Macrotendências 2017 -2020 / Planejamento Estratégico - Rede de Educação Notre Dame

Page 1

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 2017-2020

Estudo de cenários

Rede de Educação Notre Dame


PLANEJAMENTO ESTRATร GICO | 2017-2020

Estudo de cenรกrios



Sumário

1 2 3 4

Cenário Político-Legal............................... 7

Cenário Econômico................................... 11

Cenário Sociocultural................................ 15 Cenário Pedagógico-Tecnológico...........................19


5 6 7

Cenário Ecológico-Ambiental..................... 25

Cenário Religioso............................31

Cenário do Mercado da Educação no Brasil.....................37


PLANEJAMENTO ESTRATร GICO | 2017-2020

Estudo de cenรกrios


1 Cenário Político-Legal O cenário político-legal, no ano de 2015, foi marcado por crises, manifestos e reivindicações de direitos. As perspectivas do cenário, para os próximos anos, são ainda mais desafiadoras e de muita cautela nas tomadas de decisões. Esse contexto político de incertezas trará reflexos impactantes em todas as áreas, comércio, serviço (mercado educacional) e indústria. O governo vem implantando métodos e controles fiscais rigorosos e agressivos, que se traduzem em grandes responsabilidades para as empresas, sendo que um dos mais preocupantes é a implantação do e-social. A legislação acerca da educação também está tendo grandes mudanças, como por exemplo: a lei da Inclusão, a legislação do ponto de corte para ingresso no Ensino Fundamental, lei do Bullying, as convenções coletivas que limitam o número de alunos por turma e, consequentemente reduzem as receitas, a lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009 (Filantropia), que vem sofrendo alterações ao longo dos últimos anos, e até o presente momento não está integralmente regulamentada. Por conta disso, as instituições devem adequar suas ações gerenciais para atender as normas. As escolas particulares, em especial, terão novos desafios para continuarem inovando mesmo que as expectativas políticas sejam minimamente motivadoras.

1.1 eSocial Desde 2014, estamos diante da implantação do maior e mais ambicioso projeto do SPED: o eSocial. O eSocial é um projeto do governo federal que vai unificar o envio de informações pelo empregador em relação aos seus empregados. Este projeto é uma ação conjunta da Caixa Econômica Federal, Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, Ministério da Previdência – MPS, Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB, definido para entrar em vigor a partir de outubro/2016. O Ministério do Planejamento também participa do projeto, promovendo assessoria aos demais entes na equalização dos diversos interesses de cada órgão. De forma mais simples e objetiva, o governo federal está repassando a responsabilidade de algumas obrigações sociais à sociedade e como todo projeto do Governo Federal, o eSocial não será de cunho optativo, mas sim impositivo. As empresas precisam estar atentas e organizadas para cumprir os prazos exigidos, principalmente no que for relacionado aos RET – Registros de Eventos Trabalhistas, que nada mais são do que a comunicação do empregador sobre alterações relevantes na relação

7


trabalhista. Esses registros deverão ser entregues assim que o evento ocorrer, sob risco de multa pela falta de comunicação no prazo adequado. 1.2 Lei da Inclusão A lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência está consolidada e pacificada e, tendo presente a determinação legal, cabe às escolas privadas adaptarem-se à legislação vigente para realizarem um atendimento qualificado aos estudantes que possuem algumas necessidades. 1.3 Ponto de corte para ingresso no Ensino Fundamental Basicamente o ponto de corte para ingresso no Ensino Fundamental impacta na relação família/escola. 1.4 Lei do Bullying Em 06 de fevereiro de 2016 entrou em vigor a lei nº 13.185, de 06 de novembro de 2015, que institui o “Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying)”. Tal legislação ainda não foi regulamenta. No entanto, pode-se afirmar que a referida regulamentação não se faz necessária, uma vez que essa realidade já circula nos ambientes escolares e, sendo assim, acredita-se que não mude nem traga grandes mudanças à s rotinas escolares, pois as escolas particulares já estão sensibilizadas com o assunto. 1.5 Convenção Coletiva Trabalho: Sinpro/RS – redução do nº de alunos por turma A Convenção Coletiva de Trabalho 2015/2016 do Sinpro/RS, no seu artigo 38, trata do limite de alunos

8

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários

por turma. Diante disso, já em 2016, as instituições de Educação Básica estarão reduzindo o número de estudantes em algumas turmas. Como exemplo podemos trazer a realidade do 1º ano do Ensino Fundamental, que na grande maioria das instituições, possuía aproximadamente 30 estudantes matriculados e, para 2016, não serão matriculados mais do que 25 estudantes em cada turma. 1.6 Filantropia O marco regulatório das Entidades Beneficentes de Assistência Social foi instituído pela lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009, que já foi alterada pela lei nº 12.868, de 27 de outubro de 2013 e regulamentada parcialmente pelo decreto nº 8.242, de 23 de maio de 2014 e que constantemente é assunto de debate e discussão nas instituições de ensino, e pauta de alterações e fiscalizações por parte do governo federal. Todas as entidades têm grande preocupação em acompanhar e interpretar tais legislações, já que possuem Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social e necessitam fazer a manutenção do mesmo e garantir os benefícios adquiridos através dele. Apesar das bruscas mudanças, das adequações necessárias e muito mais pela dificuldade de atender a legislação em curto prazo, a Congregação de Nossa Senhora, mantenedora da Rede de Educação Notre Dame, sempre foi proativa e organizada, e está atendendo a todas as exigências legais, podendo assim manter de forma eficiente e eficaz suas atividades de Educação, Saúde e Assistência Social. Permanecendo com essa pro atividade e organização, a entidade garante a manutenção do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, eliminando o fantasma da perda da Filantropia.


Cenário Político-Legal Matriz de Análise

Estatuto da pessoa com deficiência.

Impactos para a Instituição 1. Sistema educacional inclusivo. 2. Adequação do projeto político-pedagógico.

3. Aumento da estrutura de custos. 4. Investimento em acessibilidade.

Filantropia: adequação à legislação vigente e suas regulamentações.

Impactos para a Instituição 1. Redirecionar os investimentos do Plano de Apoio ao Estudante Bolsista.

Legislação Trabalhista: adaptação às leis trabalhistas.

Impactos para a Instituição 1. Mudanças nos processos internos. 2. Investimentos em treinamento e capacitação. 9


PLANEJAMENTO ESTRATร GICO | 2017-2020

Estudo de cenรกrios


2 Cenário Econômico A freada da economia doméstica, perda do grau de investimento, juros mais altos, crise política e depreciação além do esperado da moeda brasileira criam um cenário de grande incerteza e dificultam a tomada de decisões no setor corporativo. A taxa de câmbio ultrapassou pela primeira vez a barreira de R$ 4,00 reais por dólar, nível que, segundo o palestrante Marco Maciel, economista sênior da Bloomberg Intelligence, nem se cogitava oito meses atrás e que piora substancialmente as perspectivas para a inflação, os juros e a economia real. “Se o câmbio for inflacionário, a taxa Selic tem de ser mantida em 14,25% durante todo o ano de 2016, o que significa mais um efeito de contração sobre o PIB”, Maciel afirmou. Além da lentidão da economia e da queda da demanda, os juros - já em patamar elevado - e a improbabilidade de afrouxamento da política monetária pelo Banco Central do Brasil em um cenário de alta da inflação representam mais um fator de compressão da rentabilidade das empresas. Diego Gauto, sócio-fundador da Tailor Consulting e diretor do Comitê de Economia de Jovens Empreendedores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), alertou sobre o grande aperto no mercado de crédito, com os bancos já sendo mais criteriosos na concessão de financiamentos e recusando novos

relacionamentos. “As condições de crescimento são pífias. Mesmo em 2017 e 2018, a recuperação será muito lenta, se houver. Precisaremos estar muito atentos para enfrentar esses dois ou três anos de grande dificuldade”, diz ele. Com empresas lucrando menos, a arrecadação do governo fica ameaçada, mesmo diante da urgência do ajuste fiscal, que já enfrenta a dura oposição do Congresso Nacional e a própria natureza resistente dos gastos públicos. Segundo José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP), não haverá superávit primário porque “as despesas são incomprimíveis e porque, se o setor privado não dá resultado, não arrecada imposto”. A China, que foi um importante motor do crescimento global nos últimos anos, agora atravessa uma prolongada desaceleração, pressionada por fracas exportações, um excesso de capacidade industrial, um fraco mercado imobiliário, altos níveis de dívida, um esfriamento dos investimentos e uma campanha do governo contra a corrupção. Alguns especialistas do mercado creem que os níveis de crescimento real poderiam ser mais fracos do

11


que sugeriam os números oficiais. Já no Brasil, o FMI prevê crescimento só em 2018. Uma fonte do mercado financeiro diz que a partir de agora é manutenção dos juros altos ou alta de 0,25% no máximo. Segundo as últimas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil deve se manter como a sétima maior economia mundial em 2015. No entanto, as perspectivas não são boas. De acordo com economistas, a elevação da taxa de juros (Selic), a queda no consumo, a redução dos investimentos externos e a alta da inflação são alguns dos fatores que vem prejudicando a economia brasileira neste ano. O desemprego disparou como o principal motivo que levou o consumidor à inadimplência no 4º trimestre de 2015, em comparação com o mesmo período de 2014, de acordo com uma pesquisa realizada pela Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito). Pelo levantamento, 41% dos consumidores entrevistados declararam que o desemprego causou a inadimplência, o que representa um salto de 5 pontos percentuais. Depois do desemprego, o segundo motivo causador da inadimplência foi o descontrole financeiro, apontado por 23% dos entrevistados. A forma de pagamento

mais utilizada na compra que gerou a inadimplência foi o carnê/boleto, com 34% das citações; seguida por cartão de crédito, com 28%; cheque, com 14%; empréstimo pessoal, 12%; cartão da loja, 7%; e cheque especial, com 5%. O número de estudantes que trocou a escola particular pela escola pública é 14% maior do que em todo o ano de 2014, 13% dos entrevistados em uma pesquisa feita pelo Ibope para a Confederação Nacional da Indústria disseram ter transferido o filho de uma escola privada para pública entre junho de 2014 e junho de 2015 em razão de problemas financeiros. Os preços da educação subiram acima da inflação em 15 dos 21 anos do período pós-Real, de 1995 a agosto de 2015, segundo Silvio Sales, da FGV. Com a inflação em alta, as escolas estudaram reajustes de 9% a 15% nas mensalidades para 2016. Na contramão dos reajustes, algumas creches e escolas bilíngues e de idiomas optaram por manter os mesmos valores cobrados neste ano para não perder clientela. Mesmo antes desta nova rodada de aumentos, o mercado de escolas particulares já sente os efeitos do aperto no orçamento familiar da classe média, com a migração de estudantes para a rede pública de ensino e para escolas com valores inferiores.

