Revista [in]FORMA

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[in] FORMA

REVISTA

CENTRO DE FORMAÇÃO


ISSN 21 83-1 475

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revista AVCOA


De novo, um ano depois^ ^e mais um número da revista digital do Centro de Formação de Associação de Escolas dos Concelhos de Arouca, Vale de Cambra e Oliveira de Azeméis. Desde o último número, muitas coisas aconteceram^ Um ano de muita (e boa) formação que envolveu os vários agrupamentos associados e os seus profissionais, várias ações apoiadas por entidades exteriores, como a Associação Geopark Arouca, as editoras AREAL e TEXTO, a Fundação Manuel Francisco dos Santos, a Santa Casa da Misericórdia de Oliveira de Azeméis a para além de formadores que se voluntariaram como a amiga Cândida Esteves.

duas turmas e também cerca de 50 participantes e um seminário com mais de 1 50 inscritos, aberto não só a profissionais da educação, mas também a quem quis participar. Num ano recheado são também de recordar os outros eventos. A participação ativa na Semana da Leitura no concelho de Oliveira de Azeméis, a Caminhada da Primavera, na sua terceira edição e as 24 Horas das Bibliotecas Escolares^ Boas leituras^ e até à próxima! 5

A execução do “Projeto, Incluir Missão da Escola”, financeiramente apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e que permitiu oferecer formação a assistentes operacionais, com três turmas e cerca de 50 participantes docentes, com

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A Educação Sexual atualmente é obrigatória de acordo com a Lei 60/2009 de 6 de agosto que estabelece o regime de aplicação da educação sexual em meio escolar. Esta obrigatoriedade dá aos alunos/comunidade escolar a oportunidade de, orientados por profissionais com formação adequada, tratarem temas como o respeito por mim e pelo outro, a igualdade de direitos entre homens e mulheres, a recusa de todas as formas de violência, a saúde reprodutiva, sentimentos afetos e valores^ temas que os ajudam, que nos ajudam, a crescer como pessoas e que lhes permitem, que nos permitem, bem-estar físico mental e social, uma sexualidade saudável e informada, o que é fundamental para o desenvolvimento pessoal, mas também social. Esta iniciativa deve assumir um carácter preventivo. Estou a pensar nos riscos que o indivíduo pode correr pelos comportamentos “inadequados” que se podem repercutir em problemas, por exemplo de saúde pública, os quais podem ser evitados se houver uma reflexão adequada. No entanto, falar de sexualidade continua a não ser fácil também ano 3, n.º3

para os professores que são os principais responsáveis pela operacionalização desta temática na escola. Assim, a formação neste domínio, para professores e outos agentes da ação educativa, é importantíssima, não para a transmissão de conhecimentos, mas essencialmente para a partilha de ideias/experiências, devendo permitir experimentar e adquirir um conjunto de materiais/ estratégias, ou seja, sugestões pedagógicas, atividades e referências que facilitem a abordagem de todas as áreas temáticas previstas na lei. Esta formação é, na essência, mais um recurso facilitador para os professores não para a implementação de “mais uma aula” com um conjunto de conteúdos para dar, mas para a dinamização de sessões enriquecedoras, motivadoras em que se apresente, de uma forma clara, noções fundamentais e abrangentes da sexualidade, permitindo aos alunos adquirir competências e promover valores fundamentais à vivência da sexualidade de forma responsável de modo a conhecer e fazer opções devidamente conscientes e informadas. 03 04

Para que a formação possa ser abrangente, interativa e prática, com uma abordagem plena de todas as áreas temáticas propostas na lei, na minha opinião, os formadores deverão constituir uma equipa dinâmica, cooperante e diversificada na sua formação de base. Dou como exemplo as formações que tenho monitorizado. A equipa de formadores inclui sempre um professor com formação nesta área, normalmente o professor coordenador da educação para a saúde, um técnico de saúde e um psicólogo e, de acordo com os resultados obtidos, tem resultado bem. Relativamente ao impacto deste tipo de formação nos alunos, na minha opinião, pensando em resultados, devemos perspectiválos a longo prazo. É necessário que estas sessões implementadas às turmas iniciem nos mais pequeninos, jardins de infância e 1 º ciclo, e constituam um processo contínuo, articulado e sempre sujeito a monitorização para ser possível melhorar e adaptar estratégias / metodologias à diversidade de vivências encontradas. Teresa Valente

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CANYONING

desporto aventura

espeleologia. Entre 1 893 e 1 936, desfiladeiros e gargantas da Serra de Guara, Pirinéus e Alpes, foram muito procurados por expedições organizadas por “pioneiros do canyoning”. Em fevereiro de 1 895 é criada a Société Spéléologique de France sendo o seu fundador Édouard-Alfred Martel, considerado o “pai da espeleologia”, e em 1 948 é fundado o Comité Nationale de Spéléologie. A fusão destes dois organismos nasce a Fédération française de spéléologie, a 1 de junho de 1 963. Em Portugal, as primeiras “aventuras” em canyoning realizaram-se nos anos oitenta, quando alguns desportistas, com experiência em montanhismo, exploraram e equiparam alguns rios. Atualmente o canyoning é tutela da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal e, embora os números oficiais apontem para um número reduzido de praticantes, outros indicadores garantem o crescimento e o desenvolvimento da modalidade, nomeadamente com a regulamentação para o Campeonato Nacional e Taça de Portugal; a realização do 5º encontro Ibérico da modalidade, realizado na Serra da Freita; a regulamentação para prática da modalidade dentro dos parques naturais, condicionando-a a algumas linhas e limitando o número de praticantes e ainda, o facto de haver uma maior oferta de material específico nos espaços comerciais, bem como a existência de publicações com descritivos e croquis de vários rios.

Fig. 1 – Frecha da Mizarela, Rio Caima. Serra da Freita - Arouca 2008.

O canyoning é um desporto aventura, que consiste na descida de um canyon, desfiladeiro, que pode ser mais ou menos aquático, mais ou menos vertical, utilizando a marcha, o destrepe, o salto, o mergulho, a natação, o deslize em tobogã, a progressão por corda (rappel, tirolesa, corrimão, etc.) e por vezes a escalada (trepar), como forma de progressão e superação de obstáculos. O canyoning tem a sua origem na espeleologia. Na Europa, nos finais do séc. XIX, espeleólogos franceses utilizavam os desfiladeiros como locais para treino de técnicas e iniciação de praticantes à ano 3, n.º3

Perante este cenário e face às condições geográficas do país, torna-se imperativo a abordagem desta modalidade junto da classe docente, nomeadamente dos professores de Educação Física e Desporto. Assim surgiu a proposta de 03 05

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formação em canyoning, dividida em três níveis, com 25 horas cada: Introdutório, Elementar e Avançado. O nível I – Introdutório Visa principalmente um primeiro contacto com a modalidade. Descobrir algumas linhas de água (rios e ribeiras) equipadas para este desporto. Aprender a reconhecer e utilizar equipamento individual e coletivo, bem como a encordoar-se e desencordoar-se. Desenvolver técnicas de progressão sem corda – Marcha, destrepe, tobogã, salto, natação e mergulho. Executar a progressão por corda - Corrimão, passa-mãos, rappel, rappel guiado e slide. Tomar consciência de técnicas de segurança ativa e passiva, executando algumas delas – manuseamento correto do equipamento e materiais específicos, autossegurança com arreata,

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Foto 1 – Rio Frades 201 4.

Foto 2 – Rio Teixeira 201 4.

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segurança por baixo no rappel, autossegurança com nó de bloqueio, consulta e interpretação de croquis e tabela de classificação dos níveis de dificuldade dos rios. Aprender e executar os nós básicos com aplicação em canyoning, conhecer algumas técnicas fundamentais de manobras de cordas e conhecer e aplicar o código gestual e o ano 3, n.º3

código sonoro.

Foto 3 – Rio Frades 201 4.

O nível II – Elementar Pensado para aqueles que já fizeram o nível I ou que já dominam os conhecimentos e as técnicas descritas para o nível I. Sob a orientação e supervisão do formador, 03 07

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instalar rappel desembraiável e recuperável, corrimão recuperável, passamãos e colocação de proteções da corda, verificar se o encordoamento dos outros elementos está de acordo com as exigências de segurança e proceder à desmontagem e recuperação de todo o equipamento utilizado. O nível III – Avançado Criado para os formandos que já dominam os conhecimentos e as técnicas exigidas

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no final do nível II. Todas as montagens e desmontagens de aparelhos são feitas pelo formando, sob a supervisão do formador. Aos aparelhos montados no nível II acresce agora o rappel guiado e o slide, com o tensionamento das cordas com sistemas de desmultiplicação de forças, uso de bloqueadores e outros equipamentos. Quanto à técnica, utilizar a segurança por cima, executar a transposição de um nó, quer na descida quer na subida por corda. Além dos equipamentos e técnicas convencionais, a abordagem de algumas técnicas expeditas.

