Labirinto Ver-o-Peso

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Labirinto Ver-o-Peso Armando Sobral

Prêmio funarte de Arte Contemporânea



Labirinto Ver-o-Peso Armando Sobral

Prêmio FUNARTE de Arte Contemporânea de 02/06 a 31/07/2011 Galeria Fayga Ostrower Complexo Cultural da Funarte em Brasília


Urnas 路 Mantas texto de Marisa Mokarzel


Em uma trajetória demarcada pela gravura, pelo processo de pesquisa, pela experimentação, Armando Sobral nos últimos anos tem transitado pela fusão de técnicas, pelas discussões referentes à História da Arte, à condição artesanal e conceitual em que os tempos se fundem, promovendo o encontro entre o passado e o mundo contemporâneo.

Sobral desenvolvesse o seu trabalho. Foi em 1997, próximo ao Mercado, em pleno Ver-o-Peso, que o artista fotografou as postas de pirarucu salgadas, dependuradas no açougue, hoje desativado. No ano seguinte, a partir das fotos, realizou a gravura que recebeu o nome de Peixe, só depois a denominou: Mantas.

A paisagem e o humano unem-se em um cenário que delineia um lugar específico, simbólico de uma cidade que se constitui à beira do rio, em meio ao fluxo de trocas comerciais e culturais. O Ver-o-Peso em sua geografia labiríntica, circunscrita por uma arquitetura resultante do período fausto da borracha, vivido entre o final do século XIX e começo do século XX, tornou-se um ícone de Belém, cidade situada ao Norte do Brasil.

As Urnas também surgem do cenário do Ver-o-Peso, da imagem proveniente do vai-e-vem dos barcos abarrotados de potes de cerâmica, fazendo com que o barro quase

As Mantas, aqui, não significam cobertor, mas largas tiras de peixe que ficam expostas ao sol, ao tórrido clima tropical. Essas tiras serviram de matriz para que

se confunda com as águas, não fosse a cercania colorida, na qual predomina os adornos das embarcações. Para Armando Sobral a visualidade referencia o lugar, torna-se


“valor matricial de identificação” 1. Como ele mesmo comenta: “A memória e o lugar atuam decisivamente em minhas escolhas” 2. Daí Mantas e Urnas advirem da memória e do lugar que se tornaram símbolo da cidade onde nasceu. Neste complexo sistema, convivem artistas, barqueiros, açougueiros, comerciantes, erveiros, usuários e turistas que tornam móveis os espaços e formam a malha de trocas culturais. A escolha pela fusão da xilogravura e da escultura, por procedimentos artísticos que privilegiam o fazer coletivo, vêm se manifestando, principalmente, a partir do ano 2000. Durante o Arte Pará 2006, as Mantas ocuparam o Mercado de Peixe e situadas atrás do boxe de cada peixeiro, receberam cheiros, resíduos de sangue, escamas, que, após o corte, respigavam na gravura. A memória recoberta de matéria acumulou-se ao tempo e aderiu à xilo, que já trazia o peixe salgado, transportado para a fibra da madeira, fixo à lona. Essas mesmas tiras de peixe, imanadas de histórias, transferem-se para o Labirinto do Ver-o-Peso, compartilhando com as Urnas um passado que se torna presente, se atualiza. Ainda em 2006, Armando Sobral invade a sede da Fotoativa 3, ocupando espaços com enormes esculturas de madeiras, delicados e bélicos desenhos, além de gravuras que se concretizam no papel, no solo perfurado. Artefatos 1 2

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Esta afirmativa encontra-se no Projeto Labirinto Ver-0-Peso que o artista elaborou e foi contemplado com o Prêmio de Arte Contemporânea, Ocupação dos espaços FUNARTE 2010. Trata-se de um comentário que consta do livro Gravura Brasileira. São Paulo: Cosac & Naif / Itaú Cultural, 2000, p. 164. O livro apresenta uma análise da gravura brasileira e Armando Sobral está presente com uma xilogravura da série Mantas, datada de 1999 e que ainda era denominada de Peixe. Instituição que surge no começo dos anos 1980 e transforma-se em 2002 em Associação. Importante por formar fotógrafos e promover a pesquisa e as discussões relativas à imagem.


como pontas de lanças, armas ancestrais, cercam o ambiente, remetem ao passado que se sobrepõe a diferentes épocas, removendo camadas para que a estrutura da casa antiga seja revelada, em sua ruína. Imagens remotas evocadas pela obra do artista se entrecruzam com o presente. Mais uma vez a relação espaço tempo se evidencia.

conceitos, que reiniciam outros ciclos do fazer” 4. Este princípio tem continuidade em 2010 com Jardins Sagrados, que reassume o Barroco, desta vez incorporando o espaço museológico, absorvendo-o em seus espelhos.

