Revista do Agronegócio

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www.sebrae.com.br

Nº 8 – Abril de 2008

Diferenciação Criar novos produtos é uma das formas mais eficientes de ganhar espaço no mercado

Credibilidade Certificação e Indicação Geográfica ampliam confiabilidade de pequenas propriedades rurais

Pequenos negócios rurais apostam na diversificação para ampliar competitividade


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Expediente

Sumário Revista Sebrae Agronegócios – nº 8 abril de 2008

Sebrae Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

Diretor-presidente PAULO TARCISO OKAMOTTO Diretor-técnico LUIZ CARLOS BARBOZA Diretor de Administração e Finanças CARLOS ALBERTO DOS SANTOS Gerente da Unidade de Atendimento Coletivo – Agronegócios e Territórios Específicos JUAREZ DE PAULA Gerente da Unidade de Marketing e Comunicação MÁRCIO GODINHO OLIVEIRA

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Agroenergia Produção de biocombustível apóia desenvolvimento sustentável em pequenas propriedades rurais

Agência Sebrae de Notícias

Presidente do Conselho Deliberativo Nacional ADELMIR SANTANA

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Orgânicos Produção orgânica é boa alternativa para geração de emprego e renda no campo

Produção SUPERNOVA DESIGN atendimento@supernovadesign.com.br Jornalista responsável ALESSANDRO MENDES (Azimute Comunicação)

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Artigo – Investimento em inovação é essencial ao crescimento do agronegócio do Brasil

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Artigo – O desafio da inovação

Projeto Gráfico GRUPO 108 COMUNICAÇÃO Diagramação e montagem RIBAMAR FONSECA Conferência de montagem ADRIANA MATTOS Tratamento de imagem CRISTINA GUIMARÃES Assistente de tratamento de imagem NATÁLIA LOPES Assistente de produção ANDREA CAVALCANTI Revisão VALDINEA PEREIRA DA SILVA Publicação Sebrae – Unidade de Atendimento Coletivo – Agronegócios e Territórios Específicos (Uagro) SEPN 515, bloco C, loja 32 CEP: 70770-530 – Brasília – DF (61) 3347-7422/7433/7389

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Sebrae Agronegócios

10 Entrevista – Glauco Arbix

22 Diferenciar o produto é uma das formas mais eficientes de inovação 24 Fécula de mandioca é utilizada na fabricação de embalagens eco-sustentáveis

12 Entrevista – Humberto Oliveira

26 Flor típica do Cerrado poderá ser admirada nas casas brasileiras

14 Sucesso na conquista de público-alvo depende de informação qualificada

28 Propriedades cosméticas da flora amazônica motivam L’Occitane a produzir linha no Brasil

16 Suinocultores investem em campanha para aumentar consumo da carne de porco

32 Fazenda Malunga é referência no cultivo de orgânicos no DF

18 Cadeia solidária do algodão ecológico garante emprego e renda em vários estados do país 20 Cooperativa de produção resgata cultura tradicional do Estado da Paraíba

34 Tecnologia social inovadora traz melhoria de vida para agricultores de baixa renda 36 Cooperativismo garante competitividade para produtos orgânicos no norte do Mato Grosso


Sérgio Alberto

Agência Sebrae de Notícias

Editorial

Inovar para competir PAULO OKAMOTTO Diretor-presidente do Sebrae

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38 Produção de chás e ervas medicinais inova agricultura orgânica no Nordeste brasileiro 42 Cooperativa produz energia própria com resíduo da produção de açúcar e álcool combustível 44 Óleo de cozinha usado abastece veículos no Rio Grande do Sul 46 Produtor de suínos ganha competitividade e muda cara da fazenda com agroenergia 48 Certificação e Indicação Geográfica ampliam confiabilidade de pequenas propriedades rurais 50 Cachaçarias gaúchas certificam produtos para aumentar participação no mercado nacional 52 Cerrado mineiro é primeira região do mundo a ter café com Indicação Geográfica 54 Certificação abre portas do mercado externo a produtores de frutas do Vale do São Francisco 56 Setor de gado de corte aposta em tradição e qualidade da carne do pampa gaúcho

futuro dos empreendimentos de micro e pequeno portes do Brasil e sua sobrevivência em um mercado cada vez mais exigente pautam cotidianamente o trabalho realizado pelo Sebrae. É preciso garantir competitividade e diferenciação a um segmento que responde pela maior parte dos postos de trabalho gerados no país. E essa estratégia, seja na indústria, no comércio ou no campo, passa necessariamente pela inovação. Desde o início dos tempos, o ser humano fascina-se pelo novo, pelo original. Quem nunca se sentiu atraído por alguma novidade que viu na vitrine? Quem nunca desejou ter algo inovador, diferente? Oferecer ao mercado um produto inovador ou com uma cara nova pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso dos pequenos empreendimentos no mercado. No agronegócio, a inovação vem se mostrando uma ferramenta de grande eficiência. Engana-se quem pensa que investimentos nessa área são possíveis apenas para os grandes produtores. Inovar vai muito além do uso de alta tecnologia. Com soluções muitas vezes simples e baratas, é possível se diferenciar e ser competitivo. Sobretudo, é preciso ser criativo e estar disposto a trabalhar muito pelo sucesso no empreendimento. O apoio à inovação é uma das prioridades do Sebrae. Realizamos um forte trabalho de consultoria e capacitação para que as pequenas propriedades rurais possam se diferenciar. E isso pode acontecer de diferentes maneiras: no desenvolvimento de um novo produto, em experiências inéditas de associativismo e encadeamento produtivo, na busca por novas áreas de atuação, na garantia da qualidade por meio de certificações e Indicações Geográficas e na economia e ganho ambiental obtidos na produção própria de energia, entre outros. Nesta edição da Revista Sebrae Agronegócio, trazemos diversas histórias de sucesso de pequenos empreendedores rurais que garantiram mais qualidade e produtividade e uma vida melhor para suas famílias com um investimento certeiro em inovação. Não queremos, com isso, mostrar que a tarefa é fácil, mas sim que é possível e que deve ser foco de todos os produtores que buscam a longevidade de seus negócios.

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Luiz Carlos Barboza Diretor-técnico do Sebrae

Investimento em inovação é essencial ao crescimento do agronegócio do Brasil Segundo previsão da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), país será, na próxima década, o maior produtor mundial de alimentos. Para cumprir tal vocação, produtores precisam enxergar suas propriedades como um empreendimento, que necessita de profissionalização em todas as etapas

Sérgio Alberto

Artigo

“Pequenas propriedades estão caminhando rumo à sustentabilidade por meio da produção própria de energia com o uso de resíduos do processo produtivo” Luiz Carlos Barboza

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oderno e competitivo, o agronegócio é vital para a economia brasileira. Em 2007, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o setor registrou receita recorde de R$ 611,8 bilhões, equivalente a 22,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Desse total, cerca de R$ 100 bilhões tiveram como destino o mercado externo e corresponderam a 36,4% das exportações brasileiras. O volume exportado pelo setor no ano passado, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foi 18,2% maior do que em 2006 e a tendência é que essa expansão se mantenha expressiva nos próximos anos. O Brasil tem diversas características que favorecem o agronegócio e são fundamentais para que o país seja hoje um dos principais participantes do mercado mundial do setor. Além de um clima diversificado, com chuvas regulares e sol abundante, e quase 13% de toda a água doce disponível no mundo, o país tem 62 milhões de hectares de terras agriculturáveis férteis e 210 milhões de hectares de pastagem,

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segundo dados do Mapa e da Companhia para os pequenos produtores, é indisNacional de Abastecimento (Conab). pensável que haja foco em diversificaEsses diferenciais tornam o Brasil ção. É importante buscar novos provocacionado ao agronegócio. Segundo dutos, novas estratégias de mercado, previsão da Conferência das Nações novas maneiras de trabalhar. E para Unidas para o Comércio e Desenvolvique isso ocorra, os produtores precisam mento (Unctad), o enxergar suas propaís será, na próxipriedades como um ma década, o maior empreendimento, produtor mundial o qual necessita de “O potencial do de alimentos. A agronegócio brasileiro é profissionalização exploração de todo em todas as etapas. gigante, mas para que esse potencial é Para se diferenmuito importante ciarem e terem conhaja competitividade, para a geração de dições de competir sobretudo para os emprego e renda, em um mercado pequenos produtores, é cada vez mais exisobretudo no campo, onde costugente, os pequenos indispensável que haja mam estar o maior produtores precisam foco em diversificação” ter objetivos claros índice de pobreza e os menores indicae planejar e executar Luiz Carlos Barboza dores sociais. ações que permitam Para que o país alcançá-los. Ou seja, cumpra sua vocação é indispensável que no setor, é essencial haja a todo o moque haja um olhar inovador para os nemento foco nos resultados. É preciso gócios do campo. O potencial do agrotambém avaliar sempre o trabalho, para negócio brasileiro é gigante, mas para que eventuais correções de rota sejam que haja competitividade, sobretudo possíveis durante o processo.


Fotos: Agência Sebrae de Notícias

Nesse caminho, o produtor conta com o apoio do Sebrae, por meio de cursos, palestras, consultorias e suporte para certificações de qualidade, entre outros. A competitividade dos pequenos negócios rurais, assim como também de outros setores, é uma de nossas grandes preocupações e a instituição não mede esforços para que eles se tornem cada vez mais profissionais e preparados para o mercado. As possibilidades de crescimento no agronegócio brasileiro são enormes e a inovação é fundamental no processo. A aqüicultura, por exemplo, é um setor que deve experimentar forte avanço nos próximos anos, tanto na pesca como no cultivo de ostras, favorecido pelo nosso vasto litoral e pela presença de diversos rios e lagos. A fruticultura, a floricultura e a horticultura também estão em franca expansão, graças a diversas iniciativas inovadoras, muitas delas de iniciativa de pequenos produtores, sozinhos ou de forma associada. O setor de alimentos orgânicos também é dos mais expressivos em termos de potencial futuro. O crescimento médio anual do setor no Brasil é de 30%, o dobro no registrado nos países da União Européia. Os bons números são reflexo do aumento da exigência dos consumidores internos e externos com a qualidade e segurança dos alimentos e com os impactos da agricultura convencional sobre o meio ambiente. Além disso, o cultivo orgânico tem grande importância social, por permitir melhor remuneração aos produtores. A agroenergia é outra área com fortes investimentos em inovação. Os biocombustíveis brasileiros, como o etanol e o biodiesel, são líderes de mercado no mundo, tanto em termos de volume de produção como de qualidade e produtividade. Além disso, diversas pequenas propriedades estão caminhando rumo à sustentabilidade por meio da produção própria de energia com o uso de resíduos do processo produtivo, o que significa menos custos e mais cuidado ambiental.

Aqüicultura, fruticultura e floricultura são setores com potencial de crescimento

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Artigo

Juarez de Paula

Sociólogo e gerente da Unidade de Agronegócios e Desenvolvimento Territorial do SEBRAE

O desafio da inovação Pequenos empreendimentos do agronegócio precisam investir decisivamente em inovação para serem competitivos. Novos produtos, estratégias de marketing e encadeamento produtivo, certificações e Indicações Geográficas, produção orgânica e agroenergia são algumas estratégias utilizadas pelos pequenos produtores para se diferenciarem no mercado

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Sebrae Agronegócios

custo de pesquisa e desenvolvimento de um novo produto pode ser bastante elevado, mas nem sempre. O algodão naturalmente colorido desenvolvido pela EMBRAPA e transformado em produto pela marca Natural Fashion; as embalagens biodegradáveis produzidas a partir da fécula de mandioca desenvolvidas pela CBPAK; a domesticação e reprodução controlada da “Sempre-viva” - uma flor nativa do cerrado brasileiro – conseguida pelo pesquisador Luiz Gluck Lima, possibilitando a redução do extrativismo e transformando-a em produto de floricultura; a utilização de óleos, essências e extratos naturais da nossa biodiversidade pelas indústrias de fármacos e cosméticos para o desenvolvimento de produtos, como os novos bronzeador,

protetor solar e creme hidratante da L’Occitane Brasil; são exemplos importantes de inovação de produtos. Também é possível inovar através do marketing, da promoção inovadora do produto, buscando mudar hábitos de consumo, apresentar um produto tradicional de uma forma mais prática e atraente, mais adequada ao estilo de vida do público-alvo que se quer atingir, ampliando a sensação de satisfação dos desejos e necessidades do consumidor final. A campanha “Um novo olhar sobre a carne suína” da ABCS – Associação Brasileira de Criadores de Suínos é um ótimo exemplo de estratégia inovadora de marketing de produto, com reflexos significativos não só nos resultados das vendas, mas também na reorganização da cadeia produtiva.

Agência Sebrae de Notícias

O

s pequenos empreendimentos de agronegócios produzem em pequena escala, o que geralmente implica numa significativa redução da sua competitividade em termos de preço final do produto. Isso não significa que a pequena produção agropecuária seja economicamente inviável. Apenas evidencia que os pequenos negócios de base rural precisam investir decisivamente em inovação. Quando não dispomos de um produto capaz de apresentar vantagem sobre os seus concorrentes pelo menor preço, a alternativa é apresentar outros tipos de vantagens, decorrentes de atributos de qualidade que promovam a diferenciação do produto. É justamente esse o papel mais relevante da inovação nos pequenos negócios. Entretanto, é necessário compreender o conceito de inovação de uma forma mais abrangente. Geralmente associamos inovação à idéia de “alta tecnologia” ou de “tecnologia de última geração”. Esse, certamente, é um dos significados possíveis. Porém, também é certo que o acesso das pequenas empresas a esse tipo de tecnologia é geralmente bastante difícil. Existem outras formas de inovar. O modo de inovação mais evidente, mais facilmente perceptível, é a inovação do produto. Criar um produto inovador, sem similares no mercado, é certamente a forma mais absoluta de diferenciação. Isso geralmente está associado a investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Muitas vezes, o

Os alimentos orgânicos são um exemplo bem-sucedido de produtos diferenciados


Sérgio Alberto

“Estamos certos de que a competitividade dos agronegócios de pequeno porte depende fortemente da cooperação e da inovação” Juarez de Paula

Outra forma de inovar é buscar a substituição de produtos por similares, com vantagens adicionais nem sempre relativas a preço. É o caso do mercado de agroenergia. O encarecimento do preço do petróleo resultante da crescente escassez do produto e os efeitos ambientais da sua crescente utilização – aquecimento global e mudanças climáticas – impulsionam a busca por alternativas renováveis e limpas para geração de energia. A produção de biogás e biofertilizante a partir de dejetos animais e a produção de biodiesel e saneantes a partir da gordura animal descartada em atividades de abate, eliminando resíduos de forte impacto ambiental, como na experiência da Fazenda Pork Terra,

pode ser uma excelente e inovadora alternativa de produção de energia para autoconsumo em médias e pequenas propriedades rurais, reduzindo custos e preservando o meio ambiente. Aproveitar o óleo vegetal utilizado em frituras como biocombustível para motores diesel, evitando o seu descarte no meio ambiente, o que geralmente implica na contaminação de recursos hídricos e obstrução de tubulações de esgoto, com custos sociais muito expressivos, é outro exemplo de produção de energia para o autoconsumo, absolutamente viável para micro e pequenas empresas urbanas e rurais. A tecnologia desenvolvida por Paulo Lenhardt para este fim, além de inovadora, tem as características de uma “tecnologia social”, por ser simples, barata e geradora de qualidade de vida. Porém, também é possível demonstrar a viabilidade da participação de pequenos empreendedores no competitivo mercado do etanol, a exemplo da Cooperativa Pindorama, proprietária de uma grande usina produtora de açúcar e álcool, que inova ao não reproduzir o modelo tradicional, seja pela integração do plantio de cana-de-açúcar com a fruticultura e a horticultura, escapando da monocultura, seja pelo modelo de gestão cooperativista e pela propriedade coletiva do empreendimento. A forma mais comum de inovação é a busca pela diferenciação do produto. Isso implica na valorização de atributos de qualidade, que precisam ser comprovados para o consumidor através de procedimentos de certificação. Os produtos certificados como “orgânicos”, isto é, comprovadamente produzidos sem a utilização de agroquímicos (fertilizantes, pesticidas, antibióticos e outras substâncias que podem deixar resíduos químicos nos alimentos) são um exemplo exitoso deste tipo de diferenciação. Os produtos orgânicos são vendidos com preços geralmente 30% superiores aos convencionais e mesmo assim o mercado de produtos orgânicos cresce entre 20 a 30% ao ano. É um forte sinal de mudança de hábitos de consumo,

onde o consumidor está cada vez mais preocupado com a aquisição de produtos saudáveis e disposto a pagar mais por isso. Empreendimentos de sucesso como a Fazenda Malunga, a Cooperativa de Agricultura Ecológica do Portal da Amazônia, a Cooperativa Justa Trama, a CoopNatural e os chás Namastê demonstram a potencialidade deste mercado. A própria multiplicação da tecnologia social de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável – PAIS demonstra o forte apelo da agroecologia como um modo inovador de produção de alimentos. Outra forma de diferenciação de produtos é a valorização de atributos de qualidade resultantes de características territoriais, certificados através das Indicações Geográficas e das Denominações de Origem dos produtos. O vinho do Vale dos Vinhedos, a Cachaça de Paraty, a carne do Pampa Gaúcho da Campanha Meridional e o Café do Cerrado são exemplos brasileiros deste tipo de certificação. Há ainda uma forma de diferenciação de produtos através das certificações de qualidade, com a obtenção de selos resultantes de processos de auditoria regulados por normas de conformidade. As certificações de qualidade com foco na sanidade e rastreabilidade de produtos tendem a ser uma exigência de mercado cada vez mais comum. Os exemplos dos produtores gaúchos de cachaça e dos fruticultores do Vale do Rio São Francisco demonstram a importância da certificação de qualidade como instrumento de inovação da gestão dos processos produtivos. O SEBRAE, ao dar visibilidade a todas estas experiências, busca evidenciar a importância da inovação em seus diversos aspectos, inclusive a inovação nas formas de organização dos pequenos empreendedores, valorizando o cooperativismo e a gestão participativa. Estamos certos de que a competitividade dos agronegócios de pequeno porte depende fortemente da cooperação e da inovação.