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formaçao em filosofia Afonso Magalhães

A ação de Filosofia que decorreu na Escola Soares Basto, promovida pelo centro CFAE AVCOA, teve por título “Filosofia no Secundário – Uma Abordagem por Competências”. Este título e esta perspetiva de abordagem justifica-se pela necessidade de dotar os professores de Filosofia de um conjunto de habilidades profissionais que, a nosso ver, facilitam o múnus da sua função docente ao capacitá-los para o exercício da “arte” de ensinar (Didática) com ferramentas que permitem a configuração de ambientes de aprendizagens variados, nos quais os alunos são solicitados a exercitar todas as componentes do currículo de Filosofia (que não se restringe às alíneas temáticas do programa). Essa organização do ambiente de aprendizagem cria oportunidades diversificadas de trabalho escolar em que é promovido o desenvolvimento pessoal, social e intelectual que é próprio da Filosofia enquanto disciplina da componente de formação geral, no currículo do ensino secundário. Ao longo dos tempos, a didática da Filosofia no ensino secundário tem sido encarada com uma ambivalência original: Deve o professor ensinar a filosofia herdada dos grandes pensadores ocidentais em sistemas harmoniosamente estruturados sobre o sentido do Mundo e do Homem em cada época histórica, ou deve, valendo-se das interpretações dos pensadores sedimentados na história da filosofia, levar os alunos a filosofar sobre as realidades atuais, de modo a procurar interpretações racionais e globais para os problemas e fenómenos com que nos defrontamos nos tempos em que nos cabe definir a nossa existência? Da posição assumida perante esta questão depende o tipo de intervenções didáticas que o professor elege para o exercício da sua “arte” docente. É fácil de entender que o professor que adota a primeira perspetiva tende a privilegiar a explanação dos sistemas filosóficos criados ano 3, n.º3

pelos autores reconhecidos na História da Filosofia, cabendo ao aluno a absorção e estruturação do sistema de pensamento a que cada autor dedicou o seu esforço interpretativo sobre o mundo e o homem, no contexto da realidade histórica em que viveu. O professor que adota a segunda perspetiva procura criar contextos de aprendizagem que induzam os seus alunos a “filosofar” sobre a realidade do Homem e do seu mundo, bem como o saber científico e técnico próprio de cada época histórica, de modo a “aventar” interpretações racionais verosímeis para os fenómenos que conhece ou que ele vivencia na vida pessoal e social. Para provocar este esforço reflexivo e crítico do aluno, não pode o docente esquecer a herança histórica dos autores que se erigiram em pensadores modelares da filosofia, ao longo dos tempos. No entanto, aproveitá-los-á para projetar os alunos no sentido do pensamento crítico, autónomo e criativo sobre as realidades presentes ou para a reinterpretação da realidade histórica à luz de novas perspetivas ou abordagens. Este segundo posicionamento didático privilegia o ensino da Filosofia como arte de ensinar a pensar criticamente e a desenvolver posicionamentos valorativos fundamentados em interpretações racionais da realidade que tendem a distanciar-se da imitação do senso comum e a gerar autenticidade e autonomia nas opções de vida realizadas pelos jovens estudantes numa fase decisiva de construção e afirmação social da sua personalidade e autonomia. Quando Hannah Arendt procurou Heiddeger para frequentar os seus cursos de verão, apresentoulhe claramente o seu intuito: “Professor, ensine-me a pensar”. Mais tarde, durante o julgamento dos nazis, em Nuremberg, falaria da banalização do mal, devido, fundamentalmente, ao déficit de pensamento crítico que possibilitou a manipulação das massas e o governo através do terror (medo). Como é importante “saber pensar”! Esta formação foi desenhada de acordo com a segunda perspetiva e procurou exercitar, durante a formação, algumas estratégias didáticas que pudessem ser transferidas para o contexto de sala de aula, de modo a permitir aos formandos algumas reflexões sobre as virtualidades de cada uma delas e o potencial que elas apresentam para o prosseguimento de diversos objetivos constantes do currículo de Filosofia para o Ensino Secundário. Entre elas, saliento as seguintes: A - Análise e comentário de textos filosóficos, 03 09

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através da qual podemos - promover a clarificação do sentido de muitos termos nucleares do discurso filosófico que habitualmente são desvirtuados do sentido original, na linguagem do quotidiano; - agilizar a procura de significados em dicionários, quer gerais quer específicos; - sublinhar expressões que contêm a ideia central de um parágrafo; - realizar uma síntese do pensamento do autor, realçando e encadeando as ideias fundamentais; - expressar um comentário pessoal face à tese expendida pelo autor. Como vemos, o aluno não só analisa e absorve as ideias do autor, como exercita competências de trabalho intelectual que podem ser transferidos para outros contextos de aprendizagem e domínios de saber, e ainda exprime posicionamentos eventualmente divergentes do pensamento do autor do texto. Assim, “aprende sem repetir ou “papaguear”.

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B – Construção de “Mapas conceptuais” sobre um tema qualquer que seja proposto para estudo. Esta ferramenta didática pode ser usada em diferentes momentos e com intuitos diferenciados: - no início do trabalho serve para fazer emergir as perspetivas de abordagem e os saberes que os participantes apresentam sobre a temática proposta como objeto de estudo, gerando-se uma nuvem de ideias que possibilita a tomada de decisões sobre os aspetos mais relevantes a abordar; - no início da investigação, serve para orientar os estudiosos no trabalho a realizar e para dividir as tarefas pelos elementos do grupo de maneira a conseguir-se articulação e coerência no trabalho de grupo; - no conclusão do trabalho, pode servir para fornecer uma perceção clara da globalidade do estudo e da articulação entre as diversas perspetivas que a temática pode abranger. Esta metodologia é indispensável na fase inicial de um trabalho de investigação, proposto aos alunos, no sentido de os orientar na investigação e de realçar as palavraschave que os guiarão no início da investigação. Propor estudos de investigação apenas fornecendo o tema genérico torna-se

uma tarefa tão indefinida e custosa como a lendária “levar a carta a García”. O fracasso e o desânimo tornam-se mais do que prováveis. C – Análise, comentário e discussão de películas de cinema com interesse para a abordagem de algum tema filosófico (Não se trata de documentários cujo intuito principal é informar). Os filmes temáticos tê a virtualidades de criar contextos de reflexão muito próximos da realidade social e pessoal em que os alunos situam. Permitem, por isso, objetivar situações do quotidiano que possibilitam a expressão de interpretações pessoais sem a necessidade de cada um se expor em relatos de experiência personalizadas. Por outro lado, são histórias relativamente complexas que exigem análises coerentes que exigem a ultrapassagem do nível narrativo puro e simples do quotidiano. O professor pode conduzir a exploração valendose de uma “ficha de trabalho” individual que posteriormente pode ser aproveitada para um diálogo interpretativo e crítico sobre a perspetiva do realizador e sobre as vertentes éticas e estéticas da película escolhida. Habitualmente, este tipo de procedimento é utilizado no início de uma temática, como “motivação”, mas a exploração didática mais enriquecedora acontece quando os alunos já estão na posse de algumas ferramentas de análise que lhes possibilitam “esmiuçar” a mensagem do cinema e exprimir as suas interpretações diferenciadas. Aprendem, assim, a expor os seus pontos de vista com ordem e coerência, ouvindo com atenção outras abordagens válidas, cujo valor só pode enriquecer o horizonte coletivo do saber. É nestes momentos que se exercita o respeito pela diferença e se valoriza a tolerância. D – Webquests. Esta ferramenta metodológica não é mais do que um trabalho de investigação orientado pelo professor, através de materiais existentes na Web, no interior da qual se encontram todos os componentes de uma boa planificação didática: - Apresentação do tema e do contexto de investigação, bem como do problema a resolver; - Indicação dos websites em que o aluno pode encontrar informação sobre o assunto (podendo cada aluno enriquecer este reportório) - Formato de apresentação dos trabalhos revista AVCOA 10 03


- Critérios de avaliação - Conclusões a que se chegou e possíveis respostas ao problema formulado. Esta ferramenta de trabalho deve o seu valor didático ao facto de exercitar os alunos na utilização de uma fonte de saber que é, nos tempos atuais, omnipresente e passível de ser explorada por cada um conforma as suas necessidades e interesses. Exige, entretanto, do aluno algumas habilidades de pesquisa e padrões éticos de atuação: - É preciso que saiba orientar-se por entre o lixo que circula na net, mantendo nítido o seu propósito de estudo e discriminando os sites credíveis dos que se apresentam como verdadeiras anedotas da net ou perspetivas informadas por preconceitos da mais diversa ordem; - É indispensável que mantenha uma sã conduta ética, não se apoderando dos materiais da net sem os citar (Pelágio), nem adultere o sentido do que encontrou escrito ou representado, introduzindo alterações ou realizando cortes que desvirtuam o sentido original. Sendo esta uma ferramenta de trabalho muito valiosa para levar o aluno e aprender com autonomia, é uma opção ainda rara por parte dos professores, quer porque a não dominam competentemente, quer porque têm dificuldade em proceder à avaliação da mesma e respetiva expressão nas classificações dos alunos. Além destas ferramentas, ainda houve tempo para exercitar duas outras menos ortodoxas, mas que pretendem aproveitar as situações de conflito na sala de aula para o desenvolvimento moral dos alunos e para a melhoria do clima de convivência e trabalho em sala de aula: O “tempo do círculo” e a “dramatização simulada de um conflito” com a análise dos fatores que o condicionam e das possíveis soluções para uma positiva ultrapassagem do mesmo. Todos os momentos e vivências que acontecem na nossa vida em comum, especialmente em contexto de aula, podem ser aproveitados para realizar aprendizagens significantes que, por vezes, se tornam nas mais duradouras e marcantes. Para a Filosofia, elas representam uma oportunidade acrescida de questionar os fundamentos da nossa vida individual e coletiva e experienciar as consequências das nossas ano 3, n.º3

escolhas e atuações sobre a vida dos outros, nos seus direitos e no seu bem-estar. Esta sensibilidade aos outros é um dos requisitos da cidadania e da vida em comum que não se realiza por mandato legal, mas por íntima disponibilidade para partilhar com outro o mesmo espaço, sem perder a liberdade de decisão que carateriza a nossa essência de humanidade. Tenho para mim que é através da criação de ambientes diversificados de aprendizagem que se torna possível perseguir os diversos tipos de metas que constam do programa de Filosofia. Ao desenvolver competências didáticas como docente, o professor de Filosofia está a capacitar-se para uma gestão otimizada do currículo, proporcionando aos seus alunos ocasiões de reflexão e diálogo que os fazem crescer em múltiplas facetas da sua personalidade. O ensino declarativo é, por vezes, necessário e oportuno, mas não deixa de cultivar a imitação e memorização, inibindo o exercício do pensamento livre e criativo, tão caraterístico da Filosofia e apanágio dos seus intérpretes históricos. Maia, 12 de Novembro de 2014 Afonso Magalhães

