Jornal A União

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A UNIÃO

Ano CXIX Número 160 R$ 1,00 Assinatura anual

R$ 160,00

119 anos - PATRIMÔNIO DA PARAÍBA

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

www.paraiba.pb.gov.br

Twitter > @uniaogovpb

jornalauniao.blogspot.com FOTO: Augusto Pessoa

João Pessoa ano

s

427 Geografia, história e tradição conspiram para fazer de João Pessoa uma cidade cheia de fãs apaixonados. PÁGINAS 31 A 42

Propaganda eleitoral já gerou mais de 200 denúncias no TRE FOTO: Ortilo Antônio

Um mês depois de liberada a propaganda eleitoral, já foram feitas mais de 200 denúncias ao TRE. Esse número deve dobrar até o fim de agosto. Página 19

pró-vida

CVV recebe 2,9 mil chamadas por mês em JP e Campina Grande

arnaldo tavares

A União traz tela do artista retratando a Festa das Neves

Centro de Valorização da Vida funciona há 26 anos na Paraíba ajudando em casos de depressão. Página 11

PÁGINA 5 e Encarte

Novo Centro de Artesanato da Capital será inaugurado hoje PÁGINA 4 clima & tempo Fonte: INMET

Litoral

Sol e poucas nuvens 30 Máx. 20o Mín.

Cariri-Agreste

Sol e poucas nuvens 31o Máx. 17o Mín.

Sertão Sol e poucas nuvens 33 Máx. 19 o Mín.

BRASILEIROS EM LONDRES

Comércio de beira de estrada aquece a economia. PÁGINA 15

Informações úteis para a semana:

Moeda

DÓLAR DÓLAR TURISMO EURO

R$ 2,027 (compra) R$ 1,960 (compra) R$ 2,512 (compra)

R$ 2,027 (venda) R$ 2,100 (venda) R$ 2,514 (venda)

O Brasil tem hoje mais uma chance de medalha nos Jogos Olímpicos de Londres. A maratonista Adriana Silva está motivada e promete repetir o ouro do Pan-Americano. PÁGINA 21

l

Marcha pela Humanização do Parto será realizada hoje, às 15h, na Praia de Tambaú

l

Altura Projeto “Ver Brasil” exibe documentários pernambucanos no Espaço Cultural 0.3m

l Cenated começa a oferecer novas atividades artísticas e culturais ao público l Semam inicia terça-feira programação educativa em parceria com SOS Mata Atlântica

Fonte: Marinha do Brasil

Altura

Marés

Hora

ALTA

06h15

2.5m

baixa

12h23

0.3m

ALTA

18h41

2.3m

baixa

23h21

0.2m


A UNIÃO

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Um

Martinho Moreira Franco -

martinhomoreira.franco@bol.com.br

Um grande presente Mesmo que a demora se alongue um pouco, a espera valerá a pena. A UFPB tem um projeto para a restauração de um imóvel da cidade baixa.” João Pessoa não perde por esperar. O que significa um ano a mais para uma cidade que neste domingo chega aos 427? Mesmo que a demora se alongue um pouco, a espera valerá a pena. É que a Universidade Federal da Paraíba tem em mãos um bem elaborado projeto para a restauração de um imóvel que, entre as décadas de 1950 e 60, fez história na cidade baixa, em domínios da área de influência da Rua São Miguel. Na realidade, o imóvel é vizinho ao Cemitério Senhor da Boa Sentença, vizinhança que não chegava a ser bem sentenciada pelos que, décadas mais tarde, inspirariam o projeto da UFPB. E olhem que, por ironia, eles hoje são imortais. Explico: o prédio foi originalmente construído para o Serviço de Verificação de Óbitos (correspondente ao Instituto Médico Legal), mas terminou destinado à Faculdade de Medicina da Paraíba, então criada, razão pela qual está sendo resgatado por iniciativa de membros da Academia Paraibana de Medicina. O resgate teve como idealizador o doutor (e acadêmico) Manoel Jaime Xavier Filho e contou com a imediata adesão da Casa Humberto Nóbrega, presidida por Antonio Carneiro Arnaud. O projeto, que tem entre seus entusiastas os imortais Jacinto Medeiros e Joaquim Monteiro da Franca Filho, foi elaborado pelo arquiteto Claudino Nóbrega, dos quadros da UFPB, e mereceu o apoio do reitor Rômulo Polari, além da aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado. Já deveria ter sido

executado, mas houve um contratempo. E ponham contratempo nisso! Um grupo de sem teto invadiu o local, que estava realmente abandonado, e terminou por inviabilizar o início das obras. Criado o impasse, tentou-se por diversos meios a desocupação, até que surgiu uma luz no fim do corredor: como líder influente no PT, vale dizer, com capacidade de interlocução junto a movimentos sociais, Júlio Rafael, atual superintendente do Sebrae-PB, conseguiu do prefeito Luciano Agra a inclusão do grupo invasor em um dos programas habitacionais da prefeitura da Capital. A casa, portanto, balançou, mas não caiu. E o espaço será liberado para a restauração. O prédio talvez não tenha valor arquitetônico, mas o seu valor histórico é inestimável. Especialmente para a memória do ensino médico na Paraíba. Foi ali, afinal, que se instalou a faculdade, então particular, criada pela Sociedade Paraibana de Medicina, tendo como dirigentes os professores Humberto Nóbrega (ideólogo da criação) e Lauro Wanderley. Só depois, com José Américo governador, é que a faculdade se tornou pública, transferindo-se para o complexo do antigo PAM de Jaguaribe. Mas essa é outra história. Com a restauração, funcionará no térreo do prédio em desocupação um ambulatório de extensão do Hospital Universitário, reservando-se o primeiro andar para o Memorial da Faculdade de Medicina da Paraíba. Um grande presente para a cidade.

savio_fel@hotmail.com

Geovaldo Carvalho

sua população de plantar árvores frutíferas e ornamentais, além dos cuidados dos poderes públicos. As praias de João Pessoa estão entre as mais belas do país, recebendo luz e calor do astro rei durante praticamente todos os dias do ano. Barreiras de corais suavizam as correntes e impedem a passagem de grandes predadores marinhos, tornando as praias verdadeiras piscinas de água salgada. No início da década de 90, por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, mais conhecida, no Brasil, como Eco-92, João Pessoa foi considerada a “segunda capital mais verde do mundo”, perdendo, na época, apenas para Paris, a “cidade luz” dos franceses. O patrimônio histórico da cidade de João Pessoa apresenta monumentos cuja importância é reconhecida internacionalmente, a exemplo da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco. As arquiteturas moderna e contemporânea também marcam presença, como mostram o Liceu Paraibano e a Estação Cabo Branco. A cidade de João Pessoa hoje está de parabéns. Não só por estar completando 427 anos de fundação, mas por ter se transformado em um dos lugares mais aprazíveis para se viver, não só do Brasil, mas do mundo inteiro. Prova disso são as inúmeras pessoas que a procuram para morar, vindas de todo o planeta.

Sávio -

Se a responsabilidade da escolha do local para a edificação da cidade de João Pessoa tivesse recaído sobre um único nome, fosse de homem ou mulher, decorridos quase cinco séculos esse nome seria reverenciado, hoje, como sábio ou profetisa, alguém abençoado com a terceira visão. A capital da Paraíba é uma das mais belas cidades do Brasil. A “Porta do Sol”, como também é conhecida, é banhada a leste pelas águas verdes e tépidas do Atlântico Sul e, a oeste, pelas águas escuras do Rio Sanhauá, que, dizem, não é rio, e sim braço de mar - uma cidade de braços dados com o oceano. Do alto das falésias da praia do Cabo Branco divisa-se quase toda a orla marítima da cidade e Atlântico, espraiando-se em frente, rememora todos os dias e todas as noites a ancestralidade lusitana brasileira. Dali, Portugal e África são quase visíveis; basta um pouco de imaginação. Fundada em 1585, no ponto mais oriental das Américas, portanto onde o sol nasce primeiro nas três Américas, foi pioneiramente batizada de Nossa Senhora das Neves, tornando-se a terceira Capital de estado mais antiga do Brasil, pois já nasceu com título de cidade. Apesar das inevitáveis perdas provocadas pelo desenvolvimento econômico, a cidade apresenta boa cobertura vegetal, devido, entre outros fatores, ao saudável hábito que tem a maioria de

Domingos

Uma cidade aprazível

Informe UN

Editorial

Humor

CONTATO: opiniao.auniao@gmail.com REDAÇÃO: 83.3218-6511/3218-6509

XOU ROSILENE!

DATA VÊNIA

Já se esboça, entre os desportistas do Estado, um movimento visando à sucessão na Federação Paraibana de Futebol, dirigida há mais de duas décadas por Rosilene Gomes. Tirá-la no voto é difícil, visto que o grosso do eleitorado é composto por times amadores que ela manipula com maestria, garantindo repetidas reeleições. Mas, há um clamor público que já mexeu até na CBF, é possível que a moralidade imponha novas regras. A oposição já tem até o nome do candidato para suceder Rosilene: Olavo Rodrigues, ex-presidente do Treze.

O Complexo judiciário em Campina Grande, é povoado por prédios luxuosos, praxe, em se tratando de instalações da Justiça. Porém, o acesso a ele é uma ginástica digna das favelas de topografias mais acidentadas. Todo malabarismo do motorista é acompanhado pelos lixões em volta. Supõe-se que juízes e advogados que ali trabalham chegam de helicóptero.

NOS TRILHOS

VOTO

CHAPA QUENTE

O governador Ricardo Coutinho vai anunciar que não há mais nenhuma obra parada no Estado. Quando ele assumiu, havia mais de 200 obras abandonadas, boa parte ligada à área da Saúde.

Por força de liminar, todos defensores públicos inativos poderão votar nas eleições na próxima quarta-feira, quando será eleito o Conselho Superior da Defensoria Pública do Estado da Paraíba.

Cresce a possibilidade de a Paraíba ter tropas federais durante o pleito de outubro. A campanha está muito acirrada em alguns municípios do Sertão e Brejo, com ocorrências de violências entre as militâncias.

POLIVALENTE

Atuante destacado no jornalismo de João Pessoa, em jornais e televisão, o jornalista Erialdo Pereira “armou barraca” definitivamente, em Campina Grande, onde se formou em Direito. Longe das redações, hoje é visto nos fóruns atuando no ramo advocatício.

Dois

OSSO DURO Mesmo tranquilo e com aparente serenidade diante de sua situação na disputa pela Prefeitura de Campina Grande, cujas pesquisas lidera, o deputado Romero Rodrigues inspira preocupação em seu staff de campanha. É que o homem não leva desaforo para casa e quem desacatá-lo na campanha, vai ouvir poucas e boas.

Hildeberto Barbosa Filho -

hildebertobarbosa@bol.com.br

Nomes infelizes Os apelidos, os apostos, os epítetos, os pseudônimos, muitas vezes vêm em socorro do infeliz que esconde o verdadeiro nome.” Se é verdade que o destino do homem pode ser feito pelo nome de batismo, como disse Balzac, quantos destinos devem causar dó! E por quê? Porque existem nomes capazes de fazer o dono sofrer muito, quer pelo ridículo ou pelo absurdo, quer pelo grotesco ou pelo estapafúrdio, que a onomástica, em sua mirabolante e surpreendente variedade, pode envolver. Se há norma civil que procura proteger o cidadão desse nefasto vezo, tal não parece suficiente, pois a subjetividade dos entes cartoriais, não raro, compactua com estranhas, hilárias e inusitadas nomenclaturas. Os apelidos, os apostos, os epítetos, os pseudônimos, muitas vezes vêm em socorro do infeliz que, por motivos óbvios, esconde o verdadeiro nome. Mauro Mota, em nota introdutória a seu delicioso Barão de chocolate & companhia: apelidos pernambucanos, refere, a título de exemplo, o caso dos poetas Austro Costa e Jaime Altavila, cujos nomes originais eram Austriclínio Ferreira Quirino e Amphilóquio de Mello, respectivamente. Pinçados do Fios Sanctorum, do

A UNIÃO

SUPERINTENDÊNCIA DE IMPRENSA E EDITORA Fundado em 2 de fevereiro de 1893 no governo de Álvaro Machado

BR-101 Km 3 - CEP 58.082-010 Distrito Industrial - João Pessoa/PB PABX: (083) 3218-6500 / ASSINATURA-CIRCULAÇÃO: 3218-6518 Comercial: 3218-6544 / 3218-6526 REDAÇÃO: 3218-6511 / 3218-6509

Padre Diogo do Rosário, obra em 12 volumes, editada em Lisboa, em 1870, ainda cita estrambóticas alcunhas da hagiografia portuguesa, a saber: “São Abúndio, mártir romano de 857; São Medardo, profeta e bispo de Noyon; São Cacufate, pregador, supliciado em Barcelona no tempo de Maximiliano”. Eu mesmo conheci um casal de irmãos lá de Rio Formoso, cidadezinha litorânea de Pernambuco: ele se chamava Londres; ela, Brasil. E, na qualidade de professor, tenho me habituado às listas das cadernetas escolares, onde, aqui e ali, despontam etimologias enigmáticas, cavernosas e dissonantes que me coçam o imaginário E o pior: são nomes que constam no registro civil e que os dicionários especializados legitimam. Calícrates, Rutílio, Taia, Isnardo, Itibé, Eucáris, Zulka, Alfesibeu, Baldomaro, Berengério, Tízia, Tercícora, Heládio, Hostílio, Hildegar e Hildeberto são os que me ocorrem momentaneamente ao correr da pena. Dia desses, discorrerei sobre o último e do desgosto de carregá-lo vida afora. SUPERINTENDENTE Fernando Moura

DIRETOR TÉCNICO Gilson Renato

DIRETOR ADMINISTRATIVO José Artur Viana Teixeira

EDITOR GERAL William Costa

DIRETORA DE OPERAÇÕES Albiege Fernandes

EDITOR ADJUNTO Clóvis Roberto

EDITORES SETORIAIS: Geraldo Varela, Glaudenice Nunes, Juneldo Moraes, Nara Valusca, Neide Donato e Renata Ferreira EDITORES ASSISTENTES: Carlos Cavalcanti, Carlos Vieira, Emmanuel Noronha, José Napoleão Ângelo e Marcos Pereira PROJETO GRÁFICO: Ricardo Araújo, Fernando Maradona e Klécio Bezerra


EXCLUSIVO João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

A UNIÃO

Marcello Piancó Humorista

Tocando o som

dos grandes compositores Horácio Roque

O

hroque.reporter@gmail.com

humorista Marcello Piancó apresenta todos os dias na Rádio Tabajara o Programa A César o que é de César. Trata-se de um espaço em que ele dedica homenagens aos compositores de grandes sucessos, esquecidos pela grande mídia, gravadoras e público em geral na maioria dos casos. O programa foi criado em 2010 por Piancó e ficou no ar até 2011. No entanto, parou e só foi retomado em maio deste ano. É exibido todos os dias. Às 20h é veiculado uma edição inédita, que é reprisada outras duas vezes ao dia.

Qual a proposta do Programa ‘A César o que é de César’? A proposta do programa é resgatar o compositor, que é a parte mais esquecida da cadeia musical. É ele quem faz a música, os arranjos também. E, hoje em dia, talvez pela pressa, pois estamos no mundo da velocidade, as rádios esqueceram dos compositores. A música é passada de maneira sem cuidados, o compositor ficou esquecido. Pensando nisso, tive a ideia de fazer um ‘programete’ que, através de grandes clássicos da música, de músicas conhecidas, mostrar que há um compositor por trás, que elas não são apenas os intérpretes. No Brasil, temos o costume de só aplaudir o intérprete, quem canta ou dança. Se não tivesse o compositor, iriam cantar o quê? Então, criamos ‘A César o que é de César’, usando essa máxima para dar o valor a quem tem realmente. Porque as rádios não citam? Acho que começou com as gravadoras. Elas começaram a colocar cada vez menor o tamanho dedicado ao nome dos compositores e alguns nem colocavam, para criar a imagem só dos intérpretes. Nos Estados Unidos, ninguém sabe quem são os compositores de músicas de Michael Jackson e Madonna, por exemplo. Às vezes, são eles mesmos, mas às vezes têm grandes parceiros que o mundo desconhece. Acho que é tudo por causa do Culto do Ídolo. Como o compositor não aparece na mídia, não tem imagem, só tem ideia, o espaço é menor. Acho que hoje em dia não é interessante vender quem pense, mas sim quem canta, dança. É o culto do pop. Há algum caso emblemáti-

co? Muitos casos, mas o mais emblemático é o de Flávio José. Ele é um cantor paraibano de muito sucesso, é um grande intérprete. Eu diria que é um dos grandes representantes da música nordestina. Sem querer comparar com o Gonzagão, mas hoje ele faz o papel que o Rei do Baião fazia no passado. Pois bem, o povo chegava

para mim e pedia: “Toca ‘Caboclo sonhador’, de Flávio José!’. Mas, na realidade, a música é de Maciel Melo. O compositor sempre fica esquecido. Até hoje tem muita gente que pensa que ‘Caboclo Sonhador’ é de Flávio.

Algum compositor chegou para você para agradecer? Vários. Não só compositores, como amantes das músicas e fãs também. Eu recebi um elogio muito importante que foi o da filha de Zé Marcolino, que foi um grande compositor paraibano que pouca gente sabe que é de Sumé. Eu fiz um programa especial contando que ele tem vários sucessos na voz de Gonzaga, como ‘Sala de Reboco’ e ‘Fazenda Cacimba Nova’. Vários clássicos da cultura nordestina são dele. A filha dele, Fátima Marcolino, ligou para rádio,fez um elogio bem bacana, me agradeceu através de email também. Teve também o compositor Flávio Leandro, um pernambucano que é, se eu não me engano, de Bodocó e que tem vários sucessos na voz de Flávio José, como ‘De Mala e Cuia’. O próprio Maciel Melo, que hoje é um grande amigo, também teceu elogios. O Pinto do Acordeon e teve também os elogios do grande Adeildo Vieira, que é um ícone da música paraibana. Ele é um paraibano de Itabaiana, que trouxe um jeito novo de compor, de fazer um pop romântico nordestino meio ibérico. Ele fez alguns elogios, inclusive na coluna dele no Jornal A União, em que teceu loas. Eles elogiaram o formato do programa, em que a gente sempre usa a letra da música em questão como pano de fundo para fazer o texto que contará a história do compositor. Como é o processo de pesquisa? A gente faz um trabalho de pesquisa às vezes com o próprio autor quando às vezes a gente não consegue com o meu material, com meus livros, dicionários de música e internet. Eu me valho muito de minha memória, que é excelente. Me valho também pela amizade que tenho com alguns compositores e com parentes e amigos de alguns deles.

“No Brasil, temos o costume de só aplaudir o intérprete, quem canta ou dança.” Uma pesquisa dessa não se faz em um dia? A pesquisa é a parte mais difícil, o mais fácil é escrever. Não tem um tempo. Cada caso é um caso. Quando se tem um bem conhecido, é mais fácil. Por exemplo, um Tom Jobim é fácil. Mas um Genival Macedo, que é um paraibano que tem pouca coisa sobre ele escrita, é mais difícil. Por isso que eu acho que a Paraíba precisa de um museu da música paraibana, onde a gente possa pesquisar essas coisas.

Você lançou uma ideia agora, o que falta para ela? Eu acho que deveria ter a iniciativa das secretarias de Cultura, dos órgãos, da Funesc. Porque é uma coisa necessária, utilitária e que resgata nossa arte, nossa memória. Seria um grande passo. Quais são os próximos programas? Estamos focados em autores paraibanos e música instrumental, que falta fazermos. Temos bons compositores de música instrumental, como Sivuca e Canhoto, grande violonista de Prin-

cesa Isabel. É resgatar esse pessoal. Nós começamos de forma geral, fazendo MPB, depois passamos para compositores do Nordeste e viemos para a Paraíba. Agora, vamos para a música instrumental, que vai ser um desafio. Sempre nos baseamos na letra da música para escrever o roteiro. Mas e com música instrumental? Não dá. Vamos ter que buscar algo no título das músicas ou em outras coisas.

E quem são os maiores compositores da Paraíba que fazem sucesso no roteiro mais comercial? Um dos grandes dos anos 80 para cá, que vive bem só de direitos autorais, é o Hebert Viana que é paraibano. Tem outro que é Nino, que faz muito sucesso na voz dos sertanejos, que tem músicas estoradíssimas. São músicas bem pop. É um compositor que o grande público não conhece. Como foi que você se viu como pesquisador? Eu não digo que sou um pes-

quisador, eu sou um curioso. Pesquisadores são caras como Ricardo Anísio, Carlos Anísio. Sou um cara que sempre gostou de música, fui criado em ambiente que não existia diferenciação de música boa, forró, brega. Não existe boa música e ruim, antiga e nova. Procuro me inteirar sobre tudo, sem preconceito, embora tenha minhas preferências.

Como você alia isso ao seu lado humorista? Na minha carreira de humorista, sempre aliei a música como parte integrante dos meus shows. Um dos pontos altos são as paródias, com grandes músicas da MPB e as do momento. Na realidade, também sou compositor. Esse programa é um pouco de corporativismo, porque defendo minha classe. Não sou conhecido como compositor, a minha mais conhecida é o Hino das Virgens de Tambaú.

Hino das Virgens é seu? É uma parceria minha com meu amigo Vilmar Bandeira, da fundação do bloco, mais ou menos de 1986.


Agende-se! A UNIÃO João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

PB ganha Centro de Artesanato O novo Centro de Artesanato de Tambaú vai ser inaugurado hoje. O evento acontece às 17h, em frente ao Centro Turístico, local onde funciona a Empresa Paraibana de Turismo (PBTur).

Fotos: Evandro Pereira/Marcos Russo

Centro de Artesanato é inaugurado hoje Um novo equipamento do Governo do Estado – que agora passa oficialmente a se chamar Centro de Artesanato de Tambaú – será inaugurado hoje às 17h, em frente ao Centro Turístico de Tambaú, onde funciona a Empresa Paraibana de Turismo (PBTur). A inauguração contará com a participação de grupos culturais e da Orquestra Sinfônica Jovem da Paraíba. Os lojistas e artesãos terão um local bonito, organizado e reformado para atender suas necessidades e que também será atrativo para o turista e o consumidor paraibano. Vinte novos boxes serão entregues aos lojistas – muitos destes alocados no espaço desde os anos 1970. “A expectativa é que, a partir da inauguração, as vendas aumentem em mais de 50%. Finalmente o turista e o paraibano vão se sentir confortáveis e convidados a entrar num ambiente restaurado e agradável”, disse a presidente da PBTur, Ruth Avelino. Segundo ela, desde 2008 a Empresa paraibana pleiteia esta reforma. “Quando o governador

Ricardo Coutinho assumiu o cargo, ele pressionou para o destravamento e continuidade da obra. Todo o ano de 2011 foi tentando resolver questões legais e este ano, finalmente, começamos a reforma física”, explicou. Os mesmos lojistas que ali estavam antes da reforma são os que receberão o novo espaço. “Muitos estão aqui desde 1973 – ano da inauguração. Toda nossa assessoria jurídica fez um estudo profundo e encontrou esse respaldo. São pessoas que estão instaladas aí há tantos anos, não seria justo tirá-los”, afirmou. Ruth Avelino adiantou que o espaço possui novos estatuto e regimento interno, que permite apenas que produtos paraibanos sejam comercializados no local. “Agora, 100% do que eles comercializarem deverá ser produzido na Paraíba. Isso vai beneficiar o artesão e o fabricante típicos da região – como manteiga queijo –, pois alguns vendem produtos gastronômicos também”, explicou.

Outros

Olhares

Ricardo Coutinho Governador da Paraíba Twitter: @realrcoutinho

Cores, cheiros e sabores de uma cidade Essa nossa bela cidade de Nossa Senhora das Neves, que também já foi Filipeia, Frederika, Parahyba e há oito décadas é João Pessoa, exerce um fascínio sobre todos, nascidos ou adotados, moradores ou visitantes. Confesso a minha paixão e percebo que com o decorrer dos anos, quanto mais a conheço e ao seu povo, mais esta paixão se faz crescente. É que a cidade, além do nosso espaço de vivência, é também depositária das nossas emoções, sensações, desejos e lembranças e, com o passar do tempo, nos tornamos cada vez mais dependentes do que é mais que amor, é também parceria e cumplicidade. Nasci ali, em Jaguaribe, na Primeiro de Maio, rua da antiga Escola Industrial e da Igreja do Rosário. A impressão que eu tinha era que o mundo inteiro acontecia naquele bairro. Até hoje, Jaguaribe guarda as mesmas características e mesmo com a migração dos filhos e netos, boa parte da ascendência familiar se mantém no bairro de tantas boas e saudosas lembranças. Jaguaribe fez nascer um forte movimento cultural e de resistência que de lá se irradiou por toda a cidade. A base filosófica e conceitual da nossa intervenção cultural na gestão do Município e do Estado, com foco na cultura popular e na arte, tem suas bases naquele bairro que legou tantos artistas, intelectuais, professores e profissionais liberais para todo o país. Lembro do pôr do sol da balaustrada nas Trincheiras. O horizonte aberto, com o verde da Mata da Graça e o azul do céu, ia se fazendo laranja e prenunciando a noite. Nem a presença da fábrica de cimento conseguiu sucumbir tanta beleza. Recordo o cheiro da 24 de Maio repleta de jambeiros, do tapete fúcsia que a planta estendia antes de servir o fruto doce; o contraste entre a cor púrpura da casca e o branco da polpa macia e saborosa. Os jambeiros ainda nos davam a sombra reparadora para o cansaço de tantas brincadeiras. A Pedro II, que tive o prazer de duplicar quando prefeito, era um caminho antigo cheio de bambus que nos levava para as águas límpidas do Jaguaribe. O rio ainda abastecia parte da cidade e era o balneário preferido da meninada dos arredores.

João Pessoa é um recanto de muitos cheiros, sabores e cores. O entardecer no centro da cidade, principalmente na tranquilidade dos finais de semana, é mais que um passeio; é uma massagem para a alma. Sinto muita falta destes passeios livres pela cidade, de percorrer a elegância da Epitácio Pessoa, que mudava as suas cores com o movimento do sol poente. Encontrar a arejada Praça da Independência, que mantém ainda grande parte do seu traçado original, logradouro doado pelo ex-prefeito Guedes Pereira. Contemplar uma das expressões modernistas dessa cidade, também irrequieto fórum estudantil, o Lyceu Paraibano - onde construiremos um parque esportivo brevemente - e chegar à Lagoa, nosso Parque Central, imperial como suas palmeiras, aguardando a implantação das mudanças no sistema de transportes coletivos que virá com os BRTs. Só assim, finalmente diminuiremos a quantidade de ônibus que transitam pelo centro para que possamos repensar e resgatar sua condição de parque. O nosso sítio histórico, tombado pelo IPHAN numa sessão inesquecível da qual tive a oportunidade de participar para defender o que era ainda aspiração, se mantém com todo potencial, mais vivo que nunca. Nos últimos anos, graças a nossa intervenção, um novo Ponto de Cem Réis surgiu imponente, ladeado por uma Duque de Caxias também requalificada. A Praça Rio Branco, antigo Largo do Erário, surpreende pela simplicidade e beleza. O Shopping do Varadouro deu vez e dignidade aos ambulantes que inchavam a rua Padre Azevedo entre o terminal de integração e a Praça Pedro Américo; esta também reformada e revitalizada. A Praça Venâncio Neiva, com o histórico Pavilhão do Chá, também foi reformada e requalificada, e mais uma vez pousa atraente para todos os olhares. Os fatos comprovam o volume enorme de investimentos públicos que foram feitos nesses últimos anos em benefício desta cidade de 427 anos. Fizemos esses investimentos não apenas para valorizar a arquitetura e preservar o patrimônio histórico, mas porque o nosso Centro antigo continua bastante ativo comercialmente.

Na verdade, o Centro, somado ao bairro da Torre, abrigam mais de 37% do nosso comércio. A nossa Capital, deliciosamente provinciana e ousadamente cosmopolita, nasceu no Varadouro e só no século XX chegou ao mar. Aqui, a natureza também nos brindou com a singularidade da Ponta do Cabo Branco a contemplar as curvas sinuosas das praias ao sul e ao norte. Foi a partir dessas curvas que buscamos outras produzidas pelo talento do grande brasileiro chamado Oscar Niemeyer. Projetamos a Estação Ciência Cultura e Artes, a nossa Estação Cabo Branco e onde havia mais um caso típico de omissão e desprezo das autoridades, surgiu um espaço que já dialoga com o mundo inteiro. Essa bela João Pessoa, nossa cúmplice insuperável, chega ao fim da primeira década do século repleta de novos e velhos desafios. O trânsito talvez seja o principal deles. A violência é outra preocupação contemporânea que tem marcado nosso Estado de forma mais incisiva a partir do ano 2000. A mudança de matriz econômica é também algo que precisa continuar a envolver os melhores esforços e a criatividade da nossa gente. Tudo isso, poderemos tratar em futuros “Outros Olhares”. Esse é para celebrar

a sorte ou o destino de ter nascido nessa terra abençoada, de gente sofisticadamente simples e de força e determinação insuperáveis. Ao comemorar os 427 anos dessa jovem senhora das Neves, só me resta agradecer a sua gente a honra suprema de ter podido governá-la e a ela dedicar a minha força de trabalho, o meu tempo e o melhor das energias que pude produzir. Agora, como governador, não podia ser diferente para com a cidade que é de todos os paraibanos, reservamos investimentos totais que ultrapassam a marca de 1 bilhão de reais e contemplam demandas fundamentais para o presente e o futuro da nossa capital. Hoje, dia 5 de agosto, 18 meses depois de iniciar um grande esforço para solucionar tantos problemas e permitir que a Paraíba retome o caminho do desenvlvimento, posso afirmar que o Estado se reencontra com a sua Capital e inicia, finalmente, uma caminhada de passos largos e horizontes definidos. Parabéns a todos que têm esta cidade como terra mãe, parceira, berço e espaço de vivência. Viva João Pessoa, celebremos os seus 427 anos e busquemos um futuro do tamanho do nosso desejo, nosso amor e nossa capacidade.


Chico César comenta o primeiro concerto do Prima Página 6

A UNIÃO

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Homenagem a cidade Em 1959, o médico e artista plástico Arnaldo Tavares retratou a Festa das Neves em um bico de pena FOTOS: Divulgação

Horácio Roque

O

hroque.reporter@gmail.com

jornal A União circula hoje com um presente especial para o leitor em homenagem ao dia 5 de agosto, dia de Nossa Senhora das Neves, a padroeira da Capital e da Paraíba. Trata-se de um desenho feito em 1959 a bico de pena pelo médico e artista plástico Arnaldo Tavares (1917-1992), em que retrata os festejos pelo dia da santa nos primeiros anos do século XX, que está encartado na edição. O desenho, cedido pelo artista plástico Flávio Tavares, filho de Arnaldo, é intitulado ‘Alegoria a Festa das Neves’. Apesar de ter sido desenhado em 1959, retrata os festejos de Nossa Senhora das Neves do início do século passado, provalvemente da década de 20. “Por isso que o nome é uma ‘Alegoria a Festas das Neves’. Ele faz uma lembrança ao começo, aos primórdios da festa. Veja que no primeiro plano do desenho há uma banda. Naquela época, seguiam pelas ruas em direção ao coreto. A cidade ainda era muito interiorana, apesar de ser Capital, e existia essa tradição. Ele retratou com saudosismo”, explicou o artista plástico Flávio Tavares. Flávio recorda que o pai, em seus desenhos, costumava retratar a vida boêmia da cidade de João Pessoa. “Ele ilustrou muito a cidade, casarios, telhados. Ele amava muito João Pessoa, desenhou muito o Varadouro com bico de pena, ilustrou livros de Walfredo Rodrigues, Juarez da Gama Batista”, recordou. “Como ele fazia parte daquela boemia com Virgínio da Gama e Mello e com Juarez da Gama Batista, costumava retratar esse lado. Ele circulava muito pelo centro da cidade. Era a vida que pulsava de modo romântico. Retratava muito esse mundo entre o Varadouro, a Lagoa, o comércio”, disse Flávio. Arnaldo Tavares vem de uma família de fotógrafos. Ele era filho de Pedro Tavares, um pernambucano que nasceu em Goiana, que veio para a Paraíba para trabalhar como retratista no Palácio. “Acredito que a maioria daqueles retratos de governadores foi ele quem tirou”, disse. “Meu avô, Pedro Tavares, foi um dos primeiros fotógrafos daqui. Antes de Stuckert, já existia Pedro Tavares”, completou. O artista plástico Flávio Tavares revela que o talento do pai o influenciou. “Meu pai falava que tinha herdado os traços do pai assim como eu posso dizer isso hoje. Nos colégios e nas famílias, se incentivava bastante esses talentos. Não era coisa anormal não, fazia parte dos currículos”, disse. “Ele me influenciou de forma magnífica, ao me mostrar desenho, anatomia, perspectiva, geometria. Além da própria ligação dele com o folclore, com o Coco de Roda, com a Nau Catarinete. Eu acho que isso influenciou não só a mim, mas propiciou à família toda a ter um entendimento das culturas populares”, disse. “Não que ele desse aula. Ele não tinha paciência para dar aula sobre desenho, porque ele achava que era algo natural. Mas eu escutava as conversas dele com Hermano José, que papai considerava um grande talento. Eu via Jackson do Pandeiro sentado lá em casa conversando com ele”, disse. Para Flávio, o traço em seus desenhos de hoje lembra os do pai. “Todos os meus irmãos

AUDIOVISUAL

Cineastas da cidade de Manaíra lançam sexto filme

Arnaldo Tavares em alguns momentos: No bar Buraco da Gia, em Goiânia (à esquerda)., Embarcando para congresso na Europa (acima) e no departamento de Genética da UFPB (abaixo)

trabalhar a medicina com lucro”, disse. Arnaldo Tavares foi fundador da Faculdade de Medicina de João Pessoa, que hoje é o curso de medicina da Universidade Federal da Paraíba. Foi professor de diversas cadeiras, mas a principal dela foi patologia. Escreveu livros, em que ele próprio ilustrava. “Ele fazia muitas ilustrações médicas. Escreveu livros ilustrados por ele, até sobre plantas medicinais”, revelou Flávio Tavares. As multifacetas de Arnaldo não paravam nisso. Também era compositor, compôs a Orquestra Severino Araújo e tem duas músicas gravadas no disco ‘Recife 400 anos de frevo’. “Ela era um homem meio renascentista. Ele teve um papel em João Pessoa de formação múltipla de cultura, ciência e também de humanismo”, disse Flávio. “Numa época onde as elites caminhavam muito com o que estava se passando na Europa, papai já olhava para nossa cultura. Tinha visão muito brasileira, via a necessidade para de se conhecer o Brasil”, completou. O jornal A União, então, presta a homenagem ao médico, artista e defensor da cultura popular Arnaldo Tavares, que morreu em 1992, publicando encartado na edição de hoje o bico de pena ‘Alegoria a Festa das Neves’.

têm caligrafia muito parecida e o desenho também é caligrafia. Eu acredito que eu tenho muito traço meu, a maneira de mexer com a pena ligada ao sistema dele”, disse. Desenhar era apenas um dos talentos que o médico Arnaldo Tavares possuía. Nasceu em 1917 na cidade de João Pessoa, se graduou em medicina pela Faculdade Médica do Recife, se especializou em dermatologia e patologia

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e dedicou sua vida à ciência e ao combate de pestes como a Bouba, uma doença parecida com a lepra, que assolou o Brejo paraibano e outras regiões do Nordeste em meados do século passado. “Ele não era médico de consultório”, recorda Flávio Tavares. “Não usou a medicina como mercantilismo. Morreu praticamente sem nada, nunca teve cabeça para

MÚSICA

Jerry Adriani canta hoje no encerramento da Festa das Neves

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Arnaldo Tavares foi fundador da Faculdade de Medicina de João Pessoa, que hoje é o curso de Medicina da UFPB


Vivências A UNIÃO

Ciclo vida

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Chico César

Músico e secretário de Cultura da Paraíba - orangotanga@uol.com.br

Prima, presente

Vieira

Elaine Santos, presente. Daiane Roque, presente. Laiane Silva, presente. Jonathan Ribeiro, presente. Reinaldo Gouveia, presente. Maria Luíza, presente. Bryan Dias, presente. Antônio Cícero, presente. Rodolfo Matias, presente. Felipe Ribeiro, presente. Getúlio Targino, presente. E foi assim: na tarde que entrou noite sem ninguém nem se dar conta, esses 11 adolescentes disseram “presente” em nome dos 70 que marcavam presença no Centro Cultural São Francisco e esperavam pacientemente para dar início ao primeiro concerto oficial do Programa de Inclusão através da Música e das Artes, o Prima. A maioria veio de Cabedelo mas muitos também vieram do bairro de Mandacaru. Os primeiros para tocar, os segundos para cantar. E outros ainda vieram saber que novidade é essa de instrumentos de orquestra nas mãos de meninos e meninas como eles nascidos na periferia. Vieram ouvir e já ficaram com água na boca os do Bairro dos Novais, sabendo que, logo, logo vão ter esse gostinho também. O Prima vai se espalhar: além de Cabedelo, Mandacaru, Bairro dos Novais chegará ao Alto do Mateus, na Capital, e depois a Tibiri, na cidade de Santa Rita. Daí, interiorizar-se em mais cinco polos até o final do ano. O Prima não é uma escola de música mas ensina música. Prova disso deram os 70 presentes, que começaram a ter contato com os instrumentos e com a música propriamente dita de março pra cá e já executaram peças de Mozart, Luiz Gonzaga, Vital Farias, Villa-Lobos e até um original maracatu intitulado “Cabedelaço”, do maestro Chiquito, paraibano de Santa Luzia que colabora com o programa. Contando nos dedos, dá espantosos e alvissareiros quatro meses. Na verdade o Prima, através da música, busca ser um catalisador de potenciais humanos e de cidadania. A ideia não é original: inspira-se na bem-sucedida experiência de “El Sistema”, idealizada pelo visionário José Antônio Abreu, que há quase 40 anos semeia cidadania nas periferias da Venezuela através do ensino da música e da multiplicação de orquestras. Resultado: cerca de 300 orquestras (!) no país e o atendimento a quase 350 mil crianças (!). Resultado indireto: jovens músicos venezuelanos espalhados nas melhores orquestras do mundo inteiro e um exemplo de algo que

Artigo

Adeildo

funciona para quem quiser copiar. (Para quem quiser saber mais sobre El Sistema sugiro que visite o site deles: www.fesnojiv.gob.ve/. Eles próprios se dispõem a ensinar o caminho das pedras e a promover intercâmbios, como o que gerou a Neojibá, a orquestra jovem da Bahia. A Neojibá é a prima próxima do Prima. Foi nela que as secretarias de Cultura e de Educação da Paraíba buscaram informação para criar e pactuar o programa. Assim, aqui em nosso Estado jovens músicos, formados em música, ensinam seus instrumentos aos adolescentes e capacitam monitores no núcleos. Na prática ensinam a teoria. Os mais avançados, por sua vez, repassam seus conhecimentos aos mais novos. E assim vai. Claro que isso é pouco ortodoxo. Mas tem funcionado na Venezuela, na Bahia e em todos os lugares que seguiram o exemplo. Pelo que vimos e ouvimos no Centro Cultural São Francisco, cá na terra do genial Sivuca também começa a funcionar. Prima, presente.

