O EQUADOR DAS COISAS #2

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o e uador das co isas jornal de literatura e art e

Chapada Diamantina, Bahia, Brasil | maio-junho de 2012 | número 2 | ano 1

a fotógrafa MIKI

aqui-acolá,

TURNER, beleza e

TATIANA CARLOTTI

sensibilidade que

se inaugura cá-

transbordam ‘far

f(r)icção contando

beyond the frames’

pra gente da d. Isa

a ficcionista LISA ALVES em tiquetaque, tique-zás... tiques... trabalho!

calças surradas, cenas pois-dentro, SARA RAUCH é a convidada de CAROL PIVA GERMANO XAVIER, em equadores sempre-cá

também IARA FERNANDES, em traçados nossos ●

CLÁUDIA LEMOS, literaturas pra gente

em

‘versing far’, KARIME LIMON apresenta o poeta MIKE MERAZ e seus versos que em muitos tudos ●

amores casuais, desesperos estimulantes, eis

ANA LÚCIA SORRENTINO

com poemas mudos

(in)esperando imaginaturas, vem aqui RICARDO ROTHER

polifonias continuadas de UIANATAN

ALECRIM, com meninas duas

e a gente, ah... a

gente sempre, em nós todos, travessuras-arte! ●


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editorial Carolina B. Piva

Trabalho que põe a gente (em) vida. Mas que também tira o gosto. E desatina resíduos... Dia-após. Machucando? Gentes em cafés com pães – tortas cenas, despautérios de tão crua imagem-ordem (mundial? – só se pra chorar em canto invisível de boca!). Suadas e rasgadas noites, e sofrendo as gentes, e maculando desgraças, não? Peso nosso, martelado, mas dizem tanto pra nós todos que tem que ser assim, em tique-taque, tique-taque... tiques... E então sonhos e pés calçados – do que mesmo? – e, enfim, lágrimas. Silenciadas, quase sempre elas... Amortecem-se os braços. Embrutecidos olhos. Mas também lampejos, que dariam conta até de cismar desgosto – por que não? Pois que a gente cisma, sim. Tem hora que a gente tem vontade de encafifar um desvario qualquer e mandar às favas aquilo tudo que nos põe por um triz – cansados, acumulados, atarantados... Quiproquó dos grandes! O trabalho em nós, pois ele vem pra lá e pra cá se insinuando até gente às vezes. Deve ser porque precisamos – trabalhar! Mas também vez ou outra a gente para e pensa: "ora... ele está mesmo é gotimetrando a gente em lances" – the dice are loaded! De sorte que com a gente não precisava ser assim – precisa? Em amordaçando a gente... em privaexploração das gentes... Acostumamos? Anfetaminas que dormem. Então vê aí um calmante que desdiz a nossa não rotina, por favor? Decerto que as veias abertas de um país como o nosso, e de um mundo como o nosso – ó de novo, e sempre, aquela faustosa corporate motion, hein? Pois eu dizia é que vai parecendo assim: um repimpar de cenas em que se abrem feridas de meninos com seus farrapos-rua; de casinhas papel-pardo; de pessoas frenéticas atendendo aos pedidos de um sistema frenético por fazer dinheiro, e tão-só pra poucos; mundo, enfim, de destinos que ainda sem. Não era pra ser assim – é? Porque se a gente trabalha, e como!, por que mesmo que a gente quase sempre residua? Que o trabalho da gente não é pra gente, em vez de passear pelos bolsos que nem são lá os nossos? Fecham-se muitas vezes janelas que dão pro oceano. Exaspera-se? Não, porque lencinhos são ofertados em viadutos e avenidas pra que a gente não chore leite derramado – não é assim? Tristemente... Trabalho da gente, que então pode e deve ser pra gente, e pros da gente, e pra mostrar que a gente sente, que a gente desnorteia, que a gente sonha e briga e luta, e que enfim a gente é um delicioso nóstodos, pra nós todos. Devia ser assim, né? Pois então... Em seu 2º número, O Equador das Coisas traz aos leitores um ExtraExtra! – Trabalho. Que não é pra gente ir desgostando de trabalhar. Nem pra maldizer, pelas vias da crítica sem olhar sereno, o que de mais incrível faz a gente ter prazer de laborar as coisas. Falar sobre o tema, poetizá-lo, ficcioná-lo – que seja rangendo os dentes, por que não também? O jeitoso aqui é que, como eu ia dizendo, estamos trazendo um olhar polifônico sobre o tema, e tudo isso vem em faísca boa, com a intenção de fazer brotarem flores de reflexão onde muito se pode – e deve – pensar sobre. Que seja. Conversar sobre. Abrir as janelas da alma nossa pra um encontro com o então tema...

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o e uador das co isas jornal de literatura e art e

www.oequadordascoisas.blogspot.com

Fundado em março de 2012 Impressão Tecgraf | Seabra-BA Tiragem 1.000 exemplares

Daí que apresentamos, muito honrados, o lindo trabalho da fotógrafa estadunidense Miki Turner, que aceitou convite nosso pra se fazer aqui, em equadores-imagens. Dela também recebemos um pequeno ensaio, palavras generosas em gesto sensível, e então ficamos sabendo de um como, alguns porquês, estórias de um dela fazer em fotos... A talentosíssima Lisa Alves contando que nem se eu pudesse daria conta de dizer que – de tão lindo dito dela, sobre o trabalho que consome a gente. Tatiana Carlotti vem de São Paulo, frenética metrópole de deliciuras muitas, falando da dona Isa e presenteando nosso jornal com sensibilidade-além! Germano Xavier, nosso editor-gigantepoeta, vem sempre com a gente: dá gosto, equador, sentir você em infinitas coisas, em visões enormes da gente e podendo a gente... Cláudia Lemos põe giro bom ao apresentar bela estória em literários círculos, lembrando, refazendo, sonhando, encontrando f(r)icções. Iara Fernandes nos oferta um conto – e desses que de tão encantáveis: em fluxos-traçados que nos lembram de desfazer, revirar ponta-cabeça, desencaixotar – a arte! Ricardo Rother aqui em duplicando-se "Poema mudo" e "Ao enfarte pós-traumático", e não há enfim como esquecer que a gente em correndo mundos e talvez com nadas. Também cá a última parte do conto "As meninas do bairro", de Uianatan Alecrim. A escritora Ana Lúcia Sorrentino, arte imensa a dela, nos traz estória que em contemporaneidades nossas, linguagem lindamente elaborada, qual então muito a desvelar aflições e silenciamentos e querências da gente. A nossa querida poeta-editora Karime Limon traz pela primeira vez aos leitores do Brasil os poemas de Mike Meraz, artista dos Estados Unidos, lá mas cá, dando-nos honra-além da publicação inédita com também tradução em língua nossa – brasileira. E coluna minha, brincando sempre de fazer um quê (com a linguagem, é claro!), vem toda ela de portas-abertas pra escritora e editora estadunidense Sara Rauch; que é quem nos dá honra também mais-que-além de escrita criativa dela, singularmente deliciosa, e em dupla língua – um isso enorme os textos, que fazem a gente pensar : "mas pode?" Sempre, por favor! Pois ora... Trabalho que põe vida, trabalho que traz luz pra gente... A literatura, a arte, a paixão pelas delícias artísticas são, enfim, o que de mais a gente gostaria em nós, não? Desejo nosso é, senão mesmo, um só. Mas em múltiplos! Que a espada esteja afiada contra os que fazem da gente os tais frangalhos-gente. E que, por certíssimo, a gente leia e escreva e faça imaginaturas e sofra e ame e rasgue e perca o tino, mas ganhe. Que a vida nossa faça valer a pena o gosto por nós mesmos, pelos outros nossos, pela arte sempre, ad infinitum! Boa leitura a todos! Tim-tim!