Hannah Arendt – A Condição Humana

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[IN]FORMAÇÃO sobre a FORMAÇÃO M. Cândida Martins

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Foi com muito prazer que aceitei o desafio para colaborar no nº 3 da Revista [IN]FORMA, a pedido do Diretor do Centro de Formação de Associação de Escolas dos Concelhos de Arouca, Vale de Cambra e Oliveira de Azeméis, Prof. José Rosa. O prazer é tanto quanto o meu gosto pela Língua Portuguesa, matéria que tem sido o meu objeto de estudo e trabalho nos últimos 20 anos. Enquanto Formadora certificada pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua, nas áreas de Português/Língua Portuguesa e Linguística, tenho vindo a conduzir Cursos de Formação a Professores, experiência bastante enriquecedora pela oportunidade de debater e ouvir as inquietações do dia-a-dia dos colegas. Pela segunda vez, encontro-me neste Centro, AVCOA, a dar um Curso de Formação, “Semântica e Pragmática”, com o objetivo principal de complementar o Curso anterior, abordando outros domínios da Língua Portuguesa que passaram a fazer parte dos Currículos Escolares e se encontram, ainda, pouco esclarecidos e trabalhados. Na verdade, tudo começou quando, no ano letivo 201 3/1 4, tomei a liberdade e iniciativa de entrar em contacto com o Centro, disponibilizando-me, voluntaria e graciosamente, para dar um Curso de Formação na Área da Linguística, atendendo às dificuldades que os docentes sentiam com a entrada em vigor de uma “nova” Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário. A publicação da mesma em Diário da República, por portaria nº 1 488/2004 de 24 de Dezembro, embora a título experimental, levantou uma onda de protesto, quase generalizada, levando a que a TLEBS fosse revista e desse lugar ao Dicionário de Termos, publicado em Diário da República, por portaria nº 476/2007 de 1 8 de Abril. Concordando-se ou não, a “velha” Nomenclatura Gramatical Portuguesa de 1 967, devido aos avanços da Linguística, já não dava resposta a várias questões no domínio do ensino da Língua Portuguesa e, tendo sido substituída pelo Dicionário de Termos, é do interesse de

docentes e discentes que os termos sejam, efetivamente, aplicados para que possa haver uma sistematização e uniformização no ensino da mesma. Ultrapassadas as questões burocráticas, o Curso “Morfologia, Classes de Palavras e Sintaxe” decorreu na Escola Secundária Soares Basto, entre 23 Abril e 28 de Maio do ano letivo em curso, 201 3/201 4, perfazendo as 25 horas. Para que os objetivos fossem atingidos, e os conteúdos tivessem uma aplicação prática, foi distribuído, como instrumento de trabalho, o texto “VINHOS DOS AÇORES na mesa dos czares da Rússia”. Na minha vida profissional, optei sempre pela análise de textos reais por considerar que é aí que a Língua se manifesta em todo o seu esplendor e potencialidades. As sessões desenrolaram-se em ambiente informal e de cordialidade, por vezes bastante “acaloradas”, com respeito pelas ideias de cada um, facultando que os colegas partilhassem as suas experiências e colocassem dúvidas e questões. Na medida do possível, tentei esclarecer e sensibilizar para a pertinência de pôr em prática os Novos Termos, contrariando uma certa tendência humana de nos acomodarmos e reagirmos contra a mudança. Senti uma grande satisfação pela mobilização com que o Grupo respondeu e me acolheu, sendo de realçar a assiduidade, o interesse e a motivação que se geraram desde a primeira hora, e pela confiança que o Diretor do Centro AVCOA depositou em mim. Obrigada a todos! Como epílogo e agradecimento, fazendo jus ao título e tema do texto, preparei para o último dia um momento de convívio e uma pequena surpresa^

^a prova do VINHO DOS AÇORES^ acompanhada de biscoitinhos da ilha... 1032

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o Vítor, a Fábia e o Norberto surpreendidos^ Quero deixar aqui expressa a minha admiração a todos quantos contribuem para manter viva a Formação Contínua, aos Centros que a promovem e aos docentes que se inscrevem, visto ser uma condição necessária e uma oportunidade de atualização para darmos resposta e acompanharmos a “velocidade” com que a Ciência avança em todos os domínios! M. Cândida Martins, 13 /Nov/2014

FORMAÇÃO Renato Sousa Antunes

Decorreu na Escola Secundária Soares de Basto em Oliveira de Azeméis, entre os meses de Outubro e Novembro de 201 4, a acção de formação para docentes intitulada «Exploração da PORDATA em contexto educativo». Esta acção é promovida pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e desenvolve-se de acordo com a modalidade de oficina de formação. Isto significa, para todos os que possam não estar por dentro dos pormenores da formação creditada para docentes, que encerra tanto uma componente presencial (1 5 horas), como ano 3, n.º3

uma componente de trabalho autónomo (outras tantas horas de trabalho fora da sala de formação). O fim primordial da Fundação Francisco Manuel dos Santos é promover e aprofundar o conhecimento da realidade portuguesa, procurando desse modo contribuir para o desenvolvimento da sociedade, o reforço dos direitos dos cidadãos e a melhoria das instituições públicas. A PORDATA surgiu naturalmente no seio da Fundação, como explica a sua directora – profª Maria João Valente Rosa –, como “um projecto destinado a todos, pensado para um vasto número de utentes que comungam do interesse em conhecer, com confiança e rigor, mais sobre Portugal”. Esse conhecimento rigoroso da sociedade em que estamos inseridos aos mais variados níveis (desde a esfera nacional, à europeia e à municipal), começa obviamente pelo entendimento dos dados estatísticos e da evolução que os mesmos têm experimentado. É esse conhecimento efectivo, 1033

estatístico e factual da sociedade que nos permitirá perceber o que tem sido positivo e o que pode e deve ser melhorado; é através dele que podemos contribuir para uma proposta pública de melhorias clara e informada. Num contexto como o que vivemos actualmente no âmbito da apelidada sociedade de informação, o papel dos docentes tem tanto de fundamental como de complexo. Com a democratização do mundo virtual, do online, vieram as infindáveis fontes de informação. São milhões e milhões de sítios online com dados, tabelas, gráficos, notícias e estudos. Muitos dos quais ou não oferecem qualidade, ou não têm credibilidade, ou nem uma coisa nem outra. A maior dificuldade dos docentes é precisamente conhecer e aconselhar aos seus discentes fontes credíveis, com qualidade e fáceis de manusear. No fundo, uma ferramenta com a capacidade de facilitar a pesquisa, tratamento e apresentação de dados. É exactamente isso que revista AVCOA


o nosso portal – www.pordata.pt – oferece aos seus utilizadores. Na PORDATA podem ser consultadas e recolhidas informações estatísticas de dezenas de fontes oficiais e credenciadas, dos mais variados temas (desde a População, às Contas Nacionais, passando por exemplo pela Saúde, pelas Condições de Vida das Famílias ou pelo Emprego e Mercado de Trabalho) ao nível de Portugal, da Europa e dos Municípios. Podem assim ser retiradas ilações acerca da evolução de milhares de indicadores em Portugal, da sua comparação face aos restantes parceiros europeus (bem como da média europeia a 27 ou a 28), e da sua distribuição pelo território nacional (quer ao nível das comparações entre municípios, quer entre as NUTS I, II ou III). As sessões presenciais ocorreram com uma dinâmica assinalável, imprimida eminentemente pela heterogeneidade do grupo de formandos/docentes que, sendo provenientes de áreas de saber bastante diversas, trouxeram à discussão temáticas e indicadores bastante heterogéneos. Foi por isso uma experiência amplamente compensadora para mim, enquanto formador, dinamizar esta acção de formação. Promoveram-se dois momentos de apresentação de tarefas, um intermédio e outro final. No primeiro desses momentos, por altura da terceira sessão presencial, tivemos a oportunidade de ver e acompanhar ao vivo a ano 3, n.º3

