ALÉM DO LOTE AUGUSTO LONGARINE
ALÉM DO LOTE Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de São Paulo FAU USP Trabalho Final de Graduação 2020 Orientação Alvaro Puntoni
Agradecimentos Aos meus pais, Marino e Rosana, fontes de amor, carinho e inspiração. À minha irmã Andrea e à toda minha família, por acreditarem em mim. À Stella, companheira de vida, pelo amor, confiança e paciência sem iguais. Aos meus amigos, companheiros de jornada, pelos momentos felizes. Ao Luiz, pelo companheirismo, vitórias e pelos sonhos compartilhados. Ao Professor Alvaro Puntoni, pelos conselhos, incentivos e pelas orientações essenciais ao desenvolvimento deste trabalho. Aos Professores Luciano Margotto e Fernando Viegas, por gentilmente aceitarem compor esta banca. À FAU, por tudo.
À Deus, por todas as oportunidades.
“The time is ripe for construction, not foolery” Le Corbusier, 1922. “Know what you have to do, and do it” John Ruskin,1849.
RESUMO ALÉM DO LOTE A cidade ideal se constrói - ou deveria ser construída - como um quebra-cabeça: cada arquitetura assumindo o papel de uma peça, com lugar e encaixes precisamente definidos. Centenas, milhares de peças formalmente distintas mas individualmente relevantes formam a cidade, cuja harmonia entre artefatos é responsável por tornar o conjunto único e belo. Nas cidades contemporâneas, porém, essa lógica é desvirtuada: as arquiteturas produzidas, em sua maioria, dialogam unicamente consigo mesmas, isolando-se a partir dos limites impostos pelo lote. Em São Paulo, condomínios de toda natureza se multiplicam em alta velocidade, fechados, murados, gradeados. Ignoram o entorno de uma maneira perigosa, proposital, como castelos feudais, se diferenciando apenas pela dependência visceral que ainda nutrem com a cidade “aberta”. Infraestruturas pousam no espaço urbano a partir da mesma
lógica, moldando espaços de planejamento ausente. O exercício de projeto aqui disposto tem como suporte o Elevado Presidente João Goulart - popularmente conhecido como Minhocão - e sua problematização no debate urbanístico-arquitetônico paulistano. Mais do que uma tentativa de correção histórica, apresenta-se como uma provocação em defesa de uma cidade cujas infraestruturas sejam vistas como oportunidades de produção de arquitetura, e vice-versa. O projeto é uma resposta inesperada para o local: prevê a verticalização e o adensamento por sobre o tabuleiro do Elevado, estrutura comunmente menosprezada do ponto de vista da regeneração urbana. Inova ao conferir ao adensamento - e não à demolição - o papel de revitalizador urbano, abrindo frente a um novo eixo de desenvolvimento para o Centro de São Paulo.
Palavras-Chave: Arquitetura e Contexto; Infraestrutura Urbana; Elevado João Goulart;
ABSTRACT BEYOND THE PLOT The ideal city is built - or should be - as a puzzle: each architecture assuming the role of a piece, with precisely defined places and fittings. Hundreds, thousands of formally distinct but individually relevant pieces origin the city, whose harmony between artifacts is responsible for making the whole unique and beautiful. In contemporary cities, however, this logic is often distorted: great number of buildings dialogue only with themselves, isolated from the surroundings by the limits imposed by the urban plot. In São Paulo, condominiums of all kinds multiply in high speed, closed, walled, fenced. They ignore the surroundings in a dangerous, purposeful way, like feudal castles, differing of them only by the visceral dependence that they still have with the “open” city. Infrastructures land in the urban fabric by the same logic, shaping
spaces of absent planning. This work analyses the President João Goulart elevated Freeway - popularly known as Minhocão - and its problematization in São Paulo’s architectural-urban debate. More than an attempt for historical correction, it presents itself as a provocation in defense of a city whose infrastructures are seen as opportunities for architectural production and vice versa. The project is an unexpected response for the place: defends the verticalization above the freeway, a structure commonly underestimated from the point of view of urban regeneration. It innovates by giving to the densification - instead of the demolition - the role of urban revitalizer, opening up a new development axis for the Center of São Paulo.
Keywords: Architecture and Context; Urban Infrastructure; President João Goulart Freeway;
Introdução ........................................................... 003 Por uma Arquitetura Contextual .......................... 007 Por uma Arquitetura Além do Lote ...................... 027 Considerações Finais .......................................... 147 Referências Bibliográficas ................................... 152
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INTRODUÇÃO Este presente trabalho apresenta-se como um ensaio projetual resultante de um conjunto de inquietações urbanístico-arquitetônicas reunidas ao longo da graduação. Parte, em suma, do entendimento da arquitetura como uma resposta ao contexto, ao existente, ao previamente instalado. O contexto, aqui, é entendido como a união de todos e quaisquer elementos responsáveis por fundir um determinado projeto ao seu loco. Uma arquitetura contextualizada é, portanto, aquela que só tem suas funções totalmente operantes em um loco específico, origem do fazer arquitetônico.
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A cidade ideal se constrói - ou deveria ser construída - como um quebra-cabeça: cada arquitetura assumindo o papel de uma peça, com lugar e encaixes precisamente definidos (F01). Centenas, milhares de peças formalmente distintas mas individualmente relevantes formam a cidade, cuja harmonia entre artefatos é responsável por tornar o conjunto único e belo. Nas cidades contemporâneas, porém, essa lógica é desvirtuada: as arquiteturas produzidas, em sua maioria, dialogam unicamente consigo mesmas, isolando-se a partir dos limites
impostos pelo lote. Em São Paulo, por exemplo, condomínios de toda natureza se multiplicam em alta velocidade, fechados, murados, gradeados. Ignoram o entorno de uma maneira perigosa, proposital, como castelos feudais, se diferenciando apenas pela dependência visceral que ainda nutrem com a cidade “aberta”. Edifícios dos mais variados tipos despontam do interior dos lotes em arranjos mercadologicamente viáveis, urbanisticamente legais mas arquitetonicamente arbitrários. Infraestruturas pousam no espaço urbano a partir da mesma lógica, moldando espaços de planejamento ausente.
O exercício de projeto aqui disposto tem como suporte o Elevado Presidente João Goulart - popularmente conhecido como Minhocão - e sua problematização recente no debate urbanístico-arquitetônico paulistano. Mais do que uma tentativa de correção histórica, apresenta-se como uma provocação em defesa de uma cidade cujas infraestruturas sejam vistas como oportunidades de produção de arquitetura, e vice-versa.
Este trabalho justifica-se, portanto, pela urgência da arquitetura contextual na prática profissional contemporânea. Por uma arquitetura contextual. Por uma arquitetura além do lote.
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POR UMA ARQUITETURA CONTEXTUAL ARQUITETURA COMO OPORTUNIDADE Fundamentado nos conceitos de arquitetura contextual previamente apresentados, este trabalho busca materializá-los em um exercício de projeto essencialmente contemporâneo. Nesse sentido, as inquietações de forma-conceito arquitetônicas somaram-se às referentes à vivência urbana e demais experimentações espaciais adquiridas nos últimos anos. Busca-se aqui o entendimento da arquitetura como oportunidade. Longe de um exercício meramente construtivo, lida com diferentes escalas e adapta-se continuamente a diferentes percepções. Não se trata de ofício rígido: é fluido e democrático, como é - ou deveria ser - a própria cidade.
se do entorno sem assumir qualquer função social. Quando ocupado, abriga arquiteturas que seguem a mesma lógica existencial. Da mesma maneira, infraestruturas despontam nos espaços de uso público com abordagens contextuais construídas a partir de critérios puramente estatísticos. Diante desse cenário, a arquitetura como oportunidade busca desenhar espaços funcionais e ao mesmo tempo adaptálos aos anseios coletivos mais legítimos, respondendo a problemáticas urbanas historicamente menosprezadas.
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A urbe contemporânea, porém, caminha a passos largos para transformar-se de quebra-cabeça a um conjunto de artefatos independentes, isolados e ininteligíveis. O lote, símbolo da propriedade privada, isola1 São Paulo conta hoje com 185 estruturas viárias, entre pontes e viadutos. Inaugurada em 1938, a Ponte das Bandeiras, que liga os bairros de Santana e Bom Retiro, foi a primeira ponte de concreto construída na capital. Disponível em <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/02/nos-ultimos-dez-anos-169-pontes-e-viadutos-de-sp-ficaram-semreparos.shtml>.
Na cidade de São Paulo, infraestruturas de todo e qualquer tipo raramente são utilizadas como oportunidades de produção de arquitetura. A cidade conta com 185 estruturas viárias - entre pontes e viadutos - vencendo vales, rios e linhas férreas1. Poucas assumem caráter outro além da simples transposição, fato curioso diante dos bons exemplos existentes na mesma cidade: a Estação Sumaré da Linha 2 Verde do Metrô, construída entre as colunas que sustentam o viaduto Dr. Arnaldo ou mesmo a Praça Roosevelt, sobre a passagem
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A “cidade das oportunidades” talvez encontre na arquitetura seu sentido mais completo.
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subterrânea entre o Elevado Presidente João Goulart e a Ligação Leste-Oeste. Outros, planejados, caíram em desuso, como o conjunto de viadutos Dona Paulina, Jacareí e Nove de Julho (F04), sob os quais Prestes Maia previu em 1938 a passagem de um metrô leve associada a outros programas complementares. Numa direção diametralmente oposta, as infraestruturas construídas para suprir as demandas da São Paulo contemporânea espelham os símbolos do desurbanismo passadista: estações de metrô monofuncionais construídas em áreas de grande potencial urbano, pontes faraônicas para circulação exclusiva de automóveis particulares, monotrilhos com estações quinze metros acima do térreo urbano (F05). Somamse a elas centenas de baixios de viadutos subutilizados (F06), galerias subterrâneas desocupadas (inclusive abaixo da Avenida Paulista, via mais famosa da cidade), plataformas de metrô abandonadas (F07), entre outros exemplos.
