Shalom Mana 189

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Atualidade

o mundo criado para evoluir

Arte e Espiritualidade ressurreição a vitória da luz

homem:

Um vocacionado à

RESSURREIÇÃO


E D I T O R I A L

Transformar em Páscoa

“N

o Cenáculo, o Ressuscitado que passou pela Cruz deu a sua Paz, o seu Espírito, aos apóstolos – à Igreja – e os enviou. Jesus Ressuscitado, transmitindo a força de sua ressurreição através de seus discípulos, destinou a todos nós a graça de uma vida nova, ressuscitada, não mais escrava das amarras do mundo. Porque Cristo ressuscitou não há mais razão para se aventurar em veredas de morte; o caminho da Vida já nos foi aberto, basta olharmos para Aquele que nos amou e desejarmos fazer de nossa própria vida também uma Páscoa: um lugar de amor, de morte para si, de ressurreição. Morrer para as “mortes de pecado” a fim de ressurgir para uma vida santa. Nosso fim é uma vida ressuscitada: uma vida na glória, eterna. Quando nos damos conta de que este mundo passará, enche-nos de alegria e esperança saber que a vida ressuscitada é infinita, que Deus nos reserva um viver sem fim, sem dor, sem lágrimas, só Amor, tudo Amor, porque “Deus é amor” e a vida ressuscitada é a vida com Ele, “dentro” dele. Já aqui, nesta vida, podemos viver como “filhos” da ressurreição de Cristo, em uma ininterrupta dinâmica de caridade que transforma em Páscoa todas as realidades ao nosso redor. Transformar em Páscoa é transformar em Amor aquilo que ainda não é amor; é ser sinal da ressurreição de Cristo, ser alegria, ser evangelização, ser paz, ser caridade no meio do mundo, como sinal daquela vida eterna na qual cremos e na qual esperamos, fazendo despertar das trevas da morte os que ainda não creem.” Querido leitor, é isso o que desejamos para você nesse tempo tão especial que a Igreja vive hoje. É Páscoa! Cristo ressuscitou! Tudo é possível! Que o poder da ressurreição atinja e transforme todas as áreas e realidades da sua vida. Que o Ressuscitado te dê a graça de transformar em páscoa aquilo que antes eram trevas e seja inaugurado um novo tempo na sua vida. Que cada artigo desta edição produza em você frutos de alegria, paz, esperança e ressurreição. É para isso que a Shalom Maná existe. Para ser um instrumento de Deus na sua vida. Sempre! Feliz Páscoa para você e para toda sua família. Shalom!

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E X P E D I E N T E Coordenação Geral Cristiano Tuli Coordenação Editorial Andréa Luna valim eliana gomes lima Equipe de Redação Andréa Luna valim andréia gripp eliana gomes Lima José Ricardo F. Bezerra Revisão José Ricardo F. Bezerra Sandra Viana rejane nascimento Editor de Arte AUGUSTO F. OLIVEIRA Gerente Comercial Evaneide SAntana Assinaturas CICILIANA tavares Lane Marques Jornalista Responsável Egídio Serpa Imagem da Capa Ressurreição Il Duomo di monreale


SUMÁRIO

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atualidade

O mundo criado para evoluir

do mês 12 assunto Homem:

Um vocacionado à vida

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papo Jovem

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só Família

Jovens, também fomos criados para os altares

Vencendo as crises do matrimônio

palavra do papa 04 aImitadores de Cristo

da igreja 30 aA voz eficácia do exemplo

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Fé e razão São Paulo: testemunha da Ressurreição de Cristo

Humana 11 Formação A dignidade da vida humana e Espiritualidade 18 arte Ressurreição A Vitória da Luz

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Especial 10 anos da Casa Contemplativa “Fornalha do meu coração”

orando com a palavra Conhecia-te só de ouvidos, mas agora viram-te meus olhos!

37 testemunho

O amor de Deus através da oração

38 Entrevista

“A Bíblia tem que estar nas mãos e no coração de todo católico” Pe. Joel Portella

41 Especial Escola de Líderes Shalom 2009 “Belo é o amor de Deus”

42 acontece no mundo 44 divirta-se

45 Entrelinhas A graça de ser... Andre!


a palavra do papa

CriStO Imitadores de

Festa da Apresentação de Jesus no Templo e XIII Dia Mundial da Vida Consagrada

na tradição da igreja, são paulo foi sempre reconhecido pai e mestre daqueles que, chamados pelo senhor, fizeram a escolha de uma dedicação incondicionada a Ele e ao seu Evangelho.

É

com grande alegria que me encontro convosco no final do Santo Sacrifício da Missa, nesta Festa litúrgica que já há treze anos reúne religiosos e religiosas para o Dia da Vida Consagrada. Neste Ano Paulino, faço minhas as palavras do Apóstolo: “Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós. Em todas as minhas orações peço sempre com alegria por todos vós, recordandome da parte que tomastes na difusão do

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Evangelho, desde o primeiro dia até agora” (Fl 1,3-5). Nesta saudação, dirigida à comunidade cristã de Filipos, Paulo manifesta a recordação afetuosa que ele conserva daqueles que vivem pessoalmente o Evangelho e se comprometem em transmiti-lo, unindo ao cuidado pela vida interior o esforço da missão apostólica. Na tradição da Igreja, São Paulo foi sempre reconhecido pai e mestre daqueles que, chamados pelo Senhor, fizeram a escolha de uma dedicação incondicionada a Ele e ao seu Evangelho. Diversos Institutos religiosos adquirem de São Paulo o nome, e dele haurem uma inspiração carismática específica. Pode-se dizer que ele repete a todos os consagrados e consagradas um convite simples e afetuoso: “Sede meus imitadores, como eu o sou de

Cristo” (1Cor 11,1). Com efeito, o que é a vida consagrada, a não ser uma imitação radical de Jesus, uma “sequela” total dele (cf. Mt 19,27-28). Pois bem, em tudo isto Paulo representa uma mediação pedagógica segura: caríssimos, imitá-lo no seguimento de Cristo constitui o caminho privilegiado para corresponder até ao fundo à vossa vocação de consagração especial na Igreja.


Aliás, da sua própria voz pode- a todo o custo” (1Cor 9,22). A ele, autoridade e a obediência, a procurar mos conhecer um estilo de vida, tão intimamente unido à pessoa todas as manhãs o contato vivo e que exprime a substância da vida de Cristo, reconhecemos uma constante com a Palavra que neste consagrada inspirada nos conselhos profunda capacidade de unir a vida dia é proclamada, meditando-a e evangélicos de pobreza, castidade espiritual e a obra missionária; nele, conservando-a no coração como e obediência. Na vida de pobreza, estas duas dimensões evocam-se um tesouro, fazendo dele a raiz de ele vê a garantia de um anúncio do reciprocamente. E deste modo, po- toda a ação e o primeiro critério Evangelho realizado em gratuidade demos dizer que ele pertence àquele de toda a opção” (n. 7). Por consetotal (cf. 1Cor 9,1-23) enquan- exército de “construtores místicos”, guinte, faço votos para que o Ano to exprime, ao mesmo tempo, a cuja existência é contemplativa e ao Paulino alimente ainda mais em solidariedade concreta para com mesmo tempo ativa, aberta a Deus vós o propósito de acolher o testeos irmãos em necessidade. A este e aos irmãos para desempenhar um munho de São Paulo, meditando propósito, todos nós conhecemos serviço eficaz ao Evangelho. Nesta todos os dias a Palavra de Deus com a prática fiel da lectio a decisão de Paulo, de divina, rezando “com se manter com o trasalmos, hinos e cânticos Paulo vive para, com e em Cristo. balho das suas mãos espirituais; cantando e o seu compromisso “Estou crucificado com Cristo!” sob a ação da graça” (Cl pela coleta em benefício escreve ele “já não sou eu que vivo, é 3,16). Além disso, que dos pobres de Jerusaele vos ajude a realizar o Cristo que vive em mim!” (Gl 2,19-20); lém (cf. 1Ts 2,9; 2Cor vosso serviço apostólico e ainda: “Porque para mim, o viver é 8-9). Paulo é também na Igreja e com a Igreja, um Apóstolo que, acoCristo e o morrer é lucro” (Fl 1,21). com um espírito de colhendo o chamamento munhão sem reservas, de Deus à castidade, comunicando aos ouentregou o coração ao Senhor de tensão místico-apostólica, apraztros a dádiva dos próprios carismas maneira indivisa, para poder servir me frisar a coragem do Apóstolo (cf. 1Cor 14,12) e testemunhando com liberdade e dedicação ainda diante do sacrifício de enfrentar em primeiro lugar o maior carisma, maiores aos seus irmãos (cf. 1Cor provações terríveis, até ao martírio que é a caridade (cf. 1Cor 13). 7,7; 2Cor 11,1-2); além disso, num (cf. 2 Cor 11, 16-33), a confiança Estimados irmãos e irmãs, a limundo em que os valores da casti- inabalável alicerçada nas palavras turgia hodierna exorta-nos a olhar dade cristã tinham escassa cidada- do seu Senhor: “Basta-te a minha para a Virgem Maria, a “Consania (cf. 1Cor 6,12-20), ele oferece graça, porque é na fraqueza que a grada” por excelência. Paulo fala uma segura referência de conduta. minha força se revela totalmente” dela com uma fórmula concisa mas Depois, naquilo que se refere à obe- (2Cor 12,9). Assim, a sua experi- eficaz, que descreve a sua grandeza diência, é suficiente observar que o ência espiritual se manifesta a nós e a sua tarefa: é a “mulher” da qual, cumprimento da vontade de Deus como a tradução viva do mistério na plenitude dos tempos, nasceu e a “obsessão de cada dia: o cuidado pascal, que ele investigou e anun- o Filho de Deus (cf. Gl 4,4). Made todas as Igrejas” (2 Cor 11, 28) ciou intensamente como forma de ria é a mãe, que hoje no Templo animaram, plasmaram e consumi- vida do cristão. Paulo vive para, com apresenta o Filho ao Pai, dando ram a sua existência, que se tornou e em Cristo. “Estou crucificado continuidade também com este sacrifício agradável a Deus. Tudo com Cristo!” escreve ele “já não gesto ao “sim” pronunciado no moisto o leva a proclamar, como ele sou eu que vivo, é Cristo que vive mento da Anunciação. Seja ainda escreve aos Filipenses: “Porque para em mim!” (Gl 2,19-20); e ainda: ela a mãe que nos acompanha e mim, o viver é Cristo e o morrer é “Porque para mim, o viver é Cristo nos sustenta, a nós filhos de Deus e o morrer é lucro” (Fl 1,21). Isto e seus filhos, no cumprimento de lucro” (Fl 1,21). Outro aspecto fundamental da explica por que ele não se cansa de um serviço generoso a Deus e aos vida consagrada de Paulo é a missão. exortar a fazer com que a palavra irmãos. Para tal finalidade, invoco Ele é inteiramente de Jesus para ser, de Cristo habite em nós na sua a sua intercessão celestial, enquancomo Jesus, de todos; aliás, a fim riqueza (cf. Cl 3,16). Isto faz pensar to de coração concedo a Bênção de ser Jesus para todos: “Fiz-me no convite que vos foi dirigido pela Apostólica a todos vós e às vossas tudo para todos, para salvar alguns recente Instrução sobre O serviço da respectivas Famílias religiosas. www.edicoesshalom.com.br

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atualidadE

O mundo criado para

evoluir será mesmo que as duas posições precisam excluir uma à outra? a resposta é um claro não, não precisam excluir uma à outra. a criação não exclui a evolução, nem o contrário. a evolução é um fato evidente e não pode ser posta em dúvida; porém, se ela explica como as coisas se diferenciam e mudam, por diversos fatores, ela, contudo, não explica a origem absoluta dessas coisas.

Cardeal Dom Odilo Scherer arcebispo de São Paulo/SP

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as semanas passadas, enquanto se recordavam os 200 anos do nascimento do cientista inglês Charles Darwin, escreveu-se muito sobre a teoria da evolução por ele elaborada para explicar a origem das espécies. O aniversário fez também aparecer na opinião pública uma polêmica, sobretudo lá fora do Brasil, entre criacionismo e evolucionismo, vistas muitas vezes como opostas e excludentes. Rapidamente, alguns usaram a teoria da evolução para negar a existência de Deus, ou para taxar de “lendas obscurantistas” as afirmações religiosas sobre Deus Criador; a evolução foi passada como a ideia luminosa com a qual tudo se explica... Outros, para defenderem um criacionismo abso-

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luto, tentaram de todos os modos forçar os textos bíblicos a dizerem aquilo que eles não quiseram dizer. A Sagrada Escritura não é um livro de ciências, nem pretende explicar como é feito o mundo. Talvez ficou a impressão de que Darwin foi o grande mestre que deu o golpe final na fé em Deus e que a ciência, finalmente, triunfou sobre a religião e a razão, sobre a fé. Darwin nunca afirmou isso. Será mesmo que as duas posições precisam excluir uma à outra? A resposta é um claro NÃO, não precisam excluir uma à outra. A criação não exclui a evolução, nem o contrário. A evolução é um fato evidente e não pode ser posta em dúvida; porém, se ela explica como as coisas se diferenciam e mudam, por diversos fatores, ela, contudo, não explica a origem absoluta dessas coisas. É um fato que somente evolui e se transforma aquilo que já existe. Donde, ou de quem cada

Charles Darwin

ser recebeu a existência e a ordem interna para ser aquilo que é, e não outra coisa? Do nada? Do nada, nada surge, a não ser que algum agente “crie”, isto é, dê origem, tire do nada e faça existir algo. O acaso poderia ser este fator determinante? Como seria inteligente este acaso! A teoria do acaso é


absurda. É melhor crer em Deus criador, isso não é absurdo. A evolução explica “como” as coisas chegaram a ser aquilo que são, mas não explica o fato mesmo da existência das coisas, nem sua ordem interna e seu significado. Assim também a hipótese da “explosão inicial” (Big bang), para explicar a origem do universo, poderia ser apenas uma explicação parcial: é preciso explicar como passou a existir anteriormente um “algo”, que pudesse explodir; e explicar também a existência de uma lógica maravilhosa na origem do universo, que foi capaz de organizá-lo e de torná-lo a maravilha que ele é, em vez de ser o caos infinito e permanente. Decididamente, a evolução também não explica a própria existência do universo. Mas ela, como a ciência no seu todo, procura explicar “como” as coisas existem, são feitas, funcionam e interagem. E nisso não precisam estar contra a fé em Deus; nem precisa a fé em Deus negar a ciência. O verdadeiro cientista também pode ser profundamente religioso. Neste debate, ressurge uma questão antiga: a relação entre fé

Não é preciso abandonar a fé em Deus criador para aceitar o fato da evolução, que faz parte da sabedoria criadora de Deus; é um dinamismo interno nas coisas, que faz com que o mundo não seja estático e morto, mas cheio de vitalidade, esperança e futuro. e razão, entre ciência e religião. Trata-se de duas formas diversas de aproximação da realidade: a razão requer argumentos controlados por ela e convincentes para ela mesma; daí decorre o conhecimento científico moderno, que submete tudo ao seu método próprio e verifica a possibilidade de comprovar, com instrumentos que lhe são próprios, as afirmações sobre as realidades deste mundo. Aquilo que o método científico não verifica e comprova, também não pode ser afirmado pela ciência; mas seria falso concluir logo: portanto não existe. A realidade existente é maior que o método e nem tudo cabe dentro dos limites que o método científico impõe a si mesmo. De sua parte, o conhecimento pela fé faz afirmações baseando-se na revelação divina e vai além daquilo que a ciência pode controlar. A fé não é contra a ciência, mas vai além da ciência.