construção de uma tabela com dois indicadores diferentes. A escolha dos temas e indicadores ficou ao critério de cada elemento/grupo, pelo que conseguimos ver indicadores bastante diversos de quase todos os temas que a PORDATA disponibiliza. No momento de apresentação final, na última das sessões presenciais, foi promovida a amostragem do exercício para alunos criado por cada elemento/grupo com o auxílio da fonte PORDATA. Este elemento, já com intuito de avaliação, teria de corresponder a uma temática do plano curricular dos docentes e já tinha como fim a aplicação efectiva junto dos alunos. Foi, portanto, resultado do que os formandos apreenderam durante as sessões e da forma como decidiram utilizar e orientar a ferramenta para os seus próprios currículos. Tivemos, como foi apanágio deste excelente grupo de trabalho ao longo de toda acção, um pouco de tudo: desde exercícios para aplicação directa em testes, a fichas de trabalho para realizar em sala de aula, passando por guiões de utilização da PORDATA. Os resultados práticos foram óptimos como se veio a verificar pela própria avaliação final e global da acção. Não podia, aliás, ser de outra forma dada a qualidade dos materiais produzidos na componente autónoma e apresentados em sala. Contudo apraz-me, nesta altura, ressaltar uma dimensão não raras vezes menosprezada pela dimensão de avaliação que as acções 1034

para docentes inevitavelmente comportam: os resultados não palpáveis desta oficina. Só quem esteve presente conseguiu perceber o espírito e o empenho que reinava em todo o grupo de trabalho. Todos os formandos se superaram, foram incansáveis, mesmo numa altura em que se multiplicava o seu trabalho nas escolas (com avaliações e reuniões). Criaram de facto ferramentas de análise e de trabalho que certamente irão servir para melhorar a sua prática lectiva. É inexplicavelmente compensador para mim perceber que a PORDATA serviu, mais do que como fonte credível de informação estatística, para alargar os horizontes de análise da realidade que nos rodeia e encerra a todos. Mais importante do que saber ler os dados é conseguir extrapolálos dos quadros e dos gráficos e percebê-los no contexto prático a que se referem. É exactamente aí que se gera a multiplicidade de opiniões e as discussões saudáveis e mais frutíferas que todos temos o dever de promover e alimentar. Espero voltar, já no próximo ano lectivo, a Oliveira de Azeméis para repetir a acção. Tenho a certeza de que voltarei a encontrar um grupo de formandos inexcedível. Até breve. Renato Sousa Antunes

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Este projeto surge com o objetivo de coordenar a comunicação e informação dentro da escola e de criar uma disciplina na área da chamada educação para os media, destinada aos alunos do 7.º e 8.º anos e que lhes dê as ferramentas necessárias para se orientarem neste mundo mediatizado em que vivemos. Os nossos jovens pertencem à geração digital, isto é, cresceram rodeados de aparelhos e de tecnologias de comunicação avançados, que utilizam com grande facilidade. São, por isso, apelidados de nativos digitais, aqueles que, desde muito pequenos, tiveram acesso a gadgets, “engenhocas” tecnológicas como tablets, smartphones, para além de um acesso quase ilimitado à internet, a filmes, a ano 3, n.º3

música, jogos, etc. A disciplina de Educação para os Media (sem acento, já que deriva do plural latino de medium= meio de comunicação) tem por objetivo ajudar os alunos a orientaremse entre os diferentes meios de comunicação, social e pessoal, dando-lhes a conhecer a sua evolução, as suas características e normas de funcionamento, divulgando as boas práticas de utilização, de maneira a formar cidadãos informados, conhecedores dos seus direitos e deveres enquanto utilizadores da comunicação. Nas aulas, os alunos refletem sobre os media, analisando jornais, programas de televisão, escrevendo notícias, recriando as primeiras páginas de jornais diários. Aprendem técnicas de fotografia e de filmagem, 1035

usando desde os seus telemóveis a câmaras semiprofissionais. Conhecem a história da rádio e da televisão e aprendem a fazer boas apresentações, conhecimentos que lhes podem ser úteis nas outras disciplinas. O projeto promove anualmente a Semana da Internet Segura, iniciativa que pretende sensibilizar os alunos para as questões relacionadas com a segurança no uso da internet. Entre outras atividades, houve filmes e documentários, para além de sessões de sensibilização sobre as redes sociais para os alunos do 2.º ciclo e uma sobre criminalidade informática para os alunos dos cursos profissionais. A parte não disciplinar do projeto está relacionada com a comunicação dentro da escola, revista AVCOA


como os televisores colocados no átrio da escola e na zona de convívio, que difundem informações sobre as atividades que se desenvolvem em cada dia ou vídeos de atividades já realizadas. Pontualmente, transmitem em direto iniciativas como, recentemente, os campeonatos de ténis de mesa. A vertente de televisão escolar passa ainda pela divulgação na internet, num canal no Youtube, de vídeos sobre as mais diferentes atividades do Plano de Atividades do Agrupamento. O próximo objetivo, que depende da aquisição de novos equipamentos, é a realização de um telejornal escolar. Também a rádio escolar, que celebrou em fevereiro quinze anos de emissões, contribui para a divulgação do cotidiano da comunidade escolar. É ainda ela que marca, com a sua música, o início e o fim dos intervalos. Promove, ainda,

sessões de karaoke ou concertos com alunos da escola, que atuam durante os intervalos. São também os professores e alunos da rádio que dão apoio técnico à maior parte das iniciativas que decorrem em espaços como o auditório ou o átrio. O projeto Oficina dos Media realizou este ano uma exposição multimédia sobre os 40 anos do 25 de abril, em colaboração com a área disciplinar de história e com a biblioteca escolar, com projeções em múltiplos ecrãs, que mostrou aos alunos pontos de vista diferentes sobre a revolução de abril. Esta exposição incluiu excertos de filmes e documentários, reportagens televisivas, apresentados por duas personagens virtuais criadas propositadamente. A página da escola na internet (disponível em www.esfcastro.net) é a face mais visível da escola no exterior, é o primeiro contato

que muitas pessoas têm com o nosso agrupamento. Daí o cuidado que colocamos no acompanhamento e divulgação de todas as atividades que têm lugar nas várias escolas. O projeto pretende ainda voltar a publicar o jornal da escola, jornal “A Selva”, embora num formato renovado, que possa complementar a edição em papel com uma versão multimédia, disponível na internet. Este ano foi-nos confiada a tarefa de realizar o anuário escolar, o qual propusemos que fosse sob a forma de um produto multimédia, distribuído em dvd. Este formato permite a utilização de outros recursos, para além do texto e da imagem, como vídeos e sons. Para o próximo ano letivo, o projeto pretende continuar a crescer e tentará chegar também às escolas do 1 .º ciclo, com atividades de divulgação dos media junto dos mais novos.

Cartaz da Semana da Internet Segura

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Rádio Impacto

Exposição Multimédia “Liberdade com Abril”

Este projeto tem duas vertentes: uma disciplinar, que se concretiza através da disciplina de oferta de escola “Educação para os Media” e uma não disciplinar, que tem visibilidade através de um projeto de rádio e televisão escolar e da página do Agrupamento na Internet. A disciplina de Educação para os Media tem por objetivo ajudar os jovens alunos do 7.º e 8.º ano a conhecerem melhor o mundo mediatizado em que se movem, muitas vezes apenas por instinto. De manhã à noite, os alunos estão imersos num mundo de imagens e sons que nem sempre sabem interpretar e interagir com eles. Estes chamados “nativos digitais” são-no, por vezes, inconscientemente, não se apercebendo das dificuldades e das “ratoeiras” do mundo digital. É por isso que falamos de segurança na internet e não só, pois os smartphones são, hoje, para os jovens, o elo de ligação com o mundo digital. Por outro lado, os meios de ano 3, n.º3

comunicação tradicionais continuam a acompanhar-nos diariamente e é preciso apetrechar os alunos com as ferramentas necessárias para os entender e saber lidar com eles. Conhecer os jornais e as revistas, a rádio e a televisão, como e por quem são feitos é importante para formar cidadãos esclarecidos, que conseguem formar opiniões próprias, ouvindo as opiniões dos outros. Formar novos públicos para os meios de comunicação tradicionais é também a nossa aposta. Assim, os alunos são incentivados a ler jornais, a ouvir programas de rádio e a ver programas de televisão. Estes são depois objetos de discussão e/ou de trabalhos práticos. Assim, os alunos conhecem os elementos que constituem uma primeira página de jornal, comparam diversos jornais do mesmo dia e, depois, são convidados a elaborar uma 1 .ª página com notícias por eles recolhidas. Depois de ouvirem diferentes estações de rádio, conhecerem diferentes tipos de programa, os alunos fazem os seus próprios programas de rádio simulados, misturam músicas, leem notícias, horóscopos, dão 1037

informações do tempo, comentam os filmes em exibição, etc. Também é dada importância às técnicas de apresentação de trabalhos, que são frequentemente um dos pontos fracos de muitos alunos, nem sempre por não saberem, mas por não prepararem adequadamente as suas apresentações. De igual modo, dá-se importância aos conteúdos televisivos, já que eles são (ou foram^) o substrato cultural de várias gerações. Hoje, apercebemo-nos que os jovens já veem pouca televisão e a que veem é selecionada, graças aos recursos de gravação que os operadores de tv por cabo disponibilizam. É frequente os jovens não verem um telejornal durante semanas e muito menos documentários ou programas de debate. Desta forma, o seu conhecimento do mundo é principalmente intermediado pela Internet, nomeadamente através do Facebook, quem todas as qualidades e defeitos das pessoas que nele publicam. revista AVCOA


O Agrupamento de Escolas Ferreira de Castro apresenta uma oferta formativa abrangente e diversificada que permite acompanhar os seus alunos desde o pré-escolar até ao final do ensino secundário com cursos para prosseguimento de estudos e cursos profissionalizantes. É um Agrupamento com Contrato de

Autonomia o que lhe permite alguma flexibilidade pedagógica e organizativa para propor atividades que visam acima de tudo a promoção do sucesso escolar dos alunos, tendo por base critérios de melhoria da sua aprendizagem. Fatores como uma liderança forte, mas participada, expectativas elevadas em relação ao

desempenho dos alunos, um clima propício à aprendizagem, a prioridade dada ao ensino de disciplinas estruturantes e um corpo docente motivado e cientificamente competente são os seus pontos fortes e têm contribuído para a satisfação de alunos, professores e encarregados de educação.

