Catálogo da Exposição “Memórias das atividades culturais e desportivas em Évora, 1840-1980”

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OLETIM DO ARQUIVO

DISTRITAL DE ÉVORA NÚMERO TRÊS

SUPLEMENTO Nº 1 DEZEMBRO 2015


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ATÁLOGO DA EXPOSIÇÃO

Memórias das atividades culturais e desportivas em Évora, 1840-1980

9 de junho a 15 de outubro de 2015


ÍNDICE Cartaz …………………………………………………………………………………………………………………... 5 Desdobrável ……………………………………………………………………………………………………… 7 Nota de abertura …………………………………………………………………………………………….… 8 Prefácio …………………………………………………………………………………………………………..….. 14 Teatro …………………………………………………………………………………………………………...... 18 Breve História do Teatro em Évora …………………………………………………………...... 19 Cartazes e Folhetos, 1848-1963 ………………………………………………………………..... 20 Cinema …………………………………………………………………………………………………………..…… 42 Os espetáculos públicos e o cinema em Évora a partir da documentação arquivística ………………………………………………………………………………………..……….. 43 Cartazes e Folhetos, 1928-1969 ……………………………………………………….…………. 45

Sociedades e Cafés ……………………………………………………………………………………..………. 81 As Sociedades na Sociedade …………………………………………………...…………………. 82 Cartazes e Folhetos, 1935-1981 …………………………………………………………...….…. 84 Touradas ………………………………………………………………………………………………………….... 110 Subsídios para o estudo da tauromaquia em Évora ……………………...………….. 111 Cartazes e Folhetos, 1849-1954……………………………………………………...……….. 114 Feira de São João ………………………………………...………………………………………………….... 127 A Feira de S. João como «memória visual» revisitada ………………………….... 128 Cartazes e Folhetos, 1929-1982 ……………………………………………………….….….. 130 Festas Populares ……………………………………………………………………………..………………... 145 As festas populares em Évora ………………………………………………………………….... 146 Cartazes e Folhetos, 1961-1983 ……………………………………………………….…….….. 148 Desporto …………………………………………………………………………………………….…………….. 158 Subsídios para o estudo do desporto em Évora ……………………………….………. 159 Cartazes e Folhetos, 1934-1981 ……………………………………………….………………… 161 Reportagem do Diário do Sul …………………………………………………………..…………….. 183 Ficha Técnica …………………………………………………………………………………….………….…..186


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ARTAZ


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ESDOBRÁVEL


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OTA DE

ABERTURA


Vista geral da Exposição, patente ao público de 9 de junho a 15 de outubro de 2015. Autor: Francisca Mendes Arquivo Distrital de Évora


O Arquivo Distrital de Évora tem agora a iniciativa de perpetuar a exposição “Memórias das atividades culturais e desportivas em Évora, 1840-1980”, patente ao público entre 9 de junho a 15 de outubro de 2015, através da publicação do presente catálogo eletrónico. O nosso objetivo é, também, dar a possibilidade de, a quem pelas mais diversas razões não pode visitar a exposição, visualizar os documentos selecionados para esta mostra que dá a conhecer documentação sobre as atividades culturais e desportivas em Évora num período relativamente longo da história da cidade de Évora. Paralelamente, foi também produzida uma apresentação em vídeo que poderá ser acedida neste link. Organizada em sete temas (teatro; cinema; sociedades e cafés; touradas; Feira de São João; festas populares; desporto) a exposição mostra ao público apenas uma ínfima parte de toda a riqueza documental albergada por este Arquivo Distrital no que respeita à cultura e ao desporto. Temos milhares de folhetos, convites e cartazes que, ao serem visados pelo Governo Civil para pagarem a taxa e obterem a respetiva autorização, nos permitem hoje reconstituir uma parte substancial das dinâmicas culturais e desportivas de Évora. É possível, deste modo, recuperar a memória dos eventos que deram colorido à vida dos eborenses, marcando a agenda pública e contribuindo para a formação dos gostos e para a agitação das paixões individuais. Promovidas geralmente pelas coletividades ou por investidores privados, destinadas à angariação de fundos para fins caritativos ou para obtenção de lucro, as atividades culturais e desportivas despertavam o interesse de todas as classes sociais, arrastando-as, nos seus tempos livres, para o lazer. Eram esses momentos de abstração da realidade diária que criavam espaços de descontração, de sonho, de produção e de evocação de novos ídolos e de novos valores sociais e de transmissão não formal de conhecimentos. Toureiros, atores, cantores e jogadores, entre outros, granjeavam a admiração dos espetadores e ganhavam um estatuto de estrelato nunca antes visto. Eram os símbolos de uma sociedade onde as classes populares ganhavam cada vez maior apetência e capacidade para consumir cultura e desporto. A comunicação social favoreceu a exaltação dos agentes culturais e desportivos, mantendo os leitores a par dos sucessos e das tragédias destas figuras públicas. Mas as manifestações sociais não se limitavam apenas aos grandes nomes da praça pública. A promoção e a participação nas iniciativas eram transversais a toda a sociedade. As festas populares das coletividades, como os bailes da pinha, do bacalhau ou da borboleta concorriam para o pulsar das vivências da mesma forma que os chás organizados pelas comissões de senhoras ou os jogos de futebol dos clubes da cidade. Todos contribuíam com o seu engenho, dedicação e imaginação para que Évora mantivesse vivacidade e, desse modo, satisfizesse os apetites de um público ávido de atividades. Todos nós compreendemos qual é a importância da cultura e do desporto. Sem surpresa, todos retemos momentos concretos que marcaram as nossas vidas: um filme, uma música, uma peça de teatro, um baile ou um jogo de futebol em que recordamos os nossos pais, tios, avós, primos, amigos ou uma paixão. Aliás, é no campo do amor que as festividades se assumem como meio propício ao encantamento e enamoramento. É também aí o espaço para o reencontro dos nossos parentes e amigos e até para os ajustes de contas com os nossos adversários. É também aí que se demonstram as aptidões artísticas e desportivas, alcançando-se o apreço de quem nos rodeia.

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A cultura e o desporto são escapes ao dia a dia que nos remetem para universos paralelos onde cada um ganha um novo papel social. Esta reconfiguração da sociedade promoveu mudanças, nomeadamente, nas vivências, nos valores e na estética que podem ser facilmente apreendidas através da visualização dos documentos da exposição que agora vos apresentamos e que resulta dos trabalhos iniciais do tratamento da documentação do extinto Governo Civil. Esta exposição retrata um mundo, por vezes já desaparecido, mas em que muitos participaram ativamente. Logo, ela pertence-lhe muito mais do que a nós. Venha, portanto, revisitar o seu passado!

Jorge Janeiro Diretor do Arquivo Distrital de Évora

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Localização geográfica dos espaços onde se realizaram as atividades culturais e desportivas ao longo dos 140 anos.

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REFテ,IO


“Antes del ocio. El sello de la autoridad en los anuncios de ocio festivo y cultural” María Zozaya* Bolsa postdoctoral FCT (CIDEHUS) Desde que Maurice Agulhon presentase su Tesis doctoral sobre círculos, masonería y confraternidades a finales de los sesenta, aún sigue hablándose mucho de los espacios de sociabilidad 1. Lentamente fueron proliferando las investigaciones, de las que existen pioneras expresiones historiográficas en el mundo ibérico2. En la actualidad, se siguen analizando los actos festivos en los círculos masculinos portugueses3. Pero, en general, son pocos quienes exploran las fiestas y la sociabilidad en un plano científico, especialmente en comparación con la producción nacida de la prensa; y también son excepcionales los estudios de ocio basados en documentación de archivos. En ese campo de investigación de los actos de sociabilidad, apenas nadie ha hablado de un fenómeno esencial para que ese ocio tuviera lugar y congregase público: del sello de la autoridad. Se trataba del paso obligado por la censura en ese largo camino que iban a recorrer los espectáculos antes de llegar a las manos del espectador en forma de carteles o convites. Era el momento en que los anuncios y pasquines impresos iban a pasar por los ojos del gobernador civil antes de realizarse el evento 4. A mi juicio, ahí radica la importancia de que el Arquivo Distrital de Évora reúna esta exposición sobre todos los anuncios del ocio sellados por la autoridad y publique aquí los documentos más relevantes 5. El análisis detenido del contenido de este catálogo bien podría merecer varias tesis de maestrado, que aquí avanzaría el apéndice documental. En esta ocasión, fue el director del archivo Jorge Janeiro quien decidió dar prioridad en las exposiciones a estos temas del ocio entre todos los fondos recién llegados del Gobierno Civil. Dentro de su preocupación por la moderna Historia Social, movilizó a su efectivo equipo para dedicar una de las primeras exposiciones a estas formas de ocio revisadas por la autoridad. Al ofrecer los documentos en este monográfico, el personal del archivo deja el saber a disposición de la ciudadanía. ____________________ * Doctor Europeus em História pela Universidade Complutense de Madrid. É investigadora especializada em elites e espaços de sociabilidade no Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades (CIDEHUS) da Universidade de Évora e membro da Mesa da Assembleia Geral da Sociedade Harmonia Eborense (SHE). 1 Agulhon, M., La sociabilité méridionale. Confréries et associations en Provence orientale dans la deuxième moitié du XVIII siècle, Aix-en-Provence, Travaux et Mémoires, 1966. 2 Bernardo, M. A., Sociabilidade e distinção em Évora no século XIX. O Circulo Eborense, Lisboa, Cosmos, 2001. 3 Vanquinhas, I., O Casino de Figueira da Foz, Coimbra, Palimage, 2012. 4 Un avance sobre su importancia en. Zozaya, M., “Los anuncios del Ocio”, Sociabilidad y élites, http:// sociabilidad.hypotheses.org/878 , 15-10-2015, ISSN: 2444-8052. 5 En un plano general, en la Península Ibérica custodian anuncios de ocio otras colecciones como ephemera (Biblioteca Nacional de España). En la región Evorense, se cuentan buenos ejemplos con motivo de las ferias locales, o perviven colecciones privadas sobre las corridas de toros . Algunas colecciones de carteles antiguos pormenorizan eventos feriados: Ferias y fiestas de Valladolid: carteles históricos, 1871-2011, Valladolid, Archivo Municipal de Valladolid, 2011. Otros incluyen numerosas imágenes, como Vanquinhas, I., Saber perdurar. O Casino de Figueira da Foz, Coimbra, Casino de Figueira da Foz, 2015.

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Los anuncios presentes en este catálogo comprenden una valiosa información histórica sobre la vida social portuguesa en la época contemporánea. Podría leerse desde diversos enfoques de los que aquí presentamos algunas sugerencias. Primero, permiten hacer un levantamiento positivista de los eventos con sus lugares y fechas. Segundo, muestran los lugares donde tenían lugar los entretenimientos: el cine tenía lugar en la esplanada, el circo se montaba en la plaza de toros, o el teatro se representaba en la asociación. Muestran la polivalencia de los espacios, indicando las épocas en que no estaban totalmente especializados y, por tanto, insuficientemente acondicionados. Ese hecho responde a una escasa especialización propia del fenómeno histórico del desenvolvimiento de tales espectáculos durante el Liberalismo, normalmente se caracterizaba por la reutilización de los mismos locales, vinculado a la plurinacionalidad de los espacios antiguos6. Tercero, ver los anuncios nos introduce en el influyente mundo de la información difundida desde el poder. Esa documentación permite ver qué datos se transmitían al ciudadano. Muestra qué partes eran censuradas o requerían modificación para así estar acordes con las normas del decoro social, la política o los intereses nacionalistas que se querían promover en coyunturas bélicas. Cuarto, permite definir una sociología del espectador. Desde esa óptica de los asistentes, es plausible reconocer los gustos de la sociedad alentejana, identificar los espectáculos que más reclamaba, así como los mensajes destinados a captarles como público, con los registros semánticos que más predominaban al dirigirse a ellos con una determinada propaganda. En definitiva, permiten entrar en el proceso de la construcción de la industria del consumo que acompañó la creación de la cultura de masas7. Quinto, aporta valiosa información sobre el concepto de sociabilidad familiar. Los convites reflejan la reticencia a admitir todo lo ajeno al mundo endogámico de las parentelas. Así puede inferirse porque las invitaciones y tickets de paso tienen a menudo la referencia de que en los bailes estaban convidadas las señoras, pero sólo de la familia. Y en muchos de ellos especificaba a quién se tenía que considerar por tales: a quienes residiesen en una misma casa. De aquel modo, se favorecía la endogamia social reproducida en estos círculos de ocio8. Sexto, en ese ámbito del ideal familiar, puede estudiarse la configuración de los perfiles ideales de la masculinidad o de la feminidad, según los parámetros en que llegaron a concebirse entonces. Así podría plantearse viendo los espectáculos relativos a las guerras y las imágenes de los gimnastas y de los soldados. Podría relacionarse con la definición de los estereotipos masculinos especialmente en aquel periodo álgido que fue desde los regionalismos (1880-1900), pasando por los nacionalismos (19001918) hasta la militarización que desembocó en los fascismos (1919-1940)9. Reflejos sociales equivalentes pueden sonsacarse de los carteles donde aparece o se menciona el sector femenino. Podemos ____________________ 6

Zozaya, M., «Ocio liberado. El ocio en España durante el siglo XIX», en: El descubrimiento del ocio. Guipúzcoa, Diputación Foral, Museo Zumalacárregui, pp. 33-65. 7 Salaün, S.y Etienvre, F (eds.), La réception des cultures populaires et des cultures de masses en Espagne (XVIIIe-XXe siècle), Paris, Sorbonne Nouvelle, CREC, 2008, 8 Zozaya, M., “Desigualdad privada, igualdad pública. Mujeres en los clubs masculinos donde prohibían su entrada”, Sociabilidad y élites, http://sociabilidad.hypotheses.org/894, 16-11-2015, ISSN: 2444-8052. 9 Sobre los modelos masculinos y el deporte difundidos entonces: Uría, J. “Imágenes de la masculinidad. El fútbol español a principios de los años veinte”, Ayer, 72 (2008).

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diferenciar varios modelos. Inicialmente predominaría la difusión del perfil ideal de mujer virgen María, como podríamos inferir dos anuncios tipo Blanca Nieves. Después, se refleja también el modelo de mujer Eva tentando a Adán, como podrían ser los espectáculos de Josephine Baker, cuyas sinuosas curvas quedaban completamente escondidas en estos anuncios evorenses donde sólo mostraban la cara. Finalmente, aparece a la mujer sexuada, la trapecista, con las imágenes que rodeaban a las atletas del circo con sus mallas y sus piernas normalmente tan escondidas ante la buena sociedad de la época. A través de esos perfiles puede inferirse si los anuncios se dirigían a una sociedad conservadora, cuáles eran las figuras de la transgresión y, talvez, de mudanza. Son numerosos los temas que podrían inventarse mirando esos convites, especialmente para quien los contempla desde una óptica cultural tras lustros de dedicación a la Historia de la sociabilidad y las redes sociales. Permite imaginar terrenos aún no explorados sobre la importancia que pueden tener ese tipo de exposiciones en una capital relativamente pequeña. Históricamente es factible reconstruir el conjunto de aquellos eventos que fueron anunciados, complementándolo con las reseñas de los periódicos y las fotografías que lograban recrear el ambiente de sociabilidad cuando finalmente tuvieron lugar10. De esas fotografías se podría ir a la biografía de esos personajes, donde sólo un archivo privado que guardase las entradas de aquellos eventos nos llevaría de nuevo a todos los espectáculos que vieron los individuos de su familia, y a todos los espacios de sociabilidad que frecuentaron en sus vidas asistiendo a muchos de los espectáculos anunciados en la exposición que aquí se refleja.