Ramalho Leite

Jornalista e presidente da FAC - ramalholeite@uol.com.br

Ontem, como hoje O Banco do Nordeste tinha mandato perdera a maioria na na sua diretoria dois paraibanos: Assembleia e, em consequência, Pedro Gondim e Paulo Gadelha. o presidente se tornara comandante–em-chefe da oposição.Essa Ambos se esforçaram para oferecer crédito à Paraíba visando o maioria aguerrida, à medida em saneamento de suas finanças. O que se aproximavam as eleições, governador Tarcísio Burity vinha crescia em virulência e arrogância, impedindo que as ações do pagando aos servidores graças governo avançassem. aos famosos saques por antecipação de receita, O empréstimo de curto prazo e pretendido junto ao O cenário atual se BNB foi o cavalo de juros escorchantes. Um empréstimo assemelha ao do batalha com que se âncora pagaria os serviram para impassado narrado pedir que o governo débitos espalhados equilibrasse as suas por bancos privaacima. Isto por dos e concederia finanças e retomasse que as finanças ao BNB o título de o processo de desenvolvimento, estagnado principal credor do estaduais por absoluta falta de Estado da Paraíba. estão equilibradas recursos. O resultaO erário ganharia prazo de carência graças ao esforço do foi o que se viu. A Assembleia negou o e juros oficiais do atual Governo empréstimo e Burity mais confortáveis. foi até ofinal do seu A operação evitaria os constantes mandato graças a apelos do Governo à Justiça em liminares judiciais que impediam busca de liminares que evitassem bloqueio das contas do Estado. O os bloqueios de suas contas e, fechamento do Paraiban foi consequência e aumentou o caos. o Paraiban, depois fechado por O cenário atual se assemelha, isso mesmo, entre outras causas, em parte, ao do passado narrado largaria a tarefa de pagar a folha acima. Isto por que as finanças do Executivo usando seus parcos estaduais estão equilibradas grarecursos, para cobertura posterior. O socorro do BNB seria a ças ao esforço hercúleo do atual salvação. governo, fechando as torneiras do desperdício e direcionando invesO governador Burity, na timentos para áreas que facilitem dobra do segundo período do seu

seu retorno em receitas e emprego. O erário vai bem, obrigado. A guerra do momento envolve a Cagepa, única empresa pública de vulto que restou ao patrimônio do povo paraibano. Os déficits acumulados foram sendo cobertos por empréstimos vários, solução a que recorreram vários governos até o presente. O que no passado existia com relação ao Estado da Paraíba, existe hoje com relação àquela empresa. Vários empréstimos com juros de tirar a pele, afogam a operadora de água e esgotos, que precisa ser socorrida. Um banco oficial oferece o guarda-chuva sob cuja proteção serão abrigados todos os empréstimos privados, além de um prazo de carência que permitirá ao afogado respirar por algum tempo e reinvestir na melhoria dos seus serviços. A história muda um pouco, a oposição, porém, não sofreu alteração. Mudaram as siglas e foram trocadas algumas cabeças, mas a oposição prefere patinar na desgraça. Para essa oposição, com raras e honrosas exceções, quanto pior melhor. O momento exige diálogo e o interesse público não pode sucumbir diante de objetivos políticos e eleitoreiros. O péssimo exemplo de ontem, não pode prosperar nos dias de hoje.

Músico e jornalista - avieira@gmail.com

Musiclube da Paraíba: Escola de Fazer Escolas Tínhamos 20 e poucos anos de idade e uma inquietude milenar nos corações e mentes. A inquietude jovem de querer mudar o mundo ou pelo menos pô-lo nos trilhos da dignidade. No caso, a dignidade de poder se expressar com altivez e de ser alvo de respeito ao empunhar nosso instrumento. Nascia ali, no início dos anos 80, o Musiclube da Paraíba para apontar caminhos e aprender a desarmar as armadilhas postas à caminhada, mas também saber observar as paisagens e fazer delas música pra enfeitar a sina estradeira da humanidade. O capitãode-nau Pedro Osmar chamava os músicos para assumir o leme, dentre eles Milton Dornellas, Paulo Ró, Escurinho, Totonho, Chico César, Júnior Targino, Roberto Araújo, Pádua Belmont e outros tantos companheiros cuja lista ocuparia todo o espaço desta coluna. E eu estava lá, enchendo as malas de pensamento pra seguir viagem. Não era uma escola de música, era muito mais. A convivência com cancioneiros e experimentadores geniais eram nossas aulas, a amizade e o companheirismo eram nosso curso de licenciatura pra repassar os ensinamentos que a vida solidária nos ensinara. Foi importante saber das energias que põem ou arrancam um artista do palco, de entender das engenharias de poder que manipulam os movimentos das almas que clamam por expressão, de viver os palcos sabendo das plateias e dos bastidores. Mas, sobretudo, foi necessário construir ou fortalecer o compromisso com a vida, tendo como esteio o respeito aos desejos humanos de se expressar com dignidade. Passados 30 anos, continuamos jovens na inquietude. Mentes estrebuchantes que cresceram junto com a barriga, mas que não se abateram ante ao duro exercício de viver. Nossas reuniões já não precisam de espaços físicos, somos reunidos em ideias que se manifestam artística e politicamente aqui e alhures, onde existir um lampejo de inspiração guerreira. Circunstâncias históricas fizeram alguns dos nossos companheiros assumirem o leme de poderes institucionais e, assim porem em prática nossos ensinamentos, tendo agora o poder de mediar sonhos com a crueza da vida política e administrativa que rege nossos dias de cidadão. Agora são ideias que saem do poder do pensamento para os birôs onde está estampado o mapa dos desejos de toda uma cidade, de todo um estado. As ideias gregárias do Musiclube da Paraíba estão embrenhadas em ações de inclusão cultural. Bairros que abrigam oficinas de almas criativas, praças que viraram palcos, palcos que viraram praças para encontros de cidadãos sedentos de palco, artistas que encontraram um foco de luz disponível ao seu deleite estético. Também erros. Erros que se abrem pra fóruns permanentes de discussão na busca de acertos. Esta é a lição de rua de quem aprendeu na rua. Ou mesmo a lição de casa, considerando que as casas não têm porta. O que vale mesmo são terreiros e quintais. Os “meninos do Musiclube” cresceram. Cresceram, porque aprenderam sua condição perene As ideias de aprendizes. E na vida, tanto mais gregárias do se aprende quanto Musiclube da Paraíba mais se arrisca a erros e acertos, estão embrenhadas sem perder o foco em ações de da luz vinda daquele farol. O farol inclusão cultural. da dignidade, cuja Bairros que abrigam luz iridescente se lança pra guiar as oficinas de almas ideias que acredicriativas tamos.


Roteiro João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Audiovisual

Cineastas de Manaíra lançam filme A Botija II, sexta produção do grupo Foto: Divugação

“Os cineastas do Sertão”, como está sendo chamado um grupo de amigos da cidade de Manaíra, no interior do Estado, distante 480 quilômetros da Capital, concluíram mais um filme. A Botija II: O Homem que Enganou a Morte conta a estória de dois amigos João e Clementino que passam várias aventuras em busca de uma botija dada por um senhor chamado Manoel Rodrigues a João esposo de Zefa, que convida a morte para ser padrinho do menino que vai nascer. Mas quando a morte vem em busca de João o mesmo a engana com uma promessa a qual ele nunca irá cumprir. Com a ideia na cabeça, vontade e persistência, eles já gravaram seis filmes que estão sendo vendidos na Paraíba e em vários Estados, inclusive do Sul do país. Uma das produções já recebeu o reconhecimento da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O diretor geral dos filmes, Saturnino Pereira explicou que a inspiração vem da própria história da cidade. “O que não falta são elementos do passado, histórias típicas da região e fatos corriqueiros do dia a dia que nos inspiram a escrever”, comentou. Ele conta que assim que surgiu a ideia resolveu convidar alguns amigos pra fazer um filme amador e o primeiro foi “A Vingança que teve uma repercussão boa e ficou sendo o primeiro lugar em locação nas locadoras de nossa cidade. “Fizemos e depois vendemos em Manaíra mesmo, a produção foi bem aceita e

Assim como os filmes anteriores, A Botija II contou com a ajuda de pequenos patrocinadores

então resolvemos continuar produzindo outros e graças a Deus eles são bem aceitos até hoje”, conta Suturnino. Um dos atores dos filmes, Luís Alberto Alves Cosme, conta que um dos grandes problemas enfrentados pela equipe é com relação ao apoio financeiro que é pouco. “A população geralmente nos ajuda, mas falta o apoio daqueles que possui maior poder aquisitivo, o apoio cultural, pois falta projetos em prol da cultura na cidade para valorizar os diversos tipos de cultura como a nossa, o cinema ou arte cinematográfica”, lamentou. Saturnino Pereira explica o filme assim que é feito e logo distribuído. “Uma das produções, o Enganado pelo Diabo foi exibido e acabou

Em cartaz

31 MINUTOS (BRA/CHI, 2008). Gênero: Comédia. Duração: 85 min. Classificação: Livre. Direção Alvaro Díaz e Pedro Peirano, com Márcio Garcia, Daniel de Oliveira, Mariana Ximenes. Juanín atua como produtor no famoso noticiário de TV ‘31 Minutos’. Ele é o último de sua espécie, uma raridade que desperta o interesse de uma malvada colecionadora de animais em extinção conhecida como Cachirula. Ela só precisa dele para completar sua exótica coleção. Contando com a ajuda de Tio Careca, ela dá início a uma caçada pelo último membro dos Juanines. CinEspaço 1: 14h20 e 16h10. VOU RIFAR MEU CORAÇÃO (BRA, 2011). Gênero: Documentário. Duração: 78 min. Classificação: 12 anos. Direção: Ana Rieper. Documentário que trata do imaginário romântico, erótico e afetivo brasileiro a partir da obra dos principais nomes da música popular romântica, também conhecida como brega. Letras de músicas de artistas como Odair José, Agnaldo Timóteo, Waldick Soriano, Evaldo Braga, Nelson Ned, Amado Batista e Wando, entre outros, formam verdadeiras crônicas dos dramas da vida a dois. CinEspaço 1: 18h10 e 21h50. Hoje não haverá a sessão das 18h10.

COTAÇÃO

O QUE ESPERAR QUANDO VOCÊ ESTÁ ESPERANDO (What To Expect When You’re Expecting, EUA, 2012). Gênero: Romance. Duração: 110 min. Classificação? 12 anos. Direção: Kirk Jones, com Cameron Diaz, Jennifer Lopez, Rodrigo Santoro. Holly queria muito adotar um filho, mas seu marido Nate não tem a menor ideia do que é ser pai e, no fundo, não se sente nem pronto para isso. Pressionado para mudar essa realidade, ele acaba indo parar num grupo de novos pais, liderados por Vic, um cara que se amarra em tirar sarro com a cara dos outros. CinEspaço 3: 14h30, 16h50, 19h10 e 21h30. Manaíra 4: 12h, 14h20, 16h40, 19h15 e 21h45. Tambiá 1: 14h45, 16h45, 18h45 e 20h45.

ganhando um certificado da UFPB, campus de João Pessoa, após ser debatido por uma conterrânea nossa que é universitária e prima de um ex-colega nosso, o Roger, que não está mais na equipe, mas ajudou-nos muito”, relembrou. Ele disse que por causa dos patrocínios que são pequenos, os recursos não dão para pagar todos os custos da produção como os cachês dos atores. “Então a única a coisa que agente pode fazer é dar uma cópia do filme a cada um dos atores, claro que se os patrocínios fossem melhores os resultados seriam bem melhores”, afirma. Luís Alberto lembrou que no filme Manaíra, A Origem o patrocínio até que foi

Foto: Divulgação

Os três amigos conversam o bar em uma cena de E Aí... Comeu?

BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE (The Dark Knight Rises, GBR/EUA, 2012). Gênero: Suspense. Classificação: 12 anos. Dublado e Legendado. Direção: Christopher Nolan, com Christian Bale, Gary Oldman, Tom Hardy. Oito anos após os eventos ocorridos em Batman - O Cavaleiro das Trevas, o terrorista Bane retorna para Gotham City, provocando o pânico e o desespero. Sem forças para enfrentar o terrível criminoso, sedento de sangue, a polícia da cidade chega ao seu limite, fazendo com que Batman retorne de seu exílio por ter sido responsabilizado pelos crimes de Harvey Dent. CinEspaço 4: 14h30, 17h45 e 21h. Manaíra 2: 19h05 e 22h30. Manaíra 3: 15h05, 18h30 e 22h. Manaíra 5: 14h, 17h30 e 21h. Manaíra 6: 13h10, 16h30 e 20h. Tambiá 2: 14h40, 17h40 e 20h40. Tambiá 5: 14h20, 17h20 e 20h20. VALENTE (Brave, EUA, 2012). Gênero: Animação. Duração: 100 min. Classificação: Livre. Direção: Mark Andrews, Brenda Chapman e Steve Purcell. A história acompanha Merida, a princesa de um

bom, tanto que a equipe foi filmar até em Baía da Traição. Mas houve um problema na gravação, porque a filmadora portátil molhou e acabou não tendo mais como consertar. As produções realizadas pela equipe até agora são A Vingança, A Botija, Enganado pelo Diabo, Vida Sofrida, Almas Perdidas e agora A Botija II: O Homem que Enganou a Morte. Diante dos problemas que quem quiser ajudar a equipe é só ligar para o telefone (083) 9663-3121 e falar com Damião Pereira que faz parte da equipe. Também tem o site da empresa manaira1.blogspot.com e o e-mail de Luís Alberto que também é outro que comercializa os filmes que é luisfiscal09@gmail.com.

*** Bom **** Otimo

***** Excelente

Mídias em destaque Calandra já sabe namorar? Cláudia Carvalho Jornalista

claudiacarvalho@gmail.com

Entrou em vigor quase para valer a Lei de Acesso à Informação. Na Paraíba, já aderiram o Tribunal de Justiça, o Tribunal de Contas e o Regional do Trabalho. Além do Regional Eleitoral, o Ministério Público, o Governo do Estado e a Assembleia Legislativa e um sem número de câmaras municipais e prefeituras ainda não entraram na era da divulgação das informações salariais de seus servidores. Tomando emprestado o termo tão comum a Mônica Waldvogel, é uma saia justíssima para muitos ver seus dividendos disponíveis na internet para quem queira ver. Novos tempos cumprem uma máxima que deveria ser respeitada desde quando colonizadores chegaram para levar tudo que pudessem revender em terras d’além mar e trás-os-montes. Imaginem: Os portugueses saindo com navios abarrotados de especiarias, metais preciosos e os índios conectados na internet, mandando email à ONU com os relatórios das pilhagens. “Ei, seu Manoel, volte aqui com o ouro que o senhor roubou da nossa aldeia!”. Naquela época não havia internet, óbvio, mas, principalmente, não havia a consciência do cidadão a respeito de seus direitos, do conceito do que é público. E o dinheiro que os governos pagam, por direito, sai do bolso de cada brasileiro, a partir da contribuição de seus impostos. Se pagamos mais que qualquer outro país do mundo, em troca devemos ter toda a informação que nos possa ser ofertada. É justo e devido. Acabemse os salamaleques e frescurites afins. Por isso, não aguento a ladainha de magistrados reclamando porque seus vencimentos agora são conhecidos. A queixa de um ou outro juizinho no interior já soa arrogante, mas quando o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) Nelson Calandra chega a fazer o mesmo e com argumentação infantil, chega a despertar vergonha alheia. O representante da entidade disse ao O Estado de S.Paulo: “Qual a mulher que vai querer namorar uma pessoa que ganha mal? Um servidor de qualquer órgão público pode se achar vítima de bullying, porque foi publicada uma relação com seu salário. Se ele era bem cortejado na sociedade, pode sofrer bullying, porque não ganha de acordo com sua aparência”. Não creio que Calandra seja machista a ponto de acreditar que seria o contracheque o elemento mais eficaz na atração de uma mulher. Menos ainda acredito na tese de que um servidor público seja “banido da sociedade”, porque o dinheiro em seu bolso difere do que ele aparenta dispor. Quem recebe salário mínimo não é vítima de bullying. Provavelmente, porque está ocupado demais tentando sobreviver com tão pouco. As argumentações de Calandra são desculpas sacadas de sopetão para disfarçar o que é evidente: os juízes estão desconfortabilíssimos com essa nova era da informação e querem se agarrar a qualquer tênue possibilidade de ter de volta o encastelamento prazeroso de outrora, quando se pensava que a investidura na toga trazia consigo algo de divino e dogmático. A casa caiu! A situação deve ser estendida a todo e qualquer servidor público. Quem não aguentar, siga o conselho do capitão Nascimento: peça para sair e tenha na iniciativa privada justamente o que ela promete: privacidade. Com salário normalmente muito menor.

Drops & notas

Planetário do Espaço Cultural será reaberto hoje

E aí... Comeu? Fernando, recém separado, passa boa parte do tempo tentando compreender o fracasso de seu casamento com Vitória. Já Honório é um jornalista machão casado com Leila. E Fonsinho escritor solteiro, metido à intelectual. Juntos, eles buscam entender o papel do homem no mundo atual, povoado por mulheres de ideias modernas.

reino governado pelo rei Fergus e a rainha Elinor. Determinada em seguir o seu próprio caminho na vida, Merida desafia um antigo costume sagrado que coloca em perigosa o reino e a vida de sua família. Então ela parte em busca de uma velha sábia para tentar consertar seu erro. CinEspaço 2: 14h, 16h, 18h, 20h e 22h. Manaíra 1: 13h20, 15h35 e 18h.Tambiá 3: 14h30, 16h30 e 18h30. Tambiá 6/3D: 14h e 18h.

A ERA DO GELO 4 (Ice Age 4 – Continental Drift, EUA). Duração: 100 min. Classificação: Livre. Gênero: Animação. Dublado. Direção: Steve Martino e Mike Thrumeier. O novo longa-metragem da turminha gelada trata do efeito estufa e o degelo, como pano de fundo, para ilustrar uma série de acontecimentos. Manaíra 2: 12h30, 14h40 e 17h. Tambiá 4: 14h15, 16h15, 18h15 e 20h15. Tambiá 6/3D: 16h.

E AÍ... COMEU? (Brasil, 2012). Gênero: Comédia. Duração: 102 min. Classificação: 14 anos. Direção: Felipe Joffily, com Emílio Orciollo Netto, Seu Jorge e Tainá Müller. Fernando, recém separado, passa boa parte do tempo tentando compreender o fracasso de seu casamento com Vitória. Já Honório é um jornalista machão casado com Leila. E Fonsinho escritor solteiro, metido à intelectual. Juntos, eles buscam entender o papel do homem no mundo atual, povoado por mulheres de ideias modernas. CinEspaço 1: 19h50. Manaíra 8: 13h30, 16h, 18h20 e 20h50.

O ESPETACULAR HOMEM ARANHA (The Amazing Spider-Man, EUA, 2012). Gênero: Ação, aventura e suspense. Duração: 136 min. Classificação: 10 anos. Direção: Marc Webb, com Andrew Garfield, Sally Field, Martin Sheen e Emma Stone. A história de Peter Parker, estudante rejeitado por seus colegas e abandonado por seus pais, ainda criança, mas criado pelo Tio Ben. O adolescente tenta entender quem é, enquanto começa a viver a primeira paixão. Manaíra 1: 20h30. Tambiá 3: 20h20. Tambiá 6/3D: 20h.

SERVIÇO * Ruim ** Regular

A UNIÃO

 Funesc [3211-6280]  Mag Shopping [3246-9200]  Shopping Tambiá [3214-4000]  Shopping Iguatemi [3337-6000]  Shopping Sul [3235-5585]  Shopping

Manaíra (Box) [3246-3188]  Sesc - Campina Grande [3337-1942]  Sesc - João Pessoa [3208-3158]  Teatro Lima Penante [3221-5835 ]  Teatro Ednaldo do Egypto [3247-1449]  Teatro Severino Cabral [3341-6538]  Bar dos Artistas [3241-4148] Galeria Archidy Picado [3211-6224]  Casa do Cantador [3337-4646]

Após um período fechado para manutenção de equipamentos, o Planetário volta a funcionar normalmente com sua capacidade ampliada de 70 para 135 pessoas. A reabertura será hoje – e somente nesse dia - as sessões serão gratuitas às 15h, 16h e 17h, exibindo o programa Uma Viagem pelo Universo. Para participar, os interessados devem chegar com antecedência e solicitar senhas na bilheteria. As sessões regulares do Planetário ocorrem terças e quintas-feiras para escolas agendadas com opções às 9h, 10h, 15h e 16h. Aos sábados e domingos, as exibições serão sempre às 17h. A entrada é gratuita para estudantes de escolas públicas da rede estadual e dos municípios. Para escolas particulares e para o público em geral, os preços cobrados são R$ 4 (inteira) e R$ 2 (estudante). O agendamento é feito exclusivamente por telefone.

Produção de Thor encontra novo vilão para filme

CAV promove exposição Foto na Praça

Depois de perder o ator Mads Mikkelsen, agora Thor: The Dark World, o segundo filme de Thor, encontrou um ator para substituí-lo como o vilão do filme. É o britânico Christopher Eccleston, de G.I. Joe - A Origem de Cobra, segundo a Variety. O vilão será o senhor dos elfos negros do mundo subterrâneo: Malekith, o Maldito. Nos quadrinhos o personagem tem o poder de transitar entre os mundos dos vivos e dos mortos, e sua história mais conhecida envolve a posse de um artefato asgardiano, a Caixa dos Antigos Invernos.

O Dia Mundial da Fotografia é 19 de agosto. Com o objetivo de comemorá-lo, a Casa das Artes Visuais realizará a exposição Foto na Praça. Coordenado por Fernanda Eggers, o evento tem apoio da Funjope e Sedurb e vai ocorrer das 9h às 19h, na Praça Alcides Carneiro, em Manaíra. As inscrições são gratuitas, por meio do envio de e-mail para fotonapraca@ hotmail.com, devendo constar o nome, um telefone de contato e o título do ensaio. Aberta a profissionais e amadores, cada ensaio deverá ser composto de seis fotos, impressas em papel fotográfico no formato 20x30 cm e coladas (ou presas com fita dupla-face) na metade inferior de uma cartolina preta.


Música A UNIÃO

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Irreverência &

FOTOS: Divulgação

A Orquestra de Câmara Cidade de João Pessoa será a primeira a se apresentar na noite de encerramento, que terá como grande atração o cantor Jerry Adriani

romantismo

Orquestra de Câmara, Banda Omelete e Jerry Adriani encerram programação musical da Festa das Neves

A

música erudita da Orquestra de Câmara da Cidade de João Pessoa (OCCJP), a irreverência da Banda Omelete e o romantismo de Jerry Adriani encerram hoje a programação musical da Festa das Neves. Primeira atração da noite, a Orquestra de Câmara sobe ao palco de shows do Ponto de Cem Réis às 20h, para executar o Concerto Para a Cidade, com um repertório voltado, na maior parte, para composições de artistas locais, principalmente as composições de Genival Macedo (1821-2008), o grande homenageado da Festa das Neves, autor da música ‘Sublime Torrão’, conhecida popularmente como o ‘Hino da Paraíba’. No repertório da apresentação tem ainda ‘Hino do Estado da Paraíba’ (Abdon Milanês) e ‘Vozes da Primavera’ (Johann Straub), além de “João Pessoa, Cidade”, com arranjo de Carlos Anísio. De Genival Macedo, a OCCJP executará, também, ‘Cidade Jardim’ e ‘Manhã de Esperança’.

Banda Omelete A Banda Omelete, segunda grande atração da noite de encerramento da Festa das Neves 2012, promete levar humor e muita descontração para o Ponto de Cem Réis. “Vamos fazer uma ‘caricatura do brega’ neste show”, disse o vocalista do grupo, Sinfrônio Petrônio. Formada há 19 anos, a Banda Omelete deve subir ao palco com seis componentes e fazer um show para toda a família, com canções de nomes como Odair José, Sidnei Magal, Wando, Evaldo Braga, Waldick Soriano, Reginaldo Rossi, Carlos Alexandre e muitos outros. “Será um show de humor sem palavrão. Um show para pais e filhos”, acrescentou. Jerry Adriani No show deste domingo, o público vai ouvir sucessos como ‘Broto legal’, ‘Namoradinha de um amigo meu’, ‘Querida’, ‘Doce

doce amor’, entre outras canções que marcaram a carreira de Jerry Adriani, que teve início em 1964, com o LP Italianíssimo. Nascido Jair Alves de Souza, Jerry gravou, também em 1964, o LP “Credo a me”, e, em 1965, estourou com “Um Grande Amor”, primeiro LP gravado em português. Além de cantar, o artista comandou, entre 1967 e 1968, na TV Tupi, A Grande Parada, um musical ao vivo que apresentava os grandes nomes da MPB, consagrando-se definitivamente como um dos cantores de maior popularidade em todo o país. Jerry Adriani também fez três filmes como ator e cantor. No início da década de 90, o cantor gravou um disco que trazia de volta as

origens do rock’n’roll: “Elvis Vive” (um tributo ao rei do rock, do qual sempre foi fã). O álbum foi o 24° de sua carreira. Em 1999, lançou hits da Legião Urbana em uma versão para o italiano, com as músicas ‘Se fiquei esperando meu amor passar’ ‘Será’, ‘Monte Castelo’, ‘Há tempos’, ‘Giz’, ‘Angra dos Reis’ etc. O CD ‘Forza Sempre’ já ultrapassou as 200 mil cópias vendidas. Entre 2000 e 2001, o artista gravou Tudo Me Lembra Você, mesmo título da música de trabalho, que também fez parte da trilha sonora da novela ‘Roda da Vida’, exibida pela Rede Record. Em 2006, participou da trilha sonora da novela ‘Cidadão Brasileiro’ (Rede Record), com uma releitura atualizada da música “Jailhouse

Rock”, conhecida mundialmente na voz de Elvis Presley.

Brincantes e Bagaceira Além da Orquestra de Câmara, da Banda Omelete e de Jerry Adriani, no Ponto de Cem Réis, do lado da Rua Duque de Caxias, no tablado, a partir das 18h, se apresentam os grupos da cultura popular do projeto Brincantes Brasileiros na Paraíba. Este domingo também será a última chance de curtir, na Praça Rio Branco, as atrações da “Bagaceira”, onde, além das barracas de comidas típicas nordestinas e de bebidas, uma programação musical promete animar o público com atrações ao meio-dia e após às 19h30.


Conheça o trabalho do Centro de Valorização da Vida Página 11

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João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012 FOTO: Divulgação

Veículos limpos País trabalha projetos de transporte sem poluição O caminho para um tráfego urbano menos poluente no Brasil pode estar mais curto graças a projetos pioneiros brasileiros de transporte coletivo e individual limpos, sem emitir poluição nem barulho. O Laboratório de Hidrogênio da Universidade de Campinas (Unicamp) começou a desenvolver na década de 1990 o primeiro carro nacional elétrico movido a hidrogênio, que emite apenas água do escapamento. Criado três anos antes, só em 2009 entrou em operação no Estado de São Paulo o ônibus movido a tração elétrica híbrida (célula de combustível a hidrogênio e baterias). Esse projeto foi financiado pelo Ministério de Minas e Energia, Finep e a GEF (Global Environment Facility)/Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Os ônibus paulistas conseguem rodar 300 km com hidrogênio sem reabastecer e, se for preciso, podem andar mais 40 km utilizando apenas bateria. A fumaça lançada pelo ônibus comum (a diesel) é rica em gases poluentes. Nesse processo limpo , a célula de combustível transforma energia química em energia elétrica sem haver combustão, portanto, sem poluição. Atualmente, no corredor metropolitano São Mateus/Jabaquara (SP), um dos quatro ônibus “verdes” já circula e transporta passageiros em período integral. Em 2010, foi a vez de o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-gra-

duação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apresentar o primeiro ônibus movido a hidrogênio totalmente com tecnologia brasileira. Esses ônibus estarão disponíveis para o público até a Copa do Mundo de 2014, no Rio. Atualmente, mais de 20 empresas desenvolvem, fabricam ou comercializam veículos elétricos no país. O preço dos carros elétricos é maior do que os movidos a gasolina e/ou etanol, principalmente pelo alto custo de fabricação das baterias. Os outros inconvenientes são ocupar muito espaço dentro do veículo, a baixa autonomia (exige reabastecimento após andar cerca de 200 km) e a falta de uma ampla rede de abastecimento de eletricidade. Incentivos O Brasil conta com diversos incentivos para que os consumidores utilizem veículos elétricos que, assim como os movidos a hidrogênio, são silenciosos e não poluem. Os proprietários de veículos elétricos são isentos de pagar o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) em sete Estados: Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Sergipe. Em outros três (Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo) há desconto do imposto. E na capital paulista, os elétricos não estão sujeitos ao rodízio de veículos.

Inserção do Brasil no que há de mais moderno no setor automobilístico O carro elétrico ainda está em fase embrionária no Brasil, mas não é por falta de dedicação de organizações não governamentais e privadas que, em conjunto ou separadamente, trabalham para que o Brasil esteja inserido no que há de mais moderno no setor automobilístico global. Neste sentido, muito se evoluiu na semana da Rio + 20, especialmente no Fórum Global em Mobilidade Elétrica, onde foi discutido, dentre outros assuntos, a viabilidade e o futuro do carro elétrico no Brasil. O presidente executivo da Associação Brasileira do Veículo Elétrico – ABVE, Pietro Erber, defendeu a importância de ter uma política pública para os VEs priorizando os seguintes pontos: tratamento fiscal diferenciado, controle de emissões e incentivo ao sucateamento de veículos obsoletos, preços das energias compatíveis com seus custos de obtenção e utilização, cobrança de externalidades negativas para financiar a racionalização dos transportes. Para Pietro, a difusão do carro elétrico no Brasil, depende de pelo menos três medidas: a) fiscal - redução de impostos e taxas dos VEs (o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA deve ser cobrado proporcionalmente ao consumo e ao espaço ocupado; b) Carregamento - expandir a rede, padronizar conexões, incentivar carregamento fora de ponta e obter apoio das empresas distribuidoras; c) Produção local - produzir VEs localmente, criar fontes de financiamento e padronização.