Atividades e Projetos para uma maior qualidade educativa Os departamentos curriculares dinamizam ao longo do ano letivo diversas atividades que visam a formação cultural, artística e científica da comunidade educativa.

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Projetos

Diversão Solidária Projeto de referência do Agrupamento continua a exercer a sua função solidária, prestando apoio a alunos e famílias carenciadas e dinamizando a Bolsa de Manuais Escolares.

ATL (2.º ciclo) e Férias Desportivas

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Educação para os Media : Rádio Impacto e TVEscolar

Eco- Escolas

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conta com a participação de alunos de todos os níveis do Ensino Básico.

Gabinete de Apoio ao Aluno

tablets na sala de aula

O Gabinete de Apoio ao Aluno prosseguiu a sua atividade, dando continuidade aos princípios orientadores do ano anterior, consignados no Código de Conduta do Agrupamento: o respeito e a responsabilidade. Mais uma vez, o projeto procurou apostar na articulação da escola com a família por acreditar que é nesta relação e na colaboração dos pais e encarregados de educação que reside a chave da resolução das situações cada vez mais complexas que surgem.

Uma parceria com a Porto editora e a Universidade de Aveiro, destinado a alunos do 1 0.ºano de Ciências e Tecnologias. Uma aposta forte na melhoria do processo de ensino aprendizagem e na formação de professores.

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Educação para a Saúde e Gabinete de Informação ao Aluno

Formação pedagógica e científica de docente Ao longo do ano letivo o Agrupamento, em parceria constante com o Centro de Formação AVCOA, foi ao encontro de algumas das necessidades formativas diagnosticadas pelos docentes e promoveu ações de formação destinadas aos diferentes grupos disciplinares, nomeadamente: “Novo programa de Português do Ensino Secundário e respetivas Metas Curriculares”, “O novo Moodle- uma ferramenta pedagógica”, “Ferramentas de Gestão”, “A folha de cálculo como ferramenta de apoio à prática docente”, “Quatro tardes, quatro cidades, um território”.

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Programa e Metas Curriculares de Português do Ensino Esta ação decorreu da formação previamente recebida e tem como grande objetivo a implementação do novo programa e metas curriculares de Português do Ensino Secundário. Na modalidade de oficina de formação, entre janeiro e março um pequeno grupo de professores de Português, na Escola Básica e Secundária Ferreira de Castro, num ambiente de total companheirismo, assistiu, discutiu e criticou o grande desafio que se avizinha. A Formadora Fernanda Marques

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Plano de Atividades, o balanço possível

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Este ano letivo, pela primeira vez, foi aprovado um Plano de Atividades do Centro de Formação de Associação de Escolas dos Concelhos de Arouca, Vale de Cambra e Oliveira de Azeméis. Foi na reunião da Comissão Pedagógica realizada a 9 de dezembro de 201 4 na Escola Secundária de Arouca que o mesmo foi aprovado. Foi um Plano de Atividades que não incluiu o Plano de Formação, objeto de um documento próprio e incluía as “outras” coisas que o CFAE AVCOA podia (e pode) organizar ^ [IN]FORMA A revista do CFAE AVCOA que está a ler é uma das atividades extra. Extra, mas fundamental para a divulgação do que é o Centro e os Agrupamentos que o constituem. É um elo importante da ligação do AVCOA ao território e às pessoas que o constituem Jornada de Formação - A obra de Ferreira de Castro & a Sétima Arte Realizada no dia 1 7 de janeiro na Escola Básica e Secundária Ferreira de Castro, com o apoio do Centro de Estudos Ferreira de Castro, esta atividade foi o pontapé de saída da Semana da Leitura no Concelho de Oliveira de Azeméis, que neste ano teve como mote “Um Livro, Um Filme” A Jornada, aberta a um público com diferentes origens, teve cerca de duas dezenas de participantes, que tiveram a oportunidade de falar sobre a obra fílmica baseada em obras do escritor osselense. No final foi vista a versão do realizador Leonel Vieira d’ A Selva. Foi uma forma simbólica do Centro de Formação participar numa atividade em que é um dos participantes habituais. Caminhada da Primavera – Caminho de Santiago – Troço sul No dia 21 de março, para celebrar o revista AVCOA


início da primavera, e também o Dia Mundial da Poesia, foi realizada a terceira edição da Caminhada da Primavera. Este ano, foi escolhido o troço sul do Caminho de Santiago que atravessa o concelho de Oliveira de Azeméis de sul para norte. Com esta caminhada, muitos dos participantes já percorreram o Caminho de Santiago, pois a primeira edição desta atividade foi feita no troço norte, entre o centro da cidade e São João da madeira. Fomos poucos os que nos fizemos ao caminho ^ poucos, mas bons ^ Fomos transportados, num autocarro da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, até ao Curval, no Pinheiro da Bemposta e daí por caminhos, quase sempre entre campos e matos, viemos até ao centro de Oliveira de Azeméis. 24 Horas das Bibliotecas Escolares A terceira sexta-feira do mês de maio, está reservada para o início das 24 Horas das Bibliotecas Escolares. Este ano decorreram em 1 5 e 1 6 de maio, centradas nas Escolas do Agrupamento de Escolas Dr. Ferreira da Silva, que acolheram duas das três atividades estruturantes. A abertura, com a atividade “Histórias de Comer e Chorar por Mais”, hora do conto destinada aos alunos mais pequenos, as crianças do pré-escolar e alunos do primeiro ciclo, aconteceu durante o almoço, às 1 3 horas. Este ano e neste Agrupamento as tecnologias da informação e comunicação foram usadas no evento. A contadora de serviço, a professora Lurdes Santos, adjunta do Diretor do Agrupamento, fez a leitura presencial para as crianças reunidas no refeitório da Escola Básica Comendador Ângelo Azevedo e em linha com todos os outros refeitórios do Agrupamento, através duma ligação via Skype. Noutros locais, como por exemplo numa das escolas básicas do Agrupamento de Escolas de Fajões, a professora bibliotecária ano 3, n.º3

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Fernanda Gonçalves, também contou uma história de comer e chorar por mais ^ À noite, foi na Biblioteca Cândida Reis, da Escola Básica e Secundária Dr. Ferreira da Silva, na Vila de Cucujães, que decorreu a atividade ponte entre o dia 1 5 e o dia 1 6. Mais duma dúzia de alunos do primeiro ciclo, acompanhados pelas professoras bibliotecárias, Ana Maria Neves e Isabel pardal peças fundamentais neste processo, Ana Maria Neves e Isabel Pardal, acompanhadas por duas Assistentes Operacionais, passaram a noite entre livros e histórias. Mas a intervenção do AE Dr. Ferreira da Silva não se ficou por aqui ^ durante a tarde, alunos do préescolar e do primeiro ciclo, bem como pais e encarregados de educação foram contemplados com um espetáculo poético-musical da autoria do escritor José Fanha e do músico Daniel Completo. Durante a tarde, as Bibliotecas Municipais dos três concelhos do AVCOA fizeram atividades. É exemplo a Hora do Conto que aconteceu na Biblioteca Municipal de Vale de Cambra. Nas instalações do Centro de Formação, decorreram três atividades. Às 1 7:30 na sexta-feira, destinada a Assistentes Operacionais e Técnicos decorreu a Jornada de Formação “Há mais vida para além do e-Mail” da responsabilidade da formadora Lisbeth Marques. Aio início da noite, foi a vez da inauguração da exposição de Pintura (e algo mais) da artista Leonor Sousa, “Para além dos Pincéis”. A encerrar o programa desta edição das 24 Horas das Bibliotecas Escolares, na manhã de sábado, decorreu a atividade “Pequeno Almoço, Conversas & Formação”, com diversas intervenções, sempre centradas nas Bibliotecas Escolares e no seu trabalho. ano 3, n.º3

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Agrupamento de Escolas de Búzio Vale de Cambra UM CONCELHO, UMA ESCOLA, MUITAS PESSOAS Setembro, outubro… Quando os primeiros arrepios do outono começam a fazer se sentir, é tempo de voltar à escola. É então que os edifícios escolares se povoam de passos, de ruídos, de vozes alegres que desejam “Bom ano!”. E, de facto, para a comunidade escolar, o ano começa em setembro. É nesse mês que, avançando contra os ventos, procuramos renovar o entusiasmo e, com energia, iniciar um novo ciclo.

