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31 de janeiro de 2013

• A Voz de Ermesinde

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A VOZ DE

ERMESINDE

MAIS DE 50 ANOS – E MAIS DE 900 NÚMEROS! N.º 901 • ANO LIII/LV

31 de janeiro de 2013

DIRETORA: Fernanda Lage

M E N S Á R I O

PREÇO: 1,00 Euros (IVA incluído)

TAXA PAGA PORTUGAL 4440 VALONGO

• Tel.s: 229757611 / 229758526 / 938770762 • Fax: 229759006 • Redação: Largo António da Silva Moreira, Casa 2, 4445-280 Ermesinde • E-mail: avozdeermesinde@gmail.com

“A Voz de Ermesinde” - página web: http://www.avozdeermesinde.com/ URSULA ZANGGER

Luís

Ramalho “A Voz de Ermesinde” entrevista neste número o presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde, que aqui passa os olhos sobre a realidade da cidade e da autarquia. Págs. 3, 4 e 5

DESTAQUE Formação e Educação de adultos vista à lupa

Págs. 6 e 7

Câmara de Valongo aprova alteração ao Plano e Orçamento para acolher fundo do PAEL

Pág. 8

Católicos recordam o massacre de Guiúa e falam da situação da Igreja em Moçambique

Pág. 9

O crematório é investimento de futuro numa junta que deve ser auto-sustentável A c o m p a n h e t a m b é m “ A Vo z d e E r m e s i n d e ” o n l i n e n o f a c e b o o k

Agradecimentos de “A Voz de Ermesinde”

Pág. 10

A VOZ DAS PALAVRAS

Os livros

Pág. 11

BASQUETEBOL

CPN campeão distrital de juniores femininos mais uma vez

DESPORTO

EDIÇÃO NET * EDIÇÃO NET * EDIÇÃO NET


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A Voz de Ermesinde • 31 de janeiro de 2013

Destaque

FERNANDA LAGE DIRETORA

Revolucionários conservadores

EDITORIAL

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Encontrei há dias um amigo que me dizia: – somos uns revolucionários conservadores, sempre estivemos agarrados a tudo que nos cercava; hoje, por mais que o mundo se altere continuamos na mesma, cheios de encargos e impostos, mas continuamos agarrados ao património dos nossos antepassados numa perspetiva de conservar e preservar o que nos deixaram. Somos assim com as nossas coisas pessoais, com o património das nossas terras, do nosso país. Na verdade sempre nos encontramos nas lutas pela defesa do património cultural e natural. Aprofundamos os nossos conhecimentos em conversas e ações de formação, participamos ativamente em associações de Defesa do Património. Hoje dei comigo a fazer o balanço de toda esta trajetória. Na verdade, nesses meios, aprendeu-se a respeitar e admirar o trabalho dos outros, desenvolveram-se ações de solidariedade, respeito mútuo, ética, responsabilidade social e cooperação. Aprendemos o valor da memória de um povo e a importância das suas raízes. Hoje as escolas, as juntas de freguesia, as câmaras municipais, em colaboração com diferentes associações e outros organismos, realizam por este país fora um trabalho de sensibilização e defesa do Património Cultural e Natural muito significativo. O Património Cultural e Natural é algo que faz parte da vida de cada um de nós e, como tal, precisa de ser respeitado, mas se o queremos respeitar temos que o conhecer e dar a conhecer aos outros, por isso a importância das visitas orientadas a locais de interesse ambiental, histórico e cultural.

Muitas Câmaras Municipais e Juntas de Freguesias têm acarinhado e compreendido as festividades cíclicas que se desenvolvem ao longo do ano no nosso país, é o caso do “Enterro do João” que se realizará mais uma vez em Ermesinde. Ernesto Veiga de Oliveira refere no livro “Festividades Cíclicas em Portugal” que esta tradição do “Enterro do João” se realizava «numa região limítrofe do Porto, situada a norte da Areosa e compreendida nas antigas Terras da Maia». O “Enterro do João” caracteriza-se por uma série de aspetos verdadeiramente notáveis: «A conotação complexa da personagem central, o seu nome, tipo, figura o seu sentido geral indecoroso, burlesco, FOTO URSULA ZANGGER visceral, libertino e erótico, corporizando e representando integralmente um período de completa liberdade licenciosa, que, seja qual for a sua natureza, é concebida por uma forma difícil de superar, e se manifesta na aparência do boneco, na natureza dos actos, palavras e atitudes que em relação a ele e sob o seu signo e inspiração se praticam». 1 No Carnaval ninguém leva a mal e, como tal, não admira que o povo aproveite este tempo para criar, adaptar ou conservar com toda a liberdade o seu gosto, mentalidade e desejos. É tudo uma questão de cultura, e não me admirava nada que este testamento com uma boa dose de criatividade, mesmo com alguma brejeirice, venha a ser enriquecido com realidades mais próximas das nossas vivências. Mas voltemos aos revolucionários conservadores, na minha juventude defender a cultura popular era um ato revolucionário, e hoje não me sinto conservadora por considerar que não podemos perder a memória e as raízes dos nossos antepassados, mas acrescento que é fundamental construir património que integre o que de melhor esta e as novas gerações consigam legar. 1

Ernesto Veiga de Oliveira, “Festividades Cíclicas em Portugal”, Publicações Dom Quixote 1984.


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• A Voz de Ermesinde

Destaque

• GRANDE ENTREVISTA • GRANDE ENTREVISTA • GRANDE ENTREVISTA •

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Luís Ramalho

– «Queremos que a Junta seja auto-sustentável!» Luís Ramalho, presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde, eleito pelo PSD, aproxima-se da fase final do seu mandato à frente da autarquia, em época de grande agitação entre as freguesias, que estão no centro das atenções dada a reorganização administrativa territorial. “A Voz de Ermesinde” entendeu que era uma altura oportuna para o ouvir sobre os grandes temas relativos à vida da cidade (e freguesia) de Ermesinde. LC

O encontro com Luís Ramalho teve de começar com algum atraso porque o autarca tinha ido, com alguma urgência, resolver algumas questões relacionadas com a reorganização do mercado de Ermesinde. E foi, por isso, precisamente pelo mercado que começou a nova conversa. “A Voz de Ermesinde” (AVE) – Quais são, na verdade, os planos para o mercado de Ermesinde? O concurso de ideias trouxe alguma coisa que pudesse aproveitar-se? Luís Ramalho (LR) – O concurso de ideias deu lugar a algumas coisas interessantes e a outras sem qualquer viabilidade e fora do contexto. Na situação atual a única coisa que é viável é arranjar uma roupagem nova para o mercado e reorganizar o espaço. Por exemplo, lancei um desafio, no facebook, que está a ter muita aceitação, no sentido de alugar lojas abandonadas no mercado a pequenas empresas, que hoje, com os meios digitais e um telefone, precisam apenas de um pequeno espaço para funcionar. Para dar mais viabilidade ao funcionamento daqueles serviços ou empresas, há a hipótese de virmos a isolar o piso de baixo. No mercado vai ser necessário ainda recuperar a estrutura existente. Mas novo mercado, nem pensar! AVE – As grandes ideias de um centro de congressos estão abandonadas de vez? LR – Sim, de certo modo, o que temos é de potencializar o Fórum Cultural de Ermesinde e aprender com as experiências positivas e negativas, dos concelhos à nossa volta.

AVE – E como está a situação nos cemitérios de Ermesinde? O que há de novo quanto ao crematório? LR – Precisamente nesta altura, e depois de cinco anos, vão abrir as inumações no cemitério n.º 1. Neste momento o cemitério n.º 2 tem disponíveis 58 espaços de enterramento e o cemitério n.º 1 282 (após os tais cinco anos de inatividade). É necessário avaliar muito bem esta situação. A uma média de cerca de 400 funerais por ano, a capacidade dos cemitérios ficaria esgotada num ano. Estamos a ver se uma bioenzima que estamos agora a utilizar nos cemitérios sempre consegue – como é anunciado – acelerar significativamente a decomposição dos corpos. Isso poderia permitir estender a capacidade de acolhimento dos cemitérios para três anos, mas há fatores

que poderão intervir negativamente – como a humidade do solo, por exemplo. Assim sendo, teríamos três possíveis cenários de solução definitiva ou provisória: 1º – Não inumar; 2º – Construção de um terceiro cemitério; 3º – Construção do crematório. Claro que a primeira não resolve e apenas adia a solução do problema; a segunda também não tem muita viabilidade, pois há muito poucos terrenos disponíveis em Ermesinde e, além disso, estes terão que ter certas características de solo e humidade adequados à função. Ainda assim uma das poucas hipóteses seria na zona de Sampaio. O crematório, por sua vez, sendo um equipamento que pressupõe investimento, era suscetível de, no futuro, ser sustentável, já que seria o equipamento deste género mais interior desta região, podendo assim ser preferido aos crematórios mais junto do litoral, até porque não só ficaria mais perto, como sobretudo ficaria menos oneroso, dados os custos dos serviços das funerárias ao quilómetro. A Junta de Freguesia não tem que dar lucro, mas deve ser auto-sustentável. Uma coisa que eu tenho tentado fazer é governar a Junta com os resultados de exercício, sem recorrer a receitas dos mandatos anteriores à minha chegada à Junta. No sentido de se auto-financiar a Junta já preparou um regulamento de taxas para ser-

viços de jardinagem (a exemplo da Junta de Baguim do Monte), a que os fregueses podem recorrer, se o pretenderem, a preços melhores que a concorrência. Também estamos disponíveis para serviços de construção nos cemitérios, mas a divulgação deste serviço não é uma tarefa fácil, porque envolve questões de ética, e temos de confiar mais na divulgação boca a boca. AVE - Quanto ao largo da feira velha, onde o jornal “A Voz de Ermesinde” tem a sua redação, precisamente, sempre se vai fazer alguma coisa? LR – Não será feita a requalificação inicialmente prevista. Ainda assim está previsto um investimento de 50 mil euros, que prevê a deslocalização do parque infantil para o lado oposto do largo, a colocação de pontos de luz, rede de águas pluviais, repavimentação do espaço, pelo menos parcial, recolocação de bancos, colocação de papeleiras, enfim tirar-lhe o ar de abandono que presentemente tem. AVE – Qual é a situação do Parque Socer? LR – Este espaço, entregue ao município há cinco anos, conta ainda apenas com quatro moradias concluídas, tem sido alvo de roubos de cobre e do sistema de rega e as casas de banho

FOTOS URSULA ZANGGER

foram vandalizadas. De facto, se a instalação das pessoas tivesse avançado, muitos destes furtos teriam menos viabilidade, mas com a situação assim não pode fazer-se muito mais. Por exemplo não há viabilidade para novas casas de banho. AVE – E quanto à ETAR? LR – Felizmente as queixas quanto ao funcionamento da ETAR estão a diminuir. E a situação deverá melhorar com a cobertura que está prevista para este equipamento, permitindo minimizar os maus cheiros exteriores, os quais, como se sabe, têm sido um grande entrave ao desenvolvimento da zona. AVE – E quanto às margens do Leça o que se pode fazer? LR – Não há autonomia para intervir nas margens, o que torna mais difícil qualquer ação. É preciso ter a autorização da CCDRN e cumprir um processo burocrático no qual há muitas entidades a intervir. É desolador que quando o rio começa a ter peixes – já lá voltei a encontrar pescadores, que aliás se assustaram à minha aproximação –, galinholas e patos, se veja tanta acumulação de lixo nas margens e no seu curso. Nós queremos devolver o rio aos três arcos da ponte, na Travagem, como ele era antigamente, já que a margem foi sendo atulhada para estacionamento dos feirantes, no tempo em que se realizava ali perto a feira. Também a velha ponte de pedra, que hoje não passa de uma amálgama de pedra e cimento, sem valor patrimonial e sem

grande funcionalidade, poderia ser vantajosamente removida. A questão social AVE – Outro equipamento de que se tem falado muito é o estádio. A solução agora encontrada é satisfatória para a cidade? LR– Quando a Câmara Municipal de Valongo anunciou a construção de um novo estádio já não tinha dinheiro e, por isso, foi boa a solução encontrada de permutar os terrenos do campo de jogos dos Montes da Costa, que ficarão com capacidade construtiva e do Estádio de Sonhos, que será municipal e requalificado. Claro que se pode dizer que o copo está meio cheio ou meio vazio (porque já não há um estádio novo), mas com os atuais constrangimentos, parece ser uma solução a contento de todos, sobretudo do Ermesinde SC. Mas o estádio vai ter que estar aberto às outras coletividades, porque não pode haver a anulação das outras respostas desportivas. AVE – Como está a situação da habitação em Ermesinde? Há gente na rua? LR – Não há pessoas a dormir na rua. Os casos detetados são encaminhados para os albergues do Porto, mas a lista de espera para habitação social é enorme. Ao mesmo tempo há 3 500 fogos livres (!), desocupados por pessoas que deixaram de pagar as casas. Nestes casos é a rede familiar e de vizinhos, na primeira linha, que acode aos que mais precisam.


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Destaque

• GRANDE ENTREVISTA • GRANDE ENTREVISTA • GRANDE ENTREVISTA • Não se conseguem sinalizar todas as situações de carência, mas os pedidos de atendimento no Gabinete Social da Junta cresceram muito. De preferência, a nossa autarquia age com um caráter preventivo. A minha maior preocupação, neste momento, é até com a classe média que deixou de ter poder de aquisição e viu a sua vida degradarse rapidamente de uma forma dramática. Há uma rede assistencial, a começar pela família, e a estender-se pela segurança social, que suporta as maiores necessidades, e só depois entramos nós, com o nosso Fundo de Emergência Social. Estudamos a situação das dívidas e fazemos um plano de gestão, liquidando-as em troca da prestação de trabalho socialmente necessário, vindo a grande maioria dos utentes da massa de beneficiários do RSI ou do Fundo de Desemprego. Este trabalho social responsabiliza não apenas o indivíduo mas o agregado familiar. Pode ser mais que uma pessoa deste agregado a prestá-lo. Pela nossa parte temos o cuidado de liquidar as contas o mais perto possível do final do seu prazo limite, mesmo assim já nos deparamos com situações de não cumprimento do acordado. AVE – E como está a cidade em termos de ambiente? LR – No que respeita às preocupações da Junta há falta de papeleiras e necessidade de uma maior fiscalização quanto aos dejetos de animais domésticos. Todos os animais devem estar sinalizados (vacinados e com chip), sendo enviados esses dados para a Junta. Nós sabemos as horas a que a fiscalização deve incidir mais. Por outro lado há custos que o Estado já não deveria suportar, como os das campanhas de vacinação. Só deve ter um cão quem o possa ter. AVE – Quanto às situações da segurança, como estamos?

LR – Sabemos que não tem havido apresentação de queixas de furtos de estabelecimentos, mas está a aumentar o furto ao interior de veículos. E o tecido social está cada vez mais frágil. Isto é uma situação que pode estourar a qualquer momento. AVE – E na Educação, em particular como está a educação e a formação profissional e de adultos em Ermesinde? LR – Eu próprio fui fruto da primeira geração da formação profissional – fui técnico administrativo. Mas é muito diferente o perfil dos formandos hoje. Há 15 anos atrás era uma alternativa, hoje os formandos são considerados um refugo. É lamentável o curso atual da formação profissional. Quanto à educação de adultos – CNOs e cursos EFA – as ferramentas estavam lá, mas nem tudo correu bem e o mercado encarregar-se-á de fazer a triagem. Houve muitas situações erradas. Não era o regime que estava mal, o problema foi dos CNOs que acabaram por fechar e dos formandos que não aproveitaram bem essa acreditação de competências. Alguns ainda se gabaram de não terem sido eles a fazer os próprios trabalhos. Os CNOs e cursos EFA sofreram de um problema do grau de exigência e houve excesso de liberdade. No meu ensino básico eu fui um aluno muito bom, com uma professora muito rígida, à moda antiga, mas depois veio uma professora nova que nos dava muito mais liberdade e muitos de nós, como eu, não souberam aproveitar essa liberdade. Os resultados pioraram e só voltaram a melhorar quando a professora antiga voltou e teve que cortar essas liberdades. Voltando à formação de adultos, não deviam ter sido impostos números mínimos de certificações. O ensino regular e a formação não são a mesma coisa e

não podem ser dados pelas mesmas pessoas. Professores não são formadores. A formação profissional não deveria ser ministrada nas escolas.

como inúteis. Há apenas que ultrapassar o problema das rotinas. A Câmara Municipal, por exemplo, tem várias atividades gratuitas para os seniores e a

O museu de Ermesinde deveria preservar a história das comunidades, do passado agrícola e do brinquedo AVE – E quanto à população mais idosa? LR – A situação dos seniores hoje é distinta. Hoje os avós recomeçam a ser vistos como uma mais-valia. E já não são vistos

Junta de Freguesia também está empenhada em proporcioná-las, através de uma rede de parcerias. Hoje em dia esta será até a faixa etária com mais respostas.

AVE – Há zonas de Ermesinde que continuam muito mal servidas de transportes, como o Mirante de Sonhos... LR – Sim, é verdade. Uma solução passaria por ligar o centro escolar do Mirante de Sonhos ao núcleo habitacional, já que este foi implantado em zona de difícil acesso, e pior, sem nenhuma mercearia ou nenhum café e as pessoas depois veem-se obrigadas a criar respostas clandestinas. A STCP não consegue chegar lá e voltar pelas atuais vias existentes, dada além do mais a inclinação do terreno. Outra situação anómala é a de Sampaio. Estudou-se a possibilidade de um transporte que fosse ao empreendimento habitacional e voltasse depois à Simões Lopes, talvez com um autocarro mais pequeno, como para o alto de Sonhos, mas nesta fase, a STCP diz-nos que os autocarros pequenos estão a ser usados para não eliminar certas carreiras. É verdade que o serviço público é pago por todos e que às vezes, no período noturno, havia muitas carreiras sem ninguém. AVE – Como está a situação do edifício da Refer, antiga sede da Junta de Freguesia? LR – Esse edifício foi comprado inicialmente com a ideia de ser demolido. Depois acabou por ser usado para várias funções, quer dos gabinetes técnicos da Refer quer, numa última fase, albergando trabalhadores. Durante este período e depois degradou-se muito, o cobre foi arrancado, está queimado por dentro, seria muito difícil e onerosa a sua recuperação para uma utilidade pública, além de que é um edifício pouco acessível, com o único acesso possível a ser feito a partir da Rua do Passal. Sem um programa de financiamen-

to adequado, não há uma solução para ele. AVE – E quanto a equipamentos da Junta como a Biblioteca e a Loja Social? LR – A Biblioteca tem um funcionamento muito reduzido, só o Espaço Internet da Junta tem uma frequência razoável. Interrogo-me mesmo sobre a utilidade da Biblioteca, existindo tão perto o polo de leitura da Biblioteca Municipal na Vila Beatriz. Quanto à Loja Social, pelo contrário, tem sido um projeto com uma resposta muito positiva. Tem-se tentado manter a qualidade da oferta e passam por lá cerca de 30 a 40 clientes por dia. Temos cerca de 85 fornecedores regulares. AVE – A Junta tem um projeto de hortas urbanas... LR – Estamos numa fase inicial. Para já há um espaço em Sampaio, com terra já preparada para cultivar, terreno esse que foi cedido pelo Luís Vasques. A expetativa é que haja mais proprietários que se disponham a fazer o mesmo. A ideia é incentivar o espírito de permuta e aumentar as possibilidades de subsistência das famílias que queiram cultivar esses terrenos. A Junta também tentou obter a anuência dos proprietários dos terrenos da antiga fábrica de Sá, mas certas condições particulares não o permitiram. Questões de Cidadania AVE – Para quando um museu em Ermesinde? LR – Tenho tentado convencer o Dr. Jacinto Soares a ceder à Freguesia, como núcleo central de um futuro museu, o seu riquíssimo espólio – o trabalho de uma vida – garantindo que um elemento da família ficaria sempre ligado a ele, até porque ainda corre o risco de se perder, no futuro, se nada se fizer para garantir a sua preservação. Seria um polo museológico comparti-


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• GRANDE ENTREVISTA • GRANDE ENTREVISTA • GRANDE ENTREVISTA •

lhado pela Câmara, Junta e Família de Jacinto Soares. O Museu deveria preservar a história das comunidades, o passado agrícola, o brinquedo. Quanto ao brinquedo há uma polémica sobre a importância relativa de Ermesinde e Alfena, que eu entendo deve ser compartilhada. Um edifício onde era possível acolher esse espólio – e o Dr. Álvaro Pereira mostrou-se até agora dialogante – é o Pavilhão de Mecânica da Escola Secundária de Ermesinde. AVE – Fizemos alguns reparos à forma como decorreu, no ano passado, o Enterro do João. Há alterações este ano? LR – O alinhamento será o mesmo, já o boneco, por exemplo não pode ser feito pelo

mesmo autor do do ano passado, que entretanto faleceu. Continuamos a achar que deve haver maior moderação na linguagem,

considera que o principal e mais antigo Enterro do João era o de Sá, mas a verdade é que foi este o que chegou até nós, e a família

Para mim a recandidatura de Tavares Queijo será muito estranha de combater porque ele sempre colaborou comigo embora possa haver alguma tolerância a um outro palavrão. É certo que relativamente a esta tradição, o Dr. Jacinto Soares

Ramboia continua a ser a detentora de alguns segredos desta tradição, preservando até dessa maneira o seu protagonismo.