idealização e coordenação editorial Germano Xavier (DRT BA 3647) projeto gráfico e diagramação Carolina B. Piva editores Germano Xavier (Bahia, Brasil) Carolina B. Piva (Minas Gerais, Brasil) Karime Limon (Califórnia, Estados Unidos) publicidade Marcelo Cruz

textos críticas sugestões germanoxavier@hotmail.com O Jornal de Literatura e Arte | O Equador das Coisas não se responsabiliza pelo conteúdo dos textos enviados pelos colaboradores e publicados nestas páginas.


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(tradução de Carolina B. Piva)

Introduction, or Why I Write In writing, as in life, I gravitate toward simplicity. Perhaps this is my poetic training or perhaps this is an inborn thing—what attracted me to poetry in the first place. I want words like calm, uncluttered spaces, words that open up new vistas, words that breathe fresh air. Words flow through me, like blood or river water. The flow never stops—sometimes it slows to a trickle, others it runs like rapids or crashes like waves. I let it, I surrender. It's fierce, this devotion. What drives me is not huge philosophical ideas, nor heaven-sent inspiration. Instead it is the everyday, mundane objects. Objects covered in dirt—zucchini, pansies, potatoes, muddy hands, the scent of tilled earth—or objects discarded. Old notes found on sidewalks—to whom and what was written can be so carelessly lifted on the wind and carried away. Words that are tangible are also so easily disposed of. And so words are also reinvention, like the phoenix rising from ash or the hyacinths blooming bell-like from the soil each spring. And so I write, slipping into this other world that is also our world, where words are both more and less, where stories are both fiction and nonfiction. Delving beneath the surface, down through the cold quiet, to weave together a pattern of words in hopes it will stand up and sing, simply, of what I know.

Introduzindo... ou por que escrevo... Escrevendo, tanto quanto vivendo, eu gravito em torno da simplicidade. Minha escrita talvez seja qual — um exercício poético; ou ela propriamente aqui, inteira em mim, pulsando, me aproximando sempre da poesia, me fazendo nela, para ela. Quero das palavras muito mais que seus contornos, que suas vestimentas; e então nos encontramos, em lugar sereno, e elas enfim abrem horizontes, e respiram, e me correm as veias, como sangue. São como rios a me percorrer de uma margem a outra sem nunca interromper seu curso — ora mavioso, gota a gota; ora apressado, com suas ondas impetuosas, em turbulência. O que me motiva não são grandes ideias filosóficas nem a chamada inspiração, mas o cotidiano, os objetos descartados, as coisas mundanas, cobertas de sujeira — amoresperfeitos ou batatas com cheiro de terra lavrada; mãos turvas, cheias de lama... Eis as notas contornadas pelo tempo, antigas, encontradas assim, nas calçadas, repletas de personagens invisíveis para quem foram escritas, movimentadas pelo vento, levadas embora... Palavras que podem, enfim, ser tocadas, ou que estejam ali para serem jogadas fora. E então palavras que me convidam à sua reinvenção, tanto quanto Fênix renascendo das cinzas, ou jacintos brotando como sinos do solo durante a primavera. Pois assim eu escrevo, escorregando para dentro deste outro mundo, que é também o nosso, de todos os dias. É ali que as palavras são tanto menos quanto mais; e as histórias, tanto ficção quanto realidade(s). Explorando a superfície e indo além, passando pela fria camada de terra onde também há o calor das coisas, e sempre na toada de ir tecendo as palavras, e com as palavras, eu escrevo na esperança de que elas se levantem, e cantem, e me façam cantar o que eu sei.

O ISQUEIRO ROSA NO BOLSO DAQUELAS CALÇAS SURRADAS Os colarinhos pretos de Will, manchados de tinta, o seu tamanho duas vezes o meu — rodopiei a noite toda com isso. Seu quarto não tinha janela. Só um espelho, onde parede e teto se encontravam. Feixe de luz, olhos se abrindo — já acordado, ele murmurava, "Que bom que me deixou dormir". E eu... precisava trocar de roupa, tirar aquela saia — claro que eu dizia isso aborrecida, empoeirada, louca por um café. Ele então se prontificou, sorrindo. Não é fácil esquecer aquele sorriso, tão secreto! Sem dizer palavra, ele me entregou as calças; vesti sem demora, virada de costas para ele. Ontem à noite andamos pelas ruas do Brooklyn, argumentando qualquer coisa. Eu, descalça. Nós dois bebendo o uísque daquela garrafinha de vidro. Ali, nós não cabíamos num táxi; e para ele, ali, nada mais cabia senão uma caminhada. "Nossa, Will, você está tão... evasivo". Eu mal despejava e ele sorria. Aquele sorriso longo e lento. Parecendo sair de si. Mas ele então voltava, (im)punha-se foco. Estou o dia todo com as calças. Desjejum no quintal. Entre roscas e tijolos, café forte e amargo, e o sol transbordando no céu de vidro. "Precisa ir embora", não era uma pergunta dele — nós tínhamos ainda muita coisa a fazer, planos e papéis e ainda imagens embaçadas, sobre o futuro. "Gosto de você nas minhas calças", foi o que ele disse quando eu já estava saindo. Como eu poderia? Ele estava debaixo d'água. A semana inteira, o mês, o ano. Tudo parecia submerso naquela cidade pegajosa, grudenta, indo e vindo, afundando. E eu — inundada. O enfoque era sutil. Sombras e bolhas. Aquela tarde no metrô, as calças dele em mim, me envolvendo. A calçada onde eu flutuava. No bolso, aquele isqueiro rosa, bem no fundo. Corremos. Ele, norte; eu, sul. Um beijo em cada bochecha, e tchau. Eu ainda estava com as calças, enrolada nelas. A saia da noite passada, dobrada, na minha bolsa. A plataforma, as linhas paralelas, um cenário. Luz fosca, azul. Fim de semana, os trens lentos como algas. Em casa, o mesmo quadrado branco pairando sobre a cidade — piedoso, vazio. Janela entreaberta, ruídos do bairro entrando, palavras e papel colados na parede, cada linha com sua fratura visível. Sobre a mesa coberta parcamente, as calças dele, ali comigo, dando contornos para esta estória. Ele tinha estampado um quarto do Brooklyn naquelas calças. Foi o que se tornou parte de mim.