Quando as folhas amarelecem e caem das árvores, na escola tudo se renova. Uns saem; outros entram. A instituição reorganiza-se. Os espaços reinventam-se. Há novos rostos, novas equipas de trabalho, novos horários, novas tarefas, novos projetos, novos desafios. Este ano, mais ainda do que em anos anteriores, o mês de setembro marcou o início de um novo ciclo. Naquela que é, institucionalmente, a única escola do Concelho de Vale de Cambra – o ano 3, n.º3

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Agrupamento de Escolas de Búzio – começa uma nova etapa. Passemos revista, em primeiro lugar, aos organismos que coordenam o Agrupamento. A Direção Executiva é, agora, uma equipa renovada, que estará em funções durante quatro anos. É constituída por cinco professores com diferentes formações académicas. Trabalham na implementação das orientações legais e na organização de todos os assuntos revista AVCOA


relacionados com a escola. Para coordenar e supervisionar os assuntos de caráter pedagógico e fornecer orientações educativas, o Conselho Pedagógico reúne, ordinariamente, uma vez por mês. Este Conselho é constituído por dois membros da Direção Executiva – o Diretor e a Subdiretora – e pelos Coordenadores Pedagógicos dos diferentes Departamentos e ciclos de ensino. Dele fazem parte, ainda, a representante dos Serviços de Psicologia e Orientação e vários Coordenadores: das Escolas Básicas de Búzio e de Dairas; dos Diretores de Turma; da Educação Especial; de Projetos do Agrupamento. Para assegurar a representação dos diversos membros da comunidade educativa, os membros do Conselho Geral, recentemente eleitos, reúnem ordinariamente uma vez por trimestre. Deste órgão fazem parte representantes do pessoal docente e não docente, dos pais e encarregados de educação, dos alunos, do município e da comunidade local. Finalmente, o Agrupamento conta ainda com um Conselho Administrativo, para tratar de questões administrativas e financeiras.

maturidade, sabedoria e valores de cidadania. São muitos os alunos que frequentam o Agrupamento de Escolas de Búzio – mais de dois milhares e meio. Estão divididos por diferentes níveis de ensino e, a partir do terceiro ciclo do ensino básico, também os separam diferentes opções. No terceiro ciclo, funcionam três turmas de ensino vocacional, destinadas aos jovens que desde cedo demonstram maior apetência pela vida prática. No ensino secundário, os jovens optam por diferentes cursos científicohumanísticos (predominantemente orientados para o prosseguimento de estudos) ou profissionais (predominantemente orientados para o ingresso no mercado de trabalho).

inteiro, que não conhece horários nem respeita o tempo que deveria ser de descanso. Depois, os assistentes operacionais. Incansavelmente, eles limpam os espaços que logo voltarão a sujar-se. Asseguram o funcionamento dos serviços: bar, reprografia, cantina, papelaria, biblioteca escolar. Acompanham os alunos nos intervalos e zelam pela segurança e bem-estar de todos. Corrigem os comportamentos inadequados. Aconselham. Apoiam crianças e jovens com necessidades educativas especiais. Coadjuvam os professores. E, em cada dia, procuram renovar e fortalecer a paciência necessária. Finalmente, os assistentes técnicos. Eles tratam da contabilidade e da gestão financeira do Agrupamento. As crianças e os jovens precisam de Desenvolvem tarefas administrativas quem os acompanhe. E são muitos e organizacionais. Estudam a os adultos que trabalham legislação em vigor. Apoiam os incansavelmente, todos os dias, para estudantes e respetivos que eles possam crescer e encarregados de educação, em desenvolver-se. questões de carácter técnico e Em primeiro lugar, os professores. Na administrativo. Passam horas a tratar sua componente letiva, passam horas de processos; a aceder às e horas com os alunos, nas salas de plataformas informáticas dos serviços aula – a ensinar, a incentivar, a do Ministério da Educação; a criar e aconselhar, a implementar atividades, preencher ficheiros e documentos; a a transmitir conhecimentos, a trabalhar nos computadores. desenvolver capacidades, a promover aprendizagens. Na sua componente Essencialmente, uma escola é feita Ora, para que servem todas estas não letiva de estabelecimento, de pessoas. Porém, é necessário que estruturas? Em última instância, uma passam horas a dinamizar projetos, a haja espaços que acolham a escola é um espaço de formação, coadjuvar colegas, a desempenhar comunidade escolar e forneçam às onde crianças e jovens acedem à cargos imprescindíveis ao bom crianças e jovens as infraestruturas instrução, adquirem conhecimentos e funcionamento da escola, a apoiar os imprescindíveis a um ensino de valores. Todas as estruturas alunos, a desenvolver atividades qualidade. E todos percebemos que escolares estão ao serviço dos complementares destinadas aos as mais de três mil pessoas que alunos. É para eles que a escola estudantes. Na sua componente de constituem a comunidade educativa existe. E tendo em conta que, em trabalho individual, passam horas a (sem contar com os encarregados de pleno século XXI, ainda há no nosso estudar; a preparar aulas; a participar educação, que são sempre bem planeta tantas crianças e jovens a em reuniões; a planificar atividades; a vindos) precisam de bastante espaço! quem a instrução é recusada, apenas elaborar, corrigir e avaliar trabalhos e Para isso contamos com vários desejamos e esperamos que os provas; a fazer formação; a criar edifícios que se encontram dispersos estudantes do nosso concelho documentos e materiais; a refletir por todo o concelho. É claro que a saibam aproveitar plenamente as sobre a melhor forma de resolver os dispersão dificulta as tarefas de oportunidades que lhes são problemas pedagógicos que vão gestão e a articulação pedagógica, proporcionadas e cresçam em surgindo. É uma tarefa a tempo mas é inevitável, num concelho ano 3, n.º3 revista AVCOA 03 29


geograficamente amplo como Vale de Cambra. E, sem dúvida, há muitos outros problemas que afetam os edifícios. Bastaria referir, como exemplo flagrante, as obras que se arrastam na Escola-Sede há quase cinco anos e que transformam o dia a dia de quem lá trabalha e estuda num verdadeiro inferno. Só com muita energia, paciência e força de vontade se torna possível resistir^ E terminamos aqui esta visita guiada à nossa escola – o Agrupamento de Escolas de Búzio, de Vale de Cambra. Optamos por chamar-lhe, muito ternamente, a “nossa escola” porque ela é, efetivamente, de todos nós, aqueles que vivem e trabalham em Vale de Cambra. E precisa do cuidado, carinho e atenção de todos, para ser uma escola cada vez melhor. Porque – convém que não o esqueçamos – a nossa escola existe para nós, para cuidar daquilo que temos de mais precioso: os nossos filhos, futuro da nossa existência.

É para eles que a escola existe. É para eles que trabalhamos, para formar cidadãos instruídos e esclarecidos, que venham a ser pessoas de valor – e com valores – na sociedade. E eles são muitos, muitos, mas bom seria que fossem mais ainda. São muitos os nossos alunos, oriundos de todas as freguesias; provenientes de diferentes meios socioeconómicos; pertencentes a diversas faixas etárias; aspirantes a vários projetos de vida. São tantos que é difícil contá los. Mas aqui fica o registo (aproximado) do número de alunos: 2780, distribuídos por 1 26 turmas, dos diversos anos de escolaridade: ▪ Pré-escolar: 431 ▪ 1 º ciclo: 730 ▪ 2º ciclo: 421 ▪ 3º ciclo: 682 - ensino regular: 61 7 - ensino vocacional: 65 ▪ ensino secundário: 51 6 - cursos científico-humanísticos: 291 - cursos profissionais: 225

Paula Margarida Pinho (Professora responsável pelo projeto “Palavras em torno da Escola”) Vale de Cambra, novembro de 2014

A equipa da Direção Executiva

Pessoal docente e não docente

Esta equipa, constituída de acordo com as diretrizes legais em vigor, é formada por cinco professores: ▪ Diretor: Pedro Martins; ▪ Subdiretora: Sandra Pinho; ▪ Diretoras Adjuntas: Alexandrina Cascarejo, Isabel Pires, Madalena Azevedo.