El Arquivo Distrital de Évora compendia en este catálogo años de experiencias de emociones y entretenimiento condensados bajo la sencilla apariencia de convites y anuncios. Sólo un análisis desde la Historia de los Sentimientos permitiría llegar a la intensidad vivida y las percepciones del momento en que joven cualquier entregaba su convite para entrar al bullicio del baile de un sábado incierto de aquellos años entre 1845 y 1940.

____________________ 10

Bernardo, M. A.; Cardoso, A.; Gameiro, F. y Zozaya Monteiro, M., Eborenses, retratos de Eduardo Nogueira, Évora, Câmara Municipal, 2014, pp. 35-50.

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EATRO


Breve história do teatro em Évora Francisca Mendes*

O teatro em Évora tem uma longa tradição, que remonta ao século XVI, com registos da realização de peças teatrais na cidade, como são exemplo “Tragédia de Tobias”, em 1563, e “Juramento do Reitor e Lentes da Universidade”, em 1565.

É ainda no século XVI, com Gil Vicente, que o teatro se desenvolve e atinge uma dimensão nacional. Este dramaturgo escreveu e pôs em cena cerca de 50 autos, alguns dos quais representados nesta cidade, onde viveu cerca de 15 anos, nomeadamente com a realização de representações no Palácio de D. Manuel. Há ainda a salientar a ação dos padres jesuítas, que, durante 200 anos de permanência na Universidade de Évora, prepararam várias peças de teatro, umas doutrinais – com o objetivo de ensinar os alunos – e outras que realizavam por ocasião de visitas reais à cidade. Destas últimas é exemplo a realização de uma encenação para receber o Rei D. Sebastião, que frequentemente visitava a cidade, como nos indica Alexandre Passos, através de uma citação de Frei Manuel dos Santos, na “História Sebástica”: “…foi el Rei para Évora onde entrou no último dia de Outubro de 1572. Esteve naquela cidade até 2 de Janeiro do ano seguinte e no meio tempo viu um Auto da Fé, de que fazem especial lembrança as memórias coetâneas; porque queimaram dezoito réus naqueles princípios da inquisição […]. Celebrou-se o Auto na Praça da Cidade sobre um teatro, que fabricaram encostado à casa da Câmara e sobre a escada da mesma casa uma tribuna, ou estância, donde viu el Rei, e seus dois tios o Cardeal Dom Henrique, e o Infante Dom Duarte, e diante d’el-rei o alferes mor D. Luís de Menezes com o estoque Real desembainhado, significando ser el Rei Defensor da Fé”1. Alexandre Passos descreveu também várias peças de teatro realizadas no século XVII, como é exemplo, entre outras manifestações solenes, o Auto da Fé realizado na praça da cidade, apresentado ao rei Filipe III numa das suas visitas à cidade. “No domingo 19 de maio, que foi dia do Espirito Santo, houve cadafalso na praça da Cidade junto com a Camara, a varanda da qual se armou toda de tellas, e nella esteve ElRey com suas altezas debaixo de hum rico docel. Desta varanda fizeram um passadiço até casa que ficam na boca da rua do Paço, todo forrado de sedas: […]. No cadafalso saíram cento e vinte e quatro penitentes, de que foram relaxados quatro homens e oito mulheres. Depois de acabado o Auto, foi ElRey com suas Altezas offerecerse ao menino Jesus, e entrou no Convento das freiras onde fizeram também colação”2. ____________________ *

Técnica Superior no Arquivo Distrital de Évora.

1

Alexandre Passos, “Algumas representações teatrais em Évora”, in A Cidade de Évora, nº 61-62, Câmara Municipal de Évora, 1978-79. P. 102. 2

Id. e ibidem. P. 104.

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Nos séculos XVII e XVIII valorizou-se a ópera italiana, que deu origem à primeira ópera portuguesa, “La Pazienza di Socrate”, da autoria de Francisco António de Almeida, e desenvolveu-se o teatro de cordel. No entanto, a participação de mulheres nas representações públicas foi proibida por D. Maria II e só regressaram à cena no último ano do século XVIII, por solicitação do ator António José da Palma. Para o século XIX existem registos de funcionamento de vários teatros no distrito de Évora, descritos pelo Administrador do Concelho desta cidade, João Rafael de Lemos. Segundo ele, nesta cidade existiam o Teatro de Variedades e o Teatro das Casas Pintadas. O Teatro de Variedades funcionava na Rua do Borralho. Foi instituído por José António Sardinha em 1841 e possuía 31 camarotes, 170 lugares de plateia, 90 varandas e uma orquestra composta por 14 músicos que tocavam os seguintes instrumentos: 14 rabecas (violinos), 1 clarinete, 1 flauta, 1 cornetim, 2 trompas, 1 trombone, 1 contrabaixo, 1 violoncelo, 1 figle e 1 timbaleiro. Por indicação de João Rafael Lemos, sabe-se que este Teatro deixou de funcionar por volta de 1861. O Teatro das Casas Pintadas, um dos mais antigos da cidade, era de grande importância na época. Funcionava no Largo das Casas Pintadas, no solar que terá pertencido ao almirante Vasco da Gama, foi instituído por António José Salvado em 1827 e possuía 33 camarotes, 154 lugares de plateia, 100 varandas e 7 torrinhas. A orquestra era composta pelo mesmo número de músicos e de instrumentos que possuía o Teatro de Variedades.

A Rainha D. Maria II esteve no Teatro das Casas Pintadas em outubro de 1843, onde assistiu a uma récita. Após esta importante visita real, o teatro passou a designar-se por Teatro Nacional de Évora. Este Teatro entrou em declínio na década de 80 do séc. XIX, manifestando elevado estado de degradação, e foi encerrado pelas autoridades no final da década. No edifício apenas se mantiveram, até 1893, os famosos e animados bailes de máscaras que aí se realizavam desde 1861, conforme o testemunho de Alexandre Passos: “não havia sítio onde pôr um pé senão de baixo de outro pé”. Na década de 90, foi vendido em hasta pública e transformado em celeiro. Para além da existência destas duas casas de teatro em Évora, no século XIX, a revista Cidade de Évora, nº 61 de 1978-79 menciona ainda as seguintes: o Teatro Eborense, que se localizava no Pátio de São Miguel, onde existiu, em 1892, um grupo de teatro infantil; o Teatro Recreio Familiar Eborense, na Rua do Raimundo; a Sociedade Dramática Mendes Leal, na Rua das Amas do Cardeal; o Grupo Dramático da Sociedade Harmonia, na Praça do Geraldo; o Teatro Camilo Castelo Branco, na Rua da Mesquita. A referida revista menciona ainda alguns teatros desmontáveis no Rossio de São Brás: o Teatro Popular, o Teatro Serpa Pinto, o Teatro Barraca e o Teatro Dramático. Evidentemente, ainda no século XIX, menciona-se a sala de teatro mais emblemática da cidade, o Teatro Garcia de Resende. Foi construído com o objetivo de colmatar o elevado desemprego devido ao mau tempo que se fazia sentir no distrito e que dificultava os trabalhos no campo. A ideia da construção do Teatro surgiu ao Dr. Abel Martins Ferreira, durante uma conversa de amigos no Círculo Eborense, onde estava presente o grande lavrador alentejano José Ramalho Dinis Perdigão, que tomou a peito a sua concretização3.

____________________ 3

Arquivo Distrital de Évora, Fundo Histórico Municipal, Livro de construção do Teatro Garcia de Resende, nº 190.

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Em 20 de fevereiro de 1881, também no Círculo Eborense, teve lugar a reunião que iria eleger a comissão de trabalho encarregada de elaborar o projeto de estatutos da Companhia Eborense, fundadora do Teatro Garcia de Resende. A construção iniciou-se em 11 de abril de 1881 e desenvolveu-se, sem interrupção, até maio de 1883, sob a direção do construtor Manuel de Oliveira e Silva. A morte do benemérito José Ramalho Perdigão, em 29 de janeiro de 1884, provocou um atraso de dois anos nos trabalhos de construção. As obras foram retomadas pelo Dr. Francisco Eduardo de Barahona Fragoso, após o seu casamento com a viúva de José Manuel Perdigão, D. Inácia Angélica Fernandes Ramalho. A obra ficou concluída em 1890 e o teatro foi inaugurado no dia 1 de junho de 1892, com o drama original português de Eduardo Schwalbach, O Íntimo, encenado pela Companhia de Teatro D. Maria II. O ciclone ocorrido em fevereiro de 1941 destelhou o edifício e o inverno rigoroso causou danos nas abóbadas e pinturas do teto da sala de espetáculos. Entre os anos de 1943 e 1966, o Teatro esteve alugado a empresas cinematográficas, por 500$00 mensais, para exibição de peças teatrais, cinema, concertos e bailes. Em 1975, foi ocupado pelo Centro Cultural de Évora e é atualmente gerido pelo Centro Dramático de Évora (CENDREV).

Bibliografia

Arquivo Distrital de Évora, Fundo Histórico Municipal, Livro de construção do Teatro Garcia de Resende, nº 190. PASSOS, Alexandre, “Algumas representações teatrais em Évora”, in A Cidade de Évora, nº 61-62, Câmara Municipal de Évora, 1978-79. P. 102.

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Teatro Nacional de Évora, 1848 Funcionou no Teatro das Casas Pintadas, que após a visita da Rainha D. Maria II em 1843 começou a designar-se Teatro Nacional de Évora. “A Pobre das Ruinas, a 1ª Representação do Drama Original em prologo e 3 actos do sr. Mendes Leal, Auctor do Homem da Mascara Negra. Premiado pelo Conservatório Real”.

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Relação das Peças Dramáticas Submetidas à Censura do Governo Civil de Évora, 1848-1849 Contém a data de apresentação da peça, nome do empresário, título da peça, data de aprovação e observações.

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Empresa Companhia Espanhola, 1854 Esta companhia de teatro instalou-se no edifício do Teatro das Casas Pintadas, com um elenco de dramas históricos e de aparatos, zarzuelas, bailes e comédias de magia, “sendo tudo ornado com trajes e decorações annalogas ás composições que se executarem”.

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Bando Teatral - Companhia Espanhola Dramática e Lírica, 1855 Apresentou a peça lírica “Por Seguir A Uma Mulher”, em 1855, constituída por 4 atos: 1º Madrid, à porta do Sol; 2º Málaga; 3º No estreito de Gibraltar; 4º em África. A peça foi acompanhada de várias canções e coros. D. Miguel Gob, da Junta Diretora da companhia recomendou vivamente o público a assistir a esta peça: “Toda a pessoa que concorrer a ver esta comédia será protegido pela sorte, pode jugar na lotaria com a certeza de tirar grande premio, além disso ficará livre de enfermidades neste inverno. Não acontecerá, porem aos mesmos desventurados, que não assistão a ella, pois padecerão de cessões, de bexigas, de hemorrhoidas, estarão constantemente tristes, sem gosto para cousa alguma”.

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Teatros existentes no Distrito de Évora em 1861 Relação dos Teatros Públicos que existiam no distrito, conforme ofício circular expedido pela Direção Geral da Instrução Pública do Ministério do Reino de 20 de fevereiro de 1861. No concelho de Évora foram mencionados: o Teatro de Variedades e o Teatro das Casas Pintadas.

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Teatro Aliança, 1879 Funcionou no Rossio de São Brás, onde apresentou vários espetáculos: “Os Sinos de Carnaxide”; “A Filha da Sra. Angot” e o “Sacristão da Revista”. Estes espetáculos reverteram em beneficência do ator Fonseca e dos eborenses, Henriques da Silva e António Joaquim da Silva.

“Preços do Costume”

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Teatro Garcia de Resende Propriedade: Arquivo Fotogrรกfico da CME

Teatro Garcia de Resende - GPE 0314 Propriedade: Grupo Prรณ- ร vora, em depรณsito no Arquivo Fotogrรกfico da CME.


Teatro Garcia de Resende, 1892 Livro da história da construção do Teatro Garcia de Resende. Cota: Arquivo Distrital de Évora, Liv. Nº 190, Fundo Histórico Municipal de Évora.

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Inauguração do Teatro Garcia de Resende, 1892 Lenço de linho estampado com a planta do Teatro, que foi oferecido no dia da inauguração. O original pertenceu a Túlio Espanca e está na posse do Arquivo Histórico da Universidade de Évora.

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Teatro Garcia de Resende, 1892 Inauguração do Teatro a 1 de junho de 1892, quando foram apresentadas 6 récitas pela Companhia de Teatro do D. Maria II. A primeira recita “O Intimo”, drama original português de Eduardo Schwalbach. Este cartaz é uma replica do original que se encontra na posse do Arquivo Histórico da Universidade de Évora. Página 31 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Teatro Garcia de Resende, 1928 Grande Companhia de Operetas e Revistas Almeida Cruz Esta Revista “Açorda Alentejana”, de 1928, foi dedicada às Meninas Eborenses e o elenco composto por fantasias regionais de costumes alentejanos, em 2 atos e 12 quadros, original de Amadeu do Vale, Campos Silva e Luiz Américo.

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Teatro Garcia de Resende, 1928 Curso do III ano jurídico da Universidade de Coimbra Récita de Gala, dedicada às damas eborenses, composta por 3 partes: 1ª Parte “Falar Verdade a Mentir”, comédia de Almeida Garrett; 2ª Parte “O Amor em 1978” baseada nos recitativos e apresentação do diálogo ultra-futurista de Júlio Dantas; 3ª Parte “A Arte de Montes”, comédia de Ernesto Rodrigues.

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Teatro Garcia de Resende, 1928 Grande Companhia de Operetas e Revistas de Almeida Cruz O Arco do Cego, peça composta por combates entre Cow-boys, foi apresentada em 3 atos e 4 quadros, original de Álvaro Leal. Foi considerada uma peça de grande movimentação “a única peça portuguesa, género animatográfico”. Elenco composto por vários autores: Margarida Ferreira, Alice Atayde, Carlos Candeias, Pedro Sampaio e Araújo Pereira.

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Teatro Garcia de Resende, 1929 Orquestra Pitagórica, Orfeon Académico de Coimbra Orfeon sob a regência do Dr. Elias d’Aguiar, espetáculo musical composto por várias partes incluindo o Coro dos Soldados e o Coro dos Peregrinos, representação da paródia “O Noivado” sob a direção artística do orfeonista João Alfredo Cunha.

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Teatro Garcia de Resende, 1935 Associação Académica do Liceu André de Gouveia Apresentou o 1º de Dezembro composto por 3 partes: 1ª parte “Apresentação da Tuna Académica”; 2ª parte “O Gaiato de Lisboa” e a 3ª parte “Acto de Variedades”.

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Teatro Garcia de Resende, 1941 Grupo Cénico da Escola Industrial e Comercial de Gabriel Pereira Espetáculo composto por várias partes, destacando-se a 1ª parte composta por uma conferência proferida pelo Professor Dr. Vasco S. Teigas; a 2ª parte com apresentação do Orfeão da Escola sob a direção de Jerónimo Varela, a 3ª parte constituída por uma “Lição de Geografia” e a 4ª parte composta pela Fábula “O Corvo e a Raposa”.

