A trama da memória no corpo vívido.

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FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO FACULDADE ARMANDO ALVARES PENTEADO GRADUAÇÃO EM MODA

AWA GUIMARÃES ALVES

SÃO PAULO 2021

A TRAMA DA MEMÓRIA NO CORPO VIVIDO


FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO FACULDADE ARMANDO ALVARES PENTEADO GRADUAÇÃO EM MODA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação de Moda da Faculdade Armando Alvares Penteado, como requisito à obtenção do certificado de conclusão. Orientadoras: Prof.ª Monayna Pinheiro e Prof.ª Maíra Zimmermann.

AWA GUIMARÃES ALVES SÃO PAULO 2021


A TRAMA DA MEMORIA NO CORPO VIVIDO. AWA GUIMARÃES ALVES SÃO PAULO 2021

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação de Moda da Faculdade Armando Alvares Penteado, como requisito à obtenção do certificado de conclusão. Orientadoras: Prof.ª Monayna Pinheiro e Prof.ª Maíra Zimmermann.

Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso realizada em ___/___/2021 considerou o(a) candidato(a):

_____________________________ Professor (a) Faculdade Armando Alvares Penteado _____________________________ Professor (a) Faculdade Armando Alvares Penteado _____________________________ Professor (a) Faculdade Armando Alvares Penteado


DE DI CA TÓ RIA

Aos contadores de histórias.


A GRA DE CI MEN TOS Agradeço à minha família por todo o suporte sempre, à minha mãe por topar minhas ideias malucas, ao Leo por toda a ajuda com as fotos, à Emne por nos deixar contar uma parte da sua história, aos meus amigos por vibrarem junto comigo e ao Gustavo por todo o apoio. Obrigada a todos que se entregaram de corpo e alma para esse projeto.


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CASA CORPO Envolta na pele - essa casa estranha, móvel e única. Seus orifícios negociam o fora e o dentro em ciclos contínuos. Os móveis e objetos (fantasmas), muitas vezes escolhidos a esmo, outras vezes impostos, outras vezes espontâneos são reformados, remendados, cerzidos, substituídos, banidos, enquanto dura a precária construção. - Maria de Lourdes Coimbra Caixa, casa, casa, Corpo, Março de 1984.

capa espa ca d a


RE SU MO

ABSTRACT The general objective of this work is to understand the relationships between body, memory and history, recording, through photography, the marks left by the routine of individuals. The specific objectives were: to theoretically support the conceptions of body, memory and memory architecture; realize the poetics of photography in art, bringing the memories recorded by the photo to the public; bring views/opinions and works by Francesca Woodman, Kayleen Deveney, Lygia Clark, among other articles and authors found, to support body, memory and photography, and elaborate a series of photos as artistic production. As an academic investigation, the following questions are asked: What kind of memory do bodies reveal? What relationships can be established between body, memory and art? What feelings/sensations can an image bring? The image is always part of thought, language, culture and history experienced and expressed by each individual, saved in the traces of some time and place, we are body and we are memory. Because our memory is imprinted on our body. Because today we are the image of our experiences, of our ancestry. Keywords: Fashion, Creation, Segment, Theme, Embodiment.

Este trabalho tem como objetivo geral compreender as relações entre corpo, memória e a história, registrando através da fotografia as marcas deixadas pela rotina dos indivíduos. Os objetivos específicos foram: fundamentar teoricamente as concepções de corpo, memória e arquitetura da memória; perceber a poética da fotografia na arte, trazendo as memórias registradas pela foto para o público; trazer visões/ opiniões e trabalhos de Francesca Woodman, Kayleen Deveney, Lygia Clark, entre outros artigos e autores encontrados, para fundamentar corpo, memória e fotografia e, elaborar uma série ensaios como produção artística. Sendo então uma investigação acadêmica, são feitos os seguintes questionamentos: Que tipo de memória os corpos revelam? Que relações podem se estabelecer entre corpo, memória e arte? Quais sentimentos/sensações podem evocar uma imagem? A imagem é sempre parte do pensamento, da linguagem, da cultura e da história vivenciada e expressa por cada indivíduo, salva nos vestígios de algum tempo e lugar, somos corpo e somos memória. Porque nossa memória está marcada em nosso corpo. Porque hoje somos a imagem de nossas vivências, da nossa ancestralidade. Palavras-chave: Moda, Criação, Segmento, Tema, Corporeidade.