Os alunos, sozinhos, não formam uma escola. Nem seriam alunos, se não tivessem professores. Crianças e jovens precisam de orientação e de acompanhamento, dentro e fora da sala de aula, nas diversas escolas do Concelho. Para isso, contam com os professores, os assistentes operacionais (outrora designados como contínuos e, mais tarde, como auxiliares da ação educativa) e os assistentes técnicos (funcionários administrativos). Os números, aproximados, são os seguintes:

Os edifícios O Agrupamento de Escolas de Búzio conta com diversos edifícios, destinados aos vários níveis de ensino: ▪ Escola-Sede: Escola Básica e Secundária de Búzio (com 3º ciclo e ensino secundário); ▪ Escola Básica de Dairas (com 2º e 3º ciclos); ▪ Escola Básica de Búzio (com 1 º e 2º ciclos); ▪ 1 4 escolas com pré-escolar e 1 º ciclo; ▪ 3 jardins de infância (com pré escolar). ano 3, n.º3

Alunos, alunos e mais alunos

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▪ Professores: - Pré-escolar: - Primeiro ciclo: - Segundo ciclo: - Terceiro ciclo e ens. secundário:

270 29 47 29

▪ Assistentes operacionais:

1 00

▪ Assistentes técnicos:

13

1 65

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em conversa com o Dr. Pedro Martins

DIRETOR DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE BÚZIO, VALE DE CAMBRA

Decorrido um ano sobre a tomada de posse do Dr. Pedro Martins como Diretor do Agrupamento, pareceu­nos ser o momento oportuno para o conhecermos melhor e sabermos quais os projetos que a equipa da Direção Executiva tem para as Escolas do Concelho. Por isso preparámos algumas perguntas às quais, gentilmente, o Diretor do Agrupamento acedeu responder.

de iniciar um novo projeto e, principalmente, o querer unificar todas as escolas deste mega agrupamento, tentar que todos trabalhem em torno dos mesmos objetivos. Portanto, encaro esta minha nova fase com sentido de missão. 2. Como é a sua rotina, num dia normal de trabalho?

O conceito de rotina não se aplica muito nesta função, pois todos os dias são diferentes, com novas solicitações e novos problemas, que muitas vezes temos de resolver no imediato. Mas, ainda assim, posso dizer que o dia começa por volta das 8h30m, após deixar a minha filha na escola. A hora de saída é que não existe, pois depende muito do que surge durante o dia. Porém, habitualmente saímos da escola depois das 1 8h.

O Diretor do Agrupamento de Escolas de Búzio, Dr. Pedro Martins, aquando do seu discurso na Festa de Finalistas, no dia 6 de junho de 201 5. 1. Que razões o levaram a candidatar­se ao cargo de Diretor do Agrupamento?

Devo começar por dizer que a minha principal vocação é ensinar. No entanto, a minha formação de base é na área de Gestão de Empresas. Este foi um dos motivos que me levou a candidatar me, mas existem outros, tais como a experiência acumulada, o sentir-me capaz ano 3, n.º3

3. Nestes meses de trabalho à frente do Agrupamento, quais as maiores dificuldades que tem sentido?

Naturalmente temos sempre que dar resposta aos problemas que vão surgindo diariamente, com professores, funcionários, alunos e encarregados de educação, mas aqueles que nos causam maiores dificuldades estão essencialmente ligados à elevada carga burocrática imposta pela máquina do Estado. Para além destas dificuldades, temos as obras na escola-sede, que nos levantam alguns problemas de logística, para os quais eu peço a compreensão de todos, relativamente a um ou outro constrangimento que daí possa advir. 03 31

4. Quais considera serem os pontos fortes e os pontos fracos do nosso Agrupamento de Escolas?

Vou começar pelos pontos fracos, referindo as dificuldades que temos atualmente na escola sede, com as obras que tardam em estar concluídas e, consequentemente, a eliminação de espaços de aulas e as transferências sucessivas de espaços físicos, para dar espaço ao empreiteiro para avançar para a fase seguinte. Uma outra dificuldade é a falta de assistentes operacionais, mas este problema é difícil de superar, pois o Estado impõe rácios que temos de cumprir. Como ponto fraco, salientamos também a falta de equipamentos informáticos, sendo certo que a Parque Escolar não vai equipar o nosso Agrupamento como o fez em outras escolas. Como pontos fortes, temos um corpo docente já estabilizado, uma vez que nos últimos anos não tem havido movimentação de professores. Portanto, mantêm-se os mesmos, o que é positivo porque permite, sem grandes transtornos, um trabalho continuado ao longo de um ciclo. Contamos com uma equipa de assistentes operacionais e técnicos com uma elevada experiência, dedicados e empenhados, prontos sempre a responder às solicitações da Direção. É de referir a biblioteca escolar, já entregue pela Parque Escolar. Trata-se de um espaço amplo e agradável, para que os alunos que pretendam estudar, pesquisar e realizar trabalhos o façam num ambiente acolhedor e tranquilo. Finalmente, um outro ponto forte deste revista AVCOA


Agrupamento reside no facto de termos alguém na gestão dos destinos da educação no nosso Município, a senhora Vereadora da Educação, Eng.ª Catarina Paiva. Para nós, é muito positivo ter na Câmara uma pessoa que conhece bem as dificuldades existentes no Agrupamento e que certamente quer o melhor para toda a comunidade educativa e para o Concelho.

prende se com as capacidades dos novos alunos, que variam de um ano para o outro. Efetivamente, temos de ser realistas: verificam-se anos em que os resultados dos alunos são bastante melhores e outros menos bons. Poder-se-ia afirmar que isso se deve aos recursos humanos, mas de facto não é verdade, porque há mais de cinco ou seis anos que o corpo docente se mantém estável, isto é, são os mesmos professores. Depois existe concorrência desleal: nós, escola pública, aceitamos – e 5. Quais são as linhas­mestras do muito bem – todos os alunos; não fazemos Projeto Educativo do discriminação. Recebemos alunos que as Agrupamento? escolas privadas não levam a exame, No essencial, temos duas grandes porque isso lhes prejudicaria as médias. linhas-mestras no Agrupamento. Não inflacionamos as classificações Uma está diretamente relacionada internas, somos honestos, o que já não com os resultados: a diminuição da acontece com o setor privado, onde em taxa de abandono escolar e a média as classificações internas são diminuição da taxa de reprovação. A superiores 3 valores em relação aos outra linha-mestra está direcionada resultados obtidos nos exames nacionais para o bem-estar geral da pelos seus alunos. Também tenho comunidade escolar, como, por consciência de que há no nosso exemplo, melhorar as condições Agrupamento alunos que não pretendem físicas de todas as escolas do seguir para o ensino superior e, por tal Agrupamento; disponibilizar aos motivo, estudam só o mínimo que lhes alunos as áreas de formação que permite concluir os estudos. Estes, pretendem, de forma a mantê-los no logicamente, prejudicam as médias do Concelho; etc.. Agrupamento. Na minha opinião, os rankings deveriam 6. O nosso Agrupamento de ser elaborados com base numa amostra Escolas costuma ficar muito bem da escola e não com o universo da posicionado nos rankings que mesma; por exemplo, escolhendo os 30 dizem respeito às classificações melhores resultados, ao invés de obtidas nas provas de avaliação considerar todos. externa (exames). Porém, no ano Não posso deixar de aproveitar a passado, os exames não correram oportunidade para fazer uma crítica ao tão bem como era habitual. sistema, que às escolas com melhores Na sua opinião, quais os fatores resultados nos rankings concede melhores que condicionaram os resultados? condições e mais crédito horário para E o que poderá ser feito para apoio aos alunos e, pelo contrário, às melhorar a situação? escolas com resultados menos bons corta Existem muitas variáveis a analisar o crédito horário, eliminando a hipótese de para explicar este tipo de resultados. os seus alunos terem aulas de apoio e No entanto, há que referir que contribuindo, assim, para alargar o fosso ficámos sempre acima da média entre os melhores e os menos bons. Não nacional. A primeira dificuldade está deveria ser ao contrário? associada às sucessivas alterações dos espaços físicos disponíveis para 7. Na sua opinião, quais são os grandes os alunos, devido às obras da desafios que atualmente são lançados Parque Escolar. Outra dificuldade às escolas públicas? ano 3, n.º3

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Atualmente os desafios lançados às escolas são muitos, começando desde logo com as sucessivas alterações administrativas que o Governo está a realizar, com imensas plataformas informáticas que temos de preencher, com alterações na forma de trabalhar os processos administrativos, com a retirada de alguns procedimentos da escola para os serviços centrais (e consequente centralização excessiva). Um outro desafio é a concorrência levada a cabo pelas escolas privadas. Acho lamentável que uma escola privada possa abrir um determinado curso num município e que uma escola pública não o possa fazer. É uma concorrência desleal, pois nem sequer é dada hipótese à lei da oferta e procura. Relativamente ao nosso Agrupamento, que é esse que nos interessa, um dos maiores desafios é combater a desertificação, o decréscimo da população e a taxa de natalidade extremamente baixa. E, por último, gostaríamos que nos autorizassem a construir uma oferta formativa que permita a fixação dos jovens no nosso Concelho. 8. Para terminar, que mensagem gostaria de deixar à comunidade escolar, em particular, e à comunidade concelhia, em geral?

À comunidade escolar manifesto o meu agradecimento pelo apoio que me tem dado ao longo deste ainda pequeno percurso. Quero dizer que podem contar comigo para solucionar problemas e melhorar o sistema. As solicitações são muitas e por vezes não conseguimos dar lhes resposta com a desejável rapidez, pelo que peço a vossa compreensão. Aproveito também, mais uma vez, para referir que o Agrupamento precisa de todos. Somos todos importantes, cada um nas suas tarefas, e é neste sentido que vos peço para caminharmos unidos e em sintonia neste grande e tão nobre desafio que é educar o futuro deste País. O Agrupamento está sempre de portas abertas para toda a comunidade revista AVCOA


concelhia. É muito importante sabermos o que pensam e o que esperam do presente e do futuro. Queremos trabalhar em parceria, para nos tornarmos um Agrupamento de excelência. Vale de Cambra, junho de 2015. Entrevista conduzida, em suporte escrito, por Paula Margarida Pinho, professora responsável pelo projeto “Palavras em torno da Escola”.

