Empresas e comunidades que transformam América Latina. Portugués

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Estamos na Suiça, final dos anos 1960, em Saint Gallen, esta bela metrópole do leste do país. Situada entre dois lagos, possui um charmoso centro histórico. Suas sacadas envidraçadas pintadas com brilho são características locais. O pátio da abadia, incluindo a catedral e a biblioteca, entraram para a lista de Patrimônios da Humanidade da Unesco. Trata-se de uma cidade universitária, com foco nas ciências econômicas. Destaque para a Universidade de Saint Gallen. Aqui na universidade, um dos primeiros livros que os alunos têm de ler para seus estudos é A Empresa como Sistema Social, do professor Hans Ulrich. Um dos capítulos do livro trata do significado dos sistemas sociais, como, por exemplo, uma associação, uma empresa, uma comunidade. A finalidade é esclarecer a forma específica de perceber e interpretar a realidade, que deve ser de forma sistêmica – uns ajudando aos outros -, contemplando a interdependência dos elementos que o compõem, e não de forma pontual e linear. Esse livro marca a vida dos estudantes da escola, em particular a de dois amigos: Carlos Bühler e Edgar von Buettner. Terminados os estudos, cada um segue seu caminho. Aqui, na Suiça, começa a nossa história. Vamos para o Brasil, para Curitiba, a capital do estado do Paraná, considerada pela revista Forbes a terceira cidade mais engenhosa do mundo, que se preocupa, de forma conjunta, em ser ecologicamente sustentável, com qualidade de vida, boa infraestrutura e dinamismo econômico. Começo dos anos 2000. Edgar von Buettner vive nesta metrópole do sul do Brasil Trabalha a ideia de uma cidade planejada, com base em seus conhecimentos e experiências no assunto. Imagina criar uma cidade diferenciada em alguma área desabitada deste país tão grande e fazer como fizeram os ingleses, no norte do Paraná, ao fundar Londrina. Como chamar esse projeto tão ousado? Alunos de Edgar, de um curso de dEpós-graduação em tecnologias ambientais, ExpEriências vEncimEnto tentamo sEgundo achar um nome para essa concepção. Discutem prêmio entreLatino-americano eles, a ponto de o professor chamar a atenção de desenvoLvimento de Base barulho na sala de aula.históricas, do grupo, tamanho Barbacena, Tiradentes e São Em meados de 1950, instala-se na cidade uma fábrica de

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Estamos na Suiça, final dos anos 1960, em Saint Gallen, esta bela metrópole do leste do país. Situada entre dois lagos, possui um charmoso centro histórico. Suas sacadas envidraçadas pintadas com brilho são características locais. O pátio da abadia, incluindo a catedral e a biblioteca, entraram para a lista de Patrimônios da Humanidade da Unesco. Trata-se de uma cidade universitária, com foco nas ciências econômicas. Destaque para a Universidade de Saint Gallen. Aqui na universidade, um dos primeiros livros que os alunos têm de ler para seus estudos é A Empresa como Sistema Social, do professor Hans Ulrich. Um dos capítulos do livro trata do significado dos sistemas sociais, como, por exemplo, uma associação, uma empresa, uma comunidade. A finalidade é esclarecer a forma específica de perceber e interpretar a realidade, que deve ser de forma sistêmica – uns ajudando aos outros -, contemplando a interdependência dos elementos que o compõem, e não de forma pontual e linear. Esse livro marca a vida dos estudantes da escola, em particular a de dois amigos: Carlos Bühler e Edgar von Buettner. Terminados os estudos, cada um segue seu caminho. Aqui, na Suiça, começa a nossa história. Vamos para o Brasil, para Curitiba, a capital do estado do Paraná, considerada pela revista Forbes a terceira cidade mais engenhosa do mundo, que se preocupa, de forma conjunta, em ser ecologicamente sustentável, com qualidade de vida, boa infraestrutura e dinamismo econômico. Começo dos anos 2000. Edgar von Buettner vive nesta metrópole do sul do Brasil Trabalha a ideia de uma cidade planejada, com base em seus conhecimentos e experiências no assunto. Imagina criar uma cidade diferenciada em alguma área desabitada deste país tão grande e fazer como fizeram os ingleses, no norte do Paraná, ao fundar Londrina. Como chamar esse projeto tão ousado? Alunos de Edgar, de um curso de Crônicas pós-graduação em tecnologias ambientais, tentam achar um nome para essa concepção. Discutem entre Bernardo eles, González a ponto de o professor chamar a atenção do grupo, tamanho barulho na sala de aula.históricas, Barbacena, Tiradentes e São Tradução Antonio Carlos Santini uma fábrica de cimento, Em meados de 1950, instala-se na cidade a Paraíso. Coisa de primeiro mundo: capital nacional e tecnologia dinamarquesa. Inaugura-se um período de euforia na cidade. Isso monopoliza os empregos. As pessoas param de ter iniciativas próprias para trabalhar na fábrica. Dá-se até ao luxo de não prosperarem os pequenos negócios familiares, como ocorria antes de a fábrica se estabelecer na localidade. O sonho de todo jovem é ir para a Paraíso. O salário é alto, há benefícios. Um motorista da empresa, por exemplo, tem mais status na cidade do que um médico. Os funcionários da experiências VENCEDORAS fábrica entram primeiro nos bailes, namoram as moças mais bonitas Oda segundo Prêmio cidade. Estão Latino-Americano de na moda. Na década de 1970, aDesenvolvimento fábrica torna-se a segunda maior produtora de de Base cimento da América Latina e a população da cidade está cada vez mais envolvida, eufórica, orgulhosa... – construímos Brasília, a ponte RioNiterói, o Maracanã, Itaipu, tudo com o cimento daqui –... e dependente. Quase dois mil funcionários. É a maior empregadora do município. Orgulho e referência para os habitantes da pequena cidade, essa

Empresas e comunidades que transformam a América Latina


Estamos na Suiça, final dos anos 1960, em Saint Gallen, esta bela charmoso centro histórico. Suas sacadas envidraçadas pintadas com catedral e a biblioteca, entraram para a lista de Patrimônios da Hum © Corporación RedEAmérica nas ciências econômicas. Destaque para a Universidade de Saint Galle Novembro de 2015 de ler para seus estudos é A Empresa como Sistema Social, do profes sistemas sociais, como, por exemplo, uma associação, uma empresa, u Transformadores Premio e Latino-americano de Desenvolvimento Base perceber interpretar a derealidade, que deve ser de forma sistêmica – ISBN: 2463-1825 elementos que o compõem, e não de forma pontual e linear. Esse livro m Bogotá, Colômbia amigos: Carlos Bühler e Edgar von Buettner. Termin Aqui, na Suiça, começ Junta Diretora Diretora Executiva Eugenia Mejía Arango a Margareth Flórez Vamos para o Brasil, paraBeatrizCuritiba, capital do estado do Paraná, c Presidente Junta Diretora, Fundação Smurfit da Colômbia conjunta, em ser ecologicamente s do mundo, que se preocupa, deCartónforma Pilar Parás Coordenadora de Desenvolvimento de Capacidades econômico. Começo Vice-presidente Junta Diretora, Fundação Merced, México Paola Zúñiga Valcárcel Edgar von Buettner vive nesta metrópole do sul do Brasil Trabalha a i Andrea Schettini Coordenadora de Comunicações e Posicionamento e experiências Representante no assunto. Imagina criar uma cidade diferenciada e Principal Bloco da Argentina, Fundação Holcim Eliana Nieto Rodríguez fizeram os ingleses, no norte do Julia Iurlina Representante Suplente Bloco da Argentina, Fundação Essen Alunos Coordenadora Administrativa e Financeira Como chamar esse projeto tão ousado? de Edgar, de um curso de Ana Roth Nubia Valderrama para essa concepção. Discutem entre eles, a ponto de o professor chama Representante Principal Bloco do Brasil, Fundação Otacílio Coser Barbacena, Tirad Ligia Saad Crônicas e edição geral Suplente Bloco do Brasil, Instituto Votorantim, Brasil cidade Bernardo González uma fábrica de cimento, a Em meados Representante de 1950, instala-se na Ana Milena Lemos dinamarquesa. Inaugura-se um período de euforia na cidade. Isso mon Principal Bloco da Colômbia, Fundação Caicedo González Riopaila Castilla Fotografias para Representante trabalhar na fábrica. Dá-se até luxo de não Cristina Gutiérrez Arquivoao The Haciendas a Luxury Collection and Hotelprosperarem os estabelecer Representante na localidade. O sonho de todo jovem é ir para a Paraíso. O Suplente Bloco da Colômbia, Fundação Génesis para a Infância Alfredo Blázquez Jesvana Pollicardo Arquivo Instituto Votorantim tem mais status na cidade do que um médico. Os funcionários da fábr Representante Principal Bloco do Chile, Fundação Minera Pelambres Arquivo Fundação Falcondo da cidade. Estã Monserrat Baranda Na década de 1970, a Suplente fábrica torna-se segunda maior produtora de Representante Bloco do Chile, Fundação Luksic Designa e diagramação Saskia Izurieta Azoma Criterio Ltda. vez mais envolvida, eufórica, orgulhosa... – Editorial construímos Brasília, a pon Representante Principal Bloco do Equador,dependente. Fundação Holcim Quase dois mil funcionários. É Paul Arias Representante Suplente Bloco do Equador, Crisfe Orgulho e referência para osFundação habitantes da pequena cidade, essa fá Itziar Sagone empresarial o paternalism Representante Principal Bloco da Guatemala, Fundação Paiz Ao longo de três décadas, por Miguel uma Gaitán série de razões, dentre elas a pe Representante Suplente Bloco da Guatemala, Fundação Pantaleón, Guatemala gradativamente perdendo sua importância no Martha Herrera O Grupo Paraíso passa a atravessar Representante Principal Bloco do México, CEMEX dificuldades econômicas e ambient de busca por compradores de Karla Jiménez .

