Senhor habitava nele e com ele! Tenhamos grande amor àquele que foi pai do Amor! Padre Josemar, Joani e Geison foram enviados em missão

A Arquidiocese enviou em missão para a Diocese de Macapá, no Amapá, o Pe. Josemar Silva, que até o final do ano passado era pároco da Paróquia São Vicente de Paulo, de Itajaí. Presidente do Conselho Missionário Diocesano (COMIDI), o sacerdote foi enviado no dia 25 de fevereiro. Antes de partir, ele falou sobre este chamado missionário: “‘Antes de te formar no ventre materno, te conheci, te consagrei e te constituí profeta para as nações’ (Jr 1,5). Este é o lema que me acompanha desde a infância. Quando li pela primeira vez este texto do profeta, algo diferente ecoou dentro de mim. Aos poucos, Deus mostrava o que queria de mim, seja através da comunidade ou de pessoas, como o Pe. Nildo Dubiella, que no dia de minha Primeira Eucaristia me convidou a ser padre. O então seminarista do Pontifício Instituto das Missões Exteriores (PIME), Élio Albano, hoje padre da Diocese de Palmas (PR), levou-me para participar de um encontro vocacional no seminário do PIME, em Brusque. Posteriormente participei de outros,

que ajudaram a despertar a vocação presbiteral missionária. Em 1991, incentivado pelo Pe. João Elias Antero, participei de um retiro vocacional e decidi entrar no seminário, o que aconteceu no ano de 1993. Em 1997 fiz uma experiência missionária de 20 dias no município de Pintadas, Diocese de Ruy Barbosa (BA). O então Arcebispo de Florianópolis, Dom Eusébio Oscar Scheid, convidou-me para trabalhar na Diocese de Barra (BA), onde permaneci de 2001 a 2008. Agora, após nove anos na Arquidiocese, tenho a oportunidade de partir em missão novamente para a nossa Diocese Irmã de Macapá, onde desde 2015 está o Pe. José Jacob Archer. Estou muito feliz com essa oportunidade que me é dada por nosso Arcebispo Dom Wilson e pela nossa Arquidiocese. Conto com as orações de todos”. Além do Pe. Josemar, também foram enviados para Guiné-Bissau, na África, os missionários da Comunidade Divino Oleiro, Joani e Silva da Cruz e Geison Demarch.

Santa Catarina em missão: O Evangelho é alegria Foto: COMIDI

Nos dias 23 a 25 de fevereiro, na Paróquia São Francisco de Assis, no Aririú, em Palhoça, ocorreu o 5º Congresso Missionário Regional Sul 4. O evento foi organizado

pelo Conselho Missionário Regional (COMIRE) e reuniu 380 participantes de todo o Estado. O secretário nacional das Pontifícias Obras Missionárias, Pe. Antonio Niemiec, assessorou o encontro e refletiu sobre o tema “Santa Catarina em Missão” e o lema “O Evangelho é alegria”. As oficinas temáticas, orações, celebrações, convivência, também marcaram o congresso. Uma carta-compromisso foi redigida e acolhida pelos participantes, com o obejtivo de ajudar as Igrejas particulares a revigorar o dinamismo missionário.

Fraternidade 1

Saiamos das trevas, vamos à luz; deixemos a guerra, vivamos a paz; esqueçamos as ofensas, cultivemos o perdão; abandonemos a indiferença, importemo-nos com o outro, em quem está o Senhor, mesmo que esteja desfigurado. A paz reine em nosso coração, seja hóspede contínua de nossa vontade, construa o edifício da fraternidade e da solidariedade que nos faz, em Cristo, sermos todos irmãos.

Fraternidade 2

Superemos a violência, alcancemos a vitória, façamos desaparecer os maus pensamentos que levam às más ações, livremo-nos do velho homem, escravo do pecado, afastemos o rancor, vivamos na alegria quanto pudermos, subamos a escada que leva ao céu, lutemos com todas as forças para só fazer o bem. E seremos recompensados com o dom da paz, o melhor dom, o mais importante presente que alguém pode ter. A paz do Senhor!

Arquidiocese faz lançamento da CF 2018 Foto: Mateus Peixer

Da esquerda para direita: Alceu Pinto, Dom Wilson e Cel. Araújo Gomes

Na Quarta-feira de Cinzas, 14 de fevereiro, o Arcebispo Metropolitano, Dom Wilson Tadeu Jönck, scj, concedeu uma coletiva de imprensa para lançar a Campanha da Fraternidade (CF) de 2018. Com o tema “Fraternidade e superação da violência”, e o lema “Em Cristo somos todos irmãos (Mt 23,8)”, a CF 2018 interessa a toda a sociedade que vive em clima de medo e insegurança diante da crescente violência social. A coletiva ocorreu na Cúria Metropolitana, centro da Capital, e contou com a presença do secretário de

Segurança Pública de Santa Catarina (SSP), o advogado e professor de Direito, Alceu de Oliveira Pinto Junior e do comandante-geral da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), Coronel Carlos Alberto de Araújo Gomes Júnior. Sessão Especial A Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (ALESC) vai homenagear, através de uma Sessão Especial, a Campanha da Fraternidade de 2018. A solenidade será no dia 05 de março, às 19h, no Plenário da ALESC, em Florianópolis.


