Publicações Cozinhar: uma história natural da transformação POLLAN, Michael. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014. Nessa publicação, o autor dos bestsellers O dilema do onívoro e Em defesa da comida: um manifesto nos convida a refletir criticamente sobre o lugar marginal que a comida ocupa no sistema alimentar dominante. Esse sistema é responsável pela criação de um contexto contraditório, em que a busca pela alimentação saudável caminha na direção do divórcio entre os nutrientes e os alimentos, induzindo ao consumo de produtos alimentícios industrializados supostamente saudáveis, ao mesmo tempo em que nos afasta da verdadeira comida, aquela que resulta de nosso trabalho e que carrega consigo nossa identidade, gostos e saberes. Esse processo é acentuado pela redução progressiva do tempo e do trabalho gastos pelas pessoas para o preparo dos alimentos que consomem. Para o autor, um dos principais caminhos em defesa da comida é assumirmos o ato de cozinhar como um ato político de resistência que nos empodera e proporciona maior autonomia frente a um sistema alimentar que impõe o que comemos em função de seus interesses econômicos.
Guia Alimentar para a População Brasileira MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2. ed. Brasília, 2014. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/novembro/05/Guia-Alimentar-para-a-pop-brasiliera-Miolo-PDF-Internet.pdf>. Fruto de amplo processo de participação social, o novo Guia Alimentar para a População Brasileira é um instrumento de apoio e incentivo à adoção de práticas alimentares saudáveis. Fornece também importantes subsídios para a elaboração de políticas públicas de saúde e segurança alimentar e nutricional. Diferencia-se da primeira versão por conferir maior centralidade aos alimentos, especialmente aos in natura, considerando que a relação entre alimentação e saúde extrapola o foco centrado na quantidade e no balanço dos nutrientes. O ato de comer envolve questões diversas, como prazer, gosto, cultura, tempo e espaço, e é influenciado pelas condições de acesso aos alimentos. O guia reconhece ainda que o acesso a uma alimentação adequada e saudável depende de um sistema alimentar socialmente e
ambientalmente sustentável. A maior lacuna no documento é a inexistência de referências quanto aos riscos do consumo de alimentos que contenham ingredientes transgênicos.
Alimentos orgânicos: ampliando os conceitos de saúde humana, ambiental e social AZEVEDO, Elaine. Rio de Janeiro: Senac, 2012. Contribui para ampliar o debate sobre saúde desde uma perspectiva holística e humanizadora, articulando as dimensões humana, social, ambiental e biológica. Partindo desse conceito ampliado de saúde, a autora discute os impactos do agronegócio, cujo modelo produtivo é intensivo em agrotóxicos, fertilizantes, transgênicos e outros contaminantes químicos. Contesta o pensamento biomédico que domina a ciência da nutrição moderna, ao abordar a existência de outras racionalidades nutricionais que embasam variadas práticas alimentares, tais como a alimentação macrobiótica, vegetariana e da medicina chinesa e a nutrição aiurvédica e antroposófica. Da mesma forma, resgata outras formas mais sustentáveis e justas de produção de alimentos saudáveis. Além disso, ao comparar o valor nutricional dos alimentos convencionais e orgânicos, Azevedo demonstra por que os últimos são muito mais nutritivos e saudáveis, tanto para a vida humana quanto para a saúde ambiental.
43
Agriculturas • v. 11 - n. 4 • dezembro de 2014