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Teatro Garcia de Resende, 1951 Ex-Alunos da Casa Pia de Évora Espetáculo apresentado no âmbito das comemorações do 115º aniversário da fundação da Casa Pia de Évora, em sua beneficência, composto pela peça de teatro “O Diabo na Horta”, original de Alexandre Rosado, secretário da Casa Pia, música de António José Esteves Graça, professor da mesma Instituição. Esta encenação teatral está ilustrada na fotografia da página seguinte.

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Teatro Garcia de Resende, 1951 Ex-Alunos da Casa Pia de Évora Ilustração da encenação teatral “Diabo na Horta”.

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Teatro Desmontável, 1959 Funcionou no Rossio de S. Brás em Évora, em espaço próprio designado por Cine Chalet, também conhecido por Teatro Barraca. A Companhia Rafael de Oliveira apresentou a peça “A Muralha”, composta por 4 atos de Calvo Stelo e tradução de Francisco Marques dos Santos. Esta companhia percorreu o País desde 1918 e é apenas um exemplo de vários teatros itinerantes que passaram pela cidade.

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Teatro Garcia de Resende, 1963 Os Direitos da Mulher, comédia de Alfonso Paso, com tradução e encenação de Henrique Santana pela Companhia Teatro Alegre. Recomenda-se: “se for alérgico às gargalhadas não deve ver esta comédia”.

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C

INEMA


Os espectáculos públicos e o cinema em Évora a partir da documentação arquivística Armando Quintas* A exposição intitulada “Memórias das atividades culturais e desportivas em Évora, 1840-1980”, pretendeu divulgar parte do espólio documental do extinto Governo Civil de Évora, dando a conhecer, de forma esmerada e aprimorada, as atividades, os agentes e os principais locais onde se realizavam os espetáculos públicos, que foram tendo lugar na cidade, durante aquele período. Na respetiva documentação incluem-se os vistos dos espetáculos, ou seja, as autorizações prévias para realização dos mesmos, compostos por centenas de cartazes e panfletos, alusivos a diversas atividades culturais: teatro, cinema, variedades, touradas e atividades desportivas. Destas, o cinema será porventura aquela que mais nos tem fascinado, pela sua novidade e evolução enquanto tecnologia, mas também pelo seu papel transmissor de novidades e tendências. Foi então possível, através destes materiais, traçar uma linha de permanência e evolução dos espaços existentes na cidade onde foram passando as novidades cinematográficas. Assim, falar de cinema é falar de espaços emblemáticos da cidade, muitos deles já desaparecidos (Éden Teatro/ Éden Esplanada, Hotel Eborense, Palácio do Farrobo, etc.), salvaguardando não só a sua memória como também compreendendo a evolução urbana da própria cidade e dos lazeres de outras épocas. Vem, portanto, esta iniciativa dar continuidade aos vários estudos já realizados sobre sociabilidades e sobre cinemas. Desde logo, a magistral obra de Maria Ana Bernardo sobre as sociabilidades em Évora1, mas também a abordagem sobre o cinematógrafo por parte de Antónia Canivete 2, o estudo sobre o Salão Central Eborense por Tânia Rico3, o Catálogo da Exposição “Riscos de um século”, editado pela

própria autarquia4 e, mais recentemente, o volume referente à cidade integrado na coleção Roteiros Republicanos, aquando do centenário da implantação da República5. ____________________ *

Licenciado em História Ramo Património Cultural (Univ. Évora) e mestre em Gestão do Património Cultural e Industrial (Univ. de Paris I, Évora e Pádua). Tem realizado investigações sobre as sociabilidades, nomeadamente o estudo intitulado Espaços de Sociabilidade e Lazer em Évora (1890-1990), [2008, não publicado] no âmbito do Seminário de Conservação e Reabilitação do Património Cultural, coordenado por Maria Ana Bernardo e Ana Cardoso de Matos, conhecendo a referida documentação, à época no então arquivo histórico do Governo Civil. 1

Bernardo, Maria Ana, Sociabilidade e Distinção em Évora no século XIX. O Círculo Eborense, Lisboa, Edições Cosmos, 2001, obra publicada a partir da tese da mesma autora defendida em 1992. 2

Canivete, Antónia, Subsídios para o estudo do cinematógrafo em Évora 1898-1920 in A Cidade de Évora: Boletim de Cultura da Câmara Municipal, II Série, nº 5, 2001, p. 321-334. 3

Rico, Tânia, Salão Central Eborense, um olhar sobre o seu património in A Cidade de Évora: Boletim de Cultura da Câmara Municipal, II Série, nº 5, 2001, p. 453-467. 4

Riscos de um século: memórias da evolução urbana de Évora, Câmara Municipal, 2001.

5

Roteiros Republicanos – Évora, org. de Ana Cardoso de Matos, Maria Ana Bernardo, Paulo Simões Rodrigues, Quidnovi, 2011.

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No entanto, e pese embora todo o conhecimento já aportado, a temática dos cinemas em Évora está longe de se considerar esgotada, tanto pelas lacunas de espaços cinematográficos ainda não referenciados, como pela necessidade de estudar as empresas, os empresários e as dinâmicas sócio-económicas das casas de espetáculo dedicadas à sétima arte. O estudo dos vistos dos espetáculos complementado por outra documentação 6 e bibliografia temática, permitirão conhecer mais a fundo esta complexa realidade e tomar conhecimento de outros exemplos, tais como: os diversos animatógrafos que se estabeleceram no Hotel Eborense e nas Ruas de Avis e do Mau-Foro pelos anos de 1902-1907, a continuidade por décadas de cinema no Rossio de S. Brás duran-

te a Feira de S. João, as sessões cinematográficas na rua Serpa Pinto e na Praça de Touros em finais dos anos 20 ou a continuidade do cinema por largas décadas no próprio Teatro Garcia de Resende. Mas também a transição ainda muito mal conhecida com os espetáculos no largo de Santa Catarina, com o Éden Teatro, com o Pavilhão Cinema e o Éden Esplanada e a atenção dispensada ao local pelo anteplano de Urbanização de Nikita de Groër ou ainda as diversas empresas exploradoras tais como a CineRex Lda., a Cinemas de Évora Lda., a M. Themudo Baptista Lda., entre outras. Por outro lado, temos a questão pertinente dos circuitos próprios do cinema desde a importação, estreias a nível nacional e autorizações de exibição, tendo em conta especialmente o período da ditadura.

Será interessante perceber de que forma os filmes “vinham parar” à província depois várias de lotações esgotadas nas grandes casas de espetáculos da capital, tais como o Éden e o Condes, como forma de rentabilizar o investimento na importação e em direitos de autor. Também não será exagerado focar o estudo nas relações da censura com os empresários de cinema, quando estes pediam “conselho” àquele órgão sobre se o filme em questão a importar veria ou não a sua exibição autorizada, ao que os respetivos censores tendiam a responder com meias palavras afirmando sempre que a resposta não era oficial nem vinculativa.

Finalmente, a tipologia temática e artística dos filmes, um elemento muito interessante, percebendo-se desde logo a rápida divulgação dos grandes sucessos internacionais, do qual o filme Metropolis, do realizador Fritz Lang é um desses exemplos, pois tendo saído para o mercado em 1927 e estreado em Portugal a 7 de Abril de 1928, já contava com uma sessão inaugural no Salão Central Eborense a 6 de Junho desse mesmo ano. Terminamos esta breve descrição de potencialidades de estudo que agora nos foram reveladas pela interessantíssima exposição do Arquivo Distrital de Évora, com a seguinte interrogação: De que forma o cinema, numa sociedade dita pobre, rural e de província como era a de Évora entre os finais do século XIX e meados do século seguinte se tornou de tal forma um espetáculo de massas e rentável, ao ponto de surgirem tantas e tão diversas casas de espetáculo? ____________________ 6

Licenças e alvarás do fundo do Governo Civil do Arquivo Distrital de Évora, imprensa periódica da cidade com destaque para os jornais Notícias de Évora e Democracia do Sul, revistas da especialidade, os Guias Turísticos e a legislação sobre espetáculos, entre muitas outras fontes de informação.

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Hotel Alentejano - AC Localizado no antigo Palácio da Inquisição, atualmente propriedade da Fundação Eugénio de Almeida. Autor desconhecido; Data: década 1920 Propriedade: Arquivo Fotográfico da CME


Hotel Alentejano, 1936 A Vida do Music-Hall no “Ecran”, um espetáculo musical com Josefine Baker. Disponível por Maria Zozoya em: http://sociabilidad.hypotheses.org/878

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Hotel Alentejano, 1936 A Primeira Guerra Mundial, um filme que retrata a ação de Portugal na Grande Guerra.

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Hotel Alentejano, 1939 Branca de Neve e os 7 Anões, lançado em 1937, foi a primeira longa-metragem de animação dos estúdios Disney.

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Hotel Alentejano, 1941 Homens de Amanhã, com os atores: Spencer Tracy e Mickey Rooney. A Inglaterra Defende-se, exibição da 1ª série constituída por 8 quadros comentados em português pelo conhecido locutor Fernando Pessa, da emissora B.B.C. de Londres.

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Hotel Alentejano, 1941 O Sonho de Butterfly, com os atores: Maria Cebotari, Fusco Giachetti e Louise English. Amor em viagem, comédia francesa interpretada por Colette Darfeuil, Pauley e Roger Treville.

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Teatro Garcia de Resende Autor: Francisca Mendes; Data: 2015 Arquivo Distrital de Évora


Teatro Garcia de Resende, 1944 Ricoletto, adaptação cinematográfica do drama de Victor Hugo, inspirada pela partitura da ópera de Verdi. Realização do cineasta Mario Bonnard, com interpretação de Michel Simon (Bobo Rigoletto), Rossano Brazi (Rei) e Maria Mercader (Gilda) e colaboração lírica de Totti Dal Monte e Ferrucio Tagliavini. Argumento: “A história desenrola-se, habitualmente, em torno do triângulo Rigoletto (corcunda e bobo da corte), o Duque de Mântua (aristocrata galanteador) e Gilda (filha de Rigoletto e apaixonada pelo Duque), sempre com o pano de fundo trágico relacionado com a maldição lançada por Monterone a Rigoletto e que se viria a concretizar”.

Disponível em: http://fanaticosdaopera.blogspot.pt/2013/02/rigoletto-de-guiseppe-verdi-met-live-in.html (Consultado em 30 de dezembro de 2015). Página 52 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Teatro Garcia de Resende, 1944 Cantinflas em Calças Pardas, comédia mexicana, com Mário Moreno (Cantinflas) Joaquim Pardavé, Sara Garcia, Sofia Alvarez, Dolores Camarillo. Argumento: “Cantinflas, um vadio incorrigível, um parasita, namora a Paz, a criada do D. Caetano Lastre e sua mulher Dolores. Boby um cãozinho “foxterrier”, é atacado de hidrofobia e D. Caetano ordena a Paz que o mate. Esta tem pena e quando chega Cantinflas, põe-lhe a costumada e substancial ceia. Don Caetano é extremamente ciumento e, persuadido que Dolores o engana, planeia uma falsa viagem para a apanhar em flagrante. (…). E Cantinflas posto em liberdade, volta de novo à sua antiga vida de vadio e parasita”.

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Teatro Garcia de Resende, 1945 Pinócchio, uma produção de larga metragem de Walt Disney, versão brasileira. “Um espetáculo mágico e monumental desenvolvido num mundo irreal mas PROFUNDAMENTE MORAL E HUMANO”.

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Teatro Garcia de Resende, 1949 Modelos - Espetáculo Musical apresentado por “Filmes Castelo Lopes” com os autores: Rita Hayworth e Gene Kelly.

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Teatro Garcia de Resende, 1964 Quem tem unhas é que toca guitarra, exibição do filme “Mocidade em Férias”, com The Shadows, Cliff Richard e Lauri Peters. Argumento: “Don e os seus amigos, mecânicos de autocarros em Aldenham, Hertfordshire, lançam-se à aventura num autocarro de dois andares, numa viagem pela Europa. O seu destino é Atenas e no caminho junta-se-lhes um trio de raparigas e uma cantora em viagem”. Disponível em: http://mag.sapo.pt/cinema/filmes/mocidade-em-ferias (Consultado em 30 de dezembro de 2015).

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Esplanada dos Bombeiros Voluntários, localizada no Quartel dos Bombeiros, antigo edifício do Salão Conde Farrobo - APS055, Largo da Porta de Moura, onde se exibiam filmes ao ar livre. O Quartel foi demolido em 1963, aquando da construção do Palácio da Justiça. Autor: António Passaporte; Data: 1940-1959 Propriedade: Arquivo Fotográfico da CME

Portal do antigo Palácio do Conde Farrobo DFT5342 Autor: David Freitas; Data: c. 1963 Propriedade: Arquivo Fotográfico da CME


Esplanada dos Bombeiros Voluntários, 1941 Robin dos Bosques, com os autores: Errol Flyn, Olivia de Havilland, Basil Rathbone, Claude Rains e Patric Knowles. Argumento: “Robin dos Bosques, foi um herói inglês. Para servir o seu Rei afronta todos os perigos, lutando contra outro Rei. Depois de grandes afrontas, consegue sair vencedor e como recompensa recebe a mulher amada, e de um aventureiro, que era ROBIN DOS BOSQUES, consegue ser Barão e Conde ao mesmo tempo”.

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Esplanada dos Bombeiros Voluntários, 1944 Irmãos Nicolas, espetáculo musical e bailado. Produzido pela empresa M. Themudo Baptista, Ldª.

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Esplanada dos Bombeiros Voluntários, 1944 Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, com os autores: Assis Pacheco, António Silva, António Vilar, Eunice Colbert, Carmen Dolores, Barreto Poeira, Igrejas Caeiro e Óscar de Lemos. Argumento: “O fatalismo arrebatado e a tragédia amorosa entre Teresa de Albuquerque e Simão Botelho, que sobrevive ao litígio intolerante de suas nobres famílias. Destaque, ainda, para a letal rivalidade entre Simão e Baltasar Coutinho, primo e pretendente de Teresa; para a incondicional protecção do ferreiro João da Cruz, e para a resignada adoração de sua filha, Mariana, por Simão (…)”. Disponível em: http://www.cinept.ubi.pt/pt/ filme/716/Amor+de+Perdi%C3%A7%C3%A3o (Consultado em 30 de dezembro de 2015).

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Salão Central Eborense (interior) Confira em: http://cinemasparaiso.blogspot.pt/2013_03_01_archive.html (Consultado em 30 de dezembro de 2015). Este espaço iniciou funções como animatógrafo em 1916 num Barracão adaptado, contíguo ao Hotel Eborense. Nesta altura era abastecido por energia elétrica produzida a partir de gerador próprio. Em 1922 foi remodelado e reabriu em 1923 como cineteatro, o que lhe permitiu receber diversas companhias e artistas. Compunha-se de quatro pisos, com restaurante e salas de recreio, com 784 lugares distribuídos por: 308 lugares na plateia, 264 lugares na geral e 212 lugares nas frisas.

O Salão voltou a ser intervencionado em 1943 e reabriu em 1945. No entanto, com afluência da televisão cada vez mais acessível à população e com o aparecimento do Cinema Alfa na década de 80 do séc. XX, acabou por encerrar em 1988.