Representante Suplente Bloco do México, Fundación Merced Darcy Córdova Representante Principal Bloco do Peru, Cementos Pacasmayo Flavio Flores Representante Suplente Bloco do Peru, Associação Los Andes de Cajamarca - ALAC Arelis Rodríguez Representante Principal Bloco da República Dominicana, Fundação Falcondo Liliana Cruz Representante Suplente Bloco da República Dominicana, AMCHAM César Méndez Representante Principal Bloco de El Salvador, FUSADES Evelyn Pimentel Representante Principal Bloco da Venezuela, Fundação Empresas Polar Carmen Brito Representante Suplente Bloco da Venezuela, CANIA

É PRECISO FAZER A

É nesse contexto que, em 1996, a empresa suíça Holcim assume o contr derivados, a Holcim consegue sanear as finanças da antiga fábrica Essas mudanças, no entanto, não agradam a comunidade. A populaçã Corporação RedEAmérica Calle 72 # 9-55 Of. 602 modernização da produção trará seus antig Tel: (57 1) 3100379- 3461774 Cria-se em torno da Holcim certa antipatia – a imagem de uma emp Bogotá D.C., Colombia direccionejecutiva@redeamerica.org crise de identidade e de vis Por outro lado, os desafios que se apresentam aos dirigentes da nov paternalismo e assistencialismo herdados da empresa que acabam d descobrir suas potencialidades, sem


la metrópole do leste do país. Situada entre dois lagos, possui um om brilho são características locais. O pátio da abadia, incluindo a umanidade da Unesco. Trata-se de uma cidade universitária, com foco allen. Aqui na universidade, um dos primeiros livros que os alunos têm ofessor Hans Ulrich. Um dos capítulos do livro trata do significado dos a, uma comunidade. A finalidade é esclarecer a forma específica de ca – uns ajudando aos outros -, contemplando a interdependência dos o marca a vida dos estudantes da escola, em particular a de dois minados os estudos, cada um segue seu caminho. Conteúdo meça a nossa história. á, considerada pela revista Forbes a terceira cidade mais engenhosa te sustentável, com qualidade de vida, boa infraestrutura e dinamismo eço dos anos 2000. a ideia de uma cidade planejada, com base em seus conhecimentos a em alguma área desabitada deste país tão grande e fazer como do Paraná, ao fundar Londrina. de pós-graduação em tecnologias ambientais, tentam achar um nome amar a atenção do grupo, tamanho barulho na sala de aula.históricas, iradentes e São 5 o, a Paraíso. Coisa de primeiro mundo:Finalistas capital nacional e tecnologia de Transformadores 2014 monopoliza os empregos. As pessoas param de ter iniciativas próprias os pequenos negócios familiares, como ocorria antes de a fábrica se 6 O salário é alto, há benefícios. Um motorista da empresa, por exemplo, Apresentação fábrica entram primeiro nos bailes, namoram as moças mais bonitas Estão na moda. 8 de cimento da América Latina e a população da cidade está cada ponte Rio-Niterói, o Maracanã, Itaipu, As tudo herdeirascom do Sisal o cimento daqui –... e os. É a maior empregadora do município. a fábrica, esse ‘paraíso’, tem como característica de sua cultura 20 smo e o assistencialismo. Los Dajaos muda seu curso a perda de competitividade e a defasagem tecnológica, a Paraíso vai a no mercado e demitindo seus empregados. 30 ientais e, para garantir a continuidade do negócio, inicia um processo O tecido da sustentabilidade de suas fábricas de cimento.

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ntrole da Paraíso. Líder mundial na produção de cimento, concreto e rica, introduz novos métodos de produção e tecnologias avançadas. ação da cidade alimenta a expectativa, totalmente ilusória, de que a ntigos empregos de volta; o que não acontece. mpresa que não proporciona benefícios à comunidade. Instala-se uma visão de futuro na cidade. nova empresa são claros e complexos. Como romper com o ciclo de m de adquirir? Como ajudar a cidade a buscar seu próprio caminho, a em depender da fábrica de cimento?


Estamos na Suiça, final dos anos 1960, em Saint Gallen, esta bela metrópole do leste do país. Situada entre dois lagos, possui um charmoso centro histórico. Suas sacadas envidraçadas pintadas com brilho são características locais. O pátio da abadia, incluindo a catedral e a biblioteca, entraram para a lista de Patrimônios da Humanidade da Unesco. Trata-se de uma cidade universitária, com foco nas ciências econômicas. Destaque para a Universidade de Saint Gallen. Aqui na universidade, um dos primeiros livros que os alunos têm de ler para seus estudos é A Empresa como Sistema Social, do professor Hans Ulrich. Um dos capítulos do livro trata do significado dos sistemas sociais, como, por exemplo, uma associação, O que é e o que fazAafinalidade RedEAmérica? uma empresa, uma comunidade. é esclarecer a forma específica de perceber e interpretar a realidade, que deve ser de forma sistêmica – uns ajudando aos outros -, contemplando a interdependência dos elementos que o compõem, e não de forma pontual e linear. Esse livro marca a vida dos estudantes da escola, é qualificar e expandir a ação empresarial para a promoçãoede Edgar von Buettner. em particular a Nossa demissão dois amigos: Carlos Bühler comunidades sustentáveis na América Latina. Terminados os estudos, cada um segue seu caminho. Aqui, naa serSuiça, começa nossa história. Aspiramos o espaço de referência para o setora empresarial latino-americano para a criação conjunta de conhecimento e articulação de práticas que Vamos para o Brasil, para Curitiba, a capital do estado do Paraná, contribuam para a promoção de comunidades sustentáveis. considerada pela revista Forbes a terceira cidade mais engenhosa do mundo, que se preocupa, de forma conjunta, em ser ecologicamente de 70 organizações dede origemvida, empresarial boa em 11 países da América Latina e sustentável, com Mais qualidade infraestrutura e dinamismo do Caribe fazem parte da RedEAmérica. econômico. Começo dos anos 2000. Edgar von Buettner vive nesta metrópole do sul do Brasil Trabalha a ideia de uma cidade planejada, com base em seus conhecimentos e experiências noComo assunto. Imagina criar uma cidade diferenciada o fazemos? em alguma área desabitada deste país tão grande e fazer como fizeram os ingleses, no norte do Paraná, ao fundar Londrina. espaços de diálogoousado? sobre estratégias eAlunos tendências no envolvimento Como chamar esse Geramos projeto tão de Edgar, de um curso empresa-comunidade. de pós-graduação em tecnologias ambientais, tentam achar um nome para essa concepção. Discutem entre eles, a ponto de o professor Promovemos de aprendizagem coletiva entre os membros e na sala de aula. chamar a atenção doa geração grupo, tamanho barulho contribuímos para o fortalecimento de suas capacidades. históricas, Barbacena, Tiradentes e São Em meados de 1950, instala-se nacriarcidade fábrica de cimento, Facilitamos cenários e espaços para alianças, aprenderuma juntos e promover a Paraíso. Coisa de primeiro mundo: capitalde base. nacional e tecnologia comunidades sustentáveis com enfoque de desenvolvimento dinamarquesa. Inaugura-se um período de euforia na cidade. Isso monopoliza os empregos. As pessoas de ter iniciativas próprias Criamos oportunidades para visibilizar e param compartilhar experiências. para trabalhar na fábrica. Dá-se até ao luxo de não prosperarem os pequenos negócios familiares, como ocorria antes de a fábrica se estabelecer na localidade. O sonho de todo jovem é ir para a Paraíso. O salário é alto, há benefícios. Um motorista da empresa, por exemplo, tem mais status na cidade do que um médico. Os funcionários da fábrica entram primeiro nos bailes, namoram as moças mais bonitas da cidade. Estão na moda. Na década de 1970, a fábrica torna-se a segunda maior produtora de cimento da América Latina e a população da cidade está cada vez mais 4envolvida, eufórica, orgulhosa... – construímos Brasília, a ponte Rio-Niterói, o Maracanã, Itaipu, tudo com o cimento daqui –... e dependente. Quase dois mil funcionários. É a maior empregadora do mun icípio.


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Finalistas de Transformadores 2014

Projeto Integral Comunitário em Santa Rosa de Lima, Yucatán, México. Fundação Haciendas del Mundo Maya, México. Melhorando nossa saúde no sul de Lima “Famílias Saudáveis”. Associação Unacem, Peru. Projeto de desenvolvimento integral da microbacia de Los Dajaos. Fundação Falcondo, República Dominicana. Operacionalização da política pública formulada mediante o Decreto 411.020.0133 de 2010 no município de Santiago de Cali, Colômbia, para a inclusão dos recicladores ex–Navarro na economia formal da limpeza da cidade. Fundação Carvajal, Colômbia. Fomento dos direitos da infância e juventude nos Montes de Maria. Fundação Antonio Restrepo Barco, Colômbia. Gestão integral da educação no município de Sabanalarga: um exercício de corresponsabilidade social com a comunidade ampliada. Fundação Promigas, Colômbia. Programa Rede Escolaí. Fundação Otacílio Coser, Brasil Programa Redes. Instituto Votorantim, Brasil.

