15 Motivos para Ficar de Olho na Televisão

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15 motivos para "ficar de olho" na televisão

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Prefácio

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bem conhecida a lenda medieval do flautista de Hamelin. Seduzidas pelos sons maravilhosos de sua música, todas as crianças da cidade de Hamelin seguiram, hipnotizadas, os passos do misterioso músico— e desapareceram para sem pre. “Como po de rí a mos des con fi ar da que le flautista?”, lamentavam as mães, aflitas. “Ele tocava músicas tão bonitas! As crianças gostavam tanto de ouvi-lo”... Hoje em dia, há um sortilégio que conjuga sons e imagens em movimento. Esses sons e imagens fascinam grandes e pequenos e produzem efeitos que, ao ver de numerosos pesquisadores e estudiosos, podem bem ser devastadores. Como na antiga lenda germânica, boa parte dos pais se mostra indiferente (ou demasiado tolerante) em relação aos efeitos que a má televisão é capaz de produzir na mente e no comportamento dos filhos. Confiam à babá eletrônica a tarefa de entreter as crianças, o mais das vezes sem qualquer preocupação com a natureza das mensagens embutidas na programação e com as conseqüências dessas mensagens, reiteradas ad nauseam nas cabecinhas do público infanto-juvenil. Humorismo chulo, sordidez, linguajar de sarjeta, cenas degradantes, violência, brutalidade, incesto, desmoralização da família, obscenidades e outros componentes desse verdadeiro lixo televisual invadem escancaradamente a intimidade do lar a qualquer hora do dia ou da noite. As crianças estão atentas. Estão vendo, estão ouvindo. Estão aprendendo, nessa “escola paralela” às avessas, que molda valores, atitudes, filosofias de vida, condutas em


Guillermo Maurício Acosta-Orjuela

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direção diametralmente oposta à da formação sadia, responsável, da infância fundada no respeito mútuo e nos valores morais universais. A infância, aliás, está desaparecendo, alerta-nos Neil Postman. Uma televisão que timbra em ignorar a distinção essencial entre menores e maiores de idade, franqueando a qualquer um o acesso ao que no passado era encarado como ver go nho so, de gra dan te, re pul si vo ou es ti mu la dor de baixezas de todos os tipos — essa má televisão, destituída de senso de responsabilidade social, nas palavras de Postman, “oferece perigos e em particular faz com que o futuro da infância seja problemático”(The disappearance of childhood, New York, Delacorte, 1982, cap. 6). Surpreende e contrista constatar que os mesmos pais que não dão água suja aos filhos com sede, nem permitem que estes comam alimentos estragados, fechem os olhos para os exemplos diários de violência, licenciosidade, ob je ção e de ge ne ra ção men tal que po vo am os maus programas de televisão — perante os olhinhos atentos de uma infância desprotegida e vulnerável. Quando alertávamos, há mais de trinta anos, para os riscos da exposição das crianças a programas (e comerciais) objetáveis, os resultados de pesquisas científicas a este respeito eram relativamente escassos. Nas três últimas décadas, entretanto, acumularam-se de maneira crescente e convincente as provas de que existe efetivamente uma relação de causa e efeito entre padrões de conduta, modelos, situações, falas e reações apresentados pela televisão e o comportamento e a personalidade da criança que se desenvolve em meio à contínua absorção dessas “lições”televisuais. É lamentável que os resultados das pesquisas aqui referidas tenham merecido escassa divulgação em língua portuguesa. Este é, portanto, um livro que precisava, com urgência, ser escrito e divulgado entre nós. Solidamente embasado em fatos revelados pelas investigações mais significativas de psicólogos, médicos e outros pesquisadores a este respeito, alicerçado em centenas de experimentos, pesquisas de campo, estudos longi-


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tudinais e análises correlacionais, o livro que o leitor tem em mãos evita, no entanto, os excessos do aparato erudito, minúcias metodológicas e a profusão das tabelas que caracterizam os textos acadêmicos, para adotar uma linguagem singela, direta e objetiva que qualquer mãe ou pai pode entender. Bem haja, pois, o autor desta obra que se dispôs a trocar em miúdos o que é hoje sabido sobre televisão e criança, fazendo-o sob a forma convincente dos “quinze motivos”a que se refere o título do livro. Ninguém mais capaz do que Guillermo Maurício Acosta-Orjuela para dar boa conta desta tarefa. Colombiano de nascimento, formado em Psicologia pela Universidade Católica da Colômbia em 1987, valeu-se da magnífica base profissional de estudos e trabalho nas áreas clínica, de investigação experimental e docência universitária para desenvolver no Brasil, há vários anos, um ambicioso projeto que consistiu em analisar exaustivamente a caudalosa literatura científica internacional sobre comunicação persuasiva e efeitos da mídia nas pessoas, particularmente no caso da televisão. Um dos magníficos frutos desse paciente e aturado esforço assumiu a forma de dissertação de mestrado aprovada na Unicamp em 1997, sob o título “Efeitos da tele visão sobre os comportamentos anti-social e pró-social: uma introdução à literatura empírica em Psicologia Social”. Voltado, presentemente, para a pesquisa sobre televisão e terceira idade, Acosta-Orjuela continua, contudo, a dedicar sua atenção à problemática de que trata este livro e participa ativamente das atividades do Grupo dos Estudos sobre Televisão na PUC-Campinas, sob nossa orientação. Talvez o leitor pertença ao grupo de pais esclarecidos que adotam em relação à televisão vista por seus filhos uma atitude consciente, cautelosa e responsável, idêntica à de muitos milhões de pais que, no mundo inteiro, adotam hoje a postura segundo a qual é preciso, por um lado, dizer um basta à escalada dos excessos na televisão a que seus filhos assistem e, por outro lado, estabelecem limites, orientam, conversam, aconselham e sugerem atividades alternativas aos filhos, envolvendo-os em


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ampla gama de satisfações compartilhadas — longe da televisão. Se já faz parte desse grupo, parabéns. Este livro ajudá-lo-á nesse sentido. Se não é esse o seu caso, leia e pondere os “quinze motivos”e conclua, com a sua sagacidade e o seu bom senso, que precisamos ficar de olho na televisão vista por nossos filhos. Prof. Samuel Pfromm Netto


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