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UM ELEVADO. UMA POSSIBILIDADE? Dentre as dezenas de estruturas viárias que multiplicaram-se em São Paulo desde meados do último século, o Elevado Presidente João Goulart - popular Minhocão e antigo Elevado Presidente Costa e Silva - se mantém hoje, ainda, vivo no debate público. Toca o solo urbano em dois pontos 3400 metros distantes: a Praça Roosevelt, no centro da cidade, e o Largo Padre Péricles, na Barra Funda; e representa para São Paulo talvez o mesmo paradoxo que os viadutos Alaskan Way, em Seattle, Embarcadero em San Francisco, Interstate 93 em Boston, Cheonggye em Seul, Tokyo Expressway e tantos outros ao redor do globo: de símbolos do progresso econômico e avanço da engenharia a entraves ao bemestar urbano.
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Este trabalho não pretende uma investigação histórica do Elevado ao entender que dezenas de outros já a conduziram de maneira amplamente satisfatória. Destacam-se, nesse quesito, os levantamentos conduzidos por Martins (1997), Nogueira (2015) e Assunção
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PACAEMBU
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05 07 BARRA FUNDA
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HIGIENÓPOLIS
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Biblioteca Mário de Andrade 01 Cemitério da Consolação 02 Edifício Copan 03 Edifício Itália 04 Estádio do Pacaembu 05 Liceu Coração de Jesus 06 Memorial da América Latina 07 Parque da Água Branca 08 Parque Buenos Aires 09 CAMPOS ELÍSIOS Praça da República 10 Praça Roosevelt 11 Praça Rotary 12 Santa Casa de Misericórdia 13
15 VILA BUARQUE 12
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CONSOLAÇÃO
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MAPA DE SITUAÇÃO ELEVADO
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SANTA EFIGÊNIA
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Estação Barra Funda 14 Estação Higienópolis 15 Estação Marechal Deodoro 16 Estação República 17 Estação Santa Cecília 18 Terminal Amaral Gurgel 19 Terminal Princesa Isabel 20
O debate acerca do futuro do Elevado se iniciou logo após sua inauguração, em 1971. Já em 1976 passou a ser fechado durante as noites devido ao grande número
Ao longos dos últimos 45 anos o anti-herói paulistano foi objeto de inúmeras propostas de desenho urbano, variando desde sua demolição total e construção de uma nova ligação Leste-Oeste (em nível às margens da linha ferroviária da CPTM, subterrânea ou em trincheira) até demolições parciais ao longo de seu traçado. Em 2006, a
2 ARTIGAS, Rosa; MELLO, Joana; CASTRO, Ana Claudia (org). Caminhos do Elevado: Memória e Projetos. São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo,Sempla, 2008. pp. 19. 3 Sonho de demolir o Minhocão faz 30 anos. Folha de S. Paulo. Cotidiano, ago/2005. Disponível em: <https://www1. folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2108200530.htm>. 4 A proposta vencedora foi elaborada pelo escritório Frentes Arquitetura, liderado por Juliana Corradini e José Alves.
Notou-se ainda outros dois partidos recorrentes: a demolição parcial do Elevado e reutilização de sua estrutura para a construção de equipamentos públicos variados e a conversão do tabuleiro em área exclusiva para pedestres: um parque linear às avessas. Inspirados no High Line nova-iorquino e no Promenade Plantée parisiense, outras propostas surgiram desde então seguindo os mesmos princípios dos predecessores: um grande tabuleiro ajardinado integrado às edificações
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2ª Edição do Prêmio Prestes Maia de Urbanismo convidou arquitetos e urbanistas a repensarem o futuro do Elevado. A grande maioria das propostas, incluindo a vencedora4, manteve a macroestrutura e sua função principal de escoamento viário, mitigando os efeitos nocivos no entorno através de barreiras acústicas, jardins e outros equipamentos anexos.
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“O Elevado é uma duplicação. Uma via sobre a outra multiplicando a capacidade viária, a velocidade dos veículos, a superfície à disposição dos automóveis; chão artificial de asfalto, solo criado concretizado como estrutura ciclópica armada no espaço. Repleto de duplos sentidos: funcional e deselegante; moderno e anacrônico; supérfluo e necessário; inútil, mas indispensável. [...] Sua célebre feiúra também é reveladora - emblema da tão falada desumanidade da metrópole, resumo de tudo o que não se deseja ter ao lado, retrato de um mundo onde a estética urbana parece não encontrar lugar. Grau máximo de tudo que é incômodo, ofensivo e barulhento na vida dos paulistanos, tornou-se ícone às avessas, um anti-símbolo de São Paulo”. 2
de acidentes e ao ruído elevado nos edifícios circundantes. Antes de completar a primeira década de existência, seu impacto negativo sobre a região central e principalmente em seu entorno próximo já levantaram as primeiras vozes a favor de sua demolição. Sua existência culminou até mesmo no desvio da atual Linha 3 Vermelha do Metrô em direção à Estação Barra Funda: Segundo o arquiteto Roberto Mac Fadden, “a linha precisou seguir um caminho tortuoso e mais caro devido ao Minhocão” 3.
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(2016) que, mais do que simples narrativas históricas, analisam os impactos do Elevado na dinâmica urbana e em seu entorno próximo ao longo das décadas. Seus efeitos nocivos são de conhecimento público. Em suma, para Candido Malta Campos:
vizinhas por meio de passarelas. Fortalecida pela opinião pública através da divulgação incessante de colagens-conceito, o “Parque Minhocão” ganhou inúmeros adeptos, uma associação própria (Associação Parque Minhocão, fundada em 2013) e elevouse oficialmente a Parque Municipal em Fevereiro de 20185, a ser implantado mediante Plano de Intervenção Urbana (PIU) específico. Com projeto de Jaime Lerner (F09), a proposta da Prefeitura previa a instalação do primeiro trecho do novo parque sobre a Avenida Amaral Gurgel já em 2019. Porém, a falta de consenso dentro da Câmara Municipal, a judicialização excessiva do tema e a proximidade do calendário eleitoral fizeram a Prefeitura recuar do projeto. Até o fechamento deste trabalho, nada saiu do papel.
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Símbolo do desplanejamento urbano da capital, o Elevado continua idêntico em forma ao inaugurado por Paulo Maluf em 25 de Janeiro de 1971 (D01). 5 PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. Lei Nº 16.833, de 7 de Fevereiro de 2018. Cria o Parque Municipal do Minhocão e prevê a desativação gradativa do Elevado João Goulart.
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A falta de consenso entre parte da sociedade civil que apoia a demolição do Elevado (D02) e parte que apoia sua conversão em parque linear (D03) transferiu-se, também, à Câmara Municipal, levando o tema a um imbróglio político-jurídico aparentemente sem solução. Embora ambas as propostas cerquem-se das melhores intenções, suas deficiências conceituais e financeiras dificultam enormemente um acordo. A demolição, como proposta, oneraria ainda mais o poder público: embora não oficial,
estima-se que o prejuízo do Elevado aos contribuintes paulistanos desde sua inauguração seja bilionário: aos custos de construção (40 milhões de cruzeiros 6, cerca de 400 milhões de reais na cotação atual) devem-se somar as 80 desapropriações necessárias na época, o impacto nos demais sistemas infraestruturais urbanos (como a oneração na construção da linha 3 vermelha do metrô, por exemplo) e os milhões de reais extraídos da arrecadação municipal pela depreciação constante dos imóveis ao longo de seu traçado, sem mencionar os desvios do erário público
atribuídos à gestão responsável implantação do Elevado.
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pela
6 Disponível em: <http://www.saopauloinfoco.com.br/construcao-elevado-costa-e-silva/>.
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Segundo o Relatório do Grupo de Trabalho Intersecretarial para o Parque Minhocão, o prazo estimado para a demolição de todo o Elevado seria de 24 meses com orçamento estimado de 113 milhões de reais. Embora artigos publicados nos últimos anos demonstrem a aparente exiguidade dos custos de uma possível demolição, a análise de casos reais demonstram o contrário: a derrubada do primeiro trecho (pouco mais de 1km de extensão) do
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UMA PROPOSIÇÃO DE FUTURO
Elevado da Perimetral, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, custou aos cofres públicos 1,2 bilhões de reais7 e também foi alvo de investigações por desvios de verba pública. Além dos fatores financeiros, vale mencionar o trauma que uma demolição de tamanha dimensão causaria aos edifícios lindeiros - dada a proximidade do tabuleiro - e aos milhares de paulistanos que utilizam-se das vias do entorno para seus deslocamentos diários. “O viaduto localiza-se em uma região densamente conturbada e adensada, desenvolvendo-se sobre vias locais, corredores de ônibus, terminais e ciclofaixas, estando muito próximo de diversas edificações e comércios. Portanto, o processo de demolição de um viaduto dessa magnitude envolve uma grande complexidade [...].Para algumas atividade de demolição, principalmente com explosivos, seria programada a evacuação das edificações e comércios, envolvendo custos indiretos tais como: aluguéis, indenizações ou outros associados à indisponibilidade de usos de espaços privados”.8
Embora oposta conceitualmente, a proposta de conversão do Elevado em parque também envolve gastos elevados: além dos 38 milhões de reais para a implantação estimados pela Prefeitura9, deve-se considerar o conjunto de alterações viárias necessárias no entorno imediato ao parque e um custo de manutenção considerável. Nos parques da capital, o custo de manutenção anual por m² varia de 8 a 78 reais10. Dada a magnitude do tabuleiro, o custo de manutenção anual do Parque do Minhocão poderia ultrapassar 4 milhões de reais11. Estabelecendo um paralelo mais preciso, o High Line (F10, F11, F12) apresenta custos acima da média dos parques a rés-do-chão novaiorquinos. Uma reportagem de 2009 apurou que o custo de manutenção e demais operações do parque elevado variavam de 129 a 166 dólares por metro quadrado12.
