Jornal da Arquidiocese | nº 249 | Setembro 2018

Page 1

Jornal da

ARQUIDIOCESE

FLORIANÓPOLIS, nº 249

Reconhecimento

Edital do Prêmio Dom Afonso Niehues | 3

SETEMBRO DE 2018

Vocação

Arquidiocese ganha dois novos padres | 4

Amor sobre rodas

O resgate dos desfavorecidos | 10 Foto: Divulgação internet

Os cristãos e as eleições


Jornal da Arquidiocese, setembro de 2018

2

opinião O Estado Laico

Católicos participativos, solidários e vocacionados

Dom Wilson Tadeu Jönck, scj

O Núcleo de Comunicação da Arquidiocese acolhe o novo integrante do Conselho Editorial do Jornal da Arquidiocese (JA), Sedemir de Melo. Seja bem vindo! A edição deste mês esclarece nas páginas 06 e 07 algumas dúvidas sobre as eleições deste ano e explica porque é importante a participação do católico na política. Além disso, a matéria orienta os cristãos sobre como votar, o que questionar e como fiscalizar os políticos. Na página 03, o JA fala sobre a quinta edição do Prêmio de Iniciativa Solidária Dom Afonso Niehues, que é promovido pela Ação Social Arquidiocesana (ASA). No texto você pode tirar todas as dúvidas sobre a premiação que está com as inscrições abertas até o dia 19 de outubro. A ordenação de um padre sempre é motivo de grande alegria para toda a Igreja. Neste mês, a Arquidiocese tem motivos suficientes para se alegrar. Confira na página 04 todas as informações sobre as ordenações presbiterais de Guilherme dos Santos e Philipe Valdenô Damazo. Na página 09, você pode conferir todas as informações sobre o Congresso Estadual da Pastoral Familiar, que será realizado dos dias 28 a 30 de setembro, em Nova Veneza, e terá como tema: “O Evangelho da Família: Alegria para o Mundo”. A contracapa, na página 12, apresenta uma entrevista com o coordenador geral da Comissão Arquidiocesana de Liturgia, Pe. Rafael Aléx, que fala sobre os sacramentos da Igreja. No dia 07 de outubro, ocorrem no Brasil as eleições para deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente. Rezemos pelo Brasil! Ótima leitura!

Temos escutado muitas vezes a expressão “O estado é laico”. É usada como chave que fecha a porta (e não abre) para a manifestação de membros e organizações da Igreja católica na sociedade. Leis foram aprovadas para impedir que governantes favoreçam grupos religiosos em suas ações pelo bem da sociedade. Vemos nesta atitude uma distorção do que seja a laicidade do Estado. Esta situação permite a formulação de algumas perguntas. O cidadão católico deve renunciar às suas convicções religiosas para participar da vida da sociedade? O católico deve ser impedido de participar da vida pública e política simplesmente porque professa a fé cristã? A contribuição de um católico na escolha dos rumos da comunidade política deve ser invalidada, porque se posiciona a partir da sua fé? O voto do fiel religioso deve ser anulado, porque vai eleger um presidente para o Estado laico?

da laicidade do Estado como exclusão da vivência religiosa dos cidadãos. - O Estado é laico, mas a nação é constituída por um grande número, a maioria, de cristãos católicos. - Muitas iniciativas pelo bem do povo são levadas adiante pela Igreja católica, mesmo lá onde o Estado não se faz presente. - A comunidade cristã é chamada a ser “fermento na massa”, “sal da terra” e “luz do mundo.

Nas redes

Nos caminhos de Francisco

1

É preciso lembrar alguns tópicos que regem a relação Estado e Igreja. A Constituição garante à Igreja o direito ao reconhecimento jurídico da própria identidade. Seus membros têm os mesmos direitos e deveres de todo e qualquer cidadão. A Igreja sempre teve consciência de que deve atuar para o bem do Estado e seus cidadãos. O cristão tem o direito e o dever de participar na vida e na organização da sociedade política. Cabe ao Estado e à autoridade política garantir este direito. É bom lembrar ainda: - O Estado brasileiro não tem religião oficial. Isto não significa que seja partidário da “não crença” ou se oponha à manifestação religiosa dos seus cidadãos. - Este princípio não é ferido quando o Estado erige um monumento de motivo religioso, faz referência a Deus ou usa símbolos religiosos em repartições públicas. - É inaceitável a compreensão

“A caridade é o testemunho mais eficaz, porque revela aos homens o amor de Deus”. 02 de agosto, no Twitter

2

“Para não entristecer o Espírito Santo, é necessário viver de uma maneira coerente com as promessas do Batismo, renovadas na Crisma. De maneira coerente, não com hipocrisia: não esqueçam disso”! 12 de agosto, no Angelus

3 4

“Ainda hoje há muitos mártires, muitos perseguidos por amor a Cristo: são eles a verdadeira força da Igreja”!

Bispos da Amazônia se pronunciam contra a intolerância aos venezuelanos

Dom Wilson completa 15 anos de ordenação episcopal

facebook.com/arquifloripa

instagram.com/arquifloripa

Padre Jair é o novo Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Coqueiros

Serviço e Fidelidade Sempre: Conheça Dom Vito Schilickmann

twitter.com/arquifloripa

youtube.com

14 de agosto, no Twitter

“Jesus nos convida a entrar em comunhão com ele, a ‘comer’ ele, sua humanidade, para compartilhar com ele o dom da vida para o mundo. Diferente de triunfos e miragens de sucesso”! 19 de agosto, no Angelus

5

@pontifex_pt @franciscus

“A família é o berço da vida e escola de acolhida e de amor; é uma janela aberta sobre o mistério de Deus”. 24 de agosto, no Twitter

Rua Esteves Júnior, 447, Centro Florianópolis-SC, Fone: (48) 3224-4799 / 99673-1266

Assessoria de Comunicação

O Jornal da Arquidiocese é uma publicação mensal da Arquidiocese de Florianópolis-SC.