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#compartilha Inscrições abertas para o curso de Pós-graduação em Gestão Eclesial na FACASC Imagem: FACASC

Ação Social promove a Oficina de Elaboração do FAS No dia 17 deste mês, ocorre no Lar Santa Maria da Paz, em Tijucas, a Oficina de Elaboração do Fundo Arquidiocesano de Solidariedade (FAS), promovida pela Ação Social Arquidiocesana (ASA). O objetivo deste encontro é ajudar os participantes a aperfeiçoar as habilidades de captação de recursos para as entidades e pastorais. Uma das fontes desses recursos é o próprio FAS, constituído pela Coleta da Solidariedade, que é feita a cada ano, no final da Campanha da Fraternidade. Para conseguir recursos do FAS, é necessário seguir determinados critérios, como dar retorno de uma parte deles, dispor-se à partilha dos bens, buscar gestão comunitária, engajarse na economia solidária. Coleta da Solidariedade No Domingo de Ramos, dias 24 e 25, acontece em todas as missas nas igrejas da Arquidiocese, a Coleta da Solidariedade. De todo o dinheiro arrecadado nestes dois dias, 60% será destinado ao FAS e os outros 40 % ao Fundo Nacional de Solidariedade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Estão abertas as inscrições para o Curso de Pósgraduação lato sensu em Gestão Eclesial, na Faculdade Católica de Santa Catarina (FACASC). Devido às urgências atuais da missão religiosa e social, este curso visa proporcionar, aos administradores de atividades eclesiais e filantrópicas, o aperfeiçoamento em competências administrativas, jurídicas, contábeis e religiosas. A pós-graduação lato sensu em gestão eclesial tem como eixo central desenvolver a competência de compreender, planejar, avaliar e refletir as questões administrativas da gestão, sobre a ação evangelizadora e eclesial. De acordo com o professor e coordenador desse curso, Thiago Chaves, “a pós-graduação em gestão eclesial vai ao encontro das necessidades de muitos padres, religiosos e leigos no campo da gestão administrativa, jurídica e contábil de suas entidades. Afinal, toda organização é feita de gente e, se tem gente, deve-se ter gestão. Com este intuito a FACASC promove

“24 horas para o Senhor” celebra a misericórdia

a segunda turma desta pós-graduação”. A inscrição para a pós-graduação lato sensu em gestão eclesial pode ser feita pelo site: www.facasc. edu.br. A taxa é de R$ 100,00 e a duração do curso é de 360 horas/aula, sendo ministrado no último final de semana de cada mês: às sextas-feiras, das 18h30 às 22h, e aos sábados, das 09h às 18h. Início das aulas no dia 27 de abril de 2018. Cursos de Extensão A FACASC promove ainda, os seguintes Cursos de Extensão, com aulas de março a junho: Bíblia: Segundo Testamento; Morte, luto e esperança cristã; Parapsicologia: Desvendando os mistérios da mente humana; Teatro e comunicação e Feliz idade (3ª idade). No salão paroquial da Paróquia Santo Amaro da Imperatriz ocorre o curso Teologia I, com aulas de março a novembro. Inscrições imediatas. Mais informações no (48) 3234-0400.

ISDCSC promove Curso para Agentes da Pastoral Judiciária Foto: Divulgação

Ao enviar a mensagem para a Quaresma o Papa Francisco manifesta o desejo de ajudar a Igreja a viver neste tempo de graça, com alegria e verdade. Nos dia 09 e 10 de março, ocorre a “24 horas para o Senhor”, que convida a celebrar o sacramento da Reconciliação num contexto de adoração eucarística, inspirado no Salmo 130: “Em ti, encontramos o perdão”. O apelo à oração é sempre oportuno e eficaz. Este pedido do Papa procura despertar para a importância e a eficácia da oração para a nossa vida, especialmente na Quaresma, tempo de graça e preparação para a celebração da Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Na Arquidiocese de Florianópolis, cada paróquia organizará a sua programação. Informe-se na sua comunidade e participe!

O Instituto Superior de Direito Canônico Santa Catarina (ISDCSC) promove o Curso Especial de Formação para Agentes da Pastoral Judiciária, com início no dia 07 de abril, tendo como local, a Faculdade Católica de Santa Catarina (FACASC). Tem como objetivo, formar agentes de pastoral para um serviço eclesial de acolhida, orientação e assessoria com o intuito de avaliar a presença, ou não, dos pressupostos necessários para se iniciar uma causa de nulidade matrimonial, como, também, prepará-la. Podem participar padres, diáconos, religiosos(a), agentes da Pastoral Familiar e outras pessoas dispostas a atuar na Pastoral Judiciária e que tenham, ao menos, concluído o Ensino Médio. Informações e inscrições: www.isdcsc.org.br. Arte: Everton Marcelino


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nossa fé

No campo do mundo

Páscoa e superação da violência

Padre Vitor Galdino Feller

Fernando Anísio Batista

O documento 105 da CNBB, sobre o ser e a ação dos leigos na Igreja e no mundo, insiste: “O primeiro campo e âmbito da missão do cristão leigo é o mundo” (n. 63). Faz eco à Lumen Gentium que diz: “O caráter secular caracteriza os leigos” (LG, n. 31). O papa Paulo VI, na Evangelii Nuntiandi, encoraja: “A primeira e imediata tarefa dos leigos não é a instituição e o desenvolvimento da comunidade eclesial, mas sim o pôr em prática todas as possibilidades cristãs e evangélicas escondidas, mas já presentes e operantes nas coisas do mundo” (EN, n. 70). O exemplo de Cristo Sendo Filho eterno do Pai, Jesus Cristo despojou-se de sua glória e encarnou-se neste mundo, assumiu em tudo a condição humana, com exceção do pecado. O mistério

da Encarnação é o fundamento para a evangelização inculturada da Igreja: entrar no mundo, assumir o mundo, transfigurar o mundo. Nessa missão, os cristãos leigos estão na vanguarda. São eles que estão na frente, como protagonistas. Estão no mundo, mas não são do mundo. Atuam nos mais diversos campos – família, trabalho, arte, cultura, educação, comunicação, política, economia, justiça etc. – para os transfigurar no mistério do Verbo Recapitulador, em quem habita toda a plenitude, ele que reconcilia todas as coisas entre si e com Deus-Pai (Col 1,19-20). A bondade do mundo É neste mundo (e não noutro), com todas as suas mazelas, que vivem os cristãos leigos. Por vezes, tem-se uma visão negativa do mundo. Mas, por sua própria condição, Encontre esse e outros artigos em: www.arquifln.org.br

o mundo tem sua própria consistência e verdade, bondade e beleza. É obra de Deus Criador, é a matéria do Deus feito carne, é o lugar da ação redentora de Deus Salvador, é objeto da futura glorificação. Na Gaudium et Spes o Concílio sugere que a postura cristã neste mundo deve ser de abertura e diálogo com as culturas e as religiões, com as filosofias do tempo e da história humana, a partir do olhar da fé e da razão, guiados pelo magistério da Igreja. Uma atitude de acolhida e respeito é primordial para o reconhecimento da presença e da ação dos leigos no mundo. Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja vem acentuando a ação dos leigos no mundo. Os leigos descobriram seu lugar dentro da Igreja. Mas falta muito ainda para assumir seu espaço no mundo. Há ainda um longo caminho a percorrer. Compartilhe ArquiFloripa

