Revista Agriculturas V5, N4 - Publicações

Page 1

Publicações endida somente a partir da variável renda, mas considera também as margens de liberdade para que indivíduos, famílias e comunidades inteiras se autodeterminem com base na valorização dos recursos naturais e culturais que têm à disposição. Nesse sentido, a abordagem desenvolvimento como liberdade dialoga diretamente com a perspectiva agroecológica de desenvolvimento rural.

Gênero, segurança alimentar e Agroecologia no semi-árido brasileiro: as experiências do programa Meios de Vida Sustentáveis CASTELLO BRANCO, T. Recife: Oxfam, 2007.

Desenvolvimento como liberdade SEN, A. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 409 p. Segundo Amartya Sen, Prêmio Nobel de Economia de 1998, o desenvolvimento expressa a expansão das liberdades reais que as pessoas de uma determinada sociedade desfrutam para realizar seus projetos individuais e coletivos. Essa perspectiva contrasta com enfoques convencionais que associam o desenvolvimento ao crescimento econômico, ao aumento da renda per capita, à industrialização e à disseminação de avanços técnicos. Embora essa forma de medição do desenvolvimento aponte fatores que podem eventualmente funcionar como meios para a expansão das liberdades, não são eles em si que asseguram esse fim. Para o autor, “ver o desenvolvimento como expansão de liberdades substantivas dirige a atenção para os fins que o tornam importante, em vez de restringi-lo a alguns dos meios que desempenham um papel relevante no processo.” Essa análise fornece um referencial inovador para a concepção de programas de desenvolvimento, em particular aqueles explicitamente orientados para a superação da pobreza. Nesse caso, a pobreza não é apre-

A publicação apresenta um conjunto de sistematizações de experiências de programas de desenvolvimento rural conduzidos por ONGs do campo agroecológico no semiárido brasileiro que têm como um dos eixos estratégicos a promoção de relações sociais de gênero mais justas e igualitárias. O documento traz importantes pistas para o aprofundamento de questões práticas e teóricas que fomentem um maior diálogo e integração entre o movimento feminista e o movimento agroecológico, em particular ao enfatizar a importância do enfoque de gênero nas estratégias de superação da pobreza rural.

Agriculturas - v. 5 - no 4 - dezembro de 2008

41


Publicações bate à pobreza os processos de luta pela cidadania e de construção de sujeitos sociais coletivos. Nesse sentido, é fundamental que tanto a abordagem de empoderamento quanto a de direitos estejam presentes nas estratégias das ONGs que promovem um desenvolvimento alternativo, visando à superação da pobreza.

Organic Farming: A contribution to sustainable poverty alleviation in developing countries? MAIER, JÜRGEN. Bonn: Forum Umwelt & Entwicklung, 2005. 44 p.

Empoderamento e direitos no combate à pobreza ROMANO, J. O.; ANTUNES, M. Rio de Janeiro: ActionAid, 2003. 116 p. Essa coletânea apresenta trabalhos que apontam para a importância do uso da abordagem de empoderamento na América Latina e que enfatizam a relevância e a complexidade das questões de relações de poder na região. Além disso, busca contribuir para o fortalecimento do diálogo entre esta abordagem e aquela fundamentada nos direitos, ao considerar que não basta lançar mão de uma sem a outra. Afinal, ambas são necessárias e complementares, principalmente quando se tem como estratégia de com-

Documento resultante de dois eventos promovidos por organizações alemãs em 2003 e 2004 que tiveram por objetivo colocar em debate algumas questões-chave relacionadas ao papel que a agricultura orgânica pode desempenhar na promoção da segurança alimentar nos países do Sul, enfocando também a necessidade de ajustes nos sistemas de certificação de qualidade para que pequenos produtores possam se beneficiar do emergente mercado dos alimentos orgânicos. Uma das conclusões apresentadas no documento é que a definição normativa de agricultura orgânica estabelecida pela União Européia não abre perspectivas para que a diversidade de práticas e enfoques da agricultura orgânica seja valorizada em estratégias de superação da pobreza com base no desenvolvimento de maiores graus de autonomia das comunidades empobrecidas no mundo rural, podendo mesmo ajudar a acentuar processos de diferenciação social por meio do estímulo à produção de mercadorias voltadas para mercados de nicho. Trata-se, nesse sentido, de um documento essencial para subsidiar debates críticos acerca das políticas orientadas para a promoção do agronegócio orgânico.

Agriculturas na rede

Acesse: www.agriculturas.leisa.info 42

Agriculturas - v. 5 - no 4 - dezembro de 2008


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.