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Glauco Arbix

Coordenador-geral do Observatório de Inovação e Competitividade do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP)

Agência Sebrae de Notícias

Entrevista

Pequenos negócios devem se diferenciar para serem competitivos Para Arbix, o empreendedor, ao inovar, mostra que é capaz de transformar uma idéia em algo concreto que movimenta a economia de uma forma diferente e agrega valor e diferencial ao produto ou serviço

A importância da inovação ganhou reconhecimento entre empresários, governantes, formuladores de políticas públicas e comunidade científica graças aos resultados positivos proporcionados às economias que a aplicaram. A inovação é responsável por saltos na competitividade e na qualidade de sistemas produtivos nos setores de comércio, serviços, indústria e agricultura e na melhoria das atividades públicas e governamentais. “Difundir uma cultura inovadora é um desafio, mas vital para a competitividade dos pequenos negócios”, destaca o sociólogo Glauco Arbix, coordenador-geral do Observatório de Inovação e Competitividade do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Nesta entrevista exclusiva à Revista Sebrae Agronegócio, Arbix, que também é membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e consultor do Pnud/ONU, fala da importância de se difundir e consolidar iniciativas de inovação nos micro e pequenos empreendimentos brasileiros, trabalho que conta com forte participação do Sebrae.

apenas criar uma idéia, é preciso transformá-la em algo concreto no mercado, de forma a mover a economia de uma maneira diferente. Ou seja, inovação não é ter uma idéia brilhante para ficar guardada em um laboratório e sim a capacidade de transformá-la em algo real que movimente a economia.

Qual a relação entre inovação e diferenciação de produtos? A idéia de inovar está cada vez mais forte no mundo empresarial, em órgãos de governo, em entidades representativas, em organizações, na indústria, no comércio e também na agricultura. Há uma realidade nova no mundo que se refere exatamente às questões ligadas à capacidade das empresas de gerarem novas idéias. Não basta

Como inovar sem investir em pesquisa e desenvolvimento? A inovação pode ocorrer de várias maneiras: na tecnologia usada, no produto, no atendimento ao cliente, na gestão do negócio e na logística de distribuição, entre outros. Na maior parte das vezes, a idéia de inovação não é tecnológica e não significa apenas a criação de conhecimento novo, como o que sai de um laboratório. Esse tipo

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Inovação está sempre ligada à alta tecnologia? Essa é uma visão comum, mas limitada e preconceituosa. Esse entendimento é sedutor, pois a alta tecnologia traz idéia de modernidade, de avanço e de futuro que encanta as pessoas. Em um país como o Brasil, diversificado e heterogêneo, com micro, pequenas, médias e grandes empresas, essa associação entre alta tecnologia e inovação é um problema. É preciso tratar adequadamente o estímulo à inovação e não correr o risco de sugerir a um empreendedor uma atividade que pode paralisar a empresa dele. Imagine dizer para um empresário que para inovar é preciso investir forte em pesquisa e desenvolvimento? Ele vai pensar que não é para o “bico dele”.


Agência Sebrae de Notícias

A inovação ocorre de várias maneiras: na tecnologia, no produto, no atendimento, na gestão e na distribuição, entre outros

de inovação, ligada à pesquisa e ao desenvolvimento, tem um volume muito pequeno. No cotidiano, a inovação acontece aos milhares em toda parte, inclusive no Brasil, e diz respeito a pequenas modificações com as quais as empresas se diferenciam uma das outras. Há muitos exemplos desse tipo de inovação que independe de alta tecnologia no Brasil? Essa situação é encontrada aos milhares no Brasil, tanto no campo quanto nas cidades. Há, por exemplo, empresas que utilizam a borracha (o látex extraído das seringueiras) para produzir telhas e até camisetas. Não foi inventado nada de novo, mas houve inovação ao diversificar as formas de uso de um conhecimento já antigo. Por isso, a idéia de inovação não pode ser associada exclusivamente à idéia de alta tecnologia. Micro, pequenas, médias e grandes empresas não podem trabalhar a partir desse conceito. Quando fui jurado da premiação feita pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica, uma das empresas premiadas desenvolveu um processo diferente de fornecimento de oxigênio para rede hospitalar. A inovação foi construir pequenas usinas de oxigênio dentro dos hospitais. Ela não inventou nem o oxigênio nem um sistema diferente de armazenagem e recorreu a uma tecnologia totalmente madura, conhecida e disponível para criar o que está sendo chamada de miniusina. A grande mudança foi ter desenvolvido uma forma de logística totalmente nova. Como você caracteriza um processo eficiente de inovação? É aquele que resulta em uma diferença para a empresa, que consegue se destacar no mercado e não ser confundida com as outras. Esse reconhecimento pode ser, por exemplo, pela marca ser mais confiável, o que significa que foi feito

um trabalho que deu mais confiança ao consumidor. Cada vez que micro e pequenas empresas, no campo ou na cidade, encontram um lugar para mostrar que são diferentes da concorrência há inovação. Essa é a questão-chave. Quando uma empresa inova? Ao fazer, por exemplo, o mesmo que os concorrentes fazem, mas de uma maneira diferente. Uma empresa pode, por exemplo, inventar um sistema de produção mais eficiente que resulte em uma mercadoria mais barata. Muitas vezes o consumidor não sabe desse diferencial, mas ele sente no bolso. Então nem sempre o consumidor sabe que uma empresa é inovadora? A inovação pode ser interna e invisível aos olhos do consumidor. Ocorre quando a empresa inova no sistema de produção e distribuição, por exemplo. Mas também pode ser externa e notada pelos consumidores, como quando está presente na embalagem e na marca. Qual o segredo para inovação? Ao diferenciar um produto de outros iguais que existam no mercado, o produtor mostra que tem algo a mais, que tem valor agregado. Essa diferença pode ser no uso de um material na embalagem – trocar papel por plástico – ou de inteligência e conhecimento. Quando uma costureira faz uma camisa em 20 minutos e não em quatro horas, ela acrescentou criatividade e inventividade à maneira de produzir e criou um diferencial. Essa diferença não se deve a nenhum tipo de formação formal e acontece muito no campo brasileiro. Os pequenos negócios que movimentam a economia acabam se diferenciando entre eles pelas pequenas mudanças que conferem personalidade para cada um. Não tem nada de material, só tem base no conhecimento. O empreendedor mais inteligente e preparado consegue mais sucesso.

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Humberto Oliveira Secretário de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário

Territórios da Cidadania é aposta do Governo brasileiro para superar pobreza no meio rural

Ubirajara Machado/Ascom MDA

Entrevista

Para o secretário de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Humberto Oliveira, programa lançado em fevereiro de 2008 será importante para combater as desigualdades entre as regiões metropolitanas, as grandes e médias cidades e o interior do Brasil, que vive distante das oportunidades de desenvolvimento econômico e de acesso a políticas públicas de qualidade. Serão investidos, no primeiro ano, R$ 11,3 bilhões em 958 municípios do país

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Programa Territórios da Cidadania, lançado em fevereiro deste ano pelo Governo Federal, tem o objetivo de superar a pobreza no meio rural por meio do desenvolvimento equilibrado dos territórios rurais, da melhoria de qualidade de vida e da garantia de direitos e cidadania, entre outras ações. No primeiro ano, serão investidos R$ 11,3 bilhões em 958 municípios de todas as 27 unidades da Federação. Serão 60 territórios, onde vivem 24 milhões de brasileiros, sendo 7,8 milhões no campo. A característica em comum é a situação de pobreza e o baixo dinamismo econômico e a alta concentração de agricultores familiares, assentados da reforma agrária, populações quilombolas e comunidades indígenas. Para o secretário de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Humberto Oliveira, o programa será importante para combater as desigualdades entre as regiões metropolitanas, as grandes e médias cidades e o interior do Brasil, que vive distante das oportunidades de desenvolvimento econômico e de acesso a políticas públicas de qualidade. “O Territórios da Cidadania ajudará a enfrentar o que considero o maior desafio da sociedade brasileira, que é reduzir as enormes desigualdades com as

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quais vínhamos convivendo com incompreensível naturalidade”, destaca. Nessa entrevista exclusiva para a Revista Sebrae Agronegócios, Oliveira cita algumas das ações que serão executadas no âmbito do Programa e fala da importância dos pequenos negócios e da agricultura familiar para o crescimento e desenvolvimento do país, entre outros temas. Quais são os principais benefícios que o Programa Territórios da Cidadania pode trazer para os pequenos negócios do Brasil, principalmente na agricultura familiar? O Programa traz um modelo de gestão que permitirá melhor aplicação dos recursos públicos, ao integrar ações da política agrícola entre si e dessa com ações de educação, saúde, infra-estrutura e cultura, entre outras. O objetivo é garantir um apoio integral do estado, promovendo acesso à cidadania e direitos às famílias, ao mesmo tempo em que financia e apóia atividades de geração de renda. O efeito esperado é de uma agricultura familiar ainda mais consolidada e estratégica para o país, que contribua em suas múltiplas funções econômica, social e ambiental de forma sustentável.


Agência Brasil

estaduais e federal que tenham ações no Programa Territórios da Cidadania. Haverá também ampla e diversificada participação de vários setores e segmentos sociais que traduzam a composição das forças sociais e econômicas do território. A participação das pequenas empresas nos colegiados é fundamental, pois afirmará um valor importante do Programa, que é a integração campo e cidade, renovando o conceito de ruralidade no Brasil. Além disso, ajudará a revelar a importância da agricultura familiar e da reforma agrária na economia do território, visto que ali circulam recursos destiO Territórios da Cidadania foi lançado em fevereiro de 2008 pelo presidente Lula nados a financiar esse público. Outro benefício é a possibilidade de produzir importantes alianças com projetos comuns enComo o Programa estimulará a sustentabilidade das tre os agricultores e as pequenas empresas urbanas. pequenas propriedades rurais de regiões de baixa renda? Começaremos tratando os principais problemas que causam a pobreza e a estagnação econômica. Por exemplo, De que maneira o poder das compras governamentais as questões de saúde e educação receberão importante repoderá ser usado para fortalecer a economia local dos forço, a regularização do acesso à terra trará segurança aos Territórios da Cidadania? agricultores familiares e investimentos em infra-estrutura As compras governamentais, principalmente operadas melhorarão diversos aspectos da vida dessas famílias. Mas pelo Programa de Aquisição de Alimentos e pelo Prograações como essas tem um alcance reduzido se não há tamma Nacional de Alimentação Escolar, devem alavancar os bém um forte trabalho para fortalecer a capacidade local processos de comercialização, com a abertura e ampliação de gerar alternativas e inovações. É preciso reforçar tamde mercados, e contribuir para a circulação interna do cabém redes solidárias e parcerias para ampliar e aprofundar pital, gerando mais ocupação e renda nos territórios. Além a participação de setores tradicionalmente não alcançados disso, haverá também disponibilização de espaços de copor políticas de desenvolvimento. mercialização, apoio à organização de redes cooperativas e solidárias e assessoramento técnico especializado para a De que forma o Governo Federal pretende fortalecer o comercialização. Esse conjunto de ações possibilitará meprotagonismo social nos Territórios da Cidadania? lhor eficácia das organizações associativas, garantindo a Para promover o protagonismo social nos territórios é inserção sustentável dos produtos nos mercados locais e, fundamental ampliar e fortalecer os atuais ambientes insconseqüentemente, aquecimento da economia local. titucionais de gestão de políticas públicas, como os conselhos municipais, e as instâncias regionais existentes, Quais são as principais metas e prioridades em médio como os consórcios de segurança alimentar e desenvolvie longo prazo? mento local e as associações de municípios. Entretanto, Em médio e longo prazo, espera-se que a sistemática de por tratar-se de uma visão integradora do espaço terriplanejamento da oferta de políticas públicas para o meio rutorial e dos setores, o Programa Territórios da Cidadania ral brasileiro com foco na abordagem territorial se consolide estabeleceu como referência na gestão local o Colegiado e integre os três níveis federativos e a sociedade local orgaTerritorial. nizada. Com isso, é possível fazer com que demanda e oferta se encontrem em um diálogo contínuo entre as partes, Como será composto esse colegiado? Haverá espaço ajudando a superar os níveis de pobreza e as situações de para a representação das pequenas empresas? desigualdades atualmente existentes. Temos também a exO Colegiado Territorial será composto paritariamente por pectativa de que projetos locais estratégicos e estruturantes governos e sociedade civil. Estarão presentes as prefeituras possam ser orientadores nessa relação entre governos e sodos municípios de cada território e órgãos dos governos ciedade, atuando em uma perspectiva de desenvolvimento.

Sebrae Agronegócios

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Apresentação

Conhecimento adequado e planejamento são preponderantes para os pequenos empreendimentos do agronegócio, que em muitos casos envolvem produção familiar. Para eles, faz toda a diferença obter informações qualificadas de marketing, de mercado e de gestão

C

olocar um produto agrícola nas gôndolas de um supermercado ou de um hortifrutigranjeiro requer tantas ou mais habilidades que as exigidas durante o cultivo. Para obter sucesso na verdadeira odisséia que é ter acesso ao mercado, o pequeno produtor rural precisa de informação qualificada. Com o objetivo de ajudar nessa tarefa, o Sebrae mantém uma unidade de negócio que fornece aos produtores conhecimentos que vão além das práticas de venda e ultrapassam uma visão de curto prazo. “Nosso trabalho tem o objetivo de preparar os produtores para acessarem o mercado em médio e longo prazo, o que exige estratégias que envolvam não só a venda em si, mas também o momento anterior e posterior. Um dos focos principais é a definição de metas e objetivos com um olhar pelo viés dos conceitos de marketing”, descreve a gerente da Unidade de Acesso a Mercados do Sebrae Nacional, Raissa Alessandra Rossiter. O trabalho da Unidade de Acesso a Mercados é executado em quatro etapas. A primeira consiste em um diagnóstico detalhado do negócio. O produtor rural recebe orientações sobre as condições do mercado em que atua e também sobre os produtos. No processo, avalia-se se como o empreendimento explora as oportunidades e qual a capacidade de produção em relação à demanda. O empreendedor também é informado sobre os requisitos para obter certificações de

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Sebrae Agronegócios

Sérgio Alberto

MARKETING E ENCADEAMENTO PRODUTIVO

Sucesso na conquista de público-alvo depende de informação qualificada

“Depois da venda, é preciso avaliar o resultado, pois o objetivo de um negócio é o lucro. Não adianta aumentar as vendas e ficar no prejuízo por não conseguir, por exemplo, ajustar o preço” Raissa Rossiter qualidade e recebe consultorias para adequar os produtos à quantidade e qualidade exigidas pelos compradores. No segundo momento, ocorre a seleção do mercado-alvo, com base em raios X feito na primeira etapa. “Há casos em que o melhor público é o atual.

Em outros, a recomendação é aumentar a presença geográfica e levar os produtos para outras cidades, estados e até países”, comenta Raissa. Tudo depende da avaliação do potencial de inserção no mercado do empreendimento e de seus produtos e serviços. A terceira etapa prevê a criação da estratégia de atuação. O cliente recebe orientação quanto à maneira mais adequada de acessar o mercado-alvo definido. Ele encontrará resposta sobre os canais de distribuição mais efetivos, as parcerias que podem ser estabelecidas, se precisará fazer algum tipo de adaptação no produto ou estabelecer uma definição diferenciada de preço, entre outros. É nessa hora que será feito todo o planejamento das ações, inclusive a estratégia de comunicação para chegar ao mercado escolhido. Na fase final, ocorrem os ajustes. Definidos o mercado-alvo e a estratégia para atingi-lo, é preciso aparar algumas arestas. Raissa cita como exemplo a experiência de produtores de uva da Bahia, que, com orientação do Sebrae, conseguiram colocar seus produtos nas gôndolas de supermercados do Distrito Federal. “Definimos que o DF seria o mercado-alvo pelo poder aquisitivo, pelas exigências requeridas e pelo padrão de qualidade adequado do produto que estávamos apoiando”, relembra. Para isso, foram necessárias adaptações para que a quantidade, a embalagem e o preço fossem adequados, entre outros.


Agência Sebrae de Notícias

O Sebrae trabalha estratégias de acesso a mercado em diversos segmentos do agronegócio, como a apicultura

“Depois da venda é preciso avaliar o resultado, pois o objetivo de um negócio é o lucro. Não adianta aumentar as vendas e ficar no prejuízo por não conseguir, por exemplo, ajustar o preço”, pondera Raissa. A etapa dos ajustes, ressalta, é muito importante porque revisa os outros momentos do trabalho. A principal vantagem para o cliente atendido pela Unidade de Acesso ao Mercado é ter contato com um insumo fundamental para a gestão de qualquer negócio: a informação. Isso é preponderante para os pequenos empreendimentos do agronegócio, que em muitos casos envolvem produção familiar. Para eles, faz toda a diferença obter informações qualificadas de marketing, de mercado e de gestão. “Nossa intenção é que os envolvidos tenham aumento de faturamento, ganhem novos mercados e tenham informações qualificadas para a tomada de decisões”, comenta Raissa. Os produtores que procuram ajuda para acesso a mercados no Sebrae contam também com ferramentas como o projeto Comércio Brasil. “Atuamos com vários segmentos do agronegócio, como

“Um dos focos principais do trabalho do Sebrae com os produtores é a definição de metas e objetivos com um olhar de marketing” Raissa Rossiter

a apicultura e fruticultura”, explica. A gerente relata que foram selecionados e treinados consultores externos que atuam como agentes comerciais para apoiar os pequenos e microempreendedores na identificação de canais de mercado, de comercialização e de distribuição. “Eles orientam o cliente para facilitar a chegada do produto até o canal e vice-versa. É uma forma que os Sebraes estaduais encontraram para disseminar e multiplicar esse trabalho”, destaca. Uma estratégia de marketing que vem sendo utilizada com sucesso pelos

clientes do setor de agronegócios é a do Comércio Justo (Fair Trade em inglês). Trata-se de um dos pilares da sustentabilidade econômica e ecológica, cujo propósito é estabelecer preços justos, padrões sociais e ambientais nas cadeias produtivas de vários produtos, em especial os agrícolas, com foco nas exportações de países em desenvolvimento para países desenvolvidos. “Há um espaço muito grande para produtos com enfoque nessa estratégia. O Sebrae mineiro, por exemplo, está trabalhando com parceiros uma forma de atendimento a 500 famílias produtoras de café. O produto hoje é vendido no mercado brasileiro e o objetivo agora é expandir para os Estados Unidos sob os pilares do Comércio Justo”, informa Raissa. Disseminar a filosofia do Comércio Justo é um desafio que o Sebrae tem buscado superar atuando com vários parceiros, pois é uma tarefa que pede o esforço de várias instituições. “Antes de tudo é uma filosofia diferente de fazer negócios em que se busca transparência e relacionamento justo entre todos os elos da cadeia produtiva”, finaliza.

