Corpus Christ - 2012

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12 a 18 de junho de 2012

Luciney Martins/ O SÃO PAULO

CORPUS CHRISTI

Como em 1942, Cristo Eucarístico abençoa a cidade de São Paulo Na madrugada, fiéis proclamam sua fé com adoração e trabalho KARLA MARIA REPORTAGEM NO CENTRO

Foi a partir do alto do morro, sobre o Vale do Anhangabaú, que a Arquidiocese de São Paulo celebrou o Corpus Christi. O fato ocorrido em 1942, durante o 4º Congresso Eucarístico Nacional, se repetiu no último dia 7 de junho de 2012. E foi ali, do alto do morro, na Igreja de Santa Ifigênia, que às 20h do dia 6, a Arquidiocese de São Paulo começou sua vigília, com missa presidida pelo padre sacramentino, Ismael Brunelli Destefani. Entre os bancos vazios da igreja concluída no século 18, estava Lucas, com seus 12 anos, em preparação para a 1ª Eucaristia. Acompanhado da avó, ele se dividia em acompanhar a homilia do padre e observar os desenhos da cúpula da igreja, que já foi Catedral provisória de 1930 até 1954. “Esse é o dia em que nós escolhemos para celebrar a Eucaristia. Feliz aquele, como Santa Teresinha, que consegue ver Deus no pedaço de pão”, disse padre Ismael, recordando que o costume de celebrar Corpus Christi, o Corpo de Cristo, começou em 1200 d.C. Assim como Lucas, outras

pessoas iam chegando para a vigília, gente de todo canto da cidade que buscava adorar o Santíssimo, como Célia Maria da Silva Cruz, da Legião de Maria, da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Região Episcopal Brasilândia. “A Eucaristia une a comunidade e rezar em comunidade é rezar unido”, disse Célia, que

passou a noite toda na Igreja de Santa Efigênia e só voltou à sua casa às 13h, depois da missa presidida pelo núncio apostólico dom Giovanni D’Aniello, na Catedral da Sé, no dia 7. “Todos precisam de muita oração e aqui, em vigília, em mais intimidade com o Santíssimo, as graças acontecem”, afirmou Célia.

De tempo em tempo, os grupos foram se revezando para a vigília. Depois da Legião de Maria, foram os monges beneditinos, a Renovação Católica Carismática, a Comunidade Aliança de Misericórdia e por fim, o Setor Juventude, até a missa às 7h, presidida por dom Tarcísio Scaramussa, bispo auxiliar na

região Sé e referencial para a juventude. Enquanto a vigília acontecia na Igreja de Santa Efigênia, a 2 mil metros dali, no marco zero a cidade, 30 jovens desenhavam o tapete para a passagem do Santíssimo. Eram seis jovens da Comunidade Shalom e 24 da Aliança de Misericórdia. “É uma honra Luciney Martins/O SÃO PAULO

De madrugada, jovens da Aliança de Misericórdia montam tapete alusivo ao patrono da cidade no percurso da procissão de Corpus Christi

para nós, porque o próprio Jesus Eucarístico vai passar nesta arte que nós fizemos, humilde, mas para nós é muito gratificante passar a madrugada aqui, servindo, junto com a Aliança de Misericórdia, isso também nos traz unidade”, disse Geórgia Nascimento da Gama, 45 anos, há 21, consagrada na Comunidade Shalom. Geórgia preenchia o desenho do apóstolo Paulo, enquanto Fúlvio Augusto Bicudo Duarte, 21 anos, preenchia com serragem o símbolo da Jornada Mundial da Juventude Rio-2013. “É muito simbólico fazer Jesus também passar por essas situações de rua. Aqui, já estamos consagrando a jornada mundial ao nosso Senhor Jesus Cristo, para que ele também possa tomar conta. Penso que em cada símbolo, Jesus vai passar e com o olhar dele, vai dando as direções certas”, disse o jovem missionário da Aliança de Misericórdia. Outros jovens acompanhavam o trabalho durante a madrugada, uns de perto interagindo, outros fazendo perguntas sobre o tapete de 30 metros, outros à distância, sentados na sarjeta, com olhar de curiosidade. Era o Tapete de Corpus Christi, 14 anos depois, de volta à Praça da Sé.