Em relação ao debate sobre a relação entre a fé e a razão, o papa João Paulo II escreveu uma encíclica importantíssima, chamada Fides et ratio (A fé e a razão), que seria bom retomar e ler neste momento. E o papa Bento XVI fala com frequência sobre este tema, defendendo a capacidade da razão humana para conhecer a verdade; certas tendências do pensamento moderno negam tanto o valor da fé quanto a capacidade racional do homem, caindo num ceticismo desorientador e angustiante. É importante que as duas capacidades humanas de conhecimento sejam devidamente valorizadas e não sejam contrapostas. Não é preciso abandonar a fé em Deus criador para aceitar o fato da evolução, que faz parte da sabedoria criadora de Deus; é um dinamismo interno nas coisas, que faz com que o mundo não seja estático e morto, mas cheio de vitalidade, esperança e futuro. www.edicoesshalom.com.br

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fé e razão

CRISTO São Paulo: TESTEMUNHA DA RESSURREIÇÃO DE

“São Paulo foi convertido pela visão de Cristo Ressuscitado.” Quando meditamos sobre a conversão de São Paulo, podemos nos perguntar: por que ele tinha necessidade de conversão se era um homem tão fiel à lei de Deus, tão ardente defensor dos costumes judaicos? 8

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Paulo faz seu anúncio (Kerigma).”6 Sim, São Paulo não constrói sua vida sobre a areia de suas certezas e convicções: toda a sua vida, missão ão Paulo foi convertie pregação jorram do Ressuscitado. do pela visão de CrisAqui temos um exemplo vivo do to Ressuscitado.” 1 chamado a antes SER para que o Quando meditamos “fazer” tenha peso de eternidade: sobre a conversão de São Paulo, todas as ações de Paulo jorram do podemos nos perguntar: por que seu ser recriado em Cristo, refeito ele tinha necessidade de conversão na experiência da Ressurreição, e se era um homem tão fiel isso o fará gritar que “nem à lei de Deus, tão ardente a morte nem a vida, nem os São Paulo não prega apenas algo defensor dos costumes juanjos nem os principados, que escutou nem muito menos daicos? Ora, converter-se, nem o presente nem o futuro, como sabemos, é mudar nem os poderes nem a altura, uma doutrina coerente: ele prega de direção: Paulo percornem a profundeza, nem o mistério de Cristo no qual todo o ria seu próprio caminho qualquer outra criatura poseu ser foi mergulhado, ao perseguir a Igreja, e derá nos separar do Amor de batizado, recriado! acreditava ser essa a vonDeus manifestado em Jesus tade de Deus, mas o próCristo, Nosso Senhor.”7 prio Jesus Ressuscitado veio ao seu encontro e derrubou-o que escutou nem muito menos Nós também ressuscitaremos! por terra. Quando lemos e rezamos uma doutrina coerente: ele prega No capítulo 15 da Primeira com a passagem de Atos 9, onde o mistério de Cristo no qual todo Carta aos Coríntios, São Paulo São Lucas nos narra com uma ri- o seu ser foi mergulhado, batiza- desenvolverá toda uma doutrina queza de detalhes impressionante do, recriado! Depois de ver Jesus sobre a Ressurreição dos mortos. a conversão de Saulo de Tarso, o Ressuscitado, e de viver no seu Nós também ressuscitaremos! que contemplamos não é apenas íntimo o mistério pascal, Paulo Cristo ressuscitou e nos associou um homem que cai por terra por “considerará como ‘lixo’ tudo o que a Ele, a fim de que nós vivamos, causa de uma visão celestial. O antes se constituía para ele o ideal a cada dia, esse processo de morte que vemos é o ser inteiro de Saulo mais elevado, quase a razão de ser de e de vida, de cruz e de ressurreiser despedaçado, jogado por terra. sua existência.”3 Ele passa a conhe- ção. A cada dia o homem velho, Todas as suas certezas, convic- cer Jesus. Sabemos que conhecer, escravo do pecado e do egoísmo, ções mais profundas, esperanças, segundo as Escrituras, é fazer a morre mais, e o homem novo, seguranças, tudo isso foi jogado experiência, viver o mistério. A recriado à imagem de Cristo, se no chão em um momento pelo aparição de Jesus Ressuscitado4 é fortalece.8 Por isso, “Se Cristo não encontro com Cristo Ressuscitado. o fundamento de seu apostolado e ressuscitou, vazia é a nossa pregação, Saulo – o agora apóstolo Paulo! – de sua vida nova. vazia é também a nossa fé.(...) Mas morre e ressuscita com Cristo. “O mistério pascal consiste no fato não! Cristo ressuscitou dos mortos, Segundo o Santo Padre Bento de que o Crucificado ressuscitou no primícias dos que adormeceram.”9 XVI, “o Cristo Ressuscitado aparece terceiro dia conforme as Escrituras5, Nesse testemunho que toda a vida como uma Luz esplêndida e fala a segundo o que atesta a Tradição pro- e as palavras de Paulo fazem, tudo Saulo, transformando seu pensa- to-cristã. É aí que se encontra o cerne se constrói sobre esse fato, esse mento e toda sua vida. O esplendor da Cristologia Paulina: tudo gira em evento histórico, como nos lembra do Ressuscitado o torna cego: torna-se torno desse centro de gravidade. Todo o Papa Bento XVI. “Nós vemos nos visível exteriormente a sua realidade o ensinamento do apóstolo Paulo Atos dos Apóstolos e nas cartas que o interior, a sua cegueira com relação à parte e desemboca sempre no mistério ponto essencial da vida de Paulo é ser verdade, a Luz que é Cristo. Depois o Daquele que o Pai ressuscitou dentre testemunha da Ressurreição.”10 Lembra-nos ainda o nosso seu “sim” definitivo ao Cristo pelo Ba- os mortos. A Ressurreição é o aconSanto Padre: “Tudo isso comporta tismo abre de novo seus olhos, e o faz tecimento fundamental sobre o qual Daniel Ramos Missionário da Com. Católica Shalom na França

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realmente ver.”2 Paulo passou três dias como que “morto”, e no terceiro dia ele ressuscita com Cristo pelo Batismo e a experiência do Espírito Santo. O apóstolo tornase testemunha da Ressurreição de Cristo porque viveu esse evento pelo interior, foi associado no seu próprio ser ao Mistério Pascal. São Paulo não prega apenas algo

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São Francisco de Assis dizia que aquele que não conhece o Crucificado não sabe nada do Ressuscitado. importantes consequências para a nossa vida de fé: nós somos chamados a participarmos até o mais profundo do nosso ser a todo o evento da Morte e Ressurreição de Cristo.”11 Por isso, não existe vida cristã séria e coerente sem sofrimento, renúncia, purificação, perseguição, dor, lágrimas, que abrem as portas para uma fecunda e poderosa ressurreição. “A teologia da Cruz não é uma teoria, ela é a realidade da vida cristã. Viver a fé em Cristo, viver a verdade e o amor implicam renúncias cotidianas, implicam sofrimentos. O cristianismo não é uma via de facilidades; ele é uma ascensão exigente, no entanto iluminada por Cristo e fundada na grande esperança que nasce Dele.”12 São Francisco de Assis dizia que aquele que não conhece o Crucificado não sabe nada do Ressuscitado. O próprio Jesus

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disse a Ananias, que foi enviado para batizar Paulo, que “mostraria a Paulo o quanto seria preciso sofrer em favor do Seu Nome.”13 São Paulo testemunhou com todo seu ser a ressurreição de Cristo também porque morreu para si mesmo. Existe o testemunho que é fruto da experiência de ser salvo, justificado e recriado por Jesus Ressuscitado, mas existe o testemunho que coroa toda uma vida doada: o martírio. Quem morre para si, vive para Deus. Quem morre para si, fecunda almas para Jesus. Paulo se alegrava nos sofrimentos que tinha sido achado digno de sofrer pelo Seu Senhor. O Padre Raniero Cantalamessa diz que apenas se dá a vida por aquilo que se crê no mais profundo das entranhas. A experiência que Paulo tinha de Jesus, o seu relacionamento com

Jesus era entranhado, era toda a sua vida. Por isso, a única medida de seu testemunho era o dom total da própria vida. Doía para Paulo ainda não ter dado tudo, isto é, a vida. Daí o grito que ressoa até aos nossos dias: “Para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro.”14 Amo imaginar como deveria ser carregado de emoção o grito que São Paulo fazia quando anunciava o Evangelho: “Cristo Ressuscitou! Eu sei, eu o vi, Ele me tocou, me transformou, curou minha cegueira, hoje já não sou mais eu quem vivo, mas é Ele quem vive em mim! Ele me amou e se entregou por mim!”15 Que esse grito, tornado testemunho perene pelo derramamento de seu sangue, chegue até os nossos corações e nos faça gritar também, proclamar com a nossa vida e nossa morte, que Cristo ressuscitou, pois afinal de contas, nós somos hoje a voz do Cristo que Ressuscitado está. Que todo homem ouça esse brado! Amém. Notas: 1. L. Cerfaux, Le Christ dans la Théologie de Saint Paul, p. 58, Cerf. 2. Bento XVI, Audiência de 3 de setembro de 2008 3. Fl 3,8 4. 1Cor 15,8 5. 1Cor 15,4 6. Bento XVI, Audiência de 5 de novembro de 2008 7. Rm 8,38-39 8. Cf. Rm 8 9. 1Cor 15,14.20 10. Bento XVI, Audiência de 5 de novembro de 2008 11. ibid 12. ibid 13. At 9,16 14. Fl 1,21 15. Gl 2,20


Formação Humana

A dignidade da vida

humana

“Como posso eu, cidadão italiano, receber semelhante honra quando o senhor, com sua intervenção, permite a morte de Eluana, em nome da república italiana?”

O

sacerdote Aldo Trento é, desde 1989, um dos missionários mais conhecidos da Fraternidade de São Carlos Borromeu do Paraguai. Ele tem 62 anos e é responsável por uma clínica para doentes terminais em Assunção. Em 2 de junho de 2008, o presidente da República Italiana, Giorgio Napolitano, havia lhe conferido o título de Cavaleiro da Ordem da Estrela da Solidariedade. No dia 11 de fevereiro último, o sacerdote devolveu o reconhecimento a Napolitano, por não ter assinado o decreto que teria detido o protocolo médico para Eluana Englaro. “Como posso eu, cidadão italiano, receber semelhante honra quando o senhor, com sua intervenção, permite a morte de Eluana, em nome da República Italiana?”, pergunta. “Tenho mais de um caso como o de Eluana Englaro – relata Aldo

Trento. Penso no pequeno Victor, um menino em coma, que aperta os punhos; a única coisa que fazemos é dar-lhe de comer com a sonda. Diante destas situações, como posso reagir frente ao caso de Eluana?” “Ontem me trouxeram uma menina nua, uma prostituta, em coma, deixada na porta de um hospital; ela se chama Patrícia, tem 19 anos; nós a lavamos e limpamos. E ontem ela começou a mexer os olhos”, afirma.

“Celeste tem 11 anos, sofre de leucemia gravíssima, não havia sido tratada nunca; trouxeram-na para mim a fim de que fosse internada. Hoje Celeste caminha. E sorri.” “Levei ao cemitério mais de 600 destes enfermos. Como se pode aceitar semelhante operação, como a que se fez com Eluana?” “Cristina é uma menina abandonada em um lixo, é cega, surda, treme quando a beijo, vive com uma sonda, como Eluana. Não reage, só treme, mas pouco a pouco recupera as faculdades”, acrescenta. “Sou padrinho de dezenas destes enfermos. Não me importa sua pele putrefata. O senhor teria que ver com que humildade meus médicos tratam deles.” Aldo Trento diz experimentar uma “dor imensa” pela história de Eluana Englaro: “É como se me dissessem: agora levaremos embora seus filhos enfermos”. Para o missionário, “o homem não pode se reduzir à questão química”. “Como pode o presidente da República oferecer-me uma estrela à solidariedade no mundo? Assim que recebi a estrela, eu a levei à embaixada italiana no Paraguai”. “Aqui o racionalismo cai, deixando espaço ao niilismo – comenta. Dizem-nos que uma mulher ainda viva já estaria praticamente morta. Mas então é absurdo também o cemitério e o culto à imortalidade que animam a nossa civilização.” Fonte: Zenit

A italiana Eluana Englaro morreu no dia 09 de fevereiro último. Ela estava em coma vegetativo desde 1992, quando sofreu um acidente de carro. O pai obteve o direito de interromper a alimentação e a hidratação da filha com uma decisão definitiva da Justiça italiana, divulgada em 13 de novembro de 2008. www.edicoesshalom.com.br

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assunto do mês

Homem: Um vocacionado à

Ressurreição Que tipo de visão você tem acerca do seu próprio fim? Qual é o seu ponto de chegada? Qual é a sua opinião sobre a vida da pessoa humana? Será que você estaria de acordo com aquelas equivocadas correntes materialistas que proclamam a “morte de Deus” e a inexistência de um destino divino para o homem? Ou será que você realmente se dá conta de que há muito mais para o ser humano para além de sua vida mortal? Você afirma, em cada Credo rezado, com uma plena convicção cristã, que concorda com “a ressurreição da carne e a vida eterna”? Cristiano Pinheiro Missionário da Com. Católica Shalom em Fortaleza/CE

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ndando na contramão das mentalidades secularizadas de nossos tempos, a Igreja, porta-voz do Evangelho de Cristo, continua a gritar para o coração do homem que ele é amado por Deus, que sua existência não é uma “brincadeira” à mercê das confusões do mundo e do pecado. A verdade e o bem da vida humana – e tudo o que inclui sua plena realização em um autêntico fim – possui um altíssimo valor aos olhos de Deus, e é isto o que continua motivando a Igreja a não se conformar com as muitas mentalidades enganosas que têm envenenado tantos homens e mulheres, furtandoos de alcançar e vivenciar sua verdadeira grandeza e dignidade enquanto filhos amados de Deus. Os pensamentos ateístas dos tempos hodiernos têm sugestionado a extinção de Deus e, consequentemente, a extinção da própria verdade sobre o homem: a verdade de sua liberdade, sua espiritualidade, sua sede de absoluto, de infinitude. Contudo, negar ao homem a sua esperança de imortalidade seria trair a própria verdade inscrita no coração de sua existência. A Palavra de Deus admite que o Eterno nos criou à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1,27), trazemos portanto os seus traços de eternidade em nós. Somos tão repletos do “para sempre” de Deus que se torna completamente contraditório supor qualquer explicação da humanidade a partir de um prisma cético, que

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não considera ou até mesmo discorda da capacidade de transcendência que cada um de nós tem como “semelhança de Deus”. Sim, nós temos um coração que anseia pelo que não passa, e isto é a verdade acerca do nosso existir! “Fizeste-nos para ti, Senhor, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousar em ti.1” Criado por Deus, é para Ele que o homem deseja retornar: sua origem e fim último. Mesmo que esta dimensão possa aparecer como algo “refutável” aos olhos de alguns, que muitas vezes ostentam o título de “pensadores”, temos por outro lado o testemunho de muitos – santos, mártires, teólogos, a voz de nossa própria consciência, nossas próprias impressões mais profundas que nos atestam que há Deus, a força que nos vem da Bíblia, ao mesmo tempo Palavra e Testemunha ocular de Deus e dos seus feitos, a Liturgia – que reforçam a versão verdadeira da aventura humana, colocando-a à luz da Revelação, do mistério do Amor apaixonado e “ciumento” de Deus por nós homens. Em algumas poucas palavras, a Constituição Pastoral Gaudium et Spes nos leva a perceber a visão que a Igreja tem sobre a vida humana e do grandioso fim ao qual ela se destina: “A Igreja crê que Cristo, morto e ressuscitado por todos, dá sempre ao homem, mediante o seu Espírito, luz e força para corresponder à sua vocação suprema; e nem foi dado aos homens na terra um outro nome por meio do qual possam salvar-se. Crê igualmente poder encontrar em seu Senhor e Mestre a chave, o centro e o fim do homem, como também de toda a história humana.2”


Os pensamentos ateístas dos tempos hodiernos têm sugestionado a extinção de Deus e, consequentemente, a extinção da própria verdade sobre o homem: a verdade de sua liberdade, sua espiritualidade, sua sede de absoluto, de infinitude.

