Esta história é uma adaptação do espetáculo A Biblioteca Mágica, encenado com sucesso pela Cia. Histórias do Baú, que completa 20 anos de apresentações em 2011. Agradecimentos À minha esposa Tereza, companheira inseparável de jornada. Aos filhos Henrique, Leonardo, Beatriz e Carolina, por me darem novas razões para acreditar e seguir em frente. À minha irmã Márcia, por trilhar comigo o caminho do teatro, desde o início. Ao meu pai Armando e minha mãe Marly, por acreditarem e incentivarem sempre, desde criança. Aos amigos de palco Beto Vieira, Fernando Rino, Miriam Vieira, Leandro Rodrigues, José Barsenn e Davi Messias, por acreditarem no sonho. Ao amigo André Reis, que com suas mágicas ilustrações perpetuou nossa história. Ao Tiago Monteiro, ao Tonzé e ao Adilson Cesar, por colocarem no papel nossa amizade e respeito mútuo. A todos os amigos e pessoas que acreditaram e colaboraram para que nosso fazer teatral ultrapassasse tantas fronteiras. A todas as crianças que nos assistiram nesses 20 anos de apresentações pelo mundo. E a Deus, por me conceder luz e força para acreditar que poderei continuar trabalhando e fazendo diferença até pelo menos meus 100 anos.
Amauri Alves é ator, diretor de teatro, arte educador, produtor cultural e editor de diversas revistas criadas e desenvolvidas para empresas. Com a Cia Histórias do Baú e seus espetáculos, percorreu centenas de cidades, em vários países. Criador de A Biblioteca Mágica, sempre divulga entre as crianças a importância da leitura e o prazer que existe em ler um bom livro.
André Reis é desenhista e ilustrador há 10 anos. Apaixonado por artes gráficas e quadrinhos, ilustrou revistas para a Editora Globo, Petrobras e Holcim. Trabalha com Amauri desde o início de sua carreira e, atualmente, especializa-se na produção de desenhos animados.
Todo final de ano, as turmas da quinta série realizavam um acampamento em uma reserva da Mata Atlântica. Era um momento muito especial para todos. Alguns mudariam de escola, outros de cidade, e além de apreciarem o ar, as plantas e os animais durante aqueles dias, reforçavam a amizade. Mas em 1981, com a turma da Carol, da Robertinha, do Vini e do Lúcio, o acampamento foi muito mais do que especial. Foi mágico e inesquecível.
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Durante um passeio em que todos participavam para fazer o reconhecimento de plantas e animais, nossa turminha se afastou do grupo e acabou por se perder. Procurando o caminho de volta, encontraram a entrada de uma caverna, escondida por cip贸s, galhos e 谩rvores. Como todos eram muito curiosos, resolveram entrar.
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A caverna era muito escura, com o piso molhado e escorregadio. Eles caminharam cautelosos, apoiando-se nas paredes, mas não perceberam que estavam à beira de um precipício.
O Vini, que ia à frente, tropeçou em uma pedra e escorregou buraco abaixo. Os outros tentaram segurá-lo pela camisa, mas também escorregaram, caindo no buraco.
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Mas, ao invĂŠs de encontrarem uma queda livre, eles se depararam com uma espĂŠcie de escorregador gigante, que os fez deslizar. E a turma escorregou como se estivesse em um parque de diversĂľes, descendo rĂĄpido pelo interior da montanha. A descida durou muitos e muitos minutos...
No fim, bem nas profundezas da terra, chegaram a uma sala tomada pela penumbra, por prateleiras com objetos coloridos, colunas de rochas e sons estranhos.
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Como por mágica, uma luz muito forte iluminou todo o lugar. E só nesse momento as crianças perceberam que estavam em uma biblioteca gigantesca. Para todos os lados que olhavam avistavam livros. Dezenas, centenas, milhares deles.
Um som de passos fez com que se escondessem atrás de uma pilha de livros. Os passos eram de um sujeito engraçado, com cara de bonzinho, que espanava o pó dos livros. 8
O Vini quis espiar e, quando se espichou para olhar, o livro que estava em uma mesa de pedra no centro da biblioteca ganhou vida. O susto foi t達o grande que ele derrubou um livro da pilha, estragando assim o esconderijo da turma. 9
O tal homem que limpava os livros era o zelador da biblioteca e se chamava Clรณvis. E o livro que ganhou vida, como todos jรก perceberam, era mรกgico. O Grande Livro. O livro de todas as histรณrias. Encantadas com tudo aquilo, as crianรงas pediram que lhes dessem alguns livros.
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O Grande Livro explicou que eles pertenciam ao Mago dos Livros e que não podiam ser retirados da Biblioteca Mágica. Mas se as crianças quisessem, poderiam lê-los ali mesmo.
! F U P
E a turma correu para as prateleiras onde livros de cores e tamanhos diversos as hipnotizavam como uma chuva de papel colorido... Ou como bolhas de sabão dançando ao sol.
Cada uma pegou um livro para ler, mas quando fizeram isso cobras mágicas surgiram de todos os cantos para atacá-las. No meio da gritaria aconteceu uma explosão, e, no meio da fumaça, apareceu o Mago dos Livros, guardião da Biblioteca Mágica. E ele estava muito bravo. 11
O Mago pegou os livros das mãos das crianças e explicou que eles estavam escondidos há centenas de anos. Era para proteger o conhecimento da humanidade. Cada vez mais encantadas com a aventura, as crianças pediram, choramingaram, imploraram para o Mago emprestar seus livros. E prometeram cuidar deles como cuidariam de um precioso tesouro. Convencido pelos argumentos, ele então resolveu emprestar seus livros.