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CORPUS CHRISTI

O SÃO PAULO 12 a 18 de junho de 2012

“Essa chuva veio para nos dizer que nada é obstáculo para o cristão. Que se nós temos um compromisso com nossa religião, com nosso Deus, as adversidades não podem alterar isso. Ser cristão independe de sol ou chuva”.

“A chuva não é empecilho para que nós, católicos, acompanhemos a procissão de Corpus Christi. Pelo contrário, ela aviva ainda mais a nossa fé”.

Elizabeth Valente Florenzano, da Paróquia São Geraldo das Perdizes, na Região Episcopal Sé

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“A chuva veio para que povo desse seu testemunho verdadeiro de fé. Quem tem fé veio, quem não tem ficou em casa. Tudo que vem para nós vem de Deus e se ele está permitindo isso é porque é bom para nós”.

“A chuva de graças que cai sobre a cidade hoje; é bênção de Deus derramada sobre todo o povo de São Paulo, para avivar nossa fé, pois sem fé nós não chegamos a lugar nenhum”.

Liliana Furlan Aires, do Santuário Sagrado Coração de Jesus, na Região Episcopal Sé

Maria Augusta Fonseca, da Paróquia São Carlos Borromeu, na Região Episcopal Belém

CORPUS CHRISTI

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Nivaldo Ramos Filho, da Paróquia São Patrício, na Região Episcopal Lapa

“Estar aqui é manter o nosso compromisso com Cristo, com a Igreja católica, santa e apostólica. Falta muita fé e religião para a vida das pessoas, acho que caminhar pelo centro é também mostrar nossa preocupação com questões sociais”. Antonio Carlos Cunha, da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Região Episcopal Sé

Dom Odilo Scherer se junta ao povo na adoração ao Santíssimo ELVIRA FREITAS REPORTAGEM NO CENTRO

“Senhor, tu és o amigo a quem pedimos: não nos deixes nunca na solidão! Senhor, tu és o Senhor da Igreja, que reúne em ti todos os discípulos dispersos, reúne em ti todos os que creem e também aqueles que ainda não creem; que também estes possam sentir-se atraidos por ti. Tu és nossa companhia no dia a dia, em nosso caminho!”. Assim, o arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Pedro Scherer, iniciou a adoração ao Santíssimo Sacramento, após a missa das 7h na Igreja de Santa Ifigênia, adoração com a qual ele apresentou ao povo o núncio apostólico dom Giovanni D’Aniello, o representante do papa Bento 16 no Brasil e na Festa de Corpus Christi. Em seguida, dom Odilo e dom D’Aniello ajoelharam-

-se ante a custódia com a hóstia consagrada e adoraram, junto com o povo, por cerca de 15 minutos, antes da saída da procissão. O Arcebispo agradeceu a Deus por todas as bênçãos jorradas na Arquidiocese de São Paulo, durante todo o tempo da existência da cidade, de modo particular pelo congresso eucarístico de 1942, do qual decorrem 70 anos. “Queremos te pedir que renoves as bênçãos para a Igreja hoje presente nessa cidade tão grande, complexa, onde tu queres estar e habitar conosco. Olha por todos os ministros no altar, os ministros da Igreja; concede-lhes alegria em servir o teu povo, os seus irmãos, com os sacramentos, com a Palavra”. O Cardeal pediu as bênçãos de Deus também pelos consagrados e consagradas, que com alegria testemunham a vida dedicada ao Evangelho, nos muitos ca-

“Na última ceia, Jesus Cristo se deu em corpo e sangue para fortalecer nossa alma para vencer as dificuldades do mundo e hoje, nós fortificamos a fé que foi fundada pelo próprio Cristo”.

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Antonio Alex dos Santos, do Grupo de Jovens da Capela São Judas Tadeu, Região Ipiranga

Igreja de Santa Ifigênia fica lotada para missa das 7h, quando dom Tarcísio consagra hóstias que foram distribuídas aos fiéis, e que abre solenidade de Corpus Christi na Arquidiocese de São Paulo, dia 7

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“A força que a Igreja católica está demonstrando hoje é a força de quem acredita em Deus, de quem acredita na Igreja católica, de quem milita e de quem quer viver em Cristo. Esta demonstração aqui hoje é emocionante, nós estamos diante de uma grande multidão de pessoas para se consagrar diante do filho de Deus, feito homem” Alda Marco Antonio, vice-prefeita de São Paulo.