AVE – Entrando agora numa área mais política, o Conselho da Cidade não tem funcionado. O que é preciso fazer? LR – O Conselho da Cidade tem à partida demasiados participantes, os representantes das forças políticas, as coletividades... é um modelo a repensar, já que não é bem compreendido o papel de cada um. Talvez devesse haver, por exemplo, apenas representantes do conjunto das coletividades e não de todas...

o PS já escolheu, e escolheu de novo Tavares Queijo, para a candidatura à presidência da Junta de Freguesia de Ermesinde. Que comentário lhe merece esta candidatura? LR – Para mim essa será uma candidatura muito estranha, no sentido em que terei muita dificuldade em opor-me e atacar uma pessoa que sempre colaborou comigo e com o

qual estabeleci as melhores relações políticas neste mandato. Não posso agora começar a bater-lhe só porque é candidato contra mim. E também não sei qual se ele estará em boas condições para avançar com a candidatura, que me parece mais uma certa imposição do partido. Mas as circunstâncias da política nacional também podem determinar alguma coisa.

AVE – Há a ideia de criar uma Assembleia de Freguesia de Jovens? LR – Sim, que trabalhasse em, articulação com a Assembleia Municipal de Jovens. E pudesse trabalhar dois ou três temas com maior profundidade. AVE – Há problemas com os limites territoriais de Ermesinde? LR – Sim, mas não são graves, como os de Alfena. Existe uma situação intraconcelhia entre Ermesinde e Alfena e duas situações entre concelhos na Palmilheira (que envolve Valongo e Maia – Águas Santas) e na Formiga (entre Valongo e Gondomar – Baguim). Nestes casos os limites nunca foram aprovados de comum acordo pelas respetivas freguesias. Esta última será a situação mais difícil de resolver. O Seminário, por exemplo, de facto pertence a quem? AVE – Passando a uma última questão, mais partidária,

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Destaque

• FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO DE ADULTOS •

Formação de adultos – o menosprezo por uma missão essencial LC

Neste número de “A Voz de Ermesinde”, e através do depoimento de alguns técnicos comprometidos com a missão social de promover o conhecimento e a ânsia do conhecimento num público adulto, deixamos aos nossos leitores uma reflexão sobre o estado do mundo aqui e agora e sobre o obscuro projeto, assumido ou não, de promover a estratificação social, dessa forma supostamente estimulando as condições ótimas para um desenvolvimento desumanizado e assente em premissas de sucesso económico que, pelo

contrário, mais não fazem do que extremar as condições da exclusão e a promoção de uma ainda maior desigualdade – este sim, um índice em que Portugal vem sendo exímio. Se as condições concretas da formação de adultos, aqui ou ali, poderão estar (ou dever estar) sob vigilância – veja-se a referência que a ela é feita neste número de “A Voz de Ermesinde” pelo presidente da Junta de Freguesia local, Luís Ramalho – não deixa de notar-se que recursos fraudulentos por parte de formandos beneficiam de níveis de tolerância bem diversos se o são por parte de sujeitos excluídos,

no âmbito das novas oportunidades que lhes são criadas pela educação de adultos – seja qual for o programa que a promove –, ou se o são no quadro da escola oficial e regular, onde são de sobejo conhecidos os recursos com que muitos estudantes torneiam o défice de conhecimento, já que os métodos livrescos, impessoais e competitivos, isso permitem, quando não o fomentam. E não é, naturalmente, por que um aluno copia no teste ou até por que um ministro, de forma inaceitável, consagra o seu estatuto académico, que a escola ou mesmo o ensino universitário é logo, de imediato,

no seu conjunto, considerado de exigência, qualidade ou idoneidade duvidosas. A acumulação de uma bolsa de competências, de uma massa crítica transformadora da sociedade que a envolve, deveria ser orgulho e recurso precioso e inalienável das instituições que se movem no campo da solidariedade social, ultrapassada a visão serôdia de uma ação meramente destinada ao socorro dos moribundos sociais. Excluídos a quem em breve a marginalidade cívica que lhes resta há-de arrastar como desperados e fazer cobrar à sociedade a distração de que deu mostras,

por falta de uma visão holística e de uma determinação em transformar o mundo. A reflexão sobre a educação e formação de adultos, que remete para uma reflexão sobre os processos de exclusão social, remete também, como vimos, para os processos educativos, no seu conjunto, para a conceção e finalidade educativa, para processos pedagógicos que são em si mesmos libertadores de energias e de visão crítica – fazendo mover a arte, a ciência e a organização e olhar sobre o mundo e já em si os contendo como agentes de transformação interna dos formandos –,

ou para processos educativos cujo projeto não ultrapassa o de reproduzir, no melhor e no pior, aquilo que é vigente e... dominante. A perceção crítica de que dão mostras estes atores/autores dos processos de educação de adultos, questionando o seu próprio papel, exige naturalmente que eles próprios se questionem enquanto agentes de transformação – a missão a que se referem – que desbravem caminhos, e que percebam ainda que o seu mundo-ilha não é o universo, e que a “realidade” se encarrega de estabelecer os critérios prioritários de intervenção.

Educação e formação de adultos, hoje – um olhar crítico TERESA MEDINA (*)

A educação e formação de adultos tem sido um campo de ação educativa marcado por profundos debates sobre os seus objetivos e modos de organização e funcionamento. Numa visão mais redutora têm-lhe sido atribuídas, essencialmente, funções de qualificação de mão de obra para um mercado de trabalho em constante mutação, de gestão social do desemprego e dos fenómenos de exclusão social, de adaptação das pessoas a um mundo em mudança, cujo sentido não é questionado. Enquanto importante direito social, tem sido assumida, por muitos outros, como um processo emancipatório, potenciador das capacidades individuais e coletivas de leitura e compreensão do mundo e de intervenção crítica e criativa nos processos de trabalho e de transformação social. Nesta tensão entre mandatos tão diversos, a educação de adultos em Portugal tem atravessado fases de maior desenvolvimento ou de estagnação, marcadas claramente por diferentes ciclos políticos. A momentos de avanço, têm-se sucedido fases de grandes recuos, como a que atualmente estamos a atravessar. Para além de muitas e diversas críticas de que podem ser alvo as políticas de

formação de adultos que vinham a ser implementadas, no âmbito da Iniciativa Novas Oportunidades, é indiscutível que, nos últimos anos, se assistiu a um grande incremento do trabalho e da intervenção nesta área, com o envolvimento de muitas e diferentes entidades, de mais de nove mil profissionais e de mais de um milhão de adultos, a grande maioria dos quais há muito afastados de qualquer percurso de formação escolar e/ou profissional. Se a preocupação com o cumprimento de indicadores estatísticos causou alguma perturbação no funcionamento de diversos Centros Novas Oportunidades (CNO), contribuindo para uma certa descredibilização dos processos de formação de adultos então em curso, a verdade é que, o que esteve verdadeiramente em causa em muitas das críticas que lhe foram dirigidas, foi a recusa, não sustentada cientificamente, em admitir a existência de percursos de aprendizagem diferenciados e de saberes e conhecimentos em pessoas pouco escolarizadas. De facto, a maior parte das críticas não assentou em qualquer análise aprofundada dos problemas existentes nem na procura de soluções que permitissem a sua superação, e muito menos o reconhecimento das suas potencialidades, as quais foram claramente reveladas em muitos estudos, nacionais e internacionais, realizados por diferentes entidades e investigadores. Neste quadro, a decisão do Governo de desmantelar a rede de CNO, que se traduziu já no

encerramento da maioria, no despedimento de milhares de profissionais e no malbaratar de um património de experiências e conhecimentos entretanto adquiridos, configura um novo e profundo retrocesso na Educação e Formação de Adultos. A forma como todo este processo tem vindo a ser conduzido é reveladora não só de uma grande falta de respeito para com os adultos, os profissionais, as instituições e o erário público, mas também de muita incompetência. Efetivamente, muitos adultos foram colocados numa situação de enorme instabilidade, confrontados com o encerramento do centro onde estavam inscritos, encaminhados (ou não), a meio do percurso, para outro centro (que poderá também vir a encer-

rar), deixando de ser acompanhados pelos profissionais que já conheciam e na contingência de não concluírem o processo. Profissionais qualificados, e com muita experiência, veem-se no desemprego ou impossibilitados de trabalhar, desbaratando-se os seus conhecimentos e a sua dinâmica. Muitas instituições, com uma grande experiência acumulada, veem-se impossibilitadas de continuar a assegurar importantes respostas educativas para as quais tinham sido disponibilizados significativos meios humanos e materiais, o que se traduz, também, num delapidar de recursos públicos. Ao mesmo tempo que estão a ser eliminadas ou fortemente condicionadas modalidades de educação e formação de

adultos, como os processos RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências) e os cursos de EFA (Educação e Formação de Adultos), que tiveram um forte impacto na vida de muitos milhares de pessoas, que deles se apropriaram, vivenciando experiências de formação em que se sentiram valorizadas e que lhes permitiram o estabelecimento de novas relações com o conhecimento, o saber, a formação e a escola, assistimos ao aprofundamento de discursos e medidas centradas no acentuar dos défices de qualificação dos adultos e em lógicas de controlo social, designadamente dos desempregados e beneficiários do Rendimento Social de Inserção. É neste sentido que podem FOTO CF/CSE

ser compreendidas as prioridades agora definidas, designadamente a ênfase de novo colocada em processos de escolarização e no ensino recorrente, bem como no programa Vida Ativa, tornando obrigatória para muitos a frequência de diversas ações de formação de curta duração (Formações Modulares Certificadas, com módulos de 25 ou 50 horas). De facto, a frequência de módulos de formação soltos, desgarrados e desarticulados entre si, ao não assegurar uma verdadeira qualificação profissional, tende mais a acentuar processos de desqualificação pessoal e profissional, facilitando a criação de condições e disposições subjetivas para uma maior aceitação da precariedade, da desregulação e desregulamentação das relações de trabalho e a desarticulação do Estado social. Ao mesmo tempo, as tipologias de formação agora preconizadas, claramente desajustadas dos adultos a que, pretensamente, se dirigem, tendem a provocar o desinteresse (e mesmo rejeição) pelos processos educativos e formativos, perdendo-se toda uma dinâmica de educação e formação de adultos que tinha sido criada e que urge retomar.

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Investigadora, professora na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto.


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• FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO DE ADULTOS •

O que nos move É razoável questionarmo-nos sobre a missão. Como alguém referiu um dia, «tudo o que se faz na comunidade é feito em função da Missão». A missão é então este desígnio máximo, individual e coletivo, que nos move acerca de 60 anos sem resiliência para «melhorar a qualidade de vida das pessoas». A «acompanhar as necessidades da população local, em particular as mais desfavorecidas», abrangendo, «simultânea e diretamente, todos os grupos etários», na agitação do dia a dia, nas contrariedades da vida, próximos, presentes para responder à promoção do futuro coletivo. Na década de 90, para contrapor a crescente maleita social, assumimos o caminho, com os projetos de luta contra a pobreza. Promovemos as redes de vizinhança e apoiámos as necessidades básicas da comunidade, mediando e articulando com as instituições públicas locais e nacionais as respostas às carências de uma pobreza urbana crescente. As respostas à pobreza da exclusão. Criámos estruturas que concorressem para o desenvolvimento holístico das crianças e jovens. Incentivamos a participação pela via do associativismo.

Trouxemos e levamos a Europa. Abrimos novos horizontes. Novos desafios se impuseram. Do flagelo do desemprego de 1993, ao quase pleno emprego de 2002, demos a resposta. Contribuímos para o sucesso individual, respondemos às necessidades da economia local, articulando a oferta com a procura, incentivando jovens e adultos a apostar na formação. Ancorados às raízes da instituição, tomamos como orgânica a missão. Porque tal como um organismo vivo, adaptamo-nos às exigências do tempo, acompanhando as transformações, as formas de intervenção. Respondendo às necessidades básicas, passamos também a olhar mais além, trabalhando a base de quem nos procura. Na confiança extrema de que é na transformação interna do sujeito que reside também a emancipação, intervenção crucial para responder, com sucesso, aos fenómenos de exclusão social. E a passada década foi a assunção do compromisso de um dos mais altos valores humanos: a formação. A formação como instrumento possível de favorecer a mudança. A valorização do espaço para a formação foi ganhando

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terreno na nossa intervenção, pela perceção do retorno de resultados na melhoria das condições de vida de quem se formava. Um processo que resultou de uma alargada rede de parcerias, que ao longo de 10 anos estabelecemos com universidades (Universidade do Porto, Universidade de Coimbra, Universidade Católica Portuguesa), instituições públicas (IEFP, escolas públicas) e privadas (centros de formação nas mais variadas áreas profissionais) e empresas, um trabalho que visou responder à valorização das qualificações da população local. Assumimos o compromisso de um dos desígnios nacio-

nais: fazer convergir os níveis de qualificação da população portuguesa para a média europeia. Durante a última década mobilizámos mais de 4 000 processos de qualificação, certificámos mais de 1 000 adultos e jovens, na componente escolar e profissional. Reforçámos a motivação para o estudar, estimulando a autoconfiança para que se vá mais longe e se estabeleça novas metas de conquista na formação individual. Não perdendo o sentido da missão, alargamos a nossa ação para contrariar os efeitos nefastos de uma crise económica que se pronunciava no horizonte e que depressa se consolidou, URSULA ZANGGER

também ela, numa crise social sem precedentes. O desemprego disparou, para máximos nunca antes imagináveis. Com os cortes orçamentais e o minguado investimento público, a formação de adultos tende a circunscrever-se a um perverso fim de aquisição de competências, retalhado, e pouco consequente na valorização do sujeito no seu todo. Na exigência dos números, a quantificação da resposta ao suposto mercado de emprego, cada vez mais inexistente, revelou-se uma miragem inconsequente na vida dos desempregados. Por tudo isto, e não perdendo o foco, redefinimos a ação da valorização pessoal, não esperando que a formação seja condição sine qua non de um limitado pensamento para o trabalho, restruturamos a intervenção, mobilizamos sinergias, dia a dia, para a formação de um espaço de empreendedorismo. E deslumbramos um novo horizonte, com novas exigências que nos levam a tomar o caminho. A prosseguir o empenho coletivo que nos move há mais de 6 décadas para transpor as íngremes barreiras que se impõem, na certeza de que até aqui, sempre presentes,

acompanhamos, apoiamos, ajudamos e contribuímos para a melhoria das condições de vida da comunidade. Está-nos no código genético, esta forma de participar e de projetar o futuro. Somos próximos. Partimos de dentro, sem burocratizar as vidas. E ampliamos a intervenção na base de um saber multidisciplinar para responder aos desafios, por vezes decretados. Prevemos então uma nova etapa que vá ao encontro de uma estratégia que vise um «crescimento inteligente, sustentável e inclusivo», paralelo no traçado pela meta 2020 da União Europeia. E que promova por isso, o sujeito e o resgate do risco de “pobreza ou exclusão”, investindo na sua “qualificação e formação”. Ambicionamos também, intervir sobre os riscos do abandono escolar precoce, incentivando a aposta no aumento da formação. Por estas razões, estamos comprometidos a seguir este projeto, com a comunidade como farol a guiar-nos, mais uma vez. É o que nos move...

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Texto da responsabilidade da Equipa de Formação Profissional e Emprego do Centro Social de Ermesinde.

Mitos de um ruinoso processo de desumanização FLORENTINO SILVA (*)

Chegou o momento, apregoam alguns com pompa e circunstância. Chegou o momento de virar a página, reforçam sem a razoabilidade que a razão lhes possa dar, julgando a sua certeza, na crença de uma cientificidade que lhes está ausente. Ajuizando, em lugar próprio, a sua limitação sobre o espaço da emancipação humana. Enchendo de mitos o que já outrora se revelou como a ruinosa desumanização. E seguem, cada vez mais isolados, porque já são poucos os que trilham o mesmo caminho de uma distopia de desinvestimento social. Na educação, um dos pilares essenciais das sociedades contemporâneas, um falso pragmatismo prevê relegar o investimento da formação dos sujeitos à tecnicidade enformadora. Procura-se transformar o lugar precoce da emancipação crítica dos indivíduos no lugar da preparação para uma profissionalidade cada vez mais ausente. Anuncia-se, com pompa e circunstância, a urgência na reindustrialização do país, para tomar medidas que servem para justificar a mudança dos processos de formação dos indivídu-

os. E sustenta-se que a crise é estrutural; e que o problema associado é também o resultado de um deficitário sistema de ensino, caro ao erário público, e que não responde às necessidades de uma economia empresarial moderna e pujante; acrescentando-se, ainda, segundo alguma expertise, um deficit de aquisição de conhecimentos no universo dos aprendentes. Propõe-se então entroncar, de forma dúbia, o desenvolvimento do País com a necessidade de se reformar o sistema de ensino e formação. Uma reforma com características pronunciadas de um tempo de má memória, associada a um sistema dual de formação que mais não estimula do que as assimetrias sociais, resguardando a manutenção do status quo. Àqueles que podem, um sistema de ensino que proporcione aprendizagens que despertem o desenvolvimento de um pensamento criativo e crítico, a todos os outros, permitir-se-lhes que se preparem para o lugar que vão ocupar (na futura profissão, por exemplo). Estes últimos, depois de formatados para a actividade profissional, se não conseguirem uma resposta condigna ao exercício das suas aprendiza-

gens, sempre poderão optar pelo trabalho indiferenciado, frequentar novos processos de reconversão profissional e ou candidatar-se a um subsídio de subsistência. Resumindo, do cardápio de encargos, deixou de estar presente, por bloqueamento e saudosismo ideológico, um dos princípios estruturantes e motivadores da nossa constituição: a igualdade de oportunidades; garante essencial do nosso investimento individual e coletivo para o

futuro. Que Portugal querem(os)? Até há bem pouco tempo, Portugal ocupava no quadro internacional um dos lugares cimeiros no campo da educação e formação de adultos (EFA). Aliás, eramos vistos como uma referência na implementação das políticas de EFA. Um estudo de 2009, desenvolvido pela Universidade Católica, sob a coordenação de Roberto Carneiro, revelava que o sistema de EFA, implementado na «IniciaURSULA ZANGGER

tiva Novas Oportunidades [foi], indiscutivelmente, um dos mais importantes programas das últimas décadas nos domínios da qualificação e da promoção humana da população portuguesa». A avaliação demonstrou, que para além do aumento dos níveis de qualificação e certificação dos adultos, houve também ganhos substanciais na aquisição de novas competências, com destaque para as literacias, como o «uso das TIC e da capacidade para aprender a aprender». Foi possível constatar um «efeito generalizado do reforço da auto-estima e da motivação para novas aprendizagens» por parte dos adultos. O investigador Pedro Félix, refere que o relatório: “Further measures to implement the action plan on adult learning: Updating the existing inventory on validation of non-formal and informal learning: Final report”; classificou Portugal nos cinco melhores países «em matéria de validação de aprendizagens não formais e informais, obtendo a classificação de “high”, a mais elevada». Resultou desta avaliação uma posição a par com países como a Finlândia, a França, a Holanda e a Noruega. Curiosamente, países que ocupam o pódio do índice do desenvolvi-

mento humano. Nas palavras do pesquisador a «publicação avaliou a implementação de medidas e políticas de validação de aprendizagens informais e não formais em 34 países, sendo acompanhada por relatórios individuais, da responsabilidade do Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional (CEDEFOP) de cada um desses países». Portugal foi dos países que na última década mais progressos fez no campo da educação, resultado de «políticas de redução do défice de qualificação da população adulta» que contribuíram para contrariar mitos criados, pouco credíveis. António Damásio, reputado neurocientista, recorda, em entrevista este mês, a propósito dos cortes anunciados na educação, que «um défice educacional conduz, invariavelmente, a um défice económico e social». Então, se os mitos, com base em preconceitos, servem o propósito do empobrecimento e o retrocesso civilizacional como chave de um suposto sucesso para sair de uma crise financeira, não nos estaremos a comprometer como povo no futuro?

(*) Membro da equipa da Formação Profissional e Emprego do Centro Social de Ermesinde.


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A Voz de Ermesinde • 31 de janeiro de 2013

Destaque

CÂMARA

MUNICIPAL

DE

VALONGO

Câmara de Valongo aprova alteração ao Plano e Orçamento para acolher financiamento já disponível do PAEL

FOTOS URSULA ZANGGER

A Câmara Municipal de Valongo (CMV) aprovou em sessão realizada na passada quinta-feira dia 24 de janeiro, a primeira alteração do Orçamento e primeira alteração das Grandes Opções do Plano, de forma a integrar nas suas contas o financiamento do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL) recentemente tornado disponível, após o visto do Tribunal de Contas ao Plano e Orçamento da CMV. Nesta sessão foi a ainda aprovada a realização de mais uma edição da Expoval, feira de atividades económicas do município de Valongo. LC

A Câmara Municipal de Valongo acaba de aprovar, com seis votos a favor (PSD e Coragem de Mudar) e três abstenções (PS e Afonso Lobão), a primeira alteração do Orçamento e das Grandes Opções do Plano para 2013. A discussão foi pacífica e quase inexistente. No ponto de informações do presidente da edilidade, João Paulo Baltazar, antes do período da Ordem do Dia, aquele apontou a próxima semana como o início do pagamento da dívidas a mais de 30 dias, caso viessem a confirmar-se, tal como o foram, as expetativas sobre a aprovação da alteração do Orçamento camarário. Nesse ponto João Paul Baltazar confirmou também a cessação de todas as comissões de serviço dos quadros da Câmara e a nomeação de direções interinas, em alguns casos em confirmação de funções e noutros procurando mobilizar as competências profissionais demonstradas por outros quadros. O presidente da Câmara agradeceu também a todos aqueles que agora terminavam as suas funções de chefia certo de que todos tinham feito o seu melhor, o que valeu mais tarde o comentário de Maria José Azevedo de que alguns, pelo contrário, como se sabe, terão feito o seu pior.