Sebrae Agronegócios

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ABCS

Brasil é o quarto maior produtor mundial do produto, mas o consumo interno ainda está muito abaixo das expectativas do setor, principalmente de carne in natura. Preparação da cadeia produtiva é primeira estratégia para eliminar gargalos da comercialização

O

Brasil é o quarto maior produtor mundial de carne de porco, com três milhões de toneladas em 2007, segundo dados da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). Entretanto, no consumo interno, o país deixa muito a desejar. Enquanto na União Européia e nos Estados Unidos o consumo médio per capita é de, respectivamente, 44 e 30 quilos por ano, aqui esse volume chega a apenas 13 quilos – nove de embutidos e quatro de carne in natura. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), na média mundial, a carne suína é a mais consumida, com 42% do total. No Brasil, representa apenas 14% e está atrás de aves e bovinos. Para reverter esse quadro, a ABCS iniciou, em setembro de 2006, a campanha Um novo olhar sobre a carne suína, a qual já vem mostrando resultados. “Iniciamos o trabalho com base em uma pesquisa que identificou os principais gargalos da comercialização da carne suína no Brasil”, conta o presidente da ABCS, Rubens Valentini. De acordo com o estudo, as maiores restrições são o preconceito com relação ao impacto sobre a saúde do consumidor; cortes pouco práticos, na perspectiva do cliente; cortes volumosos, quase sempre associados a eventos festivos; apresentação inadequada nos pontos de venda, quase sempre associada à gordura; e percepção de preço elevado.

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ABCS/Divulgação

MARKETING

Suinocultores investem em campanha para aumentar consumo da carne de porco

Segundo Valentini, o aumento de vendas nos mercados trabalhados pela ABCS variou entre 50% e 210%

A primeira etapa da campanha, que ainda está sendo realizada é a preparação da cadeia produtiva. A ABCS escolheu dez redes de supermercados, em quatro estados (São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Minas Gerais) e no Distrito Federal e iniciou um trabalho para modificar o conceito de comercialização. “Na maioria dos lugares do Brasil, compra-se carne de porco do mesmo modo que nossas avós compravam, ou seja, os mesmos cortes e em grandes quantidades. Para que a carne suína seja competitiva, o primeiro passo é mudar essa idéia”, afirma Valentini. Ao resumir o suíno a uma meia dúzia de cortes, como lombo, costela e

pernil, a indústria de processamento e os pontos de venda reduzem consideravelmente as alternativas de uso. “Iniciamos nos mercados um trabalho para mostrar que existem mais de 70 cortes, como carne moída, estrogonofe suíno e picanha e não apenas os tradicionais. É preciso ter formatos diversificados, contemporâneos, que atraiam e satisfaçam o consumidor”, destaca. Ao trabalhar diversos cortes, a ABCS incentiva o comerciante a utilizar toda a carcaça do animal. Desse modo, evita-se que o produto seja vendido a um preço mais elevado para compensar perdas com determinadas partes do animal que anteriormente teriam pouco giro. “Ao trabalhar com mais variedades, o ponto de venda pode comercializar a carne suína a um preço mais competitivo, reduzindo a percepção que existe hoje de que o produto é caro”, ressalta Valentini. Outro item trabalhado pela ABCS foram os formatos de embalagens nos

“Nossas pesquisas mostram que 46% dos brasileiros preferem a carne suína. Logo, não há motivos para que a demanda não cresça” Rubens Valentini


Fotos: ABCS/Divulgação

Antigamente, os porcos da suinocultura eram gordos, pois o objetivo era produzir banha. Hoje, o animal é magro e a carne tem baixo índice de gordura

ABCS/Divulgação

postos de vendas. “Não dá para vender apenas peças inteiras ou em grandes quantidades, como ocorre com freqüência em diversos estabelecimentos. É preciso dar alternativas. Um solteiro ou pessoas idosas, por exemplo, só irão comprar a carne suína se a encontrarem em embalagens pequenas e práticas. Tem que sair da bandeja direto para a panela”, observa. As ações realizadas com as indústrias e postos de vendas já geram resultados. “O aumento de vendas da carne

suína nos mercados com os quais trabalhamos variou entre 50% e 210%”, informa Valentini. As metas para o crescimento no consumo são ousadas. Em 2006, o consumo per capita de carne de porco no Brasil era de 11 quilos anuais. Em 2007, com apoio da campanha, subiu para 12 quilos. Em 2009, o objetivo é chegar a 14 quilos. “Nossas pesquisas mostram que 46% dos brasileiros preferem a carne suína. Logo, não há motivos para que a demanda não cresça”, avalia.

Outra ação que está sendo realizada no âmbito da campanha é o uso de trabalhos e pesquisas médicas para desmistificar o impacto da carne suína na saúde. Um documento intitulado Impacto do consumo da carne suína sobre a saúde humana, com quatro monografias está sendo utilizado pela ABCS em reuniões, simpósios e seminários com médicos, nutricionistas, chefs de cozinha e estudantes de medicina, nutrição e gastronomia. “Queremos mostrar os benefícios da carne suína, como o baixo índice de gordura em comparação com outras carnes e o alto teor de proteínas, vitaminas e sais minerais”, conta Valentini. A próxima etapa da campanha, que será iniciada ao fim do trabalho de adequação da cadeia produtiva é a divulgação da proposta em mídias de massa. “Nossa intenção é atingir o público por meio de anúncios em televisão, rádio, jornais e revistas”, informa Valentini. “Mas para que isso ocorra, precisamos garantir que nossos produtos cheguem aos pontos de venda com qualidade e no formato adequado para os mais diversos consumidores. Não adianta chamar a atenção do comprador se não tivermos o produto adequado para oferecer”, completa. O Sebrae (DF), por meio do projeto Desenvolvimento da Suinocultura no Distrito Federal, é um dos apoiadores da campanha Um novo olhar sobre a carne suína. “O Sebrae foi um parceiro muito importante no desenvolvimento de modelos e conceitos para a campanha”, destaca Valentini. “Nossa meta agora é estender essa parceria em nível nacional, com o objetivo de transmitir conhecimento por meio de vídeos, catálogos e outras ferramentas”, afirma.

Consumo per capita/ano 2006: 11 quilos 2007: 12 quilos 2009: 11 quilos (previsão)

Cortes suínos em balcão de supermercado

Contato www.abcs.com.br (61) 2109-1620

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Justa Trama

Justa Trama Fibra Ecológica coordena o trabalho de cerca de 800 homens e mulheres, que ganham a vida por meio de um inovador projeto de desenvolvimento sustentável que reúne todos os elos da indústria têxtil, do plantio à produção das roupas Fotos: Sérgio Alberto

ENCADEAMENTO PRODUTIVO

Cadeia solidária do algodão ecológico garante emprego e renda em vários estados do país

O

algodão vem do Ceará. Os botões e tinturas são feitos em sete estados da Amazônia. O fio e o tecido são produzidos em São Paulo, e as roupas e acessórios, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Desde 2005, a Justa Trama Fibra Ecológica coordena o trabalho de cerca de 800 homens e mulheres de vários cantos do país, que ganham a vida por meio de um inovador projeto de desenvolvimento sustentável e solidário – a cadeia produtiva solidária do algodão ecológico. O projeto nasceu por meio da articulação de integrantes do Fórum Brasileiro de Economia Solidária. O primeiro trabalho foi a produção de 60 mil bolsas de algodão orgânico, que foram distribuídas aos participantes do Fórum Social Mundial 2005, realizado em Porto Alegre. “Para fazer o serviço, envolvemos 36 grupos dos três estados da região Sul”, conta Idalina Maria Boni, diretora da Justa Trama. “Com o resultado positivo, vimos que valia a pena investir em um trabalho solidário que reunisse todos os elos da indústria têxtil, do plantio à roupa, e que gerasse ocupação e renda tanto no campo como na cidade”, destaca. A economia solidária é um modo específico de organização de atividades econômicas, caracterizado pela autogestão, ou seja, pela autonomia de cada unidade e pela igualdade entre os seus membros. O capital dos empreendimentos desse gênero é constituído por

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Sebrae Agronegócios

O primeiro trabalho realizado pela Justa Trama, de Idalina Boni (esquerda) e Nelsa Nespolo (direita) foram 60 mil bolsas para o Fórum Social Mundial de 2005

cotas, distribuídas por igual entre todos os membros, que são sócios do negócio. No caso da Justa Trama, todos os participantes são proprietários da marca. Além da ideologia coletiva, a Justa Trama tem como um dos mais importantes pilares o respeito ambiental, que foi um dos principais motivos para a escolha do algodão orgânico. “O Brasil é um dos cinco países que mais utilizam agrotóxicos e na plantação de algodão os números são assustadores. Para produzir matéria-prima para uma camiseta, são necessários 160 gramas do produto, que acabam ficando na roupa”, ressalta Nelsa Nespolo, diretora da

Justa Trama. “O cultivo orgânico permite que ofereçamos produtos seguros, desenvolvidas de forma coletiva e agroecológica”, observa. A cadeia produtiva da marca Justa Trama começa no Ceará. Agricultores familiares de quatro municípios do estado (Tauá, Massapê, Choró e Quixadá), organizados pela Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural de Tauá, plantam e colhem o algodão orgânico, sem uso de nenhum agrotóxico. No processo, são empregadas técnicas de conservação do solo e da água. O cultivo do algodão é feito de forma consorciada com outras plantas e corresponde a, em


As roupas são confeccionadas por costureiras coordenadas pela Cooperativa de Costureiras Unidas Venceremos (Univens), de Porto Alegre, e pela Fio Nobre, empresa autogestionária localizada na cidade catarinense de Itajaí. São feitos diversos produtos, como calças, bermudas, túnicas, camisas, saias, vestidos, batas, bolsas e cangas. O principal foco comercial é o mercado interno, mas alguns produtos já foram exportados para Espanha e Itália. A finalização das peças é feita por homens e mulheres de sete estados da Amazônia, coordenados pela Cooperativa Açaí. Eles produzem corantes naturais, que são usados como tinturas, e coletam e beneficiam sementes para a criação de botões e outras peças. Parte do trabalho é feita por presidiárias da Penitenciária Feminina de Porto Velho, que têm oportunidade de se profissionalizarem e terem a pena reduzida.

Para que o trabalho seja realizado com eficiência, uma das principais preocupações é com a qualificação da mão-de-obra. “Realizamos um trabalho forte de capacitação com todos os elos da cadeia, com foco na melhoria da técnica e equipamentos e na conscientização da importância do envolvimento e comprometimento dos participantes”, ressalta Idalina. “Uma única parte que falhe prejudica o trabalho de todos e o sucesso do projeto”, afirma. Faturamento: não divulgado Empregos: 720 Volume de produção: 10 toneladas em 2008 Exportação: Espanha e Itália

Contato www.justatrama.com.br (51) 3028-2381

Justa Trama/Divulgação

média, 50% do espaço plantado por cada produtor. Em 2005, primeiro ano de trabalho, foram produzidos 1.500 quilos de plumas. Esse ano, a meta é chegar a dez toneladas. Segundo Nelsa, o agricultor recebe pela produção o dobro do valor de mercado do algodão convencional. “O cultivo orgânico exige cuidados especiais, mas o retorno é muito melhor. O objetivo é que todos os produtores possam trabalhar de forma sustentável”, destaca. Do Ceará, o algodão segue para Nova Odessa (SP), onde cerca de 120 trabalhadores da Cooperativa Nova Esperança (Cones) realizam a fiação. Depois, em Santo André (SP), os tecidos são produzidos por 90 integrantes da Cooperativa Industrial de Trabalhadores em Fiação, Tecelagem e Confecções (Textilcooper). Nesses processos, a receita dos participantes é até 40% maior que a média de mercado.

As roupas são confeccionadas por costureiras de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e de Itajaí, em Santa Catarina

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CoopNatural

Desde 2000, agricultores, empresas têxteis e confecções da região de Campina Grande trabalham em parceria na produção e na comercialização de roupas de algodão orgânico colorido. São três cores – marrom, rubi e safira – desenvolvidas pela Embrapa

Natural Fashion/Divulgação

ENCADEAMENTO PRODUTIVO

Cooperativa de produção resgata cultura tradicional do Estado da Paraíba

A

cultura do algodão teve, por muitos anos, forte relevância na economia da Paraíba. Nos anos 1970, chegou a ocupar uma área de 750 mil hectares. No entanto, a partir de 1983, um pequeno besouro, o bicudo-do-algodoeiro, alastrou-se como praga nas plantações, que foram praticamente dizimadas em pouco tempo. O mesmo ocorreu em toda a Região Nordeste, que automaticamente parou de vender e passou a importar algodão, gerando forte desemprego. Hoje, empresas têxteis e confecções da região de Campina Grande, no agreste paraibano, trabalham para devolver ao algodão parte da importância que teve, anos atrás, na geração de emprego e renda no estado. A Cooperativa de Produção Têxtil e Afins do Algodão do Estado da Paraíba (CoopNatural) coordena um grupo de empresas e associações que produzem roupas em algodão orgânico colorido. Todo o processo, do plantio à finalização das peças, é realizado pelos participantes. O trabalho em conjunto começou em 2000, quando dez empresas da cidade decidiram criar um consórcio para aumentar a competitividade de seus produtos têxteis no mercado internacional. O grupo escolheu trabalhar com o algodão naturalmente colorido em

O plantio é feito de forma orgânica por famílias de agricultores do alto sertão

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Sérgio Alberto

razão dos diferenciais que o produto tem no mercado, como dispensar o uso de tingimento químico, não agredir o meio ambiente e ser produzido de forma orgânica, sem agrotóxicos. A parceria trouxe bons resultados e, em 2003, o consórcio transformou-se em uma cooperativa de produção, que estimulou a entrada de novos parceiros, ganhando em competitividade. Hoje, a CoopNatural reúne 23 empresas de confecções, cinco serigrafias, uma empresa de bordado, uma tecelagem manual e uma empresa de calçados, bolsas e acessórios, 11 cooperativas consultoras, quatro associações de artesãs, cinco cooperativas de artesanato, dois clubes de mães e 16 grupos de artesãos autônomos, que geram cerca de 850 empregos diretos. As três variedades de algodão colorido utilizadas nas roupas da cooperativa foram desenvolvidas, a partir de 1989, pela Embrapa Algodão, que tem sede em Campina Grande. “Quando começamos, a Embrapa já tinha desenvolvido a variedade marrom. Em 2003, veio o verde e, em 2005, o rubi e o safira”, conta Maysa Motta Gadelha, diretora-presidente da CoopNatural. O algodão colorido existe desde pelo menos 2.500 a.C., como mostram escavações realizadas no Peru, mas, ao contrário do branco, não havia passado por

Segundo Maysa Motta Gadelha, as feiras nacionais e internacionais são importantes ferramentas comerciais da CoopNatural

Natural Fashion/Divulgação

crochê e retalhos de tecido de algodão melhoramentos genéticos que tornascolorido – é realizada por 22 grupos, que sem a fibra fiável. A Embrapa realizou reúnem cerca de 850 artesãos. “O artesaesse trabalho a partir do cruzamento do nato é excelente como algodão primitivo coadereço e agrega valor nhecido como macaco Faturamento: não divulgado às peças”, aponta Maycom o algodão seridó, Empregos: 800 Volume de produção: 10 mil sa. A maior parte dos que tem a fibra mais artesãos envolvidos no longa e mais resistente peças por mês Exportação: 20% da produção projeto foi capacitada do mundo. pelo Sebrae. O plantio é feito de A CoopNatural tem mais de 100 forma orgânica por famílias de agriculpostos de vendas no Brasil, principaltores do alto sertão paraibano, que remente em cidades turísticas, e uma cebem remuneração acima do mercado, loja em Lisboa, Portugal. Os produtos visto que a colheita é manual e a protambém são exportados para outro dutividade, menor que a do cinco países – Itália, Alemanha, Estaalgodão tradicional. Na pridos Unidos, Austrália e Inglaterra. Em meira safra, em 2000/2001, abril, a cooperativa inicia um projeto foram plantados 10 hectares de franquias. de algodão colorido na reOutra importante ferramenta cogião. Hoje, já são mais de mercial são as feiras nacionais e inter2 mil hectares. A produção nacionais. “Sempre tivemos excelente da cooperativa é certificada retorno com esse tipo de evento, desde pela Associação de Certificaa primeira vez, quando fomos apenas ção Instituto Biodinâmico para expor e checar a receptividade do (IBD), especializada na área nosso produto”, destaca Maysa, refede produtos orgânicos. rindo-se à Fenit, a principal feira da inA coleção de produtos dústria têxtil do mundo. “Só em 2007, da Natural Fashion alia o participamos de 31 feiras, grande parte universo nordestino às tendelas com apoio do Sebrae”, conta. dências atuais da moda. Em quase todas as peças, há o Contato uso de artesanato como adewww.naturalfashion.com.br reço. A produção de apliques (83) 3337-7077 para as roupas – em renda, Coleção une cultura nordestina e tendências atuais

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PRODUTOS INOVADORES

Apresentação

Busca constante pela diferenciação deve ser encarada como estratégia empresarial. Estratégia independe da matéria-prima e dos insumos utilizados e pode ser realizada na indústria, no comércio e no agronegócio

O

s produtos e serviços podem ser diferentes e o público-alvo também, mas micro e pequenos negócios dos mais diversos ramos de atividade têm um ponto em comum: para serem competitivos, precisam se diferenciar. A busca constante pela inovação deve ser encarada como estratégia empresarial e uma das melhores maneiras de ser original é colocar no mercado um produto novo, sem similares, com forte valor agregado. “A inovação é uma das formas mais eficientes de diferenciar o produto e buscar melhores espaços no mercado”, destaca o gerente de acesso à inovação e tecnologia do Sebrae Nacional, Paulo Alvim. “É um trabalho que independe da matéria-prima e dos insumos utilizados e que pode ser realizado na indústria, no comércio e no agronegócio. Com uma estratégia eficiente e bem acompanhada, é sempre possível agregar valor”, destaca. No agronegócio, a inovação de produtos apresenta crescimento e é importante sobretudo para a agricultura familiar. “Para quem não tem escala, é a grande oportunidade de inserção no mercado”, observa Alvim. “Com produtos diferenciados, o pequeno produtor obtém melhor remuneração por seu trabalho e garante mais qualidade de