A Quaresma é tempo de te à criminalidade através das deserto, de revisão de vida, de forças armadas. Nascer em preparação para viver o misté- um país que ocupa a 10ª posirio da morte e ressureição de ção de desigualdade social no Jesus, que passa pelo cami- mundo é o primeiro ato de vionho da oração, jejum e esmola. lência para qualquer brasileiro. A Campanha da Fraternidade É um escândalo que 42% das deste ano propõe a superação crianças e adolescentes do da violência que é a Páscoa de Brasil vivem em famílias cuja Jesus. renda familiar é de R$ 387,07. O aumento da violência na A ressureição de Jesus sociedade se reflete na morte acontece quando há superade Jesus pobre, negro, mar- ção da violência. Para isso, ginalizado, sem basta seguir o casa, desempreEvangelho: “felizes gado, sem estuos que promovem “A superação dos, violentado, a paz, porque sesem família, enfim, da violência não rão chamados de de Jesus abandopode ser pon- filhos de Deus” (Mt nado. 5,9). A desigualdatual, ela deve A melhor ação ser estrutural e de social é a maior para superar a injustiça do munsistemática” violência é ir ao do, ela se agrava encontro de Jesus a cada dia, condunos becos, nas fazida pelo sistema velas, nas periferias físicas e capitalista em que o lucro de existenciais, para transformar uns é gerado pela fome de sua vida e sua realidade, na muitos. unção de um espírito profético A Páscoa é mais que uma de anúncio da boa nova, jun- celebração, ela nos remete a to com eles na construção de uma ação: não deixar matar uma cultura da paz. Jesus! Resgatá-lo enquanto A superação da violência é tempo, dando de beber da não pode ser pontual, ela deve fonte de água viva, promovenser estrutural e sistemática. do a cultura da fraternidade, Não bastam ações de comba- justiça e paz.


QUARESMA, TEMPO DE FRATERNIDADE A dimensão da caridade na escuta e ajuda ao próximo

“Tem que ter muito amor, paciência, compreensão. Sem amor não se consegue fazer nada, não somente na Quaresma, mas no ano todo”. Estes são alguns dos ingredientes que a dona de casa Celia Maria Schaefer, da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de Guabiruba, acrescenta para este tempo quaresmal. Celia é coordenadora do Serviço de Assistência Social Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, da paróquia, onde atua voluntariamente há 20 anos. Com a morte do filho, aos 20 anos de idade, ela encontrou o sentido para a vida no trabalho da ação social. E a receita para bem viver a Quaresma tem mais ingredientes. “Sem caridade não tem fraternidade. E, como este ano o tema da Campanha da Fraternidade aborda a violência, mais do que nunca, a caridade precisa caminhar junto com a fraternidade”, acrescenta Celia Schaefer. Na ação social da paróquia são doadas cestas básicas, roupas, utensílios, são oferecidos encaminhamentos para a área da saúde e se promovem cursos de culinária. Para fechar a receita do bolo quaresmal, Celia afirma que a caridade não se vive

apenas neste tempo, mas no ano todo. “Tem que viver a espiritualidade, que acaba transbordando no social da fé cristã. Ajudar o próximo que precisa, encaminhar para os órgãos e setores responsáveis, dar um conselho para que a pessoa tenha uma nova vida, tudo isso é muito gratificante”, conclui a voluntária. Os 40 dias que antecedem a Semana Santa, chamados de Quaresma, preparam para celebrar a Ressurreição de Jesus, o ápice da fé cristã. “É um tempo forte de conversão, de mudança interior, tempo de assumir tudo o que traz vida para nossas comunidades”, explicou o Reitor do Seminário de Azambuja, em Brusque, Pe. Francisco de Assis Wloch.

Foto: Arquivo pessoal

Celia Maria Schaefer

Foto: Arquivo pessoal

Foto: Arquivo pessoal

Curso de doces de Natal (Paróquia de Guabiruba) Foto: Arquivo pessoal

A renda do bazar é revertida para as obras sociais

Crianças da Guabiruba recebem doações de brinquedos


A CARIDADE QUE VEM DE BRUSQUE

Na sua Regra Pastoral, São Gregório Magno recordava que “o jejum torna-se santo através das virtudes que o acompanham, sobretudo da caridade e de cada gesto de generosidade, que confere aos pobres e aos necessitados o fruto de nossa privação”. Há 20 anos, Celia Schaefer leva generosidade para a comunidade da paróquia de Guabiruba, por meio das ações sociais e da prática da caridade por amor. Mas ela não está sozinha. Ali perto, na Paróquia Santa Teresinha, em Brusque, outra Célia também vive a caridade na prática. A professora aposentada, Célia Benvenuti Fantini, é presidente da Sociedade de Promoção Social e Cultural da Paróquia Santa Teresinha. Lá, a Quaresma é o ano todo, em atos práticos de caridade com a doação de alimentos, roupas, fraldas para os mais necessitados, atendimento à gestante. “A gente pode viver uma caridade não somente no doar, mas no escutar, ser solidário, tentar amenizar o problema do outro que pede ajuda, ser gentil, caridoso no falar”, disse Célia Fantini. E prosseguiu: “nesta Campanha da Fraternidade que aborda a violência faz a gente tentar amenizar, de alguma forma, a violência. No nosso trabalho, muitas famílias que chegam até nós, vivem a violência dentro de casa. Por isso mesmo que entre nós, em nosso grupo de 35 voluntárias, procurarmos tratar um ao outro com respeito”, salienta Fantini. Papa Francisco, na mensagem para a Quaresma de 2018, escreve que “a prática da esmola liberta-nos da ganância e ajuda-nos a descobrir que o outro é nosso irmão: aquilo que possuo, nunca é só meu. Como gostaria também que no nosso relacionamento diário, perante cada irmão que nos pede ajuda, pensássemos: aqui está um apelo da providência divina”. As duas leigas, das Paróquias de Guabiruba e de Brusque, exercitam na prática esta mensagem do Papa, o ano todo Foto: Suelen Frainer