B R I N C A N D O

palavra exercitando sentidos

LITTLE PINK LIGHTER IN THE POCKET OF AN OLD PAIR OF PANTS | por sara rauch

D E F A Z E R U M Q U Ê

Will's black Dickies, paint stained, the waist two sizes too big for me, I rolled them. His bedroom did not have a window. A mirror hung where the wall met the ceiling. Cast off light. "Opens it up," he murmured, awake, "I'm glad you let me sleep." "I need a change of clothes, need to get out of this skirt," I said, grumpy and dusty and hungry for coffee. He grinned and sat up. It's hard to forget that grin, how secret. Handed me the pants without a word, I slipped them on right there, his back turned. Last night, we walked the streets of Brooklyn, arguing, I barefoot, both drinking whisky from the small glass bottle. We couldn't fit in a taxi. He needed a walk. I snapped, "Will, you're so. Elusive." I fairly spit the word out and he smiled, that long slow smile of his, and his eyes came back into focus. I am all day in those pants. Having breakfast in the backyard. Bagels and bricks, deep black coffee and sun spilling over the glass skyline. "Must you leave." It wasn't a question he asked, though we had things to do—plans and papers and for now a blurry focus on the future. "I like you in my pants," he said when I stood to go. How could I? He was underwater. That whole week, month, year. All of it, sub-merged in the sticky city, flowing—it was sink or swim. I submerged. The focus was soft. Blur and bubbles. On the subway, that afternoon, his pants on me still, cuffed up. The sidewalk, where I took flight. Slipped the skinny pink lighter deep into the pocket. We rushed into the subway, he north, me south, a kiss on each cheek, goodbye. On the platform I wore his pants rolled and cuffed. Last night's skirt folded in my bag. Flat platform, parallel lines, a frame. Bluetinged light. Weekend service, the trains slow as algae. At home, this small square above the city—merciful blank and empty. Window ajar, borough sounds filtering up, words and paper taped to the wall, each line a fracture fully visible. Hunched over the little woven table, his pants on me, writing out this story. He had painted a Brooklyn room in those pants and that became a part of me.


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dona isa

F(R)ICÇÕES

sombreando ditos

por Tatiana Carlotti

Dez para as oito. Semana passada, oito e quinze e o dr. Mário na porta. Cara emburrada. Bom dia, d. Isa. Nem adiantou falar do trânsito. Acendeu o charuto e foi logo insinuando. Sair mais cedo? A creche só abre às seis. Lancheira na mão, Paulinho caindo de sono, o corpo quentinho da cama, cheiro de leite na pele, tão leve. Copeira. Com seu João era tudo diferente. Precisava e entrava mais tarde. Seu João comia na cozinha, não tinha essa frescura de avental e toquinha. O cabelo tão bonito para ficar escondido. Agora é faxina mesmo. Balde – sabão – rodo – esponjinha. Odeia esponjinha. Ficar de quatro no banheiro e, quando chamam, subir escada para servir o café. Gente porca. Disseram que cheirava mal. Onde já se viu? Toma banho quando chega e quando sai. O trabalho que é muito e cheio de escadas. Varizes na perna? Depois do menino, varizes e estrias. Aprendeu na televisão, tem veia que não aguenta, explode. Edimar chamou de frescura, disse que ia fazer massagem – fez nada. Oito horas. O ônibus da frente quebrado e os passageiros pela porta de trás. Cambada. Assim fica difícil descer. Fosse prefeita, velho só das onze às quatro. Pecado. Edimar ainda tem mãe, moram no quintal há dez anos. Não quer morrer lá não, mas é melhor do que viver com parente. Edimar é que vivia falando do quarto-cozinha no fim do corredor. Demorou, mas aceitou. Agora sabe, Edimar é bom para tomar cerveja e mexer com a fiação, mas não tem paciência com o menino. Outro dia até gritou, jogo do Santos e o Paulinho correndo. Felicidade tão bonita essa de criança que corre. A mulher sentada no banco faz cara feia. Tem culpa de ter peito grande? Fecha a cara, espreme – espreme. Procura apoio do outro lado do corredor. Um bebê chora. Pecado bebê no ônibus, amassa a cabecinha e pronto – uma vida de atraso. Atraso. Dr. Mário e a reunião. Vê se chega cedo, dona Isa, é coisa importante. Dois jogos de xícaras e o medo de quebrar. A distância da copa até a mesa, sempre pela esquerda e depois pela direita. E se alguém quiser chá, porque sempre tem quem queira ou café sem cafeína ou cream cheese ou mel? Oito e quinze. Disseram que a reunião é para descobrir um jeito de pobre ganhar mais e rico ganhar menos. Não pode atrasar. Oito horas diárias, setecentos mensais e o próximo ponto depois da curva. Ela pede licença, arrasta, empurra. Então, um Fiesta cruza e o ônibus freia. Dona Isa quase alcança o ferro. Quase. O corpo pesado sobre os joelhos, as mãos, o chão, sapatos e pernas alheios. Por sorte, levanta a tempo do sinal. A porta abre. Salve Virgem Maria! E nem percebe o joelho que manca, a cabeça dolorida, as moedas que caem da sua bolsa aberta. Dona Isa atravessa, pensando na fumaça do charuto que já queima à sua espera.

ou o pulador do círculo de fogo Ele olha ao redor e vê apenas a grade que impede a visibilidade do mundo exterior. Ele sente fome e tem a consciência de que só irá suprir essa necessidade depois que realizar sua função com sucesso. Ele não sabe o que é, quem é e não se reconhece. Considera, porém, familiar aquele que

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vida de cão

por Lisa Alves

abre a porta e concede a oportunidade de uma volta no mundo externo (o mundo que exige sua atuação e em troca supre suas necessidades básicas). Aplausos, gritos e fogo. Eles aprovaram a sua forma de entretenimento, eles gostam de vê-lo pulando as labaredas, atravessando o círculo, e gostam de ser surpreendidos pela forma metódica e treinada. Mal sabem que ele é coordenado pelos minutos do relógio, pelo jejum diário e pelo chicote de seu comandante. – Esplêndido! – grita o comandante. – Agora cate sua prenda! E lembre-se: continue assim e ganhará mais! O trabalho é o único meio de abiscoitar sua ração. E assim ele permanece ali, todos os dias, exercendo sua função em troca de sobrevivência. Ele continua não sabendo quem e o que é, ele continua sem se reconhecer. Ele olha para o seu mundo (aquele coberto de grades) e vai em sua direção. Pelo menos ali não tem que fingir nada, apenas descansar para a próxima labuta. Aquele que sempre abre a porta também é quem fecha neste momento e o leva junto com as grades para um lugar mais seguro (um lugar de treino, educação e muita disciplina). Racionam suas necessidades para ele ter um motivo que sirva de argumento para a sua disciplina diária. Alguém puxa uma jaula e alguma coisa está lá dentro sem saber se é igual ou diferente daquele que exerce a função de puxador de jaulas. Os dois se olham, os dois se estranham, um espelho aparece no trajeto que fazem. Eles miram o espelho, contemplam seus reflexos. O puxador de jaulas se reconhece: homem, idoso, necessitado daquele trabalho para sua sobrevivência. O ser de dentro da jaula também se reconhece e, logo após, late para si mesmo e para aquele que puxa sua jaula.