INDICADORES MACROECONÔMICOS ANOS

2013

2014

2015

2016

PIB(U$ Trilhões)

2,242

2,353

1,428

-

PIB-Crescimento real %

2,3

0,1

-2,5

-3,45

*Taxa de desemprego aberto%

7,6

7

8,1

7,9

**Taxa de juros nominais % a.a

10,00

11,75

14,25

14,75

Inflação(IPCA) fim do período %

5,91

6,41

10,67

7,62

2,6

3,9

4,00

***Taxa de câmbio(final de período, R$/U$) 2,3 Fontes:

*Pnad Contínua(IBGE) **www.bcb.gov.br/?copomjuros ***Banco Central br.advfn.com/indicadores/ipca http://oglobo.globo.com/economia/com-crise-pais-buscam-vagas-em-escolas-publicas-17547629#ixzz3xsoirfpL

12

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários


Cenário Econômico Matriz de Análise

Interferência da crise política na vida econômica do País.

Impactos para a Instituição 1. Inadimplência. 2. Perda de estudantes pela diminuição do poder aquisitivo das famílias. 3. Dificuldade de investimento.

Imprevisibilidade político-econômica.

Impactos para a Instituição 1. Incerteza no planejamento a longo prazo. 2. Retração da economia e diminuição do poder de investimento das famílias.

Aumento do desemprego das classes B e C.

Impactos para a Instituição 1. Dificuldade de captar novos estudantes. 2. Aumento da inadimplência. 3. Perda de estudantes para escolas públicas ou de menor valor de mensalidade. 13


Cenário Econômico Matriz de Análise

Fragilidade financeira de instituições afins.

Impactos para a Instituição 1. Possibilidade de ampliação das unidades da Rede. 2. Prestação de novos serviços e produtos.

Acirramento nas negociações sindicais.

Impactos para a Instituição 1. Desgaste na relação empregado X empregador.

14

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários


3 Cenário Sociocultural O homem somente se realiza plenamente como ser humano pela cultura e na cultura. Com essa citação de Edgar Morin, é possível depreender a definição exata do cenário sociocultural. A sociedade não se apresenta como um ser único, mas como um exemplo de coletividade – vê-se isso através da sua origem: do latim societas, que significa “associação amistosa com outros” (CUNHA, 2007). Assim, o homem torna-se único, isolado, “sem” sociedade quando não busca a cultura, não interfere nela, não participa, seja realizando ideias e projetos, seja seguindo de outrem. Ele se torna SER HUMANO quando age através da cultura. E esta, segundo Grinspun (2011), é “como um complexo que inclui conhecimentos, arte, moral e leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. ” Isso mostra a necessidade de se valorizar a cultura, que se apresenta pluralizada na sociedade, implicando em diversos âmbitos, seja científico, político, econômico ou educacional. Quando pensamos no cenário sociocultural, precisamos levar em consideração alguns fatores importantes. Entre eles estão uma multiplicidade de tendências, interesses e atores na dimensão cultural. As tendências, muitas vezes, contrapõem-se umas às outras, sendo difícil prever quais delas irão prevalecer nos próximos dois ou três anos. Os interesses e atores envolvidos também são os mais diversos possíveis, formando blo-

cos não homogêneos que se articulam em torno de determinadas tendências. Isso dificulta a tarefa de traçar cenários futuros de curto e longo prazo. Ainda, há uma capacidade limitada de qualquer ator intervir na dimensão cultural. Isso porque as tendências e interesses estão fragmentados e possuem uma grande capacidade de se reorganizar e modificar. O ambiente globalizado potencializa a dificuldade de intervenção, tornando-a cada vez mais complexa. Apesar da importância crescente da cultura, a dimensão sociocultural é interdependente das demais dimensões. Ou seja, as tendências, dinâmicas e probabilidades da dimensão sociocultural não podem ser isoladas das demais, pois a cultura deve ser vista em uma perspectiva de transversalidade. O contexto internacional age diretamente sobre a dimensão sociocultural brasileira, em um processo complexo e contínuo. O desenvolvimento das indústrias culturais e indústrias criativas, a acelerada revolução sócio tecnológica, a globalização cultural e os acordos em relação às trocas de bens e serviços culturais, bem como de direitos autorais e de propriedade intelectual, interferem sobre a cultura do país. O contexto nacional não é menos complexo e também interfere significativamente na dimensão sociocultural. O descompasso entre a democracia política e o desenvolvimento social, as gritantes desigualdades sociais, educacionais e regionais, a exclusão - inclusive cultural - e a ausência de oportunidades são apenas al-

15


guns dos fatores que precisam ser destacados em uma análise que se pretenda completa. O consumo de atividades culturais ainda é realidade distante da maior parte dos brasileiros, em que a cultura não é algo associado à informação e à diversão. Isso deve ser entendido como um ponto de atenção sobre como vem sendo construído o imaginário das práticas culturais na sociedade brasileira. Pode-se inferir que a ideia de erudição ainda faz parte da noção de cultura do brasileiro. Talvez estejam sediados neste fato entendimentos importantes para o traçado de políticas culturais generosas em relação às diferenças implacáveis com as desigualdades. Dentro desse contexto todo de pluralidade cultural e social, percebem-se fatores determinantes que influenciam direta e indiretamente o indivíduo, como suas necessidades e exigências, visto que em todos as esferas há consumidores bastante exigentes quanto ao que consomem (e aqui não somente bens materiais), mas também no que diz respeito ao campo do bom atendimento e das dúvidas sanadas com clareza e concisão. Essa exigência toda pode ser observada pela gama de informação, que por sua vez gera o conhecimento, provocando mudanças efetivas na sociedade, em que não satisfaz somente o “instrumento consumido”, mas a resposta do porquê consumi-lo. Por isso, afirma Dias “para um profissional moderno não basta deter a informação certa na hora certa, é preciso mais, ir além. Saber o que fazer com esta informação é primordial, onde, como e quando aplicá-la para que seja revertida em

16

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários

conhecimento, sendo que este deve ser compartilhado e empregado para o bem comum da organização. A busca pela formação torna-se cada vez mais elemento diferencial dos profissionais de qualidade, entretanto os profissionais que se destacam são aqueles que, além da formação buscam a informação, ou seja, traçam o processo de aprendizagem para toda a vida.” No cenário sociocultural da educação, a cultura digital veio aproximar a cultura (talvez esquecida) dos livros com a instantaneidade das informações obtidas a um clique. A grande maioria das opiniões formadas, hoje, vem desses fenômenos que atingem as casas das pessoas, mesmo através de uma tela. O mundo transforma-se rapidamente. Em questão de segundos, passa-se de um objeto real para um virtual; passa-se das inovações tecnológicas e com elas às exigências da sociedade evoluem. Atualmente, a escola precisa dar conta de uma demanda imensa e cada vez mais diversificada. “Os professores são chamados a encarar um grande desafio educativo: reconhecer, respeitar e valorizar a diversidade. As diversidades psicológicas, sociais, culturais, religiosas não devem ser negadas, mas consideradas como oportunidade e dom. Do mesmo modo, as diversidades ligadas à presença de situações de especial fragilidade sob o perfil cognitivo ou da autonomia física, devem ser sempre reconhecidas e escutadas, para que não se transformem em desigualdades penalizantes”. (Instrumentum Laboris IL – doc 15 da Igreja – pag. 23).


REFERÊNCIAS

CANDELE, Fernando José. Os movimentos sociais e a educação na sociedade brasileira. 2013. Disponível em: <http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=resenhas&id=92>. Acesso em: 19 jan. 2016. CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. São Paulo: Lexikon, 2007. DIAS, Luiz Gustavo. O mercado de trabalho contemporâneo: a necessidade de formar e informar. Disponível em: <http://www.fundacaoaprender.org.br/o-mercado-de-trabalho-contemporaneo-a-necessidade-de-formar-e-informar>. Acesso em: 19 jan. 2016. GRINSPUN, Mírian P. S. Zippin. A orientação educacional: conflito de paradigmas e alternativas para a escola. São Paulo: Cortez, 2011. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000. NUNES, Paulo. Contexto sociocultural. 2015. Disponível em: <http://knoow.net/cienceconempr/gestao/contexto-socio-cultural/>. Acesso em: 13 jan. 2016. RIOS, Terezinha Azerêdo. Ética e competência. São Paulo: Cortez, 2011. RMA. O que é modismo e o que veio pra ficar na comunicação corporativa?. Disponível em: <http://trends.rmacomunicacao.com.br/o-que-e-modismo-e-o-que-veio-pra-ficar-na-comunicacao-corporativa>. Acesso em: 16 jan. 2016. Instrumentum Laboris – Documentos da Igreja 15 – Educar Hoje e Amanhã – uma paixão que se renova Barreto, Siderley de Jesus. Psicomotricidade: educação e reeducação. Blumenau, Odorizzi, 1998. www.porvir.org.br www.sinepe.org.br www.webartigos.com/artigos/a-importancia-do-ludico.../85585/ Sandra Dallabona www.confenem.org.br www.cult.ufba.br/arquivos/brtemp_produto3.pdf http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/12/141202_ tecnologia_educacao_pai http://www.porvir.org/especiais/personalizacao/#prettyPhoto http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/webservice/frm_ piramide.php?codigo=43

17


Cenário Sociocultural Matriz de Análise

Expressão sociocultural com maior visibilidade.

Impactos para a Instituição 1. Maior discussão nos bancos escolares.

Uso prioritário da comunicação virtual.

Impactos para a Instituição 1. Efemeridade da informação (liquidez). 2. Falta de relações afetivas presenciais.

Diversidade da concepção de cultura brasileira.

Impactos para a Instituição 1. Intolerância (social, cultural). 2. Inexistência de limites para expressão cultural.

18

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários


4

Cenário Pedagógico-Tecnológico

Quando se fala em processo de aprendizagem tradicional pode-se dizer que há uma relação de gestão do conhecimento administrada pelo docente. Existem inúmeras discussões e reflexões em torno desta relação e talvez a que mais esteja em voga seja aquela que envolve o processo de aprendizagem pelas TICs (tecnologias de informação e comunicação). Tal campo – minado - é descoberto quando as tecnologias são exatamente o oposto ao que tange o processo de centralização da gestão do conhecimento. Na verdade, elas vão de encontro ao que é considerado “tradicional”. Um pequeno exemplo do poder das TICS são os livros que, carregados em smartphones, tablets, ultrabooks e outros periféricos, além de diminuírem o peso das mochilas, tornam-se independentes, multifuncionais, fulltime (em qualquer hora e em qualquer lugar). Com isso, os estudantes encontram a informação que precisam ou buscam muito rapidamente e aprendem de diferentes formas. Mais diretamente para as escolas, a ideia de organização de aulas que valorizem as atividades colaborativas pode ser bastante atraente e ainda um elemento diferenciador entre concorrentes. A ideia de colaboração ultrapassa as paredes da escola porque aponta para a vida que ocorre além da escola. A escola precisa ajudar a simular este requisito de formação de vida entre seus estudantes.