Multidão segue o Corpo de Cristo pelas ruas do centro ante seus símbolos sagrados, muito mais daquele: Sagrado REPORTAGEM NO CENTRO entre os sagrados, porque verdadeiro Corpo de Jesus. “Faz Enquanto grande parte um ano que estou aqui na rua, dos fiéis adorava o Santíssimo sou evangélica, mas respeito dentro da Igreja de Santa esse ato religioso, é bonito, a Ifigênia, do lado de fora outra gente gosta de ver. É Cristo parte cantava louvores, aguar- passando aqui no centro”, dando a chegada do arcebispo disse a moradora de rua, Ana metropolitano, cardeal dom Lúcia Ribeiro. Muitos fiéis foram em caraOdilo Pedro Scherer, para caminhar junto com ele. Eram vanas paroquiais para a procismomentos de muita emoção. são, trazendo faixas que expresUma mulher que saiu de onde savam a devoção ao Santíssimo. estava sentada e caminhou de “Jesus entregou a vida dele por joelhos até em frente do altar, nós, então, estar aqui hoje não onde o Corpo de Cristo estava é sacrifício algum para nós. Se exposto. Era o choro de pura a gente sai cedo para trabalhar, devoção a Jesus Eucarístico da às vezes enfrentando chuva, mulher que aguardava fora do por que não fazer o mesmo templo, enquanto os padres para acompanhar a procissão José Roberto Pereira e José de Jesus?”, refletiu Efigênia Renato Ferreira animavam os Aparecida Miguel, que junto a fiéis, do alto do palanque, de outras integrantes da Paróquia onde o Santíssimo seguiria sua Nossa Senhora do Carmo, da trajetória pelas ruas do centro, Região Episcopal Sé, buscava encontrar espaço para caminhar como fez há 70 anos. E mesmo debaixo de chu- com uma faixa pelas vias esva, Jesus Eucarístico caminhou treitas do centro de São Paulo, com o povo, da Igreja de Santa entre o multicolorido formado Ifigênia até a Catedral da Sé, pelos guarda-chuvas. E o cardeal dom Odilo passando por ruas do centro, onde comumente os camelôs, Scherer, ao alto do carro-andor, gritando e se acotovelando, de onde acompanhou a protentam ganhar seu sustento e cissão, junto com o núncio de suas famílias. O Corpo de apostólico, dom Giovanni Cristo passou por ruas onde os D’Aniello, e ladeado pelos bismais marginalizados entre os pos auxiliares da Arquidiocese, excluídos dormiam ao relento, abençoou os pobres, abençoou mas nem por isso ignoraram a os jovens, entre os quais Bianpassagem do cortejo. Muitos ca Barbosa dos Santos, 19 anos, se levantaram e fizeram o com sua alegria contagiante, sinal da cruz, sinal do cristão coordenando a Pastoral da JuELVIRA FREITAS, DANIEL GOMES E KARLA MARIA

rismas de consagração. Pediu também por todo o povo, os batizados, os leigos e leigas, em suas muitas organizações. “Concede-lhes a alegria da fé, a generosidade, o testemunho em meio a tantas dificuldades. Abençoa a todas as famílias, que elas possam realizar sua grande missão de ser uma pequena Igreja do lar, onde tu estás também presente. Porque a família se reúne no teu nome”. Nem os que estão ausentes da Igreja, ou os sem fé foram esquecidos na bênção. “Senhor, olha para todos aqueles que estão longe, que ainda não foram alcançados pelo anúncio do Evangelho, ou de uma forma ou de outra se distanciaram. Manifesta a todos o teu amor; que nossa Igreja em São Paulo possa estar aberta, ser acolhedora, ir ao encontro de todos aqueles que estão à espera de conhecer o teu amor, o teu perdão, tua amizade!”.

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ventude do Setor Casa Verde da Região Episcopal Santana, que, para os menos avisados, poderia estar preparada para uma festa Punk, mas estava acompanhando o Santíssimo Sacramento, porque “precisamos levar a palavra de Deus para todos os jovens, apesar desse tempo”. Padre Marcelo Maróstica, do secretariado de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo, seguia orientando o povo na chuva. “Esse é o amor que o povo tem por Jesus Cristo, pode chover, fazer frio, pode nevar, o povo vem porque realmente foi animado a caminhar com Jesus pela cidade, então não é a chuva que vai nos impedir dessa demonstração bonita de fé para a cidade de São Paulo”. Às 10h20, após cerca de uma hora de procissão, o carro-andor com o Santíssimo apontou em uma das ruas laterais da praça da Sé. Lá os fiéis já ocupavam quase todos os espaços entre o palco montado nas escadarias da catedral e a estátua de São Paulo Apóstolo. A exceção era o corredor que partia do Marco Zero da cidade, e onde se confeccionou o tapete, sobre o qual dom Odilo caminhou com o ostensório, junto ao Núncio Apostólico, bispos auxiliares e integrantes do cabido metropolitano, e no palco preferiu a benção sobre a cidade e a Igreja em São Paulo (veja a íntegra abaixo).