Nota biográfica: Pedro Vítor Mota Martins nasceu em Lisboa, onde residiu até aos 4 anos de idade, no dia 1 8 de junho de 1 969. Licenciou-se em Gestão de Empresas, em 3 de julho de 1 993, pelo ISLA Instituto Superior de Línguas e Administração. É casado com Cristina Picado, também professora, e pai de uma menina em idade escolar. Entre 1 991 e 1 994, trabalhou como adjunto do Administrador Financeiro na empresa Renova, S.A.. Optou pelo ensino em 1 994, passando a ser professor do ensino secundário, no grupo 500 – Matemática – e, a partir de 2002, no grupo 430 – Economia e Contabilidade. Lecionou também no ensino superior a cadeira de Gestão Financeira e Orçamental do Curso de Gestão de Empresas. No ensino secundário, lecionou nas Escolas Secundárias de Tomar, Torres Novas, Chamusca, Abrantes, Ponte Sor, Sever do Vouga, São João da Madeira e, claro, Vale de Cambra, onde pretende terminar a sua carreira. Trabalha no Agrupamento de Escolas de Búzio desde 1 999, com uma interrupção no Agrupamento de Escolas de Oliveira Júnior (São João da Madeira). Tem lecionado as disciplinas de Contabilidade, Economia, Cálculo Financeiro, Marketing, Sociologia, Área de Integração, etc.. Desempenhou os cargos de diretor de curso, diretor de turma, representante de grupo disciplinar e membro do Conselho Geral (noutro Agrupamento). Tomou posse como Diretor do Agrupamento no dia 6 de junho de 201 4.

Rumo ao ensino superior

EI-LOS QUE PARTEM, OS JOVENS

A conclusão do ensino secundário marca o fim de um ciclo. E, para a maioria dos jovens, está associada a um importante rito de passagem. É o momento em que conquistam uma autonomia relativa: deixam a família e a cidade pacata que os viu nascer e passam a viver entregues a si próprios na cidade grande, ao mesmo tempo que enfrentam as dificuldades e desafios impostos pelo ensino superior. Na escola, sentimos a falta dos seus rostos familiares, das suas vozes ecoando nos corredores. Mas a vida continua...

Uma escola não é feita, apenas, das pessoas que lá estão. Os que por ali passaram, há mais ou menos tempo, também fazem parte da escola. Deixaram atrás de si uma espécie de sedimento, um rasto subtil que, de vez em quando, se aviva, ganha cor e ressalta das tintas esmaecidas da memória coletiva que todos partilhamos. Falemos dos que recentemente nos deixaram: os finalistas do ano passado, que em setembro partiram para a universidade ou para o mundo do trabalho. Todos os anos, na nossa escola, aproximadamente duzentos alunos terminam o ano 3, n.º3

ensino secundário, nos cursos científicohumanísticos e profissionais. A vida e os diferentes percursos se encarregam de os dispersar e não é fácil saber o que é feito deles. Porém, relativamente ao ingresso no ensino superior, temos acesso a alguns dados. Vale a pena analisá-los e refletir um pouco. Os números refletem tendências, mudanças subtis^ e, não raro, suscitam a nossa perplexidade e, mesmo, alguma preocupação. Dos 260 alunos que se inscreveram para a realização de exames nacionais, no ano de 201 3/201 4, apenas 1 54 tencionavam 03 33

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candidatar-se ao ensino superior. Mas, desses 1 54, somente 93 apresentaram, efetivamente, a sua candidatura. Este número leva-nos a interrogarmo-nos: por que motivo apenas 63% dos jovens que tencionavam prosseguir estudos tentaram realmente ingressar na universidade? Será que pensaram melhor e optaram por tentar a sua sorte no mercado de trabalho? Terão os exames corrido mal? (Lembramos que, com uma classificação de exame inferior a 9,5 valores, os alunos podem obter aprovação, mas ficam sem prova de ingresso, o que inviabiliza qualquer candidatura ao ensino superior público ou privado.) Será que alguns alunos optaram pelas universidades privadas e, portanto, não chegaram a apresentar a sua candidatura na plataforma da DGES (Direção Geral do Ensino Superior)? Ou, ainda – hipótese pouco simpática mas, infelizmente, bastante plausível –, será que as dificuldades financeiras, que se têm avolumado nas famílias valecambrenses, inviabilizaram ou adiaram, para muitos jovens, o sonho de ir para a universidade? Enfim: ficam no ar muitas interrogações, para as quais não conseguimos encontrar respostas, com os dados de que dispomos. Dos 93 alunos que se candidataram ao ensino superior, 84 ficaram colocados na 1 ª fase, o que corresponde a uma percentagem muitíssimo boa, de 90%. Destes 84, porém, apenas 44 (52%) conseguiram colocação na 1 ª opção pretendida. Neste ponto, a nossa escola não conseguiu fugir à tendência nacional. Efetivamente, em 201 3/201 4 foram menos os alunos, no país inteiro, que conseguiram ficar colocados na 1 ª opção – o que talvez se deva, em grande parte, ao facto de ter aumentado o número de candidatos, invertendo a tendência dos últimos anos. Mesmo assim, a grande maioria dos alunos (81 %) obteve colocação numa das duas primeiras opções indicadas. Quanto às universidades preferidas, na lista dos quinze estabelecimentos mais frequentes surge em primeiro lugar a Universidade de Aveiro, com 32 colocados. Em segundo lugar, os jovens escolheram a Universidade do Porto, com 1 9 colocados. Em terceiro lugar está a Universidade de Coimbra, com 1 5 colocados. Os outros candidatos dispersaram-se por diferentes cidades do país. Se fizermos uma pausa para refletir e recorrermos aos arquivos da nossa memória, constatamos uma mudança nas preferências dos jovens valecambrenses que se estreiam na universidade. Há ano 3, n.º3

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alguns anos atrás, Coimbra vinha em primeiro lugar, na lista de colocações. Porém, gradualmente, os jovens começaram a dar preferência à universidade geograficamente mais próxima – a de Aveiro. A tendência para optar por uma universidade menos distante persiste, quando nos referimos à Universidade do Porto. Mais uma vez, deixamos no ar algumas perguntas. A opção por cidades mais próximas terá na sua base a preocupação de rentabilizar os recursos financeiros das famílias, evitando as despesas associadas a grandes deslocações? Os estará relacionada com o prestígio crescente de alguns dos cursos (sobretudo das áreas das engenharias) oferecidos pelas Universidades de Aveiro e do Porto? Quanto à escolha dos cursos, muitos jovens parecem ter privilegiado, em grande parte, o critério da empregabilidade, tendo em conta a conjuntura do país e as áreas que ainda estão a oferecer empregos. Na lista dos quinze cursos mais frequentes, as engenharias estão em primeiro lugar, com 27 colocados. As outras colocações mais frequentes situam-se, sobretudo, na área das Humanidades. É curioso verificar que a grande maioria dos alunos de Ciências e Tecnologias optou por cursos de engenharia ligados às áreas em expansão no mercado de trabalho (a informática, a eletrotecnia e as telecomunicações), evitando os cursos da área da saúde. Aqui se confirma uma viragem que já tem vindo a fazer-se sentir nos últimos anos: os jovens de Vale de Cambra não escolhem cursos de enfermagem ou de formação de técnicos superiores de saúde. Da listagem dos quinze cursos mais escolhidos constam apenas duas colocações num curso da área da saúde – mais especificamente, em Medicina. Todos os anos, antes de partirem, os nossos finalistas são muito mimados pela comunidade escolar. Como se uma grande festa não bastasse, eles têm direito a duas festas: a Festa de Finalistas, em julho, e a Festa do Diploma, em setembro. Cada festa é um momento de alegria e de satisfação, em que acolhemos os jovens finalistas e as suas famílias. E cada uma das festas é a expressão do regozijo de toda a comunidade educativa, conforme os votos formulados deixam transparecer: Avancem sem medo! Boa sorte! Venham connosco! Sejam felizes!

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Perdemos sempre alguma coisa, para conquistarmos algo maior. Perdemos a infância; conquistamos a vida adulta. Perdemos a nossa terra natal; conquistamos a cidade grande. Perdemos a escola que nos viu crescer; conquistamos a universidade. Perdemos o aconchego da família; conquistamos a autonomia e a liberdade. Para já, para nos consolarmos, fica a certeza de que os nossos jovens virão passar em casa a maioria dos fins de semana. Mas não nos iludamos: eles serão cada vez menos nossos, até se tornarem adultos independentes. É esta a lei da vida. Convém que nos resignemos. E mais tarde, quando terminarem os seus estudos superiores, voltarão para nós? Ou o fascínio da vida nas grandes cidades levará a melhor? Gostaríamos de acreditar que eles voltarão como jovens adultos, cidadãos bem formados e esclarecidos, prontos a contribuírem para o crescimento da nossa terra. E que, tal como crianças irrequietas que acordam com o seu entusiasmo o avô que tranquilamente dormitava no velho banco de jardim, assim eles virão despertar e renovar a nossa cidadezinha sonolenta, placidamente aconchegada entre montanhas verdes. Paula Margarida Pinho (Professora responsável pelo projeto “Palavras em torno da Escola”) Vale de Cambra, dezembro de 2014

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