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Sebrae Agronegócios

vida para sua família. A busca pela inovação tem se mostrado importante na geração de emprego e renda e na fixação do homem no campo”, completa. O aquecimento da economia brasileira e a evolução científica trazem um cenário bastante favorável para a inovação. “A agricultura familiar nunca teve um momento tão bom para lançar novos produtos”, avalia Alvim. “O mercado consumidor está em franco crescimento e estamos vivenciando muitos avanços na biotecnologia. Isso facilita o trabalho do produtor e cria um conjunto grande de oportunidades”, destaca. A diferenciação de produtos pode ocorrer de diversas formas. É possível, por exemplo, criar produtos com elementos totalmente novos, que ainda não foram utilizados no agronegócio. Outra maneira é empregar de forma inovadora matérias-primas já comuns à atividade, como fécula de mandioca, usada na produção de embalagens. Também é possível, com apoio da tecnologia, resgatar insumos primários que até então estavam restritos à natureza, como algumas variedades de flores. Um dos segmentos do agronegócio com mais resultados positivos em inovação são os produtos orgânicos. “A diversidade é cada vez maior, tanto de alimentos in natura, como verduras e

Sérgio Alberto

Diferenciar o produto é uma das formas mais eficientes de inovação “A agricultura familiar nunca teve um momento tão bom para lançar novos produtos. O mercado consumidor está em franco crescimento e estamos vivenciando muitos avanços na biotecnologia” Paulo Alvim

frutas, como de produtos manipulados, como bebidas, mel e geléias. Também merecem destaque os minilegumes, que têm boa aceitação no mercado”, afirma Alvim. Segundo ele, outros setores em alta na inovação de produtos são a floricultura e a fruticultura. ATUAÇÃO DO SEBRAE O trabalho do Sebrae com o acesso à inovação no agronegócio começa com a identificação de regiões de baixa renda e forte presença de pequenos produtores rurais, sobretudo com foco na agricultura familiar. A instituição realiza capacitações em diversas áreas, como boas práticas agrícolas, gestão do negócio, técnicas de manejo, produção de insumo, qualidade e produtividade, armazenagem de produtos e


Fotos: Agência Sebrae de Notícias

Alimentos orgânicos e produtos manipulados, como cachaça e mel, têm apresentado resultados positivos em inovação

seleção de espécies animais e vegetais, entre outros. O Sebrae também dá suporte para que os pequenos produtores possam interagir com universidades e institutos de pesquisa. “O desenvolvimento de novos produtos depende fundamentalmente de informação e é importante que os produtores tenham parcerias nesse processo”, aponta. “O desconhecimento assusta o agricultor, que normalmente pensa que a inovação é apenas para os grandes. Essa interação é interessante

para mostrar que, mesmo sendo trabalhosa e exigindo dedicação, a busca pela inovação é viável”, acrescenta. Outro trabalho priorizado pela instituição é o incentivo ao cooperativismo. De acordo com Alvim, há muito mais produtos inovadores em agronegócio desenvolvidos por associações e cooperativas que por pequenos produtores individuais. “Trabalhar sozinho nessa área é muito mais difícil. A atuação de forma associada permite redução de custos, ganho de escala e uma maior

troca de idéias, que é muito importante na busca pela inovação”, destaca. A acesso ao mercado é mais um foco do Sebrae. “Hoje, os principais desafios dos produtos inovadores são ganharem a confiança do consumidor e terem preços similares aos dos produtos convencionais”, afirma Alvim. “As certificações são uma boa forma de dar credibilidade ao produto. E para reduzir o custo final e garantir maior escala, uma boa alternativa é apostar em práticas sustentáveis”, completa.

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CBPAK

PRODUTOS INOVADORES

Fécula de mandioca é utilizada na fabricação de embalagens eco-sustentáveis Produto desenvolvido pela CBPAK, de São Carlos (SP), é biodegradável e utiliza fonte renovável de matéria-prima. Comercialização começa este ano, após financiamento de R$ 4,2 milhóes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

U

m dos principais problemas ambientais da atualidade é a dificuldade em livrar-se da grande quantidade de lixo produzida no dia-a-dia. O processo é demorado, oneroso e com resultado, muitas vezes, aquém do desejado. A CBPAK Embalagens Biodegradáveis,

de São Carlos (SP), traz para o mercado uma tecnologia inovadora, que tem por objetivo facilitar esse trabalho. Este ano, a empresa inicia a comercialização de embalagens eco-sustentáveis, produzidas com fécula de mandioca, que poderão substituir, em médio prazo, produtos similares feitos em isopor.

“Trabalhei durante muitos anos em empresas de grande porte, mas sempre quis que meu legado profissional fosse na área ambiental”, conta o engenheiro Cláudio Bastos, criador e sócio da CBPAK. “Ao olhar nas latas de lixo, percebi que as embalagens constituem a maior parte dos dejetos, além de

De acordo com Bastos, a meta é expandir a capacidade de produção de 150 toneladas por ano para 750 toneladas ainda em 2008

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“O mundo inteiro procura uma solução para os produtos de plástico e isopor com o objetivo de reduzir a poluição no descarte” Cláudio Bastos

e modelos – e tubetes para produção de mudas de plantas, totalmente produzidos com fécula de mandioca. O início da operação comercial contou com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que aprovou, em outubro de 2007, um financiamento de R$ 4,2 milhões para a CBPAK. Esse montante inclui um empréstimo de R$ 2,3 milhões, por meio de uma linha de inovação e produção, e a compra, por R$ 1,9 milhão, de 35% do capital da empresa paulista. Segundo Bastos, os principais mercados da CBPAK são o Brasil, os Estados Unidos e a União Européia. Nesses três locais, já há patentes registradas da tecnologia. “O mundo inteiro está procurando uma solução para os produtos de plástico e isopor com o objetivo de reduzir a poluição no descarte. Com isso, temos boas perspectivas à vista”, avalia Bastos.

Com os recursos do BNDES, a meta da CBPAK é expandir a capacidade de produção das atuais 150 toneladas por ano para 750 toneladas ainda em 2008. O público-alvo inicial são as indústrias alimentícias e de produtos florestais, mas a empresa tem como meta, em médio prazo, produzir embalagens para a indústria eletroeletrônica. “As características de nossos produtos fazem com que eles sejam adequados para diversos usos e necessidades”, afirma. Hoje, o custo do produto da CBPAK ainda é quase o dobro do isopor, mas, para ele, esse preço tende a se equilibrar. “A degradabilidade traz muitas vantagens e isso se reflete no custo– benefício”, avalia. “Além disso, estudos mostram que nosso produto nunca terá custo superior a 3,5% do preço final de uma mercadoria na gôndola do supermercado, ou seja, a embalagem vai custar, no máximo, 3,5 centavos para cada real que custe o produto”, destaca Bastos.

Faturamento: não divulgado Empregos: 15 Volume de produção: 300 mil unidades Exportação: não exporta

Contato www.cbpak.com.br (16) 3368-5935

CBPAK/Divulgação

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ocuparem muito espaço. Na mesma hora, pensei que minha contribuição poderia ser exatamente desenvolver uma embalagem que fosse, ao mesmo tempo, biodegradável e utilizasse fonte renovável de matéria-prima”, ressalta. A idéia de usar a fécula de mandioca na produção das embalagens surgiu em uma conversa com estudantes do campus de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP). Após comprar o conceito dos pesquisadores, em 2000, Bastos iniciou um longo processo de pesquisa e desenvolvimento, com o objetivo de ter o domínio pleno do produto, das ferramentas de produção em escala industrial e da matéria-prima, a fécula de mandioca, comprada pronta das fecularias. Para esse trabalho, a CBPAK, oficialmente criada em 2002, recebeu apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A parceria permitiu a Bastos contratar pesquisadores e bolsistas para trabalharem no desenvolvimento do produto. A empresa também firmou acordos de cooperação técnica com universidades. “Foram apoios importantes para que desenvolvêssemos tecnologia própria. Para ser bem sucedido no mercado, não pode haver dependência”, observa Bastos. A matéria-prima é produzida por meio de um processo de termoexpansão da massa orgânica da fécula da mandioca, utilizando água e um molde como plastificante. Os principais fatores de diferenciação dos produtos, de acordo com Bastos, são a fonte renovável de matéria-prima e o fato de serem 100% biodegradáveis e compostáveis. A decomposição ocorre em um período de 60 a 180 dias, dependendo da impermeabilização, contra mais de 100 anos do isopor. Até o momento, foram investidos cerca de R$ 2 milhões no projeto. O montante valeu a pena, uma vez que a CBPAK inicia a comercialização de seus produtos, este ano, como a única empresa do gênero no país. No começo, serão vendidas bandejas – de vários formatos

Embalagens estão em uso experimental nos supermercados Wall-Mart

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PRODUTOS INOVADORES

Projeto sempre-viva/Divulgação

Projeto sempre-viva

Flor típica do Cerrado poderá ser admirada nas casas brasileiras Biólogo desenvolve protocolo para reprodução da sempre-viva para uso ornamental. Um dos objetivos do trabalho é reduzir o extrativismo predatório da planta, usada para a produção de artesanato em cidades próximas às serras do Cipó e do Espinhaço, em Minas Gerais

A

sempre-viva, antes restrita a poucos locais do Cerrado brasileiro, como as serras do Cipó e do Espinhaço, em Minas Gerais, poderá em breve ser admirada nas casas brasileiras. Com apoio do Sebrae, o biólogo Luiz Gluck de Lima, de Barbacena (MG), desenvolveu um protocolo para reprodução da flor para uso ornamental, com foco no mercado de floricultura. Com a tecnologia, o pesquisador cria oportunidade para o uso sustentável da planta, que hoje sofre forte ação extrativista para ser utilizada como matéria-prima em peças de artesanato fabricadas na região. As pesquisas com a sempre-viva começaram em 2003 na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Com

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recursos próprios, Gluck conseguiu deinconformado que houvesse tão pousenvolver um procedimento para culticos trabalhos e investimentos na utilivo da planta em laboratório. No fim de zação comercial da flora da serra”, con2004, o pesquisador obteve apoio do ta Gluck. “A sempre-viva era perfeita Sebrae (MG) para o depara o projeto, por ser senvolvimento de um bonita, um dos símboplano de negócios para Plantel: 50 mil mudas los da nossa região e Preço para uso no artesanato: um projeto maior, com R$ 3,00 o quilo sofrer uma exploração mais espécies e focado Preço para uso na floricultura: predatória que podeno ajustes de procedi- R$ 25,00 a planta ria ser reduzida com mentos e no desenvolo cultivo em laboratóvimento do cultivo de rio”, completa. campo, em parceria com produtores de Em Diamantina, principal local flores da região de Barbacena, principal de ocorrência da sempre-viva, a flor é pólo de floricultura do estado. bastante coletada na natureza para pro“Eu sempre quis ter em casa um dução de peças artesanais. “A planta pedacinho da Serra do Cipó. Toda é muito bonita e chama atenção. Ela aquela exuberância e diversidade semganhou esse nome por parecer sempre pre chamaram minha atenção. Ficava viva, mesmo depois de colhida”, explica


Gluck. “Esse extrativismo agride o meio ambiente e põe em risco várias espécies da flor”, acrescenta. Com apoio do Sebrae, Gluck desenvolve um trabalho com extrativistas da região, conscientizando-os da vantagem do cultivo da planta. “A flor da sempre-viva para uso artesanal é vendida a R$ 3,00 o quilo. Já a muda da planta é vendida a R$ 25,00. No mesmo espaço, dá para ter um lucro muito maior”, destaca. “Desse modo, é possível gerar emprego e renda para muitas comunidades que atualmente exploram de maneira predatória a flora nativa”, afirma. O projeto já está sendo implantado em comunidades dos municípios de Diamantina, Conceição do Mato Dentro e Ouro Preto. Desde o ano passado, Gluck domina o procedimento de cultivo completo da espécie Actinocephalus bongardii (sempre-viva chuveirinho). “Hoje controlamos todo o processo, da produção de mudas em escala comercial e desenvolvimento delas em campo até a floração em vaso e no solo fora do ambiente natural”, explica. “Para iniciar a comercialização, falta apenas finalizar o processo de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)”,

das mudas. Hoje, 100% delas são produzidas em laboratório na cidade de Piracicaba (SP), com apoio da Universidade de São Paulo (USP). A aclimatação da planta, para torná-la mais rústica, é realizada em Barbacena, assim como o plantio, feito por duas famílias de agricultores. Segundo Gluck, já foi produzido um plantel de 50 mil mudas, que demoram, em média, um ano e meio para florir. Para o biólogo, o projeto é importante para a floricultura do país. “Nosso mercado nesse segmento sempre foi baseado em poucos produtos exóticos.

Além disso, é dependente do lançamento de novas variedades de plantas e flores por empresas estrangeiras”, explica Gluck. “Além de mostrar ao mercado da floricultura mundial o potencial dos produtos brasileiros, o cultivo sustentável das sempre-vivas irá contribuir para a melhoria de qualidade de vida de diversas famílias que vivem do extrativismo. Além, é claro, de preservar a planta”, afirma. Contato luizgluck@oreades.com.br (31) 3047-9761

Fotos: Projeto sempre-viva/Divulgação

O plantel do projeto é de 50 mil mudas de sempre-viva

As mudas são produzidas em laboratório na cidade paulista de Piracicaba

“A planta é muito bonita e chama atenção. Ela ganhou este nome por parecer sempre viva, mesmo depois de colhida” Luiz Gluck

completa. Inicialmente, os principais mercados serão o estado de São Paulo e outros países como Holanda, Estados Unidos e Guatemala. No início, foi necessário coletar sementes na natureza para a produção

Gluck: “sempre quis ter em casa um pedacinho da Serra do Cipó”

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L’Occitane

ÓLEOS ESSENCIAIS

Propriedades cosméticas da flora amazônica motivam L’Occitane a produzir linha no Brasil Multinacional francesa fabrica produtos orgânicos, como protetor solar e bronzeador, com buriti, castanha-do-pará e cupuaçu. Fornecimento da matéria-prima é feito por centenas de famílias do Estado do Pará, que realizam a coleta na natureza de forma ecológica e sustentável. Além do mercado nacional, produtos têm como foco Europa e Estados Unidos

A

L’Occitane, um dos principais fabricantes de cosméticos do mundo, escolheu o Brasil para lançar seus primeiros produtos feitos fora da França. A empresa descobriu que três espécies típicas da Amazônia, o buriti, o cupuaçu e a castanha-do-pará, têm excelentes propriedades cosméticas, e resolveu usá-las na fabricação de uma linha solar orgânica, com protetor, loção pós-sol e bronzeador, lançada no país em janeiro desse ano. O fornecimento da matéria-prima é feito pela empresa Beraca Ingredients, que executa o trabalho em parceria com centenas de famílias do Estado do Pará. “Ainda não havíamos criado uma linha solar, que era um objetivo da empresa. No Brasil, o sol aparece a maior parte do ano, está ligado ao estilo de vida das pessoas, o que seria interessante para o produto”, destaca Virginia Nicolaides, gerente de marketing da L’Occitane do Brasil. “Além disso, a biodiversidade do país é enorme. As propriedades cosméticas que encontramos nas espécies da Amazônia são excelentes”, ressalta. O buriti, por exemplo, é a mais rica fonte de betacaroteno no mundo, com uma quantidade três vezes maior que a cenoura. Uma das principais características dos cosméticos da L’Occitane no Brasil é o processo produtivo, todo feito

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de maneira orgânica e com responsabilidade socioambiental. O buriti é colhido por famílias do município de Igarapé-miri. Há uma atenção especial em preservar os buritizais, evitando o extrativismo predatório e garantindo matéria-prima para o futuro. Cuidados semelhantes também são tomados no extrativismo do cupuaçu e da castanha-do-pará, realizados, respectivamente, em Tomé-açu e na Ilha de Marajó. “Temos funcionários que acompanham a coleta de todos os produtos. Fazemos um trabalho para que todos saibam quando e onde pegar e como replantar”, informa Maria Inês Broise, diretora-técnica da Beraca. “Também investimos forte em capacitação profissional. Quanto mais preparados forem nossos fornecedores, melhor será o material que iremos receber”, destaca. Nas fábricas da Beraca, localizadas em Belém e em Santa Bárbara d’Oeste, em São Paulo, a farinha do buriti, a manteiga do cupuaçu e a castanhado-pará são transformadas em óleos essenciais, matéria-prima utilizada na fabricação dos cosméticos. O processo é feito sem uso de químicos. “Todos os produtos que fornecemos para a L’Occitane são orgânicos e certificados pela Ecocert”, aponta Maria Inês. A Beraca fornece cerca de 50 produtos para empresas do Brasil, como a

Natura, e de 47 países. O mercado externo, segundo Maria Inês, é responsável por 70% das vendas. São beneficia-

“Temos funcionários que acompanham toda a coleta. Fazemos um trabalho para que todos saibam quando e onde pegar e como replantar” Maria Inês Broise

dos, por ano, cerca de 4 mil toneladas de matéria-prima bruta, fornecida por 4.500 famílias, reunidas em cerca de 500 cooperativas localizadas nos Estados do Pará (80%), Acre, Amazonas e Maranhão. O cuidado tomado durante toda a cadeia produtiva é um importante diferencial de mercado para a empresa francesa. “Como utilizamos apenas ingredientes orgânicos, nossos cosméticos não têm filtros químicos e 100% minerais. Isso garante um produto diferenciado”, afirma Virginia. Segundo a representante da L’Occitane no Brasil, a linha solar fabricada no país é um sucesso


Fotos: Beracca Ingredients/Divulgação

A andiroba (alto) e o buriti (acima) são transformados em óleos essenciais pela Beraca

“O principal objetivo desse projeto é garantir uma renda fixa para as mulheres da comunidade”, informa Ana Asti, consultora da Fundação L’Occitane. “O extrativismo da andiroba só ocorre em seis meses do ano. Fora dessa época, não há trabalho e, conseqüentemente,

Faturamento: não divulgado Empregos: 100 na coleta Volume de produção: não divulgado Exportação: não divulgado

renda. Com a fábrica de velas, elas poderão obter uma remuneração constante e garantir mais qualidade de vida para suas famílias”, completa. Contato www.beraca.com.br www.loccitane.com.br (11) 5509-3722

Sérgio Alberto

de vendas e, a partir de maio, começará a ser comercializada também na Europa e nos Estados Unidos. Outro projeto realizado pela multinacional francesa com comunidades da região amazônica estimula a produção de velas artesanais. O produto é feito por uma cooperativa formada por 20 mulheres da Ilha de Marajó e tem como matéria-prima o óleo de andiroba, usado como repelente de insetos na região há várias gerações. Uma fábrica está sendo montada no local, em terreno doado pela Fundação L’Occitane.