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Cristo é a vida do homem Alargando nossa compreensão daquele desejo de eternidade que possuímos, nossa “vocação suprema”, podemos afirmar, unidos à voz da Igreja, que “Cristo é a vida do homem!” Cristo é o destino do homem! Cristo é o vértice de nossa existência, Aquele a quem tudo se remete. Distante de Cristo, o homem não se realiza de verdade, não se plenifica. O Filho de Deus é a chave de leitura que a humanidade tem para interpretar e conduzir a caminhada de sua própria história. A dinâmica pascal da vida de Jesus – morte e ressurreição – é o mistério mais real e profundo inscrito na vida de toda e qualquer pessoa humana que, salva por Cristo na Cruz do Calvário, pode com Ele ressuscitar. É o que nos afirma, em outras palavras, a segunda carta de São Paulo a Timóteo: “Se morremos com ele, com ele viveremos” (2Tm 2,11). Ressuscitar com Cristo: eis o nosso fim! A verdade do ser humano está indicada na própria vida de Jesus Cristo que “revela plenamente o homem ao homem. 3” Todas as pessoas do mundo foram salvas por

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Jesus Cristo, tanto as que o sabem como as que ainda o ignoram. Além de termos sido salvos por Ele, libertos do pecado e da morte por sua Paixão e Morte, encontramos nele o mistério de nossa própria vida, o “como” devemos viver, o “para quê” devemos viver, o “por quê” vivemos. Cristo é “o Homem” que veio dar sentido à vida de cada pessoa, revelando o fim divino ao qual todos nós somos chamados por Deus a alcançar. O Verbo veio viver entre os homens tanto para que estes possam encontrar nele o modelo, como para realizar em meio aos homens – e para os homens – o caminho pascal que leva à plenitude da salvação. Cruz e Ressurreição: caminho de Cristo e caminho do homem. A via do Filho de Deus é o percurso de felicidade que todos os homens têm buscado, mas que não têm encontrado, pois o procuram equivocadamente fora de Cristo. Por mais que se fadiguem em suas buscas, não acharão vida em abundância se permanecerem distantes do Deus-Amor. No contexto hedonista, consumista e individualista que tem circundado

Somos tão repletos do “para sempre” de Deus que se torna completamente contraditório supor qualquer explicação da humanidade a partir de um prisma cético, que não considera ou até mesmo discorda da capacidade de transcendência que cada um de nós tem como “semelhança de Deus”. o coração humano, a morte é uma realidade evidente; uma morte sem perspectiva de ressurreição: morte total, destruição total. O pecado tem sugerido ao homem uma vida egoísta, baseada no princípio de um prazer utilitarista, sem vínculos com o amor e com a verdade. Alicerçados sobre a base frágil do pecado, tantos são aqueles que se perdem em um total vazio existencial, recebendo como paga a própria morte. Escola de Amor Em Jesus, por outro lado, também nos deparamos com uma morte a enfrentar. Entretanto, a morte, à luz do mistério de Cristo é Salvação, é uma escola de Amor. Cristo, o Inocente, sofreu e morreu em nosso lugar para que nos fossem abertas as portas da Eternidade, aquela pela qual aspiramos, mas que não nos seria acessível sem a oferta de Jesus. Esta morte é bendita, pois é amor; e é o amor que “cobre uma multidão de pecados” (1Pd 4,8).


Ao viver uma “morte meio do mundo, como ...podemos afirmar, unidos à voz sinal daquela vida eterna para si”, à luz da morte da Igreja, que “Cristo é a vida do na qual cremos e na qual de Jesus, em uma heroica homem!” Cristo é o destino do esperamos, fazendo desvitória sobre os princípios homem! Cristo é o vértice de nossa pertar das trevas da morte egoístas de hoje, a pessoa os que ainda não creem. existência, Aquele a quem tudo humana abre espaço à Vida ressuscitada é, sem realização do Amor na se remete. Distante de Cristo, o dúvida, a vida futura, aquela própria vida, tornando-se homem não se realiza de verdade, que teremos no Céu, mas é assim partícipe do mistério não se plenifica. também, de algum modo, pascal do Ressuscitado. aquela que desde já se conAmando extremamente, verte no anúncio de que Jesus conheceu uma morte, mas citou não há mais razão para se Jesus é real e é a vida do homem. A esta não se encerrou sobre si mes- aventurar em veredas de morte; o ma; transformou-se em prólogo da caminho da Vida já nos foi aberto, vida ressuscitada ainda neste mundo Ressurreição, da vida feliz e sem fim basta olharmos para Aquele que é aquela dos homens e mulheres que que o Evangelho garante a quem nos amou e desejarmos fazer de passam pela Páscoa com uma viva seguir o Mestre. Sim, Ele é Mestre, nossa própria vida também uma ânsia de dar de graça o amor que sobretudo Mestre daquela Carida- Páscoa: um lugar de amor, de mor- receberam de graça. Vida ressuscitade que realiza a vida, abrindo ca- te para si, de ressurreição. Morrer da é ser profecia viva que proclama minhos de ressurreição e plenitude para as “mortes de pecado” a fim de de forma criativa e alegre a grande verdade do Amor de Deus. para o homem que quiser, com Ele, ressurgir para uma vida santa. 4 Não é verdade que a vida do “morrer de amor ”. É isto que Jesus Nosso fim é uma vida ressuspromete a quem entra na via do citada: uma vida na glória, eterna. homem se encerra na morte, que amor: “Sereis felizes” (cf. Jo 13,17). Quando nos damos conta de que seu destino é matéria, que seu fim Ao falarmos de “morte por amor” é este mundo passará, enche-nos de é medíocre. Temos vocação à plecomo se estivéssemos evidenciando alegria e esperança saber que a vida nitude! Os homens e mulheres que o compêndio da mais pura via do ressuscitada é infinita, que Deus vivem como ressuscitados apontam Evangelho: a que ensina o amor a nos reserva um viver sem fim, sem para todos o mais radical caminho Deus e ao próximo – ao ponto de dor, sem lágrimas, só Amor, tudo de felicidade que a humanidade pode dar a vida pelo irmão – como as Amor, porque “Deus é amor” e trilhar: o caminho que tende a Deus; mais excelentes estradas que levam a vida ressuscitada é a vida com Deus que é Realidade e Eternidade, à santidade, ou seja, à felicidade. Ele, “dentro” dele. Já aqui, nesta nossa meta. Estes “ressuscitados a No Cenáculo, o Ressuscitado vida, podemos viver como “filhos” caminho”, cheios de fé e esperança, que passou pela Cruz deu a sua da ressurreição de Cristo, em uma cantam com confiança o triunfo do Paz, o seu Espírito, aos apósto- ininterrupta dinâmica de caridade Deus-Amor: “A morte foi aniquilada los – à Igreja – e os enviou. Jesus que transforma em Páscoa todas as definitivamente. Onde está, ó morte, Ressuscitado, transmitindo a força realidades ao nosso redor. Trans- tua vitória?” (1Cor 15,54-55). de sua ressurreição através de seus formar em Páscoa é transformar Notas: discípulos, destinou a todos nós a em Amor aquilo que ainda não é 1. Santo Agostinho, Confissões. graça de uma vida nova, ressusci- amor; é ser sinal da ressurreição 2. Gaudium et Spes, n. 10. Idem n. 22. tada, não mais escrava das amarras de Cristo, ser alegria, ser evange- 3. 4. Expressão usual de Santa Teresinha do Medo mundo. Porque Cristo ressus- lização, ser paz, ser caridade no nino Jesus.

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papo jovem

Jovens, também fomos criados para os Altares Eliana Gomes de Lima Missionária da Com. Católica Shalom em Fortaleza/CE

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iante de mais um dia 17, fazendo memória da Páscoa do Ronaldo, desse irmão tão querido, que tanto nos ensinou com sua vida e mais ainda com sua Páscoa, deixandonos aos 24 anos, em fevereiro de 1995, é impossível não lançar o nosso olhar para o Céu. É impossível não lembrar que o Céu é nosso lugar, como também

acreditar que para o Céu existe uma Porta, sim, uma Porta do Céu – Maria. O acidente de carro fatídico que levou o Ronaldo à morte, longe de ser para nós um momento de desespero vazio e sem eloquência, tornou-se momento de maturidade e fecundidade espiritual. Aliás, deixou de ser momento, um instante no tempo, para entrar no que chamamos de eternidade. Tantas coisas aprendemos com sua vida e com sua Páscoa. Sim! Não foi assim também com Cristo, tornando-se dessa forma caminho

Modelo para os jovens

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afael Arnáiz Barón nasceu em Burgos, na Espanha, em 9 de abril de 1911. Foi o primeiro de quatro filhos de uma família profundamente católica. Em 1930, passou férias na casa de seus tios, Leopoldo e Maria, o Duque e a Duquesa de Maqueda, em sua residência perto de Ávila. Essas férias foram marcadas por uma profunda amizade espiritual entre o sobrinho e os seus tios. Neste mesmo ano Rafael fez o seu primeiro contato com o Mosteiro

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Trapista de San Isidoro de Dueñas. Era setembro de 1930. Ele foi seduzido pela beleza silenciosa do mosteiro e contagiado pelas melodias da Salve Regina em Compline. Estudava Arquitetura em Madri quando, três anos mais tarde, depois de terminar seus estudos arquitetônicos, sentiu-se profundamente chamado por Deus. Renunciou ao brilhante futuro que lhe era oferecido e ingressou como postulante no Mosteiro Cisterciense de San Isidoro de Dueñas, em Palencia, no dia 15 de janeiro

para todos aqueles que por Ele se decidem com radicalidade? Com sua vida Ronaldo sempre nos apontava o Cordeiro de Deus. Lembro-me perfeitamente do seu sorriso, do seu caderninho de anotações, do seu olhar grande e fixo, quando queria algo de nós, ou mesmo de quando conseguia ver em nós ou em alguma situação, algo além que não havíamos percebido. Aquele olhar de pastor, aquela voz sempre a dizer a nós, jovens: “Vamos que vai dar certo!” São lembranças, vozes e situações que permanecem para sempre em de 1934, convencido de que esta era a sua verdadeira vocação. Tinha uma grande humildade e um bom humor que contagiava as pessoas que estavam ao seu redor. Sua fama de santidade se estendeu rapidamente. Seus numerosos escritos eram de uma profundidade espiritual realmente sublime, fazendo com que até hoje sejam acolhidos e pedidos por toda parte. Entrou no mosteiro levando nada consigo, exceto um coração cheio de alegria e do amor de Deus. Ali se entregou com grande generosidade a Deus na vida monástica, a qual amava de modo especial. No entanto, em pouco tempo, quatro meses depois da sua entrada no mosteiro, um implacável e violento processo de sacarina diabetes surge. Por esse motivo foi forçado a descansar em casa sucessivas vezes entre os anos de 1935 e 1937. Entretanto, logo ao


Diante de mais um dia 17, fazendo memória da Páscoa do Ronaldo, desse irmão tão querido, que tanto nos ensinou com sua vida e mais ainda com sua Páscoa, deixando-nos aos 24 anos, em fevereiro de 1995, é impossível não lançar o nosso olhar para o Céu. nossas mentes e corações. Olhar para sua vida é lembrar para o que fui criada, lembrar das coisas que nunca passam, lembrar da alegria de uma vida ofertada... Porém, fico cada vez mais perplexa diante de todo esforço que o mundo faz para extinguir ou ridicularizar a palavra santidade. Chegar, hoje, em uma roda de jovens e falar de santidade, parece ser coisa do passado, “história dos meus avós” ou, no mínimo, um babaca querendo tirar onda da cara do pessoal. Santidade, porém, longe de ser extinta é uma ação constante

do Espírito no meio de nós. É algo grandioso, radical... Radical, isso mesmo, diante de tantas propostas de radicalidade que o mundo nos apresenta, que desafiam e colocam em risco nossas vidas, somos chamados a uma radicalidade diferente. Uma radicalidade que longe de desafiar a vida ou colocá-la em risco, gera vida, abundante vida, plena vida, vida eterna. Por isso, diante da enorme quantidade de propostas de esportes radicais que nos são apresenta-

sinal de uma pequena melhora retornava ao mosteiro Apesar do curto espaço de tempo de sua experiência monástica, Rafael encarna a graça cisterciense de forma notavelmente pura e intensa. Um mistério, já que precisa deslocar-se tantas vezes. Tudo isso constituiu o crisol do seu caminho de fé. Sua doença elevou seu espírito às alturas, levando-o a se apaixonar sempre mais por Cristo e a segui-Lo fielmente, “agarrado” a sua cruz com muito amor e carinho; cruz essa que considerava tudo no caminho para Deus. O Deus de Rafael, seu Cristo, deixa de ser seu objeto de estudo, para ser o Amigo, o Companheiro de uma experiência vivida. A humilhação é a sua companheira constante até que ele chegue à verdadeira vida dos votos,

que fica do outro lado da morte. Sua existência foi arrebatada quando tinha somente 27 anos, no dia 26 de abril de 1938. O Papa João Paulo II o propôs como modelo para os jovens de todo o mundo em 19 de agosto de 1989, em Santiago de Compostela, e o proclamou Beato em 27 de setembro de 1992. Em 7 de dezembro último, o Papa Bento XVI aprovou o milagre que levará o irmão Rafael Arnáiz aos altares. Seu único desejo era viver para amar. Desejou Deus vivo! Desejou ardentemente a Jesus, a Maria, a cruz, a Igreja e sua Comunidade Trapista. Biblografia: – Estudos e traduções do Beato Rafael’s escritos ea espiritualidade estão começando a aparecer em Inglês. Veja a série de apresentações e traduções pela tarde Juanita Colón, OCSO, em Cistercian Studies Quarterly, 33 (1998) pp.61-79; 34 (1999) pp.29-52; 35 (2000) pp.77-91. – María Gonzalo Fernández, El Beato Hermano Rafael: Biografía espiritual (Palencia, Abadía

das e de vídeogames que instigam aventura e perigo, convido você a experimentar um caminho novo, com muitas aventuras (garanto!), mas com total segurança e garantia de felicidade: o caminho da radicalidade ao Evangelho, ou seja, o caminho da santidade. Muitos percorreram e outros ainda percorrem este caminho. E você? Está disposto a percorrê-lo?