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Natura e Cajamar – a construção do relacionamento entre a empresa e seu entorno. Natura, Brasil.

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Inclusão econômica e social de empreendedoras têxteis: compras inclusivas da mão de El Arca. Fundação Arcor, Argentina.

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Pelos direitos dos meninos, meninas e adolescentes: construção participativa da política pública de primeira infância, infância e adolescentes nos municípios de Florida y Zarzal, no Vale do Cauca, Colômbia. Fundação Caicedo González, Colômbia.

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Apresentação

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Em 2014, RedEAmérica realizou a segunda edição do prêmio Transformadores, que tem por objetivo visibilizar e enaltecer as experiências mais inovadoras, inspiradoras e significativas em desenvolvimento de base desenvolvidas pelos membros da Rede. Nesta edição se candidataram 31 iniciativas de 9 países, conjunto que mostra as diferentes formas como organizações empresariais e comunidades constroem juntas oportunidades de desenvolvimento para seus territórios. Os jurados destacaram o alto nível das propostas apresentadas, a grande diversidade de formas de intervenção que ilustram, o alto grau de inovação incorporado nelas e a ampla gama de aprendizagens que transmitem. Assim, observaram que este conjunto de experiências é uma valiosa mostra das articulações possíveis entre organizações comunitárias, fundações e empresas na busca de soluções para as diferentes problemáticas que afetam as comunidades na América Latina. Deste grupo de iniciativas, em 26 de março de 2015, no marco do VII Fórum Internacional da RedEAmérica, FIR, realizado em Mérida, México, fez-se a entrega do Prêmio Transformadores a três delas: o Projeto de Desenvolvimento Integral da Microbacia de Los Dajaos, da Fundação Falcondo, da República Dominicana; o Projeto Integral Comunitário em Santa Rosa de Lima, levado adiante pela Fundação Haciendas do Mundo Maia, do México, e o programa ReDes, do Instituto Votorantim, do Brasil. Cada uma das três iniciativas propôs soluções inovadoras, eficazes e participativas para os problemas das comunidades com que trabalham. Em Los Dajaos, uma microbacia encravada nas montanhas da República Dominicana, a Fundação Falcondo acompanhou a comunidade para dar uma reviravolta completa à sua vocação agrícola e para assumi-la com a utilização de recursos da tecnologia e preservando o ambiente. Em Santa Rosa de Lima e em boa parte da península de Yucatán, a Fundação Haciendas do Mundo Maia construiu uma proposta de inclusão produtiva, resgate cultural e organização social que levou o bem-estar a muitas comunidades locais.

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No Brasil, o Instituto Votorantim, em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, chegou a 28 municípios de todo o país para apoiar projetos de geração de renda integrados a redes de negócios inclusivos que conseguem impactar as economias locais, acompanhados por grupos de participação comunitária mobilizados no mesmo processo. Um resumo de suas propostas e de suas realizações é apresentado nas crônicas que compõem esta publicação. Estas iniciativas vencedoras foram escolhidas por um júri de luxo, que merece todo o nosso reconhecimento: Carolina Rouillon, gerente geral da Associação Sodexo para o Desenvolvimento Sustentável no Peru e diretora do programa STOP Hunger; Gabriel Berger, professor da Universidade de San Andrés, na Argentina, e diretor do Centro de Inovação Social; Javier Martín Cavanna, presidente da Fundação Compromisso e Transparência da Espanha e editor da revista “Compromisso Empresarial”, e Juan Carlos Tavares, gestor territorial da Corporação para o Desenvolvimento Picacho com Futuro e membro do Conselho Territorial de Planejamento do município de Medellín, na Colômbia. A eles, aos vencedores desta segunda edição de Transformadores e às organizações que apresentaram suas iniciativas, damos nosso mais sincero agradecimento, pois, sem dúvida, suas propostas visionárias e suas realizações servirão de inspiração e de guia para o trabalho em que todos estamos comprometidos na América Latina: a inclusão efetiva e positiva das comunidades mais pobres nos circuitos econômicos e nas democracias da região.

Margareth Flórez Diretora Executiva, RedEAmérica

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As herdeiras do Sisal

Bernardo Gonzรกlez


As herdeiras do Sisal

Na península de Yucatán, México, sobre as ruínas de uma casta hegemônica estacionada na monocultura do henequén, se constrói hoje uma proposta de transformação social e econômica enraizada na cultura maia. Os espanhóis não tiveram facilidades quando chegaram, por volta de 1540, à península de Yucatán. Quente, árida, calcária, imenso guarda do Golfo do México, acolhia um povo de elaborada cultura e importante organização política e social: os maias. Não contava, porém, com metais preciosos nem com o solo que permitisse aos conquistadores desenvolver una produção agrícola de escala importante para se tornarem ricos. Utilizaram a mão de obra indígena para cultivar a terra sem grandes resultados pelos 350 anos seguintes, até que em meados do século XIX seus herdeiros se encontraram com aquilo que chamaram de ouro verde. A revolução industrial, que havia alçado voo no primeiro mundo, demandava sacos para transportar produtos e fios para

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experiências VENCEDORAS o segundo Prêmio Latino-Americano de Desenvolvimento de Base

atá-los, e na península brotava de forma quase silvestre una planta que os maias chamaram ki, os locais chamaram de henequén e outros conheceram como sisal, devido ao nome do porto peninsular pelo qual era exportado. Do henequén se extraía uma fibra muito resistente com a qual começaram a fabricar todo tipo de sacos e cordas.

“Nós entramos em cena quando o grupo empresarial que criou este projeto passa pela região e visualiza imediatamente o potencial que tem a recuperação desses edifícios”.

Tal como sucedeu com o caucho (borracha) no Amazonas, a península viveu um apogeu econômico de grandes proporções, capitalizado pelo que se chamou a Casta Divina, um estreito círculo oligárquico e conservador que utilizou arquitetos europeus e mexicanos para construir seus palacetes na cidade de Mérida e suas imponentes fazendas nos arredores, onde os índios maias cultivavam e processavam de sol a sol o henequén, sem liberdade de circulação e eternamente endividados nos armazéns de seus senhores. Entretanto, como ocorreu com o caucho, também o henequén teve seu ocaso; o surgimento do nylon e de outras fibras sintéticas, a reforma agrária que nacionalizou as fazendas e criou os ejidos [porção de terra de uso público] e a propriedade comunal da terra do México, fizeram naufragar este império em meados do século XX. E a primeira coisa que fizeram as comunidades maias foi destruir muitas das fazendas, como símbolo da espoliação, do abuso e da escravidão a que foram submetidas por anos.

Como a ave fênix Levaria algum tempo para que as coisas começassem a mudar, nos primeiros anos da década de 1990. “Nós entramos em cena quando o grupo empresarial que criou este projeto passa pela região e visualiza imediatamente o potencial que tem a recuperação desses edifícios para reativar econômica e socialmente comunidades com um altíssimo valor patrimonial, pois são os detentores da cultura maia, uma das mais importantes da humanidade”, conta Carola Díez, diretora geral daquela que é hoje a Fundação Fazendas do Mundo Maia. Naquele momento a situação era precária: vulnerabilidade social e pobreza extrema ao redor das fazendas. Os homens jovens e adultos tinham ido buscar trabalho em cidades e campos. Ao redor das fazendas haviam ficado na sua maioria os adultos mais velhos, as mulheres e as crianças que tentavam sobreviver. Apesar disso, era grande o potencial. De um lado a tradição maia em todas as suas dimensões, e de outro um patrimônio natural bem significativo.

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O desafio era importante: construir um projeto hoteleiro em torno do qual se refundassem espaços de liberdade, de desenvolvimento e diálogo entre duas culturas, nos quais se respeitasse o entorno natural, se aproveitasse a imponente arquitetura das fazendas e se desse prioridade ao emprego local, utilizando o legado maia que continuava vivo em uma população majoritariamente indígena. Nesse contexto, o grupo empresarial Paralelo 19, dedicado a empreendimentos imobiliários e turísticos em varias zonas do México, restaurou e pôs em funcionamento cinco fazendas - hotéis de altíssimo nível: The Fazendas a Luxure Collection & Hotels. Na restauração, realizou-se um investimento importante, assim como na capacitação de bombeiros, eletricistas e pedreiros. Em torno desse processo, iniciou-se com as comunidades e a vizinhança o diálogo e o compromisso que pouco a pouco iriam esboçando um projeto de turismo sustentável.

A passagem de Isidoro Em 2002, o furacão Isidoro arrasou a península de Yucatán, destruindo cerca de 80.000 moradias na região. Este desastre mobilizou a solidariedade de todo o México, mas também encontrou uma comunidade conhecedora de suas necessidades e vulnerabilidades, que havia construído uma relação com aqueles que estimulavam o projeto hoteleiro. Foi então que surgiu a Fundação Fazendas do Mundo Maia A.C., com a visão inicial de acompanhar as comunidades vizinhas das fazendas em processos de desenvolvimento participativo e com um imenso desafio inicial: atender às necessidades surgidas do desastre natural. Naturalmente, seu primeiro programa participativo foi de moradias, com o qual se reconstruíram 23 comunidades onde foram levantadas 2.375 casas mediante autoconstrução e organização comunitária. “Isto permitiu um empoderamento e um espaço de aprendizagem em processos participativos que deflagrou o que hoje é uma metodologia já sistematizada e publicada, que constitui nossa forma de abordar o trabalho participativo em desenvolvimento”, afirma Carola Diez.