Os veículos elétricos vieram para ficar e quem não se preparar para atender as necessidades do consumidor pagará mais tarde o preço da decisão. Pensando assim é que a BMW já rodou mais de 16 milhões de quilômetros testando os seus carros elétricos e híbridos. Isso é o que garantiu o diretor presidente da BMW Henning Dornbusch. Apesar de diagnosticar a Ásia, América do Norte e Europa como as regiões que mais chances têm de dominar o mercado de VE, Dornbusch diz que o domínio da melhor tecnologia do carro elétrico não se dará por país ou região, mas sim por fabricante. Para ele, regiões como Rio e São Paulo têm grande potencial para explorar mercado de carros elétricos. Com relação à aliança do Pacífico, ele acredita que não vai afetar tanto a nossa região, pois “o Brasil é um país de consumo, ao contrário do México que é exportador. Além disso, o potencial do Brasil é de 5 milhões de carros por ano, e hoje são produzidos em torno de 3,6 milhões.”. Em seu ponto de vista, o veículo elétrico irá se desenvolver por aqui à medida que houver regulamentação do governo, investimento em infraestrutura , benefícios adequados para os consumidores e desenvolvimento de fornecedores de classe global que atualmente estão na Ásia, América do Norte e Europa. Fonte: Ministério de Ciência e Tecnologia e Associação Brasileira do Veículo Elétrico


Tecnologia

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João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

produção de chip

Brasil é pioneiro na América Latina Foto: Divulgação

CI-Brasil é o programa que desenvolve a indústria nacional de microeletrônico O chip ou Circuito Integrado (CI) é um dos semicondutores mais importantes em um produto eletrônico moderno, como notebooks ou smartphones. Para atender a crescente demanda, o país conta com o CI-Brasil, programa ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, responsável por desenvolver a indústria nacional de microeletrônica. Um dos objetivos do CI-Brasil é formar especialistas por meio do Programa Nacional de Formação de Projetistas de Circuitos Integrados. Diversas empresas, centros de pesquisa e startups integram o setor de Circuito Integrado no País. Algo bem diferente do Brasil dos anos 50. As primeiras instituições a desenvolverem pesquisas de semicondutores foram o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), a partir de 1953, e o Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), nos anos 60, quando a indústria eletrônica brasileira começou a ser implementada. Em 1968, a Escola Politécnica da USP inaugurou o primeiro laboratório de microeletrônica do país, o LME, pioneiro no desenvolvimento de várias tecnologias, entre elas, a criação do primeiro chip 100% nacional em 1971. Em 1974, é a vez de a Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) fundar o LED (Laboratório de Eletrônica e Dispositivos), que desenvolveu equipamentos de microeletrônica, como for-

Pesquisa continua nas universidades

Primeiro chip 100% nacional foi desenvolvido, em 1971, pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, entre outras tecnologias

nos térmicos. O LED é o atual Centro de Componentes Semicondutores (CSS), responsável por pesquisa de ponta em técnicas de micro e nano tecnologias, além de cursos de graduação, de pós-graduação e de extensão na área.

O mercado de microeletrônica expandiu-se nos anos 70, puxado pelo aumento do consumo de bens de consumo duráveis – geladeiras, fogões, máquinas de lavar roupa etc. Nos anos 80, pouco mais de 20 empresas fabricantes de

Falta de incentivo afugenta empresa Sem incentivos, várias empresas fecharam ou saíram do país, que passou a importar chips. Entre 1989 e 1998, a produção nacional de semicondutores caiu de US$ 200 milhões para US$ 54 milhões, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Só em 2001, com a nova Lei de Informática, a produção de chip voltou a ter força. A partir de então, os fabricantes teriam até 97% de desconto do IPI (Imposto de Produtos Industrializados), desde que investissem 5% do faturamento em pesquisa de novas tecnologias. Depois

desta, outras leis ampliaram a possibilidade de isenções fiscais que aceleraram o desenvolvimento de inovações tecnológicas dentro do Brasil. O grande marco veio em 2008, com a fundação do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica (Ceitec), empresa pública federal responsável por desenvolver chips com tecnologia nacional. O Ceitec é a primeira fábrica de chips da América Latina. Chip orgânico Outra iniciativa que também ganha destaque na corrida tecnológica brasileira é a pesquisa em eletrônica or-

EDITAL Registro Imobiliário da Comarca de Itabaiana - PB EDITAL DE LOTEAMENTO REGINA COELI RODRIGUES DA SILVA, na forma da lei. Faz público para ciência dos interessados, em cumprimento ao disposto no art. 2º do Decreto-Lei nº 58 de 10.12.1937, regulamentado pelo Decreto nº 3.079, com modificações introduzidas pelo Decreto-Lei nº 271 de 28.02.1967, ao qual foi incorporada a Lei nº 4.591 de 16.12.1964, que ANNÍBAL PEIXOTO FILHO, brasileiro, casado, promotor de justiça e professor aposentado, residente e domiciliado na Cidade de Cabedelo/PB, depositou neste cartório, situado na Av. José Silveira, nº 70, Centro, Itabaiana/PB, o memorial, plantas e demais documentos relativos ao imóvel de sua propriedade localizado no Município de Itabaiana/PB, denominado “LOTEAMENTO ALTA VISTA II”, com área de 167.901m2, composto de 21 (vinte e uma) quadras, 294 (duzentos e noventa e quatro) lotes de terreno, dotados com infra-estrutura básica como: ruas, água, energia elétrica, equipamento comunitário e área verde. As impugnações daqueles que se julgarem prejudicados quanto ao domínio do referido imóvel deverão se apresentar no prazo de 15 (quinze) dias a contar da terceira e última publicação do presente edital. Findo o prazo e não havendo reclamação, será feito o registro, ficando os documentos à disposição dos interessados no horário de expediente. Dado e passado na Cidade de Itabaiana, Estado da Paraíba, 30 de julho de 2012. Eu, Tabeliã do 1º Ofício da Comarca de Itabaiana – PB, que digitei e assino. O referido é verdade e dou fé. Regina Coeli Rodrigues da Silva - 1ª Tabeliã Oficiala do Registro Geral de Imóveis de Títulos e Documentos - Itabaiana Paraíba

gânica, ou seja, com produtos baseados em carbono em vez dos tradicionais silício ou cobre. O Instituto Nacional de Eletrônica Orgânica (Ineo), integrado ao Instituto de Física da USP em São Carlos (interior de São Paulo), desenvolve dispositivos eletrônicos a partir de moléculas orgânicas. Esses componentes são utilizados, por exemplo, em telas luminosas e “displays” de computadores e televisão com a tecnologia OLEDs (em português, Diodo Orgânico Emissor de Luz). Uma tela com essa tecnologia é composta de moléculas que emitem luz ao serem atravessadas por uma corrente elétrica. Além de consumir menos energia, a tela exibe imagens com mais nitidez. “Os trabalhos do Ineo estão focados, além de outras tecnologias ligadas à eletrônica orgânica, no desenvolvimento de dispositivos conservadores de energia, que podem simular, por exemplo, uma espécie de fotossíntese para gerar energia”, afirma Roberto Mendonça Faria, coordenador das atividades do instituto. (Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia)

componentes eletrônicos já operavam no Brasil. O setor sofreu uma retração com a Lei de Informática, de 1991. O objetivo era fomentar um mercado nacional, mas o efeito foi contrário. Pela legislação, ganhariam isenção

as empresas que cumprissem o chamado Processo Produtivo Básico (PPB), que fixava um percentual mínimo de nacionalização. Mas essa nacionalização era para os produtos finais, e não para a produção dos chips.

Obesidade mórbida

Estímulo elétrico é nova opção para tratamento São Paulo – Uma pesquisa desenvolvida pelo Hospital do Coração de São Paulo (HCor) com apoio do Ministério da Saúde pode se transformar em uma nova opção de tratamento contra a obesidade mórbida. O procedimento usa um estimulador elétrico para atuar em uma região específica do cérebro ajudando o doente a perder peso. O mesmo método já é regulamentado para outros tratamentos, como para aliviar os sintomas do mal de Parkinson. A diretora clínica de pesquisa neurológica do HCor, Alessandra Gorgulho, explicou que o método já foi testado com sucesso em macacos e suínos e agora será experimentado em seis pacientes. Segundo ela, o objetivo é verificar a tolerância do cérebro à estimulação contínua que provocou a diminui-

ção de peso em suínos, provavelmente alterando o metabolismo. Os testes deverão começar em 2013 e, nessa primeira fase, terminarem no final de 2014. Alessandra destaca que apesar do método já ser usado em outras terapias, “é a primeira vez que seres humanos serão implantados nessa região do cérebro (hipotálamo)”. A pesquisadora estima que serão necessários pelo menos dez anos de trabalho até que técnica possa ser aprovada para uso terapêutico contra obesidade mórbida. O objetivo é que a técnica seja uma alternativa, menos invasiva, às cirurgias de redução de estômago. “A ideia não é conseguir um efeito tão dramático como o que se consegue com a cirurgia bariátrica”, explicou Alessandra.

Rio de Janeiro – A greve nas instituições federais de ensino tem impacto diferente na graduação, na pós-graduação e na pesquisa. Segundo professores ouvidos pela Agência Brasil, embora a graduação esteja parada em praticamente todas as universidades, ainda que alguns cursos não tenham aderido, parte dos programas de pós-graduação manteve seu calendário normal e deve retomar às atividades este mês e é comum os núcleos de pesquisa das instituições manterem as atividades no período de greve. “A greve é um estado estranho para nós da academia. Muitas das categorias quando entram em greve assumem as consequências (da paralisação). Quando terminar a greve, os professores vão ter de repor estas aulas nas férias”, disse o professor associado da Escola de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), André Lemos, representante da área de comunicação no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência de fomento à produção científica ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Segundo Lemos, os programas de pós-graduação não param. O professor informou que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão responsável pela avaliação dos cursos de pós-graduação stricto sensu no país, enviou documento ao programa do qual ele faz parte na UFBA, que, segundo Lemos, deve ter circulado em outros programas de pós-graduação do país, e informou que nenhum calendário será alterado. “Prazo de bolsas, editais, toda a burocracia das agências está mantida, como se não estivéssemos em greve”, disse.

África e AL têm tecnologia do Brasil

Brasília - Pesquisadores da América do Sul e da África debateram na última sexta-feira experiências na área de agricultura durante o Fórum de 2012: Africa – Brazil – Latin American and Caribbean da Plataforma de Inovação Agropecuária. O Fórum é uma iniciativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), do Ministério da Agricultura, da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Segundo informa o diretor da ABC, ministro Marco Farani, o principal resultado dessa iniciativa é um avanço nas áreas de pesquisa de cada um dos países. “Essa iniciativa é importante porque aproxima cientistas brasileiros de cientistas latino-americanos e de africanos”. O diretor-presidente da Embrapa, Pedro Arraes, disse que a empresa e os parceiros estão dando condições para que os pesquisadores desses países possam ter grandes empresas de pesquisa. “Hoje, a tecnologia é global. O que nós estamos fazendo é dar as condições para que eles tenham grandes empresas de pesquisa”. Foram aprovados 20 projetos de países africanos para fazer parte da plataforma África-Brasil nesse ano, e cinco de países da América do Sul pela plataforma América Latina e Caribe-Brasil de Inovação Agropecuária. Cada projeto tem o valor de cerca de US$ 80 mil. Os pesquisadores dos países dos continentes serão capacitados por técnicos da Embrapa.


Saúde João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

A UNIÃO

Solidão e depressão

CVV recebe 2,9 mil chamadas por mês na PB FOTO: Divulgação

Lidiane Gonçalves lidianevgn@gmail.com

Um serviço gratuito que ajuda pessoas que sofrem de solidão, depressão ou tristeza. Mas também um lugar onde as pessoas podem compartilhar suas histórias vitoriosas com alguém. Assim é o Centro de Valorização da Vida (CVV), que foi criado no Brasil em 1962 e existe na Paraíba há 26 anos, com atendimento em João Pessoa e Campina Grande. Para ser atendido, basta ligar ou ir pessoalmente ao local. Para ser voluntário o primeiro passo é procurar um dos grupos e se oferecer. Os atendimentos em João Pessoa e Campina Grande mensalmente chegam a beneficiar 2.900 pessoas. São aproximadamente 600 chamadas por mês em João Pessoa. Já em Campina Grande são cerca de 2.300 atendimentos mensalmente. De acordo com Aparecida Melo voluntária especialista e assessora de comunicação do CVV João Pessoa, as pessoas procuram alguém que possa ouví-las sem críticas, sem julgamento. “Isso acontece porque poucas pessoas se dispõem a ouvir alguém verdadeiramente nos dias de hoje. E ouvir verdadeiramente não é fácil porque implica compreender o que a outra pessoa diz com o real sentido que aquilo faz para ela. Ou seja, é ser empático, é se colocar no lugar da outra pessoa e perceber as coisas como ela percebe”, disse. Aparecida disse que as pessoas que procuram o serviço, na maioria das vezes apresentam solidão, depressão, tristeza, conflitos familiares e perdas em geral como: luto, separação. “No entanto também nos contam sobre vitórias e conquistas que desejam compartilhar com alguém”, comentou. A assessora explicou que o voluntário do CVV possibilita a quem procura o serviço encontrar-se, descobrir suas potencialidades e seguir adiante em seu caminho, independente do que seja abordado, o que mais é almejado é alguém que as escutem. “Essas pessoas têm assegurado seu anonimato. Somos amigos temporários e por isso não mantemos contato com as pessoas que procuram atendimento. O que é O Centro de Valorização da vida é um programa caracteriza-

Paciente deve ser ouvido sem críticas e julgamentos

Assistência nOnde encontrar ajuda na Paraíba?

do pelo oferecimento de apoio emocional, através de conversa, às pessoas que procuram o centro para expor coisas que causam sofrimento. Acredita-se que este meio de ajuda previne o suicídio. É a organização não governamental mais antiga do Brasil, formada exclusivamente por voluntários. Existe no Brasil desde 1962 e na Paraíba há 26 anos. Em João Pessoa o CVV faz ações comunitárias como palestras em empresas, colégios e comunidades. “São realizados também cursos e ações destinadas ao público em geral, o CVV está aberto a parcerias com empresas, e instituições que realizam eventos”, comentou Aparecida.

Em João Pessoa: Av. Rui Barbosa, s/n (Prédio do antigo Lactário da Torre) - Torre - CEP 58040-490, telefone (83) 3224-4111 ou 141, joaopessoa@cvv.org.br - Atendimento das 12h30 às 22h30 por telefone e das 13h às 17h pessoalmente Campina Grande: Rua Maciel Pinheiro, 170 - Andar Vazado - S/01 - Centro - CEP 58400-100, telefone (83) 3321-4111 / 141, campinagrande@cvv.org.br Atendimento 24 horas por telefone ou das 8h às 18 pessoalmente nVoluntariado Para quem pretende ser um voluntário o canal de comunicação é o telefone 88677560. No entanto, a pessoa precisa seguir alguns requisitos para fazer parte do CVV. “O voluntário tem que ter no mínimo 18 anos, cinco horas livres por semana para o trabalho no CVV, passar por um curso com duração de sete encontros semanais e vontade de ajudar as pessoas”, explicou Aparecida Melo, que disse que são apenas 10 voluntários em João Pessoa, por isso o atendimento ainda não é 24 horas. A intenção é formar mais voluntários. Mais informações sobre o CVV - www.cvv.org.br/

Verdade escondida debaixo do tapete Que mensagem pode nos deixar um ato trágico como o suicídio de uma pessoa? Algo tão inusitado, pois vai contra até a um dos instintos mais comuns a todas as formas de vida: o da sobrevivência. A artista Cibele Dorsa deixou explícito, por escrito, algo que a impulsionou a auto destruição: solidão. Note-se que estamos falando de uma personalidade, uma pessoa rodeada de admiradores, perseguida por fãs, que frequentava as melhores festas, enfim, como pode se dizer solitária? Talvez por pobreza de vocabulário, talvez por indiferença humana, o senso comum associa solidão à falta de pessoas ao redor, ou seja, é uma situação constatada pela visão externa, quando, na verdade, solidão é um estado de espírito, é um sentimento dos mais íntimos e individuais. E tão difícil quanto entender a solidão é saber lidar com ela, pois é

Suicídio vai contra até a um dos instintos mais comuns a todas as formas de vida, que é a sobrevivência algo que começa pequeno e vai se avolumando aos poucos. Toma conta de todos os outros sentimentos que poderiam nos trazer a felicidade e a estabilidade emocional. Torna-se arrasadora! Como foi com a Cibele: arrasou sua própria vida e de tantas pessoas que a amavam e carregarão essa sensação de que poderiam ter feito algo. A razão disto, não está pro-

priamente nessas pessoas, nem na própria Cibele. Nossa sociedade esconde verdades sob o tapete. Finge que fotos bonitas substituem conversas sobre sentimentos, que amizade é estar junto na festa e não estar ao lado em qualquer situação (principalmente nas mais difíceis). Matar esse monstro chamado solidão não é fácil, mas é possível. Ouvir alguém sem julgar suas emoções, pensamentos e atos, demonstrando que os sentimentos dessa pessoa são importantes para você. Esse ainda é o melhor remédio. Não custa, não tem contra indicações e pode ser praticado em qualquer local por qualquer pessoa. Ao invés de simplesmente nos chocarmos, vamos evitar que outros casos surjam. Vamos aproveitar o drama da Cibele, com todo o respeito que ela merece, uma reflexão sobre nosso modo de nos relacionar com os outros e com nossos próprios sentimentos (CVV).

Dia das Mães pode significar tristeza

A lembrança do Dia das Mães é sempre algo relacionado a festas, almoços em família, troca de presentes, reunião de gerações! Infelizmente, para uma parcela da população é a data de lembrar a perda recente do filho ou da mãe, da angústia de não conseguir engravidar, da saudade que ficou. A tristeza é ainda maior, quando fica difícil externar este sentimento, uma vez que a data instituída contagia todos os lugares onde passamos como, trabalho, comércio, escolas. E as pessoas ao redor estão planejando o melhor presente, o encontro de domingo. Como lidar com isso? Sabemos que a dificuldade de expressar os sentimentos acaba aumentando o sentimento de tristeza, que pode gerar angústia e uma sensação de não ter com quem dividir. Ouvir as pessoas, sem julgar suas emoções, pensamentos e atos, demonstrando que os sentimentos dessa pessoa são importantes para você pode fazer toda a diferença. E é acreditando nisso, que o CVV - Centro de Valorização da Vida realiza um trabalho de apoio emocional gratuito e 24 horas para quem precisa, por telefone, chat, pessoalmente, VoIP ou e-mail. A entidade se propõe a ser o ombro amigo, a escuta atenta das horas difíceis de mais de 1 milhão pessoas que precisam de ajuda, e sentir a melhora na grande maioria das ligações reforça a certeza de que às vezes um ato simples pode auxiliar muito. Quantos de nós não temos nossos momentos difícies? Eles não marcam hora e, sim, podem chegar enquanto todos os demais estão comemorando e extremamente felizes! O preconceito da sociedade em falar sobre os sentimentos acaba gerando problemas ainda maiores como o próprio suicídio, em casos extremos. A cada ano 1 milhão de pessoas morre por suicídio no mundo, o que corresponde a uma taxa de mortalidade de 16 por 100 mil habitantes, isto é o mesmo que uma morte a cada 40 segundos. A previsão é de que em 2020 esse número seja de uma morte a cada 20 segundos.

Apoio emocional deve ser maior durante festas de fim de ano Final de ano é época de festividades, reencontros e novos planos. Pelo menos isso é o que nos diz o senso comum. Por diversos números, sabemos que essa situação está longe de ser unanimidade. Existem pessoas que não enxergam motivos para comemorar, não querem promover reencontros e, muito menos, sentem-se estimulados para fazer novos planos. Essas atitudes têm diversas causas que, normalmente, não têm origem no período do Natal em si, mas são agravadas pela proximidade das festividades de final de ano. Historicamente o CVV percebe essa realidade, pois a procura pelo seu serviço de apoio

emocional aumenta consideravelmente às vésperas do Natal. São, na maioria, pessoas que se sentem sozinhas e precisam conversar com alguém que se coloque ao seu lado, sem críticas ou julgamentos. Atualmente, o CVV presta esse apoio para as pessoas pelo telefone (número 141, nacionalmente), pessoalmente em seus 71 endereços, pelo chat, VoIP e e-mail (já esses três últimos pelo site www.cvv. org.br). Quem sente a necessidade de conversar escolhe a forma que mais lhe convém e recebe o apoio gratuitamente e sob total sigilo. (Alankardec Gonzalez, médico psiquiatra e diretor do CVV)


Social A UNIÃO

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

GorettiZenaide

gzenaide@gmail.com

Ela disse

Ele disse “Só o cinismo redime o casamento. É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de ouro”

“Confie em seu marido, adore seu marido e passe o máximo que puder para o seu próprio nome”

NELSON RODRIGUES

JOAN RIVERS

colunagorettizenaide

@letazenaide

FOTO: Goretti Zenaide

Reveillon

O STAFF DO MAR HOTEL, em Recife, sob a batuta do gerente de marketing, Sérgio Paraíso, já fechou os detalhes da tradicional festa de Reveillon. A virada de 2012 será sob o tema “Luau Tropical”, com muitas frutas e em clima caribenho, com uma grande confraternização às margens do parque aquático do hotel com orquestra, open bar de whisky, espumante e vinho nacional. Os hóspedes do Atlante Plaza também participam do megaevento.

A ZOOM EDUCATION e o Zarinha Centro de Cultura inicia na próxima sexta-feira, 10, o segundo módulo do moderno Curso Lego Líder, uma forma de aprendizado com treinamento empreendedor e robótica. Trata-se de uma forma inovadora de capacitar os alunos a trabalhar em grupo e a treinar aspectos de liderança, onde eles têm a oportunidade de desenvolver a criatividade para lidar com problemas propostos.

Concurso para designers NA ÚLTIMA SEXTA-FEIRA, a Chilli Beans lançou concurso cultural que dará a oportunidade a um talento de design integrar a equipe de criação da marca. A ação é voltada para estudantes e profissionais de todo o país e termina no dia 25 de setembro deste ano, com divulgação dos resultados no site da marca. Mais informações no endereço http://www.namidia.com.br/index.php/chilli-beans-promove-concurso-cultural-para-descoberta-de-novo-designer/ FOTOs: Goretti Zenaide

Francisco e Delânia Andrade, ele é o aniversariante de hoje

Encontro dos primos Djalma Nunes de Carvalho com Tereza Neumann Vaz e Miriam Carvalho

Petshops

CONFIDÊNCIAS

REUNINDO os petshops de João Pessoa, o empresário Robson Néry Dantas, do Atacadão do Criador, promoveu encontro com o consultor paulista, Flávio Fernandes, que falou e fez demonstração de produtos de higiene e beleza para cães e gatos. O evento contou com a parceria da empresa DueClean.

escritor e jornalista

LUIZ GONZAGA RODRIGUES l Apelido: Nego Gonzaga l Melhor FILME: Casablanca, com a belíssima Ingrid Bergman e Os brutos também amam, com Alan Ladd l Melhor ATOR: Montgmery Clift l Melhor ATRIZ: Fernanda Montenegro l Uma MÚSICA: São tantas, mas gosto muito da "Sinfonia no 3 de Brahms” e “Fascinação”, cantada por Elis Regina l Fã do CANTOR: Dick Farney e Charles Aznavour l Fã da CANTORA: Elizeth Cardoso l Livro de CABECEIRA: podem dizer que "esse nego é besta", mas tenho três livros de cabeceira: “Aos trancos e barrancos - como o Brasil deu no que deu”, de Darcy Ribeiro; “O velho e o mar”, de Ernest Hemingway e “Dom Casmurro”, do “velho” Machado de Assis l Escritor: Machado de Assis l Uma MULHER Elegante: difícil de dizer, passe adiante l Um HOMEM Charmoso: era Luiz Augusto da Franca Crispim l Pior PRESENTE: não lembro, todo presente é bom l Uma SAUDADE: de uma mulher irrevelável... l Um LUGAR Inesquecível: o sítio onde eu nasci, Vitória, em Alagoa Nova l VIAGEM dos Sonhos: era percorrer a América Latina, descendo pela Argentina, subindo pelo Chile até Bogotá, na Colômbia, onde um jovem prefeito, que até parece Ivonaldo Corrêa nos velhos tempos, está fazendo uma obra de respeito humano, revolucionando o trânsito urbano, priorizando a bicicleta, em primeiro lugar, o transporte público em segundo e o carro particular em terceiro. l QUEM você deixaria numa ilha deserta? Paulo Maluf l DETESTA fazer: ter de sorrir contra a vontade l Gula: uma manga rosa l Um ARREPENDIMENTO: eu não me arrependo de nada

FOTOs:Goretti Zenaide

Neves

O ARCEBISPO DA PARAÍBA, Dom Aldo Pagotto comanda hoje as festividades da padroeira da cidade, Nossa Senhora das Neves. Missa às 9h na Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves e às 15h a tradicional procissão.

Mundo afora A MÉDICA Maricélia Rodrigues de Lucena está em Goiânia, GO, onde participa da programação científica do XXV Congresso Brasileiro de Neurologia. Após o evento, ela segue com Palmari de Lucena para a Califórnia. Eles adoram viajar mundo afora!

Lídia Assis é a aniversariante de hoje

Humberto Nóbrega O CENTENÁRIO de nascimento do historiador e fundador da UFPB, Humberto Carneiro da Cunha Nóbrega terá várias homenagens no próximo dia 15, no auditório do espaço cultural do Unipê, em Água Fria. Com direito a pronunciamentos do médico Ricardo Rosado Maia, seu ex-aluno, do jornalista Evandro Nóbrega e do escritor Ariano Suassuna. Haverá, ainda, um monólogo com a atriz Zezita Matos e lançamento do livro Humberto Nóbrega: um homem entre livros, de Rosane Coutinho Pereira Lacet. Ao final, será oferecido um coquetel aos convidados, hall que terá ainda uma exposição sobre a trajetória do ilustre paraibano.

Parabéns Empresáriso Isaú Vieira Lopes, Carlos José de Andrade, Francisco Xavier de Andrade e Marcos Antonio Batista Ramos, senador Cícero Lucena Filho, médicos José Eymard Moraes de Medeiros e Gerlane de Oliveira Lima, advogada Niris Montenegro, sras. Lídia Assis e Alba Pereira, estudante Daniela Holanda de Andrade.

Liderança

Dois Pontos A atriz espanhola Penélope Cruz será a estrela do calendário 2013 da Campari.   Um dos destaques da marca é o vermelho e a cor vai estampar os vestidos, sapatos e acessórios que a atriz usará nos cliques feitos em Milão. 

Zum

FOTO:Goretti Zenaide

“Viagem dos sonhos era percorrer a América Latina ... até Bogotá, na Colômbia, onde um jovem prefeito está fazendo uma obra de respeito humano, revolucionando o trânsito urbano e priorizando a bicicleta...”

Zum Zum

   O grupo Pastorial Profano se apresenta hoje no Teatro Geraldo Alverga , em Guarabira, com o show “Um São João Maior que o Mundo”.

   Não pude ir, mas soube que foi sucesso o Festival de Morangos promovido por Ana Paula Borges na sua Fina Fatia. A casa está com deliciosas opções à base desta fruta, que vão desde as tortas até coquetéis.




Saiba como escolher a universidade certa em meio a tantas opções Página 14

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A UNIÃO

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

estacionamentos

Cobrança incomoda usuário Foto: Ortilo Antônio

Na Capital, clientes chegam a pagar de R$ 1,50 a R$ 8,00 para estacionar Tarcineide Mesquita Especial para A União

As taxas de estacionamentos de shopping centers, centros comerciais, faculdades, hospitais e outros estabelecimentos semelhantes geram desconforto em boa parte da população.Os usuários desses serviços chegam a pagar de R$ 1,50 a R$ 8,00 para estacionar veículos. Para estacionar motos, os valores são reduzidos. O estacionamento como um comércio, visa o lucro. Assim, o serviço à disposição dos consumidores tem um custo para a garantia de proteção dos veículos, ficando a cargo dos empresários atribuírem o valor e as condições de funcionamento dos estacionamentos. A Lei de Livre Concorrência permite que os diferentes produtores ou comerciantes de um determinado bem ou serviço atuem de forma independente face aos consumidores, com objetivo de alcançar o lucro para o seu negócio. Os empresários, portanto, podem utilizar de diferentes instrumentos, tais como os preços e a qualidade dos produtos. Segundo Vamberto Alexandre de Sousa, chefe da fiscalização do Procon do município, a população está desamparada de leis que protejam os consumidores de cobranças em estacionamentos. “Não há em vigor até o momento uma lei municipal ou estadual nesse sentido. Os estabelecimentos como shoppings ou hospitais que privatizam os estacionamentos respondem apenas pelos danos causados em veículos dentro desses estabelecimentos”, afirmou. Na Câmara Municipal de

Segundo o Procon do Município de João Pessoa, a população está desamparada de leis que protejam os consumidores de cobranças em estacionamentos

João Pessoa, a vereadora Sandra Marrocos (PSB) é autora de Proposta que visa a regulamentação das formas de cobrança dos estacionamentos privados na cidade. Conforme o projeto, fica o fornecedor de serviços, independente do ramo de sua atividade, que ofereça ao público consumidor área própria ou de terceiros, para estacionamento de veículos automotores, vedado de realizar a cobrança

mínima de horas não utilizadas, como condição de entrada nos estacionamentos, entretanto, para a cobrança de fração de hora será admitido um arredondamento de até a metade de cada hora para facilitação da cobrança do estacionamento, ou seja, caso seja 12h15 pode-se arredondar para 12h30. Um segundo projeto que tramita na Câmara Municipal de João Pessoa é de au-

toria do Vereador Mangueira (PMDB) e tenta proibir de vez a cobrança de taxas nos estacionamentos de estabelecimentos comerciais, instituições de ensino ou de saúde, na Capital paraibana. Na Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba, aguarda votação o projeto de Lei 803/2012, de autoria do deputado Janduhy Carneiro (PEN), que dispõe sobre a suspensão de cobrança de

taxas de estacionamento por shoppings e demais estabelecimentos comercias no âmbito do estado da Paraíba. Segundo o deputado, a “expectativa é que os deputados possam consentir essa lei que visa, sobretudo, beneficiar a população”, afirmou. Em âmbito nacional, há ainda a proposta do senador da República, Vital do Rêgo (PMDB-PB), que propõe que os valores cobrados por es-

tacionamentos em shopping centers devem ser estabelecidos em frações, de acordo com o tempo de utilização. O objetivo do Projeto de Lei é evitar cobranças abusivas nesses estabelecimentos, já que os consumidores não têm alternativas de estacionamento. Ainda é previsto no Projeto, a gratuidade do valor do estacionamento para os clientes que apresentarem nota fiscal de compra.

Sem leis, consumidores arcam com as taxas Enquanto as leis não saem do papel, restam aos consumidores arcarem com as taxas de estacionamentos de seus veículos. Para o fisioterapeuta Gledison Figuereido, cliente de um shop-ping no centro de João Pessoa, a cobrança não é vantagem para o cliente que “além de consumir no interior do shopping tem que pagar para estacionar o seu carro”, afirmou. Além de shoppings e centros comerciais, a cobrança de taxas de estacionamentos ocorre também por parte de instituições de ensino e de saúde em João Pessoa. Nesses estabelecimentos, o serviço é oferecido por empresas terceirizadas. Em alguns casos, nem os funcionários das empresas que vão trabalhar de moto ou veículo são liberados do pagamento das taxas. A Faculdade Maurício de Nassau, localizada na Avenida Epitácio Pessoa, funciona em um edifício-garagem e oferece estacionamento aos seus alunos, funcionários e ao público em geral. O serviço é terceirizado e permite estacionamento gratuito aos professores e funcionários da instituição. Os alunos regularmente matriculados que antecipam o pagamento das mensalidades têm desconto na taxa de estacionamento que cai de R$ 1,50 para R$ 1,00. Aos demais alunos, a

Faculdade oferece uma mensalidade de estacionamento no valor de R$ 22,00. Segundo a Assessoria da Mauricio de Nassau, a vantagem do serviço privatizado é a segurança e o conforto dos alunos. “Em cada pátio do prédio há um vigilante, visando a proteção do veículo e de seus donos”, comentou a assessoria. Para o estudante Bruno Henrique, no entanto, o desconto oferecido aos alunos da Faculdade não abrange todos os alunos. Bruno que deixou de estacionar no prédio da Faculdade para economizar, queixa-se que o ideal seria o valor do estacionamento estar incluído na mensalidade da Faculdade. “O aluno que já paga caro pela mensalidade, ainda tem que pagar por fora o estacionamento”, afirmou o estudante. O Hospital da Unimed em João Pessoa, que tem o seu estacionamento controlado pela mesma empresa que gerencia o estacionamento da Faculdade Mauricio de Nassau, disponibiliza além do estacionamento pago, um estacionamento externo gratuito aos seus clientes.Contudo, em ambos os estacionamentos há carência de vagas e no estacionamento externo há ainda o risco dos que circulam nas imediações ocupar essas vagas.

O hospital disponibiliza estacionamento privativo apenas para os médicos cooperados e os funcionários com cargo de gestor ou coordenador. Os demais funcionários, cerca de 1500, concorrem as vagas de estacionamentos com os clientes. “Os hospitais no geral funcionam com esse tipo de serviço de estacionamento a exemplo dos hospitais do 1º Pólo Médico como os de São Paulo e o Real Hospital Português em Recife. O cliente não tem opção. Ele pode arriscar e deixar o seu carro na rua, à toa, ou pagar para estacionar. Então, a vantagem principal em optar por esse serviço é a segurança total do veículo”, comentou Ricardo Lima, gestor administrativo do Hospital Unimed João Pessoa. A advogada Rosália Marques, que está com sua avó internada há mais de um mês no hospital, considera que a taxa de estacionamento deveria ser cobrada apenas aos visitantes. “Mesmo pagando, não há vaga de estacionamentos. Para os familiares de pacientes internados deveria ser livre o acesso, diferente de quem vem fazer apenas uma visita. O hospital deveria oferecer estacionamento gratuito”, afirmou a advogada. De acordo com Ricardo Lima, gestor administrativo do Hospital, para os

pacientes como a avó de Rosália Marques, que está mantida no hospital por um longo período, existe a possibilidade de usufruir de uma mensalidade de estacionamento. “Nesse caso, os familiares do paciente podem durante 30 dias sair e voltar do hospital em qualquer momento. A mensalidade custa R$ 50,00”, afirmou Ricardo Lima. A mensalidade de estacionamentos para os proprietários de veículos que utilizam com frequência esse tipo de serviço pode ser uma saída e garantia de descontos. Segundo Vamberto Alexandre de Sousa, chefe da fiscalização do Procon do município, ainda são poucas as reclamações dos consumidores sobre questões que tratam de cobranças abusivas de estacionamentos. O consumidor que de alguma forma se sentir lesado pelos preços cobrados em estacionamentos pode procurar o Procon como um consumidor comum para reclamar. “Uma outra opção para os consumidores é exigir dos deputados e senadores a aprovação das leis que tratam de estacionamentos. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais já existem leis aprovadas sobre isso. Aqui a questão dos estacionamentos está desamparada”, afirmou o chefe da fiscalização do Procon de João Pessoa.


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João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012 FotoS: Divulgação

Relações

de consumo

Mariene Soares

Publicidade infantil e direito do consumidor

Na Capital, há faculdades para todos os gostos, mas um bom número delas tem a qualidade do ensino muito questionada

PB tem 45 universidades particulares em 30 cidades Com a proliferação de faculdades, estudantes precisam ficar atentos na hora de escolher Cleane Costa cleanec@gmail.com

Os candidatos ao ensino superior têm atualmente um leque de opções de instituições. Nos últimos dez anos, houve uma proliferação de

instituições privadas, cujas mensalidades são as mais diversas. Com cerca de R$ 200 por mês é possível fazer um curso superior. Esta, no entanto, não é uma escolha fácil, já que se trata do futuro profissional do estudante. Segundo o Censo da Educação Superior realizado em 2010, existem mais de 2.378 Instituições de Educação Superior em todo país.

