III Congresso Brasileiro de Oceanografia – CBO’2010 Rio Grande (RS), 17 a 21 de maio de 2010
PLANO NACIONAL DE AÇÃO PARA A CONSERVAÇÃO DOS MEROS E AMBIENTES COSTEIROS E MARINHOS ASSOCIADOS Freitas, M. O.¹; Gerhardinger, L. C.¹,²; Hostim-Silva, M.¹,³; Ferreira, B. P.¹; , , , Beckenkamp, P. R. C.¹ ²; Fernandes, V. J. G.¹ ²; Bertoncini, A. A.¹ ²; Acauan, R.¹; , , Grecco, F. C.¹ ²; Santos, A. S.¹; Franco, F. R.¹; Borgonha, M.¹ ²; Daros, F.¹; Alves, J. A.¹; Bueno, L.¹; Leite, J. R.¹,² ¹Rede Meros do Brasil – www.merosdobrasil.org. e-mail do autor: matheus@merosdobrasil.org ² ECOMAR - Associação de Estudos Costeiros e Marinhos. Rua Dr. José André da Cruz, 539. Nova Coréia. Caravelas/BA CEP: 45900-000. ³Universidade Federal do Espírito Santo, CEUNES, Departamento de Ciências da Saúde, Biológicas e Agrárias. Rua Humberto de Almeida Francklin, 257, 29933-415 São Mateus, ES;.
RESUMO Os meros (Epinephelus itajara) vêm mundialmente recebendo atenção de pesquisadores em função de seu status de conservação. Tendo em vista a urgência da conservação da espécie, protegida por lei federal (IBAMA 42/2007) no país, em 2009 a Rede Meros do Brasil elaborou o Plano Nacional para a Conservação dos Meros e Ambientes Costeiros e Marinhos Associados. Durante a realização do II Workshop Meros do Brasil, foram ainda abordadas e discutidas as informações disponíveis e adquiridas pelo projeto Meros do Brasil e parceiros ao longo dos últimos oito anos. O plano de ação foi elaborado com base em quatro temas principais: Pesca, Biologia e Conservação; Mergulho e conservação em Áreas Marinhas Protegidas; Educação Ambiental e Conhecimento Ecológico. Espera-se que o mesmo sirva como base para a construção de uma política ambiental coerente e favorável a conservação da espécie, bem como dos ambientes costeiros e marinhos. Da mesma forma, estabeleça o diálogo entre diversas instituições buscando apoio as estratégias definidas Palavras chave: Epinephelus itajara; Rede Meros do Brasil; Espécie Ameaçada.
INTRODUÇÃO O mero Epinephelus itajara, conhecido como o "senhor das pedras", é uma espécie de peixe de grande porte (>400kg) da família Serranidae. Ocorre em águas tropicais e subtropicais no Oceano Atlântico da Flórida ao sul do Brasil, ao longo de todo o golfo do México e em partes do Caribe. Juvenis são estuarino-dependentes e procuram abrigos em mangues. Os adultos se refugiam em torno de naufrágios e parceis mais afastados da costa. Possuem crescimento lento (vivem pelo menos 38 anos), demoram para iniciar atividade reprodutiva e agregam-se para reproduzir em datas e locais conhecidos por alguns pescadores. São capturados principalmente através de armadilhas, linhas de mão, redes e arbaletes de pressão. Esses fatores aliados a falta de informações consistentes sobre sua bioecologia, foram decisivos para inclusão da espécie na lista vermelha das espécies ameaçadas da IUCN (The International Union for Conservation of Nature), que o classifica como espécie Criticamente Ameaçada. Há mais de dez anos protegido da pesca em todo o Golfo do México, somente em 2002 a espécie recebeu proteção em águas brasileiras (IBAMA, portaria nº 121/ 2002). Com isso, tornou-se a primeira espécie de peixe marinho a receber uma portaria específica que estabeleceu a moratória da pesca pelo período de 5 anos, na qual priorizou-se a realização de estudos aprofundados. Em 2007, a portaria 42/2007 do IBAMA prorrogou por mais cinco anos a proibição da pesca, transporte e comercialização do mero. A Rede Meros do Brasil é hoje mais do que um projeto de conservação de um peixe ameaçado. Nos últimos anos, consolidou-se uma Rede de instituições governamentais e ONGs, pesquisadores, ambientalistas, mergulhadores e pescadores em vários estados da costa brasileira. Todos os parceiros estão envolvidos diretamente com amplas ações de conservação marinha, e possuem o MERO como ponto de convergência e símbolo de uma espécie que estava quase desaparecendo de nossas águas. As diversas ações da Rede são desenvolvidas de forma autônoma pelas organizações que a integram, e a cooperação técnica e padronização de metodologias entre as diversas instituições são necessárias para se abordar os desafios de pesquisa e conservação do extenso litoral brasileiro (Hostim-Silva et al, 2005; Gerhardinger et al, 2009) .
AOCEANO – Associação Brasileira de Oceanografia
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