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“MINAS AVANÇA, PELEJA E FAZ”

Foto: Izabela Medina "Construção com sustentabilidade" (2009). Belo Horizonte, MG

“Sendo a vez, sendo a hora, Minas entende, atende, toma tento, avança, peleja e faz.”1

Ao escrever sobre Minas e a mineiridade, o médico e diplomata João Guimarães Rosa descreveu com maestria e genialidade o espírito de atitude que imanta Minas e os mineiros diante das vicissitudes e incertezas da vida e do futuro. Diante dos tempos sombrios de pandemia, as sábias palavras do autor de Grande sertão: veredas guiariam, portanto, as mensagens de coragem e esperança que marcaram a solenidade de encerramento das comemorações dos 300 anos de Minas Gerais na 33ª Reunião Especial da Assembleia Legislativa, realizada remotamente em 2 de dezembro de 2020, dia do aniversário de criação do Estado. “O momento que vivemos hoje no mundo em razão da pandemia alterou completamente as nossas expectativas quanto à realização de celebrações presenciais, mas, ainda que de forma remota, registramos os 300 anos do nosso estado vigorosamente, reverenciando a força e o exemplo de valores mineiros, como Guimarães Rosa”, assinalou o deputado Cristiano Silveira, então 2º vice-presidente da Casa, que presidiu a 33ª Reunião Especial. Em mensagem escrita, o presidente da Assembleia, Agostinho Patrus, destacou:

“Mesmo em um momento tão desafiador, como o que nos foi imposto por esta pandemia, as instituições foram parceiras sempre atuantes na concepção da rica programação que realizamos e que foi capaz de resgatar a trajetória de nosso estado e de promover a reflexão sobre o nosso presente e o nosso futuro.”

1 Trecho de um artigo do escritor João Guimarães Rosa, “Aí está Minas: a mineiridade”, publicado na revista O Cruzeiro, em 25 de agosto de 1957.

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Tempos de reinvenção

Também enfatizando os impactos adversos causados pela pandemia de covid-19, o presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), o desembargador Gilson Soares Lemes, lembrou que os momentos de crise, “talvez a maior já vivenciada pela nossa geração e que atingiu diretamente, e de maneira trágica, milhares de famílias brasileiras”, são de aprendizado e reinvenção.

Para o desembargador, a mineiridade, tão bem conceituada pelo escritor Guimarães Rosa, e a história de Minas – celebradas na programação dos 300 anos do Estado – são fontes seguras de inspiração para a superação das dificuldades atuais, de forma a “preservar o Estado Democrático de Direito e a reduzir as desigualdades sociais agravadas pela pandemia”.

Além das vidas perdidas, a reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sandra Regina Goulart Almeida, assinalou que o novo coronavírus é causa não apenas da maior pandemia já registrada na história da humanidade, mas também de uma crise social sem precedentes. Como o presidente do TJMG, ela recorreu às palavras do ex-aluno de Medicina da UFMG para assegurar que, apesar da crise sanitária e social que o mundo está enfrentando, o momento é também de coragem e de esperança, pois “sendo a vez, sendo a hora, Minas entende, atende, toma tento, avança, peleja e faz”.

Durante a 33ª Reunião Especial, os valores históricos e culturais mineiros foram também exaltados pelo desembargador Marcos Lincoln dos Santos, que representou o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), pelo procurador-geral adjunto Marcos Tofani Baer Baía, que representou o Ministério Público Estadual, e pelo assessor institucional e defensor público Wilson Hallak Rocha, que se pronunciou em nome da Defensoria Pública de Minas Gerais.

Na mensagem lida na solenidade de encerramento, o presidente Agostinho Patrus agradeceu às instituições parceiras da Assembleia, que contribuíram para o êxito das comemorações do tricentenário de Minas Gerais, entre as quais a UFMG, o TJMG, o Ministério Público, o Tribunal de Contas do Estado e a Defensoria Pública, além do TRE, da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Minas Gerais, da Academia Mineira de Letras e do Instituto dos Advogados de Minas Gerais.

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Um tributo a Minas na Serra da Piedade

Destacando-se majestosamente em meio ao mar de montanhas da Cordilheira do Espinhaço, a Serra da Piedade foi referência geográfica das primeiras entradas e bandeiras que penetraram os sertões então desconhecidos do Brasil na virada do século XVII em busca de ouro e pedras preciosas. Entre os mitos que embalam esse período épico da ocupação colonial do interior brasileiro, há o de que a Serra da Piedade seria, na verdade, a famosa Sabarabuçu, a lendária serra resplandecente, incrustada de esmeraldas, procurada pelo paulista Fernão Dias Paes Leme na célebre bandeira de 1674.

Lendas à parte, a Serra da Piedade é símbolo inconteste da formação das Minas Gerais, razão pela qual o Santuário de Nossa Senhora da Piedade foi o cenário escolhido para as gravações do vídeo conceitual dos 300 anos, apresentado durante a 33ª Reunião Especial da Assembleia Legislativa. Letra do genial compositor Fernando Brant e trilha sonora do inventor de sons e sonhos Tavinho Moura, “Encontro das águas” foi interpretada por Mariana Nunes (vocais), Rogério Delayon (violão) e Sérgio Rabello (violoncelo) no vídeo gravado na serra e que ilustra, magistralmente, os quatro eixos definidos pela curadoria da programação dos 300 anos: Economia, sociedade e política; A vida cultural; O patrimônio natural; e Um olhar para o futuro, simbolizado pelo Observatório Astronômico da UFMG.

Histórico, o vídeo conceitual dos 300 anos de Minas pode ser visto no canal da Assembleia no YouTube.

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Foto: Pâmela Bernardo. "Fé além da religião" (2019). Caeté, MG

Foto: Luiz Bocchino. "Procissão" (2009). Ouro Preto, MG

Foto: Inácio Marinho. "Ocupação das praças" (2008). Belo Horizonte, MG

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