Um aumento de 71% em comparação ao registrado em 2001. Este crescimento foi observado após a alteração na legislação ainda nos anos 90, que passou a permitir que empresas com fins lucrativos atuassem no ensino superior. Na Paraíba, elas chegam a 45 (reconhecidas pelo Ministério da Educação) e estão espalhadas em mais de 30

municípios. Mas é importante que os candidatos ao ensino superior tenham muito cuidado na hora de escolher uma instituição para prestar vestibular, a fim de evitar aborrecimentos futuros. Entre os pontos a serem observados, o estudante deve procurar saber se a instituição ou curso no qual deseja ingressar é reconhecido pelo MEC.

Confira algumas dicas sobre as instituições O estudante pode saber se o curso superior tem autorização do Ministério da Educação (MEC) para funcionar no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que informa o desempenho da instituição no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e quais são os cursos que ela está autorizada a oferecer. O endereço é http://portal.inep.gov.br/. Veja algumas dicas: n Solicitar à instituição de ensino o catálogo das condições de oferta dos cursos, que contém todas as informações sobre a autorização e o posterior reconhecimento do curso, suas avaliações; n Verificar a documentação que comprova o credenciamento da instituição, a autorização do curso e o seu reconhecimento. Caso o curso tenha sido autorizado recentemente, o estudante deve ficar atento aos prazos legais para a

Caso o estudante já tenha ingressado, pode buscar na Justiça comum a restituição dos valores

instituição solicitar o reconhecimento; n Caso o estudante já tenha ingressado numa instituição não cre-

denciada pelo Ministério da Educação, ele deve buscar na Justiça comum a restituição dos valores pagos pelos serviços educacionais, bem como

o ressarcimento por danos causados, tendo em vista que ela é considerada irregular e não pode emitir diplomas de conclusão de curso.

O sentido da publicidade infantil de modo mais conciso, isto é, no âmbito do direito do consumidor, pode ser definido como um meio persuasivo de manipular o comportamento das crianças, através do marketing cuidadosamente planejado pelas grandes empresas. Tem-se, com o referido conceito, o fato de que tais mensagens publicitárias, de alguma forma busca como propósito, formar cidadãos não críticos a esse sistema, e por outro lado, crianças fragilizadas ao apelo do consumismo exacerbado e globalizado. Assim, o legislador consumeirista, observando a condição do público – alvo atingido pelas empresas publicitárias, tipificou como prática abusiva o fato das mesmas, se aproveitarem da deficiência de julgamento ou experiência da criança para incentivar a venda de produto e serviços. Pois, tal circunstância, insere-se às crianças como público alvo mais vulnerável e susceptível aos apelos publicitários nas relações de consumo, certa vez que, a depender de sua faixa etária, a criança sequer tem discernimento para distinguir o sentido da mensagem que lhe esta sendo transmitida, bem como de entender os seus efeitos persuasivos. Depreende-se então, que a intervenção dos meios de comunicação na vida e no comportamento da sociedade é inteiramente marcante e irreversível. Em nosso país, podemos avaliar a considerável influência que tem um comercial de televisão; do mesmo modo, que possuem músicas atrativas, e histórias envolventes que abusam da confiança do público consumeirista infantil. É importante destacar, que é comum as pessoas confundirem publicidade com propaganda, apesar de não ser a mesma coisa. Enquanto que a publicidade tem cunho estritamente comercial e tem objetivo de despertar no consumidor o interesse pela coisa anunciada, a propaganda refere-se à uma técnica de persuasão, porém sem qualquer intuito econômico. A influência que esta visa exercer sobre o homem é no sentido de adesão á alguma idéia política, religiosa, etc. A norma consumerista de proteção à criança contra a publicidade abusiva está em perfeita harmonia com os valores e deveres constitucionais estipulados no art.227 da nossa Constituição Federal, onde traz que é “dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, á dignidade, ao respeito, á liberdade, e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. Todavia, no que tange também à proteção da criança contra a publicidade inadequada de televisão e rádio, o art. 71 do Estatuto da Criança e do Adolescente, prescreve que “a criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços, que respeitem a sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento”, isto é, as mensagens publicitárias, serviços e produtos quando direcionados de fato ao público infantil devem observar a condição peculiar de vulnerabilidade e hipossuficiência deste. Entretanto, o controle da publicidade, portanto, deve caminhar lado a lado com as políticas públicas de educação ao consumo, visto que as conseqüências geradas pelas publicidade ao publico infantil são vastas, senão vejamos: Consumismo infantil;Formação de Valores Materialistas; Obesidade infantil;Estresse Familiar;Diminuição de Brincadeiras Criativas;Violência pela busca de produtos caros, etc. Algumas destas consequências refere-se ao fato de que a publicidade contribui para a exclusão social, já que nem todos podem comprar aquilo que é anunciado. Assim as crianças que não podem ter o que querem, muitas vezes, agem violentamente contra a família e contra a sociedade. Por tudo que foi exposto, devem os pais ficarem atentos aos meios persuasivos destas publicidades que são lançadas diariamente aos seus filhos (“pequenos consumidores”). Devem observar, as horas que seus filhos passam vidrados em frente às televisões, bem como observar a maneira com que essas publicidades são veiculadas. Se averiguarem que existe prática abusiva em virtude do que foi lançado deverá procurar os Órgãos de Proteção e Defesa do Consumidor, a fim de fazer sua denúncia e evitar posteriores danos às crianças. Em tempo: Sua colaboração é muito importante para que este espaço se torne cada vez mais democrático. Envie suas sugestões, dúvidas e críticas para o nosso endereço eletrônico: espacodoconsumidor@gmail.com.


Paraíba A UNIÃO

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FOTO: Otilo Antônio

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Em barracas de madeira instaladas no meio-fio da rodovia, comerciantes vendem frutas adquiridas na região, no Ceará e em Salvador

de frutas a móveis

Comércio de beira de estrada aquece economia no interior Polícia Rodoviária diz que atividade é irregular, mas não tem como fiscalizar todos Marcos Lima

marcosauniao@gmail.com

As margens dos 1.300 km de rodovias federais que cortam a Paraíba vêm aquecendo a economia dos pequenos municípios e os viajantes já têm à disposição um número incalculável de barracas comerciais. De olho no potencial consumidor provocado por um maior fluxo de carros por dia, postos de combustíveis ampliam a área comercial e pequenas residências se transformam em restaurantes e empórios. Moradores vendem de panela de alumínio a móveis rústicos, passando por frutas típicas da região. O comércio é considerado irregular pela Polícia Ro-

doviária Federal, no entanto, a competência da fiscalização recai sobre o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), conforme garantiu a Assessoria de Comunicação Social da PRF. “Às vezes fazemos a notificação, aconselhamos ao comerciante não proceder a venda, porém, a palavra final é do Dnit”, disse o policial rodoviário federal Valter Motta. Um dos exemplos desse comércio pode ser visto a menos de 100 metros do Posto da PRF, no distrito de Mata Redonda, BR-101 Sul, sentido João Pessoa-Recife. Instaladas às margens da rodovia, os comerciantes, muitos deles agricultores, estão no local há vários anos sem qualquer impedimento. “Trabalhamos aqui há treze anos. Daqui tiro o sustento da minha família. Já comprei carro, casa, melho-

rei minha lavoura, tudo com recursos desta barraca”, afirmou Rosilda Cordeiro Nunes. Ela disse que a duplicação da BR 101 trouxe alguns prejuízos e as vendas caíram em torno de 80%. “O problema é que antes vendíamos para os viajantes nas duas direções, no entanto, com a duplicação, apenas quem segue no sentido João Pessoa-Recife é que faz as compras. Ninguém se arrisca a pular a mureta que fica do outro lado, ou seja, quem vem no sentido contrário”, alegou. As barracas, todas feitas de pedaços de madeira, estão próximas ao meio-fio da rodovia. Frutas dos mais variados tipos, além de água mineral ficam expostas e algumas delas penduradas em cordões na parte frontal da barraca para dar melhor visibilidade ao viajante. “As frutas quando estão

em seus períodos, adquirimos por aqui mesmo, nos sítios de nossa região. Quando não é o período vamos buscar no Ceará, Salvador e outros Estados”, assegurou Rosilda Nunes. A Polícia Rodoviária Federal informou que possui um efetivo pequeno e ainda não existe muita preocupação com esses comerciantes, mesmo sabendo que a prática constitui uma ilegalidade, principalmente no que diz respeito a estas barracas improvisadas à beira da rodovia. “Quando temos conhecimento de que estão construindo barracas de alvenaria ou concreto armado, aí sim, temos uma ação mais preventiva, porém, é bom frisar, compete ao Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte qualquer tipo de fiscalização”, justificou Valter Motta.

Número de acidentes já caiu 90% Apesar de ainda não estar 100% concluída, pois falta um pequeno trecho localizado no município de Santa Rita, Litoral Norte da Paraíba, considerado menos de 5%, a duplicação da BR-101 Nordeste reduziu em 90% o número de registros de acidentes registrados no Estado. A garantia é do superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit-PB), Gustavo Adolfo Andrade de Sá, com base em estatísticas apresentadas ontem. “Caiu também consideravelmente o número de mortos”, afirmou ele. O superintendente assegurou que dos 129 km de extensão de duplicação da rodovia 101 Nordeste, que corta o Estado da Paraíba, o Exército Brasileiro trabalha de forma acelerada para concluir o restante do lote 5, que previa a duplicação de 54,9 km, e que apenas resta menos de 5% dos trabalhos, estando os mesmos sendo executados o aterro na localidade de Castanheira, na cidade de Santa Rita. “São pouco mais de 1.200 metros

FOTO: Otilo Antônio

Trecho em Santa Rita é o único que ainda não foi duplicado no Estado

que ainda restam. Não deve demorar muito”, afirmou Gustavo Adolfo. As obras de duplicação da BR-101 Nordeste tiveram início há sete anos e, na Paraíba, atravessa o espaço territorial de dez municípios: Mataraca, Rio Tinto, Mamanguape, Santa Rita, Bayeux, João Pessoa, Conde, Alhandra, Pedras de Fogo e Caaporã, ocorrendo interferências com núcleos urbanos na localidade de Pitanga da Estrada (Mamanguape), Bayeux e

Mamanguape (apenas o perímetro urbano). Ao longo do Estado, a rodovia se desenvolve desde a divisa RN/PE até a divisa PB/ PE, numa extensão de 129 km, que foi subdividida nos lotes 3, 4 e 5 de projetos das obras. Além da construção e restauração das pistas propriamente ditas, nos trechos sob responsabilidade do Exército Brasileiro constam, ainda, a construção de 10 viadutos, 16 pontes, 17 passarelas e 11 passagens inferiores, bem como a

restauração de quatro viadutos e 14 pontes anteriormente existentes, obras estas na extensão de todo o trecho da BR-101 Nordeste. Na Paraíba, as obras de duplicação estão avançadas e acredita-se que sua conclusão seja realizada em curto espaço de tempo, até mesmo porque, faltam apenas pequenos trechos de construção e restauração de pistas, a exemplo de parte de núcleo urbano entre Santa Rita e a entrada de Lucena, Litoral Norte do Estado. Dentro do Programa de Modernização e Adequação de Capacidade e Restauração da BR–101/NE do Ministério do Transporte, por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), as obras na Paraíba são constituídas das construções de uma nova pista em concreto, de viadutos, de passagens superiores, de diversas passarelas para pedestres e ruas marginais, além da restauração da pista antiga, o reforço e o alargamento das pontes e dos viadutos existentes.


Paraíba

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A UNIÃO

CAMPINA

João Pessoa, Paraíba - DOMNGO, 5 de agosto de 2012

proteção da caatinga

Sudema comemora a Lei do Bioma A nova Lei do Bioma Caatinga foi aprovada pela Assembleia Legislativa A Paraíba conta agora com uma norma específica para a proteção da caatinga, sendo um dos primeiros estados brasileiros a elaborar tal lei. A nova Lei do Bioma Caatinga foi aprovada pela Assembleia Legislativa e publicada no Diário Oficial do dia 6 de julho passado. A lei é fruto de um trabalho conjunto realizado pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema), Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Instituto de Terras e Planejamento Agrícola da Paraíba (Interpa) e a organização não governamental SOS Sertão. “A nova Lei do Bioma Caatinga, de iniciativa do deputado Assis Quintans, organiza de forma sustentável as ações antrópicas, dá os primeiros passos sobre a conservação da flora da caatinga, criando a necessidade de se ter uma lista estadual de espécies ameaçadas, e vem trazer critérios técnicos para a utilização de recursos florestais de acordo com normas a serem instituídas pela Sudema”, avaliou a superintendente do órgão, Laura Farias. A advogada da Sudema, Helena Telino, contribuiu na elaboração do projeto.

Bioma caatinga O bioma caatinga é o principal ecossistema existente na região Nordeste, estendendo-se pelo domínio de climas semiáridos, numa área de 73.683.649 hectares, 6,83% do território nacional. Esse bioma estende-se pela totalidade do estado do Ceará (100%) e mais da metade da Bahia (54%), da Paraíba (92%), de Pernambuco (83%), do Piauí (63%) e do Rio Grande do Norte (95%), quase metade de Alagoas (48%) e Sergipe (49%), além de pequenas porções de Minas Gerais (2%) e do Maranhão (1%).

O 2º Batalhão do Corpo de Bo


Políticas 17

A UNIÃO

Senadores têm pauta cheia e polêmica no segundo semestre Página 19

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

desafio dos candidatos

Como melhorar a saúde em JP Foto: Arquivo

Candidatos apresentam propostas para um dos setores mais problemáticos Priscylla Meira priscyllameira@gmail.com

João Pessoa abriga hoje mais de 733 mil habitantes. Uma cidade em ascensão, que deve atingir nos próximos anos a marca de 1 milhão de moradores. Quando se trata de saúde, é comum encontrar pacientes de diversos municípios paraibanos nos consultórios de hospitais municipais da Capital, o que incha ainda mais o número de atendimentos realizados pelo serviço público de saúde. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2009, a Capital da Paraíba contava com 152 estabelecimentos públicos de saúde, sendo 135 – o equivalente a 89% - mantidos pela Prefeitura Municipal de João Pessoa. Expandir ainda mais a rede e garantir a qualidade dos serviços são alguns dos desafios que deverão ser encarados pelo novo gestor da cidade, que será eleito pelos pessoenses no próximo dia 7 de outubro. Nos programas de governo apresentados pelos sete candidatos a prefeito que vão participar do pleito deste ano, apenas cinco apontam projetos e metas para a área da saúde na Capital. A candidata do PSOL, Lurdes Sarmento, sequer entregou à Justiça Eleitoral seu programa de governo.

Radical defende sistema estatal

O candidato do PSTU, Antônio Radical, promete estatizar os hospitais privados e filantrópicos de João Pessoa, caso seja eleito prefeito no pleito deste ano. Atualmente, a cidade conta com aproximadamente 300 estabelecimentos de saúde privados. “Vamos trabalhar para garantir que a população tenha acesso a um sistema de saúde de qualidade, exclusivamente estatal e gratuito”, afirmou. Caso seja eleito, Radical quer estabelecer também um financiamento mínimo de 6% do PIB para a saúde pública e investir na realização de concursos públicos, garantindo ainda aumentos salariais regulares e revisão do PCCR da categoria.

Renan: fim das terceirizações

O candidato a prefeito pelo PSOL, o professor Renan Palmeira, aponta quatro metas relacionadas à saúde no programa de governo que apresentou durante seu pedido de registro de candidatura. A primeira ação prevista pelo candidato é acabar com o processo de terceirizações dos serviços públicos de saúde. Renan promete ainda estabelecer um prazo máximo de espera para o usuário dos serviços de saúde, assegurando ressarcimento das despesas realizadas após esse prazo, além da ampliação do hospital Ortotrauma de Mangabeira. “Vamos ampliar também a quantidade de postos de atendimento básico, a quantidade de medicamentos e também a variedade disponível na rede municipal de farmácias”, enumera o candidato.

Um serviço público que garanta atendimento de qualidade aos pacientes e condições de trabalho aos profissionais da saúde é um dos maiores desafios do novo gestor

Estela tem 38 metas que incluem a transparência A candidata do PSB, Estelizabel Bezerra, estabeleceu em seu programa 38 metas que deverão ser cumpridas, caso ela seja eleita a primeira prefeita mulher da cidade de João Pessoa. Entre as ações, estão a implantação da Casa de Parto, vinculada à Maternidade Cândida Vargas; ampliação dos leitos de UTI neonatal; informatização da rede de serviços municipais de saúde;

ampliação do acesso a cirurgias eletivas; ampliação do número de consultas para pequenas cirurgias nos serviços ambulatoriais; e aumento do acesso a medicamentos padronizados. O programa de governo prevê também o cuidado com os trabalhadores da saúde, com a criação do Comitê Municipal de Desprecarização do Trabalho no SUS e implementa-

ção da Política de Saúde do trabalhador do SUS, além de ações para garantir a assistência da Saúde Mental. “Vamos criar a Casa de Acolhimento para adultos, que servirá de suporte ao CAPS AD (Álcool e Drogas) e implantar um CAPS infantil no território do Distrito Sanitário III. Além disso, vamos ampliar quatro Residências Terapêuticas e o número de leitos em Hospitais Gerais para

As propostas de governo apresentadas pelo candidato do PT, Luciano Cartaxo, para a área da saúde, em João Pessoa, destacam a humanização do atendimento e melhoria da qualidade no serviço, através de indicadores como o IDSUS. “Vamos investir fortemente em saúde pública, tendo como conceito básico a saúde gratuita e integral como direito de todos, com políticas de prevenção e assistência e amplia-

ção efetiva do acesso”, destaca o candidato, através do documento entregue à Justiça Eleitoral. Cartaxo garante que, se for eleito prefeito, vai assegurar a existência de médicos em todos os postos de saúde, construir e ampliar unidades específicas para o atendimento do idoso, da mulher, da criança, do negro e outros grupos sociais vulneráveis, garantindo ainda a criação do Hospital da Mulher.

Entre as ações elencadas pelo candidato, estão também a ampliação da rede de atendimento e diminuição do tempo de atendimento de média e alta complexidade e exames laboratorias. De acordo com Luciano Cartaxo, o combate ao consumo de drogas também será uma das prioridades da gestão, combinando ações educativas, ampliando a rede de atendimento em saúde, articulada com outras ações psicossociais.

Cartaxo destaca humanização de serviços

Maranhão quer reativar Maternidade Santa Maria O candidato José Maranhão elencou 32 ações voltadas para a área da saúde no programa de governo que entregou à Justiça Eleitoral. Caso seja eleito, o peemedebista promete reativar, de imediato, o funcionamento da Maternidade Santa Maria. Entre as metas estabelecidas por Maranhão, estão também a implantação de um serviço de hemodiálise, instalação de um centro de imagem e uma central de transplante, com ênfase para a realização de transplantes renais. Caso seja eleito, Maranhão quer também reformar o Instituto Cândida Vargas (ICV) para transformá-lo em Instituto Municipal de Saúde da Mulher, que passaria a oferecer, além da assistência à obstetrícia de alto risco, às especiali-

dades de ginecologia e oncologia. O programa de governo do PMDB prevê ainda a construção de um hospital infantil e de quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPA), além da contratação de serviços privados para suporte da rede assistencial do município. Acesso Os programas de governo apresentados pelos candidatos a prefeito de João Pessoa podem ser acessados por qualquer cidadão, através da página eletrônica do TRE (http:// www.tre-pb.gov.br/), no link Divulgação de Candidaturas, que fica localizado na barra lateral direita do site.

pessoas com sofrimento psíquico ou necessidades de saúde decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas”, informou a candidata. Estelizabel promete ainda estender a participação social e transparência pública nas ações vinculadas à saúde, disponibilizando a prestação de contas dos recursos nos meios de comunicação e no portal do Governo Municipal.

Cícero: setor terá prioridade

O senador Cícero Lucena, que disputa a vaga de prefeito de João Pessoa pelo PSDB, não estabelece em seu programa de governo – que foi apresentado ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) durante o registro da candidatura – nenhuma meta para ser realizada na área da saúde, apesar de contar com o médico Ítalo Kumamoto como seu candidato a vice-prefeito nas eleições deste ano. Apesar de não expor seu plano de ações para a Justiça Eleitoral, o tucano garante que a saúde será uma de suas prioridades de governo, caso seja eleito prefeito de João Pessoa. “O cuidado com a vida será a prioridade número 1 em meu governo e vamos começar com ações nas Unidades de Saúde da Família. Vamos regatar a humanização da saúde, fazendo com que as unidades funcionem com toda a equipe motivada e incentivada por mim e por Ítalo, que é o meu vice”, afirmou. “Por isso fui buscar um vice da área da saúde, para me ajudar nesse grande desafio, de resgatar a oportunidade de realização de cirurgias cardíacas, de prontos-socorros de atendimento cardíaco, alem de uma unidade de atendimento à saúde da mulher”, concluiu.


GERAL A UNIÃO

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

propaganda irregular

TRE já recebeu 200 denúncias Foto: Marcos Russo

Previsão da Justiça Eleitoral é de que esse número dobre até o final do mês

Euflávio

Gledjane Maciel gledjane@yahoo.com.br

Após um mês de liberação da propaganda eleitoral nas ruas e na internet, o Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) já recebeu mais de 200 denúncias em todo o Estado. A previsão é que esse número dobre até o final deste mês, já que muitos candidatos demoraram a fazer o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ, identificação necessária que permite a propaganda. Hoje, se encerra o prazo para os Cartórios Eleitorais julgarem, em primeira instância, mais de 800 impugnações de candidaturas recebidas. Casos os candidatos indeferidos entrem com recursos, os processos serão julgados até o dia 23 deste mês pelo Tribunal. Para a coordenadora da Corregedoria do Tribunal, Vanessa do Egito, as eleições deste ano estão tranquilas, pelo menos nesse primeiro mês. “A Corregedoria tem a função de prestar auxílio às 77 Zonas Eleitorais espalhadas pelo Estado, além de orientar também e fiscalizar todos os cartórios, principalmente nesse período das eleições. Todas as demandas, desde denúncias de propagandas irregulares, impugnações de candidaturas ou dúvidas dos promotores quanto à jurisprudência, são encaminhadas para o nosso setor”. E, para tentar facilitar o acesso do eleitor aos corregedores, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) criou, no dia 6 do mês passado, um serviço de denúncias online. “O programa está funcionando no portal da Corregedoria (www.tre-pb.jus.br/CRE), dentro do site do TRE, onde o cidadão pode através da internet fazer sua denúncia quando perceber que ocorreu infringência eleitoral, no tocante a propagandas irregulares dos candidatos. Só

zeeuflavio@gmail.com

Uma jovem senhora faz a festa hoje

Vanessa do Egito, coordenadora da Corregedoria, diz que, até o momento, campanha está tranquila

nesse primeiro mês já recebemos 41 denúncias através desse sistema, mas não podemos esquecer que as pessoas também podem fazer as denúncias nas Zonas Eleitorais. Nesse caso a demanda é bem maior, já foram encaminhadas mais de 160”. Vanessa explica como que o cidadão precisa preencher um formulário onde colocará seus dados pessoais e o número do título de eleitor. Além da descrição do tipo de irregularidade praticada pelo candidato, seu nome e o local onde foi presenciado o abuso de propaganda. “As denúncias são recebidas na mesma hora pela corregedoria que está funcionando em regime de plantão aos sábados e domingos, das 15h às 17h, para atender as demandas”. Ela disse que ao receber o formulário os servidores

fazem o processamento do pedido e classificam em qual infringência aquela denúncia se enquadra, e sem seguida encaminham à Zona Eleitoral responsável. “Após receber a documentação a Zona Eleitoral intima a pessoa que denunciou, ou o próprio candidato, para saber se procedem as informações. Caso seja comprovado que não existem provas contundentes para referendar uma punição, então o documento é arquivado. Mas se for comprovada a irregularidade e o candidato for punido, ele ainda pode entrar com recurso no Tribunal, lembrando que, nos casos de crimes que transcendam as Zonas Eleitorais, o caso é encaminhado para o Ministério Público Eleitoral e, caso ele entenda assim, pode acionar a Polícia Fede-

ral para fazer uma apuração mais detalhada. Já o eleitor poderá acompanhar todos os procedimentos da Justiça através do portal da corregedoria”, informou a coordenadora. Comprovar uma denúncia é complicado para o eleitor e também para a Justiça. Vanessa cita o exemplo de compra de votos e como adquirir provas. A denúncia mais comum recebida na corregedoria é analisada através de testemunhas e são casos de captação do sufrágio. Mas também há alguns casos de assinaturas em receitas, em ordem de entregas para recebimentos de cimentos, tijolos ou óculos. “Na última eleição recebemos muitas provas infundadas, mas as denúncias online desse ano até que estão bem fundamentadas e coerentes”.

Guia Eleitoral deve aumentar demanda As demandas quanto à propaganda irregular devem aumentar a partir do dia 21 deste mês, quando serão liberadas pela Justiça Eleitoral as propagandas em rádio e na TV. Por enquanto, as denúncias que estão sendo feitas se remetem apenas às propagandas na internet, através de redes sociais e reportagens nos portais de notícia, além da propaganda de rua. “Na internet, as demandas maiores são com relação ao pedido de resposta. Os candidatos ou sua equipe jurídica entram com representações, sejam para retirar matéria ou para garantir o direito de resposta. Em João Pessoa, já foram recebidas

12 denúncias”, explicou o chefe do cartório, Fernando Henriques. Impunações Nas eleições deste ano, dos 12.304 candidatos que estão disputando as 2.631 vagas para prefeitos, vice-prefeitos e vereadores dos 223 municípios, mais de 800 tiveram registro impugnado pela Justiça Eleitoral da Paraíba. O prazo para o julgamento nas Zonas Eleitorais, em primeira instância, dessas candidaturas, se encerra hoje. Caso não sejam deferidos os registros, os políticos ainda podem entrar com recursos no Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba e, em última instância, se não for realmente

liberado, eles ainda poderão recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em João Pessoa, 16 candidatos já desistiram de concorrer após terem indeferidas suas candidaturas. Entre as candidaturas que já foram julgadas e indeferidas, há os casos dos candidatos a prefeito de João Pessoa pelo PSOL, Renan Palmeira, e à prefeitura de Campina Grande pelo PP, Daniela Ribeiro. O juiz Fabiano Moura de Moura indeferiu na última terça-feira a chapa encabeçada pelo candidato Renan Palmeira. De acordo com o magistrado, Ana Júlia deixou de apresentar as contas de campanha referentes às eleições de 2010, quando ela con-

correu ao cargo de vice-governadora na chapa de Nelson Júnior (PSOL). O juiz da 64ª Zona Eleitoral, Fabiano Moura de Moura, concluiu na última sexta-feira o julgamento dos registros de candidatos, para prefeito, vice-prefeito e vereador, no município de João Pessoa. Com um total de 627 pedidos de registros, 16 candidatos renunciaram à concorrência para vereador; 46 requerimentos foram indeferidos por sentença, sendo 44 candidatos a vereador e 1 a prefeito, e 1 a vice-prefeito. Os deferidos, por sentença, atingiram o número de 565, sendo 6 candidatos a prefeito, 6 a vice-prefeito, e 553 a vereador.

Como bem ensinou aquele velho professor de História, a cidade de João Pessoa hoje faz aniversário e tem muita coisa pra contar. Como esta, por exemplo: “À época do descobrimento do Brasil, a Coroa Portuguesa mantinha um grande e rentável comércio de especiarias com as Índias. Esse comércio desmotivou Portugal a explorar economicamente as riquezas brasileiras até a metade do século XVI, porquanto aqui não encontraram, de início, nem o ouro nem a prata, tão valiosos no mercado europeu. Nesse período, piratas franceses frequentavam o nordeste brasileiro e se davam muito bem com os nativos: traziam quinquilharias e levavam o pau-brasil de cuja casca extraiam um pigmento vermelho muito utilizado para colorir tecidos em toda a Europa. No início de 1574, a jovem filha de Iniguaçu, chefe potiguara, foi aprisionada pelo proprietário do engenho Tracunhaém na Capitania de Itamaracá, hoje pertencente ao município de Goiana, em Pernambuco. Os potiguaras, por vingança e insuflados pelos franceses, atacaram e incendiaram o engenho, matando todos os moradores, ato que ficou conhecido como “a chacina de Tracunhaém”. O incidente urgiu Portugal para a necessidade de maior controle da região, visando extinguir a presença de franceses no nosso litoral e evitar, no futuro, qualquer possibilidade de ataque indígena à Vila de Olinda e engenhos da região. Em resumo, tornou-se urgente garantir o monopólio do açúcar e o poder econômico da Capitania de Pernambuco, principal centro produtivo da colônia, como também iniciar o avanço sobre as terras ao norte. Assim, no mesmo ano de 1574, o jovem Rei D. Sebastião resolveu desmembrar a Capitania de Itamaracá criando a Capitania Real da Paraíba a partir de Igarassu, no sentido norte, até a Baía da Traição. Ocorre que grande parte dessa área era habitada pelos índios potiguaras, povo de índole guerreira, e isso foi um complicador que atrasou em 11 anos a conquista do território. Somente após 5 expedições, e com o apoio dos índios tabajaras, os portugueses conseguiram derrotar os potiguaras, expulsar os franceses e fundar a Cidade Real de Nossa Senhora das Neves no dia 5 de agosto de 1585. A Cidade de Nossa Senhora das Neves foi a terceira cidade fundada no Brasil do século XVI (1501-1600) após Salvador (1549) e Rio de Janeiro em 1565. Apesar de derrotados os valentes potiguaras continuaram a infernizar a vida dos habitantes da cidade até 1599 quando, já sem apoio dos franceses que lhes forneciam suprimentos e sob uma epidemia arrasadora de varíola trazida pelos colonos europeus, foram pressionados a assinar a paz com o governador Feliciano Coelho de Carvalho e se retiraram para o Norte. O marco zero de fundação da cidade foi escolhido 18 Km acima da embocadura do Rio Paraíba, numa colina Vista parcial do centro histórico de João Pessoa que domina todo o atracadouro na margem direita do Rio Sanhauá, afluente do Paraíba. Além do cuidado com a defesa da povoação o local visava facilitar o comércio e o apoio militar à vizinha Capitania de Pernambuco. A povoação, por estar sob domínio da União Ibérica desde 1580, teve as primeiras ruas edificadas dentro de uma geometria de traçados regulares, obedecendo aos padrões encontrados nas demais colônias espanholas do continente americano, o que diferia das povoações fundadas pelos portugueses. A partir do atracadouro temos um aclive em direção à Ladeira de São Francisco que foi a primeira rua da povoação e servia como acesso ao largo formado pela Igreja Matriz, Convento de São Francisco, Mosteiro de São Bento e Igreja da Misericórdia. Como já foi dito acima, a cidade foi fundada eminentemente com cunho administrativo, para apoio à Capitania de Pernambuco e garantia das terras do norte. A característica de sede administrativa foi fator preponderante para que a cidade permanecesse, durante muito tempo, sem alterações estruturais exceto pelas igrejas, conventos e fortificações militares que simbolizavam o domínio da Casa Imperial. Essa característica atravessou todo o Brasil colônia e império, razão pela qual a pecha de “cidade de funcionários públicos” perdurou até a metade do século XX, com a implantação de indústrias através da Sudene, órgão governamental criado para fomentar o desenvolvimento regional”.


BRASIL

Políticas

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

A UNIÃO FOTO: José Cruz/Agência Senado

Senadores vão enfrentar votações de temas polêmicos

SEGUNDO SEMESTRE

Senado com pauta cheia e polêmica Senadores buscam acordo sobre MP do Código Florestal para garantir aprovação O segundo semestre no Senado Federal será recheado de temas polêmicos para serem votados. O maior debate deve ser em torno do novo Código Florestal, mas também devem entrar na pauta a revisão do Código de Defesa do Consumidor e a reforma política, assuntos controversos e que interferem diretamente na vida do cidadão. Não será tarefa fácil, mas os senadores Waldemir Moka (PMDB-MS) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) consideram possível a construção de acordo em torno da medida provisória do Código Florestal (MP 571/2012) ainda na comissão mista que analisa a matéria. Um texto de consenso, acreditam eles, poderia ser aprovado sem alterações nos plenários da Câmara e do Senado. “A comissão mista reproduz a correlação de forças no Congresso”, argumenta Rollemberg. Para ele, o entendimento tenderá a se reproduzir em plenário, neutralizando possíveis tentativas de reapresentação

FOTO: Pablo Valadares/Agência Senado

de emendas por parlamentares não contempladas pelo relator na comissão mista, senador Luiz Henrique (PMDB-SC). O relatório de Luiz Henrique foi aprovado no último dia 12, após muita discussão e tentativas de obstrução da Frente Parlamentar da Agricultura. Mas ainda ficou pendente a deliberação sobre 343 pedidos de destaques para votação de emendas em separado. Apesar do grande número de destaques, Waldemir Moka considera que não haverá grandes mudanças no relatório.

Reforma política aguarda definição para votação

Alterações A MP foi publicada no fim de maio, para cobrir lacunas deixadas por vetos da presidente Dilma Rousseff ao projeto aprovado pela Câmara dos Deputados que deu origem ao novo Código Florestal (Lei 12.651/2012). A medida promove cerca de 30 alterações na nova lei, algumas delas para facilitar a regularização de pequenas propriedades onde áreas protegidas foram desmatadas ilegalmente. O governo, por exemplo, propõe reduzir a exigência de recomposição de mata ciliar para pequenos produtores que plantaram em Área de Preservação Perma-

nente (APP) até 2008. A Presidência da República também resgatou normas propostas pelos senadores para o novo código, que foram retiradas pelos deputados, como o capítulo que regulariza a produção consolidada de camarão e sal em apicuns e salgados, respectivamente. Os vetos e as novas regras introduzidas por meio da me-

dida provisória foram recebidos com críticas no Congresso, em especial pelos deputados, resultando na apresentação de 696 emendas à MP 571/2012 O relator acolheu parte das sugestões, atendendo, entre outras, demandas para regularização de médios proprietários rurais e daqueles com terras em áreas de cerrado na Amazônia Legal.

A comissão apresentou três anteprojetos de lei que aperfeiçoam as disposições atuais sobre o comércio eletrônico; a disciplina de crédito como forma de prevenir o superendividamento; e a disciplina das ações coletivas. Criada em dezembro de 2010, a comissão de juristas realizou 37 audiências públicas com senadores, procuradores da República, organismos de defesa do consumidor e outros especialistas. Além do ministro do

Superior Tribunal de Justiça (STJ) Herman Benjamin, que presidiu os trabalhos, também compuseram a comissão a coordenadora do Observatório do Crédito do Superendividamento do Consumidor, Cláudia Lima Marques; a professora de Direito Processual Penal Ada Pellegrini Grinover; o promotor de Justiça de Defesa do Consumidor Leonardo Roscoe Bessa; o diretor da Revista de Direito do Consumidor, Roberto Augusto Pfeiffer; e o desembargador Kazuo Watanabe.

Em 1990, Benjamin, Watanabe e Ada Pellegrini integraram a comissão original que elaborou o projeto do atual Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90). Em outubro de 2011, de acordo com relatório da comissão, encontravam-se em tramitação 356 projetos de lei na Câmara e 85 no Senado que visavam regular os três temas sugeridos pelos juristas (comércio eletrônico, superendividamento e ações coletivas) e o CDC.