Missa abre Festa de Corpus Christi Na Igreja de Santa Ifigênia, dom Tarcísio relembrou sentido da celebração e destacou procissão do Santíssimo ELVIRA FREITAS REPORTAGEM NO CENTRO

Dom Odilo e dom Giovanni durante momento de adoração ao Santíssimo, antes do início da procissão

Ó Jesus, olhai para a nossa cidade de São Paulo. Olhai para todo o povo que vive nessa grande cidade. São todos filhos de Deus. São todos seus irmãos. Para todos, tu és o Pão da Vida que sustenta a fé no caminho da

esperança, da alegria. Tu és o Pastor que caminha à frente deste povo. Tu nos reúnes no teu amor, tu és o caminho, a verdade e a vida. Concede vida ao povo desta cidade. Olha para todos os pobres,

Eram 7h da quinta-feira, Festa do Corpo de Cristo. As luzes da cidade nem tinham se apagado, porque o dia não havia amanhecido direito. Durante toda a madrugada, a chuva caiu sem cessar e continuava caindo. E lá na Igreja de Santa Ifigênia Deus estava, porque lá ele esteve a noite toda, na vigília de adoração ao Santíssimo Sacramento e na missa presidida pelo bispo auxiliar de São Paulo e vigário episcopal na Região Sé, dom

Tarcísio Scaramussa. Deus estava lá, há 70 anos, quando foi realizado o 4º Congresso Eucarístico Nacional em São Paulo. Porque ele habita esta cidade, fato também destacado por dom Tarcísio, para lembrar que de lá para cá continuou bem firme a fé do povo. A igreja estava meio vazia no início da celebração, talvez por causa da chuva que não dava trégua. Mas, aos poucos, foi se enchendo e, como em Pentecostes, o Espírito Santo tocou cada um e a igreja se encheu; o ardor tomou conta

os doentes, o povo da rua, os desempregados, para todas as pessoas aflitas. Ó Jesus, abençoa a todas as famílias, todas aquelas que também passam por dificuldade. Sê para todos o amor do Pai.

do povo e, inacreditável, apesar da tempestade, à hora da comunhão, a igreja estava lotada. O fato não passou despercebido ao celebrante. “Está chovendo tudo agora, para que, às 9h, a procissão possa seguir até à catedral sem chuva”. Na homilia, dom Tarcísio recordou o significado da Festa de Corpus Christi e sua importância para a Igreja universal. “Nesta solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, nós recordamos, mais uma vez, a última ceia, como em toda a celebração da Eucaristia. Nós repetimos e fazemos sempre

Sê para todos a misericórdia do Pai. Sê para todos o irmão, o companheiro no caminho, a força, a coragem. Sê para todos companhia em todos os momentos. Senhor Jesus, fica conosco nesta cidade, em todos os lugares

a celebração da Eucaristia, porque ela é o centro da nossa vida de fé, é a fonte e o cume da nossa vida de fé; é o memorial da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, é o sacramento que Cristo deixou como sinal vivo da sua presença no meio de nós”. Relembrando o início da Festa de Corpus Christi, em Liège, na Bélgica, em 1269, dom Tarcísio afirmou que ela nasceu justamente como uma expressão desta fé da Igreja, “que reconhece Jesus presente no Santíssimo Sacramento da Eucaristia, e que reconhece o

seu desejo de estar conosco em nossa vida. E nós acreditamos que Jesus entregou a sua vida por nós, que Jesus está presente no meio de nós, que ele está no pão e no vinho consagrados que nós comungamos, seu Corpo e Sangue, e assim vivemos em profunda união com Deus. E Deus está em nossa vida, nos ama e continua dando a vida por nós”. O bispo encerrou sua homilia dizendo que era isso que se celebraria naquele dia. Que toda a Igreja em São Paulo sairia pelas ruas da cidade, em procissão até a Catedral da

de nossas vidas, nossas casas, nossas comunidades religiosas, nossas paróquias, nossas organizações da Igreja, todas as organizações da cidade, as autoridades públicas. Ó Jesus, abençoa toda esta cidade, faze com que todos

