Escola Sec
undária d e
Avelar Bro tero :: nº5 A br i l de 20 11 .
Destaque
Arte e Ciência
Mosteiro de Santa Clara-a-Velha Actividades Visitas de Estudo CNO Brotero Abril de 2011 Jornal da Brotero 1
Editorial ::
“
Avaliação Externa da Avelar Brotero Os resultados desta avaliação externa só foram possíveis graças ao contributo das lideranças intermédias e à participação dos professores, alunos, funcionários e encarregados de educação.”
Índice :: Actividades 4 5 6
7 8
Projecto Escola Electrão Parlamento dos Jovens Masterclasses Tecla 2011 Rostos e Geografias Semana da Ed. Física Tecla 2011 Clube Carl sagan Projecto EcoModa
Cultura e Lazer 9
Poetry a La Weekend
Crónica 10
Uma chance
Opinião
13 14
Homenagem Família fora da Família Sê quem és... O Brio a Frio A=O
15
Online Gaming
11 12
Dep. De Línguas Arte e Ciência 16 19 20 21 22 23 24
Museu do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha Museu da Ciência Museu da Cidade Exploratório Arte e Ciência na Filosofia Como veio para Coimbra Charles Lepierre Museu Machado de Castro Museus Pedagógicos
25 27
… na Escola e na Comunidade Testemunhos
CNO Brotero
Visitas de Estudo 28 29
Visita a Paris Visita de estudo à Força Aérea Visita de estudo a Lisboa esecTV Hands On
Artes 30
O Corpo Humano
Mérito Académico 32
Quadro de Honra
Março de 2011 Aires Diniz (Coordenador) António Marques, Artur Costa , Hélia Marques, Isabel Sá e Pedro Falcão. jornaldabrotero@esab.pt Foto da capa: Manuela Freitas http://vivercomlight.blogspot.com/2010/04/coimbra-mosteiro-desanta-clara-velha.html
2 Jornal da Brotero Abril de 2011
O
actual sistema de avaliação das escolas, após uma fase-piloto iniciada em 2002, com a lei nº 31, de 20 de Dezembro, quando o modelo foi construído e aperfeiçoado, é da competência da Inspecção-Geral de Educação, consignada no Decreto Regulamentar nº 81-B/2007, de 31 de Julho. A nossa Escola entrou na última fase de um ciclo avaliativo (dias 10 e 11 de Janeiro de 2011) e foi a primeira vez que, como as outras escolas, foi avaliada de uma forma sistemática por uma entidade externa. Considera-se este procedimento de uma relevância importante, não só por valorizar e incutir uma cultura de avaliação, ainda incipiente no nosso sistema de ensino, mas, sobretudo, pelos reflexos que todo o processo, algo complexo, deve desencadear na capacidade de auto-regulação e melhoria da Escola. O relatório final é público (sítio da IGE) e deve servir, futuramente, para reflexão e debate de todas as estruturas de supervisão pedagógica, em que sejam analisados os pontos fortes e pontos fracos, bem como as oportunidades e constrangimentos que são específicos desta Escola. Para tal, é fundamental estar atento e saber perscrutar o pulsar da comunidade educativa. Na escala de avaliação, que se situa entre o insuficiente e o Muito Bom, foi atribuída a classificação de Bom a dois domínios: Resultados e Capacidade de Auto-regulação e Melhoria da Escola. Já os restantes domínios: Prestação de Serviços, Organização e Gestão Escolar e Liderança obtiveram a classificação máxima de Muito Bom. Estes resultados extremamente positivos e estimulantes para toda a comunidade educativa são fundamentados pelo próprio relatório: “Os documentos organizativos estão articulados entre si, estruturam a organização pedagógica e administrativa e, sustentados numa acção diagnóstica, definem o rumo da Escola.”
“Existe uma gestão cuidada dos recursos humanos, apoiada em critérios previamente definidos e nas competências dos profissionais…” “Foram delineadas áreas prioritárias e estratégias de intervenção, tendo em vista a solução dos problemas identificados…” “Os profissionais da Escola conhecem o seu campo de acção e demonstram motivação no exercício das suas funções.” “As lideranças intermédias actuam no domínio da articulação e supervisão do trabalho docente, sendo particularmente reconhecido o papel dos Assessores na harmonização dos procedimentos e na organização pedagógica da Escola.” “Saliente-se, também, o papel dos Directores de Turma, apoiados pelas respectivas coordenações, no acompanhamento dos alunos e envolvimento dos encarregados de educação no processo educativo dos seus educandos.” “Os professores trabalham de forma articulada na gestão dos programas e na definição dos materiais pedagógicos e instrumentos de avaliação.” “Os alunos evidenciam, por norma, bom comportamento. O ambiente educativo da Escola pauta-se pela tranquilidade e normalidade.” “O Director assume um papel interventivo na mobilização do pessoal docente e não docente, no funcionamento dos órgãos e estruturas e na articulação do trabalho entre eles.” Os resultados desta avaliação externa só foram possíveis graças ao contributo das lideranças intermédias e à participação dos professores, alunos, funcionários e encarregados de educação. O Director José Armando Saraiva
:: Breves
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ecorreu nos dias 10 e11 de Janeiro a avaliação externa da Escola, realizada por dois inspectores da Inspecção-Geral de Educação e uma docente da Escola Superior de Educação de Coimbra.
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a segunda semana do mês de Janeiro, no âmbito do “Programa de aprendizagem ao longo da vida – Acção Comenius – Parcerias Multilaterais (2010-2013) Rendons les élèves acteurs d`un monde plus equitable” foram recebidos os nossos parceiros da Eslováquia, Bélgica, França, e Espanha. Do programa de actividades constou um jantar multicultural realizado no refeitório da Escola com a participação dos encarregados de educação.
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a terceira semana do mês de Março foi a vez da escola da Eslováquia receber os docentes e alunos dos outros países. Este intercâmbio é dinamizado pelas docentes Cristina Sousa e Anabela Carvalho.
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a segunda semana do mês de Maio é a escola Belga a anfitriã dos outros parceiros do referido intercâmbio.
N
o dia 16 de Fevereiro, o Engº Jorge Bernardino, ex-membro do Conselho Geral da Escola e professor do ISEC, dirigiu uma acção para os Pais e Professores de Escola sobre a gestão do tempo - "Guia GPS-PP: Gestão Pessoal & Sucesso.”
J
ornal da Brotero foi notícia na publicação do Sindicato dos Professores da Região Centro, RCI de Março. O resultado do Nosso/Vosso trabalho foi motivo para um elogio que nos deixa bastante orgulhosos.
N
os dias 28 e 29 do mês de Março decorreu a avaliação externa do programa de modernização das escolas do ensino secundário (Parque Escolar) e foi realizada por uma equipa de investigação do CIES-IUL, ISCTE, Lisboa.
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oi enviado à Parque Escolar uma exposição sobre as condições ambientais no Bloco B “Excesso de poeiras e falta de ventilação”. A referida empresa referiu que vão ser tomadas as medidas necessárias.
N
o dia 30 de Abril realizou-se uma sessão solene para a entrega de diplomas aos adultos que terminaram o nível Básico ou Secundário no Centro Novas Oportunidades e teve a presença de várias individualidades, nomeadamente, do Presidente da ANQ. (in: RCI– Março de 2011)
Já vamos no nº5! Perdeste algum?
Visita a versão on-line em PDF. Podes consultá-los todos, imprimir ou descarregar em www.brotero.com (ou através do link directo: http://issuu.com/esab125)
Abril de 2011 Jornal da Brotero 3
Actividades :: O projecto Escola Electrão começa a ser uma tradição
Brotero recebeu a visita do Ponto Electrão Professores envolvidos querem dar continuidade a esta campanha
A
campanha de recolha de Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos (REEE) decorreu na nossa escola, pelo segundo ano consecutivo, entre os dias 11 de Fevereiro e 3 de Março. O Ponto Electrão visitou a nossa escola, no primeiro dia da campanha, e levou com ele, entre outros equipamentos, aspiradores, aquecedores, impressoras, computadores, torradeiras, resultado destas três semanas de recolha. O trabalho de preparação da campanha começou muito antes, com a afixação de cartazes e a divulgação no Jornal e no site da escola. No mês de Janeiro e Fevereiro, todas as turmas da escola foram alertadas, pelos respectivos Directores de Turma, para a importância da recolha destes tipos de resíduos. Aos alunos foi ainda entregue um caderno de actividades enviado pela Amb3E (Associação Portuguesa de Gestão de Resí-
duos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos), a entidade organizadora deste projecto. A acção Escola Electrão, já na sua 3ª edição, visa envolver professores, alunos, funcionários, pais e comunidade em geral, no esforço global da reciclagem e valorização dos REEE. Para além de uma componente didáctica e informativa, o projecto é complementado com uma vertente mais dinâmica e interventiva. Importa criar hábitos de encaminhamento deste tipo de resíduos através de adequadas acções de recolha nas escolas aderentes. Como reforço e incentivo estão previstos prémios em função do peso dos equipamentos acumulados. O volume de equipamentos recolhidos este ano ficou, no entanto, aquém das expectativas – 480 kg de resíduos (contra os 850 kg do ano passado), muito abaixo dos 1786 kg
recolhidos em média por cada escola participante até ao momento. Ainda assim, a Coordenadora do Projecto, Andreia Santos, em nome da sua equipa de trabalho, agradece a todos os que se envolveram neste projecto e salienta a importância de campanhas desta natureza para criar e fidelizar boas práticas, desejando, em simultâneo, que os hábitos de recolha correcta deste tipo de resíduos sejam enraizados no dia-a-dia de cada um. Estes e outros temas serão, ainda, debatidos na palestra que está prevista para o dia 29 de Abril, às 11:30, no auditório. Apesar de a campanha ter terminado por este ano, a escola lançou o desafio para que se continue a recolher este tipo de resíduos e prometeu iniciar já a campanha para o próximo ano lectivo.
As organizadoras do Projecto, Andreia Santos, Teresa Fonseca e Maria Filomena Silva
P
elo terceiro ano consecutivo, a Brotero está a participar no programa da iniciativa da Assembleia da República - “ Parlamento dos Jovens”-, subordinado, este ano, ao tema “Que futuro para a educação?” A fase preparatória decorreu durante o primeiro período, traduzida essencialmente na campanha de sensibilização e de divulgação do programa e do tema. Para este fim, assumiram especial importância, os cartazes elaborados por alunos do Curso de Artes e o debate dinamizado pela deputada Rita Rato do Partido Comunista Português, no dia 29 de Novembro do ano transacto. Em resultado da campanha promovida, concorreram duas listas de alunos, com vista à eleição dos quinze deputados da Sessão Escolar, tendo esta sido realizada no passado dia 25 de Janeiro. Nesta sessão, os deputados eleitos debateram as propostas apresentadas por cada uma das listas, tendo daí resultado a aprovação das três medidas que vão integrar o Projecto de Recomendação da Brotero à Sessão Distrital, a realizar este ano em Miranda do Corvo, no dia 22 de Março do corrente ano. Para representar a Brotero nesta sessão foram eleitos como deputados efectivos os alunos Fábio André Coutinho e José Pedro Gaspar e, como deputado suplente, o aluno Miguel Martins Duarte. A Sessão Distrital contará igualmente com a participação de outro elemento da nossa comunidade escolar, o aluno João Pedro Santos, na qualidade de Vice – Presidente da Mesa que irá presidir aos trabalhos. Em articulação com o programa “Parlamento dos Jovens” irá decorrer, no mesmo dia, o concurso “EUROESCOLA”, sendo o tema deste ano “ Educação na Europa – Uma oportunidade para todos?”. A nossa representação neste concurso estará a cargo dos alunos Luís Salazar e Pedro Paredes. Luís Felino
4 Jornal da Brotero Abril de 2011
:: Actividades
Masterclasses
–W+
e+Ve , W-
-
No dia 12 de Março, sete alunos da turma A do 11ºano, acompanhados pela professora Susana Bugalho participaram nas Masterclasses, actividade promovida pelo Departamento de Física da Universidade de Coimbra. A curiosidade era enorme, pois desde o início do estudo do átomo e das quatro interacções fundamentais da Natureza que os alunos mostram interesse no estudo da Física das partículas. Durante este dia, os alunos assistiram a duas palestras sobre este tema e à tarde fizeram cálculos computacionais de estudos efectuados no CERN. Os objectivos do exercício eram identificar electrões, muões e neutrinos no detector ATLAS; os tipos de eventos (“partículas produzidas numa colisão”)
e-Ve e W+
-
+
µ+Vµ,
-
W µ Vµ e qual a razão W /W e como extrair a estrutura do protão (número de quarks) a partir desta razão. Posteriormente tiveram oportunidade de estar em videoconferência com dois colaboradores do CERN, trocando opiniões sobre os dados obtidos e colocando questões sobre os trabalhos efectuados na referida empresa. De salientar que, simultaneamente, estavam alunos na Universidade de Braga e de Creta (Grécia) também a efectuar os mesmos estudos, tendo Coimbra obtido os melhores resultados.
No final do lanche todos foram para casa com a certeza de que foi um dia inesquecível e bastante gratificante.
Participação dos alunos da ESAB na Fase Final do TECLA 2011 No dia 16 de Março, 4.ª feira, os alunos, apurados na 1.ª Fase, deslocaram-se às instalações da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA) para participarem na Fase Final do “Torneio Estudantil de Computação multilinguagem de Aveiro (TECLA)”. Participaram 32 equipas, num total de 63 alunos pertencentes a 11 escolas de Aveiro, Cantanhede, Coimbra, Gondomar, Oliveira de Azeméis, Riba de Ave, S. João da Madeira, S. Pedro do Sul, Vila do Conde e Viseu. A prova, composta por 5 problemas, teve a duração de 2 horas e 30 minutos. No final, cada equipa foi classificada pelo número de problemas resolvidos e pelo tempo dispendido. As equipas da ESAB obtiveram as seguintes classificações: Alunos
Turma
Classificação
ESAB Anceis e Companhia
Miguel Duarte e Pedro Paredes
11.º 1B
1.º
ESAB Skillers
João Ramos e Mário Balça
11.º PSI1
2.º
ESAB ESAB Power
Marco Júlio e Rui Baptista
12.º PSI1
7.º
ESAB CScorpionS
David Silva e José Ferreira
11.º PSI2
11.º
ESAB Bejnharas
Carlos Costa e Diogo Bragança
12.º PSI1
19.º
ESAB Executa me
Diogo Bhovan
12.º PSI1
25.º
Equipa
As equipas classificadas nas três primeiras posições foram: Escola
Alunos
Os alunos da ESAB na sessão de entrega dos prémios.