Célia Benvenuti Fantini

Foto: Suelen Frainer

Foto: Arquivo pessoal

Alegria de servir o outro

DE PORTO BELO, A DIMENSÃO POLÍTICA E SOCIAL DO TEMPO QUARESMAL

Na Quaresma, tempo de forte busca de Deus, de conversão e de fraternidade, a Campanha da Fraternidade também ajuda neste caminho espiritual. O advogado, esposo de Aline e pai de três filhas, Evaldo Guerreiro Filho, foi entrevistado pelo Jornal da Arquidiocese. Ele acrescenta mais alguns ingredientes da receita de transformação de vida que o cristão pode seguir, não apenas na Quaresma, mas todos os dias do ano. Jornal da Arquidiocese (JA): Como viver a Quaresma nas dimensões social e política? Evaldo Guerreiro Filho: : A Quaresma é um excelente momento para nos voltarmos às reflexões sociais e políticas, que devem ultrapassar o indivíduo e alcançar as relações que possuímos com nossas famílias, comunidades, nossa cidade e, porque não, com nosso país. A Campanha da Fraternidade é um grande exemplo disso. Todos os anos, a Igreja elege um tema para debater com seus fiéis e com a sociedade. É como se a Igreja colocasse o dedo na ferida e perguntasse: por que existem problemas sociais? Por que há desigualdades e violência? Por que existe miséria? Esse é um papel que a Igreja no Brasil resolveu assumir e é louvável. Assim, para viver as dimensões do social e da política na Quaresma e em todo o ano, é necessário sairmos da nossa zona de conforto e participarmos da Igreja e da sociedade, em associações de moradores, Conselhos de Direito, CPCs, pastorais, ongs, sindicatos.

Foto: Arquiivo pessoal

JA: Qual é o engajamento que uma pessoa deve ter, na transformação da realidade?

Célia (de vermelho) no atendimento da Ação Social

ência crítica. Se observarmos as escrituras, uma das grandes ações de Jesus foi defender os mais fracos.

Evaldo: O engajamento só ocorre com participação, paciência e fé. Não há transformação da realidade sem a compreensão dela. E não falo de estudo ou conhecimento técnico. Muito pelo contrário. É necessário conhecimento que vêm da experiência da vida. Essas mudanças que a realidade precisa tendem a ultrapassar o tempo de nossa vida na terra. Há séculos aqueles que são mais fortes e mais ricos exploram os mais fracos, que são a maioria. Estas maiorias, por sua vez, precisam fortalecer seus passos nesta caminhada e isso só ocorre com uma tomada de consciência crítica, proveniente da ação e da prática coletiva e das discussões e envolvimento na comunidade. A Encíclica Laudato Sì, do Papa Francisco, nos traz muitos elementos para adquirir essa consci-

Evaldo Guerreiro Filho

O tempo da Qua“VER E resma nos instiga a passos diversos, CONVIVER três embora absolutamente complementares e eno jejum, a COMO IRMÃOS. trelaçados: oração e a esmola. O é o exercício conQUE DESAFIO”! jejum sigo mesmo, buscando vencer seus instintos mais primitivos. A oração é seu contato com Deus. A terceira dimensão, e é disso que queremos tratar brevemente, é a esmola, aquilo que fazemos aos outros, fruto de nosso esforço pessoal. O tempo quaresmal é, de modo particular, uma escola de amor ao próximo, pois nos leva à dimensão da fraternidade. Fraternidade, palavra tão bonita, como diz antiga canção, significa laço ou parentesco entre irmãos. O lema da Campanha da Fraternidade de 2018 vem nos relembrar o que somos para Deus, não é verdade? Somos todos irmãos (Mt 23,8). Portanto a vivência entre nós pode e deve ser muito mais saudável, para dizer o mínimo. Incutir nos homens e mulheres de nosso tempo essa ideia é totalmente utópico, mas é de utopia que vive a nossa fé. Aliás, São João nos chama a atenção: se dizemos que amamos a Deus, mas odiamos o irmão, somos mentirosos, pois é impossível amar a Deus que não vemos se odiamos o irmão que vemos (1 Jo4,20). Está aí, escancarado diante de nós, o desafio! Aproveitemos esse tempo precioso, essa “campanha” (conjunto de esforços para chegar a um fim) da “fraternidade” (amor ao próximo) para estender para todo o ano e para toda a vida o hábito de ver e conviver como irmãos. Que desafio! É para toda a vida, mas vale a eternidade! Por Diác. Dilney Tadeu Muller Funcionário Público do Porto de Itajaí Paróquia N. Sra. de Lourdes / Itajaí Foto: Arquivo pessoal

Diácono Dilney Tadeu Muller


Jornal da Arquidiocese, Março de 2018

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bíblia Lectio Divina

A Mulher na Bíblia

A passagem do Dia Internacional da Mulher, 08 de março, é ocasião para lembrar o empenho das mulheres da Bíblia na superação de condições de desigualdade, marginalização e opressão, como inspiração para as mulheres de hoje. Uma leitura crítica e na ótica feminina nos faz perceber que, em certos textos bíblicos, mulheres foram silenciadas, seus nomes e sua atuação ocultados e esquecidos. Se algumas mulheres aparecem em posição de destaque, seja no Primeiro como no Novo Testamento, é porque, inspiradas pela fé em Deus, exerceram liderança, ultrapassaram barreiras patriarcais, saíram da invisibilidade e foram reconhecidas pelo povo. Numa sociedade patriarcal, o espaço da mulher se reduzia à casa e seu papel aos serviços domésticos, à geração e cuidado dos filhos e ao trabalho na fiação da lã, do linho e na agricultura. Ser estéril era uma humilhação e castigo de Deus, enquanto ser mãe de muitos filhos, uma grande bênção. Porém, por ser filha do povo de Israel, a mulher tinha alguns direitos: ser sustentada pelo marido, resgatada por ele se viesse a cair na escravidão e ser assistida na doença.