Nesse sentido, Moran (2015) afirma que “os próximos passos na educação estarão cada vez mais interligados à mobilidade, flexibilidade e facilidade de uso dos tablets e celulares”, pois eles oferecem também um custo reduzido e soluções mais interessantes, motivadoras e em suas palavras “encantadoras” a todos os envolvidos nos processos de ensino e de aprendizagem iniciados no universo da escola. A grande questão talvez esteja na imperiosa necessidade da escola – e de seus agentes – de se adaptar aos cenários atuais. Isso não é nada fácil. Na prática, a escola brasileira vem de uma caminhada a passos lentos. Em sua segunda edição, o Educação 360 – evento promovido pelo Jornal O Globo e parceiros, nos dias 11 e 12 de setembro de 2015 – procurou reunir significativo número de interessados no assunto para compartilharem em 20 diferentes palestras e mesas de debate, visões e experiências inovadoras e bem-sucedidas em educação, as quais procuram se adequar às novas demandas da sociedade. O governo federal, por meio do MEC, também manifesta seu interesse no debate acerca de novas tendências e práticas na educação. Uma página específica foi inaugurada no segundo semestre de 2015, com o propósito de favorecer as discussões sobre educação num contexto de crescente oferta de opções em tecnologias que pretendem assegurar a autoaprendizagem em re-

19


des de produção de conhecimento: trata-se do site Inovação e Criatividade na Educação Básica. O MEC elenca sete objetivos que espera alcançar, resultado dos diálogos com o público: a. Estabelecer parâmetros e referenciais em inovação e criatividade na educação básica. b. Conhecer a extensão, a distribuição geográfica e o perfil da inovação e criatividade na educação básica brasileira. c. Fortalecer as organizações educativas inovadoras e criativas. d. Ampliar o impacto das experiências inovadoras relevantes para além de seu polo inicial. e. Criar, ampliar e qualificar a demanda social por educação inovadora e criativa. f. Promover a formação de educadores abertos e qualificados para a inovação e criatividade. g. Promover a reorientação das políticas públicas de educação básica a partir do referencial da criatividade e inovação. Ainda, o investimento do governo no setor educacional está sendo gradativo, pois devemos chegar a 10% do PIB até 2024, sendo que nos próximos três anos, tem de chegar a 7%, estando em 5,7%, no ano de 2014. O Brasil aumentou muito o investimento em educação: cresceu 82% de 2005 a 2013, mas para o blogueiro Reinaldo Azevedo, da revista Veja, o Brasil investe muito mal o dinheiro nesse setor, pois não se tem instrumentos de aferição de qualidade nas três esferas da Federação: municípios, Estados e União para um feedback do investimento. Passando para o cenário tecnológico das escolas privadas, uma grande maioria já trabalha com livros didáticos digitais acessíveis por tablets, gerando maior interesse do estudante pela aula. Se fizermos uma pequena retrospectiva tecnológica, podemos citar que de 2012 até agora tivemos uma popularização de dispositivos, tais como espaços on-line, aprendizagem baseada em jogos, uso de smartphones e tablets, bem como o

20

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários

acesso à banda larga. Atualmente, cursos inteiros podem ser acompanhados por podcast ou vídeos, com testes adequados e ambientes de colaboração como os que acontecem em redes sociais. O fato é que podemos aprender sozinhos e em grupo, estando juntos fisicamente ou conectados. Na medida em que os estudantes entram na sala de aula, o uso da tecnologia não pode ser só complementar. Podemos repensar a forma de ensinar e de aprender, colocando o professor como mediador, como organizador e problematizador de processos mais abertos e colaborativos. A seguir, alguns exemplos de tecnologias (MACROTENDÊNCIAS) utilizadas para o processo de aprendizagem: 1. Utilização de Plataformas de Ensino As Plataformas de Ensino, além de servirem de repositório de dados (apostilas, listas de exercícios), podem suportar aulas em vídeo. A ideia é estimular, cada vez mais, a autoaprendizagem. As dúvidas podem ser enviadas por meio de fóruns, chats sendo equacionadas por mediadores. Chama a atenção a ideia de suporte às instituições aderentes. Um exemplo é a Eleva, com atuação nas regiões sudeste e nordeste do Brasil. Na mesma linha, a Geekie propõe-se a oferecer suporte a estudantes e escolas, indo além e tratando até mesmo de estratégias de marketing para alcance de mercado. A Veduca oferece diferentes videoaulas com conteúdos de diferentes áreas de conhecimento vinculadas a instituições de ensino superior no Brasil e no exterior de forma gratuita, sendo que alguns dos cursos asseguram certificação para os participantes. IMPACTO: Como um diferencial de suporte para quem realmente privilegia estudos em ambientes virtuais, as plataformas podem ser um atrativo de público para as escolas que as ofereçam, como um plus que interessa a muitos clientes.


2. Oferta de Aplicativos para Smartphones e Notebooks Já bastante comum entre estudantes da 3ª série do Ensino Médio, há aplicativos criados para estudo individual, notadamente relacionados ao ENEM. O G1 disponibilizou, a partir de 2015, tal ferramenta no endereço http://especiais.g1.globo.com/educacao/app-g1-enem/index.html. Não é sua exclusividade: estudantes de uma escola da zona sul do Rio de Janeiro fizeram algo semelhante, indicando um significativo número de downloads do aplicativo por eles criado. O EDU.app, da Fundação Lemann, é outro exemplo dessa linha. IMPACTO: Baixo custo ou custo zero para os usuários, pode se constituir uma ferramenta alternativa concorrencial às aulas de exercícios praticadas por colégios e cursos por conta de seu atraso em relação ao dinamismo e praticidade dos aplicativos e estudo. 3. Incentivos cada vez maiores à aprendizagem colaborativa Uma forte tendência, reconhecida por interesse formal do governo federal, mas que já vem sendo praticada em muitas escolas privadas de ponta, notadamente na região Sudeste do país, é o trabalho com robótica, especialmente em turmas do EF 1 e do EF 2. Quase sempre está vinculado às aulas de Física, mas com proveito além dela própria: explora-se o valor do trabalho em equipe e a importância das contribuições em ideias que podem gerar soluções em benefício de todos. Explorar a aprendizagem em grupo com redes sociais já se tornou prática mais do que comum. O Facebook tem sido uma ferramenta bastante interessante dada sua popularidade e domínio entre os estudantes. Construções de museus interativos e jornais de forma colaborativa também podem ser o produto final de pesquisas previamente realizadas e trabalhadas em sala

de aula. O Emaze fornece as condições para ambos os estilos de apresentação de trabalhos que podem, inclusive, ser permanentemente compartilhados. Trabalhos com jogos educativos digitais em grupos podem ser valiosa ferramenta de aprendizagem. Há jogos disponibilizados por universidades com características complexas e de estímulo ao aprendizado que vão muito além das páginas de livros didáticos. Um bom exemplo pode ser acessado em: http://www.larv.ufpa.br/?r=jogo_cabanagem IMPACTO: Mais diretamente para os professores, faz-se necessário apresentarem alguma familiaridade com recursos tecnológicos. Eles precisam ser encarados como facilitadores da atividade docente. 4. A Impressão 3D A impressão 3D pode transformar o ambiente de ensino ao inserir professores e estudantes em um contexto de criação conjunta e de uma troca real de conhecimentos. Isso significa que esses equipamentos podem, no futuro, possibilitar um acesso mais barato a diversos recursos didáticos interessantes. IMPACTO: As escolas brasileiras precisarão de investimentos na área pedagógica, principalmente em robótica, pois sozinha, a impressora 3D não terá validade sem o acompanhamento de um projeto pedagógico consistente. 5. Tecnologias de Aprendizagem Adaptativa As tecnologias de aprendizagem adaptativa são softwares e plataformas online que se ajustam às necessidades individuais dos estudantes enquanto eles aprendem. Elas consistem em ferramentas para personalizar as necessidades de aprendizado nas salas de aula. IMPACTO: Reorganização de toda a experiência escolar. Atendimento pessoalizado, pensando individualmente em cada estudante.

21


REFERÊNCIAS

MORAN, José Manuel. Integração das Tecnologias na Educação. Desafios da televisão e do vídeo à escola. Secretaria de Educação a Distância, SEED. 2005 Educação 360 http://eventos.oglobo.globo.com/educacao-360/2015/programacao Eleva http://elevaeducacao.com.br

Geekie http://info.geekie.com.br Instituto Ayrton Senna http://www.institutoayrtonsenna.org.br MEC – Governo Federal http://criatividade.mec.gov.br/a-iniciativa Veduca http://www.veduca.com.br/cursos

Emaze https://www.emaze.com

O uso das tecnologias digitais de informação e comunicação no processo de ensino-aprendizagem. http://www.abed.org. br/congresso2015/anais/pdf/BD_145.pdf

Facebook http://www.facebook.com Fundação Lemann http://www.fundacaolemann.org.br

Revista O Globo (Zona Sul) Edição de 29/10/2015 – nº 1.097

Cenário Pedagógico-Tecnológico Matriz de Análise

Utilização de Plataformas de Ensino.

Impactos para a Instituição 1. Investimento em formação. 2. Estudante conectado. 3. Resistência dos pais e dos professores.

22

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários


Oferta de aplicativos educacionais.

Impactos para a Instituição 1. Dinamismo e praticidade X lentidão e insegurança frente ao desconhecido. 2. O professor deixa de ser o detentor do conhecimento e passa a ser o mediador.

Aprendizagem colaborativa.

Impactos para a Instituição 1. Preparação para o trabalho em equipe. 2. O professor passa a ser o mediador do conhecimento. 3. Co-participação na produção do conhecimento.

Tecnologias de aprendizagem adaptativa.

Impactos para a Instituição 1. Reorganização da experiência escolar. 2. Atendimento pessoalizado.