SU MÁ RIO

INTRODUÇÃO__________________________18 1. REVISÃO TEMÁTICA______________________20 1. Conceitos norteadores do projeto__________20 1.1 O corpo como linha do tempo_____________20 1. 2 A trama da memória______________________24 1. .3 A arquitetura da memória_________________26 2. Estudo de caso do segmento_______________29 2.1 Francesca Woodman_____________________30 2.2 Kaylynn Deveney_________________________34 3. PROJETO CRIATIVO____________________37 3.1 Conceito de criação______________________39 3.2 Público-alvo_____________________________40 3.3 Mindmap_______________________________45 3.4 Moodboard geral________________________46 3.5 Promessa de começo_____________________49 3.6 Dei-te o corpo todo_______________________87 3.7 Casa para uma pessoa só _______________127 3.8 Os olhos da nossa memória veem melhor___________________________173 4. Comunicação de Moda__________________205 5. Fashion film/Visual merchandising________218 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS_______________223 7. REFERÊNCIAS___________________________225 Bibliográficas___________________________225 Webgráficas____________________________225 Audiovisuais____________________________225


IN TRO DU ÇÃO

O conceito de corpografia, a partir de Britto e Jacques (2008, 2012) veio somar à ideia inicial deste estudo, uma vez que dilata e nos leva a perceber o ambiente também como parte do processo que se dá na relação interativa com o corpo (BRITTO; JACQUES, 2012).

A corpografia pode ser compreendida como uma cartografia realizada no/ pelo corpo, como uma memória, um registro experiencial da cidade, inscrito em diversas escalas de temporalidade, que configura os corpos daqueles que a experimentam (ARAÚJO; FERREIRA, 2020).

as memórias registradas pela foto para o público; trazer visões/opiniões e trabalhos de Francesca Woodman, Kayleen Deveney, Lygia Clark, entre outros artigos e autores encontrados, para fundamentar corpo, memória e fotografia e, elaborar uma série de ensaios fotográficos como produção artística. Estabelecer as relações entre corpo e memória é o principal objetivo pelo simples fato de que memória pode ser tudo como também pode ser nada. Sendo então uma investigação acadêmica, são feitos os seguintes questionamentos: Que tipo de memória os corpos revelam? Que relações podem se estabelecer entre corpo, memória e arte? Quais sentimentos/sensações podem trazer uma imagem?

Dessa forma, apesar de silenciosas, algumas imagens podem ser eloquentes. É bem típico das fotografias, quanto mais sabemos sobre o contexto em que foram captadas, mais elas podem expressar. Não que elas nada digam a um espectador que tudo desconhece sobre a cultura e a sociedade retratadas. Elas podem dizer muita coisa e certamente evocam outras tantas, dependendo da experiência prévia de cada um que estas imagens possam resgatar da memória (NOVAES, 2013).

Laurent Millet, Translucent Mould of Me, Piezography, 40x50cm, 2013 18

A pesquisa de trabalho de conclusão de curso é intitulada A trama da memória no corpo vivido, abordando o tema Corpo e tem como objetivo geral compreender as relações entre corpo, memória e a história, registrando através da fotografia as marcas deixadas pela rotina dos indivíduos. Os objetivos específicos são os de: fundamentar teoricamente as concepções de corpo, memória e arquitetura da memória; perceber a poética da fotografia na arte, trazendo 19


1.1

O CORPO COMO LINHA DO TEMPO

O corpo humano é um mistério, provoca estupor. A carne passa, mas é portadora de uma realidade que a transcende. O nosso corpo carrega a aventura do nosso nascer, crescer e viver. Por isso, tudo o que vivemos, sentimos, desejamos, toda a nossa história, as nossas alegrias e dores, as nossas esperanças e as nossas feridas estão todas inscritas em nossa carne e reveladas cotidianamente em nossa corporeidade (VIVEIROS; ORIENTALE, 2019).

