Revista Artsind - Dezembro 2016

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Edição Dezembro 2016

A R T IC U LA Ç Ã O SI N D I C A L

ENCONTROS REGIONAIS: Novo espaço de organização e reflexão

Articulação sai maior, mais forte e unida de 2016

“2016: um ano para não ser esquecido” Vagner Freitas

Corrente mais unida fortalece a Central Sérgio Nobre

“Golpe veio pelos nossos acertos, não pelos nossos erros” Franklin Martins

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O retrato dos Encontros feito por quem participou

Esta edição

A visão dos sindicalistas que debateram a ArtSind, a CUT e o País à luz das diferentes realidades regionais Esta edição da Revista ArtSind traz uma síntese dos Encontros Regionais realizados no segundo semestre de 2016, sob a conjuntura do golpe, de ataques aos direitos da classe trabalhadora, desconstrução dos avanços sociais, derrota da esquerda nas eleições municipais e perseguição àquele que se mantém como o presidente da República mais popular do Brasil: Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar desse cenário adverso, os Encontros Regionais mobilizaram dirigentes e militantes da ArtSind de todos os estados. João Pessoa (PB), Maceió (AL), Manaus (AM), Campo Grande (MS), Florianópolis (SC) e Serra (ES) reuniram quase mil sindicalistas em torno de análises, debates e reflexões de alto nível, com objetivo de fortalecer a Corrente, a CUT e a luta em defesa da classe trabalhadora e da democracia brasileira. Não é possível à Revista ArtSind mostrar a real dimensão adquirida pelos Encontros Regionais, mas, de forma sintética, a edição aponta que a atividade superou as expectativas da Coordenação Nacional, dos Revista ARTSIND

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dirigentes nos Estados e dos militantes. Inéditos no formato, os Encontros foram avaliados positivamente por militância, dirigentes, palestrantes, secretarias nacionais. Do presidente da Central,Vagner Freitas, ao jovem dirigente que há apenas um ano descobriu o que era essa tal ArtSind, a avaliação foi de que os Encontros criaram um novo e importante espaço de organização, debate e reflexão. Com o primeiro ciclo encerrado em 18 de novembro, no Sudeste, em Serra os Encontros se configuram também em uma espécie de presente à Corrente, que completará 30 anos de existência em fevereiro de 2017. Três décadas atrás, em 1987, surgia a ArtSind. O Brasil era um caldeirão, fervia. A inflação atingia 26% ao mês, seguidos planos econômicos fracassavam, as maiores categorias estavam em greve. Dois anos antes, acabava a ditadura militar que perseguiu, criminalizou, prendeu, torturou e assassinou sindicalistas. A Articulação Sindical foi criada a partir da união de

sindicalistas que compartilhavam a concepção de construir e fortalecer ainda mais a Central, obedecendo princípios da construção de um sindicalismo de massa, classista, democrático, autônomo e unitário. Nesses quase 30 anos, a ArtSind construiu uma trajetória que se entrelaça com a da CUT, pautada pelo objetivo prioritário de defender os trabalhadores e as trabalhadoras. Tem como um dos seus maiores patrimônios, em seu processo democrático, a construção do consenso progressivo, com votação apenas quando inevitável. Uma construção que exige esforço de reflexão e argumentação, tendo como base os princípios e a concepção que orientam a ação da ArtSind. Consenso e unidade que serão ainda mais essenciais em 2017, para que a Articulação Sindical forte e unida, construa com a CUT o planejamento da difícil luta que se apresenta para os próximos períodos. Boa leitura! Direção Nacional da Articulação Sindical Dezembro 2016

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Expediente

Roberto Parizotti

Articulação Sindical Coordenação da Executiva Nacional Coordenador Nacional Sérgio Nobre Coordenação Antônio de Lisboa Amâncio Vale, Ari Aloraldo do Nascimento, Carmen Helena Ferreira Foro, Maria Júlia Reis Nogueira, Quintino Marques Severo, Rosane Bertotti. Direção Executiva Admirson Medeiros Ferro Junior (Greg ) (Comunicação PE) Annyeli Damião Nascimento (Educação RJ) Antônio de Lisboa Amâncio Vale (Educação DF) Aparecido Donizeti da Silva (Químicos SP) Ari Aloraldo do Nascimento (Financeiro RS) Ariovaldo de Camargo (Educação SP) Carmen Helena Ferreira Foro (Rural PA) Claudio da Silva Gomes (Construção Civil SP) Edjane Rodrigues (Rural AL) Eduardo Lirio Guterra (Transporte ES) Elisangela dos Santos Araujo (Rural BA) Fabiana Uehara Proscholdt (Bancária-DF) Francisca Trajano dos Santos (Vestuário SP) José Celestino Lourenço (Tino) (Educação MG) Jose Ribamar Barroso (Educação PA) Juneia Martins Batista (Municipais SP) Juvandia Moreira Leite (Financeiro SP) Madalena Margarida da Silva (Rural PE) Mara Luzia Feltes (Comércio RS) Marcelo Renato Fiorio (Urbanitários SP) Maria Aparecida A. G. Faria (Seguridade SP) Maria das Graças Costa (Municipais CE) Maria Izabel Noronha (Bebel) (Educação SP) Maria Júlia Reis Nogueira (Seguridade MA) Paulo de Souza Bezerra (Químico-PE) Pedro Armengol de Souza (Adm. Pública PI) Quintino Marques Severo (Metalúrgico RS) Rogério Batista Pantoja (Urbanitários AP) Roni Anderson Barbosa (Químicos PR) Rosane Bertotti (Rural SC) Sérgio Nobre (Metalúrgico SP) Sueli Veiga de Melo (Educação MS) Vagner Freitas de Moraes (Financeiro SP) Valeir Ertle (Comércio SC) Verginia Dirami Berriel (Comunicação RJ) Vitor Luiz Silva Carvalho (Petroleiro RJ) João Felício (Presidente da CSI)

Expediente Revista ARTSIND Edição Dezembro 2016 Esta é uma publicação da Coordenação da Executiva Nacional da ArtSind Coordenação Sérgio Nobre Produção, textos e edição geral* Vanilda Oliveira (jornalista responsável/MTB 17.117) Assessoria política e colaboração nos textos Alex Sgreccia, Carlos Balduino, Walter de Souza *Roberto Parizotti colaborou na edição de fotos Secretária Andreia Oliveira Projeto Gráfico e Diagramação MGiora Comunicação Impressão Bangraf Tiragem 5.000 exemplares

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Índice

Índice

Roberto Parizotti

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Atividade da ArtSind ganha importância em todo o país

8e9 Comunicação como instrumento da luta

10 e 11 Nas cinco regiões, consenso pela unidade

12 a 17 Direção Nacional da Central marcou presença

18 e 19 O golpe e o projeto das forças golpistas

20 a 31 A grandeza dos Encontros Regionais para a ArtSind

32 a 35 Fortalecida, ArtSind prepara Plenária Nacional

36 a 41 Franklin Martins defende programa que desconstrua o golpe

42 e 43 Como um dirigente petroleiro descobriu a ArtSind

44 a 47 Vagner Freitas defende resistência e luta

48 a 50 Olhares Revista ARTSIND

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Fernando Campos/Sindicato dos Metalúrgicos do ES

Editorial

Sérgio Nobre, coordenador nacional da ArtSind: encontros superaram todas as expectativas

Encontros Regionais constroem unidade e fortalecem a CUT Sob a conjuntura do golpe, a atividade da ArtSind nas cinco regiões do País ganhou ainda mais importância Sérgio Nobre* Organizada pela Coordenação Nacional da Articulação Sindical, a atividade já passou, e deixou sua marca, em todas as cinco regiões do País, onde análises de conjuntura nacional, regional e local, somadas a debates, contribuíram para deixar a Corrente, a Central e a luta em defesa dos direitos da classe trabalhadora e da democracia ainda mais forte. 6

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Iniciados em junho de 2016, os Encontros Regionais ocorrem pela primeira vez e reuniram 820 dirigentes dos estados do Ceará, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte (Nordeste 1), Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí e Sergipe (Nordeste 2), Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Sul); Acre,Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima (Norte); Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Tocantins (Centro-

Oeste) e Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo (Sudeste). João Pessoa teve 120 participantes; Maceió, 200; Florianópolis, 110; Manaus, 120; Campo Grande, 120, e Serra, 150. Os encontros superaram as nossas melhores expectativas. Os dirigentes e militantes perceberam que a construção da unidade era prioritária, em especial num momento em que o Brasil enfrenta um golpe contra a sua democracia, que Dezembro 2016

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Fernando Campos/Sindicato dos Metalúrgicos do ES

atinge principalmente a classe trabalhadora com ataque e perda de direitos fundamentais. Apesar da existência de conflitos internos e da necessidade de resolvê-los, a posição foi tratá-los em fóruns específicos, mediados pela Coordenação e Executiva Nacional da ArtSind. A conjuntura do golpe, que adiou o início dos encontros, programado para abril, acabou contribuindo para mobilizar um número expressivo de participantes, recebidos com hospitalidade pelos representantes dos estados que sediaram os eventos, onde a cultura local e regional tornou-se elemento motivador para a luta. Tivemos entre os expositores o professor Roberto Amaral (ex-presidente do PSB), Paulão (deputado Estadual do PT-AL, presidente do PT no Estado e ex-presidente da CUT Alagoas), José Carlos Nunes (deputado estadual PT-ES), professor Luiz

Damon (UFSCAR), Clemente Ganz Lucio (diretor técnico do Dieese Nacional), Adriana Marcolino (Dieese-CUT Nacional), Andreia Ferreira (Dieese-CUT MS), Avelino Ganzer (fundador da CUT e 1º vice-presidente da Central), José Lopez Feijóo (vice-presidente da CUT), João Felício (presidente da CSI), Franklin Martins (ministro da Secretaria de Comunicação Social no governo Lula) e Francisco Meira (diretor do Instituto Vox Populi). O debate foi enriquecido com a contribuição de dirigentes nacionais e estaduais da CUT. A contribuição dos participantes enriquecida pelas diferentes realidades regionais foi decisiva para o aprofundamento do debate sobre o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff como usurpação do poder pelas forças conservadoras que foram derrotadas nas urnas em 2014.

Seu projeto de restauração neoliberal e de subordinação aos interesses ao grande capital nacional e multinacional prevê a destruição da política de desenvolvimento construída nos últimos anos, a entrega de nossas riquezas à exploração de empresas estrangeiras, a criminalização do PT e dos movimentos sociais, a precarização das políticas públicas, o enfraquecimento dos sindicatos, o arrocho salarial e a retirada dos direitos da classe trabalhadora. Diante deste cenário, cabe à ArtSind desenvolver o debate interno na CUT com o objetivo de resistir, combater e derrotar o projeto neoliberal, por mais complexa e longa que seja esta luta. • ____________________________________ *Sérgio Nobre é coordenador nacional da Articulação Sindical e secretário-geral nacional da CUT

30 anos de história em 2017 Os Encontros Regionais de 2016 são mais uma etapa bem sucedida no recente processo de retomada do fortalecimento da unidade da Articulação Sindical, que teve na sua 4ª Conferência Nacional, em abril de 2014, um impulsionador sem precedentes na história da corrente. Em 2017, a ArtSind completará 30 anos. A 4ª Conferência realizada em Atibaia (SP) foi a maior da história da Corrente, com mais de 370 delegados e delegadas de todo o País que puderam, de forma democrática, participar dos debates para a elaboração e aprovação das resoluções que traçaram os rumos da Corrente diante das conjunturas interna e externa e das ações da CUT. Desde o 2º CONARTSIND, a comunicação, assim como a formação, já vinham sendo destacadas como ferramentas estratégicas à Corrente e à CUT e, portanto, prioritárias. Demandas latentes da militância e dos (as) dirigentes, assim como os Encontros Regionais, tornaram-se realidade em 2016. Revista ARTSIND

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ComunicART

Site, revista, boletim, redes sociais. A ArtSind tem. Use e abuse, pertencem a você Corrente amplia e fortalece seus canais de comunicação com a militância e os dirigentes em contraponto à grande e golpista mídia Vanilda Oliveira A Comunicação como instrumento da luta sindical em defesa da classe trabalhadora e dos avanços proporcionados pelos 13 anos de governo progressista foi tema recorrente nos Encontros Regionais. O papel indutor que a chamada grande mídia desempenhou no processo do golpe que tirou Dilma Rousseff da Presidência da República e hoje ataca os direitos da classe trabalhadora 8

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foi questionado e debatido nas seis atividades regionais. Dos vários consensos produzidos pelos debates, foi destaque a necessidade de o movimento sindical e o campo progressista criarem formas de ampliar e fortalecer seus canais de comunicação com a militância e a sociedade. A “grande imprensa” brasileira tem executado de forma descarada e até criminosa o papel de força auxiliar dos setores conservadores. Rede Glo-

bo e Editora Abril (revista Veja) à frente, os conglomerados que dominam os meios de comunicação do País usaram e usam suas publicações e emissoras de rádio e TV como armas para apoiar o golpe, exaltar o governo ilegítimo de Michel Temer, criminalizar o PT, os movimentos sociais e apoiar as ações e projetos que atacam os direitos dos trabalhadores. A mídia também agiu de forma partidária e seletiva na divulgação das operações da Dezembro 2016

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Polícia Federal e do Judiciário na investigação de casos de corrupção que envolvem os atores públicos. Quando o investigado ou preso é do campo da esquerda, do PT, vale-tudo, mesmo que não existam provas. Aos tucanos, peemedebistas opositores de Lula, a imprensa fecha os olhos. Diante dessa realidade negativa à classe trabalhadora, todo esforço para ampliar os canais de comunicação do mundo do trabalho é importante. A 4ª Conferência Nacional da Articulação Sindical, realizada em 2014, deliberou que a Corrente investisse na criação de canais de comunicação com a sua militância e dirigentes. Seis meses depois da deliberação em um fórum com quase 400 delegados e delegadas de todo o País, a ArtSind colocava no ar o primeiro site oficial da Corrente, em nível nacional, e publicava a primeira edição da sua revista semestral (impressa e online). Este é o quarto número da Revista ArtSind. Além do site, a Corrente tem fanpage oficial e um boletim online semanal enviado a todos os dirigentes que foram delegados (as) na 4ª Conferência e militantes que se cadastram no portal. Durante os Encontros Regionais, o acesso à página da Articulação no Facebook cresceu dez vezes. O site, que também teve sua visitação ampliada, publica reportagens, textos, análises, pesquisas, artigos que auxiliam militância e dirigentes da Articulação Sindical a se inforRevista ARTSIND

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mar sobre temas que ainda não são consenso na CUT. As postagens priorizam, nas duas mídias online, temas distintos dos publicados no site nacional da CUT. São contrapontos e textos mais longos e profundos, sem a urgência das agendas diárias, sobre as conjunturas nacional e internacional e como elas interferem e influenciam no mundo do trabalho e na luta da classe trabalhadora. Como destaca o coordenador nacional da Articulação Sindical, Sérgio Nobre, a criação de canais para garantir essa comunicação dentro da Corrente saiu do plano para a ação em tempo recorde. O portal, a revista, boletim online e redes sociais da Articulação Sindical são hoje realidade”.