Classificação
ESAB - Coimbra
Miguel Duarte e Pedro Paredes
1.º
ESAB - Coimbra
João Ramos e Mário Balça
2.º
ESGond - Gondomar
Pedro Cunha e Rui Silva
3.º
Os professores dinamizadores agradecem a todos os que possibilitaram esta participação. Os professores José Carlos Martins Pascoal Albuquerque Pedro Costa
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Actividades :: Dia Mundial do Direitos Humanos
Rostos e Geografias A Exposição “ Rostos e Geografias” a assinalaram o Dia Mundial do Direitos Humanos, 10 de Dezembro na Biblioteca e no átrio da escola da nossa escola, durante oito dias. Á Area Curricular de Filosofia e História em colaboração com o grupo docente de Necessidades Educativas Especiais levaram a cabo uma exposição subordinada à temática dos Direitos Humanos tendo em vista sensibilizar e dar a ver o muito que há a fazer neste domínio. Mostram-se rostos e imagens com valor documental e simultaneamente expressivo sobre homens, mulheres, crianças de diferentes raças e culturas, em alguns dos cenários mais difíceis de sobrevivência nas diferentes latitudes do planeta. De forma
6 Jornal da Brotero Abril de 2011
intuitiva e espontânea, a riqueza e qualidade destas imagens apelam à empatia, à presença do “outro” na sua alteridade, `a diversificação e riqueza do nosso imaginário social, em suma, à solidariedade. Alertou-se para os valores da diferença e a igualdade, onde os direitos do cidadão portador de deficiência estão incluídos. Num registo diferente, o recurso à linguagem da Banda Desenhada e do cartoon satírico esteve presente nesta exposição de modo a despertar a criatividade dos nossos alunos. Esperamos que tenham gostado. Assessora Área Curricular de Filosofia e História, Helena G. Gonçalves
:: Actividades Conferências promovidas pelo Clube Carl Sagan
Quando é que em Física se fala de uma onda?
N
o dia 13 de Janeiro, pelas 14:30 horas, realizou-se na nossa escola uma conferência promovida pelo Clube Carl Sagan, intitulada “Quando é que em Física se fala de uma onda?”, e proferida pela Prof.ª. Dr.ª Helena Caldeira, professora jubilada da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), destinada aos alunos do 11º ano dos Cursos CientíficoHumanísticos.
Na véspera, tinham-se feito todos os preparativos, nomeadamente a montagem do equipamento indispensável à realização da actividade. Surgiu, então, a primeira contrariedade: como o auditório não é fechado (não tem porta), o equipamento teve que ficar fechado (todo desmontado) numa sala contígua. No dia 13, de manhã, chegaram os materiais do Exploratório Infante D. Henrique,
que se destinavam a ilustrar experimentalmente a palestra. Quando chegámos ao auditório, a sala parecia uma estufa – as cortinas tinham caído de noite e estava um radioso dia de Sol!... O S. Pedro tinha-nos pregado uma partida, pois no dia anterior tinha estado a chover e o dia esteve nublado! Com tanta luminosidade, adivinhava-se uma visualização deficiente da que se pretendia projectar. A juntar a tudo isto, constatámos que a porta da frente do auditório não tinha chave, pelo que uma professora teve que “ficar de guarda” ao material que, entretanto havia sido montado. À hora marcada, começaram a chegar os alunos e os professores. Depressa se confirmaram as nossas piores previsões: não era possível ver nada projectado! A montagem da câmara de filmar, para ilustrar as actividades que serviam de suporte à intervenção da ilustre conferencista, não serviu para nada! Para além disso, as condições da sala eram muito pouco agradáveis: a temperatura extremamente elevada fazia com que parecesse que estávamos numa sauna. No entanto, alunos e professores resistiram estoicamente. Apesar de tudo, os alunos consideraram a conferência interessante, embora todo o trabalho de organização tenha sido ingló-
rio! Soube a muito pouco! Gostaríamos de registar que, pelo facto de o “Auditório” ser uma estrutura construída de raiz (aquando da remodelação da nossa escola), estávamos à espera de poder ter recebido de forma mais positiva a conferencista que, tão amavelmente, acedeu ao nosso convite. Esperamos, no entanto, que para a próxima, as coisas possam correr melhor. Prof.ª. Ivone Silva Amaro
As Ciências e a Arte
A
convite do Clube Carl Sagan, o Prof. Dr. Francisco Gil da FCTUC, proferiu, na quarta- feira, dia 2 de Março, pelas 10h 20 min, no auditório da nossa escola, uma conferência cujo título era, inicialmente, “Recuperação de Obras de Arte por Técnicas Físico-Químicas", mas que foi, posteriormente, alterado para “ As Ciências e a Arte”, destinada a alunos das Artes dos Cursos Científico – Humanísticos. Pensamos que os nossos alunos da área das
Artes não estão, normalmente, sensibilizados para importância da Física e da Química no seu processo de aprendizagem, uma vez que estas disciplinas não fazem parte do seu “leque” de opções. Um dos objectivos desta conferência passou por tentarmos fazer essa sensibilização, realçando o papel extremamente importante destas ciências, por exemplo na pintura, escultura e recuperação de
obras de arte em geral. Pensamos que esse objectivo foi completamente alcançado, dado que houve uma óptima participação, quer da parte dos professores quer da parte dos alunos.
Abril de 2011 Jornal da Brotero 7
Actividades :: Projecto EcoModa
OBRIGADA, SÓNIA PRATAS!
Sónia Pratas colabora com o Projecto EcoModa Brotero 2011
O
Projecto EcoModa congratula-se ter recebido a visita de uma estilista conimbricense. Estilista há mais de uma década, Sónia Pratas visitou-nos no passado dia 23 de Fevereiro, para falar dos seus projectos. Foi com enorme prazer que a Escola Secundária de Avelar Brotero a recebeu. Os alunos do Curso de Design de Moda e os que participam no concurso de Jovens Criadores, promovido por este Projecto - cujo desfile a favor da Promundo terá lugar no dia 30 de Abril, na Escola, pelas 21h -, tiveram a oportunidade de conhecer um pouco o seu trabalho, bem como o funcionamento do mundo da moda. Simpática e disponível a ouvir as questões que os alunos lhe colocaram, a estilista foi objectiva nas respostas, dando, desta forma, um testemunho actual das dificuldades que tem passado para se poder impor no mercado português.
Eis alguns momentos desse encontro:
Numa entrevista inicial…
…motivou os nossos estudantes com a sua simpatia e com a partilha da sua experiência profissional.
Quando a claridade perturba… Escola renovada, espaços enormes mas muito pouco funcional. Eis como pode ser caracterizada a Escola Secundária de Avelar Brotero. Na Era das telecomunicações, é impensável que na renovação de uma escola os espaços físicos não sejam apetrechados de forma pedagógica para que o visionamento seja uma realidade. Todos os dias nos deparamos com a dificuldade em projectar conteúdos programáticos na sala de aula. Se quisermos convidar alguém que tenha algo a projectar, o melhor é programar a sessão para a noite, pois nos espaços reservados para tal, e estamos a pensar na Biblioteca ou no Auditório, é impossível fazê-lo durante o dia, dado que a claridade perturba. 8 Jornal da Brotero Abril de 2011
De um lado para o outro, foi ao que tivemos de sujeitar a nossa convidada, no dia 23 de Fevereiro, no âmbito da actividade “Conversa com …”, integrada no Projecto EcoModa Brotero. Da Biblioteca para o Auditório, a Estilista Sónia Pratas viu--se em dificuldades para comentar alguns dos seus coordenados que ia projectando, pois o seu visionamento foi quase impossível, devido ao facto de não haver meios para impossibilitar a excessiva claridade. A solução encontrada foi ver directamente do computador, o que causou transtorno, uma vez que ainda eram muitos os alunos participantes. A estes é de louvar o excelente comportamento e o interesse que demonstraram face à sessão, não obstante os já mencionados
entraves. Reclamou-se, no momento, por via oral, junto da Parque escolar (e também da fiscalização) que nos informou que o relato da ocorrência deveria ser efectuado junto da respectiva Direcção da Escola. Afinal, a quem atribuir responsabilidades? As responsáveis pelo Projecto: Ana Amaral, Susana Alexandrino, Cristina Leal
:: Cultura e lazer
POETRY A LA WEEKEND O trabalho de tradução aqui apresentado insere-se num projecto da disciplina de Inglês, do 12º 2C, “Poetry a la Weekend”: a aula de 5ªfeira reserva um espaço para a leitura e, por vezes, para a tradução de poesia de expressão inglesa.
Tradução colectiva das alunas e dos alunos do 12º 2C e de Mª Helena Dias Loureiro
Mrs Icarus
Frau Freud
I’m not the first or the last to stand on a hillock, watching the man she married prove to the world he’s a total, utter, absolute, Grade A pillock.
Ladies, for argument’s sake, let us say that I’ve seen my fair share of ding-a-ling, member and jock, of todger and nudger and percy and cock, of tackle, of three-for-a-bob, of willy and winky; in fact, you could say, I’m as au fait with Hunt-the-Salami as Ms. M. Lewinsky – equally sick up to here with the beef bayonet, the pork sword, the saveloy, love-muscle, night-crawler, dong, the dick, prick, dipstick and wick, the rammer, the slammer, the rupert, the shlong. Don’t get me wrong, I’ve no axe to grind with the snake in the trousers, the wife’s best friend, the weapon, the python – I suppose what I mean is, ladies, dear ladies, the average penis – not pretty… the squint of its envious solitary eye…one’s feeling of pity…
A Senhora de Ícaro Não sou a primeira nem serei a última a estar numa colina, a ver o homem com quem casou a provar ao mundo que é um, completo, rotundo , absoluto, grandessíssimo imbecil.
Frau Freud
Mrs Darwin 7 April 1852 Went to the Zoo. I said to Him — Something about that Chimpanzee over there reminds me of you.
A Senhora de Darwin 7 de Abril de 1852 Fomos ao Jardim Zoológico. Disse-Lhe — Há qualquer coisa naquele chimpanzé ali que me faz lembrar de ti.
Minhas senhoras, em bom rigor, digamos que já tive a minha dose de mastro, membro e marsapo, de ponteiro e pirilau e pica e pau, de bordalo e badalo, de pirola e bitola; de facto, podeis dizer, que estou tão au fait com o trangolho como a Senhora Dona M. Lewinski – cheia até aqui com a banana, o besugo, a salsicha, malho, bregalho, flauta, gaita, pincel, basalto e martelo, pistão, lampreão, pantaleão, penduricalho. Não me interpretem mal, não sou pelo enxovalho do sardão, do sabordalhão, da tromba e do trombone – se assim falo minhas senhoras, minhas caras senhoras, é que o pénis comum – bonito não é … aquele olho pisco, invejoso e só … o nosso dó … in Carol Ann Duffy, The World's Wife, 1999
The World's Wife é uma colectânea de poemas da autoria de Carol Ann Duffy, publicada em 1999. Nestes poemas, a autora pega em personagens, mitos e histórias que, habitualmente, giram em torno de homens e vira-as do avesso, fazendo das, reais ou imaginárias, mulheres desses homens célebres (atrás de quem se espera que elas estejam...) o centro dos poemas. A colectânea é obra de leitura obrigatória em alguns currículos de Literatura Inglesa do (equivalente ao) 12ºAno, em Inglaterra e no País de Gales.
Carol Ann Duffy, nascida a 23 de Dezembro de 1955, é uma poeta e dramaturga Escocesa. É professora de Poesia Contemporânea na Universidade de Manchester e foi nomeada Poet Laureate da Grã-Bretanha, em Maio de 2009. É a primeira mulher a desempenhar este muito prestigiado cargo. A sua obra trata, sobretudo, de questões de opressão, género e violência, numa linguagem acessível que a tornou extremamente popular junto das escolas.