6

“O nosso mundo precisa duma revolução de amor! Que esta revolução comece por vós e pelas vossas famílias”! 25 de agosto, no Twitter

DIRETOR: Pe. Vitor Galdino Feller CONSELHO EDITORIAL: Dom Wilson Tadeu Jönck, scj, Pe. Tarcísio Pedro Vieira, Pe. Revelino Seidler, Carol Denardi, Fernando Anísio Batista, Mateus Peixer e Sedemir de Melo. JORNALISTA RESPONSÁVEL: Carol Denardi (SC 01843-JP) PROJETO GRÁFICO: Lui Holleben

DIAGRAMAÇÃO: Mateus Peixer COORD. DE PUBLICIDADE: Pe. Tarcísio Pedro Vieira e Erlon Costa TIRAGEM: 24.000 exemplares IMPRESSÃO: Diário Catarinense EMAIL: imprensa.arquifln@gmail.com SITE: www.arquifln.org.br


Jornal da Arquidiocese, setembro de 2018

3

#compartilha Foi lançado o edital para o Prêmio de Iniciativa Solidária Dom Afonso Niehues

Retalhos do Cotidiano Professor Carlos Martendal

Imagem: ASA

Ameixas

As ameixas estão surgindo: mais um pouco, farão as delícias dos passarinhos; as flores já se abriram e voadores vêm beijá-las; os farelos cobriram a terra e as formigas vêm carregá-los. “Todos de ti esperam que a seu tempo lhes dês alimento, Senhor!” (Sl 104,27)

Felicidade

TNão nos esqueçamos de que Deus nos quer felizes. Se até agora muito nos preocupamos, comecemos a olhar as aves do céu e os lírios do campo: nem elas nem eles têm rugas. Caso as rugas das preocupações tenham chegado, vamos dar uma limada nelas. A Arquidiocese e a Ação Social Arquidiocesana (ASA) promovem a quinta edição do Prêmio de Iniciativa Solidária Dom Afonso Niehues. As inscrições são gratuitas e estão abertas até o dia 19 de outubro. O prêmio tem o objetivo de manter viva a chama da misericórdia, da esperança e da solidariedade de Dom Afonso Niehues, que tinha o desejo de ter em cada paróquia uma obra social, como escreveu em uma correspondência destinada ao clero, em janeiro de 1967. O prêmio será concedido a três iniciativas solidárias: uma Entidade Social, uma Ação Social Paroquial e uma Pastoral Social ou Movimento Eclesial Católico. Cada uma vai receber o valor de R$ 7 mil (sete mil reais), de acordo com a apresentação de projeto de utilização dos recursos. Também vão ser homenageadas pessoas que represen-

tam o clero, o empresariado e o voluntariado. Em 2017, as três iniciativas homenageadas foram: a Pastoral da Criança arquidiocesana, que se inscreveu com a Iniciativa Solidária “Geração de Oportunidade e Renda”; a Assistência Social São Luiz, da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes e São Luiz, Agronômica, em Florianópolis, com o projeto “Criança Feliz”, e a “Promoção Social das Famílias do Centro de Educação Infantil Girassol”, da Irmandade do Divino Espírito Santo (IDES). A premiação ocorre no dia 24 de novembro, no auditório da Catedral, junto com as festividades em honra a Santa Catarina de Alexandria, padroeira da Arquidiocese. O edital se encontra disponível no site da ASA: asafloripa.org.br. Mais informações no: (48) 3224-8776.

Viagem

O conhecimento que deste aos homens, Senhor, fê-los chegar à Lua e, agora, descobrir água em Marte. O homem é capaz de chegar a milhões de quilômetros no espaço e continua incapaz de chegar ao coração do irmão. Porque “amar dói”, implica dar-se, sair de si...

Tempo

O que é o tempo? Somos dos que dizemos que tempo é dinheiro? Ou achamos que tempo é uma questão de prioridade? Prefiro dizer que tempo é uma questão... de amor, pois, para aquilo que amamos, sempre achamos tempo!

A vida é missão Foto: COMIDI

Convívio Emaús promove celebração com os leigos Foto: : Seminarista Fábio de Almeida

A primeira edição da “Festa Sal e Luz”, em consonância com o Ano Nacional do Laicato, ocorreu no dia 11 de agosto, no Seminário Convívio Emaús,

em Florianópolis. Promovida pelo seminário, contou com a presença de leigos de diferentes paróquias, movimentos e novas comunidades da Arquidiocese. O objetivo foi celebrar a beleza das vocações dos cristãos leigos, registrar sua presença e refletir sobre a ação deles nas comunidades e nos campos de estágio pastoral dos seminaristas. A Igreja no Brasil celebrou, em agosto, o Mês Vocacional, que este ano refletiu o tema “Seguir Jesus a luz da fé” e o lema “Sei em quem acreditei” (2Tm 2,12).

A segunda edição do Sulão das Santas Missões Populares (SMP) aconteceu entre os dias 24 e 26 de agosto, em Governador Celso Ramos, e contou com a assessoria do fundador das SMP, Pe. Luis Mosconi. Estiveram presentes 80 pessoas dos três estados do Sul: Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Um dos objetivos desse encontro foi o encaminhamento

do estudo do manual das Santas Missões Populares e dos demais livros escritos, pelo Pe. Mosconi, a partir das experiências vivenciadas com o povo nas SMP. “Sinto que a minha vida me envia algo que tenho de cumprir. Sem missão me destruo como pessoa. A vida é missão, e esta acontece em etapas na nossa vida e na Igreja. A missão nos cura”, destacou o assessor.


Jornal da Arquidiocese, setembro de 2018

4

#compartilha

Dois diáconos são ordenados presbíteros em setembro Foto: Arqudiocese de Florianópolis

Diácono Guilherme

A ordenação de um padre sempre é motivo de grande alegria para toda a Igreja. E neste mês a Arquidiocese tem motivos suficientes para se alegrar. Os jovens Guilherme dos Santos, 25, e Philipe Valdenô Damazo, 32, serão ordenados presbíteros.

Santuário Santa Paulina promove festival vocacional O Santuário Santa Paulina, em Nova Trento, promove a segunda edição do Festival Sons e Dons. No festival haverá danças, música e poesias vocacionais para crianças e adultos, e acontece no dia 22 de setembro, a partir das 08h, no Anfiteatro do Centro Comercial do Santuário. O evento é uma iniciativa do Santuário em parceria com a Paróquia São Virgílio, de Nova Trento, e busca valorizar e reconhecer os talentos musicais e culturais em nível regional. O tema deste ano é “Dons a serviço da vida”. Os interessados em se apresentar no festival deverão entrar em contato com a recepção do Santuário até o dia 10 de setembro. A inscrição é gratuita e pode ser realizada pelo telefone (48) 3267-3030 ou pelo e-mail: santuario@santuariosantapaulina. Imagem: Sant. Sta. Paulina

O Arcebispo preside a missa de ordenação do Guilherme, no dia 08 de setembro, às 15h, na Igreja Matriz da Paróquia Senhor Bom Jesus de Nazaré, centro de Palhoça. O jovem escolheu como lema “Na sua pobreza, ofereceu tudo” (Mc 12,44). Atualmente, ele está na Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes e São Pedro, bairro Serraria, em São José. Primeiras missas do Pe. Guilherme dos Santos: - Dia 09, às 10h, na Igreja São Sebastião, em Palhoça, e às 19h30 deste mesmo domingo, na Igreja Matriz Senhor Bom Jesus de Nazaré, centro do município. - Dia 15, às 19h30, na Igreja Matriz Nossa Senhora dos Navegantes e São Pedro, Serraria, em São José. A missa de ordenação do Philipe será presidida por Dom Wilson Tadeu Jönck no sábado, 22, às 15h, na Igreja Nossa Senhora do Sagrado Coração, no Campeche, em Florianópolis. Philipe, que tem como lema “Senhor, tu sabes tudo, sa-

bes que te amo” (Jo 21,17), atua hoje na Catedral Metropolitana. Primeiras missas do Pe. Philipe Damazo: - Dia 23, às 09h30, na Igreja Nossa Senhora da Lapa, Ribeirão da Ilha, na capital, e na Catedral, às 19h30. Foto: Arquivo pessoal