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por uma teoria do encontro

por Cláudia Lemos

Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de nos decepcionarmos é grande. As pessoas não estão neste mundo, para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as delas.

Durante a páscoa fiz uma ceia literária e, convidados à parte, o momento foi saboroso, até porque o texto nascido, deste evento, teve por prato principal: o encontro. O primeiro a se apresentar foi Scott Fitzgerald, que trouxe Sara e Killian, moradores do conto "Estranhos embora íntimos"; desenvolvendo o tema do prato principal, eles deram um show sobre o quanto nos tornamos estranhamente íntimos numa relação, mesmo à distância, e o tanto que devemos aceitar que parte nossa e do outro permanecerão sempre estranhas, ainda que para, supostamente, sempre juntas. A aproximação inusitada de Sara e Killian revela o encontro de cada um com a liberdade, a explosão do desejo e, até, a simulação de um não encontro, antes do reencontro verdadeiro, revelador e nada conclusivo.

Temos que nos bastar... nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos, porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar desse alguém. As pessoas não se precisam, elas se completam... não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida. Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com a outra pessoa, você precisa em primeiro lugar: não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher de sua vida.

Citado numa conversa intertextual, quem chegou, com a preocupação existencialista franzida na testa, foi Fiodor Dostoiévski, desconfiado e entendendo haver, neste episódio, alguma conspiração; fez sinal a Nastenka e a seus amigos de Noites brancas, a fim de que todos adentrassem o contexto. A persona femina entre os homens em questão, nos ouvindo falar sobre encontro, estranhamento e intimidade, tomou a eloquência que aprendeu em noites de espera e lançou-se ao assunto, com propriedade:

Você aprende a gostar de você, a cuidar de você, e principalmente a gostar de quem gosta de você. O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você. No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!

– Eis que a espera do encontro foi a minha sentença. Assemelhei-me a Penélope, tecendo noites brancas, aguardando Ulisses, o prometido, por si mesmo e mim mesma, a sermos dois em um. Ah! Não fosse meu apaixonado amigo, eu enlouqueceria. Mas só houve o encontro quando me libertei da possibilidade de encontrá-lo. E fiz feliz aquele que, junto a mim, só aguardava um encontro de nossos olhares, que derrubasse aquela ponte, onde, toda noite, eu aguardava o homem da minha vida, com quem o homem que esperava o meu olhar soube me ver partir.

A ceia finalizou-se com este brinde. Uma celebração ao encontro do jardim pessoal, onde percebemos, a cada estação, a paisagem mutante da vida e a possibilidade infinita de sermos os jardineiros dos nossos próprios encontros... E viva a literatura, que nos permite reencontros infinitos com os textos que somos.

A audição de vivências poéticas tão plenas, a respeito do encontro, me fez lembrar de um texto de Mário Quintana, as "Borboletas":

Outono de 2012, domingo de páscoa, 20h40.

t- r a- ç a- d o -

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por Iara

Fernan

des

Às vezes... às vezes a linha me agarra assim. Eu passo pelo branco do papel e ela me provoca, me chama. É moça tinhosa, mulher de inescrutáveis labirintos. Um ponto, uma penca deles, e um traço vem onipotente, exigindo que eu dê forma, arranje sentido, escalavre o papel até o branco sair, humilde e desprezado. Linha e traço, nem dupla são. Me tangem como se eu uma rês fosse. Me conduzem qual charrete em densa floresta escura. Linha e traço fundindo-se. Qual é a rota? Forma-se um corpo? Uma asa? Um cabelo ao vento? Um olhar enigmático... Não, corpo de mulher não vem! Corpo de mulher é o abismo. A linha quer minha mente, o traço me exige vigor. As formas, agora, nada me dizem. Diacho!!! Elas tinham que dizer! À noite é um tédio, às vezes. Só rabiscos, humildes e miúdos. Quero puxá-los, mas resistem e vêm tímidos. Pela manhã poderia ser, mas abro só metade da pálpebra e parece que seguirei com isso até o fim da tarde. Queria entender! Sentido tem o traçado? Tem todo. Sentido tem minha mão ser dona do movimento que desenforma e arquiteta boca, telhados e calcinhas? Tem, claro, todo! Sentido tem o colorido que arremesso ao fim de tudo? Tem demais. Cai justinho nos contornos. Chego cansado. Faço, desfaço, crio, entedio, arrasto, encaixo. As linhas não me salvam, mas me pedem companhia e gosto de assim estar. Cavalos, gigantes, caubóis, heróis, garotas, monstros e uma cidade fantasma. O tango pede um desenho no olhar. Eu só quero manter o traço aqui, para sempre, comendo na palminha da minha mão, manso e obediente. Fazendo-se majestoso ao meu comando. Enrodilhado, esticado, sanfonado, misturado, espalhado, curvado, fino, grosso, vistoso, atraente, reto anguloso, sedoso, presente. As pernas da moça do tango são retilíneas na dose certa, preenchidas nas partes adequadas. Eu só pretendo linhas como as pernas da moça do tango que obedecem ao vermelho do salto alto, contraem-se na rigidez da beleza, envolvem-se com o calor da dança. Um riscado absoluto, uma imagem perfeita do que meus olhos sentem e veem.

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Pode ser o caos, o começo, um milagre, - - -- - - uma coisinha safada e boba. ser o traço, pode ser a linha, uma tira, uma obra... um desenho - - - - toda arte.

Pode

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6 AS MENINAS DO BAIRRO (PARTE II) por Uianatam Alecrim