Abril de 2011 Jornal da Brotero 9
Crónica ::
Uma chance
H
á algum tempo (quanto, não me recordo), pressentindo um daqueles serões de preguiça e ócio, sentei-me, um pouco mole (e ligeiramente cansada de um dia extenuante), em frente ao computador, decidida a não fazer nenhum. Nadinha! Nada de nada! “Rien!” Acontece que, nestas situações, o primeiro impulso é fazer algo que não exija muito esforço (não um “nada” demasiado literal, nem um “algo” que, por muito bom que seja, nos obrigue a utilizar a massa cinzenta). E foi assim que, fazendo votos de que o trabalho acumulado desaparecesse, como que por magia, me encontrei a jogar computador. Saltando de plataforma em plataforma, coleccionando um tesouro só meu e derrotando os adversários presentes no meu caminho, recordava eu um jogo já tão velho quanto os meus quinze anos (penso eu). Na verdade, nem sei bem como me encontrei a jogar computador. Lembrando -me de que tinha desistido desta ideia há muito tempo, nem fazia sentido voltar aos velhos hábitos. No entanto, o jogo tomava de tal maneira uma faceta viciante que quase me colava em frente ao ecrã como uma cola “super três”. Sentia que, lenta e progressivamente, estava a ser voluntariamente encarcerada, numa prisão escolhida por mim. A única diferença é que eu tinha a chave para abrir o portão, mas sem a minha força de vontade para me ajudar, não conseguia lá chegar. E no meu mau humor inconsciente, de quem foi retirado da sua querida cela, pas10 Jornal da Brotero Abril de 2011
sava alguns dias encalhada (alguns não, porque apesar de tudo, algo em mim não queria ser subjugado). Esse “algo em mim”, um dia, sem aviso ou notificação prévios, tomando o volante da minha vida, puxa o travão de mão do carro que conduzo nesta “viagem”, colocando uma questão essencial mas por mim ignorada: “afinal, o que se passa? O que fazes aí parada? Já não és a mesma!”. Eu, em colóquio directo com a minha consciência, tentei acusar em primeiro lugar a adolescência que atravesso. Não a convenci. Ela conhecia-me demasiado bem para que eu lhe pudesse mentir. Procurei então um argumento mais profundo, algo que verdadeiramente me estivesse a perturbar. Quanto mais eu procurava “cookies” no meu computador cerebral mais eu encontrava razões para o meu mau humor e inércia perante os outros. Outros que precisavam de mim, enquanto eu só pensava no meu vício. No meu vício… Era isso! Poderia, por mero acaso, esta ser a razão do meu descontentamento? Talvez não fosse o jogo em si, mas o domínio que ele detinha sobre a minha vontade. Deixei-me levar de tal modo pelo meu ego preguiçoso que já não via o que era mais importante, o que me era essencial. Quanto tempo eu perdera dentro do “quadrado”? Quanto tempo precioso eu desperdicei? E mudando decididamente o sentido da reflexão, pergunto: porque é que o desperdicei? Não foi um mero acaso ou um furo no
pneu do meu automóvel da vida. Não. Depois deste, tendo de continuar a pé, enfrentando um novo incidente: tropecei numa pedra e caí no chão duro da verdade. Agora, no chão sentada, recordo o que anteriormente descobrira: nada é realmente aleatório ou casual. Tudo tem uma razão de ser, de existir, de acontecer. Mas então… porquê? Ignorando a questão, procurei recompor -me e retomar o caminho maravilhoso que tinha pela frente, recuperando o tempo perdido. No entanto, depois de me levantar, agora forte e corajosamente decidida a correr pelos trilhos belos da vida, olhei para trás. No meu caminho, onde tropeçara, pensava eu acidentalmente, jazia abandonada uma pedra bem redondinha. Era muito banal, fazendo lembrar uma pedra polida no areal, junto à zona de rebentamento das ondas incansáveis. Rodando a pedra, lembrei-me de tudo o que se passara antes da queda acidental. Um dia-a-dia muito normal, cansativo e monotonamente encarado por mim, que pensando no fim-desemana seguinte, já nem conseguia sequer alegrar o dia a uma pessoa amiga que encontrasse. Não percebia que ainda era sexta-feira. Na pedrita, encontrei, assim, uma leve mas belíssima inscrição. Era milenar e, curiosamente, bastante recente ao mesmo tempo. Dizia, como se a vida não fosse senão uma brincadeira: “Apanhei-te.” E sorrindo para as peripécias que a vida me leva a atravessar, no seu bom-humor sábio e ao mesmo tempo brincalhão, caminho por aquela estrada fora, agora, sem olhar para trás. Uma única vida. Quanto poderá durar ainda? Uma única vida. Poderemos dar-nos ao luxo de a desperdiçar? Uma única vida. Única. Somente uma, e uma só. Uma pedra, uma queda, uma partida, uma gargalhada e uma chance de novamente me levantar. Quantos erros para trás ficaram, até ao momento em que, decidida, recomecei a caminhar? Tantos quantos, a partir de hoje, vou procurar evitar. Inês Morgado, 10º 2A
Foto: Isabel Sá, Praia do Algarve
:: Opinião
Homenagem É
magnificamente aterrador o medo que hoje tenho de viver esta rotina sem graça e a consciência de que nada faço para a mudar. Medo de arriscar, comprometer-me, mover-me de obstáculos, armar-me em forte e lutar por tudo aquilo que tenho dentro da minha cabeça. Por mais que tente, não consigo. Talvez por não ter incentivo suficiente e por recorrer constantemente a decisões tomadas no passado para decidir o meu presente e comprometer o meu futuro. Futuro esse no qual, por enquanto, eu não quero pensar, porque o temo mais do que tudo neste momento. Um dia destes foi-me pedido que voltasse a abrir a minha caixinha das recordações de infância, e tive de navegar novamente através dela. Desta vez, o meu desafio era causar impacto, causar diferença no ouvido do ser humano e só o poderia fazer falando de ti. Tu, que foste o homem mais sábio que conheci até aos dias de hoje. E pretendo lembrar-te mais uma vez no meu coração para mostrar aos outros o homem que tu eras e que, certamente, aí em cima, continuas a ser. Este homem és tu, avô. Foste o único homem à face da terra que me afagou as lágrimas e fez de mim a pessoa que sou hoje. A minha avó diz que de ti herdei o sorriso e a personalidade, daí seres um grande homem. O teu sorriso contagiou centenas de espectadores que da tua vida fizeram parte, aplaudindo-te sempre que tu te erguias e mostravas o teu verdadeiro ser. De ti nasceu uma grande família, forte e determinada, sonhadora e cheia de ambições. Por mais obstáculos que tu enfrentasses, nunca desistias. Admiro fundamentalmente a tua força, pois é coisa que me falta nos dias de hoje. Todos nós temos um ídolo, e tu és o meu. Pela
vontade de viver que tinhas, pelo teu sucesso, lealdade, mas sobretudo pela vontade e determinação. Ao pé de ti ninguém ficava imune a um sorriso, sendo cada um de nós contagiado de diferentes maneiras pela emoção. Sendo assim, escuso de dizer que foi aterrador o silêncio que ficou nos nossos corações depois da tua perda. A maneira como cada um se transformou em cada qual, o modo como tudo passou a ter um diferente significado, tal como o rumo de vida de cada um de nós se modificou.
E, tal como todas as pessoas, eu arrependo-me e tenho saudades. Sendo esta a primeira vez que o digo em voz alta, arrependo-me de nunca ter chegado a dizer ao teu ouvido que te amo e que todos os dias sonho em ter-te aqui comigo, embora, lá no fundo, saiba que estás a ouvir-me e a olhar para a tua menina, com grande admiração, espero. Mas gostava que estivesses aqui, para que o sabor das castanhas voltasse a ser o mesmo, tal como o sabor do meu sorriso. Para voltares a corrigir os meus problemas
“Obrigada, avô.” Foi depois de te ires embora que eu percebi que nunca na minha vida iria conseguir estar sozinha. Na ignorância perdida de uma criança com onze anos, e com um irmão a começar a escola primária, eu fui intitulada de “menina da casa”. Posso dizer que era um mundo completamente novo, mundo esse que apenas eu podia fazer girar, com a força do meu vento, e sob o olhar de pressão por parte de outros que me tomavam a mim como um exemplo, já naquela tenra idade. E como é que explicamos a alguém do mesmo sangue que a pessoa que esteve mais presente na nossa infância se foi embora? Que abandonou tudo o que começou, sem dizer adeus? Deixando em vão restos de alma inacabados e infâncias por vislumbrar… Educaste-me com um simples sorriso, e é difícil pensar que poderias ter ensinado tanto a alguém que ficou por descobrir nem metade do que eu sei de ti. E no meio disto tudo espero ter feito um bom trabalho, espero que estejas orgulhoso de mim.
de Matemática e a ensinar-me tudo o que sabes. Pelo menos sei que estás bem, de certeza que tudo deve ser como querias que fosse. Gostava que hoje me visses, nem ias perceber como cresci, como tu me fizeste crescer. Incrivelmente, tornei-me numa grande menina com uma enorme armadura. Porém, invejo todos aqueles que ainda podem aproveitar um abraço do seu herói ou trocar palavras com ele. Por isso digo: “agarrem bem agarrado, aproveitem bem aproveitado o que têm e o que ainda vos resta”, porque, de um momento para o outro, tudo pode ir embora, deixar-nos sozinhos, inseguros face à realidade actual e até mesmo em relação a nós mesmos. Obrigada, avô.
Mariana Simões-10º3A, nº24 (Texto sequencial de uma aula apresentação de Contrato de leitura)
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“Brotero a duas cores” (obras de requalificação-07/01/2010)
Opinião ::
Família fora da família
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iariamente me desloco à minha escola para mais um intensivo dia de aulas, levando sempre na cabeça o pensamento de que não vou sozinha; todos os colegas, amigos e professores dirigem-se a este local de trabalho que todos temos em comum, o espaço onde todos formamos uma família fora da família de sangue. Não conheço toda a população escolar, mas sei que lutamos por causas conjuntas e que queremos deixar uma boa marca nesta que é a nossa segunda casa.
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A minha opinião em relação a este assunto é que, sem esta família, eu não seria a mesma pessoa, e não teria a mesma personalidade, porque eu preciso dos colegas, dos amigos, dos professores, até mesmo dos funcionários, para ser a rapariga que sou. Sem a convivência com eles e sem as opiniões que me sujeito a ouvir, não seria quem sou. Penso que sem esta família nenhum de nós seria feliz, nem estaria realmente completo. Sei que muitos julgam que a escola é uma verdadeira “seca” mas, sem ela, o que
faríamos? Seriamos quem, afinal? Esta é a casa que nos abrirá as portas para aquele futuro risonho por que tanto esperamos; sem ela não faria sentido sonhar com aquelas casas enormes, nem com aqueles carros que um dia todos queremos ter; sem ela não podemos tornar realidade o sonho de sermos alguém importante e que sabe trabalhar bem; sem ela não teríamos metade dos valores que temos, mas aos quais não damos valor. Sem ela, eu acredito que hoje não seria a Lara e tu não serias quem és. Lara Jesus - 10º3B
Sê quem és e não quem os outros querem que sejas
odos nós temos uma personalidade diferente, todos nós nos adaptamos a certos ambientes e a personalidades distintas, mas isso não tem necessariamente que alterar a nossa maneira de ser e não tem de modificar a forma como interagimos com as pessoas e com os espaços onde nos encontramos. Frequentamos uma escola secundária e deparamo-nos diariamente com várias pessoas, muitas que não conhecemos. Quero eu dizer que todos nós comentamos aparências, atitudes, maneiras de ser, sem conhecermos o outro. É com esses comentários que alteramos o carácter e fazemos também com que as pessoas mudem e
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muitas se sintam mal com aquilo que são. Só quero dizer que não está correcto mudar, apenas porque não agradamos a todos; cada um é como é, se mudarmos a nossa maneira de ser, não seremos sinceros connosco nem com os outros. Não devemos julgar nem deixar que nos julguem, dado que as atitudes definem a sinceridade de cada um. Todos nós já fizemos coisas menos boas, coisas de que não nos orgulhamos e, quando alguém fala no assunto, ou comenta, magoa-nos. Os erros cometem-se e servem para nos fazer crescer. Mais do que isso, servem para nos ensinar a viver, porque há atitudes para as quais não sabemos expli-
car o motivo de as ter tomado, mas que tomámos. Todavia, não merecemos ser julgados por isso a vida toda; se assim fosse, todos viveríamos infelizes e sem sinceridade, os sorrisos não seriam verdadeiros e a personalidade não seria algo só nosso, mas um bem comum. A maneira de ser de cada um de nós é, sem dúvida, diferente, é, sem dúvida, fascinante, isso torna-nos perfeitos: os nossos erros são os únicos defeitos da nossa perfeição. (Texto sequencial de uma aula - apresentação de Contrato de leitura)
Lara Jesus, Nº19, 10º3B
:: Opinião
O BRIO A FRIO J
ulho de 1995 – Acabo de me licenciar e concorro a estágio profissional. A exiguidade de vagas deixa-me na infeliz posição de primeira suplente e vejo os meus melhores amigos de curso a trabalhar na Avelar Brotero. Entro gradualmente na vida activa enquanto eles enchem a boca para dizer “BRO-TE-RO”! Contam-me da experiência do estágio, do óptimo ambiente da escola, da sabedoria secular das suas paredes e dos alunos fantásticos que encontram. Sinto uma pontinha de inveja, mas sigo em frente. Setembro de 2009 – Por ironia das circunstâncias (e nunca por qualquer força do destino), sou colocada na Escola Secundária de Avelar Brotero. Fico imensamente feliz pelas mais variadíssimas razões e “abraço” o meu novo local de trabalho com energia e alegria. Não nego o impacto que uma escola destas dimensões tem na pequenez do meu metro e cinquenta e dois, não só pela sua grandeza física como pelo peso da responsabilidade de fazer parte de uma instituição de educação com o prestígio que tem (que o digam os resultados obtidos na Avaliação Externa da escola!). Por isso, tento fazer o melhor que sei, com o mesmo brio de sempre. “Ops”, já disse: “brio”. Parece uma palavra em vias de extinção, quase proibida ou mesmo transparente… Digo isto porque, em contexto de aula, numa discussão “acesa” com alguns alunos, me dei conta de que o conceito não existia na mente de muitos deles. «– Professora, não trouxe o livro», quando a maioria são emprestados pela escola. «– Professora, não tenho caderno», quando muitos recebem subsídio para material escolar. «–Professora, não preparei a minha
apresentação oral», quando sabem que isso equivale a zero no respectivo parâmetro. «– Não me apetece fazer isto hoje», quando, efectivamente, já pouco ou nada fazem em tempo lectivo. Perco um pouco a temperança, ralho, barafusto, argumento, fundamento toda a minha indignação e, desconsoladamente, recebo a resposta «– Ó professora, não vale a pena enervar-se! Não vale a pena preocupar-se connosco! Recebe o mesmo!». Desculpem, mas não! E vale a pena, sim! Não é o salário (cada vez menor) que me move! É a partilha de saberes, é a interacção proactiva com os alunos, é a comunicação pura e dura, é a vida de uma comunidade escolar. Bom, e perdoem -me os alunos que não se encaixam nesta minha visão desoladora (porque os há!), mas estamos perante um problema geracional. E chamem-lhe geração “nem nem”, “rasca” ou “à rasca”, chamem-lhes “hikikomori” ou alienados, esta geração passou efectivamente por problemas graves: receberam uma PSP por terem passado para o 7º ano de escolaridade, apenas com duas negativas, receberam uma PS3 quando concluíram o 9º ano “levados ao colo” e, como é expectável, premiá-los-ão com uma viagem de finalistas a “Bebe-edorme” quando concluírem o ensino secundário com uma média duvidosa. Provavelmente, tudo isto se deveu a uma conjuntura político-económica que nos levou a crer que no gastar é que estava o ganho, na inevitável sobreposição do “ter” sobre o “ser”, numa crise que, muito para além de económica, é sobretudo uma profunda crise de valores. Na sequência de um exercício de escrita com alunos meus de Português, e a fim de pôr em prática o conceito de entrevista,
coloquei-os na posição de entrevistadores, cabendo-me o papel de entrevistada. As perguntas que resultaram desta actividade obrigaram-me a um exercício de memória e a uma analepse forçada de vinte e tal anos que me levou aos meus tenros tempos de adolescente. E, de novo, tive de voltar ao brio, agora sem aspas, porque naquele tempo ainda se conhecia. Não faltávamos desalmadamente, vínhamos fazer os testes, doentes e cheios de febre, tínhamos os cadernos em dia, não nos mandavam estudar e, mesmo assim, tínhamos boas notas pelo prazer de as ter e estudávamos pelo prazer de saber… Mas nada se resolve limitando-nos às “queixinhas”. Recordo um anúncio australiano da Child Friendly, cujo slogan “Children see. Children do” me ficou na retina e nos neurónios (cf. www.youtube.com). A frio, parece-me oportuno dizer que está nas nossas (e nas minhas) mãos transmitirmos o que temos de melhor, revelando o brio que pomos em tudo o que fazemos. Simplesmente, brio. Mónica Sebastião
Colabora com o teu jornal! Envia-nos os teus textos, poemas, pensamentos, fotos, desenhos, Bandas desenhadas... Para: jornaldabrotero@gmail.com Abril de 2011 Jornal da Brotero 13
Opinião ::
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uando o Conselho Geral aprovou, por unanimidade, a redacção do seu Regimento, em cumprimento do disposto na Resolução do Conselho de Ministros n.º 82/2007, isto é, utilizando uma linguagem inclusiva em termos de género, sem rufar de tambores, nem soar de trombetas, tinha-se dado um passo importante em termos de educação e de cidadania. O impacto na Escola foi, contudo, mais do que reduzido, nulo. Os nossos textos, os oficiais e os outros, continuam, com a excepção dos do “Gabinete do Aluno” (sic) a utilizar o presumido seguro e consensual, já para não dizer, “gramatical”, masculino universal. Aparentemente, as mesmas pessoas que se incomodam com “os alunos e as alunas” da turma X, do ano Y, não pestanejam sequer com “os professores de Inglês da Escola” que são, exclusivamente, mulheres, do mesmo modo que acham “natural” ler que “no Homem a gestação dura nove meses”. De facto, com muita frequência ouço, em tom que vai do jocoso ao irritado, críticas ao que muitas pessoas consideram “modernices” ridículas, agramaticais, deselegantes, circunlocutórias e politicamente correctas. Não deixa de ser curioso que seja justamente dos públicos, formalmente, mais educados (inclusive da academia) que partam as reacções mais veementemente conservadoras em termos linguísticos. Na verdade, segundo Deborah Cameron, uma conhecida sociolinguista britânica, «dentro do espaço privilegiado [da Escola], onde perguntar “porquê?” é normalmente sinal de competência intelectual, questionar a minúcia das convenções linguísticas é sintoma de uma socialização incompleta ou deficiente», ou então de excentricidade anal. E não tem sido fácil fazer vingar, mesmo entre este público atento e esclarecido, que deveriam ser as professoras e os professores (não só “de línguas”), que as práticas de intervenção na linguagem (uma espécie de higienização), 14 Jornal da Brotero Abril de 2011