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Martha Araujo Hábito/ Habitante1985 12ª Bienal de Cuenca, Equador 2014

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foto: Mauro Restiffe

As relações entre o sujeito, as técnicas e o mundo não são diretas, se manifestam em gêneros de ações disponíveis, aos quais o sujeito deve assumir para entrar em intercâmbio com as atividades sociais. Trata-se de um estoque de práticas, protótipos de maneiras de agir ou de não agir. Essas práticas conservam a memória transpessoal de um meio social, guardam os subentendidos que regulam as relações com os objetos e entre as pessoas, constituindo-se em tradições adquiridas que na maioria das vezes se conservam sob o invólucro das técnicas (FONTANIVE, 2017). O corpo como enfoque das reflexões da obra – com exceção daquela que usa o próprio corpo como suporte – não é mais percebido unicamente por suas características basilares, e sim como parte da imensa teia de

significações que a obra opera. Uma vez que o corpo, concebido no cruzamento de conceitos e processos, passa a ser compreendido – tanto na experiência artística quanto na experiência reflexiva – como algo amalgamado ao contexto da obra. O corpo, nesse nível de percepção e análise, está impregnado de um rumoroso mundo externo a ponto de confundir-se com o mesmo e permanecer na impossibilidade de uma identidade conferida apenas por suas inerentes singularidades. O corpo pertence ao espaço do mundo, com o qual nunca atinge uma estabilidade (VIEIRA, 2009). Houve no início do século 20 uma “invenção” do corpo, primeiro de forma psicanalítica, depois filosófica e, finalmente, antropológica. Foram esses saberes, na opinião de Courtine, os propulsores da nova mirada ao corpo. Não se pode dizer que o corpo não tenha sido central na arte do século seguinte, mas pode-se inferir que sua centralidade foi tomada principalmente pelas “invenções” psicanalítica, filosófica e antropológica. Em suma, a abordagem do corpo foi menos prestigiada pela história da arte no século 20, se comparada à abordagem do corpo pelos outros três campos (MIYOSHI, 2012). O corpo é sólido, pastoso, gelatinoso, fibroso, gasoso, elétrico, líquido. O corpo acontece em densidades cambiantes. Estamos permanentemente vibrando, uma vibração mínima. O adjetivo “vibrátil” nomeia não apenas essa condição de combinarmos e cambiarmos densidades permanentemente, mas também um tremular contínuo, a oscilação entre ser e não ser, entre vida e morte, entre arbítrio e determinismo que encarnamos (FABIÃO, 2010). 21


O projeto Hábito-Habitante é um evento com a ideia de que somos a favor do distanciamento social, entretanto radicalmente contra a solidão. É um convite à imaginação coletiva: do cubo branco ao fundo infinito, como expandir e renegociar nossa própria ideia de coletividade? O cotidiano dos espaços molda, reconfigura, transforma, domestica, adestra, manipula, dá forma a seus habitantes. As ideias de repetição, hábito e distância, radicalmente reorientados pela pandemia que alterou a ordem social. Repressão e liberdade são vetores importantes para uma artista que orienta o corpo do indivíduo na direção de um corpo coletivo (CARRILHO, 2021). A Body Modification, conceito usado para designar as modificações corporais executadas das mais diversas formas – desde o uso de produtos químicos até a execução de intervenções cirúrgicas –, nos apresenta uma nova realidade na qual as definições de natureza e cultura se interpenetram causando, na maioria das vezes, um desconforto e um estranhamento (PIRES, 2003). Leonardelli (2011) enfatiza que o corpo que dança sintetiza conhecimento em condições profundamente distintas do corpo que escreve, e o traduz em formas igualmente diferenciadas, senão opostas. Enquanto o corpo que escreve busca construir significados e codificá-los em determinada língua, o corpo que dança se encaminha para o esvaziamento de todo sentido apriorístico que implica na pesquisa sobre o movimento “puro” (mais em termos de desejo do que de atualização, evidentemente) em si. Nesse sentido, cada processo de criação estabelece suas próprias regras internas no gerenciamento das funções, oriundas das relações específicas estabelecidas 22