João Paulo Baltazar anunciou também que os Recursos Humanos já estavam a preparar o processo dos concursos legalmente exigidos, cujos júris terão que ser aprovados em reunião de Câmara e na Assembleia Municipal. O autarca congratulouse ainda por Valongo ter sido um dos primeiros municípios do País a ver aprovado um financiamento significativo do PAEL por parte do Tribunal de Contas.

to da Câmara, antes pelo contrário, procurando soluções. Mas antes nunca sendo ouvida por mais que bradasse – e bradou muito –, sem então ser ouvida. Por isso, reconhecia o facto de João Paulo Baltazar se mostrar disponível para fazer a ponte com a Oposição, ao invés do seu antecessor.

a uma técnica superior da Câmara, ainda que esse processo se tenha decidido por uma não aplicação de qualquer sanção. Pedro Panzina também aceitaria, contudo, que o assunto fosse discutido em próxima sessão se João Paulo Baltazar tivesse a intenção de para aí o agendar. O presidente da Câ-

Maria José Azevedo comentou ainda na intervenção de Afonso Lobão a referência à legislação que regula a composição dos executivos camarários, aqui para discordar do agora vereador independente já que, ao contrário de Afonso Lobão, ela defenderia executivos monocolores, desde que devidamente fiscalizados pela Assembleia Municipal. O também vereador da Coragem de Mudar Pedro Panzina propôs aqui uma alteração da Ordem de Trabalhos da sessão, defendendo a inclusão de um ponto sobre um processo disciplinar

mara, reconhecendo que não tinha pensado nesse agendamento, propôs que fosse então discutido em próxima sessão, dando tempo a todos de se debruçarem sobre o assunto, o que foi aceite por Pedro Panzina.

Antes da Ordem do Dia Nas intervenções antes da Ordem do Dia Afonso Lobão incitou a Câmara a implementar rapidamente as conclusões do estudo sobre as concessões camarárias e elogiou a disponibilidade da Câmara agora dirigida por João Paulo Baltazar para pôr fim ao laxismo que antes governava a Câmara. Maria José Azevedo interveio para genericamente concordar com Afonso Lobão, salvaguardando que a atual postura diferente de quem governa a Câmara – nomeadamente em ouvir as propostas da Oposição – também se devia ao facto de esta estar em maioria (cinco contra quatro), e sempre ter sido uma oposição responsável, avessa a uma concertação de estratégias tendente a dificultar o funcionamen-

Ordem do Dia Após uns breves pedidos de esclarecimento por parte de Pedro Panzina, nomeadamente sobre os custos reais da Expoval, João Paulo Baltazar anunciou um orçamento de 50 mil euros, sendo 25 mil diretamente da responsabilidade da Câmara,

que atribuía ainda uma bolsa de 5 mil euros à Confederação de Agricultores concelhia, e outros 25 mil da ADRITEM – Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Terras de Santa Maria –, através do PRODER. Na edição anterior, pela primeira vez, o certame tinha originado um lucro, parecendo ter sido positiva a mudança de local, o que aproximou mais a feira do grande público. O que se pretenderia agora era potencializar as sinergias entre os participantes que, esclareceu ainda o autarca, são de facto, na sua maioria, empresas sediadas no concelho ou aqui estabelecidas. A realização do certame foi naturalmente aprovada sem oposição. Discutiu-se em seguida a designação do chefe da Equipa Multidisciplinar de Desenvolvimento Organizacional e dos respetivos colaboradores, que Maria José Azevedo comentou deverem ser de inteira confiança do presidente da Câmara, devendo aquele ser, para o bem e para o mal, inteiramente responsável pela escolha, a qual recaiu sobre Clara Poças, técnica com 18 anos no exercício de cargos dirigentes e com experiência profissional em várias áreas como a Cultura, Turismo, Ambiente, Património e Obras Públicas, entre outras. A proposta de designação dos seus colaboradores,

da sua responsabilidade inclui os nomes dos seguintes técnicos: Isabel Ribeiro, da Fiscalização Urbanística, Emília Ribeiro, do Arquivo Municipal, Paulo Figueiredo, da Comunicação, André Carvalho, do Design Gráfico e Publicidade, Vítor Rodrigues do Design de Equipamento, Paula Vitória, do Turismo, Marta Ferreira, da Arquitetura, Isabel Soares, Patrícia Lopes, Marisa Moreira e Nélson Branco, do Apoio Administrativo e Secretariado, e finalmente Isaura Marinho, da Biblioteca Municipal. Foi ainda decidido explicitar claramente que estas funções são transitórias e podem cessar a qualquer momento, nomeadamente com o mandato do atual presidente da Câmara. Feita a votação por voto secreto em duas rondas, para a nomeação de Clara Poças e para a nomeação da sua equipa, foram uma e outra aprovadas por 4 votos a favor (PSD) e 5 abstenções (toda a Oposição). Os restantes pontos da Ordem de Trabalhos abordaram questões como interrupções de trânsito devido a festejos, abertura de concurso para guarda noturno em Ermesinde, sinalização em Ermesinde, Sobrado e Valongo, licenças de estacionamento para pessoas com mobilidade condicionada e outras de estacionamento privativo.


31 de janeiro de 2013

• A Voz de Ermesinde

Destaque

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FOTOS URSULA ZANGGER

Católicos recordam o massacre de Guiúa e falam da situação da Igreja em Moçambique LC

Decorreu no passado dia 12 de janeiro, sábado, no Fórum Cultural de Ermesinde, uma conferência subordinada ao tema “Outro Olhar sobre Moçambique”, conferência esta que faz parte de um ciclo que está a ser organizado pelos Missionários da Consolata. Nesta, em particular abordou-se a situação atual da Igreja em Moçambique, fez-se o ponto da situação do desenvolvimento do próprio país, e recordou-se o massacre de Guiúa, facto objeto de um livro em destaque na sessão – “Véu de morte numa noite de luar” (história dos 24 catequistas mártires de Guiúa), e cujo autor, o missionário católico Diamantino Antunes, era uma das personalidades em destaque nesta conferência. A outra era o respeitado académico Mazula Brazão, ex-reitor da Universidade Eduardo Mondlane, no Maputo, e individualidade destacada dos meios católicos em Moçambique. Foi precisamente o professor Mazula Brazão, quem primeiro tomou a palavra para traçar um quadro da atualidade em Moçambique. Mestre em Ciências da Comunicação, doutorado em História e Filosofia da Educação pela Universidade de São Paulo, Mazula Brazão presidiu à Comissão Nacional de Eleições nas primeiras eleições multipartidárias em Moçambique, que se seguiram aos pesados anos da guerra civil. Estava por isso em muito boa posição para apreciar o ambiente da vida democrática moçambicana. Segundo o conferencista Moçambique depara-se

hoje com três desafios: o desafio do desenvolvimento, o desafio da sociedade democrática e o desafio de acreditar em Deus. A guerra, longa de 16 anos, desestruturou o país, apontou Mazula Brazão, que foi apresentando então os grandes esforços do país para voltar à normalidade e ao desenvolvimento, apontando vários índices, na saúde e na educação sobretudo, que provavam este esforço. Existem hoje já 48 estabelecimentos de ensino superior no país, o que está ainda, contudo, muito abaixo da média africana. A mortalidade infantil baixou imenso e os padrões de vida avaliados pelas Nações Unidas melhoraram significativamente, embora o rendimento per capita seja ainda muito baixo, de cerca de 1 dólar por dia. Na economia, Moçambique tem vindo a exportar alumínio, energia elétrica, hidrocarbonetos, e ganha cada vez mais importância o setor agrícola. Mas na vida democrática – «o creme facial do povo moçambicano», a situação não é isenta de problemas, apontando Mazula Brazão que o povo moçambicano fez a reconciliação nacional, mas os partidos beligerantes – Frelimo e Renamo – mantêm grandes desconfianças e um tenso braço de ferro, sendo muitas vezes incapazes de cooperar uns com os outros nas instituições democráticas. Assumindo depois a sua postura de crente católico, Mazula Brazão, ele próprio um antigo alunon da Consolata, referindo-se ao período dos primeiros anos

após a independência, comentou que tinha sido «uma ilusão enfrentar Deus» e ainda que «o marxismo-leninismo tinha tentado matar Deus», mas a única coisa que conseguiu foi fortalecer o espírito dos cristãos. E terminou a sua intervenção apontando as obrigações dos cristãos para com a comunidade, citando Bento XVI: «Nunca se é cristão sozinho». O massacre de Guiúa Foi então a vez de intervir do padre Diamantino Antunes. Doutorado em História e Teologia Dogmática pela Universidade Gregoriana, é pároco de Guiúa, na diocese de Inhambane, desde 2007, e tem vindo desde então a desenvolver o projeto de uma igreja laical e enraizada na comunidade, como se tem caracterizado a Igreja moçambicana nas últimas décadas, e de que o Centro Catequético de Guiúa é um exemplo. A evangelização sistemática de Moçambique só começou muito recentemente, apontou Diamantino Antunes, que recordou que, depois da independência houve vários entraves à evangelização e mesmo expulsão de missionários. Por exemplo, o Governo proibiu então o batismo de crianças, só permitindo a partir dos 18 anos. A Igreja perdeu em meios económicos, mas ganhou em termos humanos. O Centro Catequético de Guiúa, inaugurado em 1972, deixou de ser a “missão”

para passar a ser a comunidade, explicou. Aí se acolhem as famílias, vindas de todo o Moçambique, não só para doutrinação espiritual e estudo da Bíblia, mas também para a cidadania e formação profissional. Devido à guerra e às ameaças que pairavam sobre este centro catequético foi o mesmo fechado em 1987, mas por pressão dos leigos que insistiam em reabrir o Centro apesar dos perigos, foi o mesmo de novo aberto a 22 de março de 1992. Na própria noite da reabertura, já com as famílias que vinham de vários lados instaladas, foi aquele alvo de um ataque violento no qual foram mortos 24 catequistas. Estes não foram poupados, ao contrário de padres e religiosas, esclareceu Diamantino Antunes. Os massacres de Guiúa foram também os últimos massacres da guerra, que se encontrava já numa fase terminal.

Houve dúvidas, na altura sobre os autores desta chacina, tendo-se mais tarde apurado com certeza que teria sido

obra dos guerrilheiros da Renamo. E que a própria decisão da matança não teria sido unânime. Não há ainda certezas quanto a uma intenção prévia da matança, supondose mais que algo terá na altura desagradado aos executores. Diamantino Antunes aponta ainda a convivência de vários credos religiosos (só os muçulmanos representam cerca de 17% da população, e estão também em crescimento, apesar da sua fragmentação por várias tendências do Islão) e avisa que o secularismo começa a chegar, sendo já evidente no contexto citadino. Perguntas e respostas Aberto um período de perguntas e respostas, foi com dificuldade que começaram a surgir as primeiras questões. Respondendo a uma destas, Mazula Brazão explicou a importante intervenção da Igreja Católica na reconciliação nacional, sendo em Roma que as partes assinaram os acordos de paz. A Igreja começou então a ser vista não como uma força obscurantista, mas antes como uma entidade interveniente a favor da paz. Mesmo os ateus e agnósticos veem a Igreja com outros olhos, apontou. E hoje existem cristãos em vários níveis importantes do Estado. Mesmo aqueles que antes combatiam a Igreja hoje querem batizar os seus filhos, acrescentou. Respondendo a outra pergunta Diamantino Antu-

nes apontou também o perigo de padres recém-chegados a Moçambique tentarem transpor para ali um modelo de igreja mais clerical e alheia à experiência concreta da Igreja no país, em que se implantou um modelo laical que tem tido muito êxito. Falando sobre a diversidade étnica, ainda em resposta a uma pergunta, Diamantino Antunes frisou que em Moçambique o sentimento nacional prevalece largamente sobre o tribalismo. Referiu, por exemplo, que mesmo na diocese de Inhambane se falam quatro línguas, mas que isso não é impeditivo da comunicação entre as pessoas. Ao Centro Catequético de Guiúa chegam muitas vezes pessoas, sobretudo mulheres, com muitos poucos conhecimentos de Português, mas que a integração sempre foi facilmente conseguida. E vêm pessoas de várias etnias, línguas e culturas, sem que isso represente um obstáculo significativo. Mazula Brazão terminaria a palestra com uma referência ao Observatório Eleitoral que dirige, e no qual confraternizam católicos, protestantes, muçulmanos e defensores dos Direitos Humanos, entre outros, numa diversidade enriquecedora e que inspira o respeito da comunidade. E deu até o exemplo de uma missão de paz conjunta, em que participaram o arcebispo de Maputo, D. Francisco Chimoio e o sheik Abdul Karimo, líder religioso muçulmano, que viajaram juntos na mesma viatura, dando assim testemunho vivo dessa convivialidade, e constituindo assim uma inspiração para os políticos.


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A Voz de Ermesinde • 31 de janeiro de 2013

Local

• NOTÍCIAS DO CENTRO SOCIAL DE ERMESINDE •

Agradecimentos da Festa de Natal 2012 do ATL do Centro Social de Ermesinde O ATL do Centro Social de Ermesinde, realizados os habituais festejos natalícios, vem agora, como não podia deixar de ser, apresentar os seus agradecimentos a todos quantos colaboraram com a sua tradicional festa. Esta realizouse no passado dia 21 de dezembro, ocasião em que não faltou a alegria e entusiasmo habituais. A festa ficou marcada pelas atuações dos utentes, principalmente os mais novos que entusiasticamente encantaram os presentes com as suas canções, danças e coreografias, despertando muita ternura e boa disposição. A participação dos Encar-

regados de Educação foi muito bem acolhida e contribuiu para enriquecer a festa. A gratidão do ATL do Centro Social de Ermesinde (CSE) vai não só para os familiares dos utentes que “arregaçaram as mangas” para ajudar, mas também para as confeitarias/padarias Damira, Koliseus, Doce Alto, Vila Beatriz e Raiz Quadrada que, com a sua habitual generosidade, brindaram esta festa com os mais variados doces e bolos. A todos e em nome da equipa e das crianças, o ATL do CSE apresenta os mais sinceros agradecimentos.

FOTOS ATL/CSE

Agradecimentos de “A Voz de Ermesinde” xamos alguns registos mais significativos: Teresa Raposo – Muitos parabéns por este vosso aniversário! Continuação de bom trabalho por muitos e longos anos.... Américo Silva – Parabéns por mais um aniversário ao serviço desta cidade. Que 2013 vos dê força e vontade para continuarem com o vosso serviço de informação. Um abraço a todos

“A Voz de Ermesinde” agradece a todos os seus leitores, assinantes, anunciantes e amigos os votos de Feliz Natal e Ano Novo que lhe foram endereçados, retribuindo com os votos de um surpreendente e feliz ano de 2013. O nosso jornal também agradece, reconhecido, os parabéns por mais um aniversário que lhe foram chegando via Facebook e dos quais aqui dei-

os colaboradores! Gloria Leitao – Parabéns e continuem a vossa missão – informar com pluralismo, independência e verdade! Agostinho Dias Pinto – Parabéns, felicidades, continuem a fazer o bom trabalho que têm feito pela cidade de Ermesinde e concelho de Valongo. Muitos sucessos! Bom Ano 2013! Manuel Dias – Vida longa

Casa da Esquina Fazendas • Malhas • Miudezas • Pronto a Vestir Rua 5 de Outubro, 1150 Telefone: 229 711 669

4445 Ermesinde

Clínica Médica Central de Ermesinde, Lda (SERVIÇO MÉDICO E DE ENFERMAGEM) Rua Ramalho Ortigão, 6 – 4445-579 ERMESINDE

Seguros de Saúde

Dir. Técnica: Ilda Rosa Costa Filipe Ramalho Rua Joaquim Lagoa, 15

Tel./Fax 229722617

4445-482 ERMESINDE

ao serviço da comunicação, em Ermesinde! João Paulo Baltazar – Parabéns! Joaquim Francisco – Desejo os mais sinceros votos de um feliz aniversário e que esta data se repita por muitos e longos anos e a todas as pessoas que fazem parte de toda a estrutura! Nelson Maia – Parabéns por mais um ano de informação

e dedicação a Ermesinde! Jorge Aguiar – Parabéns! Que continue por muitos anos a dar Voz à Cidade de Ermesinde! Carla Isabel Santos – Parabéns e continuação de muito sucesso! Adao Silva –Desejo muitos parabéns e que continuem com o vosso trabalho que é bem preciso para o nosso concelho! Maria Fernanda – “A Voz

de Ermesinde” é um jornal que guardo no meu imaginário de criança. Deu pela primeira vez noticia do meu nome e dos 'feitos' dos jovens cá da terra da minha geração em Junho de 1972..., n.º que falta na minha coleção... continuem a divulgar e a despertar consciências nesta cidade! Rosario Abreia – Parabéns! Continuação de muito sucesso! Obrigado a todos!


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• A Voz de Ermesinde

Literatura

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• A VOZ DAS PALAVRAS •

Os livros

RICARDO SOARES (*)

mbora este seja assumidamente um artigo de opinião sobre livros – ou, melhor ainda, sobre leituras –, creio ser necessário que imagine diante de si um vinho do porto, colheita de 1974. Antes de servir deverá ser decantado para retirar o depósito natural formado pelo vinho, assim como para permitir que os aromas que se desenvolveram ao longo do envelhecimento em garrafa se possam expressar abertamente. De seguida oiça o borbulhar a fluir dentro do copo, aprecie este néctar, a cor – encorpado e frutado, cor rubi intensa. No nariz sobressaem os aromas de frutos vermelhos e frutos pretos. No palato é um vinho equilibrado, intensamente frutado, onde reinam os frutos silvestres e notas de especiarias, nomeadamente pimenta. Desengane-se o/a leitor/a se pensa que irei continuar com este registo! Esta secção não pretende alargar os seus horizontes nem e a sua apreciação deste imaginário vinho. Proponho agora que troque o vinho do porto por um livro e o ato de beber pela leitura. Sim, leu bem, porque ler um livro pode ser tão ou mais deslumbrante do que um bom vinho – «Ler é sonhar pela mão de outrem».1 E porque dar à luz um romance, poesia ou outro género literário dá tanto ou mais trabalho do que a vinicultura – «Trabalhar um livro até à minúcia de uma palavra. E depois um leitor engolir tudo à pressa para saber 'de que se trata'. Vale a pena requintar um vinho para se beber como o carrascão?» 2 A leitura, tal como a escrita, é «uma infinita demanda. Perscruta o inaudito. (…) Cruza, descobre, inventa universos». 3 Especialmente quando um texto proporciona uma leitura ativa e nos deixe a pensar muito para lá de terminado o livro. Claro que, tal como os vinhos, há livros que «não são grande coisa», mas não será por isso que deixaremos de “beber” e experimentar outros “rótulos”. Não conheço nenhuma fórmula exata para criar um leitor, embora suspeite de que há “acontecimentos” que ajudam muito. Por exemplo, o haver livros em casa pode suscitar interesse e tornar a leitura uma atividade

Breves natural. Presumo ser inevitável que uma espécie de clique causado por um livro particular (comigo foi “Loucura” de Mário de SáCarneiro) seja decisivo para haver “paixão” – e é essa paixão que determinará o hábito de ler, a repetição do gesto e a capacidade de encarar o fracasso que se pode tornar a leitura de um determinado livro e, ainda assim, não desistir de procurar outro. Por vezes dou por mim a pensar que haverá qualquer coisa de inato no gosto pela leitura, algo não comunicável pelo outro nem capaz de ser aprendido. Enfim, um rol de hipóteses… Espero que os meus artigos de opinião, se é que poderemos chamar assim, tragam expressão às páginas do jornal “A Voz de Ermesinde”. Não agirei como um jornalista que, distanciadamente, relata ou divulga um acontecimento, mas como um narrador-observador que, dando a conhecer os Livros, exprime o seu ponto de vista e pretende, junto do leitor, despertar interesse, raciocínio e o seu juízo crítico. Tendo sempre como base a análise no estudo crítico, na transmissão e no exercício das técnicas utilizadas pelos escritores, na elaboração dos seus textos. Oferecer reflexão e solicitar reflexão. Abstenho-me de “certezas absolutas” e será gratificante ver as minhas afirmações gerarem debate – até porque um texto que não provoca comentários parece-me uma casa vazia na qual ecoa apenas a nossa própria voz.

Num exemplar das Geórgicas 4 Os livros. A sua cálida, terna, serena pele. Amorosa companhia. Dispostos sempre a partilhar o sol das suas águas. Tão dóceis, tão calados, tão leais. Tão luminosos na sua branca e vegetal e cerrada melancolia. Amados como nenhuns outros companheiros da alma. Tão musicais no fluvial e transbordante ardor de cada dia. 1

Bernardo Soares, in “Livro do Desassossego” Vergílio Ferreira, in “Pensar” 3 Ana Hatherly, in “Tisanas” 4 Eugénio de Andrade, in “Ofício de Paciência”

• 18 janeiro 2013 - Maria do Rosário Pedreira, editora da LeYa, foi distinguida com o Prémio Literário Fundação Inês de Castro, pelo seu livro Poesia Reunida, publicado pela Quetzal. A entrega do prémio está marcada para 2 de março, na Quinta das Lágrimas, em Coimbra.