de que as formas alternativas no feminino são um mero exemplo, não são ridículas mas ridicularizadas e não são agramaticais, antes questionam a política da gramática1. A humanidade da linguagem implica, necessariamente, regras mas, ao contrário dos arautos da desgraça linguísticocivilizacional, o que me leva a não temer o desregramento que as intervenções na linguagem provocariam, é acreditar que a gramática é política. Cá, como noutros países, a visão conservadora usa a gramática como uma metáfora moral: quando se fala de gramática, ou da ausência dela, fala -se, verdadeiramente, de ordem, de tradição, de autoridade, de hierarquia e das regras que as perpetuam. Esta visão olha sistematicamente para o passado, que é quase sempre um país estrangeiro em que se fazem as coisas de outro modo2, em que “tudo era tão simples” e previsível, em que havia respeito pela autoridade, em que os aparelhos de televisão só tinham dois botões e em que a linguagem e as suas regras eram imaginadas como neutras e universais. O surgimento da linguagem “politicamente correcta” e do ethos correspondente, ao sublinhar a relação arbitrária, mas simultaneamente política entre significante e significado, veio desestabilizar este quadro ilusoriamente tranquilizador e tem sido uma fonte considerável de ruído e de fúria. Quando, num ensaio intitulado The Black Woman, de 1970, a feminista afroamericana, Toni Cade Bambara escreveu que «um homem não pode ser, ao mesmo tempo, politicamente correcto e chauvinista», usando a expressão, assim pela primeira vez cunhada, num sentido literal, significando a posição política que lhe era cara, mal sabia ela que acabara de criar um monstro. Na verdade, de ‘piada interna’ que circulava entre pessoas de esquerda que usavam a expressão “politicamente correcto” ironicamente, assumidamente entre aspas,
para se referirem a comportamentos que consideravam pouco ortodoxos, tais como gostar de coca-cola ou do Frank Sinatra, a expressão acabou por ser colonizada pela direita, que passou a utilizá-la para ridicularizar e desvalorizar todas as preocupações e actividades de esquerda, maioritariamente em contexto académico, mas também fora dele, sobretudo em torno de questões de currículo, linguagem, representação e igualdade entre sexos e “raças”. No início da década de 90, o “PC” parecia ubíquo. Contudo, porque desconheciam a metamorfose discursiva que o termo entretanto sofrera, as pessoas utilizavam-no para designar a aparência de preocupação e solidariedade à volta de questões de sexo, “raça”, classe, capacidade, orientação sexual ou ideologia. O uso desta linguagem não correspondia, assim, a uma genuína e convincente preocupação e prática, antes exibia uma calculada aquiescência a um polimento social, frágil e superficial. Em Portugal, e para muitas pessoas, o “PC” não tem história. A versão que conhecem do termo é a que lhes chegou através dos media, quer como sinónimo de “civilidade”, “polimento” e “tolerância” quer, paradoxalmente, como exemplo de prescritivismo inquisitório ou regulação policial. Este paradoxo é particularmente inquietante em quem, proclamando posições públicas de esquerda, adopta posições igualmente públicas, mas de direita, quando se trata da língua e do seu uso, sobretudo no que se refere às mulheres e às coisas delas. E tem sido sobretudo nesta área que se tem feito sentir o resultado de um novo desvio no uso da expressão. Ou seja, num tempo em que a “frontalidade” é, invariavelmente, sinónimo de “má criação”, assistimos à crescente utilização do seu oposto, à orgulhosa recuperação do termo “politicamente incorrecto”, tornando-o numa mais-valia e não num “handicap”. Só assim se percebem, por exemplo, os mails
:: Opinião ... com muita frequência ouço, em tom que vai do jocoso ao irritado, críticas ao que muitas pessoas consideram “modernices” ridículas, agramaticais, deselegantes, circunlocutórias e politicamente correctas. Não deixa de ser curioso que seja justamente dos públicos, formalmente, mais educados que partam as reacções mais veementemente conservadoras em termos linguísticos.” sucessivos que recebemos de colegas de profissão já reformados que, entre as “Estradas/Paisagens/Praias/Catedrais Mais Belas do Mundo” e filosofia de pacotilha em português de samba animado a flautas de Pan, nos enviam textos que eles imaginam humorísticos sobre “louras”, “secretárias” e “alunas das Novas Oportunidades”. Em Portugal, como noutros países, brandir o argumento de que as mulheres não se ofendem com o sexismo (da linguagem e de outros tipos), de que as mulheres já não se sentem discriminadas, de que as mulheres não se revêem na “civilidade” do “politicamente correcto” é um trunfo retórico frequentemente utilizado e, previsivelmente, em cada 8 de Março os media agitam-se num afã comovedor, dando voz àqueles (e também àquelas) que não entendem para que é que serve esta data e para quando um dia Dia Internacional do
Homem e agora os homens também ajudam em casa e agora as coisas estão muito diferentes e desculpem-me enquanto vou lá fora gritar…. Esta invocação (sempre profusamente ilustrada) das mulheres que desprezam as feministas e as suas práticas de intervenção, nomeadamente na linguagem, nem sempre é fácil de rebater. Apesar de Cameron nos recordar que «na boca de sexistas, a linguagem será sempre sexista», penso, tal como, de novo Cameron, que a resposta honesta é: «de facto, a única coisa que estamos a tentar fazer é mudar a linguagem por razões simbólicas, porque queremos que as pessoas de ambos os sexos olhem para o mundo de um modo diferente ou, pelo menos, se sintam forçadas a questionar se o modo como têm, até agora, sido representadas e representado o mundo é “natural”»3. Correcto.
1 Este texto desenvolve argumentos anteriormente utilizados no texto «“Muito barulho para nada”: comunicação, cultura e o “politicamente correcto” no ensino da língua estrangeira em Portugal”», de Mª Helena Dias Loureiro, Eduarda Carvalho e Lina Oliveira, GEAA, FLUC, 2002.
2
The Go-Between é um romance de L. P. Hartley (1895 – 1972), publicado em Londres, em 1953. O romance começa com a frase famosa: «The past is a foreign country: they do things differently there». 3
CAMERON, Deborah – Verbal Hygiene (The Politics of Language), London, Routledge [1995], 2005, pp. 116-165.
Maria Helena Dias Loureiro
:: Dep. de Línguas
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Isabel Borges Domingues
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Arte e Ciência ::
Museu do Mosteiro de
Santa Clara-a-Velha Pedro Falcão
O
mosteiro de Santa Clara-a-Velha, na margem esquerda do rio Mondego, em Coimbra, foi construído no século XIII, por iniciativa de Dona Mor Dias, senhora abastada de Coimbra, que pretendeu fundar uma casa de Clarissas em honra de Santa Clara, de quem era devota, e de Santa Isabel da Hungria. Mas irresolúveis conflitos com os cónegos do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra culminaram na extinção do mosteiro de Dona Mor Dias, em 1311. O mosteiro de Santa Clara haveria então de estar indelevelmente associado a D. Isabel de Aragão, a Rainha Santa de Portugal e padroeira de Coimbra. Após a extinção do mosteiro, a Rainha
Santa Isabel empenhou-se, passados três anos, na sua refundação com o intuito de reinstalar em Coimbra a Ordem das Clarissas, pedindo licença à Santa Sé para fundar o mosteiro de Santa Clara e obtendo a respectiva autorização do papa Clemente V, em 10 de Abril de 1314. Ainda no decurso das obras, instalaram-se no mosteiro de Santa Clara de Coimbra, em 1317, as primeiras freiras vindas de Zamora. Contudo, a sua construção só foi concluída em 1330, devendo-se a sua reedificação, sobretudo parte da construção da igreja, ao arquitecto Domingos Domingues que antes trabalhara no Claustro do Silêncio no mosteiro de Alcobaça. Como este faleceu em 1325, a
“Situado na margem esquerda do rio Mondego, este museu-mosteiro de Coimbra oferece certamente uma viagem de sonho pelo passado, não só de Coimbra como também da História de Portugal…” 16 Jornal da Brotero Abril de 2011
conclusão da igreja e a construção dos claustros devem-se ao seu sucessor, mestre Estêvão Domingues. A Rainha Santa dedicou muito do seu tempo a acompanhar com dedicação os trabalhos de reconstrução do mosteiro e contribuiu com parte do seu património, de modo inestimável, para o seu engrandecimento. Junto ao mosteiro, a Rainha mandou ainda construir um hospital para os pobres, com cemitério e capela, e um paço onde viveriam mais tarde D. Pedro e D. Inês, tendo esta sido ali executada em 1355, sob a ordem de D. Afonso IV, filho de Santa Isabel. Após a morte de D. Dinis, rei de Portugal e seu esposo, a Rainha Santa ingressou em 1325 na Ordem das Clarissas, no mosteiro de Santa Clara, vestindo o hábito de monja clarissa, sem no entanto fazer votos, o que lhe permitia manter a sua fortuna usando-a para a caridade que, há muitos anos, praticava junto dos pobres. Ali se manteve até ao ano da sua morte, 1336, e tal como havia determinado em testamento, a Rainha Santa Isabel foi sepultada em Coimbra no mosteiro onde vivera os seus últimos anos. No século XVII, as condições de habitabilidade do mosteiro não eram as melhores
:: Arte e Ciência
devido às cheias das águas do rio Mondego que, logo após a sua construção e durante séculos, invadiram as suas dependências, obrigando as freiras a construir um andar superior ao longo do templo e a desocupar progressivamente o andar térreo. Assim, o rei D. João V ordenou a construção de um novo mosteiro num local mais elevado – no vizinho Monte da Esperança – para onde as religiosas se transferiram em 1677. Abandonado definitivamente, o primitivo mosteiro, de estilo gótico, passou a ser designado de Santa Clara-aVelha por contraposição ao novo – o mosteiro de Santa Clara-a-Nova – que foi extinto em 1886 com o abandono da última freira. Actualmente ainda existe a igreja do novo mosteiro onde repousa o corpo santo da Rainha Santa Isabel. Entretanto, o antigo mosteiro de Santa Clara-a-Velha foi classificado como Monumento Nacional em 1910 e sujeito a obras de restauro por parte do Estado Português a partir de 1930. No entanto, as anuais cheias do Mondego deixaram submersa uma parte significativa do mosteiro, sendo apenas visível a parte superior da igreja, tornando-se inevitavelmente, com o passar do tempo, numa verdadeira ruína, fruto de
uma progressiva degradação. O museu do mosteiro medieval de Santa Clara-a-Velha, que engloba uma área de cerca de 28000 m2, foi recentemente aberto ao público, em Abril de 2009, com a remodelação do mosteiro. Desde a sua abertura recebeu já alguns prémios: o de melhor museu português juntamente com o museu de Penafiel, no âmbito dos Prémios APOM 2010, o prémio internacional AR&PA 2010 atribuído pela Junta de Castela e Leão e o prémio Europa Nostra, na área da conservação e restauro, entregue em Junho de 2010 em Istambul, no âmbito da Capital Europeia da Cultura. Actualmente está nomeado, com outros museus portugueses e europeus, para o prémio EMYA – European Museum of the Year Awards – de 2011, promovido pelo European Museum Fórum. A cerimónia de anúncio do vencedor terá lugar na Alemanha em 21 de Maio próximo. Quem visitar o museu deve percorrer várias secções: o Centro Interpretativo, que inclui uma sala de exposição permanente; um auditório, onde se projecta o documentário “Vida e Morte do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha”, que retrata a vida do mosteiro desde a sua fundação até ao
“Desde a sua abertura recebeu já alguns prémios: o de melhor museu português (…), o prémio internacional AR&PA 2010 (…) e o prémio Europa Nostra, na área da conservação e restauro (…) Actualmente está nomeado, com outros museus portugueses e europeus, para o prémio EMYA – European Museum of the Year Awards – de 2011…” Abril de 2011 Jornal da Brotero 17
Arte e Ciência :: “com o devido tributo à (…) Rainha Santa Isabel, cuja presença se revela de modo intenso em todo o espaço. A visita ao museu deve ser também, uma clara manifestação da devoção que, como acto de fé, é devida a esta santa.” abandono: uma sala de exposições temporárias – ainda em remodelação –; uma pequena sala designada de espaço pedagógico; e um mini-auditório, onde se projecta o documentário “Memorial à Água” – que narra a odisseia secular do mosteiro face às inundações do rio Mondego. Como não podia deixar de ser, a visita ao mosteiro é também obrigatória, constituindo esta área, na designação do próprio museu, o sítio arqueológico. Assim, na entrada exterior ao museu, encontram-se expostas diversas pedras do espólio do mosteiro, seleccionadas e numeradas, constituindo maravilhosos objectos arqueológicos. A primeira sala a visitar – de exposição permanente – designa-se por “Freiras e donas de Santa Clara – arqueologia de clausura”. Nela encontram-se diversas divisões temáticas, que apresentam variadas porcelanas e faianças, vidros de fino recorte e manufactura. Assim, entramos na divisão dedicada à Devoção onde, entre raros e valiosos artefactos, podemos ver um fragmento do pilar central de um fontanário, do século XIV, proveniente do claustro do mosteiro. Este fragmento, em pedra calcária, apresenta os santos tutelares da Ordem franciscana – S. Francisco, Santa Isabel da Hungria, S. Luís de Tolosa e Santa Clara – alternados com leões. Encontramos ainda, na mesma divisão, elementos de vestuário e adereço ritual – solas de calçado em cortiça, um cordão de hábito com nós, alfinetes, um rosário e uma escultura, em pedra, de figura feminina envergando o hábito. Também podemos observar uma pia de água benta do século XVI, bem como a deposição de Cristo no túmulo em desenho do século XVI, juntamente com as estátuas em pedra de Nicodemus, que segura os cravos da crucificação, e de José de Arimateia, que sustém o sudário de Cristo. Ainda na mesma divisão – Devoção – podemos apreciar outros objectos de valor inestimável, como um cálice de comunhão em estanho, dos séculos XVII – XVIII, uma tabuada das horas litúrgicas de 1609 a 1626, um rosário de azeviche, cristal de rocha e metal, um Cristo crucificado, do século XVII, em madeira de pau santo, mar18 Jornal da Brotero Abril de 2011
fim e metal, assim como diversificados e ricos objectos de adorno pessoal. Numa outra divisão – Comunidade – podemos ver uma série de sinetas e campainhas usadas para chamar as religiosas às suas actividades. As campainhas ilustram a evolução da moda feminina ao longo do século XVII, nomeadamente ao nível de trajes e toucados. Vêem-se igualmente miniaturas e brinquedos, em cerâmica, que testemunham a vertente lúdica de uma comunidade na qual não faltavam elementos de idade mais jovem. Na divisão – Afazeres e ocupações – constatamos que a confecção de bordados e decorações para a utilização litúrgica e devocional estava a cargo das religiosas. Podemos aí observar contas, missangas, alfinetes e fusos usados na fiação da lã dos carneiros que o convento possuía. Ainda na mesma sala, mas numa outra divisão – Administração – podemos observar, em estado devidamente conservado, candeias, lamparinas e castiçais que eram alimentados com azeite ou cera para a iluminação do mosteiro. Aí se encontram selos de chumbo de mercadorias dos séculos XVI e XVII. A compra de produtos era atestada pela presença desses selos comprovativos do pagamento das taxas alfandegárias devidas. Na divisão – Alimentação – encontramos pratos, taças e talheres do século XVII, assim como outra louça de mesa em cerâmica comum: bilhas, cântaros, cabaças, jarras, potes e púcaros. Ainda numa outra divisão desta mesma sala de visita inicial – Do corpo – observamos variados objectos de adorno pessoal como contas, brincos, anéis e frascos de perfume, onde também se encontram as estátuas em pedra calcária, do século XVI, de S. Damião e S. Cosme, santos gémeos representados como médicos ou físicos de que são patronos. S. Damião segura um urinol e S. Cosme tem uma caixa de unguentos na mão e um estojo de cirurgião à cintura. Junto encontram-se algumas bacias e tigelas em faiança, uma tesoura, uma faca em metal e madeira e várias ventosas em vidro. Na última divisão desta sala – Da morte – encontramos a tampa da sepultura de D. Maria de Castro, em pedra calcária,
do século XV, retirada do claustro do mosteiro e a tampa da sepultura da abadessa Margarida de Castro, também em pedra calcária, do século XVI, retirada da área da entrada do coro do mosteiro, junto ao claustro. Ainda na mesma divisão, podem ser vistas diversas imagens de diferentes sepulturas do coro e do claustro do mosteiro. Ao longo das várias divisões desta sala encontramos cartazes nas paredes com inúmeros relatos da história do mosteiro assim como das actividades que as religiosas ali praticavam e, em geral, das vivências conventuais. Após a visita desta primeira sala de exposição permanente e depois do visionamento dos documentários nos auditórios já referidos, segue-se inevitavelmente a visita ao mosteiro. Aqui entramos directamente na igreja de fora – espaço do culto e de sepultura de leigos, no piso térreo. Visitamos em seguida o coro – a igreja de dentro ou das religiosas – que era um espaço de acesso restrito à comunidade conventual que assistia à missa e rezava os ofícios divinos de acordo com as horas canónicas. Surge-nos depois a zona de enterramen-
:: Arte e Ciência tos, na entrada do coro: das escavações efectuadas nessa zona resultou a exumação de cerca de setenta esqueletos. O estudo antropológico realizado após as descobertas arqueológicas forneceu alguns dados sobre a estatura, a idade média da morte e as patologias da comunidade detectáveis a nível ósseo.