Diácono Philipe

Participe da celebração do Dia do Nascituro

Vida e saúde: uma corrida para a solidariedade Foto: Divulgação

Evento do ano passado, na Capital

A décima edição do circuito da Corrida do Bem chega em Florianópolis no dia 16 de setembro, na Beira Mar Continental. As inscrições podem ser feitas nas paróquias, colégios católicos e no site do evento, até o dia 04 deste mês. Promovido pelo Serviço Social da Indústria (SESI), entidade da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), o Circuito Corridas do Bem tem a parceria da Ação Social Arquidiocesana (ASA). Além de motivar as pessoas à prática da atividade física, parte do valor das inscrições será revertido para as ações sociais da ASA. Nesta edição, além da Caminhada do Bem, haverá uma novidade: a “Maratoninha”, voltada para crianças. A inscrição para esta modalidade é um item de higiene que será doado para uma instituição social. Todos os participantes da corrida, caminhada e Maratoninha receberão medalha de participação. Informações: corridasdobem.com.br.

De 1º a 7 de outubro celebra-se anualmente a Semana Nacional da Vida, instituída em 2005 pela 43ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, que culmina no Dia do Nascituro, 8 de outubro. A Comissão Vida e Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) destaca que: “A atividade da Semana Nacional da Vida e do Dia do Nascituro é uma feliz iniciativa da Igreja. Busca ecoar na consciência, não só dos católicos, mas também de todos os homens e mulheres de nossa sociedade, o quão é necessário criar uma cultura da vida numa realidade que, muitas vezes, passou a considerar certas condições humanas como descartáveis”. A Arquidiocese celebra o Dia do Nascituro no dia 06 de outubro, a partir das 15h, na Igreja dos Sagrados Corações, em Barreiros, São José, com missa presidida pelo Arcebispo. O evento contará com animação musical, vídeos e conferências, a fim de reforçar a luta pelo cuidado, proteção e a dignidade da vida humana em todas as suas fases, desde a concepção até seu fim natural.


Jornal da Arquidiocese, setembro de 2018

5

nossa fé

Dignidade da vocação laical

Meu candidato é...

Padre Vitor Galdino Feller

Fernando Anísio Batista Foto: Divulgação

A vocação laical dos cristãos leigos surge dos três sacramentos da iniciação, que “fundam a igual dignidade de todos os membros de Cristo” (Doc. 105, n. 104). O Batismo incorpora todos na mesma fé e no mesmo corpo de Cristo; a Crisma unge a todos no mesmo espírito de Cristo; a Eucaristia une a todos na mesma fração do pão. Assim, todos são membros do único povo de Deus, todos têm em Cristo, independentemente das funções, a mesma dignidade cristã, a mesma cidadania batismal, a mesma graça salvífica. Diversidade na unidade A dignidade comum dos fiéis – ministros ordenados e leigos – se baseia nos grandes dons que nos são oferecidos por Deus. Somos um só corpo de Cristo, um só povo de Deus; temos um só Senhor, uma só fé, um só Batismo;

vivemos num só Espírito; participamos de uma só Igreja. “Comum é a dignidade dos membros, pela regeneração em Cristo; comum a graça de filhos, comum a vocação à perfeição; uma só salvação, uma só esperança e uma caridade indivisa” (LG, n.32). A dignidade comum A dignidade comum dos fiéis – ministros ordenados e leigos – se baseia nos grandes dons que nos são oferecidos por Deus. Somos um só corpo de Cristo, um só povo de Deus; temos um só Senhor, uma só fé, um só Batismo; vivemos num só Espírito; participamos de uma só Igreja. “Comum é a dignidade dos membros, pela regeneração em Cristo; comum a graça de filhos, comum a vocação à perfeição; uma só salvação, uma só esperança e uma caridade indivisa” (LG, n.32). Encontre esse e outros artigos em: www.arquifln.org.br

Vinculação comum Vivendo a unidade da fé na diversidade de funções e ministérios, a Igreja reflete na terra a divina vida trinitária. Três pessoas num só Deus; muitas pessoas numa só Igreja! Mesmo que os pastores estejam à frente como dispensadores dos mistérios em favor do povo, reina a igualdade entre todos quanto à dignidade. A distinção entre os ministros ordenados e o restante do povo de Deus contribui para a união, já que os pastores e demais fiéis estão ligados uns aos outros por uma vinculação comum: os pastores da Igreja prestam serviço aos fiéis e estes colaboram com os pastores. “Deste modo, todos testemunham, na variedade, a admirável unidade do corpo místico de Cristo: a própria diversidade de graças, ministérios e atividades, consagra em unidade os filhos de Deus” (LG, n. 32). Compartilhe ArquiFloripa

Gente do povo, comprometi- senta coerência entre palavras e do com as causas sociais e po- atitudes. pulares, dos pobres e excluídos. Pessoa que defende a demoGente que vive sua fé, enga- cracia, a ética na política e o fim jado na comunidade e compro- dos privilégios de uma minoria. metido com as causas sociais. Comprometido com a defesa Comprometido com a política da vida, desde a concepção até no seu sentido amplo, de bem o seu fim natural, e a dignidade comum, não se deixa levar por do ser humano. interesses privados, que têm imPessoa que deseja mudar o pactos econômicos mundo, transmitir e sociais. valores e deixar a Reconhecida“Gente que vive terra um pouco memente honesto, de lhor depois da sua sua fé, engajado passagem por ela. boa índole, com conduta ética de na comunidade e Pessoa com um está comprometido c o m p o r t a m e n t o sua vida. Pessoa que repúblico que inspira com as causas conhece que a poconfiança e credisociais.” lítica tem a ver com bilidade, mostra-se a paz, a justiça e o com competência cuidado da vida de para assumir o caruma cidade, de um povo inteiro go ao qual se candidatou. e da humanidade. Nestas eleições teremos o Construtor da paz, diz não direito de votar em seis candiàs polarizações ideológicas que datos. Sugerimos que seja feigeram a perda de objetividade e to um exercício para identificar podem levar a divisões e amea- pessoas que possuem as caças. racterísticas acima descritas. Candidato que promete o Novamente, a mudança está em que é de sua competência, apre- nossas mãos. Foto: Divulgação


Jornal da Arquidiocese, setembro de 2018

6

#eleições

Católicos comprometidos com o bem comum A política é uma das formas mais elevadas da caridade

A cada dois anos, entre os meses de agosto a outubro, os brasileiros recebem uma enxurrada de informações nas ruas ou nos meios de comunicação sobre os candidatos que concorrem nas eleições municipal, estadual e federal. Talvez você, católico, já esteja pensando: “Ah, lá vem mais um texto sobre as eleições. Católicos não se envolvem em política”. É mesmo? Então diga isto ao Papa Francisco. “Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão. Nós, cristãos, não podemos nos fazer de Pilatos e lavar as mãos. Não podemos! Devemos nos envolver na política porque a política é uma das formas mais elevadas da caridade, porque ela procura o bem comum”, ressalta o Pontífice. Foto: AP Photo/Andrew Medichini