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(*) (*) avozdasp@gmail.com

• Apresentação do livro "Você está aqui" de João Luís Barreto Guimarães na Biblioteca Florbela Espanca, em Matosinhos, no dia 1 de fevereiro, pelas 21h00. O livro será apresentado pelo poeta Rui Lage, e Rui Spranger lerá alguns poemas. • Entre 21 e 23 de fevereiro de 2013, na Póvoa de Varzim, irá realizar-se a 14ª edição do Correntes d’Escritas – Encontro de Escritores de Expressão Ibérica. Já são conhecidos os oito finalistas do Prémio Literário Casino da Póvoa: “A Terceira Miséria” de Hélia Correia, “As Raízes Diferentes” de Fernando Guimarães, “Caminharei Pelo Vale da Sombra” de José Agostinho Baptista, “Como se desenha uma casa” de Manuel António Pina, “De Amore” de Armando Silva Carvalho, “Em Alguma Parte Alguma” de Ferreira Gullar, “Lendas da Índia” de Luís Filipe Castro Mendes e “Negócios em Ítaca” de Bernardo Pinto de Almeida. • 28 de fevereiro de 2013 - Quintas de Leitura: As escolhas poéticas de Paula Moura Pinheiro. Joana Gama (piano), Mónica Lacerda Pais (canto lírico), Filho da Mãe (novíssima guitarra portuguesa). Leituras por Filipa Leal, Emília Silvestre e António Durães. O evento decorrerá no Teatro do Campo Alegre - Rua das Estrelas, s/n 4150-762 Porto.

Drogaria DAS OLIVEIRAS Acertam-se chaves

Não há um único livro da nossa vida – porque os livros mudam ao longo da vida, e um título que, noutros tempos, foi extraordinariamente marcante e enriquecedor pode perder relevância noutro momento em que já se acrescentaram leituras mais significativas. Um livro exige um leitor que o saiba ler e o escritor que o ensine a ler. Sobre eles disse Eugénio de Andrade:

de Ferreira & Almeida, Lda. Bazar • Utilidades Domésticas • Papelaria Fotocópias • Perfumaria • Tintas/Vernizes/Ferragens Largo das Oliveiras, 4 (à Palmilheira) Telef. 22 971 5316 • 4445 ERMESINDE

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Direcção Técnica - Drª Maria Helena Santos Pires Rua da Bouça, 58 ou Rua Dr. Nogueira dos Santos, 32 Lugar de Sampaio • Ermesinde Telf.: 229 741 060 • Fax: 229 741 062


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A Voz de Ermesinde • 31 de janeiro de 2013

História

Há cem anos o primeiro-ministro português dava pelo nome de Afonso Costa

MANUEL AUGUSTO DIAS

fonso Augusto da Costa nasceu na Serra da Estrela (Seia) no dia 6 de março de 1871 (filho de Sebastião Fernandes da Costa e de Ana Augusta Pereira da Costa) e faleceu em Paris, no dia 11 de maio de 1937. Mas só em 1971, já no período da “Primavera Marcelista”, é que houve autorização do Estado Português para que os seus restos mortais fossem trasladados para Portugal, encontrando-se atualmente em Seia, em jazigo da família. Cursou direito na Universidade de Coimbra, onde também foi professor, o mais novo do seu tempo. Mas cedo enveredou pela vida política, entrando para o Parlamento português após as eleições gerais de 1900 (tendo sido eleito deputado no círculo do Porto, pelo Partido Republicano Português) e desde logo se bateu pela substituição da velha Monarquia pelo sistema Republicano. Tornou-se membro da Maçonaria desde 1905. Pouco depois, seria preso, uma primeira vez,

Como governante, Afonso Costa conseguiu equilibrar as finanças públicas antes de o desencadear da Primeira Grande Guerra. Afonso Costa foi um dos mais destacados vultos Primeira República portuguesa, tendo iniciado a sua militância política na Academia de Coimbra, aquando da questão do Ultimato Inglês. Foi no âmbito da cedência à Inglaterra, na questão africana conhecida por “Mapa Cor-de-rosa”, que Afonso Costa, espírito esclarecido e revolucionário, com um apurado sentido patriótico, revoltado pela atitude de subserviência do governo português, emergiu no quadro político português, para fazer parte da “geração ativa” a favor do fervor republicano, que se anunciava como remédio para todos os males de que o país padecia. por ter conspirado contra a ditadura de João Franco, sendo libertado após o regicídio, em 1908. Implantada a República, no dia 5 de outubro de 1910, foi ministro da Justiça do Governo Provisório, cabendo-lhe a responsabilidade de publicar algumas leis basilares do novo regime, como é o caso daquelas que dizem respeito à Separação da Igreja do Estado, ao Divórcio e à Família, por sinal, algumas acabariam por gerar enorme polémica. Assumiu várias vezes, entre 1913 e 1917, os cargos de Chefe de Governo e de ministro das Finanças, ficando Portugal a dever-lhe algumas das iniciativas de reforma social e institucional mais importantes do período da República parlamentarista. Há cem anos atrás, em Portugal, era ele o Presidente do Ministério (sendo empossado pela primeira vez neste cargo, no dia 9 de janeiro de 1913).

Como governante, Afonso Costa conseguiu equilibrar as finanças portuguesas antes de o desencadear da Primeira Guerra Mundial (não só eliminou o crónico défice das contas públicas, como conseguiria mesmo saldos positivos nos anos económicos de 1912-1913 (117 000 libras de ouro) e de 1913-1914 (1 257 000 libras de ouro), tal como Salazar conseguiria já no período da Ditadura Militar. Foi também ele que criou o Ministério da Instrução e foi o principal responsável por legislação de relevo nas áreas da economia, das finanças, da justiça e do trabalho. Em todo estes cargos, aliava à sua competência técnica como jurista, uma invulgar qualidade de homem de Estado. Consciente da situação internacional que se vivia e

das consequências que a 1ª Guerra Mundial poderia trazer ao Império Português, defendeu a entrada do nosso país na Primeira Guerra Mundial. Afonso Costa ar-

gumentava que só dessa maneira Portugal se poderia livrar da tutela inglesa e defender eficazmente os seus interesses nos territórios ul-

EFEMÉRIDES DE ERMESINDE - JANEIRO

tramarinos, designadamente em Angola e Moçambique. Aliando-se a António José de Almeida, constituiu a chamada “União Sagrada”, de que seria chefe do respetivo Governo até dezembro de 1917, quando se deu o golpe de Sidónio Pais, que, como sabemos, era contrário à entrada de Portugal na Guerra. Afonso Costa foi perseguido e preso. Uma vez libertado, partiu para França, onde se exilou, voltando a Portugal apenas após a morte de Sidónio Pais, em dezembro de 1918. Em 1919, seria nomeado Chefe da Delegação Portuguesa à Conferência de Paz e à Sociedade das Nações (que apregoava os mesmos objetivos que mais tarde seriam retomados pela Organização das Nações Unidas: manutenção da paz a nível

internacional e promoção da cooperação entre todos os países) de cuja sessão extraordinária se tornaria Presidente (em março de 1926), o que mostra o seu enorme prestígio internacional. Contudo, após o Golpe de Estado de 28 de Maio de 1926, foi demitido do cargo de Presidente da Delegação Portuguesa na Sociedade das Nações. Devido às enormes dificuldades com que Portugal se debateu na década de 1920 (instabilidade política, inflação galopante, desvalorização da moeda, insegurança social), o Golpe Militar de maio de 1926 instaurou a ditadura militarista, a que se seguiria o Estado Novo Salazarista, alguns anos mais tarde. O seu país passou a viver sob um regime político fascizante que não era exatamente aquele por que, desde novo, sempre se batera, por isso, Afonso Costa viria a morrer no exílio (França) em 1937. FOTO ARQUIVO MAD

Ermesinde e a Revolta Republicana do 31 de janeiro de 1891 A humilhação resultante do Ultimato Inglês a Portugal em Janeiro de 1890 provocou a Revolta Republicana ocorrida na guarnição militar do Porto, na madrugada do dia 31 de janeiro de 1891. Foi a primeira revolta de cariz republicano a culminar a onda de descontentamento que alastrara a todo o país. A cidade do Porto foi um dos centros de maior dinamismo conspirativo contra a Monarquia decadente que juntava, entre outros descontentes, estudantes, militares, jornalistas e juristas. O Batalhão de Caçadores 9, comandado sobretudo por sargentos, dirigiu-se aos antigos Paços do Concelho do Porto (na atual Praça da Liberdade), aclamando e vitoriando a República, que aí foi proclamada por Alves da Veiga, ao mesmo tempo que era anunciada a constituição de um Governo Provisório. A vitória parecia estar do lado dos revoltosos, mas entretanto há uma surpreendente reviravolta. Quando as tropas revolucionárias, constituídas por militares e civis, subiam a Rua de Santo António, atualmente designada por “Rua 31 de Janeiro”, para buscarem a aliança da Guarda Municipal, esta disparou sobre os revoltosos. Estes refugiaram-se no edifício

da Câmara, mas a derrota não seria evitada. Para a implantação do regime republicano seria preciso esperar mais 19 anos. A Junta Paroquial de S. Lourenço de Asmes, ao tempo presidida por Manuel Moreira Lopes, reunida extraordinariamente no dia 13 de fevereiro de 1891, mostrou-se claramente favorável à causa monárquica, apressando-se a enviar ao Rei D. Carlos o seguinte telegrama: «Senhor. A Junta de Parochia da freguezia de S. Lourenço d’Asmes, concelho de Vallongo; reunida em sessão extraordinaria no dia 13 de Fevereiro de 1891, deliberou que em nome de todos os seus comparochianos se manifestasse a El-Rei, á familia real e ao Governo de sua Magestade as mais sinceras felicitações pelo malogro do ignominozo attentado contra as constituições do paiz no dia 31 de Janeiro, patenteando assim a sua firme adhesão á Monarchia». Contudo, não podemos pensar que a generalidade da população de Ermesinde era favorável à manutenção da Monarquia. Bem, pelo contrário, uma parte importante da elite local simpatizava com a República, como se verá pela pronta adesão ao novo regime. Aliás, já na conjuntura da

Casa de Vicente Moutinho em Ermesinde (atual Bristol School).

revolta republicana, havia em Ermesinde personalidades republicanas de grande relevo. Era o caso, por exemplo, de Vicente Moutinho que recebeu em sua casa, bem no centro de Ermesinde, várias vezes a figura mais ilustre do Norte do País do Partido Republicano, o Prof. Dr. José Falcão, um dos revolucionários do 31 de Janeiro e prestigiado autor da Cartilha do Povo.


31 de janeiro de 2013

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Desporto

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Suplemento de "A Voz de Ermesinde" N.º 901 • 31 de janeiro de 2013 • Coordenação: Miguel Barros

CPN conquista mais um título distrital no basquetebol feminino FOTOMARIONMAZER

Poucos serão os clubes que no espaço de um mês se podem orgulhar de rechear as suas vitrinas com dois troféus de campeão, seja em que modalidade for. O CPN é uma dessas raridades desportivas, emblema que ao longo dos últimos anos tem somado títulos a uma velocidade vertiginosa. Responsável por estes êxitos tem sido a Secção de Basquetebol, que neste mês de janeiro conquistou pelo segundo ano consecutivo o ceptro de campeão distrital de juniores femininos, isto passado pouco mais de um mês de ter arrecadado o título de campeão distrital de iniciados femininos! É obra!


A Voz de Ermesinde • 31 de janeiro de 2013

Desporto

II

SETAS

Momento negro da Eleet Team/Café Conquistador aproveitado pelos Arrebola Setas FOTOARREBOLASETAS

MB

Prometeram muito no início, com quatro triunfos consecutivos colocaram-se no topo da classificação, dando a entender que a conquista do título estava mais do que ao seu alcance, mas inexplicavelmente uma série de seis derrotas consecutivas ati-

raram-na para a segunda metade da tabela onde lutam agora pela sobrevivência no Campeonato da 1ª Divisão da Associação de Setas do Porto (ASP). Falamos da Eleet Team/Café Conquistador, conjunto de Ermesinde que num ápice caiu em desgraça no escalão maior da citada associação, sendo que o derradeiro trambolhão ocorreu

no passado dia 25 de janeiro, altura em que em encontro alusivo à 10ª jornada – a primeira da segunda volta – foi derrotada em casa dos vizinhos e eternos rivais dos Arrebolas Setas por 4-5. Para os Arrebola (na imagem), conjunto também oriundo de Ermesinde, esta vitória teve um sabor duplamente especial, primeiro porque venceram os

grande rivais, e em segundo porque os ultrapassaram na classificação! Pois é, neste momento a Eleet Team caiu para o 6º lugar (soma 18 pontos), enquanto que os Arrebola subiram ao 5º (com 20 pontos). Quem continua sem obter qualquer triunfo na atual temporada são os Darts Carneiro, que neste virar do campeonato somaram a décima derrota noutros tantos encontros disputados, sendo que desta feita perderam em casa diante do TNT/Quinta da Caverneira, por 3-6. Na classificação os ermesindenses são cada vez mais últimos, com 10 pontos (a derrota vale um ponto), sendo que neste momento são a única equipa dos dois escalões da ASP que ainda não obteve uma vitória! Derrotados nesta primeira jornada da segunda volta foi igualmente o Estádio Darts/40’s Bar, cujos carrascos foram os dardistas do Latitude,

que vieram a Ermesinde conquistar um triunfo por 5-4. E na frente desta 1ª Divisão continua destacado, e de forma isolada, o Bar dos Bombeiros, equipa de Santo Tirso que soma por agora 30 pontos. 2ª Divisão Na 2ª Divisão o início de segunda volta também não foi famoso para a maioria das equipas da nossa freguesia. A maior deceção chegou da turma do Pedros Bar X, líderes do escalão até à entrada para esta 10ª jornada, estatuto esse perdido após o confronto com o Inter Claudis Darts, conjunto este que venceu de forma categórica os ermesindenses por 8-1 e assumiu a liderança isolada deste campeonato, agora com 28 pontos, mais dois que o Pedros Bar X. Esta derrota teve outras consequências, já que a segunda equipa

do clube a competir nesta divisão, simplesmente denominada de Pedros Bar, alcançou a “equipa mãe” no segundo lugar da classificação, isto depois de ter vencido o Bar dos Bombeiros 2 por 6-3. Na senda das derrotas continuam os Cruzas, que nesta ronda perderam o dérbi local ante a terceira equipa do Pedros Bar, os Austeridardos Pedros, por 1-8. Os Cruzas continuam na cauda da tabela, com 12 pontos. Início da 3ª Divisão Entretanto, foi já sorteado o calendário da 3ª Divisão da ASP, cujo início está marcado para o dia de amanhã (1 de fevereiro), sendo que a representação da cidade de Ermesinde neste escalão ficará a cargo da turma do Pedros Bar III.

A VOZ DE

ERMESINDE CORRESPONDENTES CORRESPONDENTES E! S M A S I PREC

Comunica-se aos Senhores Assinantes de “A Voz de Ermesinde” que o pagamento da assinatura (24 números = 12 euros) deve ser feito através de uma das seguintes modalidades, à sua escolha: • Cheque - Centro Social de Ermesinde • Vale do correio • Tesouraria do Centro Social de Ermesinde • Transferência bancária para o Montepio Geral - NIB 0036 0090 99100069476 62 • Depósito bancário - Conta Montepio Geral nº 090-10006947-6

SE TEM UM GOSTO PARTICULAR POR ALGUMA MODALIDADE E GOSTA DE ESCREVER, PORQUE NÃO NOS AJUDA A FAZER UM

Os assinantes recebem as facturas referentes ao ano em curso sempre durante o mês de Janeiro.


31 de janeiro de 2013

• A Voz de Ermesinde

Desporto

III

BASQUETEBOL

CPN é bi-campeão distrital de juniores femininos AVE/CPN

Pode até parecer repetitivo da nossa parte, o facto de em quase todas as edições fazermos destaque ao basquetebol do CPN, mas não são muitas as cidades, ou concelhos, deste país que veem os seus clubes somar títulos a uma velocidade vertiginosa, como tem acontecido nas últimas semanas com o emblema ermesindense. Passemos a factos para dizer que pouco mais de um mês depois da conquista do título distrital de iniciados femininos o CPN arrecadou neste último fim de semana de janeiro – dias 25, 26, e 27 – o ceptro de campeão distrital de juniores femininos! Pelo segundo ano consecutivo o clube da nossa freguesia domina este escalão ao nível da Associação de Basquetebol do Porto, tendo a fase final referente à temporada de 2012/13

decorrido no Pavilhão Municipal de Paços de Ferreira. Para além das cepeenistas lutaram pelo título os conjuntos do Núcleo Cultural e Recreativo de Valongo, o Coimbrões e o Académico do Porto, este último emblema o primeiro adversário do CPN na caminhada rumo ao título. Disputado no primeiro dia (25) da fase final, este foi um jogo pautado pela ansiedade e nervosismo patenteado de parte a parte, o que resultou num duelo com poucos pontos, mas com alguma emoção, acabando a vitória por sorrir às meninas de Ermesinde por 36-33. No outro encontro o Coimbrões venceu o Núcleo Cultural e Recreativo de Valongo por 62-44. O dia seguinte teve início com o triunfo do Coimbrões sobre o Académico do Porto por 59-47, resultado que obrigava o CPN a vencer o seu jogo para com as gaienses disputar no derradeiro dia de competição o título de campeão. E no dérbi valonguense o equi-

líbrio foi nota dominante durante a primeira parte, sendo que após o intervalo as cepeenistas dispararam o marcador para uma diferença (média) de oito pontos, vantagem essa gerida confortavelmente até final, conforme traduz o resultado positivo de 54-44. Sendo assim, para o último dia o duelo entre CPN e Coimbrões assumiu contornos de verdadeira final. Quem vencesse era campeão. Mas antes do aguardado encontro o Núcleo Cultural e Recreativo de Valongo garantiu o 3º lugar da fase final após vencer o Académico do Porto por 48-46. No jogo decisivo o CPN entrou concentrado no plano defensivo e tremendamente eficaz no setor ofensivo. Seria então sem espanto que com 10 minutos decorridos a vantagem cepeenista fosse já de 22-10! Após o intervalo as ermesindenses entraram mais uma vez com o objetivo de decidir cedo a partida, e com um (3º) período esmagador,

com boa intensidade defensiva e boas escolhas de lançamento ofensivamente, realizaram um parcial de 25-8 (!), fazendo com que apesar da réplica dada pelo adversário no 4º período o resultado não mais baixasse dos oito pontos, acabando o CPN por vencer a partida por 57-72, sagrando-se deste modo bi-campeão distrital de juniores femininos. Para a história ficam os nomes das atletas Andreia Caldas,Ana Conde, Catarina Bonito, Cátia Resende, Filipa Correia, Francisca Meinedo, Inês Pinto, Inês Resende, Joana Nora, Rita Almeida, Rita Ferraz, Rita Gandra, Rita Madureira, Sofia Almeida e Sofia Moniz, orientadas pelo treinador Rui Gomes e pelo seu adjunto Ricardo Lajas, e sem que nada lhes faltasse, graças ao diretor Renato Horta, foram sempre apoiadas pelos pais, amigos e atletas dos outros escalões, que fizeram questão de apoiar a equipa até ao fim, sendo que no final ouviu-se bem alto no pavilhão: CPN, CPN, CPN!

FOTOMARIONMAZER

NATAÇÃO

BILHAR

Golfinhos cepeenistas com ótimas prestações neste início de ano novo

Parque Nascente volta a acolher finais do universo Bilharsinde

FOTOCPN/NATAÇÃO

Um início de ano novo bastante positivo e... prometedor, é desta forma que podemos classificar as primeiras braçadas dos jovens nadadores do CPN neste princípio de 2013. No passado fim de semana (26 e 27 de janeiro) quatro “golfinhos” do emblema de Ermesinde estiveram presentes no Torneio de Ano Novo, organizado pela Associação de Natação do Norte de Portugal, e disputado na Piscina do Clube Fluvial Portuense, uma prova que era destinada aos escalões de infantis e juvenis e que reuniu 373 atletas em representação de 22 clubes. E na piscina portuense duas atletas do CPN bateram recordes pessoais.

Filipa Sofia Rodrigues superou os seus anteriores registos nas provas de 100m e 200m costas, enquanto que Sandra Catarina Silva entrou no “top 10” dos 200m bruços. Para além destas duas nadadoras defenderam as cores cepeenistas Nuno Filipe Pereira, e Tiago Jorge Pinto, este último a fazer a sua estreia em provas deste calibre. A 12 e 13 de janeiro três atletas do CPN deslocaram-se ao Complexo Olímpico de Coimbra com o intuito de participarem no Torneio Dia Olímpico, organizado pela Associação de Natação de Coimbra. Os nadadores tiveram de nadar um conjunto de quatro provas (400m livres, 200m estilos, 100m e 200m, em técnicas diferentes). Numa altura da época em que é pretendido perceber o momento de forma física em que os atletas se encontram, os representantes do CPN lograram obter cinco recordes pessoais! De salientar o 3º lugar obtido pelo juvenil Nuno Pereira nos 100m mariposa, e o 4º lugar da júnior Rita Mesquita na mesma variante. Foram ainda alcançados mais cinco lugares no “top ten”, dois deles obtidos pela atleta Daniela Figueiredo (júnior), 6ª nos 100m mariposa, e 9ª nos 200m costas, e os restantes três do já mencionado Nuno Pereira, 5º , 9º e 10º aos 200m costas, 200m estilos e 400m livres, respetivamente.