... Eram divididas as opiniões sobre as duas vidas unas, as pessoas não sabiam dizer ao certo o que acontecia na vida das duas moças, levavam horas em suas calçadas presumindo sobre essas misteriosas e lindas vidas; tomavam conclusões, procuravam pistas, davam provas, argumentavam a favor/contra, mas com toda cautela: "imagine se o senhor Almeida, homem brabo do Nordeste, filho de posseiro, neto de coronel, homem que aprendeu a derrubar bicho desde pequeno e que gostava de ouvir o barulho de queda logo depois que ouvia o de tiro" (ele gostava dessa sinfonia: pá, pun!), se ele então "souber de uma simples letra destinada à vida pessoal de sua filha em que nem ele mesmo metia o bedelho?" Quem iria tomar algumas conclusões sobre a vida dessas meninas quando havia um músico de tamanha magnitude a reger sinfonias em locais inóspitos como a Serra da Batateira, ou nas proximidades do Riacho Tourão? Ninguém, podia ser a resposta, mas falavam, pois nem Deus segura a língua do povo! Passavam sempre as duas, indo e voltando do trabalho, ambas trabalhavam nos negócios da família, moravam juntas em um arejado sobrado na rua mais tranquila do bairro, onde foram construídas as melhores casas do lugar. Apesar de algumas dessas casas (poucas, é bem verdade: dentre as vinte, doze eram dele!), elas preferiram o simples sobrado que servia de depósito de inutilidades da família Albuquerque, que o senhor Almeida fez questão de reformar e pagar em dinheiro metade do que valeria o depósito em uma suposta venda... Era um ótimo lugar para se viver: era muito bem arejado tinha uma pequena piscina para o recreio (elas gostavam bastante de plantas, havia plantas pela casa inteira), grandes janelas, portas também, na cozinha havia uma grande pia de inox em que elas lavavam os seus poucos pratos (não recebiam muitas visitas, para evitar a falação do povo e para não provocar ciúmes nas amiguinhas carentes que elas não queriam nem perto de seu confortável lar); para chegar até a sala de estar havia uma pequena parede de um metro de altura como divisória, uma bonita laje de granito amarelo que enfeitava a sua superfície. A sala de estar era grande assim como o eram todos os cômodos da casa. A escada de entrada ficava do lado esquerdo de quem entra dando logo acesso à sala de estar; em seguida do lado direito, a entrada para os outros cômodos: o quarto, um pequeno escritório e o banheiro. No escritório havia muitos discos de cantores diferentes, livros de escritores de diferentes lugares (Catharine gostava mais dos romances, enquanto Ermosa, dos matemáticos), desenhos (ambas gostavam de desenhar). O escritório era um lugar destinado à concentração e ao relaxamento, sendo o espaço que elas gostavam de usufruir uma por vez, ao contrário dos outros cômodos que era sempre mais gostoso quando as duas estavam lá juntas. Elas se gostavam muito, se completavam: uma doce e meiga, a outra austera mas sensível. Elas eram tão unidas que pareciam uma só. Em seu quarto havia apenas uma cama grande, mas não era bem uma cama, era mais um colchão: elas dormiam a menos de trinta centímetros do chão. Lá havia tudo o que há em quarto de moças bem cuidadas, limpas e delicadas: sentia-se o cheiro de conforto dentro da casa, principalmente quando se passava perto das portas dos quartos. Elas adoravam morar juntas, principalmente quando chegavam em casa e a primeira coisa que podiam fazer era tirar toda a sua maquiagem mostrando seus lindos bigodes que contavam por volta de doze grossos e longos fios de um límpido negro espelhado, seis de cada lado, sobre os lindos e finos lábios superiores. Também tiravam suas luvas que davam a graça de normalidade aos seus dedos: elas usavam essas especiais luvas não pela mais normal de todas as belezas, mas para evitar a falação do povo que estranharia ao ver seus lindos e verdadeiros dedos longos e engelhados com alguns poucos grossos fiozinhos a nascerem entre as pregas e suas unhas negras, grossas e pontiagudas. Tiravam também os confortáveis vestidos e deixavam à mostra suas lindas, finas e longas caldas e também suas patas traseiras (o restante de seus corpos era normal às gordinhas de seios fartos comuns): suas patas eram mescladas com pés normais humanos. Daí punham-se a andar em quatro patas. Não, elas não eram nada daquilo que documentavam os advogados calçadeiros e conversadores em demasia de beira de botequim... Não, elas não eram nada, muito menos alguma coisa de que as pessoas falavam... Elas eram, sim, lindas ratazanas que adoravam os rapazes silenciosos que subiam e desciam as escadarias de sua casa em tranquilas e confortáveis noites, em calorosas e espontâneas madrugadas, em que seus seres se completavam davvero, e sentiam o prazer de estarem juntas e de serem as filhinhas queridas dos papais.

amor casual

por Ana Lúcia Sorrentino

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avia fantasiado aquela situação por tanto tempo, e agora ia rolar. E como sempre, as coisas rolavam quando deixava de planejar... quando desencanava. Estava tão cheia de homens enrolados, se desgastara tanto com pretensos garanhões que na hora H saltavam fora, que o que viesse era lucro. Um homem que não tivesse medo de ir com ela pra cama já seria um herói. Todas as vezes que questionara isso claramente, as respostas haviam sido sempre evasivas. Medo? Medo de quê? – eles perguntavam, se fazendo de bobos. Tinham medo, sim, isso era inegável. Medo de não saber o que fazer, medo de não agradar, medo de não gostar, medo de a própria performance deixar a desejar... O medo se sobrepujava a tudo: ao amor, ao tesão, à curiosidade... Só queria um pouco de carinho, será que isso era tão complicado? A cena de ‘Um lugar chamado Nothing Hill’, em que Julia Roberts pedia a Hugh Grant que não esquecesse que ela era apenas uma garota querendo ser amada, voltava com frequência à sua mente. Estava uma perfeita Julia Roberts: uma garota querendo amor. Agora conhecera alguém. Aparentava não ter medo de nada. Espontaneidade a toda prova. A questão da possível brochada parecia simplesmente não existir. Um primeiro contato e uma inegável química detonara um processo irreversível de ‘querotecomercomamaiorurgênciapossívelpeloamordedeus’. Um telefonema atrás do outro. Pressa. Torpedos em profusão. Ansiedade, arrepios, expectativa... Mal dera tempo de raciocinar, e já sentira tudo. Talvez assim fosse melhor... nada de pensar, só sentir. Ia viver o agora, como vinha preconizando há um bom tempo... E o tão afamado sexo casual, que até então só parecia ser vivido pelas protagonistas do ‘Sex and the City’, deixaria de ser tabu. Por que não? Era o que vinha-se perguntando há tanto tempo – a respeito disso e de muitas outras coisas. Não tinha nada a perder... Se bem que, depois dessas reticências, sempre havia um pequeno ponto de interrogação... Mas, se nunca fizesse, nunca saberia. Daria a cara a tapa, mas havia de quebrar esse encantamento. Por uma questão de urgência mesclada à falta de tempo hábil, o primeiro encontro se deu, atabalhoadamente, dentro do carro dele, o que só foi possível graças a um insulfilm absurdamente fora dos padrões seguros. Com certeza, quando fossem pra algum lugar melhor, seria mais prudente ir com seu próprio carro... Se policiou pra não começar a raciocinar demais, e não pôr tudo a perder. Depois de alguns longos segundos em que ele parecia ter sido acometido por alguma espécie de paralisia, olhando-a, com um sorriso de encantamento, ela o estimulou a beijá-la, perguntando-lhe se não era isso o que dissera, repetidas vezes, por celular, estar louco pra fazer. Ele avançou nela como um desidratado numa jarra d'água. Não só beijou. Beijou, lambeu, mordeu, chupou, apalpou... Deus do céu... foi o que ela pensou, imaginando que ele devia estar enfrentando uma seca pior do que a dela, talvez há mais tempo... coitadinho... Deixou, sem reservas, em total abnegação. Nos intervalos entre um abraço e uma futura mancha roxa, teve oportunidade de fazer algumas perguntas-chave... CONTINUA NO PRÓXIMO NÚMERO

