Uma conversa sobre as mudanças do clima

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Jureminha é uma menina muito inteligente. Ela mora num sítio na região do Polo da Borborema. Boa observadora, passou a reparar nas mudanças do clima em sua região e a prestar atenção no que se falava sobre essas mudanças em outros lugares do Brasil e do mundo. Junto com seu irmão, Pedro Preá, e com a ajuda da boneca Chica de Chita, Jureminha passou a entender as razões das mudanças climáticas e o que pode fazer para ajudar o planeta. E você? Sabe o que é mudança climática?


Jureminha: – Pedro Preá, Chica de Chita, estou aqui pensando... As coisas estão mudando muito, não é mesmo? Vejam só, outro dia vi que estão acontecendo secas na região Amazônica e há pouco tempo tivemos enchentes aqui na nossa região. E moramos no semiárido, não é mesmo?

Pedro Preá: – Pois é, o semiárido é uma região que normalmente chove menos. Mas continua, Jureminha.

Jureminha: – Os dias parecem que estão ficando ainda mais quentes. Soube também que no Sul do país, os agricultores estão reclamando que a chuva cada vez chega mais atrasada e, depois dela, vem um período de seca. Igual ao nosso clima aqui. O que acontece é que as plantações nascem com as primeiras chuvas e depois não encontram mais água para continuar crescendo. Não dá a impressão de que o clima está mudando?


Chica de Chita: – Pois é, Jureminha, acho que você tem razão. Discutimos bastante no mutirão sobre o que é chamado de mudança climática. É assim... O nosso planeta é coberto por uma camada de gases que segura parte do calor que vem do Sol. Se não fosse esse efeito estufa natural a Terra seria tão fria, mas tão fria que não haveria nem bichos, nem plantas, nem gente vivendo aqui. Mas o que está acontecendo agora é que a destruição da natureza e a poluição estão fazendo que o efeito estufa aumente cada vez mais. E esse aumento do calor está causando grandes problemas para todos nós.

Jureminha: – É que os carros, ônibus e caminhões, e a poluição das fábricas jogam muita fumaça no ar, não é?

Chica de Chita: – É isso mesmo. E aqui no Brasil, o desmatamento e a queima das matas é o que mais joga gás na atmosfera. Funciona desse jeito: as plantas crescem se alimentando da luz do sol, do gás carbônico que está no ar e da água e dos nutrientes que estão no solo. Quando uma área de mata é desmatada e queimada, o gás carbônico que a planta tinha retirado volta para o ar e aumenta o efeito estufa. O mesmo acontece quando a gente queima muita lenha ou carvão. É cuidando da natureza que podemos ajudar a diminuir o aquecimento global.


Pedro Preá: – Aqui mesmo na região do Polo da Borborema, muitas famílias não queimam mais e já estão usando o fogão ecológico. Esse fogão gasta muito menos lenha para cozinhar. Isso já é um cuidado, não é?

Chica de Chita: – Ah! Isso é verdade, Pedro Preá. Mas fazem mais. Repare, na nossa região temos muitos tipos de árvores, não é mesmo? Elas estão nas matas, nos quintais e nos roçados. Você já reparou como é diferente a temperatura em lugares com muitas árvores?

Jureminha: – É mesmo, fica bem mais fresco. Por quê, Chica? Chica de Chita: – Além das copas darem sombra pra gente bincar, as árvores têm raízes que buscam água e nutrientes no fundo da terra. Dessa forma que a terra alimenta as plantas e as plantas cuidam da terra. Já reparou que a terra fica mais molhada debaixo dos pés de árvores?

Pedro Preá: – É isso! Meu avô mesmo gosta de deixar umas árvores no meio do roçado. Ele fala que algumas árvores têm sombra fria e que a sombra delas ajuda a conservar mais a água na terra. Esse ano mesmo teve uma seca e o feijão que estava nessa parte esperou a chuva voltar.


Chica de Chita: – Por falar em plantar... Pedro e Jureminha, como vocês acham que podemos proteger a terra e as plantas?

Jureminha: – Plantando mais árvores, Chica? Chica de Chita: – É isso mesmo. Uma terra com poucas plantas fica mais seca e dura, como ensinou o avô de Pedro Preá. Mas não é tudo. Para o roçado produzir bem é preciso adubar a terra com os restos da planta, plantar atravessado para a água da chuva não carregar a terra e também adubar com esterco dos animais. Quando estamos fraquinhos, magrinhos nossos pais nos dão vitaminas para tomar, não é? Quem aqui não já tomou um lambedor? Um suco de acerola? Já não comeu a multimistura? Pois é, também existe um tipo de vitamina para as plantas e para a terra. As folhas, os basculhos, os restos de cultivo que a gente deixa em cima da terra vão se transformando em alimento para as plantas. Depois as raízes buscam esse alimento na terra para a planta crescer e quando as folhas caem, os basculhos... viram novamente alimento para a terra.