23


PLANEJAMENTO ESTRATร GICO | 2017-2020

Estudo de cenรกrios


5

Cenário Ecológico-Ambiental

Iniciemos nossa reflexão sobre a significação do termo ecologia. Conforme Dicionário Aurélio, o verbete ecologia 1. é a parte da biologia que estuda as relações entre os seres vivos e o meio ou ambiente em que vivem. Bem como as suas recíprocas influências;(...). 2. ramo das ciências humanas que estuda a estrutura e o desenvolvimento das comunidades humanas em suas relações com o meio ambiente e sua consequente adaptação a ele, assim como novos aspectos que os processos tecnológicos ou os sistemas de organização social possam acarretar para as condições de vida do homem. Essa descrição terminológica parece-nos suficiente para iniciar nossa reflexão – talvez fosse também suficiente para terminar. Por quê? Porque a partir do momento em que as relações entre os seres vivos e o meio ou ambiente em que vivem está em pauta é o suficiente para pensarmos o mundo em que estamos inseridos e, ainda, o desenvolvimento das comunidades humanas em suas relações com o meio ambiente e sua consequente adaptação a ele faz com que tenhamos elementos suficientes para pensar: ecologia X homem X relação X sociedade X consequências. Que relações foram essas que geraram um cenário ecoló-

gico-ambiental tão desolador nos dias que vivemos? Como chegamos numa época tão rica em tecnologias, em inteligências, em descobertas, em criatividades, em recursos e tão carente em condições sociais de vida da espécie humana? Realmente esse conceito dicionarizado nos faz pensar. E nos faz pensar que talvez a luz no final do túnel não virá dos conhecimentos rotineiros que todo ofício acaba dando e gerando, mas de uma reflexão sobre os problemas simples, os únicos capazes de despertarem a invenção de um espírito crítico mais humano e os processos tecnológicos ou os sistemas de organização social possam acarretar para as condições de vida do homem. Diante da situação que se encontra o planeta Terra, Leonardo Boff (1999) classifica três cenários essenciais diante da visão da humanidade: conservador, reformista e transformador. Cada qual com suas previsões e expectativas, o que nos traz a necessidade de se assumir uma posição que vem ao encontro dos objetivos e a missão da Rede de Educação Notre Dame. Assim é necessário compreender a oportunidade de, não apenas conscientizarmo-nos sobre o papel de cada cidadão, mas também de tomarmos atitudes concretas diante dos problemas enfrentados pelo meio ambiente que sofre com o desmatamento, a degradação das matas ciliares, a poluição da água, sonora, do ar e do solo, a produção descontrolada de resíduos sólidos

25


como seu destino inadequado, produção de alimentos com o uso exagerado de agrotóxicos e hormônios, alterações climáticas. Muitos são os questionamentos referentes aos problemas enfrentados pelo meio ambiente, mas uma é a certeza: somos todos responsáveis. Falar de um tema tão abrangente como sustentabilidade é um desafio. No Brasil, podemos observar um crescimento e desenvolvimento na área econômica e industrial, porém esse crescimento vem causando uma grande devastação ambiental. Observamos em nosso território, diversos e sérios problemas no meio-ambiente, muitos deles provocados por inúmeras ações humanas que afetam diretamente a fauna, a flora, o solo, as águas, o ar. O país passa por um cenário de crise financeira, social, funcional e de sustentabilidade ambiental. Com o intenso crescimento econômico das últimas décadas, houve um agravamento dos problemas ambientais. Por essa razão, foi criada, em setembro de 1996, as normas ISO 14000, através da liderança da International Standardization Organization - ISO. Essas normas fomentam a prevenção de processos que conduzem a contaminações ambientais, uma vez que orientam a organização quanto a sua estrutura, forma de operação e de levantamento, armazenamento, recuperação e disponibilização de dados e resultados (sempre atentando para as necessidades futuras e imediatas de mercado e, consequentemente, a satisfação do cliente). A ISO possui mais de 100 países membros, que participam das decisões, com direito de voto ou apenas como observadores das discussões e resoluções. O Brasil integra a ISO, como membro fundador e com direito a voto, através da ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. No Brasil, o selo de qualidade ambiental é de responsabilidade da ABNT e a certificação ambiental está sob a responsabilidade do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Podemos perceber que a legislação existe e o que o Brasil é um dos países que está no grupo que pensa essas normas de cuidado com o meio ambiente. Em termos gerais, os problemas com o meio ambiente no planeta são: a poluição do ar, por gases po-

26

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários

luentes gerados, principalmente, pela queima de combustíveis fósseis e indústrias; a poluição de rios, lagos, mares e oceanos provocada por despejos de esgoto sem tratamento e lixo, causando sérios danos aos nossos corpos hídricos; a poluição do solo provocada por contaminação (agrotóxicos, fertilizantes e produtos químicos) e descarte incorreto de lixo – inclusive o PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - estima que a produção de lixo irá quase dobrar até 2025. Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2013, cerca de 60% dos municípios brasileiros ainda encaminham resíduos para locais inapropriados e há lixões em todos os estados. Esta é a pior forma de destinação, já que o descarte é feito diretamente sobre o solo, sem nenhum cuidado, nem tratamento. Na região Nordeste, a prática é realizada em 837 municípios. Hoje, a maior parte dos cidadãos não tem um comprometimento com o descarte de seu lixo; por outro lado, falta uma orientação/educação de como fazer e um recolhimento adequado; as queimadas em matas e florestas como forma de ampliar áreas para pasto e agricultura; o desmatamento com corte ilegal de árvores para comercialização de madeira; o esgotamento do solo (perda de fertilidade para a agricultura), provocado pelo seu uso incorreto; a diminuição e extinção de espécies animais, provocados pela caça predatória e destruição de ecossistemas; a falta de água para consumo humano, causado pelo desperdício, contaminação e poluição dos recursos hídricos; aquecimento Global, causado pela grande quantidade de emissão de gases do efeito estufa; e a diminuição da camada de Ozônio, provocada pela emissão de determinados gases no meio-ambiente. A liberação de dióxido de carbono é um exemplo da metáfora lobo em pele de cordeiro, pois se apresenta em grandes quantidades no vilão dos tempos modernos: o automóvel. Já observamos um aumento de um (1) grau na temperatura nos últimos anos e já se fala na continuidade desse aumento, causando o derretimento das camadas de gelo dos polos, as quais provocam um aumento nas margens dos oceanos e um cenário de estações indefinidas.


Sem uma educação sustentável, a Terra continuará apenas sendo considerada como espaço de nosso sustento e de domínio técnico-tecnológico, objeto de nossas pesquisas, ensaios e, algumas vezes, de nossa contemplação. Mas não será o espaço de vida, o espaço do aconchego, de cuidado, como diz Leonardo Boff (1999), pois a relação da humanidade com o ambiente vem se transformando, ao longo da história, passando de uma concepção de humanidade, externa à natureza, para a percepção da unidade existente entre humanidade e planeta. Nesse sentido, podemos citar as quatro ecologias: ambiental, social, mental e integral (BOFF, 2010). A ecologia ambiental percebe a natureza como externa ao ser humano e à sociedade; a social insere o ser humano e a sociedade dentro da natureza, considerando a injustiça social uma violência contra o ser mais complexo e singular da criação que é o ser humano, parte e parcela da natureza; a mental, por sua vez, chamada de ecologia profunda, sustenta que as causas dos problemas da Terra não se encontram apenas no tipo de sociedade que atualmente temos, mas também no tipo de mentalidade que vigora, cujas raízes alcançam épocas anteriores à nossa história moderna, incluindo a profundidade da vida psíquica humana consciente e inconsciente, pessoal e arquetípica; na integral, por outro lado, o ser humano é a própria Terra. Não estamos no mundo, mas somos o mundo. Nossas células são compostas pela mesma água que corre nos rios, pelos mesmos minerais existentes no ar, no solo e nas plantas. Compreender a relação da humanidade com o planeta, desta forma, torna a educação para a sustentabilidade algo visceral. Nossa vida e a vida da Terra são uma só. Portanto, a missão dos educadores junto aos estudantes é colocar ao alcance deles toda reflexão que pode contribuir para algum conhecimento na sua formação científica, cognitiva, pessoal e cidadã. Em relação a isso, o estudo crítico do planeta Terra no seu interior e no interior do sistema do universo pode oferecer muitos saberes produtivos.

Segundo Lima (2011), identificamos nesse processo de Educação Ambiental brasileira alguns avanços, são eles: (1) crescimento quantitativo e qualitativo do campo; (2) fortalecimento e legitimidade; (3) formação de educadores ambientais; (4) expansão das redes; (5) fortalecimento da educação ambiental nacional; (6) abertura discreta à diversidade sociocultural. Não obstante, ele detecta também alguns limites no campo: (1) restrição financeiro-orçamentária; (2) carência de políticas públicas consistentes e contínuas; (3) educação ambiental brasileira privatista e interessada; (4) fragilidade teórico-conceitual; (5) escassez de avaliações; (6) dificuldade de inserção nas escolas formais; (7) baixa internalização dos conflitos ambientais. Em dezembro de 2015, a Conferência do Clima de Paris (COP-21) terminou com acordo histórico sobre mudanças climáticas. No texto, os 195 países membros da Convenção do Clima das Nações Unidas, mais a União Europeia, concordam em agir para manter o aquecimento do planeta “muito abaixo de 2ºC” e a fazer esforços para limitar o aumento de temperatura a 1,5ºC. A ambição coletiva será revisada a cada cinco anos, de forma a guiar os esforços para atingir a meta de temperatura. Este é primeiro acordo universal para conter o aquecimento. O aquecimento global afetará 26 mil usinas hidrelétricas, mostrando que mais de 60% das hidrelétricas e 80% das termelétricas poderão ter restrições por falta d’água e perda de capacidade útil entre 2040 e 2069 em todos os continentes. Em janeiro de 2016, a conclusão de um estudo feito por pesquisadores da Holanda e da Áustria, apontou que a estiagem que tem limitado a produção de energia nas hidroelétricas brasileiras será comum nas

27


próximas décadas, e outros países devem enfrentar situações semelhantes. O problema é ainda mais extenso, quando se verifica que as térmicas terão restrições de operação maiores por falta de água. O mais forte ciclo do fenômeno climático El Niño, registrado até o momento, deverá aumentar os riscos de fome e doenças para milhões de pessoas em 2016, alertam organizações humanitárias. Segundo previsões, o El Niño deverá exacerbar secas em algumas áreas e acentuar inundações em outras. Este mesmo fenômeno já afeta nosso País, elevando as temperaturas e ocasionando até mesmo tornados em regiões nunca antes registrados. Diante da afirmação precisamos deixar um planeta melhor para os nossos filhos, na verdade deveríamos reconstruí-la e lutar para deixar filhos melhores para o nosso planeta e as Escolas da Rede de Educação Notre Dame podem fazer parte desta mudança. Tomamos as palavras de Júlia Billiart: Precisamos formar seres humanos úteis à sociedade.