Durante encontros regionais, acesso à página da ArtSind no Facebook cresceu dez vezes

Servem à militância e aos (às) dirigentes como instrumentos imprescindíveis de informação, formação, organização e mobilização da Corrente e à luta em defesa dos direitos da classe trabalhadora. O site também concentra todas as informações da história, conceito e papel desempenhado pela

Articulação Sindical desde a sua fundação, em 1987. Serve também como ferramenta para auxiliar na formação. Já a revista é um documento impresso das principais atividades da Corrente. Esta edição, por exemplo, busca apresentar um panorama da importância e do tamanho dos encontros regionais de 2016, iniciativa pioneira da atual Coordenação Nacional. Os desafios que a maior central sindical do País enfrenta, especialmente desde 2014, exigem que a sua Corrente majoritária esteja cada vez mais bem organizada em todos os níveis. O golpe e seus reflexos no mundo do trabalho, a pauta da classe trabalhadora, relações com o governo, Parlamento, partidos e movimentos sociais, as eleições de 2018, estrutura organizativa, os debates que reforçam a importância do papel principal e histórico da CUT, que é o de defender a melhoria e a ampliação das condições de trabalho e renda, assegurar trabalho decente e combater qualquer forma de precarização, tudo isso tem de ser comunicado. O objetivo dos canais de comunicação sempre será o de fortalecer o sindicalismo ArtSind, o sindicalismo CUT, com respeito à pluralidade e às diferenças, dentro de um espaço democrático para o debate, contra a exploração dos trabalhadores. Os diferentes formatos, esses sim, podem e devem ser explorados. • Dezembro 2016

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Dino Santos/Outubro 2015

Com a palavra

Estande da Articulação Sindical Nacional no 12º CONCUT: 1.600 delegados (as) responderam enquete

Com giro nas cinco regiões, Coordenação Nacional atende à demanda da base Sete de cada dez dirigentes e militantes da Articulação Sindical que responderam consulta da Direção reivindicaram atividades da Corrente nos Estados Em outubro de 2015, foi realizada uma consulta em forma de enquete com 1.600 delegados e delegadas do 12º CONCUT que se identificaram como militantes e dirigentes da Articulação Sindical. Nas respostas, 77% solicitaram cursos e atividades junto à base, nos seus Estados e Ramos, com maior presença da Direção Nacional, para divulgar a história, a concepção e o papel da Corrente dentro da CUT. 10

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A realização de debates sobre a conjuntura nacional e o mundo do trabalho em seus estados foi outra demanda da maioria. Para contemplar o que revelou a consulta, a Coordenação Nacional decidiu organizar Encontros nas cinco regiões do País ao longo de 2016. Além do aspecto formativo, as atividades debateram necessidade de uma maior organização por parte das Estaduais da ArtSind. O trabalho

conjunto da Coordenação Nacional (que colocou sua estrutura à disposição dos seis Estados que sediaram as atividades) e as coordenações estaduais conferiu quantidade e qualidade aos seis encontros (o Nordeste foi divido em duas etapas). Em todos os encontros, a parte da manhã foi dedicada à análise da conjuntura nacional,com a participação de palestrantes das mais diversas origens: parDezembro 2016

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representantes do meio acadêmico e ex-ministros. Esta análise foi fortemente impactada pela conjuntura do golpe político que vinha se desenrolando na sociedade brasileira e que culminou com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Assessores e diretores técnicos (Dieese eVox Populi) fizeram apresentações de dados e estatísticas sobre o projeto progressista de sociedade implementado a partir do primeiro governo Lula (interrompido pelo impeachment de Dilma), os desafios à sua manutenção e consolidação e a reação das elites que tentam descontruir o projeto por meio do golpe. Dirigentes sindicais que participaram da fundação e/ou construção da Corrente contribuíram com os encontros ao fazer o resgate da história e conceito da ArtSind. Todos des-

Representatividade Os encontros priorizaram no segundo dia o lado organizativo. Nos debates sobre a presença da CUT nas regiões e os desafios para o crescimento da representatividade da Corrente, foi destacada a necessidade da realização periódica de reuniões da ArtSind nos estados. A Coordenação da Articulação Nacional apresentou sua disposição de ajudar no processo com a presença de dirigentes e a disponibilização de sua estrutura: página da internet, revista, boletim, assessorias política, de imprensa e de formação. A proposta de formação da ArtSind foi apresentada como um programa que não deve se sobrepor nem se confundir com a formação realizada pela CUT Nacional, mas sim ter caráter complementar. A formação deve tratar especificamente da história e concepção da Articulação Sindical, no que a difere das demais correntes cutistas, e organizar debates sobre temas

que não obtiveram consenso dentro da CUT nem mesmo na Corrente. A grande quantidade de participantes e a limitação de tempo para as intervenções criaram a demanda por parte dos estados de cursos formativos que aprofundem a concepção e história da ArtSind e permitam a participação de mais dirigentes e militantes locais. As características e especificidades regionais foram indicadas como pontos importantes nos cursos. Para garantir o atendimento dessas demandas locais, a Coordenação Nacional trabalha junto às estaduais a construção de um calendário de atividades formativas e organizativas que darão continuidade ao processo iniciado pelos encontros de 2016. Esse calendário deverá ser referendado no Encontro Nacional, programado para o início de 2017. •

tacaram a necessidade de que seja reforçada a concepção sindical para o enfrentamento das profundas transformações em curso no País. Ao final dessa primeira etapa dos encontros, houve em todas as regiões o consenso em torno da necessidade de unidade da Dino Santos/Outubro 2015

Dino Santos/Outubro 2015

lamentares, dirigentes sindicais,

Articulação Sindical, por meio da ampliação e fortalecimento da organização nos estados, permeada por um projeto nacional. Revista ARTSIND

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Otavio Ibson

Olhar global

Demanda das Estaduais atendida: 17 dos/as 25 secretários/as nacionais nos encontros

O Brasil precisa da CUT, que precisa da ArtSind, que precisa de todas as regiões Encontros aproximaram dirigentes nacionais da Central das lideranças da Corrente de Estados das 5 regiões Não teve golpe nem eleição municipal nem calendário repleto de lutas, atos e protestos que impedissem que 17 dos 25 secretários e diretores da Executiva Nacional da CUT participassem dos Encontros Regionais da 12

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Articulação Sindical. Um número que revela a dimensão e a importância dos Encontros, além de mostrar que uma das principais demandas das estaduais da Corrente foi atendida: a presença da Direção Nacional da

ArtSind e da Central em todas as regiões do País. Sindicalistas que se multiplicaram para poder debater a ArtSind, as conjunturas nacional e locais e o mundo do trabalho à luz das diferentes realidades regionais. Dezembro 2016

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Durante seis meses, esses dirigentes apertaram suas agendas lotadas de atos, campanhas salariais, viagens e ainda uma eleição municipal para estar presentes nos Encontros Regionais da ArtSind. Um esforço que foi reconhecido e saudado pela militância e lideranças regionais e nacionais da Corrente. O consenso dos encontros é: todos aprenderam e saíram maiores, mais fortes e mais unidos das atividades nas Regiões.. A seguir, leia a avaliação dos (as) dirigentes que fazem parte da Coordenação Nacional da Articulação Sindical

Otavio Ibson

Ao fim desse primeiro ciclo, secretários (as) e diretores (as) da Executiva foram unânimes em avaliar os Encontros Regionais como “positivos”,“importantes”,“oportunos” e, daqui para a frente, “essenciais” à agenda da Corrente, uma iniciativa inédita da Coordenação Nacional da ArtSind. Para os dirigentes nacionais, a troca de informações, experiências e conhecimento contribuiu em mão dupla, ou seja, todos saíram fortalecidos da atividade. Presidentes (as) e dirigentes de estaduais da CUT e coordenadores (as) da Corrente nos Estados e Ramos compartilham a mesma visão.

Carmem Foro, vice-presidenta nacional da CUT “Considero que os Encontros Regionais da Articulação Sindical cumpriram um papel estratégico fundamental no atual momento nacional, pois fomos às Regiões e fizemos um debate conjuntural e de estratégia importante para o fortalecimento da nossa Corrente política.Atividades que nos fortalecem ante os desafios que estão pautados à classe trabalhadora neste momento do País e, obviamente, contribuem para garantir um conjunto de articulações, para o nivelamento de informações e estratégias. Portanto, como coordenadora também da Articulação Nacional, creio que realizamos neste ano uma boa atividade no sentido de atingir uma maior integração, articulação, debate e reflexão sobre a nossa Corrente política, a nossa Central, a nossa luta em defesa da classe trabalhadora e do nosso País.”

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Maria Júlia Reis Nogueira, secretária de Combate ao Racismo “Historicamente, a Articulação Sindical e a CUT, a partir de seus funcionamentos, debatem estratégias e pensam formas de uma construção coletiva que esteja alicerçada entre o que pensa a base e em sintonia com as ações das direções.Trabalham também na perspectiva de uma coletivização na qual todas e todos possam, efetivamente, ter participação nos processos e nas lutas da classe trabalhadora. Os Encontros Regionais da Articulação Sindical aconteceram em um momento ímpar de nossa conjuntura, de grande tensão social e política no País. Um golpe parlamentar, jurídico e midiático fere de morte nossa jovem democracia e ameaça de forma mortal os direitos duramente construídos e conquistados pelos trabalhadores e trabalhadoras. Percorrer as cinco Regiões do País, dialogando com os Estados no sentido de debater as realidades regionais, nos capacita a construir alternativas e formas de enfrentar o avanço conservador e voraz das elites brasileiras. Esse enfrentamento e essas ações dialogadas nas Regiões fortalecem o projeto construído e defendido pela CUT, além de consolidar a ArtSind como a principal corrente política no interior da Central, que no diálogo com as bases elabora suas ações e as legitima para enfrentar e barrar a nova narrativa em curso no Brasil.”

Rosane Bertotti, secretária de Formação “Os Encontros Regionais da ArtSind se constituíram em um importante espaço para a formação de dirigentes no que se refere ao debate e à construção da identidade política e regional para o fortalecimento da CUT.As reflexões e debates sobre a conjuntura, com o olhar para a história e a relação com os novos desafios, se tornaram uma opção pedagógica para a retomada da esperança em momento tão adverso no cenário político e social do nosso País. Nossa Central é composta por homens e mulheres do campo e da cidade, que são responsáveis direta ou indiretamente por todas as conquistas sociais e trabalhistas que o Brasil viveu nos últimos anos e, agora, mais do que nunca, precisamos reencontrar a unidade necessária para os enfrentamentos que se fazem presentes. Temos a convicção e o orgulho absoluto de que o Brasil precisa da CUT, a CUT precisa da ArtSind e a ArtSind precisa manter esse processo sistemático e contínuo de formação, isso significa fortalecer a Central na disputa pela hegemonia no caminho incansável pela retomada da esperança.” 14

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Antônio de Lisboa Amâncio Vale, secretário de Relações Internacionais “Uma questão que tem de ser tratada é a atualização da nossa estratégia do contexto golpista, do contexto de retrocesso do Brasil com relação aos direitos trabalhistas e fundamentais. A segunda é o resgate da concepção sindical da Articulação como a corrente democrática de massas, organizada pela base. E a terceira, propiciar aos militantes mais jovens e aos novos dirigentes que militam na Corrente a possibilidade de participar e conhecer a origem, a história da ArtSind. Foram importantes, é uma iniciativa que pode e deve ser transformada em prática. Especialmente num momento de conjuntura tão adversa, o debate com a militância e os dirigentes deve prosseguir como alternativa de agilizar as nossas táticas e estratégias respeitando e contemplando as realidades regionais para o enfrentamento das lutas.”