Padre Wellington Cristiano da Silva

Ele não podia abandoná-la por qualquer motivo e devia respeitar o contrato de matrimônio, que garantia certa segurança à mulher. Apesar de ser comum que os pais escolhessem os cônjuges de seus filhos e filhas, a experiência do amor conjugal, por vezes, ultrapassava o peso e os limites das leis e costumes. Uma leitura mais atenta dos textos bíblicos nos ajuda a perceber que muitas mulheres, superando as barreiras impostas pela sociedade patriarcal, exerceram protagonismo na história do povo. No seu tempo, Jesus, rompendo com leis, estruturas, costumes e tradições, relaciona-se de modo diferente com as mulheres e deixa claro sua predileção por elas, como pelos pobres e por todos os que ficavam à margem da sociedade. Seus gestos e atitudes provocam reações de surpresa e escândalo entre os escribas, fariseus, rabinos e, inclusive, entre os próprios discípulos. Jesus acolhe as mulheres, resgata a igual dignidade entre homens e mulheres e as integra no seu discipulado de iguais.

Lectio (leitura)

Oratio (oração)

Estando à mesa com seus discípulos, “Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou: ‘Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará’” (Jo 13,21).

“Criai em mim, Senhor, um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido” (Sl 50,12).

Meditatio (meditação)

“Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Na intimidade do nosso coração, deixemo-nos envolver pelo profundo amor de Cristo.

Durante a última ceia, na cena do Lava-pés, o amor profundo de Cristo pelos seus discípulos contrasta com a traição de Judas. Embora seja discípulo de Jesus, Judas não está em comunhão com o projeto de salvação de seu Mestre. Judas representa nosso lado sombrio, nossas infidelidades, nossas resistências ao amor de Jesus. Não estar disposto a doar a vida e não querer servir aos irmãos são atitudes de traição ao Evangelho de Cristo. Mesmo sendo discípulos, muitas vezes traímos Jesus. Rejeitamos suas atitudes, sua misericórdia. A traição de Judas e as nossas traições demonstram a impotência divina diante da nossa condição de homens e mulheres livres. O Senhor respeita nossas escolhas e jamais age com imposição. Mesmo rejeitado, Deus não deixa de nos amar. Ele se comove e nos oferece o primeiro pedaço do pão repartido.

Contemplatio (contemplação)

Missio (missão) O Lava-pés acontece dentro de uma refeição fraterna. Todavia, há quem não sintonize com a fraternidade e a partilha: Judas Iscariotes, o “filho da perdição” (Jo 17,12). Judas, o filho que se perdeu, retrata aqueles que não abrem mão de seus privilégios e não querem partilhar os bens nem colocar a própria vida a serviço dos outros. De fato, é difícil vencer os nossos desejos mesquinhos. Contudo, superar o egoísmo e abraçar o amor fraterno é condição indispensável para se tornar discípulo autêntico do Senhor. Nossa missão é dar continuidade àquilo que Jesus fez: partilhar o pão, amar até o fim, praticar a misericórdia, servir aos irmãos...

Por Irmã Teresa Nascimento, iic Coord. Programa de Extensão Comunitária Faculdade Católica de Santa Catarina

Conhecendo o livro dos Salmos Padre Gilson Meurer

Salmo 147 (146-147) – “Hino ao Onipotente” A versão grega da Bíblia (chamada Septuaginta, tradução do séc. III a.C.), seguida pela versão latina (a Vulgata), dividiram esse salmo em dois, o 146 e 147, de modo que, daqui em diante, a numeração retorna a coincidir com a versão hebraica (cf. Salmos 1–8). O salmo 147 se configura como um hino de louvor e ação de graças, e tem três partes bem delimitadas por três imperativos ao louvor (refrãos em vv. 1.7.12): vv. 1-6; vv. 7-11; vv. 12-20. Não é difícil de situá-lo no período pós-exílico, pois canta o retorno dos exilados e a reconstrução de Jerusalém (v. 2). Com efeito, Jerusalém é importante e central, e o salmo entoa a sua reconstrução e segurança (vv. 2-3-14); re-povoação e crescimento (2.13); cura (3); alimentação (9.14); custodia

da Palavra (19). O salmo louva a onipotência e onisciência de Deus (v. 5) que se manifestam em todo o universo (nas estrelas, nos animais e vegetais, nos seres humanos), sobretudo no seu povo e na sua cidade santa. Deus governa as coisas caóticas: Das nuvens do céu, que irrigando a terra produzem as ervas e, desse modo, alimento para os animais e as pessoas. O clima inóspito do inverno é transformado: a neve em uma cobertura de lã, a geada em cinza (resto do fogo) e o gelo em migalhas (resto de pão). Assim, o salmista recorda que a libertação do exílio e a restauração são obras da bondade e onipotência de Deus, que cura os corações despedaçados, os ferimentos e sustenta os pobres (vv. 3.6).

Os Padres da Igreja (Eusébio, Hilário, Agostinho) relacionaram Jerusalém restaurada com a Igreja celeste, triunfante, segura, plena de paz. Mas também à Igreja terrestre, onde os corações dilacerados são curados, os dispersos (os pagãos) são reunidos, os homens se alimentam da fina flor do trigo (a Eucaristia). Leia o salmo e reflita: 1) De que modo o Senhor manifesta a sua grandeza, onisciência e onipotência? 2) Quais convites o salmista dirige ao seu leitor/ouvinte?

Você também pode conferir este e todos os outros salmos no site da Arquidiocese: www.arquifln.org.br.