7 Disponível em: <http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/10/viaduto-da-perimetral-comeca-ser-derrubadonesta-segunda-no-rio.html>.
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PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. Relatório do Grupo de Trabalho Intersecretarial PIU Parque do Minhocão.
9
Disponível em: <https://vejasp.abril.com.br/cidades/minhocao-capa-projeto-verde/>.
10 Disponível em: <https://vejasp.abril.com.br/cidades/parques-mais-caros-da-cidade/>. 11 Para o cálculo experimental considerou-se uma área de parque aproximada de 54400m², considerando-se a extensão do Elevado de 3,4km e uma largura média do tabuleiro de 16m. 12
Disponível em: <https://gothamist.com/news/high-lines-high-maintenance-cost-may-tax-local-businesses/>.
Considerando tal estimativa, o custo anual do Parque do Minhocão ao erário municipal poderia alcançar dezenas de milhões de reais, valor injustificável e incompatível para a realidade da cidade. Diante do atual cenário, o destino do projeto tende a ser o engavetamento - típico nas administrações paulistanas -, reflexo também do risco eleitoral permanente que o tema desperta e da incapacidade orçamentária municipal para investimentos a curto prazo. Se por um lado a instalação de um parque em sua cota superior apresenta uma série de problemáticas urbanas, demolí-lo por completo representa a perda, para a cidade, de uma superestrutura já instalada. Ambas as propostas hegemônicas não consideram o Elevado como oportunidade de produção de arquitetura - fato no mínimo
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curioso diante de uma cidade tão carente de infraestruturas de todo e qualquer âmbito. A dualidade e superficialidade das propostas invadem também a própria comunidade arquitetônica. Nos últimos anos, dezenas de trabalhos abordaram incessantemente o Elevado, de trabalhos de conclusão de curso a propostas profissionais, de workshops de todos os tipos a concursos de arquitetura: nenhum apresentou caminho urbanísticoarquitetônico alternativo ao cenário atual. Este projeto oferece uma alternativa que busca conciliar os principais anseios da
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população paulistana: a regeneração urbana do entorno do Elevado mediante o oferecimento de espaços públicos de qualidade de forma a não onerar demasiadamente o orçamento municipal, já comprometido com outras áreas essenciais (saúde, educação e segurança pública). Definiu-se como área de intervenção os 700 metros elevados entre a Rua da Consolação e Terminal de Ônibus Amaral Gurgel. Este trecho linear de aproximadamente 700 metros orientado a norte-sul corta seis renques de quadras e cinco ruas
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perpendiculares a ele, Rua Maria Borba, Rua Major Sertório, Rua General Jardim, Rua Marquês de Itu e Rua Santa Isabel, elevando-se sobre a Rua Amaral Gurgel. O projeto é uma resposta inesperada para o local: prevê a verticalização e o adensamento por sobre o tabuleiro do Elevado, estrutura comunmente menosprezada do ponto de vista da regeneração urbana. Inova ao conferir ao adensamento - e não à demolição - o papel de revitalizador urbano, abrindo frente a um novo eixo de desenvolvimento para o Centro de São Paulo.
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MAPA DE SITUAÇÃO APROXIMADA 01 Elevado Presidente João Goulart 02 Rua Sebastião Pereira 03 Rua Jaguaribe 04 Rua Santa Isabel 05 Rua Marquês de Itu 06 Rua General Jardim 07 Rua Major Sertório 08 Rua Cunha Horta 09 Rua Maria Borba 10 Rua da Consolação 11 Largo do Arouche 12 Terminal Amaral Gurgel 13 Praça Roosevelt
VANTAGENS
VANTAGENS
Aproveitamento da Infraestrutura instalada; Novo parque urbano para São Paulo; DESVANTAGENS Elevados custos de implantação (orçamento municipal anual comprometido); Elevados custos de manutenção anual; Criação de cota alternativa à rua, sem melhoria clara das condições ambientais ao longo da Avenida Amaral Gurgel;
ELEVADO ARQUITETURA
Melhoria das condições ambientais da Avenida Amaral Gurgel;
Aproveitamento da Infraestrutura instalada;
DESVANTAGENS
Demolições estratégicas para recuperação ambiental da cota térrea;
Elevados custos de demolição (orçamento municipal anual comprometido);
Custos de demolição e de construção bancados pela Iniciativa Privada (mediante PPP);
Transtornos urbanos necessários para demolição (impactos no tráfego, Terminais de ônibus, comércios no entorno imediato);
Criação de Solo Urbano para usos públicos e privados no Centro Expandido;
Desperdício de Infarestrutura urbana instalada e de alto custo histórico;
Revitalização do térreo urbano pelo adensamento populacional (novo polo de desenvolvimento e atração de público);
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ELEVADO CHÃO
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ELEVADO PARQUE
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ELEVADO
VIABILIDADE O adensamento sobre o Elevado (D04) surge como uma alternativa viável ao entrave político-ideológico em torno de seu futuro, buscando conciliar os anseios daqueles que defendem sua ressignificação no contexto da cidade.
D04
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Uma intervenção desta magnitude seria conduzida a partir de um Projeto de Intervenção Urbana (PIU), ferramenta disposta no Plano Diretor Estratégico do Município e dedicado a promover o ordenamento e a reestruturação urbana em áreas subutilizadas e com potencial
de transformação na cidade de São Paulo. Do ponto de vista do atual cenário econômico, uma intervenção de tamanha magnitude dificilmente seria conduzida em sua totalidade pelo Estado - seja ele a nível municipal, estadual ou federal -, sendo mais atrativa aos moldes de uma PPP (Parceria Público-Privada) urbana. Nesse molde, o Estado garantiria a desativação completa do Elevado e a viabilização jurídico-urbanística da intervenção. Como vantagem, não arcaria com os custos de projeto, construção e manutenção do complexo, absorveria o retorno da valorização imobiliária do entorno instalado e de novos empreendimentos que viriam a surgir além de usufruir da administração de determinadas áreas dos edifícios. Já o ente privado teria como principais vantagens o aproveitamento do potencial construtivo instalado em área de grande valorização urbana (proximidade com o centro e com a rede metropolitana de transporte) além da venda e reciclagem dos trechos demolidos do tabuleiro. Um modelo de concessão permitiria ainda que o edifício fosse administrado por um período de até 30 anos pelo ente privado, mas com a propriedade
de todos os ativos mantendo-se com o setor público. A viabilidade de qualquer empreendimento passa ainda pela análise da potencialidade urbana do local a ser instalado. A região da Vila Buarque, como parte do centro expandido, passa por um processo de renovação urbana a partir do remembramento de lotes menores para implantação de edifícios em grande parte residenciais. Embora o entorno imediato ao Elevado ainda carregue o peso de sua própria existência, notou-se nos últimos anos o lançamento de condomínios verticais de classe média-alta, de dois empreendimentos Minha Casa Minha Vida e o anúncio de novos empreendimentos nos lotes destacados. Nota-se ainda a existência massiva de lotes com potencial de transformação, ou seja, aqueles que compartilham as mesmas características dos demais cujo processo de renovação urbana já foi finalizado (galpões, estacionamentos e edifícios de baixo valor agregado com gabarito de até 10 metros).
PIU ELEVADO
VANTAGENS
VANTAGENS
Não arca com os custos elevados de demolição e de construção;
Aproveitamento do potencial construtivo instalado em área com grande potencial de valorização (centro expandido) e de ampla rede infraestrutural de transporte coletivo instalada (proximidade com estações de metrô e terminais de ônibus);
Cessão de espaço público ocioso para revitalização de região com rede infraestrutural de transporte coletivo consolidada, atraindo novos investimentos, reativando a economia local e aumentando gradativamente a receita do município; Posse e administração parcial dos edifícios durante o período da concessão e administração total após seu fim (possível equipamento público urbano);
Retorno financeiro mediante locação da lajes para uso comercial, institucional e/ou residencial durante o período de concessão; Reciclagem e venda dos resíduos de demolição eventualmente produzidos. Há ainda a possibilidade de demolição planejada para reutilização das vigas estruturantes do Tabuleiro;
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Não arca com os custos de manutenção predial durante o período de concessão;
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ENTE PRIVADO
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ESTADO
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LANÇAMENTOS IMOBILIÁRIOS RECENTES 01 Helbor Trend Higienópolis (residencial, inaugurado) 02 Novo Centro República (residencial, inaugurado) 03 Bem Viver Marquês de Itu (residencial, Programa MCMV, em construção) 04 Bem Viver General Jardim (residencial, Programa MCMV, em construção) 05 Terrenos Vagos (projetos em andamento)
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022 POTENCIAL DE TRANSFORMAÇÃO
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INFRA + -ESTRUTURA
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POR UMA ARQUITETURA ALÉM DO LOTE INFRA+ -ESTRUTURA
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União do prefixo infra-, base, com o radical -estrutura, do latim structüra, infraestrutura é, segundo o Dicionário Michaelis, “elemento base indispensável à edificação, à manutenção ou ao funcionamento de um sistema concreto ou abstrato, visível ou não”. Este trabalho propõe a conversão do Elevado de simples estrutura à infraestrutura, base para arquitetura. Construído no auge do brutalismo paulista, o Elevado ergue-se sobre 87 pilares e consumiu em sua construção um total de 32 mil toneladas de cimento, 1.900 toneladas de aço e 144 mil toneladas de concreto13, uma obra de proporções monumentais até para os dias de hoje (F13, F14). Apesar das cargas elevadas previstas em seu tabuleiro, os pilares apresentam-se superdimensionados: com uma resistência de 150kg/cm², cada pilar de 1,00x3,00m suportaria as cargas estáticas que hoje distribuem-se por quatorze (considerando apenas os esforços de compressão).