Ari Aloraldo do Nascimento, secretário de Organização Política “Os Encontros Regionais da Articulação Sindical representam algo novo. Eles já eram importantes, porém, ganharam ainda mais importância diante da conjuntura instalada no País. Levamos um pouco do debate da conjuntura nacional para atualizar a relação com as Regiões, com o contraponto feito por convidados. Os dirigentes sempre nos cobram, dizem que a gente não viaja, não interage com os Estados e Regiões. Os Encontros proporcionaram essa interação regional com os dirigentes da CUT Nacional, e isso é muito importante para os dois lados. Além desse contato direto, também fizemos uma troca de leituras sobre as conjunturas nacional e regionais/estaduais, troca essa que nos levou a construir saídas de forma coletiva, possíveis caminhos para o enfrentamento da crise, porque temos problemas sob o ponto de vista da conjuntura. Como dirigentes nacionais temos que apontar rumos, saídas. Os Encontros, e o resultado das reflexões que temos feito a partir deles, nos levam a essa construção. Os Regionais começaram de um jeito e terminaram de outro: o início foi meio fechado, com o pessoal desconfiado do processo, mas na chegada todo mundo viu que todos podiam participar. Esse é um ponto amplo desse processo dos Encontros: o diálogo e a relação direta das Regiões e dos Estados com a direção nacional da ArtSind. A outra questão positiva é o conteúdo do debates, que foram extremamente importantes à provocação de que a conjuntura exige construções de forma coletiva e maior aproximação entre Corrente, Central e Regiões, com o comprometimento de todos tentarem construir saídas de forma coletiva.” Revista ARTSIND

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Quintino Marques Severo, secretário de Administração e Finanças “O movimento sindical brasileiro vive um momento de transformação que precisa ser debatido, portanto, todos os debates realizados no interior da maior corrente da CUT sobre todas as políticas são muito importantes para o fortalecimento da Central. Como força majoritária, a Articulação Sindical tem também maior responsabilidade na contribuição à formulação das estratégias e políticas da nossa Central. Logicamente que todas as atividades que envolvam a ArtSind são fundamentais para garantir condições de responder aos desafios postos. Os Encontros Regionais servem para que a gente tenha uma visão de todo o Brasil conforme a realidade de cada região e, em termos de formulação de propostas, aproxime cada vez mais Central das Regiões. Como o Brasil é um país de dimensão continental, com desenvolvimento regional diferenciado, os Encontros ajudam a compreender de forma mais abrangente as diferentes realidades regionais. É muito importante para a nossa Central formular políticas respeitando essas diferenças de forma a dar unidade, ainda mais diante de uma conjuntura difícil como a que estamos enfrentando.”

Aparecido Donizeti, secretário-adjunto de Administração (membro da direção nacional da Corrente) “Diante da atual conjuntura nacional, de ataques aos direitos da classe trabalhadora traduzidos em projetos como o que libera a terceirização e a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do teto dos gastos (55) - aprovada pela Câmara e agora em tramitação no Senado, além da ameaça de uma reforma trabalhista desfavorável aos trabalhadores e trabalhadoras, os Encontros da Articulação Sindical que fizemos em todas regiões do País atingiram os objetivos e, em alguns casos, foram além. Eles contribuíram com a nossa organização nos Estados e Ramos para que possamos dar respostas a essa ofensiva da direita e da elite contra os direitos e avanços da classe trabalhadora e também mostraram que estamos unidos em torno de um projeto para os trabalhadores e toda a sociedade brasileira. Como somos a corrente com 80% da direção e da militância da CUT, temos a responsabilidade de apontar os caminhos, juntamente com as demais forças políticas cutistas, para que estejamos cada vez mais fortes e organizados ao enfrentamento dessa conjuntura difícil.”

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Maria Aparecida Faria, secretária-geral adjunta (membro da direção nacional) O ano de 2016 foi fatídico: um golpe político rasteiro e sem precedentes afrontou a democracia, está jogando no lixo direitos históricos dos trabalhadores e devolvendo à vala do desemprego e da miséria milhões de brasileiros. Votos de Feliz Ano Novo não cabem para 2017, um ano que será de intensa luta frente a um cenário que só tende a piorar e continuará exigindo da ArtSind ainda mais força, capacidade de luta e de mobilização “por uma CUT Classista, de Massa, Democrática, de Luta e pela Base”. É essa bandeira, marco na trajetória da Corrente e da CUT, que os trabalhadores e a sociedade esperam ver levantada. Por sua importância política e social, os Encontros Regionais integraram o planejamento estratégico da Corrente para 2017, deram início às atividades de formação específicas para a ArtSind nos Estados e Ramos e construíram um amplo debate nacional. Como resultado, a Articulação Sindical, a CUT e a luta em defesa da classe trabalhadora saem fortalecidos e prontos para enfrentar um futuro de muitas dificuldades que se apresentam para o Brasil.”

João Felício (presidente da CSI e ex-presidente nacional da CUT) “Infelizmente, não pude participar de todos os Encontros Regionais. Estive somente nas atividades do Sul e Sudeste. É sempre positivo a coordenação da Articulação Sindical debater com os milhares de militantes que temos pelo Brasil os problemas da CUT e do País. Essa relação contribui para aperfeiçoar o processo de decisões e na escolha das posições e ações mais acertadas. A Articulação é heterogênea, o que estimula o seu crescimento, é uma Corrente que não foi formada por afinidade ideológica, mas sim para construir um novo projeto político sindical, e que, enquanto classe trabalhadora, os sindicatos têm o direito de optar pelo projeto político partidário que mais se aproxima do modelo social que almejam, sem ser “correia de transmissão” de nenhum partido, daí a importância dos Encontros como espaço para o resgate de nossa história e concepção política.”

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Liderança

Mesmo sofrendo uma caçada jurídica e midiática, Lula segue mobilizando os trabalhadores em todo o País

O impacto do golpe nos direitos dos trabalhadores e na democracia do Brasil Temer avança contra a classe trabalhadora enquanto Judiciário e mídia, a mando da elite, perseguem Lula, de olho em 2018 Duas experiências dramáticas estão mudando o rumo da história do Brasil neste 2016: o golpe cometido pelas forças políticas derrotadas nas eleições de 2014 que culminou com o impeachment da presidenta Dilma, em 31 de agosto, e a recente derrota das forças de esquerda nas eleições municipais. Esses dois processos apontam, de um lado, para a retomada do projeto político das elites e forças conservadoras interrompido com a eleição de Lula, em 2002, com a restauração do projeto liberal e, de 18

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outro, para a estratégia que as forças de esquerda devem traçar, desde já, para reunir condições para derrotá-lo. Para atingir seu objetivo, as forças que apoiaram o golpe não se importam em colocar em risco a democracia brasileira ao desconstruir o Estado de Direito. Seu objetivo é destruir o projeto de desenvolvimento com inclusão social implementado nos últimos 13 anos, substituir a política externa altiva e ativa daquele período por uma política subalterna aos interesses das multinacionais e das potências

centrais do sistema capitalista, defensoras do plano internacional do ideário neoliberal. O projeto do campo golpista é conhecido por todos nós: a defesa do Estado mínimo e da política de austeridade para combater a crise econômica; a diminuição do investimento na proteção social para fazer sobrar recursos para pagar juros da dívida pública e enriquecer ainda mais os setores rentistas da sociedade; a retirada de direitos trabalhistas para aumentar o lucro das empresas; a privatização de empresas e serviços Dezembro 2016

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essenciais e a entrega, a preços irrisórios, de nossas riquezas, como o Pré-Sal, à exploração de empresas estrangeiras. Esses processos estão entrelaçados. O golpe, como uma farsa legal e forma ilegítima de usurpar o poder; o desmonte da ação do Estado na seguridade social e em políticas públicas voltadas para as necessidades essenciais da população asseguradas como direito na Constituição de 1988; os projetos em tramitação no Congresso Nacional para retirar direitos trabalhistas; a ação da Lava Jato, que prende suspeitos de crime com base em processos de delação ou em suposição de que tenham cometido crime. Significam a inequívoca ruptura do Estado de Direito e a transição em direção a um regime de exceção, acobertado pela imagem transmitida pela mídia de normalidade democrática e respeito às normas constitucionais. No rastro da Operação Lava Jato,mais de um milhão de brasileiros (as) perderam o emprego até outubro deste ano, empresas que se tornaram competitivas internacionalmente na área da construção civil estão sendo desmanteladas, assim como estão sendo destruídos segmentos importantes da cadeia produtiva da indústria naval e petrolífera. Seu mais recente alvo é a Embraer. A política dos governos Lula e Dilma, que buscava revigorar a indústria brasileira, por meio de programas como o Plano Brasil Maior e a valorização do conteúdo local, está sendo abanRevista ARTSIND

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donada por uma vaga ideia de fortalecer a competitividade das empresas. Uma indústria pujante é fundamental para promover o desenvolvimento, aumentar a oferta de emprego, distribuir renda e ampliar os direitos da classe trabalhadora, por meio da negociação coletiva. O que assistimos, no entanto, é o aprofundamento da crise do setor que representa hoje apenas 9% do PIB nacional – era 17,9% em 2004.

Operação Lava Jato desmantela empresas e já deixa mais de 1 milhão sem emprego A CUT reagiu ao golpe com manifestações de massa, denunciando que o objetivo estratégico das forças golpistas é a restauração neoliberal, em cuja agenda a retirada de direitos dos trabalhadores/as ocupa um lugar central. Para elevar a taxa de lucro das empresas, optam pelo rebaixamento do custo do trabalho, por meio do arrocho salarial e da retirada de direitos trabalhistas. Como parte de um projeto que alega“modernização das relações de trabalho”, tramitam no Congresso projetos de lei que preveem a terceirização irrestrita, a flexibilização do contrato de trabalho e a prevalência do negociado sobre o legislado. Se aprovados tal como estão, acarretarão à classe trabalhadora perdas irreparáveis de direitos.

O governo ilegítimo de Michel Temer está implementando uma reforma sistêmica do Estado, que adultera a Constituição Cidadã de 1988 e destrói direitos fundamentais da população brasileira, como o acesso universal a políticas de qualidade de educação, saúde, previdência e assistência social. Abre mão da soberania nacional ao extinguir o Fundo Soberano e entregar as riquezas do País, como o Pré-Sal, à exploração predatória de empresas estrangeiras. Em nome de uma política de ajuste fiscal, as forças conservadoras defendem o corte drástico de investimentos em políticas públicas (PEC 55, PLC 257), como seguridade social e educação, a privatização, o arrocho salarial, a demissão e a retirada de direitos dos servidores públicos e dos trabalhadores (as) em estatais. O governo Temer opta equivocadamente pela redução de custos, quando poderia buscar alternativas ao equilíbrio das contas públicas no aumento da receita, por meio da diminuição da taxa de juros, do combate à sonegação fiscal, do fim das desonerações fiscais, da taxação de grandes fortunas e da implementação de uma política de tributação progressiva, que pese mais sobre aqueles que detêm maior renda. Contra essa agenda regressiva, a Articulação Sindical e a CUT estão e seguirão nas ruas mobilizando os trabalhadores por “nenhum direito a menos”. • Dezembro 2016

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Nordeste I

120 sindicalistas do Ceará, Maranhão, Paraíba e Rio Grande do Norte resistiram aos apelos da festa para se dedicar aos debates

Tudo começou em João Pessoa, ao som de forró num São João Capital paraibana sediou primeiro dos seis Encontros Regionais da Articulação Sindical. E os nordestinos fizeram história Vanilda Oliveira Em pleno junho de São João, 120 sindicalistas do Ceará, Maranhão, Paraíba e Rio Grande do Norte se reuniram em João Pessoa e resistiram aos apelos da principal festa do Nordeste na vizinha Campina Grande (130 quilômetros da capital paraibana) para fazer história no primeiro dos seis Encontros Regionais da Articulação Sindical. A distância do “Maior São João do Nordeste” (título reivindicado também por Caruaru20

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-PE) não impediu que no auditório do Sindicato dos Bancários da Paraíba também acontecesse uma festa sindical com debates, reflexões e troca de aprendizado entre militantes e dirigentes da Articulação Sindical dos Estados da Região e dirigentes da Nacional e das Estaduais da Corrente e da CUT. Foram dois dias de intensos debates, com auditório sempre lotado e celulares silenciados nos bolsos e bolsas dos participantes, o que ajudou a elevar ainda mais o nível das falas, da

organização e da qualidade das análises e intervenções. Com mais de 30 livros publicados, o sociólogo e escritor Roberto Amaral, que presidiu o PSB e foi ministro de Ciência e Tecnologia do primeiro governo Lula, abriu o Encontro em João Pessoa falando sobre o tema “O Brasil sob o golpe e a ação sindical”. Amaral e Sérgio Nobre, coordenador nacional da ArtSind e secretário-geral nacional da CUT, expuseram os desafios que o movimento sindical enfrenta (e que só aumentaram desde juDezembro 2016

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nho) nesse momento de golpe contra a democracia e ataque às conquistas e direitos da classe trabalhadora brasileira. “A CUT sabe muito bem o seu papel, que é representar os trabalhadores. E, neste momento, também tem o dever de impedir que o governo golpista precarize as relações de trabalho e destrua as conquistas e os direitos acumulados nos últimos 13 anos. Temos clareza do nosso papel na defesa dos trabalhadores. Os espaços de discussão fomos nós que conquistamos e não abrimos mão deles”, disse Sérgio Nobre. Roberto Amaral destacou que o movimento sindical precisa resistir sem abrir mão de um trabalho incansável nas bases.“É preciso muito trabalho de formiguinha para que se crie uma conscientização que seja capaz de lutar com unidade para que possamos fazer o enfrentamento à ofensiva conservadora”, avaliou o sociólogo nordestino. “A classe dominante jamais esquece a luta de classe. A resposta que devemos dar ao golpe é por meio da conscientização, do diálogo com a base", afirmou o ex-ministro.”