Ana Asti (esquerda), Virgínia Nicolaides (centro) e Maria Inês Broise (direita): parceria gera renda para agricultores da Amazônia

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Apresentação

No Brasil, crescimento do setor é o dobro do que ocorre na Europa. São cultivadas 300 toneladas de alimentos orgânicos anualmente no país, 90% do total por agricultores familiares, que têm hoje mais qualidade de vida Agência Sebrae de Notícias

PRODUTOS ORGÂNICOS

Produção orgânica é boa alternativa para geração de emprego e renda no campo

A qualidade e as características do produto garantem uma rentabilidade 30% maior que a do alimento tradicional

A

agricultura orgânica vem se mostrando uma boa alternativa para geração de emprego e renda no campo. Milhares de famílias que antes passavam dificuldades têm hoje mais qualidade de vida trabalhando em um setor que cresce, no Brasil, cerca de 30% ao ano – o dobro do que ocorre na Europa – e movimenta

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no mesmo período R$ 120 milhões. São produzidas anualmente 300 mil toneladas de orgânicos no país, 90% do total por agricultores familiares. “A agricultura orgânica, além de produzir alimentos seguros e saudáveis, é muito importante do ponto de vista socioambiental”, afirma Maria Maurício, coordenadora nacional dos projetos de

agricultura orgânica do Sebrae. “O cultivo orgânico leva em conta a preservação ambiental e o uso de práticas de manejo em vez de elementos estranhos ao meio rural, como os agrotóxicos e outros defensivos químicos. E possibilita melhoria da condição de vida no campo, fazendo com que as famílias tenham mais renda e se alimentem melhor”, destaca.


Maria Maurício

As boas possibilidades criadas pelo mercado de alimentos orgânicos incentivaram o Sebrae a criar, em 2005, uma carteira exclusiva para o tema. Até o momento, mais de 30 projetos de produção orgânica foram apoiados pela instituição em 17 estados e no Distrito Federal. Os principais produtos foram hortaliças, frutas, café, flores, cachaça e mel. “É uma área considerada muito importante pelo Sebrae. O mercado está aquecido tanto para consumo interno como para exportação. A qualidade e as características do produto garantem uma rentabilidade 30% maior que a do alimento tradicional”, observa Maria. Hoje, o Sebrae trabalha com 2,7 mil famílias de agricultores orgânicos e apóia outras 4,5 mil famílias que utilizam a tecnologia social Produção Agroecológica Integrada e Sustentável

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“A agricultura orgânica, além de produzir alimentos seguros e saudáveis, é muito importante do ponto de vista socioambiental”

(Pais), implantada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Banco do Brasil (FBB) e o Ministério da Integração Nacional. O apoio é feito de forma coletiva, por meio de associações, cooperativas, redes, consórcios e outras formas associativas. “O objetivo é ajudar no aprimoramento do trabalho, na busca por novos produtos, ou seja, que o produtor esteja sempre inovando”, destaca. O cultivo orgânico leva em conta a preservação ambiental O Sebrae atua por e o uso de práticas de manejo em vez de elementos meio de cursos de capa- estranhos ao meio rural, como agrotóxicos citação e consultorias, que englobam diferentes áreas, como tecnologia, padronização de Para aumentar ainda mais o merembalagens, produção e manejo, acesso cado para os pequenos produtores ora mercado, associativismo, elaboração gânicos, o Sebrae iniciou um trabalho de projetos, gestão financeira e acesso com o objetivo de agregar valor. A idéia ao crédito, entre outros. A instituição é apoiar projetos de processamento de também incentiva a participação dos produtos. Em parceria com a Embrapa, produtores em feiras e organiza missões estão sendo realizadas diversas capatécnicas necessárias ao desenvolvimencitações. “O produto orgânico procesto dos negócios. sado tem ainda mais rentabilidade e é Cerca de 70% da produção brasiimportante incentivar essa atividade”, leira de orgânicos é exportada, e os afirma. compradores estrangeiros aumentam seguidamente as exigências. Hoje, a certificação de produtor orgânico concedida por empresas legalmente creAgricultura orgânica denciadas é essencial para quem quer e a saúde do meio ter sucesso no mercado internacional. ambiente Já existem no país cerca de 15 mil propriedades certificadas e em processo Agricultura orgânica é um de transição, 70% delas pertencentes sistema de produção que tem a agricultores familiares. por objetivo preservar a saúde Além da capacitação para que os do meio ambiente, a biodiversiprodutores possam se adequar às exidade, os ciclos e as atividades gências do processo de certificação, o biológicas do solo por meio do Sebrae também auxilia com o Bônus uso de práticas de manejo em Certificação, que cobre 50% dos custos vez de elementos estranhos ao com a empresa certificadora durante o meio rural. A produção exclui o processo inicial e nos três primeiros uso de fertilizantes sintéticos anos. “As empresas que conseguem o de alta solubilidade, agrotóxicertificado passam a ter um diferencial cos, reguladores de crescimento enorme de mercado, pois ganham um e aditivos sintéticos para a alibem muito importante, que é a conmentação animal. fiança do consumidor”, destaca Maria.


Fazenda Malunga

Trabalho da propriedade é focado na agroecologia e tem por princípios o comprometimento com a qualidade e a segurança dos alimentos e o respeito ao meio ambiente. Em 129 hectares de área, são produzidas mensalmente 20 toneladas de hortaliças, laticínios, aves e ovos caipiras, entre outros produtos

A

Fazenda Malunga é referência na produção e comercialização de alimentos orgânicos no Distrito Federal. Em 129 hectares de área, localizada a 70 quilômetros de Brasília, são produzidas mensalmente 20 toneladas de hortaliças, laticínios, aves e ovos caipiras, entregues em domicílio ou vendidos em feiras, lojas de produtos naturais e supermercados da cidade. O trabalho desenvolvido na propriedade é focado na agroecologia e tem por princípios o comprometimento com a qualidade e

segurança dos alimentos e o respeito ao meio ambiente. O criador e proprietário da Fazenda Malunga é Joe Valle, secretário de Ciência e Tecnologia para a Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia e ex-presidente do Sindicato de Produtores Orgânicos do Distrito Federal. O empresário começou no agronegócio como produtor convencional, mas os maus resultados nas vendas e um problema de saúde em razão do uso de insumos químicos o motivaram a apostar, no início da década de 1980, no que naquele tempo era chamado de agricultura alternativa. “Não estava satisfeito com a agricultura convencional, principalmente em relação aos problemas ambientais e de saúde causados pelo uso de agrotóxicos. Hoje, por exemplo, são 75 mil casos de intoxicação registrados por ano no Brasil e isso porque apenas uma em cada cinco pessoas procura ajuda médica. E isso sem contar a poluição”, destaca Valle. “Queria trabalhar de outra maneira, em sintonia com a natureza, produzindo alimentos saudáveis e preservando o meio ambiente”, conta. O início do trabalho, lembra Valle, foi bastante difícil. Segundo ele, havia preconceito em relação Joe Valle começou como produtor convencional, mas mudou para o cultivo orgânico no início dos anos 1980 à agricultura orgânica.

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ALIMENTOS ORGÂNICOS

Fazenda Malunga é referência no cultivo de orgânicos no DF

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“Existia uma idéia de que todo produtor orgânico era pequeno e ineficiente. Então, no começo, com forte apoio do Sebrae, investimos muito em profissionalização para garantir qualidade e mostrar os benefícios dos produtos orgânicos”, afirma. “Hoje, já está claro que o plantio sem agrotóxicos pode ser feito tanto por grandes propriedades como por produtores familiares”, aponta.

“O plantio sem agrotóxicos pode ser feito tanto por grandes propriedades como por produtores familiares” Joe Valle

Um dos grandes segredos do sucesso da Malunga é a produção própria de insumos naturais. São usados na fazenda adubos verdes e compostos orgânicos produzidos com esterco de galinha e palha. Também é produzido um fertilizante de origem japonesa chamado bokashi, que apresenta excelentes resultados na agricultura orgânica em vários países. “Os insumos são essenciais para o sucesso do nosso trabalho. Investimos fortemente em pesquisa e tecnologia para termos compostos adequados a cada uma das culturas. Nada é feito de forma empírica”, destaca Valle.


Fazenda Malunga/Divulgação

A produção própria de insumos naturais, como adubos verdes e compostos orgânicos, é um dos segredos do sucesso da Malunga

Na fazenda, também há um controle alternativo de pragas e doenças. “Desenvolvemos fertilizantes orgânicos que têm dado excelentes resultados em nossas plantações, mas é claro que, às vezes, o processo não é perfeito”, reconhece Valle. “Quando temos algum problema, fazemos um controle biológico. Usamos, por exemplo, fungos e joaninhas para combater pulgões”, conta o empresário. Todo esse cuidado com a produção possibilitou que a Fazenda Malunga fosse certificada e pudesse usar, em seus produtos, selos de qualidade orgânica de duas importantes instituições, a Associação de Agricultura Ecológica (AGE) e a Associação de Agricultura Orgânica (AAO). “Essas entidades visitam freqüentemente a propriedade para fiscalizar se todas as etapas da produção estão sendo feitas da maneira correta”, informa Valle. A Malunga é gerenciada, tanto na área técnica como administrativa, por conselhos gestores, formados por colaboradores com mais de dez anos de casa. Esses funcionários têm direito a

participação nos lucros, correspondente a 30% do resultado líquido total. A empresa conta com 145 empregados no total, sendo 110 na fazenda, e recebe anualmente cerca de 1,2 mil visitantes interessados em ver de perto o funcionamento da propriedade. De acordo com Valle, 10% do tempo de cada funcionário é utilizado em qualificação profissional. “São pelo menos três dias por mês. Trabalhamos diversos itens, como produção de insumos, técnicas de plantio, padronização de maços, higienização das hortaliças, processos de embalagem e muitos outros”, informa. “A busca pela qualidade e excelência dos serviços e produtos é um objetivo constante da empresa”, acrescenta. Grande parte da qualificação na Fazenda Malunga é realizada em parceria com o Sebrae, por meio do Programa de Qualidade Total Rural (QT Rural). A empresa também desenvolve um trabalho de educação ambiental com crianças da Colônia Agrícola Lamarão, onde está localizada a fazenda. “Mostramos principalmente a importância de preservar o meio ambiente, de se

alimentar com produtos saudáveis e seguros e dos cuidados básicos de higiene na manipulação de alimentos”, ressalta Valle. “Para nós, é muito importante trabalhar desde já a consciência dessas crianças, principalmente porque muitas delas serão nossas funcionárias no futuro”, observa. Nos próximos meses, a Fazenda Malunga tem planos de implantar um novo projeto e de lançar no mercado outros dois produtos orgânicos. Segundo Valle, a empresa está desenvolvendo um sistema de franquia para quiosques de saladas prontas nos shoppings. “Além disso, venderemos em breve pão de queijo e sorvetes produzidos de forma orgânica”, adianta o empresário.

Faturamento: R$ 3,5 milhões/ano Empregos: 145 Volume de produção: 20 toneladas por mês Exportação: não exporta

Contato www.malunga.com.br (61) 3093-1030

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ALIMENTOS ORGÂNICOS

Pais

Tecnologia social inovadora traz melhoria de vida para agricultores de baixa renda Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais) tem como objetivo transformar a agricultura familiar em um negócio sustentável por meio da produção orgânica de hortaliças, frutas e galinhas. Criada há apenas um ano e meio, tecnologia foi implantada em 1.200 propriedades em 36 municípios de 12 estados brasileiros

U

ma tecnologia social criada pelo agrônomo senegalês Ali N’Diaye está trazendo melhoria de vida para mais de 1.200 famílias do Brasil. Criada há apenas um ano e meio, a Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais), traz a essas pessoas aumento de renda e melhores condições alimentares, por meio da produção orgânica de hortaliças, frutas e galinhas. O sistema é simples e barato e tem como objetivo principal transformar

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a agricultura familiar em um negócio sustentável. Um convênio assinado por Sebrae, Fundação Banco do Brasil (FBB) e Ministério da Integração Nacional possibilitou a implantação da Pais em 36 municípios de 12 estados (Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe). O alvo são famílias de agricultores prioritariamente de baixa renda. A área média de cada

propriedade é de cinco mil metros quadrados. Radicado no Brasil, N’Diaye teve a idéia da Pais ao morar, após se formar em agronomia, em uma comunidade de 30 famílias próxima a Petrópolis, no Rio de Janeiro. “Lá era feito um trabalho de agricultura orgânica, mas de forma desorganizada, sem aproveitar tudo o que a propriedade podia oferecer. Isso se refletia em pouca competitividade do ponto de vista econômico”, conta o agrônomo. “Para


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Na Pais, as hortas são feitas em anéis e o sistema de irrigação é construído com mangueiras, que despejam a água por gotejamento. No centro, fica o galinheiro

mudar a situação, fizemos vários projetos e deles surgiu a tecnologia”, completa. A Pais, que faz parte da Rede de Tecnologia Social (RTS), traz vários benefícios aos agricultores que a implantam. Ao produzir orgânicos, o produtor se insere em um mercado que cresce 20% ao ano no país. Os alimentos, cultivados sem agrotóxicos, são mais saudáveis e garantem melhoria na alimentação da família. “O excedente da produção possibilita um aumento na renda e, conseqüentemente, na qualidade de vida. Além disso, a produção sustentável fixa o pequeno produtor no campo e ajuda a reduzir o êxodo rural”, destaca N’Diaye. Nas propriedades que adotam a Pais, as hortas são feitas em sistema de anéis, cada um deles destinado a um tipo de cultura, que complementa a que vem na sequência. A estrutura circular facilita o deslocamento entre os canteiros. As sementes utilizadas no plantio são produzidas pelos próprios agricultores. A policultura é empregada para garantir alimentação variada para as famílias e para aumentar a competitividade no mercado de alimentos orgânicos. “Se um produto está em baixa, compensase com outro, o que não é possível na monocultura”, observa N’Diaye. No centro do círculo formado pelas hortas fica o galinheiro. O esterco produzido pelas aves é utilizado para adubar as plantas. Além disso, a carne e os ovos contribuem na alimentação da família. “Escolhemos galinhas pela qualidade do dejeto como fertilizante e pelo custo–benefício. A reciclagem de nutrientes possibilitados pela interação animal e vegetal garante uma considerável redução de custos no processo de produção”, destaca o agrônomo. Um dos segredos para a racionalização dos recursos é o processo de

N’Diaye teve a idéia da Pais ao morar em uma comunidade rural de 30 famílias

“O excedente da produção possibilita aumento na renda e na qualidade de vida. Além disso, a produção sustentável fixa o pequeno produtor no campo e ajuda a reduzir o êxodo rural” Ali N’Diaye

irrigação, que evita o desperdício de água. O sistema é construído com mangueiras, que despejam água por gotejamento apenas em cima das plantas. “Hoje, 70% da água doce do mundo é usada na irrigação, e grande parte disso é perdido devido ao uso de sistemas inadequados”, informa N’Diaye. “Implantamos a Pais em diversas propriedades do semi-árido nordestino, onde há muita seca. Isso só é possível porque o produtor gasta apenas o que é necessário”, afirma. Segundo N’Diaye, o sistema de gotejamento, além da economia de água, traz ainda outra vantagem para o produtor orgânico. “A irrigação por

aspersão costuma furar folhas, o que atrai fungos e bactérias. Além disso, lava a terra, levando embora nutrientes importantes”, observa. “O sistema de gotejamento utilizado na Pais, além de barato, não traz esses problemas”, completa. As propriedades também contam com um quintal ecológico, onde é preservada a flora nativa e são plantadas árvores frutíferas e espécies que não precisam de irrigação constante, como abóbora. “O objetivo é preservar o meio ambiente e gerar ainda mais alternativas de alimentação saudável para os agricultores”, destaca. Os alimentos produzidos pelos agricultores que utilizam a Pais são vendidos principalmente para quitandas, supermercados e restaurantes. Os produtores também comercializam diretamente em feiras de orgânicos. Outro mercado importante são as prefeituras e governos estaduais, que compram os alimentos para usarem na merenda escolar.

Famílias: 1.200 Municípios: 36 Estados: 12 Produtos: hortaliças, frutas e galinhas

Contato valedaspalmeiras@terra.com.br (21) 3641-8963

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Cooperagrepa

Cooperagrepa organiza trabalho de 300 famílias da região do Portal da Amazônia. São 1.200 pessoas que produzem e vendem, anualmente, mais de 400 toneladas de produtos certificados, como guaraná, café e açúcar mascavo. Renda média cresceu 50% desde 2003

A

Cooperativa de Agricultura Ecológica do Portal da Amazônia (Cooperagrepa) é um exemplo de sucesso no uso do associativismo para a produção e comércio, com competitividade, de produtos orgânicos. A instituição organiza o trabalho de 300 famílias em uma área de 60.500 quilômetros quadrados, que incluem dez municípios do norte do Mato Grosso. São cerca de 1.200 pessoas, que produzem e vendem, anualmente, mais de 400 toneladas de produtos orgânicos certificados, que levam a marca Bioagrepa. A Cooperagrepa foi criada em 2003 pelo Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável do Território Portal da Amazônia, que contou com apoio do Sebrae. “Havia, na região, um êxodo muito grande de jovens no meio rural. Era preciso gerar ocupação e renda no campo, que em geral é muito pobre”, conta o presidente da cooperativa, Domingos Jarí Vargas. “Em cinco anos, conseguimos realizar um importante trabalho e trazer diversos benefícios para a região”, destaca. De acordo com Vargas, a produção de forma cooperativa melhorou sensivelmente a qualidade de vida dos produtores do Portal da Amazônia. “Eles estão comendo melhor, já que produzem, de forma orgânica, boa parte de seus próprios alimentos. Além disso, a renda média das famílias cresceu cerca de 50% desde a criação da Cooperagrepa”, destaca. “Isso se dá a um aumento

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PRODUTOS ORGÂNICOS

Cooperativismo garante competitividade para produtos orgânicos no norte do Mato Grosso

Para Vargas, cinco produtos da cooperativa são certificados pela Ecocert Brasil

na competitividade, possibilitado pelo trabalho coletivo e pela certificação de produtos”, afirma. A certificação dos produtos da Cooperagrepa foi feita pela Ecocert Brasil, representante da francesa Ecocert, presente em 50 países e uma das maiores empresas do segmento no mundo. Até o momento, foram certificados cinco produtos: guaraná, café, castanhado-pará, açúcar mascavo e melado de cana. Mais três – rapadura, óleo de castanha e hortaliças – estão em fase de avaliação. “Também pretendemos certificar outros, como queijo mussarela, farinha de mandioca, polvilho e frutas”, adianta Vargas. Para terem direito à certificação, as propriedades rurais passaram por

“Havia, na região, um êxodo muito grande de jovens no meio rural. Era preciso gerar ocupação e renda no campo, que em geral é muito pobre” Domingos Jari Vargas

um extenso processo de preparação. “Fizemos um acompanhamento rigoroso dos interessados, que incluiu


Sebrae MT

A castanha-do-pará e o guaraná estão entre as principais matérias-primas usadas nos produtos da Cooperagrepa

mapeamento das propriedades, formação de mão-de-obra, treinamento em cultivo orgânico, preparação de insumos, conscientização ambiental e assistência técnica, entre outros”, conta Vargas. “Ajudamos todos os participantes a adequarem seus processos e aumentarem a eficiência e competitividade”, completa. Os produtos da cooperativa (100% orgânicos, certificados ou não), que já tiveram presentes em diversas feiras regionais, nacionais e internacionais, têm quatro destinos principais. Metade do total é comprada pelo Governo Federal, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), e repassado a escolas públicas, hospitais e instituições de caridade. “Fornecemos 47 produtos para seis municípios do Portal da Amazônia”, informa Vargas. “Esse é

um mercado que só foi possível atingir graças ao trabalho coletivo. Nenhum produtor da região teria condições de atendê-lo sozinho”, ressalta. A outra metade dos produtos é comercializada de três maneiras. Uma parte é destinada ao próprio Portal da Amazônia e vendida nos chamados Espaços Bioagrepa. “O primeiro já está funcionando em Matupá e até o fim do ano estaremos em todas as cidades da região”, afirma Vargas. Outro mercado é o restante do Mato Grosso, onde há 1,2 mil postos de venda, e a cidade de Belo Horizonte. “Também estamos negociando para atender as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Brasília e Vitória”, acrescenta. O quarto é último foco da Cooperagrepa é o mercado externo. Hoje, a cooperativa vende melado, castanha-

do-pará e açúcar mascavo para empresas da Áustria. Também já há contratos fechados com compradores italianos, que encomendaram dois contêineres de 48 toneladas de açúcar. Em 2009, outros produtos também deverão ser exportados, como guaraná e polpa de fruta. “Estamos fazendo, com apoio do Sebrae, um plano de negócios até 2011, que envolve a exportação de oito produtos”, conta Vargas.