Senador Luiz Henrique, relator do projeto do Código Florestal

Código do Consumidor será atualizado Este ano, na véspera do Dia Mundial dos Direitos do Consumidor, comemorado em 15 de março, a comissão de juristas encarregada de elaborar o anteprojeto de atualização do Código de Defesa do Consumidor (CDC), criado a 22 anos, entregou ao presidente do Senado, José Sarney, o documento preliminar com as proposições aprovadas pelo colegiado. O texto foi encaminhado à Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA).

Outra proposta de grande reforma na legislação nacional avançou no Senado no primeiro trimestre. Projetos no âmbito da reforma política foram examinados na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e no Plenário. Das 12 proposições apresentadas pela Comissão Especial da Reforma Política, seis aguardam inclusão na Ordem do Dia para votação em segundo turno. Duas propostas foram aprovadas pelo Senado e encaminhadas à Câmara dos Deputados. Dois projetos encontram-se na CCJ, onde aguardam reexame de relatório e designação de relator. Outras duas proposições, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 39/2011, que acaba com a possibilidade de reeleição para presidente, governador e prefeito, e a PEC 41/2011, que acaba com a exigência de filiação partidária para candidatos em eleições municipais, foram rejeitadas pelos senadores e encaminhadas ao arquivo. Aguardam inclusão na Ordem do Dia o PLS 268/2011, que estabelece o financiamento público das campanhas eleitorais; a PEC 38/2011, que muda a data da posse de presidente da República para o dia 15 de janeiro, e a de governadores e prefeitos

para 10 de janeiro; a PEC 42/2011, que determina que qualquer alteração no sistema eleitoral dependerá de aprovação em referendo popular; a PEC 40/11, que permite coligações eleitorais apenas nas eleições majoritárias (presidente da República, governador e prefeito); a PEC 37/2011, que muda as regras para suplência de senador; e o PLS 266/2011, que trata da fidelidade partidária. Na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), aguarda reexame de relatório a PEC 43/11, que institui o sistema eleitoral proporcional de listas fechadas nas eleições para a Câmara dos Deputados. A matéria, que tramita em conjunto com a PEC 23/11, foi rejeitada na comissão, mas recebeu recurso para votação em Plenário. As propostas voltaram à comissão por conta de requerimento para que tramitem em separado. Aprovadas em caráter terminativo na CCJ, foram encaminhados à Câmara o PLS 265/2011, que veda a transferência de domicílio eleitoral de prefeitos e vice-prefeitos durante o exercício do mandato, e o PLS 267/2011, que trata da cláusula de desempenho partidário nas eleições.


Políticas A UNIÃO

MUNDO

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

conflito árabe

Sírios fogem dos bombardeios Número de pessoas que busca refúgio no Líbano já supera os 35 mil O número de cidadãos sírios que buscaram refúgio no Líbano por causa do conflito que castiga o país já supera os 35.000, informou o Alto

Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur). Em seu relatório semanal, a Acnur detalhou que, desse número, um total de 33.664 refugiados sírios foi registrado, e que prossegue com sua campanha para inscrever outros milhares que chegaram recentemente para prestar-

lhes ajuda e proteção. O organismo humanitário assinalou, além disso, que os refugiados sírios continuam sua entrada no Líbano pela passagem fronteiriça de Masnaa, e daí são levados para diferentes regiões do país, especialmente a Beirute, Trípoli e Sidon. A Acnur disse, igualmente,

que entre os sírios que foram permitidos entrar no Líbano há alguns que foram detidos, por isso que pediu ao Departamento de Segurança Nacional libanesa “um processo claro e sistemático” para que possa visitar os detidos que temem retornar à Síria. “Só desta maneira a Acnur

poderá cumprir com sua missão e determinar se seus temores são fundados para pedir que não os deporte do Líbano”, ressalta o relatório, em alusão aos 14 cidadãos sírios que na na última quinta-feira foram entregues pelas autoridades libanesas às sírias. Segundo algumas ONGs, quatro desses

expulsos tinham expressado seu medo de serem assassinados se retornassem a seu país. A Acnur também denunciou os últimos bombardeios das tropas sírias sobre as áreas libanesas do Nura, Debebiye e Jerbet, localizadas nas proximidades da fronteira com a Síria.


Sousa pode garantir a classificação hoje na Série D do Brasileirão Página 23

A UNIÃO

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

MARATONA OLÍMPICA

Brasileiros querem pódio Equipe nacional se diz pronta para enfrentar os principais atletas Da cidade paulista de Cruzeiro, em 1993, quando tinha 12 anos e iniciou no esporte, até os Jogos Olímpicos Londres 2012 se passaram 19 anos. Muitos obstáculos e quilômetros tiveram que ser superados pela maratonista Adriana Silva para alcançar seus sonhos. Mas motivação é o que não falta para a medalhista de ouro nos Jogos Pan-americanos Guadalajara 2011. “O atletismo me abriu novos horizontes. Esta semana passou um filme na minha cabeça desde a minha primeira corrida até a chegada aqui. Acredito que todas as dificuldades que passei servem para me fortalecer e motivar cada vez mais para a prova deste domingo (dia 5 de agosto)”. Além de estar preparada física e tecnicamente, Adriana desenvolve um trabalho de psi-

Handebol feminino vive melhor fase em Londres

A ascensão da seleção brasileira feminina de handebol no cenário mundial e as vitórias nos Jogos Olímpicos já fazem a equipe ser vista com respeito e livre do menosprezo que era demonstrado pelas europeias. Das 14 atletas brasileiras que estão em Londres, apenas uma atua no Brasil, e as outras nos principais clubes e Ligas da Europa. O esporte é dominado quase que exclusivamente por países europeus, e apenas Brasil e Coreia do Sul fazem hoje frente às principais potências. Antes, o time nacional caía sempre facilmente para rivais do Velho Continente. Agora, só nestes Jogos, já venceu Croácia e Montenegro. Tudo isso faz com que o olhar de pouco respeito das europeias agora não exista mais. “Agora, uma equipe ou outra só ainda subestima a gente. Nós criamos um respeito que quando entramos em quadra ninguém mais entra de salto alto. Começam a temer a nossa equipe, nossas qualidades. Também sinto isso quando voltamos para clubes. Todas respeitam por ser brasileira, antes não era assim”, falou Duda. “Com o passar dos anos a gente demonstrou pra elas que é capaz”, falou Alexandra. “Agora estamos mantendo boa regularidade. Estão olhando pra nós com respeito”, endossou Deonise. Em suas quatro participações olímpicas anteriores, as brasileiras conseguiram no máximo um sétimo lugar, em 2004. A equipe já está nas quartas de final.

FOTOS: Divulgação

cologia esportiva para melhorar o equilíbrio emocional. “Desde 2005, quando me lesionei, faço um trabalho com a psicóloga Carla Di Pierro. Nos últimos três anos, passamos a lidar com a ansiedade pré-competição. Eu amadureci muito, cresci nos meus resultados e na minha atitude dentro das provas. É importante também estar preparada psicologicamente, pois os Jogos Olímpicos são um momento único e, é claro, existe um pouco de ansiedade”, explica. Nos últimos três anos a maratonista vem melhorando seu tempo graças ao trabalho desenvolvido desde 2005 com o técnico Cláudio Castilho. Embora não goste de fazer uma previsão sobre o tempo que fará na prova, Adriana está otimista em chegar em 2h27min. “A medalha de ouro no Pan acabou me ajudando a traçar novos objetivos, inclusive olímpicos”, disse. Na maratona masculina, o Brasil será representado por Franck Caldeira, Marilson dos Santos e Paulo Roberto de Almeida. A prova acontece no dia 12 de agosto e os três fundistas estão confiantes em estarem presentes no pódio para fazer a festa.

Dezenove anos depois, Adriana está de volta para representar o Brasil numa competição de referência

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL NA PARAÍBA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CAMPINA GRANDE 4ª VARA

EDITAL DE CITAÇÃO EDT.0004.000002-9/2012/SC PRAZO: 30 (TRINTA) DIAS (ARTIGO 232, IV, CPC) O Doutor ROGERIO ROBERTO GONCALVES DE ABREU, JUIZ FEDERAL DA 4ª VARA DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CAMPINA GRANDE/PB, na forma da lei etc. FAZ SABER, aos que o presente edital virem, dele notícia tiverem ou interessar possa, que foi determinada a expedição do presente edital para CITAR o(a) ré(u), Sr(a). EDNALVA PEREIRA DE LIMA, que se encontra em lugar incerto e não sabido, de todos os termos da ação EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL nº 0000357-19.2012.4.05.8201, movida por CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF em face de EDNALVA PEREIRA DE LIMA, para, querendo, respondê-la no prazo de 15 (quinze) dias (artigos 297 c/c 300 e 302 do Código de Processo Civil), ficando ciente o(a)(s) réu(é)(s) de que, não contestada a ação no prazo citado, presumir-se-ão por ele(a)(s) aceitos como verdadeiros os fatos articulados pelo(a)(s) autor(es)(a)(s) e será decretada sua revelia, em se tratando de direitos disponíveis, nos termos dos artigos 285 e 319 do Código de Processo Civil. Ciente que este juízo funciona na Rua Edgard Vilarim Meira, s/n, Liberdade, Campina Grande/ PB, com expediente no horário das 09h00 às 18h00, de segunda a sexta-feira. E para que chegue ao conhecimento de todos os interessados e ninguém possa alegar ignorância ou erro, é expedido o presente edital que será afixado no local de costume e publicado uma vez no órgão oficial e pelo menos duas vezes em jornal local, em face do que preceitua o artigo 232, III, do Código de Processo Civil. Dado e passado pela Secretaria da 4ª Vara Federal, aos 26/07/2012, na cidade de Campina Grande, Estado da Paraíba. Eu, RODRIGO DINIZ SIQUEIRA, Técnico Judiciário, o digitei. E eu, ALEXANDRE MORICONI CORRÊA, Diretor de Secretaria da 4ª Vara, o conferi e subscrevo. Juiz Federal ROGERIO ROBERTO GONCALVES DE ABREU Titular da 4ª Vara Federal/PB


AMADOR A UNIÃO

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Meia Maratona dá prêmio de R$ 45 mil hoje em João Pessoa FOTO: Arquivo

Prova comemora mais um aniversário da cidade e largada será às 8h Pedro Alves Especial para A União

Corrida tradicional da Capital, a 11ª Meia Maratona Cidade de João Pessoa, será realizada hoje no Busto de Tamandaré. A largada da prova está marcada para as 8h. A organização do evento será feita pela Secretaria de Juventude, Esporte e Recreação (Sejer) da Prefeitura Municipal de João Pessoa. De acordo com o percurso divulgado pela Sejer, os atletas largam no Busto de Tamandaré, percorrem a Avenida Cabo Branco, passam pela Estação Ciência, Ponta do Seixas, Avenida Hilton Souto Maior e retornam ao ponto de origem, cumprindo o mesmo percurso de volta, onde será registrada a chegada. O evento foi homologado pela Federação Paraibana de Atletismo e faz parte do calendário da modalidade no estado todo ano. Para a edição deste ano, a premiação para os campeões das categorias será a maior de todas. Ao todo, R$ 45 mil serão divididos para os líderes da prova deste final de semana. Segundo o secretário de Esportes de João Pessoa, Thiago Pacheco, muita gente deixou as inscrições para os últimos dias. Segundo ele, é algo que sempre acontece. “Nos últimos dias a movimentação nos pontos de inscrições foi bem intensa, isso deixa toda a comissão organizadora otimista”, comentou. Na última quarta-feira, último dia em que os atletas puderam se inscrever, mais de 500 corredores confirmaram a presença na prova deste domingo. Ainda segundo o secretário, a expectativa é de um grande evento, já que a organização foi feita para receber uma ótima prova. Para Thiago, a intenção é cada vez mais fazer com que a Meia Maratona Cidade de João Pessoa seja uma competição visada pelos adeptos do atletismo. Para isso, a premiação foi aumentada nesta edição. “Demos uma incrementada na premiação dessa vez. Além disso, é importante frisar que os servidores municipais tiveram isenção na taxa da corrida. A expectativa é muito boa, muitos atletas se inscreveram para a Meia Maratona. A gente espera sempre fazer o melhor para o esporte e nosso objetivo é fazer com que essa corrida entre sempre mais na rotina de João Pessoa”, observou.

Mais de 500 atletas devem participar da prova de hoje, segundo previsão dos organizadores

A Meia Maratona Cidade de João Pessoa já se tornou uma tradição no aniversário da cidade e reúne competidores das mais diversas idades na Praia de Tambaú

beach soccer

Decisão do campeão no Open Feminino FOTO: Herbert Clemente

Herbert Clemente Especial para A União

A arena oficial da Federação Paraibana de Beach Soccer recebe hoje, a partir das 8h15, as duas últimas partidas do I Open de Beach Soccer Feminino. A quadra montada nas areias da Praia do Cabo Branco será palco do duelo entre CCLB e Clube Atlético Maníacos, que brigam pelo terceiro lugar da competição. Após a definição do terceiro colocado, será realizada a grande final entre as equipes ADM/Mauricio de Nassau e Santa Cruz. A Federação vai premiar os três primeiros colocados com troféus e medalhas. Também serão distribuídas medalhas para a artilheira, melhor jogadora, melhor goleira e para a atleta revelação do torneio. O presidente da FPBS, Ailton Cavalcanti, espera que os jogos de hoje proporcionem ao público um espetáculo. “Vai ser um domingo de muito beach soccer, com a final do feminino e do masculino, logo em seguida. Quatro partidas vão abrilhantar a manhã deste 5 de agosto, aniversário de 426 anos da nossa Capital paraibana”, disse Ailton, se referindo as últimas partidas da Copa João Pessoa, que serão realizadas após a competição feminina. O I Open de Beach Soccer Feminino é organizado pela Federação Paraibana de Beach Soccer e chancelado pela Confederação Brasileira de Beach Soccer. O evento tem o apoio de Waldir Acessórios, F&F Vidros, Palhoça Tropical John Lennon, Menino Jesus Colégio & Curso e Prefeitura Municipal de João Pessoa.

Os jogos do Open Feminino e da Taça João Pessoa estão sendo realizados na arena localizada na Praia do Cabo Branco

Copa João Pessoa A última rodada da Copa João Pessoa de Seleções de Beach Soccer será disputada também na manhã de hoje, a partir das 10h. A primeira partida será entre o selecionado da cidade de Pilar e a Seleção de Jacaraú. Uma hora depois será a vez do duelo entre João Pessoa e Mamanguape. O grupo que defende as cores da Capital é quem está mais próximo de levantar o troféu de

campeão do evento. A equipe tem seis pontos conquistados e um saldo de cinco gols. Já o adversário de João Pessoa joga apenas para cumprir tabela. Mamanguape perdeu todas as partidas que disputou e não tem chances de conquistar o primeiro lugar. Tanto Pilar quanto Jacaraú possuem três pontos e, para levantar o título de campeão, precisam vencer com uma diferença de sete gols e torcer por uma derrota do líder da competição por um saldo de

cinco gols de diferença a favor da equipe de Mamanguape. A Copa João Pessoa de Seleções de Beach Soccer é uma realização da Federação Paraibana de Beach Soccer com reconhecimento da Confederação Brasileira de Beach Soccer. A competição conta com o apoio de Waldir Acessórios, Prefeitura Municipal de João Pessoa, F&F Vidros, Feijoada do Fábio e Palhoça Tropical John Lennon.


FUTEBOL PARAÍBA

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

A UNIÃO

brasileiro da série d

Sousa pode garantir classificação FOTO: Jeferson Emanuel/Divulgação

Time paraibano enfrenta o Vitória da Conquista hoje à tarde no Marizão

Edônio

Wellington Sérgio

Alves

wsergionobre@yahoo.com.br

O Sousa faz hoje, a partir das 16h, o penúltimo jogo da fase classificatória no Estádio Marizão - o último será contra o Feirense/BA, no dia 26 de agosto - do grupo A4 da Série D do Campeonato Brasileiro. Uma vitória deixa o Dinossauro mais próximo da vaga para a outra fase, já que ocupa a segunda colocação, com oito pontos ganhos, contra 13 do Centro Sportivo Alagoano (CSA-AL), que lidera isoladamente. Apesar da derrota apara o CSA-AL (2 a 1), no Estádio Rei Pelé, em Maceió-AL, a palavra de ordem é a reabilitação para somar pontos e continuar caminhando em busca de permanecer na disputa. O time entra reforçado com os retornos do zagueiro Márcio Paraíba e o volante Xinho, que cumpriram suspensões automáticas. Em compensação, o volante Gideon cumprirá suspen-

edonio@uol.com.br

Participar ou competir? De volta ao Marizão, o Sousa espera fazer o dever de casa para assegurar vaga na segunda fase da Série D

são automática e o atacante Cleiton Cearense continuará vetado pelo Departamento Médico, na recuperação do joelho esquerdo. Com a obrigação de fazer o dever de casa o treinador Suélio Lacerda deve utilizar o esquema 4-4-2, com a possível escalação de três atacantes, Vitinho, Nilsinho e Esquerdinha. Para o ex-técnico do Botafogo o Sousa terá que impor o ritmo de jogo e tentar liquidar o adversário ainda

no primeiro tempo. “Tentaremos pressionar e não dar espaço para os contra-ataques. Só a vitória interessa para que possamos administrar a vaga na próxima fase”, observou. Situação oposta do time paraibano o Vitória da Conquista/BA, que está na lanterna, com um ponto ganho, cumprirá apenas a tabela. A principal novidade será a estreia do treinador Guilhermino Lima, que substituirá Elias Borges, demiti-

VALE A LIDERANÇA

Campinense e Baraúnas fazem jogo mais importante da rodada O Campeonato Brasileiro da Série D começa a se afunilar na sua primeira fase, com os jogos de volta e a importância dos resultados para a classificação. Nesse contexto, Baraúnas e Campinense se enfrentam, logo mais, às 17h, no Estádio Manoel Leonardo Nogueira – “O Nogueirão”, em Mossoró-RN. Com dois pontos de folga na liderança, a Raposa encara justamente o vice-líder, dando à partida de hoje a velha conotação de “jogo de seis pontos”. “Todos nós sabemos das particularidades que cercam esse duelo contra o Baraúnas. Então é chegar lá e pôr em prática o que nós trabalhamos durante a semana, porque até o empate é importante para garantirmos nossa classificação para a próxima fase”, externou seu pensamento o zagueiro Diego Padilha, confirmado entre os titulares. Quem não está ga-

rantido na equipe que entra em campo na tarde de hoje é o zagueiro Breno, que machucou o braço direito e precisou colocar gesso. Apesar de ter treinado durante a semana, a proteção que o defensor está usando carece de mais 15 dias de fixação do braço, o que o impede de jogar. Em contrapartida, o zagueiro e capitão do Campinense, Ben-Hur, volta à equipe, devendo formar o trio de zaga ao lado de Padilha e o estreante Celso. Freitas justifica o retorno ao esquema com três zagueiros, pela dificuldade da partida. “O campo é duro, não está bom e o jogo vai ser pegado, com muitas bolas aéreas. Pensando nisso a gente treinou com três zagueiros, para reforçar nossa defesa. Mas isso não significa que o time jogará retrancado, pelo contrário”, comentou o treinador. FOTO: Phlipy Costa

Campinense e Baraúnas voltam a jogar, agora em Mossoró

Treze busca hoje a primeira vitória contra o Paysandu Conseguir a primeira vitória no grupo A da Série C do Campeonato Brasileiro é a meta do Treze, hoje, às 16h, contra o Paysandu/PA, no Estádio Amigão, na Serra da Borborema. A equipe fará o segundo compromisso em seus domínios – no primeiro houve empate, diante do Cuiabá/MT (0 a 0) – na tentativa de deixar a lanterna do grupo, com um ponto ganho. Para este compromisso o treinador Marcelo Vilar deve fazer alterações na equipe, já que terá à disposição o zagueiro Gaspareto e o meia Júlio César, que foram regularizados e podem ser aproveitados. Apesar de algumas mudanças o comandante trezeano pretende manter a base que perdeu para o Fortaleza/CE (2 a 1), no Estádio Presidente Vargas, na capital cearense, na última rodada. Segundo ele, o grupo teve um melhor rendimento e desenvoltura na última partida, conseguindo abrir o marcador e com possibilidade de ganhar o confronto. “O importante é que houve uma evolução e por pouco não vencemos o Fortaleza. Com os reforços acredito que possamos ter um melhor rendimento”, comentou.

do pela diretoria no meio da semana. Ele ficará no cargo até a Copa Governador do Estado. O novo comandante do time baiano aproveitará os jogos restantes para dar vez aos atletas da base que serão aproveitados na competição estadual. O trio pernambucano ficará responsável pelo espetáculo, com Sebastião Rufino Filho (árbitro), auxiliado por José Wanderley da Silva e Valdomiro Antônio de Araújo.

Cruzeiro precisa de um empate para terminar em primeiro lugar

Caso empate hoje, às 15h15, contra a Desportiva Picuiense, no Estádio Zezão, no Vale do Piancó, o Cruzeiro de Itaporanga termina na primeira colocação do grupo do Sertão da Segundona do Paraibano. A Raposa sertaneja ocupa a segunda posição, com 6 pontos ganhos, contra 7 do líder Atlético de Cajazeiras, que não atuará mais nesta fase classificatória. Se terminarem empatados no número de pontos o time cruzeirense leva vantagem no saldo de gols (5 contra 1). Para este compromisso o treinador cruzeirense, Aldo França, terá os desfalques de Rogério (zagueiro), que será poupado, Roni (volante), cumprirá suspensão automática e José Wilker (lateral direito). Já a Desportiva Picuiense, lanterna com um ponto, cumprirá tabela e aproveitará o jogo para colocar em ação os atletas da casa. Miramar x Campina Classificado para a próxima fase, juntamente com a Desportiva Guarabira, no grupo do Litoral, o MIramar de Cabedelo cumpre tabela amanhã, às 20h30, diante do Sport Club Campina Grande, no Estádio Amigão, em Campina Grande, na última rodada da fase classificatória. O jogo estava programado para hoje, com o mando de campo do Tubarão do Porto, que optou em atuar novamente na Serra da Borborema.

Vou iniciar a coluna de hoje com uma historinha contada por uma jornalista da minha predileção, que é especialista em cobertura de olimpíadas e já por isso o leitor perceberá que o nosso tema de hoje são os Jogos Olímpicos de Londres 2012. A minha colega chama-se Dorrit Harazin e prontamente informo que tive o prazer de escutar suas experiências como repórter esportiva num congresso de jornalismo investigativo do qual participei em São Paulo, no mês passado. A história é a seguinte e começa assim: “Cidade do México, 12 de outubro de 1968: Bud Greenspan, o documentarista americano que se consagrou filmando atletas e Jogos Olímpicos por seis décadas, estava a ponto de guardar seu equipamento. Naquele final de tarde, a maratona fora vencida, havia mais de uma hora, pelo etíope Mamo Wolde, e as arquibancadas do Estádio Olímpico Universitário estavam quase desertas. Foi quando Greenspan avistou um vulto inesperado adentrando a pista - tinha um dos joelhos envolto em curativos mal ajambrados, parecia sentir dor, mas ainda corria. “Chamava-se John Akwari, viera da Tanzânia e era um dos 74 maratonistas que disputavam a prova - só que, àquela altura, até mesmo os juízes imaginavam que quem ainda não surgira no estádio para a arrancada final era porque tinha desistido no caminho. O documentarista remontou rapidamente seu equipamento e filmou os últimos 400 metros daquela figura solitária. Ao final, quis saber por que o fundista não desistira antes: “Meu país não me fez atravessar um oceano e sete mil milhas de distância só para largar na prova. Me mandou para cá para completar a prova”, disse. Pego o gancho dessa historinha para tratar aqui da participação do Brasil nessas Olimpíadas de Londres e dizer que o faço por dois motivos óbvios: o fato de ser brasileiro e, claro, torcer por um bom desempenho do meu país nos jogos, mas também pelo fato até mais relevante de o Brasil ser a nação que vai sediar a próxima Olimpíada em 2016. É este fato, creio eu, que faz com que surja uma certa frustração em nós brasileiros quando olhamos o quadro de medalhas dos jogos e verificamos que o Brasil, que é um país gigante e continental, apareça com um desempenho pífio em comparação com as potências olímpicas. Por qualquer análise que façamos dessa realidade antevista no placar geral das Olimpíadas, não tem como não repontar em nós a sensação de que não estamos lá - salvo em raras exceções, entre elas o futebol - para competir, mas, sim, para apenas participar da festa. Apenas no futebol e no vôlei, isto é, em alguns esportes coletivos, parece que essa sensação é abrandada pela nossa tradição e força. Coloco justamente o futebol aqui em destaque (logo ele que nunca ganhou uma medalha olímpica) para dizer que acho que chegou a vez do Brasil ir para o pódio com o ouro olímpico. Assevero isso, contudo, não por estar vendo a nossa seleção olímpica de futebol apresentando um desempenho virtuoso e que nos dê confiança. A minha quase certeza do ouro vem do fato de que nós praticamente ficamos sem adversários de peso pela frente. Acho que o favoritismo da Seleção Brasileira no futebol masculino cresceu após a primeira fase quando os espanhóis e os uruguaios, que viajaram a Londres com jogadores badalados, caíram logo na primeira etapa. Sobraram o Reino Unido, donos da casa, o México, que costuma aprontar para cima dos pentacampeões mundiais, e equipes com menor tradição, dentre elas o Senegal. Se for à decisão, o Brasil pode encarar Japão, Egito, México ou Senegal. O Japão foi uma zebra contra os brasileiros nos Jogos de 1996, com uma vitória por 1 a 0 devido a uma falha de Aldair e Dida. Senegal pode ser um novo ‘fantasma’ africano, continente que já tirou o a seleção Sul-Americana em 1996, com a Nigéria, e 2000, com Camarões. Entretanto, acho que isso não vai acontecer. O time de Neymar, Oscar, Ganso e companhia vai mesmo conseguir o único título mundial que falta ao nosso futebol. Dessa vez, nessa modalidade, estamos para competir e fazermos a festa.


NACIONAL & Mundo

A UNIÃO

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

REVIVENDO A LIBERTADORES

Vasco enfrenta o Corinthians Rivalidade cresceu após o time carioca ter sido eliminado daquela disputa Após o confronto difícil nas quartas de final da Taça Libertadores da América, Vasco e Corinthians voltam a se enfrentar, dessa vez pela 14ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série A. Na ocasião, o Timão levou a melhor e conseguiu avançar para a semifinal do torneio com um empate sem gols em São Januário e uma vitória por 1 a 0 no Pacaembu. Hoje, às 16h, no São Januário, o time da cruz de malta quer dá o troco para continuar a perseguição ao líder Atlético-MG. Com uma vitória em cima do Corinthians e um tropeço do time mineiro com o Flamengo, o Vasco pode assumir a liderança nessa rodada. Nesse clima de revanche, o clube carioca tem um sério problema no sistema defensivo. Melhor zagueiro do Brasileirão do ano passado, Dedé está suspenso por isso fica de fora do jogo dessa tarde diante do alvinegro

paulista. Em seu lugar, Cristóvão Borges deve escalar Fabrício ao lado de Douglas para compor a dupla central de zaga. Renato Silva, principal candidato a substituir Dedé novamente não joga, já que ainda não teve seu novo contrato regularizado. Por outro lado, Juninho e Nilton estão de voltam e vão para a partida. O meia é esperança do Vasco para dar consistência às jogadas de criação. No Timão, Tite terá a volta do goleiro Cássio, herói do jogo de volta da Libertadores quando defendeu uma bola importante, mano a mano, que Diego Souza chutou no canto, quando a partida ainda estava em 0 a 0. Outro herói da conquista continental, o atacante Émerson é dúvida para o duelo de logo mais. O atleta passou a semana em tratamento e a probabilidade de Tite escalar o jogar é muito pequena. Uma baixa confirmada é a de Chicão. O zagueiro tem um edema no músculo posterior da coxa esquerda e foi vetado.

FOTO: Divulgação

Ainda com o lateral Fagner, o Vasco foi eliminado pelo Corinthians na Libertadores. As duas equipes voltam a jogar hoje em São Januário

EM CURITIBA

Flu encara o Coxa com força máxima

O Fluminense está praticamente escalado para a partida do próximo domingo contra o Coritiba, às 16h no Couto Pereira, pela 14ª rodada do Campeonato Brasileiro. Sem novidades, o técnico Abel Braga, no último treinamento, promoveu o retorno do volante Edinho, que estava suspenso no empate com o Atlético-MG. A equipe principal e que deve ir a campo diante do Coritiba atuou com a seguinte escalação: Diego Cavalieri, Wallace, Gum, Leandro Euzébio e Carlinhos; Edinho, Jean, Deco e Thiago Neves; Wellington Nem e Fred. A expectativa da torcida tricolar é que Thiago Neves volte a apresentar um bom futebol. O Tricolor Carioca é o terceiro colocado e joga fora de casa, buscando encostar no Atlético-MG, líder da Série A e no Vasco, segundo colocado. No lado do vice-campeão da Copa do Brasil, as boas notícias também são regras. O zagueiro Emerson não preocupa mais o Departamento Médico, além da possibilidade dos retornos do meia Rafinha e do atacante Anderson Aquino que poderão ficar à disposição do treinador Marcelo Oliveira. O Coxa, atual vice-campeão da Copa do Braisl, é o décimo segundo colocado e está na zona intermediária da tabela de classificação. A expectativa é que o time consiga uma série de bom resultado e se afaste da zona de rebaixamento.


O umami é um dos cinco gostos básicos do paladar humano Página 28

A UNIÃO

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Curiosidade

Jornal de Hontem

A cidade não é mais a que já foi um dia... PÁGINA 30

Peculiaridades da cidade de Bernardino Batista PÁGINA 26

FOTOS: Divulgação

Agosto,

o mês do desgosto? Tragédias e guerras deram origem à fama de mês do azar Hilton Gouvêa hiltongouvea@bol.com.br

Q

uando se fala em agosto, o melhor que se faz é cruzar os dedos. Ou bater três vezes na madeira, renegando o nome de um mês que, dizem, só faz juntar tragédias, ao longo dos anos. Mas, não é bem assim. Otávio Augusto César, o primeiro imperador romano, que emprestou seu nome para este fatídico (?) rol de 31 dias, reinou esplendidamente por mais de quarenta anos e proporcionou um período de relativa paz e prosperidade ao então mais poderoso império do mundo. Mas, depois que o império romano mandou substituir o antigo mês sextilis pelo atual agosto, no ano 27 antes de Cristo, a coisa começou a desandar. Desta data em diante, Otávio se desentende com Marcus Antonius e sobrevém a famosa batalha de Actium. Perdedor, Antonius se suicida junto com Cleópatra: ele atirando-se sobre um gládium e, ela, apertando uma serpente áspide contra o peito. Para os romanos, o mês de agosto era o período em que surgia um dragão que ameaçava os céus cuspindo fogo. Hoje, os cientistas modernos explicam que os romanos temiam a uma simples ilusão de ótica, provocada pela

aparição da Constelação de Leão no Hemisfério Norte. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, trouxeram uma novidade: as mulheres não casavam neste mês. Motivo: nesta época os homens válidos de Portugal alistavam-se nos navios e se aventuravam em mar aberto, deixando as mulheres carentes. Na Argentina, existe a crença de que, quem lavar a cabeça em qualquer dia de agosto, está chamando a morte. E, já que é o mês dos frios e dos ventos fortes, é bom rezar bem antes de dormir, para não atrair a companhia de almas penadas. No mais, agosto tem um currículo invejável de tragédias, daí ser bom colocar um pé atrás e outro na frente, antes de firmar qualquer coisa em um de seus 31 dias (vocês notaram que 31, invertido é 13?) Foi em agosto de 1572 que Catarina de Medici ordenou o massacre da noite de São Bartolomeu, ceifando a vida de 1.526 pessoas. Neste mês (a história não cita o dia) de 1574 aconteceu a tragédia de Tracunahém, na região onde hoje se encontra o município de Goiana (PE). Cerca de dois mil índios potiguaras, chefiados pelo cacique Iniguaçu, mataram 612 pessoas. Foi a resposta do gentio paraibano a uma afronta provocada por Diogo Dias, responsabilizado pelo rapto de uma índia. Também foi em 25 de agosto de 1975 que

um simples passeio de barco matou 38 pessoas na Lagoa do Parque Solon de Lucena, em João Pessoa. O dia completava a Semana do Exército. Uma portada – espécie de ponte móvel utilizada para transpor alagados – foi montada na Lagoa e improvisada como barco de passeio. Uma pane a bordo provocou o desastre. Entre as vítimas, a maioria era de mulheres e crianças. O primeiro homem eletrocutado na cadeira elétrica foi em 6 de agosto de 1890, em Nova Iorque. A Primeira Guerra Mundial começou no dia 1º de agosto de 1914. Em agosto de 1939 inicia a Segunda Guerra Mundial. Quarenta e cinco mil pessoas morreram entre 6 e 9 de agosto de 1945 em Hiroshima e Nagasáki, onde os americanos testaram a primeira bomba atômica do mundo. Quando o dia 24 de agosto lhe surpreender, benza-se três vezes: é o dia consagrado às sogras. Em agosto de 1980 o furacão Allen afetou as costas dos Estados Unidos, Caribe e México. Causou mais de US$ 1 bilhão de prejuízos e provocou 250 fatalidades, entre mortes e destruições. Em agosto de 1943 o navio Cidade de São Paulo chocou-se com uma das alas da Escola Naval do Rio de Janeiro e matou 18 pessoas, entre elas o bispo D. José da Afonseca e Silva. Tragédias de aviões em agosto. 1963 – um choque entre aviões da FAB, que caem no Ga-

leão, mata 10 pessoas. No dia 21 do mesmo ano um DC-8 cai no Galeão e mata 12 pessoas. No dia 8 dois aviões de treinamento da FAB (Força Aérea Brasileira) se chocam em Jacarepaguá(RJ) e matam seis aspirantes. Outro avião caído em Cuiabá faz oito vítimas. Em seis de agosto de 1960, 59 alunos da Escola Técnica de Comércio Pedro II morrem, quando o ônibus que os conduzia se precipita num abismo. Em 25 de agosto de 1961 Jânio Quadros renuncia à Presidência da República. Em 22 de agosto de 1976, Juscelino Kubitscheck, o homem que construiu Brasília, morre de acidente automobilístico. Em agosto de 1965 o navio Duque de Caxias pega fogo em alto mar e 30 pessoas morrem a bordo. Getúlio Vargas se suicida em 24 de agosto de 1954. Em 22 de agosto de 1976 um Boeing 737 da Vasp explode em Formosa e mata 110 passageiros. Dizem que na Idade Média o diabo costumava andar pelo mundo. Um dia ele baixou na terra mesmo no mês de agosto. Ao dirigir-se a uma praia, acaba assaltado. Entrou no mar e um tubarão comeu-lhe a perna. Socorrido, foi levado para um hospital, onde o médico cortou-lhe a perna boa. Satã, quando soube qual era o mês que tinha vindo à terra, sumiu numa nuvem de enxofre e fumaça.


