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Roubo de alfarrobas continua a aumentar

O roubo de alfarrobas esteve em destaque numa reunião realizada no dia 4 de julho, na Junta de Freguesia de São Bartolomeu de Messines e na Assembleia Municipal de Silves no dia seguinte.

Mais de 80 agricultores do concelho de Silves estiveram na reunião em Messines, para manifestar a sua preocupação com os furtos e também para ouvirem conselhos por parte das autoridades policiais. Estiveram também presentes todos os comandantes dos postos da GNR no concelho, o vereador Tiago Raposo em representação da Câmara Municipal de Silves e a presidente da Junta de Messines, Carla Benedito.

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Como é do conhecimento público, o roubo de alfarrobas tem vindo a aumentar na região, desde que o seu preço de venda a tornou muito rentável, à semelhança do que acontece com os abacates e citrinos.

Os números mostram que de 2018 para 2020 triplicou o número de furtos de alfarroba. O elevado preço que a alfarroba tem atingido nos últimos anos, com uma arroba (15 quilos) a atingir preços recordes de cerca de 50€, justifica o interesse dos meliantes. Este ano, o problema pode agravar-se, porque, devido à seca, é esperada uma quebra na produção que pode chegar aos 40%. Os roubos acontecem entre os meses de julho a setembro, principalmente. Uma grande parte acontece ainda com os frutos nas árvores, mas são cada vez mais frequentes os assaltos a armazéns ou outros locais onde a alfarroba é depositada antes de ser vendida. Apesar deste problema ser bastante conhecido e das estatísticas mostrarem que é cada vez maior o número de pessoas detidas, essa ação é insuficiente para travar este flagelo. Este assunto foi também debatido na reunião da Assembleia Municipal de Silves, no dia 5 de julho, a propósito da reunião realizada em Messines no dia anterior. Alguns dos presentes manifestaram o seu descontentamento por não terem sabido antecipadamente da sua realização e foi apresentada a proposta para que seja realizada uma nova reunião, com uma melhor divulgação em todas as freguesias. Da bancada do PSD, o membro José Pedro Soares quis saber que medidas estaria a tomar a Câmara Municipal de Silves para ajudar a combater este problema. Na sequência desta questão, o vereador Tiago Raposo referiu que a autarquia está atenta ao problema, embora a sua resolução passe pelas autoridades policiais. Por isso lamentou a falta de meios humanos que a GNR tem na região durante todo o ano, uma situação que não melhora com o reforço de cerca de duas dezenas de militares no verão. A importância da apresentação de queixas por parte dos lesados foi tema nas duas reuniões. Nesse sentido, a GNR apela também à colaboração e entreajuda dos proprietários, para alertarem as autoridades sempre que se deparem com uma situação de apanha de alfarroba que pareça suspeita, para que liguem para o posto da GNR que enviará uma patrulha para confirmar a legalidade. A importância da queixa foi também salientada pelo vereador Maxime Sousa Bispo que lembrou que a distribuição dos meios policiais é feita com base nas estatísticas de criminalidade, e não havendo registo de crimes não serão reforçados os meios nesses locais.

A compra

Parte fundamental neste processo passa pelo sistema de compra de alfarroba ou outros frutos, por intermediários que não exigem qualquer documentação a quem vende. Um processo que beneficia quem vende o produto roubado, pois o faz sem dificuldade e quem adquire o produto roubado pois compra mais barato e irá vendê-lo ao preço do mercado. Fora desta “positividade” fica apenas o proprietário lesado. A criação de um “cartão do agricultor” foi uma proposta que José Pedro Soares disse que o seu partido, o PSD, tinha incluída no seu programa eleitoral e iria apresentar em reunião da Câmara Municipal. Ao que o vereador Tiago Raposo retorquiu que essa proposta fora já apresentada na reunião com os agricultores, no dia anterior, e que irá ser analisada pelos serviços da Câmara de Silves e que será levada a cabo, caso se conclua que é eficaz.

Proibição de nómadas

Da parte do PSD surgiu também a proposta para que a Câmara de Silves suspendesse o artigo do Regulamento de Autocaravanismo e Caravanismo que permite às famílias nómadas (ciganas ou outras) acampar durante 72 horas num local. Uma proposta que o vereador Maxime Sousa Bispo considerou que não teria qualquer utilidade prática, uma vez que essa é uma norma excecional que permite o acampamento temporário pelo período de 72 horas, mas apenas com o consentimento dos proprietários do terreno. E alertou os proprietários para que, quando isso não acontece, devem ser chamadas as autoridades. Ainda sobre as questões da segurança, o vereador lamentou a falta de efetivos no concelho, e ainda mais durante o verão, em Armação de Pêra, quando a população passa de 8 mil para 80 mil ou 100 mil pessoas.

Outros assuntos na Assembleia Municipal

No período de questões ao Executivo Municipal, os membros das bancadas fizeram bastante perguntas, sobre vários temas. Na suas respostas, o Executivo CDU da Câmara Municipal confirmou que se encontra a desenvolver diligências para atualização do projeto de desassoreamento do Rio Arade, envolvendo também os municípios vizinhos de Lagoa, Portimão e Monchique e que essa intenção está inscrita no Plano de Recuperação e Resiliência para o Algarve. O vereador Maxime Sousa Bispo adiantou que já se realizaram algumas “reuniões de cariz técnico” e que são esperadas “novidades” dentro de alguns meses. Informou ainda que se encontra resolvido o problema do depósito dos dragados, que serão recebidos pelos promotores do empreendimento da Feitoria Fenícia, junto à cidade de Silves. Sobre algumas obras rodoviárias no concelho, o vereador Tiago Raposo confirmou o atraso na abertura da Rua Atrás dos Muros, em Silves, afirmando que o mesmo se deveu essencialmente a questões relacionadas com trabalhos arqueológicos e com problemas na ligação de condutas, uma vez que a Câmara de Silves não dispunha de um “mapa” que assinalasse a localização das condutas e foi preciso “andar à procura”. Adiantou que o empreiteiro tem o compromisso de ter a obra terminada até setembro e que a autarquia está determinada em fazer cumprir esse prazo. Já no que respeita à chamada Variante do Algoz, o vereador informou que o projeto se encontra feito mas que o processo tem estado dependente da obra que a empresa Águas do Algarve necessita fazer, por existir “uma conduta que tem de ser ligada ao projeto”. Falou ainda da Estrada 1154, que faz a ligação ao concelho de Lagoa “uma obra de mais de 600 mil euros” que já tem o concurso feito, tendo aparecido oito propostas, pelo que “dentro de dois ou três meses haverá condições para iniciar a obra”. O vereador Tiago Raposo informou ainda que irão recomeçar as obras de requalificação do Mercado Municipal de S. Bartolomeu de Messines que tiveram de ser interrompidas, durante cerca de um mês, por se ter descoberto “uma linha de água de dimensão considerável” que punha em risco a segurança da obra, o que obrigou a uma reformulação técnica do projeto. Sobre esta sessão da Assembleia Municipal de Silves, acrescenta-se que a mesma decorreu em duas reuniões, a primeira no dia 30 de junho, a segunda no dia 4 de julho. A primeira reunião foi marcada pela apresentação, por parte da bancada da CDU, de um voto de pesar pela morte de Manuel Castelo Ramos, professor e antigo vereador da CDU na Câmara Municipal, a que todas as bancadas se associaram, com um minuto de silêncio. (O outro tema em destaque foi o da propriedade de parte da Praia dos Pescadores, em Armação de Pêra, assunto tratado no texto publicado na página 8)

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