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Karime Limon

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VERSANDO LÁ | VERSING FAR

poetas também cá | poets also nearby

as dores do asfalto e os versos que sonham flores, de Mike Meraz This writer's truths are those that dwell within our own souls. His wisdom comes through, sometimes with humor, sometimes accompanied by sadness, but mostly with hope. Mike Meraz writes and lives with simplicity, finding the depths and balance of life in the small moments. Under the shadow of these words, we find light and a timeless universal enlightenment. Mike has published five chapbooks; his first collection titled Black-Listed Poems starts with the simple yet strong statement, "loneliness based on truth is better than happiness based on a lie." And this kind of clarity shines so bright throughout Mike's writing. He paints us a picture of life the way it actually is, stripped of enhancements, but ever so enriching. His second collection is brilliantly named All Beautiful Things Travel Alone. It is an assortment of insightful pieces filled with humor and wisdom. Propaganda Press presented us with a small, yet heavy on meaning, medley of quotes, "Black-Listed Thoughts," one which I have called "a pocket-sized Universe." A wonderful publication, Take It to the Streets, dedicated an entire issue to Mike Meraz poems, which was called "Writhing & Alive." His latest book, Watching It Burn, brought forth by Dog On A Chain Press, is a strong compilation about all the happenings in a writer's life. Who better to tell us about it than Mike? I present to you dear readers, with great honor and desire to share only the best, a selection by Mike Meraz, which is only a small sample of his brilliance...

1. WISDOM EXISTS ON

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As palavras em-verdade deste poeta permanecem conosco, na alma, vivendo. A sabedoria dele irrompe, ora com humor, ora com alguma melancolia — sempre com esperança. Mike Meraz escreve e vive com simplicidade, mas margeia profundo, e então se equilibra nos pequenos momentos, convertendo-os em linguagem. É nesses feixes de luz que nós, leitores, vemos aflorar um sentido universal e uma poesia que prescinde de tempo-relógio — perene... Mike publicou cinco coletâneas. Em prólogo, já na sua primeira obra, Black-Listed Poems (Versos proibidos), um simples mas pulsante dito sugere tratar-se de escrita em que tudo reluz: "a solidão apoiada na verdade sobrepuja qualquer ventura baseada na mentira". Poeta-pintor, ele muito — quando olha para a realidade e põe nela texturas e cores despojadas de harmonias "bajuladoras". Em vez disso, um olhar artístico em busca de tudo quanto possa enriquecê-la sensivelmente. Sua segunda obra, All Beautiful Things Travel Alone (Todas as belas coisas seguem sozinhas) é uma reunião de textos [e contextos] penetrantes, recheados de humor e maturidade no trato com as palavras. Um grande periódico aqui dos Estados Unidos, Take It to the Streets, dedicou número inteiro aos poemas de Mike Meraz, reunidos sob o título "Escrita que vive". Seu último livro, Watching It Burn (Vendo-o queimar), lançado pela editora [independente] Dog On A Chain, é imenso ao se fazer metalinguístico e refletir sobre o escritor. Quem melhor poderia poetizar isso, senão Mike? Honrada e desejando compartilhar o melhor da poesia, apresento, queridos leitores, estes poemas de Mike Meraz — uma pequena amostra do seu brilho...

LAUNDROMAT GIRLS

KITCHEN COUNTERS wisdom exists on kitchen counters when your mother puts a taco into hot grease and says, "you should always tell the truth." wisdom exists underneath old cars when your father hands you a crescent wrench and says, "there is no time for pain." wisdom exists in grocery store backrooms while your co-worker pushes a pallet-jack and says, "pretty ain't nothin' but a headache." wisdom exists in old houses in South Central as your grandmother pours you a glass of grape juice and says, "always be yourself." wisdom exists in bathrooms, in laundry rooms, in garages, and in parked cars. pure untainted wisdom exists in the cracks, the corners, the secret places of the earth.

3. VENDO UM QUADRO DE JACKSON POLLOCK · um dos meus amigos · ia dizendo ·· “o quê? · isso não é lá grande coisa · eu mesmo faria” ·· foi uma das poucas vezes · em que tive vontade · de esbofetear alguém ·· gênio da arte · é alguém sensível · pra fazer algo · completamente intrincado · parecer simples · e natural ·· Jackson, · você fez · isso ·

I am sitting in a parking lot waiting for my laundry to dry. all around me are Latin women walking, talking, laughing, giggling; young girls, teenage girls, girls my own age, older women: hair, hips, eyes, lips, bodies, breasts. sometimes I think the whole Mexican culture is based on sex. one of them locks eyes with me and smiles. how is a man to stay pure in all this? I am too shy to approach any of them. it is my only saving grace.

1. A SABEDORIA NOS BALCÕES DA COZINHA · a sabedoria está nos balcões da cozinha · quando sua mãe mergulha o taco [mexicano] · no óleo pelando e diz · “você deve dizer a verdade, sempre” ·· a sabedoria está embaixo dos carros antigos · quando seu pai te entrega · a chave inglesa e diz · “não há tempo para a dor” ·· a sabedoria está nos fundos de um mercado · enquanto o seu colega de trabalho · empurra aquela plataforma motorizada e diz · “o lindo é nada além de uma dor de cabeça” ·· a sabedoria está nas casas antigas · na periferia de Los Angeles, enquanto sua avó · te serve um copo de suco de uva e diz · “seja sempre você mesmo” ·· a sabedoria está nos banheiros · nas lavanderias · nas garagens · e nos carros estacionados ·· a sabedoria pura e sem mácula · está nas frestas, nos cantos · nos desvãos · secretos da terra ·

3.

ON VIEWING A PAINTING BY JACKSON POLLOCK one of my friends said, "what's the big deal, I could do that." it was one of the few times I wanted to hit someone. the genius of art is the ability to make something entirely complicated look effortless and natural. Jackson, you did it.

2. GAROTAS A LAVANDERIA · sentado neste estacionamento, esperando · minha roupa ali, a ser torcida pela máquina · campo de visão: mulheres latinas · andando e conversando e rindo e gracejando · garotinhas, adolescentes, meninas da minha idade · também as mais velhas: cabelos, quadris, olhos, lábios, corpos · seios – eu às vezes penso que a cultura mexicana · é assim, toda sexo ·· uma delas troca olhares comigo e sorri · como um cara pode permanecer puro diante disso? · mas eu... eu sou muito tímido pra qualquer investida · é o que me salva ·