A participação do católico na política é essencial para a construção de uma sociedade solidificada nos valores cristãos, como faróis seguros que trazem a marca do próprio Jesus Cristo. Por isso, o Papa Francisco questiona: “Por que a política está suja? Porque os cristãos não se envolveram nela com espírito evangélico?” Tânia Maria Leal, 57 anos, que participa da Paróquia São Sebastião, em Tijucas, afirma que participar da política é uma obrigação dos cristãos, que não devem ficar em cima do muro. “O católico deve estar envolvido, pesquisando a vida dos candidatos, avaliando e questionando seus valores e o que pensam, como votam nos projetos de interesse e relevância social”, explica Tânia. Foto: Arquivo pessoal

Tânia

Bem comum: conjunto das condições necessárias para que a pessoa humana tenha dignidade. “Política” vem da palavra grega “pólis“, que significa “cidade”. Ou seja, a política é a gestão da cidade, da comunidade, da vida social, focada no bem comum. “Política” é, portanto, o exercício do poder de participar nas decisões da comunidade. O estudante de pós-graduação, Tarcísio Rocha Figueredo, 27 anos, paroquiano da Santíssima Trindade, em Florianópolis, sugere que a população deve acompanhar os trabalhos dos políticos e se comunicar com eles para fazer sua voz ser ouvida. E ressalta que mandatários não estão no poder para fazer um favor para o povo, mas sim, para trabalhar pelo bem comum. “Pode-se dizer que ‘o povo é o patrão dos políticos’ e não o contrário. Um patrão quando quer que o empregado cumpra com o trabalho que tem que ser feito fica em cima dele, cobra, avalia o serviço, até que o resultado esteja de acordo com o que espera. Com os políticos a população deve fazer da mesma maneira. É importante se informar sobre as ações dos governantes e hoje em dia existem várias maneiras: televisão, rádio, redes sociais, sempre tomando muito cuidado com as notícias falsas”, orienta o estudante. Muitos políticos já divulgam seus trabalhos nas redes, basta procurar e se conectar às suas páginas oficiais. Além disso, Tarcísio afirma que para cada pessoa fazer isso sozinha é muito complicado, por isso, tem uma sugestão. “É muito importante as comunidades se organizarem para conversar, trocar informações e, assim, mobilizarem-se para cobrar

dos políticos, seja pela internet ou pessoalmente”, sugere o jovem. A cada eleição que passa, a população fica cada vez mais desgastada quando o assunto é política. Isso ocorre porque diariamente os noticiários relatam casos de corrupção envolvendo políticos e empresários. Mas o cristão precisa entender que este tipo de informação não se trata de “política” e sim de “politicagem”. Mandatários não cumprindo promessas, troca de favores, “dança das cadeiras” nas administrações públicas, aumento de privilégios, alianças partidárias incoerentes, atitudes como essas fazem o povo desacreditar da política. Por essa razão, a Igreja Católica, como advogada da justiça e dos desfavorecidos, pede aos fiéis que participem da política, pois é um dos meios que possibilitam a promoção da paz, da justiça e do cuidado da vida de um povo inteiro. O cristão chamado a esse exercício tem a missão de dar um testemunho pessoal e coletivo da seriedade de sua fé, por meio de um serviço eficaz e sem interesses particulares. Nestas eleições, você, leitor cristão, deve ficar atento a candidatos que promovam discursos de ódio, racismo, intolerância religiosa, contra a vida e a família, a favor da pena de morte. Os valores cristãos são essenciais para a construção de uma sociedade justa e mais fraterna. Por essa razão é preciso conhecer os candidatos. “É necessário pesquisar as propostas dos candidatos e seu posicionamento com relação à defesa da vida. Deve-se confiar o voto a candidatos que são contra o aborto e a eutanásia, que enxergam a família como célula fundamental da sociedade e que reconhecem o perigo que a ideologia de gênero representa na educação de crianças e adolescentes”, alerta Tarcísio.

Vote em quem...

Não vote em quem...

- Vive e defende os valores cristãos. - É competente e tem capacidade de liderança. - Defende a vida, desde a concepção até o seu fim natural. - Preocupa-se com a dignidade do ser humano. - Defende a família, segundo o plano de Deus. - É comprometido com os mais necessitados. - Respeita os adversários políticos. - É coerente nas palavras e atitudes. - Apresenta um comportamento que inspira confiança e credibilidade.

- É reconhecidamente desonesto, independentemente do partido, religião ou posição que o candidato tem na pesquisa. - Promete fazer aquilo que não é de sua competência. - Tenta comprar seu voto. - Coloca o lucro e a economia acima de tudo. - Faz da política uma profissão, perpetuando-se no poder por anos. - Apresenta atitudes agressivas físicas e morais. - É arrogante, demagogo, apresenta-se bem, mas não possui propostas efetivas. - Atenta contra a vida e a dignidade dos pobres. - Não inspira confiança.


Jornal da Arquidiocese, setembro de 2018

7

#eleições Foto: Arquivo pessoal

Fique atento! Nos últimos anos, os meios de comunicação, especialmente as redes sociais estão sendo tomadas por notícias falsas, as “Fake News”. Essas informações atrapalham o debate público. Por isso, fique atento a essas dicas:

Tarcísio com o filho Rafael

O compromisso com a verdade é outro valor fundamental para os cristãos e para o bom funcionamento da sociedade. “Os cristãos não devem votar em candidatos que ofereçam dinheiro, cesta básica ou algum tipo de cargo público em troca do voto”, aponta Tarcísio. É importante pesquisar se o candidato, caso já tenha sido eleito para algum cargo anteriormente, apoiou o combate à corrupção ou se está sendo investigado por ligação com algum esquema de corrupção. Uma grande e recorrente dúvida: afinal, anular o voto ou votar em branco é a melhor forma de “protestar” com relação à atual situação do país? Antes da Constituição de 1988 os votos em branco eram computados para o cálculo do quociente eleitoral. Após a promulgação da Carta Magna (art. 77 § 2º), e após a Lei 9.504/97 (art. 5º), os votos em branco deixaram de ser contados, contam-se apenas os votos válidos.