REFERÊNCIAS

- BOFF, LEONARDO. Saber cuidar – Ética do humano-compaixão pela terra. Petrópolis: Editora Vozes, 1999. - BERRY, Sian. Como Consumir Sem Descuidar do Meio Ambiente - 50 Formas Inteligentes de Preservar o Planeta: São Paulo: Editora Publifolha, 2009. - BRASIL. Política Nacional de Educação Ambiental LEI No 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999. - LIMA, G.F.C. Crise ambiental, educação e cidadania. In: LAYRARGUES, P.; Castro, R. S.; LOUREIRO, C. F. B. (orgs.) Educação ambiental: repensando o espaço da cidadania. São Paulo: Cortez, 2002. ‐ Laudato Si Louvado sejas – Carta Encíclica do Sumo Pontífice Francisco, Documentos do Magistério, Ed.Loyola, São Paulo,2015 - GADOTTI, MOACIR. Pedagogia da Terra. São Paulo: Editora Peirópolis, 2000. - BRÜGGER, P. Educação ou adestramento ambiental? Florianópolis: Letras Contemporâneas. 1994. -RODRIGUES, Sergio de Almeida. Destruição e Equilíbrio

28

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários

- O Homem e o Ambiente no Espaço e no Tempo - Coleção Meio Ambiente. São Paulo, Editora Atual. - http://www.problemasambientais.com.br/lista-problemas-ambientais/principais-problemas-ambientais-do-Brasil/#sthash.FOLoSQfr.dpuf - https://leonardoboff.wordpress.com/2011/02/15/tres-cenarios-do-drama-ecologico-atual (acesso em 19/01/2016) http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10267&revista_caderno=5 (acesso em 28/01/2016) - http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/coea/Bibliografia.pdf (acesso em 05.01.2016) - http://noticias.uol.com.br/album/2016/01/01/praia-de-copacabana-fica-tomada-pelo-lixo-apos-festa-de-reveillon. htm (acesso em 12.01.2016) - http://www.tratabrasil.org.br/?gclid=COOCkpaK0soCFUwEkQodFrcIew (acesso em 14.01.2016) - Legislação Ambiental Brasileira –Grau de Adequação a Convenção sobre Diversidade Biológica.http://www.mma. gov.br/estruturas/chm/_arquivos/Biodiversidade%203.pdf. Acessado em 07.01.2016. - https://youtu.be/QVYvR6Q3tLo - https://youtu.be/EV1M3awyCnQ - http://www.paulofreire.org/images/pdfs/educacao-para-a-cidadania-planetaria-curriculo-interdisciplinar-em-osasco..pdf - http://www.ecycle.com.br/component/content/article/38-no-mundo/1157-estimativa-revela-que-quantidade-de-lixo-produzida-no-mundo-sera-quase-70-maior-em-2030.html - http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-753X2014000100003&script=sci_arttext O cinismo da reciclagem: o significado ideológico da reciclagem da lata de alumínio e suas implicações para a educação ambiental. In: Philippe Pomier Layrargues; Carlos Frederico Bernardo Loureiro; Ronaldo Souza de Castro. (Org.). Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania. 1 ed. São Paulo: Cortez, 2002ª ‐ Sustentabilidade O que é O que não é Leonardo Boff, ed. Vozes, Petrópolis, 2012 ‐Revista profissão Mestre, outubro/2014 ‐Revista Linha Direta, maio/2015 ‐Revista Gestão educacional, agosto/2015 http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao13.pfhttp://www.socioambiental.org http://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/brasil-o-terceiro-pais-do-mundo-com-mais-conflitos-ecologicos-12121947 http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/ainda-falta-muito-para-resolver-o-problema-do-lixo-no-brasil


Cenário Ecológico-Ambiental Matriz de Análise

Sustentabilidade e novas formas de pensar no Meio Ambiente.

Impactos para a Instituição 1. Pensar no cuidado com o lixo (todo tipo de lixo). 2. Cobrança da sociedade com o compromisso ambiental.

Diversidade energética.

Impactos para a Instituição 1. Investimento em produtos com maior eficiência energética.

Aumento na preferência de gêneros alimentícios orgânicos e/ou isentos de componentes maléficos para a saúde.

Impactos para a Instituição 1. Maior controle sobre Cantinas Escolares e os processos de distribuição de alimentos. 2. Busca pelo engajamento da comunidade escolar em campanhas educativas para cuidado do planeta. 29


Cenário Ecológico-Ambiental Matriz de Análise

2016: Ano internacional de Entendimento Global.

Impactos para a Instituição 1. Ações ambientais globalizadas.

Iminentes guerras e desastres ambientais.

Impactos para a Instituição 1. Discussão e busca pelo engajamento social.

30

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários


6 Cenário Religioso O campo religioso atual é um terreno um tanto difícil de mapear com segurança. Essa afirmação está fundamentada no fato concreto de que estamos passando por um tempo de mudanças. Mudanças, essas, alicerçadas em fatores por vezes bem claros e de sinais visíveis; outros, porém, aparentemente contraditórios, alicerçados em fatores não muito claros. Isso acontece, pois como diz Wagner Sanchez: “A análise do campo religioso brasileiro encontra dificuldades no próprio processo de compreensão do mesmo. Se de um lado, podem ser observadas mudanças profundas dentro do próprio cristianismo (…) e o aparecimento de outras referências e práticas religiosas, de outro lado, podem ser constatadas mudanças profundas na própria sociedade que influem na constituição e no comportamento dos atores religiosos” (SANCHEZ, 2001). Portanto, a análise do cenário religioso precisa percorrer dois ambientes: um interno, próprio das análises anteriores do processo religioso, e o externo, que influencia diretamente essas mudanças. Olhando melhor o cenário externo, pois a crise proposta pela pós-modernidade é inevitável, aponta novos desafios e novas problemáticas: “A modernidade, destruidora dos valores

religiosos e a pós-modernidade desregrada no campo moral estão a produzir a reação fundamentalista nas diversas religiões. No meio católico, movimentos neoconservadores respingam-se de borrifos fundamentalistas. Atêm-se à rigidez da lei, à literalidade do texto religioso ou canônico, à submissão inconteste às autoridades (…) ” (LIBANIO, 2012). Esse cenário fomenta o aparecimento de novas crenças que respondam de forma imediata tais necessidades e desafios que a modernidade postulou. A presença do vazio existencial e de sentido se constata nas diversas formas de mortes provocadas e, por outro lado, a manifestação da sede de sentido e do sagrado. Daí, a procura incessante de grupos, igrejas e manifestações religiosas diversas que possam responder ao anseio do transcendente presente em cada ser. Diante dessas cenas é preciso compreender alguns elementos, consequências de tal cenário. Elementos que apontam tanto saídas eminentes, que se tornam grandes oportunidades para a sociedade atual, bem como, por outro lado, alguns elementos que são reais ameaças a uma reflexão religiosa séria. Passamos a discutir alguns desses elementos. 1) O Papa Francisco como referencial de retomada da influência da Igreja nas questões sociais A manifestação de um homem sobre assuntos importantes da humanidade, quando este é carismático

31


e coerente em suas palavras e ações, justifica o ditado popular que diz: “as palavras movem, os exemplos arrastam!”. Este é o Papa Francisco. Todas as manifestações que este santo homem tem feito em relação às questões sociais, têm gerado uma repercussão positiva, embasadas essencialmente no seu compromisso de trazer presente, e, em primeiro lugar dentro da própria igreja católica, a vivência concreta dos valores cristãos em sua plenitude. Essas manifestações não têm ocorrido somente por meio de meros discursos, pronunciados do alto de seu púlpito no palácio episcopal. Tem se dado na ida (visita) aos locais onde os mais necessitados estão. São periferias, campos de refugiados, centros de tratamento, hospitais, etc, lugares para fazer valer a máxima proferida para os bispos: “Todo pastor tem que ter o cheiro de suas ovelhas.” A própria CNBB, em seu documento de análise da conjuntura de 2015, coloca o Papa Francisco como um dos atores principais do cenário internacional, por suas declarações que têm provocado mudanças, inclusive dentro da própria Igreja e suas estruturas (cf. CNBB, 2015). Portanto, a busca de diálogo político e inter-religioso, a reflexão ambiental (Laudato Si), a chamada de atenção aos problemas dos mais pobres e necessitados, a condição do fechamento da Europa e de outros países à migração, bem como a xenofobia, os questionamentos às autoridades a respeito de suas atitudes de desrespeito à vida, colocam o Papa Francisco como uma figura central e inconteste do cenário de mudanças do perfil religioso, pois traz uma nova perspectiva ao cristianismo e principalmente ao catolicismo, sem usar da prerrogativa do proselitismo. A busca de unidade entre algumas Igrejas cristãs se torna evidente por conta dos manifestos e testemunho do Papa Francisco. Fato acontecido no dia 12 de março de 2016, no Simpósio Educação à PAZ repetida pelos pastores: Reverendo Isaque N. da Igreja Presbiteriana, dizendo que o brasileiro não pensa a religião, ele vive, sente e ora. Ele sente Deus e é isso que Papa Francisco demonstra. Reverendo Euler N. da Igreja Metodista “com o Papa Francisco podemos afirmar que Deus existe.” Dr. Kélcio N., presbítero da

32

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários

Igreja Cristã Presbiteriana: “ precisamos viver a paz nos moldes apregoados pelo Papa Francisco “ Nós, como ele, acreditamos numa espiritualidade de comunhão. “O Simpósio aconteceu das 16 às 20 horas no auditório da Universidade Paulista: UNIP, 913 Sul Brasília. (Movimento dos Focolares por ocasião da celebração em que Chiara Lubich recebeu o Prêmio UNESCO à PAZ. Em 1996)

2) Ecumenismo e Pluralidade Religiosa presentes nas relações interpessoais “(…) numa religião da tradição as respostas já estão dadas na teodicéia dominante que explica aos diversos grupos e classes sociais o porquê das condições concretas de sua existência. (…) Na sociedade atual, o panorama é diferente. É preciso uma outra fonte de referência para entender o mundo. Essa fonte de referência é o sujeito. Neste caso, a busca pessoal de construção de sentido sobrepõe-se à teodicéia que é uma explicação com um caráter coletivo em que, de certa forma, a pessoa tem que renunciar à sua consciência individual”. (Berger, 1985, p. 67) A pós-modernidade liquidificou os valores das sociedades tradicionais, como, por exemplo, o sistema de pertencimento exclusivo a uma determinada manifestação religiosa. Atualmente, transitar entre duas ou mais tradições não causa nenhum estranhamento. Muito pelo contrário, quem não aceita tal tipo de atitude pode ser considerado um “preconceituoso”. Tal premissa fundamenta os espaços para abertura de novas denominações e/ou devoções, sem que cause o prejuízo na participação da crença anterior, passando esta nova fé, a preencher o vazio existencial, que o entendimento do mundo moderno tornou duvidoso diante da catequese tradicional. Por outro lado, o fato de haver um contato com as demais denominações, forçou as autoridades eclesiásticas a buscarem um diálogo entre


as religiões tradicionais, em busca de uma solução para esse esvaziamento que o surgimento de novas manifestações religiosas pode causar a si. Esse movimento, que internamente nas instituições já existia, mas de forma muito incipiente, ganhou reforços importantes de agentes e autoridades preocupadas com essa situação. Fruto de tudo isso, começamos a ver nos dias atuais um amadurecimento do ecumenismo. E um passo muito atual, é o ato de aproximação entre as igrejas católica romana e a católica ortodoxa russa.

3) A Escola como espaço de diálogo e inserção das diferenças religiosas O conhecimento das diferentes religiões professadas no mundo globalizado em que vivemos traz subsídios para promover o reconhecimento e a valorização da trajetória dos diferentes grupos sociais. Um grande desafio para a educação é promover o respeito pelo outro, sem o intuito de homogeneizar as culturas, mas sim, de celebrar a diversidade cultural. A escola tem a função social de democratizar conhecimentos e formar cidadãos conscientes, participativos e atuantes. A tarefa de formar para o diálogo e a aceitação do diferente toca a escola católica justamente em sua identidade, na referência aos ensinamentos de Jesus Cristo e pelo seu compromisso social, visto que educar para a boa convivência é uma urgência na sociedade atual.