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Jornal da Arquidiocese, Março de 2018

evangelização

SC inaugura Centro de Referência de Atendimento ao Imigrante duação e mestrado na UFSC. Agora que terminei, vou mudar meu visto de estudante para o de trabalho, de acordo com a nova lei da imigração. E assim começo o trabalho aqui no CRAI”, acredita Jean Rose. Presente na inauguração, o Arcebispo afirmou que estava contente com a abertura do centro. “Há três anos que esperamos por este momento, agora é ir adiante. Agradeço à ASA e aos padres scalabrinianos que levaram em frente este trabalho, diante do que era possível. Os scalabriO CRAI vai potencializar o trabalho que estava sendo desenvolvido pela Pastoral do Migrante nianos têm como objetivo atender os No dia 1º de fevereiro, foi inaugurado oficialimigrantes. O que torna este trabalho mente o Centro de Referência de Atendimento ao mais importante. Como governo é preciso ter uma Imigrante (CRAI) do Estado de Santa Catarina. política de acolhida. Não tem coisa mais atual do Localizado no centro de Florianópolis, o es- que a imigração. Imigração é algo permanente”, paço é coordenado pela Ação Social Arquidio- destacou Dom Wilson Tadeu Jönck. cesana (ASA) e conta com seis profissionais que O CRAI é um centro de referência para os acompanham e orientam os imigrantes e refugia- imigrantes e potencializa o trabalho que estava dos. Entre eles, o haitiano Jean Samuel Rose, que sendo desenvolvido até agora pela Pastoral do há seis anos mora em Florianópolis e concluiu o Migrante. “A pastoral tem uma dinâmica de tracurso de Mestrado em Economia, pela Universi- balho própria de uma pastoral, só que ela estava dade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele tra- fazendo muito além do que é a sua essência. Enbalha como assistente administrativo. tão, o CRAI vai atuar na questão da integração, “Eu ganhei uma bolsa de estudos e fiz gra- do atendimento emergencial, de tentar articular Foto: Mateus Peixer

as políticas públicas para os imigrantes e aí vai desafogar uma grande parte desta pastoral”, assegurou o coordenador do centro e técnico em projetos sociais da ASA, Luciano Leite. O objetivo do Centro de Referência é o atendimento do imigrante. “Temos um pessoal que está voltado para o atendimento de proteção e de acesso à escola e à saúde e tenta articular as políticas públicas junto à integração ao mercado de trabalho, possibilitando ao imigrante ter uma renda e modificar o seu padrão da vida social”, complementou Luciano. Foto: Mateus Peixer

Jean mora há seis anos em Florianópolis

Filhos que contam com a oração constante das mães Foto: Graça Juttel

O carisma do movimento é restaurar as famílias pelo poder da oração de intercessão

Você já ouviu falar do Movimento de Mães que Oram pelos Filhos? Ele nasceu em uma paróquia de Vitória, Espírito Santo, em 2011. Ainda pequeno, o grupo era formado por 20 jovens mães, com imensa vontade de interceder pelos filhos. Formou-se então um exército de

mães que oram e em 2014 o grupo passou a ser reconhecido pela Arquidiocese de Vitória como “Movimento de Mães que Oram pelos Filhos”, tendo como orientador espiritual o Pe. Anderson Gomes. O movimento escolheu Nossa Senhora da Salete como padroeira, e Santa Mônica

como co-padroeira. O carisma do movimento é restaurar as famílias pelo poder da oração de intercessão. O tripé de sua espiritualidade é obediência, humildade e unidade. Os encontros são realizados em três momentos: terço mariano pelos filhos, formação (Escola de Nazaré) e a lectio divina. Em Santa Catarina, o movimento teve início em novembro de 2016, na Paróquia São Francisco de Assis, Aririú, em Palhoça. “Lemos o manual e os materiais de apoio, conversamos com o nosso pároco na época, Pe. Marcelo Fraga, que nos apoiou consentindo com a abertura do grupo na comunidade Santo Anjo da Guarda, bairro Guarda do Cubatão, em Palhoça”, explicou

a coordenadora estadual, Lenita Werlich, que participa até hoje deste grupo. Mais três comunidades da paróquia iniciaram um grupo. “Contamos também com a ajuda do seminarista Claiton Silva, que faz pastoral em nossa paróquia nas formações da Escola de Nazaré”, disse Lenita. Nos dias 13 a 15 de abril ocorre o 4º Encontro Nacional do movimento, na casa de formação da Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP). Comece em sua paróquia A mãe que sentir o chamado e o desejo de formar um grupo em sua paróquia pode contatar o site - www. maesqueorampelosfilhos.com ou o telefone (48) 9-8427-6113, com Lenita.


Jornal da Arquidiocese, Março de 2018

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evangelização

Encontro dos Reitores dos Santuários reúne representantes da Região Sul Mais de 30 pessoas participaram do evento, em Nova Trento O Encontro Interestadual dos Santuários (PR-SC-RS) ocorreu nos dias 19 a 21 de fevereiro, no Hotel do Santuário, em Vígolo, Nova Trento. Entre os objetivos do evento estavam a partilha da missão evangelizadora de cada santuário, o estabelecimento de ações comuns e a preparação para o Encontro Nacional. Mais de 30 pessoas participaram do evento, entre reitores, padres, seminaristas, religiosas e responsáveis pelo turismo religioso. Os participantes foram recepcionados pela diretora do Santuário Santa Paulina, Irmã Anna Tomelin e pelo reitor, Pe. José Napoleão dos Santos. A abertura do encontro contou com a participação do Arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck, scj. A programação teve diversas palestras, oficinas, partilhas de expe-

Especial Vocação e Missão

Foto: Comunicação e Marketing do Santuário Santa Paulina

Voluntários no curso de capacitação

riências e apresentações culturais. Para o Frei Nelson José Hillesheim, do Santuário Nossa Senhora Aparecida, de Blumenau, os relatos e experiências foram muito ricos: “É um momento especial, pois esse é o primeiro encontro interestadual. Uma partilha de experiências de atividades espirituais, de diferentes procedências. Nos proporciona