historicamente datada, Kamper (2002) dirá que o corpo nunca está nu, nunca se apresenta desprovido de adereços, pois serve de suporte memorial para inscrições biográficas e valorativas de todos os tempos. Nesse sentido, tudo o que fomos e vamos incorporando em termos de hábitos, experiências e habilidades ao longo da nossa vida transformam-se em quem somos (KOCH et al, 2012). Trabalhar com as memórias é a todo momento ressignificar o passado e o presente, em um corpo só: o de hoje (ARAÚJO; FERREIRA, 2020).

pelo conjunto de corpos atuando, provocando, recriando e organizando suas memórias e saberes conforme as demandas singulares do processo em si. Lygia Clark durante toda a sua trajetória tem consciência das inquietações e perturbações causadas pelos avanços tecnológicos e, na sua ousadia luta para recuperar esse homem fragmentado na tentativa de devolver-lhe o equilíbrio necessário para a sua sobrevivência. A artista subverte a própria arte onde o corpo do espectador passa a ser o suporte de suas proposições, o que leva alguns historiadores a denominarem essas manifestações da artista de “antiarte ou arte-terapia” (CARVALHO, 2011). Podemos pensar que é o corpo, imaginariamente concebido e simbolicamente investido, que aproxima as diferentes faixas etárias, exatamente por ser um corpo palco, onde têm lugar os dramas vivenciais e onde está estampada a resultante do somatório dos caracteres individuais com o substrato cultural (VILHENA et al., 2016). Partindo da premissa de que o corpo é uma construção social e

1.Lygia Clark. A casa é o corpo: penetração, ovulação, germinação, expulsão (The House is the Body). 1968 2. Martha Araujo Hábito/ Habitante1985 registro fotográfico de performance 23


1.2

Enclose II (2010) performance realizada no Turbine Hall do Tate Modern, London.

A TRAMA DA MEMÓRIA

A memória é parte da essência do ser humano; o que fizemos e sentimos fica guardado, claro que algumas coisas são mais relevantes que outras, mas ainda assim, fica armazenado. A memória é um recurso precioso do ser humano. Tudo que vemos, ouvimos e sentimos fica registrado, armazenado. Segundo Goff (2003, p.419):

A memória, como propriedade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas.

memórias em ação” (SCHECHNER, 2012, p. 49) No momento que a sacerdotisa dança para Oxum, ela está criando a água doce não só através do movimento, mas através de todo o aparelho sensorial. A memória é o aspecto ontológico da estética africana. É a memória da tradição, da ancestralidade e do antigo equilíbrio da natureza, da época na qual não existiam diferenças, nem separação entre o mundo dos seres humanos e os dos deuses. (MOURA, 2009).

Esta trama de tecido corporal está se refazendo de modo contínuo, em cada experiência. Esta memória se recria a cada dia. Se a memória não é mais tomada como o retorno do sujeito ao passado, e sim como atualização do vivido no presente, pelas condições do presente, então a narrativa do sujeito torna-se a história pessoal recriada e delineada pelas especificidades técnicas de cada processo (LEONARDELLI, 2008).

O conceito de memória é muito extenso, pois circunda não somente o corpo (cérebro), mas também faz parte do histórico social e cultural de toda civilização. A escrita, a fotografia e os vídeos são outros jeitos de se registrar memórias. Cada pessoa carrega consigo memórias diferentes umas das outras, até mesmo quando compartilham alguma experiência (situação) em comum (COLOMBO, 2015). O conceito de memória para diversos povos africanos não se trata de recordar, mas de trazer ao presente, reconstituir o acontecimento ou narrativa registrada em sua totalidade. O tempo verbal da narrativa é o presente, por isso tornase uma representificação. Relembrar, nesse caso, tem características de um ato ritualístico. Afinal, “rituais são 24