Sé, significando também que “Deus habita esta cidade“. “Nós queremos também levar Cristo para todos, para que abençoe a todos, para que ele chegue a todas as pessoas, a todas as famílias, através de sua presença viva e do nosso testemunho”. Terminada a missa, difícil foi manter a multidão reunida para acompanhar a procissão, já que a chuva caia insistentemente, como se testasse a fé do povo. Mas o povo estava lá, firme, porque Deus estava lá e ele estava lá porque ele habita esta cidade.

encontrem a alegria de tua presença, da tua companhia, que revela-te a todos no partir do pão, na caridade, na solidariedade e na esperança. Benção proferida pelo cardeal dom Odilo Pedro Scherer na praça da Sé, dia 7, na solenidade de Corpus Christi Milhares de fiéis acompanham procissão do Corpo de Cristo, mesmo com chuva forte na quinta-feira


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CORPUS CHRISTI

O SÃO PAULO 12 a 18 de junho de 2012

www.arquidiocesedesaopaulo.org.br

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

“Nosso povo tem uma grande fé, amor à Eucaristia e se sente muito ligado a essa celebração que tem uma ligação forte com as manifestações de religiosidade popular. A festa de Corpus Christi é muito querida por nosso povo. Realmente fiquei surpreso, feliz, porque o povo veio, apesar da chuva, do frio, persistiu, acompanhou, mesmo os que não puderam entrar na Catedral acompanharam do lado de fora, isso me comoveu e é certamente um sinal da fé profunda que o povo tem e do amor à Eucaristia”.

“Achei fantástico esta demonstração grande de amor a Deus. Essa manifestação de fé das pessoas, apesar da chuva, foi uma coisa maravilhosa que deveria motivar outras tantas a caminhar com Deus, porque Deus é nosso pai, precisamos amá-lo porque ele nos ama. Temos que nos encontrar sempre para nos lembrar que somos filhos de Deus, procurar sempre um momento para ficar perto de Deus, porque ele está sempre conosco”.

Cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo

Dom Giovanni D´Aniello, núncio apostólico no Brasil

“Valeu a pena enfrentar a chuva para adorar a Cristo. Que a gente tenha cada vez mais essa fé que tivemos para vir aqui e que Deus abençoe a gente para ter cada dia uma vida melhor. É muito bom estar aqui, após a missa, ainda vamos adorar o Santíssimo”.

“Foi providencial essa chuva porque o desafio para estar aqui foi maior e a demonstração de fé também fica maior e concreta, porque com o sol talvez até viessem para fazer um passeio, mas com chuva vieram com fé, então, para mim, essa foi uma chuva de unção”.

Conceição Juliana Arantes, integrante do Apostolado da Oração da Paróquia São Luis Montfort, Região Brasilândia

Irmã Laurinda de Araújo, da Congregação dos Franciscanos do Coração de Jesus

Junto ao clero da Arquidiocese, cardeal Scherer e dom Giovanni D’Aniello celebram Corpus Christi arquidiocesano, dia 7

DANIEL GOMES REPORTAGEM NO CENTRO

“Vinde todos a mim”. O tema do 4º Congresso Eucarístico Nacional, em setembro de 1942, em São Paulo, inspirou, quase 70 anos depois, a participação de cerca de 10 mil pessoas na solenidade arquidiocesana de Corpus Christi, na quinta-feira, dia 7, no centro de São Paulo. A chuva constante durante toda a manhã impediu que a missa fosse celebrada na praça da Sé, como previsto inicialmente, mas não prejudicou o ardor da veneração pública ao Santíssimo Sacramento pelas ruas do centro de São Paulo (veja nas páginas B2 e B3), tampouco a animação dos fiéis e do clero arquidiocesano, que lotaram a Catedral da Sé para participar da missa presidida pelo núncio apostólico no Brasil, dom Giovanni D´Aniello, e concelebrada pelo cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, e pelos bispos auxiliares. “Hoje é dia de Festa da Eucaristia, festa de Jesus Cristo no meio de nós. Ele que nos reúne, nos alimenta e nos conduz na esperança. Quero de modo particular saudar a todos vocês que enfrentaram chuva, frio, umidade e vieram para participar da procissão e agora também da Eucaristia”, expressou o Cardeal no início da celebração. “Que Jesus Cristo na Eucaristia dê a todos nós coragem, força, alegria no testemunho da nossa fé, no serviço ao próximo e na esperança que nós devemos transmitir ao mundo”, complementou.