Por Guilherme Melim Comunicação e Marketing Santuário de Santa Paulina

Seminaristas da Arquidiocese em missão na Ilha de Marajó Foto: Divulgação

Alegria estampada no rosto dos missionários

Durante 19 dias do mês de janeiro, seminaristas de vários locais do país participaram do Projeto Férias Missionárias, promovido pelo Conselho Missionário dos Seminaristas do Regional Sul IV (COMISE). A missão aconteceu na cidade de Chaves, na Ilha de Marajó, estado do Pará, e contou com a participação de 22 missionários, sendo 15 semi-

uma aproximação e reconhecimento das nossas realidades”. “O evento surgiu a partir do 22° Encontro Nacional dos Santuários, em Caeté (MG). Lá foi decidido que cada região fizesse encontros estaduais e interestaduais em preparação ao 23° Encontro Nacional dos Santuários”, afirma Pe. Edvanderson Cordeiro, coordenador do

Encontro Interestadual e reitor do Santuário Nossa Senhora de Salette, de Braganey (PR). Responsável pelo turismo religioso em Jaraguá do Sul, Giuliano Sávio Berti aponta que “o nosso estado nos últimos anos tem se destacado com o turismo religioso. Como coordenador em Jaraguá do Sul, tenho trabalhado com o objetivo de tornar os santuários e igrejas mais conhecidos e criar um vínculo para as culturas regionais”. O encerramento do evento aconteceu no dia 21 de fevereiro, com a missa ao meio-dia, na Capela do Santíssimo do Santuário Santa Paulina. Foi presidida pelo Arcebispo de Santa Maria, Dom Helio Adelar Rubert.

naristas e sete jovens universitários. Três desses 15 seminaristas eram da Arquidiocese: José Vitor Fernandes Azevedo (2º ano), Luiz Francisco Fraga (3º ano) e Roberto Miranda (3º ano). O Projeto Férias Missionárias, que está oficialmente em sua segunda edição, levou o nome de Missão Kairós. Neste ano, a paróquia visitada

apresentava um grande desafio pastoral: 90 comunidades são atendidas por apenas um padre, uma vez ao ano, sendo que as mais distantes ficam aproximadamente a 38 horas de barco da Igreja Matriz. “Apesar de alguns desses desafios, não faltaram experiências ricas e belas vividas por nossos missionários, como entre uma visita e outra percorrerem um caminho montados a cavalo ou em búfalo, experimentarem comidas típicas de caças ou produção caseira, além de viverem a realidade da falta diária de energia elétrica”, explica o seminarista José Fernandes. E complementa falando dos momentos de evangelização, como: “celebrações da Palavra, retiros, oração do terço, leitura orante da Palavra de

Deus, formações, aconselhamentos, dinâmicas com as crianças e tantas outras atividades que nos acompanharam nesses dias de missão”. Os seminaristas retornaram para suas casas cheios de alegria, com muitas experiências vividas e um belo testemunho para poderem partilhar nas realidades em que estão inseridos. Foto: Divulgação

Seminarista Luiz com moradores locais


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evangelização Cronograma de março

Alegria, amor e união: JMJ 2019 está chegando A Igreja é viva e jovem! Foto: Tiago Torresani

Como está a sua preparação para a Jornada do Panamá?

Em menos de um ano, jovens ca- ambiente daquele país”. tólicos do mundo inteiro estarão reuMaria de Fátima e muitos outros nidos na capital do Panamá, para a jovens se esforçaram e trabalharam 34ª Jornada Mundial da Juventude para levantar recursos com o objeti(JMJ). O encontro será nos dias 22 a vo de ir à Polônia. “Valeu a pena ven27 de janeiro de 2019. der rifa, vender docinho na sinaleira, Desde o anúncio da sede da JMJ trufa na porta da igreja, para ter uma 2019, muitos jovens começaram a das maiores e mais apaixonantes exse organizar para marcarem pre- periências da minha vida”, conclui a sença no Panamá. Mas há pessoas estudante de agronomia. que ainda estão com dúvidas se deExperiente em JMJ, o analista de vem ou não ir. Por isso, suporte, Tiago Torresani, o Jornal da Arquidiocese 26, participou das últibateu um papo com dois mas três edições. Para “A Jornada te ele, além de toda a projovens que estiveram na última JMJ. leva a outro gramação do evento, a Em 2016, 60 jovens da experiência da nível de intimi- melhor Arquidiocese foram para JMJ “é a troca de condade com a JMJ de Cracóvia, na tatos e saber que existe Polônia. Entre eles estava mais gente como você a Igreja” a estudante de agrononesse mundo, que você mia da Universidade Ferealmente não está soderal de Santa Catarina zinho”. Ele salienta que (UFSC), Maria de Fátima Saturnino, o encontro “te leva a outro nível de 18, que afirma que a experiência de intimidade com a Igreja”. A JMJ foi ir ao encontro “foi algo maravilhoso e instituída por São João Paulo II em indescritível”. Ela conta também que 1986. A primeira edição ocorreu na foram muitos momentos vivencia- cidade de Roma. dos: “você se sente realmente irmão Ainda está com dúvidas se deve de todo o mundo e isso é incrível! Os ir à JMJ? Confira no site da Arquidioshows, catequeses, risadas, o can- cese alguns pacotes de viagem para saço, danças, tudo em uma união o maior evento jovem do mundo. linda, que transformava qualquer Acesse: www.arquifln.org.br.

03/03 | Reunião das Forças Vivas | Santuário de Fátima 03/03 | Encontro de Canto Litúrgico | Gov. Celso Ramos 05/03 | Sessão Especial Campanha da Fraternidade 2018 | Alesc 09 e 10/03 | 24 Horas Para o Senhor | Paróquias 10/03 | Formação – Agentes da Pastoral de Rua | Barreiros 10/03 | Enc. Coordenações CPPs e CPCs Forania Camboriú | Monte Alegre 10/03 | Pastoral da Pessoa Idosa - Formação para coord. paroquiais | Trindade 10 e 11/03 | Enc. Arq. de Formação Missionária | Tijucas 11/03 | Grupo de Orientação Vocacional João Paulo II | Tijucas 18/03 | Missa Solene e Procissão do Senhor Jesus dos Passos | Catedral 20/03 | Reunião Geral dos Presbíteros | São José 20/03 | Missa dos dez anos de falecimento de Marcelo Câmara | Catedral 22/03 | Seminário Projeto Rios – Rio Cubatão e Pilões | Palhoça 24/03 | Enc. Coordenações CPPs e CPCs Forania Itajaí | Dom Bosco 25/03 | Escola de Formação Catequética para Multiplicadores – ECAM | Itapema