Em um cenário hipotético, a superestrutura de aparência grosseira e exagerada poderia converter-se em fundação para a construção de - verdadeiros - protagonistas urbanos, respostas a uma cidade carente de equipamentos dos mais variados tipos. Inserido atualmente em uma Zona Eixo de Estruturação da Transformação Metropolitana (ZEM), onde o aproveitamento máximo dos terrenos pode ser praticado e a verticalização é incentivada, o Elevado assumiria relevante papel no adensamento urbano ao longo dos sistemas de transporte coletivo de alta e média capacidade, oferecendo à cidade potencial construtivo até então nunca considerado. O Elevado deixa de ser lido no conjunto urbano como cicatriz incurável e é elevado à categoria de quadra urbana, de elemento desvalorizador à base de desenvolvimento para seu entorno. O que antes dividia agora amálgama, o que antes era barreira agora é elo.
13 Disponível em: <http://www.saopauloinfoco.com.br/construcao-elevado-costa-e-silva/>.
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O adensamento progressivo tornará o Elevado um novo polo de atração de público no Centro de São Paulo, ressignificando o térreo das quadras adjacentes (D05).
térreo urbano. As quadras adjacentes a Estação Marechal Deodoro, por exemplo, possuem maior concentração de comércios ativos do que as demais ao longo da Avenida São João. Fenômeno parecido também pode ser identificado ao longo da Avenida Amaral Gurgel, na qual os comércios abertos respondem aos fluxos
peatonais contínuos perpendiculares ao Elevado (principalmente pelas Avenidas Major Sertório, General Jardim e Marquês de Itu, que conectam os bairros de Higienópolis e República). A ressignificação de superestruturas no contexto urbano não é tão recente quanto
D05
029 | 152
Hoje, seu efeito é inverso. O Elevado é objeto de repulsão de público: sujo, poluído, vazio e perigoso. Guardadas as devidas proporções, o impacto do Elevado em seu entorno assemelha-se ao dos rios Tietê e Pinheiros, cujas margens subutilizadas espelham o caráter repulsor das próprias calhas. Tomando como exemplo o próprio baixio do Elevado, é perceptível como a passagem e concentração de público impacta positivamente na vivacidade do
F15
ALÉM DO LOTE
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030
parece. No final da década de 1970, Steven Holl apresentou dois projetos em que especulou a relação entre uma tipologia tipicamente urbana - as pontes - e o tecido urbano, e como o uso de tal infraestrutura poderia oferecer à cidade uma extensão ou alternativa à rua tradicional. No projeto para Nova York, intitulado Bridge of Houses (F15, F16), propôs a conversão de uma linha férrea elevada abandonada (que décadas depois se converteria no High Line) em uma plataforma habitacional capaz de restabelecer a vitalidade da região. O projeto, por sua vez, espelhavase em uma estratégia de adensamento infraestrutural já observado nas cidades europeias medievais, como na Old London Bridge (F18), sobre o rio Tâmisa (Londres), na antiga Pont Saint-Michel sobre o rio Sena (Paris) e na própria Ponte Vecchio (F17), sobre o rio Arno, cujo comércio símbolo de Florença ainda permanece vivo. Transportada aos dias de hoje, a união entre arquitetura e infraestrutura tem sido recorrentemente usada como estratégia de adensamento e revitalização de estruturas subutilizadas. Em Nova York, uma laje de concreto de
F16
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F17
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ALÉM DO LOTE
F18
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10.500m² construída sobre os movimentados trilhos da famosa Penn Station deu lugar a um empreendimento imobiliário multibilionário considerado o último vazio de Manhattan (F19). Seis mil quilômetros dali, um edifício de escritórios construído sobre uma plataforma de concreto de 270 metros de comprimento ressignificou um antigo estaleiro considerado relíquia da indústria naval de Amsterdã (F20). Estimulado pela Penn Station e outros exemplos em Paris
(Rive Gauche), Zurique (Depot Hard) e Londres (Paddington Station), o Governo do Estado de São Paulo lançou em 2017 a chamada PPP dos trilhos, que prevê a utilização de terrenos públicos existentes no entorno das vias metroferroviárias - em um primeiro momento entre o Parque Dom Pedro e a Estação Belém do Metrô - para projetos de habitação social14. Os
exemplos
14 Disponível em: <http://www.habitacao.sp.gov.br/icone/detalhe.aspx?Id=14>.
aqui
apresentados
demonstram o consenso internacional do papel da arquitetura na ressignificação de cicatrizes urbanas. Diante de um futuro cada vez menos motorizado e mais integrado, é inviável que toda e qualquer artefato urbano subutilizado seja colocado a baixo. Megaestruturas rodoviárias e ferroviárias subutilizadas vem pautando o discurso urbanístico mundial e tal debate tende a moldar cada vez mais a arquitetura do novo século.
034
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F20
ALÉM DO LOTE
F19
ELEVADO FRACIONADO Este trabalho conduz à necessidade de não limitar as discussões e proposições de futuro para o Elevado considerando-o na sua totalidade. A desativação da cota superior para o tráfego de automóveis automaticamente o descaracteriza como infraestrutura única no contexto da cidade, a qual necessita exclusivamente de intervenções símiles ao longo de todo seu percurso. É desejável que arquitetos, urbanistas e sociedade em geral discutam as potencialidades ou inaptidões futuras de cada trecho instalado, de forma a não repetir o desplanejamento urbanístico que culminou em sua própria construção.
035 | 152
Adianto algumas considerações pessoais a respeito deste tema. Me parece pouco provável que qualquer intervenção sob ou sobre o elevado no trecho em que o mesmo margeia o Largo do Arouche, o Largo Santa Cecília ou a Praça Marechal Deodoro, principais espaços livres públicos do entorno, seja justificável do ponto de vista da qualidade do ambiente urbano. A melhor proposta para tais situações é, sem
dúvidas, a demolição do trecho instalado e a reconfiguração de sua cota térrea voltada para o convívio humano. Por outro lado, trechos em que houve nítida interrupção no tecido urbano ou onde um adensamento construtivo seja louvável se mostram como áreas passíveis de transformação. A
não
utilização
da
estrutura
como
cota única elevada alternativa à rua é diametralmente oposta a uma série de intervenções urbanas em voga em cidades europeias e americanas na segunda metade do século XX. Apoiados no discurso moderno, arquitetos e urbanistas passaram a defender a total separação entre a cidade “logística” - a rés-do-chão e voltada para o tráfego de automóveis - e a “cidade
F21
peatonal”, compreendendo a circulação de pedestres entre edifícios.
casos, a cidade elevada antes pensada como cidade do futuro (F23) converteuse em superestruturas isoladas, vazias e de altos custos de manutenção, sem competitividade direta com a vitalidade do térreo urbano.
F22
F23 15 Disponível em: <https://www.theguardian.com/cities/2018/oct/02/walkways-in-the-sky-the-return-of-londons-forgotten-pedways>.
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ALÉM DO LOTE
A proposta dos arquitetos ingleses Alison e Peter Smithson para o Concurso do Golden Lane Estate, em 1952, talvez seja o ponto inaugural da corrente: a cidade construída e conectada a partir de galerias apartadas, isoladas do solo (F21).
A utopia deu cabo a inúmeros projetos concretos. O aumento substancial no número de automóveis levou Londres a propor em 1963 o City of London Pedway Scheme, uma série de vias elevadas exclusivas para o trânsito de pedestres15. Iniciativas parecidas surgiram em cidades como Manchester (F22), Chicago, Morristown e Hong Kong. Na maioria dos
Em São Paulo, a proposta de conversão do tabuleiro do Elevado em parque se apoia, indiretamente, na mesma utopia: a criação de uma cota elevada de circulação pública e acesso a edifícios lindeiros, instaurando uma competitividade desnecessária à rua tradicional. No trecho estudado, portanto, considerouse como ponto de partida a demolição do Tabuleiro que margeia o Largo do Arouche, assim como as três alças existentes a partir do cruzamento com a Rua Cunha Horta (duas que garantem a continuidade viária do Elevado ao Viaduto Júlio de Mesquita Filho, por sob a Praça Roosevelt, e uma que garante o acesso elevado à Rua da Consolação).