1 – Verifique a fonte da informação 2 – Leia a matéria completa e não em sites ou veículos de comunica- apenas os títulos. ção confiáveis. 3 – Veja quem é o autor da informação e se ele realmente existe. 4 – Analise se a data de publica- 5 – Questione se a informação é ção é atual. uma piada, ironia ou gozação. Informe-se! Para ajudar você a votar com consciência e convicção, a CNBB Regional Sul 2 preparou uma Cartilha de Orientação Política para Eleições 2018. Além disso, você pode pegar na sua paróquia o folder “Os Cristãos e as Eleições”, preparado pela Arquidiocese de Florianópolis. Imagem: Divulgação

Imagem: Arquidiocese de Florianópolis

“Os católicos versados em política e devidamente firmes na fé e na doutrina cristã, não recusem cargos públicos, se puderem por uma digna administração prover o bem comum e ao mesmo tempo abrir caminho para o Evangelho”. Concílio Vaticano II

O bacharel em direito e paroquiano da Paróquia São Joaquim, de Garopaba, Andrei de Oliveira, 26 anos, frisa que “votar em branco, ao contrário do que muitos pensam, não é uma forma de protesto, afinal, os votos serão descartados, a grosso modo falando. Ao votar em branco, você ignora o direito ao voto direto, adquirido a duras penas anos atrás”. O jovem aconselha o eleitor a procurar um candidato que acredite que irá representá-lo e trazer os ideais da Igreja para o mundo político. “Se pudesse deixar uma última mensagem eu diria: rezem pelos políticos, eles têm o poder e o dever de cuidar do nosso povo, e se estiverem sob a proteção de Deus, tudo ficará bem. Aconselho que todos leiam 1Tm 2,1-2”, conclui Andrei.

São Tomás More - padroeiro dos governantes e políticos Imagem: Divulgação

Foto: RCC

Andrei

Tomás More nasceu em Londres no ano de 1478. Seus pais eram cristãos e educaram os filhos no seguimento de Cristo. Aos 13 anos de idade ele foi para a Universidade de Oxford. Aos 22 anos já era doutor em direto e um brilhante professor. Sua diversão era escrever e ler bons livros. Além de intelectual brilhante, ele tinha uma personali-

dade muito simpática, um excelente bom humor. Casou-se, teve quatro filhos, foi um excelente esposo e pai, carinhoso e presente. More nunca se afastou dos pobres e necessitados, os quais visitava para melhor atender suas reais necessidades. Sua esposa e filhos o amavam e admiravam, pelo caráter e pelo bom humor, que era constante em qualquer situação. A sua contribuição para a literatura universal foi importante e relevante. Escreveu obras famosas como “Utopia” e “Oração para o bom humor”. Aconteceu que o rei Henrique VIII tentou desfazer seu legítimo matrimônio com a rainha Catarina de Aragão, para se unir em novo enlace com a cortesã Ana Bolena, contrariando todas as leis da Igreja. Para isto usou o Parlamento Inglês e passou a proclamar o rei e seus sucessores como chefes temporais da Igreja da Inglaterra, criando a Igreja Anglicana. Tomás More foi contra a decisão do rei. Então, o rei mandou prender e matar Tomás More, que foi decapitado em 1535, mantendo firme sua fé católica. São Tomás More foi canonizado no dia 19 de maio de 1935, por Papa Pio XI.


Jornal da Arquidiocese, setembro de 2018

8

bíblia

A Sabedoria é um Espírito amigo do ser humano (Sb 1,6)

Lectio Divina Padre Wellington Cristiano da Silva Filha de Sião, Maria traz consigo a trajetória de seus antepassados e guarda a memória do Deus-Vivo que vem resgatar o seu povo.

Oratio (oração)

O mês da Bíblia deste ano tem como tema “A defesa e a promoção da vida”. O lema baseia-se no livro da Sabedoria, escrito ao redor do ano 30 a.C., sendo o último texto canônico do Primeiro Testamento. Foi redigido na língua grega. O autor é judeu, morador de Alexandria, no Egito, onde havia uma grande colônia judaica. Inseridos na cultura greco-romana, os judeus sentiam-se ameaçados na fidelidade à sua Tradição de fé. O autor, então, apresenta a verdadeira Sabedoria, dom de Deus e fonte da justiça concebida como caminho da verdadeira vida. O livro está estruturado em três partes: 1ª) 1,1-6,21: a Sabedoria como fonte de justiça 2ª) 6,22-9,18: origem e natureza da Sabedoria 3ª) 10,1-19,22: a Sabedoria na história de Israel Apresentamos abaixo apenas alguns aspectos da primeira parte, na qual encontramos inserida a frase-lema do mês da Bíblia. A Sabedoria, fonte de justiça A Sabedoria, fonte de justiça, deve ser praticada, em primeiro lugar, pelos governantes: “Amai a justiça, vós que governais a terra” (1,1). O bom comportamento de um povo espelha-se, em grande parte, nas atitudes dos seus líderes. A prática da justiça garante a vida.

Deus criou o ser humano dando-lhe oportunidade de possuir vida em plenitude. Abrir-se à sua vontade e procurá-lo com integridade de comportamento é condição para tornar-se uma pessoa sábia. Deus é justo e eterno. Assim, quem pratica a justiça eterniza a vida, pois “a justiça é imortal” (1,15). Tempo oportuno O mês da Bíblia é tempo propício para nos aplicarmos, com novo ardor, na leitura e meditação da Palavra de Deus, a fim de que ela nos ilumine e nos fortaleça na missão de contribuir “para que os nossos povos tenham vida”. Neste ano, o mês bíblico coincide com a proximidade das eleições, quando elegeremos nossos governantes. O tema da Sabedoria relacionada com a prática da justiça é bem oportuno, motivando-nos à responsabilidade como cidadãos conscientes do protagonismo que devemos exercer através do voto, do acompanhamento das ações dos nossos representantes e do compromisso que assumimos de exigir o direito à vida e à dignidade para cada ser humano, estendendo-se para toda a criação: “Pois Deus não fez a morte, nem se alegra com a destruição dos seres vivos. Ele tudo criou para que exista” (1,13-14). Por Celso Loraschi Professor

“Sois meu apoio desde antes que eu nascesse, desde o seio maternal, o meu amparo: para vós o meu louvor eternamente” (Sl 70,6).

Contemplatio (contemplação)

Lectio (leitura) “Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo” (Mt 1,16).

Meditatio (meditação) Mateus, na genealogia, nos apresenta a dupla origem de Cristo, divina e humana: Ele vem do Pai; sua origem é eterna. Ele também vem de Maria; foi gerado na história humana por obra do Espírito Santo. Eis aqui o grande mistério da encarnação! Jesus, descendente de Davi e de Abraão, perpassa toda história da humanidade. Ele herda as bênçãos concedidas às grandes testemunhas do povo de Israel e cumpre perfeitamente as promessas divinas feitas aos nossos pais na fé. Nesta história da salvação, a Virgem Maria assume um papel fundamental. Ela acolhe em seu ventre o Messias esperado. Ela nos prepara para celebrarmos a vinda do nosso Salvador. A Virgem descende do povo de Israel. Faz parte de um pequeno resto que permaneceu fiel à aliança divina. Verdadeira

Celebrando o nascimento de Maria, no dia 08 de setembro, contemplamos o Autor da vida, que nela realizou maravilhas e nos concede a graça do novo nascimento.