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1.3

A ARQUITETURA DA MEMÓRIA

O corpo configurase como uma instância que produz memória; não apenas memórias físicas ou sensoriais, como também as memórias afetivas. Cada corpo possui uma história, uma origem – individual, familiar, social – às quais constituemse como determinantes para a aquisição de suas trocas com outros corpos e com o mundo. Na arte, o corpo pode ser indutor de diversas possibilidades criativas, seja por meio do teatro, da performance, da dança, entre outros. Mas o corpo que produz arte, produz em um espaçotempo – não apenas em um, como em vários (FONSECA, 2021). Assim, compreende-se que o corpo não é uma instância que tem a memória, no sentido de posse, mas que é a memória no sentido de integralidade e que está entre seu interior e a exterioridade das relações com os outros e com o mundo, onde ocorrem trocas (FONSECA, 2021).

Sophie Calle, Sem título, Fotografia 1979 26

de vida. Nós somos nossas vivências e nossas memórias (PASSOS, 2008). Pela narrativa da infância, vamos reconstituindo as cenas e as imagens de um tempo no qual nos era possível imaginar a todo o momento, como se fosse um sonhar sempre acordado, os nossos projetos de futuro, e isso poderia ser feito com um pé nas nuvens e outro no chão, um pé no devaneio e outro na realidade. Essa impressão da largueza do tempo, desse tempo denso, vasto ou até mesmo infinito só a infância pode nos propiciar. É ela que nos deleita com a fuga para a eternidade, com viagens para o sem fim. Já a memória da infância pode nos arrebatar e fazer bater num gasto coração um novo tipo de pulsar, porque ela fala diretamente à criança que guardamos dentro de nós; e, se a nossa criança vive, a memória nos chega ainda insegura, mas logo seu sangue morno e seu tempo sempre fértil nos invadem e aceleram nossos batimentos e fazem brotar dentro do velho coração o novo (PORTO, 2011). A memória se constitui a partir das interações entre corpo e objeto, através das sensações cinestésicas. A evocação da memória pode se dar também a partir de qualquer parte que componha um evento: um som, uma visão, um cheiro, um toque.

A forma como nos movimentamos, sentamos, deitamos, caímos, ficamos em pé, pegamos objetos, nos vestirmos ou nos despirmos, comemos, recebemos e damos carinho, conversamos, respiramos, choramos ou beijamos, entre tantas outras atividades humanas, marca nossa aparência física, nossa personalidade, nosso comportamento, nossa história 27


ESTUDOS DE CASO

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2.1

FRANCESCA WOODMAN

F r a n c e s c a Woodman (19581981) nasceu em Denver, uma cidade americana do Colorado. Durante um período ela morou sozinha em Roma, capital italiana, para estudar e faleceu na cidade de Nova Iorque, nos EUA, aos 22 anos de idade ao cometer suicídio. A artista era filha de dois outros artistas, da ceramista Betty Woodman (1930-2018) e do pintor, fotógrafo e ceramista George Woodman (1932-2017) que conseguiram notoriedade expondo em grandes galerias de arte ao redor do mundo (DIAS; BRANDÃO, 2011).

Woodman sofreu de depressão e, em 1981, cometeu suicídio ao jogar-se pela janela do apartamento em que vivia (PEREIRA; TEIXEIRA FILHO, 2017). Por mais difícil que seja afastar as imagens criadas por Woodman de seu suicídio, especialmente tendo em vista os autorretratos, creio que a potência da obra não esteja na expressão de sua dor pessoal, e sim na tensão entre o “eu” e seu desfazimento. Ao fazer uso da técnica de longa exposição, surgem imagens fugidias, nas quais o corpo aparece borrado, e algo escapa ao momento de bater a foto, possibilitando que pensemos também nos deslocamentos entre ver e não ver, ser vista e não ser vista

Conhecida por seus autorretratos não convencionais em preto e branco, Woodman iniciou seu trabalho fotográfico ainda na adolescência, aos treze anos, enquanto permanecia no internato onde estudou, em Massachusetts, MA. Ao longo de sua curta carreira deixou um corpo de trabalho com cerca de 800 fotografias.

Francesca Woodman, SPACE 2, 1976.