“Grandes obras não são feitas com força, mas a perseverança”. Samuel Johnson

CURIOSIDADES A UNIÃO

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Lendas e clãs Família Gomes foi uma das primeiras a povoar o município paraibano de Bernardino Batista FOTO: Divulgação

Hilton Gouvêa

J

hiltongouvea@bol.com.br

osé Francisco do Nascimento, o Zé de Sinhô, 70 anos, descende de uma estirpe de bravos. E também, entre outras coisas, é apontado como o homem que introduziu o capim elefante no lugar onde mora, numa época em que os criadores só conheciam o pasto comum das fraldas de serras. Por isso, ele se orgulha de ser bisneto de João Gomes, o primeiro chefe de família a se estabelecer no Sítio Ponta de Serra, na zona rural de Bernardino Batista, a 514 Km de João Pessoa. O capim elefante contribuiu para melhorar a qualidade do rebanho então existente em Bernardino Batista e foi tão bem aceito no solo local, que ainda hoje é o principal pasto de gado da região, seja na época das secas ou durante as chuvas. Mas, o que mais chama a atenção em Zé de Sinhô é a memória sempre fresca, a lembrar fatos que se passaram há muitos anos. O cajueiro que plantou aos 10 anos de idade, diante da casa onde mora, no Sítio Ponta de Serra, é visitado por ele diariamente. Há 60 anos saem dali as sementes que deram origem aos milhares de cajueiros hoje cultivados no município. Quando provocado a puxar

A área urbana, sempre limpa e bem estruturada, e a expressividade arquitetônica das construções se destacam no município

pela memória, Zé de Sinhô não se faz de rogado e larga o verbo, com desenvoltura. Zé do Carmo era um cangaceiro com fama de valente, que andava pela zona rural dos atuais municípios de Uiraúna,

Santarém e Bernardino Batista, praticando rapina e outras violências. Por qualquer da cá aquela palha se atracava com outro na peixeira ou resolvia a parada na base do clavinote.

João Gomes, bisavô de Zé de Sinhô, era calmo, respeitador, muito ético e nunca havia se metido numa briga. Pois, não é que Zé do Carmo cismou e foi roubar na propriedade de João Gomes?

vidade arquitetônica do pórtico da cidade. Aliás, quem sai de Uiraúna, com destino a esta cidade, se depara com a primeira dica de caminho, na localidade de Cafundó dos Andrades, a cinco quilômetros de distância. É onde um pórtico de alvenaria indica a estrada certa para a sede do município, com letras grandes e uma seta desenhada. Bernardino Batista, um dos beneméritos do municí-

pio, nasceu em 21 de março de 1895 e morreu a 21 de julho de 1961. Seu túmulo está situado no centro do Cemitério Municipal, erguido no Sítio Egídio, onde uma rua de apenas 20 metros estabelece os limites dos Estados da Paraíba com o Ceará. Neste cemitério também está sepultado o homem que mais viveu em Bernardino Batista, Nezinato Luís, que morreu em 2003, aos 104 anos de idade.-

Muito polido e de natureza pacata, Gomes procurou o cangaceiro e reclamou a devolução de seus bens. O cangaceiro meteu os pés de banda e entendeu aquilo como uma afronta, pois pensava que Gomes estava atrás de um pretexto para vingar a morte de um seu parente, Silvério Barbosa. Sempre calmo, João Gomes sacou o clavinote e avisou: “Eu num tô querendo confusão, não, Zé, mas se tu qué, a gente se faz nas armas”. E atirou no meio da testa do bandido, que revirou os olhos e caiu num borbotão de sangue. Zé de Sinhô, conta essa história de seu ancestral com a maior naturalidade. Diante da reportagem e de Zé de Sinhô, se encontrava Antônio Viana, na época responsável pela Secretaria de Obras da Prefeitura de Bernardino Batista. Zé de Sinhô olhou para Viana e disse: “Olha aqui o bisneto de Silvério Barbosa, morto por Zé do Carmo”. Viana Confirmou. Viana, que pertence ao grande clã dos Barbosa, uma das maiores famílias de Bernardino Batista, é primo de dona Conceição, mulher de Zé de Sinhô. Outra: Neste curioso município sertanejo, quem vier de fora deve ter o máximo de cuidado ao falar da vida alheia, pois, com raras exceções, quase todas as famílias são consangüíneas ou, possuem, têm um parentesco bem aproximado.

Esperteza do matuto enganou o cangaceiro Na Mata do Fundão, um lugar ermo situado nos socavões das serras de Bernardino Batista, ainda existe a cova onde foi enterrado o cangaceiro Zé de Souza. Briguento e ladrão, metido a valente, ele morreu de graça. Ou melhor, morreu, graças a um artifício dos paisanos locais, que lhe armaram uma cilada. E coube a Zé de Abel, um homem aparentemente pacato, matar o cangaceiro Néco de Firmino, na maior tranquilidade. Abel, que não esquentava com nada, estava sob a mira do bandido que, de olhos injetados, gritava em plena feira: “Comece a rezar, Abel, que você vai pro inferno”. Abel olhou calmamente para o bandido e disse: “Tu vai me matar com esse revólver de cano torto, é?” Néco de Firmino caiu na besteira de ir examinar, aí Abel aproveitou a deixa e foi mais rápido: matou o cangaceiro com dois tiros na cabeça. E ainda comentou: “Esse aí ainda é do tempo de acreditar que revólver de aço entorta o cano”. Zé de Sinhô conta isso e

dá uma discreta risada, fazendo destacar a coroa de metal colocada na prótese dentária. Viana, sempre caladão, acena pausadamente com a cabeça e confirma a história, conhecida da maioria dos cidadãos de Bernardino Batista. Cangaceiros à parte, este município conheceu e viveu várias facetas da história. Da grande seca de 1932, Zé de Sinhô não lembra, porque nem era nascido. Para ele, a pior estiagem da região foi a de 2001. O gado morria de fome, lambendo o chão quente. Não havia, em qualquer serra da região, o mínimo de capim para fazer um pavio. As cobras abandonavam os jiquis, à procura de lugar mais fresco. Vieram, então, as chuvas de 2002 e tudo voltou ao que era antes. Atualmente a cidade dispõe de açudes e de um poço artesiano de boa vazão. No cimo da Serra, Bernardino Batista mantém o aspecto de oásis, em pleno Semiárido. Quando visitei Bernardino Batista, em 2008, admirei a estética da área urbana, sempre limpa, e a expressi-

Bernardino Batista, um dos beneméritos do município, nasceu em 21 de março de 1895 e morreu a 21 de julho de 1961


DIVERSÃO João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Piadas

A UNIÃO

JOGO DOS 9 ERROS

Bêbado no mar da Galileia Um certo bêbado passeava na beira do famoso mar em Israel, o mar da Galileia. Ao longe ele avistou uma frota de barcos de passeio e ao aproximar-se perguntou ao dono que ali estava: O! parceiro! Quanto que custa uma volta de barco? Então o homem respondeu com cortesia: Olha senhor, custa três mil reais! Ooo loco! tão caro assim! Mas meu amigo! O Senhor Jesus caminhou por cima dessas águas! Também! com esse preço! Quem consegue andar de barco!

Joãozinho desatento na Escola .. No meio da aula de matemática a professora vê que Joãozinho está desatento e resolve fazer uma pergunta: — Joãozinho! Quantos ovos tem uma dúzia? — Não sei, Fessora! — Muito bonito, né? Você tem que prestar mais atenção na aula!! — Pode deixar, fessora! Será que eu posso fazer uma pergunta pra senhora também?…. — Pode! — responde ela, desconfiada. — O que você quer saber? — A senhora sabe quantas tetas tem uma porca? — Não! — respondeu a professora,...Viu, Fessora? A senhora me pegou pelos ovos e eu te peguei pelas tetas! He, he!

O boletim do Joãozinho da Escola.. Água no copo, dedaõ, remendo na camisa, ponta de travesseiro, perna do carneiro, língua do lobo, pé da cama, bigode, balão

Assim que Joãozinho chega da escola, o pai já fala: — Quero ver o seu boletim! Joãozinho diz: – Infelizmente não vai dar!… — Como não vai dar?! Joãozinho: - É que eu emprestei para um amigo… Ele queria dar um susto no pai dele!

Palavras Cruzadas

Tirinhas

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL 2012

Viagem de avião Comunidade dos entre Rio de Janeiro e São Paulo seguidores do papa Atrativo da HDTV

Ivan (?), o Terrível: o primeiro czar russo

Ser criado pela Engenharia Genética

Culto tradicional no Haiti (Rel.) Que não pode ser O ditongo protelado como o de (compromisso) "sabão"

Vínculo confirmado pelo teste de DNA Cede (sangue) Que veio à tona (fem.) Curva da (?), trecho de Interlagos (F1) Verniz para (?): esmalte, em Portugal

Claro, em inglês

Luiza (?), atriz cearense

Alfred Nobel, químico Roraima (sigla)

Dean Martin, ator Adestrar; amansar

Henrique Magalhães

Zé Meiota

Tônio

Antônio Torres, escritor

Conjunto de números reais (símbolo) Resposta que não é esperada no altar

Componente da tábua de frios

Hectare (símbolo)

Cartel do petróleo sediado em Viena Margaret Thatcher, política britânica

Enxergava Pouco profunda

Deus grego do amor (Mit.)

Horóscopo

N Ã

Áries Esta é a semana da Lua cheia, onde chegam ao ápice as questões relacionadas à vida familiar, afetiva, a relação com crianças. É o momento de perceber a força do coração ariano, que se expressa no poder da vontade e da coragem.

O

Câncer

Carta que vale 11 pontos na sueca

Nesta semana a Lua, seu astro regente, estará na fase cheia, indicando a plenitude do atual ciclo e que indica um momento muito importante em relação à expressão dos seus talentos e à união de recursos que traz reflexos também sobre a vida material.

Varre-(?), município fluminense Indicação do Norte na rosa dos ventos

Libra

Símbolo sagrado de clã ou tribo, é considerado como seu ancestral ou divindade protetora Extenso rochedo escarpado

3/mor — sai. 4/aunt — eros. 5/clear — sonda — totem — unhas.

Solução R R A D U R A E L I R A S A U N T A I V Ã I L E R O S T A NU L A M S A I E N H A S CO

l- Gigante, o Parque Olímpico comportaria 357 campos de futebol; - 100 tubos de transformação de energia solar manterão a quadra de handebol ilumidada;- 53 metros é a altura do Estádio Olímpico – três a mais que o monumento gigantesco da Trafalgar Square, principal praça de Londres.

O P E P

Curiosidades l Olimpíadas em números -10 mil banheiros temporários funcionarão até o fim dos jogos olímpicos – o suficiente para atender a população da República de Malta; - Mais de 2 mil “newts”, uma espécie de salamandra local, foram retirados da área durante a construção e levadas para uma reserva ambiental;

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F E I U N H D I A Ç C A M T O T

BANCO

Maria

Capitão(?): distribuía sesmarias (Hist.)

51, em romanos Tia, em inglês

24 horas Objeto em forma de sino

Pagamento extra em restaurantes com música ao vivo Engenho espacial

l “Casa” dos atletas, Vila Olímpica tem 2.818 apartamentos para atletas. São 11 blocos residenciais da Vila tem o tamanho de um campo de futebol; Serão servidas 45 mil refeições por dia às delegações; 28 mil edredons e 22 mil travesseiros garantirão o conforto dos atletas.

Nesta semana de Lua cheia chegamos ao ápice deste ciclo e é um momento de importante conscientização em relação às questões emocionais e profissionais, ao amor e à amizade. Muitos acontecimentos significativos, libriano.

Capricórnio Relacionamentos, vida familiar e sentimentos têm sido as questões evidenciadas ao longo do atual ciclo capricorniano. E nesta semana de Lua cheia chegam ao ápice questões relativas a como você vivencia o poder do coração, o poder conscientizador e transformador de suas emoções.

Touro O seu planeta regente Vênus está nesta semana em contato com Saturno, beneficiando alianças, parcerias e acordos que tenham reflexos sobre questões financeiras e profissionais.

Leão O Sol em seu signo e a Lua em Aquário caracterizam nesta semana a Lua cheia, um momento muito importante aos leoninos e que expressa a finalização de um ciclo relacionado a questões familiares e emocionais.

Escorpião É um momento de integração necessária entre estas esferas, o que também significa dizer da importância de você fazer as coisas com paixão. Desta forma se sentirá satisfeito não somente em termos profissionais, mas internos, escorpiano.

Aquário Em seu signo que a Lua se tornará cheia nesta semana, aquariano, indicando a intensificação das emoções e das reações e também do que envolve os seus relacionamentos. É inclusive uma fase importante para as questões familiares, de saúde e de trabalho.

Gêmeos Nesta semana pode haver uma importante concretização vinculada a relacionamentos, à vida afetiva e às questões que envolvem crianças, geminiano. É também a semana da Lua cheia que intensifica as emoções e as reações.

Virgem É também uma fase de reflexão, mais introspectiva, onde você percebe que certas coisas estão chegando ao final. E nesta semana de Lua cheia também é a constatação das questões vinculadas à saúde e à qualidade de vida, como também do trabalho, virginiano.

Sagitário E nesta semana de fase lunar cheia chegamos ao ápice do atual ciclo, onde você percebe que muitas coisas estão tendo que ser transformadas, conscientizadas, curadas. E a origem dessas situações se dá nas primeiras vivências familiares.

Peixes Intensidade emocional e nas coisas do coração é uma característica do atual momento pisciano. E nesta semana de Lua cheia estão evidenciadas também as questões relativas ao trabalho e à saúde.


“Antes de dar comida a um mendigo, dá-lhe uma vara e ensina-lhe a pescar”. Provérbio chinês

GASTRONOMIA A UNIÃO

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de julho de 2012

O quinto sabor A

descoberta do umami, o quinto gosto básico do paladar humano completou 104 anos. Apesar disso, até hoje aprendemos na escola que existem apenas quatro gostos - doce, salgado, azedo e amargo. O que poucos sabem é que em 1908 um pesquisador japonês chamado Kikunae Ikeda descobriu um gosto diferente, algo bem peculiar, batizado de umami, que em português pode ser traduzido como “saboroso” ou “delicioso”. Mesmo descoberto há mais de um século, o quinto gosto só foi reconhecido cientificamente décadas depois. No ano 2000, estudiosos da Universidade de Miami, liderados pela pesquisadora Nipura Chaudhari, confirmaram a presença de um receptor específico para o Umami na língua, chamado mGluR4. Após a confirmação, vários outros estudos a respeito começaram a ser realizados, buscando entender melhor as características e peculiaridades do “novo” gosto. Algumas substâncias são responsáveis por proporcionar o umami. O principal representante é o aminoácido glutamato, presente sobretudo em alimentos de origem animal, como queijos e carnes. Todavia, outras substâncias, como os nucleotídeos inosinato e guanilato, presentes em alimentos de diversas origens, principalmente carnes, vegetais e fungos, também conferem o quinto gosto. Hellen Maluly, professora de Bromatologia e Toxicologia de Alimentos da Faculdade Oswaldo Cruz, explica que é difícil descrever o quinto gosto. “Duas características principais podem diferenciar o umami dos demais: o aumento da salivação e o prolongamento do gosto por cerca de alguns minutos após a ingestão do alimento”, diz a professora. Segundo Hellen o queijo parmesão, alimento com maior concentração de glutamato, é um ótimo exemplo para entender o quinto gosto. “Após a ingestão do queijo parmesão, sentimos um gosto que permanece na superfície da língua por alguns minutos. De uma maneira genérica, este é o gosto umami”, ilustra a especialista.

Ao lado de doce, salgado, azedo e amargo, o umami é um dos cinco gostos básicos do paladar humano FOTOS: Divulgação

Confira a receita Rocambole de queijo e tomate

Modo de preparo

Ingredientes: Meia xícara (chá) de óleo (40g) 3 ovos (135g) 1 xícara (chá) de farinha de trigo (100g) 1 xícara (chá) de leite (200ml) 1 colher (sopa) de fermento em pó (10g) Meia colher (chá) de sal (1,5g)

Prepare a massa: 1. No copo do liquidificador, coloque o óleo, os ovos, a farinha de trigo, o leite, o fermento e o sal, e bata até formar uma mistura homogênea. 2. Disponha em uma assadeira retangular grande (27x40cm), forrada com papel-manteiga untado, e leve ao forno médio (180 graus), pré-aquecido, por 20 minutos. 3. Retire do forno, desenforme ainda quente sobre um pano de prato úmido e enrole. Reserve. Prepare o recheio: 1. Em uma panela média, coloque o óleo e leve ao fogo alto para aquecer. 2. Junte o alho e refogue por um minuto, ou até que doure ligeiramente. 3. Acrescente o tomate e o sal, mexa e retire do fogo. 4. Desenrole a massa, espalhe o refogado e cubra com a mussarela. 5. Enrole novamente, coloque sobre uma as-

Recheio 1 colher (sopa) de óleo (8g) 2 dentes de alho picados (15g) 4 tomates pequenos, sem sementes, picados (520g) 1 e meia colher (chá) de sal (4,5g) 150g de mussarela fatiada 1 gema batida (15g) 3 colheres (sopa) de queijo tipo parmesão ralado (30g)

sadeira untada, pincele com a gema e polvilhe com o queijo ralado. 6. Leve ao forno quente (200 graus), por 10 minutos, ou até gratinar. 7. Retire do forno e sirva em seguida. Dica: para que a massa do rocambole fique bem uniforme, unte a assadeira antes de colocar o papel-manteiga também untado. Tempo de preparo: 55 minutos Rendimento: 8 porções Medida caseira da porção: 1 fatia Informação Nutricional (porção 120g) Calorias 237 Kcal Carboidrato 29,1g Proteína 13,3g Gordura Total 7,4g Colesterol 113mg Sódio 314mg Fibras 1,4g

Coluna do vinho

renascente@veloxmail.com.br

Guerra fiscal na Europa há 200 anos Muita gente se perguntava em meados do século XVII, porque a Inglaterra não tinha um destilado nacional como o uísque na Escócia e na Irlanda que haviam reentrado nas altas-rodas mais ou menos naquela época e, estava longe de ser barato. Sabese que depois teve um incipiente destilado próprio, até o momento em que passou a ser governada pelo holandês Guilherme III. A cidra de sua região Sudeste poderia tornarse o equivalente inglês do Calvados normando, mas o rei Guilherme desencorajou tal indústria a fim de abrir espaço para o gim, invenção dos seus conterrâneos. Os ingleses pobres tomavam aguardentes, sobretudo o gim, que teve aumentada sobremaneira a sua produção desde a década de 1720, quando o governo sempre atento aos interesses dos agricultores, liberou a destilação, com o resultado que hoje se conhece graças às tenebrosas gravuras de Hogart, o grande pintor inglês. Nessa época, a população urbana crescera

Joel Falconi

muito e boa parte dela gastava nas tabernas seus salários miseráveis. O gim foi a bebida dos pobres até 1759, quando uma minguada colheita de grãos levou a mudanças na política governamental. Os ricos consumiam aguardente sob a forma de ponche ou grogues à base de rum ou arak diluídos com água, suco de frutas ou chá, com a poncheira tornando-se indispensável nas reuniões sociais. Nos fins dos séculos XVIII e começos do XIX, as guerras se sucederam, com Napoleão prestes a transformar a Europa num lago da França. Em 1747, Bonaparte expulsou os austríacos da Itália, para dois anos depois desistir de conquistar o Império Otomano, deixando seu exército no Egito e regressando à França. Nesse mesmo período, o caos da guerra ronda o Porto e Jerez, na época os dois principais centros exportadores de vinhos do mundo e, em menor escala, Málaga. Apesar de sitiadas, nem o Porto nem Cádiz interromperam

o seu comércio. A luta poupou os seus vinhedos. O conflito em Portugal no qual o Duque de Wellington e a nata do exército britânico estavam empenhados, contaram com festins regulares na cidade do Porto, que foram suficientes para que nunca abrissem mão do vinho local. Acontece que os tempos de guerra produzem intrincadas tramas entre parceiros comerciais, independente de seja qual for a política adotada pelos respectivos governantes. Napoleão tentou impor um “bloqueio continental” ao comércio entre a Inglaterra e os portos europeus, mas não conseguiu porque, essas transações eram tão essenciais para os franceses quanto para seus novos vassalos. Teve que conceder isenções aos comerciantes, mas as concessões deram margens a abusos e trapaças. Dizem que o exército francês chegou a vestir uniforme de casimira de York Shire. O Imperador procurava não comprar produtos manufaturados do inimigo, mas não se furtava a vender-lhe vinhos. Apenas preferindo que o negócio fosse contrabandeado, de modo a privar o governo inglês de receita.

Por sua vez, o governo britânico estava feliz de ter aguardente francesa, assim evitando usar seu trigo que seria utilizado para fazer pão e não gim. Havia a considerar outrossim, o fluorescente negócio de reexportação. Dos cinco mil tonéis que importaram da França em 1808, os ingleses venderam mais da metade à Suécia e ao Báltico que estavam sujeitos ao bloqueio francês; sabendo-se que nesse ano e nos seguintes, as docas da Inglaterra ficaram atulhadas com milhões de tonéis de vinhos franceses e espanhóis que se destinavam a terceiros; deixando supor que, mesmo no auge das hostilidades, respeitava-se uma espécie de acordo tácito, segundo qual a França controlaria o comércio da Europa, enquanto os ingleses seriam os carreteiros dos mares. Mal comparando, essa prática nos faz lembrar uma longa “guerra fiscal” ainda em voga, utilizada pelos Estados da Federação Brasileira, onde se afirma que todas as partes envolvidas, estão ganhando; nos parecendo ser mais um exemplo de “roda quadrada”.


Agnaldo Almeida

colunadeagnaldo@uol.com.br TWITTER: @agnaldoalmeida

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Top of Mind

Janio de Freitas não perde o equilíbrio: na Folha de 31 de julho, pergunta: “No caso do Mensalão, a imprensa aceita uma decisão do STF que não seja a condenação”?.

Entre Aspas

A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim. (Luiz Fernando Veríssimo)

OLÁ, LEITOR!

Na era da internet, quem sabe tudo é “Dr. Google” Sabichão, sabe-tudo, sete-ciências. Era com estes termos que até recentemente a gente se referia àquelas pessoas que, sem pestanejar, tinham respostas para tudo. Hoje, nesses tempos internáuticos, o velho sabichão virou o “dr. Google”. É dele que se espera explicação para tudo: desde o significado do bóson de Higgs até os efeitos colaterais da aspirina, passando pela força propulsora dos foguetes espaciais. Penso que não conheço hoje nenhuma pessoa que tenha em algum momento deixado de recorrer ao Google, o mais importante site de buscas da internet. Mas o que mais me impressiona não são as respostas que ali se encontram, mas o fato de todas (?) as perguntas já terem sido feitas. O leitor pode fazer um teste. Acesse o mecanismo de buscas e invente uma pergunta qualquer. A mais estranha possível. Com certeza vai perceber que outras pessoas já tiveram a

mesma curiosidade procurando saber aquela bizarrice que pensávamos ser só nossa. Antigamente quando alguém procurava por um produto ou serviço frequentemente utilizava as páginas amarelas da lista telefônica para encontrar uma empresa que atendesse às suas necessidades. Agora é cada vez maior o número de pessoas que utilizam a internet para procurar por produtos e serviços e a principal forma de busca na internet são os tais mecanismos de buscas. A importância dos mecanismos de busca na internet é tão grande, que só as buscas realizadas no Google correspondem a 30% do tempo que os brasileiros gastam na internet. O Google está bem na frente dos concorrentes (Yahoo, Bling, etc.) e por isso se tornou uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Aqui no Brasil o Google é utilizado em mais de 90% de todas as buscas realizadas na in-

ternet. Além disso, o Google também é a proprietária do Orkut que é a rede social mais utilizada pelos brasileiros. Nisso tudo há um dado preocupante: o Google foi promovido a doutor. E os cibercondríacos, pessoas que costumam buscar na internet informações sobre os sintomas que apresentam, existem desde o aparecimento das primeiras páginas de busca, e não para de crescer. Todo mundo sabe dos riscos da automedicação. Mas, baseado naquela velha máxima segundo a qual “de médico e louco, todos nós temos um pouco” é irresistível a tentação de procurar diagnósticos sem precisar ir ao consultório médico. Recorrer ao Google é prática definitivamente incorporada ao exercício de muitas profissões, entre as quais, o jornalismo. Não é um mal, mas é preciso saber separar o joio do trigo. A internet é também um território livre para as informações incorretas.

Em 121 anos, o Supremo Tribunal Federal enfrenta o processo mais complexo e politicamente complicado de sua história. É o caso do Mensalão, com 38 réus, cada um mais importante do que outro. Nas ruas, a opinião é uma só: se a impunidade vingar, se ninguém for exemplarmente punido, a corrupção no Brasil, que já é grande, não terá freios. A mídia teve papel importante para a elucidação deste caso. Agora, é com a Justiça.

MEMÓRIAS IMPRESSAS

Diferenças do jornalismo Depois de ler aqui na coluna (secção Memórias Impressas, 22/07) a comparação entre o jornalismo de hoje e o de ontem, feita pelo saudoso jornalista Jório Machado, estudante do curso de Comunicação Social da UFPB quer saber a minha opinião sobre o assunto, já que naquela ocasião me limitei a reproduzir o que Machado havia dito. Pessoalmente, fico meio sem jeito para responder a J. Andrade por vários motivos. Primeiro porque a questão, embora recorrente, não me parece ter maior importância, justamente por suscitar uma comparação quase impossível de ser feita. Nos anos 1950, 60 e 70, o mundo era

outro, os valores éticos e morais eram completamente diferentes e os jornalistas se impunham responsabilidades diversas das que hoje são assumidas nas Redações. Começa pelo estilo. Os jornalistas costumavam ser intelectuais com veleidades literárias e vários poemas na gaveta. Hoje não. Jornalismo é uma técnica que pouco ou nada tem a ver com a produção de romances, contos, novelas ou poemas. O leitor também é outro e não abre mais o jornal como fonte acessível para a sua formação intelectual. Quer apenas ser bem informado. E tudo muito rapidamente sem lero-lero e virtuosismos.

Os jornalistas de hoje dispõem de meios bem mais velozes para fazer andar a informação e de alguma forma são até atropelados por esta velocidade. Muitas vezes desconhecem o vernáculo – o que não era tão acintoso antigamente – e de certo modo são mais iguais aos leitores, isto é, nada há que os distinga a não ser o fato de dominarem uma técnica. Bem entendido, para os que a dominam. Mais importante do que comparar o jornalismo de hoje com o de ontem talvez seja investigar o grau de comprometimento da imprensa nos seus vários períodos. Aí sim, a gente poderia chegar a boas e desconcertantes descobertas.

Como vai o Português? Contra o mito da gramática Há professores e pais de alunos que defendem o seguinte: a gramática é a responsável pelo domínio do padrão culto da língua. No caso de alguns pais, eles fazem questão que os filhos aprendam nas escolas exatamente o que eles próprios aprenderam quando eram estudantes. No livro “Língua e Liberdade”, o professor Celso Pedro Luft lembra que este mito não pode ser verdade. Diz ele: “Grandes escritores como Rubem Braga e Carlos Drummond de Andrade sempre se mostraram avessos aos ‘mistérios’ da gramática, e têm até crônicas e poesias a respeito disso”. Na opinião de Celso um ensino gramaticalista abafa justamente os talentos naturais, incute insegurança na linguagem, gera aversão ao estudo do idioma, medo à expressão livre e autêntica de si mesmo. Os alunos se tornam desconfiados diante da premissa de que sem a gramática não conseguirão se expressar melhor. De fato, grandes obras como A Ilíada e a Odisséia, escritas no século VI a.C, não dispuseram da gramática como referência. Essas obras influenciam a literatura e as artes até os dias de hoje. Os diálogos de Platão com descrições

fascinantes da alma humana, em qual gramática ele fundou seus escritos? Nenhuma. A gramática existe para fixar regras e padrões, mas não consegue exercer o controle sobre as manifestações linguísticas naturais, já que estas são decorrentes de uma vivacidade e desenvolvimento próprios. A gramática atualmente se assemelha mais a um mecanismo que quer ter poder e controle sobre os que não falam de acordo com as normas da língua culta. Luft reconhece em “Língua e Liberdade” que poderia parecer estranho que um estudioso da gramática seja contra o ensino de Gramática na sala de aula. Esclarece, no entanto, que o que chamamos “gramáticas” não passa de uma tentativa de sistematização de alguns aspectos daquilo que a GRAMÁTICA verdadeira – um conjunto de regras que sustentam o sistema de qualquer língua – contém. O estudo da língua, portanto, não se limita unicamente ao estudo dos livros de Gramática. A língua é um meio de comunicação, é viva e atual e muda sempre para adaptar-se à realidade de seus usuários, que está em constante mudança.

A UNIÃO

Cesta Página O Q.I. das redatoras

A vantagem de se trabalhar em jornal é que em qualquer Redação sempre tem um piadista, um irreverente, um velho, um tímido e mulheres que costumam levar tudo a sério. As manhãs de sábado, no tempo dos dromedários, eram em geral bastante animadas. Não só porque já era fim de semana, mas também porque era nesse dia e nesse horário que todos se encontravam – ou pra trabalhar ou pra jogar conversa fora. Numa dessas manhãs, em mil novecentos e lá vai fumaça, com a Redação cheia, o jornalista de A União, Marcos Tavares, resolveu provocar: Deu uma geral no ambiente, percebeu que havia umas duas ou três redatoras, e provocou: - Na minha opinião, o Q.I. de uma mulher é igual ao Q.I. de uma galinha. A redatora Cleane Costa, que é uma excelente profissional e não leva desaforo pra casa, reagiu: - Pois eu sou mulher e sou muito inteligente. Marcos Tavares emendou na hora: - Tá certo, Cleane. O seu Q.I. é igual ao de duas galinhas. A grosseria foi tanta que nem os galos riram.

Fala aí, ó... Na acessória é fogo!

Já prometi e vou cumprir: estou agendando com Moacir Japiassu, jornalista paraibano que só nos orgulha, uma entrevista por email aqui no “Deu no Jornal”. Mas, leiam o que ele comenta na sua mais recente coluna: O considerado Roberto Dufrayer, pesquisador no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, nem precisou pesquisar, pois assim de repente, como um bueiro que explode sob nossos pés, ou uma marquise que desaba sobre nossa cabeça, feriu-lhe os olhos a página principal do site da Ascont (Associação do {sic} Servidores da Controladoria Geral do Município do Rio de Janeiro),

no qual se lê a seguinte chamada para um serviço importante: ACESSÓRIA DE IMPRENSA. Nesta incrível, fantástica, extraordinária página que torna público o mal que se pode denominar “paroxismo do analfabetismo”, enxerga-se -- Você esta aqui: ACESSÓRIA DE IMPRENSA. Ainda não se sabe qual o tipo, ou modo, estilo, procedimento, arranjo, disposição, jeito como fazem o trabalho de assessoria na acessória de imprensa que merece ser chamada de “ImprenÇa”, como este jornal fundado há 25 anos, o qual jamais viu nada igual ou sequer parecido.

Estilo Está reclamando do quê? Brasileiro reclama, reclama, reclama, mas faz muito pouco para consertar as coisas. Na seara política, reclama de Lula, de Serra, Dilma, Sarney, Collor, Renan, Kassab, Palocci e Delúbio, entre outros. Reclamar é quase um estilo de vida do brasileiro. Mas isso não é ruim, é bom. Seria melhor se pudéssemos aliar a isto uma atitude mais consequente, menos susceptível às críticas que genericamente são feitas a todos nós. Sabem o que dizem da gente? Vejam uma nova pesquisa que está circulando na internet. 1 - Coloca nome em trabalho que não fez; 2 - Paga para alguém fazer seus trabalhos (de faculdade, escolar, etc.); 3 - Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas; 4 - Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas; 5 - Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração; 6 - Troca voto por qualquer

coisa: areia, cimento, tijolo, e até dentadura; 7 - Fala no celular enquanto dirige; 8 - Dirige após consumir bebida alcoólica; 9 - Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas; 10 - Pega atestado médico sem estar doente, só para faltar ao trabalho; 11 - Faz “gato” de luz, de água e de tv a cabo; 12 - Compra recibo para abater na declaração de renda 13 - Estaciona em vagas exclusivas para deficientes e idosos; 14 - Compra produtos pirata com a plena consciência de que são pirata; 15 - Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolve; E quer que os políticos sejam honestos! Escandaliza-se com o mensalão, o dinheiro na cueca, a farra das passagens aéreas… Esses políticos que estão aí saíram do meio desse mesmo povo, ou não?

Rodapé Começou a temporada dos debates políticos. Tirando o despreparo dos candidatos, que é visível, resta a fórmula burocrática adotada pelas TVs.

Debate bom é debate que estimula o confronto entre os candidatos. Sem as amarras da falsa neutralidade. E sem mediador aparecendo demais.


JORNAL DE hONTEM A UNIÃO

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

A cidade não é mais a que já foi um dia...