Famílias envolvidas: 300 Volume de produção: 400 toneladas por ano Exportação: Áustria e Itália

Contato www.bioagrepa.com (66) 3534-1049

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Namastê

Namastê Orgânicos, localizada em Sergipe, utiliza produto totalmente novo na região para desenvolver projeto de agronegócio com foco socioambiental. Cultivo é feito por famílias de agricultores, que obtêm retorno melhor que com outras culturas tradicionais da região

A

cidade sergipana de Santana de São Francisco é sede de um projeto pioneiro de agricultura orgânica do Nordeste brasileiro. Em uma área irrigada de 47 hectares, localizada às margens do rio São Francisco, a Namastê Orgânicos cultiva ervas medicinais e produz uma linha de chás orgânicos com 22 sabores. O empreendimento é uma bem-sucedida aposta da empresária Débora Lima, que escolheu um produto totalmente inovador na região para desenvolver um projeto de agronegócio com foco socioambiental.

A idéia do projeto surgiu em 1999. medicinais, decidi que esse seria o caNessa época, Débora era proprietária minho”, conta a empresária. de uma empresa de informática, mas De 2000 a 2003, a empresa funtinha como objetivo iniciar um negócio cionou apenas de forma experimental, em que pudesse aliar sem foco comercial. preservação ambiental Produtos: seis variedades em “Fizemos uma parceria sachê e 20 em folhas secas e geração de ocupação com a Universidade Fee renda para comuni- Volume de produção: cerca de deral de Sergipe (UFS) uma tonelada por mês dades carentes de Ser- Exportação: não exporta para estudar e desengipe. “Decidi começar volver produtos e imum projeto de produção plantar o projeto. Foi orgânica com foco na agricultura famium início difícil. Como éramos pioneiliar. Inicialmente, pensei em cultivar ros no cultivo de orgânicos na região, flores, mas após participar, no início nem os agrônomos da UFS tinham exde 2000, de um congresso sobre ervas periência no assunto”, lembra. Nesse período, a Namastê testou cerca de 50 variedades de plantas e escolheu a erva cidreira para o início da operação comercial no fim de 2003. “Percebemos que, para conseguir bons resultados, seria necessário, no início, dar volume a apenas um produto. Escolhemos a cidreira por se adaptar melhor ao clima local e ter maior produtividade”, conta Débora. Hoje, além da erva cidreira, a Namastê cultiva em Sergipe outras quatro variedades – hortelã, carqueja, erva doce e alfazema, que somam, juntas, cerca de uma tonelada por mês. A produção é feita por agricultores da região. A linha de chás da Namastê foi criada em 2007. São seis variedades em sachê e 20 em folhas secas

Namastê/Divulgação

PRODUTOS ORGÂNICOS

Produção de chás e ervas medicinais inova agricultura orgânica no Nordeste brasileiro

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Sérgio Alberto

“Percebemos que para conseguir bons resultados, seria necessário, no início, dar volume a apenas um produto”

Fotos: Namastê/Divulgação

Débora Lima

Segundo Débora, entre os focos do projeto estão estimular a agricultura familiar e garantir mais renda e qualidade de vida para os produtores

tomilho e manjerona, entre outras”, informa. Em 2007, após vender por muitos anos as ervas medicinais diretamente para a indústria, a empresa lançou sua linha própria de chás, com marca Namastê. São seis variedades em sachê e 20 em folhas secas. Os produtos são vendidos em Sergipe e em outras cinco cidades do país – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória e Porto Alegre. Os chás também podem ser adquiridos via internet, na loja virtual da empresa (www.namaste.ind.br), com entrega em todo o país. Este ano, a Namastê começou também a trabalhar com a venda de pólen de abelhas. Para os próximos dois anos, as metas são ampliar as variedades de sachês e iniciar a produção e comercialização de óleos essenciais e tinturas orgânicas produzidos com as ervas medicinais. Para Débora, os chás orgânicos têm diversas vantagens em relação ao produto convencional. “Há um forte apelo ecológico, já que a produção é feita com resOs chás e ervas têm certificação orgânica, o que atesta a veracidade do produto peito ao meio ambiente,

Fotos: Namastê/Divulgação

“Um dos pontos principais do projeto é o estímulo à agricultura familiar. Em nosso estado, o homem do campo está acostumado a plantar milho, feijão e mandioca, e a renda advinda desses produtos é muito baixa. Hoje, as famílias que trabalham conosco conseguem um retorno melhor e garantem mais qualidade de vida”, destaca Débora. A Namastê também estimula a agricultura familiar no Estado do Paraná, onde compra ervas medicinais orgânicas de 20 famílias. “Adquirimos cerca de 20 variedades, todas certificadas. Optamos por produtos que não cultivamos em nossa propriedade, como calêndola, pata de vaca,

Cultivo das ervas é realizado às margens do rio São Francisco

protegendo solos, árvores e florestas e mantendo os ciclos das águas limpas e o ar puro”, destaca. “Também há benefícios para a saúde, já que não são utilizados nenhum químico no cultivo das ervas. E, além disso, os produtos são mais saborosos, pois mantém a energia primária que é retirada com o uso de agrotóxicos”, acrescenta. Segundo a empresária, todos os produtos da Namastê são certificados, o que atesta a veracidade dos produtos e as condições ideais de produção. Contato www.namaste.com.br (79) 3255-0960

Sebrae Agronegócios

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Apresentação

Mais emprego e renda, redução de custos e trabalho ambientalmente responsável são algumas das vantagens para os envolvidos com a atividade. Estratégia é importante, sobretudo, em áreas isoladas, nas quais o fornecimento de energia convencional é precário ou inexistente

Agência Sebrae de Notícias

AGROENERGIA

Produção de biocombustível apóia desenvolvimento sustentável em pequenas propriedades rurais

A

produção de biocombustíveis vem se mostrando uma eficiente ferramenta de apoio ao desenvolvimento sustentável de pequenas propriedades rurais do país. Mais emprego e renda, redução de custos e trabalho ambientalmente responsável são apenas algumas das vantagens para os envolvidos com a atividade. O Sebrae incentiva diversos projetos na área, ligados ao cultivo de matéria-prima para produção de combustível e à produção de biocombustíveis diversos com resíduos animais e vegetais, como esterco, gordura, bagaços vegetais e óleos usados. O primeiro projeto de agronegócio apoiado pelo Sebrae foi na região de São Raimundo Nonato, no Piauí. A instituição atuou na capacitação de produtores de mamona com foco na indústria de combustível. Hoje, cerca de 4 mil famílias de agricultores fornecem matéria-prima regularmente para a Petrobras e outras distribuidoras. “É uma garantia de emprego e renda para o pequeno, que passa a plantar sabendo que a produção já está vendida”, destaca a coordenadora da carteira nacional de agroenergia do Sebrae, Wang Hsiu Ching. O sucesso da experiência no Piauí motivou o Sebrae a criar, em 2007, a carteira de agroenergia, que possibilitou a entrada de outros projetos. No momento, a instituição atende a cerca

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Sebrae Agronegócios

O girassol é uma das matérias-primas utilizas na produção do biodiesel

de 8 mil produtores – 90% deles envolvidos apenas com o cultivo de matéria-prima para a indústria de combustível, com destaque para mamona e pinhão manso e, em menor escala, girassol, soja e outras oleaginosas.

O trabalho do Sebrae é realizado em parceria com cooperativas e associações de agricultores. “Identificamos grupos de produtores com interesse e potencial de produzir a matéria-prima para o biodiesel e fizemos diversas


“É uma garantia de emprego e renda para o pequeno, que passa a plantar sabendo que a produção já está vendida” Wang Hsiu Ching

“O mercado está em franca expansão, portanto é importante dar condições para que mais famílias de agricultores possam se inserir na atividade”

de biocombustíveis para consumo próprio ou em determinadas situações e localidades, a partir de resíduos de processos produtivos”, ressalta. Algumas propriedades também produzem biofertilizantes, usados nas plantações, e biogás, que tem a mesma utilidade do gás de cozinha. A matéria-prima são materiais orgânicos animais e vegetais, que passam por um biodigestor. Na fabricação do biodiesel, produz-se glicerina, que pode ser utilizada para fazer sabão. Ou seja, o produtor economiza até na limpeza da propriedade. Outro ramo da agroenergia apoiado pelo Sebrae são as chamadas florestas energéticas, criadas com o objetivo de produzir energia. São três projetos em Minas Gerais, nas quais pequenas empresas, que cultivam de forma integrada florestas de eucalipto para indústrias de celulose, utilizam a madeira descartada na produção de carvão vegetal e para queima. Agência Sebrae de Notícias

CONSUMO PRÓPRIO Além do cultivo de oleaginosas para a fabricação de biodiesel, o Sebrae apóia a produção de energia para consumo próprio das pequenas propriedades rurais. “Isso é importante, sobretudo, em áreas isoladas, nas quais o fornecimento de energia convencional é precário ou inexistente, o que ocorre principalmente no Norte e Nordeste”,

Sérgio Alberto

capacitações. Também auxiliamos no diagnóstico e na estratégia de mercado”, conta Wang. “Além disso, trabalhamos em parceria com instituições de pesquisa para a identificação e seleção de variedades com maior quantidade de óleo, mais adaptadas a determinadas localidades e mais vantajosas para a produção de combustível”, informa. Para Wang, o mercado deve continuar aquecido para os produtores de oleaginosas para a indústria de combustível. Hoje, o diesel de petróleo vendido nos postos deve ter na mistura 2% de biodiesel. A partir de julho, a mistura obrigatória passará de 2% para 3%, segundo a Resolução n° 2, de 13/03/2008, do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Também está previsto que o percentual de biodiesel adicionado deverá chegar a 5% em 2013, salvo novas antecipações. “O mercado está em franca expansão, portanto é importante dar condições para que mais famílias de agricultores possam se inserir na atividade”, observa Wang. “Com isso, será possível fomentar a sustentabilidade das pequenas propriedades do país”, completa.

Wang Hsiu Ching

afirma Wang. “O agronegócio depende de energia para ser competitivo e nesses locais sem atendimento adequado é importante que o produtor possa ter alternativas”, acrescenta. A produção própria de energia traz diversas vantagens para o pequeno produtor. Ele elimina resíduos animais e vegetais, que em muitos casos prejudicam o meio ambiente, e gera combustível que pode ser utilizado em geradores para a produção de energia elétrica e para abastecimento de veículos, como carros, tratores e camionetes. Desse modo, é possível reduzir custos e otimizar a produção. ”Os biocombustíveis têm uma importância estratégica para o desenvolvimento sustentável do país e a redução das disparidades regionais”, destaca Wang. “É importante que haja políticas incentivadoras da produção

O primeiro projeto de agronegócio apoiado pelo Sebrae foi a capacitação de produtores de mamona no Piauí

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Cooperativa Pindorama

Com investimentos de R$ 2 milhões, Pindorama criou um sistema que utiliza o bagaço da cana descartado na usina para a produção de 5 MW, suficientes para a manutenção de todo o processo industrial e de parte da irrigação

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Cooperativa Pindorama, localizada no município de Coruripe, em Alagoas, é a maior cooperativa agroindustrial da Região Nordeste. Com cerca de 2 mil associados, cultiva, em uma área própria de 32 mil hectares, cana-deaçúcar e frutas – matérias-primas para o funcionamento de uma usina de álcool combustível e açúcar e de uma indústria de sucos e derivados de coco. Todos os cooperados, além de fornecerem os insumos, são sócios do negócio e participam na divisão dos lucros. Fundada em 1953, a Pindorama iniciou, há quatro anos, um empreendimento inovador para geração própria de energia. Com investimentos de R$ 2 milhões, criou um sistema que utiliza o bagaço da cana descartado na usina de álcool e açúcar para a produção de 5 MW, suficientes para a manutenção de todo o processo industrial e de parte da irrigação. “Hoje, somos praticamente auto-suficientes em energia, que é a mola propulsora da indústria”, destaca o presidente da Pindorama, Klécio José dos Santos. A produção própria de energia, conta Santos, traz diversos benefícios à cooperativa. “Antigamente, gastávamos cerca de R$ 200 mil por mês com energia. Atualmente, esse custo caiu para, no máximo, R$ 20 mil”, afirma. Outra vantagem é o reaproveitamento do bagaço da cana, que anteriormente se acumulava, ocupava espaço e poluía

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Sebrae Agronegócios

o ambiente. Hoje, 70% do bagaço são usados para gerar energia e o restante, para produção de papel, de peças de artesanato e de adubo orgânico, que está sendo usado nas plantações em substituição aos agroquímicos. A meta da Pindorama é, até o fim de 2010, dobrar a produção atual, chegando a 10 MW. A energia extra será usada na irrigação e também vendida no mercado. “No futuro, será mais uma fonte de receita para a cooperativa”, conta Santos. Segundo ele, a cooperativa estuda projetos para construir usinas de produção de energia em outros estados do Nordeste. “É uma iniciativa

muito importante que gostaríamos de estender a outros locais. Para nós, os resultados têm sido excelentes e recomendamos que outras cooperativas realizem projetos semelhantes”, completa. Em 2007, a Pindorama beneficiou cerca de 700 mil toneladas de cana-deaçúcar, utilizadas na produção de 38,5 milhões de litros de álcool combustível e 700 mil sacos de 50 quilos de açúcar, nas variedades cristal e VHP. A cooperativa também produziu 400 mil caixas de suco (acerola, maracujá, abacaxi, caju, uva, manga e goiaba), com 24 unidades de 500 mililitros cada, e 150 Sérgio Alberto

AGROENERGIA

Cooperativa produz energia própria com resíduo da produção de açúcar e álcool combustível

Santos: “Hoje, somos praticamente auto-suficientes em energia, que é a mola propulsora da indústria”


Fotos: Cooperativa Pindorama/Divulgação

sem pertencer a grandes grupos. Aqui, a preocupação é com o coletivo e todos somos donos do próprio negócio”, destaca Santos. “Nosso trabalho tem como objetivo melhorar a vida da comunidade. Hoje, 30 mil pessoas são beneficiadas pela cooperativa”, informa. Para ele, a Pindorama está começando a introduzir, na produção, práticas de agroecologia, com o objetivo de fazer a transmissão para o cultivo orgânico. Um importante parceiro no trabalho realizado pela Pindorama é o Sebrae. “É uma instituição que sempre nos ajudou, auxiliando no desenvolvimento de projetos e na qualificação e conscientização dos nossos colaboradores”, informa. “Uma ação importante que realizamos em parceria com o Sebrae foi

“Antigamente, gastávamos cerca de R$ 200 mil por mês com energia. Atualmente, esse custo caiu para, no máximo, R$ 20 mil” Klécio José dos Santos

A meta da Pindorama é, até o fim de 2010, dobrar a produção atual, chegando a 10 MW. A energia extra será usada na irrigação e também vendida no mercado

mil caixas de leite de coco. Os principais mercados são os Estados da Bahia, Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. O açúcar e o álcool também são vendidos para outros países, como Rússia e Japão. A cooperativa gera cerca de 1.800 empregos no campo e 300 na indústria, garantindo, de forma auto-sustentável, ocupação e renda para centenas de famílias de três municípios alagoanos –

Coruripe, Penedo e Feliz Deserto. A Pindorama também desenvolve projetos sociais para jovens e mulheres, como uma horta comunitária e grupos de costureiras e de fabricação de doces e de vinagre, e mantém uma escola de 1º grau e cursos profissionalizantes, como culinária, corte e costura e artesanato, entre outros. “Somos um modelo diferente de usina e indústria, sem foco capitalista e

o Programa Qualidade Total Rural (QT Rural), que teve como objetivo capacitar os pequenos produtores para entenderem e praticarem os princípios e fundamentos da qualidade no gerenciamento dos negócios”, completa.

