Química Geral no Contexto das Engenharias

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Introdução

Em todas as áreas, é uma crítica comum (e pertinente) que, via de regra, os conteúdos ministrados em boa parte das disciplinas, em um determinado curso, o são fora de contexto, de forma que os estudantes terminam por não entender qual a finalidade do que é ministrado e, pior ainda, mesmo quando aprovados com “boas notas”, não conseguem, posteriormente, aplicar os conhecimentos adquiridos em determinadas disciplinas às necessidades de sua vida profissional. Assim, após cursar várias disciplinas de cálculo, física e quí­­mi­ca, muitas vezes o estudante das Engenharias termina por não estabelecer “links” entre os conteúdos que aprendeu e os conhecimentos específicos de outras disciplinas da parte profissional do seu curso, e, por consequência, com sua vida profissional. Os conteúdos das disciplinas básicas são ministrados de forma descoordenada (em relação às disciplinas profissionalizantes), tendo‑se a vaga expectativa de que “mais adiante” o aluno terminará por estabelecer, por si próprio, os “links” necessários. Tal fato, porém, raras vezes se verifica, restando apenas, ao estudante das Engenharias, a sensação de que desperdiçou tempo ao cursar as disciplinas básicas. Além disso, os conteúdos descontextualizados acabam, com frequência, mascarando currículos mal elaborados, “desantenados” das reais necessidades, em termos de conhecimentos básicos, dos cursos de Engenharia.


No tocante à química, a sua presença, e conse­­­­­­­­­­quente importância, se faz sentir não apenas na Engenharia Química (presença por demais óbvia), mas também, e de forma significativa, nas Engenharias Ambiental, Florestal, de Materiais, do Petróleo, Mecânica e Civil, entre outras. Elaborar um bom programa para as disciplinas de química para os semestres iniciais dos cursos de Engenharia significa estabelecer o melhor compromisso possível entre conhecimentos básicos (no sentido de conhecimentos fundamentais para o bom entendimento da química) e conhecimentos que, embora da área de química, sejam necessários (por que se inserem no contexto) para os estudantes das Engenharias. Este pequeno livro procura, tanto quanto possível, atingir o objetivo anteriormente mencionado. Em sua preparação, foi assumido que o aluno possui conhecimentos básicos de química, adquiridos no ensino médio. Contudo, sempre que necessário, esses conhecimentos são reapresentados, na medida (extensão e profundidade) e no momento em que se façam oportunos. Nesse sentido, o glossário apresentado ao final do livro e mesmo as notas de rodapé funcionam como oportunidades para aumentar o volume de conhecimentos apresentados. O Capítulo 1 destina-se a relembrar alguns tópicos/ aspectos fundamentais da química geral. A critério do professor e do aluno, ele pode ser suprimido do programa de estudos. Evitou-se, contudo, a apresentação extensiva de conteúdos específicos da química. No tocante à nomenclatura de compostos orgânicos, por exemplo, optou-se por fazer uma brevíssima apresentação, apenas para os hidrocarbonetos de cadeia aberta. Entendemos que essa opção se justifica pela grande quantidade de classes de compostos (não só orgânicos, mas também inorgânicos) que têm interesse para as Engenharias, e pelo fato de que investir pesadamente nos aspectos relativos à nomenclatura e notação de compostos seria contraproducente, levando-se em conta o público-alvo ao qual o livro se destina. No que tange aos exercícios, o estudante irá perceber que, para alguns deles, as respostas não podem ser encontradas neste livro (não que sejam atividades realmente difíceis). Tal opção visa estimular o estudante a consultar outros livros de química geral


(os livros “tradicionais”, sobretudo), complementando, assim, sua formação. O glossário apresentado ao final do livro visa também essa complementação, visto que fornece um aporte extra de conteúdos. Contudo, tendo-se em vista o conteúdo presente no próprio livro e aquele que o estudante terá de buscar em fontes complementares, o livro foi pensado para um curso de química geral cuja carga horária teórica se situe entre 40-60 horas aula. Na busca pela contextualização e interdiscipli­­naridade, buscamos introduzir, sempre que possível e oportuno, notícias de jornal ou matérias de revistas especializadas, a fim de que o aluno (futuro engenheiro) adquira, desde cedo, a capacidade de inter‑relacionar os conhecimentos adquiridos nas disciplinas de química com o dia a dia da sua profissão. Assim, o Apêndice 2 traz um artigo sobre a degradação térmica do PVC. Procuramos ainda, tanto quanto possível, utilizar os exercícios não como mero treino para a resolução de questões de prova (para esse fim específico, os exercícios elaborados pelo professor da disciplina certamente serão bem mais instrutivos), mas como veículos para a consolidação do conteúdo apresentado, e mesmo introdução de novos conhecimentos. No intuito de constantemente aperfeiçoar a presente obra, críticas e sugestões serão sempre bem-vindas.

O autor



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