037 | 152
A partir desse momento, como já disposto no Plano elaborado pela própria Prefeitura, a Rua Amaral Gurgel e, consequentemente, a Avenida São João, retomariam seu protagonismo a rés-do-chão como
articuladores viários entre a Zona Oeste e o Centro. Da mesma forma como este trabalho sugere que o Elevado como um todo seja discutido a partir de trechos e não mais como uma superestrutura única, o mesmo princípio deve ser aplicado para o subtrecho em questão. Analisando a malha urbana existente, parece imprescindível a incorporação da proposta ao parcelamento de quadras do entorno, cuja regularidade perpendicular ao Elevado e a Rua Amaral Gurgel remete ao arruamento iniciado em 1893 pela Empresa de Obras do Brasil16. Tal incorporação se dará a partir da demolição estratégica dos tabuleiros por sobre as ruas que cortam transversalmente o Elevado (Rua Santa Isabel, Rua Marquês de Itu, Rua General Jardim e Rua Major Sertório) que, aliada ao desmonte dos extremos, resulta em um conjunto de cinco tabuleiros isolados, um novo renque de desenvolvimento para São Paulo.
16 A região que forma atualmente a Vila Buarque constituía uma Chácara, primeiro pertencente ao marechal José Toledo de Arouche Rendon e mais tarde ao Senador Antônio Pinto do Rego Freitas. Em 1893, os herdeiros do mesmo a venderam para a Empresa de Obras do Brasil, cujos proprietários eram o engenheiro de obras Manuel Buarque de Macedo e o Senador Rodolfo Miranda, que arruaram a chácara.
ELEVADO FRACIONADO
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ALÉM DO LOTE
CHEIOS E VAZIOS SITUAÇÃO O Elevado como cicatriz urbana
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ALÉM DO LOTE
040
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CHEIOS E VAZIOS PROPOSIÇÃO O elevado como quadra urbana
Mais do que uma intervenção meramente formalista, a demolição dos trechos sobre tais nós urbanos busca atenuar parte dos impactos ambientais do Elevado no entorno, sobretudo a escassez de iluminação natural no nível térreo e o ruído urbano proveniente do tráfego excessivo da Rua Amaral Gurgel e de suas perpendiculares.
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A demolição dos trechos em questão, além da melhoria dos parâmetros ambientais, recuperará algumas das visuais urbanas ali existentes até 1971, a saber: a mirada da Praça da República a partir da Rua Marquês de Itu, da Santa Casa de Misericórdia a partir da Rua Santa Isabel e, principalmente, do Edifício Itália a partir da Rua Major Sertório (F24), visual símbolo do Centro Novo. O desenho das cidades a partir das visuais entre vias e edifícios remonta as cidades renascentistas (F26), podendo ser identificada em todo o Centro de São Paulo. No Centro Velho, destaque para a visada do Mosteiro de São Bento a partir da Rua São Bento e do Edifício Altino Arantes a partir da Avenida São João (F25), talvez o caso mais emblemático da cidade. No Centro Novo, destaque para a Igreja da
Consolação a partir da Rua Rêgo Freitas, o Edifício Viadutos a partir do Viaduto Nove de Julho e até mesmo o Edifício Hilton a partir da Rua Bento Freitas. Espera-se que as proposições e discussões levantadas por esse trabalho no trecho em questão incitem propostas e definam diretrizes para os demais trechos instalados.
F24 F25
042
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ALÉM DO LOTE
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F26
044
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ALÉM DO LOTE
TÉRREO DESOBSTRUÍDO Embora de aparência grosseira e exagerada, o Elevado marca negativamente a memória e percepção dos paulistanos não pela envergadura de sua forma mas pela contínua degradação de sua cota térrea, decorrente, dentre outros fatores, da grande concentração de fuligem dos motores a combustão e do alto ruído dos automóveis reverberado pelo próprio tabuleiro17. Por outro lado, do ponto de
vista espacial, a utilização de elementos estruturais de grandes dimensões possibilitou a manutenção de um pédireito térreo alto (aproximadamente 6 metros) e de vãos entre pilares expressivos (vão médio de 40 metros no trecho em questão) reduzindo consideravelmente a sensação de desconforto por muitos identificada. Dessa forma, o térreo do Elevado deve continuar livre, desimpedido, arquitetonicamente sucinto de maneira a não afetar a permeabilidade visual
existente entre fachadas (D06). Além dos pilares existentes, os únicos pontos de apoio devem ser os núcleos de circulação vertical necessários para o funcionamento do complexo. A renovação da cota térrea se daria, portanto, pela desativação do Elevado para o tráfego de automóveis, pelo fracionamento do Tabuleiro para melhoria das condições ambientais e pela ressignificação e adensamento do local, aumentando gradativamente a quantidade de pessoas a circular. TABULEIRO COMO BASE
D06
D07
045 | 152
17 Um estudo elaborado pelo Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo apontou que a média de Material Particulado 2,5 (partículas finas menores ou iguais a 2,5 micrômetros) encontrada no baixio do Elevado chega a ser de 3 a 4 vezes superior ao limite de 25 uh/m3 definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Disponível em: <https://estadodaarte.estadao.com.br/por-que-o-parque-minhocao-e-uma-grave-inconsequencia-com-sao-paulo/>.
A cota do Tabuleiro deve ser pública, de usos variados, podendo abrigar áreas de lazer, trabalho, coworking, espaços para eventos, feiras, manifestações artísticas e culturais: um novo espaço público para a cidade. A verticalização proposta deve manter a independência visual do Elevado como elemento isolado, ratificando a cidade
As extremidades de cada Tabuleiro abrigam maciços de programa responsáveis pelo alinhamento urbano com as quadras adjacentes. Os maciços engastam-se nas vigas transversais e aproveitam-se de sua altura estrutural para permanecer no mínimo a 4,4 metros da cota da rua, altura mínima para a circulação de caminhões de pequeno e médio porte e ônibus (D08).
Tabuleiro transforma-se assim em uma cota pública intermediária entre a rua e os blocos programáticos (valorização da cota superior), assim como os maciços inferiores conferem uso e ocupação das esquinas (valorização da cota inferior).
A cidade se revela continuamente aos olhos de quem no Tabuleiro permanece. Recortes de laje permitem ainda o estabelecimento de visadas desimpedidas entre o Tabuleiro e o térreo da cidade, diminuindo a sensação de enclausuramento que a estrutura possui .
ALÉM DO LOTE
como espaço de contínua sobreposição de tempos (D07).
01 05
02 04 03
O Elevado, como artefato, não deve ser apagado da memória paulistana. Deve ser destacado na intervenção como suporte a uma nova história. A cota do
ENCONTRO MACIÇO - TABULEIRO 01 Viga Original Elevado 02 Viga de borda de Aço Perfil “I” VS 1100 x 235 engastada horizontalmente ao pilar 03 Viga de borda de Aço Perfil “I” VS 1100 x 235 engastada horizontalmente à viga transversal 04 Engastamento vertical da estrutura em aço à viga transversal original do Elevado 05 Núcleo Rígido em Concreto Armado (Elevadores) 06 Brise metálico perfurado aparafusado externamente à Viga de borda de Aço
| 152
06
4,4m
046
D08
047 | 152
048
| 152
ALÉM DO LOTE
ADENSAMENTO NA COTA MÉDIA Mais do que construir sobre o Elevado, é importante imaginar o edifício como parte do cotidiano da cidade, valorizando seus aspectos construídos mais primitivos e conformando-se ao entorno de maneira a não ofuscá-lo ou prejudicá-lo. A verticalização sobre o Elevado, embora oportuna, deve ser tratada com parcimônia. A largura da Rua Amaral Gurgel entre as testadas dos lotes é de, em média, 35 metros. Desses, 17 metros ocupados pela projeção do tabuleiro. De maneira a não trazer impactos significativos sobre as fachadas das quadras lindeiras, a verticalização
h = x+y 2
049 | 152
x y
D09
proposta limitou-se a altura média das testadas construídas, a leste e oeste, 28,15 metros a partir da cota mais baixa (D09). O edifício, desta maneira, mimetiza-se no entorno, destacando-se dele apenas no que concerne à arquitetura. Tem-se, por fim, uma verticalização suficiente para abrigar um coeficiente construtivo razoável sem ser demasiadamente exagerada. Num cenário hipotético é possível imaginar que o edifício acompanhe continuamente a verticalização das quadras adjacentes, como uma extrusão que responde diretamente as demandas da própria cidade. Os impactos do edifício implantado no atual espaço construído se limitam aos primeiros pavimentos, pavimentos estes que, em grande parte, já se apresentam comprometidos pela própria presença do elevado. Entende-se que as problemáticas provenientes da verticalização são mínimas frente as decorrentes da utilização do tabuleiro para o tráfego de automóveis. Este projeto não vê a verticalização e o adensamento urbano como problemas, e sim como soluções para o desenvolvimento sustentável das cidades do século XXI.