Salão Central Eborense (exterior) Rua de Valdevinos. Autor: Francisca Mendes; Data: 2015 Arquivo Distrital de Évora


Salão Central Eborense, 1928 A Mulher Nua, filme realizado por Léonce Perret, de produção francesa é constituído por 10 partes, com os autores Ivan Petrovitch e Louise Lagrande. Argumento: “Em todos os quadros desta fita, desde os pitorescos trechos de Montmarte, com toda aquela boémia cosmopolita, que parece, no seu arruído, lançar um desafio à religiosidade do “Sacré Coeur”, que domina, imponente, todo o bairro, ao esplendor da vida da Riviera, com as suas batalhas de flores, o seu Carnaval, o suntuoso Hotel Negresco, as suas “vilas”, os seus cantinhos arborizados e lindamente floridos, se denota o poder diretivo de Perret, a buscar, a intercalar, a juntar bocadinhos da sua técnica especial que maravilha mais pela atração visual do que pela profundidade da observação psíquica que dela possa dimanar”.

Página 62 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Salão Central Eborense, 1928 O Soldado Desconhecido, filme da Grande Guerra apresentado em 8 partes, realização de Raul Lopes Freire. Argumento: O filme desenvolve-se a partir da declaração de guerra dos Estados Unidos à Alemanha, assinada pelo Presidente Wilson, em 6 de abril de 1917. “É o entusiasmo das primeiras horas, a febre das partidas precipitadas, e as lágrimas que as mães derramam sem poderem dissimular a emoção pungente pela qual os seus lábios tremem. Fred Williamns, que foi um dos primeiros a alistar-se, abraça a pobre e querida mãe, e nesse supremo abraço e no terno beijo do adeus, recorda-se toda a dor das horas dramáticas e terríveis porque passaram todos aqueles que viram partir os seus entes queridos (…)”.

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Salão Central Eborense, 1932 O Mundo visto de aqui a 50 anos - Uma visão fantástica do que será a vida em 1980, comédia em 12 partes, realização de David Butler e música de Dresylva e Hendersen.

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Salão Central Eborense, 1943 Aniki Bóbó, realizado por Manuel de Oliveira, com o ator Nascimento Fernandes. Argumento: “O filme ilustra as aventuras e os amores de rapazes de baixa condição social da cidade do Porto. É uma invocação da infância pelo olho da câmara, que recua à década de quarenta, em plena Segunda Grande Guerra e no auge do regime fascista de Oliveira Salazar. Por outras palavras, Aniki Bóbó realça «a paixão de um tímido rapaz por uma rapariga da sua escola, paixão que o fará ultrapassar os limites ensinados pelo mundo adulto (ao roubar uma boneca e viver com a culpa do seu gesto)» (cit. Francisco Valente)”. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Aniki_B% C3%B3b%C3%B3 (Consultado em 30 de dezembro de 2015).

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Salão Central Eborense, 1949 Ama Seca de Calças, assim conhecido em Portugal ou Ama Seca por Acaso, no Brasil, é constituído por um elenco de artistas como Robert Young, Mareen O’Hara e Clifton Webb. Argumento: “Mr. Belvedere, o autointitulado gênio que entende de tudo, aceita cuidar dos impossíveis filhos do casal Harry e Tacey King. No início, tudo é complicado, mas aos poucos eles aprendem a respeitá-lo. Mr. Belvedere também desenvolve um projeto secreto em seu quarto: um livro sobre a falsidade e a hipocrisia dos vizinhos - que, aliás, começam a espalhar por aí que ele está tendo um caso com a cândida mãe dos pirralhos!”. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sitting_Pretty_(1948) #Produ.C3.A7.C3.A3o (Consultado em 30 de dezembro de 2015).

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Salão Central Eborense, 1964 Miss Cilindro, produção de Peter Rogers. O General… era soldado, comédia com Robert Mitchum, Jack Webb e Martha Hyer.

Página 67 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Salão Central Eborense, 1969 Chamem a Polícia, com o inspetor Clouseau “depois do escândalo da “Pantera Cor de Rosa” e “Um Tiro às Escuras” como puderam eles entregar-lhe um novo caso?

Página 68 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Esplanada Éden - DFT6447 Localizada no espaço do antigo e extinto Convento de Santa Catarina Autor: David Freitas; Data: década 1940 Propriedade: Arquivo Fotográfico da CME Sala de cinema designada inicialmente Cine-Teatro Éden, mais tarde designou-se Pavilhão Cinema e, por fim, foi designada por Éden Esplanada. Foi um dos primeiros espaços de exibição de filmes ao ar livre, em Évora. A esplanada funcionava em alternativa ao Teatro Garcia de Resende e ao Salão Central Eborense quando o tempo permitia a exibição dos filmes ao ar livre. O cinema em Évora, a partir da década de 40 do séc. XX, realizava-se uma ou duas vezes por semana e, à semelhança do Éden Esplanada e da Esplanada dos Bombeiros, também a Esplanada da Praça de Touros, inaugurada em 17 de junho de 1934, funcionava em alternativa ao teatro Garcia de Resende e ao Salão Central Eborense quando o tempo o permitia.


Eden Teatro, 1928 O Maricas, comédia dramática produzida pela Paramount Films, é constituída por 7 partes e apresentada pelos atores: Harold Lloyd, Jobyna Ralston, Richard Daniels e Carl Griffin. Na quadra mais ditosa da vida, comédia dramática produzida pela Paramount Films, é constituída por 7 partes e apresentada pelos atores: Esther Ralston, Florence Vidor e Tom Moore.

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Esplanada Cinema - Empresa da Praça de Touros, 1937 Tempos Modernos, comédia apresentada em 10 partes por Charlie Chaplin (Charlot). Estreou em 1936 nos Estados Unidos e foi exibida em Portugal no ano seguinte. Argumento: “Um operário de uma linha de montagem, que testou uma "máquina revolucionária" para evitar a hora do almoço, é levado à loucura pela "monotonia frenética" do seu trabalho. Após um longo período em um sanatório ele fica curado de sua crise nervosa, mas desempregado. Ele deixa o hospital para começar sua nova vida, mas encontra uma crise generalizada e equivocadamente é preso como um agitador comunista, que liderava uma marcha de operários em protesto. Simultaneamente uma jovem rouba comida para salvar suas irmãs famintas, que ainda são bem garotas. Elas não tem mãe e o pai delas está desempregado, mas o pior ainda está por vir, pois ele é morto em um conflito. A lei vai cuidar das órfãs, mas enquanto as menores são levadas a jovem consegue escapar”. Disponível em: http://www.adorocinema.com/filmes/

Esplanada Cinema - Empresa da Praça de Touros, 1941 O Filho do Conde de Monte-Cristo, romance da literatura francesa escrito por Alexandre Dumas, com o título original em francês Le Comte de MonteCristo. Argumento: “A história gloriosa do filho do famoso conde que por amor duma mulher e para salvar a honra duma nação, se lança ao encontro dos maiores perigos com desprezo da sua vida”.

filme-1832/ (Consultado em 30 de dezembro de

2015). Página 71 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Esplanada Cinema - Empresa da Praça de Touros, 1942 O Pátio das Cantigas, filme português realizado por Francisco Ribeiro e produzido por António Lopes Ribeiro. Elenco: Vasco Santana, Maria das Neves, António Silva e Ribeirinho. Foi reeditado em 2015 com realização e produção de Leonel Vieira (fig. da direita). Argumento: “Num típico pátio lisboeta, por altura das festas dos Santos Populares, um punhado de gente simples vive o seu quotidiano, os seus sonhos, desilusões, paixões, ciúmes e alegrias numa atmosfera quase encantada. Alfredo é um bom rapaz cujo irmão Carlos, um estouvado, namora a frívola Amália. A irmã desta, Suzana, ama por sua vez Alfredo. Narciso, o pai de Rufino e seu sócio na leitaria do bairro, é um bêbado crónico e um virtuoso da guitarra. Rosa, uma bem disposta viúva que vende flores, é por sua vez cortejada por Narciso e pelo intratável e arrogante Evaristo, o merceeiro, pai da invejosa e mimada Celeste. A rivalidade entre Narciso e Evaristo vai ao rubro numa noite de bailarico no pátio que termina numa autêntica batalha campal. Por fim tudo se compõe entre os vários pares amorosos e no pátio a vida segue serenamente”. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/O_P%C3%A1tio_das_Cantigas (Consultado em 30 de dezembro de 2015).

Página 72 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Esplanada Cinema - Empresa da Praça de Touros, 1945 Esplanada Cinema - Empresa da Praça de Touros, 1941 João Ratão, drama e comédia realizada por Jorge Brum do Canto em 1940. Elenco: Maria Domingas, Óscar de lemos, António Silva, Manuel Santos Carvalho, Teresa Casal, Costinha e Álvaro d’ Almeida. Argumento: “A partir de uma opereta, a história amorosa dum soldado português, João Ratão (Óscar de Lemos), que regressa da frente de batalha na Flandres, sendo envolvido em intrigas motivadas pela inveja. (…) Evocação do patético cenário da guerra (1914-18), e a faina dos madeireiros, no deslumbrante Vale do Vouga”. Disponível em http://filmesportugueses.com/joaoratao/ (Consultado em 30 de dezembro de 2015).

Inês de Castro, drama e história, realizada por Leitão de Barros. Elenco: António Vilar, Alice Palácios, Raul de Carvalho, Alfredo Ruas e João Villaret. Argumento: “Ano de 1336. Chegada à fronteira portuguesa da Infanta D. Constança, noiva de D. Pedro, acompanhada pela sua aia, D. Inês. Intrigas palacianas. Atracção de D. Pedro por D. Inês. Exílio voluntário de D. Inês, morte inesperada de D. Constança, reencontro dos amantes. Quebra do juramento ao rei seu pai, por D. Pedro, sentença de morte de D. Inês, e "caçada real" pelos conselheiros - através das salas, alcovas e escadas... Sabendo da tragédia, D. Pedro revolta-se: a guerra, o cerco ao Porto e as pazes. Morte do monarca D. Afonso IV. Fuga dos executores, sua extradição e terrível condenação. Coroação póstuma e funerais de D. Inês. [Fonte: José da Matos-Cruz, O Cais do Olhar]. Disponível em: http:// www.cinept.ubi.pt/pt/filme/2572/In%C3% AAs+de+Castro (Consultado em 30 de dezembro de 2015).

Página 73 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Pavilhão Cinema e variedades (Eden Esplanada), 1944 Tarzan em Nova Iorque, uma superprodução da temporada áurea da Metro-Godwyn-Mayer.

Página 74 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Eden Esplanada, 1946 Sua sem Mel, filme com os atores Ginger Rogers e Gary Grant, exibido no Éden Esplanada (ou no Teatro Garcia de Resende se o tempo não permitisse espetáculos ao ar livre).

Página 75 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Eden Esplanada, 1961 Litri e a sua sombra, filme com os atores Miguel Litri, Katia Loritz e Pilar Cansino. Retrata a “vida artística, a vida privada e a vida amorosa dos Letris, uma família de famosos e célebres toureiros”.

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Éden Esplanada, 1961 O Homem H, filme japonês, com os autores: Yumi Shirakawa e Kenji Sahara O Tubo da Morte, com Peter Van Eyck, Betta St. Jonh e Mandy Miller.

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Cinema ambulante - Cine-Teatro Rentini, 1930 O Cinema Ambulante, tal como o teatro, percorreu o País de Norte a Sul e desenvolveu-se a partir de 1937. Um dos principais objetivos deste tipo de cinema foi divulgar a política do Estado Novo, levando o cinema junto dos trabalhadores. Os filmes eram exibidos em carrinhas que percorriam o País, parando nas Vilas e Aldeias, em locais específicos como nas Casas do Povo, nos jardins e nos campos de futebol. Fátima Milagrosa (cópia nova), filme mudo português de 1928 realizado por Rino Lupo. A esta nova versão foi acrescentada mais uma parte “com toda a peregrinação que se realizou em maio de 1928, considerada a mais importante, tendo estado no local da aparição mais de 200.000 pessoas”. Do elenco fazem parte vários artistas como Rafel Alves e Beatriz Costa.

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Ai rio não te queixes, Ai o sabão não mata, Ai até lava os peixes, Ai põe-nos cor de prata. Roupa no monte a corar Vê lá bem tão branca e leve Dá ideia a quem olhar Vê lá bem que caiu neve

Água fria, da ribeira, Água fria que o sol aqueceu, Velha aldeia, traga a ideia, Roupa branca que a gente estendeu. Três corpetes, um avental, Sete fronhas, um lençol, Três camisas do enxoval, Que a freguesa deu ao rol.

Ai rio não te queixes, Ai o sabão não mata, Ai até lava os peixes, Ai põe-nos cor de prata. Um lençol de pano cru, Vê lá bem tão lavadinho, Dormimos nele, eu e tu, Vê lá bem, está cor de linho (…)

Cinema ambulante - Rádio Cinema, 1942 Aldeia da Roupa Branca, filme português de 1938, com elenco de luxo: Beatriz Costa (Gracinda), José Amaro (Chico), Óscar de Lemos (Luís), Elvira Velez, Santos Carvalho, Jorge Gentil, Armando Machado, Octávio de Matos. Argumento: “A vida, o quotidiano, os costumes pitorescos, as zangas, as rivalidades e as paixões da pequena comunidade saloia da periferia de Lisboa, que se encarregava da lavagem da roupa no rio. Duas famílias, o tio Jacinto e a sua azougada afilhada Gracinda, e a viúva Quitéria e o seu filho Luís, mantêm entre si uma viva e feroz concorrência no negócio da roupa branca, que os leva a alguns extremos. Tudo se irá, porém, resolver da melhor forma com o aparecimento de uma camioneta comprada em Lisboa, o que vai inaugurar uma nova era no trabalho da lavagem de roupa dos "alfachinhas". Disponível em: http://www.rtp.pt/programa/tv/p19296 (Consultado em 30 de dezembro de 2015). Página 79 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Empresa Cinema Ambulante Flores & Margarido, 1959 O Costa D’ Africa, comédia realizada por João Mendes, composta por um variado elenco de autores como Vasco Santana, Laura Alves, Ribeirinho e Erico Braga. Argumento: “Amadeu recebe um telegrama de Bernardo, um tio africano, que passará três horas em Lisboa, de viagem para Londres. Tendo de justificar as chorudas quantias que ele lhe envia, Amadeu consegue que um amigo lhe empreste a moradia e o automóvel, e passe por seu criado, enquanto a noiva faz de esposa. De facto, Amadeu é solteiro e está sem dinheiro... A mudança de planos de Bernardo, que decide demorar-se vinte dias, transtorna tais maquinações…” Disponível em: http://www.cinept.ubi.pt/pt/filme/1252/O+Costa+d'%C3%81frica (Consultado em 30 de dezembro de 2015).