Algumas destas foram tiradas na Itália, onde passava suas férias escolares com a família na casa de campo florentino que possuíam, assim como na cidade de Rhode Island, EUA, por conta de seus estudos na Rhode Island School of Design, RISD - considerada na época uma das melhores instituições de ensino de artes nos Estados Unidos. Segundo seus pais, após sua mudança para a cidade de Nova York em 1979,

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(FILIZOLA, 2019). O trabalho da fotógrafa norteamericana Francesca Woodman (1958-1981) foi retomado por críticos significativos inicialmente em 1986, em um catálogo publicado por ocasião de sua primeira exposição póstuma. Ao longo dos anos, a obra de Woodman foi exposta em uma extensa gama de instituições, de diferentes naturezas e configurações, relativas à dimensão, tempo de permanência e tantos outros 31


fatores expositivos (MOSANER, 2019). A arte de Francesca Woodman convoca-nos a refletir sobre o espaço da representação, do qual ela, ao se fazer mancha, se subtrai, problematizando o estatuto da presença e da ausência do objeto no campo visual. Suas fotografias mostram a perda, a dissolução, a desaparição da imagem. É nesse ponto no qual o objeto sai da cena fantasística e a imagem idealizada se decompõe e retorna como estranha, não decodificada, que a negatividade pode vir à superfície do fotograma sob

a forma de objeto. Francesca parece ter encontrado nos usos estéticos do informe e da despersonalização um meio privilegiado de formalização, transformando o impossível de representar em uma espécie de fotografias do impossível (LOURES; BORGES, 2019).

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1. Francesca Woodman, 1977 Photograph Dimensions: 36 x 28 cm Edition: 40 of 40 2. Francesca Woodman - Untitled, Providence, Rhode Island 33


2.2

KAYLYNN DEVENEY

Kaylynn Deveney nasceu em Albuquerque, Novo México. Ela se formou em jornalismo pela University of New Mexico, fez mestrado em fotografia documental na University of Wales, Newport e fez doutorado com base na prática. em fotografia, também em Newport. Seus estudos de doutorado se concentraram nas maneiras como os diários fotográficos e autolivros contemporâneos e históricos abordam os mitos da domesticidade. O trabalho fotográfico de Kaylynn foi exibido internacionalmente e é mantido em coleções permanentes, incluindo as do Museu de Fotografia Contemporânea em Chicago, Illinois, Light Work em Syracuse, Nova York e o Museu de Arte de Portland em Oregon. Ela atualmente mora em Albuquerque, Irlanda do Norte e está cursando um PhD em Fotografia pela University of Wales, Newport (LENSCULTURE, 2021).

Kaylynn Deveney - The Day-today Life of Albert Hastings

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histórias que combina as imagens dela e o texto manuscrito dele (LIGHT WORK, 2021). Kaylynn Deveney é uma fotógrafa americana que tem como característica a mistura de monocromático e cor. Deveney incluiu fotografias de imagens em preto e branco da família de Bert ao lado de suas próprias imagens coloridas para produzir um verdadeiramente um ótimo trabalho. Ela conseguiu combinar imagens monocromáticas e coloridas com sucesso (STREET, 2021). No seundo livro de Kaylynn Deveney as fotografias exploram as casas “estilo rancho de contos de fadas” construídas em todo o sudoeste americano nas décadas de 1950 e 60, quando os desenvolvedores aplicaram estéticas de contos de fadas ao exterior das casas de fazenda. Destaca detalhes personalizados fora de casa resultando em fotografias que vão além da descrição para se tornarem retratos de família metafóricos daqueles que moram lá dentro. Ele nos fala sobre uma visão esmaecida do sonho americano.