Subindo ao segundo piso do mosteiro, encontramos a igreja e o coro, já do século XVII, onde podemos observar também um arco esculpido em pedra de Ançã, mandado edificar e benzido pelo bispo de Coimbra em 1613, na altura em que decorria o processo de canonização de D. Isabel de Aragão, destinando-se a albergar o sarcófago em prata e cristal que acolhe actualmente o corpo da Rainha Santa, no mosteiro de Santa Clara-a-Nova. Até à recente intervenção de remodelação do mosteiro, este segundo piso era o único que se podia visitar já que o piso térreo se encontrava alagado pelas águas do Mondego. Por último, pode o visitante entrar no claustro que era o “coração” do mosteiro fazendo a ligação entre as várias dependências mais importantes. O claustro era não só um espaço de circulação mas também um local de meditação e de recreio das freiras, tanto nas galerias cobertas como no pátio. Pela sua proximidade à igreja, a galeria norte foi usada para enterros. À estrutura do século XIV juntaram-se, no século XVII, fontes de estética renascentista e azulejos hispano-árabes. Esta zona do claustro incluía o refeitório, a casa do lavabo, canteiros de flores, a cozinha, a sala do capítulo e, finalmente, os dormitórios. Situado na margem esquerda do rio Mondego, este museu-mosteiro de Coimbra oferece certamente uma viagem de sonho pelo passado, não só de Coimbra como também da História de Portugal, com o devido tributo à padroeira de Coimbra, a Rainha Santa Isabel, cuja presença se revela de modo intenso em todo o espaço. A visita ao museu deve ser também, uma clara manifestação da devoção que, como acto de fé, é devida a esta santa. Pedro Falcão
Museu da Ciência da
Universidade Coimbra M
arquês de Pombal mandou-o construir, em 1772. Deram-lhe o nome de “Laboratório Chimico”, já que era o primeiro (e único, portanto) laboratório dedicado ao ensino da Química. Faz parte da Universidade de Coimbra, como não podia deixar de ser, uma das mais antigas do país. Se perceberam do que estou a falar, sabem que foram estas instalações que acolheram o Museu da Ciência de Coimbra. De uma importância histórica indesmentível, não só da história da Ciência em Portugal, como também da história do nosso país, uma vez que foi no Laboratório Chimico que Tomé Rodrigues Sobral, um químico do início do século XIX, professor da Universidade de Coimbra, fabricou a pólvora durante as invasões francesas, bem como os desinfectantes de cloro, que foram tão úteis à resistência portuguesa. Ainda hoje, os visitantes do Museu da Ciência podem ver a pia da pólvora de pedra, onde estes trabalhos foram feitos. De criação recente, após restauro, o Museu da Ciência tem apenas cinco anos de existência, tendo sido inaugurado em Dezembro de 2006. Conta com uma exposição permanente – Segredos de Luz e da Matéria, dedicada ao público de todas as idades, com uma forte componente interactiva. O Museu, porém, estará ainda incompleto. Quando este projecto, iniciado pela visão pombalina, estiver concluído, reunirá espólios de outros museus da Universidade, bem como do Observatório Astronómico e do Instituto Geofísico, estando ao nível dos melhores do mundo. A dezassete de Maio de dois mil e oito, o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra foi galardoado em Dublin, com o
Prémio Micheletti de melhor museu europeu do ano, na categoria de Ciências e Tecnologia, pelo Fórum Europeu dos Museus. Em Novembro do mesmo ano, o Museu ganhou também o Prémio de Melhor Museu Português pela APOM (Associação Portuguesa de Museologia). Segundo o site da Universidade de Coimbra, o Museu da Ciência tem um projecto ímpar no nosso país, que visa reunir o acervo científico disperso por variados museus universitários e faculdades. De acordo com vários especialistas internacionais, a Universidade de Coimbra detém um espólio na área da museologia sem comparação no nosso país e que configura um museu de capacidade internacional. O Museu da Ciência da Universidade de Coimbra é consequência da Reforma Pombalina, que deu origem a uma profunda reestruturação da área científica e à construção e adaptação de novos estabelecimentos ligados à investigação experimental. Testemunha disso mesmo é a exposição recentemente aberta ao público, com os materiais de Física Experimental da Universidade de Coimbra, desde o século XVIII, mostrando verdadeiras obras de arte que não podem deixar indiferente nenhum dos seus visitantes. Como não podia deixar de ser, tem sido prática na Escola Secundária de Avelar Brotero levar os seus alunos, no âmbito na disciplina de Área de Integração do décimo segundo ano, a visitar o Museu da Ciência da nossa cidade que, por todos os motivos anteriormente referidos, deve continuar a ser visitado para bem da Cultura Científica de todos os nossos alunos. Tiago Oliveira
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Arte e Ciência ::
O Museu da Cidade de Coimbra Entrevista de Aires Antunes Diniz
No último Verão percorri o museu da cidade de Amesterdão, gostei e tive pena de não ter mais tempo para o percorrer calmamente. Não tive sequer vontade de pensar como uma condessa, romanceada por Manuel Ribeiro, que afirmava, em resposta a um velho que achava que as coisas sacras só devem ir para os museus quando a religião morrer, a sorrir «Também eu detesto os museus. Vou lá para ver e não para sentir. Tirar as coisas do seu ambiente é fazer-lhes perder a alma.»1 Fui por isso questionar a Dra. Berta Duarte que me respondeu assim: Os museus da actualidade deixaram de corresponder ao paradigma de depósitos de «curiosidades», espaços «mortos», onde os raros visitantes eram acolhidos com desconfiança, para se transformarem em «instituições capazes de garantir um destino unitário a um conjunto de bens culturais e valorizá-los através da investigação, incorporação, inventário, documentação, conservação, interpretação, exposição e divulgação, com objectivos científicos, educativos e lúdicos». Devem ainda «facultar acesso regular ao público e fomentar a democratização da cultura, a promoção da pessoa e o desenvolvimento da sociedade.»2 O Museu da Cidade de Coimbra é uma iniciativa municipal, pensada inicialmente por Jorge de Alarcão, no início da década de 80 do séc. XX e concretizada a partir de 2001.Trata-se de um projecto polinucleado, de desenvolvimento faseado, que se concluirá quando a totalidade dos pólos 20 Jornal da Brotero Abril de 2011
previstos no seu programa estiverem a funcionar. O estudo e divulgação da História de Coimbra são os grandes objectivos programáticos deste museu. Três núcleos, que ocuparão três edifícios, serão destinados a acolher espólios e a interpretar três importantes fases da história local – o Núcleo da Cidade Muralhada, instalado na Torre de Almedina, em pleno funcionamento desde 2003, versa a época medieval e o complexo sistema de defesa da cidade; a «Coimbra Moderna» (sécs. XVXVIII) do estabelecimento definitivo da Universidade e das inúmeras transformações da vida urbana ficará, no futuro, patente num imóvel construído sobre a velha muralha, onde decorrem, actualmente, escavações arqueológicas; a instalação de um sistema de tracção eléctrica, há 100 anos, correspondeu a uma nova necessidade de uma Coimbra que vivenciava os progressos da industrialização, da expansão demográfica e urbanística; o futuro Núcleo do Carro Eléctrico, em fase de instalação, documentará esse importante período. Complementar a estes três núcleos, o projecto museológico contempla ainda a criação de um pólo dedicado ao Fado e Guitarra de Coimbra (na Torre de Anto, que ainda no decurso deste ano iniciará obras de reabilitação) e também à Presença de Comunidades Judaicas ( projecto para a área da Judiaria Velha). O Museu da Cidade de Coimbra integra igualmente um valioso acervo artístico, a Colecção Telo de Morais, que inclui pintura, cerâmica, mobiliário, escultura e pratas, encontrando-se exposta ao público desde 2001 num dos mais belos e emblemáticos imóveis da baixa – o Edifício Chiado – que conta ainda com uma galeria de exposições temporárias, em que se patenteia, até 25 de Junho, a exposição «Guitarras de Coimbra», uma biblioteca de arte e um amplo espaço destinado às actividades do serviço educativo, onde se realizam os mais diversos ateliês e onde decorre, anualmente, um programa de conferências. No ano transacto o Museu foi credenciado, passando a integrar o elenco dos
museus da RPM (Rede Portuguesa de Museus), foi galardoado com o Prémio «Melhor Catálogo 2010» da APOM (Associação Portuguesa de Museologia) e acolheu cerca de 40.000 visitantes, numa programação que se estendeu entre Abril e Dezembro, inserida na comemoração do centenário do Edifício Chiado. Berta Duarte Directora do Museu da Cidade de Coimbra
Carro Eléctrico recuperado
Recriação do ambiente urbano – Coimbra 1910 centenário de E. Chiado
(1) Manuel Ribeiro – A Ressurreição, Livraria Editora Guimarães & Cª, Lisboa, 1923. (2) Lei Quadro dos Museus Portugueses (Lei nº 47/2004 de 19 de Agosto)
:: Arte e Ciência
O que se pode fazer no novo
EXPLORATÓRIO
É sabido que a ciência e a aprendizagem supõem esforço, método, persistência, responsabilidade. No entanto, a ciência pode ser divertida e muito se aprende
É
isto que o Exploratório, Centro Ciência Viva de Coimbra, procura disponibilizar através de um espaço de procura e encanto com a ciência, à semelhança das centenas de centros congéneres em todo o mundo. Entrar dentro de uma bolha de sabão e relacionar com a respiração. Comparar os batimentos do coração do coelho com os do elefante. Comparar a frequência cardíaca antes e depois de pedalar. Conhecer todos os outros segredos do coração. Usar uma vareta para apanhar uma imagem no ar, ajudando o cérebro. Rodar, sentado num banco, contra a sua própria vontade. Obter energia eléctrica com limões ou outros frutos, lembrando as características eléctricas do nosso corpo. Explorar a “Mineralândia”, relacionando -a com o corpo humano. Trocar energias na central a pedal. Ter um primeiro encontro com o ADN. Adivinhar, usando o tacto. Vibrar com os sons dos animais. Jogar a roleta dos cheiros. Inventar um extraterrestre e levar o bilhete de identidade do seu ET, com fotografia de corpo inteiro. (...)
Estas são apenas algumas das actividades propostas ao explorador de qualquer idade que entre na exposição principal do novo Exploratório, no Parque Verde do Mondego. O tema dominante da exposição é a relação entre as ciências básicas e a saúde: “Em boa forma…com a Ciência”.
Mas, também, Saltar na Lua, em simulação. “Viajar entre estrelas”, no miniplanetário. Descobrir as “torneiras mágicas” (água que jorra de torneiras “suspensas no ar”). Fazer sombras de cor (uso das cores primárias). Espreitar o infinito (imagens em espelhos paralelos). Deixar a sua imagem na parede (uso de placa fosforescente). Ver através de corpos opacos, com o “óculo mágico” (princípio do periscópio). Voar no espelho (espelho em ângulo). Içar-se a si mesmo puxando levemente uma corda (o princípio das roldanas móveis). Construir uma “Europa a cores” (a geografia à mão e o teorema das 4 cores). Clonar-se no caleidoscópio gigante.