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OCIEDADES E CAFÉS

Bailes, espetáculos e tertúlias


As Sociedades na Sociedade Rui Arimateia* Tradicionalmente é nas Associações – sejam elas Coletividades de Cultura e Recreio, Sociedades, Cooperativas, Grupos Desportivos, Grupos de Teatro Amador, Filarmónicas, Grupos Corais, Grupos de Jovens, Grupos de Reformados e Idosos, etc. – que as pessoas partilham o seu saber adquirido e se constituem enquanto Agentes Culturais da e para a Comunidade onde estão inseridos. O assim denominado Associativismo é um fator da maior importância para a existência de uma coesão social e cultural sólida e verdadeiramente construtiva de laços de união comunitários entre as pessoas. E referimo-nos à coesão comunitária uma vez que as Sociedades - como normalmente são reconhecidas publicamente este tipo de Associações - formam o núcleo para o qual confluem os habitantes da aldeia, do bairro ou de zona da cidade. É o local que, em princípio, reúne as condições necessárias para um encontro e para uma partilha de saberes e de experiências. A Sociedade constituise como um espaço lúdico... onde o jogo e a recreação desempenham um papel preponderante, contribuindo efetivamente para a construção de uma harmonia social e humana equilibrada, contribuindo igualmente para uma contínua estruturação de autoestima psicológica das personalidades dos su-

jeitos em relação. É o local onde cada um contribui para o coletivo consoante as suas disponibilidades e possibilidades, coletivo esse em que se espelham todos os indivíduos que o constituem. Uma Sociedade é pertença e simultaneamente referência dos sujeitos que a usufruem. É importante realçar que foi nos meios associativos que brilhou a chama da resistência cultural e do inconformismo em relação à ordem estabelecida pelo regime político vigente durante o Estado Novo. Foram as Sociedades, através dos seus associados, que muitas vezes se constituíram em movimentos dinâmicos e vivos e que surgiram enquanto alternativas socioculturais de qualidade perante a mediocridade e a alienação, instituídas e normalizadas coercivamente pelas instituições estatais do poder. Hoje, através dos modernos e hiper-rápidos meios de informação digital, o ser humano deu um salto extremamente importante em termos da própria comunicação: de repente, nós, na nossa aldeia, bairro, cidade, na nossa Sociedade, que afinal é o núcleo a partir do qual todas as outras formas coletivas de institucionalização se originaram, temos o acesso praticamente instantâneo ao que se passa no outro lado do Planeta... De repente, pode não fazer sentido algum falar do nosso bairro, ou da nossa aldeia ou da nossa cidade, mas sim do nosso Planeta e é importante que tenhamos uma visão global da nossa ação aqui e agora porque de certeza irá influenciar e irá contribuir para o bem-estar geral de

todos os habitantes do mundo...

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Técnico Superior no Centro de Recursos da Tradição Oral e do Património Imaterial / DCP, da Câmara Municipal de Évora.

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As Sociedades e as Coletividades são o resultado de um movimento humano com responsabilidades muito concretas e palpáveis, no que diz respeito ao melhoramento da qualidade de vida dos seus associados, dos seus usufruidores, não se gastando tão só nos pequenos problemas burocráticos do funcionamento quotidiano, onde todos nos gastamos muitas vezes inútil e ingloriamente, mas que contribuem positiva e construtivamente para a transformação e para a evolução social e cultural dos grupos humanos onde se encontram inseridas. Assim, consideramos ser o Associativismo um importante fator de coesão comunitária, um criador de espaços e de situações onde a prática dos ideais democráticos são vividos; um movimento de e em comunicação permanente, numa Sociedade cada vez mais vocacionada para o isolamento, para o in-

dividualismo, para uma competitividade doentia e para a alienação das próprias consciências, privando os sujeitos da sua própria liberdade e das suas potencialidades criadoras... O Associativismo, tal como o conhecemos e o vivemos, e tendo em conta os tempos que correm, encontra-se, de certo modo, em declínio, para não dizer em decadência, e esta afirmação, infelizmente, começa a ser voz corrente! Contudo tenhamos a perspicácia de reconhecer que, apesar de tudo, o Associativismo é riquíssimo, pela sua história, pelo seu património e pelas suas potencialidades. Talvez seja necessário reinventar e requalificar o conceito de Associativismo enquanto Movimento Sociocultural, possuidor de linguagens de intervenção e de mensagens, transformadoras e muito próprias.

Convém não esquecermos, de que será sem dúvida necessária essa reinvenção, mas, em conjunto com as pessoas que a este Movimento se encontrem diretamente ligadas, numa relação de sujeito para sujeito, de complementaridade, onde os valores que ressaltam nesta relação são aqueles que sempre se constituíram enquanto estandarte do Movimento Associativo ao longo dos séculos e onde quer que ele florescesse: a LIBERDADE, a DEMOCRACIA, a CULTURA, a PARTICIPAÇÃO e a SOLIDARIEDADE. Em Évora as associações são, desde 1839, locais de encontro, promovendo bailes (do bacalhau, da pinha, da tangerina, da noite de amor, da borboleta, do leque, dos tarrinhos, do alfinete, do licor, da fruta, da primavera, etc.), festas, concertos, colóquios, tertúlias e eleições de misses. Nestas sociedades o público não se limitava a ter uma atitude passiva, participando ativamente nas iniciativas que despertavam as emoções e favoreciam as relações. Os cafés, por seu turno, foram ganhando cada vez maior expressão e tradição no pulsar quotidiano da população, havendo alguns onde se promoviam atividades culturais semelhantes às das coletividades, como eram os casos do Café Geraldo, do Café Tango Bar, do Café Imperial, do Café Brasserie e do Café Estrela de Ouro.

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Sociedade União Eborense - Bota Rasa, 1950 Sociedade Recreativa fundada em 1839, com sede na Praça do Geraldo, onde ainda hoje funciona. No desenvolvimento das suas atividades podem destacar-se os jogos de xadrez e de bilhar, a realização de conferências, palestras, exposições e bailes. Convites para bailes de carnaval.

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Sociedade Harmonia Eborense, 1949 Fundada no final da primeira metade do século XIX, em 1849, com sede na Praça do Geraldo, onde funciona na atualidade. Afirmou-se como um espaço de sociabilidade de uma elite cultural que provinha da pequena e média burguesias urbana. As suas atividades são a música, o teatro, os jogos de cartas, o bilhar e o ciclismo. Desdobrável das comemorações do 1º centenário, 1849 - 1949.

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Sociedade Harmonia Eborense, 1946 Convite com o programa para as comemorações do 107º aniversário, 1849-1956. Convite para um baile de Carnaval realizado em 1946.

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Círculo Eborense, 1940 Clube fundado em 1880 que ainda funciona atualmente. No desenvolvimento das suas atividades podem destacar-se a criação de um gabinete de leitura e a disponibilização de livros. Destaca-se, ainda, a frequente realização de bailes. Convite para o baile de Carnaval realizado em 4 de fevereiro de 1940, no salão do clube, com indicação de que os sócios se deveriam apresentar em traje de soirée.

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Escola do Grupo de Amadores de Música Eborense, 1941 Fundada em 11 de novembro de 1887, com sede na rua do Raimundo, alterou a sua designação em 5 de maio de 1930, para Academia de Música (Decreto nº 18.282, de 5 de maio de 1930). Este grupo de amadores criou uma banda de música, designada “Banda da Escola,” e foi classificada em 1º lugar no Concurso de Bandas Civis realizado em Évora nos dias 23 e 25 de junho de 1943, por ocasião das festas da cidade. Existem obras digitalizadas, desta Escola, na Biblioteca Nacional. Convite para as festas comemorativas do 54º aniversário, com várias atividades, incluindo concertos da Banda da Escola e bailes familiares.

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Escola do Grupo de Amadores de Música Eborense, 1951 Programa das festas comemorativas do 64º aniversário, incluindo romagem ao cemitério às campas dos sócios e músicos falecidos, desafio de futebol, baile abrilhantado pela Orquestra Alma Lusa e baile de máscaras, com seleção da Ópera de Verdi.

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Sociedade Recreativa e Dramática Eborense (Antiga Mocidade), 1939 Sociedade fundada no dia 25 de abril de 1897 com a designação de Sociedade Recreativa Mocidade Eborense, que se localizava no Pátio de São Miguel em Évora. Em 1940, alterou a sua designação para Sociedade Recreativa e Dramática Eborense e, em 1973, mudou de instalações para a estrada da circunvalação, onde funciona atualmente, conforme se apresenta no Programa das Festas de Inauguração da nova sede. A sua atividade cultural mantém-se até aos nossos dias, dando especial relevo ao teatro, com a criação do Grupo de Teatro Amadores, que conquistou em 1959 o 1º Prémio do Concurso Nacional de Arte Dramática com a encenação da peça “O Caso do Chico Enjeitado”. Existe documentação desta Sociedade na Biblioteca Nacional, nomeadamente, sobre os estatutos e Jogos Florais do Alentejo. Programa com convite de um espetáculo promovido pela Direção, no dia 10 de dezembro de 1939. Programa e convite para festejos de Natal e de Ano Novo nos dias 25 e 31 de dezembro de 1942. Convite para baile abrilhantado pela Orquestra Monumental e eleição da Miss Mocidade, no dia 14 de março de 1948. Página 90 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Sociedade Recreativa e Dramática Eborense (Antiga Mocidade), 1973 Programa das Festas de Inauguração da nova sede (com a respetiva imagem, na zona de urbanização Nº 3 - Estrada da Circunvalação) e da comemoração do 76º aniversário, destacando-se a peça de teatro “O Caso do Chico Enjeitado”.

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Encenação da peça “O Caso do Chico Enjeitado”, com os atores: António Ferreira (Ferreirinha), Eduardo Lino, Arménio Candeias e Filomena1.

Sociedade Recreativa e Dramática Eborense (Antiga Mocidade), 1973 Programa intitulado Teatro à Procura do Povo, com patrocínio da Câmara Municipal de Évora, da Comissão Municipal de Turismo e da Imprensa local, para a apresentação da peça de teatro “O Caso do Chico Enjeitado” (Crónica da Aldeia), de Alexandre Rosado (antigo secretário da Casa Pia de Évora), que retrata o quotidiano de uma pequena aldeia alentejana. 1 Disponível em: http://acribeiro.blogs.sapo.pt/109100.html (Consultado em 30 de dezembro de 2015).

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Sociedade Operária de Instrução e Recreio Joaquim António de Aguiar, 1940 Fundada em 8 de dezembro de 1900. No desenvolvimento das suas atividades pode destacar-se a criação de um Grupo de Teatro em 1902, a criação de uma Biblioteca e de uma Academia de Estudos Livres e a realização de conferências e do Festival de Teatro de Amadores de Évora a partir de 1965. Programa das Festas Comemorativas do 39º aniversário, ocorridas entre o dia 25 de dezembro de 1940 e 1 de janeiro de 1941.

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Sociedade Operária de Instrução e Recreio (O. I. R.) Joaquim António de Aguiar, 1960 Grupo Infantil de Teatro, da Sociedade Joaquim António de Aguiar, que apresentou as peças de Alice Ogando “Lili, perdeu-se no Bosque” e “Maria da Praça”, no dia 22 de maio de 1960.

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Encenação da peça “O Grito na Charneca”, com os atores: Ferreirinha, António Justo Gomes Pires e Manuel Peres1.

Sociedade Operária de Instrução e Recreio Joaquim António de Aguiar, 1961-1964 “O Grito na Charneca”, drama em 3 atos de Manuel Peres, apresentada no Concurso de Arte Dramática das Coletividades de Cultura e Recreio organizado pelo Secretariado Nacional da Informação. No intervalo dos atos foram apresentados poemas dos poetas alentejanos: Conde de Monsaraz, Azinhal Abelho, Florbela Espanca e Antunes da Silva. 1 Disponível em: http://fotos.sapo.pt/armandoribeiro/fotos/?uid=fE7wpAnEVkktEUnc8MV9 “Prática dos Compadres”, teatro apresentado dia 30 de abril de 1964, no Lusitano Ginásio Clube. Peça do poeta Eborense do século XVI António Ribeiro Chiado, com encenação do Dr. Armando Nobre Gusmão (Diretor da Biblioteca Pública e Arquivos Distrital de Évora). (Consultado em 30 de dezembro de 2015). Página 95 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Sociedade Recreativa e Dramática Barbosa du Bocage (antigo Grupo Recreativo e Dramático Manuel Maria Barbosa du Bocage), 1941 Sociedade fundada em 1908, com sede junto ao Quartel-General, mudando de instalações, por ocasião das Festas Comemorativas dos 50 anos, para a Alcárcova de Cima. No desenvolvimento das suas atividades podem destacar-se o teatro e os bailes. Existe documentação sobre os Estatutos na Biblioteca Nacional.

Página 96 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Sociedade Recreativa e Dramática Barbosa du Bocage (antigo Grupo Recreativo e Dramático Manuel Maria Barbosa du Bocage), 1943 Convite para as Festas da Primavera no dia 30 de maio de 1943, com destaque para o Baile da Primavera abrilhantado pela Orquestra Vencedores Jazz Eborense. Programa e Convite para as comemorações dos 50 anos da Sociedade (1908-1958) e inauguração da nova sede na Alcárcova de Cima, no dia 30 de novembro e nos dias 1 e 7 de dezembro de 1958.

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Sociedade Recreativa Mocidade Louredense, 1948 Sociedade com sede no Bairro do Louredo. A sua grande atividade era a realização de bailes familiares. Convites para bailes familiares dos anos de 1940, 1948 e 1955.

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Tertúlia Tauromáquica Alentejana, 1958 Sociedade fundada em 1944, com sede na rua João de Deus, é defensora da tauromaquia e dos seus valores. O objetivo das atividades são tertúlias alentejanas, que passam por encontros de conversas e colóquios. Convite para baile/matiné.

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Café Arcada, 1944

Café Estrela, 1940 Espetáculo promovido pelo Grupo Artístico de Fados com Maria Virgínia (atriz-cantora), com Márcia Condessa (atriz-cantora) e António da Rocha (acordeonista).

Baile da Pinhata realizado dia 4 de março de 1944. Foi abrilhantado pela Orquestra “Luz e Vida”.

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Café Brasserie, 1941 Espetáculo promovido pelo Grupo Artístico “Os Marialvas” constituído por Judite Pinto (atriz -cantora), Dina Sá (fadista), Francisco Jorge (fadista), Armando Silva (violista) e Salvador Gomes (guitarrista).

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Espetáculo de Magia, 1941 Apresentado em vários cafés e sociedades da cidade, entre os dias 16 e 24 de abril de 1941: Sociedade Recreativa e Dramática Eborense; Sociedade Barbosa du Bocage; Café Imperial; Café Brasserie; Café Estrela de Ouro.

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Café Geraldo, 1942 Fados e Guitarradas, espetáculo promovido pelos artistas: Clara Pinto (fadista), Joaquim Maurício (guitarrista) e Maurício Júnior (solista).

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Café Tango Bar, 1943 Variações, Fados, Duetos, Tangos, etc., etc., promovidos pelos artistas Judite Pinto (atrizcantora), Carlos Lourenço (cantor de tangos), Francisco Jorge (diretor artístico), Nicolau Neves (violista) e Morais Leite (guitarrista).

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Salão Conde Farrobo, 1935 Tournée Dália, espetáculo de circo e variedades, com os autores: M. ME Dália (considerada a primeira aramista portuguesa), M.LLE Delie (original trapezista) e Les Delies (acrobatas saltadores).

Página 105 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Salão Conde Farrobo, 1935 Baile de Máscaras, abrilhantado pelo grupo de músicos da Banda de Amadores de Música Eborense.

