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APRESENTAÇÃO – Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Barragem de Brumadinho, deputado Gustavo Valadares

APRESENTAÇÃO

Foi em janeiro de 2019. Lembro bem que ainda estava envolvido pela esperança que se renova quase naturalmente a cada início de ano novo que vivo. Esperança em dias melhores para mim e para todo o povo mineiro, que me honra com a confiança para representá-lo perante o Parlamento estadual. Esperança baseada no otimismo, que, para mim, é uma manifestação de fé. Então, em 25 de janeiro de 2019, fui surpreendido com as notícias da tragédia em Brumadinho: uma barragem de rejeitos de mineração da Vale S.A., no Córrego do Feijão, havia se rompido em plena luz do dia e durante o expediente de trabalho na mina, quando vários empregados estavam almoçando num refeitório localizado abaixo daquela estrutura que se rompera. Naquele primeiro momento, ainda não sabíamos as dimensões da tragédia, mas já se falava em 350 pessoas desaparecidas e no indiscutível desastre ambiental.

Ao iniciarmos a sessão legislativa de 2019, capitaneados pelo presidente da ALMG, deputado Agostinho Patrus, com vozes uníssonas, concluímos pela necessidade de que o Poder Legislativo investigasse, na medida das suas possibilidades, as causas do rompimento da Barragem 1, em Brumadinho, e apurasse as eventuais responsabilidades. Para tanto, deliberou-se a necessidade de instalação de uma comissão parlamentar de inquérito. Reunidas as assinaturas necessárias, a CPI da Barragem de Brumadinho foi formalmente criada e, em 17/3/2019, fui eleito seu presidente.

No exercício desse cargo, busquei balizar os trabalhos da comissão a partir de duas premissas bem fixadas: imprimir o caráter mais democrático possível ao estabelecimento do cronograma de atuação da comissão e conduzir os trabalhos de modo sóbrio e respeitoso, limitando-os aos objetivos previstos no ato de sua criação. Com isso, buscamos impedir que a comissão se transformasse em uma manifestação inquisitória de caça às bruxas ou palanque para proselitismo ideológico de qualquer corrente de pensamento político. E aqui deixo meu registro de reconhecimento aos pares na comissão por terem me auxiliado na manutenção desses propósitos. Os trabalhos da CPI foram compostos por uma reunião especial para sua organização e 17 reuniões ordinárias e 14 extraordinárias, acompanhadas in loco por uma plateia cativa e também transmitidas ao vivo pela TV Assembleia.

A isso somaram-se duas visitas técnicas a comunidades atingidas pela tragédia, 149 depoimentos, 220 requerimentos aprovados e mais de 70 ofícios recebidos com resultados de providências tomadas a partir de encaminhamentos feitos pela comissão. A CPI da Barragem de Brumadinho culminou com a leitura do relatório conclusivo do deputado André Quintão, no qual consta o apurado. O texto serviu de base para o livro que o leitor amigo tem agora em mãos. As conclusões foram obtidas ao 7

fim de um trabalho dedicado do relator, auxiliado pela contribuição inestimável e incansável não só de cada parlamentar que compôs a comissão, mas também do corpo técnico de servidores da ALMG. A experiência como presidente da CPI da Barragem de Brumadinho foi marcante, tanto na minha vida pessoal como na de homem público. Do muito vivido no exercício desse cargo, guardo como um registro especial a lembrança da reunião para leitura do relatório da CPI.

Naquela ocasião, lá estava a plateia cativa à qual me referi anteriormente, formada, em grande maioria, por parentes dos mortos ou daqueles que ainda não tinham sido encontrados na lama que escorreu da barragem rompida. Ao fim dos trabalhos, alguns deles vieram até a mesa onde eu e os demais deputados nos reuníamos. Naquele momento, percebi o quanto nós, parlamentares e público, estávamos irmanados na dor da tragédia, na esperança pela responsabilização de seus culpados e no desejo de que eventos dessa natureza não aconteçam mais. Nunca mais.

Deputado Gustavo Valadares Presidente da CPI da Barragem de Brumadinho

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