050
| 152
ALÉM DO LOTE
07
06
05
051 | 152 PLANTA TÉRREO 1:1400 | Níveis 00,00 a +7,78m
01 Rua Amaral Gurgel
02 Rua Jaguaribe
03 Rua Santa Isabel
04 Rua Marquês de Itu
05 Rua General Jardi
im
03
02
ALÉM DO LOTE
04
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| 152
01
06 Rua Major Sertório
07 Rua Cunha Horta
0
10
20
50
053 | 152 PLANTA MACIÇOS 1:1400 | Níveis +5,23 a +11,56m
0 10 20 50
054
| 152
ALÉM DO LOTE
L2
03
05
04
L1
055 | 152 PLANTA TABULEIRO 1:1400 | Níveis +8,72 a +15,06m
01 Edifício 1
02 Edifício 2
03 Edifício 3
04 Edifício 4
05 Edifício 5
056
| 152
02 01 L1
0 10 20 ALÉM DO LOTE
L2
50
PÁTIOS DE LUZ
057 | 152
Uma das questões centrais quanto a viabilidade de qualquer intervenção que considere o elevado como préexistência diz respeito a melhoria da qualidade ambiental de sua cota térrea, principalmente a captação e distribuição de iluminação natural direta e indireta, indispensável para o desenho de espaços públicos atrativos ao estar e ao circular. A partir de um estudo cuidadoso da trajetória solar nos turnos da manhã (F27) e tarde (F28) e da identificação dos locais de maior incidência de iluminação direta e indireta nas fachadas leste (F29) e oeste (F30), propôs-se uma série de recortes laterais aos blocos construídos que, somados a recortes pontuais nas lajes do tabuleiro, distribuiriam luz natural ao próprio edifício e ao térreo urbano mesmo em um cenário de verticalização. Os pátios de luz são ainda uma resposta urbana a intercalação de cheios e vazios identificada no entorno imediato e típica da paisagem paulistana. Seus posicionamentos em pontos de baixo gabarito permitem a conformação de amplos espaços de respiro urbano e
F27
F28
058
F30 | 152
ALÉM DO LOTE
F29
de visadas 360º à cidade. A cobertura é também pensada como espaço público, espaço de contemplação, onde a cidade sutilmente se desacortina aos olhos do visitante.
do Tabuleiro e os edifícios lindeiros seja de pouco mais de 5 metros, no trecho estudado essa distância encontra-se mais aliviada, variando entre 8 e 10 metros. No caso de edifícios recentemente lançados, essa distância chega até a 15 metros, dado os recuos frontais exigidos pela legislação.
MIRANTES
FACHADAS
Os visitantes do complexo são convidados a usufruir da cota superior e elevar-se por entre os edifícios (D11). O acesso à cobertura em rampa de baixa inclinação permite a acessibilidade universal da última cota sem a necessidade de chegada dos elevadores, possibilitando o respiro volumétrico necessário para liberação
Um dos maiores desafios projetuais na cidade contemporânea diz respeito ao permanente conflito entre verticalização e adensamento desejados e quebra de privacidade nos mais variados programas, principalmente residenciais. Embora em alguns trechos do Elevado ao longo da Avenida São João a distância entre o limite
Dada a coexistência de edifícios comerciais, residenciais e institucionais paralelos à proposta, propõe-se que o desenho, a materialidade e consequente transparência da fachada ajuste-se de acordo com o uso imediatamente oposto. (D12).
D10
D11
D12
059 | 152
a dissipação suave das correntes de ar intraquadras (D10). Para os usuários do novo complexo, os pátios emolduram a cidade, abrindo miradas longas e desobstruídas a paisagens urbanas singulares.
PÁTIOS DE LUZ
060
| 152
ALÉM DO LOTE
061 | 152 CHEIOS E VAZIOS PÁTIOS DE LUZ 1:1400
0 10 20 50
062
| 152
ALÉM DO LOTE
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ALÉM DO LOTE
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| 152
ALÉM DO LOTE
CONSIDERAÇÕES ESTRUTURAIS A concepção estrutural adotada nos cinco edifícios do complexo tomou como base três premissas principais: a concentração de parte das cargas de compressão nos pilares existentes sem comprometer estruturalmente o conjunto, a mínima obstrução possível no térreo urbano e a não utilização de pilares perimetrais que prejudicassem a leitura do Tabuleiro como elemento formalmente e temporalmente isolado da intervenção.
vigas longitudinais que por sua vez transferem as cargas para as grandes vigas transversais que gravitacionalmente descarregam aos pilares (D13).
grande viga de concreto de 12,8 metros de altura (D14).
D13
D14
D15
067 | 152
No Tabuleiro como é hoje, todas as cargas permanentes e acidentais são direcionadas ao centro geométrico da estrutura, duas
Seguindo a mesma lógica estrutural, propõe-se a ereção de um núcleo estrutural central em concreto armado, apoiado em dois núcleos de elevadores locados nas extremidades do tabuleiro, vencendo um vão longitudinal que varia entre 42 e 77 metros, dependendo do bloco. Nos edifícios 1, 2 e 3, mais longos, o vão é fracionado em dois por um pilar intermediário em prumo ao pilar que suporta o tabuleiro. Ao ser extrudado até a cobertura, o núcleo estrutural central se converte em uma
Seguindo a premissa de não descarregar parte das cargas perimetralmente ao tabuleiro, propõe-se que os blocos laterais sejam suportados por vigas-mãe de aço localizadas na cobertura, engastadas no núcleo estrutural central. As vigas-mãe vencem um balanço de 6,95 metros e atirantam por meio de barras de perfil “T” as lajes inferiores, também engastadas no núcleo estrutural central (D15). O uso de barras rígidas ao invés de tirantes mais esbeltos permitem o travamento perimetral da estrutura, complementado pelas próprias vigas de borda.
06 02
04
ALÉM DO LOTE
01
06
03 05
04
068
01 Núcleo Rígido em Concreto Armado 02 Bloco programático Oeste 03 Bloco programático Leste 04 Maciço programático de arremate ao Tabuleiro 05 Tabuleiro Elevado João Goulart 06 Circulação Vertical
| 152
ISOMÉTRICA EXPLODIDA ESTRUTURAL
02
04 03
01
05
06 09 07 COMPONENTES ESTRUTURAIS 01 Núcleo Rígido em Concreto Armado 02 Viga-Mãe de Aço Perfil “I” VS 1000 x 217 03 Viga-Mãe de borda de Aço Perfil “I” VS 1100 x 235 04 Chapa Rígida de Aço concretada internamente ao Núcleo Rígido para reforço do engastamento das Vigas-Mãe 05 Vigas Transversais intermediárias de Aço Perfil “I” VS 500 x 61 (61,1 kg/m) 06 Vigas Transversais intermediárias de borda de Aço Perfil “I” VS 650 x 84 (84,2 kg/m) 07 Barras Rígidas Perfil “T” de Aço atirantadas às Vigas-Mãe da cobertura para apoio das lajes inferiores 08 Pilar em Concreto Armado 09 Viga de Aço de travamento ao pilar 10 Vigas Transversais Originais Elevado João Goulart
08
10
069 | 152
070
| 152
ALÉM DO LOTE
Embora não tão convencionais, edifícios de estrutura atirantada não representam hoje uma grande revolução no campo da arquitetura. Na década de 1950, o arquiteto alemão Paul Schneider-Esleben inovou ao construir a Haniel Garage (F31), edifíciogaragem em Düsseldorf cuja rampa de acesso externa é atirantada por vigas de concreto em balanço localizadas na cobertura. Na década de 60, os arquitetos belgas Leon Stynen e Paul de Meyer atirantaram perimetralmente um edifício de doze pavimentos a partir de um coroamento misto de aço e concreto (F32, F32). Deram sequência aos estudos o arquiteto mexicano Ricardo Legorreta com seu Edifício Celanese Mexicana (1968, Cidade do México), Rafael de La-Hoz com a Torre Castelar (1975, Madrid) (F34), entre outros.
071 | 152 F31
072
| 152
F34 ALÉM DO LOTE
F32
2.49 F33
073 | 152 PLANTA NÍVEL +1 1:1400 | Nível +14,15m
0 10 20 50
074
| 152
ALÉM DO LOTE
075 | 152 PLANTA NÍVEL +2 1:1400 | Nível +17,65m
0 10 20 50
076
| 152
ALÉM DO LOTE
077 | 152 PLANTA NÍVEL +3 1:1400 | Nível +21,15m
0 10 20 50
078
| 152
ALÉM DO LOTE
079 | 152 PLANTA NÍVEL +4 1:1400 | Nível +24,65m
0 10 20 50
080
| 152
ALÉM DO LOTE
081 | 152 PLANTA COBERTURA 1:1400 | Nível +28,15m
0 10 20 50
082
| 152
ALÉM DO LOTE
083 | 152 ELEVAÇÃO OESTE 1:1400
0 10 20 50
084
| 152
ALÉM DO LOTE
085 | 152 CORTE LONGITUDINAL L1 1:1400
0 10 20 50
086
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ALÉM DO LOTE
087 | 152 CORTE LONGITUDINAL L2 1:1400
0 10 20 50
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ALÉM DO LOTE
089 | 152 ELEVAÇÃO LESTE 1:1400
| 152
DO
090
ALÉM
ALÉM DO LOTE
LOTE
0 10 20 50
A concepção estrutural adotada permite que as lajes de programa, embora estreitas, sejam livres de qualquer interferência estrutural. O núcleo estrutural central abriga todos os espaços servidores necessários ao funcionamento do edifício: banheiros e depósitos além da própria circulação vertical, localizada nas extremidades de cada edifício. As escadas que servem o conjunto são abertas, expõem-se à cidade. A locação estratégica das escadas intende sua leitura como extensões da própria rua, uma vez que localizam-se imediatamente próximas aos fluxos transversais de pedestres pela Avenida Amaral Gurgel. Os elevadores, por sua vez, encontramse anexos às escadas. Abertos e sem a conformação de halls isolados, não negam a cidade e convidam os pedestres para a descoberta.
091 | 152
Sugere-se que eventuais controles a programas de acesso restrito nas lajes intermediárias sejam externos aos núcleos de circulação vertical, de maneira a não impedir a circulação entre as cotas públicas do conjunto: o térreo urbano, o Tabuleiro e a cobertura/mirante.