AVE

Pelo segundo ano consecutivo o centro comercial Parque Nascente (situado em Rio Tinto) irá acolher diversas finais de competições organizadas pelo Voxx Clube Bilhar de Ermesinde. Com a sua prova rainha (a Superliga Bilharsinde) parada, o Voxx leva a cabo entre os próximos dias 13 e 24 de fevereiro uma autêntica maratona de finais de outras provas, nomeadamente a Taça Superliga Bilharsinde, a Taça Liga Bilharsinde, a Taça Bilharsinde Cup, a Taça Bilharsinde Júnior, bem como as fases finais individuais da Superliga Bilharsinde, da Liga Bilharsinde, e da Bilharsinde Cup. Será a oportunidade para os adeptos do bilhar (mais precisamente da variante de pool português) verem gratuitamente (!) - em ação alguns dos melhores bilharistas nacionais da atualidade.

Suplemento de “A Voz de Ermesinde” (este suplemento não pode ser comercializado separadamente). Coordenação: Miguel Barros; Fotografia: Manuel Valdrez. Colaboradores: Agostinho Pinto, Márcio Castro e Luís Dias.


A Voz de Ermesinde • 31 de janeiro de 2013

Desporto FUTEBOL

Ermesinde tirou a barriga de misérias e mantém acesa a chama da esperança na manutenção A goleada aplicada ao Baião na jornada mais recente (a 19ª) da Divisão de Honra da Associação de Futebol do Porto (AFP) fez com que esperança continue a ser uma palavra presente no dia a dia da principal equipa do Ermesinde Sport Clube. A turma dos Sonhos esmagou então o Baião por 4-0, obtendo assim o resultado mais expressivo de uma temporada que em termos desportivos tem sido extremamente complicada. Este triunfo – somente o terceiro em 19 jogos disputados! – acabou com uma série de duas derrotas forasteiras consecutivas, que coincidiram com a dobragem do campeonato, facto ocorrido neste primeiro mês do novo ano, mês este que até nem começou mal, já que em casa emprestada os ermesindistas empataram com o líder da prova, Lixa. Em termos de números, quatro pontos foram conquistados em 12 possíveis (!), muito pouco, é certo, para uma equipa que precisa urgentemente de vitórias para fugir ao último lugar da tabela classificativa, onde soma agora 12 pontos, menos 10 que o primeiro clube posicionado acima da “linha de água”! Em seguida ficam os resumos dos quatro encontros disputados pelo Ermesinde nestas primeiras semanas de 2013, começando, claro está, pela vitória caseira diante do Baião. MB Na tarde de 27 de janeiro passado o Baião visitou o Estádio de Sonhos para aí disputar com a equipa da nossa freguesia uma partida alusiva à 19ª Jornada da Divisão de Honra da AFP. Os forasteiros foram surpreendidos por um Ermesinde organizado e “matador”. Na sequência de um livre, Delfim (na imagem de cima) inaugura aos 21 minutos o marcador, na sequência de um vistoso remate ao ângulo da baliza de Pirota. Grande golo do capitão ermesindista. Nove minutos volvidos Rui Pedro amplia a vantagem, trazendo desta forma alguma tranquilidade no marcador. Perto do intervalo, à passagem do minuto 42, Márcio agarra Sousa para o impedir de progredir, quando este já corria isolado para a baliza, tendo o árbitro entendido dar ordem de expulsão ao capitão da turma visitante. No recomeço da segunda parte Guedes, ao último poste, faz o terceiro golo do Ermesinde, quando estavam decorridos 50 minutos. Um quarto de hora depois Rivaldo corre isolado em direção à baliza de Pirota, que tira a bola do alcance do ponta de lança com as mãos, fora da área, recebendo por isso o cartão vermelho direto. Rivaldo que apontaria o último golo da partida, a cinco minutos do final do encontro, dando o melhor seguimento a um grande trabalho de Flávio pela esquerda, que centrou para a zona de grande penalidade onde apareceu então o novo reforço ermesindistas. Nos últimos minutos o Baião teve mais espaço e correu atrás do prejuízo, fruto também de algumas substituições menos conseguidas (!) por parte de Jorge Abreu, mas na baliza estava Rui Manuel, que teve uma tarde quase descansada. 4-0, resultado que vem assim trazer algum ânimo à equipa da nossa cidade, a qual neste encontro alinhou com: Rui Manuel, Tiago Silva (Davide, aos 64m), Hélder Borges (Bruno, aos 64m), Rui Stam, Delfim, Guedes, Hemery, Flávio, Miguel (Vítor Gato, aos 55m), Rui Pedro (André Ribeiro, aos 64m) e Diogo Sousa (Rivaldo, aos 55m). MÁRCIO CASTRO Desaire no virar do campeonato Teve início na tarde do passado dia 20 de janeiro a segunda volta do Campeonato da Divisão de Honra. Jornada (número 18) onde o Ermesinde averbou uma derrota no reduto do Oliveira do Douro (imagem de baixo), uma equipa recheada de

nomes sonantes, como por exemplo Hélder Calviño, atleta que já jogou na Primeira Liga ao serviço do Boavista. E mesmo sem mostrar muito futebol aos 10 minutos de jogo o conjunto da casa já estava a ganhar por dois golos sem resposta! No entanto o Ermesinde foi sempre a equipa que quis mandar no jogo, e aos 35 minutos, o capitão Delfim responde bem ao centro do regressado Rui Pedro e faz o golo de honra da turma da nossa freguesia. Mais tarde Flávio faz um grande golo, mas o arbitro invalidou o tento do empate, alegando fora de jogo ao extremo da cantera ermesindista. Muitas dúvidas, pois o jogador da equipa forasteira parecia estar bem atrás do último jogador azul e branco. Na segunda parte o espetáculo desceu de nível, com muitos erros de arbitragem, principalmente nos lances de fora de jogo, muito antijogo da equipa gaiense, pois sempre que uma bola saía do terreno de jogo demorava uma eternidade a regressar! Pode-se dizer que a bola não rolava 5 minutos sem que o árbitro interrompesse a partida, porque alguém da turma visitada estava no chão a contorcer-se de “dores”. Em nenhuma ocasião o Oliveira do Douro se superiorizou ao Ermesinde, pelo que a vitória por 2-1 se afigura como injusta. Em Oliveira do Douro o emblema da nossa freguesia alinhou com: Rui Manuel, Tiago Silva (Vítor Gato, aos 45m), Hélder Borges, Rui Stam, Delfim, Guedes (Miguel, aos 80m), Ricardo Leça, André Vale (Hemery, aos 45m), Flávio, Rui Pedro (Paulo, aos 80m) e Diogo Sousa. MC/AVE

FOTOSMÁRCIOCASTRO

Derrota mínima em Alpendorada O Ermesinde concluiu a primeira volta do escalão maior da AFP da mesma forma que iniciou a prova, isto é, a perder. Derrota essa que teve lugar no passado domingo 13 de janeiro, dia em que os verde-e-brancos se deslocaram ao Marco de Canaveses para defrontar o Alpendorada em partida a contar para a 17ª ronda da citada competição. Diante de bancadas completamente despidas de público – quiçá pelo muito frio que se fazia sentir – o conjunto da casa foi o que mais procurou o golo durante os primeiros 45 minutos, procura essa que seria premiada já muito perto do descanso, à passagem do minuto 37, altura em que Pedro atirou para o fundo das redes de Rui Manuel. Na segunda parte o Ermesinde entrou em força, na tentativa de virar o resultado, mas o Alpendorada agarrou-se ao valioso golo, e não mais largou a sua zona defensiva. Do lado do Ermesinde nota ainda para estreia do reforço de inverno Vítor Gato, que entrou aos 63 minutos, tendo estado muito perto de apontar o golo do empate. Igualdade que acabaria por não surgir, e o encontro terminou com a curta mas preciosa vitória dos marcoenses por 1-0. No entanto, e atendendo ao desenrolar do jogo, principalmente pela postura ofensiva do Ermesinde na etapa complementar, o empate seria o resultado mais justo, pois os verde-e-brancos venderam cara a derrota. Neste encontro os ermesindistas alinharam com: Rui Manuel, Tiago Silva, Hélder Borges, Rui Stam, Delfim, Guedes (Hemery, aos 63m), Ricardo Leça, André Vale (Hugo, aos 72m), Flávio, Miguel (Vítor Gato, aos 63m) e Diogo Sousa. MC/AVE Comandante travado pelos ermesindistas O Ermesinde conseguiu passar dos “8 aos 80” no curto espaço de uma semana. Depois da derrota forasteira no último jogo de 2012, ante o Valonguense, os ermesindistas entraram no novo ano com uma vontade férrea de querer regressar às vitórias e sair da posição incómoda que ocupam na tabela classificativa. No dia 6 de janeiro os verde-e-brancos receberam em casa emprestada – mais concretamente em Bougado, na

Trofa – o comandante deste escalão, o Lixa, em partida alusiva à 16ª jornada da competição. Duelo que terminou com um empate a duas bolas, um resultado que satisfez mais o Lixa do que o Ermesinde, a equipa que mais fez por merecer os três pontos. Durante os 90 minutos pudemos assistir a um grande jogo de futebol, onde em nenhum momento o Ermesinde esteve em desvantagem no marcador, coisa que esta época ainda não se tinha visto. Os locais entraram fortes e logo aos três minutos já se gritava golo por intermédio de Flávio. Mesmo depois do empate obtido pelos líderes do campeonato, facto ocorrido aos 30 minutos por Hélder Carvalho, o Ermesinde manteve-se controlador, por isso, e sem surpresa, aos 43 minutos, Delfim, de cabeça, encostou a bola ao fundo da baliza. Ao intervalo registava-se então uma justa vantagem. Na segunda parte o Ermesinde manteve a avalanche ofensiva, e apesar do Lixa dar réplica, e trocar bem a bola a meio campo, nunca teve pernas para a equipa da nossa cidade. No entanto, ao minuto 75, e contra a corrente do jogo, surge o empate, e com ele, várias decisões duvidosas por parte da equipa de arbitragem, a qual teve critérios bastante diferentes para cada equipa. Quase no final da partida, quando Rui Pedro surgia isolado, mas em posição regular, o árbitro assistente decidiu anular a jogada. Rui Pedro que, para nós foi o elemento ermesindista mais valioso em campo, com três bolas ao poste, e vários lances flagrantes de golo! Assim que o juiz da partida deu por terminado o embate entre opostos na tabela os jogadores do Lixa suspiraram de alívio. Nesta partida a turma da nossa cidade alinhou com: Rui Manuel, Tiago Silva, Hélder Borges, Rui Stam, Delfim; Guedes, Ricardo Leça, André Ribeiro (Davide, aos 75m), Flávio (Hemery, aos 75m), Rui Pedro e Hugo (Miguel, aos 62m). MC/AVE Nota: Todos os resultados e classificações desta competição podem ser consultados na nossa edição on-line.


31 de janeiro de 2013

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Património

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• TEMAS ALFENENSES •

A delimitação de Alfena com Folgosa e São Pedro Fins – 1689 (1)

RICARDO RIBEIRO (*)

etomando o tema da delimitação da freguesia de Alfena, e porque os problemas não se resumem aos limites com freguesias do Concelho de Valongo, vamos, agora, debruçar-nos na delimitação de Alfena com o actual Concelho da Maia, ou seja, com as freguesias de Folgosa e São Pedro Fins. Tombo da Igreja de São Vicente de Alfena «Título da mediçam e demarcação da frgª. de Alffena Devizam da frgª. de Folgoza Anno do nasimento de Noso Senhor Jezus Christo de mil seissentos oitenta e nove anos aos vinte e sinco dias do mês de Junho do d.ª anno em o lugar de Saínhas que he em o montado de Alffena sita em o conc.º da Maya [N.R.: até 1836, Alfena pertenceu ao Concelho da Maia], termo e jurisdição da muyto nobre e sempre leal sidade do Porto ahi adonde foi uindo o Doutor ChristouãoAlão de Moraes Juis do Tombo do Collº. de nossa sª. do Carmo da Vniuersidade deCohimbraemcompanhiademimescriuamdodº.Tombo a requerimto. de Manoel de Payua, procurador do dº. Collº. pª. effeito de fazer a mediçam e demarquaçam da dª. frgª. de Alffena (…) E logo em o mesmo dia mês e anno atras declarado comesaram elles louuados a emtemder em a d.ª [N.R.: dita] mediçam e demarquaçam por mandado delle juis e logo disseram em aquele lugar de sainhas [N.R.: Saínhas, no extremo norte da freguesia deAlfena e Concelho deValongo e local onde se encontram 3 freguesias e 3 concelhos, a sul, Alfena e Valongo; a ocidente, Folgosa e Maia; e a oriente, Água Longa e Santo Tirso] em q. [N.R.: que] estauam era a p.ra [N.R.: primeira] parte que a frg.ª [N.R.: freguesia] de AlffenapartiacomadeFolgosaeq.alieranesessarioleuantar hum marco como com effeito leuantaram por mandado delle juis o coal marco tem humas letras que dizem Carmo e logo elle juis em prezença de mim escriuam mandou ao porteiro apregoáce que nenhuma pessoa com a pena da lei aringáce o d.º marco o coal pregám o d.º porteiro lansou. Elogoforammedindoadistanciaqueauiapeladeuizam emtre as freguezias que he po hum cômaro e Ribr.º [N.R.: ribeiro] p.ª [N.R.: para] a parte do poente the [N.R.: até] a estrada de Vila do Conde[N.R.: actual E.N. 318 que liga Água Longa a Macieira da Maia e Vila do Conde, pela Camposa e Carriça] adomde elles louuados diseram era

ERMESINDE Sede: R. Manuel Ferreira Ribeiro, 30 4445-501 Ermesinde TEL: 22 971 4442 FAX: 22 975 8926 TLM: 91 755 4658 / 91 269 6074 / 91 689 7854

nesessr.º [N.R.: necessário] outro marco o coal elle d.º juis mandou leuantar pela p.te [N.R.: parte] de baixo da d.ª estrada mandando ao d.º porteiro lansáce o d.º pregám do marco, atras do coal a este ha de distancia quinhentas e setenta e tres u.as [N.R.: varas; 1 vara=1,1 metros] fazendo sempre a devizam ribeiro abaixo. Elogocomtinuandoaditademarcaçamforammedindo a distancia q. auia pela deuizam emtre as d.as frg.as que he o ualo da bouça de Fran.co Carneiro da d.ª frg.ª deAlffena p.a a parte do poente the o monte aberto adomde elles louuados disseram era nesessr.º outro marco o coal elle d.º juis mandou leuantar mandando ao d.º porteiro lansáse pregám na forma dos mais, atrás o coal a este ha de distancia duzemtas trinta e sete uaras. Elogocomtinuandoosd.oslouuadoscomad.ªmediçam e demarquaçam foram medindo a distancia que auia pela deuizam emtre as ditas freiguezias p.ª a parte do poente inclinando ao sul que he te [N.R.: até] o marco da bouça das uales the o primsipio da deuizam das serras adomde elles louuados disseram era nesessr.º outro marco o coal elle d.º juis mandou leuantar mandando pelo porteiro lansar o pregám na forma do outro marco atras e fiqua de distancia delle a este duzentas e huma uaras. E logo elles louuados foram comtinuando com a d.ª demarquaçammedindoadistanciaqueauiapeladeuizam emtre as d.as freiguezias pera a p.te do poente que he o Regueirám da sera das uales the o sima das ditas serras [N.R.:linhadeáguaquenascenacumeadadeSãoMiguelo-anjo e desce até ao Ribeiro de Junqueira] adomde elles louuados disseram era nisessario outro marquo o coal elle juis mandou leuantar mandando pelo d.º porteiro lansar o pregám na forma dos outros atras do coal a este fiqua de distancia trezentas e coatro uaras. E logo elles louuados foram medindo e demarquando a distancia que auia pela deuizam emtre as ditas freiguezias p.ª a parte do sul que he pelo sima das serras the domde comessa a deuizam da freiguezia de S. P.º Fins [N.R.: o limite acompanha a linha de cumeada de São Miguel-o-anjo até encontrar o limite da freguesia de São Pedro Fins, junto ao court de ténis] e por elle juis se enformar que os dizimos da dita freiguezia pertenciam ao comuento das Relegiozas de S. Bento do Porto mandou pelo d.º porteiro apregoar a madre abb.ª do d.º Comuento o coal a apregoou e debaixo do segundo pregám deu ffee mão paresia nem seu p.dor [N.R.: procurador] o que uisto por elle juis mandou que à sua reuelia se fosse fazendo a dita mediçam p.ª mais clareza do Tombo uisto nam ser nesissr.º leuantarce marcos por estar de pouquo tempo demarquada a d.ª frg.ª e fiqua de distancia do outro a este duzentas trinta e seis uaras. E logo foi medindo o medidor do Coll.º [N.R.: Colégio] com o da d.ª freguezia de Folgosa à rreuelia do do comuento das ditas madres pela deuizam da d.ª frg.ª de Sam P.º Fins p.ª a parte do sul the o meyo da Capella de Sam Miguel o Anyo [N.R.: a Capela de São Miguel-oanjo, ainda hoje existente] e fiqua augas vertentes p.ª a p.te de Alffena e fiqua de distancia do outro marquo a este cemto nouenta e duas uaras.

E logo foram medindo elles louuados a distancia que auia pela deuizam de emtre as frg.as p.ª a p.te do sul athe domde comesa a deuizam da frg.ª de Santa Crestina de Folgosa [N.R.: na actual E.N. 105-2, em frente às «ResidênciasSénior»;aassimdesignadafreguesiadeSantaCristina deFolgosacorrespondeàmedievalfreguesiadeSantaCristina do Vale Coronado, entretanto extinta e unida à de Folgosa, apesar da descontinuidade territorial] e por elle juis se emformar pertenciam os dízimos da d.ª frg.ª ao mesmo add.e de Folgosa o mandou apregoar e mandou focem comtinuando com a dita demarquaçam e mediçam e por estarem marcos postos pela deuizam das ditas freiguezias mandou se medicem e se nam leuantáce marcos e fiqua de distancia da dita Cappella a este trezentas quarenta e duas uaras e m.ª [N.R.: meia]. E logo foram medindo elles louuados a distancia que auia pela deuizam das ditas freiguezias p.ª a parte do sul e

por estar outro marco e nam se nesessr.º o nam mandou [N.R.: Marco da Comenda de Águas Santas, caracterizado por apresentar uma cruz de Malta em baixo relevo, ainda existente junto às antenas de telecomunicações na Fontinha] leuantar e fiqua de distancia do outro a este duzentas trinta e sete uaras e m.ª. E logo foram medindo os dito louuados a distancia pela deuizão de emtre as freiguezias athe domde está outro marco da Comenda deAugas Santas e fiqua de distancia do outro a este cemto setenta e sete uaras. E logo elles louuados foram medindo pela deuizam que apartta as ditas freiguezias p.ª a p.te do sul the domde está outro marco da Comenda [N.R.: na actual Rua da Fontinha] e fiqua de distancia do outro a este duzentas e quatorze uaras e meya. E asim mais na mesma forma foram elles louuados medimdo pela deuizam de emtre as freiguezias the domde estaua outro marco da mesma Comenda que deuizaua as ditas freiguezias [N.R.: junto à intersecção das actuais Ruas da Fontinha e de D. Sebastião] e tinha de distancia do outro marco a este direito p.ª o sul duzentas e uinte uaras. E logo na mesma forma foram os mesmos louuados medimdo pela deuizam de emtre as freiguezias direito p.ª o

sul the domde estaua outro marquo [N.R.: na actual Rua de Baguim] e acharam de distancia do outro a este duzentas e sesenta uaras. E logo foram elles louuados medimdo a deuizam de emtre as freiguezias direito p.ª o sul athe domde estaua outro marco tambem da Comenda junto ao ualo das bouças de sima [N.R.: na actual Rua deValmarinhas, junto à antiga suinocultura] e tem de distancia de húm a outro trezentas e uinte e tres uaras. E logo da mesma forma os mesmos louuados foram medindo pela devizam de entre as frg.as atras athe junto à camcela das bouças das corgas de Fran.co Hemrriques e ahi disseram era nesessr.º leuantar outro marco o que elle juis mandou leuantar e lhe mandou lansar pelo porteiro pregám que com pena de tres annos de degredo e sem mil rreis p.ª as despezas da R.am [N.R.: Repartição] nimguem o arranquáce nem emtendêce com elle e tem de distancia do outro a este trezentas e dezaseis uaras. E logo elles louuados na mesma forma atras foram medindo direito p.ª o sul em uolta pela Regueira da bouça de Francisco Hemrriquez pela deuizam de emtre as freguesias athe a agra de momforte [N.R.: na Rua de Monforte, a antiga estrada real Porto-Guimarães, na linha de cumeada de Vilar] adomde estaua outro marco da Comenda deAugas Santas, que fazia a dita deuizam e fiqua distancia do outro marco atras the este duzentas oitemta e oito uaras. E por este modo disseram elles louuados que the o d.º marquo asima chegaua a terra da dita freiguezia de Folgozaenamtinhamaisconfinaçmcomad.ªdeAlffena o que tudo tinham feito bem e uerdadeiramente sem odio nem afeiçam alguma comforme o emtemdiam em suas comsiensias e por estar prezente o dito Reuerendo abb.e da dita frg.ª por elle foi dito que elle daua a d.ª demarquaçam e deuizam de sua frg.ª de Folgoza por bem feita e acabada e que nam duuidaua que nesta forma se semtemceáce e se lansáce em Tombo de que elle juis mandou fazer este termo que asignou com o d.º Reuerendo abb.e, procurador do d.º Coll.º e louuados e eu Manoel de Souza Barbosa escriuão do Tombo o escreuj, Alão, Pedro de Affn.ca [N.R.: Affonseca] Coutt.º [N.R.: Coutinho], Manoel de Payua Barro, Fran.co da Costa, João Affonsso louuado.» Desta descrição bastante clara, ressalta um facto histórico indesmentível, a descontinuidade territorial da actual freguesia de Folgosa, constituída por duas parcelas de território, uma a norte de São Frutuoso a Vilar de Luz, correspondendo à medieval freguesia de São Salvador de Felgosa; e a sul Santa Cristina (do Vale Coronado) separada do restante território pelo lugar de Arcos da freguesia de São Pedro Fins (a medieval Sanfins do Coronado). Voltaremos a este assunto e futura oportunidade…. (*) Membro da AL HENNA – Associação para a Defesa do Património de Alfena.