Página 106 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Salão Conde Farrobo, 1935 Baile com valsa a Prémio, “em exposição numa das vitrines dos Grandes Armazéns do Chiado”.

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Esplanada Cinema - Empresa da Praça de Touros, 1981 Festival de Vedetas, com os artistas: José Cid, Badaró, Maria da Fé e o conjunto musical Cocktaill.

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Bailes em Évora, 1943-1960 Apresenta-se apenas uma pequena amostra dos bailes realizados durante estes 17 anos, organizados por: Escola Grupo Amadores de Música (Baile da Borboleta e Baile do Leque); Comissão dos Profissionais da Indústria Hoteleira de Évora (Baile dos Tarrinhos); Sociedade Barbosa du Bocage (Baile do Malmequer); Sociedade Recreativa e Dramática Eborense (Baile da Tangerina; Baile da Pinha e Baile do Alfinete); Sociedade Operária de Instrução e Recreio Joaquim António de Aguiar (Baile do Bacalhau; Baile do Livro e Baile Noite de Amor); Sport Lisboa e Évora (Baile do Licor); e, Comissão “Os Sete Azuis” (Baile da Fruta).

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OURADAS


Subsídios para o estudo da tauromaquia em Évora Jorge Janeiro* A tauromaquia enquanto produto cultural a cargo de um conjunto de especialistas é um fenómeno relativamente recente. Antes de 1776 as touradas, realizadas especialmente em ocasiões festivas, não estavam submetidas a regras de qualquer espécie. Com a introdução de regras o toureio deixa de ser uma diversão espontânea para passar a integrar-se no conceito de diversão artística em que cabe a especialistas a tarefa de lidar os toiros dentro de conceitos preestabelecidos em que as suas capacida-

des são postas à prova durante as sortes, ou seja, durante as várias fases do espetáculo, para deleite do público. São o Marquês de Marialva e Vitorino Fróis quem lança as bases da tourada à portuguesa como hoje a conhecemos. No palco coexistem claramente dois tipos de artistas: os que toureiam a cavalo e os que toureiam a pé. Esta distinção mais não faz do que reproduzir as notórias disparidades sociais existentes entre as diversas classes. Todos se divertem mas uns nunca saem do chão enquanto outros nunca o tocam. Em Portugal, ao contrário de Espanha, o toureio a cavalo parece ter ganho predominância sobre o

toureio a pé, exigindo perícia ao toureiro que, entre si próprio e o touro, tinha de manobrar um terceiro elemento, o cavalo, com grande destreza de modo a fazer das sortes uma verdadeira arte. A tauromaquia foi-se assumindo, para os seus intervenientes, como fonte de rendimento. Os ganadeiros, os artistas tauromáquicos e os donos de praças de touros aprimoraram aos poucos os espetáculos com a cooperação das autoridades públicas. As raças foram-se melhorando. Os artistas, mercê da própria competição, foram dando à festa brava novas tonalidades. Os promotores dos espetáculos foram dotando, em articulação com os municípios, as vilas e cidades de praças de touros com cada vez melhores condições. Tudo isto contribuiu para que a tourada fosse ganhando espaço na cultura portuguesa e se interiorizasse no imaginário de boa parte da população, surgindo associada nas diversas localidades como um dos momentos mais altos das festividades. Assume-se hoje como uma verdadeira epifania que completa a essência identitária de cada terra, nomeadamente, com a existência dos grupos de forcados amadores que a representam pelo país e pelo mundo fora. Todavia, a tourada apadrinhada pelas entidades oficiais, que se encarregaram de a padronizar de modo a cingi-la ao universo dos artistas, ou seja, dos detentores das técnicas do toureio, não conseguiu

impedir que a população continuasse a tourear de forma espontânea nas largadas, nas vacadas e no-

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Diretor do Arquivo Distrital de Évora

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vilhadas que ocorrem quase em simultâneo com as touradas. A formalidade destas dá lugar à completa informalidade em que cada um pode ser artista por um dia, arriscando na arena, muitas vezes improvisada, a própria vida em troco do reconhecimento da sua coragem e da sua habilidade pelos seus amigos e conhecidos. Aliás, o toureio, enquanto meio profissional, é um mecanismo de progressão social apetecido. Muitos, correndo atrás de um sonho que os afaste da dura realidade em que vivem, arriscam a vida para galgarem os patamares da sociedade. Outros encontram aí uma forma alternativa de manterem o seu status quo social e de obterem rendimento. Ricos e pobres cruzam-se na tourada como artistas, magnetizados pelas oportunidades que esta proporciona. Cruzam-se, também, como espetadores, assistindo à beleza e às tragédias da faena como se de um teatro grego se tratasse. Mas mais intenso pela imprevisibilidade gerada pelo perigo, uma vez que, estando-se perante um animal selvagem, nunca se conhece o final da peça em exibição. Se a tourada, nos seus inícios, ainda comportava atrações exóticas, como é o caso dos “encarapinhados pretinhos em cavalinhos de pasta” ou “dentro de pipas” que tourearam toiros na Praça das Mercês em Évora em 1849, a verdade é que a bem da “verdade”, ou seja, da autenticidade do espetáculo, esses elementos se foram perdendo, afirmando-se os grandes cavaleiros que, indo “ao terreno dos toiros” e “carregando a sorte” ganhavam nome nas principais praças do país e criavam escola. João Branco Núncio é presença assídua em Évora, como se pode comprovar através da documentação que existe no Arquivo Distrital de Évora. Já a Família Casimiro aparece como uma verdadeira linhagem de cavaleiros num dos cartazes mais imponentes da tourada, ocorrida por ocasião da Feira de São João de 1929. Triunfar na arena depende da técnica e da estética promovidas por cada artista, assistindo-se a uma renovação permanente de estilos que, uma vez consolidados, são ultrapassados por outros que em-

prestam novo vigor à festa. Mas o triunfo é um caminho longo e nem sempre alcançado de tão espinhoso que é. Aos iniciantes sem nome cabe percorrer as praças menores e começar por tarefas menos nobres até que, tendo demonstrado o seu valor nas provas, podem ambicionar tirar a “alternativa”, uma espécie de carteira profissional, conferida por um “padrinho” e testemunhada por outro profissional. O mundo artístico da tauromaquia caracteriza-se pela forte hierarquização, não apenas pelo tipo de artista (cavaleiro, matador, forcado, bandarilheiro, etc.) como pela antiguidade e pelo sucesso. Todos sabem o lugar que ocupam e qual o comportamento a adotar no contexto da tourada. Évora foi palco de muitas touradas. Primeiro na Praça das Mercês, convertida atualmente num hotel. Depois, na Praça de Touros, hoje conhecida por Arena de Évora. O Arquivo Distrital de Évora conserva um espólio valiosíssimo de cartazes que permitem determinar quais os artistas, os ganadeiros e os promotores dos espetáculos e saber qual era o preço dos bilhetes em muitos casos, o que ajuda a perceber quem iria às touradas.

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Cabe, agora, aos investigadores fazerem o seu trabalho de estudo deste universo documental para recuperarem muitas das memórias da festa brava nesta cidade!

Bibliografia CAPUCHA, Luís – "Tauromaquia e identidades culturais locais (Dossier «Dinâmicas Culturais»)". Sociologia, Problemas e Práticas. Lisboa. ISSN 0873-6529. 8 (1990) 139-145. CAPUCHA, Luís – "O campo da tauromaquia". Sociologia, Problemas e Práticas. Lisboa. ISSN 08736529. 5 (1988) 147-165.

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Antiga Praça das Mercês, contígua à Igreja das Mercês, na rua do Raimundo. Confira em: http:// aterraeagente.blogspot.pt/2013/12/evora-novohotel-na-rua-do-raimundo.html (Consultado em 30 de dezembro de 2015).

Antiga Praça das Mercês, durante as obras de construção do Hotel B&B. Confira em: http:// aterraeagente.blogspot.pt/2013/12/evoranovo-hotel-na-rua-doraimundo.html (Consultado em 30 de dezembro de 2015).

Hotel (imagem atual). Confira em: http:// aterraeagente.blogspot.pt/2013/12/evoranovo-hotel-na-rua-do-raimundo.html (Consultado em 30 de dezembro de 2015).


Praça das Mercês em Évora, 1849 Corridas de Touros realizadas em junho de 1849, nos dias 23, 24 e 25 com 9 touros em cada dia e, no dia 29, com 8 touros e um novilho rifado no final, referindo-se que “a quem sahir por sorte, no caso de o não querer levar, receberá 9$600 Rs”. As corridas foram abrilhantadas pelo cavaleiro Diogo Henriques Bitencourt e pelos capinhas João Alberto, João Pedro, José Cadete e Joaquim dos Santos. Os touros foram farpeados pelo referido cavaleiro e, na linguagem da época, pelos “pretos em cavalinhos de pastas” e “por um preto montado n’um burro, coadjuvado pelos seus colegas encarapinhados” e ainda “por um pretinho metido dentro d’uma pipa coadjuvado pelos seus companheiros”. As corridas misturavam, neste período, a lide dos cavaleiros e dos capinhas com artistas negros que constituíam uma atração do próprio espetáculo.

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Praça de Touros no Rossio de São Brás, 1859 Corrida de touros, em beneficio do Asilo de Infância Desvalida da cidade de Évora, realizada numa praça improvisada no Rossio de São Brás e abrilhantada por um cavaleiro, “6 agarras, e 2 pretos”.

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Praça de Touros de Évora, atual Arena de Évora A construção desta Praça deveu-se, em grande medida, ao empenho do proprietário alentejano António Torres Vaz Freire, tendo sido inaugurada em 19 de maio de 1889, na presença do rei D. Luís e da sua corte. Foi considerada durante alguns anos a melhor praça do país, passando por ela os principais nomes do toureio em Portugal. Devido à sua progressiva decadência, os espetáculos tauromáquicos foram-se reduzindo ao ponto de se realizarem apenas touradas durante as festas tradicionais da cidade. O elevado estado de degradação levou a que a Câmara Municipal de Évora procedesse a obras de remodelação da Praça, transformandoa em Pavilhão Multiusos, inaugurado em 2007, com a designação de Arena de Évora.


Praça de Touros em Évora (atual Arena de Évora), 1929 Corrida de touros realizada nos dias 24 e 29 de junho de 1929, sob a direção de Artur Torres Pereira, por ocasião da Feira de São João, abrilhantada por 5 cavaleiros: António Luís Lopes, José Casimiro e filhos (Manuel, José e Fernando, este último com apenas 10 anos de idade). Foram lidados 16 touros e 1 garraio de 2 anos do ganadeiro João Barreiros de Torres Vaz Freire.

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Praça de Touros em Évora (atual Arena de Évora), 1929 Contrato realizado entre a Empresa da Praça de Touros e o cavaleiro António Luís Lopes, para as Corridas de Touros dos dias 24 e 29 de junho de 1929.

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Praça de Touros em Évora (atual Arena de Évora), 1929 Contrato realizado entre a Empresa da Praça de Touros e o cavaleiro José Casimiro de Almeida e seus filhos (Manuel Casimiro, José Casimiro e Fernando Casimiro), praticantes menores, para as Corridas de Touros dos dias 24 e 29 de junho de 1929.

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Praça de Touros em Évora (atual Arena de Évora), 1930 Bilhetes para uma Corrida de touros realizada a 3 de agosto de 1930, em beneficio do Hospital da Misericórdia de Évora. Corrida de touros com “6 novilhos à Espanhola” realizada em 23 de julho de 1933, abrilhantada pelo cavaleiro Francisco Calhau Júnior e pelos bandarilheiros Agostinho Coelho, Carlos dos Santos, Ivo Borba e Jerónimo Plá Flores e pelo espada Francisco Manzano “Manzanito”.

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Praça de Touros em Évora (atual Arena de Évora) 1934 Corrida de touros, realizada no dia 29 de junho de 1934, por ocasião da Feira de São João, com 8 touros das ganadarias de José Lacerda Pinto Barreiros, do Carregado, e de João Barreiros de Torres Vaz Freire, de Évora. Abrilhantada: pelos cavaleiros Simão da Veiga Júnior e João Branco Núncio; pelos espadas Luiz Morales e Alfonso Gomez; pelos bandarilheiros Custódio Domingos, Agostinho Coelho, Manuel Raymundo e Carlos dos Santos; pela Banda dos Amadores de Música Eborense; e por um Grupo de Moços de Forcado.

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Praça de Touros em Évora (atual Arena de Évora), 1935 Corrida de touros, realizada no dia 21 de julho de 1935, organizada pelo Governo Civil do distrito de Évora com o objetivo de obter fundos para as casas de beneficência da cidade. Composta por 6 touros da ganadaria de João Barreiros de Torres Vaz Freire, de Évora. Abrilhantada: pelos cavaleiros D. Vasco Jardim (Valença) e Juan Lopes Lago; pelos bandarilheiros Agostinho Coelho, Manuel Raymundo, Carlos dos Santos e Plá Flores; pela Banda da Escola de Amadores de Música Eborense; e pelo Grupo de Moços de Forcado de Évora “capitaneado pelo arrojado José Arraia”.

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Praça de Touros em Évora (atual Arena de Évora), 1939 Corrida de touros, realizada no dia 29 de julho de 1939, por ocasião da Feira de São João. Composta por 8 touros da ganadaria de João Barreiros de Torres Vaz Freire, de Évora. Abrilhantada: pelos cavaleiros João Branco Núncio e José Casimiro Júnior; pelos bandarilheiros: Agostinho Coelho, Júlio Procópio, Francisco Gonçalves, Pedro Gorjão, Jerónimo Plá Flores e Jaime Rodrigues; pela Banda de Música; e pelo Grupo de Forcados Amadores de Santarém.

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Praça de Touros em Évora, atual Arena de Évora, 1953 Toirobola, festival noturno de saltos acrobáticos, realizado por Vasco Augusto e seu irmão “El Índio”.

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Praça de Touros em Évora (atual Arena de Évora) 1954 Corrida de touros, realizada no dia 31 de outubro de 1954, organizada “por uma Comissão de Meninas da nossa primeira Sociedade, sob o patrocínio do Senhor Governador Civil, Ex. mo Snr José Félix Mira, a favor do Socorro Social”. Composta por 8 touros cedidos pelos ganadeiros: José Infante da Câmara, Herdeiros de Dr. Emílio Infante da Câmara, Francisco e Carlos Vanzelar Palha, Dr. Manuel Vinha, Samuel Santos Jorge, Manuel Grave e Pompeu Caldeira. Abrilhantada pelos cavaleiros: José Barahona Núncio, Simão da Veiga, João Núncio e Francisco Sepúlveda; pelos bandarilheiros: José Segarra, António Dias, Francisco Gonçalves, Pedro Gorjão, António Correia, Rogério Amaro, Frederico dos Santos e Etelvino Loureano; pela Banda dos Amadores de Música Eborense; e pelo Grupo de Forcados Amadores de Santarém.