ESCADAS COMO EXTENSÕES DO PASSEIO
092
| 152
ALÉM DO LOTE
O PROGRAMA PELO LUGAR
enumeração e verificação dos partidos que regeriam sua instalação como forma, como artefato, de maneira a pousar naturalmente, quase instintivamente no ambiente urbano. Ao fixar a distinção entre espaços servidos e espaços servidores, assim como os núcleos de circulação vertical, é possível conduzir uma série de simulações de ocupação que demonstram a versatilidade do complexo, de espaços de trabalho a unidades residenciais. Ao todo o complexo oferece 24359,5 m2 para a cidade, distribuídos segundo a tabela abaixo. O cálculo do Coeficiente de Aproveitamento (CA = 5,57) considerou como área de terreno a projeção dos cinco tabuleiros fracionados resultantes da demolição estratégica proposta (4375,56m2).
As demandas naturais presentes no cotidiano profissional de um arquiteto nos levam a continuamente discutir o lugar e a forma de um determinado edifício a partir do programa almejado por determinado cliente. Este trabalho buscou entender o projeto como oportunidade de discutir o programa e a forma a partir do lugar, invertendo a lógica mercadológica da discussão arquitetônica. Este projeto é um mero resultante, um complexo multiuso que espelha a própria cidade, sendo sua função adaptada aos interesses inerentes ao período em que se instala. Buscou-se ao longo do processo a contínua
Área Útil por Pavimento (m2)
093 | 152
Maciços
Tabuleiro
Nível +1
Nível +2
Nível +3
Nível +4
Cobertura
TOTAL
Edifício 1
132,2
1140,9
823,13
1166,33
1166,33
457,23
1170,2
6056,32
Edifício 2
132,2
1182,36
471,84
1057,12
1043,29
1043,29
1020,69
5950,79
Edifício 3
132,2
1076,5
-
874,18
874,18
571,93
893,29
4422,28
Edifício 4
132,2
891,75
-
907,5
917,65
917,65
886,07
4654,82
Edifício 5
132,2
789,76
-
-
793,46
793,46
766,44
3275,32 24359,5 EDIFÍCIO 1
094
| 152
ALÉM DO LOTE
01
02
05
07
04
095 | 152 PLANTA TÉRREO EDIFÍCIO 1 1:300 | Níveis 00,00 a +0,82m
01 Escadas de Emergência
02 Elevadores
03 Comércios
04 Rua Amaral Gurgel
05 Carga e Desca
arga rápida
02
ALÉM DO LOTE
03
01
096
| 152
06
06 Rua Jaguaribe
07 Rua Santa Isabel
0
2
5
10
03
01
02
04
03
097 | 152 PLANTA MACIÇOS EDIFÍCIO 1 1:300 | Níveis +5,23 e +5,82m
01 Escada de Emergência
02 Elevador
03 Estar
04 Jardim
| 152
04
098
02 01
0 ALÉM DO LOTE
03
03
2 5 10
T3 L2 03
01
02
06
04
06
T3
L1
099 | 152 PLANTA TABULEIRO EDIFÍCIO 1 1:300 | Níveis +8,72 a +9,32m
01 Escada de Emergência
02 Elevador
03 Estar
04 Pátios de Luz
05 Estar entre-vigas
06
T1
T2
L2
05
02
ALÉM DO LOTE
04
01
03
100
| 152
T1
T2
L1
Arquibancada entre-vigas
0
2
5
10
06
03
01
02
04
03
05
06
101 | 152 PLANTA NÍVEL +1 EDIFÍCIO 1 1:300 | Nível +14,15m
01 Escada de Emergência
02 Elevador
03 Estar
04 Café
05 Passarela
06 Jardim
06
05
04
02
ALÉM DO LOTE
03
01
03
102
| 152
06
0
2
5
10
103 | 152
104
| 152
ALÉM DO LOTE
04
03
01
02
06
09
09
08
03
08
07
06
07
05
04
105 | 152 PLANTA NÍVEL +2 EDIFÍCIO 1 1:300 | Nível +17,65m
01 Escada de Emergência
02 Elevador
03 Estar
04 Jardim
05 Pátios de Luz
06 Acesso Blocos Oeste-Le
este
04
05
09
08
08
09
09
06
02
ALÉM DO LOTE
09
03
01
03
106
| 152
04
07 Depósitos
08 Sanitários
09 Salas
0
2
5
10
107 | 152 PLANTA ESTRUTURAL EDIFÍCIO 1 1:300
0 2 5 10
108
| 152
ALÉM DO LOTE
04
03
01
02
06
09
09
08
03
08
07
06
07
05
04
109 | 152 PLANTA NÍVEL +3 EDIFÍCIO 1 1:300 | Nível +21,15m
01 Escada de Emergência
02 Elevador
03 Estar
04 Jardim
05 Pátios de Luz
06 Acesso Blocos Oeste-Le
este
04
05
09
08
08
09
09
06
02
ALÉM DO LOTE
09
03
01
03
110
| 152
04
07 Depósitos
08 Sanitários
09 Salas
0
2
5
10
06
01
02
07
07
03
06
05
04
111 | 152 PLANTA NÍVEL +4 EDIFÍCIO 1 1:300 | Nível +24,65m
01 Escada de Emergência
02 Elevador
03 Estar
04 Jardim
05 Passarela Acesso Cobertura
06 Cobertu
ura
04
05
07
02
01
112
| 152
07
ALÉM DO LOTE
03
07 Área Técnica
0
2
5
10
03
02
04
01
05
02
03
113 | 152 PLANTA COBERTURA EDIFÍCIO 1 1:300 | Nível +28,15m
01 Escada de Emergência
02 Cota Máxima (Mirantes)
03 Jardim
04 Rampa Acesso Cobertura
05 A
03
05
Acesso em nível Mirantes Norte-Sul
01
04
02
| 152
03
114
06
ALÉM DO LOTE
02
06 Arquibancadas
0
2
5
10
115 | 152
ALÉM DO LOTE
| 152
116 CORTE TRANSVERSAL T1 1:500
0
2
5
10
117 | 152
ALÉM DO LOTE
| 152
118 CORTE TRANSVERSAL T2 1:500
0
2
5
10
119 | 152 CORTE TRANSVERSAL T2 PERSPECTIVADO
120
| 152
ALÉM DO LOTE
121 | 152
ALÉM DO LOTE
| 152
122 CORTE TRANSVERSAL T3 1:500
0
2
5
10
123 | 152 ELEVAÇÃO OESTE SITUAÇÃO EDIFÍCIO 1 1:300
0 2 5 10
124
| 152
ALÉM DO LOTE
125 | 152 ELEVAÇÃO OESTE EDIFÍCIO 1 1:300
0 2 5 10
126
| 152
ALÉM DO LOTE
127 | 152 CORTE LONGITUDINAL L1 EDIFÍCIO 1 1:300
0 2 5 10
128
| 152
ALÉM DO LOTE
129 | 152 CORTE LONGITUDINAL L2 EDIFÍCIO 1 1:300
0 2 5 10
130
| 152
ALÉM DO LOTE
131 | 152 EDIFÍCIO 2
132
| 152
ALÉM DO LOTE
03
01
06
05
06
06
05
06
02
03
133 | 152 PLANTA TABULEIRO EDIFÍCIO 2 1:300 | Nível +9,58 a +10,15m
01 Escada de Emergência
02 Elevador
03 Estar Público
04 Estar Privativo
05 Pátios de Luz
03 04
04
02
04
01
03
134
| 152
03
ALÉM DO LOTE
04
06 Estar entre-vigas
0
2
5
10
05
03
01
02
04
03
05
135 | 152 PLANTA NÍVEL +1 EDIFÍCIO 2 1:300 | Nível +14,15m
01 Escada de Emergência
02 Elevador
03 Estar
04 Café
05 Jardim
06 Mini-Auditório
05
03
05
02
06
ALÉM DO LOTE
06
01
03
136
| 152
05
0
2
5
10
04
06
03 05
01
02
09
05 03
06
04
137 | 152 PLANTA NÍVEL +2 EDIFÍCIO 2 1:300 | Nível +17,65m
01 Escada de Emergência
02 Elevador
03 Estar
04 Jardim
05 Pátio de Luz
06 Passarela de Acesso Min
ni-Auditório
04
07
03
10
08
10
07
02
ALÉM DO LOTE
08
01
03
138
| 152
04
07 Mini-Auditório 1 (108 cadeiras)
08 Mini-Auditório 2 (64 cadeiras)
09 Sanitários
10 Depósito
0
2
5
10
139 | 152 EDIFÍCIO 3
140
| 152
ALÉM DO LOTE
141 | 152 EDIFÍCIO 4
142
| 152
ALÉM DO LOTE
04
06 05
03
01
02
07
03
04
143 | 152 PLANTA NÍVEL +2 EDIFÍCIO 4 1:300 | Nível +17,65m
01 Escada de Emergência
02 Elevador
03 Estar Comum
04 Jardim
05 Núcleos Privativos Residenciais (xxm
m2)
04
07
02
ALÉM DO LOTE
03
01
03 05 04
144
| 152
06
06 Varandas
07 Sanitários
0
2
5
10
145 | 152 EDIFÍCIO 5
146
| 152
ALÉM DO LOTE
CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho não se coloca como o fim ou o começo de algo, mas como parte de um processo contínuo de descobrimento, pesquisa e amadurecimento pessoalprofissional.