Dez em organização As lideranças regionais da ArtSind também compuseram as mesas e falaram das diferentes realidades: Vilani Oliveira, presidente da Confetam; Adriana Oliveira, presidente da CUT-Maranhão; Elizabeth Fernandes, secretária de Organização da CUT-RN, e Paulo Marcelo, presiRevista ARTSIND

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dente da CUT-PB. O Rio Grande do Norte mandou a maior delegação,com mais de 40 sindicalistas. A secretária nacional de Relações do Trabalho, Graça Costa, também participou do Encontro Nordeste em João Pessoa.

Auditório lotado e celulares silenciados garantiram atenção total aos debates

Para Joel Nascimento, secretário-geral da CUT-PB e que coordenou o encontro em João Pessoa pela ArtSind do Estado, “o fato de o encontro da ArtSind ter sido realizado nessa atual conjuntura já é de um significado muito importante, sendo no Nordeste se tornou ainda mais simbólico, talvez inédito, principalmente para nós, da CUT Paraíba, que estamos diante de um grande desafio de fazer com que esse atual mandato tenha um grande diferencial. Também, segundo Joel, colocou a ArtSind dos Estados da Região diante do compromisso de avançar na consolidação de organicidade de algo ainda em construção e, a partir daí, construir intervenções de muito mais qualidade”. Também contribuíram com o debate em João Pessoa,o diretor-

-técnico do Dieese Nacional Clemente Ganz Lucio, e a secretária nacional de Combate ao Racismo, Maria Júlia Nogueira. Clemente analisou os dados econômicos e de desenvolvimento do Nordeste. Júlia, do Maranhão, resgatou os vários momentos do Nordeste, desde o coronelismo e a indústria da seca, que expulsaram milhões para o Sudeste e Sul do País, até o momento atual. O Nordeste tem um grande desafio hoje, neste momento de golpe à democracia, de não permitir o desmonte de todas as conquistas que fizeram da Região a que mais cresceu no País nos últimos 13 anos” analisou Júlia. A história de luta, a concepção e organização da ArtSind foi o tema da análise do secretário de Relações Internacional da CUT, Antônio Lisboa, em mesa coordenada pela secretária-geral adjunta da Central, Maria Faria. Lisboa destacou a importância dos encontros para o fortalecimento da concepção e da ação da Articulação.Todas as mesas, análises e intervenções foram apresentadas pelo secretário nacional adjunto de Finanças, Aparecido Donizeti, assim como os dados da estrutura da ArtSind, no País e Região. O diretor da Executiva Nacional Marcelo Fiorio apresentou quadro comparativo de filiação sindical no País e na Região. • Dezembro 2016

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ArtSind-AL

Nordeste II

Encontro Nordeste II teve o maior número de participantes de todas as etapas - 198

Em Maceió, rurais abriram as portas para a ArtSind Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí e Sergipe destacaram a importância da juventude para o fortalecimento do movimento sindical Com nove estados,1,5 milhão de quilômetros quadrados e mais de 56 milhões de habitantes, o Nordeste, se fosse um país, seria o quinto maior das Américas em território, com uma população superior à de todos os países da América Latina. Por conta dessa grandeza, a Região foi dividida em dois grupos para facilitar a participação dos nordestinos nos Encontros Regionais da Articulação Sindical. Os sindicalistas de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí e Sergipe formaram o Nordeste II e se reuniram em 22

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Maceió, capital alagoana, nos dias 15 e 16 de julho. Repetindo o que ocorreu em João Pessoa (PB), no Encontro Nordeste II, o número de participantes e a qualidade dos debates, análises e intervenções superaram as expectativas. O Encontro de Maceió teve 198 pessoas, o maior número das seis atividades. No total, 317 dirigentes e representantes da ArtSind dos nove estados nordestinos participaram dos Regionais. Na capital alagoana, foram os rurais que abriram as portas do Centro Social da Fetag

(Federação dos Trabalhadores na Agricultura) para a Articulação Sindical realizar o Encontro Nordeste II com a fala do coordenador nacional da Corrente, Sérgio Nobre: “Somos 80% da Central, por isso, a Articulação Sindical tem entre suas tarefas apontar rumos para a CUT que, por sua vez, aponta rumos para o País. Além desse debate, os Encontros têm a tarefa de construir vida e ampliar a estrutura e as ações regionais da ArtSind”. Sob uma conjuntura nacional ainda mais crítica que em junho - o processo do impeaDezembro 2016

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chment no Senado e a CUT nas ruas fazendo a luta contra o golpe -, a participação do deputado federal Paulão, presidente do PT de Alagoas e ex-presidente da CUT no Estado, se tornou ainda mais importante à abertura da atividade de Maceió. Em sua exposição, o parlamentar apresentou números para destacar que o Nordeste foi a região que mais cresceu e se desenvolveu entre 2003 e 2015. Lula e Dilma priorizaram os estados nordestinos com ações e políticas sociais e de investimento que tiraram a Região da exclusão e miséria histórica impostas pelos governos anteriores. O Nordeste, enfim, entrou no mapa do Brasil. José Lopes Feijóo, que acumula a experiência de quem foi coordenador Nacional da ArtSind, vice-presidente nacional da CUT e assessor especial da Presidência da República no governo Dilma, deu uma aula sobre a história, a concepção e a prática da Corrente. Marcelo Fiorio, dirigente da Executiva Nacional, apresentou os números e mapas de filiação sindical nos estados da Região e no País. A presidenta da CUT-AL, Rilda Alves, e a secretária nacional da Juventude da CUT, Edjane Rodrigues (moradoras em Alagoas), destacaram, em suas falas, a importância de trazer os jovens para o movimento sindical. "A juventude está organizada em diversos movimentos sociais, mas, muitas veRevista ARTSIND

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zes, não está no movimento sindical. Os sindicatos precisam ir até a juventude, porque a gente precisa disputar os jovens antes que eles se tornem trabalhadores, indo até eles para ver sua realidade, demandas, propostas”, afirmou Edjane.

Região que mais cresceu durante as gestões Lula e Dilma é agora a que mais sofre o impacto da crise

A secretária nacional de Formação da CUT e membro da coordenação da ArtSind Nacional, Rosane Bertotti, em uma de suas falas na mesa que coordenou, destacou que as ações formativas da Corrente e da Central têm objetivos diferentes, mas são complementares e igualmente necessárias ao fortalecimento da luta pela classe trabalhadora. Além de Rilda, os presidentes das estaduais da CUT Cedro Silva (BA), José Carlos Veras (PE), Paulo de Oliveira Bezerra (PI), Francisco Wil e Silva Pereira (CE) expuseram a situação da Corrente e da Central nos seus respectivos Estados sob o impacto da crise econômica e política no País. Todos destacaram a importância dos Encontros para o debate do futuro da Corrente e da Central. Na Região, afirmaram os dirigentes, as consequências

do golpe têm sido ainda mais agudas. A retração econômica e as ações do governo golpista ameaçam as conquistas e avanços no Nordeste de forma mais violenta do que no restante do Brasil. Análises de dados do IPEA, Dieese e IBGE, divulgados pela Coordenação Nacional da ArtSind durante os Encontros, revelaram que a desaceleração da economia levou o Nordeste, em 2015, a enfrentar a sua primeira queda no PIB e o primeiro ano de recessão desde 1998. A taxa de desemprego superou o índice nacional. E ainda há reflexos da maior seca dos últimos 50 anos. O segundo e último dia do Encontro de Maceió focou nas questões da Corrente: estrutura, organização, financiamento complementando os debates anteriores. Foi consenso que uma Artsind maior e mais forte, regional e nacionalmente, significa uma CUT maior e mais forte para fazer a defesa da classe trabalhadora e da democracia. Sérgio Nobre, ao final da etapa Nordeste dos Encontros Regionais, afirmou que “todas as expectativas foram superadas, com saldo totalmente positivo”. “Valeu o esforço de todos os companheiros e companheiras. Os Encontros foram ótimos em alcance e qualidade e, com certeza, vão contribuir para o fortalecimento da ArtSind e para a luta da CUT”. • Vanilda Oliveira Dezembro 2016

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Débora Carvalho

SUL

Os três estados do Sul do País tiveram 110 representantes da ArtSind em Florianópolis, em Santa Catarina

Às vésperas do golpe, Encontro na Escola Sul já debatia resistência Região discutiu ações para enfrentar primeiras medidas de retrocesso anunciadas por Temer ainda na interinidade A emblemática Escola Sul, em Florianópolis, Santa Catarina, viu pela primeira vez uma atividade regional da Articulação Sindical. Às vésperas da votação que confirmaria no Senado o impeachment da presidenta Dilma, já afastada do cargo dois meses antes, o Encontro na Região Sul foi pautado pelas ações necessárias para enfrentar as primeiras medidas de retrocesso iniciadas contra a classe trabalhadora pelo governo golpista de Michel Temer. 24

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Além do golpe, a pré-campanha das eleições municipais também foi tema do Encontro e apontou a necessidade de a Articulação (e a CUT) avançar para uma compreensão maior das razões do comportamento passivo da maior parte da população brasileira perante uma ruptura da democracia em curso. O Encontro na capital catarinense, em 27 e 28 de julho, foi o terceiro da série iniciada em João Pessoa (PB) e

reuniu 110 representantes da Corrente do Paraná e Rio Grande do Sul, além de Santa Catarina. Para Claudir Nespolo, coordenador da Artsind Rio Grande do Sul e presidente da CUT naquele Estado, “o Encontro foi fundamental para uma melhor compreensão do dinamismo do capital e de como esse capital se articula no País e na Região, suas principais estratégias e, obviamente, para a CUT se enxergar como um movimento Dezembro 2016

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que precisa, sob pena de desperdiçar energia, construir uma agenda de intervenção na sociedade também com caráter regional”. “A responsabilidade da Corrente aumentou com o golpe porque precisamos debater e encontrar caminhos, conciliar a pauta classista com a pauta das lutas políticas e sociais contra os efeitos do golpe”, disse Claudir. Coordenadora da ArtSind em Santa Catarina e presidente da estadual da CUT, Ana Julia Rodrigues abriu o Encontro destacando que o golpe é contra a democracia. “Sem democracia não existem direitos para os trabalhadores e trabalhadoras.” “O golpe nos colocou na resistência, na construção da unidade dos movimentos sociais e estudantis e das centrais sindicais. Precisamos resistir como fizemos nos anos 1990 para combater a política de Estado mínimo. O Encontro nos ajudou a elaborar esta política de alianças para enfrentarmos o projeto neoliberal do governo de Michel Temer e dessa direita fascista”, avaliou a dirigente catarinense. A presidenta da CUT-PR, Regina Cruz, destacou que era o momento de a Articulação Sindical construir a luta com as demais forças políticas da CUT. Regina, que em suas várias falas e intervenções cobrou uma política mais contundente da Corrente e da CUT em reRevista ARTSIND

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lação à questão da paridade, usou o bom humor para elogiar o alto nível das análises: “Mesa de debate boa é aquela que o debatedor provoca", disse a dirigente. Dirigente da Região Sul, o secretário nacional de Assuntos Jurídicos da CUT, Valeir Ertler, afirmou que a CUT não pode deixar de dialogar com as outras centrais porque “o que está em jogo são os direitos da classe trabalhadora”. O secretário nacional de Administração e Finanças da CUT, Quintino Severo, metalúrgico do Rio Grande do Sul, também destacou a necessidade de reação e politização da Corrente e da Central para enfrentar o golpe.