C

omo nuvens, as cidades mudam num piscar de olhos, na virada das horas. Traçados, costumes, referências, pessoas, tudo é alterado ininterruptamente, sem que seja possível a configuração de qualquer tipo de “controle” sobre tais metamorfoses, estáticas ou ambulantes. As cidades se transformam, quer se queira ou não. Inevitavelmente, amanhã será diferente de hoje, como hoje foi de ontem, em movimentos contínuos e circulares, para frente ou para trás. As sensações, porém, parecem se repetir na mesma intensidade, mudando apenas o formato emocional. A cada ano, na passagem das comemorações do aniversário de João Pessoa, o fenômeno reaparece nas páginas dos jornais. A mesma pauta, para informações e fotografias diferentes. Nas “escavações arqueológicas” do ‘Jornal de Hontem’, matérias, reportagens, artigos e ensaios vão se acumulando para uma futura e ampla junção. No entanto, aproveitando datas “fechadas”, seguem pequenos recortes de textos semelhantes na queixa recorrente: a cidade se transforma sem pedir licença. Crescendo, crescendo, crescendo... Em 5 de agosto de 1972 foi assim, na crônica (sem assinatura) “João Pessoa não é mais aquela”, com enxertos fotográficos de Edmundo Dias e Unhandeijara Lisboa: “(...) João Pessoa não é mais aquela. O que lhe resta do passado, figura como monumento histórico, obras de arte da arquitetura épica que se foi superando com o próprio tempo: Igrejas de São Francisco, Nossa Senhora do Carmo e Misericórdia, Casa da Pólvora e Fonte de Tambiá. O resto do passado está sepultado na literatura dos cronistas e nos registros dos historiadores. “(...) Os edifícios que se elevam nos ares pessoenses, o viaduto Damásio Franca (e outro em construção), os vários conjuntos residenciais, o parque industrial, as boites, o tráfego cada vez mais intenso, o Hotel Tambaú (principalmente), o comércio que se amplia, as faculdades grassando, são elementos sintomáticos que evidenciam esta tranquila Nossa Senhora das Neves, Filipéia, Frederikstad, Paraíba, ou melhor, João Pessoa, como uma cidade que nascida em um passado tão remoto, mostra que sabe caminhar no ritmo acelerado do progresso atual”. Mesmo com a expansão urbana em andamento, há 40 anos ainda era possível identificar alguns aspectos que na atualidade acredita-se extintos. Menos a moldura que lhe adorna: “Cidade pacata, livre da poluição, dos atropelos das grandes metrópoles, João Pessoa é filha mimada da natureza, que lhe dotou de recantos de rara beleza”. Cada época com seu panorama. Dez anos depois, também em 5 de agosto, em artigo assinado por Carlos Tavares (que atualmente, em Brasília, carece de energia, solidariedade e orações dos amigos e admiradores do seu texto envolvente), João Pessoa é vista sob o ângulo da “aculturação”, assimilando hábitos estrangeiros, “numa brutal interferência ideológica de outras nações do ocidente”. Ao que tudo indica, a antevisão dos primeiros passos de um mundo globalizado. Na engajada matéria de Tavares, as “novas” tendências coletivas

FOTOS: Arquivo A União

“A União é de todas as cores. Mas sua alma é inviolavelmente verde,” são vistas com ressalvas, como o surf, por exemplo, hoje um esporte saudável e inocente, bem distante dos guetos daquela época: “Com o surf vieram os acampamentos, a venda das barracas de camping, o consumo de drogas e outros costumes oriundos de outras paragens”, advertia o redator. Carlos também identifica como mudança de costumes a troca da televisão pelos fliperamas (“...Muitas crianças preferem ficar apertando os pitocos dos flipperamas do que andar de carrossel ou roda gigante.”), os ‘pegas’ na orla marítima (“Hoje, eles fazem roleta russa. Saem da avenida Flaviano Ribeiro cruzando preferenciais e cortando sinais e só param na curva final da ponta do Cabo Branco”), o surgimento dos motoqueiros (“Há setores comerciais que confessam venderem 15 motos por mês”), os praticantes de skates e patins, e até os “walking man” e seus fones de ouvido (“...que livram o usuário do barulho de freios e buzinas histéricas, mas muitas vezes são autênticos provocadores de acidentes, principalmente com motos”). Tempos agitados, aqueles. Pela ótica “oitentista”, poucos hábitos se mantinham incólumes nas urbes em mutação. Entre eles, o futebol (“Em praias, terrenos baldios e quintais a bola de plástico, de couro ou de meia continua rolando”), os bares (“... mais de cem foram inaugurados nos últimos dez anos... todos cheios diariamente”) e o “aconchego” da banca de jornais de Reginaldo, no Ponto de Cem Réis: “Nela, quantas vezes já não se resolveu o problema brasileiro, já elegeu e depôs presidentes e treinadores de seleções?” O “antigo” ia sendo triturado

por aqueles dias, dando lugar às novas tendências. Se transformando em imagens e lembranças, incluindo às do próprio repórter: (...) O Pavilhão do Chá, a sorveteria Alvear, o bar do Paraíba Palace Hotel, a Bambu, os chás dançantes do Cassino da Lagoa, são agora fotografias de um passado não muito longínquo de João Pessoa. De um passado que se resume em papos na hora do jantar e lembranças de alguns mais velhos, que se espantam com o progresso da cidade. Outro dia o médico Arnaldo Tavares dizia que a Duque de Caxias mais parece com a Wall Street de Nova Iorque, com seus espaços todos tomados por bancos e cadernetas de poupança”. Dando outro salto no tempo, na edição centenária de 2 de fevereiro de 1993, inspirado pela ‘Velhinha’ e embevecido pelo manto verdejante da cidadela em constante transformação, pincelei minhas próprias impressões sobre a temática, em tons pastéis: “A União é de todas as cores. Mas sua alma é inviolavelmente verde, como uma redoma etérea a proteger e refletir a pigmentação predominante da cidade que ela viu crescer. Não há registro inexorável, nem tutor absoluto. Se a consciência verde, enraizada em cada habitante desta terra inigualável, necessita de um pai adotivo para registro, esse será a própria natureza, prodigiosa e benevolente desde o início dos tempos. “Mas ela, por si só, não manteria inexpugnável esse oceano vegetal através dos séculos. Não, com o homem, insaciável, a desvirginá-la continuadamente. Era preciso um acordo. Franco, lúcido, hereditário. E assim foi. E assim será. Em João

Pessoa de 1992 ou Filipéia de 1585, Homem e Natureza decidiram viver harmoniosamente, aliando a utilidade física à necessária e agradável arborização. Uma simbiose estática e cultural. “E A União aderiu inteira nesse pacto indissolúvel. Rebentos de suas páginas cuidaram de perpetuar, dia-a-dia, o que toda uma cidade sentia. Carlos Dias Fernandes, Juarez Batista, Osias Gomes, Virgínius da Gama e Melo, Ascendino Leite, Higino Brito, Firmo Justino, Gonzaga Rodrigues, Nathanael Alves e dezenas de outros filhos, netos e bisnetos da centenária A União, atuaram como incansáveis guardiões de um patrimônio — sabe-se agora — universal. “Conta a lenda que um incrédulo, ao folhear as páginas do matutino pessoense, tingiu as mãos de verde, embora preta fosse a tinta impressa. “O sangue exposto do jornal convertera mais um”. Ainda será assim?

* * * Ao lado de Irineu Joffily, Irineu Pinto, Celso Mariz e Coriolano de Medeiros, Horácio de Almeida é considerado um dos principais estruturadores da historiografia paraibana. Falecido em 1983, suas pesquisas e livros são clássicos, fontes permanentes de referências e elucidações. Há 30 anos, porém, em 5 de agosto de 1982, Horácio sai dos bastidores da história e se transforma, ele próprio, em protagonista da recorrente discussão sobre a mudança do nome da cidade. Em matéria assinada pelo meu colega de ‘língua’, Agnaldo Almeida, o his-

toriador, ‘pessoista’ declarado, admirador e partidário do então presidente João Pessoa (“...maravilhado da sua ação firme, de sua coragem pessoal, de sua personalidade inteiriça...”), propõem, em carta dirigida ao governador Clóvis Bezerra, o retorno do nome Paraíba à Capital do Estado. “Coragem eu não teria para formular esta proposição se tivesse sido adversário de João Pessoa”, admite, na missiva transcrita pel´A União, em que expõe os argumentos bombásticos para lastrear sua ousada sugestão. Como se sabe, não vingou. O momento exato para a discussão do assunto, na ótica de Almeida, seria o período das comemorações do quarto centenário da Paraíba, que ocorreria dali a três anos. Uma proposição “para ser resolvida em 1985, pelo legislativo estadual”, recomendava na correspondência, alertando para a necessidade de “serenidade” nos debates em torno do tema. Extenso, o manuscrito ‘facsimilado’ (digitalizado) pelo jornal, importante documento para a história da cidade, poderá ser disponibilizado aos que solicitarem por e-mail. Publicado por aqui, poderia reacender a fogueira das paixões, atiçando ainda mais as brasas do período eleitoral. Como não é mote de campanha, mas fonte de pesquisa, a carta fica no escaninho até que alguém se disponha a interpretá-la com a devida racionalidade proposta pelo autor, “sem derramamento de sangue, como das outras vezes”.

* * * Para Djanira Fialho e Hélio Flores.


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Motivos para celebrar


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A UNIÃO João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

João Pessoa

FOTOS: Arquivo A União

entre o rio e o mar Lucilene Meireles

A

Especial para A União

história de João Pessoa começou há 427 anos às margens do rio Sanhauá. O cenário encantador, que diariamente proporciona a visão poética do pôr do sol, pode ser admirado da balaustrada do antigo Hotel Globo, no Centro Histórico. Cercada de belezas naturais, a Capital do Estado tem o privilégio de ter nascido entre o rio e

o mar, brindando nativos e turistas com paisagens de tirar o fôlego. Na cidade onde o sol nasce primeiro, ele brilha durante todo o ano. Sem contar que, além de todos esses privilégios, é ainda uma das mais verdes do mundo. Talvez este conjunto de atributos seja o responsável por tornar a Capital das Acácias tão encantadora aos olhos de quem nela vive e de quem por aqui aporta. Incontáveis riquezas descansam no rio Sanhauá que é também um celeiro de onde se retira o sus-

tento de dezenas de famílias e no qual se vislumbra beleza ímpar. O trecho que passa ali no Porto do Capim é o marco do início da história de João Pessoa. Quem diria que outrora ele era chamado de Siroí, cujas águas se encontram com o rio São Domingos, hoje Paraíba. Em 1585, exatamente 84 anos depois do descobrimento da Paraíba, João Pessoa foi fundada. Na época, segundo relatou o historiador Arion Farias, o ouvidor-geral Martim Leitão, que estava em Recife-PE,

Santo do dia dava nome às descobertas Naquela época, vivia-se o período Laico, dominado pelo eclesiástico. Por conta disso, era costume dar às descobertas o nome do santo do dia. O Cabo Branco, por exemplo, foi chamado de São Vicenzo e só ganhou a nomenclatura atual muitos anos depois. O historiador Arion Farias explicou que a mudança está relacionada a uma riqueza natural existente ali. “Em seu sopé existem pedras em decomposição chamadas caulim. Elas formam uma massa branca, esponjosa muito utilizada na fabricação de tintas e também de medicamento, como o hidróxido de alumínio”, acrescentou. O Cabo Branco foi o local onde Américo Vespúcio foi parar durante um vendaval. O episódio aconteceu enquanto ele fazia um levantamento da costa brasileira em 1501, logo após o descobrimento do Brasil. Àquela altura, o lugar era conhecido apenas como promontório, uma porção de crosta terrestre que avança para o mar, apresentando estreitamento da sua largura entre a terra e a sua extremidade. A primeira rua da cidade No mesmo ano de sua fun-

dação, João Pessoa ganhou a primeira rua. A via, localizada a 45 metros acima do nível do mar, foi chamada Rua Nova. Nela foi construída uma capela. Marquês de Herval foi a segunda nomenclatura que o trecho recebeu, antes de ser batizado de General Osório. Ali foram erguidos prédios importantes, como a Casa da Câmara do Senado, a cadeia pública e, ao lado, um mercado. Começavam a ser construídas as primeiras igrejas na região, entre elas, a de São Francisco. Um forte de taipa foi edificado no Varadouro, mas o prédio acabou sendo destruído antes mesmo da invasão holandesa. Os nomes da cidade A cidade que já se chamou Felipéia de Nossa Senhora das Neves, Frederica, Parahyba só passou a ser João Pessoa em 1930, em homenagem ao presidente de mesmo nome, assassinado naquele ano. O fato provocou intensa comoção popular e nada mais justo do que dar à cidade o nome de seu mártir. Muitos, porém, discordaram desta decisão. Desde então, vários protestos foram

feitos. Até hoje, há quem prefira voltar no tempo e devolver à Capital o nome de Parahyba. A ideia de um plebiscito chegou a ser cogitada, mas o nome permaneceu. Mudanças na paisagem Em 10 anos, a população de João Pessoa teve um crescimento de 21%. O número de habitantes, que em 2000 era de 597.934 mil passou para 723.515 mil em 2010, conforme o censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento populacional é responsável por incessantes mudanças na paisagem. Apesar de manter o ar bucólico graças aos resquícios de Mata Atlântica, como o Parque Arruda Câmara e a Mata do Buraquinho, o verde vem perdendo espaço para a especulação imobiliária. O setor da construção civil avançou, expandido os novos empreendimentos para áreas outrora preenchidas por florestas. O resultado é que a Capital paraibana ganhou edifícios, praças, parques, prédios e monumentos que dão um ar moderno à cidade, mas aos poucos

enviou João Tavares com uma tripulação de 14 homens para Cabedelo. Eles entraram no antigo rio São Domingos e navegaram até o Porto do Capim. No encontro de suas águas com as do rio Sanhauá, Tavares avistou os indígenas e disparou dois tiros de um canhão de pequeno porte. A atitude afastou os índios, que estavam sendo explorados pelos europeus, e selou a paz. “Isso aconteceu em 5 de agosto de 1585”, ressaltou.

Martim Leitão viajou 16 dias a pé. Foi bem recebido pelos indígenas, e lá encontrou outras 45 pessoas entre pedreiros, carpinteiros, operários, jesuítas. “Na altura do Varadouro, olhou para o local onde hoje está a Catedral Basílica, chamou um jesuíta e pediu que celebrasse uma missa em homenagem a Nossa Senhora das Neves”, contou. No mesmo dia, subiu a encosta do morro e ordenou que fosse construída a capela com o nome da santa.

A cidade se expandiu para a orla e a população ultrapassa os 700 mil habitantes

comprometem o verde que tanto orgulha o pessoense. As praias João Pessoa conta com 25 quilômetros de praias que ostentam coqueiros gigantescos, areias brancas, águas mornas e tranquilas. Entre elas, algumas se destacam por suas especificidades. Cabo Branco e Tambaú recebem o maior número de turistas e, por isso, são as mais movimentadas; Seixas tem como característica a vila de pescadores; na Praia da Penha, o ponto forte é a religiosidade; no Bessa, a desova da tartaruga marinha é o destaque. No Cabo Branco, o passeio

náutico até a ilha de Picãozinho, banco de areia que surge durante a maré baixa, agrada em cheio quem vem de fora. Sobre a barreira, o famoso farol, com seu mirante que imita folhas de sisal. De lá, uma visão das Praias do Cabo Branco até o Bessa. É ali, na altura da barreira, que fica o ponto mais oriental das Américas. Nascida entre o rio e o mar, João Pessoa se rende à modernidade, mas não perde sua essência. Talvez seja essa a explicação para que a cidade seja o destino turístico para gente do Brasil e do mundo, e o lugar escolhido por outros tantos para viver.


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História nas ruas

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Andando pelo Centro é possível reviver o passado Lidiane Gonçalves lidianevgn@gmail.com

A porta do sol do país tropical, ponto mais oriental das Américas, onde o rei sol escolheu para nascer todas as manhãs, que tem um verde que chega a doer. Esta é a cidade de Nossa Senhora das Neves, que já foi batizada de Filipeia de Nossa Senhora das Neves, Frederica e Parahyba até se tornar a João Pessoa das belas praias e da hospitalidade. Entretanto a maravilhosa João Pessoa tem atrativos com raízes na sua fundação. São monumentos, igrejas e casas espalhados pelo centro da cidade. Um passeio pelas ruas da cidade antiga vale a pena tanto para os turistas quanto para os moradores, que às vezes passam, olham, mas não conseguem enxergar a beleza e riqueza espalhadas pelas ruas do Centro Histórico pessoense. O turista começa a ver além das belas praias. Segundo pesquisa realizada em 2011, a maior parte dos turistas que visitam a capital paraibana aponta o Centro histórico como o atrativo turístico mais destacado. No ano passado os pontos mais visitados do centro foram a Praça João Pessoa; o monumento Pedra do Reino, que fica no Parque Sólon de Lucena; Cruz na frente da Igreja São Francisco e Hotel Globo. A Secretaria de Turismo da cidade já atentou para a riqueza que é a arquitetura e a história do Centro e criou duas rotas, que podem ser feitas a pé, inclusive sem ajuda de guias (o que facilita para o habitante da cidade), pois existem ao longo do caminho placas indicativas e placas explicativas sobre os monumentos. O Caminho Cidade Baixa é talvez com monumentos mais conhecidos, por ter dentro de sua rota a Praça Antenor Navarro, o Hotel Globo e a Igreja de São Frei Pedro Gonçalves, locais que sempre aparecem em peças publicitárias e que recentemente foram mostrados em cenas de uma novela. O Caminho da Cidade Alta é igualmente fascinante, com locais que abrigam beleza e história.

A praça João Pessoa, também conhecida como Praça dos 3 Poderes, é parada obrigatória para quem quer conhecer mais da história da terceira cidade mais antiga do Brasil

Monumentos l -Confira a rota completa dos caminhos (alguns dos monumentos se encontram nas duas rotas)

l - Caminho cidade baixa: Largo de São Frei Pedro Gonçalves, Hotel Globo, Estação Ferroviária, Memorial da Arquitetura Paraibana, Igreja de São Frei Pedro Gonçalves, Praça Anthenor Navarro, Associação Comercial da Paraíba, Teatro Santa Roza, Praça Pedro Américo, Batalhão da Polícia Militar da Paraíba, Paço Municipal, Grupo Escolar Thomas Mindello, Mirante - Viaduto Dorgival Terceiro Neto, Antiga Biblioteca Pública Estadual, Casa Sobrado de Peregrino de Carvalho, Igreja da Misericórdia, Praça Rio Branco, Casa do Erário, Solar do Conselheiro, Academia Paraibana de Letras, Praça São Francisco, Conjunto Franciscano, Antiga Casa dos Padres, Casa da Pólvora, Antiga Fábrica de Vinhos Tito Silva, Loja Maçônica Grande Oriente da Paraíba. l - Caminho cidade alta: Parque Sólon de Lucena, Praça Dom Adauto, Igreja de Santa Tereza da Ordem Terceira do Carmo, Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Arquidiocese da Paraíba, Casarão 34, Casarão dos Azulejos, Solar do Conselheiro, Academia Paraibana de Letras, Praça São Francisco, Antiga Casa dos Padres, Casa da Pólvora, Antigo Colégio de Nossa Senhora das Neves, Praça Dom Ulrico, Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, Igreja e Mosteiro de São Bento, Sobrado de Virginius da Gama e Mello, Loja Maçônica Branca

O marco geodésio, ao lado da Basílica, ainda hoje é confundido com o marco zero da cidade

Dias, Viaduto Dorgival Terceiro Neto, Antiga Biblioteca Pública Estadual, Casa Sobrado de Peregrino de Carvalho, Igreja da Misericórdia, Antigo Colégio dos Jesuítas, Palácio da Redenção, Praça Venâncio Neiva, Academia de Comércio Epitácio Pessoa, Tribunal de Justiça, Praça João Pessoa.

De todos esses locais, podemos destacar as sete igrejas que existem no Centro Histórico. São construções arquitetônicas que enchem os olhos de historiadores, de arquitetos e de pessoas comuns. l-Igreja de Santa Teresa da Ordem Terceira do Carmo l-Igreja de Nossa Senhora do Carmo l-Igreja de São Bento l-Igreja da Misericórdia l-Igreja de São Frei Pedro Gonçalves l-Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves l-Igreja de São Francisco- Nela

Mas, podemos destacar também locais com aquele charme especial e muitas vezes desconhecido. O pôr do sol do Hotel Globo já é bastante conhecido, mas existe um outro pôr do sal, tão charmoso quanto, de um mirante que fica em um ponte dento da comunidade Porto do Capim que pode ser uma nova experiência. Outro local a ser visitado é o pavilhão do chá, que depois de reformado agora abriga um restaurante de cozinha chinesa, que o deixa ainda mais interessante.

Este pode ser o local escolhido para almoçar durante a realização das duas rotas que podem ser feitas a pé.

O Marco Zero da Cidade Apesar de pouco conhecido, o Marco Zero da cidade gera alguns enganos. Os historiadores afirmam que ele fica 18 km acima da embocadura do Rio Paraíba, numa colina, á margem direita do rio Sanhauá. No entanto, algumas pessoas confundem o Marco Zero como o Marco Geodésico, que fica ao lado da Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves. De acordo com o historiador Nivalson Miranda, o monumento que fica ao lado da Basílica é um Marco Geodésico. “Epitácio Pessoa mandou fazer um marco, de onde se pudesse medir a distância entre a capital e os outros municípios da cidade”, esclareceu. Segundo Adelmo de Medeiros, amante e estudioso da história, no livro História do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, de Luiz Hugo Guimarães, foi realizado em 1922 o Congresso Brasileiro de Geografia e em um dos dias do congresso uma comissão formada pelos participantes dirigiu-se até o local com a finalidade de realizar os estudos que estão descritos na placa. A inscrição da placa, que hoje está quebrada, dizia o seguinte: “Base do instrumento de passagens meridianas utilisado pela commissão que determinou as coordenadas geographicas nos estados da Parahyba e do Rio Grande do Norte. 1921-1922”

Casarão dos Azulejos mantém a fachada e as janelas enormes que chamam a atenção de quem passa


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Vocação turística Atrativos naturais e o clima contam a favor

Lucilene Meireles lucilenemeirelesjp@hotmail.com

João Pessoa é o município de maior participação econômica no Estado. Com base nos dados mais recentes do Instituto de Desenvolvimento Estadual e Municipal (Ideme) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) da Capital, em 2009, era de 8,6 bilhões, representando 30,12% do PIB da Paraíba. Entre 2002 e 2009, o crescimento nominal do PIB foi de 179%, o que levou a cidade da 20ª posição no ranking das capitais brasileiras, em 2002, para a 19ª em 2009. Na última década, as atividades educacionais, imobiliárias, da construção civil e o fluxo turístico tiveram um forte crescimento, sendo fundamentais para o fortalecimento da economia local. Entre as novidades, o setor náutico desponta como promessa para estimular o avanço econômico. O presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado da Paraíba (Fecomércio) Marconi Medei-

ros afirmou que João Pessoa possui várias vocações, entre as quais a atividade turística é a que mais se destaca. “Privilegiada pelo clima, pelas belezas naturais e, principalmente, por ser uma cidade encantadora e gostosa de se viver, a cidade tem, no turismo, uma atividade de grande importância, porque colabora na geração de emprego e renda para os moradores”, avaliou. É uma cidade promissora no setor e, nesse momento, está sendo escolhida como destino turístico por muita gente. Além disso, é um dos municípios mais importantes para a Paraíba e para o Nordeste pelo seu tamanho e infraestrutura que oferece. Na avaliação de Medeiros, a Capital teve um desenvolvimento acelerado nos últimos 10 anos, porque foi escolhida para ser sede de grandes empresas do comércio atacadista nacional. “Pela localização, estas empresas mantêm entrepostos comerciais para distribuição de seus produtos para o Nordeste”, frisou. O crescimento foi considerável no turismo com a visita cada vez mais frequente de estran-

geiros. Isso, conforme o titular da Fecomercio, vem forçando o aumento no número de leitos e unidades habitacionais, sem contar com os restaurantes, bares, lanchonetes, hotéis, impulsionando o incremento econômico.

Setores se destacam O turismo é um dos setores mais fortes da economia paraibana, seguido pela construção civil, que é o que mais cresce. O secretário da Indústria e Comércio da Paraíba Marcos Procópio observou que a importância de João Pessoa para a economia do Estado é fundamental. “O turismo é bastante concentrado na Capital, o que favorece esse crescimento. Os demais ramos de atividade, como o têxtil, calçadista, softwares, comércio têm seu nível de importância, porém, o turismo é uma vocação natural”, avaliou. Com a construção do Centro de Convenções, a tendência é que o movimento da rede hoteleira seja intensificado. O equipamento, segundo ele, será um agente fomentador nessa área. Procópio considera João Pessoa o motor de

desenvolvimento do Estado na construção civil, turismo, parte logística, aeroportuária. A Capital paraibana, em sua opinião, consegue reunir toda dinâmica necessária para alavancar o Estado. Na construção civil, de acordo com Marconi Medeiros, da Fecomércio, o crescimento da cidade foi um dos maiores do Nordeste. Ele citou, inclusive, o diferencial dos edifícios modernos e de grande porte. Outras áreas A dinâmica econômica da cidade é mais forte nos setores da indústria e de serviços, como avaliou o economista Geraldo Lopes, do Ideme. No setor industrial, destaca-se a indústria de transformação, com ênfase nos produtos têxteis, alimentares e minerais não-metálicos; e a construção civil. No setor de serviços, aparece o comércio varejista e atacadista. “A Capital é um centro que polariza o comércio em diversos municípios, tanto da região metropolitana como das cidades do Brejo e Agreste”, disse. Em seguida vêm as ati-

vidades imobiliárias, de saúde e educacionais, especialmente no ensino superior público e privado. “Economicamente falando, como as demais capitais brasileiras, João Pessoa representa o polo dinâmico da economia paraibana, e é nela que estão concentradas as atividades produtivas no Estado”, afirmou.

Potencial econômico Um setor ainda latente, mas com grande potencial para o desenvolvimento é o náutico. Para se ter ideia, João Pessoa ocupa o primeiro lugar no índice per capita de barcos do Nordeste, conforme o secretário da Indústria e Comércio da Paraíba Marcos Procópio. “É um setor que está diretamente ligado ao turismo. São setores que se complementam”, enfatizou. Ganhando espaço estão também os ramos de hotelaria e empresas de turismo, principalmente receptivos. Assim como Procópio, o presidente da Fecomércio, Marconi Medeiros, observou que, com a intensificação dos passeios marítimos para Picãozinho, Areia Vermelha e Praia do

Jacaré o setor náutico tende a crescer. Embora o Ideme não possua nenhum estudo específico que aponte novos setores como promessas para alavancar ou ampliar o potencial econômico da cidade, o economista Geraldo Lopes observou que o crescimento da economia paraibana está diretamente relacionado com o crescimento da região Nordeste e do Brasil. “Os setores mais dinâmicos, que agregam mais valor à economia são as atividades da indústria de transformação. As empresas industriais mais intensivas em capital, com produção voltada para o mercado interno e para exportação, possuem uma potencialidade maior para o crescimento da economia pessoense”, disse. As atividades turísticas, da construção civil, saúde e educação têm também contribuído para o crescimento da economia de João Pessoa nos últimos anos. “O crescimento da renda do paraibano é a mola propulsora para o desenvolvimento econômico”, completou Marconi Medeiros, da Fecomercio.


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Cidade acolhedora Lidiane Gonçalves

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lidianevgn@gmail.com

om 427 anos João Pessoa é uma senhora que abriga quase 20% de toda a população paraibana. Vivem na cidade 723.515 pessoas das 3.766.528 que habitam o Estado. Mas toda essa gente não tem como terra natal só a Capital. Muitos veem do Sertão, do Brejo, do Cariri, de outras cidades do Litoral, de outros Estados e até de outros países. E essa miscelânea dá a cara que a cidade tem. Mas, gera uma dúvida: o povo é acolhedor e hospitaleiro porque na cidade tem muito “forasteiro” ou tem muito “forasteiro porque a população é acolhedora e hospitaleira? Uma dessas forasteiras que adotou João Pessoa como sua cidade é a jornalista Eloisa França, que nasceu em Pombal e está na cidade desde os primeiros meses de vida. “Viajei para a minha cidade natal, que é Pombal, durante toda a minha infância e boa parte da adolescência. Hoje é um pouco mais difícil devido à falta de tempo, mas ainda tenho boa parte da minha família lá, incluindo irmãos e sobrinhos”, contou. Ela disse ainda que acha que uma das fortes características da cidade é a mistura de costume que trazem de outras regiões. “Acho que podemos considerar João Pessoa um resumo da Paraíba e também acredito que foi isso que fez a cidade ser conhecida pela sua acolhida e tranquilidade. Nada como se sentir indo à casa de amigos de muito tempo”, disse. A analista em Mídias Sociais Sílvia Peralta nasceu e morou até os nove anos na cidade de Campo Grande-MG, chegou em João Pessoa depois que a mãe, funcionária federal, foi transferida. “Quando eu cheguei sequer gostava da cidade, afinal por causa dela, eu estava me distanciando dos amigos, família, da escola que eu gostava, da minha casa. Logo após o “choque”, a cidade passou a me encantar. Sua orla farta, o verde por todos os cantos. A bica ficou marcada na minha vida, passei várias tardes brincando por lá. Ao longo dos anos minha resistência a João Pessoa foi ficando cada vez menor e hoje eu sou completamente apaixonada por essa terra”. Sobre a mistura de pessoas de todos os cantos, Sílvia comenta que elas trazem cultura. “Pessoas de todas as artes, de todas as cores, de inúmeros gostos. Em João Pessoa é possível ver um gaúcho na beira-mar, tomando chimarrão, ou, no meu caso, um tereré geladinho. Sou muito orgulhosa dessa que hoje é, indiscutivelmente, a minha cidade”, disse. A mãe de Sílvia, Lídia, disse que é testemunha que João Pessoa é uma das melhores cidades do país para se viver. “As pessoas de outros lugares que optaram por viver aqui contribuíram para a miscigenação cultural o que naturalmente, aumenta a qualidade de vida da população”, opinou. De um pouco mais distante veio o músico Didier Guige. Ele nasceu num pequeno vilarejo do Sul da França e quando já morava em Paris surgiu a oportunidade de participar da Orquestra Sinfônica da Paraíba e do corpo docente do Departamento de Música da UFPB. Apesar do contrato de apenas dois anos, desde 1982 ele vive em João Pessoa, pois houve o que ele chama de imediata sintonia com a cidade e as pessoas que aqui viviam.

Ele diz que é bem provável que os “estrangeiros” sejam eles de outras cidades da própria Paraíba ou de fora do país tenham contribuído para fazer de João Pessoa o que ela é hoje. “Nos anos 80 o dinamismo da UFPB em chamar intelectuais de fora do país com certeza deve ter mexido bastante no perfil sociocultural da cidade. Mais recentemente, são empreendedores que afluem também. Todo este pessoal acaba se integrando, trazendo para a população local sua visão, gostos e perspectivas”, disse.. A jornalista Lilian Pedreira ainda conserva na memória as mais doces lembranças da infância que viveu em Porto Velho-RO. De lá ainda conserva os amigos, com quem começou trocando cartas e hoje em dia os conserva através das redes sociais. Apesar do amor pela terra natal Lilian afirma que é paraibana sim, mas que esqueceu de nascer aqui. A vinda para João Pessoa aconteceu em 1988, quando a mãe, uma baiana arretada, que duas décadas antes havia ido para o Norte em busca de oportunidade resolveu voltar para o Nordeste. E entre os noves Estados, escolheu a Paraíba, por perceber que a cidade tinha um bom custo de vida, ser tranquila e ter boas universidades para os filhos. “Amo esta cidade. A princípio quando vi morar aqui tive medo, mas o medo passou e ficou o encantamento e o amor por tudo que a cidade tem. Na verdade tenho orgulho de viver aqui. Acho que a cidade tem tudo o que eu preciso. A nossa relação com João Pessoa é de amor, respeito e gratidão. Sinto saudades da cidade que nasci e de tudo que ficou para trás, mas para morar, só João Pessoa mesmo”, garantiu. Além de todos os estrangeiros, João Pessoa tem também os filhos da terra, que a amam e dão a maior parte da contribuição para fazê-la ser encantadora como é. Uma dessas pessoenses é a professora Juliana Barros. “É maravilhoso morar em João Pessoa. Morar em João Pessoa me faz bem. Só saio daqui se passar num concurso fora. Pra mim essa é a cidade para formar uma família, criar os filhos, viver bem e feliz”, disse. Sobre a mistura de gente que faz João Pessoa ela disse que acha essa miscelânea muito agradável. “Isso é sinal de que a cidade é atrativa pra se viver, uma combinação de baixo custo de vida e alta qualidade de vida. João Pessoa é a mistura perfeita de cidade praiana com ‘um quê’ de cidade do interior, onde todos se conhecem ou conhece alguém que conhece um parente, sei lá. Eu adoro isso. Sinal que as pessoas “de fora” valorizam este lugar como um lugar pra viver e ser feliz”.

João Pessoa é uma senhora que abriga quase 20% de toda a população paraibana. Vivem na cidade 723.515 pessoas das 3.766.528 que habitam o Estado.

FOTOS: Marco Russo

João Pessoa é a mistura perfeita de cidade praiana com ‘um quê’ de cidade do interior

Palco de grandes talentos no esporte Marcos Lima

marcosauniao@gmail.com

O esporte amador da Paraíba, em especial da cidade de João Pessoa, sempre esteve em alta ao longo dos mais de quatro séculos de fundação do nosso Estado. No futebol de praia, futebol de areia, futsal, basquete, handebol, natação, judô, atletismo, dentre outras modalidades esportivas de caráter olímpicas, nossos atletas foram e continuam sendo responsáveis pela boa imagem da cidade no âmbito esportivo nacional e internacional, superando desafios e mostrando que, quando se almeja algo, nada é impossível. Kay France da Costa Pontes e João Batista Eugênio são alguns dos muitos conterrâneos que nos deram alegrias no passado. Ela foi a primeira mulher da América Latina a atravessar o Canal da Mancha, numa extensão de 47,1 quilômetros, separando a França da Inglaterra. Sua marca, 11h36m, lhe garantiu o recorde mundial e o título de primeira mulher a alcançar tal feito. O Canal da Mancha é considerado o maior de todos os desafios da natação de águas abertas. Ele, foi o primeiro paraibano a participar de uma Olimpíada e de um Pan-Americano. Residente no bairro de Mangabeira, na Capital, João Eugênio foi o quarto homem mais veloz do mundo nos 200 metros rasos (20s30), façanha esta conquistada em Los Angeles, no ano de 1984. No Brasil, ele continua sendo o homem mais veloz em curva dentro de uma pista de atletismo. No presente, Kaio Márcio de Almeida, com suas braçadas fortes, é uma das principais referências da natação brasileira e mundial. Brilha nas piscinas e representou a natação do país nos Jogos Olímpicos de Londres 2012. O nadador, desde dezembro de 2005 é o recordista dos 50m borboleta (22s60) em piscina curta de 25 metros. Aline Waleska Rosas (a Aline Pará), no handebol de quadra, que por muitas vezes vestiu a camisa do Brasil em Jogos Pan-Americano e Olimpíadas é outro exemplo para a Paraíba. A atleta reside atualmente em Santa Catarina e já foi consi-

derada uma das melhores do planeta. Nesta relação, se inclui ainda o velocista Basílio Emídio de Morais, medalha de ouro nos Jogos Pan-Americano Rio 2007, no Revezamento 4x100 metros. Atletas como eles, ganharam fama e nunca abandonaram suas origens, fazendo questão de enaltecer a antiga Capital Filipéia. Outros conterrâneos desafiaram e continuam desafiando seus limites. Destaques para as judocas Amanda Cavalcante e Raíssa Kilsa (que retornou aos tatames recentemente após uma gravidez). Essas judocas sempre estiveram presentes em pódios do Brasil e do Mundo; a goleira Mayssa, que por muitos anos defendeu o Brasil no handebol de areia, atualmente jogando fora do País e que integra a Seleção Brasileira nas Olimpíadas de Londres; o basquete juvenil e infantil, considerado o melhor da nação e que, em 2007 se sagrou campeão das Olimpíadas Escolares Brasileiras, entre outros. O vôlei de praia de João Pessoa também não deixa de ser uma referência para o mundo. A dupla Jorge/Renatão merece mais do que comentários. As belas jogadas, o sucesso com os saques, bem como a maneira como encaram o esporte lhes levaram para os Jogos Olímpicos de Pequim (China), em 2008. Neste esporte não devemos esquecer o atual secretário estadual de Juventude, Esporte e Lazer, José Marco da Nóbrega (Zé Marco). Até o momento ele é o nosso único medalhista olímpico. Em 2000, em Sidney, na Austrália, conquistou a medalha de prata ao lado do baiano Ricardo no vôlei de praia. Talvez, este ano em Londres, a Paraíba possa ter outros medalhistas olímpicos. Hulk, no futebol de campo; Mayssa, no handebol; Jaílma Sales de Lima, no atletismo e Andressa Morais, no lançamento de disco são nossas esperanças. Kaio Márcio, que também esteve nas Olimpíadas, já foi eliminado nos 100 e 200m borboleta. Mas não foi somente dentro de quadra, pista de atletismo, tatames ou outras praças de esportes que se elevou o nome dos praticantes de modalidades esportivos de nossa João Pessoa. Fora dessas praças, polí-

ticas esportivas também contribuíram para o crescimento e desenvolvimento do esporte amador. Com destaque para a Lei nº 7.550, de 30 de abril de 2004, que dispõe sobre a criação do programa “Bolsa Atleta”. O programa visa incentivar a prática de esportes, possibilitando, assim, um suporte para o treinamento e a participação em competições regionais, nacionais e internacionais de nossos atletas/ para-atletas de alto rendimento, mantendo-os radicados no nosso Estado. Os atletas beneficiados por este programa dedicam-se, exclusivamente, aos estudos, enquanto forem discentes, e à prática de esporte. Outros programas voltados exclusivamente para a prática esportiva do paraibano, em especial, do atleta filho de João Pessoa, também foram desenvolvidos. João Pessoa viveu e vive momento de grandes eventos esportivo. A Capital paraibana já sediou competições de âmbito nacional, além de acolher atletas e seleções renovadas, seja do próprio país ou do exterior. Nessa extensa relação de eventos realizados, cita-se por vários anos seguidos o Campeonato Brasileiro de Bicicross BMX; Jogos Universitários Brasileiros (Jub´s); Olimpíadas Escolares do Brasil; Campeonato Brasileiros de Judô, entre outras infinidades. A Capital foi palco também, por várias vezes, da presença da Seleção Brasileira de futsal, voleibol e handebol, em suas categorias masculina e feminina. As praças de esportes são consideradas de alto nível. A Vila Olímpica Ronaldo Marinho, antigo Dede, no Bairro dos Estados, em João Pessoa, tem sido palco de grandes exibições da prática de desportos aquáticos. É considerada uma das melhores do Brasil. E, para melhor abrigar os desportistas, recursos para a melhoria de sua estrutura foram recentemente anunciados pelo Governo do Estado. O Governo promete também reforma e urbanização dos estádios de futebol Almeidão, Amigão, Perpetão e Marizão. O Ginásio “O Ronaldão”, no bairro do Cristo Redentor, na Capital, também está entre os que terão recursos investidos. Se trata de uma das praças de esportes melhores do país.