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Brrr
Br rr
Enquanto o Mago explicava como as coisas aconteciam na Biblioteca M谩gica, o Vini, curioso como sempre, abriu o Grande Livro para ler as hist贸rias que estavam nele. E o abriu bem na p谩gina de uma assustadora hist贸ria de terror... 13
Com a abertura do Grande Livro, um portal mágico se formou, fazendo surgir de suas páginas um deserto, pirâmides, uma múmia e diversos personagens que invadiram a Biblioteca Mágica. No momento seguinte estavam todos no antigo Egito, cercados por areia, mistérios e muitos, muitos sustos. A porta do sarcófago mais próximo abriu-se, rangendo, e uma assustadora múmia aproximou-se de Robertinha. Apaixonada, a múmia começou a lhe fazer declarações de amor. 14
Ela contou à turma que estava à procura de uma linda noiva, há mais de 2000 anos, e que a Robertinha era o amor de sua vida. Foi amor à primeira vista. Com o coração batendo forte, pediu-a em casamento. Robertinha, achando graça e imaginando que tudo era uma brincadeira, aceitou casar-se com ela.
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Assim que o casamento teve início, uma princesa, que também havia saído do Grande Livro, tentou impedir que ele acontecesse. Ela gritava, dizendo que a múmia era seu noivo. A múmia, pensando bem depressa, teve a idéia de apresentar Lúcio para ela, dizendo que ele era um lindo e rico príncipe. Imediatamente, a princesa agarrou Lúcio pelas mãos e pediu ao padre para realizar seu casamento. Lúcio ria de tudo aquilo, também pensando que era de mentirinha.
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O Mago dos Livros, que de longe assistia a tudo, percebeu que a princesa nรฃo era princesa. Ela era uma bruxa disfarรงada de princesa. E abrindo um portal para a Biblioteca Mรกgica, alertou as crianรงas para o perigo que corriam com a bruxa. As crianรงas perceberam o que estava acontecendo, correram para o Mago dos Livros e saltaram pelo portal.
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Sem saber bem o que havia acontecido, as crianças, assustadas e com seus coraçõeszinhos batendo forte, retornaram à Biblioteca Mágica. 18
Só que a bruxa, que agora não estava mais disfarçada de princesa, os seguiu até lá. E antes do portal se fechar, agarrou o Vini pelas pernas e o arrastou para seu pântano, dentro do Grande Livro. 19
A bruxa odiava crianças e seu passatempo preferido era transformá-las em sapos, rãs, pererecas... E a transformação acontecia sempre em seu caldeirão. Quando o Vini já era quase um sapo, o portal se abriu outra vez e o Mago dos Livros e as crianças apareceram no pântano para ajudá-lo. E o Mago usou suas mágicas e encantamentos para afastar a bruxa. 20
Assustada com os poderes do Mago dos Livros, a bruxa fugiu voando, mas prometeu voltar com reforรงos. 21
A Carol teve a idéia de beijar o Vini para quebrar o encanto, mas, depois de muitos beijinhos, percebeu que ele continuava um sapo verde e gosmento. Nesse momento, a bruxa retornou. E dessa vez não estava sozinha. Veio cercada por assustadoras e furiosas aranhas gigantes, prontas para devorar toda a turma. O Mago pediu ajuda às crianças, dizendo que os livros que carregavam também possuíam poderes mágicos. Tomando coragem, todos abriram seus livros e os apontaram para os vilões da história.
E a mágica aconteceu: uma luz muito forte brotou das páginas abertas em direção aos malvados. A magia fez a bruxa e as aranhas recuarem para o pântano e o Vini voltou a ser criança. Todos aproveitaram o momento para voltar para a Biblioteca Mágica. 22
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Entusiasmadas e animadas com as aventuras que tinham vivido, as crianças pediram ao Mago para levá-las a outras histórias. O Mago, percebendo o interesse delas pelos livros e por histórias, resolveu contar-lhes o grande segredo da Biblioteca Mágica. Cochichou o segredo no ouvido de cada uma e presenteou a Carol, a Robertinha, o Vini e o Lúcio com um livro repleto de aventuras para cada um.
Quando as crianças abriram seus livros, foram transportadas através do portal mágico de volta ao acampamento. 25
No acampamento, fascinadas com as aventuras, contaram para todos o que aconteceu. Falaram da Biblioteca Mágica com milhares de livros e histórias. Explicaram quem era o Mago dos Livros, protegendo os livros mágicos. Encantaram a turma com o Grande Livro que ganhava vida e falava. Riram ao relembrarem das peripécias do Clóvis com as cobras. Falaram do casamento da múmia, da princesa, da bruxa, das aranhas gigantes, do Vini virando sapo..., das areias do Egito.
E quando todos estavam de olhos arregalados, vibrando com o que ouviam, eles resolveram compartilhar com os amigos o que lhes foi revelado. O grande segredo do Mago dos Livros:
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— Para viver uma grande aventura, é só procurar uma biblioteca, retirar um livro da prateleira, abrir... e ler. Porque dentro dos livros existem mundos repletos de sonhos. Existem sonhos que nos fazem viver.
E, como por mágica, livros surgiram nas mãos de todas as crianças, em todos os cantos do mundo.
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