4) Diminuição das vocações e perda do encantamento pelas instituições religiosas O arcebispo de Palmas (TO), Dom Pedro Brito Guimarães, descreve a situação vocacional no país, explicando que a diminuição das vocações é real, mas não está à beira do limite tolerável. Ele cita que Jesus foi o primeiro a rezar pelas vocações e assumir como causa a questão vocacional, ao ensinar a mais eficaz

das orações vocacionais: “a colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos! Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie operários para a sua colheita.” (Lc 10,2) O Papa Francisco salienta que, com a falta de candidatos, não podemos proceder sem o devido discernimento. Não, exclamou o Papa! “Deve-se recrutar com seriedade! Deve-se discernir bem se existe verdadeira vocação e ajudá-la a crescer.” Quando se procede levianamente na consagração de pessoas que não reúnem as condições para abraçar este estilo de vida, para além de não resolver o problema de falta de consagrados, geram-se outros. “O Papa João Paulo II por ocasião de uma de suas visitas ao Brasil, dizia que em cada família há uma vocação à Vida religiosa Consagrada ou ao Sacerdócio”.

5) Crescimento da diversidade religiosa e abertura para a espiritualidade, não importando qual, desde que seja satisfatória (Imediatismo religiosos, favorecendo a troca de favores espirituais – promessas – busca de solução de problemáticas humanas – teologia da prosperidade.) O Brasil é um país que possui uma rica diversidade religiosa. Conforme Faustino Teixeira ainda que reconhecendo a forte presença cristã no universo de declaração de crença, não se pode desconhecer o crescente movimento de diversificação religiosa, sobretudo nas últimas três décadas. Com a miscigenação cultural, fruto dos vários processos imigratórios, encontramos em nosso país diversas religiões (cristã, islâmica, afro-brasileira, judaica, etc.). Com isso, entende-se o grande crescimento da diversidade religiosa e abertura para a espiritualidade. Esta realidade faz emergir a liberdade de crenças, não importando qual, desde que seja satisfatória, como também a mudança constante de religião. Pessoas seguem suas vidas procurando crenças e religiões para dar um verdadeiro sentido para suas vidas, promessas, buscas de soluções para suas problemáticas humanas.

33


6) Conflitos gerados entre conceitos religiosos: intolerância religiosa, surgimento de novas crenças religiosas amparadas em princípios intolerantes Com o surgimento de novas crenças expressa-se constantemente a intolerância religiosa. Pessoas são humilhadas e julgadas, discriminadas devido à sua profissão de fé. “No Brasil, apesar de ter um cenário religioso tão plural, diversos casos de intolerância religiosa continuam sendo presenciados. Nós entendemos que esse processo de aproximação e diálogo, ao mesmo tempo em que proporciona uma oportunidade de crescimento, conhecimento do outro e uma reinterpretação de si para as tradições religiosas, também pode gerar situações nas quais tal aproximação se desfaz e isso gera uma probabilidade do retorno aos conflitos existentes.” (RIBEIRO; SOUZA, 2012, p. 32) O mais importante e desafiador é acreditar num futuro de diálogo, marcados pelo respeito ao outro, pela abertura ao seu mundo, e pelo rico intercâmbio de dons, e resguardar o patrimônio das diferenças.

7) Aumento de famílias sem uma prática religiosa efetiva Num cenário de reconhecimento de casamentos legais homo afetivos em grande parte dos países do Ocidente, incluindo o Brasil, casamentos de curta duração e agnosticismo a família já não é mais somente no modelo nuclear de pai mãe e filhos. Esse movimen-

34

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários

to é típico da sociedade líquida contemporânea, a qual está constituída em valores que se modificam conforme os interesses individuais, gerando uma confluência de interesses. A Religião, por assentar-se em valores sólidos, perenes encontra dificuldades para fortalecer-se enquanto guia da conduta dos indivíduos. O resultado pode ser o relativismo extremo ou o fanatismo religioso. Constata-se um não gerenciamento e enfraquecimento da própria compreensão e vivência religiosa. Há falta de um aprofundamento antropológico, cultural, filosófico e teológico. Considerando os aspectos supracitados, destaca-se o papel da Rede de Educação Notre Dame. Com base no carisma de Julia Billiart e em seus preceitos, cabe à Rede ND posicionar-se no atual cenário fortalecendo seus princípios e sua missão de promover educação que contemple a bondade e a firmeza, incentivando a pesquisa, a construção do conhecimento e o desenvolvimento do educando, capacitando-o para o exercício da cidadania. Cabe à Rede conhecer, considerar o atual cenário e avaliar as transformações que são necessárias para que as famílias possam crescer na sua relação com o transcendente e tornar o ser humano capaz de levar uma vida digna para si e para seus pares. Mais do que nunca, hoje, torna-se essencial o despertar para o senso espiritual. Dizia Gandhi, que “um homem com intensa espiritualidade pode, sem palavras nem gestos, tocar o coração de milhões de pessoas que nunca o viram e que ele nunca viu”. E é esse senso espiritual que traduz a verdade de uma religião. Para Gandhi, “a comprovação real da verdade de uma religião é a fragrância de espiritualidade, de amor, de contentamento, da paz real que ela é capaz de inspirar.” (Mahandas Karamchand GANDHI. Gandhi e o Cristianismo. São Paulo, 1999, PP 131-132)


Cenário Religioso Matriz de Análise

Intolerância religiosa.

Impactos para a Instituição 1. Consistência teórica e experiencial da religião. 2. Formação continuada dos educadores.

Espiritualidade arraigada no individualizado e na Teologia da prosperidade.

Impactos para a Instituição 1. Intensificar ações de fortalecimento dos laços comunitários e de pertença. 2. Formação continuada dos educadores.

Famílias com bases religiosas mais frágeis.

Impactos para a Instituição 1. Fortalecimentos dos valores cristãos. 2. Preparar um ambiente comunitário de acolhida e solidariedade. 3. Formação continuada dos educadores. 35


Cenário Religioso Matriz de Análise

Diversidade religiosa.

Impactos para a Instituição 1. Trabalho com a diversidade na escola. 2. Trabalho com a liberdade e individualidade.

36

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários


7

Cenário do Mercado da Educação no Brasil

O reflexo da crise que atinge a indústria e o comércio também é percebido na educação. As escolas particulares do País calculam ter perdido um milhão de alunos, desde o ano passado, por conta da retração econômica. De acordo com a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen), a rede privada perdeu 12% dos mais de 9 milhões de alunos que tinha em 2014, segundo o censo escolar. 1. Investimento público na Educação Básica Plano Nacional da Educação e suas metas até 2020 Meta 1: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de 4 e 5 anos, e ampliar, até 2020, a oferta de educação infantil de forma a atender a 50% da população de até 3 anos.

IDEB Anos iniciais do ensino fundamental Anos finais do ensino fundamental Ensino médio

Meta 2: Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda a população de 6 a 14 anos. Meta 3: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até 2020, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%, nesta faixa etária. Meta 4: Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino. Meta 5: Alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os oito anos. Meta 6: Oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de educação básica. Meta 7: Atingir as seguintes médias nacionais para o IDEB:

2011 4,6

2013 4,9

2015 5,2

2017 5,5

2019 5,7

2021 6,0

3,9

4,4

4,7

5,0

5,2

5,5

3,7

3,9

4,3

4,7

5,0

5,2

Fonte: Ministério da Educação

37


Meta 8: Elevar a escolaridade média da população de 18 a 24 anos de modo a alcançar mínimo de 12 anos de estudo para as populações do campo, da região de menor escolaridade no país e dos 25% mais pobres, bem como igualar a escolaridade média entre negros e não negros, com vistas à redução da desigualdade educacional. Meta 9: Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e erradicar, até 2020, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional. Meta 10: Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos na forma integrada à educação profissional nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. Meta 11: Duplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta. Meta 12: Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta. Meta 13: Elevar a qualidade da educação superior pela ampliação da atuação de mestres e doutores nas instituições de educação superior para 75%, no mínimo, do corpo docente em efetivo exercício, sendo, do total, 35% doutores. Meta 14: Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores. Meta 15: Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, que todos os professores da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam. Meta 16: Formar 50% dos professores da educação básica em nível de pós-graduação lato e stricto sensu, garantir a todos formação continuada em sua área de atuação. Meta 17: Valorizar o magistério público da educação básica a fim de aproximar o rendimento médio do profissional do magistério com mais de onze anos de

38

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários

escolaridade do rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente. Meta 18: Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais do magistério em todos os sistemas de ensino. Meta 19: Garantir, mediante lei específica aprovada no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a nomeação comissionada de diretores de escola vinculada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à participação da comunidade escolar. Meta 20: Ampliar progressivamente o investimento público em educação até atingir, no mínimo, o patamar de 7% do produto interno bruto do país.

Gráfico mostra evolução e cortes públicos em Educação Principal aposta do Governo Federal para promover uma evolução e revolução na Educação Brasileira, a exploração do petróleo do pré-sal, ainda não resultou em verba expressiva. Dos mais de 6,7 bilhões de reais, chegou a apenas 2,9 milhões.


ano passado. O governo cortou R$ 362,8 milhões de um total de R$ 4 bilhões previstos no orçamento aprovado pelo Congresso Nacional. Último Censo Escolar 2014 faz RAIO X da Educação no Brasil Nos gráficos pode-se observar onde há a maior concentração de investimentos e melhorias das Escolas brasileiras. O comparativo é relativo a 2010 – 2014.