Site: www/afunerariamarujo.com / Email: afunerariamarujo@gmail.com CONS. REG. COM. VALONGO N.º 56190

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Emprego

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A Voz de Ermesinde • 31 de janeiro de 2013

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31 de janeiro de 2013

• A Voz de Ermesinde

Porto de Honra

NUNO AFONSO

Porto não é uma nação mas também não sobram dúvidas de que foi, é e será uma grande instituição que abrange muitas outras de características semelhantes às da sua matriz como se formassem uma matrioska. Bem merece todas as designações elogiosas que lhe foram outorgadas ao longo dos séculos. Os reis consideraram-na “mui nobre, sempre leal e invicta” cidade do Porto, e, em tempos republicanos, a sua distinção maior foi a de cidade do trabalho, do comércio e da livre iniciativa mas também da fraternidade e da autenticidade que sempre mereceu por inteiro. Povoada desde épocas remotas, ganhou importância devido à sua privilegiada localização sobre a foz do rio Douro. Teve origem numa localidade conhecida por Cale, cujos moradores viviam do mar, daí o nome pelo qual ficou conhecida e fundamentou a designação do país que daqui se veio a formar: Portucale. Para muitos, o núcleo original foi o morro de Pena Ventosa, lá no alto donde os moradores desciam, por caminhos e atalhos, à procura do sustento que o rio lhes proporcionava; segundo outros, a povoação ter-se-á formado mais perto do rio e há mesmo quem afiance que houve duas povoações uma na margem direita e outra na margem esquerda. Como toda a Península, esteve sob domínio árabe porém cedo retomou a sua antiga condição sob o comando de Vímara Peres que, por presúria, passou a governá-la, em 868, como capital de um território a que foi dado o nome de Portucale e que transmitiu aos seus descendentes até ao ano de 1071, quando D. Mendo II foi derrotado na batalha de Pedroso sendo, então, integrado no Reino de Lião. Em 1095, tornou-se condado oferecido pelo Rei de Lião ao nobre borgonhês D. Henrique, que viera ajudá-lo na luta contra os árabes, juntamente com a mão da sua filha natural D. Teresa. Passou, então, a ser denominado Condado Portucalense que o filho de D. Henrique, D. Afonso Henriques, ampliou, reconquistando terras ao domínio árabe e lutando contra seu primo D. Afonso VII de Lião que veio a reconhecer-lhe o título de Rei em 1143 pelo Tratado de Zamora. O novo Reino só foi reconhecido pelo Papa em 1179. Enquanto instituição política, a administração da cidade foi entregue por D. Teresa ao poder religioso, na pessoa do bispo da diocese, D. Hugo que lhe concederia foral em 1123. Esse estatuto permitiu-lhe uma larga autonomia, inclusive judicial, que fortaleceu a sua identidade em relação ao poder régio com o qual entrou em frequentes desentendimentos. Ponto significativo dessa autonomia determinava que nenhum nobre era autorizado a erguer as suas residências dentro dos limites da cidade

proibição que durou até ao século XVI. Tal regime de exceção, revela bem os méritos do Porto e justificam que tenha sido determinante nos grandes momentos da nossa história. Além da forte contribuição dada no prosseguimento da Reconquista, foi graças à ação do bispo D. Pedro II Pitões que os cruzados, vindos do centro da Europa no âmbito da II Cruzada, com destino à Terra Santa, aceitaram ajudar D. Afonso Henriques na conquista de Lisboa em 1147 e, posteriormente, noutras ações contra os mouros. Embora de carácter económico mas de forte componente política, foi a embaixada de mercadores portuenses chefiados por Afonso Martins Alho que negociaram e assinaram o primeiro acordo com a Inglaterra abrindo caminho à celebração do Tratado de Windsor, “a mais velha aliança do mundo”, e ao casamento de D. João, o primeiro de Portugal, com D. Filipa de Lencastre. D. João I dedicou sempre grande afeição a esta cidade: aqui se realizou o casamento real em 1387 e aqui nasceu o Infante D. Henrique (1394), responsável mor pela epopeia dos Descobrimentos. Daqui partiu a armada que foi conquistar Ceuta, em 1415, etapa inicial da saga africana empreendida pelos primeiros reis da dinastia de Avis. Para o aprovisionamento da esquadra, o povo portuense forneceu todos os víveres com sacrifício da própria alimentação. Diz-se que ficaram apenas com as vísceras dos animais oferecidos o que motivou a alcunha de tripeiros que, na época, lhes foi atribuído e que ainda subsiste. Foi no Porto que rebentou a Revolução Liberal chefiada pelo magistrado Manuel Fernandes Tomás e a que se associaram outras figuras gradas da cidade. Foi ao Porto que D. Pedro se dirigiu após o desembarque na praia do Mindelo (?) e aqui enfrentou os absolutistas liderados pelo seu irmão D. Miguel. Agradecido às gentes do Porto, legou-lhes o seu coração que ainda se mantém conservado na Igreja da Lapa. Igualmente o processo que conduziu à implantação da República teve participação ativa de portuenses, refletindo a sua declarada opção. O 1º deputado eleito pelo Partido Republicano (PRP) em 1878, ainda na vigência da Monarquia, foi José Joaquim Ribeiro Teles em representação do Porto e o primeiro grande movimento tendente à proclamação da República verificou-se em 1891 nesta cidade. A instituição mercantil deve-se à estreita relação entre os habitantes e o seu rio. É sabido que, no século XIV, já existia, no Porto, uma ativa e próspera burguesia razão pela qual foram os negociantes portuenses enviados a Londres para, em nome do país, estabelecerem um acordo comercial com a Inglaterra. Tão bem se saíram que, além do objetivo imediato plenamente conseguido para as nossas exportações, sobretudo do vinho, abriram caminho à celebração do Tratado de Windsor e às diligências para o enlace entre o novo rei de Portugal e D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gant e neta do rei Eduardo III de Inglaterra. O chefe da missão, Afonso Martins Alho, foi tão hábil nos seus propósitos que ficou eternizado na expressão popular “fino como o Alho”. Na Inglaterra e na

Crónicas

Flandres (Bruges), entrepostos do comércio externo português, foram os mercadores portuenses os que mais se distinguiram. A partir do século XVIII, a Região Demarcada do Douro, ordenada pelo Marquês de Pombal, deu extraordinário impulso ao comércio marítimo do Porto. O precioso néctar ficou mundialmente conhecido pelo nome da cidade donde era exportado e não por referência à região onde era produzido. Já nesse tempo, muitos cidadãos estrangeiros, sobretudo ingleses, se tinham estabelecido nesta cidade e aqui permaneceram e criaram raízes. Os séculos XIX e XX foram de extraordinário desenvolvimento da cidade e da área metropolitana em atividades comerciais e industriais, o espaço da urbe foi ampliado, abriram-se novas e grandes artérias, estabeleceram-se muitas e importantes empresas, ainda que, desde a 2ª metade do último século, se tenha assistido a um progressivo recuo económico do tecido urbano. Culturalmente falando, o centro histórico da cidade foi declarado Património Cultural da Humanidade pela Unesco em 1996, precedendo outros desta área como o Douro Vinhateiro, O Centro Histórico de Guimarães, o Centro Histórico de Braga e com eles formando um notável conjunto que poderá

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papel importante no evoluir das novas ideias que iam surgindo; das livrarias sobreviventes aos solavancos económicos que sacudiram a sociedade portuguesa, em especial a portuense, destaca-se a Lello e Irmão, considerada uma das mais bonitas da Europa e que recebe, além do público nacional e estrangeiro interessado em livros, inúmeros turistas dos mais variados países. No entanto, existem no país e no Porto em destaque, alfarrabistas que têm desenvolvido ação cultural de grande notoriedade e de enormíssima importância como a Livraria Académica de Nuno Canavez. Este homem, condecorado pelo antigo Presidente da República Mário Soares, que tem por ele enorme consideração, bem merecida por sinal, tem desenvolvido, ao longo de muitas décadas, um trabalho de divulgação de obras literárias, de autores nacionais e estrangeiros que, assim, vai promovendo enquanto contribui, maioritariamente, para o enriquecimento da biblioteca de Mirandela, seu concelho de origem. Homem conhecedor do seu ofício tem um percurso notabilíssimo que lhe foi granjeando um sem número de amigos. Nasceu em Vale de Juncal a poucos quilómetros de Mirandela e veio FOTO LIVRARIA ACEDÉMICA para o Porto, aos 13 anos, trabalhar como marçano naquela que haveria de tornar-se “a sua muito querida Livraria Académica”. Frequentou a Escola Comercial Oliveira Martins mas a carreira de livreiro e as atividades afins ocuparam todo o seu afeto só vencido pelo amor à família. Transmontano autêntico, inteligente e culto mas sincero, faz jus ao carácter da sua gente. Quem o procura sabe que terá uma resposta pronta e honesta. Certa ocasião, dei-lhe conta duma precisão urgente. “Faça o favor de esperar um minuto!” – disse-me. Nem um minuto tinha decorrido e já ele vinha com o livro pedido na mão. “Quanto é, senhor Nuno?” – intornar-se êxito no domínio do turismo. Aqui daguei. “Ora, não é nada. O amigo está nasceram e/ou viveram grandes vultos da servido, é o que importa.” Várias vezes literatura pátria: Almeida Garrett, Camilo Cas- tenho contado com a sua generosidade e telo Branco, Eça de Queirós (não propria- conhecimento. Sou amigo de pouca monmente no Porto mas na área metropolitana, ta em termos económicos mas isso não Póvoa de Varzim,) José Régio (Vila do Con- conta para ele. Acima de tudo, está o seu de) António Nobre, Soares de Passos, Júlio profissionalismo e a sua dedicação. ObriDinis, Ramalho Ortigão, Sophia de Mello gado, senhor Nuno. Em 2008, um conjunBreyner Andresen, Eugénio de Andrade e to de pessoas, dedicadas às letras deciManuel António Pina entre outros. O movi- diu editar um livro em forma de mensamento cultural da cidade foi muito intenso gem de amizade ao senhor Nuno Canavez. nos dois últimos séculos. Foi particularmen- Em jeito de brinde, escolhi um poemazinho te importante o aparecimento da revista (sem rastos de depreciação) que passo a Águia, contemporânea da República (1 de transcrever: Dezembro de 1910), que deu origem à sociedade cultural Renascença Portuguesa e que O Guardador muito dinamizou a vida cultural do país no século XX. Teve uma existência ponteada A infância e os rebanhos de dificuldades não obstante haveria de suspende nos montes manter-se até 1932. A Universidade do Porto e caminha na porfia de um ofício. é, hoje, uma das mais prestigiadas institui- Na cidade grande, tão longe do rumor ções portuguesas além fronteiras. Como a das giestas, aprende a arte de amar cultura não se pode cercear em espaços limi- os livros, perseverante ofício. tados, os cafés tradicionais, clubes literários e algumas livrarias desempenharam papel Faz-se guardador importantíssimo na afirmação humanística, da palavra rara, a mais ténue científica, artística e filosófica da cidade do memória dos livros: tudo o que resta Porto. Os mais emblemáticos cafés foram, sem afinal do remoto maravilhoso. dúvida, o Magestic e A Brasileira mas outros, alguns dos quais já desaparecidos, tiveram Francisco Duarte Mangas


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A Voz de Ermesinde • 31 de janeiro de 2013

Crónicas

Onze mil e quatrocentos

GLÓRIA LEITÃO

mês de janeiro está passado e eu quase me esquecia de registos importantes que não queria nem devia deixar passar em claro, ainda mais sendo coisas que para mim fazem todo o sentido – não cruzar braços e lutar para conquistar aquilo em que se acredita. Isso aconteceu com os nossos jovens do COJ – Centro de Ocupação Juvenil (uma das valências da Associação Ermesinde Cidade Aberta), e que numa crónica de 15/02/ 2012 identificava como «… meninos e jovens, alegres e dinâmicos que têm uma cumplicidade gira com as suas cuidadoras, que estão atentas às suas traquinices e também às suas estratégias de distração para se desviarem da concentração que precisam de ter para fazer os seus TPC’s escolares…» . Referia também que me tinha sido permitir assistir a uma das feirinhas que organizaram ao ar livre para poderem obter fundos que queriam aplicar em seu benefício e conseguiram – em equipa, com o dinheiro que juntaram – assumir o custo da rede que foi necessária para vedar o quintal da “sua casa”. A par disso e se calhar também incentivados pelo seu esforço e perseverança as suas educadoras e auxiliares conseguiram que empresas amigas lhes oferecessem o relvado sintético, a sua colocação e ainda a rede para cobrir este seu pequeno campo que lhes serve agora para a prática de fute-

FARMÁCIA ANA

bol e outras atividades desportivas e lúdicas que podem fazer neste espaço, em segurança e que está integrado na tal “casa” onde passam grande parte do seu tempo e que também ficou linda depois da obras de restauro com uma “mãozinha de ajuda” do Centro Social de Ermesinde e que se estão a estender aqui ao nosso Centro de Animação, nas Saibreiras, que está a ficar lindo pintado de cores alegres, como os nossos meninos. Depois, fazia também todo o sentido para mim, registar a fraqueza de um grande clube de futebol que tinha dispensado as suas atletas, no feminino, e isso enfraquecer-lhes-ia a moral se não se tivessem junto a outras guerreiras aqui no clube que é nosso vizinho, o CPN. Em equipa, transformaram-se mesmo em força e puderam

féu, que exibiram com orgulho e honra representa seguramente o empenho delas, o apoio e o amor das suas famílias, a qualidade de uma equipa técnica e toda a crença e a teimosia de um clube histórico da cidade de Ermesinde: o CPN, Clube de Propaganda da Natação – Todos de Parabéns! E ficaria assim, este registo se em época festiva não tivesse passado por uma loja da “Paupério”, uma empresa que se tem reinventado, não perecendo à crise e que eu associo às caixas de bolacha da minha infância e que, por sermos uma família numerosa não entrava na nossa lista de bens essenciais. Compravam-se sim nesta altura do ano para oferecer à nossa professora primária. Acho que ainda hoje lhe sinto o cheirinho que tentava absorver enquanto a transportava no MANUEL VALDREZ

Insista, Persista, Nunca desista.

festejar a sua grande conquista, em finais de 2012 – sagraram-se campeãs distritais de basquetebol e eu imaginei o “gozo” que esta vitória lhes tenha dado, provando o seu grande valor. Aquele tro-

caminho para a escola por forma a poder reter aquele odor a bolachinhas quando me separasse da caixa que confesso me custava entregar como a tal lembrança – o sinal de respeito que os pais

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tinham pelos professores e uma forma humilde de os compensar numa profissão que sempre foi difícil e que todos valorizam e respeitavam como uma autoridade de ensino. Dezembro continuava a surpreender-me e finalizo este apontamento com um registo impossível de guardar para mim mesma – o ar perplexo da nossa colega Sofia que irrompeu pelo gabinete e nos disse, ainda incrédula pela novidade que tinha acabado de receber: «– Acreditam que a minha amiga sempre conseguiu um emprego como administrativa?» – tinha mandado exatamente 11 400 currículos e num acertou e conseguiu um trabalho. Isto fezme vir à lembrança a ideia que nunca me abandona – a vida sempre irá ser um bater de portas. Umas fecham-se e outras abrem-se. Os “Não” são iguais, os “Sim” também e aqui o que diverge é a roupagem com que nos camuflamos – comercial, gerente, administrativo, académico, etc., e até amigo, e até família. Em 30/10/2011 escrevia em JUICE que “teatro de vendas” é o teatro da vida porque a vida sempre será um teatro em que nós seremos sempre os atores principais e as pessoas a quem ouvia dizer «não sei se alguma vez eu conseguia fazer esse tipo de trabalho» não se terão mesmo dado conta que sempre fizemos isso, sempre vendemos algo na vida e até o tal favorzinho que em dado momento todos precisamos de pedir, quer tenha sido batendo à porta de uma casa, de um gabinete, de uma empresa, ou mesmo traduzido numa simples chamada telefónica. Neste “teatro” até o “Moliére” funciona, porque também existe dentro de nós, o tal “lá terá que ser” e avançamos, com a coragem igual ou até maior que o motivo que nos leva a pedir e que, para mim, também se reflete em três termos, as “três pancadas” da nossa motivação para o fazer:

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Isto, mesmo que lhe digam que já é tarde e não vale a pena. A amiga da Sofia precisou muito destes três “condimentos” porque onze mil e quatrocentos currículos é um número de muito respeito, de muita coragem, de muita persistência e ainda bem que ela não desistiu!

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31 de janeiro de 2013

• A Voz de Ermesinde

Opinião

Melhor que euforia será mudar de paradigma

A. ÁLVARO SOUSA (*)

semana que findou a 26 de janeiro de 2013 trouxe para a classe política detentora do poder algo que a deixou em êxtase, depois de registar o que consideram ser uma vitória da estratégia de Victor Gaspar, a colocação de 2,5 mil milhões de euros de dívida a cinco anos com uma taxa abaixo dos 5% (4,891%), superior, no entanto, ao que pagamos à Troika que é de 3,4%. O acontecimento gerou, naturalmente, reações diversas e antagónicas: os governantes e os representantes dos partidos da maioria, festejaram o acontecimento enfatizando o facto de a República ter voltado aos mercados com o sucesso que foi haver investidores que subscreveriam praticamente o quíntuplo do disponibilizado. É, realmente um sucesso digno de registo por parte dos portugueses esperançados que estão que tamanha façanha tenha repercussões positivas na Economia, traduzidas por abertura da Banca no crédito às empresas, sem o que de pouco, ou de nada, valerá a euforia dos agentes políticos. Pelo lado dos partidos da oposição, o discurso é

outro e praticamente alinhado no entendimento de que a “taça” deve ser entregue a Mário Draghi, pelas alterações que introduziu na instituição desde que em 1 de Novembro de 2011 assumiu a presidência do Banco Central Europeu (BCE). Há, contudo, neste episódio algo que deverá refrear a alegria dos portugueses caso se venha a concluir que os fundos obtidos na operação não chegam à economia real, fomentando o crescimento económico e, consequentemente, atenuando o flagelo do desemprego. Deixando para os entendidos na matéria, quem verdadeiramente merece que lhes sejam atribuídos os louros da estratégia, talvez que, se tivéssemos de emitir opinião, enfileiraríamos com os que entendem que o mérito é pouco do nosso ministro das Finanças e muito da alteração política do BCE que tornou possível que antes dos portugueses Espanhóis e Irlandeses voltassem aos mercados. Por estas e muitas outras razões, alinho com Miguel Sousa Tavares quando conclui: «Não vejo mesmo porque haveríamos de embandeirar em arco». Com efeito, sendo o problema maior de Portugal e dos portugueses a retração da economia, a falência diária de dezenas de empresas, algumas ditadas por falta de financiamento bancário para concretizar encomendas em carteira, e o endémico desemprego, quem não tiver compromissos com os partidos que suportam o governo, terá dificuldades em perceber o “folclore” que no Parlamento e na comunicação social se pôde assistir nos últimos dias da referida última semana. Retomando o drama do desemprego que em Portugal atingirá já cerca de um milhão

de portugueses, na Europa se cifra em vinte e seis milhões, havendo quem admita que em 2013 os desempregados no mundo serão da ordem dos 202 milhões de trabalhadores, com tendência em todos os segmentos de subida, os políticos e os investidores deveriam rapidamente preocuparem-se em “desenhar” um novo paradigma para o mundo do trabalho, com enfoque na criação e distribuição de riqueza que combata o desemprego, antes que a legião de “miseráveis” se veja na necessidade de pôr em causa os pilares das democracias ocidentais, empurrados pelo filhos para quem não têm o mínimo de condições para lhes matar a fome. Há dias, ouvindo a parte final de um programa de rádio em que era entrevistado (julgo que um gestor), ainda lhe escutei que a evolução tecnológica dos nossos tempos tornou evidente que não são precisas tantas pessoas como anteriormente para produzir a riqueza que as populações necessitam, sendo, por isso, necessário e urgente enveredarmos por um outro paradigma em que todos têm direito a viver com dignidade, embora não deva ser direito reconhecido que todos tenham trabalho. Dizia o entrevistado qualquer coisa como o seguinte: o trabalho deve ser para alguns, mas a distribuição do produto dele resultante deve contemplar todos. Embora concorde com o entrevistado na parte em que defende um novo paradigma, já não o acompanho quanto à receita sugerida. É que o trabalho não deve ser visto apenas como forma de angariar proventos para satisfação das responsabilidades e aspirações dos cidadãos. Deve, também, incluir a vertente da necessidade que eles sentem de serem úteis à sociedade e não depen-

dentes de uma qualquer “esmola” que os privilegiados do mundo do trabalho lhes concedam com maior ou menor generosidade. Quem tenha a paciência de ler o que tenho escrito neste espaço de “A Voz de Ermesinde” sabe que há muito defendo que o paradigma que regula as relações do mundo do trabalho precisa de urgentemente ser ajustado às realidades que as novas tecnologias nos trouxeram e continuam a trazer, tendo como consequência que, como reconhece o entrevistado na TSF, nos organizemos para que haja trabalho para todos e não apenas para alguns. E, assim sendo, o caminho não deverá ser continuar a produzir mais desempregados, antes enveredarmos por um modelo em que o número de horas de trabalho seja substancialmente reduzido, mantendo-se a remuneração ao nível do que atualmente se pratica, procurando reduzir o ócio, estimular a produtividade, gerar bons ambientes de trabalho e equilibrar os ganhos empresariais com a procura nos mercados. Se nada disto, ou algo de parecido se não equacionar, se a ganância do lucro continuar a ser o objetivo único dos gestores, não estará longe o dia em que as empresas atingirão o mínimo de custo para as suas mercadorias e serviços, mas não terão clientes a quem os possam vender porque a sua ambição desmesurada transformou uma sociedade consumista numa legião de pobres famintos que não têm dinheiro para coisa alguma. Os detentores do poder deveriam ouvir os alertas que chegam dos mais variados quadrantes do mundo. Continuando surdos, estarão a cavar a sua ruína e a sujeitar os povos a desequilíbrios que no passado tiveram como epílogo guerras fratricidas. (*) alvarodesousa@sapo.pt

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A Voz de Ermesinde • 31 de janeiro de 2013

Lazer

Efemérides

Coisas Boas

21 FEVEREIRO 1513 – Morte do Papa Júlio II (nascido Giuliano della Rovere, em Savona, Itália, a 5 de dezembro de 1443). Foi franciscano.