Oração Ó Deus, que fizestes do Beato Rafael um discípulo preclaro na ciência da Cruz de Cristo, concedei-nos que, por seu exemplo e intercessão, vos amemos acima de todas as coisas e, seguindo o caminho da Cruz com o coração dilatado, consigamos participar da alegria pascal. Por Cristo nosso Senhor. Amém. Cisterciense de San Isidoro de Dueñas 1993 2). – Antonio M ª Martín Fernández-Gallardo, El deseo de Dios y la ciencia de la Cruz: Aproximación a la experiencia religiosa del Hermano Rafael (Bilbau, Desclée 1996). www.edicoesshalom.com.br

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ARTE E ESPIRITUALIDADE

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Ressurreição

A Vitória da Luz A obra de arte que vamos contemplar desta vez é “A Ressurreição” de Mathis Grünewald (1480-1528), um mestre da pintura alemã, que a executou entre 1512 e 1516 com outras pinturas no altar de Isenheim. O referencial bíblico é João 20, mas também todo o evangelho de João no que se refere à Luz. Cassiano Rocha Azevedo Missionário da Com. Católica Shalom em Fortaleza/CE

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rünewald representa a Ressurreição de Cristo como uma explosão de luz em meio às densas trevas. “Deus é luz e nele não há treva alguma” (1Jo 1,5b). Muita luz cega. Eis porque também Jesus escreveu em parábolas. Pouca luz vai dando o entendimento gradual do Reino. Na Ressurreição não foi assim. Mas uma explosão da vitória do Amor sobre o ódio, pois “o Amor é mais forte que a morte e ninguém poderá destruí-lo” (Ct 8,6ss). O amor jamais passará, Ele é uma pessoa, que é a Felicidade. É o filho de Deus, é a Beleza... Como diz Dostoievski: “A Beleza salvará o mundo”. A Beleza (khalos) para os antigos equivale à Bondade, à Justiça e à Verdade. É Cristo vencendo a morte. “... A Luz brilha nas trevas e as trevas não a compreenderam” ( Jo 1,4). A Luz do Ressuscitado me faz descobrir o íntimo egoísmo

que me conduz a encontrar no outro somente o que me agrada, a fotocópia de mim mesmo. A Luz faz-me deixar o Espírito Santo trazer os conflitos interiores à superfície, a dar nome aos sentimentos, identificando o ponto fraco, fortalecendo a decisão de mudar para uma vida mais coerente de seguimento a Cristo.

Um desembainha a espada, mas cai por terra como cego, outro ao fundo, se joga com a face no chão, não suportando a violência da Luz; o terceiro dá as costas ao sepulcro, procurando esconder a cabeça.

“O verbo era a verdadeira Luz que vindo ao mundo, ilumina todo homem” ( Jo 1,9). A graça de Deus não substitui a nossa liberdade; por isso é preciso humildade para permitir que o Espírito Santo traga à Luz, a parte menos saudável de nós, menos livre, o que me impede de colher a beleza do ideal, www.edicoesshalom.com.br

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da vocação para que eu escolha livremente o que é Justo, Bom e Verdadeiro. E esta Luz não nos levará ao desespero pois é a Luz de quem venceu, de quem é kadosh (Santo) três vezes, numa dimensão eterna. O encontro da Shekiná (glória de Deus) com Ezequiel, o Apóstolo João e os guardas do sepulcro, os fazem tombar diante da Puríssima Luz, como tombaríamos todos nós, pois só os puros verão a Deus. Nenhum ser vivente soube a hora da vitória em que Cristo, o Cordeiro de Deus Imolado venceu a morte como o Leão de Judá. Numa extraordinária manifestação luminosa, explodindo em uma exaltação de Glória, deslocando a Cristo num único evento é laje do sepulrepresentado nas manifestações cro e derrubanque deu de sua divindade, não do por terra os nos milagres, mas na essência três guardas de seu SER: na Transfiguração, que procuram proteger-se do Ressurreição e Ascensão. intenso clarão. Um desembainha a espada, mas cai por terra como cego, outro ao fundo, se joga com a face no chão, não suportando a violência da Luz; o terceiro dá as costas ao sepulcro, procurando esconder a cabeça. Nesta deflagração luminosa sai da tumba um nimbo intenso de luz em seu fulgor. Cristo sobe num Corpo humano glorioso emanando um clarão de luz formando uma grande auréola de três cores que se fundem entre si aludindo ao mistério da Trindade. A obra de arte do mestre alemão é de tal elevada potência visionária que também Dante Alighieri havia expresso na mesma terminologia no seu III Canto do Paraíso na

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Divina Comédia: “Na profunda e clara essência/ do Alto Lume, apareceram-me três círculos/ de três diversas cores e da mesma dimensão”. Grünewald como Dante tenta aludir ao mistério da Trindade – que Cristo ressuscitando confirma – representando três auréolas. Elas se fundem numa e noutra e se tornam assim uma essência única na qual é contida a divindade, a “Luz Eterna”, como a define Dante e que o artista alemão exprime pintando uma extraordinária figura de Cristo ao centro do clarão luminoso. Cristo num único evento é representado nas manifestações que deu de sua divindade, não nos milagres, mas na essência de seu SER: na Transfiguração, Ressurreição e Ascensão. Emana luz de sua essência espiritual e esplêndida da qual Ele é origem e fonte. Jesus emerge esplendorosamente na escuridão intensa da noite como Verdade que rompe e vence as trevas do mal. Toda a luz é irradiada do seu corpo. O evento é considerado como um irromper de energia sobrenatural; a mesma que estudos recentes levaram em consideração para explicar o mistério da impressão do corpo de Cristo no santo sudário, onde a luz saiu de seu próprio Corpo, tal qual na pintura de Grünewald. O Espírito Santo rompe a laje do sepulcro, eleva Cristo e arrasta o sudário que envolve o seu Corpo num turbilhão em um cromatismo que vai do branco (pureza) ao azul (sua divindade) e depois ao vermelho (sua humanidade) que se dilui no dourado da luz (Santidade). É o mesmo Espírito que arrasta as imundícies de nossos porões à Luz da Verdade e Caridade nos santificando.


Ressuscitado, Cristo mostra as chagas gloriosas das mãos e pés atravessados pelos pregos e a do lado atravessado pela lança, a necessária paixão e morte vencidas, no entanto, pela Ressurreição. Nenhuma força é maior que o Amor: eis o que dizem as chagas gloriosas, portadoras de Esperança para uma humanidade depressiva, sem Fé e sentido de vida. Somos convidados a enxergar as nossas dores, inseridas na Paixão de Cristo através da perspectiva da Ressurreição, ou seja, a ver todas as coisas recapituladas, acabadas, vitoriosas.

É isto o que rosto de Cristo transmite: o Shalom; a Paz da Fé: ver tudo transfigurado em Cristo Jesus. O seu rosto é pintado de uma maneira única: a luz é tão intensa que não se consegue enxergar um contorno no seu rosto que é fundido na claridade. Ele é o Esplendor da Verdade. Esta perspectiva é muito cara para a vocação Shalom em que escolhidos fomos porque somos os menores, os piores. Não só pelo que fomos no passado ou seríamos no futuro, se não fosse a graça de Deus. A minha “pioridade” se manifesta também pelo fato de deixar a sua Luz iluminar a minha impiedade, experimentando a justificação que vem não das minhas

Jesus emerge esplendorosamente na escuridão intensa da noite como Verdade que rompe e vence as trevas do mal. obras, mas das chagas que causei no corpo de Cristo e que agora estão gloriosas. É esta experiência que me leva a evangelizar com ardor, parresia e fazer disso o meu sentido de vida. “Eu sou a luz do mundo. Aquele que vem em meu seguimento não andará nas trevas, ele terá a luz que conduz à vida” ( Jo 8,12). Dá-me ó Pai, a graça de saciar meu desejo de felicidade contemplando a face gloriosa de teu Filho, deixando que teu Espírito revele e justifique constantemente o meu pecado para que permanecendo na Verdade, te ame e te agrade. Amém. Baseado no comentário de Fabio Niki

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especial

10 anos da Casa Contemplativa

Fornalha do meu coração...

Nessa celebração dos 10 anos de fundação da Casa Contemplativa, erguemos a Deus nosso louvor por ter nos escolhido para essa missão de sermos íntimos do seu coração em favor de tantos, em favor da Igreja e da humanidade. Paula Pedrosa Missionária da Com. Católica Shalom em Santo Amaro/SP

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undada em 18 de dezembro de 1988, a Casa Contemplativa traz como missão principal a ador ação a Jesus Eucarístico. Toda a nossa vida

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aqui gira ao redor desse objetivo. Intercalamo-nos na adoração ao longo do dia, e diariamente às 15 horas, a hora da Misericórdia, reunimo-nos para a intercessão por todos os pedidos colocados sobre o altar do Senhor. Entregamos a Deus estes mesmos pedidos em oração, oferecendo também nossos pequenos sacrifícios cotidianos

em expiação por todos os que não creem, pela humanidade que sofre à espera do anúncio da Paz. Rezamos por todas as intenções a nós confiadas. Fazemos vigília semanal, onde Jesus é adorado ininterruptamente. Todas as nossas ações são diante dele: Laudes, Oração pessoal, Lectio Divina, Oração das três, Véspe-


ras, Completas, Vigília... e, assim, vamos amando Jesus e deixando que Ele nos ame... Assim vamos unindo a nossa vida a vida dele... Assim vamos sendo purificados, como ouro provados no fogo, na fornalha do amor. Mistério de união com Jesus, na pequenez dos nossos trabalhos, no varrer o chão, no lavar o banheiro, no cozinhar, no acolhimento de quem chega para retirar-se de um mundo metralhado de barulho, buscando encontrar aqui o silêncio. Unidos a Jesus vamos vivendo o cotidiano num autêntico e vivo extraordinário amor... pois é Ele quem nos inflama, nos move, nos transforma lentamente, dia após dia, nos configurando nele mesmo. Aqui aprendemos a viver o abandono: deixar que Deus se dê a mim sem que eu precise fazer nada, na pobreza de deixar-se amar e cuidar, como uma criança pequenina no seio materno, ficar quieto, deixar-se contemplar por Deus, Ele me vê o tempo todo, é Ele quem me olha... Ele vê, eu não vejo, Ele sabe, eu não sei. Ele é santo, eu não sou. Ele é tudo. Eu não sou nada. Entendendo isso vemos que a contemplação não é uma aquisição de esforços nossos, mas uma graça. Contemplar a Deus é ser contemplado por Deus... Vivemos este mistério aqui todos os dias. Na medida em que, sem medo, nos lançamos dentro do fogo abrindo mão de nossas resistências, expondo as nossas feridas, nos abaixando e, sobretudo, amando, vamos nos tornando um com o Senhor, nos fundindo nele para incandescer o seu amor, o rosto da Paz, do carisma da Paz. Que altíssimo chamado temos nós, missionários da Casa Contemplativa, é um grande privilégio! E quantas lutas... Todos os que passaram por esta Casa, sabe que

Profecia fundante: “Eu escoCentro de Espiritualid lhi vocês para viverem ade: no meio A casa contem plativa é também do meu fogo. Eu vos esc olhi para um Centro de Espiritualidade, é viverem no meio da for nalha do ministrado cursos de formação meu coração. Eu vos escolh i para vi- hu m an a at ra vé s do Ca mi nh o verem na intimidade do me u amor. Ordo Amoris. O amor que queima sem consumir Local de Retiro: São mu e que consome dando a itas vida.” as pessoas que vêem de Situada: Na diocese de to da s as Santo partes para pa rticiparem desses Amaro, na capital paulista . en co nt ro s, ne les é mi Da ta da Fu nd aç ão : nis tra do 18 de aconselhament os e direcionadezembro de 1988. mentos, junto a esses Missão: Adoração ininte cursos é rrupta também é acolh ido várias expresao Santíssimo Sacrame nto, em sões da Igreja de Santo Amaro intercessão por toda Ob ra, pela e dioceses viz inh as, para aqui Igreja e intenções do Santo padre, realizarem seus retiros. como também por todas as pesCo lu na s da Ca sa Co nt soas que recorrem à casa emcontem- plativa: Oraç ão, intercessão e plativa em busca de interc essão e acolhimento. socorro espiritual. E, o ac olhimenMi sté rio : Fu nd ad a so to dos irmãos da Comunid br e o ade que fo go, o m ist ér io da ca sa co nne ce ssi ta m de re vig or am ento templativa é o Coração de Jesus. espiritual, humano e vo cacional. Seu coração aberto é a fornalha Co m o ta m bé m , ac ol he m os e ardente da ca ridade, da paz, da servimos sacerdotes e rel igiosos, misericórdia infi nita. sendo para esses instrume ntos da caridade de Cristo.

aqui se vive uma ordem interior, é como se tudo estivesse disperso e aos poucos fosse se unindo, graça da contemplação e do combate nas lutas contra o cansaço, o sono e a dispersão... Aqui não temos mais que alcançar Deus, é Ele que nos alcança. É preciso ir além do deserto, fazer como Moisés, ele não sabia onde era a terra prometida, Deus não deu a ele um mapa, Moisés foi crendo guiado pela nuvem, pela

coluna de fogo. Foi amando, crendo, esperando na concretude da vida, sem romantismo algum. É este amor provado e comprovado que experienciamos nesta casa que, aos poucos, vai deixando de ser um lugar para tornar-nos “O Lugar” para que, assim nós o manifestemos. O reflexo da intimidade de Moisés com Deus, refletia em seu rosto... seu rosto brilhava de tal forma, que as pessoas nem conseguiam olhar.

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O rosto mostra o que está acontecendo dentro de nós, então, o que Moisés via acontecer fora de si, na sarça ardente, acontecia agora dentro dele. Ele deixou de ver o lugar para ser o lugar. É isso o que Deus vai realizando em nós nesta casa. É um mistério real, o qual nós fazemos experiência orando, intercedendo, acolhendo e amando. Pela oração, pela vida silenciosa e escondida, próprias da casa contemplativa, adentramos o mistério do Corpo de Cristo, sendo assim ministros de reconciliação do homem com Deus, consigo mesmo e com os outros homens. A oração é um serviço que prestamos à Igreja e à humanidade através da adoração a Jesus Sacramentado. Nessa celebração dos 10 anos de fundação da Casa Contemplativa, erguemos a Deus nosso louvor por ter nos escolhido para essa missão de sermos íntimos do seu coração em favor de tantos, em favor da Igreja e da humanidade. Agradecemos a Deus por todos os irmãos que passaram por essa casa, os irmãos da primeira hora que viveram os desafios e as graças próprias de toda fundação, os irmãos

O Senhor realizou em mim

maravilhas

Cheguei em São Paulo, em 30 de março de 1999, três meses depois da fundação da casa contemplativa, vivi ainda os tempos da fundação como noviça de segundo ano. Aqui fui sendo gerada no seio eucarístico de Jesus. Aqui fui sendo reconciliada com a minha história. Aqui me consagrei, fui crescendo na experiência do carisma e no amor esponsal, no amor a Nossa Senhora e na radicalidade na vivência do carisma. Aqui discerni meu estado de vida e descobri minha missão pessoal. Na contemplação do Ressuscitado, tenho amado a Igreja e a humanidade, me sacrificando por eles, dando sentido à minha entrega.