Faturamento: R$ 61,8 milhões em 2007 Empregos: 600 a 1.500 Exportação: R$ 9,97 milhões em 2007 (açúcar VHP)

Contato www.cooperativapindorama.com.br (82) 3216-5900

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AGROENERGIA

Óleo de cozinha usado abastece veículos no Rio Grande do Sul

Sérgio Alberto

Morro da Cutia

ONG Morro da Cutia desenvolve tecnologia social que evita o descarte do produto no meio ambiente e cria alternativa barata e ambientalmente sustentável de geração de energia. Projeto recebeu prêmio da Fundação Banco do Brasil em 2007

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organização não-governamental gaúcha Morro da Cutia está implantando, na cidade de Montenegro, a 70 quilômetros de Porto Alegre, uma inovadora tecnologia social no campo da agroenergia. A ONG desenvolveu um projeto que adapta motores para utilizarem óleo vegetal já usado em frituras, evitando o descarte no meio ambiente e criando uma alternativa barata e ambientalmente sustentável de geração de energia. O combustível está sendo utilizado em carros, tratores e caminhões de agricultores filiados a cooperativas do local. “O destino do óleo de cozinha descartado nos restaurantes e nas casas de família é uma séria preocupação ambiental. Quando ele vai para o ralo da pia, entope a tubulação e pode causar sérios problemas nos sistemas de esgoto e nos mananciais hídricos”, informa Paulo Lenhardt, diretor da Morro da Cutia e criador da tecnologia. “É preciso tirá-lo da natureza. Estima-se que o descarte seja de um litro por mês para cada pessoa”, afirma. Os óleos vegetais, de acordo com Lenhardt, são excelentes combustíveis. Segundo informações da Morro da Cutia, combustíveis de óleos vegetais não contribuem para o efeito estufa, podem ser produzidos em praticamente qualquer canto do planeta e são 30% mais baratos e 50% a 70% mais limpos que o biodiesel. Além disso, podem ser

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Sebrae Agronegócios

feitos por pequenos produtores, são mais econômicos, têm propriedades lubrificantes que podem aumentar a vida útil do motor e ajudam a preservar o meio ambiente. “Nosso veículo-piloto, uma camionete S10, já rodou mais de 100 mil quilômetros com óleo vegetal, sem nenhum tipo de dano ao motor ou a outro componente”, conta Lenhardt. A Pasteleira, como ficou conhecido o veículo, já economizou R$ 20 mil em combustível para a organização e evitou que mais de 10 mil litros de óleo de cozinha fossem parar no esgoto. Os veículos que utilizam óleo usado em frituras precisam ser adaptados e são bicombustíveis. São dois tanques, um para esse combustível e outro para

“O destino do óleo de cozinha descartado nos restaurantes e nas casas de família é uma séria preocupação ambiental. Quando vai para o ralo da pia, entope a tubulação e pode causar sérios problemas” Paulo Lenhardt

A tecnologia foi criada por Paulo Lenhardt, diretor da Morro da Cutia

diesel. O kit de adaptação, feito apenas com peças nacionais, foi criado com base em um modelo norte-americano, doado pela Permacultura America Latina (PAL). Os interessados podem adquiri-lo diretamente com a Morro da Cutia. Para ser utilizado como combustível, o óleo de fritura é filtrado e depois aquecido a 90 graus, para que tenha a viscosidade reduzida para níveis similares ao do diesel e possa ser aceito pelo veículo. Após o uso, é preciso manter o motor funcionando com diesel para limpar a máquina, pois o óleo vegetal, após resfriado, tem sua densidade e viscosidade aumentadas, o que pode prejudicar o funcionamento do motor. A mudança é feita de forma automática, como em qualquer motor flexível, como os que usam gás e combustível líquido. O óleo de cozinha usado é recolhido em 15 a 20 estabelecimentos comerciais, como restaurantes e lanchonetes,


Morro da Cutia/Divulgação

Os veículos que utilizam óleo usado em frituras precisam ser adaptados e são bicombustíveis. São dois tanques, um para esse combustível e outro para diesel. O kit de adaptação é feito com peças nacionais com base em um modelo norte-americano

e em casas de famílias da cidade de Montenegro. “Fazemos um trabalho de conscientização com a comunidade sobre a importância de se reciclar o óleo de cozinha. Criamos um Disque Azeite e estamos oferecendo oficinas para ensinar os interessados a fazer coletores com garrafa pet”, afirma Lenhardt. “Vamos ainda iniciar uma campanha para aumentar o número de famílias participantes”, adianta. Segundo Lenhardt, a idéia é estender, ainda este ano, o recolhimento para outras cidades da região. “Até o fim do ano, nossa meta é coletar de 10 a 15 toneladas de óleo por mês. Com essa quantidade, será possível atender integralmente às necessidades de combustível de cerca de 150 famílias de pequenos agricultores da região”, destaca. O óleo também pode ser usado em geradores para a produção de energia elétrica.

Outro objetivo da Morro da Cutia é mostrar aos pequenos produtores que é possível fazer o próprio combustível. “O investimento para montar a estrutura para tratar o óleo coletado é de cerca de R$ 50 mil. Para uma cooperativa ou grupos de agricultores, não é um valor inviável”, acredita. Para Lenhardt, é possível produzir a um custo mais baixo, mas sem manter a mesma qualidade. Os bons resultados do projeto chamaram a atenção da Fundação Banco do Brasil (FBB). O uso do óleo vegetal com combustível foi o vencedor do Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social 2007 na categoria Aproveitamento/tratamento de rejeitos/resíduos/efluentes de processos produtivos. Foram 782 projetos inscritos e apenas oito vencedores. Os critérios usados na seleção foram inovação, exemplaridade, transformação social e potencial de reaplicabilidade.

A Morro da Cutia tem como foco principal a execução de projetos ambientais e de assistência técnica especializada. É também um centro de formação prática em Permacultura e Agroecologia. A ONG coordena ainda projetos de reciclagem de resíduos industriais em larga escala, que são convertidos em adubo orgânico para os agricultores da região. “A região do Vale do Caí, onde está Montenegro, tem muitas agroindústrias, como curtumes, cervejarias, frigoríficos e fábricas de suco. Logo, há uma produção de resíduos muito grande”, observa Lenhardt. Volume coletado: 10 a 15 toneladas por mês até dezembro Estabelecimentos parceiros: 15 a 20

Contato www.morrodacutia.org (51) 3649-6087

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Pork Terra

Pork Terra, em Caconde (SP), é exemplo de pequena propriedade sustentável. Esterco e subprodutos do frigorífico, como banhas e vísceras, transformam-se em combustível, gás e fertilizante. Prática gera economia e melhores práticas de trabalho e preservação ambiental

O

meio ambiente em minha propriedade. Achava que era caro, trabalhoso e impossível de ser feito. Com isso, acabei criando um problema para minha fazenda. Chegou a uma situação de que eu tinha até vergonha de convidar as pessoas”, conta Muniz. “Vi que precisava tomar uma providência urgente e comprei financiado um biodigestor. Desse dia em diante, parei de lançar 15 mil litros de dejeto por dia na natureza e transformei radicalmente o modo de gerenciar minha propriedade”, completa. Os dejetos de um plantel formado por 200 matrizes são transformados por mês em seis a sete botijões de biogás e em 10 mil a 12 mil litros de biofertilizantes. O gás Muniz produz seis a sete botijões de biogás e 10 mil é usado no aquecimento litros de biodiesel por mês das crias e na pequena indústria de processamento de torresmo, e o fertilizante, nas é um perfeito exemplo de pequena lavouras de milho (90 hectares), usado propriedade sustentável. Incomodado na alimentação dos animais, e de café com a situação, o produtor transfor(75 hectares), vendido no mercado. mou o problema em solução. Agora, o As vísceras e a banha descartadas esterco e subprodutos do frigorífico, no abatedouro, juntamente com óleo como banha e vísceras, transformam-se de cozinha usado recolhido na comuem combustível, gás e fertilizante, em nidade, são transformados em 10 mil um inovador projeto de produção de litros mensais de biodiesel, usados bioenergia. para a produção de energia elétrica por “Até bem pouco tempo atrás, eu meio de geradores e no abastecimento não tinha nenhuma preocupação com o produtor rural João Paulo Muniz cria e abate suínos na Fazenda Pork Terra, no município paulista de Caconde. Até 2005, a propriedade tinha um maucheiro crônico, em razão dos dejetos dos animais. Além de incomodar os vizinhos, atraia moscas e urubus. Hoje, menos de três anos depois, a fazenda

Sérgio Alberto

AGROENERGIA

Produtor de suínos ganha competitividade e muda cara da fazenda com agroenergia

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Sebrae Agronegócios

“Gosto de mostrar pelo meu exemplo que para mudar basta querer. Com um trabalho sério e comprometido, é possível ter uma propriedade sustentável e correta do ponto de vista socioambiental” João Paulo Muniz

da frota da fazenda, com carros, utilitários e tratores. A glicerina resultante da fabricação do combustível é utilizada na produção de sabão, empregado na limpeza da propriedade e de veículos e equipamentos. “A implantação do projeto de agroenergia foi essencial para a sobrevivência e a competitividade da Pork Terra, porque gerou economia e melhores práticas de trabalho”, destaca Muniz. “Hoje, produzo 30% da energia usada na fazenda e nunca mais comprei gás


Agência Sebrae de Notícias

A banha descartada no frigorífico é utilizada na produção de combustível para abastecer a frota da fazenda

de cozinha, nem fui a posto de gasolina. Além disso, a propriedade também teve economia de 40% no custo com adubação química quando passou a usar o biofertilizante”, completa. O empresário também considera essencial a mudança de pensamento no que se refere à preservação do meio ambiente. “Estou muito satisfeito em saber que estou sendo útil para a natureza, que os dejetos dos porcos não são mais jogados no rio. Sou uma pessoa realizada por ter implantado a agroenergia na fazenda”, afirma Muniz. “O custo–benefício para a Pork Terra foi o melhor possível”, acrescenta. Muniz criou uma empresa, a Biocom, para auxiliar outros produtores rurais a investirem na produção própria de energia por meio de consultorias. “Prestamos serviços consultoria nas áreas de elaboração e implantação de projetos e de tecnologia”, informa.

O empresário também dá palestras em diversos estados do Brasil, nas quais conta sua experiência e mostra as vantagens da agroenergia. “Gosto de mostrar pelo meu exemplo que para mudar basta querer. Com um trabalho sério e comprometido, é possível ter uma propriedade sustentável e correta do ponto de vista socioambiental”, acredita. Parte dos investimentos para a produção de biocombustível, informa Muniz, pode ser financiada por diversas instituições financeiras, como Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), Banco do Brasil, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste, entre outros. Os recursos são do Programa de Apoio Financeiro a Investimentos do Biodiesel e do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O empresário também desenvolve em Caconde e no distrito de Berrânia, pertencente ao município, um projeto

de arrecadação de óleo usado em frituras, que hoje é matéria-prima para metade do biocombustível produzido na fazenda. “Faço palestras em escolas e entidades para conscientizar as pessoas da importância da coleta do óleo de cozinha. Isso evita a poluição do ambiente e prejuízos à rede de esgoto, causando mau-cheiro e entupimentos. Cada litro de óleo contamina um milhão de litros de água”, afirma.

Faturamento: R$ 150 mil/mês Empregos: 25 a 30 Volume de produção: variável Exportação: em preparação para vender para Itália, EUA e Ásia

Contato www.biocomporkterra.com.br (19) 3662-8162

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CERTIFICAÇÃO E INDICAÇÃO GEOGRÁFICA

Agência Sebrae de Notícias

Apresentação

Certificação e Indicação Geográfica ampliam confiabilidade de pequenas propriedades rurais Sebrae apóia projetos nas duas áreas em razão dos diversos benefícios obtidos pelos participantes. Entre eles, destacam-se o ganho de mercado e a melhora sensível no processo produtivo e no gerenciamento do negócio, o que se reflete em mais produtividade e qualidade

N

a década de 1980, o mal da vaca louca, doença neurodegenerativa transmissível ao homem, causou a morte de centenas de milhares de bovinos na Inglaterra. A epidemia teve dois efeitos imediatos: a população passou a se recusar a comer carne bovina e o governo britânico apertou as medidas de prevenção, proibindo o uso de proteína originada de tecidos de ruminantes na alimentação dos animais. A doença alastrou-se para outros países europeus e provocou no continente uma séria preocupação em relação à segurança alimentar. Para vender alimentos na Europa, passou a

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Sebrae Agronegócios

ser necessário comprovar a qualidade do produto e cumprir rígidas exigências no processo de produção. As certificações de qualidade começaram a ser bastante procuradas no continente, assim como nos Estados Unidos, por ser a melhor forma de garantir que os alimentos foram produzidos de forma segura e rastreável do início ao fim e que o produtor cumpre a legislação trabalhista e ambiental. E de garantia passou a ser exigência, visto que diversos compradores passaram a aceitar apenas produtos certificados. Produtores brasileiros tiveram, de repente, que se adaptar à nova realidade e encontraram no Sebrae um forte aliado no processo.

Desde 2005, o Sebrae apóia projetos de certificação de qualidade em micro e pequenos negócios. Inicialmente, a instituição auxilia na adequação dos candidatos às normas previstas no Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade, criado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Concluída a preparação, o Sebrae financia 50% dos custos da empresa certificadora, tanto no processo inicial como na manutenção nos três anos iniciais. “Apoiamos os projetos de certificação em razão dos diversos benefícios obtidos pelos participantes. Além do ganho de mercado e de confiabilidade,


as empresas melhoram sensivelmente o processo produtivo e o gerenciamento do negócio, o que se reflete em mais produtividade e qualidade. E isso é muito importante para fidelizar o consumidor”, destaca Hulda Giesbrecht, consultora da Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia do Sebrae Nacional e responsável pelos projetos de certificação. Segundo Hulda, os setores que têm mais interesse na certificação são os produtores de frutas, com destaque para uva e manga, de café e de cachaça. “Já apoiamos quase 300 produtores nesses segmentos”, informa. “Este ano, selecionaremos mais 50 projetos com valor de até R$ 200 mil”, adianta.

“Em vários lugares do mundo, as Indicações Geográficas são um fortíssimo diferencial. São a garantia de um produto singular, encontrado apenas naquele lugar, e que, portanto, tem lugar especial no mercado” Hulda Giesbrecht

A Indicação Geográfica compreende dois níveis: a Indicação de Procedência e a Denominação de Origem. Na primeira, o produto é reconhecido como produzido em determinada região, mas a qualidade não tem relação com as características físicas e climáticas do local. No caso da Denominação de Origem, as qualidades e características do produto se devem exclusivamente ao meio geográfico. A maior parte das Indicações Geográficas no mundo fica na Europa. São 4,2 mil registros para vinhos e bebidas espirituosas e 700 para outros produtos. No Brasil, são quatro: Café do Cerrado Mineiro, Carne do Pampa Gaúcho, Vinho do Vale dos Vinhedos e Cachaça de Parati. “Em vários lugares do mundo, as Indicações Geográficas são um fortíssimo diferencial. São a garantia de um produto singular, encontrado apenas naquele lugar, e que, portanto, tem lugar especial no mercado. O público desses produtos é diferenciado e isso possibilita um custo–benefício muito melhor”, destaca Hulda. “É importante que haja um esforço do governo para estimular novas Indicações Geográficas no país, que serão muito importantes para o reconhecimento do produto brasileiro no exterior”, completa. Agência Sebrae de Notícias

INDICAÇÃO GEOGRÁFICA Além das certificações, o Sebrae também apóia projetos de Indicação Geográfica, uma eficiente ferramenta tanto na garantia da qualidade e rastreabilidade de produtos como no apelo mercadológico. O champanhe, o vinho do porto, o presunto de Parma e o café colombiano são apenas alguns exemplos da notoriedade que algumas Indicações Geográficas têm no mercado mundial.

Sérgio Alberto

Os produtores de uvas do Vale do São Francisco receberam apoio do Sebrae no processo de certificação

Dezessete produtores de cachaça do Rio Grande do Sul receberam certificação de qualidade concedida pelo Inmetro

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Weber Haus

Com apoio do Sebrae, 17 empresas desenvolveram um extenso trabalho de capacitação para adaptar-se a regras do Inmetro. Preparação envolveu vários pontos do processo produtivo, como gestão empresarial, boas práticas de fabricação e rastreabilidade dos produtos Weber Haus/Divulgação

CERTIFICAÇÃO

Cachaçarias gaúchas certificam produtos para aumentar participação no mercado nacional

Com a modernização, a empresa aumentou a capacidade produtiva para 380 mil litros de cachaça por safra

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m 2003, um grupo de fabricantes de cachaça do Rio Grande do Sul resolveu unir-se para aumentar a competitividade e ampliar a participação no mercado nacional da bebida. Com o apoio do Sebrae, as empresas desenvolveram um extenso programa de capacitação, que envolveu diversos pontos do processo produtivo. O trabalho culminou com a

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Sebrae Agronegócios

conquista, por 17 produtores, de certificações de qualidade garantidas pelo Inmetro, por meio do Programa Brasileiro de Avaliação da Conformidade da Cachaça. “Quando pensamos em nos certificar, a idéia era buscar uma diferenciação para os produtos. Resolvemos voluntariamente adaptar nossa produção a regras rigorosas que garantissem

o máximo de qualidade e de produtividade”, conta Evandro Luiz Weber, proprietário da cachaçaria Weber Haus, localizada em Ivoti, cidade de colonização alemã localizada a 46 quilômetros de Porto Alegre. “A certificação acabou sendo apenas um dos benefícios para as empresas envolvidas. Todos ganharam muito com o trabalho de preparação, visto que conseguiram


ver o que poderiam melhorar em seus processos”, destaca. No início do trabalho, uma equipe técnica formada por especialistas em qualidade e boas práticas de produção visitou 23 empresas para diagnosticar quais adequações seriam necessárias para o cumprimento dos 96 requisitos previstos no Regulamento de Avaliação de Conformidade (RAC). Após as

“A conquista da certificação foi a coroação de um trabalho de parceria, que envolveu a troca de experiência entre diversas empresas e beneficiou nosso segmento como um todo no Rio Grande do Sul” Evandro Luiz Weber