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Desse esforço surgiria o que em 2005 se configurou como o Modelo de Desenvolvimento Integral Comunitário, que via a ampliar o capital social através do estímulo a espaços de participação para o fortalecimento do desenvolvimento humano centrado na pessoa e das lideranças, para promover uma visão de futuro a médio e longo prazo. O modelo também propõe a geração de rendimentos sustentáveis, especialmente para mulheres das comunidades próximas dos hotéis, que não dispunham de outras opções de trabalho; tudo enraizado de maneira profunda nos saberes e nas tradições culturais do povo maia. O Modelo de Desenvolvimento Integral Comunitário propõe seis linhas estratégicas: Educação, Saúde, Moradia e infraestrutura e Empreendimentos produtivos para mulheres, e dois eixos transversais, o Desenvolvimento humano comunitário e Meio ambiente e recursos naturais. O modelo tem um ciclo de vida de mais ou menos cinco anos em cada uma das 23 comunidades com as quais a Fundação continuou a trabalhar: início, crescimento, maturidade e graduação. Para começar, faz-se um diagnóstico participativo com o qual se estabelece em que ponto do ciclo se encontra a comunidade e se faz de maneira permanente o monitoramento do progresso do programa para prestar-lhe o apoio necessário em cada fase.

Na prática: Santa Rosa de Lima Santa Rosa de Lima é um distrito do município de Maxcanú, sudoeste do Estado de Yucatán, no coração da antiga zona sisaleira. São 203 famílias que reúnem 913 habitantes, indígenas maias em sua quase totalidade. A quarta parte dessa população é analfabeta e as condições do clima e da terra dificultam, como em boa parte da península, o desenvolvimento da agricultura intensiva. Santa Rosa de Lima é a comunidade onde o modelo foi aplicado da maneira mais completa; com essas experiências conseguiu-se sistematizá-lo, enriquecê-lo e replicá-lo, e este é o que se trabalha atualmente em todas as comunidades. O trabalho da Fundação Fazendas do Mundo Maia em Santa Rosa de Lima conquistou o Prêmio Transformadores da RedEAmérica em sua edição de 2015. Teve início em 2002 com o objetivo de “reativar econômica e socialmen-

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te a comunidade, gerar fontes de emprego formal no hotel Fazenda Santa Rosa a Luxure Collection & Hotels, e capacitar e acompanhar os grupos de base para a geração de autoempregos com a criação de empresas sociais e cooperativas artesanais e de serviços turísticos”. Procurou-se também o acesso a oportunidades de educação em nível médio e superior, e o atendimento primário à saúde, assim como se trabalha para melhorar as condições de moradia e saneamento para as famílias. O modelo também busca gerar na população capacidades de vinculação com instâncias públicas e privadas, de modo a garantir a sustentabilidade dos projetos. O mais vitorioso desses esforços é, sem dúvida, a geração de autoempregos com rendimentos sustentáveis para mulheres da região, que hoje estão organizadas em cooperativas artesanais e de serviços turísticos, e que trabalham principalmente como fornecedores dos hotéis do grupo The Fazendas a Luxure Collection & Hotels. Com os rendimentos gerados por seu trabalho nas cooperativas, as mulheres contribuem com suas famílias e dinamizam a economia local.

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Originalmente buscou-se organizar um programa de resgate da produção artesanal com técnicas e uso de materiais tradicionais e com a ajuda de grandes mestres da região.

Em Santa Rosa de Lima, há dez anos, opera a cooperativa KichpanCoole, que hoje é totalmente autogestionada e financeiramente sadia. Conta com cinco oficinas artesanais dedicadas ao bordado de ponto de cruz, à filigrana de prata, ao tecido de henequén, tapetes e redes. A cooperativa está integrada por 43 artesãs e artesãos que atendem às lojas de souvenir dos hotéis e uma variada carteira de clientes, que em 2014 lhes permitiu faturar mais de MXN$ 500.000 (USD$ 31.800). Entretanto, estes resultados não saíram do nada. O processo foi longo para o programa artesanal da Fundação, que hoje engloba 19 empresas sociais como Kichpan Coole. Originalmente buscou-se organizar um programa de resgate da produção artesanal com técnicas e uso de materiais tradicionais e com a ajuda de grandes mestres da região para conseguir desenho e apresentação atrativos. Teve-se em vista uma perspectiva de gênero, pois as mulheres tinham ficado fora das grandes distribuições de terras das fazendas que ocorreram na década de 1930, no México, e muitas delas aguardavam em suas casas uma oportunidade para serem mais produtivas. A Fundação gerenciou recursos para construir as oficinas onde as mulheres pudessem trabalhar (hoje existem mais de 36, em 16 comunidades). Porém, organizadas as primeiras oficinas, perceberam que o desafio ia muito além de produzir objetos bonitos e representativos da cultura maia para vender nos hotéis; era preciso ver também como poderiam administrar, comprar insumos, controlar a qualidade, comerciar e manejar o dinheiro. Em suma, gerir toda a cadeia de valor e ter sucesso nesse esforço.

A Cooperativa Spa Ao falar de geração de rendas sustentáveis para as mulheres, não se pode deixar passar outro caso de sucesso: a Cooperativa Spa, que atende exclusivamente aos hóspedes dos hotéis fazenda. Há três anos, já, incorpora conhecimentos ancestrais dos sobadores* da região às técnicas terapêuticas modernas, para oferecer aos viajantes uma experiência de comunicação com o patrimônio cultural maia, e um serviço de alto nível internacional, visto que os hotéis atendem a um segmento exclusivo de grande luxo. Hoje la cooperativa opera nas cinco comunidades de dois Estados onde estão os hotéis fazenda, com os quais negociam convênios de trabalho de maneira autônoma, se autogestionam e operam de modo totalmente autônomo há seis anos, com 98 por cento de pessoal local. *Sobadores: pessoas especializadas em fazer massagens ou fricções com fins terapêuticos e de bem-estar corporal.

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Então, o programa foi orientado para esse propósito e se deu capacitação e assessoria em temas administrativos, contábeis, de desenvolvimento de novos produtos, empreendedorismo e gestão empresarial, de maneira que não só pudessem manejar todas as dimensões da cadeia de valor, mas também conseguir autonomia e sustentabilidade. Pouco a pouco as lojas das fazendas tornaram-se pequenas; se antes se vendia ali toda a sua produção, passaram a buscar outros mercados. Hoje as cooperativas contam com uma distribuidora com duas marcas (Taller Maya para artesanato e Traspatio Maya para produtos gourmet), três lojas e presença em mercados internacionais. Até 2014, tinham sido vendidos 24 milhões de pesos em artesanatos produzidos por 200 associadas das cooperativas, cujo nível de renda está entre MXN$ 850 (USD$ 54,65) e MXN$ 4.000 (USD$ 257,20).

Mãos mágicas Uma dessas artesãs é Martha KuNoh (Ku, en maia, quer dizer ninho de pássaro). Aprendeu de seus avós o bordado em ponto de cruz para encher de cor todo tipo de trabalho, mas essa arte ficou adormecida em suas mãos até que foi convidada a participar de uma das três oficinas fundadas há mais de dez anos em Santa Rosa.

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“Começamos com três oficinas: de bordado, de filigrana em prata e de henequén. Fomos capacitadas e, depois, nos disseram que iam construir as oficinas. Porém, para construí-las teríamos que pedir permissão aos chefes dos ejidos; foi um pouquinho difícil, mas nos juntamos e fomos falar com os avós, que são os chefes, porque nós também sentíamos que tínhamos direito a trabalhar como mulheres. Pouco a pouco, fomos convencendo-os. Agora somos uma cooperativa com 43 associadas e já temos outras duas oficinas, que são tapetes e tecelagem de redes”, conta Martha. Vendem sua produção nos hotéis e na distribuidora que o programa mantém em Mérida, mas também estão conseguindo permanentemente novos clientes, para o que fizeram cartões pessoais com seus telefones e e-mails. Elas se esforçam, ainda que – como conta Martha - os clientes já vão procurar por elas nas oficinas. Sua vida mudou muito. “Quando me recordo, dá-me um nó na garganta, porque chegamos longe. Antes, nos dizíamos: não podemos fazê-lo, não podíamos preencher um cheque. A Fundação nos ajudou bastante e agora somos uma unidade já graduada. E as decisões são tomadas por nós, as associadas da cooperativa, e fazemos os trâmites do banco; e as senhoras já viajam, mudam, vão cobrar sua mão de obra, e isto é uma satisfação que me dá como mulher, ver que conseguimos tantas cosas, juntamente com o apoio de minha família”. E economicamente, ela saiu-se bem. Antes dependia da renda de seu esposo, agora passou a contribuir com uma soma importante para a economia familiar, e seu esposo e suas filhas é que colaboram, muitas vezes, quando ela

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tem que tirar um pedido grande. Martha também tira tempo de seu trabalho para participar do Comitê de Cidadania de Santa Rosa, como representante da oficina de Kichpan Coole, e de seu grupo de saúde, dois espaços que também fazem parte do programa de desenvolvimento integral comunitário.

Esforço integral No entanto, para que haja um desenvolvimento integral, devem ocorrer outras condições além da melhora dos rendimentos: melhores casas, melhores condições de saúde, acesso a maiores níveis de educação, empoderamento e construção de espaços para tomar e estimular decisões, assim como relações com instancias públicas e privadas que apoiem as iniciativas.