Pedro Preá: – Então é assim que a gente vai mantendo a terra forte, não é? Chica de Chita: – É assim. Então Pedro, a água é fonte de vida, não é mesmo? Dela dependem as pessoas, as plantas e os animais. E como estamos cuidando da água?

Jureminha: – Ah! Lá em casa a gente tem a cisterna de placas. Ela guarda nossa água de beber e cozinhar.

Chica de Chita: – Mas o que vocês fazem para guardar mais água? Pedro Preá: – Em um mutirão, aprendi que para guardar mais a água podemos plantar árvores perto dos açudes, dos olhos d’água, das cacimbas e dos barreiros.

Jureminha: – Podemos também construir barragens subterrâneas para que não falte água na terra para as plantas. Meu vizinho tem uma barragem subterrânea enorme. Mesmo no verão ele consegue colher muita coisa e ainda leva produtos pra feira agroecológica.


Chica de Chita: – Mas sabem como a gente pode conservar mais água ainda? Pedro Preá: – Não vai me dizer que é plantando árvores, Chica? Chica de Chita: – Ah, Pedro, é isso mesmo! Vejam o que fazem aqui os agricultores e as agricultoras da Borborema. Eles plantam árvores nas cercas, nos campos de palma, fazem bosques, preservam matinhas, e plantam muitas árvores nos quintais. Dessa forma estão guardando água de muitas maneiras. Guardam água na terra, como disse o avô de Preá, guardam água porque quando o vento passa não leva nem a terra, nem a água, conserva a terra porque quando a chuva passa não provoca erosão. E sabe o que mais, essas árvores dão muito abrigo e alimento para os animais da natureza.

Jureminha: – O Preá que o diga, não é mesmo? Pedro Preá: – Não gostei da brincadeira!


Chica de Chita: – E vocês acham que a gente pode também cuidar da natureza preservando as sementes?

Pedro Preá: – Chica, mas o que tem a semente com as mudanças do clima? Chica de Chita: – A semente é uma criação natural muito inteligente, que permite que a vida sempre tenha continuidade. Muitos agricultores e agricultoras vêm guardando as sementes de feijão, fava, milho, jerimum, girassol e outras em casa para plantar o roçado a cada novo ano. Essas sementes foram sendo escolhidas ao longo dos anos para se adaptarem bem ao nosso regime do clima. Elas atendem aos nossos gostos e as nossas necessidades. Quando usamos sementes de fora da nossa região, muitas vezes precisamos usar o veneno ou adubo para que elas cresçam. E isso também contribui para as mudanças climáticas, sabia?

Jureminha: – Ah, por isso que meus pais têm um banco de sementes em casa. Eles guardam muitas variedades de sementes e elas são tratadas com muito cuidado. Eu mesmo tenho uma semente da minha paixão. É a semente do milho alho que dá uma pipoca boa toda.

Pedro Preá: – Eles também são sócios do banco de sementes comunitário. É que se perderem a semente de casa, têm um lugar seguro onde podem buscar as sementes na hora certa de plantar.


Jureminha: – Sabe, Chica, aprendi muita coisa depois dessa conversa toda. Aprendi que o clima do mundo está mudando e que isso é o resultado da nossa forma de viver, da forma como fomos organizando nossa vida em casa, na escola... Mas sabe o que aprendi e que para mim foi o mais importante? Chica de Chita: – O quê, Jureminha?

Jureminha: – É que uma parte da mudança está na mão de cada um de nós. Nessa nossa conversa descobri um tanto de coisa que posso fazer na minha casa para ajudar nosso planeta. E sabe de uma coisa, deixa eu ir embora porque vi que o mulungu está cheio de sementes. Quero fazer umas mudas para plantar na minha comunidade. Você vem Pedro? Até mais Chica. A gente se vê outra hora. Pedro Preá: – Me espera, Jureminha, eu vou com você. Tchau, Chica!

Chica de Chita: – Até mais meninos! A gente se encontra no próximo mutirão.


Uma conversa sobre as mudanças do clima Edição Projeto Agroecologia na Borborema Texto Adriana Galvão Freire Gabriel B. Fernandes Benedito Olinto da Silva Equipe de Educação Ambiental Benedito Olinto da Silva Manoel Roberval da Silva Ana Paula Anacleto Virgolino Izonaide de Macena Revisão de conteúdo Paulo Petersen Revisão ortográfica e gramatical Gláucia Cruz Projeto gráfico ZDizain Comunicação Ilustrações Ivaldo Guedes Impressão Gráfica JB AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia www.aspta.org.br Centro Agroecológico São Miguel Rodovia BR 104, Km 06 s/n Caixa Postal 33 CEP: 58.135-000 Esperança – PB Tel. 83 3361 9040 | 3361 9041 email: asptapb@aspta.org.br


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