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EIRA DE Sテグ JOテグ


A Feira de S. João como «memória visual» revisitada Francisco Bilou* Criada em 1275, reinando D. Afonso III, a feira de Évora foi consagrada ao apóstolo São Tiago e passou a realizar-se anualmente no mês de Julho nos chãos do «terreiro da porta de Alconchel» (atual Praça de Giraldo). Com a construção da Cerca Nova em meados do século XIV e a posterior entrega ao domínio municipal do Rossio (de S. Brás), a feira anual da cidade passou a realizar-se definitivamente neste espaço. Todavia, já em época de D. Sebastião (1568), o calendário festivo foi ajustado para o mês de Junho, entre os dias 23 e 26 de Junho, facto que contribuiu para a fixação do nome popular que ganhou. Ao longo dos vários séculos, a feira de S. João foi ganhando expressão socioeconómica e escala regional, refletindo a importância de Évora, que ainda por todo o século XVI era tida como a «segunda cidade do reino». Ainda em época do Cardeal-Infante D. Henrique, a Feira passou a ser «arruada», ou seja, organizada em ruas com tendas cobertas de pano de linho conforme ao regimento para isso criado (o mesmo que desde aí e durante muitos anos fez coincidir o cargo de vedor da Feira com o do provedor do cano da Água da Prata, pois parte das receitas provenientes do aluguer dos terrados dos feirantes passaram a ser canalizadas para as obras de manutenção do Aqueduto). Sobrevinda ao século XIX sem grandes alterações na forma e no conteúdo, a Feira de S. João ganhou uma nova dinâmica após 1863 com abertura da ligação ferroviária entre Lisboa (Barreiro) e Évora. A partir desta data a Feira foi fixando um modelo próprio assente em três características fundamentais:

a tradicional feira económica onde a componente agroalimentar tinha grande expressão, o certame tauromáquico, e a dimensão puramente lúdica, esta entregue às diversões, curiosidades e novidades vindas de fora. Esta última característica é, aliás, muito importante para a consolidação popular do evento. Por exemplo, logo nesse ano de 1863 a atração foi o «gigante do Minho», época em que fotografia já havia aparecido e não tardaria muito a chegar a Évora, à cadência anual das festividades joaninas, o teatro, o circo «à americana» (por mão das melhores companhias nacionais e estrangeiras, aproveitando precisamente a deslocação de comboio), as primeiras imagens animadas percursoras do cinema, então chamadas de «kinetografone» (1897), a cerveja de pressão (1905), a câmara frigorífica

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Técnico Superior na Câmara Municipal de Évora.

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(que permitiu os primeiros «gelados», até aí «sorvetes»), o primeiro balão aerostático, o primeiro estrado automobilístico elétrico (1939) (com três minutos de viagem e protesto geral pelo exagero do preço), o primeiro «fogo preso» e tantas outras curiosidades e novidades que foram fazendo durante décadas o encanto de miúdos e graúdos. Este cariz multifacetado, simultaneamente cultural, económico e recreativo, foi, sem dúvida, o fator de sucesso e longevidade da Feira de S. João como maior festa popular da cidade e espaço de encontro anual de todos os eborenses. Reflexo dessa abrangência «popular» (sem deixar de estar bem compartimentada nas suas hierarquias sociais), a Feira apresentou-se desde sempre como espaço de confluência do interesse de «consumidores» e «produtores»; interesse (re)animado, ano após ano, pelas «novidades», que sempre competiram por atrair a atenção dos milhares de visitantes e feirantes. Um pouco rumando contra a corrente, este cariz multifacetado da Feira de S. João foi perdurando até aos nossos dias, resistindo à alteração dos hábitos de consumo, à transformação do mundo rural e até ao imediatismo televisivo da notícia e do espetáculo. É precisamente o património imagético e documental da Feira construído ao longo das últimas décadas que agora se revisita como «memória visual» nesta exposição sob patrocínio do Arquivo Distrital de Évora.

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Feira de São João (entrada) - MCS 4560 Autor: Marcolino Silva; Data: 1960-1969 Propriedade: Arquivo Fotográfico da CME

A Feira de São João é uma festa popular que se celebra em Évora desde 1569, no Rossio de São Brás. Nos anos de 1889 e 1903 foi visitada pelo Rei D. Carlos e pela Rainha D. Amélia.

Cortejo a cavalo, Feira de São João - MCS 102 Autor: Marcolino Silva; Data: 1960 Propriedade: Arquivo Fotográfico da CME


Exposição de carros, Feira de São João DFT 4111 Autor: Marcolino Silva; Data: 1963 Propriedade: Arquivo Fotográfico da CME

Circo Texas, Feira de São João - MCS 4539 Autor: Marcolino Silva; Data: 1968 Propriedade: Arquivo Fotográfico da CME


Feira de São João, 1929 Circo Mariano, em digressão pelo País, com fotografia do Sr. Mariano ao centro, apresentou pela Feira de São João o seu espetáculo com um elenco variado de artistas: equilibristas, acrobatas, saltadores do “Duplo Salto Mortal”, malabaristas, La Bettini “artista italiana ilusionista e musical”, Miss Zeli “célebre ginasta francesa - A RAINHA DOS ARES”, Melle Emília “interessante ginasta em miniatura” e ainda 3 Faz-Tudos de Soirée.

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Feira de São João, 1934 Circo Italo-Luso, em digressão pelo País, apresentou em Évora o seu espetáculo com um elenco variado de artistas: músicos, equilibristas, acrobatas olímpicos, malabaristas, trios, saltadores árabes, Pópi e Séqui (palhaços) e, ainda, Jacobim “o mais pequeno contorcionista do mundo”.

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Feira de São João, 1941 Coliseu dos Recreios em Viagem, apresentou no recinto da Feira de São João, um espetáculo composto por: “6 ferozes tigres de Bengala”, 3 elefantes, o Anão Gucho, a Troupe Chinesa “os 6 Cohan”, Focas, os ciclistas Maurice e May e os palhaços Filip, Johny & Companhia.

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Feira de São João, 1950/60 Concursos Hípicos, realizados em Évora por ocasião da Feira de São João, tiveram grande impacto na década de 50/60 do século XX. As provas realizavam-se durante vários dias e dispunham de uma comissão organizadora, de um júri e regulavam-se pelo Regulamento da Federação Equestre Portuguesa e Internacional, que estabelecia as condições de inscrição, os prémios, os percursos, o programa, serviço médico e serviço veterinário. Em 1950, o Presidente do Concurso era o Coronel Luís de Camões e o secretariado estava localizado no Centro de Mobilização de Artilharia 1 - Évora.

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Feira de São João, 1953 Caseta da Tertúlia, instalada no recinto da Feira de São João, com as seguintes atividades: baile no recinto com a “Orquestra Monumental” e “Fados e Guitarradas” com os artistas da Emissora Nacional Benvinda Correia e Ilda Ferreira, acompanhadas à guitarra por Liberto Conde e à viola por Orlando Silva.

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Feira de São João, 1958 Circo Luftman, com a fotografia da proprietária Mary Luftman, apresentou em Évora, no dia 14 de julho de 1958: Soirées para maiores de 12 anos e Matinées para maiores de 6 anos.

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Feira de São João, 1960 e 1980 Gincana Noturna de Automóveis, prova de perícia automobilística, organizada pelo Lusitano Ginásio Clube, com o patrocínio da Câmara Municipal de Évora e do jornal “A Bola”. Foi realizada no dia 25 de junho de 1960, na estrada da circunvalação, frente ao Rossio de São Brás. Discos Voadores Infantis “VIKING”, de Guilhermina Antunes do Nascimento Crisóstomo, instalado no recinto da Feira de São João. Cobrava 10$00 por cada criança durante um minuto e meio. Página 138 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Feira de São João, 1960 Circo Arriola Paramés, em digressão pelo País, apresentou nos dias 1 a 3 de julho de 1960, em Évora, o seu novo espetáculo “A volta ao mundo em 80 minutos”.

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Feira de São João, 1962 Circos Royal e Mariano, em tournée mundial, apresentou em Évora no dia 9 de julho de 1962 o seu espetáculo “Noite Tropical”, com 50 artistas e 20 atrações de renome mundial.

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Feira de São João, 1964 Carrossel Triunfo, de António Mendes Roque, instalado no recinto da Feira de São João, pelo período de 15 dias, possuía 137 lugares, o tempo de viagem era de um minuto e meio e pagava-se 1$50 por pessoa.

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Feira de São João, s.d. Lilianita - Primeira Fakir Portuguesa, realizou espetáculo em Évora intitulado “experimento scientifico Enterrada Viva”.

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Feira de São João, 1971 Poço da Morte, instalado no recinto da Feira de São João, com os artistas portugueses Nelson e Ruth.

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Feira de São João, 1982 Super Rallye Alverca, pista de automóveis de troll para adultos, de Francisco Ramires Alverca, instalado no recinto da Feira de São João, pelo período da feira. Possuía 70 carros com 120 lugares e cada viagem de carro custava 15$00.

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ESTAS

POPULARES


As Festas Populares em Évora Cândida Vieira*

No âmbito da exposição “Memórias das atividades culturais e desportivas em Évora, 1840-1980”, realizada a partir do Fundo do Governo Civil, existente neste arquivo, deparamo-nos com inúmeros cartazes e panfletos relativos a festas de cariz popular e religioso, surgindo assim, naturalmente, como uma das secções temáticas desta exposição. Os cartazes e panfletos referentes às festas populares, divulgados nesta exposição, estão balizados cronologicamente entre as décadas de 1960 e 1980, da cidade de Évora - centro histórico e bairros limítrofes, assim como de freguesias rurais. Évora, do mesmo modo que outros centros urbanos, ao longo do século XIX e especialmente no XX, sofreu um incremento populacional significativo, continuando a ser capital distrital e "cabeça" da província Transtagana. Um dos motivos para esse incremento foi a chegada do caminho-de-ferro, no ano de 1863, assim como um acentuado êxodo rural, que levou a um aumento populacional da urbe eborense e ao consequente crescimento desordenado da cidade extramuros. As festas populares, enquadradas dentro das festividades religiosas, em contexto urbano ou periurbano, mimetizavam as vivências rurais e religiosas na nova realidade urbana, tanto nos chamados bairros clandestinos, como os planeados durante a vigência do Estado Novo. Encontramos assim, as Festas de Santo António, que ainda hoje subsistem no Largo de Avis, representadas nesta exposição por dois exemplares (1961 e 1985) e outras festas dos seguintes bairros limítrofes, tais como: Frei-Aleixo, Bacelo, Santo Antonico, Santa Maria, Bairro das Espadas (anos 1970-80). Os programas tinham como principais atividades e atrações, para lá das cerimónias religiosas sempre presentes (missa e procissão), uma panóplia de atividades desportivas (futebol, ciclismo e atletismo), as atividades tauromáquicas (geralmente uma garraiada) e aquelas onde o convívio e a sociabilização imperavam, ou seja, quermesses, atuações musicais, e, por fim, o sempre tão esperado Baile. Entretanto, nas freguesias rurais, como Canaviais, Boa Fé, Guadalupe e Torre de Coelheiros, surgem o mesmo tipo de atividades e atrações, embora com algumas diferenças, partindo sempre de festas de-

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Assistente Técnica no Arquivo Distrital de Évora.

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vocionais, onde o fervor religioso era mais latente. Destaca-se a importância dada às garraiadas, torneios de jogo da malha, "jogo do galo ou do pato" e" pau de sebo". Seja em contexto urbano ou rural existia sempre um espaço vocacionado para "regados" petiscos, acabando invariavelmente com fogo-de-artifício. Na década de 80 surgem algumas modificações: uma maior atenção às atividades infantojuvenis, desportivas e pedagógicas; uma programação musical que ia ao encontro dos gostos massificados da TV;

e um maior destaque na organização da parte das associações de moradores, e, posteriormente, é notório e destacado o apoio da câmara e juntas de freguesia. É de destacar que os cartazes e prospetos vão paulatinamente aumentando ou, pelo menos, mantendo a sua qualidade gráfica até aos meados dos anos 80, surgindo neste Fundo, depois desta data, exemplares manuscritos ou fotocopiados.

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Festa no Largo de Avis Autor: José António Barbosa Data: 1900 - 1910 Cota GPE436 - Propriedade Grupo Pró-Évora Confira em: http://viverevora.blogspot.pt/2010/07/evora-perdida-no-tempo-festa-no-largo.html (Consultado em 30 de dezembro de 2015).


Festas Populares, 1961 Feira Popular de Santo António, realizada nos dias 9 a 13 de junho de 1961, organizada pelo Oratório Festivo de S. José, composta por “pista de automóveis elétricos, carrocéis, comboio da sorte, Pim-Pam-Pum, tiro ao alvo auto-foto (novidade inédita em Portugal) quermesse, tombolas, etc.” e programa de variedades com vários artistas, ranchos folclóricos , bandas e o conjunto misto “Pinto de Sá” de Montemor-o-Novo.

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Festas Populares, 1970 Festas em honra de Nossa Senhora de Fátima, realizadas em 30 de agosto de 1970 no Bairro da Comenda. Foram organizadas pela Comissão de Festas do Bairro da Comenda e eram constituídas pelo seguinte programa: missa campal cantada, procissão, venda de fogaças, quermesse, baile e fogo de artifício.

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Festas Populares - bailes, 1972-1978 Baile da Amêndoa realizado em 2 de abril na sede da Associação de Moradores do Bairro de Almeirim, em beneficio do Grupo Infantil “Os Traquinas em Flor”. Baile da Boneca realizado em dezembro de 1972 e abrilhantado pelo Conjunto das Alcáçovas. Baile das Flores realizado em 16 de junho de 1973, na Quinta dos Caldeireiros (Santo Antonico) e abrilhantado pelo Conjunto Maryling. Baile do Bacalhau realizado em 18 de março de 1978, na Quinta do Argente (Santo Antonico) e abrilhantado por Carlos Caeiro. Baile da Pinha realizado em 1 de abril de 1978, na Quinta do Argente (Santo Antonico) e abrilhantado por Panóias e seu acompanhamento.

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Festas Populares, 1973 Festas em Honra do Sr. Jesus dos Aflitos, realizadas nos dias 15, 16 e 17 de setembro de 1973, organizada pela Comissão de Festas, com o seguinte programa: quermesse, bailes abrilhantados pelo “Conjunto Endiabrados do Ritmo” e “Conjunto das Alcáçovas”, missa solene, procissão, tourada à vara larga, torneio de tiro aos pratos e fogo de artifício.

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Festas Populares, 1977 Festas em Honra de Nossa Senhora de Fátima, realizadas nos dias 2, 3 e 4 de setembro de 1977, no Bairro de Almeirim, organizadas pela Associação de Moradores e constituídas pelo seguinte programa: abertura das festas com foguetes e quermesse, atuação da Banda de Amadores de Redondo, atletismo, futebol, atuação do “Conjunto Folclórico Infantil” e o “Grupo Coral de Torre de Coelheiros”, torneio de malhas, gincana de motorizadas, noite de Fados com o fadista Fernando Farinha e bailes abrilhantados pelos conjuntos “Alentejo” e “1º de Maio”.

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Festas Populares, 1977 Prova de Perícia Automóvel, realizada dia 9 de abril de 1977, no Bairro do Frei Aleixo, com apresentação da planta do percurso.