Acampa Jovem, um encontro com Deus e a natureza Imagem: Divulgação

As inscrições custam R$ 70 e são limitadas

O grupo de jovens São Francisco, da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Paulo Lopes, e o Movimento de Cursilhos, promovem um evento para a juventude da Arquidiocese. Nos dias 21 e 22 de abril, a partir das 13h, no Sítio Seu Valdir, em Paulo Lopes, acontece o 5º Acampa Jovem. Com o tema “Deixai-vos conduzir pelo Espírito Santo” (Gl 5,16), o encontro traz uma linguagem bem jovem e estará recheado

de atrações. Serão momentos de pregações, testemunhos, adoração ao Santíssimo Sacramento, dinâmicas e muita animação. As inscrições custam R$ 70 e são limitadas. Para mais informações, ligue: (48) 9 9813-2426. Serviço 5º Acampa Jovem 21 e 22 de abril Sítio Seu Valdir | Paulo Lopes


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geral Quatro paróquias de Itajaí celebram 50 anos de criação Confira a entrevista com alguns paroquianos que fazem parte desta história

A cidade de Itajaí vive um momento único neste ano. As paróquias Nossa Senhora de Lourdes, São Cristóvão, São João Batista e São João Bosco celebram 50 anos de fundação. No dia 17 de março, às 18h, as quatro comunidades celebrarão juntas a Missa de Ação de Graças, presidida pelo Arcebispo, Dom Wilson Tadeu Jönck, no Complexo da Marejada, em Itajaí. Após a celebração, será realizado o show do cantor católico Thiago Brado. Dedicação à comunidade O município crescia e tinha somente uma paróquia, a do Santíssimo Sacramento. Então, o Arcebispo de Florianópolis da época, Dom Afonso Niehues, resolveu criar, no ano de 1968, mais quatro paróquias na cidade. Uma delas era a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no bairro Fazenda, onde os moradores da comunidade haviam construído uma capela no loteamento Müller. Foi fundada no dia 11 de fevereiro de 1968 e no início havia somente um galpão de madeira, que era a Igreja Matriz. O território da nova paróquia foi totalmente desmembrado da Paróquia do Santíssimo Sacramento e incluía, além da Fazenda, a Praia Brava e Cabeçudas, com a Capela Santa Terezinha do Menino Jesus. A paróquia da Fazenda, como é carinhosamente chamada, recebe um número significativo de fiéis durante o ano. Muitos se dedicam diariamente à união e ao crescimento da comunidade. Por isso, eles se orgulham desta data tão especial. “Me alegra muito ver a minha paróquia completar 50 anos. Assim como eu, os irmãos consideram a paróquia uma segunda casa. Todos zelam e cuidam dela com muito amor”, explica o Ministro da Eucaristia Fabricio de Oliveira Pitella. Foto: Divulgação

Fabricio de Oliveira Pitella

Falando em segunda casa... A auxiliar de departamento pessoal, Rubiane Daniela Sarturi, 30, conheceu a Paróquia São Cristóvão logo que chegou em Itajaí com os pais, aos nove anos. Desde criança, ela participa das atividades da comunidade. Atualmente coordena a comunicação da paróquia e diz que tem muito orgulho de fazer parte desta história. “Faço parte dessa paróquia que considero a minha segunda casa. São 50 anos de histórias sendo construídas. A minha história está sendo construída aqui também. Já são 21 anos que estou aqui”, conta Rubine. Com 17 comunidades e duas comunidades de vida, a paróquia está localizada em grandes bairros de Itajaí: Cordeiros, Costa Cavalcanti, Salseiros, Espinheiros, Espinheirinhos, Murta e São Roque. A capela São Cristóvão foi elevada à paróquia no dia 18 de fevereiro de 1968, pelo então arcebispo Dom Afonso Niehues. Foto: Divulgação

Rubiane Daniela Sarturi

50 anos de evangelização Em 1957 foi criada, no bairro São João, a capeEm 1957 foi criada, no bairro São João, a capela de São João Batista. A comunidade pertencia à Paróquia do Santíssimo Sacramento. No dia 25 de fevereiro de 1968, a capela passou a ser paróquia. Em 1990, a Paróquia São João Batista cedeu parte do território para a criação da Paróquia São Vicente de Paulo, no bairro São Vicente, em Itajaí. Durante 50 anos, a Paróquia de São João Batista faz um grande trabalho com as pastorais, movimentos e grupos. As pessoas estão sempre dispostas a engajar toda a comunidade em prol do Reino de Deus. “Só tenho a agradecer a Deus pela graça de poder conviver com tantas pessoas, de diferen-

tes grupos, com espiritualidade e engajamento com o Evangelho”, agradece o cerimoniário da Paróquia São João Batista, Gian Lucas Zanatta, 24. Foto: Divulgação

Gian Lucas Zanatta

Gratidão aos paroquianos Localizada no bairro Dom Bosco, também em Itajaí, a Paróquia São João Bosco foi fundada no dia 03 de março de 1968. Hoje, conta com quatro comunidades: Nossa Senhora das Graças, São Judas Tadeu, Santa Teresinha do Menino Jesus e a Matriz São João Bosco. O atual pároco é o Pe. Enri Clemente Leigman. Chamado de ser “Sal da Terra e Luz do Mundo”, o jovem Gabriel Mateus de Oliveira, 21, auxilia na Pastoral dos Coroinhas, na Liturgia e na Animação Missionária da paróquia. Ele agradece a todas as pessoas que construíram a história da comunidade, e conclui que “muitos deixaram diante do altar do Senhor sua dedicação, sonhos, amor à comunidade paroquial. São 50 anos de um povo que caminha, nas suas dificuldades e imperfeições, mas que também tem o coração aberto e sedento de se encontrar face a face com Deus”. Foto: Divulgação

Gabriel Mateus de Oliveira


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