Missio (missão) A Igreja celebra o testemunho de seus santos e santas no dia de sua passagem deste mundo para a eternidade. Contudo, temos duas exceções. Celebramos os nascimentos de João Batista e de Maria. Estes nascimentos nos dão a certeza de que o tempo da salvação está próximo. No nascimento de Maria e de João nutrimos nossa alegre expectativa no Cristo que está para chegar. A celebração da natividade de Nossa Senhora é para nós Aurora da Salvação. O Sol nascente vem nos visitar (Lc 1,78). Iluminados pelo mistério do nascimento de Maria, somos convocados a defender a vida humana. Toda pessoa humana é querida por Deus. Desde antes de sua concepção, o ser humano já é sonhado e desejado por Deus. Nossa missão consiste em combater toda espécie de ameaça ao dom da existência humana e formar uma autêntica cultura da vida em nossa sociedade.

Conhecendo as cartas de São Paulo Padre Gilson Meurer

“A justificação pela fé em Romanos” Os primeiros versículos da carta aos Romanos são dedicados à apresentação do “Apóstolo” Paulo, “servo de Cristo Jesus”, bem como da temática que ele pretende discorrer (Rm 1,1-17). Com efeito, o apóstolo enuncia que o evangelho é poderosa fonte de salvação para todos, manifestando a justiça de Deus (Rm 1,16-17). Para Paulo, não existe outro meio de salvação a não ser através de Jesus Cristo. Pois “todos pecaram e estão privados da glória de Deus, e são justificados gratuitamente, por sua graça, em virtude da redenção realizada em Cristo Jesus” (Rm 3,23-24). O homem não está em condições de se tornar “justo” com as suas próprias ações, mas só pode realmente tornar-se “justo” porque Deus lhe confere a sua “justiça” unindo-o a Cristo, seu Filho. E

o homem obtém esta união com Cristo através da fé. Contudo, esta fé não é um pensamento, uma opinião, uma ideia. Esta fé é comunhão com Cristo, é conformidade com Ele. Ou, por outras palavras, a fé, se é verdadeira, se é real, torna-se amor, caridade. Uma fé sem o fruto da caridade não seria verdadeira. Seria fé morta. “Em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão têm valor, mas a fé que atua pela caridade” (Gl 5,6). Ele ainda acrescenta: “Nós sustentamos que o homem é justificado pela fé, sem as obras da Lei” (Rm 3,28). A Lei significava a Torah, ou seja, os cinco livros de Moisés. Ela se expandia, na interpretação farisaica, por uma infinidade de normas de comportamentos que ia do núcleo ético até às observâncias rituais e cultuais que determinavam a identidade do homem justo. Es-

sas eram como um muro que protegia dos perigos dos desvios da fé. “Com Cristo, o Deus de Israel, tornava-se o Deus de todos os povos. O muro não era mais necessário: é Cristo que nos protege de todos os desvios; é Cristo que nos une com e no único Deus; é Cristo que garante a nossa verdadeira identidade na diversidade das culturas. Ser justo significa simplesmente estar com Cristo e em Cristo. A fé é olhar Cristo, confiar-se a Cristo, apegar-se a Cristo, conformar-se com Cristo e com a sua vida. E a forma, a vida de Cristo, é o amor. Paulo sabe que no dúplice amor a Deus e ao próximo está presente e é completada toda a Lei. Assim, na comunhão com Cristo, na fé que cria a caridade, toda a Lei é realizada”. (Papa Bento XVI, Audiência Geral, 19/11/2008).

Você também pode conferir este artigo e os demais no site da Arquidiocese: www.arquifln.org.br.


9

Jornal da Arquidiocese, setembro de 2018

evangelização Congresso Estadual da Pastoral Familiar neste ano ocorre em Nova Veneza Foto: Pastoral Familiar

“O Evangelho da Família: Alegria para o Mundo” será o tema do IX Congresso Estadual da Pastoral Familiar, Regional Sul 4, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que ocorre de 28 a 30 de setembro, em Nova

Veneza, Diocese de Criciúma. Podem participar todos os agentes pertencentes a pastorais, serviços e movimentos que atuem com famílias. O congresso terá a participação de Dom João Bosco B. de Sousa (Bispo de Osasco, SP, e Presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família – CEPVF - da CNBB) e do Pe. Jorge Alves Filho (Assessor Nacional da CEPVF e Secretário Executivo da Comissão Nacional da Pastoral Familiar - CNPF). Também estarão presentes, como palestrantes, casais assessores pedagógicos da CNPF. Durante o congresso serão abordados temas como afetividade e sexualidade, namoro cristão, os recém-casados, educação dos filhos, pessoa idosa na família, na sociedade e na Igreja, aborto, e ideologia do gênero. As inscrições podem ser feitas até o dia 10 de setembro, através do site: http://www.cnbbsul4.org.br.

Padre Cardoso: amor incondicional por Jesus e Maria No dia da Assunção de Nossa Senhora, 15 de agosto, Pe. João Cardoso, 93 anos, partiu para a casa do Pai. Padre João Cardoso nasceu em Brusque, no dia 16 de maio de 1925. Foi ordenado diácono no dia 21 de dezembro de 1958, e presbítero em 06 de dezembro de 1959. Sempre trabalhou em Florianópolis. Foi nomeado em 06 de dezembro de 1959 coadjutor da Paróquia Nossa Senhora de Fátima e Santa Teresinha do Menino Jesus, Estreito. E em 17 de janeiro de 1962, coadjutor da Paróquia Nossa Senhora do Desterro, Catedral. No dia 13 de junho de 1966 assumiu como pároco da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, Saco dos Limões. De 1968 a 1972 atuou na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, Ribeirão da Ilha. Padre Cardoso foi pároco da Paróquia Nossa Senhora da Glória, Balneário, a partir do dia 26 de junho de 1987.

Foto: Mateus Peixer

Em 03 de novembro de 1993 foi nomeado também Diretor Espiritual da Legião de Maria. Em 11 de fevereiro de 2007 assumiu como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima e Santa Teresinha do Menino Jesus, no Estreito. Desde 15 de outubro de 2016, residia na Orionópolis Catarinense, em São José. Deixa para todos um legado, que não se cansava de repetir: “Amar Jesus na Eucaristia e a Maria como Mãe”.