A responsabilidade da Articulação Sindical e da CUT cresceu com conjuntura de golpe

Ari Aloraldo do Nascimento (secretário nacional de Organização) falou da importância da unidade da ArtSind, e Roni Barbosa (Comunicação) fez uma apresentação sobre a relação da mídia com o movimento sindical e as redes sociais da CUT. “Este momento (os Encontros Sul) serve para que possamos continuar unidos e for-

tes na luta contra o golpe”, disse a paranaense Rosane Bertotti, secretária nacional de Formação da CUT. Além das mesas com presidentes (as) das Estaduais da CUT da Região, o presidente da CSI, João Felício, fez um resgate sobre a história e o conceito da ArtSind com a propriedade de quem presidiu a CUT Nacional e hoje está à frente de uma das mais importantes representações sindicais do mundo. Em mesas diferentes, as palestras do escritor e professor da UFSCAR e Universidade Federal do Paraná Luiz Damon Moutinho, doutor em Filosofia pela USP, e do diretor técnico do Dieese Nacional, Clemente Ganz Lucio, foram tão contundentes que silenciaram o auditório lotado da Escola Sul. “Autocrítica não é o mesmo que autoimolação, o PT tem o direito de se orgulhar de tudo o que foi feito pelos governos Lula e Dilma”, disse Moutinho, durante sua análise sobre a crise política e os ataques e criminalização do partido pela direita, mídia e Judiciário. Clemente também conquistou o silencio absoluto do auditório em sua análise: “Nossos adversários sabem que a única coisa que sempre teremos é a capacidade de nos unirmos. Temos de recuperar a solidariedade, que é a base da construção sindical na luta pela classe trabalhadora”. • Dezembro 2016

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NORTE

Atividade teve 120 dirigentes e representantes da Articulação dos Estados do Norte do País

Articulação Sindical faz Encontro histórico na Amazônia Longas distâncias e conjuntura de crise não impediram que o Norte desse exemplo de participação Num momento de ebulição no País, 120 dirigentes e representantes da Articulação nos Estados da Região Norte não mediram esforços nem distância para conseguir participar do Encontro Regional da Articulação Sindical, em Manaus (AM). Homens e mulheres, dirigentes e militantes da ArtSind que viajaram do Acre, Amapá, Pará, Roraima e Rondônia, além do interior da Amazônia, durante 13 horas ou mais, para debater a conjuntura do País e da Região à luz da concepção e da 26

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organização da Articulação Sindical. Um esforço reconhecido e elogiado por toda a Direção Nacional da ArtSind e destacado pela vice-presidente nacional da CUT e membro da Coordenação, Carmem Foro, que abriu o Encontro Norte e fez a análise de conjuntura. “Eu não poderia deixar de participar desse importante momento aqui nessa que é a minha Região. Um momento que entra para a história da Articulação Sindical e da CUT, ao reunir companheiros

e companheiras de todos os estados do Norte para debater o fortalecimento da nossa Corrente e, assim, fortalecer a luta da nossa Central em defesa da classe trabalhadora”, disse Carmem. “Faço uma saudação à valentia das companheiras e companheiros da Amazônia, pois para fazer luta da CUT na Região Norte tem que ser um povo guerreiro como este que está aqui hoje, por todas as dificuldades que podería-mos elencar. A Amazônia é um lugar de muita resistência, Dezembro 2016

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onde a luta tem de ser feita com dias e noites de viagens em barcos “, disse Carmem, ao dar início ao primeiro da atividade em Manaus. A fala de Carmem reconheceu que nem o tamanho continental nem a distância impediu a Articulação Sindical de fazer um Encontro histórico da Região Norte, a maior do Brasil. O Balneário do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas sediou a atividade. Durante dois dias, sindicalistas dos mais distantes locais puderam ouvir análises, debater e fazer propostas com o objetivo de fortalecer a Corrente, a CUT e a luta em defesa dos direitos da classe trabalhadora e da democracia brasileira. O Encontro Norte aconteceu uma semana antes do afastamento definitivo da Presidenta Dilma por decisão do Senado, onde já sentíamos os primeiros impactos sobre a classe trabalhadora, e seu efeito devastador para a retirada de direitos e ataques aos movimentos sociais. O momento também foi marcado pelo início da campanha eleitoral, o que também não impediu a participação de muitos dirigentes e militantes engajados nela, demonstrando que os temas apresentados iriam contribuir no debate com a população, onde a necessidade de reforçar a concepção de nossa Corrente se mostrou mais importante ainda, para Revista ARTSIND

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a desconstrução do discurso golpista.

Com a base O coordenador nacional da Articulação Sindical, Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, não participou do Encontro na Região Norte por conta de liderar mobilização e negociação para reverter 2 mil demissões anunciadas pela montadora Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, fábrica na qual ele é trabalhador. Enquanto era realizado o Encontro, o Sindicato da categoria conquistou acordo que evitou as demissões.

Sindicalistas chegaram a viajar mais de 13 horas de ônibus até Manaus Sérgio gravou um vídeo de quatro minutos durante uma assembleia na portaria da fábrica, enviado a Manaus para saudar a todos os participantes do Encontro na Região Norte. O vídeo, porém, não pode ser exibido por problemas no sinal da internet, mas foi postado na fanpage do facebook e no site da Articulação Sindical Nacional. Compuseram e falaram à mesa de abertura: Gilberto Rosas, presidente da CUT Ro-

raima; Célio Alberto de Lima, vice-presidente da CUT Rondônia, Euci Ana Cosa, presidenta da CUT Pará, Geovane Grangeiro, presidente da CUT Amapá; Índio (Waldir Azevedo Guimarães), secretário-geral da CUT Amazonas, e Lucas Monteiro, coordenador da Articulação Sindical no Estado do Acre. Clemente Ganz Lucio, diretor-técnico do DIEESE Nacional, fez análise sobre a conjuntura nacional com recortes sobre o Norte do País, e Avelino Ganzer, primeiro vice-presidente nacional da CUT e liderança histórica dos trabalhadores rurais da Amazonia, fez o resgate histórico da ArtSind. “A realização desse Encontro no Norte do País já é uma vitória, principalmente neste momento de golpe à democracia do País. Essa reunião da Articulação aqui na Amazônia se constitui em instrumento fundamental para enfrentar o próximo período que vem pela frente. Nós da ArtSind temos uma responsabilidade maior de dar direcionamento político para o próximo período, de analisar a conjuntura e apontar caminhos para o futuro. A CUT tem novos lutadores e lutadoras, que ainda não compreendem a importância e o que é a Articulação Sindical e a responsabilidade de ser a maior força política no interior da Central. O Encontro tem também esse papel de formação”, disse a vice presidenta da Central. • Dezembro 2016

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Assessoria de imprensa da FETEMS

CENTRO-OESTE

120 dirigentes do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e DF reunidos no MS

Emoção de Lula e impeachment consumado marcaram encontro na capital do Mato Grosso do Sul Crise política dominou debates dos sindicalistas dos Estados da Região central do Brasil Golpe consumado e a um passo das eleições municipais. Foi nesse cenário efervescente que Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, recebeu o Encontro Regional Centro Oeste. Foi a primeira atividade da ArtSind depois de o Senado “oficializar” o impeachment ilegítimo da presidenta Dilma, ignorando 54 milhões de eleitores e eleitoras e ferindo a democracia brasileira. Cento e vinte dirigentes e militantes da Articulação Sindical do Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins 28

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(que na divisão geográfica oficial pertence à Região Norte) participaram, nos dias 15 e 16 de setembro, da quinta etapa dos Encontros Regionais da ArtSind, realizada na sede da FETEMS (Federação dos Trabalhadores na Educação no Mato Grosso do Sul) . Além do golpe oficializado, a atividade aconteceu em plena campanha eleitoral, às vésperas de as urnas revelarem à esquerda brasileira uma das suas maiores derrotas nos últimos tempos. A conjuntura também era de tensão por conta do acirramento dos ataques e da

tentativa de criminalização do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ameaçado inclusive de prisão, e do clima de guerra no Congresso Nacional, com a CUT combatendo o avanço e aprovação de medidas retrógradas propostas pelo governo ilegítimo de Michel Temer. A ofensiva da direita, via Judiciário e mídia, era tão intensa à época (e ainda é) que a organização do Encontro Centro-Oeste suspendeu os debates por duas horas e instalou telão e TV no auditório da FETEMS para que os sindicalistas pudessem assistir Dezembro 2016

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Assessoria de imprensa da FETEMS

ao pronunciamento de Lula à imprensa nacional e internacional, a respeito da denúncia oferecida na véspera pelo Ministério Público Federal. Emocionado, o petista desconstruiu a apresentação feita pelos promotores do MPF que o acusaram, sem nenhuma prova e baseados apenas em “convicções”, de ser o “chefe da quadrilha” no caso da Petrobras. A denúncia infundada dos promotores virou piada nacional por conta do power point primário utilizado para sua apresentação. Já a emoção de Lula contagiou os participantes do Encontro Centro-Oeste e esquentou ainda mais os debates e intervenções, servindo como parte da análise de conjuntura e subsidio às discussões que se seguiram. A ofensiva golpista já assumira a sua nova prioridade: tornar inviável uma possível candidatura de Lula em 2018 e a consequente retomada do projeto progressista de governo e da política de inclusão social (que estava sendo interrompida pelos golpistas). A pauta da classe trabalhadora, principal vítima do golpe, permeou todos os debates, análises e intervenções. A exemplo do que ocorreu nos Encontros anteriores, a necessidade de unidade, tanto na Corrente como dentro da CUT, foi apontada como imprescindível para combater a continuidade do golpe. “Temos de ter aqui a capacidade de fazer uma análise crítica sobre as conjunturas Revista ARTSIND

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estadual e nacional e sair ainda mais fortalecidos para fazer a luta em defesa da classe trabalhadora", disse o secretário de Relações Internacionais da Central, Antônio Lisboa, que coordenou o Encontro do Centro-Oeste. Nas mesas, outros cinco secretários nacionais: Rosane Bertotti (Formação), Aparecido Donizeti (adjunto de Administração), Sueli Veiga (adjunta de Direitos Humanos) e Ari Aloraldo do Nascimento (Organização Sindical).

Centro-Oeste parou para ver Lula se defender das denúncias do MPF Para a secretária Sueli Veiga, também coordenadora da ArtSind-MS, a atividade foi muito importante, “porque debater a conjuntura, os desafios organizativos e políticos da nossa Corrente é fundamental, tanto em nível nacional como regional”. O encontro, disse Sueli, possibilita e facilita a construção da unidade, a defesa dos direitos da classe trabalhadora, permitindo o debate e a avaliação dos problemas e garantindo tomada de decisões mais coletivas. O presidente da CUT-DF, Rodrigo Britto, em sua fala sobre conjuntura regional, destacou que, além de fazer a defesa da classe trabalhadora, a estadual da Central é obrigada a lutar contra a

criminalização imposta pelo governo do Distrito Federal. João Dourado, presidente da CUT-MT, observou que a pauta do governo estadual é a mesma pauta do governo golpista, ou seja, contra conquistas sociais, privatista e neoliberal. A mesma conjuntura se repete em Tocantins, segundo relatou José Roque Rodrigues, presidente da CUT no Estado. No Mato Grosso do Sul, todas as categorias estavam mobilizadas contra a perda de direitos, segundo Genilson Duarte, presidente da CUT-MS, Avelino Ganzer, primeiro vice-presidente nacional da CUT e liderança histórica dos trabalhadores rurais na luta contra a ditadura militar, fez o resgate histórico da ArtSind. Também falou da importância da comunicação à luta dos trabalhadores. “Os grupos que controlam a mídia são os mesmos que concentram riqueza e poder em acordo com o capitalismo internacional. Nesta batalha contra a dominação política e o controle da informação, democratizar a comunicação é chave contra a ditadura do grande Capital.” Ex-chefe do escritório especial no Pará da Presidência da República, Avelino, de 68 anos, sobreviveu a um acidente aéreo e a vários cercos e ameaças. Também viu um golpe militar e agora contribui com as novas gerações nos debates de ações para impedir mais um Estado de Exceção no Brasil. • Dezembro 2016

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SUDESTE

Em Serra (ES), análises, exposições e debates revelaram uma enorme disposição de lutar pela retomada do processo democrático

No Espírito Santo, fim do primeiro ciclo dos Encontros Regionais Sob efeito do resultado das urnas, os quatro estados da Região debatem novos rumos O primeiro encontro póseleições municipais, em Serra, no Espírito Santo, foi marcado pelo sabor amargo da derrota do PT e demais partidos do campo da esquerda, pela negação da política refletida no altíssimo índice de abstenção e o avanço do voto em candidatos conservadores. Tinha tudo para o Encontro Regional Sudeste ficar carimbado e contaminado por essa ressaca eleitoral que tirou da esquerda a maioria 30

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das prefeituras onde era governo, mas não foi isso que aconteceu. Análises, exposições e debates revelaram uma enorme disposição de lutar pela retomada do processo democrático, violado pelo impeachment de Dilma, e de defender os direitos da classe trabalhadora, maior alvo e vítima do governo golpista de Michel Temer. Os resultados das eleições se tornaram o centro das análises, debates e intervenções feitas no Encontro Sudeste,

nos dias 17 e 18 de novembro. Se houve divergência da opinião e interpretação dos resultados das urnas – e houve – , os participantes conseguiram consenso de que o momento exige uma forma de organizar a contraofensiva e a construção de uma nova narrativa à população, pois boa parte se mostrou desiludida e avessa à política, aos políticos e ao papel do Estado, mas em especial ao PT e à esquerda. Dezembro 2016

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Não à toa, foram convidados dois “especialistas” em eleição, PT e esquerda para analisar e expor seus pontos de vista sobre as conjunturas nacional e regional. O jornalista e ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo Lula Franklin Martins e o sócio diretor do Instituto Vox Populi, Chico Meira, além do deputado estadual José Carlos Nunes, ex-presidente da CUT-ES, municiaram os participantes do encontro com um arsenal de informações imprescindíveis à formulação de respostas e planejamento à retomada do espaço perdido em 2016. O governo golpista e seu ataque aos direitos da classe trabalhadora, os efeitos nocivos ao emprego e ao País dos desmandos da espetaculosa e partidária Operação Lava Jato, a perseguição ao ex-presidente Lula e a atuação partidária da chamada grande mídia em benefício das forças conservadoras foram debatidos com a mesma disposição dirigida ao resultado das urnas. Franklin Martins, Chico Meira e o deputado Nunes falaram a um auditório lotado de secretários nacionais e estaduais da CUT, presidentes e diretores dos maiores sindicatos e Confederações do País. Cento e cinquenta sindicalistas de São Paulo, Minas Gerais, Rio de JaneiRevista ARTSIND

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ro e Espírito Santo (que formam a região mais populosa, industrializada e poderosa do País). O diretor do Vox Populi detalhou e ilustrou as suas análises com estatísticas que, entre outros dados, revelam que o PT perdeu dois terços da simpatia da população, mas nenhum partido mudou de identidade partidária nesse período, ou seja, não ocupou esse espaço esvaziado. Segundo ele, hoje, 75% da população brasileira não têm identidade partidária. Por meio de análises das pequisas, Chico Meira mostrou que os resultados das urnas em 2016 vão muito além do que a grande mídia divulga de forma partidarizada. O deputado Nunes fez uma análise regionalizada dos resultados da eleição de 2016, na qual mostrou como se comportou o eleitorado em cada Estado e o que esse comportamento revela.