A cooperativa Kichpan Coole pertence a una rede de artesãs de 22 comunidades, na qual trabalham para fortalecer seus modelos de negócio.

Em Santa Rosa de Lima, por exemplo, todas as casas dos habitantes estavam na propriedade da fazenda, de modo que o primeiro passo da fundação foi doá-las e transferir o título a seus ocupantes. Foram 160 casas, as quais foram melhoradas em sua maioria, com banheiros ecológicos e outras facilidades. A Fundação também construiu uma Casa de Saúde, hoje é dirigida pela comunidade, para prestar atendimento primário, onde se associa a medicina tradicional maia com a medicina alopática moderna. Conseguiu-se, há oito anos, reduzir a mortalidade infantil a zero, e a desnutrição infantil foi reduzida a 5 por cento. O programa de Educação nasceu para atender a necessidades imediatas de espaços lúdicos, cursos de verão, livros. Hoje, em Santa Rosa, foram alfabetizadas 64 pessoas e 126 realizaram estudos de educação básica. Além disso, com a participação de cidadãos e autoridades locais, foi recuperado e adaptado o edifício de um moinho para a biblioteca local, que em 2013 atendeu a quase quatro mil visitas e, além disso, presta serviços como Centro de Desenvolvimento Comunitário, utilizado pelos empreendedores para a geração de negócios, conectividade e atividades administrativas e contábeis. “O que nós fazemos em tudo, com todos os profissionais que atuam em comunidade, é fortalecer as capacidades locais e o desenvolvimento humano na perspectiva de capital social da comunidade, para incorporar e para somar vitalidade, participação e visões de futuro que deflagrem processos participativos e endógenos de construção de novos cenários de melhoramento social”, comenta Carola Diez. Um desses profissionais é Zoila Jiménez, que trabalha com o Comitê de Cidadania de Santa Rosa de Lima, que é como o eixo articulador na comunidade do trabalho com a Fundação. Dele fazem parte membros da cooperativa artesanal, como Martha KuNoh, ejidatarios, pais e mães de família e autoridades locais. O Comitê forma mesas

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de trabalho com representantes dos três níveis de governo e com outras organizações civis para solucionar as necessidades em saúde, meio ambiente, educação, moradia e serviços, que foram identificadas de maneira participativa pelo mesmo comitê, no caso de Santa Rosa. “Esta é a segunda geração do comitê – comenta Zoila. A primeira foi renovada em setembro passado, quando completou um ano, e a partir de então foram convidadas mais pessoas da comunidade; foi oferecida capacitação e todo o apoio para que formassem sua mesa diretora e as diferentes comissões de trabalho, e para que possam ter coesão como grupo e levar a cabo seus projetos de maneira mais fluida, mais conciliada e mais concreta; que saibam para onde estão olhando e quais são os diferentes caminhos que podem tomar. Analisá-los, refletir sobre eles e decidir”. Decidir de maneira autônoma, porque Santa Rosa já é uma comunidade graduada – o que significa que já adquiriu os conhecimentos, as habilidades, a autonomia e a capacidade de gestão para assegurar sua sustentabilidade -, de modo que o trabalho de Zoila é mais de assessoria e orientação para a tomada de decisões. O comitê de Santa Rosa participa, além disso, de uma rede de comitês de cidadania onde os líderes de diferentes comunidades compartilham, enriquecem e dinamizam suas experiências. Assim, a cooperativa Kichpan Coole pertence a una rede de artesãs de 22 comunidades, na qual trabalham para fortalecer seus modelos de negócio. A biblioteca comunitária também faz parte da rede de bibliotecárias, uma iniciativa que permite às auxiliares educativas compartilhar suas estratégias para melhorar o desenvolvimento das crianças e jovens da comunidade.

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Os pés na terra e os olhos no futuro O balanço não pode ser mais positivo. Um conjunto importante de comunidades de origem maia encontrou um caminho para melhorar sua qualidade de vida através de rendas estáveis, conseguidas com autonomia através da expressão de sua cultura em ambientes de participação nos quais melhoraram sua educação, sua saúde, sua moradia, sua autonomia e suas relações com autoridades locais e novos mercados. Entretanto, também do lado de The Fazendas a Luxure Collection & Hotels ocorreram ganhos: a prestação de um serviço de alta qualidade com uma identidade cultural única, muito valorizada por viajantes exigentes; o prestigio e a satisfação de contribuir de maneira integral para desenvolver uma região e um grupo social que cresceu com eles, integrando-se a sua cadeia de valor naquilo que é uma relação ganha–ganha [vantajosa para todos]. E a Fundação Fazendas do Mundo Maia não só construiu um sólido modelo de trabalho e uma clara estratégia de intervenção, mas se projeta para um ambicioso futuro. “Realmente, hoje a Fundação já cresceu muito além do entorno geográfico das fazendas; nos próximos dois anos, vamos crescer para 19 comunidades a mais – afirma Carola Diez. Hoje o desafio é ampliar, mantendo relações institucionais valiosas e ricas, que nos permitam trabalhar em outra escala e em outros prazos. Hoje contamos com sócios que apostaram em nosso programa integral mais a médio prazo; estamos falando de programas plurianuais com abordagens territoriais, regionais.” Estão falando de futuro, com os pés na terra de seus ancestrais.

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Los Dajaos muda seu curso

Bernardo Gonzรกlez


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Um aviso de desalojamento leva à transformação das práticas agrícolas da comunidade de Los Dajaos, que passou da depredação para a sobrevivência ao emprego de tecnologias para melhorar a produtividade e conseguir a sustentabilidade. Em 1992, o governo dominicano anunciou que construiria uma barragem no Rio Yaque do Norte, o mais importante da república. E que, para aumentar seu caudal, construiria um túnel que desviaria o Rio Los Dajaos e erradicaria as 90 famílias que sobreviviam em sua bacia, desmatando e queimando a vegetação para semear feijão, café e vagem. A comunidade dessa bacia não recebeu o aviso com os braços cruzados. Há duas décadas, havia criado a ASADA, a Associação Agrícola de Los Dajaos, alarmada ao ver que o rio que, anos antes, era muito difícil de atravessar, nesse momento apenas lhes permita lavar as mãos. E se até então não haviam progredido muito, uma vez

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Ortiz propôs duas medidas centrais: mudar para cultivos de alta rentabilidade e utilizar a tecnologia de cultivo in vitro para obter o material de semeadura.

conhecida a notícia, puseram-se a bater em todo tipo de portas, e uma delas foi a da Fundação Falcondo, ligada a Falconbridge Dominicana - Glencore, dedicada à produção de ferroníquel e uma das empresas mineradoras mais importantes da República Dominicana. A Fundação se comprometeu de imediato com o projeto e começou por criar um grupo interdisciplinar para enfrentá-lo. A primeira coisa que fizeram foi uma avaliação rápida, com o apoio da Universidade Nacional Pedro Henríquez Urenha (UNPHU), do Instituto Tecnológico de Santo Domingo (INTEC) e a Universidade de Cornell. O diagnóstico foi concludente: nos 42 quilômetros da sub-bacia de Los Dajaos, quebrada por altas montanhas e com poucas planícies, os solos estavam se degradando aceleradamente devido às más práticas agrícolas, o que ameaçava a mata, a produção de água e a própria comunidade. As 200 famílias sabiam que precisavam mudar a forma de cultivar para evitar o desalojamento e, com essa informação e sua participação, construiu-se o Plano de Desenvolvimento da Microbacia.

Rafael Ortiz fazia parte do grupo interdisciplinar criado para analisar o problema como especialista vinculado naquele momento ao Centro Agronômico Tropical de Investigação e Ensino, CATIE, um organismo internacional com sede em Costa Rica. O CATIE tinha assumido uma óptica de trabalho em bacias, com a intenção de criar impactos importantes em áreas geográficas delimitadas, mediante a introdução de tecnologias que melhorassem os cultivos. Ortiz propôs duas medidas centrais: mudar para cultivos de alta rentabilidade que permitissem obter melhores ganhos, reduzindo a área plantada, e utilizar a tecnologia de cultivo in vitro para obter o material de semeadura. “Com o apoio da Embaixada do Canadá e da Fundação Interamericana, implantamos o primeiro laboratório de cultivo in vitro, de início muito pequeno - conta Arelis Rodríguez, diretora da Fundação Falcondo. A maioria das pessoas pensou que era uma loucura, e que, a seu ver, seria um fracasso fazer isso no campo.”

De microlitros a colheradas A convicção de Rafael Ortiz era firme: “Isto se pode perfeitamente produzir aqui”, dizia com conhecimento de causa, pois essa era sua especialidade. Começaram por levar os camponeses para conhecer o laboratório que o governo dominicano havia montado em Santo Domingo. Acharam-no muito sofisticado, muito complexo. Ortiz conhecia uma forma de fazê-lo mais exequível, com tecnologia já provada pela FAO no Vietname; deu-lhes alguns exemplos e eles responderam: “Se você diz que podemos, nós estamos dispostos”. E aí se iniciou a montagem de uma unidade sumamente rústica e sem energia elétrica, que naquele momento não existia na região. Com essa unidade, produziu-se confiança e, passado o tempo, conseguiram o apoio adicional do Hispanics in Philanthropy, do FOMIN-BID e do Fundo Transnacional,para melhorar a infraestrutura.