É tudo isto que, todos os dias durante o ano lectivo, centenas de crianças e jovens de escolas básicas e secundárias de qualquer ponto do país fazem no novo Exploratório. Aos professores que acompanham as visitas escolares cabe tirar o máximo partido da exposição interactiva, bem como de toda a informação disponibilizada, para estabelecerem pontes com os saberes curriculares que praticam. A Equipa do Exploratório
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Arte e Ciência ::
ARTE E CIÊNCIA
na Filosofia
U
ma das concepções filosóficas mais interessantes e profundas sobre a função da arte no contexto da cultura e da vida humanas é, sem dúvida, a do filósofo alemão do século XIX, Georg Friedrich Hegel (1770-1831). Para Hegel, a arte é a primeira expressão de um Espírito Absoluto que envolve toda a realidade. Segundo o filósofo, «a arte tem por objectivo o sensível espiritualizado ou o espírito tornado sensível»1. A arte é, assim, no pensamento hegeliano, a manifestação desse Espírito Absoluto mediada pela criatividade do espírito humano, sendo este também uma expressão próxima daquele Absoluto que constitui o Todo. O artista é quem dá relevo ao Espírito, à realidade profunda de todas as coisas, através da sua actividade criadora. Ainda segundo Hegel, a beleza imediata da natureza é inferior à beleza artística porque a obra de arte, como produto daquela actividade criadora, revela, desoculta, o Espírito em si mesmo. A beleza artística surge, na opinião deste filósofo, da unidade entre espírito e matéria, numa síntese harmoniosa: a arte conduz à espiritualização da matéria. A obra de arte é tanto mais perfeita quanto mais perfeita ou completa é a harmonia entre o seu conteúdo espiritual e a forma sensível, isto é, o modo de se manifestar em diversificadas produções artísticas, na pintura, na escultura, na arquitectura, na
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literatura ou na música. Hegel, na sua obra, avalia diferentes manifestações artísticas, abordando primeiro o que designa por arte simbólica, própria do mundo oriental e expressa na pintura, que consiste no predomínio da forma sensível sobre o conteúdo espiritual. O Absoluto é, na arte simbólica, ocultado pela forma ou elemento sensível, revelando-se apenas e ainda de modo indefinido e misterioso. Ao analisar a arte clássica, Hegel explica que nela o elemento sensível e o seu conteúdo espiritual se fundem numa harmonia plena e perfeita. Sendo uma arte predominantemente antropomórfica, porque os deuses são representados sob a forma do corpo humano, o conteúdo espiritual revela-se no elemento sensível que representa esse mesmo corpo. Apesar de ser uma perfeita e eterna manifestação de beleza, expressa sobretudo na escultura, a arte clássica, que se manifesta também na arquitectura, não representa, segundo Hegel, a forma mais elevada de manifestação do Espírito Absoluto, pois estando associada à beleza antropomórfica, nela o Espírito não se encontra a si mesmo, porque há ainda um apelo à exterioridade e ao sensível. Por isso, para Hegel, a arte romântica, com influências do cristianismo, é aquela em que o Espírito Absoluto se manifesta na sua plenitude como Absoluto, não através das artes plásticas mas da música e da lírica. Esta forma de arte corresponde à expressão da interioridade do sentimento e ao predomínio da espiritualidade em detrimento da matéria e do sensível. O Espírito Absoluto existe “em si” e “por si” e manifesta-se fora de si, na matéria e na espiritualidade humana, como um ser “outro-de-si”. É exactamente através da arte, como da religião e da filosofia, que esse Espírito regressa a si como “autoconsciência” ao mesmo tempo que o Homem, através da obra de arte, se cons-
ciencializa dessa presença espiritual no mundo. Esse Espírito, que tudo abarca, revela-se a si mesmo, no que é “em si”, pelas produções artísticas humanas. Deste modo se concilia a necessidade de o Absoluto se manifestar mediante o finito, afirmando-se simultaneamente como ser infinito, eterno. Na verdade, o Espírito Absoluto realiza a sua essência como automanifestação e unidade do Idêntico – o “em si”, o infinito – e do Diferente – o “outro-de-si”, o finito. Daí o valor desmedido que Hegel atribui à arte, à religião e à filosofia, como actividades culturais do Homem que testemunham e presentificam o espiritual no mundo físico e ascendem à verdade. Outro filósofo, português, Sílvio Vieira Mendes de Lima (1904-1993), eminente professor da Universidade de Coimbra no século passado, abordou com lucidez e espírito analítico a difícil problemática das relações entre a ciência e a arte. Sílvio Lima defende, contra alguns críticos da época, que a ciência, dominada pela lógica, pela procura de objectividade e pelo espírito crítico e sistemático, muitas vezes criticada pela “frieza” do cientista face aos factos, não anula a inspiração estética, havendo mesmo arte no modo como o cientista produz a sua obra. A ciência estimula e vivifica a arte, enriquece-a, alargando-lhe o conteúdo com novos temas e novos valores. É assim que, segundo ele, vários ramos especializados da ciência fornecem à arte motivos de contemplação e fruição estéti-
:: Arte e Ciência cas, como a Astronomia, a Física, a Geografia, a Medicina, a Botânica, a Zoologia ou mesmo a História. Na valiosa opinião deste filósofo, pode existir arte sem ciência mas arte e ciência prestam-se mútuo apoio. Para ele, o autêntico cientista é, implicitamente, um artista. Na procura da verdade, o cientista acaba por produzir beleza, categoria fundamental da actividade estética. O cientista necessita de «sentir a verdade no cerne do coração como algo de belo e de sublime»2 e, por isso, se a arte é criação do belo a ciência acaba igualmente por criar e reproduzir beleza. Segundo Sílvio Lima, «bela, de uma beleza nobre e pura, é a obra científica de um Arquimedes, de um
Descartes, de um Pascal, de um Darwin, de um Einstein: se a estátua de Vénus de Milo pressupõe uma alma de artista que adora o belo, a Física de Descartes pressupõe uma alma de cientista que adora a verdade, que é bela também. A verdade que busca o cientista é, por definição, boa e bela»3. Na realidade, o bem – categoria ética – a beleza – que a arte cria e reproduz – e a verdade – que a ciência procura – são, para Sílvio Lima, três vertentes de uma mesma realidade suprema – a actividade cultural e espiritual do Homem, através da qual ele constrói e realiza plenamente a sua humanidade. Afinal, para este filósofo, as diversas actividades humanas, entre elas a arte e
a ciência, só podem ser concebidas de modo interdependente numa unidade que é o reflexo da unidade do espírito humano que, presentificando-se materialmente, em todas elas se manifesta. Afirma então Sílvio Lima que «a ciência, assim como a arte, assim como a moral, jorram da mesma fonte eterna, a Razão: a Razão, como deusa gloriosa, está presente em tudo que seja humano»4. Pedro Falcão (1) Friedrich Hegel, Fenomenologia do Espírito, 1807, p. 210. (2) Sílvio Lima, “Ciência e Arte”, in O Diabo, 31/05/1936, p. 1. (3) Sílvio Lima, Ob. Cit., p. 1. (4) Sílvio Lima, Ob. Cit., p.1.
Como veio para Coimbra
Charles Lepierre E
m 1884, José Júlio Rodrigues discutiu muito empenhadamente a contratação de um preparador da “cadeira” de tecnologia do recém-criado Curso Superior de Comércio, onde a sua acção seria fundamental para a formação de profissionais capazes de distinguir entre os diversos tipos de matérias comerciais, permitindo, assim, o controlo da sua qualidade. O problema que preocupava José Júlio Rodrigues era a falta de qualidades dos preparadores químicos portugueses, já que não era adequada aos objectivos de ensino que queria implantar, o que tornava problemática a sua contratação definitiva. Propunha, por isso, a sua contratação em comissão temporária, que se tornaria definitiva logo que demonstrassem ter as qualidades necessárias para o cargo (Rodrigues, 1884). Sem o saber, preparava a entrada de Charles Lepierre como preparador no Instituto Industrial em 1888, por influência de Roberto Duarte Silva, um cabo-verdiano, que foi seu professor em Paris (Lepierre, 1911, p.5). Por essa razão, logo em Setembro de 1888, sob a direcção de José Júlio
Rodrigues, que o considerava “moço químico de muito mérito e meu actual preparador no Instituto industrial e comercial de Lisboa”, Charles Lepierre estava à frente dos estudos sobre o açúcar de beterraba, utilizando muito o laboratório da cadeira de química mineral da Escola Politécnica de Lisboa (Rodrigues, 1889, p. 70). Em 1889, José Júlio Rodrigues ascendeu a lente catedrático da 10ª cadeira, que englobava o estudo da tecnologia química, a cerâmica, tinturaria, estamparia e outras aplicações da química, matérias-primas de origem mineral e suas transformações. Havendo dúvidas quanto ao ano em que Charles Lepierre veio para Coimbra, este, em 1911, esclarece que foi em 1889 que Emídio Navarro lhe ofereceu o lugar de professor de Química da Brotero, após ter dirigido os trabalhos práticos de Química da Escola Politécnica de Lisboa e do Instituto Industrial durante ano e meio, cooperando com José Júlio Rodrigues. Trabalhou, por isso, durante 22 anos na nossa Escola, mas, em 1911, a inveja dos picheleiros conimbricenses e a oferta de um rendoso lugar de professor no nascente Instituto Superior Técnico, fê-lo deixar Coimbra com mágoa (Lepierre, 1911). Curiosamente, a 25 de Junho de 1890, José Júlio Rodrigues, enquanto deputado pelo Funchal, ao intervir contra a Ditadura
Regeneradora (no auge da crise do Ultimatum), e como esta lhe mais parecia uma aliada da Inglaterra (ao combater as manifestações populares), denuncia que chegou a prender «um químico francês, contratado pelo laboratório das contribuições indirectas, [que] foi parar ao Pimpão» (Rodrigues, 1890, p.37), que até poderia ser Charles Lepierre, se este não estivesse já em Coimbra. De facto, o lugar de preparador era muitas vezes também de alguém proveniente das alfândegas, pois aí se praticavam as análises químicas das mercadorias importadas para verificar se tinham as qualidades requeridas pelos importadores (Rodrigues, 1884). Aires Antunes Diniz Referências: Charles Lepierre - Despedida (ao publico sensato de Coimbra), Editor - Charles Lepierre, Typographia França Amado, Setembro de 1911. José Júlio Rodrigues – Exposição a propósito dos concursos ao lugar de preparador da Cadeira de Tecnologia, lida perante o conselho do Instituto Industrial e a ele endereçada (sessão de 17 de Outubro de 1884), Lisboa, Typ. Universal, 1884. José Júlio Rodrigues, redigido e mandado imprimir por – O assucar portuguez de Beterraba. Episódios de uma indústria no seu período de gestação, Typographia Universal, Lisboa, 1889. José Júlio Rodrigues, redigido e mandado imprimir por – Projecto Summario de Regulamento dos Trabalhos e Serviços do Laboratório de Chimica Mineral da Escola Polytechnica de Lisboa posto em execução como experiência e sob responsabilidade do respectivo director no ano lectivo de 1889-1890, Imprensa Nacional, Lisboa, 1889. José Júlio Rodrigues – Ditadura Regeneradora de Fevereiro, Março e Abril de 1890, Discurso em 25 de Junho de 1890, Imprensa Nacional, Lisboa, 1890.
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Arte e Ciência ::
O Museu Machado de Castro O Museu Nacional Machado de Castro faz este ano cem anos e nasceu com a República como resultado do trabalho de António Augusto Gonçalves, um professor da Brotero, e de Quim Martins, um professor de Medicina, boémio e de grande cultura. De facto, em 1892, apoiando a Escola Brotero, mandou para o seu Museu Industrial duas grandes jarras de faiança portuguesa do século XVI, seguindo-se outras ofertas. Nesse tempo, as escolas tinham um Museu Pedagógico e a Brotero teve-o também. Nele se recolhiam peças de arte que serviam de modelos para os alunos. Infelizmente, a incúria e a ignorância foi fazendo desaparecer a memória deste elemento fundamental do processo educativo e agora está perdido este nosso equipamento pedagógico. Como sabemos, tudo começou com António Augusto Gonçalves, fundador da Escola Livre de Artes do Desenho e também da Escola de Desenho Industrial, que deu origem à nossa Escola. Mais tarde, com a República, António Augusto Gonçalves, empossado como primeiro director do Museu Machado de Castro, quis que fosse um museu de arte industrial, afirmando o primado da função educativa, fazendo dele uma escola «para artistas, antiquários e estudiosos de todas as categorias», que era usual na época como resultado da Exposição Universal, realizada no Hyde Park, em 1851 (cf. http://mnmachadodecastro.imcip.pt, acesso em 11/3/2011). Desde então, teve vários directores, cada um com a sua concepção de Museu, onde devemos sublinhar Virgílio Correia, que queria fazer dele um Museu Nacional da Escultura, valorizando, sobretudo, a escultura em pedra, como resultado de a região
de Coimbra ser rica em mármore de excelente qualidade. Na verdade, a história do Museu é marcada pelas diversas concepções museológicas dos que trabalharam nele e que o foram enriquecendo com muitas colecções de peças artísticas de diversos materiais. Nota-se, ainda, o recente trabalho de investigação do professor Jorge Alarcão e do professor Pedro Carvalho, com a colaboração do Arq. Pierre André. Neste momento, está já à disposição do público o criptopórtico, o resultado da ocupação romana, visível em dois pisos, sendo agora claro que, no espaço ocupado pelo museu, estava localizado o Forum, o ponto central de Aeminium, a antiga Coimbra, do qual existe, agora, em resultado daquelas investigações, uma reconstrução virtual. Aí, através do método socrático, excelentemente aplicado pelo actor Ricardo Kalash, pude observar a capacidade de alunos do primeiro ciclo de entenderem todo este processo de romanização. Mais tarde, este espaço foi ocupado pelos bispos de Coimbra, que aqui residiram e que o foram enriquecendo com muitas peças de arte, fazendo deste espaço um Museu de Arte, mesmo antes de o ser, como será visível depois do processo de musealização em curso, pois muitas peças que vão ser apresentadas tinham já aqui o seu uso efectivo, integrando-se no conjunto de edifícios que constituem o museu. O museu tem, ainda, um espaço para exposições temporárias, onde agora podemos visualizar uma exposição que apresenta uma proposta de crescimento urbano de Coimbra, em torno das margens do Mondego. Agora, muitos dos visitantes, sentem-se frustrados por só poderem ver o criptopór-
Museus pedagógicos Chamam-se assim, em França, estabelecimentos que compreendem por um lado uma biblioteca de obras de educação e de legislação escolar, bem como livros clássicos propriamente ditos, e por outro uma colecção de material de ensino e de mobília escolar. Noutros países têm também o nome de exposição escolar permanente, de museu de educação e de museu escolar. O museu pedagógico de Paris compreende uma biblioteca com mais de 10000 volumes 24 Jornal da Brotero Abril de 2011
tico, ansiando pela hora em que poderão ver todas as colecções, que constituem o património do Museu Machado de Castro, incluindo as estátuas e, destas, muitas peças em terracota. Esta parte do museu, para felicidade de todos nós, reabrirá renovada ainda este ano, como resultado de um projecto de remodelação e ampliação que triplicará a área de exposição. Poderemos ver, por isso, brevemente, no 1º piso, a sua colecção de pintura e a riquíssima colecção de ourivesaria, onde estará o Tesouro da Rainha Santa. O museu possui, ainda, colecções de peças da nossa etnografia, muitos feitos em madeira e ferro forjado, e entre os artefactos deste último tipo, os cata-ventos, sendo cada um dos artefactos fruto da arte popular coimbrã, algo que a nossa Escola sempre valorizou pela aprendizagem. Reencontraremos, então, muito do labor artístico de muitas gerações de professores e de alunos da Brotero, onde veremos de que modo químicos como Charles Lepierre contribuíram para que fossem mais perfeitos e resistissem à usura do tempo. Talvez partamos, então, enquanto Escola, à procura do Museu Perdido da Brotero, reencontrando dessa forma o nosso destino como Escola de Arte, Ciência e Técnica. Aires Antunes Diniz
e com mais de 130 periódicos de pedagogia, e além disto as quatro seguintes secções: 1ª Material escolar (plantas de casas para escola, tipos de mobílias escolares). 2ª Aparelhos de ensino (mapas, modelos, colecções geográficas, científicas e tecnológicas). 3ª Colecção de trabalhos de alunos. 4ª Documentos relativos à história da educação. Importantes estabelecimentos da mesma índole existem também na Áustria, Inglaterra, Bélgica e Espanha.