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BEYOND THE FRAMES

imagem | conexões

[1]

com a palavra, a artista

Three days ago I did a stupid thing out of sheer laziness. I flew to New York for work and decided to leave my camera equipment behind. I did it because I had just come back home from a week in the Caribbean and I was simply tired of carrying all of that equipment around. I thought I'd just go to New York, hang out with friends, eat good food and simply come back home. There were no images I needed to capture in the City. I'd already shot it plenty of times and used to live there. What more could I possibly need to capture? What a foolish moment that was. Naturally, as I was walking around New York's SoHo district, Chinatown and parts of the West Village, I stumbled upon a plethora of images that required professional equipment. But sometimes God looks out for you when you least respect it. After having to take a portrait of a remarkable looking woman with my iPad 3, I received a surprise gift—a Sony CyberShot compact camera. It was a lowend model, but it had 16 megapixels and would certainly capture much sharper images than the camera on my iPad. I shot two photos of women I'm adding to the book. One is a friend of a friend who is now someone I call friend as well. The other was of a strange woman on W 4th Street sitting in her jewelry shop with her two overweight tabby cats. She is a pistol and I just had to add her. This is a perfect example of how I frame some of my best shots. Most are just happy accidents —being in the right place at the right time with the proper equipment. I love to capture candid shots of people and have been fortunate enough to travel the world and shoot people of varying cultures. What I look for most is their resolve. You can see it in their eyes—the way they look at you. And then there are the times I stumble upon random objects. Even though they don't have eyes, they also speak to me. The rumpled newspaper, the broken vodka bottle, the seashell or the blooming flower are all beautiful and intriguing representations of life. It's a gift and a privilege to share all of these images with people who admire my work. From this point on, I'll never leave my eyes behind again.

Três dias atrás, eu fiz uma dessas bobagens de pura preguiça... Voei para Nova York a trabalho e resolvi não levar a minha câmera. Eu tinha acabado de voltar de uma semana no Caribe e... nada em especial, eu tão só previa o cansaço de ter que reunir e carregar todo o equipamento de novo, em nova viagem – foi isso. A intenção era ir para Nova York, sair com os meus amigos, comer algo bacana por lá e simplesmente retornar a Los Angeles. Também não haveria imagens que eu precisasse capturar na grande metrópole – eu tinha já feito isso inúmeras vezes quando morei lá. O que mais seria preciso? Que boba[2] [3] gem... Caminhando por SoHo, Chinatow e algumas partes da West Village, eu ia-me deparando com uma infinidade de imagens – elas, sem dúvida, mereciam que eu tivesse levado o meu equipamento profissional. Ah..., mas nessas horas nos acontecem coisas surpreendentes: tirei uma foto de uma mulher interessante, ali mesmo, com o meu iPad 3, e então recebi de presente uma dessas câmeras portáteis da Sony. É um modelo low-end,[4] mas com 16 megapixels, e certamente me permitiria capturar imagens bem mais nítidas. Tirei duas fotos de mulheres, para serem adicionadas ao meu livro: uma delas foi da amiga de uma amiga que agora também é minha amiga; a outra era uma desconhecida, sentada em sua joalheria, com seus dois gatinhos malhados, na [5] Rua West 4th. A cena... impressionante, era preciso fotografar... Aliás, este é um bom exemplo para dizer das que considero minhas melhores fotos: grande parte é feita de maneira fortuita – algo como estar no lugar certo, com o equipamento adequado. Gosto de capturar a ternura das pessoas, seus gestos comuns, e tenho a sorte de poder viajar pelo mundo visitando culturas variadas. O que mais me chama a atenção nas pessoas é a sua determinação que salta aos olhos, o modo como elas olham para você. E então há esses momentos em que eu simplesmente esbarro com cenas imprevistas, que me olham, que falam comigo... Coisas aleatórias – um jornal amassado, uma garrafa de vodca quebrada, uma concha, flores que florejam, cenas tais que nos dizem muito da beleza e da simplicidade intrigante da vida. É, para mim, um presente, um privilégio compartilhar essas imagens com aqueles que apreciam o meu trabalho. E as lentes da minha câmera são os olhos que eu tenho para capturar essas realidades... Não vou mais deixar de levá-los comigo...

[1] Miki Turner, em ensaio especial a'O Equador das Coisas 2, enviado em 10.6.2012. Trad.: Carolina B. Piva (N. dos E.). [2] South of Houston, bairro de Manhattan famoso por suas galerias de arte e cafés (N. da T.). [3] Outro bairro de Nova York que "respira arte", sobretudo poesia (N. da T.). [4] De baixo custo.

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[5] Localizada na Greenwich Village, parte baixa de Manhattan, em Nova York. Região famosa pela vida boêmia entre fins do século XIX e início do XX, palco, aliás, do movimento Beat (N. da T.).


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Aqui, a atriz e artista plástica Laurel Holloman, amiga de Miki. Ao lado, Empire. Abaixo, à esquerda, Soweto Boys. Abaixo, à direita, Girls. Na página ao lado, a fotografia Boy.

Miki Turner, imagens tecendo manhãs e ‘journeys to everything you’ll come (in)to...’ I would love to help you with your publication, Carol — e então estava posto em ata, lindamente convite-aceito, nosso sonho-rascunho de trazer aos leitores o trabalho sensível da fotógrafa MIKI TURNER... É que, de fato, as imagens dela, e o bosque que se adentra pr'além delas, transbordam cenas que pr'além de cenas, pois sabores e tex(ssi)turas, e enfim gestos que encontram mãos e olhos e sentidos inúmeros sinalizando um fora — das convenções descabidas, ritmos sincopados nossos, com que se costuma amordaçar a gente nos tais quadriculamentos vida-(em-)arte. A dança delicada a que Miki nos convida — não apenas como observadores, senão mesmo a compor com ela olhares sobre — repousa em querência muito nossa: a de percorrer também, e mãos-dadas com a artista, as ruas feitas cenários viv(id)os, os gestos de pessoas ali enredadas, ou de personagens capturadas às avessas do desconcertante mero into spotlight. Uma tão nossa condição-sapato ou atitude-náusea, isso é também pressentido quando se está diante das fotos de Mik; e o que lindamente permanece é o sabor de experimentar através de lentes mágicas, e tocar, e (re)descobrir pelos sentidos.

AO ENFARTE PÓS-TRAUMÁTICO quando eu vi aqueles três garotos presos e não apanharam porque tinham dinheiro morri mas não pela ganância ou pela diferença acho que foi porque minha alma era barata demais

Fotojornalista premiada e aclamada não só nos Estados Unidos, onde nasceu, Miki Turner transita de maneira fascinante pelos mais variados cenários: jazzy scenes, street-life motions, states of mind, faces, 'red-carpet' shots, pessoas, lugares, objetos. Signos — tão expostos quanto escondidos, sob a luz, a abrir proximidades em vez de tão somente enquadrar distâncias... Uma composição narrativa das coisas e das gentes — em diversidades... O mais recente livro da artista, Journey to the Woman I've Come to Love, vem corpo-e-alma trazendo à cena respostas múltiplas para uma singular pergunta: "em que altura da vida você se apaixonou por si mesma?" — feita a 75 mulheres, entrevistadas e fotografadas por Miki. Um livro de fotografia, sem dúvida, mas livro em que também pululam trajetórias-dentro, ficcionando humanidade(s) nossa(s) que contornam, na verdade, uma motivação artística: adentrar, para então representar, o terreno da diversidade. Donas de casa, celebridades, professoras, jornalistas, atrizes, atletas... E então texturas, anseios, cores, tamanhos, atitudes, dores, amores e sabores, de cantos-mundo múltiplos, fluxoconscientizando o diverso. Humanidades nós-todos.