Palavras cruzadas 1. Pedra preciosa; maça. 2. Venerai; interpretar a escrita. 3. Milhar; rugir. 4. Zero; fatia de carne. 5. Crença; serralho. 6. Cabelos brancos; contraia matrimónio. 7. Óxido de cálcio; rio da Rússia. 8. Fraudulento; porcos. 9. Companheira; Cidade santa dos muçulmanos. 10. Solucionas.

VERTICAIS

SOLUÇÕES: HORIZONTAIS

VERTICAIS 1. RAM; fa; dar. 2. Udine; come. 3. Bola; calis. 4. Ir; dialogo. 5. Aba; sal. 6. Air; do. 7. Abaco; me. 8. Almirantes. 9. Ceifes; Oc. 10. Arremessar.

1. Rubi; amaca. 2. Adorai; ler. 3. Mil; bramir. 4. Nada; bife. 5. Fe; harem. 6. Cas; case. 7. Cal; Don. 8. Doloso; tos. 9. Amiga; Meca. 10. Resolves.

Anagrama Descubra que rua de Ermesinde se esconde dentro destas palavras com as letras desordenadas: MARTINHO POACEDAS DE UNÇÃO.

Preparação: Numa caçarola grande aquece-se o azeite com um pouco de água. Junta-se a cebola às rodelas, a couve, os pimentos, o feijão-verde e a cenoura e salteiamse, mexendo sempre, em lume forte durante 5 a 7 minutos. Adicionam-se-lhes os cogumelos e as courgettes. Junta-se sumo de limão e o molho de soja e continua a saltear-se até tudo ficar macio (cerca de 10 minutos). Retira-se do lume e juntam-se as ervas e o gengibre. Mexe-se bem e deixa-se repousar cinco minutos antes de servir. “A Voz de Ermesinde” prossegue neste número uma série de receitas vegetarianas de grau de dificuldade “muito fácil” ou “média”. A reprodução é permitida por http://www.centrovegetariano.org/receitas/, de acordo com os princípios do copyleft.

Sudoku

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Rua Padre Moutinho da Ascensão.

SOLUÇÕES:

Veja se sabe 01 - Nobel da Paz 1949, da União Mundial Organizações para a Paz. 02 - Povo pré-romano autodenominado Rasena. 03 - Realizador português, autor de “Mal” (1995). 04 - Afluente do Douro, resulta da junção do Tuela e do Rabaçal. 05 - A que classe de animais pertence o pecari? 06 - Em que continente fica a Ossétia do Sul? 07 - Em que país fica a cidade de Livorno? 08 - Qual é a capital do Sahara Ocidental? 09 - A abreviatura Cae corresponde a qual constelação? 10 - Elemento metálico prateado, n.º 58 da Tabela Periódica (Ce).

SOLUÇÕES:

Em cada linha, horizontal ou vertical, têm que ficar todos os algarismos, de 1 a 9, sem nenhuma repetição. O mesmo para cada um dos nove pequenos quadrados em que se subdivide o quadrado grande. Alguns algarismos já estão colocados no local correcto.

01 – John Boyd Orr. 02 – Etruscos. 03 – Alberto Seixas Santos. 04 – Rio Tua. 05 – Mamíferos. 06 – Europa. 07 – Itália. 08 – El Aaiún. 09 – Buril. 10 – Cério.

Provérbio Ao fevereiro e ao rapaz perdoa tudo quanto faz. (Provérbio português)

Diferenças

SOLUÇÕES:

Sudoku (soluções) IMAGEM FREE-COLORING-PAGES

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Descubra as 10 diferenças existentes nos desenhos

FOTO ARQUIVO

• 2 cebolas; • 150g de couve branca, lombarda ou roxa cortada em juliana; • 2 pimentos às rodelas; • 125 g de feijão-verde cortado diagonalmente; • 2 cenouras raladas grosseiramente; • 300g de cogumelos laminados; • 2 courgettes às rodelas finas; • 4 colheres de sopa de azeite; • 1 colher de sopa de sumo de limão; • 2 colheres de sopa de molho de soja; • 1 colher de sopa de gengibre ralado; • 1 colher de chá de manjericão; • 1 colher de chá de tomilho; • 3 colheres de sopa de salsa picada.

HORIZONTAIS

1. Memória para armazenamento temporário de dados; adepto; oferecer. 2. Cidade da Itália; alimenta-se. 3. Esférico; espécie de planta (pl.). 4. Partir; conversa. 5. Banda; cloreto de sódio. 6. Assim começa o nome de muitas companhias aéreas; pena. 7. Calculadora milenar; pronome pessoal. 8. Alta patente da Marinha (pl.). 9. Segues; língua provençal. 10. Atirar.

Vegetais salteados

01. Losango no chapéu. 02. Pompom no chapéu. 03. Bolso. 04. Calças. 05. Rabo de cavalo. 06. Boca. 07. Nariz. 08. Manga. 09. Cartola. 10. Bota.


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• A Voz de Ermesinde

Tecnologias

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distros em linha... Esta semana o site dedicado às distribuições de software livre Distrowatch anunciou o lançamento das seguintes distros: Porteus 2.0 RC2, Linux Deepin 12.12 Alpha, Elive 2.1.27 (Unstable), Mageia 3 Beta 2, SystemRescueCd 3.3.0, Descent|OS 3.0.2 e Netrunner 12.12.1. Uma nova distribuição entrou para a base de dados da Distrowatch, Rebellin Linux, e três outras para a lista de espera: OWASP Mantra-OS e Pardus Anka. PORTEUS 2.0 RC2 http://www.porteus.org/ Segunda versão candidata final de desenvolvimento do Porteus 2.0, distribuição baseada em Slackware, com uma escolha de vários ambientes de desktop (KDE 4, LXDE, Razor-qt e Xfce). Vem com o kernel Linux 3.7.5. Imagem CD .iso para 64 bits com KDE (224MB) e com XFCE (187MB). LINUX DEEPIN 12.12 ALPHA http://linuxdeepin.com/ Está disponível a versão alfa de desenvolvimento do Linux Deepin, uma distribuição com origem na comunidade chinesa, com ambiente de desktop próprio (DDE) em vez de GNOME Shell. Imagem CD .iso para 64 bits (702MB, MD5). ELIVE 2.1.27 (UNSTABLE) http://www.elivecd.org/ Um novo desenvolvimento público do Elive, uma distribuição baseada em Debian com ambiente de desktop customizado Enlightenment 0.17, está agora disponível para teste. Melhor reconhecimento de hardware. Imagem DVD .iso (1 260MB). MAGEIA 3 BETA 2 http://www.mageia.org/ Anne Nicolas anunciou a disponibilidade da segunda versão beta de desenvolvimento do Mageia 3, distribuição de Linux fork do Mandriva. Imagens DVD .iso para arquiteturas 64 bits, com KDE (1 428MB, torrent) e GNOME (1 389MB, MD5, torrent), e imagem completa (4 039MB, torrent). SYSTEMRESCUECD 3.3.0 http://www.sysresccd.org/ François Dupoux tornou público o lançamento do SystemRescueCd 3.3.0., uma distribuição live Linux Baseada em Gentoo, com uma coleção de ferramentas de recuperação e gestão de discos. Vem com o kernal Linux 3.4.27, permitindo o kernel alternativo 3.7.4. Imagem CD .iso (368MB). DESCENT|OS 3.0.2 http://www.descentos.org/ Brian Manderville anunciou o lançamento do Descent|OS 3.0.2, uma distribuição Linux baseada em Ubuntu, mas com o ambiente de desktop MATE 1.4. Vem com algumas melhorias, inclui o Lubuntu Software Center. Imagem DVD .iso (1,081MB). NETRUNNER 12.12.1 http://www.netrunner-os.com/ Clemens Toennies anunciou o lançamento da atualização do Netrunner, uma distribuição Linux baseada em Kubuntu, para a versão 12.12.1, com ambiente de desktop 4.9.4., com várias atualizações e melhorias. Imagem DVD .iso para arquiteturas 64 bits (1 530MB, torrent).

Uma das muitas maneiras de instalar Linux numa pen drive Embora não seja um texto muito recente, existindo hoje algumas soluções bem mais fáceis de montar, pelo seu valor pedagógico e pelo tamanho frugal desta solução de arranque através de uma pen USB, apresentamos aqui um texto respigado do blogue GLP/ GNU Linux Portugal, com as necessárias adaptações para o Português europeu. HÉLDER SOARES (*)

Há muitos e muitos anos, quando todo o microcomputador tinha a sua drive de disquetes de 3'1/2, sempre carregava por aí três deles: dois com um "boot" do Partition Magic e outro, com uma distribuição Linux mínima, especialmente voltada para "manutenção e recuperação", chamada tomsrtbt. Era impressionante a quantidade de boas aplicações guardadas em pouco mais de 1,7 MB... um verdadeiro "canivete suíço". (In)felizmente, o mundo seguiu adiante e, afinal, precisei de me atualizar. Um CD do

Kurumin [distribuição Linux de origem brasileira, nota AVE], apesar de eficaz, não é muito prático... os bolsos das minhas camisas não têm 12 cm de largura... Pesquisando um pouco, encontrei o site pendrivelinux.com, com dezenas de informações interessantes a respeito das mais variadas distribuições, feitas especialmente para se levar o seu pinguim predileto no porta-chaves. Há opções para todos os gostos, tamanhos e preferências, mas como o meu espaço é exíguo (apenas 128MB), optei pela Slax. Como o próprio nome diz, Slax é uma distribuição "live" baseada no Slackware e

mantida por Tomas Matejicek. Um ótimo trabalho, diga-se de passagem. Originalmente feita para caber naqueles mini-CDs, hoje há variações que vão desde a "Standard Edition", com 192MB, até a "Frodo Edition", com apenas 53MB (...). Preferi a "Frodo" por ser a mais... "parecida" com tomsrtbt e deixar livre algum espaço no meu dispositivo. Infelizmente, não basta baixar a ISO, montála e copiar o seu conteúdo para a pen drive... Vamos a um breve tutorial ( considerando que você, caro leitor, está a usar o Windows, porque se estiver a usar o Linux, provavelmente saberá fazer tudo isso sozinho ): 1) Baixe a Frodo Edition; 2) Formate a pen drive (Iniciar / Executar / cmd / format f:). Lembre-se: substitua o "f:" pela letra correspondente à sua pen drive; 3) Extraia o conteúdo do ficheiro .iso para a pen drive, usando o WinRAR ou o 7zip; 4) Descarregue este ficheiro e extraia o conteúdo para a raiz da pen drive; 5) Navegue até à sua pen drive e corra o ficheiro fix.bat; 6) Crie, no seu PC, um ficheiro chamado TEMP, na raiz da drive C:; 6) Baixe este ficheiro e extraia o seu conteúdo na pasta TEMP; 7) Abra novamente o "prompt do DOS" (Iniciar / Executar / cmd) e vá para o diretório TEMP ( cd c: temp ); 8) Digite syslinux.exe -ma F: (lembrandose de substituir o "F:" pela letra correspondente à sua pendrive ); 9) Pronto. Basta reiniciar e averiguar, na configuração da BIOS, se o seu PC está configurado para inicializar pela drive USB. Nada mal, hein? E não se esqueça de verificar os módulos disponíveis para a Slax. Há muita coisa interessante e você pode "customizá-la" para atender às suas necessidades. (*) Fonte: http://www.meiobit.com/linux_no_bolso. Adaptação de “A Voz de Ermesinde”.


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Arte Nona

Entretanto

7ª Mostra de Banda Desenhada de Odemira A Biblioteca Municipal José Saramago de Odemira apresenta a partir do passado dia 10 de janeiro, mais uma edição do “projecto BDTECA”, a 7ª Mostra de Banda de Desenhada de Odemira, que visa essencialmente valorizar este género literário. Organizada pela Biblioteca Municipal, a 7ª Edição do “projecto BDTECA” pretende, além de divulgar este género literário e estimular a criatividade, afirmar Odemira como um dos principais centros de desenvolvimento da Banda Desenhada na região e no país. Programa 10 de janeiro a 20 de fevereiro Concurso de Banda Desenhada

Tertúlia Anual e 77º Aniversário de “O Mosquito JORGE MAGALHÃES (*) Há já muitos anos que uma tertúlia que não tem nome, mas que poderia chamar-se Tertúlia d’O Mosquito, costuma reunir-se em janeiro para celebrar o aniversário da mais emblemática revista infanto-juvenil portuguesa. A ideia nasceu no começo dos anos 80, levada a cabo por um pequeno grupo de leitores saudosistas, que mais tarde se ampliou sob o patrocínio do malogrado Dr. Chaves Ferreira, diretor e editor da 5ª série d’”O Mosquito”, mantendo-se nas décadas seguintes, com o mesmo fervoroso entusiasmo, e não parando de conquistar novos aderentes até aos dias de hoje. Este ano, o encontro realizou-se no dia 19 de janeiro (e mais uma vez no agradável e espaçoso restaurante lisboeta Pessoa), com a participação de muitos simpatizantes d’”O Mosquito”, de várias faixas etárias, unidos pelo mesmo espírito de amizade e camaradagem que Raul Correia e António Cardoso Lopes Jr. souberam, com a sua ação à frente dos destinos do “melhor jornal infantil”, transmitir à posteridade. Entre eles, a destacada presença de alguns familiares de E.T. Coelho, António Cardoso Lopes Jr. (Tiotónio) e Raul Correia: Maria Augusta Gândara, Maria da Conceição, Maria José e Alexandre Correia — e de Mestre José Ruy, um dos mais prestigiosos colaboradores da revista, durante os seus anos de maior expansão e tiragem, cuja carreira se transformou num caso de sucesso e longevidade que serve de referência nos anais da BD portuguesa. Graças aos nossos amigos Leonardo De Sá e Dâmaso Afonso — este sempre presente com a sua máquina fotográfica nos principais eventos bedéfilos —, o Gato Alfarrabista congratula-se por poder apresentar algumas imagens desse caloroso convívio, que reuniu, como habitualmente, várias dezenas de participantes e promete repetir-se, com a mesma animação, no próximo ano. (*) Blogue Gato Alfarrabista

2 de fevereiro a 9 de março Feira do "Comic Book" e da BD 9 a 28 de fevereiro Exposição "Cinzas da Revolta", de Miguel Peres e João Amaral 22 de fevereiro, 10h00 Encontro com o autor Hugo Teixeira (atividade dirigida ao público escolar) 23 de fevereiro, 14h00 Sábado J - Workshop de Banda Desenhada Por Hugo Teixeira 9 de março, 16h00 Entrega de Prémios e Inauguração da Exposição dos trabalhos de 2013 9 a 30 de março Exposição dos trabalhos de 2013 Regulamento do Concurso Preâmbulo O Município de Odemira em parceria com a Associação Sopa dos Artistas promove um concurso externo de Banda Desenhada, com o objetivo de promover a BD. Art.º 1º Objetivos Os objetivos deste concurso são a promoção da Banda Desenhada junto da população juvenil e adulta, assim como a promoção da criatividade e da imaginação dos concorrentes. Art.º 2º Destinatários Podem candidatar-se todas as pessoas com idade superior ou igual a 16 anos. Art.º 3º Duração A edição deste concurso desenvolver-se-á ao longo dos meses de janeiro e fevereiro (10 de janeiro a 20 de fevereiro). Art.º 4º Trabalhos a concurso - Os concorrentes deverão apresen-

tar um trabalho individual, criativo e original com tema livre. - Os trabalhos deverão ser obrigatoriamente apresentados em folhas A3. - Cada concorrente poderá concorrer com mais do que um trabalho, desde que os envie separadamente e com pseudónimos diferentes. - Nas folhas dos trabalhos não pode constar qualquer indicação sobre o concorrente, sob pena de ser excluído. - Juntamente com os trabalhos deverá ser enviado um envelope que deverá conter, no exterior, o pseudónimo e, no interior, de forma bem clara e legível, os seguintes elementos identificativos do autor: nome, morada, n.º de telefone, e se for o caso, a escola que frequenta. - As folhas devem ser numeradas e assinadas com o pseudónimo no canto inferior direito. - As folhas deverão ser agrafadas ou presas por qualquer outro sistema. - Deverão ser entregues 3 cópias dos trabalhos a concurso em formato A3. Art.º 5º Prazo e modos de entrega dos trabalhos - Os trabalhos deverão ser entregues diretamente no Balcão Único (BU) ou por correio até ao dia 20 de fevereiro em carta fechada e para a seguinte morada: Município de Odemira

Praça da República 7630-139 Odemira - A entrega por correio deverá ser feita através de registo com aviso de receção. - A entrega em mão poderá fazer-se durante o horário de funcionamento do Balcão Único (BU) de 2ª a 6ª feira, das 9h às 16h. - O envelope deverá ser entregue fechado e com a indicação, no exterior, da designação do concurso e do pseudónimo. - Não serão aceites trabalhos cuja data dos correios, seja posterior à data limite. - Todos os trabalhos recebidos serão registados, numerados e datados. Artº 6º Júri - Os trabalhos presentes a concurso serão analisados por um Júri constituído pelo Vereador do Pelouro da Cultura do Município de Odemira, por um membro da Associação Sopa dos Artistas e por um elemento convidado pelo Município. - O júri fará uma pré-seleção dos trabalhos os quais serão imediatamente excluídos caso não cumpram os requisitos definidos nos artigos 4º e 5º. - O júri terá como critério de apreciação a criatividade, a originalidade e a qualidade gráfica dos trabalhos. Art.º 7º Prémios - O concurso de Banda Desenhada concederá os seguintes prémios: 1º Prémio: 300• 2º Prémio: 150• 3º Prémio: 75• - Os concorrentes serão informados oficialmente do resultado do concurso e da data de entrega dos prémios por carta registada com aviso de receção. - A entrega dos prémios será feita em reunião pública a realizar na Biblioteca Municipal no dia 9 de março pelas 16 horas. - Os trabalhos poderão eventualmente vir a ser publicados, dependendo da qualidade dos mesmos e das possibilidades da autarquia. - Todos os participantes receberão um diploma de participação. Art.º 8º Direitos de autor / direitos de utilização - Os autores premiados, incluindo as Menções Honrosas, prescindem dos direitos de autor relativos à publicação das Bandas Desenhadas a favor do Município de Odemira. - Todos trabalhos a concurso ficarão em poder da Biblioteca Municipal, reservando esta para si o direito de reprodução e difusão das obras sem a autorização expressa do autor. Art.º 9º Casos Omissos Todas as situações que não estão previstas neste regulamento serão resolvidas pelo Júri. A participação neste concurso implica a plena aceitação de todos os artigos deste regulamento.