Joselina Batista Raiol Missionária da Com. Shalom

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“Sê firme e corajoso. O Senhor está contigo em qualquer parte onde fores.” Jos 1,9

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Aqui tenho sido completamente feliz e realizada, aqui encontrei meu lugar, encontrei meu lar, no lado aberto do coração de Jesus. A cada dia tenho procurado recolher do coração eucarístico de Jesus, através da adoração, os segredos da verdadeira paz e tenho aprendido que apenas uma coisa vale a pena: conhecer e aderir à vontade de Deus! Minha gratidão a Deus, a Leonildes, Hosmilda, Elza, Angelúcia, Milene, Fátima Lima e todos os irmãos que passaram por essa casa e aqui deixaram suas marcas. Obrigado Jesus, você foi e continua sendo fiel. Joselina, filha de Deus, Shalom, celibatária e imensamente feliz!

Shalom Maná - Abril/2009

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Casa do

FOGO

Por graça de Deus que em seu imenso amor me elegeu, pude experimentar do grande privilégio de estar em missão na Casa Contemplativa por um período de nove anos. Ali é a casa do Fogo. O Fogo do Amor de Deus que me atingiu e me consumiu. Era assim que o Senhor nos fazia conhecer a missão daquela casa, era assim que víamos Deus nos formar, abrasando o nosso coração com seu ardente e apaixonado amor por cada um de nós. Um Deus apaixonado por toda a humanidade. Era também pela humanidade que nos consumíamos. Na intensa fornalha do Amor do Senhor, lançávamos a vida de cada um daqueles que buscavam a nossa intercessão. Aos poucos, a casa contemplativa tornou-se apoio, local de ajuda e de oração. Um suporte espiritual para muitos. Os pedidos de oração eram incontáveis, chegavam pela internet de vários lugares do Brasil e também do exterior. As nossas vigílias, o terço da misericórdia e a adoração ao Santíssimo Sacramento eram nossos refúgios de clamor ao Deus vivo que nos abria o seu Coração. Quantas vezes eu pensava: será que Deus está a nos escutar? Mas grande era a surpresa quando nos telefonavam para agradecer a graça alcançada. Bendigo ao Senhor Deus pelo seu Filho Jesus, que pela graça do Espírito me concedeu este presente porque hoje posso contemplar os frutos de uma grande obra que Deus realizou em minha vida. A Ele toda a glória e louvor. Amém! Elza Costa França Missionária da Com. Shalom

Esta casa de oração contínua é

nosso alicerce!

o

Queridos Irmãos, uma vida digna, po- mo s sus ten to, poi s Shalom! rém penitente. Logo esta casa de oração Estou escrevendo apr end i a con fiar contínua é o nosso com muita alegria, a min has int enç ões alicerce. Como toda respeito da Casa Con- pessoais e comuni- fonte, ela surge e pertemplativa, o que ela tárias “ao pes soal da ma nec e sile nci osa realizou em meu fa- contemplat iva”. Deus até que as mu itas vor nesses dez anos. sempre ouv ia. águas se juntem em Devo iniciar pela Em seg uid a, vi- rios caudaloso s que própria casa. Na pri- eram os vári os retiros dão frutos de vida e meira vez que aí esti- de formaçã o huma- de cura em todas as ve, fiquei impressio- na, todos imp ecáveis: épocas do ano, como nada com a virtude a limpeza, a comida vemos em Ezequiel e da vida que era vivida (delícia!), a pontuali- no Apocalipse. pel os prim eiro s ir- dade, a org anização. Louvo ao Senhor mãos. Em uma casa Tudo per feit o: refle- pelos dez anos dessa muito fria, muito sim- xo da vida espiritual casa, pedindo a Deus ples, necessitada de da comunidad e e de que nos dê out ros tudo, a capela ainda todos os que se dedi- centros contemplatiera muito singela. Era cam aos reti ros. vos em todos os conum dos “co ntrastes Meu último teste- tine nte s par a que , evangélicos” aquela munho é sob re aqui- pela adoração, virtucasa desnuda e a vida lo que nin gué m vê de, penitência, orados irm ãos pre en- na fonte, mas somen- ção, possamos atingir chida de virtude de te nos frutos. Sem a a todos os homens todos os tipos. Casa Contemplativa necessitados de Deus Ao s p o u co s, a a nossa evange liza- para melhor servir a casa foi se transfor- ção sim ple sm ent e Igreja nossa Mãe. ma ndo e ten do o não existiria , não daCom ale gria por ind isp ens áve l par a ria frutos, não tería- contemplar os frutos, Maria Emmir Oquendo Nogueira Co-Fundadora da Comunidade Cató lica Shalom

que aqui deixaram suas marcas de amor e serviço, também aqueles irmãos que foram instrumentos de Deus para melhor mergulharmos na missão e na vontade Deus para essa casa, entre esses nosso querido pai e Fundador Moysés e nossa mãe e Co-Fundadora Emmir Nogueira, que na primeira hora nos mostrou a beleza e grandeza de vivermos em meio a esse “fogo que queima sem consumir e que consome dando a vida.” Neste tempo, nós que somos a Casa Contemplativa – Josy, Rogério, Fernando, Alessandro, Paulinha, Fabiana, Elisângela, Malu, Daniela, Eunice, Sheila, Odaísa, Fábio, Analice, Edinilson, e Gabriel – damos graças a Deus pelos seus 10 anos de fundação. O nosso coração se enche de gratidão pela nossa missão de andarmos sem medo no profundo do coração dos homens, pela nossa oração e nossa oferta de vida cotidiana, instante a instante, no amor a Deus e aos irmãos. Que todos nós, família Shalom, celebremos este grande dom que é a Casa Contemplativa! www.edicoesshalom.com.br

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matrimônio

só família

Vencendo

as crises do

Até o matrimônio mais feliz está sujeito a crises, que precisam ser vistas como um fenômeno de crescimento do amor conjugal e não como razão para a separação. Um matrimônio cujos cônjuges jamais discordam é preocupante. Será que eles são iguais em tudo ou uma personalidade está se sobrepondo à outra, que por sua vez não se revela ao outro na sua verdade?

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Shalom Maná - Abril/2009

Ana Carla Bessa Missionária da Com. Católica Shalom em Fortaleza /CE

A

té o matrimônio mais feliz está sujeito a crises, que precisam ser vistas como um fenômeno de crescimento do amor conjugal e não como razão para a separação. Um matrimônio cujos cônjuges jamais discordam é preocupante. Será que eles são iguais em tudo ou uma personalidade está se sobrepondo à outra, que por sua vez não se revela ao outro na sua verdade? Uma passagem bíblica me faz lembrar os falsos relacionamentos, aqueles que precisam amadurecer, e cujo crescimento é às vezes bem doloroso: “Subirei contra um povo tranquilo e os tirarei de sua falsa paz”. E há uma passagem nos Escritos da Comunidade Shalom que, acredito, completa o ciclo que vai da falsa à autêntica paz matrimonial: “A verdadeira paz não vem dos homens, mas de Deus”. Dependendo de como será vivida, cada crise, mesmo a mais penosa, pode levar ao aprofundamento do amor entre os esposos e ao fortalecimento cada vez maior do matrimônio. Vamos refletir sobre isto?

Uma escolha livre Antes de tudo, talvez seja preciso compreendermos que o matrimônio não é “questão de sorte”, como alguns costumam dizer. Ele é fruto de uma escolha livre que cada um fez. É verdade que há esposos que se escolheram apressadamente e por razões pouco consistentes, mas nunca podemos esquecer que, através do Sacramento do Matrimônio, Deus nos concedeu uma graça da qual podemos lançar mão para que seja ratificada esta escolha e “aumentada” a semente da afeição que um dia tivemos um pelo outro. Esta semente, que nos moveu a subir ao altar, pode, pela graça de Deus, desabrochar e crescer como uma grande árvore cheia de frutos e frondosos galhos capazes de fazer sombra e “abrigar toda espécie de pássaros”, como diz o Livro do Profeta Isaías. Esta livre escolha não é uma “cruz” para se carregar pela vida como um “fardo”. A cruz do matrimônio vem de fora, do demônio e do pecado dos homens, como a cruz que Jesus um dia carregou por amor a nós. O nosso esposo ou esposa jamais é a “nossa cruz”. O demônio bem que gostaria que pensássemos assim... Mas se Jesus tivesse pensado assim nós nunca poderíamos ser salvos. A cruz pode vir


A cruz do matrimônio vem de fora, do demônio e do pecado dos homens, como a cruz que Jesus um dia carregou por amor a nós. O nosso esposo ou esposa jamais é a “nossa cruz”. O demônio bem que gostaria que pensássemos assim...

do pecado do outro, mas ela não é o outro. O outro é uma bênção, um presente de Deus na minha vida; o outro é um mistério, um desafio, o instrumento que eu preciso para chegar a Deus, felicidade suprema! Por isso, nos momentos de crise de nada adiantam as agressões, as lamentações ou revanches. Também de nada adianta culpar a famosa “incompatibilidade de gênios”, pois não existem pessoas absolutamente

iguais. Ao contrário de afastar, toda diferença pode ser ajustada, ao ponto de nos fazer funcionar como rodas dentadas de uma máquina, cuja força consiste justamente em se ajustarem nos pontos desiguais. Se alcançarmos isto, viveremos um amor vitorioso sobre nossos pecados e suas consequências, experimentaremos concretamente no matrimônio a vitória de Cristo, e a verdadeira paz será alcançada. www.edicoesshalom.com.br

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As crises financeiras, pelas quais passam os cônjuges, podem afetar seriamente a relação conjugal, se estes não buscarem em Deus a graça para resistir às suas consequências, e conservar a unidade.

A adaptação Um longo matrimônio pode vir a atravessar muitas crises. Uma delas é a crise na adaptação física e/ ou psicológica, que pode surgir no início do matrimônio e ser superada, entretanto pode ser camuflada por anos a fio, até que um dia exploda tragicamente. Cada um dos esposos traz para o matrimônio modelos às vezes muito fortes das relações entre os pais, de sonhos que por muito tempo alimentaram sua imaginação, mas que não correspondem à realidade. Pretender adaptar o outro a seus modelos ou ressentir-se com ele por isto é grande prova de imaturidade, e razão suficiente para orar sobre si mesmo ministrando a Palavra de Deus que diz: “Eis, desta vez, o osso dos meus ossos e a carne da minha carne!... Por isso o homem deixa seu pai e sua mãe para ligarse à sua mulher, e se tornam uma só carne” (Gn 2,23.24). As crises financeiras, pelas quais passam os cônjuges, podem afetar seriamente a relação conjugal, se

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Shalom Maná - Abril/2009

estes não buscarem em Deus a graça para resistir às suas consequências, e conservar a unidade. Neste momento, podem surgir acusações mútuas, sentimentos de inferioridade ou superioridade, e a falta do dinheiro pode se tornar o “bode expiatório” de ressentimentos antigos ou da preguiça de dialogar. Às vezes pensamos que a infidelidade começa quando um dos parceiros se entrega a uma “paixão”, mas ela pode começar bem antes, no coração, quando começamos a nos fechar em nós mesmos, analisando os erros um do outro e desnudando-o diante de terceiros. De nada adianta tal atitude que, além de “envenenar” o relacionamento, pode nos colocar na mão de falsos conselheiros, que infelizmente se alimentam e até se alegram em aumentar a divisão entre os dois. É claro que existem também aqueles que têm boa vontade em ajudar, mas não conseguem ver que neste tipo de confidências apenas um dos dois teve o direito de fa-

lar e na maioria das vezes trará somente suas “razões”, pois não consegue ver as do outro. Ocorreme um trecho do Evangelho que nesse momento se encaixa com perfeição para prevenir os arranhões diários que podem minar o amor dos esposos: “Por que reparas o cisco que há no olho do irmão, e não vês a trave que está no teu?” (Mt 7,1-5). Outra crise bem séria é a do envelhecimento das relações, a famosa “perda da novidade”, que pode acabar em infidelidade. Esquecidos de que todo ser humano será sempre um mistério e uma novidade, um ou ambos podem projetar seu próprio tédio interior no rosto do outro, e achar que vão reencontrar a alegria numa outra companhia. Não raro, depois de algum tempo o cônjuge que buscou uma nova aventura acabará se encontrando com seu próprio cansaço, e queira Deus que ainda haja como retornar, pois já terá envolvido muitos outros na sua decisão precipitada.


Permanecer fiel O que leva um casal, que foi capaz de enfrentar tantos desafios juntos, a desistir num momento que deveria ser o mais feliz e tranquilo de sua relação? Este, que seria o período da colheita, o tempo mais rico e precioso da vida conjugal, transforma-se tantas vezes em motivo de descaso ou implicâncias mútuas. O medo do envelhecimento, da morte corporal também pode gerar a falsa ilusão de que uma companhia mais jovem pode lhe trazer de volta os anos “perdidos” ou retardar um tempo tão precioso que é a terceira idade. Gostaria de colocar aqui o pensamento de uma mulher que viveu bem todas as fases da sua vida e certamente estava cheia de Deus quando o externou: “Acho que as diversas etapas de nossa vida temos que vivê-las alegremente na graça do Senhor. A velhice bem vivida é uma fonte de paz, já que temos passado a época de maiores trabalhos, restando-nos aguardar a vinda do Senhor para gozá-lo eternamente”. Contudo, o trágico disso é que, seja qual for o motivo da crise, tem ficado cada vez mais frequente a ideia de que o divórcio é a única solução para o problema, de modo que cada um possa “ir para o seu lado” como quem desfaz um acordo de negócios. É claro que quando a violência física, psicológica ou moral torna

um dos cônjuges um perigo para a saúde do outro e dos filhos, a separação pode ser o único meio de preservá-los, mas nunca podemos esquecer que ela é incapaz de gerar a quebra do vínculo matrimonial, pois o divórcio civil de nada adianta no plano religioso. Espiritualmente, ainda somos responsáveis um pelo outro até o dia da sua morte. E mesmo que o outro já não esteja disposto a uma reconciliação, será sempre digno do nosso perdão, do nosso respeito, das nossas orações, porque Jesus mereceu isto por ele na Cruz. Por isso, ao invés de desistir no meio da luta, vale a pena perseverar até o fim, ou, se por acaso ocorreu a separação, orar e esperar com paciência, pois ainda pode ser que um dia Deus nos conceda a graça de “casar pela segunda vez” com a mesma pessoa, o que será um gesto humano extraordinário. Este segundo casamento, obviamente não consiste nem requer repetição do rito matrimonial, nem o relacionamento do casal será repetitivo, porque um homem e uma mulher renovados estão ali, ainda mais lúcidos do que antes, dispostos a retomar sua unidade. Mas seu “novo casamento” se beneficiará da experiência adquirida antes para que o amor seja retomado onde houve a ruptura. O Evangelho de São João narra que Jesus ressuscitado apareceu

O que leva um casal, que foi capaz de enfrentar tantos desafios juntos, a desistir num momento que deveria ser o mais feliz e tranqüilo de sua relação? aos seus discípulos reunidos e proclamou: “A paz esteja convosco”. Vitorioso, cheio de poder, Cristo é a nossa paz, o Shalom do Pai, que vem estabelecer entre nós a paz verdadeira, não baseada em nossos desejos egoístas, nem em uma justiça meramente humana, nem na ausência de diferenças, porque esta paz seria uma ilusão. Por isso precisamos deixar que Ele pacifique a nossa confusão interior, a luta das nossas paixões, nosso egoísmo, e transforme nosso orgulho e vaidade em mansidão e humildade. O sacramento do Matrimônio traz consigo o remédio certo para este amor que deve crescer sempre: A oração e a Eucaristia, que trazem o Cristo vivo para dentro de nós, renovando estas graças e as multiplicando dia após dia. Que Jesus, nossa paz, renove ainda hoje em sua casa o amor familiar onde este necessitar ser renovado! Bibliografia consultada: Philippe, Marie-Dominique. No coração do Amor. São Paulo: Paulinas, 1997. Regras de Vida da Comunidade Católica Shalom.