Momento certo O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, que apresentou sua análise da conjuntura na abertura do encontro, destacou a relevância da realização dos Encontros Regionais nesse momento adverso e conclamou a militância e dirigentes da ArtSind no Sudeste a fazer a luta. Sérgio Nobre, coordenador nacional da Artsind, disse que "todos os companheiros e companheiras que participaram dos Encontros Regionais até agora o fizeram de forma brilhante, solidária e produtiva. “Destaco e agradeço aos (às) dirigentes da CUT Nacional e suas estaduais que, apesar do momento difícil para o País e das agendas diárias em defesa da classe trabalhadora, participaram e contribuíram com a qualidade das análises e debates em todas em todos os Encontros Regionais", disse. •

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Roberto Parizotti/Agosto 2014

Superação

Em 2014, a Plenária Nacional da CUT ocorreu em meio a uma acirrada disputa eleitoral

Articulação sai maior, mais forte e unida dos Encontros Corrente supera 2016 adverso e já prepara Plenária Nacional No ano de 2016 tivemos um grande retrocesso para a sociedade brasileira, principalmente para a classe trabalhadora, o impeachment de um governo eleito democraticamente com um projeto político oposto ao que vem sendo implementado pelo atual governo golpista, a volta de projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional, que impõem a retirada de direitos dos trabalhadores por meio da terceirização em todos os setores, a reforma da 32

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Previdência, o desmonte dos bancos públicos, a PEC 55, que reduz o tamanho do Estado brasileiro com o congelamento por 20 anos dos investimentos nas áreas sociais, além do forte impacto nas áreas da Saúde e da Educação. Apesar desse cenário adverso, a Articulação Sindical conseguiu importantes avanços. A realização dos Encontros Regionais que, pioneiramente, mobilizaram todo o País com importantes debates, trouxe subsídios

teóricos e políticos para nossa corrente na perspectiva de melhora em sua organização. Nosso maior desafio será a continuidade dessa iniciativa, organizando uma agenda de debates e reflexões sobre dois elementos que pautarão a CUT em 2017 e terão impacto em nosso dia a dia. O primeiro deles é o enfrentamento de um “projeto” de Estado neoliberal comandado pelo governo Temer que vem desconstruindo os avanços do projeto progressista das Dezembro 2016

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coletivamente respostas para os problemas que enfrentaremos no próximo período.

Enfrentar o governo golpista e seus ataques aos trabalhadores será desafio de 2017

Nos Encontros Regionais da ArtSind, muito se falou da necessidade de a Articulação nos Estados se reunir com mais frequência e de maneira periódica, assim como da importância de atividades de formação específicas para a militância da Corrente. No entanto, a demanda por reuniões e atividades formativas deve partir das coordena-

ções estaduais, sendo que, para os que tiverem dificuldade em realizá-las, a Coordenação Nacional se colocará à disposição para contribuir, disponibilizando de maneira planejada o atendimento necessário por parte dos (as) dirigentes da Executiva Nacional da ArtSind. Outro desafio no campo organizativo será o de aumentar a participação das mulheres nas coordenações estaduais, algo muito cobrado nas atividades e que todos e todas concordaram na necessidade de cumprir e implementar essa decisão. Em relação à formação, a sistematização, em curso, dos debates realizados nos Encontros Regionais contribuirá para a construção junto aos Estados de atividades que, além de atender à demanda apresentada, contemplem tanto as realida-

Lula Marques/AGPT/24.10.2016

Roberto Parizotti/Agosto 2014

gestões Lula e Dilma e os ataques aos direitos dos trabalhadores. O segundo, e fundamental à CUT, é a realização da 15ª Plenária Nacional da CUT. Ambos dialogam e ocuparão parte substantiva da agenda dos dirigentes e da militância, pautarão as ações dos sindicatos, ramos e estaduais, exigindo mobilizações constantes. O grande desafio da ArtSind como corrente majoritária da CUT - 80% da direção -, em especial no ano em que completará três décadas de existência, será continuar dando a direção correta para as lutas que enfrentaremos em um cenário político cada vez mais complexo e adverso ao campo da esquerda e ao sindicalismo classista. E isso ao mesmo tempo que realizamos atividades formativas e organizativas, buscando construir

Luta diária contra proposta do governo que ameaça paralisar o Brasil por 20 anos

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Pouco mais de dois anos após a 4º CONARTSIND, Corrente já soma muitos avanços

des regionais como as diversas e ricas experiências existentes no campo da Corrente. A 15ª Plenária Nacional da CUT tem como estratégia mobilizar e provocar as discussões a partir das bases, cabendo às coordenações estaduais da Corrente organizar atividades prévias, que contemplem os aspectos organizativo e formativo, e preparem melhor delegados e delegadas para participar e intervir com mais qualidade nas assembleias de base, nas Plenárias Estaduais e dos Ramos, assim como na Plenária Nacional. Como a Plenária Nacional é o momento para atualização das resoluções frente à conjuntura, as atividades nos Estados devem garantir uma grande participação da base e proporcionar amplo debate e reflexão 34

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sobre temas que se tornaram emergentes ou que retornaram à pauta nacional (veja quadro na página ao lado).

Coordenação Nacional já trabalha para assegurar a continuidade das atividades regionais

Toda essa preparação de dirigentes e militantes deve ter como principal objetivo o diálogo com os trabalhadores e as trabalhadoras na base, principalmente nos locais de trabalho, divulgando os efeitos perversos da política do governo golpista e seus aliados, no nível dos esta-

dos, e ajudando a conectá-la aos efeitos degradantes na qualidade de vida da classe trabalhadora, apontando os deputados e deputadas federais que estão votando a favor das mudanças negativas e contra a pauta da classe trabalhadora. É preciso construir uma “Rede de Ruído”; repetindo, diariamente, em linguagem simples, mostrando aos trabalhadores e trabalhadoras de renda média e baixa como as políticas locais e regionais são impactadas pelas tomadas de decisão em Brasília e em que dimensão estão arruinando a vida destes eleitores. Pesquisas recentes demonstram que, apesar da expressiva vitória do voto conservador de direita, grande parte da população se mostrou impactada, no momento do voto, pelo Dezembro 2016

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Rumo à Plenária Nacional da CUT Temas e questões que a base nos Estados deve debater ante a principal agenda cutista de 2017 Com a limitação de investimentos do governo golpista, há defesas de que a Central deve disputar o orçamento e defender a manutenção das Políticas Sociais, forçando o Palácio do Planalto a dizer onde e como vai cortar gastos. Será este o caminho? Qual o tamanho da crise social que o corte das políticas sociais causará à classe trabalhadora? Qual modelo de reforma trabalhista é pretendido pela direita? Qual será o caminho? Congresso ou STF? Será preciso entender melhor esse rito praticado pela direita, no qual Executivo, Legislativo e Judiciário mostram muito em comum contra a luta da ArtSind e da CUT em defesa dos direitos da classe trabalhadora. O governo golpista está colocando em prática um realinhamento da política internacional do Brasil. Qual será o impacto para a classe trabalhadora? Como a Central deve se organizar para o enfrentamento? É preciso debater as potencialidades e os limites de modelo de Organização Sindical cutista e definir as formas de financiamento. Fonte: Secretaria Geral Nacional da CUT

Lidyane Ponciano

ambiente negativo, que incentivou a alienação eleitoral. No segundo turno houve uso de ataques pessoais entre candidatos e uma rejeição generalizada à política, aguçada pela crise nacional que culminou com o impeachment de Dilma e a cassação do deputado peemedebista e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. As pesquisas também demonstram que a população, em geral, ainda busca um modelo de estado no qual volte a acreditar, como ocorreu em 2002, com a eleição de Lula, que possa atender suas permanentes e novas demandas e necessidades, estando aí um grande espaço para a atuação política dos sindicatos CUTistas. O desafio é grande, porém 2016 mostrou que é possível fazer um bom trabalho e terminar mais fortes o ano de 2017, que marca os 30 Anos da Articulação Sindical. •

Militância foi às ruas de todo o país protestar contra os ataques aos direitos dos trabalhadores

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O golpe veio pelos nossos acertos, nĂŁo pelos nossos erros

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Vanilda Oliveira grar a para a história do Brasil por inte rou ent s ano 21 aos que , ista Este jornal ois da , não imaginava que 31 anos dep itar mil ra adu dit a tra con ada ação mais ous ta vez, a vez asfixiado por um golpe. Des um is ma ia ser s Paí o a, aci ocr retomada da dem s foi um massacre, agora, as pessoa s, rtin Ma in nkl Fra diz 4, 196 Em porém, é diferente. estão mobilizadas. derosos jornais ens pelas redações dos mais po Com longas e respeitadas passag da Secretaria de lusive a Rede Globo, o ministro inc s, iro sile bra TV de s ora iss e em tra qualquer faz questão de reiterar que é con a Lul o ern gov do ial Soc o açã Comunic unicação , a regulação dos meios de com sim e, end def Ele ia. míd à a sur tipo de cen 0, à então regue, em 30 de dezembro de 201 ent foi in nkl Fra de ta pos pro (a eletrônicos mas não futuro ministro Paulo Bernardo, ão ent ao e eff uss Ro ma Dil ita presidenta ele foi levada à frente). dical, edição ontro Regional da Articulação Sin Franklin Martins participou do Enc Santo, estado onde no município de Serra, Espírito Sudeste, realizado em novembro mento enfrentado reconhecer a gravidade do mo de r esa Ap s. ano 68 há , ceu nas ta. Admite que conser vadoras, ele se diz otimis ças for das ção osi imp r po s Paí pelo mas garante: “O progressistas cometeram erros, os ern gov os e PT o da, uer a esq s”. os, mas sim pelos nossos acerto golpe não veio pelos nossos err

Golpe ontem e hoje Pensava que após 31 anos, todas as forças conservadoras entendessem como foi terrível a noite da ditadura militar (1964 a 1985). Achava que eles (a elite, a direita) podiam ser conservadores, mas hoje em dia teriam apreço à democracia. O que eles mostraram com esse episódio é que não têm, que agem em função de interesses imediatos. Esse episódio (do golpe) mostra que não existe uma elite no Brasil, no sentido de ter valores. Temos aqui um poviRevista ARTSIND

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nho dinheirista, conservador, que só pensa nos seus interesses pessoais. Para essa elite, o povo brasileiro não cabe no Brasil. Golpe contra a democracia brasileira, o impeachment da presidenta Dilma Rousseff não são consequência dos nossos erros. O golpe veio por causa dos nossos acertos, dos acertos do projeto progressista de governo.

A direita vira-lata A direita acha que o pobre é pobre porque merece ser. E a esquerda diz que o pobre

é pobre porque ele não teve oportunidade para disputar lugar na sociedade. A direita sempre governou o Brasil com o discurso de que até gostaria que tivesse escolas, saúde, emprego para todo mundo, mas não dá para ter emprego, escola, saúde, segurança, transporte para todos. A elite sempre disse aos pobres, que são dois terços da população do País: “Virem a lata para sobreviver”. Para a direita, o povo é um estorvo, um peso, uma carga. Dezembro 2016

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O que esses 12 anos de governo progressista mostraram é que o povo é um ativo, um patrimônio, uma riqueza do País e que, se ele for otimizado, faz o Brasil ser uma grande nação, de acordo com o seu tamanho, com a sua riqueza. Nesse período, desmontou-se essa “verdade da direita” de que o Brasil não é um país para todo mundo, um discurso que perdurou durante cinco séculos. O Brasil só será grande e forte se tratar o seu povo como o seu dono, o seu patrimônio e não como seu invasor.