Deveney desenvolveu grande parte do seu trabalho com Albert Hastings. Seu projeto com Albert Hastings começou quando ele tinha 85 anos, e Kaylynn mudou-se para perto de seu pequeno apartamento no País de Gales. Ela reconheceu a preciosidade dos rituais e rotinas que constituíam a vida de Bert. A amizade deles progrediu com o tempo, enquanto Kaylynn fotografava muitas facetas da época de Bert. Juntos, eles desenvolveram um método esclarecedor de contar 35


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3.1

CONCEITO GERAL

O corpo nunca está nu. Vestimos, vivemos, inventamos e reinventamos nossas histórias todos os dias. Constantemente nas fronteiras entre a arte e a vida e concentrados essencialmente nos mesmos binômios fundamentais, como sujeito individual/ coletivo, consciência/inconsciência, mente/corpo, espiritual/ carnal. Este trabalho dedica-se a observar, nas trajetórias, as relações entre o corpo e a memória como um eixo importante do qual se ramificam elementos de ordem técnica, poética e ética. Traduzindo em imagens, essas experiências tramadas no corpo vivido.

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3.2

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PÚBLICO ALVO

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Para aqueles política e artísticamente ativos. Para diferentes idades e gêneros. Para os que carregam histórias à flor da pele. Para os que veem poesia na arte de viver.

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3.3 MIND MAP

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MOOD BOARD GERAL

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3.5

O CONCEITO

A infância é a promessa de começo, é o lugar que aprisiona o tempo com um tom de saudade. Onde mergulhamos na nossa própria fantasia e inventamos um mundo novo todos os dias. É o que buscamos dentro da gente quando a vida fica tão difícil, que só uma criança consegue colorir. Dessa forma, nesse ensaio foi realizada uma pesquisa de acervo para mapear e resgatar fotos da minha infância e de algumas pessoas da minha família. *Todas as fotos desse ensaio são analógicas, digitalizadas e interferidas.

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FOTO GRA FIAS

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3.6

O CONCEITO

Quando crescemos passamos a sentir tudo diferente e tão profundamente que nenhuma palavra descreveria. Descobrimos o corpo, o sexo, a vida, e aprendemos que quando a gente cresce, o mundo gira diferente. É como se dissesssem que o tempo voa e a gente voasse junto. Pagamos contas, rimos, choramos, viajamos, fazemos e perdemos amigos, resumindo, pisamos em ovos todos os dias. A ideia por trás desse ensaio é transcrever em imagens momentos, sentimentos e sensações da vida adulta.

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CALL SHEET

A trama da memória no corpo vivido Dei-te o corpo todo. Trabalho de conclusão de curso Awa Guimarães. Data 22.10. 2021

Diretora criativa, Edição de moda, Beleza, Cenografia, Produção Criativa, Estilo: Awa Guimaraes Modelo: Awa Guimarães Fotógrafo: Leonardo Lemos Assistente de Produçao: Matheus Canto e Emne Hajjer. Locação: Rua da Consolação 3111, apartamento 03. Horário de Início: 9h da manhã

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3.7

O CONCEITO

E de repente, depois de nos mudarmos tantas vezes, voltamos pra casa. Olhando pelas paredes conseguimos ver os quadros, as fotos, os poemas, as histórias colecionadas ao longo da vida e por alguns segundos é como se voltassemos a ser criança. Esse ensaio fala sobre o reencontro, sobre as tantas vezes que nos perdemos para nos achar. É sobre se redescobrir em diferentes aspectos como a sexualidade, a beleza, o vazio das coisas que já não estão mais lá. Um corpo que vive independente da gente.

mudando

Deixo aqui um agradecimento especial a Emne, que nos permitiu contar sua história de uma forma como ela nunca havia contado.

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CALL SHEET

A trama da memória no corpo vivido Casa para uma pessoa só. Trabalho de conclusão de curso Awa Guimarães. Data 21.10. 2021

Diretora criativa, Edição de moda, Beleza, Cenografia, Produção Criativa, Estilo: Awa Guimarães Modelo: Emne Hajjer Fotógrafo: Leonardo Lemos Assistente de Produçao: Matheus Canto Locação: Rua da Consolação 3111, apartamento 03. Horário de Início: 9h da manha

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3.8

O CONCEITO

Todos nós deixamos uma marca no mundo de alguma forma. Nossas memórias serão reescritas todos os dias por aqueles que nos amam, até mesmo quando não estivermos mais nesse plano. Essa parte final do trabalho traz justamente essa reflexão, a deixar nossa marca. Ressignificar o vazio de alguma coisa que um dia existiu. *Todas as fotos contidas nesse ensaio são de acervo pessoal. Interferidas e recortadas.