Regional Sul 4 da CNBB se reúne em Assembleia de Pastoral Foto: CNBB Sul 4

O Regional Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou nos dias 24 e 25 de agosto, em Lages (SC), a 51ª Assembleia Regional de Pastoral. Com o tema ‘Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da pastoral’, terceira Urgência da Ação Evangelizadora da Igreja no

Brasil e do Plano Regional de Pastoral, o evento reuniu o episcopado catarinense, os coordenadores diocesanos de pastoral, os ecônomos diocesanos e representantes das pastorais, movimentos, organismos e serviços da Igreja em Santa Catarina. Além das reflexões referentes ao tema central, outros pontos como a avaliação do atual Plano Regional de Pastoral (2015-2019) e as indicações para as novas Diretrizes para a Ação Evangelizadora estiveram dentro da pauta da Assembleia. A articulação para a 6ª Semana Social Brasileira, a Campanha da Fraternidade, os Fundos Diocesanos de Solidarieda-

de, o Ano Nacional do Laicato e o Dia Mundial do Pobre também estiveram na programação, juntamente com a apresentação de uma nova versão do Regulamento do Conselho Episcopal Regional e dos Organismos Subsidiários (Estatuto do Regional). Momentos emocionantes marcaram a 51ª Assembleia Regional de Pastoral, como a leitura da mensagem enviada pelo bispo de Rio do Sul (SC), Dom Onécimo Alberton, que não compareceu ao evento devido a problemas de saúde, e o lançamento da arte comemorativa que marca a preparação para o Jubileu de Ouro de instalação do Regional Sul 4 da CNBB. Confira mais notícias da Assembleia em www. cnbbsul4.org.br. Por Franklin Machado CNBB Sul 4


Jornal da Arquidiocese, setembro de 2018

10

evangelização

Santas Missões Populares no Sertão Baiano Arquidiocese envia 80 missionários Foto: Divulgação

Foto: Arquivo pessoal

Missionários da Arquidiocese participaram das Santas Missões Populares, na Diocese de Barra, na Bahia. Durante uma semana, 80 leigos, de diferentes paróquias, viveram diferentes experiências nas comunidades do sertão baiano. Confira alguns depoimentos.

Domingos Foto: Divulgação

Bernadete (de chapéu)

Caridade Social

Domingos Francisco Pereira, 71, Paróquia São Judas, Barreiros, São José. “Cada pessoa e comunidade tem seu jeito próprio de ser, viver e este sentido de missão. Sempre se traz mais do que se leva, principalmente, o carinho da comunidade”. Bernadete Becker, 58, Paróquia Nossa Senhora de Azambuja, Brusque. “Na comunidade onde fiquei, mais de 50% das 45 famílias são evangélicas, e nas visitas, muitas pediram para abençoar as casas com água benta. O povo,

mesmo não tendo acesso à Bíblia, coloca em prática a Palavra no dia a dia”. Seminaristas do Propedêutico: Leandro Matos, Leandro Vaz, Matheus Amaral, Nathan Dias, Paulo Gonçalves, Paulo Silva e Valter Júnior. “Nesta primeira experiência missionária, podemos experimentar o amor de Deus nos rostos dos nossos irmãos baianos. Aprendemos a não ser mestre, mas aprendiz. Agradecemos a Deus por esta experiência que fortalece ainda mais o nosso discernimento vocacional”, disse o seminarista Paulo Silva.

Seminaristas do Propedêutico Foto: Divulgação

Heloisa Tomaz, 18, Paróquia São João Evangelista, Biguaçu. “A primeira experiência missionária que fiz aconteceu este ano e fiquei em uma comunidade chamada São Francisco. Lá, pude vivenciar a caridade, intensificar minha fé e abrir meu olhar para novos horizontes”.

Heloisa

Amor sobre rodas: o resgate dos desfavorecidos Foto: Comunidade Sede de Deus

Nossa Senhora de Guadalupe, onde recebe uma média de 25 pessoas por dia.

Ônibus que foi estruturado para o projeto

Papa Francisco pede que a Igreja e os cristãos vivam o verdadeiro Evangelho de amor a Deus, com os olhos voltados aos desfavorecidos da sociedade. Por esse motivo, a Comunidade Sede de Deus e Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, no Balneário de Canasvieiras, em Florianópolis, resolveram se unir e pensar em uma alternativa que pudesse amenizar a dor e o sofrimento daqueles que vivem em situação de rua no norte da Ilha de Santa Catarina.

Após um período de pesquisa, foi constatado que a maior dificuldade dos moradores de rua era encontrar um local para tomar banho, trocar de roupa e se alimentar. Foi aí que os voluntários tiveram a ideia de criar um ônibus que comportasse uma cozinha, armário para roupas e chuveiros. Surgiu, então, no dia 30 de abril deste ano, o Projeto de Sede de Amor. Atualmente, o ônibus atende às segundas e sextas, no pátio da Paróquia

Como funciona? Ao chegar, cada morador recebe uma senha para banho e outra para alimentação. Quando entra no ônibus, retira a roupa que é colocada em outro local, para depois ser reciclada. Para o banho, a pessoa recebe toalha, sabonete descartável, roupa limpa e um kit de higiene. A alimentação é preparada por voluntários da comunidade. Este momento é importante, pois é nele que ocorre a interação entre todos. Por conta disso, alguns deles foram inseridos no mercado de trabalho, voltaram para suas famílias. Fernando Kasmirski Zatta, 29 anos, voluntário do projeto desde o início, conta que decidiu abraçar o projeto,

porque estava cansado de ver tanta violência, coisas ruins dentro sociedade, em especial, com as pessoas em situação de rua. “A gente busca um mundo mais humano, tentando proporcionar para o irmão, um pouco de dignidade e carinho”, ressalta o jovem. Gostou do Projeto Sede de Amor? Quer saber como você pode ajudá -los? Ligue para: (48) 98457-9837 ou 984329797. Foto: Comunidade Sede de Deus

Moradores de rua sendo atendidos


Jornal da Arquidiocese, setembro de 2018

11

evangelização Kairós da Juventude recebe aproximadamente mil jovens em Brusque Evento aconteceu no Pavilhão da Fenarreco Foto: RCC

Adoração ao Santíssimo Sacramento ocorreu no domingo

Com o propósito de despertar na juventude uma nova experiência profunda de Deus, a Renovação Carismática Católica (RCC) promoveu, no final de semana de 18 a 19 de agosto, o Kairós da Juventude. O contou com uma programação extensa para os jovens e reuniu aproximadamente mil pessoas no Pavilhão da Fenarreco, em Brusque. De acordo com a coordenadora arquidiocesana do Ministério Jovem da RCC, Nathalia Batschauer, o objetivo foi despertar no jovem a experiência de Deus e o chamado à vida de santidade. “O Kairós trouxe um divisor de águas profundas e um renascer de novo para à juventude”, comenta Batschauer. Josiélly Fraga, 17 anos, que é integrante do grupo de oração Levantai-vos, da Paróquia Santa Cruz, em São José, participou pela terceira vez do evento. “Sou fruto de um Kairós; então, a cada ano que passa, encanto-me mais com esse retiro. Me encanto em ver a alegria dos jovens buscando a Deus, sendo transformados através dele, assim como eu fui”, explica a jovem. Na primeira pregação do encontro, o jovem da Comunidade Palavra Viva de Joinville, Jefferson da Cruz, partilhou sobre “o amor infini-

to de Deus”. Já o coordenador do Ministério Jovem da RCC Santa Catarina, Luan Chiuchi, pregou sobre “como decidir pelo caminho da conversão”, e no final do dia falou sobre o Espírito Santo. No domingo, houve pregações com os seguintes temas: “A santidade de Maria”, “Senhorio de Jesus” e “Envio”. Além disso, os jovens tiveram a oportunidade de participar do Momento Marcelo Câmara, com uma encenação que contou a história de santidade do jovem de Florianópolis, falecido em 2008, por conta de um câncer. Muitos jovens são tocados neste evento. É o caso do Roberson Valério dos Santos, 25 anos, do grupo Guerreiros de Deus, da Paróquia São Luiz Gonzaga, em Brusque. Ele afirma que alcançou uma graça dentro do matrimônio e também presenciou algo diferente. “Vi a transformação da vida de muitos jovens que conheço e que já haviam perdido a vontade de viver”, ressalta Roberson. O segundo dia também foi marcado pela adoração ao Santíssimo Sacramento e a missa de encerramento, presidida pelo Arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck.