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Porém, o desafio principal era a operação de una tecnologia que exigia precisão e meticulosidade por um grupo de camponeses com boa vontade, mas pouca formação. “Todos os que são treinados nisso aprendem uma linguagem meio complexa de partes por milhão, microgramas, microlitros, que a gente de Los Dajaos não podia manejar. O que se fez foi traduzir microlitros por colheradas. Mantiveram-se algumas medições de grandes coisas, mas se fez um convênio com uma escola agrícola, de maneira que lhes prepararam todas as coisas micro para eles usarem como xícaras e colheradas. Deu-se um enfoque de receitas de cozinha, mantendo os padrões de qualidade com as concentrações adequadas”. Com essa tradução e o treinamento de membros da comunidade, deu-se partida à operação do laboratório pela ASADA, com o qual se aproximavam os produtores e as sementes de morango, que naquele momento só eram obtidas na Califórnia ou na Argentina. E leve-se em conta que uma única plântula de morango saída dos cultivos da Califórnia é vendida a US$ 175. E se vende por esse preço porque, levada ao laboratório, à estufa e ao campo, gera dois milhões de plantas certificadas. Hoje o laboratório, além de produzir as sementes para os agricultores da região, provê outros produtores do país.

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“É um laboratório como Deus manda – anota Arelis Rodríguez. No sentido de que continua sendo rústico, continua sendo manipulado por jovens que têm apenas a oitava série do curso primário, mas que já são mestres em seu manejo e na reprodução de cultivos in vitro.”

Mais floresta e maior rentabilidade Entretanto, não era possível ter bons cultivos sem água, e esse recurso não chegava lá em cima, nas montanhas; por isso, antes do laboratório, antes dos morangos, construiu-se um aqueduto e um sistema de regos. Esta foi a primeira prioridade estabelecida por ASADA no Plano de Desenvolvimento da Microbacia. A Fundação entrou com o material e a assessoria técnica, mas com o trabalho de 75 pessoas durante seis meses, foi a comunidade que entrou. A seguir, repetiriam esse esquema solidário para fazer o dispensário médico, a escola e a igreja. E, naturalmente, introduziram melhoras nas técnicas de cultivo: semeaduras em contornos, em curvas de nível, valetas de retenção de água nas ladeiras; tudo destinado à proteção da mata e da montanha, e à preservação do ambiente. Além disso, foram dados muitos cursos sobre a produção em aclives.

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Inicialmente, escolheu-se o morango por sua alta rentabilidade, o que permitia liberar grandes áreas de montanha para restabelecer a mata. E, para começar, a Fundação apoiou um líder, Fredy Moronta, que foi treinado nesse cultivo e até levado à Guatemala e à França para aprender os segredos dos morangos. Fredy logo comprou um relógio, uma caminhonete, seus vizinhos o viram progredir. “Quando Fredy começou a cultivar morangos, os outros começaram timidamente a experimentar - comenta Arelis Rodríguez. Então, criamos um fundo para financiar a todos que produzissem algo diferente e reduzisse a quantidade de terra que estava utilizando para o cultivo. E se eles reflorestavam, dávamos acesso a empréstimos sem juros e fáceis de pagar. Começamos a promover o morango em 17 produtores.” Após regularizar este cultivo, os agricultores começaram a diversificar; hoje plantam também macadâmia, tomate de árvore, lulo, lichia e chuchú, uma fruta que, por suas propriedades emagrecedoras, tem muita demanda na Europa, Japão e México. Quanto à cobertura florestal na região, conseguiu-se aumentar de 48%, em 2004, a 68%, em 2011, segundo o comprova um estudo do Programa para a Proteção Ambiental de The Nature Conservance e outros associados.

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O entusiasmo não se esgota Os agricultores começaram a diversificar; hoje plantam também macadâmia, tomate de árvore, lulo, lichia e chuchú

Quando Daniel Domínguez fala, percebe-se o seu entusiasmo. Ele é o atual presidente da ASADA. “Agora mesmo estamos enchendo umas bolsas para pôr ali vinte mil e tantas mudas de roseira, para repartir com os outros habitantes da comunidade e também as demais associações. E já as temos bem arrumadas na bandeja; agora estamos mudando-as para as bolsas, para levar a cada família flores para cultivarem em casa.” Daniel fala de um projeto recente da ASADA e da Fundação Falcondo para as mulheres da comunidade: cultivar flores em seu ambiente próximo, para oferecer-lhes uma atividade econômica sem que tenham de afastar-se do lar. “Na ASADA contamos agora mesmo com 35 pessoas, mas somos 61 – diz Daniel. Há associados passivos e associados ativos. Os passivos estão fora, mas quando há uma reunião, qualquer trabalho, nós os avisamos e logo eles vêm e cooperam conosco. Conseguimos muitos projetos de banheiros, de sanitários para a comunidade. Aqui, todas as casas já têm seu banheiro feito com projeto da Associação. Também se recolhe o lixo. Enfim, nós estamos muito bem protegidos nesta comunidade.” A ASADA levou a sério o seu trabalho: na administração do laboratório e na venda de sua produção, na gestão da capacitação de seu pessoal e na motivação da alfabetização dos adultos, que era um problema sério na região; na manutenção do aqueduto e dos caminhos vicinais, e na supervisão da pequena hidrelétrica que funciona ali; no cuidado da mata e dos riachos, no reflorestamento da região e no cuidado com a saúde dos mais vulneráveis, e acrescentou a tudo isso um trabalho muito importante: o fortalecimento de mais de duzentas associações camponesas de toda a bacia, agrupadas graças à sua gestão na Organização Junta Yaque, com que trabalham para se fortalecer. “Nós os assessoramos, compartilhamos com eles a prática, e vamos ensinando tudo que sabemos a esse grupo de associações que temos em nossa comunidade. São muitos campos que temos aqui: temos Pajarito, temos Angostura, temos Compranza, enfim, temos a Jarabacoa inteira. Unidos, todos nós nos damos muito bem. E também compartilhamos com eles todas as ajudas” – comenta, orgulhoso, Daniel Domínguez. E a ASADA se tornou o grande centro de capacitação da região e o eixo para a transferência do Modelo de Desenvolvimento Integral que foi gestado e consolidado com a experiência de Los Dajaos.

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A sua execução tornou-se um modelo nacional de desenvolvimento integral e proteção de bacias hidrográficas. Modelo que, além disso, levou-a a receber prêmios. ASADA ganhou em duas oportunidades – em 1998 e 2010 - o prêmio “Brugal crê em seu povo”1, na categoria Defesa e Proteção do Meio Ambiente, “por seu trabalho a favor do desenvolvimento integral das famílias que habitam a alta bacia do Río Yaque do Norte, através da conservação dos recursos, da diversificação dos cultivos, do reflorestamento e da conscientização ambiental”. E ainda, em 2015, das mãos da Fundação Falcondo, fez-se merecedora do Prêmio Transformadores da RedEAmérica.

O fermento da transformação

ASADA se tornou o grande centro de capacitação da região e o eixo para a transferência do Modelo de Desenvolvimento Integral

“Para o futuro, nós já estamos começando o que chamamos ‘fechar as cortinas’ – comenta Arelis Rodríguez. Isso significa que o controle já deve passar para as mãos deles, e devem adquirir a confiança de que a podem administrar. Eles possuem todos os requisitos que a lei exige para um negócio ou uma ONG estar operando. De momento, estão fazendo pequenos relatórios financeiros para conseguir a independência no manejo das finanças, transparência.”

1.

Brugal é a marca dominicana que comercializa rum em âmbito internacional.

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ASADA e a Fundação constroem o plano de negócios que permita que o laboratório possa converter-se em uma fonte importante de recursos para a comunidade. Também se está buscando financiamento para fazer um frigorífico, poder produzir em volume e ter como armazenar, porque, até agora, aquilo que se colhe tem que ser vendido. “Eu creio que o mais importante deste projeto é ter encontrado o caminho para o empoderamento totalmente autônomo de um grupo rural”, afirma Rafael Ortiz sobre a transferência a tecnologia de semeadura e cultivo de morango. Ortiz também anota um importante êxito na forma como a organização contagiou a toda a região. Contudo, crê que ainda é preciso trabalhar para superar una arraigada cultura agrícola de subsistência e pensar em buscar os mercados externos. Entretanto, o fermento da mudança está inoculado em Los Dajaos e existe uma faixa de jovens agricultores que podem dar uma reviravolta mais empresarial ao esforço da Associação. A barragem anunciada pelo governo nunca se realizou, a comunidade da microbacia não enfrentou, afinal, o desalojamento; o Rio Los Dajaos não mudou o seu curso, mas a comunidade que enfrentou essa profunda crise, sim, ela mudou o seu para una forma de conviver de maneira produtiva e sustentável com a água, com a montanha, consigo mesma.

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O tecido da sustentabilidade

Bernardo Gonzรกlez


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Contribuir para a existência de comunidades sustentáveis com economias ativas e governança participativa é a meta de ReDes, o programa de luta contra a pobreza que o Instituto Votorantim e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES desenvolveram no Brasil. No ano de 2010, no final do governo de Lula da Silva, o Brasil surpreendeu o mundo ao tirar da pobreza 28milhões de pessoas e levar outros 36 milhões para a classe média. Porém, o trabalho não estava concluído, 16 milhões de brasileiros continuavam vivendo na pobreza. Para enfrentar esse desafio, o governo criou o Plano Brasil sem Miséria, que reunia os esforços e aprendizagens de programas anteriores e os centrava nesta população. Nesse sentido, o BNDES, empresa pública federal, apoia projetos de economia solidária com foco na inclusão socioprodutiva coletiva, por meio da aplicação de recursos não reembolsáveis do BNDES Fundo Social.

