Apresentação Desde a década de 1990, quando a globalização tornou-se um fenômeno explorado cotidianamente pela mídia, os empresários e os estudiosos em geral têm dado importância crescente ao comércio exterior e aos fluxos internacionais de capitais. A globalização produtiva, porém, entendida como a progressiva eliminação das barreiras ao comércio internacional, é muito anterior a isso, como veremos, e é um processo contraditório cheio de avanços e recuos. Mas na área das finanças, a globalização caminhou a passos largos e firmes, especialmente a partir dos anos 80. Num ambiente em que os mercados financeiros internacionais, graças aos avanços das tecnologias da comunicação, estão cada vez mais integrados e que o capital dinheiro conta com ampla liberdade de movimentação, graças ao processo de liberalização, os fluxos de capital se tornaram predominantemente especulativos, se apartando dos fundamentos econômicos. Entradas e saídas de capital não mais guardam, relação necessária com a situação das contas em transação corrente. O mesmo, por consequência, pode ser dito do movimento da taxa de câmbio: o nível da taxa de câmbio num determinado momento não mais é determinado apenas pela situação da conta de transações correntes do Balanço de Pagamentos. A partir do momento em que, sob um regime cambial predomi nantemente flutuante, os países liberalizaram seus mercados financeiros e revogaram os controles sobre a conta de capital, eles tornaram-se reféns das finanças de mercado. Os detentores de ativos podem, então, contar com amplas possibilidades para diversificar seu portfólio. Na medida em que a adoção do câmbio flutuante transformou a própria moeda em ativo financeiro, o esforço dos países para atrair esses detentores de riqueza
significou, dentre outras coisas, a instauração de uma concorrência entre suas moedas. A concorrência entre as moedas, na medida em que pressiona o mercado de câmbio de acordo com suas demandas relativas desestabiliza as taxas de câmbio entre as principais moedas, acabando por destruir uma das funções essenciais da moeda internacional, antes cumprida pelo dólar, ser âncora nominal. É esse aumento da instabilidade da economia internacional que pode levar a crises como a de 2008, que tem atraído, em grande parte, o interesse pelas questões da Economia Internacional O crescente interesse pelas questões ligadas à economia interna cional e ao comércio e negócios internacionais levou-nos a escrever este livro que trata da Economia e dos Negócios Internacionais. Os cinco primeiros capítulos abordam as questões ligadas à economia internacional, discutindo seu objeto de análise, suas especifi cidades, o balanço de pagamentos, o mercado cambial, as teorias sobre o comércio internacional e a evolução da economia internacional dos anos dourados até a globalização financeira. Os quatro capítulos seguintes tratam dos negócios internacionais, abordando os acordos internacionais de comércio, despacho aduaneiro, logística e cadeia de suprimentos e os incoterms. Os acordos de comércio são assinados ou não assinados em virtude de um conjunto de fatores relacionados à economia internacional e à nacional. Os países buscam fazer acordos de comércio com o objetivo de maximizar o potencial de exportação de setores produtivos internos que são competitivos. No entanto, em contrapartida, é necessário oferecer aumento de importação em outros setores, lembrando que o comércio internacional é uma via de mão dupla. Daí a dificuldade do Brasil de se inserir mais ativamente no comércio internacional: o Brasil apresenta uma economia grande, forte e diversificada, que precisa fazer escolhas estratégicas de setores que precisam de maior proteção e de setores que, por já serem competitivos, podem encarar a competição maior de produtos importados. Apesar de o Brasil ainda ser considerado relativamente mais fechado que outras economias de países com PIB semelhante, o país participa efetivamente de cadeias de suprimentos internacionalizadas, com companhias estrangeiras instaladas no país e companhias brasileiras se instalando no exterior, com fornecedores e clientes transfronteiriços. Isso estimula a necessidade de facilitação comercial pelas aduanas, o que pode ser entendido no mecanismo de registrar o despacho aduaneiro
de entrada (importação) e saída (exportação) do país. Uma aduana deve ser capaz de facilitar os interesses econômicos, sem descurar dos interesses fiscais e estratégicos para um Estado. A devida combinação de controle e permissão do fluxo de mercadorias é responsável por maior ou menor grau de desenvolvimento e índice de competitividade de um país. O livro Economia e Negócios Internacionais é um guia essencial para desvendar as nuanças do processo de globalização, a fim de entender a forma e a viabilidade de proteger ou expor a economia do país, tendo como foco a economia internacional e os negócios internacionais. Boa leitura!
Valdir Dainez e Cristiano Morini