147 | 152
Ao longo dos últimos anos, experimentei através de registros de outrem ou com minha própria percepção as mais variadas maneiras de se fazer arquitetura e de se desenhar cidades. Chamo atenção aqui para duas questões que se mostraram fundamentais nesse tempo: a diversidade de escalas que o ofício nos propõe - do desenho de uma maçaneta a um projeto de estruturação metropolitana - e as relações existentes entre um objeto arquitetônico e o seu entorno, essa última fundante para este trabalho. Parti, no início do curso, de uma visão escultural da arquitetura - o objeto final como ápice isolado do fazer arquitetônico e chego, ao final deste processo, com uma visão contextual da arquitetura - o objeto como resposta ao entorno, ao existente, ao previamente instalado. Assumida desde os
primeiros projetos realizados na graduação, essa visão contextual citada outrora passou a assumir diferentes formas, orientar-se para diferentes caminhos. Cada projeto realizado abria horizontes dantes inexplorados, de forma que tornou-se cada vez mais claro que as relações possíveis entre arquitetura e contexto não seguiam necessariamente a mesma lógica. É possível identificar, em suma, dois grandes tipos de contexto: o Contexto Factual, aquele que é fato, visível, material (estão incluídas nesse grupo as relações entre arquitetura e natureza, arquitetura e cidade - natureza construída pelo homem -, arquitetura e infraestrutura) e o Contexto Imaterial, abstrato, intangível (incluindo as relações entre arquitetura e tradição, arquitetura e imaginário - a construção de um significado -, arquitetura e cotidiano). Uma investigação à altura da relevância da matéria poderia conduzir-se em futuras teses. No exercício de projeto aqui demonstrado, a interpretação do contexto urbano-
18 CAPON, D. S. “Architectural Theory - Volume 2: Le Corbusier’s Legacy”. 1999, apud ÇIZGEN, Gültekin. Rethinking The Role of Context and Contextualism in Architecture and Design, 2012.
infarestrutural torna-se fundamental para a tradução de um posicionamento puramente especulativo em uma real possibilidade de desenvolvimento de arquitetura. Dessa maneira, seguindo a mesma lógica dos projetos desenvolvimentos anteriormente, este trabalho torna-se um ode a arquitetura de contexto: prática que independe de estilo, independe de tempo, independe de lugar. Le Corbusier, ícone do movimento moderno, observou edifícios como “pessoas falando ao mesmo tempo”. Louis Khan, da mesma maneira, citou outrora uma “sociedade de espaços conversando entre si em um plano” 18. Uma arquitetura além do lote busca continuamente entender edifícios não como artefatos únicos, isolados, mas que estabelecem profundas relações com seu entorno próximo. A aposta no adensamento urbano e populacional para a ressignificação do Elevado buscou, sobretudo, enriquecer o debate acerca do futuro de infraestruturas urbanas subutilizadas e especificamente
realidade de amanhã e a realidade de hoje é a utopia de ontem” Le Corbusier
148
“A utopia não é senão nada além do que a
| 152
do próprio Elevado, palco de discussões insolúveis desde sua inauguração. Este trabalho não se reteve a qualquer alinhamento ideológico, tampouco busca unanimidade da opinião pública. Apresenta à cidade uma proposta de caráter aparentemente utópico cujas diretrizes de desenvolvimento atestam sua factibilidade no futuro da cidade. Mostram ainda a excitante imprevisibilidade de se entender a arquitetura não como fato isolado, inerte, construído em torno de si mesmo. A arquitetura é, sempre, parte de um todo complexo, inquietante e repleto de possibilidades.
149 | 152
150
| 152
ALÉM DO LOTE
IMAGENS
151 | 152
F01 A cidade como um Quebra-Cabeça. Elaborado pelo
Foto: Autor desconhecido. Disponível em: <https://www.
O desmonte do Elevado nos cruzamentos devolve
autor.
laidbacktrip.com/posts/high-line-new-york>.
perspectivas urbanas à cidade. Foto: Willing to Live.
F02 União de Arquitetura e Infraestrutura na vila
F13, F14 Registros históricos da construção do Elevado.
F25 Vista do Edifício Altino Arantes a partir do Elevado
de Masouleh, região norte do Irã:
Foto: Autor Desconhecido. Disponível em: <https://www.
João Goulart sobre a Avenida São João. Foto: Eduardo
edificações escarpadas torna-se também rua. Foto: Autor
saopauloinfoco.com.br/especial-minhocao/>.
Luiz de Lima Assunção.
desconhecido. Disponível em: <https://hdwallsbox.com>.
F15, F16 Bridge of Houses, por Steven Holl (1981).
F26 “The Ideal City - Urbino”, ou Vista de uma Cidade
F03 Condomínio de luxo Burj Al Babas em Mudurnu,
Disponível em: <https://www.moma.org>.
Ideal, pintura datada dos 1480s por Piero della Francesca.
Turquia. Foto: Autor desconhecido. Disponível em:
F17 Ponte Vecchio vista da Ponte di Santa Trinita, Florença.
Galleria Nazionale delle Marche, Urbino.
<https://www.lemonde.fr>.
Infraestrutura que vai além de simples transposição. Foto:
F27 Insolação direta no período da manhã (8h-12h)
F04 Seção do Viaduto nove de Julho, com quatro vias
Linda Pollari
ao longo do ano sobrepostas na cobertura dos blocos
férreas em seu tabuleiro inferior e comércios no térreo
F18 Detalhe da London Bridge de 1632 aos olhos do pintor
propostos. Elaborado pelo autor.
urbano. Disponível em: <https://viatrolebus.com.br>.
holandês Claude de Jongh. View of London Bridge, Yale
F28 Insolação direta no período da tarde (12h-17h)
F05 Linha 17 Ouro (Monotrilho) em obras no Itaim Bibi, São
Center for British Art.
ao longo do ano sobrepostas na cobertura dos blocos
Paulo. Foto: Autor Desconhecido. Disponível em: <https://
F19 Construção de complexo multifuncional vertical de 60
propostos. Elaborado pelo autor.
mobilidadesampa.com.br>.
pavimentos sobre os trilhos da famosa Penn Station, Nova
F29 Insolação direta durante o dia (8h-17h) sobrepostas
F06 Apropriação informal do baixio do Viaduto Júlio de
York. Foto: Autor Desconhecido. Disponível em: https://
na fachada oeste dos blocos propostos. Elaborado pelo
Mesquita Filho, Bexiga, São Paulo. Foto: Luanda Vannuchi.
www.dailymail.co.uk>.
autor.
F07 Plataforma abandonada na Estação do Metrô Pedro
F20 Torre comercial construída sobre estaleiro em
F30 Insolação direta durante o dia (8h-17h) sobrepostas
II, São Paulo. Foto Autor desconhecido. Disponível em:
Amsterdam. Foto: OTH Architecten.
na fachada leste dos blocos propostos. Elaborado pelo
<https://tab.uol.com.br/subterraneos>.
F21 Golden Lane pelos arquitetos Alison and Peter
autor.
F08 A verticalização de São Paulo: integração ou
Smithson: rede de habitações coletivas interligadas por
F31 Haniel Garage Düsseldorf, Paul Schneider-Esleben
isolamento? Foto: Marcos Santos.
passarelas elevadas. Disponível em: < http://www.grids-
(Düsseldorf, 1950-1953). Foto: Autor Desconhecido.
F09 Colagem-conceito do projeto de Jaime Lerner
blog.com>.
Disponível em: <https://www.db-bauzeitung.de>.
para o Parque Minhocão. Disponível em: <http://www.
F22 Visão utópica de Manchester nos anos 1960. Fonte:
F32, F33 BP Bulding, Leon Stynen and Paul de Meyer
saopauloinfoco.com.br/especial-minhocao/>.
Manchester University Archive.
(Antuérpia,
F10, F11 High Line antes da transformação em parque
F23 Cidade do futuro como cidade de múltiplas camadas.
Disponível em: <https://tobebuild.archi>.
urbano. Foto: Joel Sternfeld.
Disponível em: <https://www.architectural-review.com>.
F34 Torre Castelar, Rafael de La-Hoz (Madrid, 1975). Foto:
F12 High Line após a transformação em parque urbano.
F24 Vista do Edifício Itália a partir da Rua Major Sertório.
Rafael de La-Hoz.
a cobertura das
1960-1963).
Foto:
Autor
Desconhecido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ELEVADO JOÃO GOULART
ARQUITETURA E CIDADE
ASSUNÇÃO, Eduardo Luiz de Lima. Minhocão e arredores: construção, degradação e resiliência (1970-2016). 2016. Dissertação (Arquitetura e Urbanismo) Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo . MARTINS, Luciana Bongiovani. Elevado Costa e Silva: processo de mudança de um lugar. Dissertação de mestrado, FAU USP,
FRAMPTON, Kenneth. Regionalismo crítico: arquitetura moderna e identidade cultural. In: FRAMPTON, Keneth. História crítica da Arquitetura Moderna.
NOGUEIRA, André Martins. O Elevado Costa e Silva: do artefato ao artifício. 2015. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2015.
ALÉM DO LOTE
LYNCH, Kevin. A imagem da cidade (original: The image of the city). 1960 ROSSI, Aldo. A arquitetura da cidade (original: L’architettura della città). 1966. MONTANER, Josep Maria. Depois movimento moderno: arquitetura segunda metade do século XX. 1993.
do da
| 152
ARTIGAS, Rosa;MELLO, Joana; CASTRO, Ana Claudia (org). Caminhos do Elevado: Memória e Projetos. São Paulo: Secretaria Municipal de Planejamento - SEMPLA, Departamento de Estatística e Produção de Informação - DIPRO, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2008.
Seattle: Bay Press, 1983. p. 16-30.
152
São Paulo, 1997.
FRAMPTON, Kenneth. Towards a Critical Regionalism: six points for an architecture of resistance. In: FOSTER, Hal (Ed.). The antiaesthetic: essays on Postmodern culture.
TFG FAU USP 2020