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Por seu lado, o Instituto Votorantim, gestor de ação social do Grupo de mesmo nome, que atuava desde 2002, principalmente com iniciativas de educação e desenvolvimento territorial, também estava interessado em desenvolver atividades que contribuíssem para a redução da pobreza e promovessem a revitalização econômica das comunidades nas áreas onde a Votorantim tem suas operações. Esta confluência de interesses levou ambas instituições a desenvolverem uma parceria em que cada uma contribuiu com partes iguais dos recursos, e o Instituto Votorantim com a gestão dos projetos e a capilaridade necessária para atingir os municípios onde o grupo possui fábricas e operações. Assim nasceu ReDes, um programa de incentivo e fortalecimento de negócios inclusivos para a geração de renda com dois componentes adicionais muito importantes: o desenvolvimento de redes locaisque assegurassem a sustentabilidade das iniciativas e o fortalecimento dos grupos de participação comunitária que oferecessem legitimidade, pertinência e transparência ao programa em cada localidade. Para participar do programa, foram selecionados inicialmente onze municípios pertencentes ao programa Territórios da Cidadania do governo federal, e outros catorze escolhidos por seus indicadores socioeconômicos críticos: baixo dinamismo econômico, alta concentração de focos de pobreza e forte dependência econômica do setor público e das poucas empresas que operam em seus territórios. Em 2013 três novos municípios foram incluídos, totalizando 28 municípios em onze estados, além do Distrito Federal. Destes, a Votorantim tem operação direta em 22. Em cada um deles foi realizado um mapeamento das organizações e agentes locais, e se estimulou a mobilização social para criar grupos de participação comunitária, nos quais tiveram assento membros do setor público, do setor produtivo e do terceiro setor. Com o apoio de uma consultoria especializada, estes grupos contribuíram com a elaboração de um diagnóstico participativo que, por um lado, identificasse oportunidades de fortalecimento da economia local, com a possibilidade de melhorar a renda das comunidades mais pobres e, outro lado, identificasse organizações aptas a desenvolver planos de negócios inclusivos que pudessem ser apoiados em uma das quatro linhas de ação do programa: abastecimento alimentar, comércio e serviços, economia criativa e reciclagem.

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O tecido da sustentabilidade

As organizações identificadas participaram de oficinas participativas e elaboraram seus planos de negócios inclusivos. Após a finalização desses planos, passaram por um processo de seleção que conta com a recomendação local do grupo de participação comunitária, da unidade de negócios e da consultoria de apoio. Após essa etapa de recomendação local, um avaliador externo elabora um parecer técnico seguindo o modelo desenvolvido pelo Programa ReDes, que avalia o potencial de impacto social e econômico de cada uma das propostas. Seguindo este processo, ReDespassou a apoiar em 2013 40 projetos de negócios inclusivos – 75% em zonas rurais e 45% com participação exclusiva de mulheres -, entre os quais se encontram 8 iniciativas da agricultura familiar, 10 de agroindústria, 6 na cadeia de valor da pesca, 4 na do leite, 3 grupos de artesãos e outros que comercializam panificados, produzem flores ou fazem a reciclagem, por exemplo. Com este esforço começaram a ser beneficiadas diretamente mais de 1.600 famílias e trabalha-se para atender a 2.500. Outras dez iniciativas passaram pelo processo de elaboração de propostas e seleção de projetos em 2014 para início do apoio a partir de 2015.

ReDes se propôs como meta garantir que 70% dos empreendedores apoiados tenham plena autonomia para gerenciar seu negócio ao alcançar o quinto ano.

Uma vez definidos os negócios, o programa promoveu, em cada localidade, a articulação das redes de pessoas e organizações capazes de fortalecer os negócios inclusivos. “A proposta das três frentes (geração de renda, rede de negócios inclusivos e grupos da participação comunitária) é fomentar a sustentabilidade dos projetos”, comenta Rafael Gioielli, gerente geral do Instituto Votorantim. “Mais do que contribuir para projetos específicos, nossa intenção é incentivar redes locais onde os diversos setores se articulem para garantir a dinamização da economia local com a participação da comunidade nas decisões do programa, garantindo proteção e sustentabilidade dos projetos e transparência na utilização dos recursos. A transparência é algoprioritário, porque estamos trabalhando com dinheiro público.”

Em busca da sustentabilidade O ReDes se propôs como meta garantir que 70% dos empreendedores apoiados tenham plena autonomia para gerenciar seu negócio ao alcançar o quinto ano. Para consegui-lo, foi desenhada uma metodologia que apoia estreitamente a evolução dos empreendimentos. Os dois primeiros anos estão focados na melhoria da infraestrutura e da revisão dos processos produtivos ou de serviços, e inclui a regularização formal de todos os aspectos do empreendimento. Nesse período, além do suporte técnico e em gestão, o programa faz investimentos diretos nos projetos selecionados.

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“As empresas do grupo têm um papel fundamental na estrutura e na gestão do programa”, afirma Rafael Gioielli.

“Investimos para ter uma metodologia de acompanhamento consistente” - diz Carolina de Jongh, responsável pela gestão do Programa ReDes no Instituto Votorantim. “Temos um acompanhamento bastante próximo, principalmente nos dois primeiros anos. Um assessor local em cada município acompanha semanalmente todos os projetos. Além disso, uma vez por mês, um consultor vai aos empreendimentos com o desafio de prepará-los para uma gestão profissional dos negócios, apoiando-os na construção de uma visão estratégica e no planejamento de longo prazo dessas organizações. Este trabalho inclui a formação em gestão participativa, finanças, otimização de recursos, entre outras técnicas de administração e economia solidária.” A partir do terceiro ano, quando as organizações já conseguiram cumprir com a implementação do plano de negócios, estruturando seus processos de produção e produtos, é reforçado o processo de comercialização e de busca de parceiros locais que possam contribuir para o gerenciamento dos projetos. “As empresas do grupo têm um papel fundamental na estrutura e na gestão do programa”, afirma Rafael Gioielli. Ele comenta que, além do assessor local e da consultoria

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contratada pelo Instituto para acompanhar os projetos, são alocados funcionários dasunidades locais da empresa para apoiarna gestão da articulação com os governos e outros agentes locais, bem como na avaliação dos riscos das empresas de pequeno porte. “O gerente da fábrica e o funcionário local atuam nas instâncias participativas do programa e acompanham os projetos, revisam os marcos desses projetos, os riscos, os pontos de atenção e, muitas vezes, intervêm para acelerar alguns processos”, observa Gioielli. A empresa também dá apoio no estabelecimento de parcerias locais, que podem ser com a prefeitura (Câmara Municipal, Prefeito), com órgãos de desenvolvimento local, universidades ou empresas. E, em alguns casos, transformou-se em cliente dos projetos, incorporando-os em sua cadeia de valor. “O ReDes encurtou a distância entre a empresa e a comunidade, que agora vê a Votorantim como um aliado para enfrentar as dificuldades de desenvolvimento local. Além disso, o programa favorece a disponibilidade de alguns produtos que agora são produzidos na região e que podem ser consumidos na na unidade Três Marias. São produtos de qualidade e de fácil logística até a empresa”, comenta Antonio Carlos dos Santos, gerente geral da Votorantim Metais em Três Marias, MG.

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Quando a cooperativa cresce, todos nós crescemos Eliene Ribeiro Spíndola Pereira tem 34 anos e dois filhos. Ela é a coordenadora do “Sabores da Fazenda” e também a motorista que distribui os produtos da panificadora da organização que opera na zona rural do município de Niquelândia, Estado de Goiás, 270 quilômetros ao norte de Brasília. Em Niquelândia, a Votorantim Metais tem uma unidade de extração e produção de carbonato de níquel. “Sabores da Fazenda” surgiu em 2010 como uma associação na região de Criminoso e Silveira, na Zona Rural, formada por sete mulheres, todas agricultoras, para melhorar sua renda. O primeiro objetivo era comercializar os produtos da padaria em algumas escolas locais e associações de bairro. Porém, com a chegada do ReDes, em 2011, foi formalizada como uma cooperativa e se expandiu para outros mercados. O programa as apoiou com investimentos para comprar máquinas e equipamentos – foi adquirido também o caminhão em que Eliene transporta pão, biscoitos, bolos, entre outros produtos – assim como para fazer melhorias nas instalações da cooperativa. O ReDes também lhes deu assessoria na produção e desenvolvimento de produtos, em compras e comercialização.

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“Estes suportes têm nos ajudado a melhorar nossa renda”, conta Eliene, “porque aumentamos a produção e atendemos muito mais clientes, graças a uma melhor estratégia de comercialização. Além disso, antes tudo era manual e agora a produção é com máquinas. Também melhoramos a identidade visual das embalagens, aumentamos a qualidade e variedade dos produtos e trabalhamos em sua padronização”. Hoje, o “Sabores da Fazenda” conta com 15 empreendedoras e vende para faculdades, associações, principais mercados da cidade, pequenas lojas, feiras de bairro e para a Unidade Niquelândia da Votorantim Metais. A cooperativa fatura R$ 33.000 (US$ 10,516) por mês e, descontadas as despesas do negócio, a renda mensal das cooperadas se aproxima de R$ 1.200 (US$ 381). “Minha vida melhorou bastante” – comenta Eliene com um sorriso no rosto – “principalmente porque eu pude melhorar minha casa e dar estudo a meus filhos; além disso, pude fazer um tratamento dentário e comprar uma geladeira.” “Para o futuro, queremos continuar a crescer, tanto na parte da comercialização e da produção e incluir mais membros à cooperativa, para produzir mais e alcançar maior bem-estar a nós e para a região onde vivemos. Quando a cooperativa cresce, todos nós crescemos”.