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Festas Populares, 1979 Festas do Bairro do Bacelo, realizadas nos dias 13, 14 e 15 de julho de 1979, com o seguinte programa: abertura com fogo de artifício, gincana de bicicletas, atuação do “Grupo Coral de Portel”, torneio de malha, futebol “Solteiros contra Casados”, atuação do “Rancho Infantil - Juvenil de Monte Trigo” e do “Grupo de Cantares Regional de Monte Trigo”, exibição da peça teatral “Jorge Dandin” de Moliére com encenação de Fernando Mora Ramos da Companhia do Centro Cultural de Évora e, por fim, destaca-se a realização da excursão juvenil para comemoração do “Ano Internacional da Criança” (proclamado pelas Nações Unidas em 1 de janeiro de 1979), com a colaboração da “Comissão Municipal para o Ano Internacional da Criança” com visitas à Fábrica dos Leões, à olaria de Redondo, ao Palácio de Vila Viçosa e à Serra d’Ossa. Os fundos angariados reverteram a favor da construção da Sala de Polivalente.

Página 155 | dezembro 2015 | Boletim do Arquivo Distrital de Évora Nº 3 - Suplemento Nº 1


Festas Populares, 1980 Festas em Honra de Sto. Antonico, realizadas nos dias 5, 6 e 7 de setembro de 1980, organizadas pela Comissão de Festas, com o seguinte programa: abertura com fogo de artifício, quermesse, tiro ao alvo, motocross, garraiada, atletismo até 12 anos, missa seguida de procissão, brincadeiras taurinas, cantos livres e bailes abrilhantados pelos conjuntos “Os Taciturnos”, “YPA” e “BV+7”.

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Festas Populares, 1983 Festas do Bairro do Frei Aleixo, realizadas nos dias 2, 3 e 4 de setembro de 1983, organizadas pelo “Clube Futebol Eborense”, com o seguinte programa: abertura com música, futebol infantil, torneio de malha, futebol “Solteiros contra Casados”, garraiada popular, atletismo, bailes abrilhantados pelos conjuntos de Lisboa “Sinal” e “Rotação” e, por fim, destaca-se o espetáculo de variedades com António Variações (em Évora pela primeira vez), Grupo de Música Portuguesa Seara Nova e CegaRega, Eduardo - Zé Liaça (Ferro Velho), Mouquinho - Ximenes (Dínamo) e Zé Melo.

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ESPORTO


Subsídios para o estudo do desporto em Évora Jorge Janeiro* A prática do desporto é bastante antiga. Na Grécia havia o hábito de fazer tréguas durante o período dos Jogos Olímpicos, conferindo um carácter pacífico às competições desportivas. O exercitar do corpo foi sendo associado ao equilíbrio da mente (mens sana in corpore sano) como que estabelecendo uma relação de interdependência entre estes dois elementos. Extintos os Jogos Olímpicos gregos continuou-se a praticar desporto. A nobreza organizava torneios e caçadas para se manter apta para a guerra enquanto o povo ia realizando os jogos populares nas ruas, nas praças e nos adros das igrejas. No século XIX e inícios do século XX o desporto ganha cada vez mais adesão junto das classes abastadas. O hipismo, o ciclismo, o golfe, o ténis, a vela e o futebol são algumas das modalidades desenvolvidas por estas classes, granjeando-lhe estatuto social. Todavia, e à medida que vão sendo fundadas coletividades pelo país e se dissemina a importância do desporto para a formação do indivíduo, os desportos começam a estar ao alcance da generalidade da população. A disposição gradual de mais

tempo livre e de mais rendimento por parte das classes trabalhadoras e a massificação das notícias sobre o desporto, propiciada pelos meios de comunicação, conduziram à ocupação de um lugar de destaque de algumas modalidades desportivas nas vivências quotidianas. O futebol, dentre todas, foi a que ganhou maior relevo em Portugal até aos dias de hoje. A massificação do desporto foi também promovida por iniciativas de âmbito internacional, como é o caso dos Jogos Olímpicos modernos, e de âmbito nacional, como é o caso da Volta a Portugal em Bicicleta. Esses continuam a ser momentos marcantes que atraem a atenção de milhões de pessoas para as competições, coroando e destronando heróis. Aliás, muitas das figuras mais conhecidas no mundo são desportistas, entendidos muitas vezes como modelos a seguir pelos seus adeptos. O desporto, pela emoção que desperta, atravessa gerações familiares e tem a capacidade de opor amigos e de juntar desconhecidos, arrastando massas de fãs. Na exposição que apresentamos a documentação é, sobretudo, do século XX. Acumulada no Governo Civil de Évora, entidade que visava este tipo de espetáculos, permitirá aos investigadores levantar pistas sobre quem eram os praticantes, os treinadores e os membros dos órgãos sociais dos vários clubes, onde foram as competições, quem construiu os equipamentos desportivos e quem os pa-

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Diretor do Arquivo Distrital de Évora

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gou, quanto custavam os ingressos, como estavam organizadas as competições, quem ia aos espetáculos e quais as relações entre as coletividades e o poder político, entre muitas outras questões. Da documentação analisada conclui-se que o leque de modalidades desenvolvidas pelos diversos clubes era relativamente extenso: pesca desportiva, boxe, futebol, automobilismo, ginástica, motociclismo, basquetebol, voleibol, ciclismo, ping-pong e atletismo. A maioria das coletividades com atividades desportivas apareceu nos inícios do século XX, havendo casos em que estavam ligadas a uma determinada empresa, como era a dos Empregados de Arquimínio Caeiro. As associações de estudantes também promoviam atividades desportivas com alguma regularidade, abrindo-as à população. Os clubes com maior dinamismo parecem ser os de futebol: o Juventude, o Lusitano, Os Azuis e o Sport Lisboa e Évora. Aliás, o Juventude enfrentou o Futebol Club do Porto em 1952 e o Lusitano o Benfica em 1977, representando estes recontros a participação de clubes eborenses em competições de nível nacional. Ao nível internacional também houve atividade registada: em pleno “Verão Quente” de 1975 ocorreu um jogo entre a Seleção de Évora e o Shachtez da Ucrânia, simbolizando a abertura do país ao Bloco de Leste após a queda do Estado Novo. O desporto serviu para entreter multidões, enchendo os seus tempos livres de emoção. Serviu para quebrar barreiras raciais, políticas e sociais. E serviu para exercitar o corpo dos atletas, contribuindo para uma vida mais sã. E, por isso tudo, no desporto, parafraseando Pierre de Coubertin : "o mais importante não é vencer, mas sim, participar".

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Desporto, 1934 Futebol, jogo realizado dia 23 de dezembro de 1934, no campo Estrela do Lusitano, entre o Lusitano Ginásio Clube e o Sport Lisboa e Évora para a 2ª volta do campeonato da 8ª jornada. Os árbitros foram Luís Rita e Américo Santos do Juventude Sport Clube. Futebol, jogo realizado dia 23 de dezembro de 1934, no campo Sanches de Miranda, entre o Juventude Sport Clube e o Estrela Futebol Clube. O árbitro foi Inácio Augusto do Lusitano.

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Desporto, 1935 Futebol, jogo realizado dia 13 de janeiro de 1935, no campo Estrela do Lusitano, entre o Sport Lisboa e Évora e o Estremoz Futebol Clube, para a 2ª volta da 11ª jornada. O árbitro foi Inácio Augusto do Lusitano.

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Desporto, 1936 Acontecimento Desportivo, realizado no dia 11 de outubro de 1936, no Estádio Dr. Santos Garcia em Évora, organizado pelo Núcleo Ginástico Eborense, dedicado à Secção Desportiva da Escola Industrial e Comercial Gabriel Pereira, com as seguintes atividades: argolistas (Trio Palmas), trapezistas (Lés Blonds), paralelistas (Os Sertorianos), basquetebol entre a Escola Gabriel Pereira e os “Cinco Brancos”, jogo do pau realizado pelo professor Augusto Lopes Morais Calado e o seu filho Domingos Lopes Morais Calado.

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Desporto, 1937 Basquetebol feminino, jogo realizado dia 20 de junho de 1937, no Estádio Dr. Santos Garcia, em homenagem ao treinador Inácio José Augusto, disputado entre o Curso Comercial e o Curso Industrial da Escola de Gabriel Pereira para a 1ª categoria do Sport Lisboa e Évora e para a Categoria de honra entre o Sport Lisboa e Benfica e a Escola Gabriel Pereira.

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Desporto, 1939 Festival Desportivo, realizado no dia 3 de novembro de 1939, com os Encontros de Basquetebol e de Voleibol entre a equipa do Colégio Bartolomeu Dias de Algés e o Juventude Sport Clube.

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Desporto, 1939 Futebol, “jogo de desempate para a Taça Oliveira Charrua”, realizado no dia 18 de junho de 1939, no campo Sanches Miranda, entre o Juventude Sport Clube e o Lusitano Ginásio Clube.

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Desporto, 1940 Festival de Automobilismo e Aviação, realizado no dia 28 de abril de 1940, no “Aeródromo Civil (à luzerna) em homenagem aos primeiros pilotos brevetados nesta cidade”, em beneficio dos Bombeiros Voluntários de Évora, com o seguinte programa: gincana de automóveis, demonstrações acrobáticas e batismo de ar.

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Desporto, 1941 Basquetebol, realizado no 1º de dezembro de 1941, pela Associação Académica do Liceu de Évora no estádio “Dr. Bartolomeu Gromicho”.

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Desporto, 1948 Futebol, realizado no dia 21 de março de 1948, no Campo Estrela em Évora, entre o Clube Operário de Futebol e o Lusitano Ginásio Clube. Destaca-se ainda o facto de que, durante este jogo e através da aparelhagem do Sr. Francisco José da Silva, foi ouvido no campo o relato do Portugal - Espanha.

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Desporto, 1950 Futebol, realizado no dia 3 de novembro de 1950, no Campo Sanches de Miranda em Évora, entre o Clube de Futebol “Os Azuis Eborenses” e o Clube de Futebol de Estremoz, para o Campeonato Regional da II Divisão.

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Desporto, 1952 Futebol, realizado no dia 8 de abril de 1952, no Campo Sanches de Miranda em Évora, entre o Futebol Clube do Porto (pela primeira vez em Évora) e o Juventude Sport Clube.

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Desporto, 1953 Futebol, realizado no dia 21 de junho de 1953, no Campo Estrela em Évora, entre o Futebol Clube do Porto e o Lusitano Ginásio Clube, para a Taça de Portugal.

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Desporto, 1959 Atletismo, realizado no dia 19 de junho de 1959, no Campo Sanches de Miranda em Évora, com atletas do Benfica, do Juventude, do Sport Lisboa e Évora, do Reguengos e da Casa Pia de Évora. Deste elenco fizeram parte, entre outros, os seguintes atletas: António Faria (campeão nacional dos 100 metros), José Araújo (maratonista olímpico) e Manuel Goulão (campeão nacional de lançamento de disco).

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Desporto, 1961 Bodas de Ouro do Lusitano de Évora, celebradas nos dias 9, 10, 11 e 23 de agosto de 1961, com a apresentação do Grupo Cénico do Lusitano, cujo patrono foi João Villaret, com apresentação da peça A-E-I-O-U da autoria de Alexandre Rosado, no Salão Ginásio “Alberto Faustino”, destacando-se a apresentação do dia 23 com a presença do “Júri do Concurso da Arte Dramática das Sociedades de Recreio e Cultura, promovido pelo Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Cultura”. Para além do desporto, as associações desportivas desenvolviam, por vezes, atividades culturais, como era o caso do teatro.

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Desporto, 1963 Grande Prova de Pesca Desportiva de Rio “Inter-Clubes”, realizada no dia 14 de julho de 1963, na Albufeira de Vale de Moura em Évora, organizada pelo Clube Eborense dos Amadores de Pesca Desportiva.

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Desporto, 1971 Tarde Desportiva, realizada no dia 1 de dezembro de 1971, integrada nas Festas de Finalistas do Liceu Nacional de Évora, composta pelos jogos de basquetebol, futebol e andebol.

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Desporto, 1977 Futebol, realizado no dia 11 de agosto de 1977, no Campo Estrela em Évora, entre o Sport Lisboa e Benfica e o Lusitano Ginásio Clube, para inauguração da época com apresentação das equipas para a temporada 1977-78.

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Desporto, 1977 Gincana de Motorizadas, realizada no dia 26 de março de 1977 e integrada nas Festas de Finalistas da Escola Industrial e Comercial de Évora.

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Desporto, 1980 Grande Gala de Boxe, realizada no dia 22 de novembro de 1980, integrada nas Comemorações de 69º Aniversário do Lusitano Ginásio Clube, com a colaboração da Academia Elvense de boxe, composta por 5 combates, com a participação de Alberto Silva (campeão Nacional de Ligeiros) e fiscalizada pela Direção Técnica da Associação de Boxe do Distrito de Portalegre.

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Desporto, 1981 43ª Volta a Portugal em Bicicleta, com início no Rossio de São Brás em Évora a 19 de julho de 1981, com 15 equipas (5 estrangeiras) e cerca de 100 ciclistas. Para comemorar esta festa do ciclismo foi realizado um espetáculo de variedades na Praça de Touros de Évora, com os cantores Paco Bandeira e Tonicha, Trio de Acordeonistas da Escola de Música Vitorino Matono, José Augusto Barrisco e os jovens artistas Tó Barbosa, Chana e Lena.

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Outras atividades organizadas por Clubes Desportivos, 1940-1957 Clube Desportivo e Recreativo dos Empregados de Arquimínio Caeiro, realizou no dia 18 de fevereiro de 1940, no Salão do Ginásio da Casa Pia de Évora, uma “Matiné Dançante”, em honra da equipa de Ping-Pong do Sporting Clube de Portugal. Em 8 de fevereiro de 1941 organizou, no Salão de Festas do Clube, “O Baile da Alegria” abrilhantado pela Orquestra Luz e Vida. Lusitano Ginásio Clube, organizou no dia 4 de junho de 1949 a “Noite do Adeus”, baile de fim de época. Sport Lisboa e Évora, realizou nos dias 8 e 10 de fevereiro no Salão do Clube “O Baile da Carnaval” abrilhantado pelo Slow Jazz. Juventude Sport Clube, realizou no dia 25 de agosto de 1957 no salão de festas “O Baile Matinée”.

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Outras atividades organizadas por Clubes Desportivos, 1943-1977 Clube de Futebol Os Azuis, realizou no dia 15 de agosto de 1943 no salão de festas do clube “O Baile” abrilhantado pela Orquestra Triunfante Jazz Eborense. Juventude Sport Clube, realizou no dia 10 de março de 1949 um espetáculo de Carnaval do Grupo Cénico do Juventude Sport Clube, com apresentação das comédias “Receita Infantil” e “O Domador de Feras”, com a presença da Orquestra “Alma Lusa”. Lusitano Ginásio Clube, organizou no dia 30 de abril 1964 a “Noite do Adeus”, baile de fim de época. Grupo Desportivo “Diana”, organizou no dia 10 de dezembro 1977 um programa de “Fados”.

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EPORTAGEM DO DIÁRIO DO SUL


A inauguração da exposição “Memórias das atividades culturais e desportivas em Évora, 1840-1980” foi objeto de uma reportagem do jornal “Diário do Sul”.

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ICHA TÉCNICA


Ficha Técnica Direção Jorge Janeiro

Coordenação Francisca Mendes Realização da Exposição Cândida Vieira Estêvão Neves Francisca Mendes Montagem Cândida Vieira Estêvão Neves Francisca Mendes

Textos Armando Quintas Cândida Vieira Francisca Mendes Francisco Bilou Jorge Janeiro Maria Zozaya Rui Arimateia

Legendas Francisca Mendes Design gráfico Francisca Mendes Revisão Jorge Janeiro

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