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FOTOS: Divulgação

O artista plástico Chico Ferreira já teve oportunidade de morar fora, mas prefere ficar na Capital

Ator Fernando Teixeira faz uma declaração de amor à terrinha: “Adoro e amo João Pessoa”

Terra que inspira Artistas se rendem aos encantos da Capital

Guilherme Cabral

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guipb_jornalista@hotmail.com

ão é necessário nascer em João Pessoa para poder criar um relacionamento estreito com a cidade. A Capital da Paraíba possui outros atributos para enredar alguém que não teve a cidade como o seu berço. As belezas naturais, a tranquilidade que ainda é possível sentir - embora não seja mais dotada do ar provinciano que ostentava há poucas décadas – e a efervescência cultural, que evoluiu com o passar do tempo, à medida que a urbe foi progredindo, são alguns requisitos apontados por alguns artistas que não apenas se sentiram atraídos, mas, em certos casos, decidiram fincar raízes em solo pessoense, chegando ao ponto de a utilizarem como inspiração para a criação de obras. “João Pessoa é uma cidade mãe de todo o Estado. Ela abriga todas as famílias, sem nenhum preconceito. Não existe bairrismo, o que é uma característica muito importante, a qual não é comum em outras cidades”, disse o artista plástico paraibano Chico Ferreira, que reside na Capital há quatro décadas. “João Pessoa é a minha cidade e Catolé do Rocha (onde nasceu) é uma extensão, um bairro para mim”, acrescentou ele. O longo período de Chico Ferreira como morador de João Pessoa estreitou sua relação com a Capital, motivando-o a se inspirar para criar seus trabalhos, até como forma de abordar os problemas vividos pela cidade. Exemplos marcantes dessa cumplicidade foram três intervenções de cunho artístico e social que realizou em três áreas: A Av. Epitácio Pessoa, a Lagoa do Parque Solon de Lucena e a Praça João Pessoa. “Isso cau-

FOTO: João Lobo

sou repercussão nacional e me deixou satisfeito, por ter sido feito em João Pessoa há 10, 15 anos atrás”, disse ele. Chico Ferreira ainda lembrou que até teve oportunidade para morar em outros Estados e, inclusive, no exterior. No entanto, preferiu continuar residindo em João Pessoa não apenas por já ter conquistado seu espaço como artista plástico na cidade, mas também por estar inserido no movimento cultural. Na opinião do artista plástico, uma intimidade que passou a manter, ainda, por causa das atrações naturais da Capital, tendo admitido se sentir “presenteado” por morar na cidade. Já o artista plástico campinense Chico Pereira confessou que sua relação com João Pessoa ocorreu por fases. A primeira ainda na adolescência, quando conheceu a Capital, para onde vinha – esporadicamente – para visitas à orla marítima. “Vivi os tempos da história da gameleira, onde nas proximidades havia um balneário – agora há uma padaria no local – para guardar as roupas e alugar calções de praia e câmaras de ar de pneu de caminhão para uso como boias”, disse ele. A segunda etapa ocorreu nos anos 60, quando Chico Pereira passou a visitar mais frequentemente a Capital, época em que conheceu intelectuais como Raul Córdula, Sérgio de Castro Pinto, Wills Leal e Unhandeijara Lisboa, que se reuniam em torno de uma mesa na hoje extinta Bambu, que ficava instalada na Lagoa, centro da cidade. “À noite, descíamos para os bares da praia e voltávamos a pé, pois, depois de certa hora, não tinha mais ônibus. Eram momentos heroicos da existência, marcados pela rebeldia intelectual e artística”, disse ele, que passou a morar em João Pessoa em 1976, ano em que Linaldo Cavalcante assumiu o cargo de reitor da UFPB.

Marcus Vilar, cineasta campinense, descobriu a vocação para a sétima arte quando foi morar em João Pessoa

Em 1978, Chico e Raul Córdula registraram esses aspectos da cultura no livro Os Anos 60 – Revisão das Artes Plásticas na Paraíba. “Tenho uma ligação amorosa com João Pessoa, pois foi na cidade que me tornei testemunha ocular de tudo que aconteceu e da profunda mudança da pacata cidade Barroca na cidade vertical do século XXI. Ou seja, de uma acanhada e nostálgica cidade para a metrópole indecifrável de hoje. Aqui consolidei a minha paraibanidade, que vem do Sertão ao Litoral. Apesar de todas as mudanças ocorridas, ainda é um belo espaço para se viver. A minha arte tem muito a ver com essas transformações, por isso a minha afinidade com a cidade”, concluiu Chico Pereira. Outro artista que guarda estreito relacionamento com a Capital é o ator Fernando Teixeira. “Adoro e amo João

Pessoa”, declarou-se ele, que se inspira constantemente na cidade para atuar. Ele contou que se maravilha com as belezas naturais, a exemplo do verde da vegetação e o mar. E que costuma ouvir de quem é de fora como a cidade consegue manter espetáculos que surpreendem. De acordo com Teixeira, se a cidade se desenvolveu, o progresso trouxe o crescimento e a oportunidade de mais opções culturais. Já o cineasta campinense Marcus Vilar confessou manter “uma ligação muito forte” com a Capital paraibana. Uma prova dessa relação, segundo ele, foi o fato de ter começado a fazer cinema – em detrimento da educação física - quando estava morando em João Pessoa. A influência pela sétima arte motivou-se pelas circunstâncias, por volta dos anos 60, ao tomar contato com as obras e os profissionais que atuavam na época.

“Tenho um carinho profundo pela cidade de João Pessoa”, declarou-se o cineasta, que se prepara para realizar - com início das filmagens previsto para o mês de novembro – mais um trabalho inspirado na Capital. Trata-se do curta intitulado O Terceiro Velho, cuja adaptação é de Marcus Vilar e Vinícius Rodrigues do conto original O Terceiro Velho da Noite, do escritor sergipano Antônio Carlos Viana. O projeto foi aprovado pela Funjope e Vilar antecipou que utilizará áreas da orla marítima, a exemplo do Cabo Branco e Manaíra, para as cenas. Natural de Brejo do Cruz, a cantora paraibana Socorro Lira é uma artista que, apesar de radicada em São Paulo, não se desligou de João Pessoa. “É uma das cidades mais bonitas e gostosas de morar”, comentou a artista, lembrando que compôs a música intitulada Pessoa em homenagem à Capital. A última visita ocorreu

há três meses e ela ressaltou que sempre que precisa faz a gravação com instrumentos de cordas na cidade. O próximo retorno está previsto para o dia 15 de setembro, para realizar show em local ainda a ser definido. O poeta Sérgio de Castro Pinto, que nasceu em João Pessoa, também já se inspirou em vultos e tipos populares da Capital para escrever poemas, a exemplo de Macaxeira. “Sou apenas uma testemunha esporádica do que acontece na cidade”, disse ele. No entanto, apesar de manter estreita ligação com o lugar aonde nasceu, lamentou ter a cidade perdido, com o passar dos anos, o que considera para si como pontos referenciais, a exemplo dos cinemas Municipal, Rex, Brasil e o prédio histórico que abrigou o jornal A União, cuja localização era na Praça João Pessoa, no Centro, demolido para dar lugar à sede da Assembleia Legislativa da Paraíba.


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Data controversa

5 de agosto ou 4 de novembro? Eis a questão FOTOS: Marco Russo

Hilton Gouvêa

O

hiltongouvea@bol.com.br

mês de julho de 1585 estava quase no fim quando dois índios tabajaras chegam a Olinda e procuram falar urgente com o Ouvidor Geral Martin Leitão. Diante da autoridade, eles pedem socorro para se livrarem dos índios potiguaras, que a cada dia ameaçam suas aldeias estratégicas, situadas na fronteira de Pernambuco com a Paraíba. Leitão autorizou o Capitão João Tavares a equipar uma caravela de guerra e partir em socorro de seus aliados, levando um exército de 25 homens, além de cavalos e muita munição. Após 96 horas de jornada chegava João Tavares às margens do Sanhauá. Lá, se encontrava Piragibe (Braço de Peixe) e sua gente. O encontro foi realizado às claras, já que os potiguaras não ignoravam mais a aliança existente entre seus parentes tabajaras e os portugueses. Tavares saudou Piragibe à moda indígena e firmou definitivamente as pazes com a indiada. Também ordenou oito salvas de canhonetas na direção das magens, a fim de espantar alguma tropa potiguara à espreita. Deu várias voltas com a caravela ao longo do rio, para deixar claro, ao inimigo, que os novos aliados dos tabajaras tinham grande poder de fogo. Era a manhã de 5 agosto de 1585. A Paraíba, após diversas tentativas vãs, finalmente estava conquistada. Teria sido esta a data de fundação da atual João Pessoa? Escritores de renome – Horácio de Almeida, Guilherme D’Ávila Lins, Durwal Albuquerque, Wellington Aguiar, José Otávio de Arruda Melo e outros, afirmam que em 5 de agosto de 1585 apenas foi firmada a paz dos portugueses com os tabajaras, então aliados dos potiguaras. João Tavares, que já havia engatilhado aliança com os tabajaras e gozava da confiança de Piragibe, apenas endossou o ato de paz solenemente, ao atender o pedido de socorro de um líder indígena, que se sentia ameaçado por seus irmãos selvagens, aliados dos franceses - nesta época, corsários de Dieppe (França) contrabandeavam em larga escala o pau-brasil, para as fábricas de tecidos do Oriente e da Europa. Nesse dia a cidade também foi batizada como Nossa Senhora das Neves, em homenagem ao santo do dia. Por essas e outras razões, D’ávila Lins, que é professor Emérito da UFPB, afirma que a fundação oficial da Paraíba se deu com a lavratura da ata, em 4 de novembro de 1585, três meses após o dia 5 de agosto, quando Tavares firmou as pazes com Piragibe. “A perpetuação deste erro grosseiro é inaceitável porque agride um detalhado depoimento manuscrito de confiável testemunha ocular da fundação desta cidade, em 4 de novembro de 1585”, diz Guilherme, referindo-se ao jesuíta anônimo, autor de o Sumário das Armadas, que pessoalmente assistiu à cena da fundação da Cidade de Nossa Senhora das Neves. A obra que marca a data de fundação da cidade é o Forte do Varadouro, iniciado em 5 de novembro de 1585 e concluído em 20 de janeiro de 1586.

Dias que marcaram a história Ao longo de sua existência, a Capital da Paraíba acumulou diversas datas históricas, algumas ainda desconhecidas da população. Por exemplo, em 1599, o Capitão-mor Feliciano Coelho firma a paz com os potiguaras, “pela força das armas”, segundo alguns autores. Quatro anos antes, Diogo Furtado de Mendonça implanta o Tribunal da Santa Inquisição na Paraíba e, como saldo de suas investigações, confisca os bens de 153 pessoas. Duas delas, embora lendárias – Branca Dias e Luís Valença – foram queimadas num auto de fé, em Lisboa. Em 1634, quando a Capital só dispunha de, no máximo, 1500 habitantes, ocorre a invasão holandesa, que dura 10 anos e oito meses. Neste período, João Pessoa foi chamada de Frederickstad, em homenagem a Frederico, príncipe de Orange. Outras datas se sobressaem na História da Paraíba. 1589 Martin Leitão, que ordenou a fundação da atual João Pessoa, acaba preso e remetido a Portugal. Foi vítima das intrigas geradas entre o Governo Geral do Brasil e a Companhia dos Padres Jesuítas. Morreu pobre e esquecido. João Pessoa já nasceu cidade. Isto aconteceu por força da carta régia de 29.12.1583. Assim, a Capitania de Parahyba do Norte passou a ser posse da Coroa Portuguesa e não, de donatários, como era o costume da época. João Pessoa nasceu Cidade de Nossa Senhora das Neves. Frutuoso Barbosa, em homenagem a Felipe II, de Espanha, rebatizou-a Filipéia de Nossa Se-

Primeira rua da Capital, a atual ladeira de São Francisco ainda guarda antigas contruções do Século XVII

nhora das Neves. Nesse ínterim Portugal e suas colônias estavam sob domínio espanhol. A atual ladeira de São Francisco foi a primeira rua de João Pessoa, isto no final do Século XVI para o início do Século XVII. Era um trecho enladeirado entre o Forte do Varadouro e a capela de Nossa Senhora das Neves. Foi desmatado e, tempos depois, recebeu uma de suas primeiras construções, a casa da Pólvora. O primeiro bairro topograficamente criado foi Tambiá, por volta de 1850. O tenente-coronel de ascendência francesa Henrique Beaurepaire Rohan implantou a primeira biblioteca pública. Governou a Paraíba entre 1857 e 1859. O primeiro ramal ferroviário, ligando João Pessoa a Mulungu foi implantado em 7 de setembro de 1883. Ao retornarem a Paraíba, os Jesuítas fundaram o primeiro colégio da Capital, em 1748 Foi improvisado num casarão, doado pelo casal Manoel da Cruz e Luzia do Espírito Santo. O Colégio

das Neves foi o primeiro educandário particular e esteve em atividade de 1865 a 1875, na Duque de Caxias, onde funcionou o Museu Fotográfico Walfredo Rodrigues. A escola feminina pioneira nasceu em 18 de abril de 1828, obra do padre Joaquim Antonio Leitão. A Praça João Pessoa foi construída entre 1879 e 1881. Chamava-se, inicialmente, Jardim Público da Capital e depois, Comendador Felizardo. Era cercada por gradis de ferro para impedir a entrada da pobreza. Somente a elite tinha acesso ao coreto e ao centro. O inventor da máquina de escrever, o padre paraibano João Francisco de Azevedo, nasceu em João Pessoa, em 1814 e morreu numa casa da Duque de Caxias, em 1880. Seu invento foi copiado pelo anglo-americano Alan Sholes, que vendeu a patente ao fabricante de armas Oliver Remington. Este deu início à fabricação em série de uma das máquinas de escrever mais fa-

mosas do mundo, a Remington. 1801 marca uma data triste na Capital. Foi o ano em que o franciscano Frei José de Jesus Maria Lopes, com a ajuda de um índio e um escravo, matou a mulata Tereza, por quem estava apaixonado. Já o dia 12 de junho de 1900 marca o dia em que morreu, no teatro Santa Roza, o mágico sueco Jau Balabrega e seu assistente Loui Bartelle, vitimas da explosão de um gerador a querosene, que dilacerou seus corpos. A Assembleia Legislativa pioneira da Paraíba nasceu em 7 de abril de 1835. A primeira legislatura foi de 28 parlamentares, sob a presidência de José Lucas de Souza Rangel. De 1835 até o advento da República, em 1889, o mandato parlamentar era de dois anos. O governador João Machado inaugurou o abastecimento d’água da Capital em 1912. Em março do mesmo ano também implantou a energia elétrica, com acesso a residências.


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Grandes homens Personagens que marcaram a história da Capital Hilton Gouvêa hiltongouvea@bol.com.br

J

oão Pessoa, Felipe Camarão, Vidal de Negreiros, padre Francisco João de Azevedo e o ex-governador João Agripino são lembrados, hoje, como figuras históricas de relevo na Paraíba, cada um em sua época e seguindo o seu próprio estilo. Oitenta e dois anos após o sangrento episódio da Confeitaria Glória, em Recife, o nome de João Pessoa, um dos expoentes da Revolução de 1930, continua vivo em sua terra natal, Umbuzeiro, situada no Cariri Velho da Paraíba, a 238 Km da Capital. Ali, a poucos metros do centro urbano, a Fazenda Prosperidade abriga a casa onde nasceu o advogado e político paraibano, em 24 de janeiro de 1878. Ao lado da casa que serviu de berço para João Pessoa - batizado João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque -, existe outra maior, construída por um primo legítimo, Carlos Pessoa, hoje administrada pelos filhos do falecido deputado Carlos Pessoa Filho: Carlito, Fábio e Lúcia, familiares diretos do ex-governador da Paraíba. São eles os responsáveis por documentos e objetos raros, que integram parte do acervo pessoal de João Pessoa. Na casa de Carlos Pessoa - o primo de quem João Pessoa vivia mais próximo e com o qual mantinha um relacionamento de irmão -, existem relíquias que formavam o acervo do Museu de João Pessoa, implantado

no Governo de Ivan Bichara, na Fazenda Prosperidade, na década de 1970. Atualmente, o museu está desativado. Algumas relíquias do ex-governador foram transferidas para a Casa Grande e outras para João Pessoa. Fábio esclareceu que, na Capital, a manutenção técnica de fotos e documentos impedirá que as relíquias tenham fim. Mesmo assim, o acervo de Umbuzeiro se revela muito útil para os historiadores, pesquisadores e similares Numa cristaleira do início do século XX, Lúcia e Fábio Pessoa guardam documentos inéditos deste político, que enriqueceriam o acervo de qualquer museu histórico. Um dos objetos que mais chama a atenção dos pesquisadores é a máscara mortuária de João Pessoa, moldada em bronze diretamente de seu rosto, poucas horas após a sua morte. Esta obra de escultura foi realizada pela empresa EPTM do Recife, na tardinha de 26 de julho de 1930, quando o corpo do estadista estava prestes a ser necropsiado. No ano de 1908, João Pessoa havia completado 30 anos. Parentes mais chegados se reuniram na Fazenda Prosperidade, para uma foto. João Pessoa aparece lá, no centro, com o cabelo cortado discretamente e exibindo o indefectível bigode. Discreto como sempre, o aniversariante quase não é notado na fotografia. Quando iniciou a sua carreira política, três anos depois, João Pessoa passou a encomendar fotos em bronze. Na época, era moda. A família Pessoa tem

Fotos: Arquivo A União

João Pessoa, o mártir que deu nome à Capital paraibana

mais de meia dúzia dessas fotos, na Casa Grande da Fazenda Prosperidade. Um dos objetos mais usados por João Pessoa, quando ia repousar em Umbuzeiro, era uma bengala preta de peroba, com o punho encastoado em ouro, destacando as iniciais

JP. No meio da tarja de ouro se destaca um rubi vermelho. Fábio guarda esta relíquia com grande zelo. A bengala tem mais de 100 anos. Ele morreu aos 52 anos. Seus familiares calculam que o ex-governador adquiriu em Recife, quando tinha 20 anos de idade.

Luta contra dominação holandesa na cidade Administrador colonial e militar paraibano, André Vidal de Negreiros destacou-se como um dos líderes da Insurreição Pernambucana de 1645, o movimento que pôs fim ao domínio holandês em Pernambuco. André Vidal de Negreiros (1606-1682) nasce no Engenho São João, filho do proprietário. Aos 18 anos entra para o exército colonial e, em 1638, destaca-se na luta pela defesa de Salvador, na Bahia, contra os ataques holandeses comandados por Maurício de Nassau. Viaja para Portugal e Espanha, onde permanece por oito anos e obtém os títulos de mestre-de-campo e comandante de terço (tropa). De volta ao Brasil atua novamente na insurreição contra os invasores holandeses, desta vez em Pernambuco. Durante o conflito, o rei português dom João IV decide fazer acordos com os holandeses e sufocar a rebelião. Negreiros entra em choque com a Coroa ao dar continuidade aos combates, segundo afirma Horácio de Almeida, em História da Paraíba 1. Na ocasião declara que prefere subestimar as ordens do rei e ser castigado a compactuar com os invasores. Em 1654, os holandeses são definitivamente derrotados e abandonam a região. Ao lado de João Fernandes Vieira, Henrique Dias e Filipe Camarão, é

Militar, Vidal de Negreiros

um dos heróis do movimento, com atuação destacada nas batalhas de Guararapes (1648 e 1649). Fica encarregado de negociar a rendição com os holandeses e de comunicar dom João IV. Ao chegar em Lisboa, em 1655, recebe condecorações e é nomeado governador do Maranhão e do Grão-Pará. Em 1657 torna-se governador de Pernambuco, onde fica até 1661 quando assume o governo de Angola, colônia portuguesa na África. Regressa ao Brasil em 1666 e no ano seguinte é novamente nomeado governador de Pernambuco. Ao morrer, em Goiânia (PE), no ano de 1680, deixou 30 filhos e cinco filhas.

Governador dos índios do Brasil Felipe Camarão, um índio potiguara nascido em Baía da Tração (PB), esteve a ponto de passar para o lado dos holandeses, alegando desprestígio e humilhação à sua pessoa, por parte dos nobres portugueses. Diplomata afinado, D. João IV soube a tempo da intenção do aborígine e o nomeou “Governador dos Índios do Brasil”, além de condecorá-lo com o Hábito da Cruz de Cristo e lhe doar uma pensão de 400 cruzados. Aí, Camarão passou a convidar seus primos, Antônio Paraopeba e Pedro Poty, a passarem para o lado português, já que os dois estavam a serviço da Holanda. Eis a carta de Felipe Camarão aos índios que apoiavam os holandeses: “Não posso deixar de cumprir as promessas e deveres contraidos com meus avós, isso é, de vos guardar assim como a todos os da nossa raça. Vim, portanto, da Bahia, a fim de vos zelar e garantir, e ainda que tenhais procedido mal, tirar-vos das garras dos inimigos, desejando afastar-vos delle, pois o país nos pertence, e se vos conservardes ao seu lado, tereis por fim de ser atacados e aniquilados. Por esse motivo, meus amigos, ainda não quis desenvolver toda a minha força contra os holandeses, para vos poupar; e como a natureza obriga todos os animais a amarem os seus filhos e morrerem por eles, assim eu igualmente mostrarei e provarei o meu amor paterno por vós, empregando todos os

esforços afim de converter a vós meus verdadeiros patrícios. Vim da Bahia nutrindo a esperança de obter dos da minha raça boa consolação e auxilio, e certo de que se uniriam commigo; entretanto não recebi até agora resposta alguma, a fim de poder guardar e garantir o seu bem-estar. Qualquer de vossa nação que se quizer passar para mim deve trazer uma bandeira branca, tendo-me eu dirigido com a esperança de vossa vinda para a Paraíba, a fim de lá vos guardar. Soubemos recentemente de fonte limpa e podeis confiar na notícia, que os da Holanda propuzerem, pelos seus embaixadores ao nosso rei e senhor, D. João IV, restituir esta terra, visto não mais a poderem sustentar. Tereis que entregar os poucos fortes, visto que os holandeses hão de os abandonar e partir nos navios para a sua pátria; e quanto ao esperardes uma esquadra com socorros, ficai avisados que ela só virá para buscar os holandeses e vos deixar como presos nas garras dos portugueses. Onde vos metereis então, ou vos ocultareis de nós? O mal que os holandeses merecem recairá sobre vós. Comquanto não saibais e penseis que os portugueses nos enganam, a verdade é que os holandeses é que vos enganam. Se não estais cegos, aceitai o meu perdão, enquanto é tempo e não acrediteis nos holandeses que ainda poderão ficar

sendo vassalos do nosso poderoso rei, pois bem sabeis que eles mesmos estão incertos sobre o resultado da guerra. Deveis estar bem lembrados que nos velhos tempos, muitos da nossa excellente raça, deixando-se seduzir pelos extrangeiros, depois perderam a vida. Não acrediteis nesses herejes e vinde a tempo para vos salvar, recebendo cada um o passaporte que lhe daremos; se não o fizerdes, ficareis abandonados e não vos concederemos quartel, nem perdão, mas vos destruiremos como inimigos. Fugi dos herejes e vinde tratar da vossa salvação. Como pudestes contar com os holandeses, depois delles procederem tão mal com os da vossa nação do Maranhão, pois tendo-lhes feito bellas promessas, justamente como agora, os enganaram e abandonaram, quando os portugueses retomaram o país. Não acrediteis tão pouco nos capitães Antônio Paraopeba e Pedro Poty, havendo estado na Holanda, ficaram imbuídos das suas ideias e não pensam noutra cousa mais que em os ajudar a vos perder. Sinto-me atribulado, não pensando em outra cousa senão em procurar um meio para vos colocar sob a minha proteção. 24 anos da morte de João Agripino No último dia 6 de fevereiro, se completou, exatamente 24 anos de falecimento do ex-governador da Paraíba, João Agripino, que morreu por volta das 14 e 30 horas no hospital do servidor, no Rio

Índio Felipe Camarão lutou pela cidade

de Janeiro, vítima de embolia pulmonar. Natural de Brejo do Cruz, no Sertão paraibano, João Agripino, tinha, ao morrer, 73 anos de idade. Deixou viúva, do segundo casamento, a senhora Sônia Maia. Seus sete filhos, com raras exceções, também seguiram a carreira política. Já, como ficou conhecido durante as campanhas, deixou um legado político dos mais nobres já registrado em toda a Paraíba. O início de sua vida pública, ocorreu, na verdade, em 1946, como deputado federal constituínte, sendo, depois, eleito sucessivamente, até 1962. Mais tarde, em 65, sagrou-se governador do Estado – o único em todo o Brasíl a ser eleito pelo voto direto no regime militar, então comandado por Castelo Branco. Considera-se o marco maior de seu governo a construção do Anel do Brejo, rodovia que interligou os municípios da região.


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Festa das Neves

Curiosidades da mais antiga celebração da Capital Hilton Gouvêa hiltongouvea@bol.com.br

A suntuosidade da Festa de Nossa Senhora das Neves, que completa 427 anos como padroeira de João Pessoa, a Capital da Paraíba, nem sempre foi alvo de elogios. Ou melhor: um reverendo metodista norte-americano, Daniel Kidder, participou pessoalmente dessa comemoração nos meados do Século XIX, e não atirou flores nela. O bispo católico paraibano D. Adauto de Miranda Henriques proibiu-a de realizar-se há 114 anos, porque os fiéis da Comissão Organizadora lhe negaram conceder uma parte do dinheiro arrecadado para as festividades. E, para quem não sabe, apesar de possuir um nome de batismo português, a Nossa Senhora das Neves nasceu das visões de um nobre romano que, não tendo filhos, resolveu consagrar sua fortuna à glória de Deus e em honra à Santíssima Virgem Maria. Os historiadores paraibanos acreditam que a primeira Festa das Neves propriamente dita aconteceu em 1586, um ano após a Fundação da atual João Pessoa, na gestão do padre João Vaz Salém, o primeiro vigário da Freguesia de Nossa Senhora das Neves. Salém, que também era vigário de Olinda, deu-se mal quando aqui chegou o Tribunal da Santa Inquisição, em 1595. Acusado de traficar com índios, escravos e negros e a praticar agiotagem de extorsão, ele foi preso por ordem do inquisidor Diogo de Furtado Mendonça e mandado para Lisboa, de onde nunca mais voltou. Também teve todos os seus bens confiscados. O primeiro crítico das atrações profanas e religiosas da festa mais tradicional da Paraíba foi o reverendo metodista Daniel Parish Kidder, que estava na cidade de Parahyba do Norte em 5 de agosto de 1839. Ciceroneado por um certo “Senhor R”, o norte-americano, muito preconceituoso, ficou admirado e raivoso ao perguntar aos fiéis o nome da santa reverenciada e só obter resposta negativa. “E apenas souberam nos dizer que essa Nossa Senhora era a mesma Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Rosário e diversos outros nomes que dão à Virgem Maria”, escreveu ele em “Reminiscências de Viagens e Permanências no Brasil”. Kidder estava no Nordeste Brasileiro executando projeto missionário vinculado à Sociedade Bíblica Americana, uma organização religiosa, segundo historiadores, “tão radical e preconceituosa quanto os Quakers”. Intrigado com a profusão de nomes que hipoteticamente identificavam a padroeira da atual João Pessoa, Kidder ainda escreveu: “Duvidamos que a Mitologia Grega ou Romana tivesse sido mais confusa. Essas festas, como todas as outras de grande importância, foram precedidas de novenas, isto é nove

rezas realizadas em noites sucessivas”. Ao aportar na Paraíba, Kidder tinha 24 anos de idade. Portanto, a opinião dele sobre a Festa de Nossa Senhora das Neves não representava o ponto de vista de um cidadão idoso, alquebrado pela idade e, portanto estranhando o comportamento de um povo católico durante a festa de sua padroeira. Segundo o americano “em cada uma dessas noites (da Festa das Neves) havia um divertimento diferente, do qual se encarregava um cidadão que, naturalmente, procurava superar o outro na pompa e no brilho da festa a seu cargo”. O metodista foi convidado pelo “Senhor R” a sair à noite, para mostrar o que a Festa das Neves de 1839 tinha de mais interessante. Kidder, ao que parece, não falou nada de negativo diante de seu anfitrião. Mas, ao retornar aos Estados Unidos, botou de fora o seu radicalismo e comentou: “A matriz onde se celebrava a festa ficava nas proximidades. Postamo-nos em uma das extremidades de um pátio oblongo (talvez a calçada do Mosteiro de São Bento, na atual Avenida General Osório). A frente da Igreja estava iluminada por velas em lanternas quebradas, dispostas em torno da porta e a frente de uma imagem colocada em um nicho preso à cúpula. Grandes fogueiras ardiam em vários pontos do pátio. Em torno delas acotovelavam-se negros ansiosos por queimar baterias de foguetes e certos trechos dos atos litúrgicos que se realizavam na Igreja”. Ainda de acordo com os relatos de Kidder, a Festa das Neves de 173 anos atrás, ocorria assim: “Terminada a novena, todos acorriam ao campo para apreciar os fo-

gos de artifício que se queimavam desde as nove horas até depois da meia-noite. Os (fogos) que tivemos ocasião de ver eram muito mal feitos. Não obstante, o povo se pasmava e aplaudia freneticamente. Se se tratasse de divertimento para africanos ignorantes, essas funções seriam mais compreensíveis. Mas, como parte de festejos religiosos (em honra à Nossa Senhora Padroeira)), celebrados em dia santificado e com a presença entusiástica de padres, monges e do povo, temos que confessar francamente que nos chocou bastante e teria sido melhor que não os tivéssemos presenciado”. Não satisfeito com as suas preleções, Kidder ainda informa: “Uma das mais penosas impressões que colhemos foi ver famílias inteiras, inclusive senhoras e senhoritas, ao ar úmido da noite, admirando cenas que não só tocavam as raias do ridículo, mas, ainda, eram acentuadamente imorais – e dizer-se que tudo isso se fazia em nome da religião! Retiramo-nos prazeirosamente logo que nossos companheiros se dispuseram a sair, com a firme resolução de jamais assistir voluntariamente a tais profanações do dia do Senhor”.

Historiadores paraibanos acreditam que a primeira Festa das Neves propriamente dita aconteceu em 1586

Polêmica com a Igreja Católica Cinqüenta e nove anos após os escritos de Kidder, desta vez foi um bispo da Igreja Católica Apóstólica Romana quem se posicionou contra certas manifestações profanas da Festa das Neves e, literalmente, proibiu a sua realização. Consta que D. Adauto de Miranda Henriques solicitou, em 1898, uma parte do dinheiro arrecadado pela comissão. Solicitação negada pelos organizadores. O bispo proibiu qualquer manifestação dos festejos, alegando que algumas atrações feitas em homenagem à Virgem, não passava, digamos de folguedos pagãos. O adiamento da festa frustrou toda a sociedade, que ansiosamente aguardava os festejos já, que na época, segundo o historiador José Otávio de Arruda Mello, a Fes-

ta das Neves funcionava como reguladora de uma instintiva divisão de classes sociais. Segundo ele, os Ricaços ocupavam os Pavilhões, com seus faustos, guloseimas e bebidas importadas. Um deles, em 1912, gozou até do privilégio da energia elétrica, através de um gerador pertencente ao Industrial Sidney Clement Dore. A classe média alta ficava na calçada do lado esquerdo de quem desce a Avenida General Osório. O povão e o famoso Quem me Quer, buscavam o meio do passeio. Os estudantes pobres e as prostitutas ocupavam a “Bagaceira”. “Não havia placas indicando fronteiras entre as classes sociais, mas instintivamente, ninguém se misturava”, garante o historiador. Voltemos ao pedido de D. Adauto. Além de

lhe negarem o dinheiro, a sociedade organizadora promoveu uma passeata e procissão à revelia do Clero. Um verdadeiro carnaval. Rapazes travestidos de padres distribuíam “bênçãos” ao público. Um Judas caracterizando o bispo foi colocado no meio da rua, entre risadas e chacotas. A população apoiou a manifestação popular de protesto, já que a proibição de D. Adauto privava os paraibanos de festejar o maior feito religioso da Paraíba, ainda hoje não superada por nenhuma similar da Capital ou do Interior. Entre as coisas que D. Adauto incluía como extravagantes situava-se uma orquestra de cegos portugueses, contratada para abrilhantar a Festa de Nossa Senhora das Neves. A peso de ouro.

Um milagre originou o dia O dia litúrgico de Nossa Senhora das Neves é 5 de agosto. Este nome foi colocado na Paraíba, por João Tavares, justamente porque as pazes seladas entre ele e Piragibe ocorreram nesta data, às margens do Sanhauá. Mas, de onde vieram as Neves? A tradição conta que no ano de 363 havia em Roma um ilustre descendente de importante família romana. Ele não possuía filhos. E combinou com

a mulher consagrar sua imensa fortuna à glória de Deus e da Virgem Santíssima. O homem pensava seriamente no assunto quando, na madrugada de 4 para 5 de agosto apareceu-lhe a Rainha do Céu em sonhos e lhe disse: “Edificar-me-eis uma Basílica na Colina de Roma que amanhã aparecerá coberta de neve”. Ora, os dias 4 e 5 de agosto são os de maior onda de calor na Itália.

Mas, devido ao que foi visto como milagre, o Monte Esquilino amanheceu coberto de neve. A população acudiu ao lugar do prodígio. Até mesmo o Papa Libério, que disse haver recebido a mesma missão da Virgem em sonho, dirigiu-se para lá, acompanhado da cúpula do Clero. O templo construído no local da aparição é denominado Nossa Senhora das Neves, até hoje.


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