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A realidade tem várias cores E há indicadores sólidos que mostram que, mesmo aqueles empreendimentos que ainda não elevaram suas receitas, já contam com um negócio em um patamar superior.

Perguntado pelos resultados do Programa, Rafael Gioielli é cauteloso. “Do ponto de vista da formalização e estruturação das organizações, temos resultados muito bons. São projetos de origem solidária, que passam por todos os filtros de licenciamento de um projeto econômico, como estudos ambientais, revisão de infraestrutura e vigilância sanitária. E esta formalização tem grande importância, porque é isso que lhes permitirá comercializar os seus produtos de forma legal e ter acesso ao crédito e a mercados, duas coisas que são muito importantes para eles.”

Em termos de geração de renda, embora em muitos municípios o programa ainda estivesse na fase de implantação dos projetos, quando se apresentou ao Prêmio Transformadores, já se viam resultados neste aspecto: 50% dos projetos tinham conseguido aumentar a renda dos beneficiários e as famílias envolvidas tinham aumentado entre 46% e 1.467% sua renda, dependendo do tipo de projeto. Além disso, 50% dos negócios inclusivos estavam vendendo seus produtos ou serviços e haviam estabelecido 21 novos contratos de venda no mercado formal. E há indicadores sólidos que mostram que, mesmo aqueles empreendimentos que ainda não elevaram suas receitas, já contam com um negócio em um patamar superior. Por exemplo, se anteriormente as condições de trabalho eram insalubres, hoje elas são mais saudáveis, com melhor segurança; e se antes trabalhavam doze horas, hoje trabalham seis horas para obter o mesmo resultado. “Com os grupos de participação comunitária, os resultados têm sido muito variados” - comenta Gioielli. “Há grupos que se estabeleceram, ganharam autonomia, têm um propósito claro, mantêm a participação e o compromisso dos três setores e continuam fortes e ativos em vários projetos e causas. Eu diria que eles são cerca de metade dos que iniciaram. A outra parte seguiu dois caminhos possíveis: ou se desmobilizou, pois não conseguiu autonomia, ou não conseguiu manter-se como um grupo; e, talvez o conjunto maior dessa outra parte sejam instâncias que estão em um estado intermediário, que assumiram bandeiras e causas muito específicas ou que ainda não conseguem mobilizar recursos, mas continuam a se reunir e a buscar realizações para essas causas.”

Os desafios Em todas as frentes de trabalho, o Instituto Votorantim identificou importantes desafios. Foram bem superados os de formalização e estruturação dos projetos em empresas autogestionárias, mas talvez os de fortalecimento de organizações e de comercialização sejam os mais difíceis. Em matéria de fortalecimento, primeiro é preciso verificar a capacidade de gestão das organizações de base, porque

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O tecido da sustentabilidade

muitas delas são formadas por produtores que conhecem seu ofício, mas não têm experiência na gestão de uma organização, o que torna um grande desafioaajuda na estruturação de seus empreendimentos. E neste ponto se trabalhou duro. Outro desafio é a governança das organizações. Embora o Instituto Votorantim tenha desenvolvido um processo muito sólido de fortalecimento da governança, encontrou organizações historicamente dependentes de uma liderança única, onde as demais pessoas participam pouco das decisões. Por isso, trabalhou-se com todos os integrantes dos grupos para que eles também se assumamcomo líderes e tenham capacidade de definir suas prioridades e integrar-se com outros parceiros, além da Votorantim. A frente de acesso ao mercado costuma ser ponto crítico de qualquer negócio. Nessa frente buscou-se trabalhar com as compras públicas, principalmente devido ao tipo de negócio apoiado e também porque no Brasil existem programas dirigidos à agricultura familiar e as prefeituras são obrigadas a comprar 30% dos alimentos para merenda escolar de produtores de agricultura familiar. Inclusive, muitos grupos de participação comunitária conseguiram integrar os diferentes projetos apoiados no município no processo de compras públicas. Esta tem sido uma medida eficaz, mas também são procuradas outras alternativas, como a venda dos produtos aos mercados locais. Parte do esforço de transferência de conhecimento às organizações apoiadas pelo programa está concentrada em profissionalizá-los ao ponto de melhorar a qualidade dos produtos e aumentar a regularidade e o volume da produção. O objetivo é que possam comercializá-los com compradores, como supermercados e outros grandes clientes, o que também é um grande desafio, porque a produção precisa deixar de ser artesanal (no sentido de não ter padronização e regularidade) para atender aos requisitos exigidos por este perfil de cliente.

Um programa inovador O programa ReDes, sem dúvida, evidencia características bem inovadoras. Primeiro, por estar alinhado a políticas públicas e ser realizado com o maior banco de desenvolvimento econômico e social brasileiro, convergindo estratégias de atuação social, seja do setor privado, seja do público, garantindo capilaridade e eficiência de investimento para uma causa nacional: a luta contra a pobreza. Segundo, por ser uma metodologia que incentiva aparticipação coletiva com base em grupos de participação comunitária e redes de produtores para alcançar relevância, legitimidade e transparência, com o apoio de consultores locais, consultores especializados e membros das unidades locais da empresa gestora. Terceiro, um modelo de avaliação de duas dimensões (social e econômica), com uma matriz que permite aos gestores do programa comparar as possibilidades de êxito dos projetos para tomar decisões de investimento, e que apoia a autoavaliação dos grupos de participação comunitária e dos projetos a partir de metas que eles mesmos se propõem.

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experiências VENCEDORAS o segundo Prêmio Latino-Americano de Desenvolvimento de Base

Mas, acima de tudo, uma iniciativa que procura promover a autonomia e a sustentabilidade de organizações que dinamizem as economias locais e contribuem com o desenvolvimento de municípios com indicadores críticos de vulnerabilidade. Tais características tornaram o ReDes merecedor do II Prêmio Transformadores, outorgado pela RedEAmérica em 2014, que reconhece uma proposta ambiciosa e inovadora, construída com o foco no bem-estar da comunidade, na contribuição com políticas públicas e na integração da empresa com o desenvolvimento sustentável local. “O programa contribui para fortalecer nossa relação com as comunidades do entorno, o que permitiu à empresa adaptar-se e integrar-se à realidade local” - observa Marina de Sousa Silva, coordenadora de sustentabilidade da Votorantim Siderurgia e facilitadora do ReDes no noroeste de Minas Gerais. “Além disso, as pessoas reconhecem mais a Votorantim na região, graças à sua vinculação com grupos de participação comunitária e ao seu apoio a projetos de desenvolvimento social.” O programa ReDes contribui, assim, para tecer sustentabilidade a partir de um esforço no qual trabalham, ombro a ombro, a comunidade, a empresa e agentes locais; um esforço em que todos crescem e todos ganham.

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Estamos na Suiça, final dos anos 1960, em Saint Gallen, esta bela metrópole do leste do país. Situada entre dois lagos, possui um charmoso centro histórico. Suas sacadas envidraçadas pintadas com brilho são características locais. O pátio da abadia, incluindo a catedral e a biblioteca, entraram para a lista de Patrimônios da Humanidade da Unesco. Trata-se de uma cidade universitária, com foco nas ciências econômicas. Destaque para a Universidade de Saint Gallen. Aqui na universidade, um dos primeiros livros que os alunos têm de ler para seus estudos é A Empresa como Sistema Social, do professor Hans Ulrich. Um dos capítulos do livro trata do significado dos sistemas sociais, como, por exemplo, uma associação, uma empresa, uma comunidade. A finalidade é esclarecer a forma específica de perceber e interpretar a realidade, que deve ser de forma sistêmica – uns ajudando aos outros -, contemplando a interdependência dos elementos que o compõem, e não de forma pontual e linear. Esse livro marca a vida dos estudantes da escola, em particular a de dois amigos: Carlos Bühler e Edgar von Buettner. Terminados os estudos, cada um segue seu caminho. Aqui, na Suiça, começa a nossa história. Vamos para o Brasil, para Curitiba, a capital do estado do Paraná, considerada pela revista Forbes a terceira cidade mais engenhosa do mundo, que se preocupa, de forma conjunta, em ser ecologicamente sustentável, com qualidade de vida, boa infraestrutura e dinamismo econômico. Começo dos anos 2000. Edgar von Buettner vive nesta metrópole do sul do Brasil Trabalha a ideia de uma cidade planejada, com base em que transformam seus conhecimentos e experiências no assunto. Imagina criar América Latina uma cidade diferenciada em algumaa área desabitada deste país tão grande e fazer como fizeram os ingleses, no norte do Paraná, ao fundar Londrina. Como chamar esse projeto tão ousado? Alunos de Edgar, de um curso de pós-graduação em tecnologias ambientais, tentam achar um nome para essa concepção. Discutem entre eles, a ponto de o professor chamar a atenção do grupo, tamanho barulho na sala de aula.históricas, Barbacena, Tiradentes e São Em meados de 1950, instala-se na cidade uma fábrica de cimento, a Paraíso. Coisa de primeiro mundo: capital

Empresas e comunidades


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