Corpus Christi une Arquidiocese de SP

Fiéis veneram imagem de Nossa Senhora Aparecida, trazida a São Paulo no 4º Congresso Eucarístico Nacional de 1942

Dom Giovanni também manifestou alegria com testemunho de fé dos fiéis da Arquidiocese. “Eu fiquei simplesmente admirado com esta comunidade e a manifestação de sua fé a Deus”. Na homilia, o Núncio apontou que a morte e ressurreição de Jesus trouxe vida nova ao mundo

e que, por meio da Eucaristia, Deus estabeleceu com a humanidade uma nova aliança. “Uma aliança com o povo de Israel já havia sido concluída no passado, pelo sangue do cordeiro, quando Deus decidiu libertar o povo de Israel da escravidão egípcia. Dessa

vez, é o próprio cordeiro, Cristo, que toma o pão e o vinho, seu corpo e seu sangue, para distribuí-lo aos apóstolos, significando, assim, a Páscoa da nova aliança”. O Núncio também destacou que com a procissão do Santíssimo Sacramento pelas ruas da cidade

“quisemos mostrar que o Cristo ressuscitado anda conosco e nos guia em direção ao Reino dos céus”; e que a celebração de Corpus Christi convida os cristãos a refletirem sobre o compromisso de amor a Cristo e ao próximo. Tal amor, os fiéis expressaram na coleta da missa. Os 18 mil reais arrecadados foram destinados à continuidade das ações missionárias e de solidariedade da Missão Belém, no Haiti, país que ainda se recupera do terremoto sofrido em janeiro de 2010. Na solenidade de Corpus Christi, os fiéis também manifestaram a fé a Maria, venerando a imagem de Nossa Senhora Aparecida doada para a realização do congresso eucarístico de 1942 e que permanece na paróquia a ela dedicada na Região Episcopal Ipiranga. “Hoje pedimos para trazê-la aqui, para que ela pudesse estar entre nós e para nos recordar sempre que onde estão os discípulos de Jesus, a mãe de Jesus também lá está”, explicou o Cardeal. Ao final da missa, dom Odilo agradeceu aos que participaram e articularam as atividades da celebração arquidiocesana de Corpus Christi e o Núncio manifestou satisfação por ter celebrado com os fiéis de São Paulo. “Que a lembrança, a memória do congresso eucarístico, seja para cada um de nós fazer cada vez mais, porque precisamos testemunhar o amor de Deus para conosco e entre nós também precisamos nos amar. Que a Igreja aqui em São Paulo seja sempre testemunho do amor de Deus pela humanidade”, expressou dom Giovanni.

Núncio e dom Odilo estimulam jovens à JMJ Rio-2013 DA REPORTAGEM

Após a missa de Corpus Christi na Catedral da Sé, centenas de pessoas permaneceram na praça para um momento musical e de louvor com os cantores Dunga e Eliana Ribeiro, da Comunidade Canção Nova. O cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, e dom Giovanni D´Aniello, núncio

apostólico no Brasil, saudaram os participantes no começo da atividade. “Fiquei feliz em ter a possibilidade de vê-los. No Evangelho, ficamos juntos através da Eucaristia, da oração. Eu desejo a vocês uma boa festa de Corpus Christi e que continuem amando a Deus com esse entusiasmo e juventude. E não precisa ser jovem de idade, mas de mente, continuem

sempre jovens”, expressou o Núncio. Dom Odilo também agradeceu a todos e dirigindo-se aos jovens, motivou-lhes à participação na Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá no Rio de Janeiro de 23 a 28 de julho de 2013, pedindo ainda que participem das articulações para a realização da Semana Missionária (Pré-JMJ), que acontecerá de

17 a 21 de julho do próximo ano na Arquidiocese de São Paulo. “A organização precisa de muita colaboração, voluntários que arregacem as mangas para acolher bem esse povo todo e manifestar nossa hospitalidade e também nossa alegria em acolhê-los e depois e acompanhá-los na jornada no Rio de Janeiro”, comentou o arcebispo. (DG)

Jovens participam de show e louvor na praça da Sé após a missa


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