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A VOZ DA IGREJA

A eficácia do

exemplo “O testemunho de uma vida verdadeiramente cristã, entregue às mãos de Deus, é o primeiro meio de evangelização. Será, pois, pelo seu comportamento, pela sua vida, que a Igreja há de, antes de mais nada, evangelizar este mundo.”

A Ouve-se repetir com frequência, hoje em dia, que esse nosso século tem sede de autenticidade.

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Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, sobre a “Evangelização” do Mundo Contemporâneo, se inclui entre os mais importantes documentos do Papa Paulo VI, datado de 8 de dezembro de 1975. Em seu número 41, ele trata da necessidade do exemplo como um válido e indispensável instrumento na difusão da Fé em nossa época. Há uma real exigência de autenticidade, particularmente no tempo de hoje. Diz o Santo Padre: “O testemunho de uma vida verdadeiramente cristã, entregue às mãos de Deus, é o primeiro meio de evangelização. Será, pois, pelo seu comportamento, pela sua vida, que a Igreja há de, antes de mais nada, evangelizar este mundo”. E no nº 76 volta a insistir como “condição essencial para eficácia profunda da pregação”, uma vida que reflita uma crença. Ouve-se repetir com frequência, hoje em dia, que esse nosso século tem sede de autenticidade. Esse ensinamento me vem à mente quando vejo lares, apresentados como modelares, que se desfazem; padres que realmente viviam um sacerdócio símbolo de consagração total, abandonarem-no. Em outras palavras, o escândalo vindo de onde não se esperava. Na verdade, a Igreja é santa e pecadora. O que possui de bom tem origem no Cristo, seu Fundador. As falhas, as deficiências, a desordem moral em seu interior, provêm de sua condição também humana. Essas sombras não devem causar admiração. Elas tiveram início ainda presente o Mestre e serão


Em uma sociedade permissiva vai às raias do heroísmo uma tomada de posição conforme a moral cristã. companheiras inseparáveis de nossa fragilidade, até o final dos tempos. Quando surgem no clero são, por isso, mais graves. Ao se manifestarem nos leigos, seu efeito demolidor pode ser aquilatado pela posição de evidência que eles gozavam como membros da comunidade cristã. A Sagrada Escritura nos fala dos cedros do Líbano que desabam. Destroem muito mais, em derredor, com a sua queda; pois eram considerados mais fortes. A reação humana contra essas fraquezas é justa, pois jamais falta a graça de Deus nas dificuldades. Assim, cada um responde pelo mal que provoca, pois abusou da liberdade que possuía. A satisfação pessoal pesou mais no prato da balança que os sofrimentos provocados em parentes, amigos, no corpo vivo do Senhor. Injusto, entretanto, é atribuir esses desastres à própria Instituição ou duvidar da sinceridade dos que lutam por seguir o Redentor. Somente os fracos se alegram com a derrota de outrem, vendo nisso uma oportunidade para justificar as próprias falhas. A verdade é que eles carecem de coragem para apresentar-se conforme as exigências do Evangelho, e tentam justificar-se com um lamentável fracasso. Aproveitam esses casos dolorosos para lançar o descrédito na multidão que permanece firme e fiel. Eles também jogam sua pedra, em forma de interpretações malévolas sobre a sinceridade de atitudes anteriores desses nossos irmãos que malograram. Por uma falta atual, não temos o direito de duvidar de sua integridade e retidão no serviço de Deus até o abandonarem, desfazendo compromissos assumidos com a Igreja. Em uma sociedade permissiva vai às raias do heroísmo uma tomada de posição conforme a moral cristã. Um convite que se recusa, uma visita que se nega, um gesto que se mede para não ser por outros interpretado como aceitação do mal. Tudo isto, exige uma têmpera que hoje escasseia. Por isso se pode perguntar a muitos que se proclamam católicos, se realmente fizeram verdadeira opção por sua Fé. Ela, se autêntica, repercute na própria vida e também no relacionamento social. Somente uma firmeza, erroneamente confundida com dureza, nos faz evitar atitudes antievangélicas, motivadas por razões humanas.

Viver o Evangelho não é fácil. Daí o perigo de um falso entusiasmo pelo Salvador sem igual correspondência de sentimentos por esta Igreja concreta, única, onde subsiste um Cristo real e salvífico. Ela possui diretrizes e normas que deverão ser incorporadas à nossa vida. Não nos esqueçamos que a felicidade que o Senhor nos veio trazer é fundamentalmente diversa da qual uma sociedade paganizada nos propõe. Os princípios expostos no Sermão da Montanha contradizem o que ouvimos no dia-a-dia. Hoje uma opção se impõe para que possa ser utilizado o nome de cristão, com dignidade. Esse testemunho de autenticidade é importante fator de eficácia em uma ação evangelizadora no mundo contemporâneo. A força da evangelização virá a encontrar-se muito diminuída se aqueles que anunciam o Evangelho estiverem divididos entre si, por toda a espécie de rupturas. Não residirá nisso uma das grandes adversidades da evangelização nos dias de hoje? Na realidade, se o Evangelho que nós apregoamos se apresenta vulnerado por querelas doutrinais, polarizações ideológicas, ou condenações recíprocas entre cristãos, ao capricho das suas maneiras de ver diferentes acerca de Cristo, da Igreja e mesmo por causa das suas concepções diversas da sociedade e das instituições humanas, como não haveriam aqueles a quem a nossa pregação se dirige vir a encontrar-se perturbados, desorientados, se não escandalizados? O testamento espiritual do Senhor diz-nos que a unidade entre os fiéis que o seguem não somente é a prova de que nós somos seus, mas também a prova de que ele foi enviado pelo Pai, critério de credibilidade dos mesmos cristãos e do próprio Cristo. Como evangelizadores, nós devemos apresentar aos fiéis de Cristo não já a imagem de homens divididos e separados por litígios que nada edificam, mas sim a imagem de pessoas amadurecidas na fé, capazes de se encontrar para além de tensões que se verifiquem, graças à procura comum, sincera e desinteressada da verdade. Sim, a sorte da evangelização anda, sem dúvida, ligada ao testemunho de unidade dado pela Igreja.

Cardeal Dom Eugenio Sales Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro/RJ

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orando com a palavra

Conhecia-te só de ouvidos, mas agora

viram-te meus olhos! Você já deve ter ouvido alguém dizer: “Fulana tem uma paciência de Jó.” Acredito, porém que você nunca tenha ouvido a frase: “Fulano teve uma experiência como a de Jó. ” Você gostaria de tê-la? 32

Shalom Maná - Abril/2009


José Ricardo Ferreira Bezerra Missionário da Com. Católica Shalom em Fortaleza/CE

O

objetivo desta seção é levá-lo a ler, meditar e orar com a Palavra de Deus através do antigo e comprovado método da Lectio Divina que conforme o Catecismo da Igreja consiste em quatro passos: leitura, meditação, oração e contemplação. Para os leitores novos ou os que tiverem dúvida consultem os outros números ou escrevam-nos (josericardo@comshalom.org). Inicie pedindo o auxílio do Espírito Santo, de forma espontânea ou com esta conhecida oração: “Ó vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis, acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai, Senhor, o vosso Espírito, e tudo será criado e renovareis a face da terra”. Oremos: “Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre de sua consolação. Por Cristo, Senhor nosso. Amém”. Você já deve ter ouvido alguém dizer: “Fulana tem uma paciência de Jó.” Acredito, porém que você nunca tenha ouvido a frase: “Fulano teve uma experiência como a de Jó.” Você gostaria de tê-la? Vamos conhecer um pouco da figura bíblica de Jó. Tome sua Bíblia e leia o trecho do Livro de Jó 42,1-6, seguindo os passos da Lectio. Leia estes poucos versículos pelo menos três vezes. Se você nunca teve a curiosidade de ler o livro inteiro de Jó, leia então pelo menos os capítulos 1 e 2 e o seguinte resumo: Jó era um homem rico e temente a Deus que afligido por Satanás, perde tudo: riquezas,

filhos e até a saúde. Do capítulo 3 criaturas, para querermos ensinar ao 37 o livro narra os argumentos a Deus. Muitos, porém o negam dos amigos e as respostas de Jó ou não aceitam submeter-se a em relação aos seus sofrimentos Ele e aos seus desígnios. E você, e provações. Nos capítulos 38 a reconhece o poder de Deus? Inicie 41 encontram-se os “discursos do agora uma oração de aceitação e Senhor”. E o último capítulo, o 42, submissão à Vontade de Deus: mostra o desfecho do livro. O tre- “Senhor, eis-me aqui, na minha cho proposto de hoje é justamente fraqueza e pequenez, diante de a rendição de Jó diante de Deus. tua onipotência. Reconheço que Veja o versículo 2 que diz: “Re- és o Deus poderoso e que tudo conheço que tudo podes e que nenhum está submisso a ti. Ajuda-me a dos teus desígnios fica frustrado.” aceitar as dificuldades, doenças Muitos ateus se perguntam: Se e provações desta vida... Dá-me Deus pode tudo, então por que o coragem para mudar tudo o que mal e o sofrimento no mundo? Mas está errado...” Vá orando conforme os males e sofrimentos desta vida o Espírito lhe mover. não são razões para negarmos a e x i s t ê ncia Muitos ateus se perguntam: Se Deus de um Deuspode tudo, então porque o mal e o A m o r. H á sofrimento no mundo? Mas os males séculos, Sane sofrimentos desta vida não são to Agostinho meditava: “Eu razões para negarmos a existência de me perguntava um Deus-Amor. de onde vem o mal e não encontrava saída”. Sua própria busca sofrida só foi Vejamos o versículo de Jó 42,3: acalmada quando se converteu ao “Sou aquele que denegriu teus deDeus vivo. Ele descobriu que “o sígnios, com palavras sem sentido.” mistério da iniquidade” (2Ts 2,7) No versículo de Jó 38,1, Deus já só se explica à luz do “mistério da o havia questionado: “Quem é esse piedade”. A revelação do amor que obscurece meus desígnios com divino em Cristo manifestou ao palavras sem sentido?” Aqui, Jó fimesmo tempo a extensão do mal nalmente reconhece que denegriu, e a superabundância da graça. “A obscureceu os desígnios de Deus. questão da origem do mal só é Pelo dicionário, denegrir também entendida fixando o olhar de nossa significa desacreditar, desabonar, fé naquele que, e só Ele, é o Ven- infamar... É forte, não é? Você cedor do mal. Pois o Deus Todo- já tinha pensado nisto? Nossas Poderoso, por ser soberanamente palavras podem denegrir ou obsbom, nunca deixaria qualquer mal curecer os desígnios de Deus! Veja existir em suas obras se não fosse esta outra passagem no Evangelho bastante poderoso e bom para fazer de Lucas: “Os fariseus e os legistas, resultar o bem do próprio mal”, porém, não querendo ser batizados conclui Santo Agostinho. por ele ( João), aniquilaram para Voltemos ao versículo: “Re- si próprios o desígnio de Deus” (Lc conheço que tudo podes...” Ele é o 7,30). Ao se reconhecer pecador, Senhor e quem somos nós, meras Jó alcança o perdão de Deus. www.edicoesshalom.com.br

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Aqueles fariseus e legistas citados no Evangelho, porém, permaneceram irredutíveis e frustraram os desígnios de Deus para eles. Qual é a sua opção? Qual é a sua atitude perante os desígnios de amor do Senhor para você? Responda a Ele em oração: “Obrigado Senhor, pelos teus desígnios de amor para mim. Faze-me entendê-los para que eu, ajudado pela tua graça, possa segui-los. Perdoa as vezes que pronunciei palavras contra ti e teus desígnios...” Ao tomar consciência da grandeza e majestade de Deus que o ultrapassava, Jó manifestou a profunda experiência de Deus que ele teve, relatada nos versículos 3b e 5: “Falei de coisas que não entendia e de maravilhas que me ultrapassam. Conhecia-te só de ouvido, mas agora viram-te meus olhos...” Jó não deve ter tido uma visão física de Deus, uma vez que ninguém jamais viu a Deus (cf. João 1,18; 1Jo 4,12). Mas com certeza Jó teve uma experiência que as palavras não conseguiram exprimi-la. Somente com esforço podemos imaginar as “maravilhas” que Deus lhe re-

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velou. Também o apóstolo Paulo descreve assim a sua experiência: “Conheço um homem em Cristo, que há catorze anos foi arrebatado ao terceiro céu. Se estava em seu corpo, não sei; se fora do corpo, não sei; Deus o sabe. Sei apenas que esse homem se no corpo ou fora do corpo não sei; Deus o sabe! - foi arrebatado até o paraíso e ouviu palavras inefáveis, que não são permitidas ao homem repetir” (2Cor 12,2-4). O mesmo apóstolo Paulo vai também dizer: “Penso, com efeito, que os sofrimentos do tempo presente não tem proporção com a glória que deverá revelar-se em nós” (Rm 8,18). As experiências de Deus deram a Jó e a São Paulo um entendimento superior das realidades terrestres em função das realidades celestes. Você acha que estas experiências foram apenas para Jó, Paulo e tantos outros santos e santas? Elas não são medidas de santidade e Deus as concede a quem Ele quer. Se você quer conhecer a Deus não só pelo que os outros falam, ou seja, só pelo ouvido, suplique ao Espírito Santo esta graça. Ouse pedi-la, não para se orgulhar, mas para que

a glória de Deus se manifeste em sua vida! Se você faz parte de um grupo de oração ou Comunidade, peça aos seus irmãos que orem por você, na sua próxima reunião. Ainda temos o versículo 6: “... por isso, retrato-me e faço penitência no pó e na cinza”. A experiência de Deus levou Jó a ter consciência de ser pecador e necessitado de fazer penitência. Grandes místicos da Igreja mostraram que a ascese é caminho de purificação e de encontro com Deus. Pergunte ao Senhor que tipo de penitência Ele o chama a fazer e tome a resolução de cumpri-la. Permaneça mais um tempo usufruindo e contemplando a grandiosa sabedoria de um Deus tão grande e tão perto! Por fim tome o seu caderno e escreva o resumo desta Lectio, as graças recebidas e seus compromissos de conversão que o Senhor lhe inspirou hoje. Que Maria santíssima interceda pela fidelidade ao seu estudo bíblico. Até o próximo mês. Shalom!



poEsia

Sim

Palavra forte, incisiva, que inspira decisão. Tema que sugere morte, a vida e a partir de então. Mas do que um simples vocábulo, é um movimento do coração, que acompanhando as curvas da vida, impulsiona-me a aderir concretamente a salvação. Intercalado de sussurros, suores, medos, lutas,e nãos... Ressurge a afirmação como uma força do alto a me dar coragem e direção. Sim, quando sorrio e quando choro, Sim, quando o corpo cansa e teima a ponto de me perturbar a razão. Sim, quando nada consigo enxergar; Sim, quando me faltam apoio a me sustentar, Sim, quando o futuro me parece obscuro ou senão distante. Sim, quando tudo ao redor me apavora, dando-me vontade de voltar. Mas, o sim por ele mesmo é vão, É letra morta, se lhe falta a direção. Necessita do “porquê”, do sentido, da razão Para mobilizar a mente e o coração. E nesse movimento de idas e vindas, subida e descida; Contínuo caminhar, encontro-me pequena, fraca, porém Apta a aceitar a optar por Deus, o único que pode me bastar. Tereza Brito

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tEstEmunHo

O amor de

através da oração “assim como o corpo precisa de alimento para viver, nossa alma precisa da oração...” Estas palavras simples, mas ungidas, ditas pelo moysés, penetraram em meu coração como uma flecha em chamas!