Opressão naturalizada O governo progressista começou a desmontar a naturalização da opressão. Um negro se revolta contra o preconceito, a mulher, contra o machismo, o desempregado, contra a falta de trabalho se eles não aceitarem que aquilo é natural. E isso foi feito: eles apresentavam como natural o desemprego, a exclusão. O mesmo se tenta fazer agora com os resultados do Bolsa Família (vista pela elite como esmola), com a Lei de Cotas (vão tirar vagas dos meus filhos pra dar pra negro?), o Luz para Todos, a valorização da Região Nordeste, o ProUni (pra que vai estudar, se não tem nem empregos?), o Mais Médicos (estão enlouquecendo, trazer médico cubano?). O 38

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Pré-Sal (ir lá no fundo pra explorar petróleo). A opressão só existe, só é aceita quando ela é vista como natural e isso foi desmontado em 12 anos. O brasileiro começou a ver que não era natural viver como vivia, que podia viver melhor, essa naturalização foi desconstruída. Contra tudo o que foi feito por Lula e Dilma, eles brigaram no Parlamento, na sociedade, na Justiça. Em tudo a elite foi derrotada. Chegou a eleição de 2014 e a elite não tinha como criticar o projeto progressista.

Mudanças aprovadas A sociedade brasileira teve um período de experiência, durante o qual viu que era possível mudar, ter uma vida melhor. Não existe nada mais importante na política do que a experiência de milhões de pessoas. Liderança, dirigentes são importantes para dar rumo, mas a experiência das pessoas é essencial. O povo experimentou a mudança, viu que é possível mudar. Essas experiências estão aí e temos que fazer com que elas brotem, vão para frente. Esse não é um golpe igual ao de 1964, quando o golpe ocorreu contra as expectativas de mudanças. Não havia reforma agrária, reforma universitária em curso naquela época. O golpe de 1964 veio para abortar um processo, para evitar que expectativas se tornassem reali-

dade. Esse golpe de agora agride a experiência das pessoas que viram que era possível mudar, mudaram e gostaram da mudança.

Golpista engole golpista A elite, as forças conservadoras, os golpistas têm uma liderança, têm um projeto claro?.Têm um nome: Moro, FHC, Aécio? Não. À medida que a situação vai avançando, eles vão batendo cabeça entre eles. (Eduardo) Cunha (presidente cassado da Câmara dos Deputados) era adorado, depois foi jogado fora. Muita gente que votou no impeachment está sendo jogada fora. Eles têm sim uma conjunção de fatores: grupos empresariais, instituições, o Judiciário, a mídia, a Rede Globo.

Reprodução

Governo progressista

Cartaz do filme sobre troca do embaixador dos EUA por presos políticos

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Temer, quem? Michel Temer não significa nada, não tem liderança nenhuma, ele é o cara da ocasião. Creio que o plano deles é ficar com o Temer o máximo de tempo porque tirá-lo desestabilizaria o grupo. Eles estão ancorados numa coisa forte e fraca ao mesmo tempo: o discurso anticorrupção, só que de uma forma ou de outra participaram de um esquema político que presta serviços um ao outo, que tem propina, roubo.

‘Projeto’ da direita O projeto deles é tirar os direitos das pessoas, investir contra a Previdência Social, tirar recursos da Educação, da Saúde. E entre eles tem gente que não acha que deve ser dessa forma, mas não fala nada porque está com medo de ser preso. Aquilo ali (o governo golpista) é um mingau. O impressionante é que esse mingau ganhou da gente e a gente tem que perguntar por que fomos derrotados por esse mingau.

Reação O golpe aconteceu por causa dos nossos acertos não dos nossos erros, mas temos de falar sobre a facilidade com que fomos derrotados e a incapacidade de reação. É preciso perguntar: onde não podemos mais errar? Em um longo período, principalRevista ARTSIND

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mente a partir de 2010, nos abstivemos de travar a luta política. O que aconteceu e está acontecendo não é um problema de comunicação, é um problema de política.

Agenda desidratada A agenda dos mal feitos predominou sobre a agenda social. O Brasil chegou a 4,8 %, a menor taxa de desemprego da história do País. E a agenda do governo federal, em vez de ser pleno emprego, era responder às acusações de mal feitos. Isso não é problema de comunicação. Política é disputa, não é a “verdade vai prevalecer” A agenda do mal feito foi predominando, se naturalizando e a agenda do progresso, da inclusão social foi sendo desidratada. Na época da eleição 2014, essa agenda que havia sido desidratada voltou a ser hidratada, mas depois que Dilma foi reeleita

voltou a ser desidratada, não sei por quê.

Eleições 2016 Quando as pessoas acham que o voto não vale mais nada, não votam. Nas eleições dos Estados Unidos, Hillary Clinton teve 6 milhões de votos a menos que o vencedor Donald Trump porque uma parte do eleitorado de Obama acha que seu voto não vale mais nada.

E os erros Os erros existiram: não foi feita a disputa política, não defendemos com rigor a necessidade da reforma política, que é vital. Eles já fizeram duas vezes a tentativa de instituir o parlamentarismo. Progressivamente fomos tendo Congressos não políticos com 22, 23 partidos. E a elite percebeu isso. Acho Dezembro 2016

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porque nos obrigam a ouvir todo dia a mesma história. Todo país sério do mundo tem regulação dos meios de comunicação, os EUA, Uruguai, Chile, Argentina, França, Suécia, e nós não enfrentamos essa discussão.

Movimentos sociais

que o campo progressista se acomodou e aceitou conviver com isso.

Regulação, comunicação Outro ponto importante é a questão da regulação dos meios de comunicação. Não sou a favor da regulação da mídia de modo geral, mas sim dos meios. Rádio e televisão são concessões do Estado. Por que eu vou dar para este e não para aquele? Tem que ter regras, obrigações do concessionado, como ocorre com o fornecimento de água, luz. Regular pra ver se a concessão está prestando um serviço público. No Brasil, se acha que Globo, Bandeirantes são donas daquilo. São donas do prédio, não da concessão. O que houve foi a tal da naturalização. Há uma concentração de mídia absurda no Brasil e quando os grandes grupos sentaram e resolveram jogar juntos passamos a ser censurados diariamente 40

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Está havendo uma naturalização da violência contra os movimentos sociais. Isso quer dizer que vamos ter que disputar. Hoje estamos travando uma luta de mera resistência – “Fora, Temer”. Temos de ter uma frente, um discurso, um projeto político. É preciso reagir e resistir a cada ataque de destruição do direito democrático, reagir à tentativa intolerável de criminalizar o Lula, reagir a cada uma dessas agressões e não reagir apenas como uma coisa segmentada. É difícil, nosso lado sofreu uma derrota. Mas estou sentindo uma mudançazinha, que vem com o fato de as pessoas estarem enxergando que “esse cara não gosta de pobre”.

Crise econômica O Brasil está vivendo uma recessão e não vai melhorar. O empresário não está investindo porque não vê a possibilidade de melhora. Os partidos, as grandes lideranças precisam debater isso, apresentar um programa para sair dessa situação. O problema do Brasil não é o custo do trabalho

nem o investimento social. Mas sim os gastos com os juros. Temos que arrumar a casa indo pra cima dos banqueiros, dos rentistas. É preciso travar essa discussão. O problema do Brasil chamasse juros. 14% é uma maluquice, roubo descarado, transferência descarada de dinheiro para um setor. A sociedade brasileira está traumatizada pela inflação. É necessário ter um programa que vá além da denúncia do golpe, que defenda o Pré-Sal, as cadeias produtivas, de uma política externa altiva e ativa. Mostrar que o discurso deles de que gastamos muito está errado. Precisamos de dados, liderança, mas é preciso debater a construção de um programa que combata esse programa medíocre que eles montaram e que não está tendo contraposição

Perspectivas boas Sou um otimista, se tivermos liderança, programa e projeto político. É preciso aumentar a energia. Sou otimista porque vim de uma geração que viveu uma ditadura de 21 anos que parecia eterna. Houve uma época em que a gente lutava para que o dia de amanhã fosse melhorzinho que o dia de ontem, substituir os que estavam mortos, presos, no exílio, lutar para a bicicleta não cair. Temos de fazer a disputa, debater as coisas em que pisamos na bola, que erramos. • Dezembro 2016

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De guerrilheiro urbano a ministro de Lula já era estagiário no jornal “Última Hora”. Cursou a Faculdade de Ciências Econômicas da UFRJ, foi vice-presidente da União Metropolitana dos Estudantes. Preso no Congresso da UNE, em Ibiúna, foi companheiro de cela de José Dirceu, então presidente da UEE. Dois dias antes da edição do AI-5, foi libertado por habeas corpus concedido pelo STF e passou à clandestinidade. Após o sequestro do embaixador, perseguido, foi para Cuba, lá fez treinamento de guerrilha rural. De Cuba, para o Chile, onde nasceu seu filho. Voltou ao Brasil no início de 1973, mas no ano seguinte teve de exilar-se na França onde ficou quase três anos e diplomou-se na Universidade de Paris. Voltou em 1977. Anistia-

do, trabalhou no jornal "Hora do Povo" até 1982, quando se desligou do MR-8. Foi candidato a deputado, não se elegeu. Em 1985, foi contratado como redator de "O Globo" e, em seguida, do "Jornal do Brasil". Trabalhou no SBT e no jornal "O Estado de S.Paulo". Foi correspondente do "JB" em Londres e depois voltou ao "O Globo", onde durante mais de oito anos foi comentarista político da TV Globo, da Globonews e da CBN. Convidado por Lula, assumiu a Secretaria de Comunicação Social (2007-2010), ao fim do mandato se tornou conselheiro-fundador do Instituto Lula e referência política.

Fernando Campos/Sindicato dos Metalúrgicos do ES

Militante de esquerda, sobrevivente da guerrilha urbana contra a ditadura, preso, clandestino, exilado, anistiado. Franklin Martins viveu tudo isso e emergiu dos “Anos de Chumbo” para se tornar um dos jornalistas mais respeitados do País até chegar ao Ministério do governo Lula. Uma trajetória que fez seu nome entrar muito cedo para a história do Brasil. Aos 21 anos de idade, Franklin fez parte de uma das ações mais espetaculares contra a ditadura militar: o sequestro do então embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, em setembro de 1969, que garantiu a liberdade de 15 presos políticos, entre eles o ex-ministro José Dirceu. Nascido em Vitória (ES), em 1948, aos 15 anos Franklin

Franklin analisou a conjuntura nacional no 1º dia do Encontro Regional Sudeste

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Primeiro Encontro

Tadeu Porto, diretor do Sindipetro-NF, participou pela primeira vez de atividade da ArtSind, no Encontro Sudeste

"É o consenso progressivo, filho", assim descobri a Articulação Sindical Dirigente petroleiro de 30 anos conta como foi a sua descoberta do papel "revolucionário" e hoje de "vanguarda" da ArtSind Tadeu Porto* Num dos primeiros textos que escrevi para o“O Cafezinho”, blog no qual tenho o prazer de integrar o quadro de colunistas, assumi a incumbência de detalhar ao Brasil os acontecimentos da greve de 2015, uma luta que petroleiros e petroleiras travaram contra toda a classe entreguista brasileira pela preservação da maior empresa nacional. Muita responsabilidade, não é? 42

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Afinal, o que um petroleiro de 29 anos de idade consegue escrever sobre um movimento paredista que tinha tudo para repetir a greve de 1995, a maior da história da categoria, que barrou a entrega do nosso petróleo enfrentando, inclusive, a presença do Exército nas bases. Não há bagagem pessoal que comporte tal conhecimento. Como filho de professor universitário com uma técnica de enfermagem do SUS, eu tinha

uma pequena experiência prática de como o arrocho salarial e a degradação do trabalhador e da trabalhadora afetam, diretamente, o bem-estar de uma família. Não viver a época de bonança dos governos Lula - nos quais pobres ousaram sonhar em dividir espaços e serviços com ricos, despertando um ódio de classe surreal - me deu subsídios para saber me indignar de verdade com a injustiça social que assola nosso País. Dezembro 2016

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Elisângela Martins/11.11.2016

Mas só a indignação não é suficiente para entender e descrever - e muito menos conduzir - uma greve real e de grandes proporções. Foi então que encontrei, na grandeza do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, a ancoragem para me expressar: nos debates que tínhamos todos os dias com os petroleiros e petroleiras grevistas, nos piquetes diários que realizamos e nas assembleias para dar poder democrático à base. Muito debate, paciência para ser atacado e argumentar, endurecer sem perder a ternura são características que não se aprende de uma hora para outra e, de repente, vi que estava engatinhando naquelas práticas que, certamente, foram cruciais para um movimento vitorioso. Um pouco curioso para tentar entender o porquê tinha a sensação de que estava lutando ao lado de vários Lulas - guardadas, obviamente, as devidas proporções - indaguei aos meus companheiros de onde saía tamanha habilidade em se produzir um debate e encontrei a resposta:“É o consenso progressivo, filho”. Descobri, assim, a Articulação Sindical Da prática de conhecer de perto a força incrível de uma corrente dentro do sindicalismo CUTista, até a teoria em ler e estudar sobre a Articulação (nesse mundo digital seria impossível limitar minha curiosidade à práRevista ARTSIND

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xis) cheguei até o encerramento do primeiro ciclo de Encontros Regionais da Articulação Sindical, no Espírito Santo, recebendo todo o Sudeste, com as expectativas em alta - e um pouquinho de frio na barriga, não dá para esconder - para ter a oportunidade de debater os rumos do sindicalismo nacional nessa conjuntura tão complicada.