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Weber Haus/Divulgação

Sérgio Alberto

Para Weber, certificação ajudou empresas a verem falhas na produção

avaliações, 17 empresas continuaram aumentou a capacidade produtiva para no processo e foram divididas em três 380 mil litros por safra. Cada tonelada grupos, de acordo com o grau de atende cana gera agora mais de 100 litros dimento às exigências. Com cada um dede cachaça. les, foi desenvolvida uma série de treinaOutro benefício importante, destamentos de forma individual e coletiva. ca Weber, é o ganho em credibilidade A capacitação contou com forte no mercado. “Temos, no Rio Grande do presença do Sebrae e incluiu diversos Sul, uma cachaça de alta qualidade. temas, como gestão empresarial, boas Mas não adianta dizer, é preciso compráticas de fabricação e preenchimento provar. E a certificação nos permite nisdos registros de controles, que devem so”, observa. O selo do Inmetro é uma trazer diversas informações que possigarantia de que os produtos são rasbilitem a rastreabilidade dos produtos, treáveis em todos os processos, como como dados sobre o plantio e a colheita, uso de defensivos e fertilizantes, entrada de matéria-prima e controle de fermentação e envelhecimento, entre outras. Para fortalecer o conceito da cachaça gaúcha de qualidade, o grupo criou a marca Alambiques Gaúchos, cujo blend promocional foi lançado em 2006 durante a Expointer, uma das maiores feiras agropecuárias A Weber Haus produz 180 mil litros da América Latina. As empresas de cachaça por safra também participaram de feiras nacionais e internacionais, com objetivo de divulgar os produtos monitoramento documentado da anáda marca e estudar as possibilidades de lise de solo, cultivo, maturação, zelo aberturas de novos mercados. ecológico, assepsia e modo de destilaAntes da visitas dos certificadores, ção, entre outros. as cachaçarias passaram por pré-auditoA Weber Haus, que foi criada em rias, para reduzirem os riscos de apre1968, tem três produtos com a certisentarem quaisquer não-conformidades ficação Ibametro, comercializados no durante as auditorias. O processo de Brasil e no exterior. A empresa tamcertificação correu bem e as 17 emprebém conquistou certificação de prosas foram aprovadas. O evento de entredutor orgânico, concedida pela Ecorga dos documentos ocorreu em março cert. “Todo o processo de produção é de 2007. “Foi a coroação de um trabalho orgânico. Não usamos nenhum tipo de de parceria, que envolveu a troca de exdefensivo químico e trabalhamos com periência entre diversas empresas e befoco no respeito e preservação amneficiou nosso segmento como um todo biental”, afirma o empresário. no Rio Grande do Sul”, resume Weber. Segundo o empresário, os benefícios Faturamento: não divulgado do processo de certificação para sua Empregos: de 6 a 17 Volume de produção: 380 mil empresa, a Weber Haus, foram enormes. litros por safra Até 2005, a cachaçaria plantava oito Exportação: 8 mil litros em 2007 hectares de cana e produzia, por safra, 60 mil litros da bebida, a uma média de 50 litros por tonelada de cana. Com Contato a modernização, a empresa passou a www.weberhaus.com.br cultivar uma área de 15,2 hectares e (51) 3563-3194


INDICAÇÃO GEOGRÁFICA

Cerrado mineiro é primeira região do mundo a ter café com Indicação Geográfica

Sérgio Alberto

Caccer

Diversos cafeicultores do local também têm suas propriedades e produtos certificados. Entre as exigências, é preciso atender às obrigações básicas da legislação brasileira em relação a assuntos trabalhistas, meio ambiente e práticas agrícolas

N

o mercado mundial de vinhos, a Indicação Geográfica é um importantíssimo diferencial de venda para famosas regiões vinícolas. Isso também ocorre com outros produtos, como o queijo e o charuto. Em Minas Gerais, uma estratégia semelhante está sendo realizada com outra bebida. O cerrado mineiro é a primeira região do mundo a ter uma Indicação Geográfica do café, de acordo com normas da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi) e do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Diversos cafeicultores do local também estão com suas propriedades e cafés certificados. Essa conquista é resultado de um trabalho realizado pelo Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado (Caccer), que reúne seis associações, oito cooperativas e uma fundação de pesquisa. Na região demarcada do cerrado, que reúne 55 municípios, há 155 mil hectares cultivados com café e aproximadamente 3,5 mil cafeicultores, que produzem de três a quatro milhões de sacas por ano. “É uma região bastante favorável à planta devido às condições especiais de clima”,

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Sebrae Agronegócios

informa o superintendente da Caccer, José Augusto Rizental. Com apoio do Sebrae, a certificação das propriedades e da qualidade do café começou há apenas dois anos e está mostrando resultados animadores. Cerca de 100 propriedades, que produzem aproximadamente 500 mil sacas por ano, já foram certificadas pela Caccer, de acordo com normas do Inmetro. Até julho deste ano, a relação deve aumentar em mais 50 a 70 nomes. “Começaremos o próximo semestre produzindo 750 mil sacas de café certificado e teremos o maior número de propriedades cafeicultoras certificadas no mundo”, destaca Rizental. O processo de certificação começa com a ida do interessado a uma das associações filiadas a Caccer. Lá, ele é orientado por um agente de atendimento e recebe informações sobre as exigências do processo. Após assinar um contrato de intenção, o produtor tem a propriedade e o café analisados de acordo com as exigências do protocolo de certificação. Na seqüência, é orientado sobre todos os pontos que precisam ser adequados. O prazo médio para as adaptações é de 40 dias a sete meses, de acordo com a propriedade

Segundo Rizental, a Caccer está trabalhando para obter a norma ISO 9001

“Os produtores que conquistam o selo Café do Cerrado conseguem garantir de fato a qualidade de seu café, visto que todo processo é rastreado e certificado, e isso abre muitas portas para o mercado externo” José Augusto Rizental


Caccer/Divulgação

da produção de café do cerrado mineiro são exportadas. Outra vantagem do processo de certificação é a melhoria nas propriedades e, conseqüentemente, no produto. “No processo de adequação, os produtores acabam resolvendo problemas que nem sabiam que tinham”, avalia Rizental. “Há ganhos em vários aspectos, como organização, produtividade, administração do negócio, práticas agrícolas e muitos outros”, completa. Tanto quanto as certificações, a conquista da Indicação Geográfica, destaca Rizental, também beneficiará diretamente os produtores, mas as vantagens são mais amplas. “A indicação garante que o produto é fabricado naquela região, por meio de boas práticas agrícolas e que sua qualidade é garantida por diversos produtores sérios e certificados”, destaca. “Isso beneficia toda a região, que passa a ser referência do produto, como é o caso de diversas regiões vinícoNa região demarcada do cerrado, há 155 mil hectares cultivados com café e cerca de 3,5 las da França, que são conhecimil cafeicultores, que produzem de três a quatro milhões de sacas por ano das mundialmente”, afirma. Em parceria com o Sebrae, e o grau de certificação, que varia de certificação e o direito de usar o Selo a Caccer está trabalhando para obter uma a quatro estrelas. Café do Cerrado. Outro selo que a Caccer a norma ISO 9001. Também está em Após tudo pronto, o proprietário trabalha na região, em parceria com a andamento a construção de um banco recebe a visita do auditor contratado Associação Brasileira da Indústria de de dados com informações detalhadas pela Caccer. Caso cumpra os requisitos Café (Abic), é o Cafés Sustentáveis do sobre toda a cadeia do café certificado. previstos no protocolo, o produtor tem Brasil. Para recebê-lo, a torrefação tem Outro projeto é a ampliação do número sua propriedade certificada. Para o nível de ser participante do Programa de Quade turmas do Educampo, projeto criado uma estrela, é preciso atender às obrilidade do Café (PQC) e utilizar no mínipelo Sebrae para orientar e capacitar, gações básicas da legislação brasileira mo 60% de café certificado. técnica e gerencialmente, grupos de em relação a assuntos trabalhistas, meio Para Rizental, a certificação da produtores rurais, com foco no aumento ambiente e práticas agrícolas. Para os propriedade e do café traz diversos beda eficiência e da competitividade. níveis de qualificação mais avançados, nefícios para o produtor. “O mercado aumentam os itens a serem verificados, mundial está exigindo cada vez mais chegando a um máximo de 197 pontos qualidade. E isso só tende a aumenEmpregos: 1,5 milhão diretos e para o nível quatro estrelas. tar. E não adianta dizer que o produto indiretos na cafeicultura local Volume de produção: 3 a 4 Além da propriedade, há também é bom, é preciso comprovar”, afirma. milhões de sacas por ano a certificação do café. Os produtores “Os produtores que conquistam o selo Exportação: 70% da produção enviam amostras de seus produtos, que Café do Cerrado conseguem garantir de passam por uma prova de bebida realifato a qualidade de seu café, visto que zada por juízes da Associação Americatodo processo é rastreado e certificado, Contato www.cafedocerrado.org na de Cafés Especiais. Quem conquise isso abre muitas portas para o mer(34) 3831-2096 tar um mínimo de 75 pontos recebe a cado externo”, acrescenta. Hoje, 70%

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Salva Terra

Desde 2004, mais de 140 propriedades da região realizaram, com apoio do Sebrae, trabalho de adequação às exigências de países europeus e norte-americanos em relação à qualidade e rastreabiliade de produtos Agência Sebrae de Notícias

CERTIFICAÇÃO

Certificação abre portas do mercado externo a produtores de frutas do Vale do São Francisco

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Vale do São Francisco, com destaque para os municípios de Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia, é responsável por 98% da exportação brasileira de uvas, que tem como destinos principais os Estados Unidos e a Europa ocidental. O sucesso em mercados conhecidos pela enorme exigência em relação à qualidade e rastreabilidade dos produtos adquiridos é reflexo de um eficiente trabalho de certificação, que vem sendo realizado desde 2004 com apoio do Sebrae. Na região, há 2,3 mil produtores da fruta, alguns de grande porte, com área superior a 20 mil hectares. Contudo, foi uma pequena fazenda, com apenas 6,63 hectares, quem deu o pontapé inicial para o trabalho de certificação, que já inclui mais de 140 propriedades. A Salva Terra, localizada em Petrolina, foi a primeira fazenda produtoras de uvas no Brasil a ser certificada pelo PIF-UVA, segundo critérios do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), e a primeira pequena propriedade do Vale do São Francisco a receber certificação do Eurepgap (atual Globalgap), exigida pela maior parte dos importadores europeus.

Empregos: 15 fixos e 50 durante a colheita Volume de produção: 195,6 toneladas em 2007 Exportação: 100% da produção

Na região, há 2,3 mil produtores de uvas. Destes, 140 são certificados

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é chegar a 165 toneladas. Inglaterra, Estados Unidos e Canadá respondem por 90% das vendas da empresa, que também exporta para outros países europeus, como Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Holanda, Itália, Irlanda, Portugal, Noruega e Suécia. Ainda em 2008, a empresa pretende iniciar vendas para China, Japão e leste europeu. Para Giesta, o trabalho de certificação foi iniciado para cumprir as exigências do mercado internacional, mas as vantagens para a propriedade foram muito além. Ele destaca como exemplos a melhoria do processo produtivo e da qualidade do produto, a redução do uso de agroquímicos, maior qualificação dos funcionários envolvidos na produção e melhor controle do investimento realizado. “Com a adoção de técnicas que obedecem a critérios de sustentabilidade, competitividade e segurança do alimento, conseguimos frutas de alta qualidade e produtiSegundo Giesta, é preciso incentivar mais vidade”, conta Giesta. “E produtores da região a buscarem a certificação a exigência de registro documental de todo o processo produtivo e dos resultados auxilia bastante nas tomadas de decisão e, como conseqüência, na gestão do negócio. Com mais organização, há muito mais chance de um resultado econômico melhor”, destaca. Para se adequar às exigências dos protocolos de certificação, informa Giesta, a Salva Terra preciPara este ano, o objetivo da Salva Terra é sou adaptar a infra-estruproduzir 165 toneladas da fruta tura física, implantar um sistema de sinalização na propriedade, nalmente, como é o caso da Globalrealizar diversos cursos e capacitações gap”, destaca. para adequar a mão-de-obra, elaborar Em 2004, antes da certificação, um sistema de controle de cada uma a Salva Terra produziu 65 toneladas das atividades e fazer análises químicas de uvas. Em 2007, a produção foi de e microbiológicas da água usada na 105,6 toneladas. Para este ano, a meta Agência Sebrae de Notícias

Sérgio Alberto

“Nosso foco principal sempre foi a exportação e os mercados compradores, nos últimos anos, passaram a exigir dos fornecedores a rastreabilidade de seus produtos, de maneira a atestar a conformidade, o cumprimento de determinadas técnicas e a preservação do meio ambiente no processo produtivo”, afirma o engenheiro agrônomo Marcelo Giesta, proprietário da Salva Terra. “E a melhor maneira de provar que cumprimos todos os pré-requisitos é por meio da certificação, do aval de uma empresa reconhecida internacio-

“Com a adoção de técnicas que obedecem a critérios de sustentabilidade, competitividade e segurança do alimento, conseguimos frutas de alta qualidade e produtividade” Marcelo Giesta

irrigação e no consumo e nos resíduos de agrotóxicos nas frutas, entre outros. Segundo Giesta, o auxílio do Sebrae foi muito importante no processo de certificação, tanto para a Salva Terra quanto para outros produtores de uva do Vale do São Francisco. “Foi um apoio essencial, tanto na adequação das propriedades quanto na capacitação profissional”, ressalta o empresário. Além disso, várias propriedades contaram com o Bônus Certificação, por meio do qual o Sebrae subsidia 50% dos custos da empresa certificadora, tanto no processo inicial como na manutenção nos três primeiros anos. O número de fazendas produtoras de uva certificadas no Vale do São Francisco tem aumentado ano a ano (32 em 2004, 59 em 2005, 94 em 2006 e 141 em 2007), mas, segundo Giesta, ainda há muito espaço para crescer. “As fazendas com certificação representam um universo ainda pequeno se comparado ao número de propriedades existentes no local”, avalia. “Estamos trabalhando para levar a certificação aos demais produtores da região. Desse modo, nós ganhamos em qualidade e escala e aumentamos bastante nossa competitividade no mercado internacional”, ressalta. Contato giestamercelo@gmail.com (87) 3861-6164

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Setor de gado de corte aposta em tradição e qualidade da carne do pampa gaúcho Região, que inclui área de 1,3 milhão de hectares e 13 municípios do Rio Grande do Sul, obteve a primeira Indicação Geográfica de carne do mundo. Trabalho foi coordenado pela Apropampa, que reúne produtores rurais, indústria frigorífica, empresas de varejo e outros agentes ligados à cadeia da bovinocultura

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criação de gado faz parte da cultura do pampa gaúcho. Desde 1633, com a chegada de bovinos e eqüinos trazidos pelos jesuítas, muitos homens da região ganham a vida com o comércio de carne, de leite e dos próprios animais. Essa tradição garantiu ao criador gaúcho um extenso domínio do negócio e ajudou a posicionar a carne do Rio Grande do Sul entre as melhores do país e do mundo. Hoje, o estado colhe os frutos com a primeira Indicação Geográfica de carne do mundo, que inclui uma área com 1,3 milhão de hectares e 13 municípios localizada na região de Bagé. Concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), a

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Sebrae Agronegócios

Indicação Geográfica é uma conquista da Associação dos Produtores de Carne do Pampa Gaúcho da Campanha Meridional (Apropampa), que reúne produtores rurais, indústria frigorífica, empresas de varejo e outros agentes ligados à cadeia da bovinocultura de corte na região. O processo contou com o apoio do Sebrae e de outras instituições, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e a Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). “A Indicação Geográfica certifica que a carne do pampa gaúcho é diferenciada por ter sido produzida na região, devido a características geográficas próprias. A exemplo do que acontece com o vinho na França, é

Elias Eberhardt

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INDICAÇÃO GEOGRÁFICA

Apropampa

No varejo, a receita com o comércio de cortes certificados é 20% a 35% maior


Há cerca de 50 produtores incluídos na Identificação Geográfica, que abatem 50 cabeças semanais

Fernando Adauto Loureiro de Souza

“O produto diferenciado traz vantagens financeiras para o produtor. O mercado está preocupado em ter produtos confiáveis, de qualidade, e paga a mais por isso”, observa Souza. Para ter direito a participar da Indicação Geográfica, as propriedades

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um importante diferencial no mercado internacional”, afirma o presidente do Conselho Regulador da Apropampa, Fernando Adauto Loureiro de Souza. “Em um mercado cada vez mais exigente em relação à qualidade e à origem da carne, mostrar ao comprador informações relevantes do caminho percorrido do pasto ao prato faz muita diferença”, completa. As vantagens para o produtor incluído na Indicação Geográfica são muitas. Em primeiro lugar, é possível assegurar a qualidade da carne, já que a rastreabilidade permite que o comprador tenha acesso on-line a todas as informações sobre o produto que ele irá consumir. Entre os dados disponíveis estão os nomes do proprietário, da propriedade de origem e do frigorífico que realizou o abate, o registro no Conselho Regulador da Apropampa, o número do Sisbov, o sexo do animal, a raça e a data do abate. De acordo com os dados da Apropampa, no abate a remuneração do produtor certificado cresce de 2% a 5%. No varejo, a receita com o comércio de cortes é 20% a 35% maior.

“A Indicação Geográfica certifica que a carne do pampa gaúcho é diferenciada por ter sido produzida na região, devido a características geográficas próprias. A exemplo do que acontece com o vinho na França, é um importante diferencial no mercado internacional”

têm de cumprir diversos requisitos. Inicialmente, é preciso localizar-se na área delimitada do pampa gaúcho da campanha meridional. O gado deve ser das raças Angus e Hereford (ou cruza entre as duas) e seguir diversas características predeterminadas pela Apropampa. Na alimentação, pode ser usada apenas pastagem nativa. A procedência da carne e derivados deve estar totalmente rastreada e os frigoríficos necessitam ter inspeção federal. Além desses, muitos outros itens também devem ser cumpridos. Hoje, são cerca de 50 produtores incluídos na Identificação Geográfica, que abatem 50 cabeças semanais. Até o fim do ano, a meta é dobrar o número de produtores e de animais abatidos. Em 2009, a Agropampa quer chegar a 200 propriedades certificadas. “Estamos fazendo um trabalho de conscientização para mostrar as vantagens da indicação. Há mais de mil produtores na região, logo, o potencial é bastante grande. Precisamos atrair mais participantes para ganhar em escala e competitividade”, destaca Souza. Em razão exatamente da falta de escala, toda a produção de carne certificada é vendida a apenas um comprador, a Casa de Carnes Moacir, em Porto Alegre, uma das mais importantes do estado. “Por enquanto, não temos volume suficiente para atender a mais empresas”, informa Souza. “Nossa meta é ampliar mercado e começar a exportar, mas para isso é essencial atrairmos mais produtores interessados. Não dá nem para fazer marketing sem ter produto para entregar”, afirma.

Produtores certificados: 50 Número de animais abatidos: 50 cabeças Número de municípios: 13 Área: 1,3 milhão de hectares

Segundo Souza, hoje há 50 produtores incluídos na Indicação Geográfica. Meta é dobrar o número até o fim do ano e chegar a 200 propriedades em 2009

Contato www.carnedopampagaucho.com.br (51) 3214-4400

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www.sebrae.com.br


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