:: CNO Brotero O Centro Novas Oportunidades Brotero na Escola e na Comunidade
Quem somos O
Centro Novas Oportunidades (CNO) Brotero tem como entidade promotora a ESAB, o que constitui, indubitavelmente, uma mais-valia, tendo em conta que esta é uma escola de referência para a comunidade em geral, e para muitos adultos, em particular, pois grande parte daqueles que se inscrevem no Centro, já a frequentaram, aquando do seu percurso escolar, precocemente interrompido. Foi criado pelo Despacho conjunto nº 449/2006 de 5 de Junho, data a partir da qual iniciou o Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de nível básico ( 9º ano), tendo alargado a sua actividade direccionada, também, para o nível secundário ( 12º ), em 2007, e oferecendo, ainda, actualmente, o processo de RVCC – PRO nas áreas de Construção Civil e Engenharia Civil, Electricidade e Energia, Secretariado e Trabalho Administrativo.
Porém, o CNO Brotero não confina a sua actividade às instalações da ESAB. Mantém -se aberto à comunidade, através de uma rede de itinerâncias, direccionadas para instituições com quem celebrou protocolos, nomeadamente, Juntas de Freguesia e organismos ligados à saúde (HUC, CHPC, Escola de Enfermagem). Celebrou, ainda, ao longo dos anos, com diversas entidades certificadoras, protocolos de cooperação e/ou certificação e colabora com entidades locais, relacionadas com o Ensino superior (U. Coimbra - Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação e Escola Superior de Educação) proporcionando aos alunos, destas instituições, a observação em contexto de trabalho (Unidades de Observação e Intervenção que constam do plano curricular de estudos) e ainda estágios, quer profissionais quer de curta duração.
A última candidatura pedagógica e financeira, apresentada pelo Centro e aprovada pela Agência Nacional Qualificação (ANQ), refere-se ao biénio 2010/2011. Para este ciclo, o Centro manteve o escalão C que determina, por um lado, as metas a atingir e, por outro, o número de elementos da equipa que, presentemente, é constituída por: -Director – adjunto da Direcção por delegação do Director da Escola; -Coordenadora; -Formadores das diferentes áreas de competência de nível básico e secundário (15); -Profissionais de RVC (5); -Técnicas de Diagnóstico e Encaminhamento (2); -Tutores (3) e Avaliadores (3) ligados ao RVCC – PRO. O número alargado de formadores devese ao facto de a maior parte se encontrar a exercer funções, apenas, a tempo parcial, completando o seu horário com outras actividades no âmbito da docência.
Este é o contexto em que se insere o CNO BROTERO, onde já foram certificados mais de mil adultos. Em termos práticos, estas mais de mil certificações, significam que, para um número igual de adultos, se abriu uma porta de acesso a possíveis promoções no emprego ou, mesmo, a possibilidades acrescidas de acederem a novos empregos ou profissões, não esquecendo que, para a grande maioria constitui a concretização de um sonho adiado, não raras vezes, ao longo de anos. Walt Whitman, em “Leaves of Grass” diz, a certa altura, “Não deixes que termine o dia sem teres crescido um pouco (...) A vida é deserto e oásis,(…) converte-nos em protagonistas da sua própria história” (tradução livre). É deste espírito que deve estar imbuído todo o adulto que optou por se inscrever no Centro Novas Oportunidades – ter consciência do conhecimento/saberes que foi adquirindo ao longo da sua vivência
individual, profissional e como ser humano, e que fazem dele protagonista da sua própria história. Um protagonista evolutivo e com capacidade crítica que se apropria do seu património vivencial através de uma dinâmica de compreensão retrospectiva. Quanto a nós, equipa, cabe-nos o dever de ajudar cada adulto a ser ele próprio.
O que fazemos
A
Brotero acabou de comemorar 125 anos de existência. Ao longo deles, muitas gerações, muitos cursos, muitos professores, muitas concepções, muitas políticas educativas, muitas metodologias, muitas reformas, muitas pedagogias … cruzaram e definiram esta escola. Mas parece podermos afirmar um traço identitário que atravessa estes 125 anos da Brotero: deu sempre uma nova oportunidade para os muitos cuja vida foi avara em oportunidades de sucesso. Nunca foi uma escola elitista, nem uma escola para elites (económicas, sociais ou outras). Por isso foi sempre uma escola de elite: no seu pluralismo, na sua diversidade, na sua informalidade, na sua democraticidade. (Mesmo quando, ainda, não havia democracia). E gostaríamos que assim continuasse. Por toda esta tradição, não irá ser agora que a comunidade escolar veja o CNO, por desconhecimento ou preconceito, como um lugar de distribuição gratuita de diplomas a adultos que não quiseram ou não puderam estudar na altura certa e que agora pretendem concluir o 9º ou o 12º ano. Senão, vejamos:
A vida também é uma escola. Muita gente não pôde andar na escola o tempo suficiente para ter um diploma de ensino básico ou secundário. Teve que Abril de 2011 Jornal da Brotero 25
CNO Brotero ::
O Centro Novas Oportunidades Brotero na Escola e na Comunidade começar a trabalhar cedo. Passou por diversos empregos, fez cursos de formação, aprendeu a escrever à máquina ou, mais tarde, a usar o computador, criou e geriu empresas familiares, pequenos negócios, tirou a carta de condução, fez o serviço militar, casou, constituiu família, teve filhos, acompanhou-os no seu crescimento, nas suas doenças, no seu percurso escolar, falou com educadoras, professores, directores de turma, psicólogos, médicos de família, arrendou ou comprou casa, abriu conta num banco, pagou impostos, pediu empréstimos, fez seguros, foi à Câmara Municipal pedir licenças, geriu as finanças familiares, apoiou os pais, emigrou, aprendeu outras línguas, conheceu outros países, fez parte de associações de moradores, recreativas, desportivas ou outras, foi a reuniões de trabalhadores, de condomínio, de sindicato, colaborou com a paróquia, com a autarquia, viu televisão, ouviu rádio, leu revistas e jornais, conheceu, falou e interagiu com centenas ou milhares de pessoas, foi ao cinema, escreveu cartas, recados, relatórios, preencheu formulários, inquéritos, impressos vários, divorciou-se, falou com advogados, participou em ou acompanhou campanhas eleitorais, votou, trabalhou na sua junta de freguesia, tocou algum instrumento, fez teatro, dançou no “rancho”, escreveu versos, teve netos, acompanhou-os no infantário, na escola e no centro de saúde, … e sabe menos do que um jovem de 15 ou de 17 anos?
Não será da mais elementar justiça aferir todos esses saberes, acumulados ao longo da vida, e verificar se eles equivalem aos saberes formais que a escola hoje proporciona a todos mas que alguns (há 30 ou 40 anos, muitos) não puderam frequentar? 26 Jornal da Brotero Abril de 2011
Certificar é desocultar e reconhecer o que a escola da vida ensinou – o RVCC. Centremo-nos no 12º ano: ao longo de alguns meses, os adultos são acompanhados por vários elementos da Equipa, Profissionais e Formadores das três áreas de competência-chave – CP -Cidadania e Profissionalidade, STC - Sociedade, Tecnologia e Ciência e CLC - Cultura, Língua e Comunicação – e vão sendo orientados para a total explicitação dos seus saberes e saberes-fazer. No mínimo, têm de evidenciar 44 competências (das 88 enumeradas no Referencial de Competências-Chave para a Educação e Formação de Adultos) correspondentes a outros tantos temas, tão diversos como: Associativismo e Movimentos Colectivos, Patologias e Prevenção, Sistemas Monetários e Financeiros, Micro e Macro Electrónica, Ciência e Controvérsias Públicas, Construção e Arquitectura, Consumo e Eficiência Energética, Comunicações Rádio, Orçamentos e Impostos… para mencionar somente nove. O acompanhamento individualizado dos adultos, na construção dos seus Portfolios Reflexivos de Aprendizagens, pode implicar, consoante os casos: -A actualização/aprofundamento das experiências que adquiriram ao longo da vida, sendo incentivados e orientados para leituras e pesquisas, centradas num ou mais temas das três áreas de competência referidas. -O inicio de novas experiências – é o caso das tecnologias de informação e comunicação. Dispõem, para isso, de formadores que os iniciam na utilização dos computadores e dos seus recursos formativos e informativos. Muitos adquirem, através da escola, o seu primeiro PC. -A iniciação numa língua estrangeira -
alguns adultos revelam um conhecimento mínimo de uma língua estrangeira e podem, por isso, fazer alguma formação complementar em pequenos grupos. Ao longo deste processo, verifica-se que alguns adultos revelam mais competências do que as mínimas exigidas para uma certificação completa do 12º ano. Noutros casos, contudo, só conseguem atingir uma certificação parcial; são, então, encaminhados para cursos de Educação e Formação de Adultos onde podem completar as competências em falta. Nesta diversidade de situações surgem casos extraordinários: verdadeiros autodidactas, com percursos profissionais e culturais riquíssimos, com uma capacidade de iniciativa e de participação cívica inexcedíveis, que mantiveram uma curiosidade infinita e a foram alimentando ao longo da vida, … e que só perto da idade da reforma é que tiveram tempo para descobrir que o certificado do 12º ano lhes daria algum reconhecimento ou lhes traria algumas vantagens, depois de uma vida inteira a trabalhar. Uma coisa é certa: não é com facilitismos, mais ou menos encapotados, mas com espírito de justiça e rigor que o CNO Brotero tem tentado desenvolver as suas actividades.
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Testemunhos O nome, Licínio José Carnaz Ferreira, foi-me dado há 51 anos, na Carapinheira do Campo, concelho de Montemor – o Velho, a 13 de Dezembro de 1959, dia do meu nascimento. Durante 26 anos vivi na Carapinheira do Campo mas actualmente resido na Estrada do Loreto, em Coimbra, local escolhido após o matrimónio, realizado no dia 15 de Junho de 1986. No período da adolescência sempre fui um aluno inteligente e perspicaz, mas a malandrice, no entanto, fez parte integrante do crescimento escolar, recolhendo como “fruto” de tal “árvore” o 9.º ano de escolaridade incompleto aos 18 anos. Com a chegada da maioridade as portas do mundo do trabalho abriram-se. Os anos foram passando, mas as minhas habilitações literárias deixaram de ter qualquer valor para os meus objectivos, situação que me permitiu reconhecer ter chegado ao ponto de ser o “elo mais fraco”. O volume das restrições aumentaram, sobretudo ao nível profissional, mas inverter esse desiderato era algo de contornos difíceis, não apenas pela exposição da idade, mas também pelas inexistentes alternativas. Contudo, vislumbrou-se alguma luz ao fundo do túnel. Face aos objectivos que alimentava, mas que eram difíceis de sustentar devido aos parcos recursos escolares, o aparecimento do Centro Novas Oportunidades, na Escola Secundária Avelar Brotero, permitiu-me ganhar novo fôlego e beneficiar do programa, em 2009, para me tornar um dos seus “apóstolos”. Depois de o frequentar entusiasticamente, o meu esforço culminou com o ponto máximo possível no Centro Novas Oportunidades: a conclusão do ensino secundário, em Dezembro de 2010. Este incentivo, através do Centro Novas Oportunidades e do processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), permite-me hoje desempenhar um papel mais activo junto da
sociedade, procurando, de forma sistemática, travar o mal que impede um ambiente saudável. Confesso que me valorizei a nível pessoal, social e profissional. Adquiri bases para contestar, dentro da legalidade, privilegiando as condições essenciais para um bom desempenho profissional, nomeadamente ao nível das solicitações e explicações junto dos meus superiores hierárquicos, transmitindo-lhes a indispensabilidade da segurança no local de trabalho. Este foi o primeiro passo para o meu enriquecimento, pessoal e profissional, uma vez que, num futuro próximo, está equacionado frequentar um curso no âmbito da Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, financiado pela entidade patronal. O Centro Novas Oportunidades, através do processo de Reconhecimento Validação e Certificação de Competências (RVCC), deu-me a oportunidade de falar do meu passado, do presente e de preparar o futuro com uma visão diferente. Fiz a minha apresentação. E o Centro Novas Oportunidades da Escola Avelar Brotero, quem o apresenta? A equipa é constituída por pessoas que diariamente, por vezes em condições difíceis, zelam e fazem muito pelos adultos. São pessoas que ouviram e viveram as minhas alegrias e tristezas. Contribuíram para o aumento da minha auto-estima e da vontade de evoluir cada vez mais. Sem dúvida que se tornaram a chave do meu sucesso, abdicando inclusive de momentos de convivência familiar e de lazer para me ajudarem a concretizar os meus objectivos. Ao chegar ao fim, atingidos os meus objectivos, sinto que aumentei e consolidei os bons amigos, neste caso em particular, os formadores, para quem o meu agradecimento é a melhor forma de pagamento que encontro. Contrariando o pessimismo, vamos lutar para que estes Centros não morram, mas que se possam reproduzir cada vez mais. Acreditar faz parte do nosso quotidiano.