Corrente é referência para que jovens possam assumir a responsabilidade de remodelar a esquerda

E o resultado não poderia ser mais satisfatório. As mesas proporcionaram diálogos de altíssimo nível, tanto de atores que conhecem bem a estrutura política do País, como Franklin Martins, quanto uma discussão altamente qualitativa com base em diversos números mostrados aos participantes pelo professor Chico Meira, diretor e fundador do Instituto de Pesquisas Vox Populi. Não obstante a habilidade inquestionável dos palestrantes convidados tivemos, também, intervenções internas que contribuíram de maneira extraordinária para o debate e,

consequentemente, na conversão de ideias em prol de ações que possam efetivamente nos fortalecer perante o golpe e os ataques da direita. Me marcou muito, por exemplo, a fala de um companheiro que se classificou como evangélico de esquerda e destacou a necessidade da nossa tolerância sair dos limites do sindicalismo e invadir todas as nossas ações do cotidiano, na melhor definição aplicável de “política de faz todo dia”. Saí do encontro da ArtSind Sudeste com a convicção (e com algumas provas) de que não há outra maneira de vencer uma conjuntura tão adversa como a que vivemos hoje sem a experiência que vivemos nos dois dias de intensos trabalhos na cidade de Serra, no Espírito Santo. Assim, enxergo que a Articulação Sindical deu mais um passo adiante para continuar construindo sua longa história de lutas e conquistas que revolucionou o sindicalismo na década de 1980 e, agora, é vanguarda para que jovens possam assumir essa responsabilidade de remodelar e qualificar a esquerda nacional. Até a vitória, sempre! • ____________________________________ *Tadeu Porto tem 30 anos, é engenheiro, diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense e colunista do blog "O Cafezinho"

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Na luta

2016: um ano para não ser esquecido Resistir, organizar e vencer os golpistas são os desafios da Articulação Sindical e da CUT para 2017 Vagner Freitas*

A CUT está de parabéns! Trabalhou muito, fez muitas mobilizações, enfrentou os patrões e os governos, organizou os sindicatos, as estaduais e os ramos. Trabalhou com os movimentos sociais, os partidos de esquerda, os parlamentares em todos os níveis e participou também das atividades sindicais internacionais. O papel da Articulação Sindical foi fundamental. Como a maior corrente política da CUT, garantiu a unidade com

as demais forças políticas para o enfrentamento das lutas em defesa da classe trabalhadora. Nas negociações salariais, conseguiu preservar o poder de compra dos salários da maioria da categorias dos sindicatos filiados. Nas eleições sindicais, ganhou novos sindicatos e preservou a ampla maioria dos seus filiados. Pela primeira vez nos últimos anos, realizamos Encontros Regionais em todo o Brasil, com o objetivo de ouvir as bases e as lideranças sindicais locais, trocar

e levar nossas experiências nacionais e internacionais. Em todos esses Encontros Regionais, houve ampla participação de dirigentes, muita solidariedade e aprendizado. Tudo isso foi e é importante, mas não foi suficiente para impedir o golpe do impeachment que derrubou o governo da presidenta Dilma Rousseff, legitimamente eleita por mais de 54 milhões de votos. E o golpe do impeachment aconteceu. Roberto Parizotti

Vagner Freitas: Precisamos intensificar nosso trabalho de formação, organização e resistência

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Não satisfeitos em derrubar o governo democrático de Dilma, os golpistas imediatamente começaram a implementar uma política econômica tremendamente recessiva, que aumentou o desemprego, arrochou os salários, privatizou as empresas, e ameaça os bancos públicos, com demissões e fechamentos de agências do Banco do Brasil e da Caixa Federal, reduziu os investimentos públicos, principalmente na área social, cortando programas sociais como Minha Casa, Minha Vida e enfraquecendo o Bolsa Família. Tendo ampla maioria na Câmara dos Deputados e no Senado, aprovaram PECs (Propostas de Emenda à Constituição) enrijecendo os orçamentos, restringindo despesas com Saúde e Educação. Os golpistas, sempre liderados pelo PSDB, prepararam os projetos de reforma da Previdência e reforma trabalhista. E, com o apoio do Poder Judiciário, querem alterar a legislação sobre a terceirização e o negociado sobre o legislado. O Brasil vive hoje sob uma ditadura civil. A estrutura do Estado Social foi profundamente alterada para transformar o Brasil em um país neoliberal, privatista, que entrega às multinacionais nossas riquezas naturais. Um país que retrocede, deixa para trás o orgulho recente que tínhamos de ser a Nação que mais combateu a fome e a miséria. O cenário hoje é de fragilização dos partidos políticos, inclusive os conservadores, de ataque Revista ARTSIND

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CUT esteve sempre à frente das ações dos trabalhadores

aos direitos da classe trabalhadora e tudo o que os governos de Lula e Dilma representaram. O Judiciário e a imprensa golpista perseguem Lula, Dilma e os movimentos sindical e sociais progressistas e combativos. A agressividade, a mentira e a manipulação passaram a ser rotina na mídia nacional, que perdeu o pudor e tornou-se hostil com tudo o que diz respeito aos interesses da classe trabalhadora. Nem na ditadura militar a imprensa foi tão hostil.

Majoritária na CUT, a Articulação Sindical tem grande responsabilidade na luta

Fizemos manifestações contra o golpe e contra o retrocesso neoliberal em todo o Brasil e também internacionalmente. Fizemos grandes campanhas em

defesa da democracia, de Lula e da classe trabalhadora. Mesmo assim, o golpe aconteceu. Mesmo assim, o retrocesso tomou conta do Brasil. Passamos a viver sob a ameaça de prisões sem provas e sem julgamento, passamos a enfrentar a repressão policial nas ruas, principalmente contra os estudantes e os jovens. Ajudamos a construir a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, duas organizações sociais nacionais que unificaram todos os movimentos em defesa das conquistas sociais e trabalhistas. Como reflexo do golpe do impeachment, da ação violenta da imprensa e da Operação Lava Jato, a esquerda sofreu uma grande derrota nas eleições municipais de 2016. Com isso, a direita se sentiu respaldada pelo povo para continuar sua política de destruição do projeto “Brasil para todos” e para implementar o neoliberalismo no Brasil, combinado com o Estado Mínimo, como Dezembro 2016

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forma de impedir a reorganização da classe trabalhadora. No cenário internacional, tivemos também grandes avanços. Vários sindicalistas brasileiros e da CUT passaram a exercer cargos relevantes na estrutura sindical internacional. Tivemos a eleição de João Felício, como presidente da CSI, a eleição de Valter Sanches como secretário-geral da IndustriALL, a eleição de Rita Berlofa à presidência da UNI Finanças mundial, entre tantos outros casos positivos. Apesar da crise mundial, continuamos nossa política de solidariedade internacional, apoiando vários países e movimentos. Continuamos a participar de todos os congressos e conferências internacionais. Afinal, a crise é global. Tanto a crise econômica, como a política e social. Um outro mundo precisa ser construído, um outro mundo é possível e precisa ser construído. O modelo capitalista globalizado, combinado com o sistema de organização e representação dos Estados, está exaurido, já não representa a vontade da maioria da população. A classe trabalhadora também precisa ter um novo projeto de sociedade. Lula conseguiu transformar o Brasil em um país de combate à pobreza, de inclusão social, de crescimento econômico e de forte presença internacional. É esse projeto de sociedade que precisamos defender. É preciso continuar junto aos trabalhadores e trabalhadoras,ouvindo suas necessidades, e transformando 46

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Estamos ao lado e na defesa do ex-presidente Lula contra o ataque da direita

as demandas individuais em demandas coletivas, organizando, mobilizando, atuando na defesa dos direitos conquistados. Sozinhos somos fracos. Juntos somos fortes. Juntos somos CUT. Neste final de 2016, estamos passando por grandes ataques, a Petrobras está sendo destruída, vendida em pedaços a preço de banana, as mulheres e os movimentos sociais estão sendo agredidos com leis que são retrocessos. O ano de 2017 também será difícil. Precisamos intensificar nosso trabalho de formação, organização e resistência. Precisamos ser fortes e solidários. Em 2017, também teremos novos desafios. Além das lutas de resistência ao retrocesso do Legislativo, do Judiciário e do governo golpista de Temer, teremos o aumento do ajuste fiscal nos governos estaduais e até nos governos municipais. Estados como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul

já estão cortando salários e políticas públicas de proteção aos mais pobres. A tendência é crescer o quadro de desemprego e recessão durante todo o ano de 2017. O governo Temer, articulado com o Legislativo e o Judiciário, tende a intensificar o ataque contra a organização da classe trabalhadora. Mesmo as universidades federais serão perseguidas e obrigadas a se enquadrar nos modelos recessivos e de privatização do ensino e da Educação. Em 2017, teremos também o processo de construção da Plenária Nacional da CUT, onde teremos a oportunidade de visitar e organizar os trabalhadores e as trabalhadoras em todos os Estados brasileiros, em todos os ramos e em todos os municípios. Em 2017, estaremos comemorando o centenário da primeira greve geral da história do Brasil. A greve geral de 1917 começou exatamente na rua Caetano Pinto, onde hoje funciona a sede nacional da CUT. Naquela data, Dezembro 2016

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mento sendo derrotados pelos golpistas, resistiremos fazendo manifestações, denunciando as mentiras e manipulações da imprensa e do Judiciário. Resistiremos mostrando aos trabalhadores e trabalhadoras que a reforma da Previdência, por exemplo, prejudicará a todos, mas afetará com muito mais intensidade as mulheres, que serão obrigadas a trabalhar mais tempo e pagar mais para receber menos. A Articulação Sindical, como força majoritária na CUT, tem grande responsabilidade nessa luta de resistência, de organização e de vitória. Em todo o Brasil, em todos os ramos e em todos os Estados e municípios, os dirigentes sindicais, os militantes de base e os formadores devem ajudar a classe trabalhadora a tomar consciência do momento histórico e dos desafios pelos quais estamos passando. Devemos ir

em todos os sindicatos e locais de trabalho fazer o debate e o corpo-a-corpo. Vivemos um novo tempo. Um tempo de luta e de construção. A Articulação Sindical, fundamental na criação da CUT, na sua consolidação e crescimento, continuará sendo a vanguarda da resistência e das lutas da classe trabalhadora brasileira. Como membro da Articulação Sindical e presidente nacional da CUT, quero conclamar a todos os companheiros e companheiras a estarmos unidos nesse processo histórico de resistência e de lutas. Viva a Classe Trabalhadora! Viva a Central Única dos Trabalhadores! Viva a Articulação Sindical!• ____________________________________ *Vagner Freitas é presidente nacional da CUT

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começou a ganhar força a organização nacional da classe trabalhadora brasileira,o que levou anos até a fundação da primeira central sindical do Brasil, depois do golpe militar de 1964. A CUT nasceu das lutas contra a ditadura e em defesa das liberdades democráticas. A CUT nasceu da capacidade de resistência da classe trabalhadora brasileira. Resistir, organizar e vencer os golpistas, esses são os nossos desafios para 2017. As assembleias locais, as plenárias estaduais e a plenária nacional formarão o processo histórico de unidade de ação da classe trabalhadora brasileira que, unida com o movimento da classe trabalhadora internacional, construirá as bases para derrotar o neoliberalismo, o imperialismo financeiro, como também derrotar os entreguistas e golpistas brasileiros. Resistiremos a todas as medidas contra a classe trabalhadora. Mesmo no primeiro mo-

Avenida Paulista, em SP, foi tomada pela militância cutista em diversos atos da Central ao longo de 2016

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Olhares

Imagens que percorrem cinco regiões, um País, para refletir o tamanho da ArtSind e da CUT Mais de 800 homens e mulheres, dirigentes e militantes, do Norte e do Sul, do Nordeste e Sudeste e também do Centro-Oeste.Todos movidos pela mesma luta; a defesa da classe trabalhadora

Dirigentes e representantes da ArtSind na mesa com presidentes das Estaduais da CUT Centro-Oeste

Casa cheia: Maceió, sediou o encontro regional com maior número de participantes

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De mãe pra filha: desde pequena na luta em defesa da classe trabalhadora, encontro em João Pessoa

Gerações: dirigentes da nacional, Sérgio e Edjane somam experiência e juventude no encontro de Maceio

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Presidentes das estaduais da CUT no Encontro Nordeste II, na Paraíba

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Dirigentes e representantes das Estaduais da CUT na Região Norte

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Militantes e dirigentes da ArtSind atentos ao debate no encontro do Sudeste

Claudir, Ana Julia e Regina: presidente e presidentas da CUT em seus Estados

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Mística na abertura do Encontro Regional Sul, na Escola Sul, em Florianópolis, Santa Catarina

Dirigentes das Estaduais da CUT na Região Sudeste, no Encontro no Espírito Santo

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Fidel Castro 1926

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"Os homens passam, os povos ficam; os homens passam, as ideias ficam. Os homens passam, mas o sentido de Justiça, de irmandade e de igualdade entre os seres humanos, o direito de defender seus valores, de defender suas esperanças, de defender suas alegrias, como dizem vocês, no nosso povo, não passarão jamais" Extraído de discurso feito em 20 de julho de 1996, no 2º Congresso dos Pioneiros, no Palácio das Convenções de Havana, em Cuba.

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