Cronograma de setembro 06/09 | Fórum das Pastorais, Entidades e Ações Sociais | Vida Nueva - Palhoça 07/09 | Grito dos Excluídos | Monte Serrat 07/09 | Shalom – Trilha da Paz | Trilha do Gravatá – Florianópolis 07/09 | Ordenação Presbiteral de Guilherme dos Santos | Palhoça 10 a 13/09 | Retiro dos Presbíteros | Morro das Pedras 14 a 16/09 | Visita Pastoral de Dom Wilson | Monte Alegre – Camboriú 16/09 | Interdiocesano dos GBFs | Turvo - SC 21 a 23/09 | Retiro dos Diáconos e Esposas | Provincialado 22/09 | Encontro Canto Litúrgico e Pastoral | Biguaçu 22/09 | Ordenação Presbiteral de Philipe Damazo | Campeche 22 e 23/09 | Retiro Arqui. da Pastoral do Povo de Rua | Biguaçu 25/09 | Reunião Geral dos Presbíteros | Aririú 29/09 | PPI – Dia Internacional do Idoso – Missa e Confraternização | Catedral 30/09 | Escola de Formação para Multiplicadores – ECAM | Itapema 30/09 | Encontro Projeto de Vida | Propedêutico

Retiro Básico do Movimento Pólen está com as inscrições abertas Foto: Movimento Pólen

De 14 a 16 de setembro, o Movimento Pólen promove a 62º edição do Retiro Básico para jovens, entre 14 e 21 anos. O encontro será realizado na casa de retiros do Morro das Pedras, em Florianópolis. O Pólen é um movimento católico de espiritualidade cristã e nasceu em 1971, com o objetivo de ajudar os jovens a buscar o sentido de vida e descobrir o amor de

Cristo. Desde então, diversas lideranças foram formadas e mais de 2500 pessoas já participaram do Movimento Pólen. As inscrições para o 62º Retiro Básico podem ser realizadas no site www.movimentopolen.org. Após a inscrição, um jovem do Movimento Pólen entrará em contato com o interessado em participar do retiro.


Jornal da Arquidiocese, setembro de 2018

12

geral Revisão das orientaçõs pastorais para os sacramentos Confira a entrevista com o coordenador geral da Comissão Arquidiocesana de Liturgia

Imagem: Divulgação

Os sacramentosa da Igreja: Batismo, Crisma, Eucaristia, Reconciliação, Unção dos Enfermos, Matrimônio e Ordem

O objetivo principal da 30ª Assembleia Arquidiocesana de Pastoral, que ocorreu em julho, foi revisão das orientaçõs pastorais para os sacramentos. Um dos assessores, Pe. Rafael Aléx, que também é o coordenador geral da Comissão Arquidiocesana de Liturgia, destacou alguns aspectos importantes sobre o tema geral da assembleia. Confira na entrevista. Jornal da Arquidiocese (JA): Para o senhor, o que significa o sacramento? Padre Rafael Aléx: Bem, a questão dos sacramentos é um tema fundamental e importante para nós, como Igreja e como Arquidiocese. Além disso, estamos aqui reunidos depois de um processo longo de revisão, justamente para fazer esta revisão final das orientações pastorais em vista de um serviço melhor, mais coerente, para o povo de Deus em geral. A gente encontra algumas dificuldades pastorais, que identificamos nas nossas comunidades nesses últimos anos. Então é também a procura de não negar, mas de enfrentar esses desafios e de procurar dar uma resposta adequada. JA: O senhor acha que a falta de envolvimento espiritual está ligada com a forma em que se situa o mundo de hoje? Padre Rafael: Bem. Também! Sejamos nós, que somos padres e os membros do povo de Deus que são lideranças, que participam ou os que não participam tanto; todos nós estamos inseridos nesse contexto do mundo de hoje, que nos apresenta tantas vezes outros caminhos e direções. Eu falava da questão

da indiferença, enfim, do mundo. Que nos apresenta esses outros caminhos. Então há sempre essa tentação de nos levar a ver, talvez, os sacramentos como algo do passado, sem essa base espiritual fundamental que nos coloca em comunhão com Deus, e que vai nos aperfeiçoando durante a nossa vida. Para que nos tornemos, assim, sempre mais semelhantes a Cristo. JA: No seu ponto de vista com base na Igreja, tem algum sacramento que se destaca? Padre Rafael: Os sacramentos, todos são importantes. Cada um na sua especificidade e na situação vivencial concreta a que ele diz respeito. Então, claro, a base para todo cristão católico são os sacramentos da Iniciação à Vida Cristã: Batismo, Crisma e Eucaristia. Não é o caso, creio, de dizer qual é o mais importante; mas eles se referenciam. Não é que o Batismo isole os outros dois ou coisa do tipo. O Batismo aponta para a Crisma e a Eucaristia, como a Eucaristia supõe o Batismo e a Crisma, e assim por diante. Então, na verdade, eles se relacionam, necessariamente, mutuamente. São a base para todos: leigos, padres, religiosos. Sobre essa base é que vão construindo o restante. JA: Na palestra, o senhor comentou que a Crisma é um dos sacramentos mais deixados de lado. Acredita que é pela idade ou pela sociedade atual em que vivemos? Padre Rafael: As duas coisas! Há essa banalização e indiferença, há o problema, até o presente momento, em que a Crisma era celebrada ali pelos 15 ou 16 anos,

um período complicado de crises próprias. Então, é difícil você querer propor algo. Claro que há exceções, e que esse algo crie raízes numa situação complicada já de crises. É por isso que a ideia de antecipar a Crisma, creio que seja a mais certa. Até, como dizia na questão das sequências dos sacramentos, a forma mais lógica seria ter a Eucaristia no final; quem sabe futuramente retome esse tema em nível nacional. Mas, o mais importante agora é que, reestruturando esse processo da Iniciação à Vida Cristã, começando a preparação aos nove anos, a criança vai e, logo em seguida, já continua o caminho em via de concluir o percurso, recebendo a Crisma mais cedo. Quem sabe, aos poucos, conseguimos superar essa dificuldade. Por Fernanda Brüggemann dos Santos Foto: Arquivo pessoal

Padre Rafael Aléx


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.