Acessibilidade

Cortes na Educação – a mais afetada Do total de cortes de R$ 9,4 bilhões, R$ 3,4 bilhões seriam destinados para a construção de novas creches e quadras esportivas. Alguns programas estão sofrendo mais com esses cortes. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, uma das principais vitrines do governo federal, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) terá o número de vagas reduzido em 50%. A meta do governo era matricular 12 milhões de novos postos até 2018, mas a só 6,3 milhões serão oferecidos. Essa redução na meta já foi sentida este ano. Um total de 1,3 milhão de pessoas se matriculou no programa em 2015, ante 3 milhões de matriculados no

Esgoto encanado

39


Coleta de Lixo

Internet

Urbana X Rural O Censo fez ainda um comparativo entre as Escolas Urbanas e Rurais. Importante analisar que há escolas que não tem nem mesmo a sala dos professores. O gráfico condiz com a parte em cinza no enunciado de cada um:

40

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários


2. Crescimento e forma de operação dos grandes grupos educacionais privados no Brasil e nas cidades onde a Rede ND opera A Kroton está há quase 50 anos no mercado. Na educação básica, a empresa atua com a Rede Pitágoras, que fornece sistemas de ensino a 245 mil alunos, de 713 escolas associadas, compreendendo material didático, treinamento, avaliação e tecnologia educacional. Adquiriu em 2015 a Studiare que é focada em sistemas de adaptive learning, ferramentas de gamefication, big data, data minining, analytics, blended learning, estímulos adaptativos e o método chamado de teoria de resposta ao item (TRI). Segundo o Executivo da Kroton, a Studiare possui atualmente contratos com outros players do setor, mas a Kroton não abre informações sobre os clientes. O comandante da Kroton aposta que o setor passará por uma profunda mudança em decorrência da inovação e da tecnologia aplicada à educação, modificando assim a dinâmica dos grupos educacionais. “Precisaremos ser agentes dessa transformação no setor e, com a liderança que a Kroton assumiu nos últimos anos, faremos importantes investimentos nessas duas frentes de atuação”, explica. Na onda das grandes aquisições, instituições que atuam com a educação básica estão modernizando suas estruturas com intuito de valorizar seus ativos para serem competitivas ou ainda para elevar seu preço de mercado. É imprescindível ter presente a dinâmica dessas instituições, que é o “RESULTADO”, resultado transformado em valorização das ações, em distribuição de lucros, em pagamento de juros sobre capital próprio e crescimento a longo prazo. Para tanto, é preciso que os alunos e famílias, também alcancem seus resultados, e é por conta disso que vemos grandes investimentos em P&D, pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, processos, sistemas de ensino e novas didáticas. Esse é o nosso cenário de concorrência.

41


3. Crescimento e forma de operação das grandes redes confessionais no Brasil e nas cidades onde a Rede ND opera - Sagrado Rede Educação – Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus no Brasil – conta com 14 unidades escolares de educação básica, gestão administrativa, financeira e educacional centralizada, com estratégias específicas para cada unidade. Área de atuação concentrada no Estado do Paraná (Curitiba 04, Nova Esperança 01, Ponta Grossa 02, Campo Magro 01, Florestópolis 01 e Piraquara 01), e no Rio Grande do Sul (Bento Gonçalves 01, Nova Araça 01, Porto Alegre 01 e Torres 01). - Rede Luterana de Educação – Associação Nacional das Escolas Luteranas – 57 Unidades, distribuídas em 01 Und em Manaus AM, 02 no Espírito Santo, 02 em Goiás, 01 Mato Grosso, 02 Pará, 02 Paraná, 37 Rio Grande do Sul, 03 Roraima, 02 Santa Catarina, 04 São Paulo, 01 Tocantins. Gestão educacional decentralizada com estratégias específicas para cada unidade. - Rede Jesuíta de Educação – está organizada na seguinte estrutura: Governo do Provincialado do Brasil (Superior da Região Brasil-Amazônia, Provincial da Província do Brasil Centro-Leste, Província Brasil Centro-Leste, Província Brasil Nordeste, Província Brasil Meridional. Mantém 06 Universidades no Brasil. A educação básica esta assim distribuída, 02 Piauí, 01 Ceará, 01 Bahia, 03 Minas Gerais, 02 Rio de Janeiro, 02 São Paulo, 01 Paraná, 01 Santa Catarina, 01 Rio Grande do Sul, totalizando 14 Colégios. Gestão educacional centralizada com estratégias específicas para cada unidade, como gestor institucional é designado o Pe. Mário Sündermann (BRM/BRA). Delegado Nacional para a Educação Básica. - Rede Adventista de Educação – está organizada por regiões – no Brasil são 450 unidades escolares de educação básica, atuando em todos os estados da federação, gestão administrativa, financeira e educacional centralizada, com estratégias específicas para cada unidade, Rede em crescimento. - Rede Marista de Educação – a missão dos Maristas no Brasil foi reestruturada entre os anos de 1999 e 2002,

42

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários

passando de várias províncias para apenas 03, sendo, para parte do norte e centro oeste e todo o nordeste brasileiro a Província Marista Centro-Norte, para o Rio Grande do Sul e parte do norte a Província Marista do Rio Grande do Sul, e para a outra parte do Centro Oeste e Sul a Província Grupo Marista. Como apoio administrativo, o Instituto Marista no Brasil conta com 10 mantenedoras, estruturas responsáveis pelo gerenciamento de suas nas diversas frentes de atuação. Este grupo foi criado em 2005, com sede em Brasília e denominado, União Marista do Brasil (UMBRASIL). É uma organização que mobiliza, articula e potencializa ações integradas entre as mantenedoras das diversas Províncias. Organizada em comissões, subcomissões, comitês e grupos de trabalho, empreende ações e projetos comuns, que geram conectividade e possibilitam resultados compartilhados. Desde a década de 90, vem sendo feitas mudanças na estrutura de governança, considerando a necessidade de uma gestão eficaz de estruturas com este nível distintos de complexidade, que requerem desenhos organizacionais que permitam elevado nível de autonomia dos negócios e unidades, conferindo dinamismo e agilidade, associados a mecanismos centralizados de controle e governança que permitam o direcionamento estratégico da organização e a busca de sinergias entre os negócios. A missão Marista no Brasil conta com 59 colégios distribuídos estrategicamente nas 03 Províncias. No decorrer das últimas 02 décadas, algumas unidades foram fechadas e outras abertas. O intuito é de melhorar a logística e a sustentabilidade da atividade, a construção, estruturação, aplicação das estratégias por acreditar que o Grupo Marista é capaz de realizar sua missão, vitalizando e irradiando a identidade Marista em todas as suas unidades. 4. Estados e cidades com mercado e potencial para abertura e/ou aquisições de Colégios Considerando o movimento da concorrência, a agressividade dos grandes grupos educacionais, o fechamento de muitos Colégios e Escolas Confessionais


43


Considerando nosso Market Share, Logística, gestão estratégica, educacional e administrativa, a proposição natural é expandir a Rede nas cidades de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e/ou cidades dessas regiões metropolitanas.

5 . Movimentos dos principais concorrentes nas cidades onde a Rede ND opera - Taxas de crescimento, para as matrículas do ano letivo 2016, ficamos a frente dos concorrentes em Carazinho, Passo Fundo, Brasília e São Paulo, e baixo ou ficou na mesma linha no Rio de Janeiro. - A situação financeira de algumas instituições de ensino confessional que atuam isoladamente, sem estratégia e foco, estão fechando as suas portas. Contudo, os grupos fortes, tanto confessionais quanto laicos, estão investindo pesado na melhoria de sua infraestrutura e nos seus processos de ensino e de aprendizagem. - O valor das nossas mensalidades estão ajustadas ao mercado, isso em todas as cidades onde a Rede de Educação Notre Dame atua. - Há uma orientação para que cada unidade diminua, gradativamente, os descontos concedidos nas rematrículas, concentrando esses percentuais na captação de novos alunos, mas na prática temos ações isoladas que destorcem a estratégia. Temos no ensino médio uma prática institucional de poucos alunos por turma, por diversas razões. Por termos um elevado cus-

44

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários

to com os professores, não podemos conceder muitos descontos, então perdemos alunos para a concorrência, pois esses formam grandes turmas no ensino médio e em decorrência dessa estratégia, oferecem altos descontos para os melhores alunos, com isso ranqueiam no topo da lista do ENEM. - Temos trabalhado para a fidelização e captação de alunos, num computo geral essas ações deram resultado, isoladamente em algumas unidades não obtivemos êxito. 6. O mercado e a evolução da modalidade EAD

No Brasil, o mercado EAD tem crescido bastante e acaba por se tornar uma real oportunidade de negócio para muitas pessoas e empresas que pretendem investir em cursos online nos mais diversos formatos disponíveis. # Cursos De acordo com o último Censo de Mercado EAD, em 2014 foram oferecidos 25.166 cursos (entre as ins-


tituições analisadas). Neste caso, os cursos livres foram os mais comercializados, com um total de 19.873, sendo 12.475 corporativos e 7.398 não corporativos. Logo em seguida, temos os cursos regulamentados semipresenciais ou disciplinas EAD, que somaram 3.453 cursos online, além de 1.840 cursos regulamentados totalmente a distância. Confira os dados percentuais no gráfico a seguir:

#Matrículas Com relação ao número total de matrículas, podemos dizer que são números surpreendentes. Só em 2014, os cursos EAD somaram 3.868.706 novas matrículas, sendo 519.839 (13%) nos cursos regulamentados totalmente a distância, 476.484 (12%) nos cursos regulamentados semipresenciais ou disciplinas EAD de cursos presenciais e 2.872.383 (75%) nos cursos livres, com uma média de 154 matrículas por curso. Podemos melhor visualizar esses resultados a partir do gráfico abaixo:

# Investimentos no mercado EAD No que se refere aos investimentos realizados no setor de EAD, a maioria das instituições aumentaram os recursos direcionados a melhorias e/ou implementação da modalidade EAD com relação ao ano anterior: 51% do total. Confira os dados completos no gráfico:

Com relação ao tipo de curso que foi foco dos investimentos, a maioria das instituições trabalhou com cursos regulamentados totalmente a distância, com 36% do total, conforme gráfico a seguir:

Além disso, os investimentos de 66% das instituições fornecedoras centram-se na área de tecnologia e inovação, como a busca por uma plataforma EAD profissional. Confira, no gráfico a seguir, a proporção das instituições em relação à área de maior relevância em termos de investimentos em EAD em 2014.

45


Para fechar essa questão de investimento, a expectativa de evolução de investimentos em EAD entre 2015 e 2016 também são otimistas:

Segundo ele, o grupo administra o Smartlab como uma “startup” e um negócio separado da venda de livros didáticos impressos. Pressionada pela era digital, a centenária Editora FTD mudou sua marca e se apresenta desde o ano passado como uma fornecedora de soluções para escolas - a FTD Educação. Além dos livros didáticos, o grupo fornece os chamados sistemas de ensino - um serviço de apoio didático com oferta de material didático e suporte tecnológico - para 400 escolas no Brasil. Há quatro anos a empresa tem um núcleo de desenvolvimento de conteúdo digital e fornece material online para as escolas que usam seus sistemas de ensino.

7. A evolução dos sistemas de ensino (COC, UNO, POSITIVO...) A la Netflix A demanda dos grupos de educação por conteúdo virtual tem obrigado as editoras de livros didáticos a repensar seu modelo de negócios. Para sobreviver, elas precisam adaptar os livros impressos para conteúdo digital. Mais do que um e-book, elas são cobradas para desenvolver materiais interativos e abastecer dispositivos tecnológicos, até mesmo os recém-chegados ao mercado, como os óculos de realidade virtual. O grupo espanhol Santillana, dono no Brasil da editora Moderna, de materiais didáticos, lançou, no fim do ano passado, um serviço de conteúdo “on demand” para as escolas, batizado de “Smartlab”. “É uma solução ‘a la Netflix’, que fornece títulos complementares ao livro didático produzidos por diferentes parceiros nacionais e internacionais e renovados periodicamente”, explica Robson Lisboa, diretor de novos negócios do grupo Santillana. Entre os parceiros estão, por exemplo, a enciclopédia Britannica e o Young Digital Planet. O custo da solução varia conforme o pacote, mas gira em torno de R$ 39,90 por aluno por mês. “Se a escola comprasse o material separadamente teria de pagar de cinco a dez vezes mais”, diz Lisboa.