Nova experiência, em 2009, Barroco, Traço Infinito repete o procedimento de Artefatos: promove o encontro

Contínuas pesquisas, processos que se encadeiam em tessituras formam um ciclo e permitem revelar o Labirinto Ver-o-Peso. Xilos e esculturas formam-se a partir do desenho, dos esboços, da fissura que se abre no

com o trabalho artesão, no qual mãos e idéias dividem o ateliê; e sabe-se que “no interior do ateliê haverá um trabalho indissolúvel, de natureza teórico-prática, onde a artesanalidade e sua constante reelaboração estão numa dialética permanentemente pontuada pela produção de

branco do papel para que a forma nasça e materialize-se. Com as peças dispostas no espaço, o artista propõe que os corpos caminhem entre Urnas e Mantas. Só assim, as ânforas conservam o vinho, o sal conserva a carne e o ritual se cumpre. 4

Trata-se de Notas Breves para uma Visão do Desenho, escrita em 2004 que o gravurista Cláudio Mubarac apresentou na Revista Ars do Departamento de Artes Plásticas da ECA/USP, nº 4, 2006, p. 91.


Urnas suporte de madeira e urna de cerâmica, 220 × 60 × 60 cm



Mantas xilogravura sobre tela, 234 Ă— 100 cm



Armando Sampaio Sobral

A

rtista Plástico graduado pela Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo, em 1990. Co-fundador do Atelier Piratininga, em São Paulo. Professor da Universidade Federal do Pará entre os anos de 2003 e 2005, onde foi responsável pela reestruturação do atelier de protótipos tridimensionais. Instalou e coordenou o atelier público de gravura da Fundação Curro Velho, em Belém, entre os anos de 2001 e 2006 e vem prestando assessorias para instituições culturais do Estado na área de políticas públicas. Curador de diversas mostras, dentre elas: Grafias, Espaço Cultural Banco da Amazônia, Belém, 2010; Estampe Amazonienne, Galeria do Engramme, Quebec, Canadá, 2010; A Gravura no Pará, acervo Museu Casa das Onze Janelas, Belém; A Gravura no Pará, Galeria Gravura Brasileira, São Paulo; Marcelo Grassmann: Imaginário Fantástico, Galeria do CCBEU, Belém, 2006; A Gravura em Belém, na III Bienal Internacional de Gravura de Santo André, 2005. Em 2008 foi contemplado com a Bolsa de Pesquisa Artística da FUNARTE e, em 2010, recebeu o Prêmio Nacional de Arte Contemporânea Marcantônio Vilaça e o Prêmio de Arte Contemporânea - Ocupação dos Espaços FUNARTE. Atuou como Gerente Geral de Artes Visuais do Instituto de Artes do Pará entre os anos de 2007 e 2010. Participou de inúmeras mostras nacionais e internacionais (Japão, Noruega, Canadá, Espanha, Argentina, Rep. Checa, Estônia, Polônia, França, Holanda e EUA).


Ficha Técnica Mestre Ceramista Pascoal Projeto Gráfico Andrea Kellerman Armando Sobral Fotografia Armando Sobral Texto Mariza Mokarzel Vídeo Armando Sobral (imagens) Alberto Bitar (edição) Assistente de Impressão Raimundo Calandrino Marcenaria Eraldo Seabra Revisão de Texto Maria Eulália Sobral Toscano Agradecimentos Fábio Nunes · Halmélio Sobral Equipe da FUNARTE

distribuição gratuita · proibida a venda


Presidente da República Dilma Rousseff Ministra de Estado da Cultura Ana de Hollanda

fundação nacional de artes Presidente Antonio Grassi Diretora Executiva Myriam Lewin Diretor do Centro de Artes Visuais Francisco de Assis Chaves Bastos (Xico Chaves) Coordenadora do Centro de Artes Visuais Andréa Luiza Paes Coordenadora do Prêmio FUNARTE de Arte Contemporânea Ana Paula Santos Coordenador de Comunicação Oswaldo Carvalho Coordenadora de Difusão Cultural em Brasília Maria Celeste Mascarenhas Queiroz Assessora para as Artes Visuais em Brasília Iara Martorelli

Labirinto Ver-o-Peso foi contemplado em 2010 com o Prêmio de Arte Contemporânea – Ocupação dos Espaços Funarte Galeria Fayga Ostrower, Complexo Cultural Funarte Eixo Monumental, Setor de Divulgação Cultural, Brasília / DF



realização


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