Heloisa Helena de Alencar Araripe Furtado missionária da Com. Católica Shalom em Fortaleza/Ce

E

m 1982, fazendo parte do grupo de jovens da Arquidiocese de Fortaleza, tive uma experiência da amorosa presença de Deus através de uma pregação sobre Oração, que mudou a minha vida. Costuma-se dizer que não se aprende a orar com pregações, e é verdade. Esta pregação não tinha nenhuma intenção de me ensinar a orar, porém o que aconteceu foi que através dela este presente, este tesouro, foi maravilhosamente desembrulhado diante dos meus olhos, ou melhor, diante do meu coração. “Assim como o corpo precisa de alimento para viver, nossa alma precisa da oração...” Estas palavras simples, mas ungidas, ditas pelo Moysés, penetraram em meu coração como uma flecha em chamas! Fui invadida por um desejo de Deus e uma incrível disposição de buscá-lo. No momento, meu coração bateu aceleradamente, e senti também no meu corpo, mesmo não entendendo o que estava se passando, uma ação do Espírito. Algo do céu veio ao meu encontro do nada! A partir daí minha vida foi se transformando. No dia seguinte, procurei a capela mais próxima da minha casa, que era a do Shalom, e investi, sem saber muito como fazer, os últimos 15 dias de férias da faculdade, na busca deste tesouro.

Tratei de alimentar minha alma e descobri a Vida! A presença de Deus me invadia amorosamente, me atraía. Ficava horas na capela sem perceber o tempo passar. O que eu fazia? Nada! Eu não sabia fazer nada! Somente uma certeza: Ele, Deus, estava ali e falava comigo! Eu ainda não tinha feito o Seminário de Vida no Espírito Santo, nem tinha bem o conhecimento do que era isto, todavia, com certeza, ali se deu a renovação do meu batismo e foi o próprio Deus quem me impôs as mãos, aliás, me abraçou! Sentia-me muito amada, em paz, com alegria, com desejo de amar e até escolhida. Eu fazia perguntas, Deus me respondia e a gente conversava; às vezes sem dizer uma palavra! Uma graça! Nesses primeiros dias de diálogo com o Senhor, Ele logo foi me dizendo através da Palavra que minha vida pertencia a Ele. Não perdeu tempo! Foi pedindo tudo no primeiro encontro e esperou amorosa e pacientemente a minha resposta. Por minha vez, eu precisei de inúmeros encontros para dar o meu sim. Desde este dia não deixei de ter essa conversa de amigo com Ele. São nesses encontros com Aquele que é e, através deles, que livremente vou dando o meu sim. Neles sou transformada, amada. Encontro a vida e o sentido, força e capacidade para amar. Percebi que orar e amar não se separam, é uma só coisa. Oro por amor, oro porque amo, oro para amar e se amo é porque oro! A Deus e a este ungido pregador, canal do Seu amor na minha vida, eterna gratidão! www.edicoesshalom.com.br

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EntrEvista Por Andréa Gripp missionária da Com. Católica Shalom no rio de Janeiro/rJ

a “pastoral Bíblica” é um dos temas que têm sido estudados pela igreja no Brasil. a questão se faz ainda mais presente em 2009 quando celebramos no país o ano Catequético nacional, cuja abertura oficial acontece no segundo domingo da páscoa (19 de abril) e o encerramento, no domingo de Cristo rei. a palavra de deus é um elemento essencial. Como formar discípulos missionários sem que esses conheçam o seu mestre? E como conhecer o mestre se não pela palavra de deus? para falar sobre a “pastoral Bíblica”, entrevistamos o padre Joel portella amado, membro da Coordenação de pastoral da arquidiocese do rio e professor de teologia pastoral na puC- rio. Ele foi um dos pregadores do 18º Curso anual para Bispos, promovido pela arquidiocese de são sebastião do rio de Janeiro, de 2 a 6 de fevereiro, cujo tema foi “a palavra de deus na vida e na missão da igreja”.

“a BíBlia

tem que estar nas mãos e no

coração de todo

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católico”

Shalom Maná - abril/2009


S Pe. Joel Portella Amado

A meu ver, o primeiro grande desafio é deixar a Palavra de Deus ser de Deus. Muitas vezes nos projetamos para dentro da Bíblia, querendo que ela nos diga o que queremos que ela nos diga.

halom Maná – Como a Palavra de Deus deve ser utilizada no trabalho pastoral? Padre Joel Portella Amado – Podemos dizer que nós estamos entrando no terceiro momento pastoral no uso da Bíblia. Porque a Igreja sempre usou a Bíblia em sua ação pastoral, mas o desafio de fazer a Palavra chegar às pessoas, aos povos e às culturas sempre existiu. Um pouco antes da realização do Concílio Vaticano II, já se procurava vencer aquela concepção de que Bíblia é coisa de protestante e que o católico estudava somente a “História Sagrada”. Com o Concílio nasceu um tipo de Pastoral que é a seguinte: os católicos praticantes, que atuam em pastorais, nos movimentos, esses devem utilizar a Bíblia. Hoje, qual é o terceiro momento? O entendimento de que a Bíblia tem que estar nas mãos e no coração de todo católico, independentemente se ele participa do movimento ou da pastoral A, B ou C. Essa seria a grande novidade que já vem aparecendo desde o final do século passado, mas que agora, a Conferência de Aparecida, e depois o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus, chamaram de “Iluminação Bíblica de toda a Pastoral”. Esta seria a grande diferença.

Para que isso se concretize é preciso uma formação específica aos leigos? O conceito de formação é um conceito amplo e que envolve pelo menos duas coisas: conteúdo e método. Para ter conteúdo você tem que conhecer a Bíblia, tem que entender a Bíblia, porque ela tem dificuldades próprias dela. O texto sagrado foi escrito em um tempo diferente, em uma língua diferente, em uma cultura diferente. E isso precisa ser conhecido. A segunda coisa é método, mesmo. Como é que a gente pode usar a Bíblia para que ela seja aquilo a que ela se destina: iluminação da vida? Já os documentos eclesiais, também do século passado, como a Ecclesia in América e a Conferência de Aparecida falam da Lectio Divina, que é a Leitura Orante da Bíblia. É um método que pode ser feito em comunidade ou individualmente, em qualquer tempo ou lugar. Eu diria que aí está todo o segredo da Pastoral da Igreja. Com o crescimento dessa reflexão acerca da Palavra de Deus, o senhor percebe que o católico tem utilizado mais a Bíblia? Hoje, percebe-se, sim, um crescimento maior do uso da Bíblia na Igreja, nos diversos grupos, pastorais, movimentos e comunidades de vida, tenham eles os nomes que tiverem. A CNBB produziu no início do ano

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2000 um estudo, de número 86, que afirma isso. Se alguns católicos ainda têm medo de usar a Bíblia, é porque ainda não a conhecem. Mas eu diria que o problema, hoje, não é não usar a Bíblia, mas como usá-la corretamente. E como usá-la de forma correta, como fazer a interpretação dos textos bíblicos? Ao meu ver, o primeiro grande desafio é deixar a Palavra de Deus ser de Deus. Muitas vezes nos projetamos para dentro da Bíblia, querendo que ela nos diga o que queremos que ela nos diga. E eu penso que esta é a grande tendência hoje: eu tenho uma pré-concepção e vou buscá-la na Bíblia. Eu quero resolver algum problema e sei que a Bíblia fala lá, em algum ponto que, se você pedir, Deus dá. Então eu vou naquele ponto. Isso é não deixar que a Palavra de Deus seja efetivamente de Deus. A grande atitude que qualquer método interpretativo da Bíblia precisa despertar no fiel é uma atitude de escuta orante da Bíblia: o que de fato Deus me quer dizer em meio a tudo isso?

A Bíblia não pode ser um livro de história passada. Mas, também, não pode ser um livro tão presente que ignore as experiências passadas, que estão narradas lá.

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Esse assunto foi discutido no Sínodo sobre a Palavra, não é mesmo? Sim. E na homilia final do Sínodo, o Papa Bento XVI fez algumas observações muito bonitas. Ele disse que a Bíblia não pode ser um livro de história passada. Mas, também, não pode ser um livro tão presente que ignore as experiências passadas, que estão narradas lá. E isso só se resolve eclesialmente, ou seja, lendo a Bíblia em grupo, lendo a Bíblia em comunidade, para vencer estes diversos vícios que aí estão. E que vícios são esses? São os fundamentalismos, os fanatismos, os magicismos, enfim, vícios para ler Bíblia é o que não faltam. O senhor percebe que em nossas comunidades eclesiais e pastorais há mais dificuldade no entendimento do Antigo Testamento do que do Novo Testamento? O Antigo Testamento tem algumas dificuldades porque ele reflete cultura, idiomas, e, principalmente, uma mentalidade diferente. A Dei Verbum diz: há uma continuidade entre o Antigo e o Novo Testamento, mas há uma descontinuidade também. O Antigo Testamento trabalha muito com a Lei do Talião: o

“toma-lá-dá-cá”; “Olho por olho e dente por dente”. Se eu sou bom, se eu pratico o bem, como é que eu vou sofrer se eu não faço sofrer? E essa é a grande pergunta, por exemplo, no livro do Jó. E Jesus dá um salto qualitativo, mostrando que a questão não é o Talião, mas é o amor. Então eu diria que, quando se trabalha o Antigo Testamento considerando Jesus e a ótica do amor, ele toma outro sentido. Ao meu ver, um dos textos mais elucidativos é o de “Atos dos Apóstolos”, capítulo 8, quando Felipe encontra o eunuco. E ele fala das Escrituras, fala do profeta Isaías. Ele aplica o Novo Testamento ao Antigo. Então, neste sentido o Antigo Testamento adquire força. O problema, hoje, é o Antigo Testamento ser lido sozinho, como se ele valesse por si, sem apontar para o Novo. Ou seja: se lermos o Antigo Testamento sem a perspectiva do Novo Testamento, poderemos, tranquilamente, por exemplo, fundamentar guerras, vinganças, e um monte de outras coisas, que não dizem respeito à lei do amor, do perdão e da reconciliação, que nos foi transmitida por Jesus Cristo, que é, na verdade, quem traz a plenitude da Revelação.


EspECial

eSCOla de lídereS ShalOm 2009

Tânia Maria Santos

A

Escola de Líderes Shalom é um retiro promovido pela Escola de Formação Shalom, que há 21 anos realiza sua missão de formar liderança, através do aprofundamento da experiência pessoal com Jesus Cristo no conhecimento de sua Palavra e da sua Doutrina. Seu objetivo é servir como meio de renovação e aprofundamento da experiência de Deus para aqueles que já exercem algum tipo de liderança, ou que a isto sintam-se chamados. Esse retiro é composto com manhãs de espiritualidade, com Eucaristia diária, motivações e desertos de oração, silêncio, e adoração; como também, tardes de formação cristã e noites de fraternidade. As motivações da manhã são de reflexões do tema principal da Escola de Líderes,que cada ano vivenciamos uma experiência irrepetível, tendo como base o Magistério da Igreja e a experiência da Comunidade Católica Shalom no âmbito da formação. No período da tarde são ministrados os cursos doutrinários

com base na Palavra de Deus e na Doutrina Católica, em vista de estarmos melhor preparados para responder a mentalidade hedionda do mundo, pois o nosso objetivo não é passar conteúdos, mas levar a uma profunda experiência de Deus através da Sua Palavra e da Sua Doutrina, que transforma e dá sentido a nossa vida. O público-alvo da Escola de Líderes são pessoas que já possuem “uma certa” caminhada na experiência pessoal com Jesus Cristo. Isto se deve à natureza do retiro que na verdade tem por objetivo levar os lideres as pessoas a um aprofundamento e crescimento no seguimento a Jesus Cristo. No início deste ano de 2009 tivemos a nossa XXI Escola de Líderes com a participação de treze dioceses do Brasil, com participação de oito comunidades novas e dois Sacerdotes Diocesanos. O tema central deste ano foi Belo é o Amor Humano que foi escolhido com o objetivo de fornecer a visão da Igreja e da Comunidade Católica Shalom quanto à vivência de cada estado de vida, com o qual nos concedeu ao nos criar. Essa visão tem ajudado aos que estão em processo de discernimento de

seu estado de vida como a vivência dos que já o efetivaram. Como diz o nosso Fundador: “O Estado de Vida é um dom de Deus, não uma escolha humana, mas primeiramente uma escolha divina e um dom, uma graça, uma dádiva que Deus dá para que a pessoa possa amar e servir melhor a Deus e aos irmãos.(...) Por isso nenhum dos três estados de vida poderá jamais ser vivido numa perspectiva egoísta, individualista. Eu não me caso para mim, não me ordeno sacerdote para mim, não me consagro no celibato para mim. Nunca em uma vivência isolada, fechada, jamais, mas sim em atitude de transbordamento. Contamos com você e sua comunidade para anunciarmos Jesus aos homens em unidade com a Santa Mãe Igreja, pois o mundo, na verdade apenas perdeu o sentido das coisas e, nós, podemos lhe dar o sentido verdadeiro, dando-lhe a experiência de Jesus Cristo morto e ressuscitado e do Seu Reino. Shalom! Você pode acessar o nosso site e e-mail: www.comunidadecatolicashalom.org escoladeformacaoshalom@gmail.com extracomn.cf@gmail.com Fone:(85)33087421/88670402(Andreza) Endereço: Diaconia Shalom CE 40, KM 16, Divinéia,S/N, Aquiraz-CE CEP 61.700-000

Saiba mais Este livro traz uma visão da Comunidade quanto à vivncia de cada estado de vida, uma análise de um Escrito do fundador sobre este assunto e uma reflexão sobre o discernimento da forma de vida. Seu objetivo é ajudar tanto os que estão em processo de discernimento de sua forma de vida como a vivência dos que já o efetivaram. www.edicoesshalom.com.br

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aContECE no mundo

Igreja Católica cresce no ritmo da população mundial

O

s católicos no mundo aumentaram 1,4%, pouco mais que a população mundial (que cresceu no mesmo período 1,1%). As vocações sacerdotais crescem também, ainda que menos (0,4%), mas com notáveis diferenças entre continentes: enquanto na Europa há uma recessão, na África e na Ásia se registra um notável aumento. Estas são as principais conclusões que se extrai do Anuário Pontifício 2009, a publicação oficial vaticana que recolhe dados estatísticos atualizados da Igreja em todo o mundo, e que foi apresentada ao Papa no dia 28 de fevereiro último. A presente edição recolhe dados estatísticos relativos a 2007, segundo se explica em um comunicado divulgado pela Santa Sé. Segundo estes, o número de

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Shalom Maná - abril/2009

católicos no mundo passou de 1.131 a quase 1.147 em um ano, o que supõe uma porcentagem de 17,3% que se mantém estável de um ano a outro. Neste mesmo período, o número de bispos, segundo os dados do Anuário, aumentou também 1%, especialmente na Oceania (4,7%) e na África (3%), passando de 4.898 a 4.946. Contudo, a América e a Europa continuam somando 70% dos prelados.

