Tristeza ou Depress達o?
O tema “depressão” veio à tona recentemente, quando o âncora do Jornal da Band, Ricardo Boechat, assumiu publicamente ser portador de transtorno depressivo e afirmou que a doença “não escolhe vítimas por seu grau de instrução ou situação econômica. Castiga sem piedade e da mesma forma, pobres e ricos, anônimos e famosos.” Nos dias atuais, falar em depressão é tão frequente que toda e qualquer tristeza transformou-se em sinônimo de depressão. Por outro lado, muitas pessoas que acreditam estar passando por uma fase de desânimo temporário estão na verdade deprimidas e precisam procurar ajuda médica e psicológica. Ficar triste e desanimado, de forma breve e transitória, é uma reação normal e esperada diante de perdas e decepções. Já a depressão é muito maior que uma sensação momentânea de tristeza ou “baixo astral”. É uma doença que afeta tanto o corpo quanto a mente, podendo aniquilar a vontade de viver. Diante da dificuldade de distinguir um quadro de depressão de sentimentos de tristeza, fique atento se apresentar no mínimo cinco dos sintomas descritos abaixo, por pelo menos duas semanas, sendo um dos dois primeiros, obrigatoriamente: 1. Humor deprimido na maioria dos dias, quase todos os dias. 2. Perda de interesse ou incapacidade de sentir prazer em atividades anteriormente consideradas agradáveis. 3. Perda ou ganho de peso acentuado sem estar em dieta. 4. Insônia ou sono em excesso quase todos os dias. 5. Agitação ou diminuição do ritmo de atividades. 6. Fadiga e perda de energia quase todos os dias. 7. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou pessimismo. 8. Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se ou indecisão. 9. Pensamentos freqüentes de morte, suicídio e sensação de não querer viver.
Cabe ressaltar que as queixas físicas, tais como cefaleias, perturbações gastrintestinais, mialgias, dores lombares, constituem motivos para o paciente deprimido procurar ajuda médica, e ao mesmo tempo, são disfarces perfeitos para camuflar os componentes psíquicos da depressão, contribuindo para postergar o diagnóstico acertado. A depressão não é sinal de fraqueza, é uma doença que merece ser tratada com o mesmo grau de importância que as doenças físicas, e, caso seja diagnosticada, deverá receber tratamento especializado que consiste, em geral, na combinação de medicamentos e psicoterapia. É importante salientar que como não existem exames objetivos para detectar a depressão, ainda há preconceito na aceitação do tratamento, tanto pelo paciente quanto pelas pessoas que convivem com ele. Segundo projeções da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2030, a depressão será o mal mais prevalente do planeta, à frente de câncer e de algumas doenças infecciosas. Dessa forma, é fundamental procurar avaliação médica, tanto para o diagnostico precoce quanto para o tratamento adequado. Ademais, o médico fará uma avaliação completa do estado de saúde, tendo em vista que doenças orgânicas também apresentam, como primeira manifestação, sintomas depressivos. José Pereira Cardoso - Coordenador do Departamento Médico da PGJ (DPMSO-PGJ) Fabiane de Fátima Portella - Psicóloga (DPMSO-PGJ) Juliano José Batista Botelho - Psiquiatra (DPMSO-PGJ)
Holmes, David S. Psicologia dos Transtornos Mentais; trad. Sandra Costa – 2ª ed. – Porto Alegre: Artes Médicas, 1997 (157-172) http://televisao.uol.com.br/noticias/redacao/2015/08/27/boechat-diz-ter-sofrido-um-surtodepressivo-agudo-fiquei-desnorteado.htm http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2011/07/26/interna_ciencia_ saude,262696/brasil-tem-maior-incidencia-de-depressao-entre-paises-em-desenvolvimento.shtml