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Arte Nona

A Quadrilha (5/6) autor: PAULO PINTO


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Serviços

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Farmácias de Serviço Permanente

Telefones CENTRO SOCIAL DE ERMESINDE • Educação Pré-Escolar (Teresa Braga Lino) (Creche, Creche Familiar, Jardim de Infância)

De 01/02/13 a 07/03/13 Dias

• Infância e Juventude (Fátima Brochado) (ATL, Actividades Extra-Curriculares) • População Idosa (Anabela Sousa) (Lar de Idosos, Apoio Domiciliário) • Serviços de Administração (Júlia Almeida) Tel.s 22 974 7194; 22 975 1464; 22 975 7615; 22 973 1118; Fax 22 973 3854 Rua Rodrigues de Freitas, 2200 4445-637 Ermesinde • Formação Profissional e Emprego (Albertina Alves) (Centro de Formação, Centro Novas Oportunidades, Empresas de Inserção, Gabinete de Inserção Profissional) • Gestão da Qualidade (Sérgio Garcia) Tel. 22 975 8774 Largo António Silva Moreira, 921 4445-280 Ermesinde • Jornal “A Voz de Ermesinde” (Fernanda Lage) Tel.s 22 975 7611; 22 975 8526; Fax. 22 975 9006 Largo António da Silva Moreira Canório, Casa 2 4445-208 Ermesinde

Telefones

ECA

Telefones de Utilidade Pública

ERMESINDE CIDADE ABERTA

• Sede Tel. 22 974 7194 Largo António Silva Moreira, 921 4445-280 Ermesinde • Centro de Animação Saibreiras (Manuela Martins) Tel. 22 973 4943; 22 975 9945; Fax. 22 975 9944 Travessa João de Deus, s/n 4445-475 Ermesinde • Centro de Ocupação Juvenil (Manuela Martins) Tel. 22 978 9923; 22 978 9924; Fax. 22 978 9925 Rua José Joaquim Ribeiro Teles, 201 4445-485 Ermesinde

Auxílio e Emergência

Saúde

Avarias - Água - Eletricidade de Ermesinde ......... 22 974 0779 Avarias - Água - Eletricidade de Valongo ............. 22 422 2423 B. Voluntários de Ermesinde ...................................... 22 978 3040 B.Voluntários de Valongo .......................................... 22 422 0002 Polícia de Segurança Pública de Ermesinde ................... 22 977 4340 Polícia de Segurança Pública de Valongo ............... 22 422 1795 Polícia Judiciária - Piquete ...................................... 22 203 9146 Guarda Nacional Republicana - Alfena .................... 22 968 6211 Guarda Nacional Republicana - Campo .................. 22 411 0530 Número Nacional de Socorro (grátis) ...................................... 112 SOS Criança (9.30-18.30h) .................................... 800 202 651 Linha Vida ............................................................. 800 255 255 SOS Grávida ............................................................. 21 395 2143 Criança Maltratada (13-20h) ................................... 21 343 3333

Centro Saúde de Ermesinde ................................. 22 973 2057 Centro de Saúde de Alfena .......................................... 22 967 3349 Centro de Saúde de Ermesinde (Bela).................... 22 969 8520 Centro de Saúde de Valongo ....................................... 22 422 3571 Clínica Médica LC ................................................... 22 974 8887 Clínica Médica Central de Ermesinde ....................... 22 975 2420 Clínica de Alfena ...................................................... 22 967 0896 Clínica Médica da Bela ............................................. 22 968 9338 Clínica da Palmilheira ................................................ 22 972 0600 CERMA.......................................................................... 22 972 5481 Clinigandra .......................................... 22 978 9169 / 22 978 9170 Delegação de Saúde de Valongo .............................. 22 973 2057 Diagnóstico Completo .................................................. 22 971 2928 Farmácia de Alfena ...................................................... 22 967 0041 Farmácia Nova de Alfena .......................................... 22 967 0705 Farmácia Ascensão (Gandra) ....................................... 22 978 3550 Farmácia Confiança ......................................................... 22 971 0101 Farmácia Garcês (Cabeda) ............................................. 22 967 0593 Farmácia MAG ................................................................. 22 971 0228 Farmácia de Sampaio ...................................................... 22 974 1060 Farmácia Santa Joana ..................................................... 22 977 3430 Farmácia Sousa Torres .................................................. 22 972 2122 Farmácia da Palmilheira ............................................... 22 972 2617 Farmácia da Travagem ................................................... 22 974 0328 Farmácia da Formiga ...................................................... 22 975 9750 Hospital Valongo .......... 22 422 0019 / 22 422 2804 / 22 422 2812 Ortopedia (Nortopédica) ................................................ 22 971 7785 Hospital de S. João ......................................................... 22 551 2100 Hospital de S. António .................................................. 22 207 7500 Hospital Maria Pia – crianças ..................................... 22 608 9900

Serviços Locais de venda de "A Voz de Ermesinde" • Papelaria Central da Cancela - R. Elias Garcia; • Papelaria Cruzeiro 2 - R. D. António Castro Meireles; • Papelaria Troufas - R. D. Afonso Henriques - Gandra; • Café Campelo - Sampaio; • A Nossa Papelaria - Gandra; • Quiosque Flor de Ermesinde - Praça 1º de Maio; • Papelaria Monteiro - R. 5 de Outubro.

Fases da Lua

Fev 20 20113

Lua Cheia: 2255 ; Q. Minguante: 3 ; Lua Nova: 10 10;; Q. Crescente: 17 17..

27 27;; Q. Minguante: 4 ; Mar 2013 LLuaua Cheia: Nova: 11 11;; Q. Crescente: 19 19..

Ficha de Assinante A VOZ DE

ERMESINDE Nome ______________________________ _________________________________ Morada _________________________________ __________________________________________________________________________________ Código Postal ____ - __ __________ ___________________________________ Nº. Contribuinte _________________ Telefone/Telemóvel______________ E-mail ______________________________ Ermesinde, ___/___/____ (Assinatura) ___________________ Assinatura Anual 12 núm./ 9 euros NIB 0036 0090 99100069476 62 R. Rodrigues Freitas, 2200 • 4445-637 Ermesinde Tel.: 229 747 194 • Fax: 229 733 854

Cartório Notarial de Ermesinde ..................................... 22 974 0087 Centro de Dia da Casa do Povo .................................. 22 971 1647 Centro de Exposições .................................................... 22 972 0382 Clube de Emprego ......................................................... 22 972 5312 Mercado Municipal de Ermesinde ............................ 22 975 0188 Mercado Municipal de Valongo ................................. 22 422 2374 Registo Civil de Ermesinde ........................................ 22 972 2719 Repartição de Finanças de Ermesinde...................... 22 978 5060 Segurança Social Ermesinde .................................. 22 973 7709 Posto de Turismo/Biblioteca Municipal................. 22 422 0903 Vallis Habita ............................................................... 22 422 9138 Edifício Faria Sampaio ........................................... 22 977 4590

Bancos Banco BPI ............................................................ 808 200 510 Banco Português Negócios .................................. 22 973 3740 Millenium BCP ............................................................. 22 003 7320 Banco Espírito Santo .................................................... 22 973 4787 Banco Internacional de Crédito ................................. 22 977 3100 Banco Internacional do Funchal ................................ 22 978 3480 Banco Santander Totta ....................................................... 22 978 3500 Caixa Geral de Depósitos ............................................ 22 978 3440 Crédito Predial Português ............................................ 22 978 3460 Montepio Geral .................................................................. 22 001 7870 Banco Nacional de Crédito ........................................... 22 600 2815

Transportes Central de Táxis de Ermesinde .......... 22 971 0483 – 22 971 3746 Táxis Unidos de Ermesinde ........... 22 971 5647 – 22 971 2435 Estação da CP Ermesinde ............................................ 22 971 2811 Evaristo Marques de Ascenção e Marques, Lda ............ 22 973 6384 Praça de Automóveis de Ermesinde .......................... 22 971 0139

Desporto Águias dos Montes da Costa ...................................... 22 975 2018 Centro de Atletismo de Ermesinde ........................... 22 974 6292 Clube Desportivo da Palmilheira .............................. 22 973 5352 Clube Propaganda de Natação (CPN) ....................... 22 978 3670 Ermesinde Sport Clube ................................................. 22 971 0677 Pavilhão Paroquial de Alfena ..................................... 22 967 1284 Pavilhão Municipal de Campo ................................... 22 242 5957 Pavilhão Municipal de Ermesinde ................................ 22 242 5956 Pavilhão Municipal de Sobrado ............................... 22 242 5958 Pavilhão Municipal de Valongo ................................. 22 242 5959 Piscina Municipal de Alfena ........................................ 22 242 5950 Piscina Municipal de Campo .................................... 22 242 5951 Piscina Municipal de Ermesinde ............................... 22 242 5952 Piscina Municipal de Sobrado ................................... 22 242 5953 Piscina Municipal de Valongo .................................... 22 242 5955 Campo Minigolfe Ermesinde ..................................... 91 619 1859 Campo Minigolfe Valongo .......................................... 91 750 8474

Cultura Arq. Hist./Museu Munic. Valongo/Posto Turismo ...... 22 242 6490 Biblioteca Municipal de Valongo ........................................ 22 421 9270 Centro Cultural de Alfena ................................................ 22 968 4545 Centro Cultural de Campo ............................................... 22 421 0431 Centro Cultural de Sobrado ............................................. 22 415 2070 Fórum Cultural de Ermesinde ........................................ 22 978 3320 Fórum Vallis Longus ................................................................ 22 240 2033 Nova Vila Beatriz (Biblioteca/CMIA) ............................ 22 977 4440 Museu da Lousa ............................................................... 22 421 1565

Comunicações Posto Público dos CTT Ermesinde ........................... 22 978 3250 Posto Público CTT Valongo ........................................ 22 422 7310 Posto Público CTT Macieiras Ermesinde ................... 22 977 3943 Posto Público CCT Alfena ........................................... 22 969 8470

Administração Agência para a Vida Local ............................................. 22 973 1585 Câmara Municipal Valongo ........................................22 422 7900 Centro de Interpretação Ambiental ................................. 93 229 2306 Centro Monit. e Interpret. Ambiental. (VilaBeatriz) ...... 22 977 4440 Secção da CMV (Ermesinde) ....................................... 22 977 4590 Serviço do Cidadão e do Consumidor .......................... 22 972 5016 Gabinete do Munícipe (Linha Verde) ........................... 800 23 2 001 Depart. Educ., Ação Social, Juventude e Desporto ...... 22 421 9210 Casa Juventude Alfena ................................................. 22 240 1119 Espaço Internet ............................................................ 22 978 3320 Gabinete do Empresário .................................................... 22 973 0422 Serviço de Higiene Urbana.................................................... 22 422 66 95 Ecocentro de Valongo ................................................... 22 422 1805 Ecocentro de Ermesinde ............................................... 22 975 1109 Junta de Freguesia de Alfena ............................................ 22 967 2650 Junta de Freguesia de Sobrado ........................................ 22 411 1223 Junta de Freguesia do Campo ............................................ 22 411 0471 Junta de Freguesia de Ermesinde ................................. 22 973 7973 Junta de Freguesia de Valongo ......................................... 22 422 0271 Serviços Municipalizados de Valongo ......................... 22 977 4590 Centro Veterinário Municipal .................................. 22 422 3040 Edifício Polivalente Serviços Tecn. Municipais .... 22 421 9459

Ensino e Formação Cenfim ......................................................................................... 22 978 3170 Centro de Explicações de Ermesinde ...................................... 22 971 5108 Colégio de Ermesinde ........................................................... 22 977 3690 Ensino Recorrente Orient. Concelhia Valongo .............. 22 422 0044 Escola EB 2/3 D. António Ferreira Gomes .................. 22 973 3703/4 Escola EB2/3 de S. Lourenço ............................ 22 971 0035/22 972 1494 Escola Básica da Bela .......................................................... 22 967 0491 Escola Básica do Carvalhal ................................................. 22 971 6356 Escola Básica da Costa ........................................................ 22 972 2884 Escola Básica da Gandra .................................................... 22 971 8719 Escola Básica Montes da Costa ....................................... 22 975 1757 Escola Básica das Saibreiras .............................................. 22 972 0791 Escola Básica de Sampaio ................................................... 22 975 0110 Escola Secundária Alfena ............................................. 22 969 8860 Escola Secundária Ermesinde ........................................ 22 978 3710 Escola Secundária Valongo .................................. 22 422 1401/7 Estem – Escola de Tecnologia Mecânica .............................. 22 973 7436 Externato Maria Droste ........................................................... 22 971 0004 Externato de Santa Joana ........................................................ 22 973 2043 Instituto Bom Pastor ........................................................... 22 971 0558 Academia de Ensino Particular Lda ............................. 22 971 7666 Academia APPAM .......... 22 092 4475/91 896 3100/91 8963393 AACE - Associação Acad. e Cultural de Ermesinde ........... 22 974 8050 Universidade Sénior de Ermesinde .............................................. 93 902 6434

Farmácias de Serviço

01 Sex. Sampaio (Erm.) 02 Sáb. Santa Joana (Erm.) 03 Dom. Bemmequer (Alf.) 04 Seg. Travagem (Erm.) 05 Ter. Bessa (Sobr.) 06 Qua. Ascensão (Erm.) 07 Qui. Central (Val.) 08 Sex. Confiança (Erm.) 09 Sáb. Alfena (Alf.) 10 Dom. Marques Santos (Val.) 11 Seg. Formiga (Erm.) 12 Ter. Sobrado (Sobr.) 13 Qua. Vilardell (Campo) 14 Qui. MAG (Erm.) 15 Sex. Marques Cunha (Val.) 16 Sáb. Nova Alfena (Alf.) 17 Dom. Palmilheira (Erm.) 18 Seg. Outeiro Linho (Val.) 19 Ter. Sampaio (Erm.) 20 Qua. Santa Joana (Erm.) 21 Qui. Bemmequer (Alf.) 22 Sex. Travagem (Erm.) 23 Sáb. Bessa (Sobr.) 24 Dom. Ascensão (Erm.) 25 Seg. Central (Val.) 26 Ter. Confiança (Erm.) 27 Qua. Alfena (Alf.) 28 Qui. Marques Santos (Val.) 01 Sex. Formiga (Erm.) 02 Sáb. Sobrado (Sobr.) 03 Dom. Vilardell (Campo) 04 Seg. MAG (Erm.) 05 Ter. Marques Cunha (Val.) 06 Qua. Nova Alfena (Alf.) 07 Qui. Palmilheira (Erm.)

Sousa Reis (Brás Oleiro) Martins Costa (Alto Maia) Sarabando (Porto) Antiga Porta Olival (Porto) Nova Ardegães (Ard.) Sousa Torres (MaiaShop.) Lemos (Porto) Silva Dias (ParqueNasc.) Maia (Alto Maia) Vitália (Porto) Giesta (Areosa) Oliveiras (Areosa) Central (Rio Tinto) Areosa (Areosa)

Cortes Pinto (Porto) S. Jerónimo (Porto) Boa Hora (Porto) Dolce Vita (Porto) Sousa Reis (Brás Oleiro) Sousa Torres (MaiaShop.) Vaz Teixeira (Porto) Maia (Alto Maia) Alírio Barros (Porto)

FICHA TÉCNICA A VOZ DE

ERMESINDE JORNAL MENSAL

• N.º ERC 101423 • N.º ISSN 1645-9393 Diretora: Fernanda Lage. Redação: Luís Chambel (CPJ 1467), Miguel Barros (CPJ 8455). Fotografia: Editor – Manuel Valdrez (CPJ 8936), Ursula Zangger (CPJ 1859). Maquetagem e Grafismo: LC, MB. Publicidade e Asssinaturas: Aurélio Lage, Lurdes Magalhães. Colaboradores: Afonso Lobão, A. Álvaro Sousa, Ana Marta Ferreira, Armando Soares, Cândida Bessa, Chelo Meneses, Diana Silva, Faria de Almeida, Filipe Cerqueira, Gil Monteiro, Glória Leitão, Gui Laginha, Jacinto Soares, Joana Gonçalves, João Dias Carrilho, Sara Teixeira, Joana Viterbo, José Quintanilha, Luís Dias, Luísa Gonçalves, Lurdes Figueiral, Manuel Augusto Dias, Manuel Conceição Pereira, Marta Ferreira, Nuno Afonso, Paulo Pinto, Reinaldo Beça, Rui Laiginha, Rui Sousa, Sara Amaral. Propriedade, Administração, Edição, Publicidade e Assinaturas: CENTRO SOCIAL DE ERMESINDE • Rua Rodrigues de Freitas, N.º 2200 • 4445-637 ERMESINDE • Pessoa Coletiva N.º 501 412 123 • Serviços de registos de imprensa e publicidade N.º 101 423. Telef. 229 747 194 - Fax: 229733854 Redação: Largo António da Silva Moreira, Casa 2, 4445-280 Ermesinde. Tels. 229 757 611, 229 758 526, Tlm. 93 877 0762. Fax 229 759 006. E-mail: avozdeermesinde@gmail.com Site:www.avozdeermesinde.com Impressão: DIÁRIO DO MINHO, Rua Cidade do Porto – Parque Industrial Grundig, Lote 5, Fração A, 4700-087 Braga. Telefone: 253 303 170. Fax: 253 303 171. Os artigos deste jornal podem ou não estar em sintonia com o pensamento da Direção; no entanto, são sempre da responsabilidade de quem os assina.

Emprego Centro de Emprego de Valongo .............................. 22 421 9230 Gabin. Inserção Prof. do Centro Social Ermesinde .. 22 975 8774 Gabin. Inserção Prof. Ermesinde Cidade Aberta ... 22 977 3943 Gabin. Inserção Prof. Junta Freguesia de Alfena ... 22 967 2650 Gabin. Inserção Prof. Fab. Igreja Paroq. Sobrado ... 91 676 6353 Gabin. Inserção Prof. CSParoq. S. Martinho Campo ... 22 411 0139 UNIVA ............................................................................. 22 421 9570

Tiragem Média do Mês Anterior: 1100


31 de janeiro de 2013

• A Voz de Ermesinde

Serviços

Agenda Desporto

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01 Fev - 28 Fev Exposições

FUTEBOL

10 DE FEVEREIRO, 15H00

Estádio de Sonhos – ERMESINDE SERZEDO Jogo a contar para a vigésima-primeira jornada do Campeonato Distrital – Divisão de Honra, da Associação de Futebol do Porto. 17 DE FEVEREIRO, 15H00

Estádio de Sonhos – ERMESINDE D D.. SANDINENSES Jogo a contar para a vigésima-segunda jornada do Campeonato Distrital – Divisão de Honra, da Associação de Futebol do Porto. (Agenda Associação de Futebol do Porto).

23 DE NOVEMBRO A 27 MARÇO Fórum Cultural de Ermesinde “TRÊS SIMPLES SÉRIES E UM DESFECHO INESPERADO” (TERESA CANTO NORONHA) A obra destaa artista plástica, que também é jornalista da SIC, é composta por três series de esculturas/instalações, autênticas pinturas tridimensionais. (Agenda da Câmara Municipal ce Valongo).

27 MARÇO, 21H30 um Vallis Longus/ Fórum Fór /Fórum Cultural de Ermesinde MOSTRA DE TEATRO AMADOR - ENCERRAMENTO COM PEÇA DE ESTREIA DO ENTRETANTO TEA TR O NO D IA M UNDIAL DO T EA TR O. EATR TRO EATR TRO A Mostra de Teatro Amador decorre ao longo de várias semanas, às sextas, sábados e domingos, sendo um certame dedicado à promoção e dignificação do teatro amador, e procurando movimentar as companhias de teatro de várias associções do concelho. Decorre alternadamente no Fórum Vallis Longus - Sala das Artes em Valongo e na Sala de Espetáculos do Fórum Cultural de Ermesinde, culminando com a estreia de uma peça, no Dia Mundial do Teatro por parte da companhia profissional residente do concelho, o ENTREtanto Teatro. (Agenda da Câmara Municipal de Valongo).


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A Voz de Ermesinde • 31 de janeiro de 2013

Última

A história de uma pata TEXTO E FOTOS MANUEL VALDREZ

Era uma vez... Há pouco mais de um ano uma pata – ave palmípede da família dos anatídeos, resolveu fazer dum recanto do lago do Parque Urbano de Ermesinde, o seu lar. As condições de habitabilidade não seriam as mais adequadas dado que a água do lago na altura não oferecia as melhores condições de salubridade, mas... instalou-se. Passou algum tempo até que alguém – alma "caridosa" –, observando atentamente a conduta da fêmea, descobriu que a dita vivia numa solidão atroz, vislumbrou até – sabe-se lá como –, algum stress na palmípede... Vai daí resolveu meter pés ao caminho para lhe arranjar um parceiro. Assim aconteceu... E, como nos humanos se usa dizer e nos animais sucede o mesmo – um pato não é de ferro, e meses depois nasceram os rebentos... Sete pequenos patinhos, patudos, lindos de encantar, que a partir daí começaram a esbracejar nas águas do parque e a ser atração para os passantes. Aquele lago ganhou vida. Neste tipo de história, na parte final, é frequente usar-se a frase: "e foram felizes para sempre"... Esta história tem todavia outros contornos... A parte mais triste do que vos conto é que o figurão /pai não quis assumir a paternidade das crias e arribou – macho duma figa, para outras paragens. Sem contemplações. Na fase decisi-

va do crescimento das "indefesas" criaturas – na Educação, que de tão má memória me faz lembrar este país, ficaram sem "timoneiro". O desígnio da mãe Natureza tem mistérios insondáveis... É aqui que entra o amigo Maia, indefetível amigo dos animais. Vendo que aquela família "órfã" poderia ter algumas dificuldades em sobreviver, resolveu substituir-se ao dito cujo que havia arribado. A sua intervenção foi decisiva. Para abreviar, posso contar um episódio que não deixa ninguém indiferente, de tão enternecedor. Uma vez, numa fria tarde de inverno, vendo um dos pequenitos com dificuldade em subir da água para o aconchego do lar – no centro do lago, não hesitou em meter-se na água gélida e salvar o pequenito duma morte certa, por hipotermia. Hoje, o amigo Maia, continua a assistir àqueles seres agora menos indefesos, com uma afeição, como se fossem seus. Leva-lhes milho e outras "papariquices" que são o regalo dos patudos. Até arranjou nome – apadrinhou, a mãe pata, "Coquinhas"... Aqui entro eu, senhor Maia. Vamos ter que arranjar outro nome rapidamente para o animal, antes que esse pegue. Coquinhas? Isso é dos Marretas, e o que contracena é um sapo! Veja lá os direitos de autor!!!Meus amigos do Face. Se leram esta história peço-vos: Desencantem um “decente”, urgentemente, para esta pobre criatura e comuniquem. Coquinhas?.


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