8. Os novos ambientes de aprendizagem

46

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários

Enquanto as redes municipais têm adotado sistemas de ensino apostilados, as escolas particulares tradicionais apostam nos livros didáticos que tenham recursos extras audiovisuais e tecnológicos - e em materiais produzidos pelos próprios professores. (Revista Exame) Escolas sem prova, salas de aula sem carteira, turmas com alunos de idades diferentes e professores que, em vez de ensinar apenas os temas relacionados à sua disciplina, estimulam o debate e a curiosidade dos estudantes. Essas foram algumas das iniciativas adotadas nos últimos anos por escolas públicas e privadas de São Paulo, que foram reconhecidas como “inovadoras” pelo Ministério da Educação. No fim de 2015, o MEC mapeou escolas com pro-


postas pedagógicas e iniciativas que fogem do modelo convencional. Em todo o Brasil, foram identificadas 178 instituições com projetos considerados criativos e inovadores, sendo que mais de um quarto delas (48 unidades) estão no Estado de São Paulo. O objetivo, segundo o ministério, é superar o isolamento dessas experiências, fomentar uma mudança de cultura em torno do modelo da escola e inspirar professores, pais e alunos para as novas iniciativas. Já que, apesar de inúmeros diagnósticos de que o modelo antigo (com aulas expositivas, alunos enfileirados e provas) não atende à demanda dos jovens, pouco se alterou nas escolas. Uma das “escolas inovadoras” é o colégio municipal Guia Lopes, no Limão, na zona norte da capital, que atende 315 crianças de 4 e 5 anos. A escola tem a proposta de usar os diferentes espaços da unidade para estimular o aprendizado, focado em dois grandes projetos: contra o racismo e discriminação de gênero e sobre sustentabilidade e consumo. Gestão democrática (case) Na Escola Politeia, na Água Branca, zona oeste de São Paulo, o nome que remete às cidades-Estado da Grécia Antiga faz todo o sentido com o projeto pedagógico proposto. A metodologia do colégio prevê que assuntos que competem ao cotidiano dos alunos sejam submetidos a assembleias, assim como na “polis” grega. Professores, funcionários e alunos discutem, entre outras questões, que passeio querem fazer ao longo do ano. Há ainda comissões sobre diversos temas, como a de manutenção. As turmas são divididas por ciclos e não por séries. Assim, em vez de salas do 1º ao 9º ano, há mistura de alunos de faixas etárias próximas. Não há provas: a preferência é por uma avaliação contínua, feita por trabalhos e pesquisas semestrais. Nem as disciplinas tradicionais escapam. Para que os alunos aprendam Português e Redação, por exemplo, os temas são inseridos em um contexto de um trabalho temático.

No colégio Wish, no Jardim Anália Franco, na zona leste, os alunos também não são separados em séries, mas em turmas multietárias. Os da educação infantil têm turmas mistas. Apenas o 1.º ano do ensino fundamental é separado. Os alunos de 2º e 3º e os de 4º e 5º ano ficam em turmas mistas. As turmas têm no máximo 26 alunos e dois professores em sala. Os alunos são estimulados a pesquisar sobre assuntos que os interesse e, assim, se aprofundar nas disciplinas. Os casos de bullying diminuíram com a nova organização da escola, segundo Andressa. 9. Exigências das famílias Está na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): as escolas têm a obrigação de se articular com as famílias e os pais têm direito a ter ciência do processo pedagógico, bem como de participar da definição das propostas educacionais. Porém nem sempre esse princípio é considerado quando se forma o vínculo entre diretores, professores e coordenadores pedagógicos e a família dos alunos. Pesquisa Qualidade do ensino. Esse é o fator levado em consideração por 64% dos pais como principal critério para definir o colégio dos filhos. Na sequência, são considerados o ambiente agradável e a localização, ambos citados por 48% das entrevistadas em pesquisa da empresa de inteligência de mercado Sophia Mind. Já o preço aparece, apenas, em 5.º lugar (38%) como fator decisivo na escolha, atrás de método de ensino (46%) e infraestrutura (44%). O levantamento mostra ainda que as mulheres são as responsáveis por essa escolha: 38% decidem sozinhas e 36% têm ajuda do marido, mas tomam a decisão final. A pesquisa, realizada com mais de 600 mulheres de 18 a 60 anos em todo o Brasil, teve como objetivo avaliar o comportamento delas em relação ao processo de escolha da escola, participação na vida escolar e como elas enxergam o papel da escola na formação tanto aca-

47


dêmica quanto pessoal do filho. Entre as entrevistadas, 30% tem nível superior completo, 24% tem pós-graduação e 64% trabalha fora em período integral. A grande maioria dos filhos (81%) fica na escola por meio período, e apenas 19% em período integral. E, ainda de acordo com a pesquisa, crianças que passam o dia inteiro na escola encontram mais a presença do pai. Funções da escola Muito além do conteúdo das disciplinas e da preparação dos alunos para o mercado de trabalho, as mães esperam que o papel da escola vá além de somente ensinar. Para 62% das entrevistadas, a escola deve ajudar a esclarecer as principais questões da juventude e complementar a orientação dada em casa, formando cidadãos com valores e princípios. As mães também avaliaram as escolas de seus filhos com uma nota. Entre as instituições particulares, a média foi 8. Entre as públicas, média 5. E a maioria delas (67%) afirmou que está sempre presente em todas as reuniões de pais. Na hora de escolher uma instituição de ensino, as famílias procuram levar em conta a localidade (perto da região onde moram), a proposta pedagógica, a estrutura (salas de aula climatizadas, laboratórios, biblioteca, auditório, quadras poliesportivas, áreas de recreação), atividades extracurriculares, limpeza dos ambientes e recepção dos funcionários. No caso do Colégio Notre Dame, as famílias levam em consideração os seguintes aspectos: • a distância entre a escola e a casa; • a estrutura oferecida pela escola; • o alinhamento entre os valores da família e da escola; • a presença de familiares e conhecidos no ambiente escolar; • o ensino religioso. 10. Exigências dos estudantes O papel do professor: Portal Porvir – janeiro de 2016 Ter um professor que saiba criar uma relação pessoal e de respeito, além de demonstrar domínio do conte-

48

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários

údo é uma das razões importantes para reter os alunos no espaço escolar. Esse é um dos destaques da pesquisa “Juventudes na escola sentidos e buscas: Por que frequentam?” , feita pelo MEC (Ministério da Educação), OEI (Organização dos Estados Interamericanos) e Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais). No trabalho, a análise da escola foi feita por meio dos jovens, que avaliaram se suas expectativas de vida podem ser atendidas dentro do ambiente escolar. O levantamento envolveu entrevistas com 8.283 alunos, com idade entre 15 e 29 anos, Para dar conta do processo, ainda foram criados grupos focais para aprofundar alguns temas como a importância das relações interpessoais na escola, racismo e a conjuntura do país. Por isso, ter altas expectativas sobre o futuro também é um desafio para esses alunos. Entre aqueles entrevistados, 46% afirmam que os professores dizem que eles serão bons profissionais. No entanto, 10% dos jovens consideram que seus professores pensam que eles não têm futuro. O mesmo percentual afirma que os professores não se interessam por seu futuro. Como pensam os estudantes brasileiros: Visão da sociedade Para os alunos entrevistados, o principal problema do país é a violência (20%). A pobreza aparece em segundo lugar (16%), seguida pela corrupção (15,7%). A qualidade da saúde é a quarta maior preocupação (12,3%). A qualidade educação aparece em quinto lugar, sendo mencionada 5,6% dos estudantes. Outros números: – 85% dos entrevistados são contra o aborto; – 85,3% são contra a legalização das drogas; – 52,5% são contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo; – 71,6% são favoráveis às cotas para negros e índios indígenas nas universidades públicas; – 88,3% são favoráveis às cotas para egressos das escolas públicas nas universidades públicas; – 70,6% são favoráveis à redução da maioridade penal para 16 anos;


– 67,6% são favoráveis à pena de morte em caso de crimes graves; – 18,1% das alunas dos ensino médio, do EJA ou do Projovem Urbano já pararam de estudar por motivo de gravidez.

Fonte: www.ibge.com.br www.qedu.com.br www.mec.gov.br www.inepe.gov.br http://educacao.uol.com.br/noticias/bbc/2015/12/28/ crise-e-ideologia-levam-familias-de-classe-media-de-volta-a-escola-publica.htm?cmpid=fb-uolnot

http://g1.globo.com/educacao/a-internet-nas-escolas/ infografico/index.html http://especiais.g1.globo.com/educacao/2015/censo-escolar-2014/o-raio-x-das-escolas-do-pais.html • http://revistaeducacao.com.br/textos/0/diante-da-crise-como-atrair-novas-matriculas-e-reter-alunos-364996-1.asp • http://www.ipae.com.br/site/index.html • http://www.ihu.unisinos.br/noticias/544548-grandes-grupos-economicos-estao-ditando-a-formacao-de-jovens-brasileiros-diz-novo-reitor-da-ufrj. • http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/7-rankings-mais-realistas-do-desempenho-das-escolas-no-enem • http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,que-escola-e-melhor-uma-questao-sem-resposta-certa,1764641

49


Cenário do Mercado da Educação no Brasil Matriz de Análise

Redução do investimento na educação pública.

Impactos para a Instituição 1. Maior estabilidade do corpo docente. 2. Acirramento da concorrência. 3. Aumento de estudantes oriundos da Escola Pública com deficit de aprendizagem.

Unificação da estrutura de gestão financeiro-administrativo das Escolas Confecionais e Laicas.

Impactos para a Instituição 1. Concorrência fortalecida pela diminuição dos custos e aumento dos investimentos nos processos de ensino e de aprendizagem. 2. Perda de bons profissionais. 3. Investimento em formação e captação de novos profissionais.

Modernização do material didático digital (plataformas digitais – A La Netflix).

Impactos para a Instituição 1. Investimento em estrutura física. 2. Formação de pessoas. 3. Resistência dos pais. 50

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | 2017-2020

Estudo de cenários


Redução do número de estudantes da Rede Privada.

Impactos para a Instituição 1. Diminuição do capital de giro e de recursos para investimento nas escolas. 2. Acirramento da concorrência. 3. Redução do quadro de funcionários.

Investimento na formação do docente.

Impactos para a Instituição 1. Aumento dos investimentos em formação continuada. 2. Estratégia de fidelização e diminuição do turnover.

51


PLANEJAMENTO ESTRATร GICO | 2017-2020

Estudo de cenรกrios


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.