Os sacerdotes se mantêm, explica o comunicado, “em uma dinâmica de crescimento moderado após mais de duas décadas decepcionantes”. Dos 407.262 de 2006 passaram a 408.024 no ano seguinte, mas com notáveis diferenças: se na África e na Ásia o aumento é maior que 20% (27,6% e 21,2% respectivamente), na Europa e na Oceania diminuem 6,8% e 5,5%. Os diáconos permanentes aumentam mais, aproxima-

damente 4,1% entre 2006 e 2007, e atualmente somam 35.942, sobretudo na Europa e América, que juntas somam 98% destes ministros. Com relação ao número de seminaristas, aumenta apenas 0,4% (a população é atualmente de 115.919 em todo o mundo), mas enquanto na África e na Ásia cresceram, a diminuição é bastante sensível na Europa (-2,1%) e na América (-1%). Durante a apresentação desta nova edição do Anuário, o Papa se mostrou “vivamente interessado” pelos dados oferecidos, e agradeceu o trabalho de todos os que colaboraram no projeto. O Anuário oferece informação institucional atualizada sobre as demarcações e instituições canônicas em todo o mundo. Nesta nova edição se introduzem as novas dioceses criadas por Bento XVI em 2008: uma sede metropolitana e 11 novas sedes episcopais, enquanto mudaram juridicamente 4 sedes metropolitanas, 2 sedes episcopais e um vicariato apostólico.


Católicos abrem centros na Sibéria

para ajudar mães e evitar que abortem A Associação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) deu a conhecer seu apoio a uma iniciativa do sacerdote Michael Shields, que trabalha na cidade siberiana de Magadan, com o objetivo de abrir centros pró-vida para ajudar mulheres grávidas com dificuldades. Em um comunicado divulgado pela instituição, destaca-se a boa acolhida que a iniciativa teve entre os

próprios médicos estatais, preocupados pela alarmante diminuição da população “provocada pela atual legislação russa a favor do aborto, que retorna aos tempos soviéticos”.

A iniciativa será levada a frente a partir de junho em Magadan e arredores, uma região de triste fama por ter sido sede dos gulags stalinistas. Em declarações a AIS, o Pe. Shields destaca que a idéia da iniciativa partiu de um dos médicos governamentais que trabalham no Centro de Informação a Mulheres. “Isso é maravilhoso, porque a Rússia realmente está mudando e quer mais nascimentos”, afirmou.

Empresários cristãos reconhecem que crise foi originada pela avareza

A

crise econômica tem, entre suas causas, a desmedida avareza de poucos, que atentou contra o bem comum, asseguram os responsáveis da União Social de Empresários e Executivos Cristãos do Chile (USEC).

Jorge Matetic, presidente de USEC, e os vice-presidentes Rolando Medeiros e Erwin Hahn, escreveram uma carta para analisar as verdadeiras causas do complexo momento econômico, na qual fazem um convite aos empresários, trabalhadores e autoridades a enfrentar a crise de maneira construtiva, evitando assim que se continue disparando o desemprego. “A crise financeira que precede as atuais dificuldades econômicas se explica, entre outras causas, pelas decisões de poucos indivíduos que, buscando um desmedido benefício próprio e de curto prazo, atentaram contra o bem

“O governo russo sabe que a demografia do país não vai bem, e essa é a razão pela qual os médicos nos pediram que trabalhássemos a favor das mulheres grávidas”, explica. No ano passado, o Pe. Shields abriu uma casa para alojar pais e crianças recémnascidas com problemas, especialmente mães em período de estudos, a quem as autoridades expulsam das residências escolares quando se constata a gravidez. Este centro, “Casa da Natividade”, teve bastante êxito “graças ao boca-aboca” entre as próprias mulheres, sublinha o Pe. Shields, que também destaca “o forte apoio à causa pró-vida por parte da Igreja Ortodoxa Russa”.

comum. Quando a liberdade está guiada por critérios individualistas, deixa de ser autêntica, pois a excessiva dependência e ambição do material é também um tipo de escravidão”, alertam os empresários cristãos. Segundo a carta, “influiu a ausência de uma reta consciência, somada a estímulos planejados para obter benefícios a curto prazo e à falta de regulação de acordo com a sofisticação dos novos instrumentos financeiros. Tudo isso é terreno fértil para situações como a atual”. Por isso, os signatários asseguram: “cremos que esta crise não é só econômica, mas também ética e moral”. “Tanto o início da crise como sua superação se relacionam com a caridade, essa disposição de amar ao próximo como a si mesmo, como princípio fundamental proposto no Evangelho.” “Agora é o momento de incorporar em nossos critérios de discernimento valores que tendam a humanizar nossa sociedade e organizações, de modo que guiem nosso agir e sejam um ‘seguro’ para não cair futuramente nos mesmos erros”, concluem. Fonte: Zenit www.edicoesshalom.com.br

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divirta-sE

Personagens bíblicos iniciados por “Z” por José ricardo Ferreira Bezerra HORIZONTAIS: 1 - pai de tiago e João (mt 4,21) 2 - pai de samua, da tribo de rúben, enviado para explorar Canaã (nm 13,4) 3 - Filho de asaf e pai de micas (ne 11,17) 4 - Filho de natã e conselheiro particular de salomão (1rs 4,5) 5 - segundo filho de Jaleleei (1Cr 4,16) 6 - quarto filho de nebo e sacerdote casado com estrangeira (Esd 10,43) 7 - Jurista recomendado por paulo a tito (tt 3,13) 8 - primeiro filho de abraão e Cetura (Gn 25,2) 9 - Filho de oziw pai de meraiot (1Cr 5,32) 10 - serva de lia e mãe de Gad e aser (Gn 30,10.12) 11 - Junto com zozabad, conspirou contra o rei Joás (2Cr 24,26) 12 - primeiro filho de Bocor, filho de Banjamim (1Cr 7,8)

Horizontais 1. zebedeu/ 2. zacur/ 3. zabdi/ 4. zabud/ 5. zifa/ 6. zabina/ 7. zenas/ 8. zamra/ 9. zaraias/ 10. zelfa/ 11. zabad/ 12. zamira. Verticais 1. zaquel/ 2. zabulon/ 3. zare/ 4. zabdiel/ 5. zorobabel/ 6. zecri/ 7. zabai/ 8. zambri/ 9. zabadias/ 10. zacarias/ 11. zara/ 12. zares

VERTICAIS: 1 - rico chefe dos cobradores de impostos de Jericó (lv 19,2) 2 - sexto filho de lia e Jacó (Gn 30,20) 3 - Último filho de Judá e chefe de clã (nm 26,20) 4 - Árabe que cortou a cabeça de alexandre e enviou a ptolomeu (1mc 11,17) 5 - Governador da Judéia e filho de salatiel (ag 1,1) 6 - terceiro filho de isaar e irmão de Coré e nefeg (Ex 6,21) 7 - pai de Baruc que restaurou parte da muralha de Jerusalém (ne 3,20) 8 - oficial que matou a família de Baasa e tornou-se rei de israel (1rs 16,9ss) 9 - segundo filho de Emer e sacerdote casado com estrangeira (Esd 10,20) 10 - pai de João Batista (lc 3,2) 11 - Filho de Judá e tamar, gêmeo de Farés (Gn 38,30) 12 - Esposa de amã, inimigo de mardoqueu (Est 5,10)

Lenço Amarelo

E

ra uma vez um jovem que se encontrava em um trem e mostrava-se muito ansioso, nervoso e caminhava de um lado para o outro. Então um senhor que já há algum tempo o observava disse-lhe: – Rapaz, por que está tão inquieto? O rapaz respondeu: – Não adianta contar-lhe pois não pode me ajudar. E continuou ansioso, andando de um lado para o outro. O senhor, mais uma vez tentou conversar com ele dizendo: – Meu rapaz, conte-me o que está lhe angustiando tanto. Talvez eu possa lhe ajudar. Então o jovem falou: – Há muito tempo deixei meu pai, minha casa e fui morar longe. Tentar uma vida independente, mas agora resolvi voltar e então escrevi, pedindo

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para meu pai receber-me de volta e avisei-lhe que estaria nesse trem. Se ele concordasse com minha volta, pedi que amarrasse um lenço amarelo em um galho bem alto da árvore que fica na frente da casa. Agora, o que está me angustiando é que estou chegando e tenho receio de que não tenha nenhum lenço, então saberei que ele não me perdoou e assim, seguirei em viagem. O senhor, então lhe falou: – Fique tranquilo que eu ficarei na janela e olharei para você. Quando se aproximou do lugar onde o rapaz morava, o senhor colocou-se na janela. Passando o trem, o rapaz perguntou: – E então? Vê um lenço amarelo na árvore? O homem respondeu: – Não. Eu não vejo um lenço amarelo... Mas, muitos lenços amarelos... Um em cada galho da árvore!!!

lla

Filme: Be

“Bella” é uma história de amor que vai além do romance. José, ex-jogador de futebol de sucesso, hoje chef do restaurante mexicano de seu irmão, e N ina, garçonete do l o c a l, p a s s a m um dia juntos em Nova Iorque após alguns mal-entendidos no restaurante. Esse encontro irá transformar suas vidas para sempre e ambos descobrem que, quando se perde tudo, aprecia-se o que realmente tem valor. O filme fala de vida, família, relações afetivas e de nossa capacidade de amar o inesperado.


A graça de ser…

André!

Elena Arreguy Sala missionária da Com. Católica Shalom em Israel

G

raça aqui não tem nada a ver com riso, me refiro à graça de Deus, sobrenatural. Nos últimos tempos, os personagens menores da Bíblia têm me chamado muita atenção, em especial os citados no Novo Testamento, e com eles tenho aprendido. Ao dizer personagens menores, me refiro a terem sido citados uma única vez, às vezes só o nome, dito uma ou duas frases, se aproximado de Jesus com um gesto... Entretanto, mesmo tendo este perfil, se os autores bíblicos os incluíram na Palavra de Deus, é porque, de alguma maneira, o

Espírito do Senhor poderia nos falar através deles. Um destes que me tem acompanhado é o Apóstolo André, irmão mais novo de São Pedro que é citado, nominalmente, pelos evangelistas Mateus (cf. Mt 4,1819), Marcos (cf.Mc 1,16) Lucas fala do contexto de pescadores mas não cita o nome, e por João, que acrescenta que ele já seguia João Batista (cf. Jo 1,40-42). Interessante porque os primeiros discípulos a serem chamados são dois pares de irmãos, todos pescadores, e nós os conhecemos bem: Pedro e André, Tiago e João. Jesus os elege e os forma para serem pescadores de homens, André, porém, parece cumprir esta missão num tom menor, mais escondido, todo particular.

EntrElinHas nos últimos tempos, os personagens menores da Bíblia têm me chamado muita atenção, em especial os citados no novo testamento, e com eles tenho aprendido.

Digo isso porque ele não está presente em momentos cruciais da vida de Jesus, seja no êxtase da transfiguração no Monte Tabor, seja na agonia no Monte das Oliveiras, onde os evangelhos nos falam somente de Pedro, Tiago e João. Estes eventos da vida de Jesus jamais se repetirão na história e no tempo e só poderão ser contemplados e vividos misticamente, em oração, a quem Deus aprouver conceder esta graça e ninguém participará novamente destes eventos do jeito que estes três Apóstolos participaram. Por que André não estava junto? Creio que não haja resposta para esta pergunta e seja talvez, uma especulação vã. Todavia, onde está André? Em quais relatos somente ele aparece e o que eles nos ensinam? Temos www.edicoesshalom.com.br

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dois textos-chave, todos em João: minha para Jesus, humildemente, mas partiu, movendo-se na fé, o convite feito a Cefas para que ele por mais estúpido que possa pa- trazendo de volta para Jesus o que também conheça o Messias, em recer alguém pretender alimentar encontrou, o que conseguiu, o João 1,41-42, e na multiplicação uma multidão de milhares de fruto do seu esforço, boa vontade, dos pães, capítulo 6,8-9. pessoas barulhentas e famintas, enfim, aquilo que deu conta de Primeiramente André é um dispersas, com cinco pães e dois fazer. Se não tivesse sido por esta evangelizador, que testemunha e peixes! Mas André nos mostra atitude tão generosa e também leva alguém da própria família até aqui como os homens também evangelizadora de André – que Jesus, seu irmão mais velho, que podem ser sensíveis e atentos mais uma vez teve que convencer não devia ser um camarada o menino a ir até Jesus e muito fácil de ser dobrado e abrir mão do seu lanchiconvencido de nada. André nho – nós não teríamos o André é um homem inteligente, parece não ter desistido e relato deste milagre tão centrado e obediente que vai testemunha e acompanha excepcional de Jesus que atrás de alguma solução para o irmão até que o enconprefigura a Eucaristia, totro pessoal entre Jesus e dos sabemos, o Pão Vivo que a ordem de Jesus se Cefas aconteça. André nos descido dos céus. cumpra. Ele se ocupa mais com ensina aqui a perseveranNossa experiência de o que Jesus diz do que com o ça na evangelização e o vida eclesial, seja ela coque as circunstâncias gritam, e acompanhar nossas ovemunitária, de consagrados, parte para a ação! lhas, formandos, amigos, ou de simples paroquianos parentes, vocacionados, o e servos nas pastorais, nos quanto for necessário, em aproxima muito mais da presença e oração, pacientemente, aos detalhes, não sendo este um vida evangelizadora de André do até que o vínculo entre as pessoas atributo exclusivo feminino, e que da vida dos outros três Apóse o Senhor se estabeleça pela vida podem achar o escondido e o im- tolos, com experiências únicas e da graça, pela vida sacramental provável onde não parece haver extraordinárias. A escolha do lugar e oracional, pela experiência co- saída e onde tudo parece escon- onde cada um deve estar sempre munitária. Parece que a alegria dido e improvável! André é um parte de Jesus, o Senhor. O imde André é que Cefas se torne homem inteligente, centrado e portante não é a geografia de nosso Pedro, não se importando muito obediente que vai atrás de alguma posicionamento, se a norte, sul, se o irmão, no futuro, venha a ser solução para que a ordem de Jesus leste ou oeste, em cima do palco muito mais importante do que ele, se cumpra. Ele se ocupa mais ou no altar, usando o microfone, ou ao se tornar autoridade suprema com o que Jesus diz do que com atrás dele, se na arquibancada e no entre os Apóstolos, inclusive sobre o que as circunstâncias gritam, e anonimato, ou liderando alguma ele, André. parte para a ação! Não ficou diva- equipe. O que vale é estar onde Na multiplicação dos pães gando sobre as improbablidades Deus quer, com a certeza interior André é aquele que encontra no e a não-lógica, nem implicando profunda e pessoal de quem diz: meio da confusão alguém, um com os outros companheiros ‘Encontrei Jesus! Ele me ama e faz de menino, com seu lanche e o enca- para que fizessem alguma coisa, mim pescador de homens!’.

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