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4.

MI DIA KIT

Um eterno ciclo.

nascimento, descoberta, redescoberta, morte e memória. O kit traduz esses quatro momentos presentes em nossas histórias, um eterno ciclo capaz de se reescrever e assumir diversos formatos. Todos os itens são de produção própria, inclusive os papéis.

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DES CRI TI VO

1. Fotografia impressa em papel reciclado com sementes feito por mim. A ideia é que ao germinar, ocorra a morte da foto e o nascimento de uma nova vida. 2. Quatro fotos pequenas impressas. 3. Um panfleto explicando o conceito do projeto. 4. Uma obra feita em A5 com papel de Kozo, carvão vegetal e emoldurada em acrílico. 5. Bolsa feita com papel algodão 60x40 costurado em máquina

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PA PEL COM VI DA

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FO TO GRA FIAS

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PAN FLE TO

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OB RA

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PA PEL BOL SA

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5.

FA SHI ON FILM

O conceito do fashion film é resumir em pequenos frames o ciclo que é viver. Tudo começa com gotas de sangue pingando - em ASMR - para simbolizar o nascimento, seguido de um silIêncio que precede o início de uma respiraçao, com um piano tocando bem baixinho ao fundo. O restante do filme retrata cenas que representam os diferentes e marcantes momentos que passamos durante a vida, em ordem cronológica, - e em frames entre dois e cinco segundos - como por exemplo, o nascimento, o primeiro natal, o primeiro aniversário, aprender a andar de bicicleta, a chegada da adolescência, os amigos de escola, a descoberta do corpo, os primeiros namorados (as), o casamento, entre tantas outras experiências que fazem parte da vida. A trilha sonora de todo o vídeo é essa respiração que se inicia calma e vai ficando ofegante com o passar das cenas, afim de chegar à um ápice, para depois decair até chegar ao fim e se escutar as gotas pingando novamente. Simbolizando a ciclicidade que é viver.

*Algumas cenas foram gravadas especificamente para o projeto enquanto outras foram resgatadas de acervo próprio em VSH e digitalizadas.

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6.

CON SI DE RA ÇÕES FI NAIS

As fotografias podem trazer as compreensões das relações entre corpo, memória e a história, registrando as marcas deixadas pela rotina dos indivíduos, por meio das imagens são apontados novos horizontes de interpretações e significações para que possamos alargar da nossa visão sobre a dimensão da corporeidade.

em um todo com seus significados, entendê-la como mediação. A fotografia, portanto, é uma informação, é uma elaboração do vivido, o resultado de um ato de investimento de sentido, ou ainda, uma leitura do real realizada mediante ao uso de uma série de regras que envolvem, inclusive, o controle de um determinado saber de ordem técnica, e podem nos impressionar, nos comover, nos incomodar, enfim imprimem em nosso espírito sentimentos diferentes.

Toda a criação e produção da imagem, de sua apropriação, preservação e utilização, de sua observação e interpretação é interposto por fatores ideológicos da concepção de realidade e do olhar de mundo de cada um dos indivíduos envolvidos. A imagem é sempre parte do pensamento, da linguagem, da cultura e da história vivenciada e expressa por cada um deles, salva nos vestígios de algum tempo e lugar, somos corpo e somos memória. Porque nossa memória está marcada em nosso corpo. Porque hoje somos a imagem de nossas vivencias, da nossa ancestralidade. Compreender o papel da imagem fotográfica na formação humana implica fazer a decodificação das mensagens subjacentes, a busca das relações ocultas ou menos aparentes. Significa buscar ir além da fragmentação da realidade e da perda de sentido das partes, dos elementos e dos aspectos, operada pela imagem. A busca da compreensão pela totalidade implícita, mas oculta, na fotografia supõe o esforço de articular as partes 222

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7.

RE FE RÊN CIAS

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