:: CNO Brotero
O meu sonho de criança Quando me foi lançado o desafio para escrever algumas linhas para o jornal da escola, aceitei-o de imediato, apenas com o sentido de alertar algumas pessoas, de que nunca devemos desistir dos nossos sonhos, nem achar que já não vale a pena, sempre que essa possibilidade nos é oferecida. No meu caso, hoje com 55 anos de idade, com um cargo de chefia numa empresa de documentação, conseguido após muitos anos de "lutas", desafios ganhos com muitas horas de esforço e dedicação, nem teria necessidade de me estar a preocupar com o nível de escolaridade, pois tinha subido ao mais alto cargo que existe na minha área, dentro da minha empresa. No entanto, a minha grande “pedra no sapato” era ter apenas como nível de escolaridade a antiga quarta classe. Infelizmente, nunca tive oportunidade nem situação económica que me permitissem, ao longo da minha já longa vida, continuar a estudar, situação que por mim sempre foi desejada, desde os meus nove anos, quando, por força das circunstâncias, tive de abandonar a escola. Por isso, quando apareceu o programa Novas Oportunidades, criado pelo governo, não hesitei e, nesta data, posso dizer que consegui alcançar "O MEU SONHO DE CRIANÇA". Hoje sinto-me uma pessoa mais preparada para os desafios que nos vão aparecendo todos os dias. Aprendi imenso, a vários níveis, tais como: conceitos de economia e gestão e informática; aprendi a dialogar sobre diferentes assuntos; alguma coisa de língua inglesa, e, o mais importante, a minha auto-estima está em alta. Tudo isto se deve a algum esforço da minha parte, pois enquanto durou este percurso continuei a exercer a minha actividade profissional. Também houve momentos de alguma sensação de incapacidade e frustração, que quase me levaram a desistir. Felizmente que por detrás está toda uma equipa de profissionais e formadores, que na hora necessária lá estavam com uma palavra amiga de motivação e apoio. Por isso a minha mensagem é: vão em frente e lutem pelo vosso sonho. Ana Teresa Ferreira
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Visitas de estudo ::
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Visita a Paris
a semana de 5 a 11 de Março, realizámos uma viagem de estudo a França, organizada pelas professoras Cristina Gouveia e Andreia Santos em conjunto com o Agrupamento de Escolas de Soure. Nessa viagem, participaram os alunos de Francês das turmas do 11º ano 1B, 3A e PS, bem como, os alunos do 10º 1F e 12º anos PSI1 e PSI2. A maior parte da viagem foi passada em Paris, onde pudemos visitar os sítios mais conhecidos e emblemáticos da cidade, tais como a Torre Eiffel, a Catedral de Notre Dame e o bairro de Montmartre, não esquecendo o Museu do Louvre. Também tivemos a oportunidade de fazer uma viagem nos Bateaux Mouches, que nos permitiu conhecer esta cidade numa outra perspectiva, a nocturna. Visitámos também a Disneyland, que foi para a maioria o dia mais agradável e divertido de todos. No
último dia, após a visita ao belo e enorme Palácio de Versailles, iniciámos a nossa viagem para Poitiers, onde pernoitamos no hotel do Parque do Futuroscope, que visitaríamos no dia seguinte. Lá pudemos assistir a vários filmes em 3D e 4D e entrar em diversos simuladores, que nos proporcionaram momentos muito agradáveis e sensações fantásticas. Já à noite assistimos a um bonito espectáculo realizado com hologramas. Apesar das poucas horas de sono devido ao convívio intenso entre todos os participantes da viagem, e dos muitos quilómetros percorridos de autocarro, no final o balanço foi muito positivo, conhecemos novos lugares, alguns onde nenhum de nós havia estado, fizemos novas amizades e sobretudo passámos uma semana maravilhosa repleta de cultura e de diversão.
Alunos Participantes da Visita de Estudo a Paris
Visita de estudo
à Força Aérea
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erto dia, ainda no 1º Período, a nossa Professora e Directora de Turma, Susana Pereira, anunciou-nos que iríamos realizar uma visita de estudo ao Estado-Maior da Força Aérea. As reacções foram bastante variadas, mas notava-se bem o espanto nas nossas caras por irmos a tal sítio, uma vez que estamos num curso de Informática. A professora explicou-nos que iríamos visitar a Direcção de Comunicações e Sistemas de Informação da Força Aérea Portuguesa (DCSI-FAP), bem como os objectivos da visita. Ficámos na expectativa. Foi no dia 19 de Janeiro de 2011 que entrámos no autocarro por volta das 10 horas e fizemo-nos ao caminho. A expectativa era muita, mas não sabíamos ao certo o que iríamos encontrar… Chegámos a Lisboa e fomos almoçar ao Centro Comercial Colombo, já que era o local mais acessível e ao mesmo tempo perto da base militar. 28 Jornal da Brotero Abril de 2011
De seguida, dirigimo-nos então ao local das instalações da Força Aérea. O que nos saltou logo à vista foram os vários indivíduos fardados que estavam por ali na entrada. Tivemos um primeiro contacto com o Major Paulo Mineiro, das Relações Públicas, muito bem fardado e bastante simpático, que convidou alguns dos alunos a darem algumas entrevistas para mais tarde colocar no Website da Força Aérea. Seguiu-se então uma primeira apresentação, efectuada pelo Tenente-Coronel Jorge Manteigas, sobre a DSCI-FAP, tendo-nos sido dado a conhecer os seus objectivos e a sua estrutura. Logo de seguida, tivemos contacto com o responsável pela equipa de desenvolvimento dos sistemas de informação da Força Aérea, o Tenente-Coronel Filipe Reis, que nos explicou um pouco do trabalho da sua equipa. Foi neste momento que todas as dúvidas e perguntas, como por exemplo “Mas por que é que viemos aqui?”, se desfizeram. Nesta altura, colocámos várias questões que foram prontamente respondidas. E foi precisamente aqui que começámos a perceber que a Informática e a Tecnologia têm um papel fundamental no funcionamento da Força Aérea Portuguesa e que as matérias leccionadas no nosso curso estavam bastante relacionadas com tudo o que estávamos a ver. Fizemos uma breve pausa para lanchar e depois
voltamos à mesma sala, onde nos foram apresentadas as soluções de emprego que teríamos caso estivéssemos interessados em ingressar para a Força Aérea, principalmente na nossa área, a Informática. Para finalizar, visitámos as infraestruturas da DCSI, guiados pelo TenenteCoronel José Gorgulho, onde tivemos oportunidade de ver, para além de um espaço “museu” com diversos equipamentos informáticos do “século passado”, todos os bastidores, servidores e outros equipamentos de comunicações. O entusiasmo era grande, já que estávamos a passar por entre servidores e equipamentos de ponta que comunicam com todas as outras bases do país. Ficámos muito impressionados com esta visita de estudo, pois nunca imaginámos que a Força Aérea necessitasse deste tipo de equipamentos e softwares. Foi uma realidade nunca antes vista nem imaginada. Uma realidade viável para o nosso futuro. Uma realidade que todos os alunos deveriam ter oportunidade de viver, sobretudo os de informática. E, principalmente, uma realidade que nós adorámos conhecer. O nosso grande obrigado a todos os que tornaram esta visita de estudo possível. Diogo Bhovan & Henrique Cabral , 12º PSI1 1
http://www.emfa.pt/www/includes/mostraVideo.php?
lang=pt&file=Visitadeestudo_DCSI
:: Visitas de estudo Visita de estudo a Lisboa No passado dia 3 de Fevereiro de 2011, os alunos das turmas 10º3A e 11º3A, da Escola Secundária de Avelar Brotero, foram a Lisboa, em visita de estudo, com o propósito de visitar a exposição do pintor português Columbano Bordalo Pinheiro, que ficou conhecido pela sua precisão em retratar a realidade humana, no Museu de Arte Contemporânia do Chiado, e, durante a tarde, assistir a uma sessão plenária na Assembleia da República. A saída da escola ocorreu cerca das 08:00 horas, com destino à baixa lisboeta. A chegada ao Museu aconteceu perto das 11:30h, para a referida visita, onde uma guia acompanhou os visitantes e os “transportou” até ao século XIX. Após uma breve passagem pelo Chiado, o almoço decorreu na cantina da Assembleia da
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o dia 12 de Janeiro, os alunos do 12º ano do Curso Profissional de Multimédia, visitaram os estúdios da esecTV aqui bem perto, na Escola Superior de Educação de Coimbra. Durante esta visita, além de se aperceberem de como se produz um programa de televisão, puderam eles mesmo participar na realização do programa que foi para o ar na semana seguinte. De facto, após algumas brincadeiras em que puderam experimentar apresentarem um programa fictício, a simpática Drª Carina Este-
Hands-on No dia 11 de Fevereiro do corrente ano, os alunos do Curso Profissional de Manutenção Industrial, acompanhados pelos
República, juntamente com alguns deputados. Já passava das 15:30h quando se deu início a mais uma reunião plenária, onde se debateu, entre outros assuntos, o actual código contributivo português. Acabada a sessão na Assembleia da República, e embora passasse já das 17:00h, houve ainda tempo de, antes de se tomar o caminho de regresso à escola, desfrutar dos tradicionais e deliciosos pastéis de Belém, nos soalheiros jardins com o mesmo nome. Sempre com um espírito animado, já passava das 20:30h quando as turmas
regressaram à escola, após uma excelente jornada de trabalho e de diversão.
ves, sob a sua supervisão, encarregou-os de filmarem o programa, controlarem o teleponto, e mesmo algum trabalho de realização no backstage. Em http://multimedia.brotero.com podem assistir a um pequeno filme, onde verão estes nossos profissionais em acção durante as filmagens usadas no programa
semanal que a esecTV transmite todas as quartas-feiras na RTP2, por volta da meianoite. Esta é seguramente uma visita a repetir no próximo ano lectivo, com as turmas do Profissional de Multimédia!
Inês Valença, Inês Santos, Leonor Carvalho, Margarida Duarte, Mariana Simões 10º3A
Prof. Artur Costa
professores Jorge Pessoa e Susana Bugalho, visitaram o Centro de Ciência Viva, em Coimbra. O entusiasmo era contagiante e, uma vez mais, demonstraram que, para aprender, é necessário “pôr as mãos na massa” (Hands-on). Em diversos placards deste Centro de Ciência Viva é referido “Proibido não mexer”, colocando em evidência que, para aprenderem, os alunos têm que experimentar, mexer, tocar… De realçar o bom comportamento dos alunos e o interesse que todos manifestaram durante a visita. No final, foram unânimes em considerar necessário este género de iniciativas num ambiente não formal para enriquecerem os conhecimentos adquiridos.
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Artes ::
O corpo humano
O
corpo humano é uma ferramenta artística extraordinária, homens e mulheres transmitem mensagens com o corpo, criam complexos discursos visuais utilizando o movimento, criam significados claros através de diferentes expressões: o corpo serve para desenhar intenções, exprimir emoções e estabelecer relações com o meio e com os outros.
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Os artistas normalmente apresentam o conceito de corpo humano da sociedade em que vivem. Representam os corpos em função do que vêm (realidade), do que sentem (emoções), do que sabem (conhecimentos) e do que acreditam (crenças, valores). A representação do corpo aparece na arte com funções mágicas (para evocar) ou com funções narrativas (para
contra uma história mitológica, para contra uma história religiosa, para descrever um acontecimento histórico, politico ou do quotidiano). O corpo também pode ser representado com funções descritivas por exemplo o retrato de alguém ou apenas para mostrar um corpo (desenhos de modelo). Mas mesmo no ultimo caso o desenho do corpo transmite muito
:: Desenho
mais histórias do que uma simples descrição formal (são disso exemplo os retratos pintados por Lucien Freud, os desenhos de Giacometti, as bailarinas de Degas, as mulheres de Renoir, as personagens de El Greco, as Vénus de Ticiano, as caricaturas de Daumier, entre outros). Como desafio, foi proposto à turma de Desenho A do 11º2C o desenho de retratos em tamanho real. Foram criados 6 grupos de trabalho que, entre os meses de Novembro 2010 a Janeiro 2011, produziram 6 desenhos em grande escala (150 x 70 cm). Estes trabalhos irão ser futuramente expostos na escola e em Montemor-o-velho, no âmbito do Festival Quarteirão Primavera, entre 21 de Maio e 12 de Junho. José Vieira
Abril de 2011 Jornal da Brotero 31
Mérito Académico Quadro de Honra
Ana Beatriz Pacheco
Joana Rita Marques
Mariana Santos Tomás
nº 3, 11º 1C
nº 14, 11º 1D
nº 28, 12º 1D
Ana Inês B. Fonseca
João Ricardo M. L. R. Lourenço
Mónica Catarina Wolters
nº 4, 11º 2C
nº 16, 12º 1B
nº 20, 10º 1E
Ana Sofia Nina
João Pedro S. M. Mendes
Nuno Correia V. Cardoso
nº 3, 12º 1D
nº 19, 12º 3A
nº 14, 10º PING
Beatriz Falcão Cardoso
José Fernando D. Marques
Patrícia Alexandra R. Manso
nº 9, 11º 1C
nº 17, 12º 1B
nº 20, 10º 1C
Carolina Miguel F. Gonçalves
José Pedro O. Gaspar
Paulo José P. B. Augusto
nº5, 10º 1A
nº 20, 12º 3A
nº 25, 12º 1B
Cristiana Filipa Ferreira
Lara Sofia Costa
Pedro Daniel S. Brandão
nº 5, 12º PS
nº 25, 12º 1D
nº 22, 11º 1C
David Lopes Fernandes
Laura Bettencourt C. Simões
Pedro José Santos Martins
nº 8, 10º 1A
nº 15, 11º 2C
nº 20, 10º PSI
Diogo André Cacho
Laura Martins S. Falcão Baptista
Pedro Miguel Reis Bento Paredes
nº 13, 12º 1E
nº 16, 11º 1B
nº 20, 11º 1B
Fábio Jorge A. Oliveira
Leonardo Cardoso Miraldo
Ricardo Daniel Cardoso Pereira
nº 8, 10º PING
nº 17, 11º 1C
nº 22, 10º PSI
Filipa Namorado C. H. Antunes
Letícia Beatriz C. Gonçalves
Rui Pedro Rodrigues Baptista
nº 10, 11º 2A
nº 16, 11º 2C
nº 26, 12º PSI 1
Gonçalo Filipe M. Marques Donato
Luís Alexandre B. C. C. Salazar
Soraia Filipa Salgado
nº 13, 11º 1B
nº 18, 11º 1B
nº 11, 12º PS
Inês Conceição Pinto
Maria Tinoco
Susana Filipa S. Sá
nº 18, 12º 1D
nº 21, 11º 1E
nº 29, 12º 1A
Inês Sofia Lopes
Mariana Filipa Simões
Tiago Miguel R. Colaço
nº 19, 12º 1D
nº 18, 11º 1D
nº 30, 12º 1A
Joana Filipa Neves de Sá nº 10, 10º 1E
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