Connections... O que encanta no trabalho de Miki Turner é a certeza de estarmos diante de sem-fim de miragens de nós mesmos. A artista desvela, por certo, o que de mais intrincado nos torna únicos e ao mesmo tempo múltiplos, e então se abrem janelas de possibilidades sobre as pessoas, com seus universos inúmeros, seus espelhos-coisas-ao-redor. Eis o que nos é sensivelmente ofertado ao toque — gostos e desgostos, cheiros, jornadas, asperezas de um cotidiano-lágrimas, ou a ternura retida no olhar de uma criança. As ruas de Londres, a magnitude de Paris, o lirismo que transborda Nova Iorque de frenesi e gentes flautuando, uma Joanesburgo em requintes mas carente de olhares que façam mais pelos que não têm com o quê. Rapazes repimpando estórias ou contando miudezas. Crianças com guarda-chuvas, protegendo outras de sol estalante — aqui, na África, nos tantos entrelugares do mundo... expostos e escondidos, revelando imagens, em deliciosas ou perturbadoras narrativas nossas. O que encanta nas fotos de Miki é a generosidade com que ela nos mostra a todos conectados. Sem a mácula de rótulos que nos maltrapilham, senão mesmo nas nossas terceiras margens...

os giros de r i c a r d o

r o th e r

vai banhar-se em discos de vinil e amolecer os calcanhares vai ficar em silêncio até lamber fotografias secas vai ferver todas as cartas destilar anotações voláteis vai respirar os livros vai engolir as traças vai despir-se em lençóis mofados escrever com as unhas contar os ossos do pé vinte e oito anos vai contorcer os ouvidos afogar-se nas vértebras os pulmões salivando revirando saudades quentes o tempo não para de corroer a garganta

POEMA MUDO


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10 LUTANDO COM AS PALAVRAS-IMAGENS

Miki Turner é fotógrafa estadunidense e vive hoje em Los Angeles, Califórnia. Lançou recentemente o livro Journey to the Woman I've Come to Love – belezura que a gente logo nota, notícias dele que a gente acompanha nesta edição.... Aceitando generosamente convite nosso pra aqui com a gente, n'O Equador 2, Miki nos presenteia com imagens ofertadas, de jeito lindo-inédito, ao público brasileiro e com ensaio escrito especialmente pra nós. Espaços dela merecem ser visitados, e é que estarão sempre conosco: www.mikiphotogallery.com | mikiphotola.blogspot.com. Ricardo Rother, de 1990, infância paulistana e risonha, escreve desde uns poucos anos. Cursa Psicologia, em Assis-SP, e lá é editor do jornal Rosa do Povo e da Editora do Bosque. Publica seus textos em: http://sepossovoar.blogspot.com. Tatiana Carlotti, 34 anos de existência neste contínuo espaço/tempo, sem muita pretensão de eternidade. No momento pulsa, quatro andares acima do solo, no centro de São Paulo. Escreve em: http://sobremargens.blogspot.com.br | http://oxigenioliterario.blogspot.com.br. Cláudia de Souza Lemos, amante das palavras, tem Vênus em Leão; professora, semióloga, mestre em Teoria Literária e graduada em Letras. Blogueia bem aqui-ali, pelo seu lindo-lindíssimo Controvento-desinventora.blogspot.com. Vive em Teresópolis, região serrana do Rio de Janeiro, onde nasceu em agosto de 1966. Uianatan Alecrim, de Juazeiro, Bahia. É músico e estudante de Jornalismo. Anarquista, sonha construir uma laje-estúdio musical...

fotoescrevendo aqui, eis os autores

Lisa Alves, 30 anos, é escritora de contos e poesias. Nasceu em Araxá, Minas Gerais, e mora atualmente em Brasília. Foi publicada pela CBJE (Rio de Janeiro, 2007), em Trilhas – Coletânea de blogueiros e Poema Capital (Buenos Aires, 2011) | Blogue dela, ó: http://lisaallves.blogspot.com | E-mail: lisaallves@gmail.com. Iara Fernandes mora em Uberaba (MG). Professora de português, redação e literatura, revisora e pesquisadora no Arquivo Público de Uberaba. Tem contos publicados em antologias e na revista eletrônica Cronópios. Escreve às sextas-feiras no www.alternativaculturalevirtual.blogspot.com | E-mail: fernandesiar@gmail.com. Ana Lúcia Sorrentino, 49 anos, nasceu e reside em São Paulo, capital. Redatora e revisora de textos, presta serviços para a Midiatre Propaganda. Obras publicadas: Alento (poesias), Traições (romance) e Acasos (contos). Assina a coluna 'Reencontrando sua alma', no Gazzeta | www.reencontrandosuaalma.blogspot.com | comentariosdemulher.blogspot.com | analia.com.br | Email: analugare@hotmail.com. Sara Rauch é escritora e editora-fundadora da Cactus Heart Press. Artista imensa, por bosques da escrita criativa, nos diz assim: "I believe in simplicity, fresh air, and kale. A writer, feminist, and coffee-lover; my writing has appeared in Earth's Daughters, The Black Boot, Inkwell, The Prose-Poem Project, The Q Review, and in the anthology Dear John, I Love Jane. Currently working on an MFA in fiction and my first novel." Para ter com ela, em: cactusheartpress.com | www.sararauch.com.

Germano Xavier é poeta, escritor e jornalista. "Não há um dia sequer que não rabisque uma folha de papel." Publicou, em 2006, o livro de poemas Clube de carteado, com ilustrações de Cida Mello. Suas Sombras adentro, contos, vêm no prelo já. "Conta que seu ritual de escrever é simples", e ele então escreve no blogue O Equador das Coisas. Também: germinaliteratura.com.br | entrementes.com.br | paginacultural.com.br | revistamacondo.co.cc | diversos-afins.blogspot.com. Carolina B. Piva é editora, revisora, ficcionista e professora de quais estranJeirismos-língua – inglês, e pros pétits queridos dela na Universidade da Criança. Nisso de constarem os tais títulos: Letras em graduação, História em mestrado. Literatura – a mais obsessiva… deliciura! Cinema, música e fotografia – os nada ocultos prazeresmundo. Mas é o que rediz sempre: pão ou pães – questão de opiniães! Publicou mês passado na revista estadunidense Cactus Heart e, pois-ó, ainda por cá: www.theartbrazil.blogspot.com | revistamacondo.co.cc | paginacultural.com.br. Karime Limon é poeta. Publicou, em 2011, o livro Hologram. De si mesma, sempre em tom despretensioso, diz: "Poetry, for me is a form of light, or nourishing water, a way of turning these human needs, questions, desires, into something useful, inspiring. I know my creativity and inspiration is not mine alone, it comes from the source, that 'river' of universal knowledge and feelings, and I simply collect the nourishing water and place it in a bowl of clay, for all to drink from. I simply give it a shape, a holding place." lulu.com | karimehologram.blogspot.com | FB: reflecting.hologram.

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